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Rio de Janeiro
2008
Universidade Gama Filho
Programa de Pós-Graduação em Gestão de Pessoas no Setor Público
Trabalho apresentado
ao Programa de Pós-graduação da
Universidade Gama Filho,
como requisito parcial para a
avaliação da disciplina Gestão Estratégica de Pessoas no Setor Público
sob a orientação da Tutora Patrícia Duarte
Rio de Janeiro
2008
Sumário
1. Introdução
2. Descrição
3. Apreciação Crítica
4. Considerações Finais
5. Referências
1. Introdução
Este trabalho apresenta as discussões travadas no artigo que trata da capacitação de recursos
humanos no serviço público, discutindo os problemas e impasses para a consolidação efetiva
dessa área, para a qualificação profissional do servidor público. As transformações ocorridas
no mundo do trabalho têm gerado uma necessidade maior de reflexões sobre seus impactos, e
com isso tem apresentado novas exigências diante de um contexto motivado por avanços
tecnológicos, qualificação profissional e valorização intelectual.
No que se refere ao segmento do setor público percebe-se que ainda não existe uma política
efetiva de recursos humanos que atendam às necessidades do Estado. Com isso, o novo
contexto exige das organizações públicas novas formas de lidar com os desafios apresentados
pela globalização, onde as organizações públicas devem aprender a lidar com seus
colaboradores para atingir a alta performance para a realização de suas atividades burocráticas
visando atingir seus objetivos e metas e assim tornar-se eficiente e eficaz na prestação dos
seus serviços ao cidadão.
No Brasil especialmente, a maneira como é tratada a coisa pública tem influencia direta de
dois momentos distintos. O primeiro trata da concepção patrimonialista onde o público era
confundido com o privado e dessa forma não havia um comprometimento com o interesse
público. O segundo momento é caracterizado pelas disfunções da burocracia no século
passado, cujas características fundametavam-se no excesso de normas e regulamentos,
restrições de iniciativas, desperdiço de recursos, alto nível de especialização. A alta
burocracia era caracterizada pela extrema qualificação responsável pela definição de
estratégias organizacionais que constituía o aparelho administrativo o que era utilizado como
critério para a ascensão nos cargos e carreiras.
Como se pode perceber não havia qualquer preocupação neste período com a necessidade de
capacitação da administração pública, uma vez que as formas de ingressos no serviço público
ocorria através dos concursos que por si só já garantias as competências e habilidades
necessárias às atividades. Assim, o Brasil iniciou um processo de transformação a partir de
1990 com a abertura política e econômica para as concepções neoliberalistas culminando,
portanto na Reforma Gerencial do Estado em 1995 buscando agora efetivar a eficácia em suas
atuações.
2. Descrição
Essa compreensão sustenta-se a partir das macrotransformações ocorridas nos anos 80 após a
superação do período de uma política econômica nacionalista e desenvolvimentista voltadas
para a reforma gerencial da administração pública onde começa a haver uma preocupação
com a formação dos recursos humanos, uma vez que as cobranças por uma atuação mais
eficiente por parte do Estado era cada vez mais cobrada pela população. Com isso, também se
discutia a flexibilização das relações de trabalhos porque o momento de crise pelo qual
passava o setor econômico exigia do Estado um posicionamento efetivo e eficiente. Era
preciso conter os gastos na mesma medida que deveria melhorar consideravelmente a
qualidade dos serviços. Assim as folhas de pagamento ocuparam um lugar de destaque nas
agendas de reformas e com isso a necessidade da profissionalização dos recursos humanos da
administração públicas passou a ser alvo das discussões.
O enfoque demonstra que diante das necessidades de transformações, não houve uma mesma
conscientização acerca do papel a ser desempenhado pela capacitação dos recursos humanos
entre o setor público e o setor privado. Enquanto este último tem promovido profundas
transformações nos processos de gestão empresarial utilizando-se de ferramentas relacionadas
com a problemática de pessoal como a TCQ, teams, capacidade de agregação de valor,
remuneração por habilidades, avaliação por desempenho para perceber como o servidor está
sendo visto pela organização, e com isso focalizar ganhos de produtividade, redução de custos
e ampliação da atuação no mercado competitivo e exigente, o setor público permanece
impérvio a estas transformações.
Nesse contexto, o enfoque tratado no artigo apresenta uma sistematização no que se refere aos
requisitos condicionantes capazes de favorecer a sustentabilidade orgânica de uma política de
formação dos recursos humanos direcionadas para a modernização gerencial da administração
pública elencando temáticas relevantes para a promoção dessas transformações. Com isso,
deduzem-se alguns fatores imprescindíveis para a efetividade destes programas de
capacitações dos recursos humanos como: a disponibilidade de provedores e contratados; a
aderência ao nível em que se encontra a clientela buscando compreender as suas necessidades
para que a proposta de intervenção tenha significado e eficiência. A instrumentalização dos
conteúdos onde o foco seja o nível de aprendizagem e aplicação prática para a
operacionalização de mudanças em suas práticas; vinculação com a ascensão profissional
onde os programas de qualificação devem apresentar a correlação com os conteúdos a serem
tratados e a vinculação com melhora da performance profissional, devendo ser incorporado o
mérito e a avaliação de desempenho como instrumentos estimuladores de melhores resultados
e atuações dos servidores públicos.
Existem alguns fatores imprescindíveis para que os programas de formação dos recursos
humanos sejam levados em consideração, como é o caso da participação na “calibragem” da
oferta frente a demanda, o que significa negociar os cursos envolvendo o contratante, os
provedores e o alunado, a fim de evitar a sua inviabilidade, uma vez que a sua importância
para o setor pública não apresenta o mesmo grau de prioridade que representa para o setor
privado. Dessa forma é preciso atentar para a capacidade de adaptação dos programas de
capacitação buscando estabelecer uma relação dialógica para a consolidação das redes
desenvolvendo a capacidade de interlocução para processar divergências e enunciar
claramente as vantagens e desvantagens que a capacitação oferece no processo de reforma
gerencial, para favorece a inovação na administração pública.
É importante que os programas de capacitação sejam elaborados dando atenção especial para
os novos marcos teóricos e/ou ideológicos apresentando conteúdos relevantes para atender às
reais necessidades do contingente e assim, antecipar as potencialidade de impactos de atuação
dos egressos e demonstrar objetivamente os resultados alcançados. Dessa forma, é possível
mensurar os impactos sobre os gastos públicos e demonstrar a possibilidade de obtenção de
melhores desempenhos e resultados podendo ser visto como investimento e não como gastos
pela alta gerência da administração pública.
É importante focar na repercussão sobre a população onde as ações que apresentam impactos
visíveis para a população tem maior probabilidade de serem postas em práticas, contudo não
se deve prescindir das ações simples que tendem a obter menores resultados, porém tem maior
possibilidade de assimilação e incorporação nos serviços públicos garantindo maior
efetividade nos resultados.
Para tanto, é necessário se ter clareza da necessidade das clientelas o que permitirá a
elaboração e implementação de um programa de capacitação eficaz capaz de contribuir para a
profissionalização de todos os envolvidos, explicitando de maneira clara os níveis de
contribuição do programa para que assim, possa transpor da postura de incompreendida e
vítima para a consolidação de sua auto-imagem de imprescindível, estratégica e fundamental
para favorecer a sobrevivência e a modernização das instituições da administração pública.
Outro fator relevante diz respeito a flexibilidade para a adaptação do formato ao perfil e às
necessidades da clientela onde exige dos programas uma readequação dos modelos
convencionais para modelos mais flexíveis, que permitam a superação da dificuldade de
abstração, de concentração e de leitura focalizando mais o treinamento em serviços, o ensino
à distancia, suporte a monitores, interação via internet, o ensino baseado em dossiê temáticos
para tornar o processo de aprendizagem significativo. E com isso, permita a obtenção de
resultados práticos efetivos capazes de contribuir para gerar mudanças e inovações gerencias
da administração pública.
É fundamental que nesse processo exista a atenção para questões relacionadas com a
sensibilidade no que diz respeito às especialidades do setor público levando em consideração
suas características peculiares e distintas das especificidades de setor privado, cuja atuação
pode está sujeita a aspectos de interferência de agentes políticos e de normas e jurisdições
próprias que orientam as punições e recompensas especificas que quando considerandas
evitam a instauração de resistências e fechamentos à mudança.
Definir os conteúdos e suas finalidades constitui o cerne da questão, uma vez que estes são
relevantes e decisivos para a manunteção da reestruturação da reforma do Estado, buscando
implementar cursos que sejam capazes de promover transformações na administração pública
que atendam às novas demandas atuais tornando-se eficiente e eficaz para atender a este
contexto globalizado.
A ênfase, entretanto nos programas de capacitação de recursos humanos no setor público deve
partir da compreensão sobre a necessidade de abordar conteúdos relevantes e estratégicos
como: políticas públicas, administração e gestão pública, planejamento governamental,
reformas estruturais, economia do setor público, elaboração e análise de projetos, negociação
e gestão de conflitos, indicadores de desempenho, metodologia e apropriação e recuperação
de custos, marketing público e institucional, integração e confecção de redes, modelagem
organizacional, compreensão do setor público não-estatal, descentralização e relações
intergovernamental, métodos quantitativos e bases de dados, tecnologias de gestão e direito
administrativo.
Estes são conteúdos imprescindíveis que sendo abordados em bases consistentes podem
resultar em obtenção de melhores resultados e, maior produtividade configurando a
consolidação de uma administração pública eficiente e eficaz efetivamente, porque é capaz de
oferecer serviços e produtos qualidade para atender às necessidades do cidadão. E, além disso,
ainda possibilita a instauração de mudanças contantes direcionadas para a inovação uma vez
que o foco no acompanhamento e avaliação de desempenho abrem precedentes para a
flexibilização e profissionalização da burocracia pública mensurando e aumentando o nível de
contribuição para o cumprimento dos objetivos e metas da organização, e potencializar as
ações do governo.
Com isso é possível mensurar os impactos dos programas de capacitação através da qualidade
dos produtos do curso e pelo seu nível de contribuição para a implementação de iniciativas
inovadoras, empreendedoras e/ou estratégicas, pela sua melhoria do ambiente de trabalho,
pela qualidade dos serviços prestados bem como pelas mudanças no padrão de
comportamento, habilidades, competências e valores.
Para concluir pode-se afirmar que os programas de capacitação de recursos humanos
direcionados para a modernização gerencial do Estado encontram alguns entraves que os
colocam em uma situação de vulnerabilidade não medida em que existem pouca
disponibilidade de recursos que possibilitem a implementação de programa para a
profissionalização e aperfeiçoamento do setor público. Geralmente a alta gerencia percebe a
gestão do servidor público como gasto e não como investimento. Isso evidencia o não
reconhecimento por parte desse segmento da importância da capacitação da administração
para operacionalizar às mudanças rezadas pela reforma do Estado.
Para que um programa de capacitação tenha êxito é fundamental que o calendário seja
negociado com a instituição contratante e/ou conhecido com antecedência apresentando um
embasamento teórico coerente e consistente, com assuntos úteis denotando relevância para a
organização pública e subsidiando as práticas as quais devem buscar um alinhamento
sistemático com a teoria, a fim de evitar que a sua desarticulação com a teoria remeta a um
caráter superficial e limitado diste do seu contexto de atuação.
Nesse sentido, diversos países têm buscado criar os seus sistemas de capacitação de recursos
humanos direcionados para a formação de servidores públicos alinhados com as novas
demandas, embora esta ainda seja uma atuação tímida. Com isso, a visão panorâmica
apresentada no artigo no que diz respeito a este assunto fundamenta-se a partir de três
perspectivas para a formação de funcionários públicos, a saber: o modelo francês com suas
respectivas instituições de ensino direcionado para a administração pública. Esse modelo tem
influenciado ainda outros países como a Espanha, Itália e Argentina.
Um outro modelo constitui-se no anglo-saxão que compreende os EUA e Reino Unido tendo
participação significativa de organismos internacionais como BID, BIRD, e FMI. Este modelo
segue uma tendência forte de formação continuada oferecida por instituições acadêmicas e o
Brasil tem buscado seguir esta orientação onde existem cinco categorias de instituições
responsáveis pela formação dos funcionários públicos sendo algumas universidades com
cursos de formação em administração pública, outras instituições de atuação em âmbito
federal, em plano nacional, as organizações públicas não-estatais e os provedores privados.
3. Apreciação Crítica
Essa concepção reflete a importância do papel dos programas de capacitação dos recursos
humanos em países que passam por reformas gerenciais destacando sua relevância para a
institucionalização de mudanças significativas, capazes de produzir “melhorias da eficiência
administrativa e da prestação de serviços tornandos-os mais rápidos, melhores e mais
consistentes, a um público cujas exigências se tornam mais e mais diversificadas”.
(NUNBERG, 1998).
Esse novo modelo de gestão exigirá uma superação de padrões obsoletos que dificultam a
manutenção de práticas inovadores e capazes de produzir resultados sólidos e eficazes.
Necessariamente deve haver no sistema público uma legislação coerente no trato com as
questões relacionas com a relação de trabalho, dando mais flexibilidade e abrindo margem
para o empreendedorismo. Assim, o caráter de estabilidade, os concursos públicos fundados
em critérios cognitivos apenas para a seleção deveria dar lugar para a seleção baseada em
critérios mais abrangentes. Nesse sentido, observa-se que a “institucionalização do Regime
Jurídico Único deu inicio ao processo de uniformização do tratamento de todos os servidores
da administração direita e indireta. Limitou-se o ingresso ao concurso público, sendo que
poderiam ser também utilizadas outras formas de seleção, sem permitir a volta do clientelismo
patrimonialista”. (PLANO DE REFORMA DO ESTADO, 1995, p. 27).
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Grifos nossos
4. Considerações Finais
Mudar paradigmas significa necessariamente romper com uma cultura baseada nos princípios
burocráticos e favorecer a criatividade, a inovação diante de tendências à deterioração do
serviço público. Significa superar ainda o excesso de normas e regulamentos que buscam a
padronização das atividades humanas sem criar oportunidades para a potencialização de
mudanças no setor público.
Portanto, deve-se ter a compreensão sobre o importante papel da liderança pública nesse novo
contexto devendo assumir a responsabilidade para promover a operacionalização de
transformações, a fim de superar velhas crenças e atitudes em favor de novos paradigmas. É
imprescindível na atualidade que novas visões sobre o trabalho público e as atividades
profissionais sejam construídas para o reestabelecimento do ser motivador e comprometidos
as novas necessidades e demandas humanas e da sociedade brasileira.
5. Referências
DUTRA, Joel et al. Gestão por competências: o caso de uma empresa do setor de
telecomunicações. Revista RAC, v. 4, Jan/Abr. 2000: 161-176.