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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE FORMOSA


DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA

ÁLGEBRA ABSTRATA
(Versão 1.0)

Josimar da Silva Rocha

FORMOSA
GOIÁS - BRASIL
2010
Sumário

1 Relações e Aplicações 1
1.1 Produto Cartesiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Relações entre Conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2.1 Representação Gráfica de uma relação de A em B . . . . . . 3
1.3 Aplicações ou Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3.1 Tipos de aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.4 Relações de um conjunto A em si próprio (ou relações sobre A) . . . 5
1.5 Relação de Equivalência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.6 Relações de Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.6.1 Composição de Relações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2 Operações ou Lei de Composição Interna 14


2.0.2 Tábua de operações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.0.3 A tábua de uma operação ∗ sobre um conjunto A (enumerável,
ou finito) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.0.4 Propriedades da operação a partir da tábua de operações . . . 20

3 Números Inteiros 35
3.1 Congruências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.1.1 Propriedades das Congruências . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

4 Grupos 53
4.1 Estruturas Algébricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.2 Conjunto Gerador de um Grupo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.2.1 Exemplos de Grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.2.2 Grupo de permutações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

2
4.2.3 Grupo Diedral 2n : D2n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.2.4 Subgrupos Normais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.2.5 Homomorfismo de Grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

5 Anéis e domı́nios de integridade 75


5.1 Anéis de Integridade - Corpos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5.1.1 Ideais em Anéis Comutativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
5.1.2 Caracterı́stica de um anel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
5.2 Anéis de polinômios sobre corpos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

3
Capı́tulo 1

Relações e Aplicações

1.1 Produto Cartesiano


Definição 1. Sejam A e B conjuntos. Definimos o produto cartesiano de A em
B por
A × B := {(a, b) | a ∈ A e b ∈ B}.

Exemplo 1. Se A = {a, b} e B = {1, 2, 3}, então

A × B = {(a, 1), (a, 2), (a, 3), (b, 1), (b, 2), (b, 3)}

Exemplo 2. Se A = [0, 1] e B = [−1, 1], então

A × B = [0, 1] × [−1, 1]

é o retângulo representado por

Observação 1. Em geral, se A1 , · · · , Ak são conjuntos, podemos definir o produto


cartesiano destes conjuntos como:

A1 × A2 × · · · × Ak := {(a1 , a2 , · · · , ak ) | a1 ∈ A1 , · · · , ak ∈ Ak }

1.2 Relações entre Conjuntos


Definição 2. Uma relação de um conjunto A em um conjunto B é um sub-
conjunto do produto cartesiano A × B.

1
Exemplo 3. Seja A = {−1, 1} e B = {a, b, c}, então

A × B = {(−1, 1), (−1, b), (−1, c), (1, a), (1, b), (1, c)}.

Assim,
R1 = {(−1, a)}

R2 = {(1, a), (−1, a)}

são relações de A em B.
Existem 26 relações de A em B, onde 6 é a quantidade de elementos do conjunto
A × B.

Definição 3. Seja R uma relação de A em B. O domı́nio da relação R é o


conjunto
DomR := {a ∈ A | ∃b ∈ B com (a, b) ∈ R}

Exemplo 4. Se A = {a, b} e B = {0, 1}, então

A × B = {(a, 0), (a, 1), (b, 0), (b, 1)}.

Assim,

(i) se R1 = {(a, 0), (a, 1)}, então DomR1 = {a};

(ii) se R2 = {(a, 0), (b, 1), (a, 1)}, então DomR2 = {a, b};

(iii) se R3 = ∅, então DomR3 = ∅.

Observação 2. Se R é uma relação de A em B e (a, b) ∈ R, então dizemos que


a ∈ R está relacionado com b ∈ B.

Definição 4. Seja R uma relação de A em B, então a imagem de R é definida


como sendo o conjunto

ImR = {b ∈ B | ∃a ∈ A tal que (a, b) ∈ R}.

Exemplo 5. Se A = [−1, 1] e B = [0, 2] e R = {(a, b) ∈ A × B | b2 = a}, então


DomR = [0, 1] e ImR = [0, 1].

Exemplo 6. Se A = {1, 2, 3}, B = {3, 4} e R = {(0, 3), (1, 3)}, então DomR = {0, 1}
e ImR = {3}.

2
1.2.1 Representação Gráfica de uma relação de A em B

Representemos, primeiramente, o conjunto A por marcações em uma reta horizontal


e o conjunto B por marcações em uma reta que corta a reta anterior perpendicu-
larmente. Os elementos de uma relação R de A em B são representados por pontos
neste sistema de coordenadas. Assim, se A = {0, 1, 2} e B = {−1, c}, então a relação
R = {(0, c), (2, −1), (0, −1)} pode ser representada graficamente por

Definição 5. Seja R uma relação de A em B. A relação inversa de R é a relação


de B em A definida por:

R−1 := {(b, a) ∈ B × A | (a, b) ∈ R}.

Exemplo 7. Se A = {−1, 0, 1}, B = {2, 4, 6, 8} e R = {(0, 2), (1, 4), (0, 6)}, então
R−1 = {(2, 0), (4, 1), (6, 0)}.

Observação 3. Se A e B são conjuntos finitos, então uma relação de A em B pode


também ser representada por diagramas de Venn.
Assim, se A = {a1 , · · · , ak } e B = {b1 , · · · , bt }, então uma seta que parte de um
elemento ai ∈ A e chega em bj ∈ B dirá que (ai , bj ) ∈ R.

Exemplo 8. Se A = {1, 2, 3} e B = {a, b, c, d}, então R = {(2, a), (2, b), (3, b)} é
representado pelo seguinte diagrama de Venn:

1.3 Aplicações ou Funções


Definição 6. Sejam A e B conjuntos e R uma relação de A em B. Dizemos que R
é uma aplicação de A em B (ou função de A em B ) quando cada elemento
de A está relacionado com um único elemento de B. Neste caso, se a ∈ A, então
representaremos por R(a) o elemento único de B tal que (a, R(a)) ∈ R, ou seja,
R(a) = b se (a, b) ∈ R.

Exemplo 9. Se A = [0, 1]e B = R+ , então f definida por f (x) = ex , ∀x ∈ A, é uma


aplicação de A em B. Neste caso, Domf = A, Imf = [1, e] e f −1 = {(b, a) ∈ B × A |
(a, b) ∈ f } = {(ea , a) | a ∈ A} = {(b, ln b) | b ∈ Imf }, ou seja, f −1 pode ser definida
por f −1 (b) = ln b, onde b ∈ Imf.

3
Observação 4. Se f é uma aplicação de A em B, então a relação inversa f −1 nem
sempre será uma aplicação. Por exemplo, se A = {1, 2, 3} e B = {a, b}, então

f = {(1, a), (1, b), (2, a), (2, b), (3, a), (3, b)}

é uma aplicação de A em B, mas

f −1 = {(a, 1), (a, 2), (a, 3), (b, 1), (b, 2), (b, 3)}

é uma relação de B em A, mas não é uma aplicação de B em A.

1.3.1 Tipos de aplicações

Definição 7. Uma aplicação f de A em B é dita ser sobrejetora se Imf = B.

Definição 8. Uma aplicação f de A em B é injetora se

(∀x, y ∈ A) (f (x) = f (y) ⇒ x = y) ,

ou seja,
(∀x, y ∈ A) (x 6= y ⇒ f (x) 6= f (y)) ,

ou seja, dois elementos de A não estão relacionados com o mesmo elemento de B.

Exemplo 10. Sejam A = R+


∗ e B = R, então f definida por f (x) = ln x é uma

aplicação sobrejetora e injetora de A em B. De fato, se b ∈ B, então x = eb ∈ A


satisfaz ln x = ln eb = b. Logo f é sobrejetora.
Para provar que f é injetora, se x1 , x2 ∈ A, satisfazem f (x1 ) = f (x2 ), então existe
t ∈ B tal que
t = ln x1 = ln x2 ⇒ et = x1 = x2 .

Logo f é injetora.

Definição 9. Uma aplicação f de A em B é bijetora quando f é injetora e f é


sobrejetora.

Exemplo 11. A aplicação do exemplo anterior é uma aplicação bijetora.

4
 
a c


bX
Figura 1.1: Figura do Exemplo 12

1.4 Relações de um conjunto A em si próprio (ou


relações sobre A)
Definição 10. Uma relação R sobre um conjunto A é dita ser reflexiva se

(∀a ∈ A) ((a, a) ∈ R)

ou
(∀a ∈ A) (aRa) .

Exemplo 12. Se A = {a, b, c}, então R = {(a, a), (b, b), (c, c), (a, b)} é uma relação
reflexiva.

Observação 5. Se R é uma relação sobre um conjunto A e (a, b) ∈ R, então este


elemento (a, b) é representado graficamente por uma seta partindo do ponto a ao ponto
b, assim:
Se a = b, então (a, b) = (a, a), então este elemento R é representado graficamente
pelo ciclo:

Definição 11. Uma relação R sobre A é simétrica se

(∀x, y ∈ A) ((x, y) ∈ R ⇒ (y, x) ∈ R) ,

ou seja,
(∀x, y ∈ A) (xRy ⇒ yRx)

Exemplo 13. Se A = {1, 2, 3, 4}, então R = {(1, 1), (1, 2), (2, 1), (3, 3), (3, 1), (1, 3)}
é uma relação simétrica. Graficamente,

Definição 12. Uma relação sobre A é transitiva se

(∀x, y, z ∈ A) (((x, y) ∈ R e (y, z) ∈ R) ⇒ ((x, y) ∈ R)) ,

ou seja,
(∀x, y, z ∈ A) (xRy e yRz ⇒ xRz)

5
 
1O o / 2


3 4
Figura 1.2: Figura do Exemplo 13

t 9 12
J (
T eJJ
t J
t tt  ((( JJJ
t t JJ
t tt
t
  ((( JJ
JJ
tt  ( JJ
t  ( JJ
ttt  ( JJ
t t  ( JJ
 ttt  (( JJ
 ((
4 _>> nn7? 6
>>  ((
nn nnn
>> (( nn
>>
 (( nnnnn
>>  nn( n
>>
>>  n n nnn ((
>>  nnnnn ((
 nnn
F2 F3

Figura 1.3: R(A)

Exemplo 14. Seja A = Z e R = {(a, b) ∈ Z × Z | b é múltiplo de a}, então R é uma


relação transitiva. De fato, se (a, b) ∈ R e (b, c) ∈ R, então existem r, k ∈ Z tais que
b = ra e c = kb. Logo c = kb = k(ra) = (kr)a, com kr ∈ Z, i.e., c é múltiplo de a.
Portanto, (a, c) ∈ R. Consequentemente, R é transitiva.

Exemplo 15. Seja A = {2, 4, 3, 6, 12} e R = {(a, b) ∈ A × A | b é múltiplo de a},


então R é uma relação transitiva. Observe que R = {(2, 4), (2, 6), (3, 6), (2, 12), (4, 12), (3, 12), (6,

Definição 13. Uma relação sobre um conjunto A é dita ser anti-simétrica se

(∀x, y ∈ A) ((x, y) ∈ R e (y, x) ∈ R ⇒ x = y) ,

i.e.,
(∀x, y ∈ A) (xRy e yRx ⇒ x = y)

Exemplo 16. Se A = {a, b, c} e R = {(a, a), (a, b), (b, c), (b, b)} é uma relação anti-
simétrica.

Observação 6. Graficamente:

• Uma relação R sobre A é reflexiva se existem ciclos em cada elemento de A;

• Uma relação R sobre A é simétrica se não existem setas simples ligando ele-
mentos de A;

6
• Uma relação R sobre A é transitiva se para todo caminho ligando dois pontos a
e b de A, existe uma seta ligando a e b;

• Uma relação R sobre A é anti-simétrica se não existem setas duplas ligando


elementos de A.

1.5 Relação de Equivalência


Definição 14. Uma relação R sobre um conjunto A é dita ser uma relação de
equivalência se R é uma relação reflexiva, simétrica e transitiva.

Definição 15. Seja R uma relação de equivalência sobre um conjunto A. Para cada
elemento a ∈ A podemos definir um conjunto

a := {x ∈ A | xRa}

chamado de classe de equivalência do elemento a. O conjunto das classes de


equivalência de A será representado por A/R.

Proposição 1. Seja R uma relação de equivalência sobre A, então

(i) Se b ∈ a, então a ∈ b.

(ii) Se a ∩ b 6= ∅, então a = b.
S
(iii) A = a∈A a.

Demonstração.

(i) Se b ∈ a, então bRa. Como R é uma relação simétrica e bRc, então aRb. Como
aRb então a ∈ b.

(ii) Se a ∩ b 6= ∅ então existe x ∈ a ∩ b. Assim x ∈ a e x ∈ b. Seja y ∈ a, então yRa


e como x ∈ ae x ∈ b, temos que yRa, xRa e xRb. Como R é simétrica, temos
que yRa, aRx e xRb. Como R é transitiva, temos que yRa, aRb ⇒ yRb. Logo
y ∈ b. Portanto a ⊂ b.

Outra forma:

7

∃x ∈ a ∩ b (∀y ∈ a) (yRa, xRa, xRb)

Ré simétrica ⇒ ∃x ∈ a ∩ b (∀y ∈ a) (yRa, aRx, xRb)
R é transitiva ⇒ (∀y ∈ a) (yRa, aRb)

R é transitiva ⇒ (∀y ∈ a) y ∈ b

⇒ a⊂b

Da mesma forma, podemos mostrar que b ⊂ a. Logo a = b.


S  S
(iii) (∀a ∈ A) (a ∈ a) ⇒ (∀b ∈ A) b ∈ a∈A a . Logo A = a∈A a. Assim, A ⊂
S S
b∈A b e como b ⊂ A, b∈B b ⊂ A para todo b ∈ A, segue que b ∈ A. Logo
S S
A = b∈A b = a∈A a.

Definição 16. Seja A um conjunto e (Bλ )λ∈I uma coleção de subconjuntos não vazios
de A para algum conjunto de ı́ndices I. Dizemos que (Bλ )λ∈I é uma partição de A
se:

(i) Bλ1 ∩ Bλ2 6= ∅ se λ1 6= λ2 ;


[
(ii) Bλ = A.
λ∈I

Exercı́cio 1. Seja (Bλ )λ∈I uma partição de um conjunto A. Definindo uma relação
sobre A como
(∀a, b ∈ A) (aRb ⇔ (∃λ ∈ I) ({a, b} ⊂ Bλ ))

1.6 Relações de Ordem


Definição 17. Seja A um conjunto. Dizemos que uma relação R sobre A é uma
relação de ordem parcial sobre A se

(i) R é reflexiva:
(∀x ∈ A) (xRx)

(ii) R é transitiva:
(∀x, y, z ∈ A) (xRy e yRz ⇒ xRz)

8
(iii) R é anti-simétrica:

(∀x, y ∈ A) (xRy e yRx ⇒ x = y)

Definição 18. Dizemos que um conjunto A é parcialmente ordenado se existe


uma relação de ordem parcial R sobre A.

Observação 7. Se a relação de ordem R for conhecida, utilizaremos o sı́mbolo ≤ no


lugar de R.

Definição 19. Seja R uma relação de ordem parcial sobre A. Dizemos que dois
elementos a, b ∈ A são comparáveis segundo a relação R se

aRb ou bRa.

Definição 20. Seja R uma relação de ordem parcial sobre A tal que quaisquer dois
elementos de A são comparáveis então dizemos que R é uma relação de ordem
total sobre A.
Se for possı́vel estabelecer uma relação de ordem total sobre A, então dizemos que
A é um conjunto totalmente ordenado.

Exemplo 17. Sejam A = {2, 4, 6, 8, 10, 12} e R = {(a, b) ∈ A×A | b é múltiplo de a},
então R é uma relação de ordem parcial sobre A.
De fato,

(i) Se a ∈ A, então a = 1 · a, i.e., a é múltiplo de a. Logo aRa. Portanto R é


reflexiva.

(ii) Sejam a, b, c ∈ A tais que (a, b), (b, c) ∈ R. Assim b é múltiplo de a e c é múltiplo
de b. Logo existem r, s ∈ Z tais que b = ra e c = sb. Portanto c = rb = s(ra) =
(sr)a, onde sr ∈ Z, ou seja, c é múltiplo de a. Consequentemente, (a, c) ∈ R.
Logo (∀a, b, c ∈ A) (((a, b), (b, c) ∈ R) ⇒ ((a, c) ∈ R)) .

9
Portanto, R é transitiva. Simbolicamente, se a, b, c ∈ A,

((a, b) ∈ R e (b, c) ∈ R)
⇒ (b é múltiplo de a e c é múltiplo de b)
⇒ (∃r, s ∈ Z) (b = ra e c = sb)
⇒ (∃r, s ∈ Z) (c = sb = s(ra) = (sr)a)
t=sr
⇒ (∃t ∈ Z) (c = ta)
⇒ (c é múltiplo de a)
⇒ ((a, c) ∈ R)

Logo R é transitiva.

(iii) Sejam a, b ∈ A tais que aRb e bRa, então existem r, s ∈ Z tais que b = ra e
a = rb.

Assim, b = ra = r(sb) ⇒ b(1 − rs) = 0 ⇒ 1 − rs = 0 ⇒ rs = 1 ⇒ r = s =


a,b>0
±1 ⇒ r = s = 1. Logo b = a. Portanto, R é anti-simétrica.

Logo, por (i), (ii) e (iii), R é uma relação de ordem parcial sobre A.
Graficamente,
O grafo simplificado desta relação de ordem parcial é

Definição 21. Seja E um conjunto parcialmente ordenado e A ⊂ E.

• Dizemos que m é cota superior de A (ou limite superior de A ) se

(∀a ∈ A) (a ≤ m)

• Dizemos que L ∈ E é cota inferior de A (ou limite superior de A ) se

(∀a ∈ A) (L ≤ a)

• Dizemos que m ∈ A é o máximo de A se

(∀a ∈ A) (a ≤ m) ,

ou seja, se m é uma cota superior que pertence a A.

• Dizemos que L ∈ A é o mı́nimo de A se

(∀a ∈ A) (L ≤ a) ,

ou seja, L é cota inferior de A e L ∈ A.

10
{a, b, c}
: O dJJ
tt JJ
ttt JJ
tt JJ
tt J
{a, b} {a, c} {b, c}
O dJJ : dJJ : O
JJ ttt JJ ttt
JtJt JtJt
tt JJJ t J
ttt J tt JJJ
tt
{a} eK {b} 9 {c}
KKK O ss
s
KKK ss
KKK sss
K ss s

• Seja B o conjunto das cotas superiores de A e m ∈ E satisfazendo (∀b ∈ B) (m ≤ b)


então m é chamado de supremo de A, ou seja, o supremo de A é a menor
das cotas superiores de A.

• Seja C o conjunto das cotas inferiores de A e L ∈ E satisfazendo (∀c ∈ C) (c ≤ L) ,


então L é chamado de ı́nfimo do conjunto A, ou seja, o ı́nfimo do conjunto
A é a maior das cotas inferiores de A.

• Seja m ∈ A. Dizemos que m é um elemento maximal de A se

(∀a ∈ A) (m ≤ a ⇒ a = m)

• Seja L ∈ A. Dizemos que L é um elemento minimal de A se

(∀a ∈ A) (a ≤ L ⇒ a = L)

Exemplo 18. Sejam D = {a, b, c}, E = P(D) = {∅, {a}, {b}, {c}, {a, b}, {a, c}, {b, c}, {a, b, c}},
{{a}, {b, c}} e R a relação de ordem sobre E definida por R = {(x, y) ∈ E × E | x ⊆
y}.
O gráfico simplificado da relação de ordem R(A) é

(a) Cotas superiores de A : {a, b, c}.

(b) Cotas inferiores de A : ∅.

(c) Máximo de A : @.

(d) Mı́nimo de A : @

(e) Supremo de A : {a, b, c}.

(f ) Ínfimo de A : ∅.

11
(g) Elementos maximais de A : {a}, {b, c}.

(h) Elementos minimais de A : {a}, {b, c}.

Para B = {{b}, {a}, {a, b}}, temos que

(a) Cotas superiores de B : {a, b}, {a, b, c}.

(b) Cotas inferiores de B : ∅.

(c) Máximo de B : {a, b}.

(d) Mı́nimo de B : @

(e) Supremo de B : {a, b}.

(f ) Ínfimo de B : ∅.

(g) Elementos maximais de B : {a, b}.

(h) Elementos minimais de B : {a}, {b}.

Exercı́cio 2. Prove que todo conjunto finito é totalmente ordenado.

1.6.1 Composição de Relações

Definição 22. Sejam R1 uma relação de A em B e R2 uma relação de C em D tais


que ImR1 ⊆ DomR2 , então R3 uma relação de A em D tal que

(∀a ∈ A) (∀b ∈ B) (∀c ∈ C) (∀d ∈ D) ((a, b) ∈ R1 e (b, c) ∈ R2 ⇒ (a, c) ∈ R3 )

é chamada relação composta de R1 por R2 e será simbolizada por R2 ◦ R1 , i.e.,


R3 = R2 ◦ R1 . Neste caso, ImR3 ⊆ ImR2 , DomR3 = DomR1 .
Se R1 e R2 são aplicações, então R3 = R2 ◦ R1 é chamada aplicação composta de
R1 por R2 .

Observação 8. A aplicação f sobre um conjunto A tal que f (a) = a para todo a ∈ A


é chamada de aplicação idêntica de A e será simbolizada por iA .

Observação 9. É possı́vel termos relações R1 e R2 que não são funções, mas R1 ◦ R2


sendo uma função ?

12
Exercı́cio 3. Se f é uma aplicação e A em B e g é uma aplicação de C em D com
Domg = Imf, então g ◦ f é uma aplicação composta de f por g.

Exercı́cio 4. Sejam f uma aplicação injetora de A em B e g uma aplicação injetora


de B em C, então g ◦ f é uma aplicação injetora de A em C.

13
Capı́tulo 2

Operações ou Lei de Composição


Interna

Definição 23. Uma operação binária sobre um conjunto A é uma aplicação de


A × A em A.

Exemplo 19. Seja A = Z e f : A × A → A definida por f (a, b) = ab2 , então f é


uma operação sobre A.

Exemplo 20. A multiplicação e adição de números reais são operações sobre os


números reais.

Exemplo 21. Se A = R∗+ , então f (a, b) = ab é uma operação sobre A.

Observação 10. Utilizaremos muitas vezes sı́mbolos gráficos para representarmos


operações. Assim, por exemplo, utilizaremos uma operação ∗ sobre um conjunto A
para representar uma aplicação f : A × A → A de forma que:

(∀a, b ∈ A) (a ∗ b = f (a, b)) ,

ou seja, a ∗ b é a imagem de (a, b) ∈ A × A por uma aplicação f : A × A → A.

Definição 24. Uma operação ∗ sobre A é associativa se

(∀a, b, c ∈ A) ((a ∗ b) ∗ c = a ∗ (b ∗ c))

Definição 25. Uma operação ∗ sobre A é comutativa (ou abeliana ) se

(∀a, b ∈ A) (a ∗ b = b ∗ a)

14
Definição 26. Um elemento e ∈ A é dito ser um elemento neutro de A à es-
querda em relação a uma operação ∗ sobre A se

(∀a ∈ A) (e ∗ a = a)
   
 1 0 1 1 
Exemplo 22. Se A =   ,   , com a operação usual de multi-
 0 0 0 0 
plicação ·, então      
1 0 1 1 1 1
 · = 
0 0 0 0 0 0
     
1 1 1 0 1 0
 · = 
0 0 0 0 0 0
     
1 0 1 0 1 0
 · = 
0 0 0 0 0 0
     
1 1 1 1 1 1
 · = 
0 0 0 0 0 0
   
1 0 1 1
Logo,  e  são elementos neutros à esquerda de A.
0 0 0 0
     
 1 0 1 1 0 0 
Exemplo 23. Se A =   ,   ,   com a operação usual de
 0 0 0 0 0 0 
 
1 0
multiplicação ·, então   é o único elemento neutro à esquerda para a operação
0 0
·.

Definição 27. Um elemento e ∈ A é dito ser um element neutro à direita em


relação a uma operação ∗ sobre A se

(∀a ∈ A) (a ∗ e = a) .
       
 0 0 0 1  0 0 0 1
Exemplo 24. Se A =  ,  , , então   e   são
 0 1 0 1  0 1 0 1
elementos neutros à direita de A com relação a operação de usual de multiplicação de
matrizes.
       
 0 1 0 1 0 0  0 1
Exemplo 25. Se A =  , ,  , então   é o único
 0 0 0 1 0 0  0 1
elemento neutro à direita de A com respeito a operação usual de multiplicação de
matrizes.

15
Definição 28. Dizemos que e ∈ A é o elemento neutro de A com relação a uma
operação ∗ se
(∀a ∈ A) (a ∗ e = e ∗ a = a) ,

ou seja, se e for um elemento neutro à esquerda e à direita.


         
 1 0 0 1 0 0 1 0  1 0
Exemplo 26. Se A =  , , ,  , então  
 0 0 0 0 0 0 0 1  0 1
é o elemento neutro de A com relação à operação de multiplicação de matrizes.

Proposição 2. Seja A um conjunto munido de uma operação ∗ tal que e1 ∈ A é um


elemento neutro à esquerda e e2 ∈ A é um elemento neutro à direita. Então e1 = e2 .

Demonstração. Como e1 é elemento neutro à esquerda e e2 é elemento neutro à direita,


então e1 ∗ e2 = e2 e e1 ∗ e2 = e1 . Logo e1 = e1 ∗ e2 = e2 .

Corolário 1. Seja A um conjunto munido de uma operação ∗, então se existir um


elemento neutro e ∈ A para a operação ∗ então este elemento neutro é unico.

Definição 29. Seja ∗ uma operação sobre um conjunto A com elemento neutro e ∈
A. Dizemos que x0 é um elemento simétrico à esquerda de x (ou inverso à
esquerda ) se x0 ∗ x = e. Neste caso dizemos que x é inversı́vel (ou simetrizável
) à esquerda.

Definição 30. Seja ∗ uma operação sobre um conjunto A com elemento neutro e ∈ A.
Dizemos que x0 ∈ A é um elemento simétrico à direita de x (ou inverso à
direita) se x ∗ x0 = e. Neste caso dizermos que x é inversı́vel (ou simetrizável) à
direita.

Definição 31. Sejam ∗ uma operação sobre um conjunto A e e ∈ A o elemento


neutro de A com relação a operação ∗. Dizemos que a ∈ A é inversı́vel se existir
a0 ∈ A tal que
a0 ∗ a = e = a ∗ a0 ,

ou seja, se existir a0 ∈ A que é o inverso à direita e a esquerda de a.

Proposição 3. Seja ∗ uma operação associativa com elemento neutro e sobre um


conjunto A. Se a1 é um elemento simétrico à esquerda de a e a2 é um elemento
simétrico à direita de a, então a1 = a2 .

16
Corolário 2. Seja ∗ uma operação associativa com elemento neutro e sobre um con-
junto A. Se a é inversı́vel à direita e a é inversı́vel à esquerda, então a é inversı́vel e
o seu inverso é único.

Proposição 4. Seja ∗ uma operação associativa com elemento neutro e sobre um


conjunto A. Se a tem inverso a0 e b tem inverso b0 , então a ∗ b tem inverso b0 ∗ a0 .

Demonstração. Como
e∗a0 =a0
(a ∗ b) ∗ (b0 ∗ a0 ) = a ∗ (b ∗ (b0 ∗ a0 )) = a ∗ ((b ∗ b0 ) ∗ a0 ) = a ∗ (e ∗ a0 ) = a ∗ a0 = e

(b0 ∗ a0 ) ∗ (a ∗ b) = b0 ∗ (a0 ∗ (a ∗ b)) = b0 ∗ ((a0 ∗ a) ∗ b) = b0 ∗ (e ∗ b) = b0 ∗ b = e,

então b0 ∗ a0 é o inverso de a ∗ b.

Definição 32. Seja ∗ uma operação sobre um conjunto A. Dizemos que a ∈ A é um


elemento regular à esquerda de A para a operação ∗ se

(∀x, y ∈ A) (a ∗ x = a ∗ y ⇒ x = y) .

Definição 33. Seja ∗ uma operação sobre um conjunto A. Dizemos que b ∈ A é um


elemento regular à direita de A para a operação ∗ se

(∀x, y ∈ A) (x ∗ b = y ∗ b ⇒ x = y) .

Definição 34. Seja ∗ uma operação sobre um conjunto A. Dizemos que c ∈ A é um


elemento regular de A para a operação ∗ se c é um elemento regular à direita e é
elemento regular à esquerda com relação à operação ∗.

Notação 1. Seja ∗ uma operação sobre um conjunto A, então

• U∗ (A) denotará o conjunto dos elementos simetrizáveis de A com relação a


operação ∗ e

• R∗ (A) denotará o conjunto dos elementos regulares de A com relação a operação


∗.

Definição 35. Sejam ∗ e ? duas operações sobre um conjunto A tais que

(∀a, b, c ∈ A) ((a ∗ b) ? c = (a ? c) ∗ (b ? c)) ,

então dizemos que a operação ? é distributiva à direita com relação à operação ∗.

17
Definição 36. Sejam ∗ e ? duas operações sobre um conjunto A tais que

(∀a, b, c ∈ A) (a ? (b ∗ c) = (a ? b) ∗ (a ? c)) ,

então dizemos que a operação ? é distributiva à esquerda com relação à operação


∗.

Definição 37. Sejam ∗ e ? duas operações sobre um conjunto A. Dizemos que ∗ é


distributiva em relação a operação ∗ se

(∀x, y, z ∈ A) ((x ∗ y) ? z = (x ? y) ∗ (y ? z) e z ? (x ∗ y) = (z ? x) ∗ (z ? y)) ,

Exemplo 27. Seja A = R∗ e seja ∗ uma operação definida por a ∗ b = ab , ∀a, b ∈ A.

(a) ∗ não é associativa, pois


 
2
1 ∗ (2 ∗ 2) = 1 ∗ =1∗1=1
2

e   1
1 1
(1 ∗ 2) ∗ 2 = ∗2= 2 = .
2 2 4

(b) ∗ não é comutativa, pois

1
1∗2= 6= 2 = 2 ∗ 1.
2

(c) A não tem elemento neutro para a operação ∗, pois para existir elemento neutro
a e 2 e e
e, devemos ter e
= a
= a, ∀e ∈ A. Para a = 2, temos que e
= 2
e 2
= 2, o que
implica em e = ±2 e e = 4, o que é impossı́vel.

(d) U∗ (A) = ∅, pois A não possui elemento neutro para a operação ∗.

(e) A possui elemento regular à esquerda, pois se a ∈ A é tal que a ∗ x = a ∗ y, para


a a 1 1
x, y ∈ A, então x
= y
⇒ x
= y
⇒ x = y.

(f ) A possui elemento regular à direita, pois se b ∈ A satisfaz x ∗ b = y ∗ b, para


x y
x, y ∈ A, então b
= b
⇒ x = y.

(g) R∗ (A) = A, pois todos os elementos de A são elementos regulares à esquerda e


à direita.

18
Exemplo 28. Seja A = R∗ munido da operação ∗ do exemplo anterior e com a
operação de adição de números reais, +. Então ∗ é distributiva à direita mas não é
distributiva à esquerda com relação à operação +.
De fato,
 
a+b a b
(∀a, b, c ∈ A) (a + b) ∗ c = = + = (a ∗ c) + (b ∗ c) .
c c c

Mas,
1 1
1 ∗ (2 + 1) = = .
2+1 3
e
1 3
(1 ∗ 2) + (1 ∗ 1) =
+1= .
2 2
     
 1 0 0 0 0 0 
Exemplo 29. Se A =  , ,  para a operação de multi-
 0 0 1 0 0 0 
plicação de matrizes, então R∗ (A) = ∅.

2.0.2 Tábua de operações

2.0.3 A tábua de uma operação ∗ sobre um conjunto A (enu-


merável, ou finito)

Seja A um conjunto munido de uma operação ∗ e seja (ai )i∈I uma lista dos elementos
de A, onde I = {1, 2, · · · , n} se A é finito e possui n elementos ou I = {1, 2, · · · } se
A é infinito, com ai 6= aj , se i 6= j e ∪i∈I {ai } = A.
Uma tábua para a operação ∗ sobre A com relação a lista (ai )i∈I é uma tabela ou
matriz B cujas entradas Bij é o elemento ai ∗ aj , ou seja, Bij = ai ∗ aj .

Exemplo 30. Sejam A = {1, i, −1, −i} e ∗ a operação usual de multiplicação em C,


então uma tábua da operação ∗ em A é :

∗ 1 i −1 −i
1 1 i −1 −i
i i −1 −i 1
−1 −1 −i 1 i
−i −i 1 i −1

19
2.0.4 Propriedades da operação a partir da tábua de operações

Observação 11. Se A um conjunto munido de uma operação ∗, então as propriedades


da operação ∗ podem ser identificadas a partir das caracterı́sticas da tábua da operação
∗.

(a) Se ∗ é uma operação comutativa, então a tábua da operação ∗ é uma matriz


simétrica.

(b) Se a ∈ R∗ (A), então na linha e na coluna rotulada por ”a”temos como entradas
todos os elementos de A.

(c) Se existe um elemento neutro e ∈ A com respeito a operação ∗, então na linha


correspondente a e temos todos os elementos de A na mesma ordem em que as
colunas são rotuladas e na coluna correspondente a e temos todos os elementos
de A na mesma ordem em que as linhas são rotuladas.

Exercı́cio 5. Seja A um conjunto munido de uma operação ∗ e b ∈ A um elemento


simetrizável de A com respeito a operação ∗, então que caracterı́stica possui a tábua
da operação ∗ sobre A ?

Primeira Lista de Exercı́cios


1) Seja A = {0, 2, 4, 6, 8} e B = {1, 3, 5, 9}. Enumerar os elementos das seguintes
relações R1 = {(x, y) ∈ A × B | y = x + 1} e R2 = {(x, y) ∈ A × B | x ≤ y}.
Dizer qual é o domı́nio, a imagem e a inversa de cada.

2) A é um conjunto com 5 elementos e R = {(0, 1); (1, 2); (2, 3); (3, 4)} é uma
relação sobre A. Pede-se obter:

I) os elementos de A;

II) domı́nio e imagem de R;

III) os elementos, domı́nio e imagem de R−1 ;

IV) os gráficos de R e de R−1 .

3) Seja R = {(x, y) | x ∈ R, y ∈ R, 4x2 + 9y 2 = 36}. Achar:

20
(1) o domı́nio de R;

(2) a imagem de R;

(3) R−1 .

4) Seja R a relação nos números N∗ = {1, 2, 3, · · · } definida pela sentença aberta


”2x + y = 10”, isto é, seja R = {(x, y) | x ∈ N∗ , y ∈ N∗ , 2x + y = 10}.

Achar:

(1) o domı́nio de R, (2) a imagem de R, (3) R−1 .

5) Sejam A e B dois conjuntos com m e n elementos, respectivamente. Calcular o


número de elementos de A × B e o número de relações de A em B.

6) Seja R a relação em A = {1, 2, 3, 4, 5} tal que:

xRy ⇔ {x − yé múltiplo de 2}.

Enumerar os elementos de R. Que propriedades R apresenta ?

7) Representar graficamente as seguintes relações em A = {a, b, c, d} :

(a) R1 = {(a, a), (a, b), (b, c), (c, b), (c, c), (d, d)};

(b) R2 = {(a, a), (b, b), (c, c), (d, d), (b, c), (c, b), (a, d), (d, a)}.

Que propriedades R1 e R2 apresentam ?

8) Um casal tem 5 filhos: Álvaro, Bruno, Cláudio, Dario e Elizabete. Enumerar


os elementos da relação R definida no conjunto E = {a, b, c, d, e} por xRy ⇔ x
é irmão de y. Que propriedade R apresenta ?

Obs.: x é irmão de y quando x é homem, x 6= y e x e y têm os mesmos pais.

9) Seja A o conjunto das retas definidas pelos vértices de um paralelogramo abcd.


Enumerar os elementos da relação R em A assim definida: xRy ⇔ x k y. Quais
são as propriedades apresentadas por R ?

Obs. : x é paralela a y quando x = y ou x ∩ y = ∅ com x e y coplanares.

10) Determinar todas as relações binárias sobre o conjunto A = {a, b}.

Quais são reflexivas ? E simétricas ? E transitivas ? E anti-simétricas ?

21
11) Seja A = {1, 2, 3}. Considerem-se as seguintes relações sobre A :

R1 = {(1, 2); (1, 1); (2, 2); (2, 1); (3, 3)}

R2 = {(1, 1); (2, 2); (3, 3); (1, 2); (2, 3)}

R3 = {(1, 1); (2, 2); (1, 2); (2, 3); (3, 1)}

R4 = A × A

R5 = ∅

Quais são reflexivas ? simétricas ? transitivas ? anti-simétricas ?

12) Construir sobre o conjunto E = {a, b, c, d} relações R1 , R2 , R3 e R4 tais que R1


só tem a propriedade reflexiva, R2 só a simétrica, R3 só a transitiva e R4 só a
anti-simétrica.

13) Pode uma relação sobre um conjunto E 6= ∅ ser simétrica e anti-simétrica ?


Pode uma relação sobre E não ser simétrica e nem anti-simétrica ? Justifique.

14) Seja R uma relação em R (conjunto dos números reais) e seja Gr seu gráfico
cartesiano. Qual é a particularidade apresentada por Gr quando:

a) R é reflexiva ? b) R é simétrica ?

15) Esboçar os gráficos cartesianos das seguintes relações em R :

R1 = {(x, y) ∈ R2 | x2 + y 2 = 1}

R2 = {(x, y) ∈ R2 | x + y ≤ 2}

R3 = {(x, y) ∈ R2 | y 2 = x}

R4 = {(x, y) ∈ R2 | x2 + y 2 ≤ 4}

R5 = {(x, y) ∈ R2 | x2 + x = y 2 + y}

R6 = {(x, y) ∈ R2 | x2 + y 2 < 16}

R7 = {(x, y) ∈ R2 | x2 − 4y 2 ≥ 9}

R8 = {(x, y) ∈ R2 | x2 + y 2 ≥ 16}

R9 = {(x, y) ∈ R2 | x2 − 4y 2 < 9}

R10 = {(x, y) ∈ R2 | y = x2 }

R11 = {(x, y) ∈ R2 | y ≤ x2 }

22
R12 = {(x, y) ∈ R2 | y < 3 − x}

R13 = {(x, y) ∈ R2 | y ≥ sen x}

R14 = {(x, y) ∈ R2 | y ≥ x3 }

R15 = {(x, y) ∈ R2 | y > x3 }

Quais são reflexivas ?

Quais são simétricas ?

16) Seja A um conjunto finito com n elementos.

Quantas são as relações binárias em A ?

Quantas são as relações reflexivas me A ?

Quantas são as relações simétricas em A ?

17) Provar que se uma relação R é transitiva, então R−1 também o é.

18) Sejam R e S relações no mesmo conjunto A. Provar que:

(a) R−1 ∩ S −1 = (R ∩ S)−1 .

(b) R−1 ∪ S −1 = (R ∪ S)−1

(c) Se R e S s ao transitivas, ent ao R ∩ S é transitiva.

(d) Se R e S são simétricas, então R ∪ S e R ∩ S são simétricas.

(e) Para todo R, R ∪ R−1 é simétrica.

19) Seja R uma relação de E em F e S uma relação de G em H tal que DomS ⊂


ImR. Chama-se relação composta de R e S a seguinte relação (indicada S ◦ R)
de E em H :

S ◦ R = {(x, z) ∈ E × H | ∃y ∈ F : (x, y) ∈ R e (y, z) ∈ S}.

Mostre que

(a) (S ◦ R)−1 = R−1 ◦ S −1

(b) Se R é reflexiva, então R ◦ R−1 e R−1 ◦ R também o são (R ⊂ E × E) .

(c) Se R é uma relação sobre E, então R ◦ R−1 e R−1 ◦ R são simétricas.

23
(d) Se R e S são relações simétricas sobre um conjunto E, então

S ◦ R é simétrica ⇔ S ◦ R = R ◦ S.

20) Sejam A = {a, b, c}, B = {1, 2, 3, 4, 5}, R = {(a, 1), (a, 2), (b, 3), (c, 4)} e

S = {(1, b), (2, b), (3, c), (4, a), (5, a), (5, b)}.

Calcule a relação composta S ◦ R. R é uma aplicação de A em B ? S é uma


aplicação de B em A ? S ◦ R é uma aplicação de A em A ? Justifique sua
resposta.

21) Quais das relações abaixo são relações de equivalência sobre E = {a, b, c} ?

R1 = {(a, a), (a, b), (b, a), (b, b), (c, c)}

R2 = {(a, a), (a, b), (b, a), (b, b), (b, c)}

R3 = {(a, a), (b, b), (b, c), (c, b), (a, c), (c, a)}

R4 = E × E

R5 = ∅

22) Quais das seguintes sentenças abertas definem uma relação de equivalência em
N ( conjunto dos números naturais) ?

a) xRy ⇔ ∃k ∈ Z | x − y = 3k b) x | y
c) x ≤ y d) mdc(x, y) = 1
e) x + y = 10.

23) Seja A o conjunto dos triângulos do espaço euclidiano. Seja R uma relação em
A definida por

xRy ⇔ x é semelhante a y.

Mostrar que R é de equivalência.

24) Seja A o conjunto das retas de um plano α e seja P um ponto fixo de α. Quais
das relações abaixo definidas são relações de equivalência em A ?

(a) xRy ⇔ x k y

(b) xRy ⇔ x ⊥ y

24
(c) xRy ⇔ P ∈ x ∩ y

25) Mostrar que a relação R sobre N × N tal que (a, b)R(c, d) ⇔ a + b = c + d é


uma relação de equivalência.

26) Mostrar que a relação S sobre Z × Z∗ tal que (a, b)S(c, d) ⇔ ad = bc é uma
relação de equivalência.

27) Seja E um conjunto não vazio. Dados X, Y ∈ P(E) (conjunto das partes de E)
mostre que as relações R e S são de equivalência em P(E) :

(a) X R Y ⇔ X ∩ A = Y ∩ A

(b) X S Y ⇔ X ∪ A = Y ∪ A

onde A é um subconjunto fixo de E.

28) Seja A = {x ∈ Z | 0 ≤ x ≤ 10} e R uma relação sobre A definida por


xRy ⇔ ∃k ∈ Z | x − y = 4k. Determinar o conjunto quociente A/R.

29) Seja A = {x ∈ Z | |x| ≤ 5} e R a relação sobre A definida por xRy ⇔ x2 + 2x =


y 2 + 2y. Determinar o conjunto-quociente A/R.

30) Sejam E = {−3, −2, −1, 0, 1, 2, 3} e R = {(x, y) ∈ E × E | x + |x| = y + |y|}.


Mostre que R é uma relação de equivalência e descrever E/R.

31) Seja R a relação sobre Q definida da forma seguinte xRy ⇔ x − y ∈ Z. Provar


que R é uma relação de equivalência e descrever a classe 1.

32) Seja R = {(x, y) ∈ R2 | x − y ∈ Q}. Provar que R é uma relação de equivalência



e descrever as classes representadas por 1/2 e 2.

33) Mostrar que a relação S sobre C (conjunto dos números complexos) definida
pela lei:
(x + yi)S(z + ti) ⇔ x2 + y 2 = z 2 + t2

com x, y, z, t ∈ R é uma relação de equivalência. Descrever a classe 1 + i.

34) Mostre que é uma relação de equivalência em C : R = {(a + bi, c + di) | b = d}.
Descrever o conjunto quociente C/R.

25
35) Sejam P = (x1 , y1 ) e Q = (x2 , y2 ) pontos genéricos de um plano cartesiano π.
Mostre que as relações a seguir são relações de equivalência sobre π e interprete
geometricamente as classes de equivalência e o conjunto-quociente, em cada
caso.

(a) P S Q ⇔ x1 y1 = x2 y2

(b) P S Q ⇔ y2 − y1 = x2 − x1

(c) P T Q ⇔ x21 + y12 = x22 + y22

(d) P V Q ⇔ k1 x21 + k2 y12 = k1 x22 + k2 y22 , com k2 > k1 > 0.

36) Qual é a relação de equivalência associada a cada uma das seguintes partições
?

I) A/R = {{a, b}, {c, d, e}}

II) A/R = {{a, b, c}, {d}, {e}}

III) A/R = {{0, ±2, ±4, · · · }, {±1, ±3, ±5, · · · }}

37) Quais são as relações de equivalência sobre E = {a, b}.

38) Enumerar todas as relações de equivalência sobre A = {a, b, c}.

39) Quantas são as relações de equivalência que podem ser estabelecidas sobre E =
{a, b, c, d} ?

40) Seja R uma relação reflexiva sobre um conjunto E. Mostre que R é uma relação
de equivalência se, e somente se, R ◦ R−1 = R.

41) Seja R uma relação reflexiva sobre um conjunto E com as seguintes proprieda-
des:

1) Dom(R) = E;

2) (∀a, b, c ∈ E)(aRc e bRc ⇒ aRb).

Mostre que R é uma relação de equivalência.

42) Fazer um diagrama simplificado das seguintes relações de ordem no conjunto


A = {1, 2, 3, 4, 6, 12}.

a) ordem habitual b) ordem por divisibilidade

26
43) Dizer se cada um dos seguintes subconjuntos de N é ou não totalmente ordenado
para a relação de divisibilidade:

a) {24, 2, 6} b) {3, 15, 5} c) {15, 5, 30} d) N

44) Fazer um diagrama simplificado da relação de ordem por inclusão em E =


P({a, b}) e em E 0 = P({a, b, c}).

45) Seja C o conjunto dos números complexos e sejam x = a + bi e y = c + di dois


elementos de C. Mostrar que R é uma relação de ordem parcial em C :

xRy ⇔ a ≤ c e b ≤ d

46) Fazer um diagrama simplificado da relação de ordem por inclusão em:

E = {{a}, {b}, {a, b, c}, {a, b, d}, {a, b, c, d}, {a, b, c, d, e}}

Quais são os limites superiores, limites inferiores, ı́nfimo, supremo, máximo e


mı́nimo do subconjunto A = {{a, b, c}, {a, b, d}, {a, b, c, d}} de E ?

47) Seja A = {x ∈ Q | 0 ≤ x2 ≤ 2} um subconjunto de Q, onde está definida a


relação de ordem habitual. Determinar os limites superiores, limites inferiores,
ı́nfimo, supremo, máximo e mı́nimo de A.

48) Seja E = {a, b, c, d, e, f, g, h, i, j} e seja R o menor subconjunto de E × E que é


uma relação de ordem e contem o subconjunto

{(f, h), (h, i), (g, i), (g, j), (d, f ), (e, f ), (e, g), (a, d), (b, d), (b, e), (c, e)}.

Pede-se:

(a) Desenhe o diagrama simplificado de R.

(b) Determinar os limites superiores, os limites inferiores, o ı́nfimo, o supremo,


o máximo e o mı́nimo de A = {d, e}.

(c) Dar os pares que constituem R−1 .

49) Em N × N define-se (a, b) ≤ (c, d) ⇔ a | c e b ≤ d.

(a) Mostrar que essa relação (≤) é uma relação de ordem parcial em N × N.

27
(b) Sendo A = {(2, 1); (1, 2)}, ache os limites superiores, limites inferiores,
ı́nfimo, supremo, máximo e mı́nimo de A.

50) Provar que se R é uma relação de ordem sobre E, então R−1 também é.

51) Mostre que é uma relação de ordem total no conjunto C :

R = {(a + bi, c + di) ∈ C2 | a < c ou (a = c e b ≤ d)}

52) Sendo E = {a, b, c, d} e F = {1, 2, 3}, decida quais das relações abaixo são
aplicações de E em F.

R1 = {(a, 1), (b, 2), (c, 3)}

R2 = {(a, 1), (b, 1), (c, 2), (d, 3)}

R3 = {(a, 1), (a, 2), (b, 1) < (c, 2), (d, 3)}

R4 = {(a, 2), (b, 2), (c, 2), (d, 2)}

53) Determinar todas as aplicações de E = {0, 1, 2} em F = {3, 4}.

54) Achar uma função f : A → B, com A e B subconjuntos de R, para cada caso


abaixo:

(a) A = R, B ( R e f injetora e não sobrejetora.

(b) B = A ( R, B = R e f injetora e não sobrejetora.

(c) B = R, B ( R e f sobrejetora e não injetora.

(d) A ( R, B = R e f sobrejetora e não injetora.

55) Uma aplicação sobre E tal que (a, a) ∈ E para todo a ∈ E é chamada de
aplicação idêntica de E e é muitas vezes denotada por iE .

Se f : E → F e g : F → E são tais que g ◦f = iE , quais das seguintes conclusões


são válidas ?
a) g = f −1 ; d) g é injetora;
b) f é sobrejetora; e) g é sobrejetora.
c) f é injetora;

56) Sejam as aplicações f : E → F e g : F → E. Provar que:

28
(a) se g ◦ f é injetora, então f é injetora;

(b) se f ◦ g é sobrejetora, então f é sobrejetora.

57) Sejam f : E → F, g : E → F, : F → G. Supondo h injetora e h ◦ g = h ◦ f,


provar que g = f.

58) Sejam f : E → F e g : F → G. Supondo g bijetora, provar que f é injetora se,


e somente se, g ◦ f também é injetora.

59) Em cada caso abaixo, considere a operação ∗ sobre E e verifique se é asso-


ciativa, se é comutativa, se existe elemento neutro e determine os elementos
simetrizáveis.

x+y
(a) E = R e x ∗ y = 2

(b) E = R e x ∗ y = x
p
(c) E = R+ e x ∗ y = x2 + y 2
p
(d) E = R e x ∗ y = 3 x3 + y 3

(e) E = R∗ e x ∗ y = x
y

x+y
(f) E = R+ e x ∗ y = 1+xy

(g) E = Z e x ∗ y = x + y + x · y

(h) E = Z e x ∗ y = xy + 2x

(i) E = Q e x ∗ y = x + xy

(j) E = Z e x ∗ y = x + xy

(k) E = R e x ∗ y = x2 + y 2 + 2xy

(l) E = R e x ∗ y = x + y − 2x2 y 2

(m) E = N e x ∗ y = min(x, y)

(n) E = R e x ∗ y = max(x, y)

(o) E = Z e x ∗ y = mdc(x, y)

(p) E = N e x ∗ y = mdc(x, y)

(q) E = Z e x ∗ y = mmc(x, y)

(r) E = N e x ∗ y = mmc(x, y)

29
60) Determine R∗ (E) para cada operação definida no exercı́cio anterior.

61) Em cada caso abaixo, está definida uma operação sobre Z × Z. Verifique se é
associativa, se é comutativa, se existe elemento neutro e determine os elementos
simetrizáveis.

(a) (a, b) ∗ (c, d) = (ac, 0)

(b) (a, b)4(c, d) = (a + c, b + d)

(c) (a, b) ⊥ (c, d) = (ac, ad + bc)

(d) (a, b) ◦ (c, d) = (a + c, bd)

(e) (a, b) ? (c, d) = (ac − bd, ad + bc)

62) Determinar os elementos regulares de Z × Z para cada operação definida no


exercı́cio anterior.

63) Sejndo ∗ a operação sobre Z3 dada pela lei (a, b, c) ∗ (d, e, f ) = (ad, be, cf ).
Provar que ∗ é associativa e tem neutro. Determinar U∗ (Z3 ).

64) Em que condições, sobre m e n ∈ Z a operação dada por x ∗ y = mx + ny, sobre


Z,

a) é associativa ? b) é comutativa c) admite elemento neutro.

65) Consideremos a operação ∗ em R definida por x ∗ y = ax + by + cxy, onde a, b


e c são números reais dados. Determine as condições para a, b e c de modo que
∗ seja associativa e tenha elemento neutro.
  
 a b 
66) Determine todos os elementos neutros à esquerda no conjunto E =   | a, b ∈ R
 0 0 
para a operação de multiplicação.

67) Mostrar que nenhum elemento de R é regular para a operação 4 assim definida:
x4y = x2 + y 2 + xy.

68) Verifique se a lei dada por (a, b)4(c, d) = (ac, ad + bc) é distributiva em relação
à lei (a, b) + (c, d) = (a + c, b + d), tudo em Z × Z.

69) Ache m ∈ R de modo que a lei definida por x4y = x + my (sobre R) seja
distributiva em relação a x ∗ y = x + y + xy (sobre R ).

30
70) Dizer quais dos subconjuntos de Z são fechados para a operação de adição.
a) Z− c) I = {x ∈ Z | x é ı́mpar }
b) P = {x ∈ Z | x é par } d) mZ = {x ∈ Z | m divide x} (m fixo).

71) Dizer quais dos seguintes subconjuntos de Z são fechados para a operaçõa de
multiplicação.

a) Z− b) P c) I d) mZ

72) Mostrar que A = {z ∈ C | z = cos θ + i · sen θ} é subconjunto de C fechado


para a multiplicação.
  
 cos a sen a 
73) Mostrar que A =   | a ∈ R é subconjunto de M2 (R) fe-
 −sen a cos a 
chado para a multiplicação.

74) Em cada caso abaixo, está definida uma operação ∗ sobre E. Pede-se: fazer
a tábua da operação, verificar se é comutativa e se existe neutro, determinar
U∗ (E) e R∗ (E).

(a) E = {1, 2, 3, 4} e x ∗ y = mdc(x, y)

(b) E = {1, 3, 9, 27} e x ∗ y = mmc(x, y)

(c) E = P({a, b}) e x ∗ y = x ∪ y

(d) E = P({a, b}) e x ∗ y = x ∩ y

(e) E = P({a, b}) e x ∗ y = (x ∪ y) − (x ∩ y).


p p p
(f) E = { 3/2, 3 5/2, 4 7/2} e x ∗ y = min{x, y}

(g) E = {3 2, π, 7/2} e x ∗ y = max{x, y}

(h) E = {1, i, −1, −i} e x ∗ y = x · y

(i) E = {0, 1, 2, 3}e x ∗ y = resto da divisão em Z de x + y por 4

(j) E = {0, 1, 2, 3, 4} e x ∗ y = resto da divisão em Z de x · y por 5

75) Construir a tábua da operação de composição de funções em E = {f1 , f2 , f3 }


onde:
f1 = {(a, a), (b, b), (c, c)}

f2 = {(a, b), (b, c), (c, a)}

f3 = {(a, c), (b, a), (c, b)}

31
76) Seja E E o conjunto das aplicações de E em E. A composição de aplicações é
uma operação sobre E E . Construir a tábua desta operação para E = {0, 1}
e determinar os elementos simetrizáveis, os elementos regulares e o elemento
neutro de E E .

77) Seja S(E) o conjunto das permutações de E (aplicações bijetoras de E em E


). A composição de permutações ’e uma operação em S(E). Construir a tábua
desta operaç ao em E = {1, 2, 3}. Verifique se esta operação é associativa,
comutativa, que elementos são simetrizáveis e quais são regulares.

78) Construir a tábua de uma operaç ao ∗ sobre o conjunto E = {a, b, c, d} de


modo que

(a) seja comutativa;

(b) a seja elemento neutro;

(c) U∗ (E) = E;

(d) R∗ (E) = E

(e) b ∗ c = a

79) Construir a tábua de uma operação ∗ sobre o conjunto E = {e, a, b, c} de modo


que:

(a) seja comutativa;

(b) e seja elemento neutro;

(c) x ∗ a = a, ∀a

(d) R∗ (E) = E − {a}

80) Dar um exemplo de operação sobre E em que todo elemento de E é regular,


existe neutro e só ele é simetrizável.

81) Dar um exemplo de operaç ao sobre E em que existe neutro e todos os elementos
de E, com exceção do neutro têm dois simétricos.

82) Dar um exemplo de operação em que o composto de dois elementos simetrizáveis


não é simetrizável.

32
83) Dar um exemplo de uma operação não associativa nem comutativa mas que tem
neutro.

84) Seja E = P({a, b, c}). Qual é a condição sobre X e Y , com X ∈ E e Y ∈ E,


pra que {X, Y } seja fechado em relação a operação de intersecção sobre E ?

85) Seja ∗ a operaç ao sobre E = {1, 2, 3, 4, 6, 12} definida por x ∗ y = mmc(x, y).
Determinar os subconjuntos de E que têm três elementos e são fechados em
relação a ∗.

86) Determinar todas as operações sobre o conjunto E = {a, b}.

87) Mostrar que o número de operaç ões sobre um conjunto finito com n elementos
2
é nn .

88) Seja E um conjunto sobre o qual está definida uma operação ∗ que é associativa.
Provar que:

(a) a ∈ E é regular à esquerda se, e somente se, f : A → A tal que f (x) = a∗x
é injetora;

(b) R∗ (E) é fechado em relação a operaç ão ∗;

(c) se E é finito e R∗ (E) 6= ∅, então existe elemento neutro para a operação


∗.

89) Seja E um conjunto munido de uma operação ∗ que admite elemento neutro e.
Mostrar que esta operação é associativa e comutativa se, e somente se, a∗(b∗c) =
(a ∗ c) ∗ b, quaisquer que sejam a, b, c ∈ E.

90) Uma lei de composição interna {x, y} 7→ x ∗ y num conjunto E 6= ∅ é chamada


totalmente não associativa se

(∀a, b, c)(a, b, c ∈ E ⇒ (a ∗ b) ∗ c 6= a ∗ (b ∗ c))

(a) Mostre que tal lei não é comutativa.

(b) Mostre que (a, b) 7→ ab é totalmente não associativa em E = {3, 4, · · · }.

91) Seja ∗ uma operação sobre E que é associativa e tem neutro. Sendo A um
subconjunto não vazio de E, indiquemos por C(A) o conjunto dos elementos
x ∈ E tais que a ∗ x = x ∗ a para todo a ∈ A. Provar que

33
(a) C(A) é fechado em relação a operação ∗;

(b) se B ⊂ A, então C(B) ⊃ C(A);

(c) C(C(C(A))) = C(A).

34
Capı́tulo 3

Números Inteiros

Princı́pio da Boa Ordem: Todo subconjunto não vazio do conjunto dos números
inteiros constituı́do de elementos não negativos possui um mı́nimo.

Proposição 5 (Algorı́tmo de Euclides). Sejam a, b ∈ Z, b 6= 0, então existe um único


par (q, r) ∈ Z × Z tal que

a = bq + r, 0 ≤ r < |b|.

Demonstração. (Existência) Seja A = {a − bq ∈ Z | a − bq ≤ 0, q ∈ Z}, então A 6= ∅,


pois a − b · 0 = a > 0, ou seja, a ∈ A.
Portanto, pelo Princı́pio da Boa Ordem, como A 6= ∅ e A é constituı́do de
números inteiros não negativos, então existe r0 = min A. Assim, existe q0 ∈ Z tal que
r0 = a − bq0 .
Afirmação: 0 ≤ r0 < |b|.
De fato, se r0 ≥ |b|, então existiria m ≥ 0 tal que r0 = |b| + m e, como 0 ≤ m < r0
e r0 = |b| + m = a − bq0 , terı́amos que

 a − b(q + 1), se b > 0
m = a − bq − |b| =
 a − b(q − 1), se b < 0

ou seja, 0 ≤ m < r0 e m ∈ A, o que é um absurdo, pois r0 = min A.


Logo 0 ≤ r0 < b.
Portanto, tomando q = q0 e r = r0 , temos que (q, r) satisfaz a = bq +r e 0 ≤ r < b.
(Unicidade) Sejam (q1 , r1 ), (q2 , r2 ) ∈ Z × Z tais que

a = bq1 + r, 0 ≤ r1 < b

35
e
a = bq2 + r2 , 0 ≤ r2 < b.

Assim,
bq1 + r1 = bq2 + r2
⇒ b(q1 − q2 ) = r2 − r1
⇒ |b||q1 − q2 | = |r2 − r1 | < |b|
⇒ |q1 − q2 | < 1
⇒ |q1 − q2 | = 0
⇒ q1 = q2

 q =q
1 2

 r − r = b(q − q ) = 0
 2 1 1 2
 q =q
1 2

 r =r
1 2

⇒ (q1 , r1 ) = (q2 , r2 )

Exemplo 31. Para encontrarmos (q, r) ∈ Z × Z satisfazendo a = bq + r, com 0 ≤


r < b, onde a = 45 e b = 56, basta escolhermos q = 0 e r = a = 45. Desta forma,
obtemos que a = 45 = 56 · 0 + 45 = bq + r, com 0 ≤ r = 45 < 56 = b.

Definição 38. Dizemos que um número inteiro a é um divisor de um número


inteiro b se existe z ∈ Z tal que b = za. Neste caso, dizemos que b é divisı́vel por a
ou que b é múltiplo de a.

Notação 2. a | b significará que a é um divisor de b ou b é múltiplo de a.

Proposição 6 (Propriedades). Seja A = Z∗+ , então a relação

R = {(a, b) ∈ A × A | a | b}

é uma relação de ordem parcial sobre Z∗+ , ou seja,


(i) (∀a ∈ A) (a | a) (Reflexiva)
(ii) (∀a, b, c ∈ Z) (a | b e b | c ⇒ a | c) (Transitiva)
(iii) (∀a, b ∈ A) (a | b e b | a ⇒ a = b) (Anti-simétrica)

Demonstração.

(i) Como a = 1 · a, ∀a ∈ A, então a | a, ∀a ∈ A.

36
(ii) Se a | b e b | c, então existem z1 , z2 ∈ Z tais que b = z1 a e c = z2 b, o que implica
em c = z2 (z1 a) = (z2 z1 )a. Logo a | c.

(iii) Para a, b ∈ R∗+ , temos que

(a | b e b | a)
⇒ (∃z1 , z2 ∈ Z) (b = z1 a e a = z2 b)
⇒ (∃z1 , z2 ∈ Z) (b = z1 a e a = z2 (z1 a))
⇒ (∃z1 , z2 ∈ Z) (b = z1 a e a = (z2 z1 )a)
⇒ (∃z1 , z2 ∈ Z) (b = z1 a e 1 = z2 z1 )
a,b∈Z∗+
⇒ (∃z1 , z2 ∈ Z) (b = z1 a e z1 = z2 = 1)
⇒ (a = b)

Observação 12. As propriedades (i) e (ii) valem também para A = Z.

Definição 39. Sejam a, b ∈ Z. Dizemos que um número inteiro positivo d é o


máximo divisor comum de a e b se

(i) d | a e d | b;

(ii) Se d0 ∈ Z satisfaz d0 | a e d0 | b, então d0 | d.

Notação 3. Utilizaremos o sı́mbolo mdc(a, b) ou (a, b) para representarmos o máximo


divisor comum de a e b (ou entre a e b).

Exemplo 32. Vamos calcular agora o máximo divisor comum entre 45 e 12. Para
fazermos isto, observe primeiramente que

• o conjunto dos divisores positivos de 45 é d(45) = {1, 3, 5, 9, 15, 45};

• o conjunto dos divisores positivos de 12 é d(12) = {1, 2, 3, 4, 6, 12};

• o conjunto dos divisores positivos de 12 e de 45 são d(45) ∩ d(12) = {1, 3}.

Portanto, o máximo divisor comum entre 45 e 12 será o máximo do conjunto d(45) ∩


d(12), que é 3, ou seja, mdc(45, 12) = max d(45) ∩ d(12) = 3.

Proposição 7. Se a, b ∈ Z d um divisor de a e de b. Então d | (αa + βb), ∀α, β ∈ Z.

37
Demonstração. Se d | a e d | b, então existem z1 , z2 ∈ Z tais que a = z1 d e b = z2 d.
Assim,
αa + βb = α(z1 d) + β(z2 d) = (αz1 + βz2 )d,

com αz1 + βz2 ∈ Z. Logo d | (αa + βb).

Proposição 8. Sejam a, b ∈ Z e A = {αa + βb | αa + βb > 0, α, β ∈ Z}, então


mdc(a, b) = min A.

Demonstração. Pelo Princı́pio da Boa Ordem, existe m0 = min A.


Se d0 ∈ Z é tal que d0 | a e d0 | b, então, pela proposição anterior, d0 | (αa +
βb), ∀α, β ∈ Z. Como m0 ∈ A, existem α0 , β0 ∈ Z tais que m0 = α0 a + β0 b. Logo
d0 | (α0 a + β0 b), o que implica em d0 | m0 .
Provaremos agora que m0 | a e m0 | b. De fato, pelo Algorı́tmo de Euclides,
existem q, r ∈ Z tais que

(a = m0 q + r, 0 ≤ r < m0 )
⇒ (a = (α0 a + β0 q + r, 0 ≤ r1 < m0 )
⇒ (a = (α0 q)a + (β0 q)b + r, 0 ≤ r1 < m0 )
⇒ ((1 − α0 q)a + (β0 q)b, 0 ≤ r < m0 )

Logo r = 0, pois 0 ≤ r < m0 e m0 é o menor número inteiro positivo escrito na forma


αa + βb, com α, β ∈ Z.
Assim, a = m0 q + r = m0 q ⇒ m0 | a.
Da mesma forma podemos concluir que m0 | b.
Assim, m0 > 0 e

(i) m0 | a e m0 | b;

(ii) Se d0 ∈ Z é tal que d0 | a e d0 | b, então d0 | m0 .

Logo m0 = mdc(a, b).

Corolário 3. mdc(n, n + 1) = 1, ∀n ∈ Z.

Demonstração. Como 1 = n + 1 − n = 1 · (n + 1) + (−1) · n e 1 é o menor número


inteiro positivo, então, pela Proposição anterior, mdc(n, n + 1) = 1.

Corolário 4. Para todo inteiro n,


 
n(n + 1)
mdc 2n + 1, = 1.
2

38
Demonstração. Basta observar que se α = 2n + 1 e β = −8, então

n(n + 1) n(n + 1)
α(2n + 1) + β = (2n + 1)(2n + 1) + (−8) = 1.
2 2

Definição 40. Um número inteiro p 6= ±1 é primo se os únicos divisores de p são


±1 e ±p.

Proposição 9. Seja p um número primo e sejam a, b ∈ Z, tais que p | (ab), então


p | a ou p | b.

Demonstração. Se p | a, então já temos o que querı́amos.


Se p - a, então mdc(a, p) = 1, pois os únicos divisores de p são ±p e ±1.
Como mdc(p, a) = 1, então existem α, β ∈ Z tais que

αp + βa = 1 ⇒ b · 1 = b(αp + βa) ⇒ b = (αb)p + β(ab)

Como p | (ab) e mdc(p, a) = 1, então existem z, α, β ∈ Z tais que

ab = zp (3.1)

e
αp + βa = 1 (3.2)

Portanto,

1 = αp + βa
⇒ b · 1 = b(αp + βa)
⇒ b = (bα)p + β(ab)
(3.1)
⇒ b = (bα)p + β(zp)
⇒ b = (bα + βz)p
⇒ p|b
Logo p | a ou p | b.

Exercı́cio 6. Se c | (ab) e mdc(c, a) = 1, então c | b.

Definição 41. Um número inteiro m 6∈ {±1, 0} é um número composto se m


não é primo, ou seja, se m 6= 0 e m possui mais de 4 divisores.

39
Proposição 10. Seja m um número inteiro positivo maior ou igual a 2, então o
menor elemento do conjunto (o mı́nimo) S = {x ∈ Z | x > 1 e x | m} é um
número primo.

Demonstração. Como m ∈ S e S é constituı́do por números inteiros positivos, então,


pelo Princı́pio da Boa Ordem, existe p = min S. Para provar que p é primo, supo-
nhamos que p seja composto. Se p for composto, então existem inteiros z1 , z2 > 1 tais
que p = z1 z2 . Assim, como p | a e z2 | p, então z2 | a. Portanto, z2 ∈ S e z2 < p, o
que contradiz a minimalidade de p.
Logo p é primo.

Proposição 11 (Primeiro Princı́pio de Indução). Seja P (n) uma afirmação que de-
pende de n ∈ N = {0, 1, 2, · · · } que pode ser julgada como verdadeira ou falsa para
cada n.
Se

(i) P (n0 ) é verdadeira para algum n0 ∈ N e

(ii) (∀n ∈ N) (P (n) verdadeira ⇒ P (n + 1) verdadeira) ,

então P (n) é verdadeira para todo n ∈ N tal que n ≥ n0 .

Demonstração. Seja S = {n ∈ N | n > n0 e P (n) é falsa, }. Suponhamos que P (n)


seja falsa para algum m > n0 . Assim, S 6= ∅ e pelo Princı́pio da Boa Ordem, existe
m0 = min S. Logo, m0 − 1 6∈ S e P (m0 − 1) é verdadeira. Se P (m0 − 1) é verdadeira,
por (ii), P (m0 ) é verdadeira, o que é um absurdo.
Portanto, não existe P (m) falsa para nenhum m ∈ N tal que m ≥ n0 . Logo P (n)
é verdadeira para todo n ∈ N tal que n ≥ n0 .

Proposição 12 (Segundo Princı́pio de Indução). Seja P (n) uma afirmação que pode
ser julgada verdadeira ou falsa para cada n ∈ N satisfazendo as seguintes condições:

(i) P (n0 ) é verdadeira para algum n0 ∈ N e

(ii) Se P (k) é verdadeira para todo k ∈ N tal que n0 ≤ k < n, então P (n) verdadeira.

Logo P (n) é verdadeira para todo n ∈ N tal que n ≥ n0 .

Demonstração. Exercı́cio.

40
Exemplo 33. Mostraremos que

n(n + 1)
1 + 2 + 3 + ··· + n = , ∀n ∈ N∗ .
2

Seja P (n) a seguinte afirmação:

n(n + 1)
P (n) : 1 + 2 + · · · + n = .
2
1(1 + 1)
Como 1 = , então P (1) é verdadeira.
2
Se P (n) é verdadeira, então

n(n + 1)
1 + 2 + ··· + . (3.3)
2
Assim, somando n + 1 em ambos os lados da equação (3.3), obtemos

1 + 2 + · · · + n + (n + 1)
n(n+1)
= + (n + 1)
2

= (n + 1) n2 + 1
 

(n+1)((n+1)+1)
= (n + 1) n+2
2
= 2
.

Portanto P (n + 1) é verdadeira.
Logo, por indução,

n(n + 1)
1 + 2 + ··· + n = , ∀n ∈ N∗ .
2

Proposição 13. Seja p primo tal que p | (a1 a2 · · · an ), então p | a1 ou p | a2 ou · · ·


ou p | an .

Demonstração. Por indução sobre n.


Se n = 1, então p | a1 ⇒ p | a1 .
Se n = 2, então p | (a1 a2 ) e, pelo resultado da aula passada, p | a1 ou p | a2 .
Se p | (a1 · · · an ), então p | ((a1 a2 · · · an−1 )an ), o que implica em p | (a1 · · · an−1 )
ou p | an . Por indução, p | a1 ou p | a2 ou · · · ou p | an−1 ou p | an .

Demonstração. Seja p primo e

P (n) : (∀a1 , · · · , an ∈ N) (p | (a1 a2 · · · an ) ⇒ ( p | a1 ou p | a2 ou · · · ou p | an ))

Assim,

• P (1) é verdadeira, pois p | a1 ⇒ p | a1 .

41
• P (2) é verdadeira, pois p | (a1 a2 ) ⇒ (p | a1 ou p | a2 ) .

• Supondo que P (m) seja verdadeira para todo m ∈ N tal que 1 ≤ m < n, temos
que

p | (a1 · · · an )
⇒ p | ((a1 · · · an−1 )an )
P (2) é verdadeira
⇒ (p | (a1 · · · an−1 ) ou p | an )
P (n − 1) é verdadeira
⇒ ( p | a1 ou p | a2 ou · · · ou p | an−1 ou p | an )

Logo, por indução, se p | (a1 · · · an ), então p | a1 ou p | a2 ou · · · ou p | an .

Definição 42. Sejam a1 , · · · , an ∈ Z. Dizemos que d é o máximo divisor comum


de a1 , · · · , an , d = mdc(a1 , a2 , · · · , an ), se

(i) d | a1 , · · · , d | an ;

(ii) Se d0 ∈ Z satisfaz d0 | a1 , · · · , d0 | an , então d0 | d.

Exercı́cio 7. Mostre que mdc(a1 , · · · , an ) = mdc(a1 , mdc(a2 , · · · , an )).

Exercı́cio 8. Se c = ab com mdc(a, b) = 1, a | n e b | n, então c | n.

Teorema 1 (Teorema Fundamental da Aritmética). Seja n ∈ Z, n > 1, então


existem k ∈ N e p1 , · · · , pk números primos positivos tais que n = p1 · · · pk . Além
disso, se q1 , · · · , qm são números primos positivos tais que n = q1 q2 · · · qm , então
k = m e cada pi é algum qj , ou seja, todo número inteiro maior do que 1 pode ser
escrito de forma única como produto de números primos positivos a menos da ordem
em que estes números primos aparecem no produto.

Demonstração. Por indução sobre n. Para n = 2 temos que 2 é primo e a afirmação


é verdadeira.
Caso contrário, existem p1 primo tal que p1 | n, pois n > 1, pelo resultado anterior.
Portanto existe a1 ∈ Z tal que n = p1 a1 . Se a1 = 1, então n = p1 e a afirmação é
verdadeira.
Se 1 < a1 < n, então, por indução, existem p2 , · · · , pk primos positivos tais que
a1 = p 2 · · · p k .
Logo n = p1 a = p1 p2 · · · pk .

42
Sejam p1 , · · · , pk , q1 , · · · , qm primos positivos tais que n = p1 · · · pk = q1 · · · qm .
Assim, p1 é um primo com p1 | n, ou seja,

p1 | (q1 · · · qm ) ⇒ ( p1 | q1 ou p1 | q2 ou · · · ou p1 | qm . )

A menos de ordenação, podemos supor que p1 | q1 e, como p1 e q1 são números


primos positivos, segue que p1 = q1 .
Logo n = p1 p2 · · · pk = p1 q2 · · · qm ⇒ p2 · · · pk = q2 · · · qm . Fazendo n0 = p2 · · · pk =
q2 · · · qm . Por indução, como n > n0 , então k − 1 = m − 1 e todo pi é igual a algum
qj para i, j ∈ {2, · · · , k}, ou seja, k = m e todo pi é igual a algum qj para todo
i, j ∈ {1, 2, · · · , k}.

Corolário 5. Seja n ∈ N, n > 1, então existem p1 , · · · , pk primos positivos e


α1 , · · · , αk ∈ N∗ com p1 < p2 < · · · < pk tais que n pode ser escrito de forma
única:
n = pα1 1 pα2 2 · · · pαk k .

Corolário 6. Se n ∈ Z∗ , n 6= 1, então existem p1 , · · · , pk primos positivos e α1 , · · · , αk


inteiros positivos tais que n pode ser escrito de forma única:

n = upα1 1 pα2 2 · · · pαk k para u = ±1.

Proposição 14. Sejam n > 1 e d > 1 um divisor de n. Se p1 < · · · < pk são números
primos positivos e α1 , · · · , αk ∈ N∗ são tais que n = pα1 1 · · · pαk k então d = pβ1 1 · · · pβkk ,
para alguns β1 , · · · , βk ∈ N com 0 ≤ β1 ≤ α1 , · · · , 0 ≤ βk ≤ αk .

Demonstração. Seja pβ a maior potência de um primo p que divide d. Assim, como


d é divisor de n = pα1 1 · · · pαk k , então existirá pi tal que pi = p e pβ é um divisor de
n. Logo n = pα1 1 · · · pαk k = pα1 1 · · · pαi i · · · pαk k = pβ m. Pelo Teorema Fundamental da
Aritmética, existem γ1 , · · · , γk tais que m = pγ11 · · · pγkk . Assim, como p = pi , temos
γ γ
que n = pα1 1 · · · pαi i · · · pαk k = pγ11 · · · pi−1
i−1 γi +β
pi pi+1i+1
· · · pγkk ⇒ α1 = γ1 , · · · , αi−1 =
γi−1 , αi = γi + β, · · · , βi+1 = γi+1 , · · · , αk = γk ⇒ β ≤ αi .
Logo d = pβ1 1 · · · pβkk , onde 0 ≤ β1 ≤ α1 , · · · , 0 ≤ βk ≤ αk .

Corolário 7. Seja n = pα1 1 · · · pαk k , onde p1 , · · · , pk são primos positivos com p1 <
p2 < · · · < pk e α1 , · · · , αk ∈ N∗ , então o número de divisores de n é

d(n) = (α1 + 1)(α2 + 1) · · · (αk + 1).

43
Demonstração. Pela proposição anterior, se d é um divisor de n, então d é escrito na
forma d = pβ1 1 · · · pβkk , onde 0 ≤ β1 ≤ α1 , · · · , 0 ≤ βk ≤ αk .
Assim, temos

• α1 + 1 possibilidades de escolha para β1 ;

• α2 + 1 possibilidades de escolha para β2 ;

···

• αk + 1 possibilidades de escolha para βk .

Portanto, temos (α1 + 1) · · · (αk + 1) possibilidades de escolha para os divisores de


n.

Proposição 15. Sejam a = pα1 1 · · · pαk k e b = pβ1 1 · · · pβkk , onde p1 , · · · , pk são primos
positivos e α1 , · · · , αk , β1 , · · · , βk ∈ N. Então,

min{α1 ,β1 } min{αk ,βk }


mdc(a, b) = p1 · · · pk .

Demonstração. Como min{αi , βi } ≤ αi e min{αi , βi } ≤ βi , para todo i ∈ {1, · · · , k},


então
min{α1 ,β1 } min{αk ,βk }
d = p1 · · · pk

é um divisor de a e de b, ou seja, d | a e d | b.
Pela proposição anterior, se d0 | a e d0 | b, então existem γ1 , · · · , γk ∈ N tais que

d0 = pγ11 · · · pγkk

com

• γ1 ≤ α1 , · · · , γk ≤ αk , pois d0 | a e

• γ1 ≤ β1 , · · · , γk ≤ βk , pois d0 | b.

Logo γ1 ≤ min{α1 , β1 }, · · · , γk ≤ min{αk , βk }, ou seja, d0 | d.


min{α1 ,β1 } min{αk ,βk }
Portanto, d = p1 · · · pk = mdc(a, b).

Proposição 16. Sejam a, b ∈ Z com b 6= 0 tais que a = bq + r para (q, r) ∈ Z × Z


com 0 ≤ r < |b|, então mdc(a, b) = mdc(b, r).

44
Demonstração. Sejam d1 = mdc(a, b) e d2 = mdc(b, r). Como d1 | a e d1 | b, então
d1 | (a − bq). Logo d1 | b e d1 | r ⇒ d1 | d2 , pela definição de d2 = mdc(b, r). Como
d2 | b e d2 | r, então d2 | (bq +r) e d2 | b, ou seja, d2 | a e d2 | b. Portanto, pela definição
de d1 = mdc(a, b), temos que d2 | d1 . Logo, como d1 | d2 e d2 | d1 e d1 , d2 > 0, então
d1 = d2 , ou seja mdc(a, b) = mdc(b, r).

Proposição 17 (Algoritmo para cálculo do mdc). Sejam a, b ∈ Z e considere a


sequência (rn )n∈N definida recursivamente, através do Algoritmo de Euclides, por

r0 = b
a = bq + r1 , 0 ≤ r1 < b
b = r1 q2 + r2 , 0 ≤ r2 < r1
r1 = r2 q3 + r3 , 0 ≤ r3 < r2
..
.
rn = rn+1 qn+2 + rn+2 , 0 ≤ rn+2 < rn+1
Então, existe um menor inteiro positivo n0 tal que rn0 = 0 e rn0 −1 = mdc(a, b).

Demonstração. Pela Proposição anterior,

(a, b) = (b, r1 ) = (r1 , r2 ) = · · · = (rn , rn+1 ).

Afirmação: Existe n ∈ N tal que rn+1 = 0.


De fato, se rn+1 6= 0, ∀n ∈ N, então temos uma quantidade infinita de elementos
na sequência

b > r1 > r2 > · · · rn > rn+1 · · · > 0,

o que contradiz o Princı́pio da Boa Ordem.


Logo, existe um menor n ∈ N tal que rn+1 = 0.
Assim,

(a, b) = (b, r1 ) = (r1 , r2 ) = · · · = (rn , rn+1 ) = (rn , 0) = rn .

Portanto, rn = (a, b).

Exemplo 34. Para calcular o mdc(36, 45), observe que

45 = 36 · 1 + 9

45
36 = 9 · 4 + 0.

Logo mdc(36, 45) = 9.

Exemplo 35. Para calcular o mdc(354, 12), observe que

354 = 12 · 29 + 6

12 = 6 · 2 + 0.

Logo mdc(354, 12) = 6.

Observação 13. Uma maneira de formar a sequência a partir do Algoritmo de Eu-


clides é formar uma tabela do tipo

q1 q2 q3 · · · qn+1
a b r1 r2 · · · rn
r1 r2 r3 · · · rn+1

Desta forma, se n é o menor inteiro não negativo tal que rn+1 = 0, então rn =
mdc(a, b).

Exemplo 36. Para calcular o mdc(354, 12), observe que

29 2
354 12 6
6 0

Logo 6 = mdc(354, 12).

Exemplo 37. Encontrar α, β ∈ Z tais que d = mdc(354, 12) = α · 354 + β · 12.


Voltando os passos no algoritmo para a determinação do máximo divisor comum,
obtemos 6 = 1 · 354 + (−29) · 12.
Logo α = 1 e β = −29 satisfazem 6 = mdc(354, 12) = α · 354 + β · 12.

Exemplo 38. Encontrar α, β ∈ Z tais que d = mdc(345, 354) = α · 345 + β · 354.


Como
354 = 345 · 1 + 9,

345 = 9 · 38 + 3,

9 = 3 · 3 + 0,

46
então
3 = 345 · 1 − 38(354 − 1 · 345) = 39 · 345 − 38 · 354.

Assim, α = 39 e β = −38 satisfazem 3 = mdc(345, 354) = α · 345 + β · 354.

Proposição 18. Sejam a, b ∈ Z, então a equação

ax + by = c (3.4)

tem solução inteira (nos inteiros) se, e só se, mdc(a, b) | c. Além disso, se (x0 , y0 )
 
tb ta
é uma solução de (3.4), então, para qualquer t ∈ Z, (x1 , y1 ) = x0 + (a,b) , y0 − (a,b)
também é solução de (3.4).

Demonstração. Se d = (a, b), então existem α, β ∈ Z tais que d = α · a + β · b. Assim,


se d | c, existirá k ∈ Z tal que c = kd. Logo c = kd = (kα)a + (kβ)b, ou seja,
(x0 , y0 ) = (kα, kβ) é solução de (3.4).
Reciprocamente, se existe (x0 , y0 ) tal que ax0 +by0 = c, então, como d = mdc(a, b)
satisfaz d | a e d | b, obtemos que d | (ax0 + by0 ), ou seja, d | c.
Para provar a segunda parte da proposição, se (x0 , y0 ) é solução de ax + by = c,
então    
tb ta
a x0 + + b y0 −
(a, b) (a, b)
tab tab
= ax0 + + by0 −
(a, b) (a, b)
= ax0 + by0 = c,
 
tb ta
para todo t ∈ Z, ou seja, (x1 , y1 ) = x0 + (a.b) , y0 − (a,b)
, ∀t ∈ Z também é solução
de ax + by = c.

Proposição 19. Seja (x0 , y0 ) uma solução em Z × Z da equação ax + by = c, onde


a, b, c ∈ Z. Assim, se (x1 , y1 ) também for solução em Z × Z, existirá t ∈ Z tal que
tb ta
x1 = x0 + e y1 = y0 −
(a, b) (a, b)
Demonstração. Se (x0 , y0 ) e (x1 , y1 ) são soluções de ax + by = c, então

 ax + by = c
0 0
 ax + by = c
1 1

Assim, subtraindo as equações acima, obtemos

a(x0 − x1 ) + b(y0 − y1 ) = 0

47
⇒ a(x0 − x1 ) = −b(y0 − y1 ) = z,

para algum z ∈ Z.
 
a a ab
Assim, temos que (a,b)
| z e b | z e como (a,b)
,b = 1, temos que (a,b)
| z. Portanto,
ab
existe t ∈ Z tal que z = −t (a,b) .
ab b
Logo z = −t (a,b) = a(x0 − x1 ) = −b(y0 − y1 ), o que implica em x1 = x0 + t (a,b) e
a
y1 = y0 − t (a,b) .

Observação 14. Dois números inteiros a, b tais que mdc(a, b) = 1 são chamados de
coprimos ou primos entre si.

3.1 Congruências
Definição 43. Sejam a, b e n inteiros. Dizemos que a é congruente a b módulo n
se n | (a − b), ou seja, se a − b é um múltiplo de n.

Notação 4. Se a, b e n são inteiros então utilizaremos a ≡ b mod n significando que


a é congruente a b módulo n.

Exemplo 39. 1) (∀a ∈ Z) (a ≡ a mod 0)

2) (∀a, b ∈ Z) (a ≡ b mod 1)

3) (∀a, b ∈ Z) (∀n ∈ N) (a ≡ b mod n ⇒ a ≡ b mod (−n))

Observação 15. Nos casos 1) e 2) do exemplo anterior temos as chamadas con-


gruências triviais. O caso 3) mostra que trabalhar com congruências módulo n é
o mesmo que trabalhar com congruências módulo |n|. Portanto, a partir de agora
trabalharemos somente com congruências módulo n onde n ∈ Z e n ≥ 2.

Exemplo 40.

1) 5 ≡ 7 mod 2, pois 5 − 7 = −2 e 2 | (−2).

2) 13 ≡ 8 mod 5, pois 13 − 8 = 5 e 5 | 5.

3) 256 ≡ 1 mod 3, pois 256 − 1 = 255 e 3 | 255.

Proposição 20. Sejam a, n ∈ Z com n ≥ 2, então existe r ∈ Z com 0 ≤ r < n


satisfazendo a ≡ r mod n.

48
Demonstração. Pelo Algorı́tmo de Euclides, existem q, r ∈ Z tais que

a = qn + r, 0 ≤ r < n.

Portanto a − r = qn ⇒ n | (a − r).
Logo a ≡ r mod n com 0 ≤ r < n.

Observação 16. • Sejam a, b ∈ Z com b 6= 0, então, pelo Algoritmo de Euclides,


existem q, r ∈ Z tais que

a = qb + r, 0 ≤ r < |b|.

Neste caso, dizemos que q é o quociente da divisão de a por b e que r é o


resto (ou o resı́duo ) da divisão de a por b.

• Pela Proposição anterior, se a, n ∈ Z com n ≥ 2, então r ∈ Z tal que 0 ≤ r < n


e a ≡ r mod n é o resto da divisão de a por n.

3.1.1 Propriedades das Congruências

Seja n um número inteiro maior ou igual a 2. Então,

(i) (∀a ∈ Z) (a ≡ a mod n) .

(ii) (∀a, b ∈ Z) (a ≡ b mod n ⇒ b ≡ a mod n) .

(iii) (∀a, b, c ∈ Z) ((a ≡ b mod n e b ≡ c mod n) ⇒ a ≡ c mod n)

(iv) (∀a, b, c, d ∈∈ Z) ((a ≡ b mod n e c ≡ d mod n) ⇒ a + c ≡ b + d mod n) .

(v) (∀a, b, c ∈ Z) ((a ≡ b mod n e c ≡ d mod n) ⇒ ac ≡ bd mod n) .

(vi) (∀a, b ∈ Z) (∀m ∈ N) (a ≡ b mod n ⇒ am ≡ bm mod n) .

(vii) (∀a, b, c ∈ Z) ((ca ≡ cb mod n e (c, n) = 1) ⇒ a ≡ b mod n)

Proposição 21. Se (c, n) = 1, então a congruência cx ≡ b mod n tem uma solução


inteira x. Quaisquer duas soluções x1 e x2 são congruentes módulo n.

49
Demonstração. Se (c, n) = 1, então existem α, β ∈ Z tais que

αc + βn = 1
⇒ b(αc + βn) = b
⇒ (bα)c + (bβ)n = b
⇒ (bα)c ≡ b mod n

Logo x = bα é uma solução da congruência cx ≡ b mod n.


Se x1 e x2 são soluções de cx ≡ b mod n, então

 cx ≡ b mod n
1
 cx ≡ b mod n
2

Logo, subtraindo as equações acima, obtemos cx1 ≡ cx2 mod n e, como (c, n) = 1,
segue que x1 ≡ x2 mod n.

Proposição 22. Seja a ∈ Z e p primo, então ap ≡ a mod p.

Demonstração. Fixemos p primo.


Se a = 0, então, obviamente, ap ≡ a mod p.
Se a > 0 satisfaz ap ≡ a mod p, então (−a)p ≡ (−a) mod p. Portanto basta
mostrarmos que np ≡ n mod p para todo n ∈ N∗ . Seja P (n) a afirmação: np ≡ n
mod p. P (1) é verdadeira, pois 1 = 1p ≡ 1 mod p.
Suponhamos que P (n) seja verdadeira. Assim, np ≡ n mod p.
Portanto (n + 1)p ≡ np + 1 ≡ (n + 1) mod p, ou seja, P (n + 1) é verdadeira.
Logo, por indução, P (n) é verdadeira para todo n ∈ N∗ , ou seja, np ≡ n mod p
para todo n ∈ N.

Observação 17. Seja n ≥ 2. Definindo a relação R sobre Z por

R = {(a, b) ∈ Z × Z | a ≡ b mod n},

então R é uma relação de equivalência.


A classe de equivalência de a ∈ Z é o conjunto

a = {x ∈ Z | x ≡ a mod n}.

O conjunto das classes de equivalência de R é o conjunto quociente

Z/R = {0, 1, · · · , n − 1},

50
que pode também ser simbolizada por Z/nZ ou por Zn .
É possı́vel definirmos operações de adição e multiplicação em Zn da seguinte
forma:
a · b := a · b

a + b := a + b

Segunda Lista de Exercı́cios


1) Prove por indução:

n(n + 1)
(a) 1 + 2 + 3 + · · · + n = , ∀n ∈ N, n ≥ 1.
2
n(n+1)(2n+1)
(b) 12 + 22 + 32 + · · · + n2 = 6
, ∀n ∈ N, n ≥ 1.

(c) 0 < a ⇒ 0 < an , ∀n ∈ N.

(d) am · an = am+n , ∀m, n ∈ N.

(e) (am )n = amn , ∀m, n ∈ N.

(f) a < 0 ⇒ 0 < a2n e a2n+1 < 0, ∀n ∈ N.

(g) 22n−1 · 3n+2 + 1 é divisı́vel por 11, ∀n ∈ N, n ≥ 1.

(h) 32n+1 + 2n+1 é divisı́vel por 7, ∀n ∈ N.

(i) 22n + 15n − 1 é divisı́vle por 9, ∀n ∈ N, n ≥ 1.

(j) 34n+2 + 2 · 43n+1 é múltiplo de 17, ∀n ∈ N.

2) Sejam a, b, c ∈ N∗ números sem divisores comuns tais que a2 + b2 = c2 .

(a) Mostre que ou a ou b é par;

(b) Mostre que ou a ou b é múltiplo de 3.

3) Mostre que o quadrado de um número ı́mpar é da forma 8q + 1, q ∈ Z.

4) Seja a ∈ Z um número não divisı́vel por 5. Mostre que a4 = 5q + 1, q ∈ Z.

5) Sejam a, b ∈ Z de modo que mdc(a, b) = 1. Se a | c e b | c, mostre que ab | c.

6) Use o resultado do exercı́cio anterior para provar que 6 | n(2n + 7)(7n + 1), ∀n ∈
Z.

51
n(n + 1)
7) Mostre que, para todo inteiro n, o máximo divisor comum entre 2n+1 e
2
é 1.

8) Prove que mdc(a, b) = mdc(a + bc, a + b(c − 1)), ∀a, b, c ∈ Z.

9) Mostre que a3 − a é múltiplo de 3, ∀a ∈ Z.

10) Mostre que a3 − b3 é múltiplo de 3, se, e somente se, a − b é múltiplo de 3.

11) Mostre que 6 | n(n + 1)(2n + 1), ∀n ∈ Z.

12) Mostre que 30 | n(n2 − 49)(n2 + 49), ∀n ∈ Z.

13) Ache o resto da divisão de a = 531 · 312 · 2 por 7.


9 7
14) Ache o algorismo das unidades dos números 9(9 ) e 7(7 ) .
1000 )
15) Ache os dois últimos algarismos de 7(7 .

16) Enuncie e justifique critérios de divisibilidade por 9, 5, 11 e 6.

17) Mostre que o conjunto dos números primos é infinito.

18) Sejam a, b, c ∈ Z números tais que a | bc e mdc(a, b) = 1. Prove que a | c.


 
p
19) Mostre que se p é primo, então p | onde 0 < i < p.
i
20) Sejam a, b ∈ Z. Se existem x, y ∈ Z tais que ax+by = 1, mostre que mdc(a, b) =
1.

52
Capı́tulo 4

Grupos

4.1 Estruturas Algébricas


Notação 5. Utilizaremos (G, ∗) significando um conjunto não vazio G é munido de
uma operação ∗.

Definição 44. Um conjunto não vazio munido de uma operação ∗ é chamado de


grupóide.

Definição 45. Um conjunto não vazio munido de uma operação ∗ associativa é cha-
mado de semigrupo .

Definição 46. Um conjunto não vazio munido de uma operação ∗ associativa e com
elemento neutro é chamado de monóide.

Definição 47. Dizemos que um conjunto não vazio G munido de uma operação ∗ é
um grupo com respeito a esta operação ∗ se:

(i) ∗ é associativa:
(∀x, y, z ∈ G) ((x ∗ y) ∗ z = x ∗ (y ∗ z))

(ii) G possui um elemento neutro com relação a esta operação ∗:

(∃e ∈ G) (∀a ∈ G) (a ∗ e = e ∗ a = a)

(iii) Todos os elementos de G são inversı́veis (simetrizáveis):

(∀g ∈ G) (∃g 0 ∈ G) (g ∗ g 0 = g 0 ∗ g = e)

53
Exemplo 41.

(i) Os conjuntos Q∗ e R∗ são grupos em relação a operação usual de múltiplicação.

(ii) O conjunto U (Mn (R)) = {x ∈ Mn (R) | det(x) 6= 0}, das matrizes n × n


com determinante diferente de 0 é um grupo com respeito a operação usual de
multiplicação de matrizes.

(iii) Se p é primo, então Z∗p o conjunto das classes de equivalência módulo p dife-
rentes de 0 é um grupo em relação a operação de multiplicação definida por

(∀x, y ∈ Z) (x · y = x · y)

(iv) O subconjunto {−1, 1, i, −i} do conjunto dos números complexos é um grupo em


relação a operação usual de multiplicação de números complexos.

Definição 48. Seja A um conjunto munido de uma operação ∗ e H ⊂ A. Dizemos


que H é um subconjunto de A fechado para a operação ∗ se

(∀x, y ∈ H) (x ∗ y ∈ H)

Exemplo 42. Seja A = Z4 , então os seguintes subconjuntos de A são fechados para


a operação de multiplicação:

H1 = {0}

H2 = {1}

H3 = {0, 1}

H4 = {0, 2}

H5 = {1, 3}

H6 = {0, 1, 2}

H7 = {0, 1, 3}

H8 = {0, 1, 2, 3}

Definição 49. Sejam (G, ∗) um grupo e H um subconjunto não vazio de G. Dizemos


que H é um subgrupo de G com relação a operação ∗ se (H, ∗) também é um grupo.

54
Exemplo 43. (i) (Q∗ , ·) é um subgrupo de (R∗ , ·); (Z, +) é um subgrupo de (Q, +); (R, +)
é um subgrupo de (C, +).

(ii) O conjunto das matrizes diagonais inversı́veis é um subgrupo do conjunto das


matrizes inversı́veis com respeito a operação de multiplicação de matrizes.

Proposição 23. Seja (G, ∗) um grupo. Um subconjunto H de G é um subgrupo de


G com respeito a esta operação ∗ se, e somente se,

(i) H 6= ∅.

(ii) (∀x, y ∈ H) (x ∗ y −1 ∈ H) ,

Demonstração. Por (i), existe x ∈ H. Daı́, por (i), x ∗ x−1 = e ∈ H. Logo H tem
elemento neutro e. Como e, x ∈ H, então, por (ii), x−1 = e ∗ x−1 ∈ H. Logo todo
elemento de H tem seu inverso também em H. Como H é um subconjunto de G então
a associatividade de H com relação a operação ∗ é herdada pela associatividade de
G com relação a esta operação ∗. Para finalizar, basta mostrarmos que H é um
subconjunto de G fechado para a operação ∗. De fato, se x, y ∈ H, então x, y −1 ∈ H.
Daı́, por (ii), temos que x ∗ (y −1 )−1 = x ∗ y ∈ H.

Notação 6. A menos que a operação seja colocada explicitamente, utilizaremos a


notação multiplicativa dos números reais quando dizemos que um conjunto G é um
grupo ou que H é um subgrupo de G. Usaremos também o sı́mbolo H ≤ G significando
que H é um subgrupo de G.

Proposição 24. Sejam H1 e H2 subgrupos de um grupo G, então H1 ∩ H2 é um


subgrupo de G.

Demonstração. Como H1 e H2 são subgrupos de G, então e ∈ H1 e e ∈ H2 , ou seja,


e ∈ H1 ∩ H2 . Além disso, se x, y ∈ H1 ∩ H2 , então x, y ∈ H1 e x, y ∈ H2 . Como
x, y ∈ H1 e x, y ∈ H2 e H1 e H2 são subgrupos de G, então xy −1 ∈ H1 e xy −1 ∈ H2 , o
que implica em xy −1 ∈ H1 ∩ H2 . Logo H1 ∩ H2 ≤ G.

Exemplo 44. Sejam G um grupo e Z(G) = {x ∈ G | gx = xg, ∀g ∈ G}, então


Z(G) ≤ G. Z(G) é chamado de centro do grupo G.

55
Demonstração. Z(G) 6= ∅, pois e ∈ Z(G), já que eg = ge = g, ∀g ∈ G. Além disso,
se x, y ∈ Z(G), temos que

(∀g ∈ G) (xg = gx)


⇒ (∀g ∈ G) (xg = (gx)e)
⇒ (∀g ∈ G) (xg = (gx)(y −1 y))
⇒ (∀g ∈ G) (xg = ((gx)y −1 )y)
⇒ (∀g ∈ G) (xg = y((gx)y −1 ))
⇒ (∀g ∈ G) (xg = y(g(xy −1 ))
⇒ (∀g ∈ G) (y −1 (xg) = y −1 (y(g(xy −1 ))))
⇒ (∀g ∈ G) ((y −1 x)g = (y −1 y)(g(xy −1 )))
⇒ (∀g ∈ G) ((xy −1 )g = (y −1 y)(g(xy −1 )))
⇒ (∀g ∈ G) ((xy −1 )g = e(g(xy −1 )))
⇒ (∀g ∈ G) ((xy −1 )g = g(xy −1 ))
Logo xy −1 ∈ Z(G).
Portanto, pela Proposição 23, Z(G) ≤ G.

Definição 50. Seja H um subgrupo de um grupo G e seja a ∈ G. O conjunto Ha =


{ha | h ∈ H} é chamado de classe lateral à direita de G módulo H e o conjunto
aH = {ah | h ∈ H} é chamado de classe lateral à esquerda de G módulo H.

Notação 7. O conjunto das classes laterais à direita de G módulo H é simbolizado


por G/H.

Proposição 25. Se H um subgrupo de um grupo G e a, b ∈ G, então Ha = Hb se,


e somente se, ab−1 ∈ H.

Demonstração. Se Ha = Hb, então para todo h1 ∈ H existe h2 ∈ H tal que


h1 a = h2 b
⇒ h−1 −1
1 (h1 a) = h1 (h2 b)

⇒ (h−1 −1
1 h1 )a = (h1 h2 )b

⇒ ea = (h−1
1 h2 )b

⇒ a = (h−1
1 h2 )b

⇒ ab−1 = ((h−1
1 h2 )b)b
−1

⇒ ab−1 = (h−1 −1
1 h2 )(bb )

⇒ ab−1 = (h−1
1 h2 )e

⇒ ab−1 = h−1
1 h2

56
Portanto, como h1 , h2 ∈ H e H ≤ G, temos que h−1
1 h2 ∈ H, o que implica em

ab−1 = h−1
1 h2 ∈ H.

Reciprocamente, se ab−1 ∈ H, então existe h ∈ H tal que ab−1 = h, o que implica


em ha = b e a = h−1 b.
Para todo h1 ∈ H, se h2 = h1 h−1 , então h2 ∈ H e

h1 a = (h1 (h−1 h))a = ((h1 h−1 )h)a) = (h1 h−1 )(ha) = (h1 h−1 )b = h2 b,

o que implica em Ha ⊆ Hb.


Para todo h1 ∈ H, se h2 = h1 h, então h2 ∈ H e

h1 b = h1 (ha) = (h1 h)a = h2 a,

o que implica em Hb ⊆ Ha.


Logo Ha = Hb.

Proposição 26. Sejam H ≤ G e R = {(a, b) ∈ G × G | ab−1 ∈ H}, então R é uma


relação de equivalência sobre G. Além disso, temos que a = Ha, ou seja, o conjunto
das classes laterais de à direita de G módulo H coincide com o conjunto das classes
de equivalência de G/R, ou seja, G/R = G/H. Em particular,
·
[
G= Ha,
a∈T

onde T é o conjunto dos representantes das diferentes classes de equivalência de R


sobre G.

Demonstração. R é uma relação de equivalência sobre G, pois:

(i) R é reflexiva:
(∀a ∈ G)(aa−1 = e ∈ H)

⇒ (∀a ∈ G) ((a, a) ∈ R)

(ii) R é simétrica:
(∀a, b ∈ G)

(a, b) ∈ R
⇒ ab−1 ∈ H
⇒ ba−1 = (ab−1 )−1 ∈ H
⇒ (b, a) ∈ R

57
(iii) R é transitiva:
(∀a, b, c ∈ H)

((a, b) ∈ R e (b, c) ∈ R)
⇒ (ab−1 ∈ H e bc−1 ∈ H)
⇒ (ac−1 = ab−1 bc−1 ∈ H)
⇒ ((a, c) ∈ R)

Como R é uma relação de equivalência, então, pela Proposição anterior, temos


que
b ∈ a ⇔ ab−1 ∈ H ⇔ b ∈ Ha = Hb.

Logo, para todo a ∈ G, temos que a = Ha, ou seja, o conjunto das classes de
equivalência de G módulo R coincide com o conjunto das classes laterais à direita

de G módulo H. Portanto, G = Ha, onde T é o conjunto dos representantes das
a∈T
diferentes classes de equivalência de A módulo R.

Definição 51. O número de elementos de um grupo G é chamado de ordem do grupo


G e é simbolizado por o(G). No caso em que G tem m elementos então o(G) = m
e no caso em que o grupo G é infinito o (G) = ∞. Se H ≤ G então o ı́ndice de G
módulo H é o número de elementos de G/H e é simbolizado por iG (H).

Proposição 27 (Teorema de Lagrange). Se H ≤ G, então o (G) = iG (H) · o (H). Em


particular, a ordem de todo subgrupo de um grupo G é divisor da ordem do grupo G.

Demonstração. Pela Proposição 26,


[
G= Ha,
a∈T

onde T o conjunto dos diferentes representantes das classes laterais à direita de G


módulo H.
Assim,
[ X
|G| = Ha = |Ha|


a∈T a∈T
Agora, como para todo a ∈ G, a aplicação ϕa : H → Ha definida por h 7→ ha é
bijetora, então |Ha| = |H| = o (H) para todo a ∈ T.
P P P|T |
Logo, o (G) = a∈T |Ha| = a∈T o (H) = k=1 o (H) = |T |oo(H) = iG (H)oo(H).

58
Definição 52. Seja G um grupo. Dizemos que g ∈ G tem ordem n se n é o
menor inteiro positivo tal que g n = e. No caso em que não existe tal n inteiro positivo
satisfazendo esta condição, dizemos que g tem ordem infinita. Utilizamos o (g)
significando a ordem de um elemento g ∈ G. Assim, o(g) = n se g tem ordem n e
o (g) = ∞ se g tem ordem infinita.

Proposição 28. Sejam G um grupo e a ∈ G. Se am = e para algum m ∈ N∗ , então


o (a) | m.

Demonstração. Seja S = {n ∈ N∗ | an = e}. S 6= ∅, pois m ∈ S. Portanto, pelo


Princı́pio da Boa Ordem, ∃ min S e o (a) = min S. Utilizando o algorı́tmo de Euclides,
existe (q, r) ∈ Z × Z tal que

m = o (a)q + r, 0 ≤ r < o (a).

Assim,

am = ao (a)q+r
q
⇒ am = ao (a) · ar
⇒ e = eq · ar
⇒ e = e · ar
⇒ ar = e
para 0 ≤ r < o (a).
Como o (a) = min S, então não podemos ter 0 < r < o (a) com ar = e. Assim
r = 0.
Logo m = o (a)q, ou seja, o (a) | m.

Proposição 29. Se G é um grupo finito, então todo elemento de G tem ordem finita.

Demonstração. Seja a ∈ G. Como G é finito então S = {an | n ∈ N∗ } é finito, pois


S ⊆ G e todo subconjunto de G é finito.
Portanto, existem n1 , n2 ∈ N∗ , n1 6= n2 tais que an1 = an2 , o que implica em
a|n2 −n1 | = e.
Pela Proposição anterior, o (a) | |n2 − n1 |, ou seja, o (a) < ∞.

59
4.2 Conjunto Gerador de um Grupo
Definição 53. Seja X um subconjunto de um grupo G. Dizemos que X é um sub-
conjunto gerador de G se G é o menor subgrupo de G que contém X.

Definição 54. Seja G um grupo. Dizemos que G é um grupo cı́clico se existe


a ∈ G tal que {a} é um conjunto gerador de G. Neste caso dizemos que a é o gerador
do grupo G e G = {am | m ∈ Z}.

Notação 8. Utilizamos G = hai significando que um grupo cı́clico G é gerado por


a ∈ G.

Proposição 30. Todo subgrupo de um grupo cı́clico é cı́clico.

Demonstração. Seja G um grupo cı́clico gerado por g e H um subgrupo de G.


Se H = {e}, então H é um subgrupo cı́clico gerado por e.
Se H 6= {e}, seja S = {m ∈ N∗ | g m ∈ H}. Como H 6= {e}, então para h 6= H −{e}
existe m ∈ Z∗ tal que h = g m . Assim, m ∈ S ou −m ∈ S, já que h−1 = g −m e
h = g m são elementos de H. Portanto S 6= ∅. Pelo Princı́pio da Boa Ordem, existe
m0 = min S.
Mostraremos agora que H = ham0 i , ou seja, todo elemento de H é uma potência
de am0 .
Se h ∈ H, então, existe m ∈ Z tal que h = g m . Usando o Algoritmo de Euclides,
existe (q, r) ∈ Z × Z tal que m = m0 q + r e 0 ≤ r < m0 , o que implica em r = 0.
Logo m0 | m.

4.2.1 Exemplos de Grupos

Exemplo 45. Seja Z9 o conjunto das classes de equivalência módulo 9, então U (Z9 ) =
{1, 2, 4, 5, 7, 8} com a operação de multiplicação definida por ab = a · b é um grupo
com elemento neutro 1.
Além disso,
−1
2 = 5, pois 2 · 5 = 10 = 1.
−1
4 = 7, pois 4 · 7 = 28 = 1.
−1
5 = 2.
−1
7 = 4.

60
−1
8 = 8.
Os subgrupos de (U (Z9 ), ·) são
H1 = {1}.
H2 = {1, 4, 7}. (4 · 4 = 1 = 7, 4 · 7 = 28 = 1, 7 · 7 = 49 = 4 )
H3 = {1, 8}
H4 = {1, 2, 4, 5, 7, 8} = U (Z9 )
As classes laterais à direita de U (Z9 ) módulo H2 são:
H2 · 1 = {1, 4, 7} · 1 = {1 · 1, 4 · 1, 7 · 1} = {1, 4, 7}
H2 · 2 = {1, 4, 7} · 2 = {1 · 2, 4 · 2, 7 · 2} = {2, 8, 14} = {2, 8, 5}.
H2 · 4 = {1, 4, 7} · 4 = {1 · 4, 4 · 4, 7 · 4} = {4, 16, 28} = {4, 7, 1}
H2 · 5 = {1, 4, 7} · 5 = {1 · 5, 4 · 5, 7 · 5} = {5, 20, 35} = {5, 2, 7}.
H2 · 7 = {1, 4, 7} · 7 = {1 · 7, 4 · 7, 7 · 7} = {7, 28, 49} = {7, 1, 4}.
H2 · 8 = {1, 4, 7} · 8 = {1 · 8, 4 · 8, 7 · 8} = {8, 32, 56} = {8, 5, 2}.
Assim,
H2 = H2 · 1 = H2 · 4 = H2 · 7 = {1, 7, 4}.
H2 · 2 = H2 · 5 = H2 · 8 = {2, 5, 8}.
Logo, o conjunto das classes laterais à direita de U (Z9 ) módulo H2 é


U (Z9 )/H2 = {H2 , H2 · 2} = {1, 4, 7}, {2, 5, 8} .

Como o (U (Z9 )) = 6 e o (H2 ) = 3, então o ı́ndice de U (Z9 ) módulo H2 é

6
iU (Z9 ) (H2 ) = o (U (Z9 ))/oo(H2 ) = = 2.
3

Exemplo 46. Seja (Z, +) o grupo aditivo dos inteiros e seja

H = 3Z = {3z | z ∈ Z},

então H é um subgrupo de Z, já que 0 = z · 0 ∈ H e

(∀m1 , m2 ∈ H) (∃z1 , z2 ∈ Z) (m1 = 3z1 e m2 = 3z2 )


.
⇒ (∀m1 , m2 ∈ H) (∃z1 , z2 ∈ Z) (m1 − m2 = 3z1 − 3z2 = 3(z1 − z2 ) ∈ H)

As classes laterais à direita de Z módulo H são

H = H + 0 = {3z + 0 | z ∈ Z} = 0 ∈ Z3 .

61
H + 1 = {3z + 1 | z ∈ Z} = 1 ∈ Z3 .

H + 2 = {3z + 2 | z ∈ Z} = 2 ∈ Z3 .

Logo
Z/H = Z/3Z = Z3 .

Em geral, nZ = {nz | z ∈ Z} é um subgrupo de Z e Z/nZ = Zn .

4.2.2 Grupo de permutações

Seja A = {a1 , a2 , · · · , an } um conjunto com n elementos e seja f : A → A uma


aplicação bijetora, então f é chamada de permutação do conjunto A e f é simbo-
lizada por
 
a1 a2 ··· an
f =  , onde aik = f (ak ), k = 1, 2, · · · , n.
ai 1 ai 2 · · · ai n

Observação 18. O conjunto das permutações de um conjunto finito A = {a1 , a2 , · · · , an }


é simbolizado por S(A). S(A) é um grupo, pois:

• a composição de aplicações de S(A) é uma operação associativa sobre S(A);


 
a1 a2 · · · an
• a aplicação identidade de A, IA =   , é o elemento neutro
a1 a2 · · · an
de S(A);

• se f ∈ S(A), então f −1 ∈ S(A) satisfaz f ◦ f −1 = f −1 ◦ f = IA .

Observação 19. Como toda permutação sobre um conjunto finito A com n elementos
é equivalente a uma permutação sobre o conjunto {1, 2, · · · , n}, então, a partir de
agora trabalharemos com permutações sobre o conjunto {1, 2, · · · , n}. O grupo das
permutações sobre o conjunto {1, 2, · · · , n} é chamado de grupo das simetrias de
{1, 2, · · · , n} ou grupo simétrico n. Utilizaremos os sı́mbolos S({1, 2, · · · , n}) ou
S(n) ou Sn ou Sym(n) ou Sim(n) ou P er(n) ou P ermut(n) para representar o grupo
simétrico n.

62
Exemplo 47. Seja S3 o grupo das permutações do conjunto {1, 2, 3}, então os ele-
mentos de S3 são
 
1 2 3
f1 =  =I
1 2 3
 
1 2 3
f2 = 
1 3 2
 
1 2 3
f3 = 
3 2 1
 
1 2 3
f4 = 
2 1 3
 
1 2 3
f5 = 
2 3 1
 
1 2 3
f6 = 
3 1 2
Como
     
1 2 3 1 2 3 1 2 3
f22 = f2 ◦ f2 =  ◦ =  = f1 ;
1 3 2 1 3 2 1 2 3
     
1 2 3 1 2 3 1 2 3
f32 = f3 ◦ f3 =  ◦ =  = f1 ;
3 2 1 3 2 1 1 2 3
     
1 2 3 1 2 3 1 2 3
f42 = f4 ◦ f4 =  ◦ =  = f1 ;
2 1 3 2 1 3 1 2 3
     
1 2 3 1 2 3 1 2 3
f52 = f5 ◦ f5 =  ◦ =  = f6 ;
2 3 1 2 3 1 3 1 2
     
1 2 3 1 2 3 1 2 3
f53 = f52 ◦ f5 =  ◦ =  = f1 .
3 1 2 2 3 1 1 2 3
Logo o (f2 ) = o (f3 ) = o (f4 ) = 2 e o (f5 ) = o (f5−1 ) = o (f6 ) = 3.

Exercı́cio 9. Mostre que S(3) é gerado por {f2 , f5 }.

63
Exercı́cio 10. Mostre que se G é um grupo finito, então o (x) = o (x−1 ) para todo
x ∈ G.

4.2.3 Grupo Diedral 2n : D2n

Seja P3 o triângulo representado pela figura abaixo.


Considere as seguintes transformações de P3 em P3 :
 
1 2 3
• ρ=  a rotação de 2π em relação ao centro do cı́rculo C;
3
2 3 1
 
1 2 3
• τ =  a reflexão em relação a reta que passa pelo vértice 1 e pelo
1 3 2
centro do cı́rculo C. Esta reflexão fixa o vértice 1 e permuta dos vértices 1 e 3.

A partir destas duas transformações podemos obter todas as outras transformações


de P3 em P3 a partir das diversas composições de ρ e τ.
 
1 2 3
Por exemplo, para obtermos a transformação γ =   de P3 que fixa o
3 2 1
vértice 2 e permuta os vértices 1 e 3 (reflexão em relação a reta que passa pelo vértice
2 e pelo centro do cı́rculo C), basta tomarmos
     
1 2 3 1 2 3 1 2 3
ρ−1 τ =  ◦ =  = γ.
3 1 2 1 3 2 3 2 1
Observe ainda que
ρ3 = I, τ 2 = I

e      
1 2 3 1 2 3 1 2 3
ρτ =  · = 
2 3 1 1 3 2 2 1 3
e        
1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3
τ ρ2 =  · · = .
1 3 2 2 3 1 2 3 1 2 1 3
Portanto, ρτ = τ ρ2 ,i.e, τ −1 ρτ = ρ2 .
O conjunto das transformações de P3 em P3 é chamado de grupo diedral D6 . O
grupo diedral D6 é gerado pelo conjunto {ρ, τ }, onde os elementos ρ e τ satisfazem

64
as seguintes relações: 


 ρ3 = I

τ2 = I ,


 τ −1 ρτ = ρ−1

onde I é o elemento neutro (elemento identidade ) de D6 .


Em sı́mbolos,

D6 = ρ, τ | ρ3 = I, τ 2 = I, τ −1 ρτ = ρ−1 .

Em geral, se Pn é um polı́gono regular (equilátero) com n lados cujos vértices são


rotulados por números de 1 a n, então o conjunto das transformações de Pn em Pn é
chamado de grupo diedral D2n . Da mesma forma, se
 
1 2 3 ··· n
• ρ=  é a rotação de 2π em relação ao centro do cı́rculo
n
2 3 4 ···1
C;
 
1 2 3 4 ··· n
• τ =  é a reflexão em relação a reta que passa
1 n n − 1 n − 2 ··· 2
pelo vértice 1 e pelo centro do cı́rculo C;

então todas s transformações de Pn em Pn são obtidas através do produto de potências


de ρ e τ, ou seja,

D2n = ρ, τ | ρn = I, τ 2 = I, τ −1 ρτ = ρ−1 .

4.2.4 Subgrupos Normais

Definição 55. Sejam G um grupo e N um subgrupo de G. Dizemos que N é um


subgrupo normal de G se

(∀g ∈ G) (∀n ∈ N ) (∃n0 ∈ N ) g −1 ng = n0




ou
(∀g ∈ G) (∀n ∈ N ) g −1 ng ∈ N


ou
(∀g ∈ G) g −1 N g ⊂ N .


Usaremos o sı́mbolo N C G quando queremos dizer que N é um subgrupo normal


do grupo G.

65
Proposição 31. Sejam N1 , N2 C G, então N1 ∩ N2 C G.

Demonstração. Pela Proposição 23, como N1 , N2 C G, então N1 ∩ N2 ≤ G.


Sejam g ∈ G e n ∈ N1 ∩ N2 . Então, g ∈ G, n ∈ N1 e n ∈ N2 , o que implica em

• g −1 ng ∈ N1 , pois n ∈ N1 e N1 C G;

• g −1 ng ∈ N2 , pois n ∈ N2 e N2 C G.

Logo g −1 ng ∈ N.

Exercı́cio 11. Se G é o grupo das matrizes 2 × 2 inversı́veis e N é o grupo das


matrizes 2 × 2 cujo determinante é 1 inversı́veis, então N C G.

Exercı́cio 12. Se G é o grupo das matrizes 2 × 2 inversı́veis e N é o grupo das


matrizes diagonais 2 × 2 inversı́veis, mostre que N não é um subgrupo normal de G.

4.2.5 Homomorfismo de Grupos

Definição 56. Sejam (G1 , ∗) e (G2 , ?) grupos. Uma aplicação f : G1 → G2 satisfa-


zendo
(∀a, b ∈ G) (f (a ∗ b) = f (a) ? f (b))

é chamada de Homomorfismo de G1 em G2 .

Exemplo 48. A aplicação f ; R → C∗ definida por f (x) = exi é um homomorfimo de


(R, +) em (C∗ , ·). De fato, se x, y ∈ R, então

f (x + y) = e(x+y)i = exi · eyi = f (x) · f (y).

Definição 57. Sejam (G1 , ∗) e (G2 , ?) grupos e f : G1 → G2 um homomorfismo de


G1 em G2 .
Se f é uma aplicação injetora, então f é chamado de monomorfismo.
Se f é uma aplicação sobrejetora, então f é chamado de epimorfismo.
Se f é uma aplicação bijetora, então f é chamado de isomorfismo.
Se (G1 , ∗) = (G2 , ?), então a aplicação f é chamada de endomorfismo.
Se (G1 , ∗) = (G2 , ?) e f é um isomorfismo, então f é chamado de automorfismo,
ou seja, todo isomorfismo de um grupo nele mesmo é chamado de automorfismo.

66
Proposição 32 (Propriedades dos Homomorfismos). Sejam (G1 , ∗) e (G2 , ?) grupos
e f : G1 → G2 um homomorfismo de G1 em G2 , então,

(i) f (eG1 ) = eG2 ;

(ii) (∀x ∈ G1 ) f (x−1 ) = f (x)−1 ;




(iii) f (G1 ) = Imf é um subgrupo de G2 ;

onde eG1 é o elemento neutro de (G1 , ∗) e eG2 é o elemento neutro de (G2 , ?).

Demonstração.

(i) Como eG2 ? f (eG1 ) = f (eG1 ∗ eG1 ) = f (eG1 ) ? f (eG1 ) e todo elemento de (G2 , ?)
é regular, então, f (eG1 ) = eG2 .

(ii) Seja x ∈ G1 , então,

eG2 = f (eG1 ) = f (x−1 ∗ x) = f (x−1 ) ? f (x)


⇒ eG2 ? f (x)−1 = (f (x−1 ) ? f (x)) ? f (x)−1
⇒ f (x)−1 = f (x−1 ) ? (f (x) ? f (x)−1 )
⇒ f (x)−1 = f (x−1 )

(iii) Sejam x, y ∈ Im(f ), então existem a, b ∈ G1 tais que f (a) = x e f (b) = y.

Assim, por (i) e (ii),

f (a ∗ b−1 ) = f (a) ? f (b−1 ) = f (a) ? f (b)−1 = x ? y −1 ∈ Im(f ).

Logo f (G1 ) = Im(f ) ≤ G2 .

Definição 58. Sejam (G1 , ∗) e (G2 , ?) grupos e f : G1 → G2 um homomorfismo de


G1 em G2 . O conjunto

N uc(f ) = {x ∈ G1 | f (x) = eG2 }

é chamado de núcleo do homomorfismo f de G1 em G2 . Muitas vezes utilizamos


também o sı́mbolo Ker(f ) significando o núcleo de um homomorfismo f.

67
Proposição 33. Sejam (G1 , ∗) e (G2 , ?) grupos e f : G1 → G2 um homomorfismo
de G1 em G2 , então, N uc(f ) C G1 .

Demonstração. Se x, y ∈ N uc(f ), então f (x ∗ y −1 ) = f (x) ? f (y −1 ) = f (x) ? f (y)−1 =


eG2 ? (eG2 )−1 = eG2 , o que implica em x ∗ y −1 ∈ N uc(f ). Portanto N uc(f ) ≤ G1 .
Para mostrar que N uc(f ) C G, sejam g ∈ G1 e n ∈ N uc(f ). Então,

f (g −1 ∗ n ∗ g) = f (g −1 ) ? f (n) ? f (g) = f (g −1 ) ? eG2 ? f (g)

= f (g −1 ) ? f (g) = f (g −1 ∗ g) = f (eG1 ) = eG2 .

Logo g −1 ∗ n ∗ g ∈ N uc(f ).

Exemplo 49. Seja (G, ·) o grupo das matrizes inversı́veis n × n e seja (R∗ , ·) o grupo
dos números reais diferentes de zero, então a aplicação f : G → R∗ definida por

(∀a ∈ G) (f (a) = det a)

é um homomorfismo de G em R∗ .

Teorema 2 (Cayley). Todo grupo finito G é isomorfo a um subgrupo de S(G) das


permutações de G.

Demonstração. Para cada g ∈ G, a aplicaçõa δg : G → G definida por δg (a) =


ga, ∀a ∈ G é uma bijeçãp, pois todo elemento de G é regular e G é finito. Portanto
δg ∈ S(G).
Seja H = {δg | g ∈ G}. Mostraremos que H ≤ S(G). De fato, como H ⊆ S(G) e

(∀x ∈ G) (∀g1 , g2 ∈ G)

((δg1 δg2 )(x) = δg1 (δg2 (x)) = δg1 (g2 x) = g1 (g2 x) = (g1 g2 )x = δg1 g2 (x))

Então δg1 · δg2 = δg1 g2 .


Assim δg−1
1
= δg 1 .
Portanto, se δg1 , δg2 ∈ H, então

δg1 · δg−1
2
= δg1 · δg2−1 ∈ H.

Logo H ≤ S(G).
Considere agora a aplicação ϕ : G → H definida por ϕ(g) = δg .
Assim,

68
(i) ϕ é um homomorfismo de G em H, pois

(∀x ∈ G) (∀g1 , g2 ∈ G)

(ϕ(g1 g2 )(x) = δg1 g2 (x) = g1 g2 (x) = δg1 (g2 x) = δg1 · δg2 (x))

o implica em
ϕ(g1 g2 ) = ϕ(g1 ) · ϕ(g2 ).

Portanto ϕ é um homomorfismo de G em H.

(ii) ϕ é uma bijeção de G em H, pois Imϕ = H e

(∀g1 , g2 ∈ G)

(ϕ(g1 ) = ϕ(g2 ))
⇒ (∀x ∈ G) (ϕ(g1 )(x) = ϕ(g2 )(x))
⇒ (δg1 (x) = δg2 (x))
⇒ (g1 x = g2 x)
⇒ g1 = g2 .

Logo, por (i) e (ii), ϕ é um isomorfismo de G em H.

Exemplo 50. Para G = {1, −1, i, −i}, utilizaremos o seguinte procedimento para
representar G no grupo simétrico 4 :
Fazendo a identificação 1 ↔ a1 , −1 ↔ a2 ; i ↔ a3 ; −i ↔ a4
a1 7→ δa1
a1 · a1 = 1 · 1 = 1 = a1
a1 · a2 = 1 · (−1) = −1 = a2
a1 · a3 = 1 · i = i = a3
a1 · a4
= 1 · (−i) = −i =a4  
a1 a2 a3 a4 1 2 3 4
a1 ↔  ↔ 
a1 a2 a3 a4 1 2 3 4
a2 7→ δa2
a2 · a1 = (−1) · 1 = −1 = a2
a2 · a2 = (−1) · (−1) = 1 = a1
a2 · a3 = (−1) · i = −i = a4
a2 · a4 = (−1) · (−i) = i = a3

69
   
a1 a2 a3 a4 1 2 3 4
a2 ↔  ↔ 
a2 a1 a4 a3 2 1 4 3
a3 7→ δa3
a3 · a1 = i · 1 = i = a3
a3 · a2 = i · (−1) = −i = a4
a3 · a3 = i · i = −1 = a2
a3 · a4
= i · (−i) = 1 = a
1  
a1 a2 a3 a4 1 2 3 4
a3 ↔  ↔ 
a3 a4 a2 a1 3 4 2 1
a4 7→ δa4
a4 · a1 = (−i) · 1 = −i = a4
a4 · a2 = (−i) · (−1) = i = a3
a4 · a3 = (−i) · i = 1 = a1
a4 · a4
= (−i) · (−i) = −1
= a2 
a1 a2 a3 a4 1 2 3 4
a4 ↔  ↔ 
a4 a3 a1 a2 4 3 1 2
Portanto, {1, −1, i, −i} é isomorfo ao subgrupo
       
 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 
 , , , 
 1 2 3 4 2 1 4 3 3 4 2 1 3 4 2 1 

do grupo Sym(4).

Proposição 34. H C G ⇔ (∀a, b ∈ G) (Ha · Hb = Hab)

Demonstração. ( ⇒ ) Seja H C G. Se a, b ∈ G e h1 , h2 ∈ H, então h1 ah2 b =


h1 ah2 a−1 ab.
Como H CG, então existe h02 ∈ H tal que ah2 a−1 = h02 , o que implica em h1 ah2 b =
h1 h02 ab ∈ Hab. Portanto HaHb ⊆ Hab. Além disso, Hab = Ha{e}b ⊆ HaHb.
Logo HaHb = Hab.
(⇐) Seja HaHb = Hab, ∀a, b ∈ G.
Fazendo b = e, obtemos que

70
(∀a ∈ G) (HaH = Ha)
⇒ (∀a ∈ G) (HaHa−1 = H)
⇒ (∀a ∈ G) ({e}aHa−1 = aHa−1 ⊆ H)
⇒ (∀g ∈ G) (g −1 Hg ⊆ H)
⇒ H C G.

Proposição 35. Seja N C G, então G/N é um grupo.

Demonstração. Como N C G, então

(i) (∀a, b, c ∈ G) ((N aN b)N c = N abN c = N (ab)c = N a(bc) = N aN bc = N a(N bN c))

(ii) N é o elemento neutro de G/N, pois

(∀a ∈ G) (N · N a = N a = N ae = N a · N e = N aN )

(iii) Todo elemento de G/N é inversı́vel, pois

(∀x ∈ G) N xN x−1 = N xx−1 = N e = N = N e = N x−1 x = N x−1 N x




(∀x ∈ G) (N x)−1 = N x−1




Por (i), (ii) e (iii), G/N é um grupo.

Proposição 36. Sejam (G1 , ∗) e (G2 , ?) grupos e f : G1 → G2 um homomorfimso


de G1 em G2 . Então G1 /N uc(f ) é isomorfo a Im(f ), ou seja, existe um isomorfismo
de G1 em Im(f ). Notacionalmente G1 /N uc(f ) ' Im(f ).

Demonstração. Pelas Proposições anteriores, N uc(f )CG1 , Im(f ) ≤ G2 e G1 /N uc(f )


é um grupo.
Seja N = N uc(f ) e considere a seguinte aplicação ϕ : G1 /N → Im(f ) definida
por ϕ(N a) = f (a), ∀a ∈ G1 . Então

(i) ϕ é um homomorfismo de G1 /N em Im(f ), pois

(∀a, b ∈ G)

ϕ(N aN b) = ϕ(N ab) = f (ab) = f (a) · f (b) = ϕ(N a) · ϕ(N b)

71
(ii) ϕ é sobrejetora, pois se x ∈ Im(f ), existe a ∈ G1 tal que f (a) = x. Assim
N a ∈ G1 /N satisfaz ϕ(N a) = f (a) = x.

(iii) ϕ é injetora, pois


(∀a, b ∈ G1 )

ϕ(N a) = ϕ(N b)
⇒ f (a) = f (b)
⇒ f (a) · f (b)−1 = f (b) · f (b)−1
⇒ f (a) · f (b−1 ) = eG2
⇒ f (ab−1 ) = eG2
⇒ ab−1 ∈ N
⇒ Na = Nb

Logo, por (i), (ii) e (iii), ϕ é um isomorfismo de G1 /N uc(f ) em Im(f ).

Terceira Lista de Exercı́cios


1) Seja G um conjunto não-vazio, fechado para um produto associativo, satisfa-
zendo as seguintes condições:

(a) Existe um e ∈ G tal que a · e = a para todo a ∈ G.

(b) Dado a ∈ G, existe um elemento y(a) ∈ G tal que a · y(a) = e.

Prove que (G, ·) é um grupo.

2) Mostre que se H ≤ G e K ≤ G, então H ∩ K ≤ G.

3) Seja G um grupo e x um elemento de G. Provar que N (x) = {y ∈ G | xy = yx}


é um subgrupo de G.

4) Mostre que se H e K são subgrupo de um grupo abeliano G, então

{hk | h ∈ H e k ∈ K}

é um subgrupo de G.

5) Faça a tábua e encontre os subgrupos do grupo (Z6 , +).

6) Determine os elementos do grupo (U· (Z12 ), ·) e todos os subgrupos deste grupo.

72
7) Mostre que todo subgrupo de um grupo cı́clico é cı́clico.

8) Seja G um grupo finito com o (G) = n e g ∈ G. Mostre que o (g) | o (G).

9) Sejam N e M subgrupo normais abelianos de um grupo G tais que N ∩M = {e}


e G = M N.

(a) Mostre que mn = nm, ∀m ∈ M e ∀n ∈ N.

(b) Mostre que G é abeliano.

10) Considere o subgrupo H = {0, 3, 6} do grupo aditivo Z9 . Determine as classes


laterais de Z9 módulo H.

11) Mostre que um grupo G tem ordem prima se, e somente se, os únicos subgrupos
de G são {e} e G.

12) Seja G um grupo multiplicativo abeliano. Mostre que a função ϕ : G → G


definida por g 7→ g m é um homomorfismo.

(a) Dê exemplo de um grupo abeliano G de forma que a função definida acima
seja um isomorfismo.

(b) Dê exemplo de um grupo abeliano G de forma que a função definida acima
não seja um isomorfismo e encontre o núcleo deste homomorfismo.

13) Mostre que


N C G ⇔ (∀a, b ∈ G) ((N a) (N b) = N ab)

14) Mostre que


N C G ⇔ G/N é um grupo.

15) Sejam (G1 , ∗) e (G2 , ?) grupos e f : G1 → G2 um homomorfismo de G1 em G2 .


Mostre que a aplicação ϕ : G1 /N → Im(f ) definida por ϕ(N a) = f (a), onde
N = Ker(f ) é um isomorfismo.

16) Mostre que se todo elemento de um grupo G é seu próprio inverso, então G é
abeliano.

Sugestão: Mostre primeiro que, neste caso, todo elemento tem ordem 2.

73
17) Sejam G um grupo e g ∈ G. Mostre que a aplicação ϕ : G → G definida por
ϕ(x) = g −1 xg para todo x ∈ G é um automorfismo de G.

18) Seja T um subgrupo cı́clico e normal de G. Mostre que todo subgrupo de T é


subgrupo normal de G.

19) Seja G um grupo, H um subgrupo de G e N um subgrupo normal de G. Mostre


que N H é um subgrupo de G e N H = HN.

20) Sejam M e N subgrupos normais de G. Mostre que M ∩ N e M N também o


são.

21) Seja G um grupo finito de ordem par. Mostre que o número de elementos de G
de ordem 2 é ı́mpar.

22) Mostre que todo grupo cı́clico infinito tem dois e somente dois geradores.

23) Mostre que todo subgrupo H 6= {e} de um grupo cı́clico infinito é também
infinito.

24) Seja D2n = hρ, τ | ρn = I, τ 2 = I, τ −1 ρτ = ρ−1 i o grupo diedral. Mostre que


H = {1, ρ, ρ2 , · · · , ρn−1 } é um subgrupo normal de D2n .

25) Mostre que h é um automorfismo do grupo aditivo dos racionais se, e somente
se, existe c ∈ Q∗ de forma que h(x) = cx, ∀x ∈ Q∗

26) Mostrar o grupo das matrizes 2 × 2 diagonais inversı́veis é um subgrupo do


grupo das matrizes 2 × 2 inversı́veis, mas este subgrupo não é normal.

27) Mostre que G = {2m 3n | m, n ∈ Z} e J = {m + ni | n, m ∈ Z}são subgrupos de


(R∗+ , ·) e de (C, +), respectivamente, e que são isomorfos.

28) Mostre que o grupo (Q, +) não é gerado por um conjunto finito.

74
Capı́tulo 5

Anéis e domı́nios de integridade

Definição 59. Dizemos que um conjunto não vazio A munido de duas operações,
adição + e multiplicação · é um anel se

I) (A, +) é um grupo abeliano, ou seja,

(i) (∀a, b, c ∈ A) ((a + b) + c = a + (b + c))

(ii) O elemento 0 é o elemento neutro de A com relação a operação de adição


+, pois
(∀a ∈ A) (a + 0 = 0 + a = a)

(iii) Todo elemento a ∈ A é simetrizável em relação a operação de adição com


simétrico (−a) ∈ A, ou seja,

(∀a ∈ A) (∃(−a) ∈ A) (a + (−a) = (−a) + a = 0)

(iv) A é comutativo com relação a operação de adição, ou seja,

(∀a, b ∈ A) (a + b = b + a)

II) A operação de multiplicação é associativa em A, pois

(∀a, b, c ∈ A) ((a · b) · c = a · (b · c))

III) Valem as leis distributivas da multiplicação com relação à adição, ou seja,

(∀a, b, c ∈ A) (a · (b + c) = a · b + a · c e (a + b)· = a · c + b · c)

75
Notação 9. Utilizaremos (A, ∗, ?) para indicar que A é um conjunto munido de duas
operações: ∗ e ?. Quando dizemos que (A, ∗, ?) é um anel, queremos dizer que (A, ∗)
é um grupo abeliano, ? é uma operação associativa e que valem as leis distributivas
da operação ? em relação a operação ∗.

Definição 60. Se (A, +, ·) é um anel em que a operação ∗ é comutativa, então dize-


mos que (A, +, ·) é um anel comutativo.

Definição 61. Dizemos que (A, +, ·) é um anel com unidade (ou anel com iden-
tidade) se existe um elemento neutro multiplicativo 1 em A, ou seja, se

(∀a ∈ A) (a · 1 = 1 · a = a)

Exemplo 51. 1) (Z, +, ·), (Q, +, ·), (R, +, ·) e (C, +, ·) são anéis comutativos com
unidade.

2) (Mn (R)+, ·), o conjunto das matrizes n por n com entradas reais e com operações
de adição + e multiplicação · usuais é um anel com unidade.

3) Se (A, +, ·) é um anel e (Mn (A), +, ·) é o conjunto das matrizes n × n com


entradas em A e com operações de adição + e multiplicação · usuais induzidas
pelas operações de adição e multiplicação do anel, então (Mn (A), +, ·) é um
anel.

Definição 62. Seja (A, +, ·) um anel e S ⊆ A tal que

(i) S 6= ∅;

(ii) (∀a, b ∈ S) (a + b ∈ S) ;

(iii) (∀a, b ∈ S) (a · b ∈ S) .

Dizemos que S é um subanel de A se (S, +, ·) também é um anel.

Notação 10. Seja (A, +, ·) um anel. Utilizaremos o sı́mbolo H ≤ A quando queremos


dizer que H é um subanel de A.

Exemplo 52.

• (Z, +, ·) é um subanel de (Q, +, ·);

76
• (Q, +, ·) é um subanel de (R, +, ·);

• (R, +, ·) é um subanel de (C, +, ·).

Exemplo 53. Se (A, +, ·) é um anel e (4n (A), +, ·) é o conjunto das matrizes dia-
gonais n × n com entradas em A, então (4n (A), +, ·) é um subanel de (Mn (A), +, ·).

Exemplo 54. Sejam (A1 , +, ·), · · · , (An , ⊕, ) anéis, então (A1 × · · · × An , ?, ∗) com
operações ? e ∗ são definidas por

(∀a1 , b1 ∈ A1 ) · · · (∀an , bn ∈ An ) ((a1 , · · · , an ) ? (b1 , · · · , bn ) = (a1 + b1 , · · · , an ⊕ bn ))

(∀a1 , b1 ∈ A1 ) · · · (∀an , bn ∈ An ) ((a1 , · · · , an ) ∗ (b1 , · · · , bn ) = (a1 · b1 , · · · , an bn ))

é um anel.

Proposição 37. Sejam (A, +, ·) um anel e S ⊆ A tal que

(i) S 6= ∅;

(ii) (∀a, b ∈ S) (a − b ∈ S) ;

(iii) (∀a, b ∈ S) (a · b ∈ S) .

Então (S, +, ·) é um subanel de (A, +, ·).

Demonstração. Exercı́cios.

Proposição 38. Seja (A, +, ·) um anel, então

(i) (∀a ∈ A) (a · 0 = 0 · a = 0) ;

(ii) (∀a ∈ A) (−(−a) = a) ;

(iii) (∀a, b ∈ A) (−(ab) = (−a)b = a(−b)) .

Demonstração.

(i) Seja a ∈ A. Assim, como 0 ∈ A é o elemento neutro aditivo, obtemos que


a · 0 = a · 0 + 0 e a · 0 = a · (0 + 0) = a · 0 + a · 0.

Portanto, a · 0 + 0 = a · 0 + a · 0, o que implica em a · 0 = 0, já que todo elemento


de (A, +) é regular.

Da mesma forma, obtemos que 0 · a = 0.

Logo a · 0 = 0 · a = 0.

77
(ii) Seja a ∈ A.

Assim, como todo elemento de (A, +) é regular e a+(−a) = [−(−a)]+(−a) = 0,


então a = −(−a).

(iii) Por (i) e pelas Leis distributivas temos (ab) = [−(ab)] = [a + (−a)]b = ab +
(−a)b = [a + (−a)]b = 0, (ab) + (−a)b = [a + (−a)]b = 0b = 0 e (ab(+a(−b) =
a[b + (−b)] = a · 0 = 0.

Logo (ab) + [−(ab)] = (ab) + (−a)b = (ab) + a(−b) e, como todo elemento de
(A, +) é regular, obtemos que [−(ab)] = (−a)b = a(−b).

Proposição 39. Seja A um conjunto munido de duas opera c cões, adição + e


multiplicação · tais que

I) (A, +) é um grupo;

II) A multiplicação · é associativa e com elemento neutro 1;

III) Valem as leis distributivas da multiplicação com relação a adição.

Nestas condições, (A, +, ·) é um anel.

Demonstração. De acordo com a definição de anel, basta mostrarmos que a operação


de adição + é comutativa.
Sejam a, b ∈ A. Pelas leis distributivas, temos

(a + b) · (1 + 1) = (a + b) · 1 + (a + b) · 1 = a · 1 + b · 1 + ·1 + b · 1 = a + b + a + b

(a + b) · (1 + 1) = a · (1 + 1) + b · (1 + 1) = a · 1 + a · 1 + b · 1 + b · 1 = a + a + b + b.

Portanto, a + b + a + b = a + b + b + b, o que implica em b + a = a + b.

5.1 Anéis de Integridade - Corpos


Definição 63. Seja (A, +, ·) um anel. Dizemos que a ∈ A é um divisor próprio
do zero se a 6= 0 e se existe b ∈ A com b 6= 0 tal que a · b = 0 ou b · a = 0.

78
Exemplo 55. Em (Z8 , +, ·), 2, 4 e 6 são divisores próprios do zero, pois 2 · 4 = 8 = 0
e 4 · 6 = 24 = 0.

Definição 64. Seja (A, +, ·) um anel comutativo com unidade. Dizemos que (A, +, ·)
é um anel de integridade se

(∀a, b ∈ A) (a · b = 0 ⇒ (a = 0 ou b = 0)) ,

ou seja, (A, +, ·) é um anel de integridade se (A, +, ·) for um anel comutativo com


unidade que não tem divisores próprios do zero.

Exemplo 56. 1) (C, +, ·), (Q, +, ·), (R, +, ·) são anéis de integridade.

2) (Mn (R), +, ·) não é um anel de integridade, pois (Mn (R, +, ·) não é um anel
comutativo.

Proposição 40. Se (A, +, ·) é um anel tal que todo elemento diferente de zero de A
é regular, então A não possui divisores próprios do zero, ou seja, se

(∀a ∈ A) (a 6= 0 ⇒ a ∈ R· (A)) ,

então
(∀a, b ∈ A) (a · b = 0 ⇒ (a = 0 ou b = 0)) .

Demonstração. Sejam a, b ∈ A tais que a · b = 0. Assim a · b = 0 · b = a · 0 = 0.


Portanto, como todo elemento diferente de zero é regular,

• se a 6= 0, temos que a · b = a · 0 ⇒ b = 0;

• se b 6= 0, temos que a · b = 0 · b ⇒ a = 0.

Corolário 8. Se (A, +, ·) é um anel comutativo com unidade tal que todo elemento
diferente de zero de A é regular, então (A, +, ·) é um anel de integridade.

Demonstração. Segue da Proposição anterior e da definição de anel de integridade.

Proposição 41. Seja (A, +, ·) um anel tal que A não possui divisores próprios do
zero, então todo elemento diferente de zero de A é regular.

79
Demonstração. Seja a ∈ A∗ e sejam b, c ∈ A tais que ab = ac. Então

ab + [−(ac)] = 0 ⇒ ab + a(−c) = 0 ⇒ a[b + (−c)] = 0.

Portanto, como a não é divisor próprio do zero e a[b + (−c)] = 0, então b + (−c) = 0,
o que implica em b = c. Logo a ∈ R· (A), ou seja, A é elemento regular de A para a
operação de multiplicação.

Definição 65. Um anel de integridade (A, +, ·) em que todo elemento diferente de


zero é simetrizável (inversı́vel) é chamado de corpo.

Exemplo 57. (Z, +, ·) não é um corpo.


(Q, +, ·) é um corpo.
(R, +, ·) é um corpo.
(C, +, ·) é um corpo.
(Mn (R), +, ·) não é um corpo.

Proposição 42. (Zm , +, ·) é um corpo se, e somente se, m é primo.

Demonstração. (⇒) Seja (Z, +, ·) um corpo e suponhamos que m seja composto.


Então existem a, b ∈ N, a, b ≥ 2 tais que m = a · b. Logo m = a · b = a · b = 0
com a 6= 0 e b 6= 0. Portanto a e b seriam divisores próprios de zero e (Zm , +, ·) não
seria um anel de integridade, o que é impossı́vel, já que todo corpo é um anel de
integridade. Logo m é primo.
(⇐) Seja m primo, então, para todos a, b ∈ Zm tais que a · b = a · b = 0, temos
que
m | (a · b) ⇒ (m | a ou m | b) ⇒ (a = 0 ou b = 0.

Portanto (Zm , +, ·) não possui divisores próprios de zero.


Logo, (Zm , +, ·) é um anel de integridade, já que (Zm , +, ·) é um anel comutativo
com unidade que não possui divisores do zero.
Mostraremos agora que todo elemento não nulo de (Zm , +, ·) é inversı́vel.
Se a ∈ Z∗m e m é primo, então mdc(a, m) = 1. Logo, existem α, β ∈ Z tais que

80
αm + βa = 1
⇒ αm + βa = 1
⇒ αm + βa = 1
⇒ 0 + βa = 1
⇒ βa = 1
⇒ βa = 1
⇒ a ∈ U· (A).
Portanto todo elemento diferente de zero de Zm é inversı́vel para a operação de
multiplicação.
Logo, como (Zm , +, ·) é um anel de integridade com todos os elementos diferentes
de zero simetrizáveis, então (Zm , +, ·) é um corpo.

Definição 66. Sejam (A1 , +, ·) e (A2 , ?, ∗) anéis. Dizemos que uma aplicação f :
A1 → A2 é um homomorfismo (de anéis) de A1 em A2 se

(i) (∀x, y ∈ A1 ) (f (x + y) = f (x) ? f (y))

(ii) (∀x, y ∈ A1 ) (x · y) = f (x) ∗ f (y))

Definição 67. Sejam (A1 , +, ·) e (A2 , ?, ∗) anéis e f : A1 → A2 um homomorfismo


(de anéis) de A1 em A2 .

• Dizemos que f é um monomorfismo se f é uma aplicação injetora.

• Dizemos que f é um epimorfismo se f é uma aplicação sobrejetora.

• Dizemos que f é um isomorfismo se f é uma aplicação bijetora.

• Dizemos que f é um endomorfismo se (A1 , +, ·) = (A2 , ?, ∗).

• Dizemos que f é um automorfismo se (A1 , +, ·) = (A2 , ?, ∗) e f for um iso-


morfismo, ou seja, f é um automorfismo, se f for um isomorfismo de um anel
nele mesmo.

Definição 68. Sejam (A1 , +, ·) e (A2 , ?, ∗) anéis e f : A1 → A2 um homomorfismo


(de anéis) de A1 em A2 . O núcleo do homomorfismo f , representado por Nuc(f )
ou por Ker(f ), é o conjunto

Nuc(f ) = {x ∈ A1 | f (x) = 0A2 },

81
onde 0A2 é o elemento zero ou o elemento neutro aditivo do anel A2 .

Exemplo 58. Seja (Mn (R, +, ·) o anel das matrizes com operação de adição + e
multiplicação · usuais. Se A ∈ U· (Mn (R)), então a aplicação fA : Mn (R) → Mn (R)
definida por fA (X) = A−1 XA é um automorfismo de Mn (R).
De fato,

(i) fA é um homomorfismo, pois para todos X, Y ∈ Mn (R),

fA (X+Y ) = A−1 (X+Y )A = (A1 X+A−1 Y )A = A1 XA+A−1 Y A = fA (X)+fA (Y )

fA (XY ) = A−1 XY A = A−1 X(AA−1 )Y A = (A−1 XA)(A−1 Y A) = fA (X)·fA (Y )

(ii) fA é sobrejetora, pois

(∀X ∈ Mn (R) fA (AXA−1 ) = A−1 (AXA−1 )A = (A−1 A)X(A−1 A) = IXI = X




(iii) fA é injetora, pois para todos X, Y ∈ Mn (R),

fA (X) = fA (Y )
⇒ A−1 XA = A−1 Y A
⇒ A(A−1 XA)A−1 = A(A−1 Y A)A−1
⇒ (AA−1 )X(AA−1 ) = (AA−1 )Y (AA−1 )
⇒ IXI = IY I
⇒ X=Y

Logo, por (i), (ii) e (iii), fA é um automorfismo de Mn (R).

Proposição 43. Sejam (A1 , +, ·) e (A2 , ?, ∗) anéis e f : A1 → A2 um homomorfismo


(de anéis) de A1 em A2 . Então,

(i) Nuc(f ) ≤ A1 ;

(ii) Im(f ) ≤ A2 .

Demonstração. Exercı́cio

82
5.1.1 Ideais em Anéis Comutativos

Definição 69. Sejam (A, +, ·) um anel comutativo. Um subconjunto I de A é


umideal de A se as seguintes condições são satisfeitas:

(i) I 6= ∅;

(ii) (∀a, b ∈ I) (a − b ∈ I) ;

(iii) (∀a ∈ A) (∀b ∈ I) (a · b ∈ I) .

Exemplo 59. 1) Se (A, +·) é um anel comutativo, então I1 = {0} e I2 = A são


ideais de A, chamados de ideais triviais.

2) Em (Z8 , +, ·) o conjunto I dos divisores do zero de Z8 é um ideal e Z8 . De fato,


se a é um divisor do zero de Z8 , então existe z ∈ Z tal que a = 2z. Assim,
I = {2z | z ∈ Z} e

(i) Como 0 ∈ I, então I 6= ∅;

(ii) Sejam a, b ∈ I, então existem z1 , z2 ∈ Z tais que a = 2z1 e b = 2z2 .


Portanto, a − b = 2z1 − 2z2 = 2(z1 − z2 ) ∈ I.

(iii) Se a ∈ A e b ∈ I, então existem z1 , z2 ∈ Z tais que a = z1 e b = 2z2 .


Assim, ab = z1 · 2z2 = 2(z1 z2 ) ∈ I.

Logo, por (i), (ii) e (iii), I é um ideal de Z8 .

Proposição 44. Se (A, +, ·) um anel comutativo, então o conjunto I dos elementos


nilpotentes de A é um ideal de A.

Demonstração. Como

(i) 0 ∈ I, então I 6= ∅;

(ii) Sejam a, b ∈ I, então existem n1 , n2 ∈ N∗ tais que an1 = 0 e bn2 = 0.

Assim,
nX
1 +n2

(a − b) n1 +n2
= an1 +n2 −k bk (−1)k =
k=0
n2
X nX
1 +n2
n1 +n2 −k k
a b (−1) + k
an1 +n2 −k bk (−1)k = 0.
k=0 k=n2 +1

Logo a − b ∈ I.

83
(iii) Sejam a ∈ A e b ∈ I, então existe n ∈ N∗ tal que bn = 0.

Assim, (ab)n = (ab) · · · (ab) = an bn = an · 0 = 0. Logo ab ∈ I.


| {z }
n termos em ab
Por (i), (ii) e (iii), I é um ideal de A.

Notação 11. Seja (A, +, ·) um anel comutativo, então utilizaremos I C A para di-
zermos que I é um ideal do anel A.

Proposição 45. Sejam (A, +, ·) um anel comutativo e a1 , · · · , an ∈ A. Então o


conjunto H = {b1 a1 + · · · + bn an | b1 , · · · , bn ∈ A} é um ideal de A, chamado de
ideal gerado por a1 , a2 , · · · , an e é simbolizado também por I = ha1 , a2 , · · · , an i .

Demonstração. (i) H 6= ∅, pois 0 = 0 · a1 + 0 · a2 + · · · + 0 · an ∈ H.

(ii) Sejam x, y ∈ H, então existem b1 , · · · , bn , c1 , · · · , cn ∈ A tais que x = b1 a1 +


· · · + b n an e y = c 1 a1 + · · · + c n an .

Assim, x − y = (b1 a1 + · · · + bn an ) − (c1 a1 + · · · + cn an ) = (b1 a1 − c1 a1 ) + · · · +


(bn an − cn an ) = (b1 − c1 )a1 + · · · + (bn − cn )an ∈ H.

(iii) Sejam x ∈ A e y ∈ H, então existem b1 , · · · , bn ∈ A tais que y = b1 a1 +· · ·+bn an ,


o que implica em xy = x(b1 a1 + bn an ) = (xb1 )a1 + · · · + (xbn )an ∈ H.
Logo, por (i), (ii) e (iii), H é um ideal de A.

Definição 70. Sejam (A, +, ·) um anel comutativo. Um ideal I é dito ser n- gerado
ou gerado por n elementos se existem n elementos distintos a1 , · · · , an ∈ A tais
que I = ha1 , · · · , an i .
Um ideal I é dito ser um ideal principal de A se existe a ∈ A tal que I = hai ,
ou seja, I é um ideal principal de A se I for gerado por um único elemento de A.

Proposição 46. Todo ideal I do anel dos números inteiros é principal.

Demonstração. Se I = {0}, então I = h0i .


Se I 6= {0}, então o conjunto I + dos elementos positivos de I possui um mı́nimo
d, pelo Princı́pio da Boa Ordem.
Afirmação: I = hdi .
De fato, se a ∈ I, então, pelo Algorı́tmo de Euclides, existem q, r ∈ Z tais que

a = qd + r, 0 ≤ r < d.

84
Assim, r = a − qd ∈ I.
Portanto, pela minimalidade de d, temos que r = 0 e, consequentemente, a = qd.
Logo, como todo elemento de I é um múltiplo de d, obtemos que I = hdi .

Definição 71. Sejam (A, +, ·) um anel comutativo, I um ideal de A, então, para


cada a ∈ A, o conjunto a + I = {a + x | x ∈ I} é chamado de classe lateral do
anel A módulo o ideal I . O conjunto das classes laterais de A módulo o ideal I é
simbolizado por A/I e também é chamado de conjunto quociente do anel A pelo
ideal I.
Assim, A/I = {a + I | a ∈ A}.

Proposição 47. Seja (A, +, ·) um anel comutativo e I um ideal de A. Então (A/I, +, ·)


com operações de adição + e multiplicação · dadas por

(∀a, b ∈ A) ((a + I) + (b + I) = (a + b) + I e (a + I) · (b + I) = a · b + I)

é um anel.

Demonstração. Exercı́cio

Proposição 48. Sejam (A1 , +, ·) e (A2 , ⊕, ) anéis comutativos e f : A1 → A2 um


homomorfismo de anéis de A1 em A2 . Então

(i) Nuc(f ) C A1 ;

(ii) A1 /Nuc(f ) ∼
= Im(f ), ou seja, A1 /Nuc(f ) é isomorfo a Im(f ).

Demonstração.
Nuc(f ) = {x ∈ A1 | f (x) = 0A2 }.

Além disso, f : A1 → A2 é um homomorfismo se

(∀a, b ∈ A1 ) (f (a + b) = f (a) ⊕ f (b) e f (a · b) = f (a) f (b))

Assim,

(i) (a) Nuc(f ) 6= ∅, pois 0A1 ∈ Nuc(f );

(b) Sejam x, y ∈ N uc(f ), então f (x) = 0A2 e f (y) = 0A2 .


Assim, f (x − y) = f (x) f (y) = 0A2 0A2 = 0A2 .
Logo, x − y ∈ Nuc(f ).

85
(b) Seja x ∈ A1 e y ∈ Nuc(f ), então f (y) = 0A2 , o que implica em f (xy) =
f (x) f (y) = f (x) 0A2 = 0A2 .

Logo xy ∈ Nuc(f ).

Por (a), (b) e (c), Nuc(f ) C A1 .

(ii) Sejam I = Nuc(f ) e ϕ : A1 /I → Im(f ) definida por

(∀a ∈ A1 ) (ϕ(a + I) = f (a)) .

Então,

(a) ϕ é sobrejetora:

(x ∈ Im(f ))
⇒ (∃a ∈ A1 ) (f (a) = x)
⇒ (∃a ∈ A1 ) (ϕ(a + I) = f (a) = x)

(b) ϕ é injetora:

ϕ(a + I) = ϕ(b + I)
⇒ f (a) = f (b)
⇒ f (a) f (b) = f (b) f (b) = 0A2
⇒ f (a − b) = 0A2
⇒ a − b ∈ Nuc(f ) = I
⇒ a+I =b+I

(c) ϕ é um homomorfismo de anéis:

(∀a, b ∈ A)

ϕ((a+I)+(b+I)) = ϕ((a+b)+I) = f (a+b) = f (a)⊕f (b) = ϕ(a+I)⊕ϕ(b+I)

ϕ((a+I)·(b+I)) = ϕ((a·b)+I) = f (ab) = f (a) f (b) = ϕ(a+I) ϕ(b+I).

Logo, por (a), (b) e (c), ϕ é um isomorfismo de A1 /Nuc(f ) em Im(f ).

86
Definição 72. Sejam (A, +, ·) um anel comutativo e I um ideal de A. Dizemos que
I é um ideal primo do anel A se

(∀x, y ∈ A) (xy ∈ I ⇒ x ∈ I ou y ∈ I)

Exemplo 60. Se (A, +, ·) é um anel de integridade, então I1 = {0} e I2 = A são


ideais primos de A.

Proposição 49. Seja (Z, +, ·) o anel dos inteiros e m ∈ Z, m ≥ 2, então mZ é um


ideal primo de Z se, e somente se, m é primo.

Demonstração. (⇒) Seja mZ um ideal primo de Z e suponhamos que m seja com-


posto. Então existem m1 , m2 ∈ Z, m1 , m2 ≥ 2 tais que m = m1 m2 .
Assim, m1 · m2 ∈ M Z, mas m1 6∈ mZ e m2 6∈ mZ, o que é um absurdo.
Logo m é primo.
(⇐) Reciprocamente, seja m primo e considere o ideal de mZ de Z. Se x, y ∈ Z
são tais que xy ∈ mZ, então m | (xy).
Como m é primo e m | (xy), então m | x ou m | y, o que implica em x ∈ mZ ou
y ∈ mZ.
Logo mZ é um ideal primo.

Definição 73. Sejam (A, +, ·) um ideal e I um ideal de A. Dizemos que I é um


ideal maximal de A se para todo I 0 C A tal que I ( I 0 ⊆ A tivermos que I 0 = A, ou
seja , se S é o conjunto de todos os ideais de A diferentes de A, então os elementos
maximais de S com respeito a ordem de inclusão são ideais maximais de A.

Proposição 50. Seja (Z, +, ·) o anel dos inteiros, então mZ é um ideal maximal de
Z se, e somente se, m é primo.

Demonstração. (⇒) Seja mZ um ideal maximal de Z.


Suponhamoes que m seja composto, então existem m1 , m2 ∈ Z tais que m1 , m2 ≥ 2
e m = m1 · m2 .
Assim, mZ = m1 m2 Z ( m1 Z ( Z, o que é um absurdo.
Logo m é primo.
(⇐) Seja m primo e suponhamos que exista um ideal I tal que mZ ( I ⊆ A.

87
Como mZ ( I, então existe a ∈ I tal que a 6= mZ.
Desta forma, como a 6∈ mZ e m é primo, então mdc(a, m) = 1. Logo existem
α, β ∈ Z tais que αa + βm = 1.
Assim, como a ∈ I e m ∈ I, então 1 = αa + βm ∈ I.
Portanto, como I é um ideal de Z e 1 ∈ I, então

(∀z ∈ Z) (z · 1 = z ∈ I) ,

ou seja, I = Z.
Logo mZ é um ideal maximal de Z.

5.1.2 Caracterı́stica de um anel

Definição 74. Sejam (A, +, ·) um anel e S = {m ∈ N∗ | ma = 0, ∀a ∈ A}. Dizemos


que A tem caracterı́stica zero se S = ∅ e dizemos que A tem caracterı́stica
m = min S se S 6= ∅ (A existência de min S é garantida pelo Princı́pio da Boa
Ordem).

Exemplo 61. Os anéis (Z, +, ·), (Q, +, ·), (R, +, ·) e (C, +, ·) têm caracterı́stica zero.

Proposição 51. Seja (A, +, ·) um anel com unidade 1A e m o menor inteiro positivo
tal que m1A = 0, então m é a caracterı́stica de A.

Demonstração. Sejam a ∈ A e m o menor inteiro tal que m1A = 0.


Assim, 0 = 0a = (m1A )a = (1A + · · · + 1A ) · a = a
| + ·{z
· · + a} = ma.
| {z }
m termos m termos
Logo, como m é o menor inteiro positivo tal que m1A = 0 e ma = 0 para todo
a ∈ A, então m é a caracterı́stica de A.

Proposição 52. O anel (Zm , +, ·) tem caracterı́stica m.



Demonstração. Como (∀a ∈ Zm ) ma = ma = 0 e para n ∈ N, 0 < n < m, n1 =
n 6= 0, então m é a caracterı́stica de Zm .

Proposição 53. Se (K, +, ·) é um corpo e m é a caracterı́stica de K, então m não


pode ser composto, ou seja, todo corpo tem caracterı́stica zero ou prima.

Demonstração. Seja (K, +, ·) um corpo de caracterı́stica m. Suponhamos que m seja


composto. Então existem m1 , m2 ∈ Z, m1 , m2 ≥ 2 tais que m = m1 m2 . Assim,

88
(∀a ∈ K) (ma = m1 m2 a = (m1 1k ) · (m2 a) = 0)
⇒ (∀a ∈ K) (m1 1K = 0 ou m2 a = 0) ,
o que é um absurdo, pela definição de caracterı́stica e pela Proposição 51.
Logo m é primo ou m é zero.

Quarta Lista de Exercı́cios


1) Consideremos em Z × Z as operações + e ·, definidas por

(a, b) + (c, d) = (a + c, b + d) e (a, b) · (c, d) = (ac − bd, ad + bc).

Mostre que (Z × Z, +, ·) é um anel com unidade e comutativo.

2) Consideremos as operações ∗ e 4 em Q, definidas por

xy
x ∗ y = x + y − 3 e x4y = x + y − .
3

Mostrar que (Q, ∗, 4) é um anel comutativo com elemento unidade.

3) Prove que são anéis:

(a) O conjunto Z dotado das leis adição usual e a multiplicação assim definida

ab = 0; ∀a, b ∈ Z.

(b) O conjunto Q com as leis definidas por x⊕y = x+y −1 e x y = x+y −xy.

4) Dê exemplo de um anel com 4 elementos todos satisfazendo a condição x2 = x.

5) Verifique se existe um anel A = {a, b, c, d} tal que (A, +) é isomorfo como grupo
ao Z4 e x2 = x, ∀x ∈ A.

6) Seja A um anel cujas leis de composição são iguais, isto é, a + b = ab, ∀a, b ∈ A.
Mostre que A = {0}.

7) Seja A um anel. Mostre que ∀a, b, c ∈ A ⇒ a(b−c) = ab−ac e (a−b)c = ac−bc.

8) Seja (a, +, ·) um anel com unidade. Mostre que a comutatividade da adição é


consequência dos demais axiomas que compõem a definição de anel.

89
9) Sendo a e b elementos de um anel comutativo A, mostre que
   
n n n n−1 n
(a + b) = a + a b + ··· + abn−1 + bn , ∀n ≥ 0, n ∈ Z.
1 1

10) Seja A um anel com a seguinte propriedade: x2 = x, ∀x ∈ A. Mostre que:


−x = x, ∀x ∈ A.

11) Prove que um anel A com a propriedade do exercı́cio anterior é necessariamente


comutativo.

12) Determinar quais dos seguintes subconjuntos de Q são subanéis:


a
a) Z b) C = { ∈ Q | a ∈ Z, b ∈ Z, 2 | b}
b

a
c) B = {x ∈ Q | x 6∈ Z} d) D = { ∈ Q | a ∈ Z e n ∈ Z}
2n

13) Verifique se L = {a + b 2 | a, b ∈ Q} é subanel do anel R.

14) Determine o conjunto dos elementos regulares e o conjunto dos elementos in-
versı́veis de cada um dos seguintes anéis:
a) Z b) Z4

c) Q d) Z14

e) Z × Z f) M2 (R)

g) Z3 h) Z2 × Z3

15) Seja R(A) o conjunto dos elementos regulares em relação à multiplicação do


anel A. Provar que R(A) é fechado para a multiplicação e que R(A) = U (A)
quando A é finito.

16) Ache os elementos inversı́veis dos seguintes anéis:

(a) (Q, ⊕, ), onde a ⊕ b = a + b − 1 e a b = a + b − ab (Q, ⊕, ) é um corpo


?

(b) (Z × Z, +, ·) onde (a, b(+(c, d) = (a + c, b + d) e (a, b) · (c, d) = (ac, ad + bc).

17) Determine os divisores próprios de zero do anel (Z×Z, +, ·) do exercı́cio anterior.

90
18) Dê exemplo de um anel com unidade onde só a unidade é inversı́vel.

19) (a) Quais são os elementos inversı́veis do anel Z18 ?

(b) Resolver em Z18 o sistema:



 5x + 2y = 1
 x + 11y = 7

20) Um elemento a de uma nel A se diz idempotente se a2 = a e nilpotente se existe


n ∈ N, de modo que an = 0. Mostre que o único elemento não ulo e idempotente
de um anel de integridade é a unidade e que o zero é o único elemento nilpotente
de um anel de integridade.

21) Obter o conjunto dos elementos nilpotentes dos seguintes anéis: Z, Z6 , Z8 e


Z2 × Z4 .

22) Mostrar que o conjunto dos elementos nilpotentes de uma anel comutativo A é
um subanel de A.

23) Prove detalhadamente o seguinte: se a ∈ A (anel de integridade) e a2 = 1, então


a = 1 ou a = −1.

24) Mostrar que se A é um anel de integridade, x ∈ A e x2 = x, então x = 0 ou


x = 1.

25) Prove que os anéis 2Z e 3Z não são isomorfos.


26) Sejam p primo e A = {a + b p | a, b ∈ Q}.

(a) Mostre que A é um subcorpo de R.


√ √
(b) Mostre que ϕ : A → A definida por varphi(a + b p) = a − b p é um
automorfismo.

27) Calcular todos os homormorfismos de Z × Z em Z.

28) Seja f : Z × Z → Z × Z dada por f (x, y) = (mx + ny, px + qy).

(a) Calcular m, n, p, q de modo que f seja um homomorfismo do anel Z × Z


nele mesmo;

91
(b) Em quais desses casos f é um automorfismo ?

28) Ache todos os homomorfismos de Z em Z4 .

29) Ache todos os homomorfismos de Z em Z6 .


 
a −b
30) Mostre que f : C → M2 (R) dada por f (a + bi) =   , ∀a, b ∈ R é um
b a
monomorfismo de anéis.

31) Mostre que nenhuma aplicação f : A → B, onde A = {x + y 2 | x, y ∈ Q} e

B = {x + y 3 | x, y ∈ Q} é um isomorfismo.

32) Construa as tábuas dos seguintes anéis-quocientes:




Z/ 3 e (Z2 × Z3 )/ 1, 0 .

33) Provar que 2Z×3Z é subanel e um idel de Z×Z. Determinar (Z×Z)/(2Z×3Z).

34) Mostre que se A possui unidade, então A/I também possui.

35) Mostre que a + I ∈ A/I é inversı́vel (supondo A com unidade( se, e somente se,
∃r ∈ A de modo que a · r − 1 ∈ I.

36) Seja I o ideal constituı́do pelos elementos nilpotentes de um anel A, mostre que
I é o único elemento nilpotente de A/I.

37) Dado o homomorfismo f : Z → Z4 definido por f (m) = m.

(a) Encontre o núcleo de f ;

(b) Determine um homomorfismo de Z em Z/N uc(f ).

38) Encontre os ideais de (Z12 , +, ·).

39) Descrever os seguintes ideais principais:





a) 2 em Z6 e) 3 em Z8
b) h−5i em Z f) h2i em 2Z
c) 72 em Q g) − 35 em R





d) 2 em R h) h1 − ii em C

40) Encontre todos os ideais do anel dos inteiros.

92
41) Prove que todo ideal maximal de um domı́nio de integridade é primo.

42) Prove que se um anel quociente A/C é um corpo, então C é um ideal maximal.

43) Prove que se C é um ideal maximal de um anel comutativo e com unidade A,


então A/C é um corpo.

44) Se B e C são ideais de um anel comutativo A, então B ∩ C também é um ideal


de A.

45) Se B e C são ideais de um anel comutativo A, então B + C também é um ideal


de A.

46) Prove que todo ideal do anel Z pode ser representado unicamente como um
produto de ideais primos.

47) Sejam B e C ideais de um anel comutativo A, então BC ⊂ B ∩ C.

48) Seja (R, +, ·) um anel comutativo que contém os ideais B e C com B ∩ C = 0


e B + C = R. Mostre que R é isomorfo a (B × C, +, ·).

49) Se (K, +, ·) é um anel comutativo com unidade, mostre que K é um corpo se,
e somente se, {0} é um ideal maximal de K.

50) Se (K, +, ·) é um corpo, então os únicos ideais de K são I1 = {0} e I2 = K.

51) Mostre que Q não possui subcorpos não triviais.

52) Sejam A é um anel e a ∈ A. Prove que B = {x ∈ A | xa = ax} é um subanel


de A.

53) Seja A um anel comutativo com unidade 1 e seja ϕ : Z → A definida por


ϕ(n) = n · 1, ∀n ∈ Z.

(a) Prove que ϕ é um homomorfismo.

(b) Prove que {m ∈ Z | m1 = 0 ∈ A} é um ideal de Z.

54) Sejam I = hxi e J = hyi dois ideais de Z. Mostrar que I + J = hmdc(x, y)i e
que I ∩ J = hmmc(x, y)i; em seguida determinar h12i + h21i e h12i ∩ h21i .

93
55) Seja A um anel cuja caracterı́stica é um número natural n > 0 não primo.
Mostre que A possui divisores próprios do zero.

56) Seja A um anel om unidade tal que x2 = x, ∀x ∈ A. Mostre que c(A) = 2.

57) Seja A um anel e L um subanel de A. Mostre que c(L) ≤ c(A). Dê um exemplo
de um anel A e um subanel L de A para os quais c(L) < c(A).

58) Sejam A e B anéis isomorfos. Mostre que c(A) = c(B).

59) Mostre que o número de elementos de um corpo de caracterı́stica p é uma


potência de p.

60) Mostrar que se K é um corpo de caracterı́stica p > 0, ent ao (x + y)p = xp + y p


para todos x, y ∈ K.

61) Seja K um corpo finito de caracterı́stica p > 0 : mostrar que a aplicação f :


K → K definida por f (x) = xp é um automorfismo de K.

62) Chama-se corpo primo do corpo K a intersecção P de todos os subcorpos não


triviais de K. Mostrar que o corpo primo P de um corpo K de caracterı́stica m
é isomorfo a Zm (se m > 1) ou a Q (se m = 0. ).

63) Mostrar que o único automorfismo de um corpo primo é o automorfismo idêntico.

64) Mostrar que se P é o corpo primo de um corpo K de caracterı́stica p > 0, então


ap = a, para todo a ∈ P.

5.2 Anéis de polinômios sobre corpos


Definição 75. Seja K um corpo. O anel de polinômios na indeterminada x sobre K,
representado por K[x] é o conjunto de todos os elementos da forma

a0 + a1 x + a2 x 2 + · · · + an x n + · · ·

onde existe m ∈ N tal que an = 0, ∀n > m, com operações de adição + e multiplicação


· definidas por

(a0 + a1 x + · · · + an xn + · · · ) + (b0 + b1 x + · · · + bn xn + · · · )
= (a0 + b0 ) + (a1 + b1 )x + · · · + (an + bn )xn + · · ·

94
e

(a0 + a1 x + · · · + an xn + · · · ) · (b0 + b1 x + · · · + bn xn + · · · ) = c0 + c1 x + · · · + cn xn + · · · ,

onde
c 0 = a0 b 0
c1 = a0 b1 + a1 b0
c 2 = a0 b 2 + a1 b 1 + a2 b 0
..
.
cn = a0 bn + a1 bn−1 + · · · + ak bn−k + · · · + an b0
..
.

Observação 20. Se K é um corpo e f ∈ K[x] então podemos escrever f como uma


soma finita, simplesmente eliminando os termos cujos coeficientes são iguais a zero
no somatório que representa f. Desta forma, o elemento 1 + 0x + 0x2 + 5x3 + 0x4 +
0x5 + · · · + 0xn + · · · ∈ Q[x] também pode ser escrito na forma reduzida 1 + 5x3 .

Exemplo 62. Se f = 1 + 2x + x3 e g = 3 + 4x2 são elementos de Q[x], então,

f = 1 + 2x + 0x2 + 1x3 + · · · + 0xn + · · · = a0 + a1 x + a2 x2 + a3 x3 + · · · + an xn + · · · ,

g = 3 + 0x + 4x2 + 0x3 + 0x4 + · · · + 0xm + · · · = b0 + b1 x + b2 x2 + · · · + bm xm + · · · ,

onde a0 = 1, a1 = 2, a2 = 0, a3 = 1 e an = 0, ∀n ≥ 4 e b0 = 3, b1 = 0, b2 = 4 e
bm = 0, ∀m ≥ 3.
Assim,

f +g
= (1 + 2x + 0x2 + 1x3 + 0x4 + · · · + 0xn + · · · )
+ (3 + 0x + 4x2 + 0x3 + · · · + 0xm + · · · )
= (1 + 3) + (2 + 0)x + (0 + 4)x2 + (1 + 0)x3 + (0 + 0)x4 + · · · + (0 + 0)xn + · · ·
= 4 + 2x + 4x2 + x3
e

f ·g
= (1 + 2x + 0x2 + 1x3 + · · · + 0xn + · · · ) · (3 + 0x + 4x2 + 0x3 + · · · + 0xm + · · · )
= c0 + c1 x + · · · + c2 x 2 + · · · + cn x n + · · ·
com

95
c 0 = a0 b 0
=1·3=3
c 1 = a0 b 1 + a1 b 0
=1·0+2·3=6
c 2 = a0 b 2 + a1 b 1 + a2 b 0
=1·4+2·0+0·3=4
c 3 = a0 b 3 + a1 b 2 + a2 b 1 + a3 b 0
= 1 · 0 + 2 · 4 + 0 · 3 + 1 · 3 = 8 + 3 = 11
c 4 = a0 b 4 + a1 b 3 + a2 b 2 + a3 b 1 + a4 b 0
= 1 · 0 + 20̇ + 0 · 4 + 1 · 0 + 0 · 3 = 0
c 5 = a0 b 5 + a1 b 4 + a2 b 3 + a3 b 2 + a4 b 1 + a5 b 0
=1·0+2·0+0·0+1·4+0·3+0·3=4
e, para n ≥ 5,
n
X 3
X n
X
cn = ak bn−k = ak bn−k + ak bn−k = 0
k=0 k=0 k=n−3

Logo

f · g = (1 + 2x + x3 ) · (3 + 4x2 ) = 3 + 6x + 4x2 + 11x3 + 4x5 .

Proposição 54. Seja K um corpo, então K[x] é um anel de integridade.

Demonstração. Exercı́cio

Definição 76. Seja K um corpo. Dizemos que f = a0 + a1 x + · · · + an xn ∈ K[x] é


um polinômio mônico sobre K (ou de K[x]) se an = 1.

Definição 77. Sejam K um corpo e f, g ∈ K[x]. Dizemos que f divide g (ou f é


um divisor de g ou g é um múltiplo de f ou g é divisı́vel por f ) em K[x] se
existir h ∈ K[x] tal que g = hf.

Notação 12. Utilizaremos o sı́mbolo f | g significando que f é um divisor de g, onde


f, g ∈ K[x] para algum corpo K.

Proposição 55. Sejam K um corpo e f (x), g1 (x), · · · , gt (x) ∈ K[x] tais que

f (x) | gi (x), ∀i ∈ {1, 2, · · · , t},

96
então
f (x) | (h1 (x)g1 (x) + · · · + ht (x)gt (x)) , ∀h1 (x), · · · , ht (x) ∈ K[x].

Demonstração. Como f (x) | gi (x), ∀i ∈ {1, 2, · · · , t}, então existem s1 (x), · · · , st (x) ∈
K[x] tais que
gi (x) = si (x)f (x), ∀i ∈ {1, 2, · · · , t}.

Assim, para h1 (x), · · · , ht (x) ∈ K[x], temos que

h1 (x)g1 (x) + · · · + ht (x)gt (x)


= h1 (x)(s1 (x)f (x)) + · · · + ht (x)(st (x)f (x))
= (h1 (x)s1 (x) + · · · + ht (x)st (x)) f (x).

Logo f (x) | (h1 (x)g1 (x) + · · · + ht (x)gt (x)) , ∀h1 (x), · · · , ht (x) ∈ K[x].

Definição 78. Sejam K um corpo e f, g ∈ K[x]. Dizemos que f e g são associados


se existe u ∈ K ∗ tal que f = ug.

Notação 13. Seja K um corpo. Usaremos o sı́mbolo f ∼ g significando que f e g


são associados sobre K (ou em K[x]).

Exemplo 63. Os polinômios 1 + x e 2 + 2x são associados em Q[x], pois 1 + x =


1
2
(2 + 2x) e 2 + 2x = 2(1 + x).

Proposição 56. Seja K um corpo e seja

R = {(f, g) ∈ K[x] × K[x] | f ∼ g},

então R é uma relação de equivalência de K[x].

Demonstração. De fato, como

(i)

(∀f ∈ K[x]) (f = 1 · f )
⇒ (∀f ∈ K[x]) (f ∼ f )
⇒ (∀f ∈ K[x]) ((f, f ) ∈ R)
⇒ R é reflexiva.

97
(ii) (∀f, g ∈ K[x])

((f, g) ∈ R)
⇒ f ∼g
⇒ (∃u ∈ K ∗ ) (f = ug)
⇒ (∃u ∈ K ∗ ) (u−1 f = g)
u0 =u−1
⇒ (∃u0 ∈ K ∗ ) (g = u0 f )
⇒ (g ∼ f )
⇒ ((g, f ) ∈ R)

Logo R é simétrica.

(iii) (∀f, g, h ∈ K[x])

((f, g) ∈ R e (g, h) ∈ R)
⇒ (f ∼ g e g ∼ h)
⇒ (∃u1 , u2 ∈ K ∗ ) (f = u1 g e g = u2 h)
⇒ (∃u1 , u2 ∈ K ∗ ) (f = u1 u2 h)
u=u1 u2
⇒ (∃u ∈ K ∗ ) (f = uh)
⇒ (f ∼ g)
⇒ (f, h) ∈ R.

Logo R é transitiva.

Por (i), (ii) e (iii), R é uma relação de equivalência.

Proposição 57. Sejam K um corpo e R a relação da proposiçõa anterior, então,



S = {(a, b) ∈ K[x]/R × K[x]/R | (∀a1 ∈ a) ∀b1 ∈ b a1 | b1 }

é uma relação de ordem sobre K[x]/R.

Demonstração. Como

(i) S é simétrica, pois

(∀a ∈ K[x]/R) (∀a1 , a2 ∈ a) ((a1 , a2 ) ∈ R)


⇒ (∀a ∈ K[x]/R) (∀a1 , a2 ∈ a) (a1 ∼ a2 )
⇒ (∀a ∈ K[x]/R) (∀a1 , a2 ∈ a) (a1 | a2 )
⇒ (∀a ∈ K[x]/R) ((a, a) ∈ S)

98

(ii) S é anti-simétrica, pois ∀a, b ∈ K[x]/R ,

(a, b) ∈ S e (b, a) ∈ S

⇒ (∀a1 ∈ a) ∀b1 ∈ b (a1 | b1 e b1 | a1 )

⇒ (∀a1 ∈ a) ∀b1 ∈ b (a1 ∼ b1 )

⇒ a=b


(iii) S é transitiva, pois ∀a, b, c ∈ K[x]/R ,


(a, b) ∈ S e (b, c) ∈ S

⇒ (∀a1 ∈ a) ∀b1 ∈ b (∀c1 ∈ c) (a1 | b1 e b1 | c1 )

⇒ (∀a1 ∈ a) ∀b1 ∈ b (∀c1 ∈ c) (∃q1 , q2 ∈ K[x]) (b1 = q1 a1 e c1 = q2 b1 )
⇒ (∀a1 ∈ a) (∀c1 ∈ c) (∃q1 , q2 ∈ K[x]) (c1 = q2 q1 a1 )
q=q2 q1
⇒ (∀a1 ∈ a) (∀c1 ∈ c) (∃q ∈ K[x]) (c1 = qa1 )
⇒ (∀a1 ∈ a) (∀c1 ∈ c) (a1 | c1 )
⇒ ((a, c) ∈ S)

Logo, por (i), (ii) e (iii), S é uma relação de ordem parcial.

Corolário 9. Se K é um corpo e H é o conjunto dos polinômios mônicos em K[x],


então a relação de divisibilidade em H é uma relação de ordem parcial.

Demonstração. Exercı́cio.

Observação 21. SejaK um corpo e seja f (x) = a0 + a1 x + · · · + an xn + · · · ∈ K[x].

• Se existir um maior ı́ndice n ∈ N tal que an 6= 0, então dizemos que o grau


do polinômio f (x) é n e será simbolizado por ∂f (x) ou grau(f (x)), ou seja,
n = ∂f (x). Caso contrário, f (x) = 0 e dizemos que o grau do polinômio f (x) é
infinito, ou seja, ∂f (x) = ∞.

• Se f (x) = a0 + a1 x + · · · + an xn + · · · ∈ K[x] é tal que ∂f (x) = n e an = 1,


então f (x) é chamado de polinômio mônico.

• Se f (x) = a0 + a1 x + · · · + an xn + · · · ∈ K[x] é tal que ∂f (x) = n ∈ N, então o


coeficiente an é chamado de coeficiente lı́der de f (x).

99
Proposição 58 (Algorı́tmo de Euclides). Seja K um corpo e sejam f (x), g(x) ∈ K[x]
com g(x) 6= 0, então existe um único par (q(x), r(x)) ∈ K[x] × K[x] tal que

f (x) = q(x)g(x) + r(x),

onde r(x) = 0 ou 0 ≤ ∂r(x) < ∂g(x).

Demonstração. Existência:
Se f (x) = 0, então q(x) = 0 e r(x) = 0 satisfazem as condições desejadas, já que
f (x) = 0 = 0g(x) + 0 = q(x)g(x) + r(x) com r(x) = 0.
Se ∂f (x) < ∂g(x), então q(x) = 0 e r(x) = f (x) satisfazem

f (x) = 0g(x) + f (x) = q(x)g(x) + r(x),

com ∂r(x) = ∂f (x) < ∂g(x).


Se n = ∂f (x) ≥ g(x) = m, e f (x) = a0 + a1 x + · · · + an xn ∈ K[x] e g(x) =
b0 + · · · + bm xm ∈ K[x], então an 6= 0 e bm 6= 0.
Assim,

f1 (x) = f (x)−an b−1 n −1 n−m


m g(x) = (a0 +a1 x+· · ·+an x )−(an bm )x (b0 +b1 x+· · ·+bm xm )

Unicidade:
Sejam (q1 (x), r1 (x)), (q2 (x), r2 (x)) ∈ K[x] × K[x] tais que

f (x) = q1 (x)g(x) + r1 (x), onde r1 (x) = 0 ou 0 ≤ ∂r1 (x) < ∂g(x)

e
f (x) = q2 (x)g(x) + r2 (x), onde r2 (x) = 0 ou 0 ≤ ∂r2 (x) < ∂g(x).

Assim,
q1 (x)g(x) + r1 (x) = q2 (x)g(x) + r2 (x)
⇒ (q1 (x) − q2 (x))g(x) = r2 (x) − r1 (x)
Assim, ∂ ((q1 (x) − q2 (x))g(x)) = ∂(r2 (x) − r1 (x)).
Se r2 (x)−r1 (x) 6= 0, então ∂ ((q1 (x) − q2 (x))g(x)) = ∂(r2 (x)−r1 (x)) ≤ max{∂r2 (x)∂r1 (x)} <
∂g(x), o que implica em ∂(q1 (x) − q2 (x)) + ∂g(x) < ∂g(x), o que é um absurdo.

100
Logo
r (x) − r1 (x) = 0
2
 r (x) = r (x)
1 2

 (q (x) − q (x))g(x) = 0
 1 2
 r (x) = r (x)
g(x)6=0 1 2

 q (x) − q (x) = 0
 1 2
 r (x) = r (x)
1 2

 q (x) = q (x)
1 2

⇒ (q1 (x), r1 (x)) = (q2 (x), r2 (x))

Proposição 59. Seja K um corpo, então todo ideal I de K[x] é principal, ou seja,
existe f (x) ∈ K[x] tal que I = hf (x)i .

Demonstração. Se I = {0}, então I = h0i e, portanto, I é principal.


Se I 6= {0}, então, pelo Princı́pio da Boa Ordem, existe um polinômio f (x) de
menor grau em I.
Se h(x) ∈ I, então, pelo Algoritmo de Euclides, existe (q(x), r(x)) ∈ K[x] × K[x]
tal que

h(x) = q(x)f (x) + r(x), onde r(x) = 0 ou 0 ≤ ∂r(x) < ∂f (x),

o que implica em

r(x) = h(x) − q(x)f (x) ∈ I, onde r(x) = 0 ou 0 ≤ ∂r(x) < ∂f (x).

Pela minimalidade do grau de f (x) em I, obtemos que r(x) = 0.


Portanto,
h(x) = q(x)f (x) = 0
⇒ h(x) = q(x)f (x)
⇒ h(x) ∈ hf (x)i
Logo, como f (x) ∈ I e

(∀h(x) ∈ I) (h(x) ∈ hf (x)i) ,

então I = hf (x)i .

Definição 79. Seja K um corpo e sejam f, g ∈ K[x]. Dizemos que d(x) ∈ K[x] é o
máximo divisor comum entre f e g, simbolizado por mdc(f (x), g(x)), se

101
(i) d(x) | f (x) e d(x) | g(x);

(ii) Se d0 (x) ∈ K[x] satisfaz d0 (x) | f (x) e d0 (x) | g(x), então d0 (x) | d(x).

Em geral, se f1 (x), · · · , fk (x) ∈ K[x], então dizemos que d(x) ∈ K[x] é o máximo
divisor comum de f1 (x), · · · , fk (x) se

(i) d(x) ∈ fi (x), i = 1, · · · , k;

˜ | fi (x), i = 1, · · · , k, então d(x)


(ii) Se d(x) ˜ | d(x).

Proposição 60. Sejam K um corpo, g1 (x), · · · , gt (x) ∈ K[x] e

I = {h1 (x)g1 (x) + · · · + ht (x)gt (x) | h1 (x), · · · , ht (x) ∈ K[x]},

o ideal gerado por g1 (x), · · · , gt (x) em K[x], então

I = hg1 (x), · · · , gt (x)i = hf (x)i ,

onde
f (x) = mdc(g1 (x), · · · , gt (x)).

Demonstração. De fato,

(i) Pela Proposição anterior, existe f (x) ∈ I tal que I = hg1 (x), · · · , gt (x)i =
hf (x)i . Assim, para cada i ∈ {1, 2, · · · , t},

gi (x) = 0g1 (x) + · · · + 1g1 (x) + 0gi+1 (x) + · · · + 0gt (x) = hi (x)f (x)

para algum hi (x) ∈ K[x], o que implica em f (x) | gi (x), i = 1, · · · , t.

(ii) Como f (x) ∈ I, então existem h1 (x), · · · ht (x) ∈ K[x] tais que

f (x) = h1 (x)g1 (x) + · · · + ht (x)gt (x).

Se f˜(x) ∈ I satisfaz f˜(x) | gi (x), ∀i ∈ {1, 2, · · · , t}, então pela Proposição xxx,

f˜(x) | (h1 (x)g1 (x) + · · · + ht (x)gt (x)) ,

o que implica em f˜(x) | f (x).

Logo, por (i) e (ii), I = hf (x)i , onde f (x) = mdc(g1 (x), · · · , gt (x)).

102
Proposição 61 (Algoritmo para Cálculo do máximo divisor comum). Seja K um
corpo e sejam f, g ∈ K[x] com g(x) 6= 0. Definindo uma sequência (rk (x))k∈N tal que

r0 (x) = g(x)

e, pelo Algoritmo de Euclides,

f (x) = q1 (x)g(x) + r1 (x), onde r1 (x) = 0 ou 0 ≤ ∂r1 (x) < ∂r0 (x) = ∂g(x)

r0 (x) = g(x) = q2 (x)r1 (x) + r2 (x), onde r2 (x) = 0 ou 0 ≤ ∂r2 (x) < ∂r1 (x)
..
.

rk (x) = qk+2 (x)rk+1 (x) + rk+2 , onde rk+2 (x) = 0 ou 0 ≤ ∂rk+2 (x) < ∂rk+1 (x)
..
.

Então existe um menor inteiro positivo n tal que rn+1 = 0 e rn = mdc(f (x), g(x)).

Demonstração. Exercı́cio.

Definição 80. Seja K um corpo. Dizemos que f (x) ∈ K[x] é irredutı́vel sobre K
se

(i) ∂f (x) ≥ 1;

(ii) Se g(x) ∈ K[x] satisfaz ∂g(x) ≥ 1 e g(x) | f (x), então f (x) | g(x), ou seja,
f (x) e g(x) são associados.

Exemplo 64. • x + 2 é um polinômio irredutı́vel em Q[x].

• x2 + 3 é um polinômio irredutı́vel em Q[x].

Definição 81. Seja L um corpo e K um subcorpo de L. Dizemos que α ∈ L é uma


raiz de f (x) = a0 + a1 x + · · · + an xn ∈ K[x] se

f (α) = a0 + a1 α + · · · + an αn = 0.

Proposição 62. Seja f (x) ∈ K[x] e α ∈ K uma raiz de f (x), então

(x − α) | f (x).

103
Demonstração. Pelo Algoritmo de Euclides, existe (q(x), r(x)) ∈ K[x] × K[x] tal que

f (x) = q(x)(x − α) + r(x), onde r(x) = 0 ou 0 ≤ ∂r(x) < ∂(x − α) = 1.

Como r(x) = 0 ou 0 ≤ ∂r(x) < ∂(x − α) = 1, então r(x) = r ∈ K.


Assim, como α é uma raiz de f (x) e f (x) = q(x)(x − α) + r, então,

f (α) = q(α)(α − α) + r = 0 ⇒ r = 0.

Logo f (x) = q(x)(x − α), o que implica em (x − α) | f (x).

2
Exemplo 65. O polinômio f (x) = x2 +2 não é irredutı́vel em Z3 , pois f (1) = 1 +2 =
1 + 2 = 3 = 0. Logo 1 é raiz de f (x) em Z3 . Assim, (x − 1) | f (x) com x − 1  x2 + 2.
Logo x2 + 2 não é irredutı́vel em Z3 .

x2 + 2 = (x − 1) · (x − 2) = x2 − 3x + 2 = x2 + 2.

Observação 22. Se K é um corpo e f (x) ∈ K[x] com ∂f (x) ≥ 2. Dizemos que f (x)
é redutı́vel se f (x) não for irredutı́vel.

Proposição 63. Seja K um cropo e f (x) ∈ K[x] um polinômio irredutı́vel, então


I = hf (x)i é um ideal maximal de K[x].

Demonstração. Seja J C K[x] com I ( J ⊆ K[x]. Assim, existe g(x) ∈ J com


g(x) 6∈ I. Como g(x) 6∈ I e f (x) é irredutı́vel, então mdc(f (x), g(x)) = 1. Portanto,
existem α(x), β(x) ∈ K[x] tais que

α(x)g(x) + β(x)f (x) = 1 ∈ J.

Assim, 1 ∈ J e J C K[x], o que implica em

(∀h(x) ∈ K[x]) (h(x) · 1 = h(x) ∈ J) ⇒ (J = K[x])

Logo I é um ideal maximal de K[x].

Proposição 64. Seja K um corpo e f (x) ∈ K[x] um polinômio irredutı́vel, então


K[x]/ hf (x)i é um corpo.

Demonstração. Seja I = hf (x)i . Assim,

104
(i) (∀g1 (x), g2 (x) ∈ K[x])

(g1 (x) + I) + (g2 (x) + I) = (g1 (x) + g2 (x)) + I


= (g2 (x) + g1 (x)) + I
= (g1 (x) + I) + (g2 (x) + I)

(ii) (∀g1 (x) ∈ k[x])

(g1 (x) + I) + (0 + I) = g1 (x) + I


= (0 + I) + (g1 (x) + I)
Logo 0 + I = I é o elemento neutro aditivo.

(iii) (∀g1 (x), g2 (x), g3 (x) ∈ K[x])

(g1 (x) + I) + ((g2 (x) + I) + (g3 (x) + I)) = (g1 (x) + I) + ((g2 (x) + g3 (x)) + I)
= g1 (x) + (g2 (x) + g3 (x)) + I
= (g1 (x) + g2 (x)) + g3 (x) + I
= ((g1 (x) + g2 (x)) + I) + (g3 (x) + I)
= ((g1 (x) + I) + (g2 (x) + I)) + (g3 (x) + I)

Logo a operação de adição + é associativa em K[x]/I.

(iv) (∀g(x) ∈ K[x])

(g(x) + I) + (−g(x) + I) = (g(x) + (−g(x))) + I


= (g(x) − g(x)) + I
= 0+I
= I

(v) (∀g1 (x), g2 (x) ∈ K[x])

(g1 (x) + I) · (g2 (x) + I) = (g1 (x) · g2 (x)) + I


= (g2 (x) · g1 (x)) + I
= (g2 (x) + I) · (g1 (x) + I)

(vi) (∀g1 (x), g2 (x), g3 (x) ∈ K[x])

(g1 (x) + I) · ((g2 (x) + I) · (g3 (x) + I)) = (g1 (x) + I) · (g2 (x) · g3 (x) + I)
= g1 (x) · (g2 (x) · g3 (x)) + I
= (g1 (x) · g2 (x)) · g3 (x) + I
= (g1 (x) · g2 (x) + I) · (g3 (x) + I)
= ((g1 (x) + I) · (g2 (x) + I)) · (g3 (x) + I)

105
(vii) (∀g(x) ∈ K[x]) ((1 + I) · (g(x) + I) = 1 · g(x) + I = g(x) + I)

(viii) (∀g(x) ∈ K[x])


g(x) + I 6= I ⇒ g(x) 6∈ I = hf (x)i
⇒ mdc(f (x), g(x)) = 1
⇒ (∃α(x), β(x) ∈ K[x]) (α(x)f (x) + β(x)g(x) = 1)
⇒ (∃α(x), β(x) ∈ K[x]) ((α(x)f (x) + β(x)g(x)) + I = 1 + I)
⇒ (∃α(x), β(x) ∈ K[x]) ((α(x)f (x) + I) + (β(x)g(x)) + I) = 1 + I)
α(x)f (x)∈I
⇒ (∃β(x) ∈ K[x]) (I + (β(x)g(x) + I) = 1 + I)
⇒ (∃β(x) ∈ K[x]) ((β(x)g(x) + I) = 1 + I)
⇒ (∃β(x) ∈ K[x]) ((β(x) + I) · (g(x) + I) = 1 + I)
⇒ (g(x) + I)−1 = β(x) + I

(ix) (∀g1 (x), g2 (x), g3 (x) ∈ K[x])


(g1 (x) + I) · ((g2 (x) + I) + (g3 (x) + I)) = (g1 (x) + I) · ((g2 (x) + g3 (x)) + I)
= g1 (x) · (g2 (x) + g3 (x)) + I
= (g1 (x) · g2 (x) + g1 (x)g3 (x) + I
= (g1 (x) · g2 (x) + I) + (g1 (x)g3 (x) + I)
= (g1 (x) + I) · (g2 (x) + I) + (g1 (x) + I) · (g3 (x) + I)

Da mesma forma,

((g1 (x)+I)+(g2 (x)+I))·(g3 (x)+I)) = (g1 (x)+I)·(g3 (x)+I)+(g2 (x)+I)·(g3 (x)+I)

Logo, por (i) - (ix), (K[x]/I, +, ·) é um corpo.

Exemplo 66. Encontre um corpo com 112 elementos. Seja K = Z11 e f (x) = x2 + 1.
Como
2
f (0) = 0 + 1 = 0 + 1 = 1,
2
f (1) = 1 + 1 = 1 + 1 = 2,
2
f (2) = 2 + 1 = 4 + 1 = 5,
2
f (3) = 3 + 1 = 9 + 1 = 10,
2
f (5) = 4 + 1 = 16 + 1 = 17 = 6,
2
f (6) = 6 + 1 = 36 + 1 = 37 = 4,
2
f (7) = 7 + 1 = 49 + 1 = 50 = 6,
2
f (8) = 8 + 1 = 64 + 1 = 65 = 10,

106
2
f (9) = 9 + 1 = 81 + 1 = 82 = 5,
2
f (10) = 10 + 1 = 100 + 1 = 101 = 2,

e ∂f (x) = 2, então f é irredutı́vel em Z11 .




Seja I = x2 + 1 .
Se g(x) ∈ K[x], então, pelo Algoritmo de Euclides, existem q(x), r(x) tais que

g(x) = q(x)f (x) + r(x), onde r(x) = 0 ou 0 ≤ ∂r(x) < ∂f (x).

Assim, g(x) + I = r(x) + I.


Logo os elementos de K[x]/I podem ser escritos na forma h(x) + I, onde 0 ≤
∂h(x) < ∂f (x) ou h(x) = 0.
Portanto K[x]/I = {(a0 + a1 x) + I | a0 , a1 ∈ Z11 } com operações de adição e
multiplicação definidas por

((a0 + a1 x) + I) + ((b0 + b1 x) + I) = ((a0 + b0 ) + (a1 + b1 )x) + I

e
((a0 + a1 x) + I) · ((b0 + b1 x) + I) = ((a0 + a1 x) · (b0 + b1 x) + I

= (a0 b0 + (a1 b0 + a0 b1 )x + a1 b1 x2 ) + I
x2 =−1
= [a0 b0 + (a1 b0 + a0 b1 )x + a1 b1 (−1)] + I

= [(a0 b0 − a1 b1 ) + (a1 b0 + a0 b1 )x] + I

é um corpo com 112 elementos.

Proposição 65. Seja K um corpo e seja f (x) ∈ K[x] um polinômio irredutı́vel em


K[x], então se α satisfaz f (α) = 0, então existe um isomorfismo entre K[α], o menor
corpo que contém K e {α} e K[x]/ hf (x)i . Este isomorfismo é dado por

ϕ(a0 + a1 α + · · · + an αn ) = a0 + a1 x + · · · an xn + I,

onde I = hf (x)i .

Exemplo 67. Encontre um corpo com 112 elementos. Como f (x) = x2 + 1 é irre-
dutı́vel em Z11 , então, se ξ é uma raiz de f (x), temos que ξ 2 + 1 = 0 ⇒ ξ 2 = −1.
Assim, H = {a0 + a1 ξ | a0 , a1 ∈ Z11 } com operações de adição e multiplicação
definidas por
(a0 + a1 ξ) + (b0 + b1 ξ) = ((a0 + b0 ) + (a1 + b1 )ξ)

107
e
(a0 + a1 ξ) · (b0 + b1 ξ) = (a0 b0 − a1 b1 ) + (a1 b0 + a0 b1 )ξ

é um corpo com 112 elementos.

Resultado 1. Se K é um corpo e f (x) ∈ K[x] é um polinômio de grau n, então f (x)


tem no máximo n raı́zes em K.

Resultado 2. Se f (x) ∈ Z[x] é irredutı́vel em Z[x], então f (x) é irredutı́vel em Q[x].

Resultado 3. Se f (x) ∈ Z[x] é redutı́vel em Q[x], então f (x) é redutı́vel em Z[x].

Resultado 4. Seja f (x) = a0 + a1 x + · · · + an xn ∈ Z[x]. Se existir p primo tal que

(i) p - an ;

(ii) f (x) = a0 + a1 x + · · · + an xn ∈ Zp [x] é irredutı́vel em Zp [x].

Então f (x) é irredutı́vel em Q[x].

Resultado 5 (Critério de Eisenstein). Seja f (x) = a0 + a1 x + · · · + an xn ∈ Z[x]. Se


existir p primo tal que

(i) p - an ;

(ii) p | ai , i = 0, · · · , n − 1;

(iii) p2 - a0 ;

então f (x) é irredutı́vel em Q[x].


  
1 1
Exemplo 68. x − x+ é redutı́vel em Q[x], mas não é redutı́vel em Z[x].
2 2
Assim, x − 21 x + 12 não é um polinômio com coeficientes inteiros.


1 1
 
Exemplo 69. Como 4x2 − 1 = 4 x − 2
x+ 2
é redutı́vel em Q[x], então 4x2 − 1
é redutı́vel em Z[x] e 4x2 − 1 = (2x − 1)(2x + 1).

Exemplo 70. f (x) = x2 + 2 ∈ Z[x] é irredutı́vel em Q[x], pois, escolhendo p = 2,


temos que f (x) = a0 + a1 x + a2 x2 = 2 + 0x + 1x2 , com

(i) p - a2 , pois 2 - 1;

(ii) p | a0 e p | a1 , pois 2 | 2 e 2 | 0;

108
(iii) p2 - a0 , já que 4 - 2.

Logo, pelo em Critério de Eisenstein, f (x) = x2 + 2 é irredutı́vel em Q[x].


No entanto, f (x) = x2 +2 é redutı́vel em Z3 [x], pois f (x) = x2 +2 = (x−1)·(x−2)
em Z3 [x].

Exemplo 71. f (x) = x2 + 1 é irredutı́vel em Q[x]. De fato, escolhendo p = 3, temos


que f (x) = x2 + 1 ∈ Z3 [x] satisfaz

2
f (0) = 0 + 1 = 0 + 1 = 1

2
f (1) = 1 + 1 = 1 + 1 = 2
2
f (2) = 2 + 1 = 4 + 1 = 5 = 2

Assim, como f é um polinômio de grau 2 e f não possui raı́zes em Z3 , então f é


irredutı́vel em Z3 [x].
Logo, como f (x) é irredutı́vel em Z3 [x], então f (x) = x2 + 1 é irredutı́vel em Q[x].

Exemplo 72. f (x) = x4 + x3 + x2 + x + 1 é irredutı́vel em Q[x], pois

g(x) = f (x+1) = (x+1)4 +(x+1)3 +(x+1)2 +(x+1)+1 = 5+10x+10x2 +5x3 +1x4

é irredutı́vel em Q[x].
De fato, escolhendo p = 5,

(i) p - a4 , pois 5 - 1;

(ii) p | a0 , p | a1 , p | a2 e p | a3 , pois 5 | 5, 5 | 10, 5 | 10 e 5 | 5;

(iii) p2 - a0 , pois 25 - 5.

Portanto, pelo Critério de Eisenstein, g(x) é irredutı́vel em Q[x].


Logo f (x) também é irredutı́vel em Q[x].

Quinta Lista de Exercı́cios


1) Determine q(x) e r(x) tais que:

f (x) = q(x) · g(x) + r(x),

onde r(x) = 0 ou ∂r(x) < ∂g(x) e f (x), g(x) ∈ R[x].

109
(a) f (x) = x3 + x − 1, g(x) = x2 + 1.

(b) f (x) = x3 + 1, g(x) = x + 1.

(c) f (x) = x5 − 1, g(x) = x − 1.

(d) f (x) = x4 − 2, g(x) = x2 − 2.



(e) f (x) = x3 − 2, g(x) = x − 3 2.

2) Seja K um corpo. Prove que α ∈ K é uma raı́z de f (x) ∈ K[x] se, e somente
se, existe q(x) ∈ K[x] tal que f (x) = (x − α)q(x).

3) Seja K um corpo. Dizemos que K é um corpo algebricamente fechado se ∀f (x) ∈


K[x]∃α ∈ K tal que f (α) = 0. Prove que R não é algebricamente fechado.

4) Prove que se K é algebricamente fechado, então todo polinômio f (x) ∈ K[x] de


grau n ≥ 1 pode ser fatorado em K do seguinte modo:

f (x) = c · (x − α1 ) · (x − α2 ) · · · (x − αn )

onde c ∈ K e α1 , · · · , αn ∈ K são raı́zes de f (x).

5) Fatore o polinômio x4 − 1 sobre o corpo K = C como no exercı́cio anterior.

6) Calcule a soma e o produto dos polinômios f (x) = 2x3 + 4x2 + 3x + 3 e g(x) =


3x4 + 2x + 4 sobre o corpo Z5 = {0, 1, 2, 3, 4} E sobre o corpo Z7 ?

7) Calcule todas as raı́zes em K = Z5 do polinômio f (x) = x5 + 3x3 + x2 + 2x ∈


Z5 [x].

8) Seja K um subcorpo de L. Se α ∈ L e f (x) ∈ K[x], f (x) = a0 + a1 x + · · · + an xn


definimos f (α) = a0 + a1 α + · · · + an αn ∈ L.

(a) Prove que K[α] = {f (α) | f (x) ∈ K[x]} é um domı́nio de integridade tal
que
K ≤ K[α] ≤ L.

(b) Prove que ψ : K[x] → K[α] tal que f (x) 7→ f (α) é um homomorfismo
sobrejetivo.

(c) J = {f (x) ∈ K[x] | f (α) = 0} é um ideal de K[x].

110
(d) K[x]/J ' K[α] ≤ L.

√ √ √
9) Prove que Q[ 2] = {f ( 2) | f (x) ∈ Q[x]} é igual a {a + b 2 | a, b ∈ Q}.

Prove que o ideal J = {f (x) ∈ Q[x] | f ( 2) = 0} é um ideal maximal de Q[x]

e conclua pelo exercı́cio anterior que Q[ 2] é um corpo.

10) Calcule f (x) · g(x), f (x), g(x) ∈ K[x] nos seguintes casos:

(a) f (x) = 5x3 + 3x − 4; g(x) = 2x2 − x + 3 onde K = Z7 .

(b) f (x) = 7x4 − 2x2 + 3; g(x) = 3x2 + 4 onde K = Z11 .

11) Calcular uma outra função polinomial f sobre o corpo K = Z5 que coincida
com a função polinomial x2 + x + 1 sobre Z5 .

12) Mostre que a equação x2 = 1 possui 4 soluções no anel Z15 . Por quê ?

13) Se K é um corpo e a ∈ K, a 6= 0,

(a) Prove que ψ : K[x] → K[x] definida por p(x) 7→ p(a · x) = ψ(p(x)) é um
automorfismo de K[x].

(b) Prove que ϕ : K[x] → K[x] definida por p(x) 7→ p(a + x) = ϕ(p(x)) é um
automorfismo de K[x].

14) Seja K um corpo f (x) ∈ K[x] e a ∈ K. Prove que o resto da divisão de f (x)
por g(x) = x − a é f (a).

15) Calcule o M DCC[x] {f (x), g(x)} para os seguintes pares de polinômios em C[x] :

(a) f (x) = (x − 2)3 (x − 5)4 (x − i); g(x) = (x − 1)(x − 2)(x − 5)3 ;

(b) f (x) = (x2 + 1)(x2 − 1); g(x) = (x + i)3 (x3 − 1).

16) Calcule o mdc(f (x), g(x)) para os seguintes pares de polinômios em Q[x] :

(a) f (x) = x3 − 6x2 + x + 4; g(x) = x5 − 6x + 1;

(b) f (x) = x2 + 1; g(x) = x6 + x3 + x + 1.

17) Calcular q(x), r(x) tais que f (x) = q(x) · g(x) + r(x), onde ou r(x) = 0 ou
∂r(x) < ∂g(x).

111
(a) f (x) = x5 − x3 + 3x − 5; g(x) = x2 + 7 ∈ Q[x].

(b) f (x) = x5 − x3 + 3x − 5; g(x) = x − 2 ∈ Q[x].

(c) f (x) = x5 − x3 + 3x − 5; Z5 [x].

(d) f (x) = x5 − x3 + 3x − 5; Z3 [x].

18) Quais dos conjuntos J ⊂ Q[x] são ideais de Q[x]. Em caso afirmativo, calcule
p(x) mônico tal que J = hp(x)i . Quais J são ideais maximais de Q[x] ?

(a) J = {f (x) ∈ Q[x] | f (1) = f (7) = 0}

(b) J = {f (x) ∈ Q[x] | f (2) = 0; f (5) 6= 0}



(c) J = {f (x) ∈ Q[x] | f ( 3) = 0}

(d) J = {f (x) ∈ Q[x] | f (4) = 0 e f (0) = f (1)}.

19) Seja K um corpo e f (x) ∈ K[x] − {0}. Prove que, se f (x) é um polinômio de
grau ≥ 2 e possui uma raiz a ∈ K então f (x) é redutı́vel sobre K.

20) Mostre que todo polinômio f (x) ∈ R[x] de grau ı́mpar ≥ 3 é redutı́vel sobre R.

21) Determine todos os p de modo que x2 + 2 divide x5 − 10x + 12 em Zp =


{0, 1, · · · , p − 1}.

22) Determine todos os polinômios de grau 2 que sejam irredutı́veis sobre K = Z5 .

23) Determine todos os polinômios irredutı́veis de grau ≤ 3 sobre K = Z3 .

24) Prove que J = hx2 + 1i é um ideal maximal de R[x] e identifique o corpo R[x]/J.

25) Mostre que o polinômio p(x) = x3 − 2 é irredutı́vel sobre o corpo Q.

26) Prove que f (x) = x4 + 4 é um polinômio redutı́vel sobre o corpo Q.

27) Seja K um corpo e f (x) ∈ K[x] um polinômio tal que 1 ≤ ∂f (x) ≤ 3. Prove que
ou f (x) é irredutı́vel sobre K ou f (x) possui uma raiz em K. E se ∂f (x) = 4 ?

28) Seja f (x) ∈ R[x] tal que ∂f (x) = 2. Prove que f (x) é irredutı́vel sobre R ⇔ f (x)
pode ser escrito na forma f (x) = (x − a)2 + b2 onde a, b ∈ R e b 6= 0.

29) Decomponha o polinômio x4 − 5x2 + 6 em produto de fatores irredutı́veis sobre


os seguintes corpos K :

112
(a) K = Q.

(b) K = Q[ 2].

(c) K = R.

30) Decomponha sobre o corpo K = Z3 os seguintes polinômios como produto de


irredutı́veis:
(a) x2 + x + 1; (b) x3 + x + 2;
(c) 2x3 + 2x2 + x + 1; (d) x4 + x3 + x + 1.

30) Prove que o polinômio x2 − 3 é irredutı́vel sobre o corpo K = Z5 . Mais ainda,




se J = x2 − 3 , então o corpo Z5 [x]/J possui exatamente 25 elementos.

31) Prove que o polinômio p(x) = x3 + x + 1 é irredutı́vel sobre Z5 e mostre que


o corpo Z5 [x]/J possui exatamente 125 elementos, onde J = hp(x)i é o ideal
principal de Z5 [x] gerado por p(x) = x3 + x + 1.

32) Seja p(x) um polinômio irredutı́vel de grau n sobre o corpo Zp , p primo, e seja
J = hp(x)i . Prove que Zp [x]/J é um corpo contendo exatamente pn elementos.

33) (a) Prove que p(x) = x2 + 1 é irredutı́vel sobre K = Z7 e construa um corpo


contendo 49 elementos.

(b) Prove que p(x) = x2 + 1 é irredutı́vel sobre K = Z11 e construa um corpo


contendo 121 elementos.

(c) Prove que p(x) = x2 + 1 é redutı́vel sobre K = Z5 .

(d) Prove que p(x) = x3 − 9 é irredutı́vel sobre o corpo K = Z31 e construa


um corpo contendo (31)2 elementos.

(e) Prove que p(x) = x3 − 9 é redutı́vel sobre Z11 .

34) Prove que os seguintes polinômios sobre Z[x] são irredutı́veis sobre Q.

(a) f (x) = x4 + 2x3 + 2x2 + 2x + 2

(b) f (x) = x7 − 31

(c) f (x) = x6 + 15

(d) f (x) = x3 + 6x2 + 5x + 25

(e) f (x) = x4 + 8x3 + x2 + 2x + 5

113
(f) f (x) = x4 + 10x3 + 20x2 + 30x + 22

35) Determine quais dos seguintes polinômios são irredutı́veis sobre Q :

(a) x3 − x + 1; (b) x3 + 2x + 10;


(c) x3 − 2x2 + x + 15 (d) x4 + 2;
(e) x4 − 2; (f) x4 − x + 1.

36) Seja f (x) = a0 + a1 x + · · · + an xn ∈ Z[x] um polinômio de grau n. Prove que se


f (x) é mônico, então toda raiz racional de f (x) é inteira.

37) Prove que f (x) = ax2 + bx + c ∈ R[x] é irredutı́vel sobre R ⇔ b2 − 4ac < 0.

38) Determine quais dos seguintes polinômios sobre os seguintes corpos K são irre-
dutı́veis:

(a) x7 + 22x3 + 11x2 − 44x + 33, K = Q.

(b) x3 − 7x2 + 3x + 3, K = Q.

(c) x4 − 5, K = Z17 .

(d) x3 − 5, K = Z11 .

(e) x4 + 7, K = Z17 .

114
Referências Bibliográficas

[1] Gonçalves, Adilson, Introdução à Álgebra, Projeto Euclides, IMPA-CNPq,


2007.

[2] Birkhoff, Garret & Mac Lane, Saunders, A Survey of Modern Algebra, AKP
Classics, Fourth Edition, A K Peters, Massachusetts, 1997.

[3] Domingues, Hygino H. & Iezzi, Gelson, Álgebra Moderna, 2. ed., Editora
Atual: São Paulo, 1982.

[4] Fraleigh, John B., A first course in Abstract Algebra, 5th ed., Addison-
Wesley, 1967.

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