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Pré-Vestibular

ibular Popular da UFF na Engenharia

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ARANHA DE ÁGUA


DISCIPLINA: LITERATURA
PROFESSORA: MONIQUE DA SILVA Prendeu o corpo
ao silêncio. Saltou.
GÊNEROS LITERÁRIOS A aranha erra,
às vezes,
A literatura é arte que se manifesta pela palavra, o alvo que sonhou.
seja ela falada ou escrita. Quanto à forma, o texto pode Todo se desfia.
apresentar-se em prosa ou verso. Quanto ao conteúdo, Mais que planta de prédio, era fria.
estrutura e, segundo os clássicos, conforme a “maneira de Com mais patas que alma.
imitação”, podemos enquadrar as obrass literárias em três E dedos de vento, seus fios.
gêneros: Com calma se arma de morte.
• Lírico – é certo tipo de texto no qual o eu Aranha escapa de si
lírico (a voz que fala no poema, que nem sempre é Por um fio.
a do autor) exprime suas emoções, idéias e De cada desafio alimenta-se.
se.
impressões em face do mundo exterior. Mas sua alma calculada
Normalmente os pronomes e os verbos estão em 1ª É toda aérea.
pessoa
ssoa e há o predomínio da função emotiva da Ela, chuva no vidro
linguagem. E líquidas suas ligas.
Águas lhe dão garras à vida.
Nada ficou no lugar
Eu quero quebrar essas chícaras GUIMARAES, Edmar. Caderno. Poesia. Goiânia: Kelps,
Eu vou enganar o diabo 2005. p. 37.
Eu quero acordar sua família
Eu vou escrever no seu muro Pode-se
se verificar no poema a interferência da forma
E violentar o seu gosto narrativa no gênero lírico. Dos efeitos poéticos construídos
(Adriana Calcanhoto) no texto, o que indica mais eficazmente
efi essa interferência é

• Dramático – trata-se
se do texto escrito para a) a mudança de tempo e ação na 1ª estrofe.
ser encenado no teatro. b) o verso livre e a pontuação regular.
Corregedor – Ó arrais dos gloriosos, c) a visão das coisas sob um ponto de vista afastado.
passai-nos neste batel! d) a unidade de espaço fragmentado na visão do poeta.
Anjo – Oh, pragas pera papel
pera as almas odiosos! (UERJ)) Com base no texto abaixo,
aba responda às questões de
Como vindes preciosos, números 1 e 2.
sendo filhos da ciência!
Corregedor – Oh, habetatis, clemência I
e passai-nos como vossos!
Parvo – Hou, homem dos breviários, "O GERENTE — Este hotel está na berra!
rapinastis coelhorum Jamais houve nesta terra
et pernis perdigotorum Um hotel assim mais tal!
e mijais nos campanários! Toda a gente, meus senhores,
(“Auto da barca do inferno” - Gil Vicente) Toda a gente ao vê-lo diz:
Que os não há superiores
• É pico – nesse gênero há a presença de um Na cidade de Paris!
narrador
ador que fundamentalmente conta a história Que belo hotel excepcional
passada de terceiros. Isso implica certo O Grande Hotel da Capital
distanciamento entre o narrador e o assunto tratado. Federal!
São geralmente losngos e narram histórias de um CORO — Que belo hotel excepcional, etc...."
povo ou uma nação, envolvendo aventuras,
guerras, viagens, gestos históricos,
ricos, etc. Exemplos: II
Ilíada, de Homero; Os Lusíadas,, de Luís de
Camões. "O GERENTE — Nesta casa não é raro
Protestar algum freguês:
EXERCÍCIOS Coisa é muito natural!
Acha bom, mas acha caro
1. (UEG-2006) Quando chega o fim do mês.
Por ser bom precisamente,

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Se o freguês é do bom-tom 4. (PRISE/UEPA-2006)


2006) Assinale a alternativa que indica
Vai dizendo a toda a gente corretamente os gêneros literários dos textos abaixo
Que isto é caro mas é bom. relacionados, na seqüência em que estão dispostos:
Que belo hotel excepcional!
O Grande Hotel da Capital I- “O Dr. Mamede, o mais ilustre e o mais eminente dos
Federal! alienistas, havia pedido a três de seus colegas e a quatro
CORO — Que belo hotel excepcional, etc...." sábios que se ocupavam de ciências naturais, que
viessem passar uma hora na casa de saúde por ele
“O GERENTE (Aos criados) — Vamos! Vamos! Aviem- Aviem dirigida para que lhes pudesse mostrar um de seus
se! Tomem as malas e encaminhem estes senhores! pacientes.”
Mexam-se! Mexam-se!... (Vozerio. Os hóspedes pedem (Guy de Maupassant)
quarto, banhos, etc.... Os criados respondem. Tomam as
malas, saem todos, uns pela escadaria, outros pela direita.)
direita II- Todas as noites o sono nos atira da beira de um cais
E ficamos repousando no fundo do mar.
Cena II O mar onde tudo recomeça...
"O GERENTE, depois, FIGUEIREDO Onde tudo se refaz...
Até que, um dia, nós criaremos asas.
O GERENTE (Só.) — Não há mãos a medir! Pudera! Se E andaremos no ar como se anda na terra.
nunca houve no Rio de Janeiro um Hotel assim! Serviço (Mário Quintana)
elétrico de primeira ordem! Cozinha esplêndida, música de
câmara durante as refeições da mesa redonda! Um relógio
reló III- Oh! Que famintos beijos na floresta!
pneumático em cada aposento! Banhos frios e quentes, E que mimoso choro que soava!
duchas, sala de natação, ginástica e massagem! Grande Que afagos tão suaves, que ira honesta,
salão com um plafond pintado pelos nossos primeiros Que em risinhos alegres se tornava!
artistas! Enfim, uma verdadeira novidade! — Antes de nos O que mais passam na manhã e na sesta,
estabelecermos
tabelecermos aqui, era uma vergonha! Havia hotéis em Que Vênus com prazeres inflamava,
São Paulo superiores aos melhores do Rio de Janeiro! Mas Melhor é experimentá-lolo que julgá-lo;
julgá
em boa hora foi organizada a Companhia do Grande Hotel Mas julgue-oo quem não pode experimentá-lo.
experimentá
da Capital Federal, que dotou esta cidade com um (Luiz de Camões)
melhoramento tão reclamado! E o caso é que a empresa
está dando ótimos dividendos e as ações andam por IV- Velha: E o lavrar,, Isabel?
empenhos! (Figueiredo aparece no topo da escada e Isabel: Faz a moça mui mal feita,
começa a descer.) Ali vem o Figueiredo. Aquele é o corcovada, contrafeita,
verdadeiro tipo do carioca: nunca está satisfeito. Aposto de feição de meio anel;
anel
que vem fazer alguma reclamação." e faz muito mau carão,
e mau costume d’olhar.
AZEVEDO, Arthur. A Capital Federal . Rio de Janeiro: Velha: Hui! Pois jeita-te
te ao fiar
Serviço Nacional de Teatro, 1972. Estopa ou linho ou algodão;
Ou tecer, se vem à mão.
2. (Uerj) A Capital Federal,, peça escrita por Arthur Isabel: Isso é pior que lavrar.
Azevedo e encenada com sucesso até hoje, retrata o Rio de (Mário Quintana)
Janeiro no fim do século XIX.
a) Narrativo – Épico – Lírico – Dramático.
a) O texto demonstra comoo já circulavam amplamente no b) Dramático – Lírico – Épico – Narrativo
Rio de Janeiro comparações com modelos estrangeiros de c) Narrativo – Lírico – Épico – Dramático
modernidade. Transcreva dois versos que confirmem esta d) Dramático – Épico – Narrativo – Lírico
afirmativa. e) Épico – Dramático – Narrativo – Lírico
b) Transcreva do texto duas frases completas em que o
progresso técnico e o conforto são apresentados como
c FIGURAS DE LINGUAGEM
qualidades simultâneas do Grande Hotel.
As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para
3. (Uerj) O texto I faz parte de uma peça de teatro, forma valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É
de expressão que se destacou na captação das imagens de um recurso lingüístico para expressar experiências comuns
um Rio de Janeiro que se modernizava no início do século de formas diferentes, conferindo originalidade, emotividade
XX. ou poeticidade ao discurso.
Aponte o gênero de composição em que se enquadra esse
texto e um aspecto característico desse gênero. As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as
produz, traduzindo particularidades estilísticas do autor. A

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palavra empregada em sentido figurado, não-


não denotativo, presidem às relações de dependência ou interdependência e
passa a pertencer a outro campo de significação, mais de ordem das palavras na frase. Ensina-nos,
Ensina entretanto, que
amplo e criativo. aqueles aspectos lógicos e gerais não são exclusivos;
ocasionalmente, outros fatores podem influir e, em função
Diz respeito às formas conotativas das palavras. Recria, deles, a concordância, a regência
egência ou a colocação (planos
altera e enfatiza o significado institucionalizado delas. em que se faz o estudo da estrutura da frase) apresentam-se,
apresentam
às vezes, alteradas. Tais alterações denominam-se
denominam figuras
A divisão das figuras de linguagem (em figuras de de construção também chamadas de figuras sintáticas
palavras,
ras, figuras de pensamentos, figuras de construção e
figuras sonoras) segue um critério didático e por isso pode Elipse
haver classificações diferentes se procurado em vários
autores. A expressão Figuras de Estilo foi criada para uni-
uni Omissão de um termo ou expressão facilmente
las num todo, sem divisão alguma. subentendida. Casos mais comuns:

I. Figuras sonoras Ex: "No mar, tanta tormenta e tanto dano."

Aliteração Zeugma

Repetição de sons consonantais (consoantes). Omissão de um termo que já apareceu antes. Utilizada,
sobretudo, nas orações comparativas.
Cruz e Souza é o melhor exemplo deste recurso. Uma das
características marcantes do Simbolismo, assim como a Ex: "O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O
sinestesia. meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano." (Chico
Buarque)
Ex: "(...) Vozes veladas, veludosas vozes, / Volúpias dos
violões, vozes veladas / Vagam nos velhos vórtices velozes Hipérbato
/ Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas." (fragmento de
Violões que choram. Cruz e Souza) Alteração ou inversão da ordem direta dos termos na
oração, ou das orações no período. São determinadas por
Assonância ênfase e podem até gerar
rar anacolutos.

Repetição dos mesmos sons vocálicos. Ex: Morreu o presidente.

Ex: - "Sou um mulato nato no sentido lato mulato Pleonasmo


democrático do litoral." (Caetano Veloso)
- "O que o vago e incóngnito desejo de ser eu mesmo de Repetição de um termo já expresso, com objetivo de
meu ser me deu." (Fernando Pessoa) enfatizar a idéia.

Paranomásia Ex: Vi com meus próprios olhos.


Ao pobre não lhe devo.
É o emprego de palavras parônimas (sons parecidos).
Assíndeto
Ex: "Com tais premissas ele sem dúvida leva-nos
leva às
primícias" (Padre Antonio Vieira) Ausência de conectivos de ligação, assim atribui
atribu maior
rapidez ao texto. Ocorre muito nas orações coordenadas.
Onomatopéia
Ex: "Não sopra o vento; não gemem as vagas; não
Criação de uma palavra para imitar um som murmuram os rios."

Ex: "Havia uma velhinha / Que andava aborrecida / Pois Polissíndeto


dava a sua vida / Para falar com alguém. / E estava sempre
em
m casa / A boa velhinha, / Resmungando sozinha: / Nhem- Repetição de conectivos na ligação entre elementos da
nhem-nhem-nhem-nhem..." ..." (Cecília Meireles) frase ou do período.

II. Figuras de sintaxe Ex: O menino resmunga, e chora, e esperneia, e grita, e


maltrata.
A gramática normativa, partindo de aspectos lógicos e "E sob as ondas ritmadas / e sob as nuvens e os
gerais observados na língua culta, aponta princípios que ventos / e sob as pontes e sob o sarcasmo / e sob a

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gosma e o vômito (...)" (Carlos Drummond de Catacrese


Andrade)
Uso impróprio de uma palavra ou expressão, por
Anacoluto esquecimento ou na ausência de termo específico.

Termo solto na frase, quebrando a estruturação lógica. se um deles a enterrar o dedo no tornozelo
Ex.: "Distrai-se
Normalmente, inicia-se se uma determinada construção inchado."
sintática e depois se opta por outra.
Metonímia
Ex: Minha vida, tudo não passa de alguns anos sem
importância. Substituição de um nome por outro em virtude de haver
entre eles associação de significado.
Anáfora
Ex: Ler Jorge Amado (autor pela obra - livro)
Repetição de uma mesma palavra no início
io de versos ou Ir ao barbeiro (o possuidor pelo possuído, ou vice-
vice
frases. versa - barbearia)
Bebi dois copos dee leite (continente pelo conteúdo -
Ex: "Olha a voz que me resta / Olha a veia que salta / Olha leite)
a gota que falta / Pro desfecho que falta / Por favor." Completou dez primaveras (parte pelo todo - anos)
(Chico Buarque)
Antonomásia, perífrase
Silepse
Substituição de um nome de pessoa ou lugar por outro ou
É a concordância com a idéia, e não com a palavra escrita. por uma expressão que facilmente o identifique. Fusão
Existem três tipos: entre nome e seu aposto.

a) de gênero:
ro: São Paulo continua poluída (= a cidade Ex: O mestre = Jesus Cristo, A cidade luz = Paris, O rei
de São Paulo). das selvas = o leão
b) de número: O casal não veio, estavam ocupados.
c) de pessoa: Os brasileiros somos otimistas. Sinestesia

Antecipação Interpenetração sensorial, fundindo-se


fundindo dois sentidos ou
mais (olfato, visão, audição, gustação e tato).
Antecipação de termo ou expressão, como recurso enfático.
Pode gerar anacoluto. Ex.: "Mais claro e fino do que as finas pratas / O som da
tua voz deliciava ... / Na dolência velada das sonatas /
Ex.: Joana creio que veio aqui hoje. Como um perfume a tudo perfumava. / Era um som feito
O tempo parece que vai piorar. luz, eram volatas / Em lânguida espiral que iluminava /
Brancas sonoridades de cascatas ... / Tanta harmonia
III. Figuras de palavras melancolizava." (Cruz e Souza)

Comparação Anadiplose

Consiste em aproximar dois seres pela sua semelhança, de É a repetição de palavra ou expressão de fim de um
modo que as características de uma sejam atribuídas a membro de frase no começo de outro membro de frase.
outro; usando conectivos.
Ex: "Todo pranto é um comentário. Um comentário que
Ex.: Lívia é linda como sua mãe. amargamente condena os motivos dados."
"Pede-se
se aos senhores a aplicação da justiça. Justiça
Metáfora que outra coisa não é senão a razão do Direito."

Emprego de palavras fora do seu sentido normal, por IV. Figuras de pensamento
analogia. É um tipo de comparação implícita, sem termo
comparativo. Antítese

Ex: A Amazônia é o pulmão do mundo. Aproximação de termos ouu frases que se opõem pelo
"Veja bem, nosso caso / É uma porta entreaberta." sentido.
(Luís Gonzaga Junior)

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Ex: "Onde queres prazer sou o que dói, Nos exercícios de número 1 a 21, faça a associação de
E onde queres tortura, mansidão acordo com o seguinte código:
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido sou herói.” (Caetano Veloso) a) elipse g) anacoluto
Eu sou velho, você é moço. b) zeugma h) silepse de gênero
c) pleonasmo i) silepse de número
Paradoxo d) polissíndeto j) silepse de pessoa
e) assíndeto l) anáfora
Ocorre na exposição contraditória de idéias É uma verdade f) hipérbato
enunciada com aparência de mentira.
1. ( ) “Dizem que os cariocas somos pouco
Ex: “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa) dados aos jardins públicos.”(Machado de
"Eu sou um velho moço." Assis)
“Amor é fogo que arde sem se ver; 2. ( ) “Aquela mina de ouro, ele não ia
É ferida que dói e não se sente; deixar que outras espertas botassem as mãos.”
É um contentamento descontente; (José Lins do Rego)
É dor que desatina sem doer” (Camões) 3. ( ) “Este prefácio,
prefácio apesar de interessante,
inútil.” (Mário Andrade)
Eufemismo 4. ( ) “Era véspera de Natal, as horas
passavam, ele devia de querer estar ao lado de
Consiste em "suavizar"
izar" alguma idéia desagradável. lá-Dijina,
Dijina, em sua casa deles dois, da outra
banda, na Lapa-Laje.”
Laje.” (Guimarães Rosa)
Ex: Ele enriqueceu por meios ilícitos. (roubou), 5. ( ) “Em volta: leões deitados, pombas
Você não foi feliz nos exames. (foi reprovado) voando, ramalhetes de flores com laços de
fitas, o Zé-Povinho
Povinho de chapéu erguido.”
Hipérbole (Aníbal Machado)
6. ( ) “Sob os tetos abatidos e entre os
Exagero de uma idéia com finalidade expressiva.
expressiva esteios fumegantes, deslizavam melhor, a
salvo, ou tinham mais invioláveis esconderijos,
Ex: Estou morrendo de sede. os sertanejos emboscados. “ (Euclides da
Ela é louca pelos filhos. Cunha)
7. ( ) V. Exa. está cansado?
Ironia 8. ( ) “Caça, ninguém não pegava... (Mário
Utilização de termo com sentido oposto ao original, de Andrade)
obtendo-se, assim, valor irônico. 9. ( ) “Mas, me escute, a gente vamos chegar
lá.”(Guimarães Rosa)
Ex: O ministro foi sutil como uma jamanta. 10. ( ) “Grande parte, porém, dos membros
daquela
quela assembléia estavam longe destas
Gradação idéias.”(Alexandre Herculano)
11. ( ) “E brinquei, e dancei e fui Vestido de
rei....”(Chico Buarque)
Apresentação de idéias em progressão ascendente (clímax) 12. ( ) “Wilfredo foge. O horror vai com ele,
ou descendente (anticlímax). inclemente. Foge, corre, e vacila, e tropeça e
resvala, E levanta-se,
levanta e foge
Ex: "Nada fazes, nada tramas, nada pensas que eu não alucinadamente....”(Olavo Bilac)
saiba, que eu não veja, que eu não conheça perfeitamente." 13. ( ) “Agachou-se,
“Agachou atiçou o fogo, apanhou
uma brasa com a colher, acendeu o cachimbo,
Prosopopéia, personificação, animismo pôs-sese a chupar o canudo do taquari cheio de
sarro.” (Graciliano Ramos)
É a atribuição de qualidades e sentimentos humanos a seres 14. ( ) “Tão bom se ela estivesse viva me ver
irracionais e inanimados. assim.” (Antônioo Olavo Pereira)
15. ( ) “Coisa curiosa é gente velha. Como
Ex: "A lua, (...) Pedia a cada estrela fria / Um brilho de comem!” (Aníbal Machado)
aluguel ..." (Jõao Bosco / Aldir Blanc) 16. ( ) “Sonhei que estava sonhando um
sonho sonhado.”(Martinho da Vila)
Exercícios 17. ( ) “Rubião fez um gesto. Palha outro;
mas quão diferentes.”( Machado de Assis)

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18. ( ) “Estava certo


rto de que nunca jamais 30. ( ) “Por uma única janela envidraçada,
ninguém saberia do meu crime.” (Aurélio entravam claridades cinzentas e surdas, sem
Buarque de Holanda) sombras.” (Clarice Lispector)
19. ( ) “Fulgem as velhas almas namoradas....
/ - Almas tristes, severas, resignadas, / De Relacione as figuras de som:
guerreiros, de santos, de poetas. “ (Camilo
Pessanha) a) aliteração
20. ( ) “Muita gente anda no mundo sem b) assonância
saber pra quê: vivem porque vêem os outros c) paranomásia
viverem.” (J. Simões Lopes Neto) d) onomatopéia
21. ( ) “Tende piedade de mulher no instante
do parto. / Onde ela é como a água explodindo 31. ( ) “Leis perfeitos seus peitos direitos / me
em convulsão/ Onde ela é como a terra olham assim /
vomitando cólera / Onde ela é como a lua fino menino me inclino /
parindo desilusão.” pro lado do sim / rapte-me adapte-me
(Vinícius de Morais) capte-me
me coração.”
(Caetano Veloso)
Nos exercícios de números 22 a 27, faça a 32. ( ) “Plunct, plact, zum, você não vai a
associação de acordo com o seguinte código: lugar nenhum.” (Raul Seixas)
33. ( ) “Toda gente homenageia Januária na
a) paradoxo b)eufemismo janela.” (Chico Buarque)
c) hipérbole d) antítese 34. ( ) “Há um pinheiro estático e extático.”
e) gradação (Rubem Braga)
você é duro, José!” (Drummond)
22. ( ) “Nasce o sol, e não dura mais que um 35. ( ) Rua
dia. / Depois de luz, se segue a noite escura, / torta,
Em tristes sombras morre a formosura/ Em Lua
contínuas tristezas, a alegria.” morta.
(Gregório de Matos) Tua
23. ( ) “Se eu pudesse contar as lágrimas que porta.”
chorei na véspera
era e na manhã, somaria mais (Cassiano Ricardo)
que todas as vertidas desde Adão e Eva”
(Machado de Assis) 36. ( ) “Do amor morto motor da saudade
24. ( ) “Todo sorriso é feito de mil prantos, (...)
/toda vida se tece de mil mortes.”( Carlos de Divindade do duro totem futuro total”
Laet) (Caetano Veloso)
25. ( ) “Eu era pobre. Era subalterno. Era
nada.” (Monteiro Lobato) BARROCO
26. ( ) “Residem juntamente no teu peito /
Um demônio que ruge e um deus que chora.” Contexto histórico:
(Olavo Bilac)
27. ( ) “Moça linda, bem tratada, três séculos • Reformas protestantes;
de família, burra como uma porta: um amor.” • Contra-Reforma;
Reforma;
(Mário de Andrade) • Inquisição;
• Ação jesuítica.
Relacione as figuras de palavras:
Principais características:
a) sinestesia • Vocabulário selecionado;
b) metáfora • gosto pelas inversões sintáticas;
c) comparação • figuração excessiva, com ênfase em certas
figuras de linguagem, como a metáfora, a antítese,
28. ( ) “Deixe em paz meu coração
a hipérbole;
Que ele é um pote até aqui de mágoa.”
• gosto por construções complexas e raras;
(Chico Buarque)
• conflito espiritual;
29. ( ) “... como um lustro de seda dentro de
um confuso montão de trapos de chita.” • consciência da efemeridade do tempo;
(Raquel de Queirós) • carpe diem;
• morbidez;

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• gosto por raciocínios complexos. b) O soneto de Gregório de Matos emprega níveis de


contrastantes. Transcreva uma expreessão da segunda
Principais autores: estrofe e outra da primeira que comprevem essa afirmativa.
2. No mundo barroco predominam os contrastes.
• Gregório de Matos; Partindo das ideias no 1º e nos dois últimos versos do
• Padre Antônio Vieira. soneto de Gregório de Matos, explique a oposição básica
que confere ao texto a feição satírica.
Exercícios 3. a) Os textos anteriores são representantes de qual
gênero literário? Justifique sua resposta com um fragmento
Texto I do texto I e um do texto II.
b) Metalinguagem é a linguagem que fala da própria
Enquanto quis Fortuna que tivesse linguagem. Ela está presente também em textos que tratam
Luis Vaz de Camões de outros textos, como é o caso de análises literárias,
interpretações e críticas diversas.
divers Pode-se afirmar que o
Enquanto quis Fortuna que tivesse texto IV, "AA certa personagem desvanecida",
desvanecida de Gregório
esperança de algum contentamento, de Matos, é um texto em que predomina a metalinguagem?
o gosto de um suave pensamento Por quê?
me fez que seus efeitos escrevesse.
4. (FATEC) “...milhões de palavras ditas com esforço
Porém, temendo Amor que aviso desse de pensamento.”
minha escritura a algum juízo isento, Essa passagem do texto faz referência a um traço da
escureceu-me o engenho co tormento, linguagem barroca presente na obra de Vieira; trata-se
trata do
pera que seus enganos não dissesse. a) gongorismo, caracterizado pelo jogo das
idéias.
Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos b) cultismo, caracterizado pela exploração da
a diversas vontades! Quando lerdes sonoridade das palavras.
num breve livro casos tão diversos, c) cultismo, caracterizado pelo conflito entre
fé e razão.
Verdade puras são e não defeitos; d) conceptismo, caracterizado pelo
e sabei que, segundo o amor tiverdes, vocabulário preciosista e pela exploração de
tereis o entendimento de meus versos. aliterações.
e) conceptismo, caracterizado pela exploração
Texto II das relações lógicas, da argumentação.
A certa personagem desvanecida
Gregório de Matos Guerra ARCADISMO

Um soneto começo em vosso gabo: No século XVIII, as formas artísticas do barroco já se


Cantemos esta regra por primeira, encontram desgastadas e decadentes. O fortalecimento
Já lá vão duas, e esta é a terceira, político da burguesia e o aparecimento dos filósofos
Já este quartetinho está no cabo. iluministas formam um novo quadro sociopolítico-cultural,
sociopolítico
que necessita de outras fórmulas de expressão. Combate-se
Combate
Na quinta torce agora a porca o rabo; a mentalidade relig iosa criada pela Contra-Reforma,
Contra nega-
A sexta vá também desta maneira: se a educação jesuítica praticada nas escolas, valoriza-se
valoriza o
Na sétima entro já com grã canseira, estudo científico e as atividades humanas, num verdadeiro
E saio dos quartetos muito brabo. retorno à cultura renascentista. É a literatura que surge para
combater a arte barroca e sua mentalidade religiosa e
Agora nos tercetos que direi? contraditória; a que objeta restaurar o equilíbrio por meio
Direi que vós, Senhor, a mim me honrais da razão.
Gabando-vos a vós, e eu fico um rei.
Os italianos criam a Arcádia em 1690, procurando imitar a
Nesta vida um soneto já ditei; Arcádia, lendária região da Grécia antiga, habitada por
Se desta agora escapo, nunca mais pastores que, vivendo de modo simples e espontâneo, se
Louvado seja Deus, que o acabei. divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e celebrando
o amor e o prazer.
1. (UFRJ)
a) Qual a função da linguagem que, ao lado da função Características da linguagem árcade:
poética, sobressai no texto II?

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1. Quanto ao conteúdo: Que chega a ter mais preço, e mais valia,


Que da cidadee o lisonjeiro encanto;
• Fugere urbem (fuga da cidade)
• Aurea mediocritas ( vida medíocre Aqui descanse a louca fantasia;
materialmente mas rica em realizações espirituais) Eo que até agora se tornava em pranto,
• Idéias iluministas Se converta em afetos de alegria.
• Convencionalismo amoroso
• Carpe diem 1. Faça uma oposição entre os dois espaços
• Pastora lismo presentes no poema, apontando em que diferem:
• Bucolismo a) Quanto ao aspecto material;
b) Quanto ao aspecto espiritual, na visão do
• Idealização amorosa
eu lírico.
• Elementos da cultura greco-latina
greco
2. Com base no poema, compare a linguagem
árcade à linguagem barroca e aponte as diferenças
difer
2. Quanto à forma:
quanto:
• Vocabulário simples; a) Ao vocabulário, às estruturas sintáticas, às
• Frases na ordem direta; figuras de linguagem, etc;
• Ausência quase total de figuras de b) À exposição de sentimentos;
linguagem; c) Ao tema;
• Manutenção do verso decassílabo, do d) À visão de mundo.
soneto e de outras
ras formas clássicas.
3. (UFRRJ)
O Arcadismo no Brasil Lira XI

O Arcadismo no Brasil tem seu surgimento "Não toques, minha musa, não, não toques
marcado por dois aspectos centrais. De um lado, o Na sonorosa lira,
dualismo dos escritores brasileiros do século XVIII, que, ao Que às almas, como a minha, namoradas
namorada
mesmo tempo, seguiam os modelos culturais europeus e se Doces canções inspira:
interessavam
nteressavam pela natureza e pelos problemas específicos Assopra no clarim que apenas soa,
da colônia brasileira; de outro a influência das idéias Enche de assombro a terra!
iluministas sobre nossos escritores e intelectuais, que Naquele, a cujo som cantou Homero,
acarretou o movimento da Inconfidência Mineira e sua Cantou Virgílio a guerra."
trágicas implicações: prisão, exílio,
io, enforcamento, morte. Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu.
Dirceu
O Arcadismo no Brasil iniciou-se se oficialmente com Rio de Janeiro: Anuário do Brasil, s/d. p. 30.
a publicação das Obras poéticas, de Cláudio Manuel da
Costa. Marília de Dirceu apresenta um dos principais traços do
Dentre os autores árcades destacam-se: Arcadismo.A opção que aponta essa característica temática,
• Na lírica: Cláudio Manuel da Costa, Tomás presente no texto, é
Antônio Gonzaga e Silva Alvarenga; a) O bucolismo.
• Na épica: Basílio da Gama, Santa Rita b) A presença de valores ou elementos clássicos.
Durão e Cláudio Manuel da Costa; c) O pessimismo e negatividade.
• Na sátira: Tomás Antônio Gonzaga. d) A fixação do momento
ento presente.
e) A descrição sensual da mulher amada.
Exercícios
4. (Ufscar-SP)
LXII
"Onde estou? Este sítio desconheço:
Torno a ver-vos, ó montes; ó destino Quem fez diferente aquele prado?
Aqui me torna a pôr nestes oiteiros; Tudo outra natureza tem tomado;
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros E em contemplá-lo
lo tímido esmoreço.
Pelo traje da Corte rico, e fino.
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
Aqui estou entre Almendro, entre Corino, De estar a ela um dia reclinado.
Os meus fiéis, os meus doces companheiros, Ali em vale um monte está mudado:
Vendo correr os míseros vaqueiros Quanto pode dos anos o progresso!
Atrás de seu cansado desatino. Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera:
Se o bem desta choupana pode tanto, Nem troncos vejo agora decadentes.

Literatura 8
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necessidade de uma arte sintonizada com aquele contexto


Eu me engano: a região esta não era social e com a sensibilidade do novo público que se
Mas que venho a estranhar, se estão presentes formava. Essa arte é o Romantismo e caberia ao mesmo a
Meus males, com que tudo degenera!" tarefa de criar uma linguagem nova, identificada com os
Cláudio Manuel da Costa. Sonetos (VlI). padrões mais simpless de vida da classe média e da
In: Péricles Eugênio da Silva Ramos (Intr., sel. e notas). burguesia.
Poesia do outro - Antologia. São Paulo: Melhoramentos, Assim, a arte romântica põe fim à uma tradição clássica de
1964, p. 47. três séculos e dá início a uma nova etapa na literatura,
voltada aos assuntos contemporâneos – efervescência
O estilo neoclássico,
co, fundamento do Arcadismo social e política, esperança e paixão, luta e revolução – e ao
brasileiro, de que fez parte Cláudio Manuel da cotidiano do homem burguês do século XIX.
Costa, caracteriza-se
se pela utilização das formas
clássicas convencionais, pelo enquadramento Características da linguagem romântica
temático em paisagem bucólica pintada como lugar
aprazível, pela delegação da fala poética
poéti a um 1) Quanto ao conteúdo
pastor culto e artista, pelo gosto das circunstâncias • Subjetivismo: trata de assuntos de uma
comuns, pelo vocabulário de fácil entendimento e forma pessoal (de acordo com o modo como se vê
por vários outros elementos que buscam adequar a o mundo; faz um recorte subjetivo porque retrata a
sensibilidade, a razão, a natureza e a beleza. realidade de forma idealizada e parcial.
• Idealização: essa extrema valorização da
Dadas estas informações: subjetividade leva muitas vezes à deformação.
• Sentimentalismo: relação entre o artista e o
a) Indique qual a forma convencional clássica mundo é sempre mediada pela emoção.
em que se enquadra o poema. • Egocentrismo: maior parte dos românticos
b) Transcreva a estrofe do poema em que a volta-se
se predominantemente para o próprio eu,
expressão da natureza aprazível, situada no numa postura tipicamente narcisista.
passado, domina sobre a expressão do • Medievalismo: na Europa, busca do mundo
sentimento da personagem poemática. medieval e de seus valores; no Brasil, o índio
cumpre esse papel.
5. MG) Todos os fragmentos
(UFV-MG) fragment abaixo • Indianismo: o interesse pelo índio e sua
representam, pela linguagem ou pela temática, o idealização estão relacionados
relacionado com o projeto
movimento árcade brasileiro, EXCETO: nacionalista do Romantismo.
• Religiosidade: mais comum entre os
a) “A mesma formosura/é dote que só goza a primeiros românticos, a vida espiritual é enfocada
mocidade:/rugam-se se as faces, o cabelo alveja/mal
como ponto de apoio ou válvula de escape diante
chega a longa idade.”
das frustrações do mundo real.
b) “Pastores que levais ao monte o gado,/Vede
gado,/Ved lá
• Byronismo: foi amplamente cultivado entre
como andais por essa serra,/Que para dar contágio
os românticos
mânticos brasileiros da segunda geração (entre
a toda a terra,/Basta ver-se
se o meu rosto magoado.”
os anos 50 e 60 do século XIX). Traduz-se
Traduz num
c) “Passam, prezado amigo, de quinhentos/Os
estilo de vida boêmio, voltado para o vício e de
presos que se ajuntam na cadeia./Uns dormem
uma forma particular de ver o mundo.
encolhidos sobre a terra,/Mal cobertos dos trapos,
• Condoreirismo: ganhou repercussão entre
que molharam/de
am/de dia, no trabalho.”
d) “Que havemos de esperar, Marília bela?/que vão os poetas da terceira geração (anos 70
7 do século
XIX). Defende a justiça social e a liberdade.
passando os florescentes dias?/as glórias que vêm
tarde, já vêm frias,/e pode enfim mudar-se
mudar a nossa • Fusão do grotesco e do sublime: apesar de
estrela.” sua tendência idealizante, o Romantismo procura
e) “Oh! Que saudades que eu tenho/Da aurora da captar o homem em sua plenitude, enfocando
minha vida,/Da minha infância querida/Que os também o lado feio e obscuro de cada ser humano.
anos não trazem mais!”
2) Quanto à forma
ROMANTISMO • Maior liberdade formal
• Comparações, metáforas e adjetivações
O gosto pela cultura clássica que se inicia no século XVI, constantes
com o Renascimento, perdura até o século XVIII. Com o • Gosto por métricas populares
tempo ele foi se restringindo ao público aristocrático, • Irregularidades estróficas
formado pela nobreza e pelo alto clero. Com a ascensão da • Vocabulário e sintaxe mais simples
burguesia ao poder na França, em 1789, surge a

Literatura 9
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Tanto na Europa quanto no Brasil, o romance surgiu sob a


O Romantismo no Brasil forma de folhetim, publicação diária, em jornais, de
capítulos de determinada obra literária.
O Romantismo, além de seu significado primeiro – o de ser
uma reação à tradição clássica –,, assumiu em nossa O romance, muito mais do que a poesia, assumiu o papel
literatura a conotação de movimento anticolonialista e de principal instrumento de construção da cultura
cultur
antilusitano. Teve ampla aceitação entre os leitores de brasileira. Assim, procurando “re-descobrir”
“re o país, o
literatura no Brasil. Isso se deve principalmente a dois romance brasileiro está radicalmente ligado ao
fatores: a identificação imediata do público
ico com a poesia reconhecimento dos espaços nacionais, identificados como
romântica e o aparecimento de um gênero literário novo em a selva, o campo e a cidade, que deram origem,
nosso país: o romance. respectivamente, ao romance indianista e histórico
históri (a
vida primitiva), o romance regional (a vida rural) e o
Tradicionalmente são apontadas três gerações de escritores romance urbano (a vida citadina).
românticos. Essa divisão, contudo, engloba principalmente
os autores de poesia. Os romancistas não se enquadram Características da prosa romântica
muito bem nessa divisão, uma vez que suas obras podem
apresentar traços característicos de mais de uma geração. • Flash-back narrativo:
• O amor como redenção
Poesia • Idealização do herói
• Idealização da mulher
1) Primeira geração: nacionalista, regionalista • Personagens planas
e religiosa. Principais poetas: Gonçalves Dias e • Linguagem metafórica
metafóric
Gonçalves de Magalhães. • Impasse amoroso, com final feliz ou
trágico
2) Segunda
gunda geração: arcada pelo mal-do-
mal
• Oposição aos valores sociais
século, apresenta egocentrismo exacerbado,
pessimismo, satanismo e atração pela morte.
1) Romance indianista: celebra tanto o estado
Principais poetas: Álvares de Azevedo, Casimiro
de pureza e inocência do índio quanta a formação
de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire.
mestiça da raça brasileira. Principal autor: José de
Alencar.
3) Terceira geração: desenvolve uma poesia
de cunho político e social. A maior expressão desse
2) Romance regional: proporciona ao país
grupo é Castro Alves.
uma visão de si mesmo (dos quatro cantos do
Brasil); buscou compreender e valorizar as
Prosa
diferenças étnicas, lingüísticas, sociais e culturais
que anda hoje marcam essas regiões do país.
As origens do romance
Principais autores: José de Alencar (região Sul),
Franklin
ranklin da Távora (Nordeste), Visconde de
Taunay (Centro-oeste).
oeste).
Em meados do século XVIII, o romance tomou o sentido
que tem hoje: o de texto em prosa, em meados do século
3) Romance urbano: trata as particularidades
XVIII, normalmente longo, que desenvolve vários
vá núcleos
da vida cotidiana da burguesia e, por isso,
narrativos, organizados em torno de um núcleo central; que
conquistou um enorme prestígio entre o público
narra fatos relacionados a personagens, numa seqüência de
dessa classe. Principais autores: Manuel Antônio
tempo relativamente ampla em determinado lugar ou
de Almeida,
da, José de Alencar e Joaquim Manuel de
lugares.
Macedo.
Esse tipo de romance está diretamente vinculado à
4) Prosa gótica: contrapondo-se
contrapondo aos valores
formação de um novo público consumidor, a burguesia.
racionalistas e materialistas da burguesia, certos
Apesar de ter marcado ideologicamente o Arcadismo, essa
escritores do Romantismo Cram uma literatura
nova classe social ainda carecia de uma arte capaz de
fantasiosa, identificada com o universo de
exprimir seu universo, tanto na forma quanto
quant no conteúdo.
satanismo. Principal autor:
autor Álvares de Azevedo.
O romance, por relatar acontecimentos da vida comum e
Exercícios
cotidiana, e por dar vazão ao gosto burguês pela fantasia e
pela aventura, veio a ser o mais legítimo veículo de
1. (Cesgranrio-RJ)
expressão artística dessa classe.
I. "Dei o nome de PRIMEIROS CANTOS às poesias que
agora publico, porque espero que não serão as últimas."
Literatura 10
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Responde anojado, 'mas és Marabá:


II. "Muitas delas não têm uniformidade nas estrofes, porque 'Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,
menosprezo regras de mera convenção; adotei todos os 'Uns olhos fulgentes,
ritmos da metrificação portuguesa, e usei deles como me 'Bem pretos, retintos, não cor d' anajá!'
pareceram quadrar melhor com o que eu pretendia É alvo meu rosto da alvura dos lírios,

exprimir." Da cor das areias batidas do mar;
As aves mais brancas, as conchas mais puras
III. "Não têm unidade de pensamento entre si, porque Não têm mais alvura, não têm mais brilhar.
foram compostas em épocas diversas – debaixo de céu Se ainda me escuta meus agros delírios:
diverso – e sob a influência de impressões momentâneas." — ' És alva de lírios',
(...) Sorrindo responde, 'mas és Marabá:
'Quero antes um rosto dee jambo corado,
IV. "Com a vida isolada que vivo, gosto de afastar os olhos 'Um rosto crestado
de sobre a nossa arena política para ler em minha alma, 'Do sol do deserto, não flor de cajá.'
reduzindo à linguagem harmoniosa e cadente o pensamento Meu colo de leve se encurva engraçado,
que me vem de improviso, e as idéias que em mim desperta Como hástea pendente do cáctus em flor;
a vista de uma paisagem ou do oceano – o aspecto enfim da Mimosa, indolente, resvalo no prado,
natureza. Casar assim o pensamento com o sentimento – o Como um soluçado suspiro de d amor!
coração com o entendimento – a idéia com a paixão – — 'Eu amo a estatura flexível, ligeira,
colorir tudo isto com a imaginação, fundir tudo isto com a Qual duma palmeira',
vida
ida e com a natureza, purificar tudo com o sentimento da Então me respondem; 'tu és Marabá:
religião e da divindade, eis a Poesia – a Poesia grande e Quero antes o colo da ema orgulhosa,
santa – a Poesia como eu a compreendo sem a poder Que pisa vaidosa,
definir, como eu a sinto sem a poder traduzir." Que as flóreas campinas governa, onde está.'
Gonçalves Dias. Prólogo aos primeiros cantos
cant Meus loiros cabelos em ondas se anelam,
. O oiroo mais puro não tem seu fulgor;
Gonçalves Dias, em seu Prólogo aos primeiros cantos,
cantos As brisas nos bosques de os ver se enamoram,
expõe sua concepção de Poesia, que reflete as De os ver tão formosos como um beija-flor!
beija
características da estética romântica. Assinale o que Mas eles respondem : — Teus longos cabelos,
contraria as idéias contidas nos três primeiros parágrafos, 'São loiros, são belos,
em relação a Gonçalves Dias. Mas são anelados; tu és Marabá;
Quero antes cabelos bem lisos, corridos,
a) A poesia
oesia reflete os mais variados estados de espírito do Cabelos compridos,
poeta, sendo fruto da emoção momentânea. Não cor d'oiro fino, nem cor d'anajá.'
b) As suas poesias não apresentam apego à rigidez métrica, E as doces palavras que eu tinha cá dentro
apresentando ritmos variados. A quem nas direi?
c) Apesar de terem sido escritas em épocas diversas, O ramo d'acácia na fronte de um homem
constata-se
se a unidade de pensamento em suas poesias. Jamais cingirei:
d) Por serem fruto de criações sob influências locais Jamais um guerreiro da minha arazóia
distintas, suas poesias apresentam-se
se diferenciadas. Me desprenderá:
e) A força poética de seus versos realiza-se
se na perfeita Eu vivo sozinha,
zinha, chorando mesquinha,
harmonia entre forma e conteúdo. Que sou Marabá!"

2. (UNIRIO/RJ) Após leitura, análise e interpretação do


Marabá (Gonçalves Dias) poema Marabá, algumas afirmações como as seguintes
podem ser feitas, com exceção de uma.
uma Indique-a.
"Eu vivo sozinha; ninguém me procura!
Acaso feitura a) O poema se inicia com uma pergunta de ordem religiosa
reli
Não sou de Tupá? e termina com uma consideração de aspecto sensual.
Se algum dentre os homens de mim não se esconde b) O poema é um profundo lamento construído com base
— “Tu és”, me responde, na estrutura dialética, apresentando-se
apresentando argumentação e
“Tu és Marabá!” contra argumentação.
Meus olhos são garços, são cor das safiras, c) Ocorre interlocução registrada em discurso direto,
Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar; estrutura que enfatiza assim o desprezo preconceituoso
Imitam as nuvens de um céu anilado, dado à Marabá.
As cores imitam das vagas do mar! d) A ocorrência de figuras de linguagem e o emprego da
Se algum dos guerreiros não foge a meus passos: primeira pessoa marcam, respectivamente, as funções da
— 'Teus olhos são garços', linguagem poética e emotiva.

Literatura 11
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e) Marabá é poema representante da primeira fase que Debaixo dos laranjais!


cultua o aspecto físico da mulher. [...]”
In CANDIDO, A.; CASTELLO, J.A. Presença da
3. (UNIRIO/RJ) A unidade dramática vivenciada pelo eu-
eu literatura brasileira,
lírico no poema Marabá concentra-se em v. 2. São Paulo: Difel, 1979.

a) Tristeza e compreensão. Sobre o poema, não se pode afirmar que


b) Aflição e frustração.
c) Amargura e comedimento. a) Se trata de um dos poemas mais populares da Literatura
d) Indignação e passividade. Brasileira.
e) Decepção e aceitação. b) O poeta se vale do texto para manifestar a sua saudade
da infância.
4. (UFRN) O romance Inocência (1872), de Visconde de c) A linguagem não é erudita, pois se aproxima da
Taunay, é reconhecido pela crítica como uma das mais simplicidade da fala popular, o que é uma marca da poesia
populares narrativas da Literatura Brasileira. Nessa obra, o romântica.
leitor pode identificar valores do Romantismo regionalista d) A memória da infância do poeta está intimamente ligada
por meio da : à natureza brasileira.
e) O poeta é racional e contido ao mostrar a sua emoção no
a) Caracterização do modo de vida urbano como sendo poema.
perverso.
b) Assimilação dos costumes do homem branco pelo 7. (Fuvest-SP)
caboclo.
c) Reprodução do linguajar típico do interior brasileiro. "Teu romantismo bebo, ó minha lua,
d) Intervenção reflexiva do narrador protagonista. A teus raios divinos me abandono,
Torno-me
me vaporoso... e só de ver-te
ver
5. (PUC-Campinas-SP) Eu sinto os lábios meus se abrir de sono."
Álvares de Azevedo, "Luar de verão", Lira dos vinte anos.
"E fui... e fui... ergui-me no infinito, Nesse excerto, o eu-lírico
lírico parece aderir com intensidade
Lá onde o vôo d'águia não se eleva... aos temas de que fala, mas revela, de imediato, desinteresse
Abaixo – via a terra – abismo em treva! e tédio. Essa atitude do eu-lírico
lírico manifesta a:
Acima – o firmamento – abismo em luz!"
Os versos anteriores pertencem aos poemas "O vôo do a) ironia romântica.
gênio", do livro Espumas flutuantes.. Esses versos ilustram b) tendência romântica ao misticismo.
a seguinte característica da poética de Castro Alves: c) melancolia romântica.
a) Ênfase emocional, apoiada nos recursos retóricos das d)) aversão dos românticos à natureza.
antíteses, das hipérboles e do paralelismo rítmico-sintático.
rítmico e) fuga romântica para o sonho.
b) Intimismo lírico, marcado pela hesitação das reticências
reticênc
e pelo temor do enfrentamento das adversidades. REALISMO
c) Sacrifício do tom pessoal em nome de ideais históricos,
representados por símbolos épicos herdados do Realismo é a denominação genérica da reação aos ideais
Classicismo. românticos que caracterizou a segunda metada do século
d) Emprego de paradoxos, com a intenção de satirizar a XIX. De fato, as profundas transformações vividas pela
ambição de genialidade cultivada ada pelos ultra-românticos.
ultra sociedade européia exigiam uma nova postura diante da
e) Contraste entre as fortes marcas retóricas do discurso e o realidade; não havia mais espaço para as exageradas
sentimento da melancolia, que atenua o tom declamatório idealizações românticas.

6. (ITA/SP) O texto a seguir é a estrofe inicial do poema Contexto histórico:


Meus oito anos, de Casimiro de Abreu: • Mecanismo social;
• Industrialização;
“[...] • Revolução científica;
Oh! que saudades que tenho • Positivismo (Augusto Comte);
Da aurora da minha vida, • Evolucionismo (darwin);
Da minha infância querida • Determinismo
terminismo (Taine).
Que os anos não trazem mais! • No Brasil: as bases da vida rural vão aos poucos,
Que amor, que sonhos, que flores, cedendo lugar à atividade urbana com o aparecimento da
Naquelas tardes fagueiras classe operária assalariada. A imigração também é um fato
À sombra das bananeiras, relevante.

Literatura 12
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Principais características: e) As três informações são incorretas.

• Objetivismo; 3. Podemos verificar que o Realismo revela:


• Narrativa lenta;
• Descrição objetiva, precisa; I – senso do contemporâneo. Encara o presente do
• Casamento como arranjo conveniente; mesmo modo que romantismo se volta para o
• Mulher não idealizada, mostrada com passado ou para o futuro.
defeitos e qualidades; II – o retrato da vida pelo método da documentação,
• Amor e outros sentimentos subordinados em que a seleção e a síntese operam buscando
aos interesses sociais; um sentido para o encadeamento dos fatos.
• Crítica aos valores e às instituições III – técnica minuciosa, dando a impressão
imp de lentidão,
decadentes da sociedade burguesa; de marcha quieta e gradativa pelos meandros
dos conflitos, dos êxitos e dos fracassos.
• Introspecção psicológica.
Assinale:
a) se as afirmativas II e III forem corretas;
O primeiro romance realista da literatura universal é
b) se as três afirmativas forem corretas;
Madame Bovary, de Gustave Flaubert, publicado em 1857.
c) se apenas a afirmativa III for correta;
Já no Brasil, considera-se
se 1881 como o ano inaugural do
d) se as afirmativas I e II forem corretas;
Realismo, com a publicação de Memórias Póstumas de
e) se as três afirmativas forem incorretas.
Brás Cubas, de Machado de Assis (1839-1908).
1908).
4. Das características abaixo, assinale a que não pertence
Principais romances:
ao Realismo:
• Memórias Póstumas de Brás Cubas;
a) Preocupação critica.
• Quincas Borba (1891); b) Visão materialista da realidade.
• Dom Casmurro (1899); c) Ênfase nos problemas morais e sociais.
• Esaú e Jacó (1904); d) Valorização da Igreja.
• Memorial de Aires (1908). e) Determinismo na atuação das personagens.

Principais contos: 5. Assinale a única alternativa incorreta:

• O alienista; a) O Realismo não tem nenhuma ligação com o


• A Carteira; Romantismo.
• A Cartomante; b) A atenção ao detalhe é característica do Realismo.
• O espelho; c) Pode-se
se dizer que alguns autores românticos já
• Missa do galo. possuem certas características realistas.
d) O cientificismo do século XIX forneceu a base da
Exercícios visão do mundo adotada, de um modo geral,
pelo Naturalismo.
1. O realismo foi um movimento de: e) O Realismo apresenta análise social.

a) volta ao passado; 6. No texto a seguir, Machado de Assis faz uma crítica ao


b) exacerbação ultra-romântica; Romantismo: Certo não lhe falta imaginação; mas esta
c) maior preocupação com a objetividade; tem suas regras, o astro, leis, e se há casos em que eles
d) irracionalismo; rompem as leis e as regras é porque as fazem novas, é
e) moralismo. porque se chama Shakespeare, Dante, Goethe, Camões.

2. A respeito de Realismo, pode-se


se afirmar: Com base nesse texto, notamos que o autor:

I – Busca o perene humano no drama da existência . a) Preocupa-sese com princípios estéticos e acredita
II – Defende a documentação de fatos e a que a criação literária deve decorrer de uma
impessoalidade do autor perante a obra. elaborada produção dos autores.
III – Estética literária restritamente brasileira; seu b) Refuga o Romantismo, na medida em que os
criador é Machado de Assis. autores desse período reivindicaram uma estética
a) São corretas apenas II e III. oposta à clássica.
b) Apenas III é correta. c) Entende a arte como um conjunto de princípios
c) As três afirmações são corretas. estéticos consagrados, que não pode ser manipulado
d) São corretas I e III. por movimentos literários específicos.

Literatura 13
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d) Defende a idéia de que cada movimento literário pelo autor de “artísticos”). Ao primeiro grupo pertencem os
deve ter um programa estético rígido e inviolável. romances: “Uma Lágrima de Mulher”; “Memórias de Um
e) Entende que Naturalismo e o Parnasianismo Condenado”; “Mistérios da Tijuca”; “Filomena Borges”;
constituem soluções ideal para pôr termo à falta de “O Esqueleto”; e “A Mortalha de Alzira”. Ao segundo,
invenção dos românticos. pertencem os três maiores romances
romanc de Aluísio: “Casa de
Pensão”, “O Mulato” e “O Cortiço” (já citados). É
NATURALISMO importante citar que essa divisão não constitui fases, como
no caso de Machado de Assis, os romances românticos
O Realismo e o Naturalismo apresentam semelhanças eram alternados com os naturalistas.
(ambos voltados para a realidade) e diferenças entre si. O
Realismo retrata o homem interagindo com seu meio O cortiço representa uma conquista
conquis definitiva do nosso
social, enquanto o Naturalismo mostra o homem como romance, pois, pela primeira vez na literatura brasileira, um
produto de forças “naturais”; desenvolve temas voltados
v escritor dá vida e corpo a um agrupamento humano, uma
para a análise do comportamento patológico do homem, de habitação coletiva.
suas taras sexuais, de seu lado animalesco.
Os naturalistas acreditavam que o indivíduo é mero produto 1895)
2) Raul Pompéia (1863-1895)
da hereditariedade e seu comportamento é fruto do meio
em que vive e sobre o qual age. Estreou muito cedo na literatura, em 1860, com uma novela
romanesca, Uma tragédia no Amazonas. Dedicou-se ao
A perspectiva evolucionista de Charles Darwin inspirava os jornalismo, foi colaborador da Gazeta de Notícias,
naturalistas, esses acreditavam ser a seleção natural que publicando aí e em outros periódicos, a partir de 1881,
impulsionava a transformação das espécies. Assim, crônicas e contos, além da novela As jóias da coroa, uma
predomina nesse tipo de romance o instinto, o fisiológico e sátira agressiva feita à família imperial, sem valos literário.
o natural, retratando a agressividade,
sividade, a violência, o
erotismo como elementos que compõe a personalidade se na literatura brasileira por causa
Entretanto, notabilizou-se
humana. de um único livro, O ateneu,, publicado em 1888, no qual
assimilou e integrou todas as tendências literárias de seu
Os escritores naturalistas brasileiros, com raras exceções, tempo.
em vez de se dedicarem ao estudo de grupos humanos, que
refletiam melhor a problemática social do Brasil de então,
ent Exercícios
detiveram-sese mais em casos individuais de temperamento
patológico. No Brasil, a prosa naturalista foi influenciada 1. Leia atentamente:
por Eça de Queirós com as obras O crime do padre Amaro
e O primo Basílio,, publicadas na década de 1870. Aluísio I. "A segunda Revolução Industrial, o cientificismo, o
de Azevedo com a obra O mulato,, publicada em 1881, progresso tecnológico, o socialismo utópico, a filosofia
marcou o início do Naturalismo brasileiro, a obra O positivista de Augusto Comte, o evolucionismo formam o
cortiço,, de 1890, também de sua autoria, marcou essa contexto sócio-político-econômico
econômico-filosófico-científico em
tendência. Nesse mesmo ano, embora despercebido, que se desenvolveu a estética realista".
aparece também o livro de Rodolfo Teófilo, A fome. No
ano seguinte surge O missionário,, de Inglês de Souza; II. "O escritor realista acerca--se dos objetos e das pessoas
seguido de A normalista (1892) e O bom crioulo (1895), de de um modo pessoal, apoiando-se
apoiando na intuição e nos
Adolfo de Caminha. sentimentos".

Principais autores brasileiros: III. "Os maiores representantes da estética realista-


realista
naturalista no Brasil
il foram: Machado de Assis, Aluísio de
1) Aluísio de Azevedo (1857-1913) Azevedo e Raul Pompéia".

Com a publicação de O mulato,, o autor consagrou-se


consagrou como IV. "Podemos citar como características da estética realista:
escritor naturalista. A partir daí tentou viver o individualismo, a linguagem erudita e a visão fantasiosa
exclusivamente como escritor. Para isso, recorreu, como da sociedade".
outros, ao jornalismo, escreveu romances para publicação
em folhetins, sujeitou-se
se muitas vezes às exigências de um Verificamos que em relação ao Realismo-Naturalismo
Realismo
público heterogêneo, da pressa e da improvisação, está(estão) correta(s):
produzindo uma obra diversificada e de qualidade desigual.
a) Apenas a I e II.
De um lado, romances românticos (que o autor chamava de b) Apenas a I e III.
“comerciais”) seguindo perfeitamente a receita c) Apenas a II e IV.
folhetinesca; de outro, romances naturalistas (chamados
(cha

Literatura 14
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d) Apenas a II e III. marulhar das ondas; pigarreava-se


pigarreava grosso por toda a parte;
e) Apenas a III e IV. começavam as xícaras a tilintar; o cheiro do café aquecia,
suplantando todos os outros [...]"
2. Vários autores afirmam que a diferença entre Realismo e d) "Foi por esse tempo que eu me reconciliei outra vez com
Naturalismoo é muito sutil. Um dos trechos a seguir é o Cotrim, sem chegar a saber a causa do dissentimento.
claramente naturalista. Assinale a alternativa em que ele Reconciliação oportuna, porque a solidão pesava-me, e a
aparece. vida era para mim a pior das fadigas, que é a fadiga sem
trabalho."
a) "Desesperado, deixou o cravo, pegou do papel escrito e e) "E enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu
rasgou-o.
o. Nesse momento, a moça, embebida no olhar do rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria
marido, começou a cantarolar à toa, inconscientemente, monótono, tudo rindo, cansativo; mas uma boa distribuição
distribuiçã
uma cousa nunca antes cantada nem sabida..." de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer
b) "Enfim chegou a hora da encomendação e da d partida. à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se
faz o
Sancha quis despedir-sese do marido, e o desespero daquele equilíbrio da vida."
lance consternou a todos."
c) "Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas 3. Leia o texto:
de sono; ouviam-se se amplos bocejos, fortes como o
“Aristarco, sentado, de pé, cruzando terríveis passadas, científica, trancou
ou os ouvidos à saudade da mulher, e
imobilizando-sese a repentes inesperados, gesticulando como brandamente a repeliu. Fechada a porta da Casa Verde,
um tribuno de meetings, clamando como para um auditório entregou-se
se ao estudo e à cura de si mesmo. Dizem os
de dez mil pessoas, majestoso sempre, alçando os padrões cronistas que ele morreu dali a dezessete meses, no mesmo
admiráveis, como um leiloeiro, o, e as opulentas faturas, estado em que entrou, sem ter podido alcançar nada.
desenrolou, com a memória de uma última conferência, a Alguns
guns chegam ao ponto de conjeturar que nunca houve
narrativa dos seus serviços à causa santa da instrução.Trinta outro louco além dele em Itaguaí; mas esta opinião,
anos de tentativas e resultados, esclarecendo como um farol fundada em um boato que correu desde que o alienista
diversas gerações agora influentes no destino do País!
Paí E as expirou, não tem outra prova senão o boato; e boato
reformas futuras? Não bastava a abolição dos castigos duvidoso, pois é atribuído ao padre Lopes, que com
c tanto
corporais, o que já dava uma benemerência passável. Era fogo realçara as qualidades do grande homem. Seja como
preciso a introdução de métodos novos, supressão absoluta for, efetuou-se
se o enterro com muita pompa e rara
dos vexames de punição, modalidades aperfeiçoadas no solenidade."
sistema das recompensas, ajeitação
eitação dos trabalhos, de
maneira que seja a escola um paraíso; adoção de normas Assinale a proposição que NÃO condiz com o excerto
desconhecidas cuja eficácia ele pressentia, perspicaz como citado.
as águias. Ele havia de criar... um horror, a transformação
moral da sociedade!” Raul Pompéia. O Ateneu. a) A referência a um "boato duvidoso" lembra um traço
marcante da prosa
rosa de Machado de Assis e que se constitui
O trecho descreve a personagem Aristarco, diretor do num dos pontos centrais de toda a sua obra: a elipse. A
colégio Ateneu. Assinale a afirmação errônea:
errônea elipse, ao deixar “espaços de incerteza”, algo por dizer,
como lembra todo leitor do Dom Casmurro,
Casmurro possibilita ao
a) Expressões como “terríveis passadas”, “repentes escritor romper com o cientificismo dos naturalistas
na na
inesperados”, “majestoso” caracterizam o autoritarismo da própria estrutura do texto.
personagem. b) O fragmento citado demonstra a crítica e ironia de
b) Expressões como “leiloeiro” e “opulentas faturas” Machado de Assis contra aqueles que, a exemplo de
conotam o interesse comercial do diretor, preocupado com “Simão Bacamarte”, erigem verdades fechadas e absolutas
os lucros da escola. como modelos de ação e controle psíquico-social.
psíquico
c) A expressão “transformação moral da sociedade” c) O fragmento citado traz a linguagem direta e em muitos
confirma a séria preocupação com um projeto pedagógico e aspectos cotidiana da prosa de Machado de Assis, que
social, apesar de seu autoritarismo. participou ativamente dos ambientes de escrita de seu
d) Expressões como “abolição dos castigos corporais” e tempo, de revistas de moda a jornais, sem, contudo, abdicar
“supressão absoluta dos vexames da punição” conferem ao de uma profunda consciência da literatura
lit e do homem.
diretor certo caráter de liberalismo. d) O fragmento acima demonstra que, numa sociedade
e) Depreende-sese que expressões como “serviços à causa como a nossa, cheia de contradições e ainda pouco capaz
santa da instrução” e “esclarecendo
endo como um farol diversas de dar cidadania efetiva aos seus cidadãos, a atitude do
gerações” são irônicas, pois incompatibilizam com a intelectual, como “Simão Bacamarte” (e, por extensão, o
característica autoritária e interesseira do diretor. próprio Machado de Assis), só pode ser a de primeiro
resolver seus próprios problemas pessoais para só depois
4. Considere o fragmento final de O alienista:
alienista "Mas o pensar na sociedade como um todo. Demonstra que os
ilustre médico, com os olhos acesos da convicção intelectuais do Realismo chegaram à conclusão de que os

Literatura 15
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românticos, que se preocupavam sobretudo com o Diferentemente


nte do Realismo e do Naturalismo, que se
indivíduo, tinham razão. voltavam para o exame da realidade, o Parnasianismo
e) O fragmento final d'O alienista revela o tom “decadente” representou na poesia o retorno à orientação clássica, ao
e pessimista que está na maioria dos textos significativos princípio do belo na arte, à busca do equilíbrio e da
de Machado de Assis e que o situam como um dos perfeição formal. Os parnasianos acreditavam que o sentido
precursores do Simbolismo no Brasil. O decadentismo maior da arte reside nela mesma, em sua perfeição, e não
machadiano, a que diversos
iversos críticos literários chamaram no mundo exterior; desejavam restaurar a poesia clássica,
atenção, pode ser observado também nos fragmentos finais desprezada pelos românticos. Contudo a presença de
de Memórias póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro e elementos clássicos na poesia parnasiana não ia além de
Quincas Borba, e em contos como A causa secreta, algumas referências a personagens
onagens da mitologia e de um
Cantiga de esponsais e Pai contra mãe. enorme esforço de equilíbrio formal.
A origem da palavra Parnasianismo associa-se ao Parnaso
TEXTO PARA A QUESTÃO 5. grego, segundo a lenda, um monte da Fócida, na Grécia
central, consagrado a Apolo e às musas.
"Todavia, esses pequenos episódios da infância, tão
insignificantes na aparência, decretaram a direção que Características da linguagem parnasiana:
devia tomar o caráter de Amâncio. Desde logo habituou-se
habituou • busca da perfeição formal;
a fazer uma falsa idéia de seus semelhantes; julgou os • vocabulário culto;
homens por seu pai, seu professor e seus condiscípulos. (...) • gosto pelo soneto;
Amâncio emudecia e abaixava os olhos, mas logo que o • rimas raras, chaves de ouro;
perdiam de vista, ia escutar e espreitar pelas portas. • gosto pelas descrições;
Com semelhante esterco não podia desabrochar melhor no • objetivismo;
seu temperamento o leite, que lhe deu a mamar uma preta • racionalismo, contenção das emoções;
da casa.
• universalismo;
Diziam que era uma excelente escrava: tinha boas
• apego à tradição clássica;
maneiras; não respingava aos brancos, não era respondona:
aturava o maior castigo sem dizer uma palavra mais áspera, • Presença da mitologia;
sem fazer um gesto mais desabrido. Enquanto o chicote lhe • “arte pela arte”.
cantava nas costas, ela gemia apenas e deixava que as
lágrimas lhe corressem silenciosamente pelas faces. Principais autores:
Além disso – forte, rija para o trabalho. Poderia nesse
tempo valer bem um conto de réis. 1) Olavo Bilac (1865-1918)
Vasconcelos a comprara, todavia, muito em conta, “uma
verdadeira pechincha!”, porque o demônioônio da negra estava A primeira obra publicada de Olavo Bilac foi Poesias
então que não valia duas patacas; mas o senhor a metera em (1888). Nela, o poeta já demonstrava estar plenamente
casa, dera-lhe
lhe algumas garrafadas de laranja-da-terra,
laranja ea identificado com as propostas do Parnasianismo, como
preta em breve começou a deitar corpo e a endireitar, que comprova seu poema “Profissão d fé”. Mas a concepção
era aquilo que se podia ver! poética excessivamente formalista defendida por esse
O médico, porém, não ia muito em que a deixassem poema nem o próprio Bilac seguiu à risca. Vez ou outra,
amamentar o pequeno. pode-se
se depreender de seus textos certa valorização dos
– Esta mulher tem reuma no sangue, dizia ele – e o menino sentimentos que lembra o Romantismo.
pode vir a sofrer para o futuro.
Vasconcelos sacudiu os ombros e não quis outra ama. (...) Embora sua poesia nem sempre alcançasse
alcanças uma visão
profunda sobre o homem e sua condição, Bilac foi o mais
Logo, porém, que [Amâncio] deixou a cama, apareceram-
apareceram jovem e o mais bem-acabado
acabado poeta parnasiano brasileiro.
lhe dores reumáticas na caixa do peito e nas articulações de Seus poemas, principalmente os sonetos, apresentam uma
uma das pernas. Era o sangue de sua ama-dede-leite que perfeita elaboração formal.
principiava a rabear. Bem dizia outrora o médico a seu pai,
quando este a encarregou de amamentar o filho.” 2) Raimundo Correia (1860-1911)
1911)
Aluísio Azevedo, Casa de pensão.
É um dos poetass que, juntamente com Olavo Bilac e
5. O fragmento
ento transcrito revela, com bastante Alberto de Oliveira, forma a chamada “tríade parnasiana”.
objetividade, uma das características do movimento
literário no qual se inscreve Aluísio Azevedo. Identifique Sua poesia, dentro do movimento parnasiano, representa
esse movimento e explicite a característica ressaltada, um momento de descontração e investigação. Nela se
usando detalhes do texto. verificam pelo menos três fases:

PARNASIANISMO

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• a romântica: com influências


luências de Casimiro (II) "Música brasileira" é um exemplo de poema de forma
de Abreu e Fagundes Varela, representada por fixa.
Primeiros sonhos (1879); (III) Em "o fogo soberano/Do amor" (v. 1-2),
1 tem-se um
• a parnasiana:: representada pelas obras exemplo de metáfora.
Sinfonias (1883) e Versos e versões (1887) e (IV) O ritmo do verso 3 é binário, em uma alusão ao
marcada pelo pessimismo de Schopenhauer e por movimento dos quadris femininos.
reflexões de ordem moral e social; (V)A rima entre "cujos" (v. 9) e "marujos" (v. 11)
• a pré-simbolista:: nela, o pessimismo diante classifica-se como rica.
da condição humana busca refúgio na metafísica e
na religião, enquanto a linguagem apresenta ujma 2. As afirmações seguintes referem-se
referem ao Parnasianismo no
pesquisa em musicalidade e sinestesia. Brasil:

3) Alberto de Oliveira (1875-1937) I. Para bem definir como entendia o trabalho de um poeta,
Olavo Bilac comparou-oo ao de um joalheiro, ou seja:
Foi o poeta que melhor se adequou aos princípios escrever poesia assemelha-sese à perfeita lapidação de uma
parnasianos e, ao mesmo tempo, uma espécie de líder do matéria preciosa.
movimento. Sua poesia é fria e intelectualizada, com um II. Pelas convicções que lhe são próprias, esse movimento
gosto acentuado pelo preciosismo formal e lingüístico. se distancia da espontaneidade e do sentimentalismo que
muitos românticos valorizavam.
Defendia a “arte pela arte” e, em vez de se interessar pela III. Por se identificarem com os ideais da antigüidade
realidade brasileira,
eira, preferia buscar inspiração nos modelos clássica, é comum que os poetas mais representativos desse
de
clássicos que perseguia: os poetas barrocos e árcades estilo aludam aos mitos daquela época.
portugueses. Dentre suas obras destacam-se: se: Meridionais Está correto o que se afirma em:
(1884) e Versos e rimas (1895).
a) II, apenas.
Exercícios b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
Música brasileira d) II e III, apenas.
"Tens, às vezes, o fogo soberano e) I, II e III.
Do amor: encerras na cadência, acesa
Em requebros e encantos de impureza, 3. O Arcadismo (no século XVIII) e o Parnasianismo (em
Todo o feitiço do pecado humano. fins do século XIX) apresentam,
ntam, em sua caracterização,
Mas, sobre essa volúpia, erra a tristeza pontos em comum. São eles:
Dos desertos, das matas e do oceano:
Bárbara poracé, banzo africano, a) Bucolismo e busca da simplicidade de expressão.
E soluços de trova portuguesa. b) Amor galante e temas pastoris.
És samba e jongo, xiba e fado, cujos c) Ausência de subjetividade e presença da temática e da
Acordes são desejos e orfandades mitologia greco-latina.
De selvagens, cativos e marujos: d) Preferência pelas formas poéticas
p fixas, como o soneto, e
E em nostalgias e paixões consistes, pelas rimas ricas.
Lasciva dor, beijo de três saudades, e) A arte pela arte e o retorno à natureza.
Flor amorosa de três raças tristes."
BILAC, Olavo. Obra reunida.. Rio de Janeiro: Nova
N O poema a seguir, de Raimundo Correia, é a base para as
Aguilar, 1996. questões de números 9 a 11.

As pombas
“Vai-se
se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais
ais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se se dos pombais, apenas
Raia sangüínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
1. Com base na leitura do poema e sabendo que Olavo Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Bilac é um dos maiores expoentes da poesia parnasiana no Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Brasil, julgue os itens que se seguem. Voltam todas em bando e em revoada...
revoada..
(I) São características do Parnasianismo, presentes no Também dos corações onde abotoam,
poema: a arte pela arte, a impassibilidade, a economia Os sonhos, um por um, céleres voam,
vocabular, a poesia descritiva, a revalorização da mitologia.
mitologia Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,

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Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam, da época. Essa preocupação provoca uma mudança na
E eles aos corações não voltam mais...” linguagem poética, que busca então novos ritmos, mais
próximos às sugestões musicais, ao contrário dos
4. (Unifesp/SP) O poema de Raimundo Correia ilustra o parnasianos
os que relacionavam a poesia à escultura.
Parnasianismo brasileiro. Dele, podem-se se depreender as
seguintes características desse movimento literário: Principais características:
a) Soneto em versos decassílabos, com predominância de
descrição e vocabulário seleto. • linguagem vaga, fluida, que prefere sugerir
inância de narração e ênfase
b) Versos livres, com predominância a nomear;
nos aspectos sonoros. • presença abundante de metáforas,
c) Versos sem rima, liberdade na expressão dos comparações, aliterações, assonâncias,
sentimentos e recorrência às imagens. paranomásias, sinestesias;
d) Soneto com versos livres, exploração do plano imagético • subjetivismo;
e sonoro. • antimaterialismo, anti-racionalismo;
e) Soneto com rimas raras, com descrição e presença
prese da • misticismo, dor de existir;
mitologia. • desejo de transcendência, de integração
cósmica;
5. (Unifesp/SP) Há uma equivalência entre os dois • interesse pelo noturno, pelo istério e pela
quartetos e os dois tercetos do poema. Assim, é correto morte;
afirmar que pombas, metaforicamente, representa
• interesse pela exploração das zonas
a) A adolescência.
desconhecidas da mente humana (o inconsciente e
b) Os sonhos.
o subconsciente) e pela loucura.
c) Os corações.
d) O envelhecimento.
Principais autores:
e) A desilusão.
• Cruz e Sousa (1861-1898);
(1861
6. (Unifesp/SP) Os dois últimos versos do poema revelam
a) Um enobrecimento da velhice após a realização dos • Alphonsus de Guimaraens (1870-1921).
(1870
sonhos de juventude.
b) Uma mentalidade conformista em relação ao amor e às Exercícios
desilusões vividas na juventude.
c) Uma irritação com a dificuldade de se realizarem os As questões a seguir tomam por base um texto do poeta
sonhos. simbolista brasileiro Alphonsus de Guimaraens (1870-
(1870
d) Um relativo menosprezo para com os sentimentos 1921).
humanos vividos na juventude.
e) Uma visão pessimista da condição humana em relação à Eras a sombra do poente
vida e ao tempo.
"Eras a sombra do poente
Simbolismo Em calmarias bem calmas;
E no ermo agreste, silente,
No final do século XIX, em reação ao espírito
espí materialista Palmeira cheia de palmas.
e objetivo do Realismo, Naturalismo e Parnasianismo, Eras a canção de outrora,
surge o movimento simbolista. Por entre nuvens de prece;
Palidez que ao longe cora
Sua origem é francesa e a data de seu início no Brasil é E beijo que aos lábios desce.
1893, quando Cruz e Sousa publica seus livros Missal Eras a harmonia esparsa
(poemas em prosa) e Broquéis (poesias). Em violas e violoncelos:
E como um vôo de garça
Embora
bora ainda continue com o preciosismo vocabular Em solitários castelos.
parnasiano, o poeta simbolista caminha numa outra Eras tudo, tudo quanto
direção, pois não pretende descrever minuciosamente a De suave esperança existe;
realidade através de uma atitude impessoal, mas, ao Manto dos pobres e manto
contrário, consciente do mistério do Universo, procura
proc Com que as chagas me cobriste.
antes sugeri-la,
la, por meio de uma linguagem evocadora, Eras o Cordeiro, a Pomba,
plena de elementos sensoriais (cores, sons, perfumes, etc.). A crença que o amor renova...
Os temas são: os mistérios do mundo, o fascínio da morte e És agora a cruz que tomba
do desconhecido, os contrastes entre o real e o irreal, o À beira da tua cova.”
dualismo humano (espírito
írito e matéria), envolvendo a poesia
numa aura de espiritualismo em oposição oa materialismo
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Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte,, 1923. d) O cientificismo o irracionalismo


Em: GUIMARAENS, Alphonsus de. Poesias. musicalidade.
Rio de Janeiro: Org. Simões, 1955. v. 1, p. 284. e) A espiritualização o irracionalismo
clareza.
1. O texto em pauta, de Alphonsus de
Guimaraens, apresenta nítidas características do 5. Todas as afirmativas que seguem podem
simbolismo literário brasileiro. Releia-o
Releia com ser relacionadas ao Simbolismo,
Simb tendência a que se
atenção e, a seguir: associa Eduardo Guimaraens, EXCETO a de que

a) aponte duas características tipicamente a) Contraria o pragmatismo de tendência


simbolistas do poema; parnasiana.
b) com base em elementos do texto, comprove b) Valoriza a expressão da subjetividade.
sua resposta. c) Propõe o rigorismo formal.
d) Retrata a realidade de maneira vaga,
2. Assinale a alternativa em que se caracteriza imprecisa.
a estética simbolista. e) Expressa-se
se por imagens e não por
conceitos.
a) Culto do contraste, que opõe elementos
como amor e sofrimento, vida e morte, razão e fé, Texto para a questão 6.
numa tentativa de conciliar pólos antagônicos.
b) Busca do equilíbrio e da simplicidade
simplic dos Rebelado
modelos greco-romanos,
romanos, através, sobretudo, de
uma linguagem simples, porém nobre. "Ri tua face um riso acerbo e doente,
c) Culto do sentimento nativista, que faz do que fere, ao mesmo tempo que contrista [...]
homem primitivo e sua civilização um símbolo de Riso de ateu e riso de budista.
independência espiritual, política, social e literária. gelado no Nirvana impenitente.
d) Exploração de ecos,
os, assonâncias, [...]"
aliterações, numa tentativa de valorizar a
sonoridade da linguagem, aproximando-a
aproximando da 6. Na estrofe do poema Rebelado, de Cruz e
música. Sousa, é possível identificar características do
e) Preocupação com a perfeição formal, Simbolismo.
sobretudo com o vocabulário carregado de termos
científicos, o que revela a objetividade do poeta. Assinale a alternativa que as identifica:

3. Sobre o Parnasianismo e o Simbolismo, na a) Musicalidade marcada por aliterações e


Literatura Brasileira, é correto afirmar que: assonâncias, paradoxos, religiosidade, exotismo,
uso de reticências.
a) Os estilos são absolutamente distintos quanto à b) Musicalidade marcada por ritmo binário,
técnica da versificação. antíteses, evocação de sentimentos atrozes,
b) Os dois estilos se aproximam pelas preferências exotismo.
temáticas. c) Musicalidade marcada por aliterações e
se o realismo do
c) À metafísica do primeiro, juntou-se assonâncias, uso de maiúsculas, vagueza dos
segundo. adjetivos, falsa religiosidade.
d) Os dois estilos se aproximam quanto à técnica da d) Musicalidade marcada por aliterações,
versificação. assonâncias
cias e ritmo binário, uso de maiúsculas,
e) Não há proximidade entre os dois. vagueza dos adjetivos, falsa religiosidade.
e) Paradoxos, religiosidade, exotismo, humor
4. O Simbolismo, estética que surgiu também e sentimentos de exclusão.
no final do século XIX, reage contra _______ da
época. Tal motivação justifica
ifica o subjetivismo 7. Leia com atenção o seguinte poema de
profundo, que alcança _______, expresso de Cruz e Sousa:
diferentes formas, assim como pela _______,
conforme se pode observar em versos tais como: Sinfonias do Ocaso
“vozes veladas, veludosas vozes”; “ó formas alvas,
brancas, Formas claras”. "Musselinosas como brumas diurnas.
d
a) O racionalismo o pragmatismo
ismo Descem do ocaso as sombras harmoniosas,
musicalidade. Sombras veladas e musselinosas.
b) O impressionismo a percepção aliteração. Para as profundas solidões noturnas.
c) O romantismo a percepção aliteração.
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Sacrários virgens, sacrossantas urnas, Euclides deixou também vários outros escritos – tratados,
Os céus resplendem de sidéreas rosas, cartas, artigos –,, todos relacionados ao país, às suas
Da Lua e das Estrelas majestosas. características regionais, geográficas e culturais.
Iluminando a escuridão das furnas.
Ah! Por estes sinfônicos ocasos. 1922)
2. Lima Barreto (1881-1922)
A terra exala aromas de áureos vasos,
Incensos de turíbulos divinos. Foi um escritor de seu tempo e de sua terra. Anotou,
Os plenilúnios mórbidos vaporam [...] registrou, fixou e criticou asperamente quase todos os
E como que no Azul plangem e choram. acontecimentos da República. Em sua obra, encontram-se
encontram
Cítaras, harpas, bandolins, violinos [...]" os episódios da insurreição antiflorianista, a campanha
camp
SOUSA, Cruz e. Obra completa. Org. Andrade Murici. contra a febre amarela, a política de valorização do café, o
Rio de Janeiro: Nova Aguilar,1995. p. 86. governo do Marechal Hermes da Fonseca, a participação do
Brasil na Primeira Guerra Mundial, o advento do
Sobre o autor e o poema citados acima, é INCORRETA feminismo. Juntam-se se a isso a paixão de Lima Barreto por
a afirmativa: sua cidade, o Rio de Janeiro,, com seus subúrbios, sua gente
pobre e seus dramas humildes, e a crítica a políticos da
a) O autor explora sensações impalpáveis, época. O escritor também foi um dos poucos em nossa
vagas; utilizando-se
se de linguagem hermética, literatura que lutaram contra o preconceito racial. Essa
difícil, busca expressar o belo e o sublime de um abordagem está presente, por exemplo, nos romances Clara
cenário mais interiorizado do que real. dos Anjos, Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá e do quase
b) Cruz e Sousa, autor simbolista, faz uso do autobiográfico Recordações do escrivão Isaías Caminha.
Caminha
verso decassílabo, freqüente também na n poética Seu principal romance é Triste fim de Policarpo Quaresma.
Quaresma
parnasiana.
c) No poema são intensamente explorados os 3. Monteiro Lobato (1882-1948)
1948)
sentidos da audição, visão e olfato, buscando
transmitir ao leitor as impressões do eu lírico Foi um dos escritores brasileiros de maior prestígio, por
diante do pôr-do-sol. causa da sua atuação como intelectual polêmico e autor de
d) O poema apresenta uma visão subjetiva da histórias infantis. Sua ação, além do circo literário, estende-
estende
natureza, em que o fenômeno do ocaso
ocas é mais se também ao plano da luta política e social.
sugerido que descrito.
e) No poema, expressivo do ideal da “arte Como escritor literário destaca-se
destaca no gênero conto. O
pela arte”, é evidente o repúdio ao subjetivismo e à universo retratado geralmente é dos vilarejos decadentes e
emoção, pela utilização de vocabulário preciso e as populações do Vale do Paraíba, quando da crise do café.
raro. Principais obras: Urupês,
Urupês O Sítio do Picapau
Amarelo, Negrinha, Cidades mortas.
mortas
Pré-Modernismo
4. Augusto dos Anjos (1884-1914)
(1884
A literatura brasileira atravessa um período de
transição nas
as primeiras décadas do século XX. De um Sua obra é de grande originalidade. Considerado por alguns
lado, ainda há ainfluência das tendências artísticas da como poeta simbolista, apresenta na verdade uma
segunda metade do século XIX; de outro, já começa a experiência única na literatura universal: a união do
ser preparada a grande renovação modernista, que se Simbolismo com o cientificismo naturalista.
inicia em 1922, com a Semana de Arte Moderna. A
esse período
ríodo de transição, que não chegou a constituir Os poemas de sua única obra, Eu (1912), chocam pela
um movimento literário, chamou-se se Pré-Modernismo.
Pré agressividade do vocabulário e pela visão dramaticamente
angustiante da matéria, da vida e do cosmos. Sua poesia é
Principais autores do Pré-Modernismo marcada pela união de duas concepções de mundo
distintas: de um lado, a objetividade do átomo; de outro, a
1. Euclides da Cunha (1866-1909) dor cósmica, que busca o sentido da existência humana.

Nasceu no Rio de Janeiro e viveu durante algum tempo em 4. Graça Aranha (1868-1931)
(1868
São Paulo. Em 1897, foi enviado como correspondente ao
sertão da Bahia pelo jornal O Estado de S. Paulo,
Paulo para Escreveu uma única obra Canaã,
Canaã em 1902, romance de tese
cobrir as três últimas semanas da guerra de Canudos. Seis que retrata a vida numa colônia de imigrantes europeus no
anos depois, o autor lançou Os sertões,, obra que narra e Espírito Santo. Durante os 20 anos seguintes, José Pereira
analisa os acontecimentos de Canudos à luz das teorias da Graça Aranha percorreu vários países europeus como
científicas da época. diplomata, acompanhando,, assim, os rumos da arte
moderna. Em 1922, participa da Semana de Arte Moderna,
proferindo seu discurso inaugural, no dia 13 de fevereiro.
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uma dimensão onde não existe qualquer


qualq resquício de alma
Exercícios ou de espírito.
II. O amoníaco, no soneto, é uma metáfora de alma, pois,
1. (UFU-MG) segundo o eu lírico, o homem é composto de corpo
"Pobre terra da Bruzundanga! Velha, na sua maior parte, (carbono) e alma (amoníaco) e, no fim da vida, o corpo
como o planeta, toda a sua missão tem sido criar a vida, e a (orgânico) acaba, apodrece, enquanto a alma (inorgânica)
fecundidade para os outros, pois nunca os que nela mantém-se intacta.
nasceram, os que nela viveram, os que a amaram e III. O soneto principia descrevendo as origens da vida e
sugaram-lhe
lhe o leite, tiveram sossego sobre o seu solo!" termina descrevendo o destino final do ser humano; retrata
BARRETO, Lima. Os bruzundangas. o ciclo da vida e da morte, permeado de dor, de sofrimento
e da presença constante e ameaçadora da morte inevitável.
"Senhora Dona Bahia,
nobre e opulenta cidade, Está(ão) correta(s):
madrasta dos Naturais,
E dos Estrangeiros madre. a) Apenas II.
Dizei-me por vida vossa, b) Apenas III.
em que fundais o ditame c) Apenas I e II.
de exaltar, os que aí vêm, d) Apenas I e III.
e abater, os que ali nascem?" e) Apenas II e III.
MATOS, Gregório de. Poesias selecionadas.
selecionadas
3. (UFU) Nos primeiros parágrafos de Urupês, Monteiro
Lima Barreto e Gregório de Matos estão distantes, Lobato posiciona-se se em relação às principais tendências da
cronologicamente, na Literatura Brasileira. Mas os autores literatura brasileira.
podem ser aproximados pelo teor satírico que imprimiram
às suas obras. Tome os fragmentos citados para responder Assinale
ale a alternativa em que a posição de Lobato é
às questões seguintes: apresentada incorretamente.

a) Fale sobre o tema que aproxima os dois textos. a) Assim como os modernistas, Lobato critica a visão
b) Destaque do texto de Gregório de Matos um par de idealizada que os românticos tinham do índio; para ele, o
versos que tenha “uma figura de oposição” muito comum romantismo brasileiro havia sido mera imitação da escola
ao Barroco, classificando-a. francesa, tendo apenas adaptado ao cenário dos trópicos as
c) Aponte na prosa de Lima Barreto “uma figura de efeito idéias de Rousseau.
sonoro” que seja comum ao gênero lírico, classificando-a.
classificando b) Para Lobato, o realismo naturalista irá acertar o tom da
literatura brasileira, fugindo à caricatura para revelar outras
2. (UFSM-RS) Leia o soneto a seguir. deficiências do caboclo nacional, cuja índole ele investiga
com apoio da ciência evolucionista; por isto, o naturalismo
Psicologia de um vencido projeta-se como a literatura
teratura do futuro, por associar ao
"Eu, filho do carbono e do amoníaco, cientificismo alta dosagem de qualidade poética.
Monstro de escuridão e rutilância, c) A fraqueza moral e muscular do selvagem brasileiro —
Sofro, desde a epigênesis da infância, que Lobato julgava capaz de "moquear a linda menina"
A influência má dos signos do zodíaco. Ceci "num bom braseiro", em vez de amá-la
amá perdidamente,
Profundissimamente hipocondríaco, como fez Peri — corresponde à mesma visão que Mário de
Este ambiente me causa repugnância... Andrade adota na construção do herói Macunaíma.
Sobe-me
me à boca uma ânsia análoga à ânsia d) Para Lobato, a substituição do selvagem pelo caboclo
Que se escapa da boca de um cardíaco. como tipo brasileiro, no período pré-modernista,
pré dando a
Já o verme — este operário das ruínas — este atributos de integridade moral, repete o mesmo
Que o sangue podre das carnificinas equívoco de idealização que marcou o indianismo
Come, e à vida em geral declara guerra, romântico.
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos, 4. (PUC-RS)
Na frialdade inorgânica da terra!” Para responder à questão, ler o texto que segue.
ANJOS, Augusto dos. Eu.. Rio de Janeiro: Livr. São José,
1965. Em Marcha para Canudos
“Foi nestas condições desfavoráveis que partiram a 12 de
A partir desse soneto, é correto afirmar: janeiro de 1897.
I. Ao se definir como filho do carbono e do amoníaco, o eu Tomaram pela Estrada de Cambaio.
ambaio. É a mais curta e a mais
lírico desce ao limite inferior da materialidade biológica acidentada. Ilude a princípio, perlongando o vale de
pois, pensando em termos de átomos (carbono) e moléculas Cariacá, numa cinta de terrenos férteis sombreados de
(amoníaco), que são estudados pela Química, constata-se
constata cerradões que prefiguram verdadeiras matas.
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Transcorridos alguns quilômetros, porém, acidenta-se;


acidenta • fragmentação, flashes cinematográficos;
perturba-se em trilhas pedregosas e torna-se
se menos • busca de uma língua brasileira;
praticável à medida que se avizinha do sopé da serra do • pontuação relativa.
Acaru.
[...] 2) Quanto ao conteúdo:
Tinha meio caminho andado. As estradas pioravam • nacionalismo;
crivadas de veredas, serpeando em morros, alçando-se
alçando em • revisão do nosso passado histórico-cultural;
histórico
rampas, caindo em grotões, desabrigadas, sem sombras...
somb • ironia, humor, piada;
[...] • valorização
orização de temas ligados ao cotidiano;
Entretanto era imprescindível a máxima celeridade.
• urbanismo.
Tornava-se
se suspeita a paragem: restos de fogueira à
margem do caminho e vivendas incendiadas, davam sinais
Semana de Arte Moderna
do inimigo.”
Não se conhece ao certo de quem partiu a idéia de se
Todas as afirmativas que seguem estão associadas ao
realizar uma mostra de artes modernas em São Paulo.
trecho selecionado de Os sertões,, em que os homens se
Contudo, sabe-se
se que, já em 1920, Oswald de Andrade
dirigem para o local do embate, EXCETO
prometera para 1922 – anono do centenário da Independência
a) Atenção e rapidez são necessárias numa trajetória que
– uma ação dos artistas novos “que fizesse valer o
leva os viajantes a uma experiência belicosa.
Centenário!”. Talvez a realização de uma semana de Arte
b) A presença do inimigo é percebida pelo rastros de sua
Moderna fosse a oportunidade esperada por ele.
passagem ainda recente.
c) Os obstáculos que se apresentam prenunciam os trágicos
A Semana de Arte Moderna ocorreu entre 13 e 18 de
eventos que ocorrerão.
fevereiro de 1922,, no Teatro Municipal de São Paulo, com
d) Pelo assunto do trecho, é possível inferir que se trata de
a participação de artistas do Rio e de São Paulo.
um episódio constante na segunda parte da obra .
e) A estrada referida perturba a avaliação inicial do viajante
Durante toda a semana o saguão do teatro esteve aberto ao
dada a riqueza natural da área.
público. Nele se encontrava uma exposição de artes
plásticas. Na noite dos dias 13, 15 e 17 realizaram-se
realizaram saraus
A ARTE MODERNA
com apresentação de conferências, leituras de poemas,
dança e música.
Na Europa não houve uma arte moderna uniforme. Houve,
sim, um conjunto de tendências artísticas, muitas vezes
A primeira fase do Modernismo
provenientes de países diferentes, com propostas
específicas, embora as aproximassem certos
rtos traços mais ou
O movimento modernista no Brasil contou com duas fase:
menos comuns, como o sentimento de liberdade criadora, o
a primeira entre 1922 e 1930, a segunda entre 1930 e 1945.
desejo de romper com o passado, a expressão da
a primeira fase caracterizou-se
se pelas
p tentativas de
subjetividade e certo irracionalismo. As tendências, que
solidificação do movimento renovador e pela divulgação de
surgiram na Europa antes, durante e depois da Primeira
obras e idéias modernistas. De modo geral, os escritores de
Guerra mundial, receberam o nome de correntes de
maior destaque dessa fase defendiam estas propostas:
vanguarda.. São elas: Cubismo, Futurismo,
reconstruir a cultura brasileira sobre bases nacionais;
Expressionismo, Dadaísmo e Surrealismo.
promover umama revisão crítica de nosso passado histórico e
de nossas tradições culturais; eliminar de vez o nosso
Pela diversidade e amplitude dos aspectos que compõem a
complexo de colonizados, apegados a valores estrangeiros.
arte e a literatura modernas, é muito difícil caracteriza-las
caracteriza
com a mesma objetividade adotada para caracterizar os
Muitos autores, participantes ou não da Semana de Arte
movimentos anteriores. No Brasil, a todas essas tendências
Moderna, publicam nessa primeira fase dod Modernismo
chamou-se Modernismo. Somente ente a partir da Semana de
obras de alguma forma comprometidas ou relacionadas
Arte Moderna, em 1922, é que o movimento de renovação,
com as idéias defendidas em 1922. Dentre eles, destacam-
destacam
em nosso país, tomou rumos mais definidos, com propostas
se: Mário de Andrade, com Paulicéia desvairada (1922),
consistentes e conseqüentes.
Amar, verbo intransitivo (1927) e Macunaíma (1928);
Oswald de Andrade, com Memórias
Memór sentimentais de João
Principais características da linguajem modernista
Miramar (1923); Manuel bandeira, com Ritmo dissoluto
(1924); Cassiano Ricardo, com Vamos caçar papagaios
1) Quanto à forma:
(1926) e Martim Cererê (1928); Plínio Salgado, com O
estrangeiro (1926); Alcântara Machado, com Brás, Bexiga
• versos livres;
e Barra Funda (1927). Também são fundadas várias
• liberdade na escolha de palavras; revistas por todo o país, como forma de divulgação das
• síntese na linguagem; idéias modernistas.

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Talvez possa espantar


Simultaneamente à publicação de obras e à fundação de As noites que eu não queria
revistas literárias, são lançados vários manifestos e E anunciar o dia
movimentos, os quais, além de divulgar gar as propostas Vou voltar
modernistas,permitem a troca de experiências entre seus Sei que ainda vou voltar
participantes e até mesmo explicam ou justificam as obras Não vai ser em vão
dadas a público, fomentando o debate de idéias. Que fiz tantos planos
De me enganar
Desses movimentos, destacam-se se quatro, que representam, Como fiz enganos
na verdade, duas tendências estético-ideológicas:
ideológicas: de um De me encontrar
lado os movimentos Pau-Brasil
Brasil e Antropofagia; e, de outro, Como fiz estradas
o Verde-Amarelismo e a Escola da Anta. De me perder
Fiz de tudo e nada
Exercícios De te esquecer
Vou voltar
1. (UFRJ/RJ) Sei que ainda vou voltar
Meus sete anos Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
“Papai vinha de tarde Que eu hei de ouvir cantar
Da faina de labutar Uma sabiá
Eu esperava na calçada
Papai era gerente (IBMEC/RJ-2007)
2007) A canção “Sabiá” é apenas uma das
Do Banco Popular inúmeras releituras e citações que o poema de Gonçalves
Eu aprendia com ele Dias, “Canção do Exílio” recebeu a partir do Modernismo.
Os nomes dos negócios Esse poeta pertenceu à 1a geração do romantismo
Juros hipotecas brasileiro. Nas opções abaixo, assinale a única que não
Prazo amortização apresenta característica
cterística desse estilo de época:
Papai era gerente a) Nacionalismo, onde a exaltação da pátria somente
Do Banco Popular enaltece as qualidades
Mas descontava cheques b) Exaltação da natureza
No guichê do coração” e) Sentimentalismo e religiosidade
ANDRADE, Oswald de. Obras completas--VIl. d) Indianismo, com a criação do herói nacional na figura do
5. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
rasileira, 1971. p. 162. índio
e) Conceptismo (“jogo de idéias”) e cultismo (“jogo de
Na literatura brasileira, a idade de oito anos é tomada como palavras”).
referência a uma infância harmoniosa. No poema de
Oswald de Andrade, essa referência está considerada no 3. (UNIRIO-2007)
2007) Texto para as questões de 1 a 3
título e recebe um tratamento que revela um traço
característico do Modernismo brasileiro. LADAINHA
Identifique esse traço, justificando sua resposta. Cassiano Ricardo
Por que o raciocínio,
2. (IBMEC/RJ-2007) os músculos, os ossos?
A automação, ócio dourado.
Sabiá O cérebro eletrônico, o músculo
Tom Jobim e Chico Buarque mecânico
Vou voltar mais fáceis que um sorriso.
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar Por que o coração?
Foi lá e é ainda lá O de metal não tornará o homem
Que eu hei de ouvir cantar mais cordial,
Uma sabiá dando-lhe um ritmo extra-
Vou voltar corporal?
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra Por que levantar o braço
De uma palmeira para colher o fruto?
Que já não há A máquina o fará por nós.
Colher a flor Por que labutar no campo, na cidade?
Que já não dá A máquina o fará por nós.
E algum amor Por que pensar, imaginar?
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A máquina o fará por nós. urbano estão na obra de Érico Veríssimo (1905-1975);
(1905
Por que fazer um poema? a investigação psicológica das personagens e seus
A máquina o fará por nós. conflitos íntimos encontram-se
encontram na ficção de Dyonélio
Por que subir a escada de Jacó? Machado (1895-1985).
A máquina o fará por nós.
Poesia
Ó máquina, orai por nós.
A poesia da segunda geração modernista foi,
a) O movimento modernista se firma como essencialmente, uma poesia de quesionamento em
doutrina estética, trazendo um questionamento,
questio torno da existência humana, do sentimento de “estar-
“estar
marcado, por vezes, pela ironia. Do poema de no-mundo”,
mundo”, das inquietações social, religiosa,
Cassiano Ricardo, transcreva uma seqüência de filosófica, amorosa, etc. Que
Q a acompanham. Carlos
dois versos em que há a presença de traço sutil de Drummond de Andrade é o poeta que melhor
ironia. representa o espírito dessa geração e um dos pontos
b) No poema, o eu lírico se vale de um mais altos de nossa literatura.
recurso característico da poesia concreta: a
fragmentação de palavras. Que efeito de sentido A segunda geração, livre do compromisso de combater
ocorre na 2ª. estrofe devido à disposição da palavra o passado, mantém muitas das conquistas da geração
“extracorporal” ? anterior,
erior, mas também se sente inteiramente à vontade
c) Explique por que a seqüência de orações para voltar a cultivar certas formas antes desprezads,
interrogativas da 3a estrofe retoma, enfaticamente, em razão do radicalismo da primeira geração. É o caso
o título do poema. dos versos regulares (metrificados), daestrofação
criteriosa e de formas fixas, como o soneto, etc.
et
Segunda fase do Modernismo Esses poetas levaram a diante o projeto de “liberdade
de expressão” dos seus antecessores, a ponto até de
Prosa incluírem nesse conceito de liberdade o emprego de
formas utilizadas pelos clássicos. Por isso não é de
Nas décadas de 30 e 40, o romance, mais do que a causar espanto que grandes autores do verso livre desse
poesia e o conto, predominou na literatura brasileira, peródo, como Manuel Bandeira (da primeira geração),
enveredando-se
se principalmente pelo regionalismo e Murilo Mendes, Jorge de Lima, Carlos Drummond de
pela abordagem psicológica. Romance de 30 foi a Andrade e Vinícius de Moraes tenham sido também
denominação dada a essa ficção, cujo marco inicial é o excelentes sonetistas.
romance A bagaceira,, de José Américo de Almeida,
publicado em 1928. Principais autores:

Ao contrário dos participantes da Semana de Arte • Carlos drummond de Andrade;


Moderna, os integrantes da segunda geração do • Jorge de Lima;
Modernismo não chegaram a produzir impacto, dado o • Murilo Mendes;
releco social que a revolução ocorrida em
e outubro • Cecília Meireles;
daquele ano assumiu na vida brasileira. Os abalos • Vinícius de Moraes.
sofridos pelo povo brasileiro em torno dos
acontecimentos de 1930 condicionaram um novo estilo Exercícios
ficcional, notadamente mais adulto, mais amadurecido,
mais moderno, que se marcaria pela rudeza, por uma (ENEM/MEC) Leia estes poemas.
linguagem mais brasileira, por um enfoque direto dos
fatos, por uma retomada do naturalismo, Auto-retrato
principalmente no plano da narrativa documental.
“Provinciano que nunca soube
O maior momento da ficção de 30 dá-se
se com o advento Escolher bem uma gravata;
do romance nordestino, que correspondeu como Pernambucano a quem repugna
nenhum outro aos anseios de liberdade temática e rigor A faca do pernambucano;
estilístico. Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte
O romance desenvolveu diversas linhas temáticas. O E até mesmo escrevendo crônicas
drama das secas, a crise dos engenhos, o cangaço, a Ficou cronista de província;
luta pela terra, o coronelismo, são temas abordados na Arquiteto falhado, músico
ficção de Graciliano Ramos (1892-1953),
1953), José
J Lins do Falhado (engoliu um dia
Rego (1901-1957),
1957), Jorge Amado (1912-2001)
(1912 e Rachel Um piano, mas o teclado
de Queiroz (1910-2003);
2003); os problemas do homem
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Ficou de fora); sem família, IV. É um poema bastante melancólico por registrar de
Religião ou filosofia; forma triste o sofrimento
ento decorrente da perda de um ente
Mal tendo a inquietação de espírito querido.
Que vem do sobrenatural, Estão corretas as afirmações
E em matéria de profissão a) I e III.
Um tísico profissional.” b) I, III e IV.
BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa.
prosa c) II e III.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395. d) II, III e IV.
e) II e IV.
Poema de sete faces
2007/2) As questões de números 1 e 2 tomam
3. (UNESP-2007/2)
“Quando eu nasci, um anjo torto por base o texto Os velhos,, do poeta Carlos Drummond
Drummon de
desses que vivem na sombra Andrade (1902-1987).
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens Os velhos
que correm atrás de mulheres. Todos nasceram velhos – desconfio.
A tarde talvez fosse azul, Em casas mais velhas que a velhice,
não houvesse tantos desejos. em ruas que existiram sempre – sempre!
[...] assim como estão hoje
Meu Deus, por que me abandonaste soturnas e paradas e indeléveis
se sabias que eu não era Deus mesmo no desmoronar do Juízo Final.
se sabias que eu era fraco. Os mais velhos têm m 100, 200 anos
Mundo mundo vasto mundo, e lá se perde a conta.
se eu me chamasse Raimundo Os mais novos dos novos,
seria uma rima, não seria uma solução. não menos de 50 – enorm’idade.
Mundo mundo vasto mundo Nenhum olha para mim.
mais vasto é o meu coração.” A velhice o proíbe. Quem autorizou
DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. existirem meninos neste largo municipal?
Obra completa.. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 53. Quem infringiu a lei da eternidade
que não permite recomeçar a vida?
1. Esses poemas têm em comum o fato de Ignoram-me.
me. Não sou. Tenho vontade
a) descreverem aspectos físicos dos próprios autores. de ser também um velho desde sempre.
b) refletirem um sentimento pessimista. Assim conversarão
c) terem a doença como tema. comigo sobre coisas
d) narrarem a vida dos autores desde o nascimento. seladas em cofre de subentendidos
e) defenderem crenças religiosas. a conversa infindável
de monossílabos, resmungos,
2. (ITA/SP) O poema abaixo, de autoria de Cecília tosse conclusiva.
Meireles, faz parte do livro Viagem,, de 1939. Nem me vêem passar. Não me dão confiança.
confian
Dádiva impensável
Epigrama 11 nos semblantes fechados,
nas felpudas redingotes,
"A ventania misteriosa nos chapéus autoritários,
passou na árvore cor-de-rosa, nas barbas de milênios.
e sacudiu-a como um véu, Sigo, seco e só, atravessando
um largo véu, na sua mão. a floresta de velhos.
Foram-se os pássaros para o céu. (Boitempo.)
Mas as flores ficaram no chão.”
MEIRELES, Cecília. Viagem/Vaga Música.
Música a) Usando as rimas com parcimônia,
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. rompendo com os padrões acadêmicos e ignorando
Esse poema os compêndios de metrificação, Carlos Drummond
I. Mostra uma certa herança romântica, tanto pelo teor de Andrade consegue produzir uma poesia
sentimental do texto como pela referência à natureza. vigorosa, reconhecida na literatura brasileira.
II. Mostra uma certa herança simbolista, pois não é um Refletindo sobre tais observações, identifique as
poema centrado no “eu”, nem apresenta excesso emocional. características do poema Os velhos, quanto ao
III. Expõe de forma metafórica uma reflexão sobre algumas emprego de rimas as e ao esquema métrico dos
experiências difíceis da vida humana. versos. A seguir, nomeie a figura de harmonia,
ocorrente nos dois últimos versos do poema,
explicando em que ela consiste.
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b) No poema, o isolamento dos velhos leva o


eu-poemático
poemático a pintar um quadro invertido, se A poesia de 45 traz o cenário das discussões literárias a
considerada a habitual
tual situação dos idosos, na seguinte questão: a poesia é a arte da palavra. Esse
realidade: não são eles os desprezados, os princípio implicava a alteração de pontos de vista da poesia
ignorados, os esquecidos, os abandonados – mas o de 30, que já tinha sido social, política, religiosa,
menino, o não-velho.
velho. Com base nessa idéia, filosófica...
comente a solução cogitada pelo eu-poemático
eu para
entrar no mundo dos velhos. O traço formalizante, portanto, é o que caracteriza essa
geração de poetas. Alguns tenderam mais ao estilo culto e
elevado; outros caminharam noutra direção, buscando a
4. (PUC-PR) linguagem essencial, sintética, precisa, concreta e racional.
Foram publicados na revista carioca Panorama dezenas de
“Continuemos. Tenciono contar a minha história. Difícil. novos poetas, dentre eles Alphonsus de Guimaraes Filho,
Talvez deixe de mencionar particularidades úteis, que me Péricles Eugênio da Silva Ramos, Geir Campos, José Paulo
pareçam acessórias e dispensáveis. Também pode ser que, Paes, Paulo Bonfim e João cabral de Melo Neto (1920-
(1920
habituado a tratar com matutos, não confie suficientemente 1999),, o poeta de maior destaque dessa geração.
na compreensão dos leitores es e repita passagens
insignificantes. De resto isto vai arranjado sem nenhuma Prosa
ordem, como se vê. Não importa. Na opinião dos caboclos
que me servem, todo o caminho dá na venda.” O período é muito rico para a prosa brasileira, que conta
com a publicação de várias obras significativas,
O fragmento acima, retirado do segundo capítulo de São principalmente nos gêneros conto e romance.
Bernardo, exemplifica:
a) Um momento psicológico da narrativa; Parte dessa prosa retoma e aprofunda a sondagem
b) Uma reflexão sobre a voracidade latifundiária do psicológica
lógica que já vinha sendo desenvolvida por autores
protagonista; anteriores. É o que se verifica, por exemplo, nos contos e
c) A desvalorização dos matutos, tema recorrente da romances de Clarice Lispector (1926-1977)
(1926 e Lygia
literatura urbana do autor; Fagundes Telles. O regionalismo, fartamente explorado
d) Uma reflexão sobre a composição da narrativa; pela geração de 30, também é retomado por autores como
e) Um exemplo da literatura regionalista de 30. João Guimarães Rosa (1908--1967), Mário Palmério e
outros, que procuram dar-lhe
lhe um tratamento renovado. O
PR) Manuel Bandeira escreveu vários poemas
5. (PUC-PR) espaço urbano também é representado pelas crônicas de
sobre a cidade do Recife. Graciliano Ramos tomou Rubem Braga e pelos contos de Dalton Trevisan, Lygia
continuamente a natureza nordestina como paisagem. Fagundes Telles, Clarice Lispector
Lispe e outros.
Assinale a alternativa que melhor expressa essa igualdade.
Exercícios
a) São escritores
scritores regionalistas que exaltam sua terra natal.
b) O regionalismo é escolha apenas literária, porque foram (UFRJ)
escritores de temática urbana.
c) O regionalismo era moda na época e eles seguiram o Texto I
padrão literário. "Naquela terra querida,
d) A região explicava as personagens doo romancista e a Que era sua e não era,
memória sentimental do poeta. Onde sonhara com a vida
e) Os dois escolheram o regionalismo como forma de se Mas nunca viver pudera,
enquadrar no movimento modernista de 1930. Ia morrer sem comida
Aquele de cuja lida
A geração de 45 Tanta comida nascera."
GULLAR, Ferreira. João Boa-Morte,
Boa cabra marcado pra
Em 1945, termina a Segunda Guerra Mundial e, no Brasil, morrer. 1964. In: AGUIAR, F. (Org.). Com palmos
a ditadura de Vargas. O mundo passa a viver a Guerra Fria, medida: terra, trabalho e conflito na literatura brasileira.
brasileira
e o Brasil um período democrático e desenvolvimentista, São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 1999. p. 309.
que chegaria à euforia no governo de Juscelino Kubitschek
1956-1961). Texto II

Os escritores, agora menos exigidos social e politicamente "Os moradores desta costa do Brasil todos têm terra de
do que na década anterior, buscam uma renovação literária sesmarias dadas e repartidas pelos capitães da terra, e a
cuja preocupação principal é a própria linguagem. primeira coisa que pretendem alcançar são escravos para
lhe fazerem e granjearem suas roças e fazendas, porque
Poesia sem eles não se podem sustentar na terra: e uma das coisas
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porque o Brasil não floresce muito mais, é pelos escravos 3. Esse poema consta na primeira parte de A educação pela
que se alevantarão e fugirão para suas terras e fogem cada pedra, considerada pelo autor sua obra máxima. Depois de
dia: e se esses índios não foram tão fugitivos e mutáveis, uma leitura atenta, responda.
não tivera comparação a riqueza do Brasil." a) Qual o contraste entre a busca da palavra e o resultado
GANDAVO, Pero de Magalhães. 1576. Tratado das terras de sua execução na boca do sertanejo?
do Brasil. Lisboa. In: AGUIAR, F. (Org.). 1999. Com b) A que se refere, no texto, a palavra ela, no primeiro
palmos medida: terra, trabalho e conflito na literatura verso da segunda estrofe? Justifique sua resposta.
brasileira.. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 1999. p.
35. 4.. Em 27 de outubro de 1973, em entrevista ao jornal
carioca O Globo, João Cabral disse:
1. Qual o aspecto, na relação de trabalho, que Eu tentei criar uma outra linguagem, não completamente
une os Textos I e II, apesar de escritos em épocas nova, como os concretistas fizeram, mas uma linguagem
tão distintas, séculos XX e XVI, respectivamente? que se afastasse um pouco da linguagem usual. Ora, desde
o momento em que você se afasta da norma você se faz
2. (Vunesp) esta palavra antipática que é “hermético”. Quer dizer, você
v
Epitáfio para um banqueiro se faz hermético numa leitura superficial. Agora, se o leitor
"n e g ó c i o ler e reler, estudar esse texto, ele verá que a coisa não é tão
ego hermética assim. Apenas está escrito com um pequeno
ócio desvio da linguagem usual.
0" a) Destaque, na terceira estrofe, desvios da linguagem
li usual
José Paulo Paes. Anatomias. vinculados ao emprego das classes de palavra.
b) No último verso da terceira estrofe, também é possível
Este Epitáfio para um banqueiro enfoca um tema observar um artifício do poeta, que provoca uma releitura.
literário bastante atual: o egoísmo, a solidão do Explique esse artifício.
indivíduo, a falta de comunicação que o leva a
fechar-se
se nos limites de sua própria existência e, Tendências da literatura contemporânea
conseqüentemente, a ver o mundo sempre
deformado
formado por uma visão individualista. Tomando Duas são as marcas
arcas principais da cultura principais da
por base estas observações: cultura brasileira nas últimas décadas: a efemeridade e a
a) Faça uma descrição do plano semântico-visual
semântico mistura das tendências artístico-culturais.
artístico Trata-se de um
do texto, de modo a revelar sua compreensão do período fértil, com o lançamento de inúmeras revistas,
poema como um "epitáfio"; manifestos e movimentos, mas de curta duração.
dura Ao
b) Aponte a palavra que, numa das linhas do mesmo tempo, verifica-se se uma mistura dessas tendências
poema, demarca a característica do indivíduo como com as antigas linhas de nossa tradição literária. Depois da
ser em si, exclusivista e isolado. implatanção da censura a todo tipo de atividade cultural,
acentuou-se
se o caráter dispersivo dessa lietratura, que
(UFSCar/SP-2007)
2007) Texto para as questões de números 3 e passou a contar basicamente
icamente com produções individuais.
4.
A cultura brasileira acompanha o ritmo das
O sertanejo falando mudanças. Novas idéias surgem nos diferentes domínios da
A fala a nível do sertanejo engana: arte: a Bossa Nova, o Cinema Novo, o Teatro de Arena, as
as palavras dele vêm, como rebuçadas vanguardas concretas na poesia e nas artes plásticas, os
(palavras confeito, pílula), na glace festivais
ivais de música transmitidos pela televisão.
de uma entonação lisa, de adocicada.
Enquanto que sob ela, dura e endurece Após o golpe de 1964, a atividade cultural do país ainda se
o caroço de pedra, a amêndoa pétrea, mantén dinâmica por mais alguns anos. Surge o Teatro
dessa árvore pedrenta (o sertanejo) Oficina, que encena o O rei da vela,
vela de Oswald de
incapaz de não se expressar em pedra. Andrade; são criados os CPCs (Centros populares de
Daí porque o sertanejo fala pouco: Cultura), que visam levar cultura para aas ruas; a Tropicália
as palavras de pedra ulceram a boca ganha as rádios e a televisão. Esse período efervescente
e no idioma pedra se fala doloroso; termina com a decretação do AI-5,AI em 1968, o exílio de
o natural desse idioma fala à força. políticos e artistas e a instituição de uma censura prévia a
Daí também porque ele fala devagar: eventos culturais.
tem de pegar as palavras com cuidado,
confeitá-las na língua, rebuçá-las; Exercícios
pois toma tempo todo esse trabalho.
João Cabral de Melo Neto, A educação pela pedra. Nova (Unicamp-SP)
Fronteira, 1996, p. 16.

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"Amor é fogo que arde sem se ver;


É ferida que dói e não se sente Solar
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;" "Minha mãe cozinhava exatamente:
Camões. Lírica.. Seleção, prefácio e notas de Massaud arroz, feijão-roxinho,
roxinho, molho de batatinhas.
Moisés, Mas cantava.”
São Paulo: Cultrix, 1963. PRADO, Adélia. O coração disparado.
disparado
"Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece Nesse pequeno poema, a escritora Adélia Prado
Onde tudo nos mente e nos separa." consegue não só registrar um traço singular do
Andresen, Sophia de Mello Breyner. Terror de te amar. cotidiano da própria mãe, como também constrói dessa
Antologia poética. mulher um retrato, que apresenta duas facetas: uma,
relativa à posição social e outra, ao temperamento.
1. Dos dois textos transcritos,
transcritos o primeiro é de Particularize
ularize essas duas facetas e aponte como a
Luís Vaz de Camões (século XVI) e o segundo, de estruturação sintática as instaura.
Sophia de Mello Breyner Andresen (século XX).
Compare-os,
os, discutindo, através de critérios 4. (Fuvest/SP)
formais e temáticos, aspectos em que ambos se 5.
aproximam e aspectos em que ambos se distanciam “o Kramer apaixonou-se se por uma corista que se
um do outro. chamava Olga. por algum motivo nunca conseguiam
encontrar-se.
se. ele gritava passando pela casa de Olga,
2. (Fuvest-SP) manhãzinha (elaa dormia): Olga, Olga, hoje estou de
"CLESSI (choramingando) — O olhar daquele homem folga! mas nunca se viam e penso que ele sabia que se
despe a gente! efetivamente se deitasse com ela o sonho terminaria.
MÃE (com absoluta falta de compostura) — Você sábio Kramer. nunca mais o vi. há sonhos que devem
exagera, Scarlett! permanecer nas gavetas, nos cofres, trancados até o
CLESSI — Rett é indigno de entrar numa casa de nosso fim.. e por isso passíveis de serem sonhados a
família! vida inteira.”
MÃE (cruzando as pernas; incrível falta de modos) — Hilda Hilst, Estar sendo. Ter sido.
sido
Em compensação, Ashley é espiritual demais. Demais!
Assim também não gosto. Observações:
CLESSI (chorando despeitada) — Ashley pediu a mão O emprego sistemático de minúscula na abertura de
de Melânie! Vai-se
se casar com Melânie! período é opção estilística da autora.
MÃE (saliente) — Se eu fosse você, preferia
pre RETT Corista = atriz/bailarina que figura em espetáculo de teatro
t
(Noutro tom). Cem vezes melhor que o outro! musicado.
CLESSI (chorosa) — Eu não acho!
MÃE (sensual e descritiva) — Mas é, minha filha! Na perspectiva do narrador, o Kramer é
Você viu como ele é forte? Assim! forte mesmo!" considerado sábio porque, como um bom sonhador,
a) anima-se
se com a possibilidade de uma feliz e
No trecho acima, as personagens de Vestido de noiva prolongada realização de seu sonho.
subitamente se põem
em a recitar os diálogos do filme E o b) percebe que a realização de seu sonho acabaria
vento levou.. No contexto dessa obra de Nelson sendo uma forma de negá-lo.
negá
Rodrigues, esse recurso de composição configura-se
configura c) avalia objetivamente as circunstâncias de que
como: depende a plena realização de seu sonho.
d) sabe que os sucessivos adiamentos da realização
a) Crítica à internacionalização da cultura, reivindicando o de seu sonho acabarão por fazê-lo
fazê desistir de
privilégio dos temas nacionais. sonhar.
b) Sátira do melodrama,
ama, o que dá dimensão autocrítica à e) acredita que a impossibilidade
impos de realização de
peça. um sonho leva a um mais rápido amadurecimento.
c) Sátira do cinema, indicando a superioridade estética do
teatro.
d) Intertextualidade, visando a indicar o caráter universal PENGES
das paixões humanas.
e) Metalinguagem, visando a revelar o caráter ficcional da PENGE I - LITERATURA
construção dramática.
01. Reconheça nos textos a seguir, as funções da
3. (ITA/SP) Leia o texto abaixo e responda à linguagem:
questão seguinte:
Literatura 28
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a) "O risco maior que as instituições republicanas hoje me alegrava. Deitar-me,


me, dormir, o pensamento
correm não é o de se romperem, ou serem rompidas, mas o embaralhar-sese longe daquelas porcarias.
porcarias Senti uma
de não funcionarem e de desmoralizarem de vez, sede horrível... Quis ver-me
ver no espelho. Tive
paralisadas pela sem-vergonhice,
vergonhice, pelo hábito covarde de preguiça, fiquei pregado à janela, olhando as pernas
acomodação e da complacência. Diante do povo, diante do dos transeuntes." (Graciliano Ramos)
mundo e diante de nós mesmos, o que é preciso agora é g) " - Que quer dizer pitosga?
fazer funcionar
ncionar corajosamente as instituições para - Pitosga significa míope.
lhes devolver a credibilidade desgastada. O que é preciso (e - E o que é míope?
já não há como voltar atrás sem avacalhar e emporcalhar - Míopeíope é o que vê pouco."
ainda mais o conceito que o Brasil faz de si mesmo) é
apurar tudo o que houver a ser apurado, doa
do a quem doer." TEXTO PARA QUESTÕES 2 E 3
(O Estado de São Paulo)
Poética
b) O verbo infinitivo
Que é a Poesia?
Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer uma ilha cercada
Respirar, e chorar, e adormecer de palavras
E se nutrir para poder chorar pro todos
os lados.
Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir Que é o Poeta?
E começar a amar e então ouvir
E então sorrir para poder chorar. um homem
que trabalha
E crescer, e saber, e ser, e haver com o suor do seu rosto.
E perder, e sofrer, e ter horror Um homem
De ser e amar, e se sentir maldito que tem fomec
omo qualquer outro
E esquecer tudo ao vir um novo amor homem.
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito... (Vinícius de 02. Quais as funções da linguagem predominantes no
Morais) poema anterior?
03. Aponte os elementos que integram o processo de
c) "Para fins de linguagem a humanidade se serve, comunicação em Poética, de Cassiano Ricardo.
desde os tempos pré-históricos,
históricos, de sons a que se dá o 04. Leia atentamente:
nome genérico de voz, determinados pela corrente de ar "A poesia, ao contrário da filosofia, não é um
expelida dos pulmões no fenômeno vital da respiração, conhecimento teórico da natureza humana,
hu mas imita,
quando, de uma ou outra maneira,
neira, é modificada no seu narrativa ou dramaticamente, ações e sentimentos, feitos e
trajeto até a parte exterior da boca." (Matoso Câmara Jr.) virtudes, situações e vícios dos seres humanos. No entanto,
a poesia é diferente da história, embora esta também seja
d) " - Que coisa, né? uma narrativa de feitos humanos e de situações, das
- É. Puxa vida! virtudes e dos vícios dos humanos narrados. A diferença
- Ora, droga! está no fato de que AQUELA visa, por meio de uma pessoa
- Bolas! ou de um fato, a falar dos humanos em geral (cada pessoa
- Que troço! [...] não é ela em sua individualidade, mas é ela como
- Coisa de louco! exemplo universal, positivo ou negativo, ded um tipo
- É!" humano) e a falar de situações em geral (por meio, por
exemplo, do relato dramático de uma guerra, fala sobre a
e) "Fique afinado com seu tempo. Mude para Col. Ultra guerra), enquanto ESTA se refere à individualidade
Lights." concreta de cada pessoa e de cada situação. A poesia
trágica não fala de Édipo ou ded Eletra, mas de um destino
f) "Sentia um medo horrível e ao mesmo tempo humano; a epopéia não fala de Helena, Ulisses ou
desejava que um grito me anunciasse qualquer Agamenon, mas de tipos humanos. A história, ao contrário,
acontecimento extraordinário. Aquele silêncio, fala de pessoas singulares e situações particulares. Por isso,
aqueles rumores comuns, espantavamavam-me. Seria diz Aristóteles, a poesia está mais próxima da filosofia do
d
tudo ilusão? Findei a tarefa, ergui--me, desci os que da história, já que esta nunca se dirige ao universal."
degraus e fui espalhar no quintal os fios da gravata. Marilena Chauí. Introdução à história da filosofia.
filosofia
Seria tudo ilusão?... Estava doente, ia piorar, e isto
Literatura 29
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As palavras que estão em maiúsculas foram introduzidas no


trecho acima em substituição a duas palavras-chave
palavras para a É a vaidade,, Fábio, nesta vida
exposição que faz Marilenaa Chauí das idéias de Aristóteles Rosa,, que de manhã lisonjeada,
referentes a distintas formas de conhecimento. Um leitor Púrpuras mil, com ambição dourada,
atento será capaz de identificar as palavras que estavam no Airosa rompe, arrasta presumida.
texto original, a partir apenas da leitura do trecho aqui
apresentado. É planta,, que de abril favorecida,
a) Substitua as palavras em maiúsculasculas pelas palavras que Por mares de soberba desatada,da,
estavam no texto original. Florida galeota empavesada,
b) De acordo com o texto, como podem ser caracterizadas Sulca ufana, navega destemida.
as formas de conhecimento referidas por essas palavras?
c) Com base neste texto, a que se dirige a filosofia, É nau enfim, que em breve ligeireza,
segundo Aristóteles? Com presunção de Fênix generosa,
05. O poema abaixo pertence ao Cancioneiro de Fernando Galhardias apresta, alentos preza:
Pessoa. Mas ser planta, ser rosa, ser nau vistosa
"Ah, quanta vez, na hora suave De que importa, se aguarda sem defesa
Em que me esqueço, Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?
Vejo passar um vôo de ave
E me entristeço! 1. O próprio título do poema alude ao emprego
Por que é ligeiro, leve, certo intensivo da metáfora. O poema se entretece de três
No ar de amávio? metáforas principais. Quais são elas?
Por que vai sob o céu aberto 2. Quais as outras figuras de linguagem que podem
Sem um desvio? ser identificadas no texto?
Por que ter asas simboliza 3. Reconheça as figuras de construção existentes nas
A liberdade frases abaixo:
Que a vida nega e a alma precisa? a) E fala, e repete, e reclama, e nada resolve.
Sei que me invade ______________________________
Um horror de me ter que cobre b) Aos rapazes, deu-lhes
deu dinheiro.
Como uma cheia ______________________________________
_____________________________________
Meu coração, e entorna sobre _
Minh'alma alheia c) “ Acorda, Maria, é dia
Um desejo, não de ser ave, de matar formiga
Mas de poder de matar cascavel
Ter não sei quê do vôo suave de matar tempo...” (Carlos Drummond de
Dentro em meu ser." Andrade) _____________________
Fernando Pessoa. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova d) Dizem que os cariocas somos pouco dados a
Aguilar, 1995. p. 138. aeroportos. ____________________
a) Identifique o recurso lingüístico que representa a ave e) Eu tenho muitos livros; ele, poucos.
tanto no plano sonoro quanto no imagético. __________________________
b) Que relação o eu lírico estabelece ce entre a tristeza e a f) Respiramos fundo, demo-nos
demo as mãos, subimos
liberdade? no barco, enfrentamos o rio, a correnteza, o
06. “A tua saudade corta medo. _____________________________
como aço de navaia... Instrução: As questões de números 4, 5 e 6 tomam por
O coração fica aflito base um trecho de uma carta do Padre Antonio Vieira
Bate uma, a outra faia... (1608-1697)
1697) e um soneto do poeta simbolista brasileiro
E os óio se enche d'água Péthion de Villar (Egas Moniz Barreto de Aragão, 1870-
1870
Que até a vista se atrapaia, ai, ai...” 1924).
Fragmento de Cutelinho,, canção folclórica. Carta XIII — Ao Rei D. João IV — 4 de abril de 1654
a) Nos dois primeiros
imeiros versos há uma comparação. "(...)
Reconstrua esses versos numa frase iniciada por “Assim Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, se
como (...)”, preservando os elementos comparados e o serve quem ali governa como se foram seus escravos, e os
sentido da comparação. traz quase todos ocupados em seus interesses,
b) Se a forma do verbo atrapalhar estivesse flexionada de principalmente no dos tabacos, obriga-me
obriga a consciência a
acordo com a norma padrão, haveria prejuízo para o efeito manifestar a V.M. os grandesdes pecados que por ocasião
de sonoridade explorado no final do último verso? Por quê? deste serviço se cometem.
Primeiramente nenhum destes índios vai senão violentado e
Penge II – Literatura por força, e o trabalho é excessivo, e em que todos os anos
morrem muitos, por ser venenosíssimo o vapor do tabaco: o
Dos Desenganos da Vida Humana, Metaforicamente rigor com que são tratadoss é mais que de escravos; os
Literatura 30
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nomes que lhes chamam e que eles muito sentem, a) Aponte o que pretende significar Vieira, no terceiro
feiíssimos; o comer é quase nenhum; a paga tão limitada parágrafo, sob
ob o ponto de vista religioso, com a expressão
que não satisfaz a menor parte do tempo nem do trabalho; e “gentios do sertão”;
como os tabacos se lavram sempre em terras fortes e novas, b) Estabeleça, com base na leitura de todo o poema, o
e muitoo distante das aldeias, estão os índios ausentes de sentido que a palavra “crucificado” apresenta no terceiro
suas mulheres, e ordinariamente eles e elas em mau estado, verso do soneto de Péthion.
e os filhos sem quem os sustente, porque não têm os pais 6. (Vunesp) Ao focalizar como tema a mesma questão
tempo para fazer suas roças, com que as aldeias estão histórico-social,
social, Vieira e Péthion o fazem sob pontos de
sempre em grandíssima fome e miséria. vista distintos. Lembrando que Vieira escreve uma carta ao
rei e que Péthion escreve um poema, responda:
Também assim ausentes e divididos não podem os índios a) O que quer enfatizar Vieira com a frase final
fi “... e isto é
ser doutrinados, e vivem sem conhecimento da fé, nem o que cá se faz hoje e o que se fez até agora”?
ouvem missa nem a têm para a ouvir, nem se confessam b) Por que, mesmo situando seu conteúdo num plano
pela Quaresma, nem recebem nenhum outro sacramento, imaginário, idealizado, simbólico, o poema de Péthion não
ainda na morte; e assim morrem e se vãoo ao Inferno, sem desfigura a realidade em que se baseia?
haver quem tenha cuidado de seus corpos nem de suas PENGE III- LITERATURA
almas, sendo juntamente causa estas crueldades de que Texto para as questões 1 e 2
muitos índios já cristãos se ausentam de suas povoações, e
se vão para a gentilidade, e de que os gentios do sertão não A Maria dos povos, sua futura esposa
queiram vir para nós, temendo-se se do trabalho a que os Discreta, e formosíssima Maria,
obrigam, a que eles de nenhum modo são costumados, e Enquanto estamos vendo a qualquer hora,
assim se vêm a perder as conversões e os já convertidos; e Em tuas faces a rosada Aurora,
os que governam são os primeiros que se perdem, e os Em teus olhos e boca o Sol, e o dia:
segundos serão os que os consentem; e isto é o que qu cá se Enquanto com gentil descortesia
faz hoje e o que se fez até agora.” O ar, que fresco Adônis te namora,
namora
Padre Antonio Vieira. Carta XIII. 1949. Te espalha a rica trança voadora,
O último pajé Quando vem passear-te te pela fria:
“Cheio de angústia e de rancor, calado, Goza, goza da flor da mocidade,
Solene e só, a fronte carrancuda, Que o tempo trata a toda ligeireza,
Morre o velho Pajé, crucificado E imprime em toda flor sua pisada.
Na sua dor, tragicamente muda. Oh não aguardes, que a madura idade,
Vê-se-lhe aos pés, disperso e profanado, Te converta essa flor, essa beleza,
O troféu dos avós: a flecha aguda, Em terra, emm cinza, em pó, em sombra, em nada.
O terrível tacape ensangüentado, MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos - Seleção de
Que outrora erguia aquela mão sanhuda. José Miguel Wisnik. 2a ed. São Paulo: Cultrix, [s.d.]
Vencida a sua raça tão valente, 1. O poema se constrói por meio da oposição entre dois
Errante, perseguida cruelmente, campos semânticos, especialmente no contraste entre a
Ao estertor das matas derrubadas! primeira e a última estrofes. Explicite essa oposição e
'Tupã mentiu!' e erguendo as mãos sagradas, retire, dessas estrofes, dois vocábulos com valor
Dobra o joelho e a calva sobranceira substantivo – um de cada campo semântico –, identificando
Para beijar a terra brasileira." a que campo cada vocábulo pertence.
Péthion de Villar. A morte do pajé.
pajé 1978. 2. O primeiro verso da 3ª estrofe apresenta-se
apresenta como
4. Embora separados por mais de dois séculos, os textos conseqüência
seqüência de um aspecto central da visão de mundo
apresentados focalizam uma mesma questão social surgida barroca. Justifique essa afirmativa com suas próprias
no Brasil-Colônia,
lônia, que tem repercussões até os dias atuais. palavras.
Releia os dois textos com atenção e, a seguir:
a) Identifique a questão social abordada por ambos os Texto para a questão 3.
textos;
b) Explique em que medida o poema de Péthion de Villar, "Ora, suposto que já somos pó, e não pode deixar de ser,
escrito em 1900, simboliza, com certa dramaticidade,
maticidade, um pois Deus o disse, perguntar--me-eis, e com muita razão, em
dos desfechos possíveis dos problemas apontados em 1654 que nos distinguimos logo os vivos dos mortos? Os mortos
por Vieira ao rei de Portugal. são pó, nós também somos pó: em que nos distinguimos
5. (Vunesp) Podemos estranhar, por vezes, o emprego de uns dos outros? Distinguimo--nos os vivos dos mortos,
certas palavras nos textos, seja por não serem muito assim como se distingue o pó do pó. Os vivos são pó
comumente usadas, seja por manobras estilístico-
estilísti levantado, os mortos são pó caído, os vivos
v são pó que
expressivas do escritor. O contexto em que tais palavras se anda, os mortos são pó que jaz: Hic jacet. Estão essas
encontram, todavia, permite percebermos o sentido sem praças no verão cobertas de pó: dá um pé-de-vento,

que precisemos socorrer-nosnos do dicionário. Com base neste levantase o pó no ar e que faz? O que fazem os vivos, e
comentário: muito vivos. NÃO AQUIETA O PÓ, NEM PODE ESTAR ESTA
Literatura 31
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QUEDO: ANDA, CORRE, VOA; ENTRA POR ESTA se vão para a gentilidade, e de que os gentios do sertão não
RUA, SAI POR AQUELA; JÁ VAI ADIANTE, JÁ queiram vir para
ra nós, temendo-se
temendo do trabalho a que os
TORNA ATRÁS; TUDO ENCHE, TUDO COBRE, obrigam, a que eles de nenhum modo são costumados, e
TUDO ENVOLVE, TUDO PERTURBA, TUDO TOMA, assim se vêm a perder as conversões e os já convertidos; e
TUDO CEGA, TUDO PENETRA, EM TUDO E POR os que governam são os primeiros que se perdem, e os
TUDO SE METE, SEM AQUIETAR NEM SOSSEGAR segundos serão os que os consentem; e isto é o que cá se
UM MOMENTO, ENQUANTO TO O VENTO DURA. faz hoje e o que se fez até agora.
Acalmou o vento: cai o pó, e onde o vento parou, ali fica; (Padre Antonio Vieira. Carta XIII. 1949).
1949
ou dentro de casa, ou na rua, ou em cima de um telhado, ou
no mar, ou no rio, ou no monte, ou na campanha. Não é O Último Pajé
assim? Assim é." Cheio de angústia e de rancor, calado,
Antônio Vieira. Trecho do Cap. V do Sermão da Quarta- Solene e só, a fronte carrancuda,
Feira de Cinza. Apud: Sermões de Padre Antônio Vieira.
Vieira Morre o velho Pajé, crucificado
São Paulo: Núcleo, 1994, p.123-124. Na sua dor, tragicamente muda.

3. Em Padre Vieira fundem-se se a formação jesuítica e a Vê-se-lhe aos pés, disperso e profanado,
estética barroca, que se materializam em sermões O troféu dos avós: a flecha aguda,
considerados a expressão máxima do Barroco em prosa O terrível tacape ensangüentado,
religiosa
giosa em língua portuguesa, e uma das mais importantes Que outrora erguia aquela mão sanhuda.
expressões ideológicas e literárias da Contra-Reforma.
Contra
a) Comente os recursos de linguagem que conferem ao Vencida a sua raça tão valente,
texto características do Barroco. Errante, perseguida cruelmente,
b) Antes de iniciar sua pregação, Vieira fundamenta-se
fundamenta Ao estertor das matas derrubadas!
num argumento que, do ponto de vista religioso, mostra-se
mostra
incontestável. Transcreva esse argumento. “Tupã mentiu!” e erguendo as mãos sagradas,
INSTRUÇÃO: As questões de números 4 e 5 tomam por Dobra o joelho e a calva sobranceira
base um trecho de uma carta do Padre Antonio Vieira Para beijar a terra brasileira.
(1608-1697)
1697) e um soneto do poeta simbolista brasileiro (Péthion de Villar. A morte do pajé. 1978.)
Péthion
thion de Villar (Egas Moniz Barreto de Aragão, 1870-
1870
1924). Embora separados por mais de dois séculos, os textos
Carta XIII – Ao Rei D. João IV – 4 de abril de 1654 apresentados focalizam uma mesma questão social surgida
(...) no Brasil-Colônia,
nia, que tem repercussões até os dias atuais.
Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, se Releia os dois textos com atenção e responda as questões 4
serve quem ali governa como se foram seus escravos, e os e 5.
traz quase todos ocupados
upados em seus interesses, 4. Identifique a questão social abordada por ambos os
principalmente no dos tabacos, obriga-meme a consciência a textos;
manifestar a V.M. os grandes pecados que por ocasião 5. Explique em que medida o poema de Péthion de Villar,
deste serviço se cometem. escrito em 1900, simboliza, com certa dramaticidade, um
Primeiramente nenhum destes índios vai senão dos desfechos possíveis dos problemas apontados em 1654
violentado e por força, e o trabalho é excessivo,
exces e em que por Vieira ao rei de Portugal.
todos os anos morrem muitos, por ser venenosíssimo o 6. Leia os seguintes fragmentos de Marília de Dirceu, de
vapor do tabaco: o rigor com que são tratados é mais que Tomás Antônio Gonzaga.
de escravos; os nomes que lhes chamam e que eles muito
sentem, feiíssimos; o comer é quase nenhum; a paga tão Texto I
limitada que não satisfaz
sfaz a menor parte do tempo nem do "Verás em cima de espaçosa mesa
trabalho; e como os tabacos se lavram sempre em terras Altos volumes de enredados feitos;
fortes e novas, e muito distante das aldeias, estão os índios Ver-me-ás
ás folhear os grandes livros,
ausentes de suasmulheres, e ordinariamente eles e elas em E decidir os pleitos."
mau estado, e os filhos sem quem os sustente, porque não Texto II
têm os pais tempo para fazer suas roças, com que as aldeias "Os Pastores, que habitam este monte,
estão sempre em grandíssima fome e miséria. Respeitam o poder do meu cajado;
Também assim ausentes e divididos não podem os índios Com tal destreza toco a sanfoninha,
ser doutrinados, e vivem sem conhecimento da fé, nem Que inveja me tem o próprio Alceste."
ouvem missa nem a têm para a ouvir, nem se confessam
pela Quaresma, nem recebem nenhum outro sacramento, Responda:
ainda na morte; e assim morrem e se vão ao Inferno, sem a) Em quall dos fragmentos o sujeito lírico é caracterizado
haver quem tenha cuidado de seus corpos nem de suas de acordo com a convenção arcádica?
almas, sendo juntamente causa estas crueldades de que b) Explique.
muitos índios já cristãos se ausentam de suas povoações, e Penge IV (Literatura)
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Vale todo um harém a minha bela,


Leia os seguintes fragmentos de Marília de Dirceu,
Dirceu de Em fazer-me
me ditoso ela capricha...
Tomás Antônio Gonzaga. Vivo ao sol de seus olhos namorados,
Como ao sol de verão a lagartixa."
Texto I AZEVEDO, Álvares de. Poesias completas (ed.
"Verás em cima de espaçosa mesa crítica de Péricles Eugênio da Silva Ramos/ org.
Altos volumes de enredados feitos; Iumna Maria Simon).
Ver-me-ás folhear os grandes livros, Campinas/SP: UNICAMP; São Paulo: ImprensaIm
E decidir os pleitos." Oficial do Estado, 2002.
Texto II 4. A poética da segunda geração romântica é
"Os Pastores, que habitam este monte, freqüentemente associada ao melancólico, ao
Respeitam o poder do meu cajado; sombrio, ao fúnebre; a lírica amorosa, por sua vez,
Com tal destreza toco a sanfoninha, costuma ser caracterizada como lamentação de
Que inveja me tem o próprio Alceste." amores perdidos ou frustrados.
Relacione essas duas afirmativas ao texto acima no
Responda: que se refere à seleção vocabular relativa aos
1. Em qual dos fragmentos o sujeito lírico é amantes e a seu tratamento poético.
caracterizado de acordo com a convenção
arcádica? Explique. Texto para as questões 5 e 6.
Texto para as questões 2 e 3.
"Onde estou? Este sítio desconheço: As estrofes apresentadas a seguir foram retiradas do poema
Quem fez diferente aquele prado? Vozes d'África,, de Castro Alves. Vozes d'África é um dos
Tudo outra natureza tem tomado; textos em que o poeta expressa sua indignação diante da
E em contemplá-lo tímido esmoreço. escravidão. Leia, com atenção, o fragmento selecionado
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço para responder às questões propostas:
De estar a ela um dia reclinado.
Ali em vale um monte está mudado: Vozes d'África
Quanto pode dos anos o progresso! "Deus! ó Deus, onde estás que não respondes!?
Árvores aqui vi tão florescentes, Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes,
Que faziam perpétua a primavera: Embuçado nos céus?
Nem troncos vejo agora decadentes. Há dois mil anos te mandei meu grito,
Eu me engano: a região esta não era Que embalde, desde então, corre o infinito...
Mas que venho a estranhar, se estão presentes Onde estás, Senhor Deus?...
Meus males, com que tudo degenera!" (...)
Cláudio Manuel da Costa. Sonetos (VlI). In: Mas eu, Senhor!... Eu triste, abandonada,
Péricles Eugênio da Silva Ramos (Intr., sel. e Em meio dos desertos esgarrada,
notas). Poesia do outro - Antologia. São Paulo: Perdida marcho em vão!
Melhoramentos, 1964, p. 47. Se choro... bebe o pranto a areia ardente!
2. Indique qual a forma convencional clássica em que Talvez... pra que meu pranto, ó Deus clemente,
se enquadra o poema. Não descubras no chão!..."
3. Transcreva a estrofe do poema em que a expressão 5. Cite e explique a figura de linguagem através da
da natureza aprazível, situada no passado, domina qual o poeta estrutura todo o poema.
sobre a expressão do sentimento da personagem 6. Identifique os elementos que representam,
poemática. figuradamente,e, o abandono e o desespero advindos
Texto para a questão 4. da escravidão.
A lagartixa PENGE V
A lagartixa ao sol ardente vive Texto para as questões 1, 2 e 3.
E fazendo verão o corpo espicha: Navio Negreiro
O clarão de teus olhos me dá vida, "Senhor Deus dos desgraçados!
Tu és o sol e eu sou a lagartixa. Dizei-meme vós, Senhor Deus!
Amo-te como o vinho e como o sono, Se é loucura... se é verdade
Tu és meu copo e amoroso leito... Tanto horror perante os céus...
Mas teu néctar de amor jamais se esgota, Ó mar! por que não apagas
Travesseiro não há como teu peito. Coa esponja de tuas vagas
Posso agora viver: para coroas De teu manto este borrão?...
Não preciso no prado colher flores; Astros! noite! tempestades!
Engrinaldo melhor a minha fronte Rolai das imensidades!
Nas rosas mais gentis de teus amores. Varrei os mares, tufão!...

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Quem são estes desgraçados, Sua tez era o meio termo entre re o alvo e o moreno, que é, a
Que não encontram em vós, meu ver, a mais amável de todas as cores. Suas feições,
Mais que o rir calmo da turba ainda que não eram de irrepreensível regularidade, eram
Que excita a fúria do algoz? indicadas por linhas suaves e harmoniosas. Era bem feita, e
Quem são?...Se a estrela se cala, de alta e garbosa estatura.
Se a vaga à pressa resvala azenda paterna, desde que saíra da
Retirada na solidão da fazenda
Como um cúmplice fugaz, escola, Lúcia crescera como o arbusto do deserto,
Perante a noite confusa... desenvolvendo em plena liberdade todas as suas graças
Dize-o tu, severa musa, naturais, e conservando ao lado dos encantos da puberdade
Musa, libérrima, audaz! toda a singeleza e inocência da infância.
São os filhos do deserto Lúcia não tinha uma dessas cinturas tão estreitas que se
Onde a terra esposa a luz. possam abranger entre os dedos das mãos; mas era fina e
Onde voa em campo aberto flexível. Suas mãos e pés não eram dessa pequenez e
A tribo dos homens nus... delicadeza hiperbólica, de que os romancistas fazem um
São os guerreiros ousados, dos principais méritos das suas heroínas; mas eram bem b
Que com os tigres mosqueados feitos e proporcionados.
Combatem na solidão... Lúcia não era uma dessas fadas de formas aéreas e
Homens simples, fortes, bravos... vaporosas, uma sílfide ou uma bayadère, dessas que fazem
Hoje míseros escravos o encanto dos salões do luxo. Tomá-la-íeis
Tomá antes por uma
Sem ar, sem luz, sem razão..." das companheiras de Diana a caçadora,
c de formas esbeltas,
Castro Alves. In: Antonio Candido e J Aderaldo Castelo. mas vigorosas, de singelo mas gracioso gesto.
Presença da literatura brasileira. Do Romantismo ao Todavia era dotada de certa elegância natural, e de uma
Simbolismo. delicadeza de sentimentos que não se esperaria encontrar
São Paulo: Difel, 1976. p. 70. em uma roceira."
O fragmento acima foi retirado do canto V de Navio Bernardo Guimarães. O garimpeiro – romance.
Negreiro,, um dos poemas mais significativos do Rio de Janeiro: B.L. Garnier Livreiro-Editor
Livreiro do Instituto,
romantismo brasileiro. 1872, p. 14-16.
1. Estabeleça uma comparação entre a temática abordada
ab 5. Na descrição da beleza das mulheres, os escritores nem
por Castro Alves e os tópicos recorrentes na segunda fase sempre se restringem à realidade, mesclando aspectos reais
da poesia romântica, o chamado "mal do século". e ideais. Uma das características do Romantismo, a esse
2. Determine dois recursos estilísticos utilizados por Castro respeito, eraa a forte tendência para a idealização, embora
Alves com o objetivo de persuadir e comover o leitor. nem todos os ficcionistas a adotassem como regra
3. Especifique a que se refere
efere a expressão "este borrão" no dominante. Com base nestas informações, releia
verso 7 da primeira estrofe do poema de Castro Alves. atentamente o quarto parágrafo do fragmento de O
Garimpeiro e identifique na descrição da personagem Lúcia
Para a questão 4: uma atitude
itude crítica do narrador ao idealismo romântico.
O trecho abaixo foi extraído de Iracema. Ele reproduz a Para a questão 6:
reação e as últimas palavras de Batuiretê antes de "Ao cabo, era um lindo garção, lindo e audaz, que entrava
morrer: na vida de botas e esporas, chicote na mão e sangue nas
veias, cavalgando um corcel nervoso, rijo, veloz, como o
"O velho soabriu as pesadas pálpebras,
pebras, e passou do neto ao corcel das antigasas baladas, que o Romantismo foi buscar ao
estrangeiro um olhar baço. Depois o peito arquejou e os castelo medieval, para dar com ele nas ruas do nosso
lábios murmuraram: século. O pior é que o estafaram a tal ponto, que foi preciso
— Tupã quis que estes olhos vissem antes de se apagarem, deitá-lo
lo à margem, onde o Realismo o veio achar, comido
o gavião branco junto da narceja*. de lazeira e vermes, e, por compaixão, o transportou
t para
O abaeté derrubou a fronte aos peitos, e não falou mais, os seus livros."
nem mais se moveu." 6. É possível considerar o texto como uma apologia do
José de Alencar, Iracema: lenda do Ceará.
Ceará Rio de Janeiro: Realismo? Justifique sua resposta.
MEC/INL, 1965, p. 171-172.
171 PENGE VI
*Narceja: espécie de ave típica do continente sulamericano.
4. Explique o sentido da metáfora empregada por Batuiretê
em sua fala. Questões de Literatura Penge 6
Para a questão 5: 1. (UFV-MG)
MG) Considere as seguintes afirmativas:
O garimpeiro a) "Esforço-me
me por entrar no espartilho e seguir uma linha
reta geométrica: nenhum lirismo, nada de reflexões,
"Lúcia tinha dezoito anos, seus cabelos eram da cor do ausente a personalidade do autor."
jacarandá brunido, seus olhos também eram assim, Gustav Flaubert
castanhos bem escuros. Este tipo, que não é muito comum, Cf. BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira.
dá uma graça e suavidade indefinível à fisionomia. São Paulo: Cultrix, 1994. p. 169.
1
Literatura 34
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b) "Em Thérèse Raquin, eu quis estudar temperamentos e pedreira para a venda, da venda às hortas e ao capinzal,
não caracteres. Aí está o livro todo. Escolhi personagens sempre em mangas de camisa, de tamancos,
tamanc sem meias,
soberanamente dominadas pelos nervos e pelo sangue, olhando para todos os lados, com o seu eterno ar de cobiça,
desprovidas de livre-arbítrio,
arbítrio, arrastadas a cada ato de sua apoderando-se,se, com os olhos, de tudo aquilo de que ele não
vida pelas fatalidades da própria carne [...]." podia apoderar-se se logo com as unhas.”
Émile Zola AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. 25ed.
Cf. BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Ática, 1992, pp. 23-24.
23
São Paulo: Cultrix, 1994. p. 169. No fragmento to de O Cortiço, de Aluísio Azevedo (1857-
(1857
1913), há um trecho em que se observa uma das posturas
Os princípios estéticos introduzidos por Flaubert e Zola, cientificistas do Naturalismo, o psicofisiologismo. Tal
respectivamente, os mentores do Realismo e do postura consiste em fazer com que os traços físicos de um
Naturalismo, servem
vem como parâmetro para que se possam personagem estejam em estreita relação com sua su identidade
estabelecer as diferenças básicas entre essas duas escolas psicológica, sua maneira de ser, no ambiente narrativo.
literárias. Levando em consideração este comentário:
Reflita sobre as afirmações dos referidos escritores 3. Indique um traço físico de João Romão que está de
franceses e destaque os pontos convergentes e divergentes acordo com a personalidade que lhe confere o narrador.
entre as manifestações da prosa de ficção realista-
realista 4. Interprete esse traço físico, à luz
lu do caráter naturalista da
naturalista no Brasil. obra.
Os textos a seguir referem-se se à próxima questão e à de
2. número 6.
"O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem
metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e Tercetos
abundante como as das éguas selvagens, davalhe um "Noite ainda, quando ela me pedia
caráter fantástico de fúria saída do inferno."
rno." Entre dois beijos que me fosse embora,
O fragmento anterior pertence ao romance O cortiço, de Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:
Aluísio Azevedo. 'Espera ao menos que desponte a aurora!
a) A descrição da personagem exemplifica um típico tua alcova é cheirosa como um ninho...
recurso do movimento literário a que se filiou o autor. Que e olha que escuridão há lá fora!
movimento foi esse e qual o recurso aqui adotado? Como queres que eu vá, triste e sozinho,
b) Exemplifique,e, com duas expressões retiradas do texto, a Casando a treva e o frio de meu peito!
resposta que você deu ao item anterior. Ao frio e à treva que há pelo caminho?!
Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
TEXTO PARA AS QUESTÕES 3 E 4. Não me arrojes jes à chuva e à tempestade!
O cortiço Não me exiles do vale do teu leito!
“Daí a alguns meses, João Romão, depois de tentar um Morrerei de aflição e de saudade...
derradeiro esforço para conseguir algumas braças do Espera! até que o dia resplandeça,
quintal do vizinho, resolveu
solveu principiar as obras da Aquece-me me com a tua mocidade!
estalagem. Sobre o teu colo deixa-me me a cabeça
— Deixa estar, conversava ele na cama com a Bertoleza; Repousar, como há pouco repousava...
deixa estar que ainda lhe hei de entrar pelos fundos da casa, Espera um pouco! deixa que amanheça!'
se é que não lhe entre pela frente! Mais cedo ou mais tarde — E ela abria-me me os braços. E eu ficava."
como-lhe, não duas braças, mas seis, oito, todo o quintal e Em Bilac, Olavo. Alma inquieta: poesias. 13. ed. São
até o próprio sobrado talvez! Paulo:
E dizia isto com uma convicção de quem tudo pode e tudo Francisco Alvez, 1928, p. 171-172.
171
espera da sua perseverança, do seu esforço inquebrantável e Ela disse-me assim
da fecundidade prodigiosa do seu dinheiro, dinheiro que só "Ela disse-me assim
lhe saía das unhas para voltar
tar multiplicado. Tenha pena de mim, vá embora!
Desde que a febre de possuir se apoderou dele totalmente, Vais me prejudicar
todos os seus atos, todos, fosse o mais simples, visavam um Ele pode chegar, está na hora!
interesse pecuniário. Só tinha uma preocupação: aumentar E eu não tinha motivo nenhum
os bens. Das suas hortas recolhia para si e para a Para me recusar,
companheira os piores legumes, aqueles que, por maus, Mas aos beijos caí em seus braços
ninguém compraria; as suas galinhas produziam muito e ele E pedi pra ficar.
não comia um ovo, do que no entanto gostava imenso; Sabe o que se passou
vendia-os todos e contentava-se se com os restos da comida Ele nos encontrou, e agora?
dos trabalhadores. Aquilo já não era ambição, era uma Ela sofre somente porque
moléstia nervosa,
vosa, uma loucura, um desespero de acumular; foi fazer o que eu quis.
de reduzir tudo a moeda. E seu tipo baixote, socado, de E o remorso está me torturando
cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer, ia e vinha da Por
or ter feito a loucura que fiz.
Literatura 35
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Por um simples prazer, fui fazer Seu corpo desceu ao mar...


Meu amor infeliz."
Lupicínio Rodrigues 1. Todo o poema é construído com base em antíteses.
Samba-canção
canção gravado por José Bispo dos Santos, o As antíteses articulam-se
articulam em torno dos desejos
Jamelão. contraditórios de Ismália. Destaque dois pares de
Continental, 1959. antíteses do texto.
5. Separados pela distância do tempo, o texto do 2. O que deseja Ismália?
compositor Lupicínio Rodrigues (1914-1974)
1974) mantém 3. O Simbolismo, por ser um movimento antilógico e
relações de semelhança e de dessemelhança com o poema anti-racional, valoriza
iza os aspectos interiores e
de Olvao Bilac (1865-1918). Releia-os
os com atenção e, a pouco conhecidos da alma e da mente humana.
seguir: Retire do texto palavras ou expressões que
a) Responda em que sentido o samba-canção
canção de Lupicínio comprevem essa característica simbolista.
poderia representar uma continuidade ou mobilização do Sobre as questões 4, 5 e 6: tal qual no Barroco e no
tema enfocado pelo poeta parnasiano. Romantismo, o poema estabelece relações entre corpo
b) Do ponto de vista formal da versificação, aponte pelo e alma ou matéria e espírito. Com base no desfecho do
menos um procedimento de Lupicínio que o distancia do poema:
poema de Bilac. 4. Céu e mar relacionam-se
relacionam ao universo material ou
espiritual?Justifique.
6. Embora seja considerado um dos mais típicos 5. Ismália conseguiu realizar o desejo simbolista de
representantes do Parnasianismo brasileiro, cuja estética transcendência espiritual? Explique.
defendeu explicitamente no célebre poema Profissão de Fé, 6. Pode-sese afirmar que, para os simbolistas,
s sonho e
Olavo Bilac revela em boa parcela de seus poemas alguns loucura levam à libertação? Justifique.
ingredientes que o afastam da rigidez característica da
escola parnasiana e o aproximam da romântica. Partindo
desta consideração:
a) Identifique duas características formais do poema de
Bilac que sejam tipicamente parnasianas.
b) Aponte um aspecto do mesmo poema que o aproxima da
estética romântica.
PENGE VII

TEXTO PARA AS QUESTÕES DE LITERATURA

Ismália
Alphonsus de Guimaraens

Quando Ismália enlouqueceu,


Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,


Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu


As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu


Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Literatura 36

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