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CONTEÚDO

PROFº: BOUTH
01 REGIÃO NORDESTE (I).
A Certeza de Vencer JACKY07/02/08

A Seca e o Processo da Desertificação “taipa” e cercadas de árvores frutíferas ou de culturas


alimentícias.
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A POBREZA NORDESTINA NÃO É UMA QUESTÃO DE Hoje a paisagem está uniformizada na sua maior
SECA MAIS DE CERCA extensão; viaja-se horas seguidas no meio de canaviais,
cacauais, de pastagens, de culturas de soja etc. Os
pequenos sítios persistem apenas nas áreas mais
Ao se fazer uma análise da problemática distantes da rodovia ou nos lugares altos, de difícil
nordestina se constata a pobreza da maioria de sua acesso. E que com a intensificação da penetração do
população, se é levado a fazer perguntas: por que uma capitalismo no campo e com o desenvolvimento da
região rica está sendo habitada por uma população tão tecnologia agrícola e industrial, os proprietários passaram
pobre? Quais as causas fundamentais desta pobreza: a a dispensar os seus moradores e a explorar diretamente
tirania de condições naturais desfavoráveis ou a inércia e suas terras. O processo de expulsão é muitas vezes feito
incapacidade de suas elites? Por que a Sudene, após de forma violenta, com a tomada da terra e a destruição
quase trinta anos de atuação, não corrigiu os desníveis das lavouras, com espancamento e ameaça a vida dos
existentes entre esta região e o Centro-Sul? Finalmente, o mesmos ou de seus familiares, outras vezes é feito de
que fazer? Como fazer? E para que fazer? forma sutil, oferecendo uma indenização pelos bens que o
Acreditamos que a pobreza que domina a região é morador possui, alegando que na cidade ou vila próxima
o resultado de uma série de fatores que confluem para ele pode desfrutar de uma vida melhor, com mais
dificultar e entravar um processo natural de liberdade e com oportunidade ao lazer, ao ensino e as
desenvolvimento, e que estes fatores são mais de origem instituições de saúde, para a família. O morador, seduzido
social do que física, no caso a seca. Ela é comandada por pela vida urbana e pela liberdade de prestar serviços ao
um sistema que beneficia os grupos dominantes que se patrão que escolher, recebe alegremente estas sugestões
opõem a qualquer transformação estrutural que possa e se instala na cidade. Só depois é que ele sentirá a
tocar nos seus interesses e que até se beneficia do flagelo incerteza do trabalho, a instabilidade na necessidade de
das secas, captando verbas que dinamizam os seus braços nas várias estações do ano, os problemas de
negócios e consolidam o seu poder político. Daí o apoio desagregação da família e a falta dos alimentos que
que dão a toda e qualquer ação que vise modernizar as produzia no “sítio” quando vivia no latifúndio.
relações econômicas e sociais até o ponto em que esta Os proprietários também sentem, em algumas
ação não transforme as estruturas sociais, mas ao ocasiões, o problema da falta de braços e, embora se
contrário, que as dinamize e as torne mais resistentes as opondo as leis como a do “sítio”, eles advogam junto ao
mudanças. A pobreza é útil ao grupo dominante para governo a implantação de agrovilas onde os trabalhadores
obter mais recursos e favores oficiais, em uma federação têm direitos a uma casa e a uma área de dois ou três
em que as regiões mais ricas se beneficiem do hectares para as suas culturas. Como isto os proprietários
crescimento econômico das mais pobres. Estes grupos transferem para o Poder Público o custo do assentamento
dominantes têm interesses que coincidem com os das dos trabalhadores, têm os mesmos fixados nas
regiões hegemônicas do país, de vez que atuam proximidades do seu latifúndio, passando a dispor de
intermediários e como prepostos dos grupos nacionais mão-de-obra barata nas ocasiões de maior necessidade
mais fortes e dos transnacionais e que empregam os seus de trabalho.
capitais, nas áreas mais ricas onde obtém um retorno do Utilizam, assim, a questão social, para transferir
capital empregado mais rápido e seguro. Há, assim, no para o Poder Público os custos de manutenção da mão-
plano nacional, uma semelhança com o que ocorre no de-obra de que necessitam, tendo o cuidado de fazer com
plano internacional, com os grupos dominantes das áreas que as áreas disponíveis a cada família não sejam
dominadoras, que se beneficiam da exploração das áreas suficientes para a sua manutenção, a fim de que
mais pobres. necessitem complementar a renda ven-dendo a força de
O sistema “desenvolvimentista” implantado trabalho aos proprietários.
provoca naturalmente, uma acentuação da pobreza e da Tal política tem grande repercussão tanto no
dominação que se exterioriza em uma série de aspectos campo como na cidade, provocando a queda da produção
que procuraremos analisar, ou seja: o esvaziamento do de alguns alimentos e estimulando a importação de frutas
campo, o crescimento patológico das cidades e o e legumes do Sudeste, o que acarreta, naturalmente, no
desrespeito ao meio ambiente. encarecimento dos produtos alimentícios.
Um fato que chama atenção no interior do
Nordeste é o esvaziamento populacional do campo e a DESERTIFICAÇÃO: A MAIOR CONSEQÜÊNCIA DOS
expansão cada vez maior das culturas feitas por grandes IMPACTOS AMBIENTAIS
VESTIBULAR – 2009

proprietários e por empresas. Há algumas décadas


observa-se, no interior do Nordeste, a existência de áreas As formas de exploração dos recursos naturais
de culturas principais, mas, intercaladas às mesmas, têm desencadeado uma forte degradação ambiental
havia os “sítios’ de pequenos produtores sempre decorrente dos desmatamentos, queimadas, poluição das
arrendatários, parceiros ou trabalhadores de cambão e de águas, salinização dos solos e água, assoreamento dos
condição, com as suas casas humildes, construídas de rios e riachos, extinção de espécies animais e vegetais,
culminando no processo de desertificação. Isso tem
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agravado os efeitos do clima na região, interferindo nos os mais pobres da região, e com índices de qualidade de
níveis de produção e na qualidade de vida das vida muito abaixo da média nacional.
populações.
Os estudos sobre desertificação no Brasil: o caso do
Desertificação diferencia-se de desertização.
Nordeste.
Desertização é um processo natural que
Os estudos sobre desertificação e arenização
independe da ação antrópica sendo ecologicámente um
feitos no Brasil se concentram em áreas do nordeste
fato acabado. Desertificação, todavia, é um fenômeno
brasileiro e no extremo sul do Brasil. Entre os estudos
que tem um componente muito forte que desencadeia seu
realizados, destaca-se: “Problemas da desertificação e da
processo que é o homem. No caso brasileiro, o que
savanização no Brasil intertropical" de Aziz Nacib
existem são processos de desertificação e não ainda
Ab’Sáber, publicado em 1977.
desertos.
Neste trabalho, Ab’Sáber estabelece alguns fatores que
A Agenda 21, o principal documento gerado pela
podem desencadear processos de desertificação no
Conferência do Rio em 1992, definiu desertificação como
Brasil.
sendo ã degradação da terra nas regiões áridas, semi-
(...) , entendemos como processos parciais
áridas, sub-áridas e sub-úmidas secas, resultantes de
desertificação, todos os fatos pontuais ou aureolares,
vários fatores, entre eles as variações climáticas e as
suficientemente radicais para criar degradações
atividades humanas.
irreversíveis da paisagem e dos tecidos ecológicos
Em relação ao Nordeste, além da seca em pelo
naturais. ( Ab’Sáber, 1997: 01).Neste estudo, Ab’Sáber
menos oito Estados, o processo de desertificação já
identifica no semi-árido brasileiro, mesmo que não
atingiu mais de 55% do território, ou seja, uma mancha
relacionados diretamente às condições climáticas, alguns
quase do tamanho do Estado do Sergipe. A área
aspectos de desertificação relacionados à atividade
corresponde a 18.000' quilômetros quadrados
humana.
completamente esturricados. Uma terra pobre e arenosa,
(...) três séculos de atividades agrárias rústicas,
onde o cultivo tomou-se inviável mesmo com a irrigação e
centradas no pastoreio extensivo, e algumas décadas de
estima-se que outros 180 000 quilômetros quadrados
ações deliberadas de intervenção antrópica, com
estão seguindo o mesmo caminho.
acentuado crescimento demográfico paralelo, terminaram
Os processos de desertificação são muitos
por acrescentar feições de degradação pontuais, de fácil
complexos e envolve dimensões não apenas de
reconhecimento nas paisagens sertanejas, sob a forma de
conhecimento técnico, mas, econômicas, sociais e
ulceração dos tecidos ecológicos regionais. Ainda uma
culturais. Os impactos ambientais da desertificação
vez, sem que tenham ocorrido mudanças climáticas
resultam na eliminação da biodiversidade (fauna e flora),
recentes, processaram-se efetivos quadros locais ou
da redução da disponibilidade de recursos hídricos
subregionais de desertificação antrópica ( Ab’Sáber, 1977:
mediante o assoreamento de rios e reservatórios, e da
2-3).
perda fisica e química dos solos, favorecendo a redução
da produtividade da agricu1.tura.
Para Ab’Sáber, alguns fatores, enumerados no
O semi-árido brasileiro que durante séculos
seu trabalho, contribuem para uma predisposição ao
resistiu aos longos períodos de estiagem, não está
surgimento de áreas com características de
suportando ao avanço da desertificação. Aliás,
desertificação.
comparativamente com a terrível seca, o fenômeno da
O que se pode inferir pela descrição do autor é
desertificação é muito mais cruel. A criação da pecuária
que tais fatores exercem mais efeitos sobre o que ele
extensiva (bois e bodes) como atualmente é praticada tem
define de savanização do que de desertificação. E o
arrasado o solo nordestino. Os animais quando comem a
próprio autor reconhece que é difícil fazer generalizações
vegetação que sobrevive à estiagem, pisoteiam mudas e
sobre desertificações nos cerrados. “A idéia de um
gramíneas, compactando o solo.
domínio do cerrado em processo generalizado de
O desmatamento indiscriminado da caatinga
desertificação em prolongamento à semi-aridez das
contribui fortemente para o desequilíbrio ambiental,
caatingas é um esforço de generalização inconsistente” (
inexistindo qualquer fiscalização na retirada da lenha que
Ab’Sáber,1977:6- 13).
vão parar nos fogões das famílias e nos formos de
Em estudos mais recentes sobre o processo de
cerâmica e padarias. As queimadas impedem a
desertificação no Nordeste, Conti (1998) chama atenção
germinação espontânea das plantas nativas, maior
para o fato de que, mesmo tendo diversos estudos
escoamento superficial dos recursos hídricos, dificultando
apontando locais com o princípio de desertificação ou
uma maior infiltração no lençol freático.
‘aviltamento ambiental’, não consta nenhum lugar em que
Todos estes fatores reduzem a capacidade
o processo seja irreversível. “A ação antrópica e os
produtiva da terra, diminuindo a produtividade agrícola e,
mecanismos naturais podem atuar de forma solidária e
portanto, impactando as populações, diminuindo a
intercambiar influências. Contudo, a degradação que se
qualidade de vida, elevando a mortalidade infantil e
manifesta nessa região e em outras do território brasileiro
reduzindo a expectativa de vida da população.
não conduz necessariamente a um processo sem
Os prejuízos sociais refletem nas unidades
retorno”(Conti, 1998: 73).
VESTIBULAR – 2009

familiares. As migrações desestruturam as famílias e


impactam as zonas urbanas, que quase sempre não estão
em condições de oferecer serviços ao elevado contingente
populacional que para lá se deslocam. A população
afetada apresenta alta vulnerabilidade, já que estão entre

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