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segredos e virtudes das plantas medicinais

SELECÇÕES DO READERS DIGEST

Selecções do Reader's Digest

1
CONSULTORES DA EDIÇÃO PORTUGUESA

J. A. Borralho da GRAÇA, professor catedrático de Farmacognosia da Faculdade de Farmácia de


Lisboa.
Luís Filipe M. AIRES, assistente responsável pela cadeira de Botânica Farmacêutica da Faculdade de
Farmácia de Lisboa.

REDACTORES DA EDIÇÃO ORIGINAL

Prof. Pierre DELAVEAU, Universidade René-Descartes,


Paris V, Faculdade >de Ciências Farmacêuticas e Biológicas: pp. 337-348. Michelle LORRAIN,
professor-assistente de Fisiologia
Vegetal e Farmacognosia, Instituto Europeu de Ecologia, Metz: pp. 11-15, 349-360.
François MORTIER, Faculdade de Ciências Farmacêuticas
e Biológicas, Nancy I: pp. 8-10.
Caroline RiVOLIER: pp. 43-46, 48-53, 55-60, 63-74,
76-84, 88-90, 92-95, 98, 99, 103, 106-108, 110,
112-114, 116, 117, 120-125, 128, 129, 131, 133-135,
137-140, 144-146, 148-166, 168-171, 173-182,
184-189, 192-196, 199-201, 203, 204, 216-218, 223,
227, 228, 231-234, 236-240, 242-252, 254-267,
269-282, 284, 286-290, 294, 299, 301, 303, 304. Doutor Jean RiVOLIER e Caroline RiVOLIER: pp.
362-441.
Abade Rene SCHWEITZER, engenheiro-agrónomo: pp.
20-40, 47, 54, 61, 62, 67, 75, 185-87, 91, 96, 97,
100-102, 104, 105, 109, 111, 115, 118, 119, 126,
127, 130, 132, 136, 141-143, 147, 167, 172, 183,
190, 191, 197, 198, 202, 205-215, 219-222, 224-226,
229, 230, 235, 241, 253, 268, 283, 285, 291-293,
295-298, 300, 302, 442-453.

CONSULTORES DA EDIÇÃO ORIGINAL

Pierre BosSIaRDET, desenhador artístico, Centro Nacional


de Investigação Científica.
Renê H. DELÉPINE, professor-assistente, Universidade
Pierre-et-Marie-Curie, Paris VI, director da equipa de biogeografia e ecologia bentónica.
Michel GuÉDÈS, professor-assistente, Museu Nacional de
História Natural, Paris, laboratório de fanerogân-kas. Prof. Paul JOVET, director (honorário) do
Centro Nacional de Investigação Científica, Paris. Prof. René PARIS, Universidade René-Descartes,
Paris
V, Faculdade de Ciências Farmacêuticas e Biológicas.

ILUSTRAÇõES

David BAXTER: pp. 67, 72, 143, 209. FranÇoise BONVOUST: pp. 95, 96, 115, 132, 150, 159,
192, 198, 269, 284, 286, 295. Luc BOSSERDET: Pp. 92, 107, 110, 120, 126, 138, 146,
2
149, 151, 154, 163, 164, 230, 245, 265, 268Pierre BROCHARD: p. 50. Jean COLADON: pp. 63, 70,
113, 148, 174, 205, 210,
211, 214, 226, 242, 252, 292, 442-452. François COLLET: Pp. 93, 158. Philippe COUTÊ PP, 82,
106, 121, 157, 176, 237, 267,
278. FrançoiSC DE DALMAS: Pp. 103, 119, 156, 170, 183. Maurice ESPÉRANCE: pp. 20-35, 47,
54, 61, 86, 87, 96,
111, 118, 132, 188, 197, 216, 219, 223, 227, 253,
289. lan GARRARD: pp. 53, 59, 79, 89, 122, 153, 171, 173,
184, 201, 271, 287. Odette HALMOS: pp. 177, 178, 229, 246, 276, 298. Madeleine HUAU: pp. 73,
147, 161, 162, 169, 172, 238,
279, 281, 304. Mette IVERS: pp. 49-51, 69, 97, 99, 109, 112, 124, 125,
129, 131, 141, 165, 166, 185, 186, 189, 200, 236,
239, 244, 255, 277, 305-336. Josiane LARDY: pp. 45, 57, 71, 77, 100, 114, 117, 143,
167, 175, 182, 187, 196, 202, 208, 218, 248, 251,
258, 260, 263, 273, 296, 299, 300. Annie LE FAou: pp. 43, 44, 56, 90, 108, 123, 130, 139,
144, 155, 190, 194, 207, 228, 254, 256, 264, 266,
272, 294. Yvon LE GALL: P. 102. Nadine LIARD: Pp. 193, 220, 222, 283. GUy MICHEL: pp. 60,
66, 91, 128, 133, 140, 142, 152,
168, 212-213, 232, 291, 297, 301, 302. Daniel MONCLA: Pp. 94, 134, 241, 274. Marie-Claire
Nivoix: pp. 64, 78, 116, 160, 203, 215,
217, 258. Alain d'ORANGE: p. 101. Charles PICKARD: pp. 75, 98, 221, 233. Robert Rousso: pp. 48,
52, 180, 181. Jean-Paul TURMEL: pp. 58, 104, 141, 191, 195, 204,
206, 240, 243, 247. Denise WEBER: capa e pp. 46, 55, 62, 65, 74, 76, 80,
81, 83-85, 88, 127, 135, 179, 199, 224, 225, 231,
234, 249, 250, 257, 259, 261, 262, 269, 275, 280,
282, 288, 290, 303.

SEGREDOS E VIRTUDES DAS PLANTAS MEDICINAIS

uma edição de Selecções do Reader's Digest

1983, Selecções do Reader's Digest, SARL.

Rua de Joaquim António de Aguiar, 43 - Lisboa

Reservados todos os direitos. Proibida a reprodução, total ou parcial, do texto ou das ilustrações, sem
autorização, por escrito, dos editores.

Composição: Fototexto, Lda. - Lisboa Impressão: Lisgráfica, SARL. - Queluz de Baixo Encadernação:
AMBAR - Porto
1.a edição, Maio de 1983. Depósito legal n.I 2130/83

PRINTED IN PORTUGAL

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Índice

Prefácio

O reino dos simples


As plantas medicinais A fábrica vegetal Identificar, colher, conservar
Guia das plantas a conhecer
As plantas espontâneas As plantas cultivadas As plantas tóxicas As plantas exóticas
Os benefícios das plantas
O emprego do simples Dicionário da saúde
Os usos veterinários
Glossário

índice alfabético
Ao leitor

O aumento do consumo individual de medicamentos que se observa por todo o Mundo tem originado
nos últimos anos um interesse renovado pelas plantas medicinais, um retorno às fontes naturais para o
tratamento de doenças. Este fenómeno poderá explicar-se pelo facto de grande parte dos
medicamentos ter tido origem precisamente em espécies vegetais, pelo desejo de regressar à Natureza
que se observa no homem moderno e por uma certa desconfiança em relação aos medicamentos de
origem sintética de produção industrializada.

Esta obra, que não pretende substituir a medicina tradicional, foi realizada sob a orientação de autores
especializados que souberam pôr os seus profundos conhecimentos nos campos da botânica e da
farmacognosia ao alcance e ao serviço do grande público. Nela se explicam as possibilidades reais das
plantas medicinais, se estimula a sua colheita no meio natural e, simultaneamente, se desmistificam as
especulações pseudocientíficas que ensombram a divulgação séria da medicina pelas plantas.

A identificação e a colheita das plantas adequadas constituem um primeiro problema. Para o


solucionar, recorreu-se a ilustrações de grande qualidade e a descrições morfológicas minuciosas que
permitem distinguir as espécies benéficas das neutras e das nocivas. Oferecer mapas exactos com a
localização dos lugares de colheita de cada planta seria pretensão irrealizável; mas o leitor encontrará
descritos os habitats característicos das diferentes espécies. A obra assinala ainda em que altura e
época devem ser colhidas as plantas espontâneas e cultivadas e quais são as suas partes úteis. E, uma
vez colhidas e preparadas, ensina a conservar as substâncias vegetais com propriedades medicinais.

Atitudes menos cuidadas quanto à colheita e preparação e menos prudentes quanto à dosagem podem
conduzir a riscos que deverão ser evitados, para que, em vez de benefícios para a saúde e bem-estar, se
não colham antes prejuízos. Assim, ficando um tanto à mercê do discernimento do leitor a maneira
como aproveitar, com a maior utilidade, o conteúdo da obra, os editores não poderão ser
responsabilizados pelas consequências que advenham da má utilização das informações ou da
negligência em relação a recomendações insistentemente referidas ao longo do livro.

SELECÇõES Do READER,s DIGEST


Prefácio

Para a importação de novas drogas medicinais oriundas do Oriente, há muito mantida pela Europa,
deram os Portugueses uma contribuição notabilissima, tornando-a mais variada e abundante à medida
que as foram procurando nas regiões africanas, asiáticas e sul-americanas a que pela primeira vez
aportavam.

Para além de quanto a África ia oferecendo de novidade, foi na índia que se


encontrou maior variedade e riqueza desses produtos, os quais, comercializados pelos Portugueses,
passaram a ser quer conhecidos pela primeira vez na Europa, quer mais abundantes e acessíveis.

Havia produtos que serviam de mezinhas, outros designados por especiarias, conjunto na quase
totalidade de origem vegetal, embora os houvesse de origem animal ou mista, utilizados como
condimentos, masticatórios, excitantes, estupefacientes, perfumes, unguentos e corantes, com
propriedades exclusivas ou polivalentes.

Na preocupação que sempre existiu de ir descrevendo tudo quanto de útil se descobria, foram enviados
boticários nas naus que partiam a caminho do Oriente, aos quais competia não só o desempenho das
suas funções durante as viagens e nos locais onde as tripulações se instalassem, mas também a
averiguação das mezinhas usadas nas diversas zonas visitadas ou onde fosse possível obter notícia
fidedigna, e ainda descrever a natureza e origem das *drogas e cousas medicinais+, as suas
propriedades e aplicações.
Distinguiram-se nessa tarefa, em grande parte original, em primeiro lugar Simão Alvares, boticário de
profissão que chegou à índia em 1509, e Tomé Pires, feitor de drogas, que ali chegou em 1512 por
mandato do rei D. Manuel I e que seguiu mais tarde para a China como embaixador, com a
incumbência de procurar reconhecer as plantas daquela região úteis para a medicina.

Mas foi Garcia de Orta quem mais se notabilizou no estudo das espécies medicinais e de outros
produtos semelhantes da índia, para onde partiu em 1534, onde se fixou e onde morreu. Tendo nascido
em Elvas, Garcia de Orta tirara o curso de Medicina nas Universidades de Salamanca e Alcalá, tendo
ainda regido uma cadeira na Universidade de Lisboa em 1530 antes de partir para o Oriente.

O seu livro Coloquios dos simples, e drogas he cousas mediçínais da Indía publicado em 1563 em
Goa, adquirefama internacional, nomeadamente depois de ter sido traduzido em latim, francês e
italiano. Nesta obra se consignam, sob a forma de diálogo, todos os conhecimentos científicos e
práticos que o autor conseguiu reunir sobre tais produtos e sua utilização.

O cientista francês Jules Charles de l'Écluse (Clúsio) publicou uma edição latina simplificada, com o
título Aromatum et Simplicium Aliquot Medicamentorum Apud Indos Nascentium Historia,
enriquecendo com notas pessoais e desenhos a obra original.

Depois do que se ficou devendo a árabes, gregos e romanos, surge assim a partir desta tão notável obra
de Garcia de Orta a divulgação escrita, em diversas línguas eformas, de quanto mais se passou a
conhecer depois da chegada dos Portugueses ao Oriente.

Entretanto, nasce em África, em local não conhecido, mas possivelmente no Norte desse continente,
um outro português, Cristóvão da Costa, o qual, depois de estudar Medicina na Universidade de
Coimbra, parte para a índia, desembarcando em Goa em 1568, ainda a tempo de conviver com Garcia
de Orta, de cujo saber muito aproveitou certamente. Regressando à Europa, Cristóvão da Costa fixou-
se em Burgos, onde foi médico e cirurgião e escreveu e imprimiu o seu Tractado Delas Drogas, y
medicinas de las Indias Orientales, con sus plantas debuxadas aí biuo por ChristouaI A Costa medico y
cirujano que Ias vio ocularmente. En el qual se verifica mucho de lo que escrivio el Doctor Garcia de
Orta ...,publicado em 1568, obra baseada na de Garcia de Orta que apresenta desenhos de todos os
produtos, alguns dos quais mais
ricamente pormenorizados e documentados que no livro em que se fundamentou. Também a obra de
Cristóvão da Costa foi traduzida em latim, italiano e francês.

Entretanto, descoberto o Brasil, inicia-se também nos vastos territórios sul-americanos uma primeira
tentativa de inventário e descrição das plantas medicinais da região, em relação às quais, porém, não
foi publicada qualquer obra em especial.

Sobre estudos de tal natureza no século XVII pouco haverá a dizer, para além do notável trabalho do
médico alemão Gabriel Grisley intitulado Desingano para a Medícina ou Botica para todo o pai de
família (1656), onde o autor refere a flora médica portuguesa, além de um outro, Viridarium Grísley
Lusitanicum ... (1661), que constitui a primeira lista das plantas de Portugal. Tendo-se estabelecido
em Portugal no
tempo do rei D. João IV, Grisley foi pelo monarca encarregado de organizar um horto botânico em
Xabregas.

À mesma época pertence o boticário francês João Vigier, também radicado no


nosso país, autor da História das Plantas da Europa ... (1718).

São vários os nomes daqueles que no século XVIII se dedicaram à botânica e deixaram obra com
interesse para o estudo das plantas medicinais de África e do Brasil, embora englobadas em trabalhos
menos especializados. De destacar em relação ao Oriente o jesuíta João de Loureiro, que em 1735
seguiu como missionário para a China, onde a necessidade de utilizar essas plantas no combate às
doenças lhe despertou o interesse pelo seu estudo, de que resultou a célebre Flora Cochinchinensis,
publicada em 1790 em Lisboa, onde são referidas plantas da Cochinchina, China e África, obra
reeditada em Berlim em 1793.

Notabilizou-se sobretudo entre todos os botânicos portugueses do século XVIII o abade Correia da
Serra, nascido em Serpa em 1750, que emigrou para Itália aos 6 anos com seu pai, fugido à Inquisição.
Aí adquiriu conhecimentos científicos e relacionou-se com o duque de Lafões, com o qual, uma vez
regressado a Portugal depois da morte de D. José, fundou a Academia Real das Ciências.

Considerado pelo intendente Pina Manique como homem perigosíssimo, Já que dera guarida em sua
casa a um francês jacobino, viu-se de novo obrigado a abandonar o País, passando parte da sua vida
em Inglaterra, França e por fim na América do Norte. Em todos esses países o seu nome era altamente
prestigiado pelas maiores celebridades científicas da época ligadas à botânica, nomeadamente em
França, onde sempre recorriam ao seu conselho.

Mas foi na América que esse prestígio atingiu o expoente máximo, como raramente terá acontecido
com qualquer outro cientista português. O desempenho da sua actividade pedagógica, os trabalhos
científicos realizados e a ajuda prestada ao presidente Jefferson, de quem era íntimo amigo, na
fundação da Universidade da Virginia valeram-lhe ser considerado * o estrangeiro mais esclarecido
que jamais visitara os EUA +.

Surgira, entretanto, outro botânico português, Félix da Silva Avelar Brotero, nascido em Santo Antão
do Tojal em 1744, e que da mesma maneira fora obrigado a emigrar para França, fugindo à
perseguição inquisitorial. Convivendo com os mais notáveis naturalistas franceses da época, visitando
a Holanda, Alemanha, Itália e Inglaterra, só regressa ao País em 1790, depois de terminado o período
pombalino. A rainha D. Maria I nomeia-o professor da Faculdade de Filosofia da Universidade de
Coimbra e encarrega-o da regência da cadeira de Botânica e Agricultura.

Todavia, em relação às plantas medicinais, as obras destes dois últimos botânicos portugueses,
notáveis embora, não suscitam grande interesse, ao contrário de outras publicadas já no século XIX, da
autoria do lente da Universidade de Coimbra Jerónimo Joaquim de Figueiredo, intitulada Flora
Farmacêutica e Alimentar Portuguesa (Lisboa, 1825), do médico e lente da Universidade de Coimbra
Francisco Soares Franco, Matéria Médica (1816), e do professor da Universidade do Porto Agostinho
Albano da Silveira Pinto, Código farmacêutico lusitano (1835).

Retomando o tema das plantas úteis do ultramar, o conde de Ficalho, professor de Botânica da
Universidade de Lisboa, publica a célebre obra Plantas úteis da África Portuguesa (1884), culminando
assim a lista das contribuições de carácter histórico dos cientistas portugueses para o conhecimento das
plantas medicinais.

De então para cá têm sido publicados muitos outros estudos, de conjunto ou contribuições de extensão
e valor variados, mas já sem a prioridade e o cunho de originalidade daqueles outros que no século
XVI nos colocaram em posição ímpar no mundo da ciência no respeitante ao conhecimento dos
produtos naturais aproveitados pela medicina.
O reino dos simples

As plantas medicinais 8

A fábrica vegetal 11

Identificar, colher, conservar 16


As plantas medicinais

*O Senhor produziu da terra os medicamentos; o homem sensato não os desprezará+, aconselha o


Eclesiástico, 38, 4; no entanto, muito antes desta alusão no texto sagrado à fitoterapia, ou medicação
pelas plantas, já fora criado, divulgado e transmítido, entre as mais antigas civilizações conhecidas, o
hábito de recorrer às virtudes curativas de certos vegetais; pode afirmar-se que se trata de uma das
primeiras manifestações do antiquíssimo esforço do homem para compreender e utilizar a Natureza,
como réplica a uma das suas mais antigas preocupações: a que é originada pela doença e pelo
sofrimento.

É admirável que todas as civilizações, em todos os continentes, tenham desenvolvido, a par da


domesticação e da cultura das plantas para fins alimentares, a pesquisa das suas virtudes terapêuticas.
Mas é talvez ainda mais admirável que este conjunto de conhecimentos tenha subsistido durante
milénios, aprofundando-se e diversificando-se, sem nunca, porém, cair totalmente no esquecimento.

A utilização das propriedades do ópio obtido da dormideira, 4000 anos antes de se conhecer o
processo de extracção da morfina, é, sob este ponto de vista, bem significativa da perenidade destes
conhecimentos, que durante muito tempo permaneceram empíricos e que, desde há alguns séculos, o
progresso das ciências modernas tornou mais rigorosos.

Mesmo actualmente, apesar do espectacular desenvolvimento da quimioterapia, a fitoterapia continua


a ser muito utilizada, readquirindo até um certo crédito desde que foram divulgadas as consequências,
por vezes nefastas, do abuso dos compostos químicos.

Para se ter uma visão de conjunto do progresso dos conhecimentos humanos referentes às plantas
medicinais, devem distinguir-se três grandes períodos. Durante as Antiguidades Egípcia, Grega e
Romana acumularam-se numerosos conhecimentos empíricos que serão transmitidos, especialmente
por intermédio dos Árabes, aos herdeiros europeus destas civilizações desaparecidas.

A partir do Renascimento, estes sábios ocidentais aproveitarão utilmente a renovação do espírito


científico e o surto das viagens dos Descobrimentos para desenvolver consideravelmente estes
conhecimentos adquiridos e dar início a uma ordenação rigorosa de todos os elementos saídos da
experiência do passado.

Finalmente, e sobretudo desde o final do século xviIi, o progresso muito rápido das ciências modernas
veio enriquecer e diversificar em proporções extraordinárias os conhecimentos sobre as plantas, os
quais actualmente se apoiam em ciências tão variadas como a paleontologia, a geografia, a citologia, a
genética, a histologia e a bioquímica.

Em 1873, o egiptólogo alemão Georg Ebers comprou um volumoso rolo de papiro; após ter decifrado
a introdução, Ebers foi surpreendido por esta frase: *Aqui começa o livro relativo à preparação dos
remédios para todas as partes do corpo humano.+ Provou-se que este escrito era o primeiro tratado
médico egípcio conhecido. Compunha-se de uma parte relativa ao tratamento das doenças internas e
de uma longa e impressionante lista de medicamentos.

Actualmente, pode afirmar-se que, 2000 anos antes do aparecimento dos primeiros médicos gregos, já
existia uma medicina egípcia, organizada como conjunto de conhecimentos e de práticas distintas das
crenças religiosas.
Duas das receitas incluídas no rolo de papiro de Georg Ebers são, efectivamente, consideradas como
remontando à 6. a dinastia, ou seja a cerca de 24 séculos antes do nascimnento de Cristo! Sabe-se hoje
que, na época do antigo Império Egípcio, o palácio do faraó mantinha um corpo de médicos, entre os
quais se esboçavam já especializações como a odontologia e a oftalmologia.

Muito tempo depois, em 450 a. C., Heródoto diria que *no Egipto cada médico só trata de uma
doença, pelo que constituem uma legião ... +. Aproximadamente na mesma época, o Templo de Edfu
desenvolveu uma escola de medicina e mantinha um importante jardim de plantas medicinais.

De entre as plantas mais utilizadas pelos Egípcios, é indispensável citar o zimbro, as coloquíntidas, a
romãzeira, a semente do linho, o funcho, o bordo, o cardamomo, os cominhos, o alho, a folha de sene,
o lírio e o rícino. Um baixo-relevo proveniente de Akhetaton ostenta uma planta medicinal que
posteriormente desempenhou um papel fundamental na farmacopeia da Idade Média: a mandrágora.
Os Egípcios conheciam també m as propriedades analgésicas da dormideira, utilizada na preparação
do *remédio contra as
crises anormalmente prolongadas+.

Mais notável ainda é o conhecimento progressivamente adquirido das regras de dosagens específicas
para cada droga; esta prática ampliou-se ao fabrico e à administração de todos os remédios e pode
afirmar-se que nasceu assim a receita médica e a respectiva posologia.

Estes conhecimentos médicos iniciados no antigo Egipto divulgaram-se nomeadamente na


Mesopotâmia. Em 1924, o Dr. Reginald
Campbell Thompson, do Museu Britânico, conseguiu identificar 250 vegetais, minerais e substâncias
diversas cujas virtudes terapêuticas os médicos babilónios haviam utilizado, especialmente a beladona,
administrada contra os espasmos, a tosse e a asma; os pergaminhos da Mesopotâmia mencionam o
cânhamo indiano, ao qual se reconhecem propriedades analgésicas e que se receita para a bronquite, o
reumatismo e a insônia.

Foram sobretudo os Gregos, e mais tarde, por seu intermédio, os Romanos, os herdeiros dos
conhecimentos egípcios, desenvolvendo-os até um elevado nível.
Aristóteles, espírito universal, estudou história natural e
botânica;

Hipócrates, frequentemente considerado *o pai da medicina+, reuniu com os


seus discípulos a totalidade dos conhecimentos médicos do seu tempo no conjunto de tratados
conhecidos pelo nome de Corpus Hippocraticum: para cada enfermidade descreve o remédio vegetal e
o tratamento correspondente.

Catão, o Antigo, no século II a. C., mencionou no seu tratado De Re Rustica 120 plantas medicinais
que cultivava no seu próprio jardim.

No início da era cristã, Dioscórides inventariou no seu tratado De Materia Medica mais de 500 drogas
de origem vegetal, mineral ou animal; à semelhança dos seus predecessores, esforçou-se por ter em
conta o maravilhoso e separar o racional do irracional. Esta preocupação científica nem sempre foi
seguida por Plínio, o Antigo, cuja monumental História Natural contém por vezes descrições de algum
modo fantasistas.

Finalmente, o grego Galeno, cuja influência foi tão duradoura como a de Hipócrates, ligou o seu nome
especialmente ao que ainda se denomina a * escola galénica+ ou *farinácia galénica+. Efectivamente,
distingue-se o emprego das plantas *ao natural+, ou seja sob a forma de pós, das *preparações
galénicas+, em que solventes como o álcool, a água ou o vinagre servem para concentrar os
componentes activos da droga, os quais serão utilizados para preparar unguentos, emplastros e outras
formas galénicas.

O longo período que se seguiu, no Ocidente, à queda do Império Romano, designado universalmente
por Idade Média, não foi exactamente uma época caracterizada por rápidos progressos científicos. Os
domínios da ciência, da magia e da feitiçaria tendem frequentemente a confundir-se; drogas como o
meimendro-negro, a beladona e a mandrágora serão consideradas como plantas de origem diabólica.

Assim, Joana d'Arc será acusada de ter *atormentado os Ingleses pela força e virtude mágica de uma
raiz de mandrágora escondida sob a couraça+. Contudo, não é possível acreditar que na Idade Média se
perderam completamente os conhecimentos adquiridos durante os milénios precedentes. Os monges,
devido aos seus conhecimentos do latim e do
Grego, foram os detentores do saber da Antiguidade; grande número de mosteiros vangloriava-se dos
seus *jardins dos simples+, onde cresciam as plantas utilizadas para o tratamento dos doentes.

Ainda actualmente se conserva a memória de Santa Hildegarda, a *santa curandeira+ , cujos tratados,
conhecidos pelo nome de Physica, além de respeitarem os conhecimentos antigos, trazem à luz, pela
primeira vez, as virtudes de algumas plantas como a pilosela ou a arnica.
No entanto, a medicina da Idade Média foi sobretudo dominada pela Escola de Salerno; os eruditos
que ali trabalhavam deram a conhecer, por intermédio de sábios (Avicena, Avenzoar e lbn-el-Beithar)
e dos textos ára bes, grande número de obras da medicina grega.

Rogério de Salerno, no início do século XII, contribuiu para os consideráveis progressos da medicina
do seu tempo.

Foi, no entanto, o Renascimento, com a valorização da experimentação e da observação directa, com o


surto das grandes viagens para as índias e a América, que deu origem a um novo período de progresso
no conhecimento das plantas e das suas virtudes.

No início do século XVI, o médico suíço Paracelso tentou descobrir a * alma+, a <quirita--essência+
dos vegetais, de onde irradiam as suas virtudes terapêuticas. Não dispondo, evidentemente, dos meios
de análise que mais tarde seriam oferecidos pela técnica moderna, tenta aproximar as virtudes das
plantas das suas propriedades morfológicas, da sua forma e cor: é a chamada *teoria dos sinais+.

O italiano Pier Andrea Mattioli, seu contemporâneo, comenta a obra de Dioscórides e descobre as
propriedades do castanheiro--da-índia e da salsaparrilha-da-europa e descreve 100 novas espécíes.

Surgem os jardins botânicos: em 1544, Luca Ghini, professor em Bolonha, funda o de Pisa; em 1590,
Veneza confia a Cortuso o de Pádua. Olivier de Serres reforma a agricultura francesa no reinado de
Henrique IV, criando também, na sua propiiedade de Pradel, em Vivarais, um admirável jardim de
plantas medicinais, imitado algum tempo depois por Luís XIII, que funda em
Paris o Jardim do Rei, predecessor do actual Museu Nacional de História Natural.

É também nesta época que têm cátedra em Mont.pellier todos os grandes botânicos: MatIfias de Lobel,
Guillaume Rondelet, Charles de l'Écluse, Jean e Gaspard Bauliiii, os quais impulsionam os grandes
progressos da classificação sistemática dos vegetais, que se tornou cada vez mais indispensável pelo
grande conjunto de conhecimentos adquiridos.

O desenvolvimento das rotas marítimas, abertas a partir do final do século XV, coloca efectivamente a
Europa no centro do Mundo; os produtos dos países longínquos abundam e, de entre eles, as plantas
até aí desconhecidas, com virtudes por vezes surpreendentes; os conquistadores suportaram eles
próprios a experiência das propriedades mortais do cura.
; a casca de quina é utilizada para fazer baixar a temperatura nas febres palúdicas muito antes de se ter
conhecimento de como dela extrair a quinina; a América dá ainda a conhecer as virtudes anestésicas e
estimulantes da folha de coca. No encalce dos descobridores prosseguem os exploradores,
missionários como o padre Plumier, botânicos como Tournefort, que, em 1792, regressa do Oriente
com 1356 plantas então desconhecidas na Europa.

Finalmente, os esforços de classificação culminam em 1735 com a publicação do Systema Naturae, de


Lineu. O grande naturalista sueco adopta como princípio de distinção e classificação a distribuição dos
órgãos sexuais nas flores e as características dos órgãos masculinos, os estames. Para ele, os dois
grandes ramos em que se divide o reino vegetal são o das Criptogâmicas, em que os estames e o pistilo
são invisíveis a olho nu, e o das Fanerogâmicas, em que estes são visíveis. Dentro destas últimas, por
sua vez, estabelecem-se 23 classes, segundo critérios morfológicos. Depois de Lineu, os trabalhos dos
irmãos Jussieu, Joseph, Antoine e Bernard, bem como os do seu sobrinho, Antoine Laurent de Jussieu,
desenvolveram ulteriormente a botânica descritiva e contribuíram para o aperfeiçoamento da
classificação sistemática, sem terem esgotado todas as suas possibilidades.

Se se fizer uma retrospectiva do caminho percorrido desde as primeiras receitas conhecidas da época
da 6.1 dinastia egípcia, verificar-se-á que foi uma longa caminhada; contudo, comprovar-se-á que ela
sempre se desenvolveu na mesma direcção, sem mudanças radicais. O catálogo das plantas medicinais
enriqueceu-se, a descrição das características dos simples e a indicação das suas utilizações foram
aprofundadas, a classificação das suas espécies foi feita com base científica. Todavia, nessa época
continuam a desconhecer-se as leis da sua evolução e, o que é mais importante ainda, a sua estrutura
íntima e os princípios que as fazem actuar no tratamento das doenças: sabe-se que têm determinados
efeitos e pouco mais.

Esta revolução radical - o aprofundamento dos conhecimentos - vai realizar-se nos dois últimos
séculos. O estabelecimento das grandes classificações, pondo em relevo as semelhanças que existem
entre as várias espécies, apenas separadas por uma característica distinta, sugeria a ideia de uma
evolução.

A paleontologia vegetal, ou estudo das floras antigas mercê dos restos fósseis, contribuiu, no início do
século XIX, para numerosos conhecimentos de apoio a esta tese, conduzidos, nomeadamente, por
Adolphe Brongniart.

No final do século XIX, Gustave Thuret observava o processo da fecundação numa alga, a bodelha.
Pouco tempo antes, ao fazer observações na ervilheira, o monge Mendel descobrira as leis das
transmissões e das mu-
10
tações hereditárias; os seus trabalhos foram esquecidos, e as leis que têm o seu nome voltaram a ser
descobertas no início do século XX: nascera a genética.

Todas estas matérias esboçavam uma história do reino vegetal e das suas espécies, enquanto Alphonse
de Candolle e Henri Lecoq lançavam as bases de uma geografia dos vegetais, ou fitogeografia.

A utilização de microscópios desde meados do século XVII proporcionava um melhor conhecimento


da complexa estrutura dos vegetais. Porém, os seus progressos, desencadeando um aprofundamento
das observações, vão possibilitar, no início do século XIX, a determinação da noção de célula, o
elemento fundamental de todos os tecidos, animais ou vegetais; são os primórdios da histologia, ou
ciência dos tecidos. A partir de
1800, Lamarck passou a usar uma palavra nova - biologia -, aplicando-a ao estudo dos processos vitais
dos reinos animal e vegetal. Nomeadamente os progressos da química, e em especial os da química da
matéria viva, ou bioquímica, iriam possibilitar a identificação e isolamento dos componentes activos
das plantas medicinais. Redescobrem-se a dormideira dos Egípcios e a quina dos Incas, mas
conhecendo-se agora o segredo da sua acção sobre o corpo humano.

Assim, no começo do século XIX, o químico alemão Sertilrner isola a morfina do ópio extraído da
dormideira; em 1817, os farmacêuticos Pierre Joseph Pelletier e Joseph Bienaimé Caventou extraem a
emetina da raiz da ipeca; em 1818, a estricnina da noz-vómica, e, finalmente---em 1820, a quinina da
quina. A partir de então, aprende-se a reconhecer as virtudes terapêuticas de uma planta em função dos
compostos químicos que contém, e não das semelhanças que Paracelso julgara ter notado.

Muitos destes compostos podem actualmente ser reproduzidos artificialmente por síntese. Quererá isto
dizer que as plantas, ao perderem o seu mistério, perderam também a sua utilidade? Será crível que os
esforços do Dr. Cazin, no século XIX, ou do Dr. Leclerc, no século xx, para defender e tornar célebre
a fitoterapia, estão condenados ao malogro? Assim não será, por diversos motivos. Por um lado,
determinados compostos químicos descobertos nas plantas e utilizados em medicina não podem, por
vezes, ser reproduzidos por síntese; por outro, alguns produtos de síntese só podem ser obtidos por
meio de *precursores+ vegetais. Assim, por exemplo, as plantas exóticas como o sisal e o inhame
fornecem a matéria-prima básica indispensável para fabricar depois, por semi-síntese, algumas
hormonas como a cortisona e os seus derivados. Finalmente, a droga vegetal é um produto vivo, de
onde se deve concluir que esta *terapêutica suave+ é mais bem tolerada pelo organismo do que as
substâncias inteiramente sintéticas.

A medicina pelas plantas: um longo percurso que não está ainda próximo do fim ...
A fábrica vegetal

As plantas verdes utilizam a água do solo, a energia solar e o gás carbónico (Co2) do ar para fabricar
glúcidos (açúcares). Esta transformação de compostos orgânicos sob a acção da energia solar chama-se
fotossíntese e dá-se ao nível das folhas, nos cloroplastos, que contêm a clorofila. A partir dos glúcidos,
formam-se as reservas energéticas e os compostos secundários: lípidos, essências e heterósidos.

A célula vegetal, como qualquer célula


viva, respira, absorvendo oxigénio (o2) e expelindo dióxido de carbono (Co2). Durante o dia estas
trocas gasosas são mascaradas pelas da fotossíntese. Desta actividade resulta, de dia, uma forte
emissão de oxigénio e, durante a noite, uma ligeira libertação de dióxido de carbono.

Por um outro processo, as plantas verdes utilizam sais minerais e nitratos, que absorvem pela raiz, para
sintetizar prótidos e alcalóides.
11
Os componentes activos das plantas

O metabolismo da planta verde produz principalmente glúcidos (açúcares) e prótidos. Uma fracção
dos glúcidos é seguidamente transformada em diversos compostos, sendo os lípidos os mais
importantes para a planta. Contudo, o metabolismo fornece também vários corpos secundários
utilizados pelo homem para fins terapêuticos; trata-se dos heterósidos, dos alcalóides, dos óleos
essenciais e dos taninos. Os vegetais fornecem também vitaminas, oligoelementos e antibióticos.

Os heterósidos. Estes compostos são formados pela associação de um glúcido e de um corpo não
açucarado chamado genina, ou aglícona. Pensa-se que as geninas são meros produtos de excreção e,
nesse caso, podem ser tóxicas para a planta, pelo que os glúcidos se lhes associariam para as
neutralizar, formando um heterósido não tóxico. Deste modo, o loureiro-cereja produz heterósidos
cianogenéticos. A genina destes heterósidos, o ácido cianídrico, é um veneno violento para o ser
humano e do qual se deve recear. Grande número de heterósidos tem aplicações medicinais: é o caso
da digitalina, um cardiotónico muito eficaz, ou do salicósido, precursor da aspirina. Os heterósidos
classificam-se segundo a natureza da sua genina, como se indica no quadro a seguir.

Os alcaloides. São compostos azotados cuja função na planta está mal esclarecida, pois pensa-se que se
trata de produtos de excreção. A sua química é complexa e classificam-se, segundo a composição do
seu núcleo, em cerca de 15 grupos diferentes. Encontram-se em diversas partes, consoante a planta: a
nicotina é sintetizada nas raízes da planta do tabaco, mas acumula-se somente nas folhas. A dormideira
contém os alcalóides no fruto, os da quina estão na casca e os do cafèzeiro na semente. Desde que se
isolou a morfina do ópio, no início do século XIX, os alcalóides (então chamados álcalis vegetais)
suscitaram o interesse da medicina,pois a sua acção no organismo humano tem um efeito importante:
actuam em doses reduzidas e de um modo muito específico sobre uma determinada função do
organismo. Actualmente, conhecem-se mais de 1000 e calcula-se que 15 a 20% das plantas com
flores ,contêm alcalóides. Só o látex que escorre da cápsula imatura da papoila do ópio contém mais
de 25 de diversos tipos. Os alcalóides são frequentemente amargos. O seu forte efeito torna o seu uso
perigoso, e a posologia deve ser muito cuidadosa. Alguns gramas de folha de cicuta podem provocar a
morte. Não deve esquecer-se a taça que foi fatal a Sócrates! Da estricnina à efedrina, da teofilina à
emetina, os alcalóides constituem a mais importante fonte dos medicamentos naturais.

Os óleos essenciais. São também resíduos do metabolismo da planta. Podem surgir como essências
propriamente ditas ou misturadas com as resinas. Estas apresentam-se sob a forma de emulsões que
tendem a formar pequenas gotas. Frequentemente, a planta escoa-as para o exterior por meio de canais
excretores. As essências, que são voláteis, difundem-se através da epiderme das folhas e das flores.
Estas emanam por vezes um aroma muito forte e são responsáveis pelos perfumes dos vegetais. As
essências são compostos terpénicos, sendo os terpenos longas cadeias de um hidrocarboneto
dietilénico, o

ALGUNS HETERóSIDOS E SUA CLASSIFICAÇÃO

Tipo de heterásido

Heterósidos cianogenéticos
Heterósidos fenólicos

Heterósidos cumarínicos

Heterósidos esteróides

Heterásidos flavónicos

Exemplo de heterásido

Amigdalósido

Salicásido

Melilotósido

Digitoxina

Quercetósido

Genina, ou aglícona

Nitrilo mandélico

Saligenina

Cumarina

Digitoxigenina

Quercetol

Origem >vegetal

Amendoeira (amêndoa amarga)

Salgueiro-branco (casca)

Meliloto (parte aérea)

Dedaleira (folhas)

Carvalho (casca)

isopreno. Como os isoprenos podem combinar-se uns com os outros de diversos modos, a variedade
de essências é considerável. Quanto às resinas, estão normalmente dissolvidas nas essências e apenas
aparecem sob a
forma de resíduo viscoso ou sólido quando estas se volatilizam. Por esta razão, quando os óleos
essenciais que exsudam naturalmente do tronco do pinheiro atingem o exterior, as essências
volatilizam-se e deixam um resíduo viscoso - a resina. O haxixe é uma resina extraída do cânhamo
indiano. Os óleos essenciais têm uma acção anti-séptica que retarda a putrefacção da madeira. São
muito utilizados em farmácia, como, por exemplo,
os rebentos de pinheiro impregnados de resina, com acção eficaz na desinfecção das vias respiratórias.

Os taninos. São compostos fenólicos bastante diversos que coram de castanho-avermelhado os órgãos
que os contêm. Pensa-se que se trata também de resíduos do metabolismo. Algumas espécies
acumulam grande quantidade de taninos: mais de 20% do peso seco do lenho de quebracho, árvore
originária da América do Sul, são constituídos por taninos que, aliás, são utilizados na indústria de
curtumes, pois têm a propriedade de tornar imputrescíveis as peles de animais. O tanino utiliza-se
como reagente químico e, em medicina, como adstringente e antiveneno. Existem outros corantes
vegetais com propriedades medicináis. É o caso dos flavonóides, pigmentos amarelos afins dos
taninos, utilizados para tratar a fragilidade dos vasos capilares.

Vitaminas, elementos minerais, antibióticos. As plantas fornecem os catalisadores bioquímicos


indispensáveis que o organismo humano não pode sintetizar - as vitaminas. Encontram-se em misturas
equilibradas nos frutos e legumes frescos.

Dos vegetais pode extrair-se também um grande número de elementos minerais indispensáveis ao
organismo: azoto, cálcio, potássio, sódio, etc. Alguns destes elementos encontram-se em quantidades
tão pequenas no organismo humano, sem deixarem no entanto de ser necessários, que se chamam
oligoelementos: é o caso do zinco, ferro, cobalto, cobre, manganés, lítio, césio, níquel, molibdénio,
flúor, etc. Um homem que ronde os 70 kg de peso tem aproximadamente 4,2 g de ferro, dos quais 3 g
na hemoglobina, 2,2 g de zinco e O,28 g de manganés. As plantas fornecem misturas equilibradas de
quase todos os oligoelementos. Existem também diversos vegetais que produzem antibióticos: a
penicilina extrai-se de um fungo. As essências sulfuradas do alho, alguns heterósidos da mostarda e
alcalóides do golfão, também possuem propriedades antibióticas.

As partes das plantas utilizadas em terapêutica

As substâncias activas não se encontram uniformemente distribuídas pelas diferentes partes da planta.
As que são utilizadas designam-se por fármacos vegetais. A folha, base de todas as sínteses químicas,
é a parte mais utilizada, pois produz os heterósidos e a maior parte dos alcalóides. O caule é apenas
uma via de circulação entre as raízes e as folhas, podendo conter componentes activos, especialmente
na casca. O alburno, parte do caule situada entre o cerne e a casca, tem normalmente propriedades
terapêuticas: é o caso da tília, em que tem uma acção hipotensora. O lenho também pode ser útil: o da
bétula produz carvão vegetal. O caule termina numa gema onde se localizam todas as potencialidades
vegetativas da planta, sendo esta um caule completo em miniatura. Algumas gemas são anti-sépticas,
como, por exemplo, as do pinheiro. Ao nível do solo existem também caules especializados em
armazenamento. São os rizomas, os tubérculos e os bolbos. A sua missão essencial é assegurar a
sobrevivência das gemas durante o Inverno, após o desaparecimento das folhas. Os tubérculos das
batatas aumentam de volume devido às moléculas glucídicas, o amido. As essências sulfuradas
acumulam-se nos bolbos do alho e da cebola. A raiz absorve no solo a água e os sais minerais que
envia para as folhas. Armazena com mais frequência açúcares, e também vitaminas, podendo ainda
conter alcalóides. A flor possui a nobre missão de transmitir a mensagem hereditária. Como está
frequentemente repleta de componentes activos, é muito apreciada em fitoterapia. As pétalas coloridas
são ricas em pigmentos: a corola da giesta contém flavonóides, e a rosa-vermelha, taninos. As flores
de alfazema são muito ricas em essências. Geralmente, colhem-se as inflorescências terminais. A
mistura das pequenas folhas e dos pedúnculos florais forma as sumidades floridas. Os pedúnculos
florais também se chamam pés: os de cereja e os estiletes do milho sã o diuréticos. O pólen é rico em
vitaminas e em oligoelementos. Se as flores não são colhidas, transformam-se em frutos. Os frutos das
umbelíferas, os aquénios, contêm óleos essenciais. Além de outros, são normalmente utilizados os
aquênios do funcho, do anis e do cominho. Os frutos carnudos constituem uma reserva de vitaminas,
de ácidos orgânicos e de açúcares. A cor violeta do arando, por exemplo, deve-se a um pigmento
próximo dos flavonóides, com forte actividade de vitamina P. É também um antidiarreico com acção
sobre certos bacilos intestinais. A semente é um reservatório autónomo que contém os alimentos
necessários à futura planta, e nela se distribuem harmoniosamente os glúcidos, os lípidos e os prótidos.
A semente fornece o amido e a maior parte dos óleos vegetais. As plantas primitivas, que não têm
flores, produzem esporos para se multiplicarem. Estes são pequenos grãos amarelados semelhantes ao
pólen. Os esporos do licopódio, por exemplo, são utilizados em pomada para tratar as irritações da
pele.

Nem sempre as drogas vegetais são plantas ou partes delas; podem ser secreções como as resinas e as
gomas. A secreção viscosa alojada sob a casca do azevinho - o visco - usa-se na confecção de
cataplasmas para produzir a maturação dos abcessos e dos furúnculos.
13
Léxico das propriedades medicinais das plantas

Absorvente. Nome dado ao medicamento que absorve os líquidos ou os gases tanto em uso interno
(tubo digestivo) como externo (feridas supurativas).

Adípógeno. Propicia a acumulação de gorduras e, consequentemente, o aumento do tecido adiposo.

Adsorvente. Que fixa à superfície uma substância líquida ou gasosa, propiciando assim a sua
eliminação.

Adstringente. Contrai os tecidos, os capilares, os orifícios e tende a diminuir as secreções das mucosas.
As plantas adstringentes são frequentemente anti-hemorrágicas e podem provocar obstipação.

Afrodisíaco. Aumenta a potência e o desejo sexuais. Nenhuma planta é efectivamente afrodisíaca.

Alérgeno ou alergénio. Susceptível de provocar reacções alérgicas.

Amargo. Estimula o apetite e activa as funções gástricas. As chamadas plantas amargas também são
aperitivas, tónicas e frequentemente febrífugas. Devem o nome ao gosto que possuem.

Anabolizante. Promove o aumento de peso corporal por acréscimo do anabolismo proteico.

Analéptico. V. Estimulante.

Analgésico. Calmante da dor.

Anestésico. Suprime a sensibilidade. A sua acção pode ser local ou geral; neste caso, a consciência
enfraquece, podendo mesmo ser anulada.

Anorexigénio. Que reduz o apetite.

Antálgico. Combate a dor, quer ao nível do órgão dorido, quer do sistema nervoso central.

Antianémico. Combate a anemia mediante um fornecimento de vitaminas e minerais (ferro) que


ajudam o sangue a reconstituir o seu teor em glóbulos vermelhos.

Antidiabético. V. Hipoglicemiante.

Antidiarreico. Combate a diarreia devido a uma acção adstringente, adsorvente, desinfectante ou


moderadora do trânsito intestinal.

Antiescorbútico. Combate o escorbuto por meio de vitaminas, especialmente a vitamina C.

Antiespasmódico. Descontrai certos músculos doridos. Ao actuar sobre o influxo nervoso que
comanda o ritmo da contracção muscular, acalma espasmos e convulsões.
Antiflogístico. Reduz as inflamações, opondo-se às reacções naturais do organismo.

Antigaláctico ou antilactagogo. Reduz a secreção do leite.

Antigotoso. Combate a gota, impedindo a formação de ácido úrico ou baixando o seu teor sanguíneo.

Anti-helmíntico. V. Vermífugo.

Anti-hemorrágico. Impede a hemorragia,


14
facilitando a contracção dos capilares sanguíneos ou favorecendo a coagulação do sangue.

Anti-infeccioso. V. Anti-séptico.

Anti-inflamatório. V. Antiflogístico.

Antilitiásico. Impede a formação de cálculos nas vias biliares ou urinárias ou facilita a sua dissolução.

Antinauseoso. V. Antivomitivo.

Antinevrálgico. Combate as dores produzidas no trajecto dos nervos sensitivos. Existem


antinevrálgicos específicos, como, por exemplo, a essência de cravinho, que, em aplicação externa,
alivia as dores de dentes.

Antipirético. V. Febrífugo.

Anti-séptico. Destrói os germes ou inibe o seu desenvolvimento, pelo que evita o contágio; serve para
desinfectar as feridas e certos órgãos. O eucalipto e o pinheiro, por exemplo, são anti-sépticos das vias
respiratórias.

Anti-sudorífico. Diminui a secreção do suor.

Antitérmíco. V. Febrífugo.

Antiffissico. V. Béquico.

Antiulceroso. Melhora o estado das úlceras digestivas, quer baixando o teor de acidez, quer
protegendo a mucosa.

Antivomitivo. Combate as náuseas de origem nervosa ou espasmódica.

Aperitivo. Contém princípios amargos que estimulam o apetite e preparam as operações digestivas.

Aromático. Contém óleos essenciais muito odoríferos. Os aromáticos são tónicos, estimulantes e
algumas vezes também estomáquicos.
Bactericída. V. Anti-séptico.

Balsâmico. Contém bálsamos que suavizam as mucosas respiratórias.

Béquico. Acalma a tosse e as irritações da faringe.

Calicida. Em aplicação externa, amolece e


facilita a extirpação dos calos.

Calmante. V. Sedativo.

Cardiotónico. Reforça, retarda e regulariza os batimentos do coração.

Carminativo. Favorece a expulsão de gases do tubo digestivo. As plantas carminativas são também
geralmente aromáticas e estimulantes,

Cicatrizante. V. Vulnerário.

Colagogo. Contrai a vesícula biliar, estimulando a evacuação da bílis do canal colédoco para o
intestino.

Colerético. Estimula a secreção da bílis pelo fígado, facilitando assim a digestão dos corpos gordos.

Cordial. Activa a circulação do sangue e estimula as funções digestivas.

Depurativo. Purifica o sangue, facilitando a eliminação dos resíduos mediante uma acção diurética,
laxativa ou sudorífica.

Desodorizante. Encobre ou remove os cheiros desagradáveis.

Detersivo. Limpa as feridas e as úlceras, facilitando assim a sua cicatrização.

Diaforético. V. Sudorífico.

Digestivo. Auxilia a digestão, facilitando a actividade do estômago.

Diurético. Favorece a depuração do sangue, eliminando as toxinas que este contém. Alguns diuréticos
aumentam a excreção dos cloretos e são úteis em caso de edema, outros a da ureia e outros ainda
podem simplesmente aumentar, durante algumas horas, o volume de urina.

Drástico. Provoca contracções enérgicas do intestino, com forte evacuação de fezes.

Emenagogo. Facilita ou aumenta o fluxo menstrual.

Emético. Provoca vómitos, possibilitando o esvaziamento do estômago em determinados casos de


envenenamento.
Emoliente. Exerce um efeito calmante sobre a pele e mucosas inflamadas.

Esternutatório. Provoca espirros.

Estimulante. Excita a actividade nervosa e vascular. Há estimulantes específicos de certos órgãos,


como, por exemplo, do tubo digestivo ou do coração.

Estomáquico. V. Digestivo,

Eupéptico. V. Digestivo.

Eupneico. Regulariza a respiração e desobstrui as vias respiratórias, Expectorante. Facilita a expulsão


das secreçõ es brônquicas e faríngeas.

Febrífugo. Combate a febre ou evita os seus acessos.

Fluidificante. Torna as secreções brônquicas menos espessas e, portanto, mais fáceis de expelir.
Alguns fluidificantes têm uma acção depurativa do sangue.

Galactagogo. Facilita ou activa a secreção do leite durante a lactação.

Hemolítico. Destrói os glóbulos vermelhos, provocando por vezes icterícia e anemia.

Hemostático. Faz parar as hemorragias, quer por uma reacção vasoconstritora, quer por meio de
factores coagulantes (vitaminas K e P).

Hepático. Auxilia as funções digestivas do fígado e da vesícula biliar, especialmente a secreção e a


evacuação da bílis.

Hipertensor. Provoca a elevação da pressão sanguínea nas artérias, frequentemente devido a um efeito
estimulante.

Hipnótico. Causa sono, quer por acção directa sobre o hipotálamo, quer por uma acção sedante geral
do organismo.

Hipocolesterolemiante. Baixa o teor de colesterol no sangue, reduzindo os perigos da arteriosclerose.

Hipoglicemiante. Faz baixar o teor de glicose no sangue.

Hipotensor. Provoca um abaixamento da tensão arterial.

Insecticida. Mata determinados insectos. Geralmente, os componentes activos estão contidos em óleos
voláteis.

Laxativo. Facilita a evacuação, das fezes, quer aumentado o seu volume, quer estimulando o
movimento peristáltico do intestino.
Lenimento. V. Emoliente.

Lenitivo. V. Emoliente.

Mucilaginoso. Contém glúcidos que intumescem com a água, formando uma solução viscosa, a
mucilagem.

Narcótico. Provoca um sono pesado e artificial que frequentemente é acompanhado de um


entorpecimento da sensibilidade.

Oftálmico. Utilizado para tratar algumas afecções dos olhos e das pálpebras.

Parasiticida. Que destrói parasitas (insectos, ácaros, vermes).

Peitoral. Exerce uma acção benéfica no aparelho respiratório. As plantas béquicas e expectorantes são
peitorais.

Purgante. Laxante forte que acelera o peristaltismo e irrita, por vezes, a mucosa intestinal.

Refrescante. Acalma a sede e baixa a temperatura do corpo. As plantas ácidas, que têm propriedades
antiflogísticas, são também refrescantes.

Relaxante muscular ou miorrelaxante. Descontrai os músculos, acalmando as contracções por acção


revulsiva e antiespasmódica.

Remineralizante. Que permite, pelo fornecimento de sais minerais e oligoelementos, reconstituir o


equilíbrio mineral do organismo.

Resolutivo. Facilita a resolução das tumefacções e inflamações, possibilitando que os tecidos do


organismo regressem ao seu estado normal.

Revulsivo. Em uso externo, provoca a vermelhidão da pele acompanhada de calor. Em uso interno,
contribui para o descongestionamento dos órgãos.

Rubefaciente. Produz a irritação e vermelhidão da pele.

Sedativo. Acalma e regulariza a actividade nervosa.

Sonífero. V. Hipnótico.

Sudorífico. Estimula a transpiração.

Tonicardíaco. V. Cardiotónico.

Tónico. Exerce uma acção fortificante e estimulante sobre o organismo, diminuindo a fadiga.

Tranquilizante. V. Sedativo.
Vasoconstrítor. Provoca a contracção do calibre dos vasos sanguíneos. Vasodilatador. Dilata os vasos
sanguíneos, provocando a turgescência dos tecidos irrigados.

Vermífugo ou vermicida. Expulsa os vermes do intestino. Utilizam-se diferentes espécies de plantas,


consoante o tipo de verme que é necessário combater (áscaris, oxiúros ou ténia).

Vesicante. V. Rubefaciente.

Vomitivo. V. Emético.

Vulnerário. Contribui para a cicatrização das feridas, bem como para o tratamento das contusões.
15
O reino vegetal compreende uma infinita variedade de formas, o que pode fazer supor que o seu
surpreendente capricho impede qualquer classificação. Contudo, apesar da sua prodigalidade, a
Natureza actua segundo determinados modelos: o conhecimento destes e a descoberta das suas
relações mútuas são produto do estudo de gerações sucessivas de cientistas, cuja preocupação comum
foi "compreender a ordem oculta sob a aparente diversidade e interpretar a exuberante riqueza do
reino vegetal.

Descartes, considerado, sob diversos aspectos, como o iniciador do progresso das ciências modernas,
escreveu: *As longas cadeias de raciocínios, todos simples e fáceis, de que os geómetras costumam
servir-se para efectuar as mais difíceis demonstrações haviam-me convencido de que todas as coisas
que podem ser objecto do conhecimento dos homens se interligam do mesmo modo."

A botânica seguiu a via indicada por Descartes para todas as ciências do pensamento. O resultado
deste longo esforço de classificação e de correlação pode resumir-se a um quadro classificativo.

Cada planta é considerada como pertencente a um certo número de categorias subordinadas


hierarquicamente e em que a espécie constitui a unidade básica. As principais categorias são as
seguintes: espécie, género, família, ordem, classe e divisão. Estas unidades podem definir-se, dizendo
que cada uma delas é um conjunto de unidades imediatamente inferiores. Exemplo: um gênero é um
conjunto de espécies; uma família é um conjunto de géneros. Se nos limitarmos às plantas incluídas
neste livro, não encontraremos mais do que uma centena de famílias: Labiadas, Umbelíferas,
Compostas, Liliáceas, etc. A espécie, último termo da escala de classificação, estabelece a identidade
de um vegetal, impedindo qualquer confusão com outra espécie. Os géneros de unia família têm um
aspecto muito diferente, enquanto as espécies de um mesmo género se assemelham, pelo que pareceu
lógica a attibuição a cada planta de dois nomes: um que define o género, e outro, a espécie.

Para saber efectuar estas classificações, isto e, identificar correctamente cada uma das plantas
encontradas, é ainda necessário éstudar e saber distinguir as suas partes constituintes: raiz, caule,
folha, flor, inflorescência e, finalmente, o fruto. As caracterís~ ricas de cada uma destas partes, a sua
disposição relativa, a eventual inexistência de uma ou de várias, possibilitarão o reconhecimento de
cada espécie. Os fetos não têm nem flor nem fruto; as folhas da gíesta-de-

16

-espanha são tão pequenas e dispersas que, à primeira vista, parecem não existir; a cuscuta não lança
as raízes no solo para se alimentar, implantando os sugadores noutros vegetais que parasita; uma
determinada planta pode apresentar um caule oco e uma outra um caule maciço. há plantas com flores
isoladas e outras com cachos, espigas e umbeIas. É necessária uma atenção extremamente minuciosa,
embora, para além disso, e deva estar familiarizado com os segredos da organização vegetal.

Satisfeitas estas condições, será então possível ir para o campo, onde se fará uma vez mais a
descoberta de que o acaso não é positivamente uma lei do mundo vegetal. Não é por acaso que se
realiza a distribuição geogr4fica das diferentes espécies, não é o acaso que controla a distribuição
aparentemente infinita das formas, De facto, cada planta necessita, para se desenvolver, de condições
de solo e de clima muito especiais. Se umas necessitam de sombra, outras, pelo contrário, procuram a
luz. Não existe, aliás, nenhuma região do Mundo, tórrida ou fria, seca ou húmida, de planície ou de
montanha, que não constitua o habitat privilegiado de qualquer espécie vegetal, e as substituições são a
maioria das vezes inviáveis. Assim, seria impossível transplantar para regiões mais hospitaleiras
espécies que procedem de zonas aparentemente áridas e hostis. Deverá, portanto, apreender-se os
princípios rigorosos que regem a implantação geográfica das espécies e as suas migrações. Descobrir-
se-ii que, tal como acontece

com as espécies animais, as espécies vegetais têm um habítat específico e rigorosamente circunscrito.
Seria um erro supor 1

primeira vista que uma planta deixou o seu próprio habitat para escolher outro. Seguindo estes
princípios, evitar-se-ão graves confusões.

Cada espécie tem urna época própria colheita. Assim, determinados períodos d ano são propícios à
recolha e outros não pelo que se inclui nesta obra um calendári de colheita que indica as estações mais
fav ráveis, o qual poderá ser consultado nas pp
38-39.

0 estudioso pode agora situar uma plan não só no reino vegetal, pela determinaçdo seu gênero e
espécie, como também

a n espaço geográfico, pelo conhecimento d seu biótopo, e até no tempo, utilizando calendário.
Finalmente, deverá conhecer técnicas elementares de colheita e conseri, ção e os utensílios, tão
simples, necessári para a colheita. Poderá então começar o s trabalho.
16
As 100 famílias

Esta lista, baseada na classificação precedente, reagrupa por famílias as plantas espontâneas, cultivadas
e tóxicas segundo o nome popular mais conhecido.

O sinal a indica as plantas tóxicas


*//* deverá ser visto com o livro, a lista que se segue.
Abietáceas

Abeto-brart o Pinheiro-bravo Pinheiro-silvestre Acantáceas

Acanto Amarilidáceas

Narciso-trombeta Anacardiáceas
O Fustete Apocináceas
O Loendro

Pervinca Aquifoliáceas

Azevinho Aráceas

Cálamo-aronlâtico Diefenbáquia
O Jarro Araliáceas

Hera-trepadora Aristoloquiáceas

Aristolóquia Ásaro

Berberidáceas

Uva-espim Betuláceas

Armeiro Aveleira Bétula (vidoeiro) Borragináceas

Aljôfar Borragem Buglossa Cinoglossa Consolda-maior Não-me-esqueças Pulmonária Buxáceas

Buxo

Campanuláceas

Rapúncio Canabináceas

Cânhamo Lúpulo Caparldáceas

Alcaparreira Caprifoiláceas
Engos Madressilva Noveleiro Sabugueiro Viburno Carioffiáceas

Arenária Morugem Saboeira Celastráceas

Evónimo Cetrariáceas

Líquen-da-islândia Compostas

Abrotano Abrotano-fêmea Açafroa Alcachofra Alface Alface-brava-maior Almeirão Arnica Artemísia


Arternísia-dos-alpes Avoadinha Baisamita Bardana Bonina

Cardo-de-santa-maria Cardo-estrelado Cardo-santo Carlina Çersefi Enula-campana Escorcioneira


Estragão Eupatória Fidalguinhos Girassol Lapsana Losna Maccia Maravilhas Matricária Milfálio Pé-
de-gato Petasite-oficinal Pilosela Piretro Santónico Tanaceto Taráxaco Tasneirinha Tupinambo
Tussilagem Vara-de-ouro Convolvuláceas

Bons-dias Crassuláceas

Conchelos Erva-dos-calos Saião-curto Crticíferas

Agrião Bolsa-de-pastor Colza Couve Eruca Erva-alheira Erva-das-colheres Erva-de-santa-bárbara


Erva-sofia Goiveiro Juliana Mastruço Mostarda-negra Rabanete Râbano Rábano-rústico Rinchão
Cucurbitáceas

Abóbora Coloquíntida Melão Norça-branca Pepino Pepino-de-são-gregório Cupressáceas

Cipreste Sabina Tuia-vulgar Zimbro Cuscutáceas

Linho-de-cuco

Dioscoreáceas

Norça-preta Dipsacáceas

Cardo-penteador Morso-diabólico Droseráceas

Rorela

Efedráceas

Éfedra Eleagnáceas

Hipofaé Equisetáceas

Cavalinha Ericáceas

Arando Arando-de-baga-vermelha Medronheiro Urze Uva-ursina Escrofulariáceas


Becabunga
O Dedaleira

Escrofulária-nodosa Eufrásia Graciosa Verbasco Verónica Euforbiáceas


O Ésola-redonda

Eufórbia-marginada Mercurial Poinciana Rícino

Fagáceas

Carvalho Castanheiro Faia Fucáceas

Bodelha Fumariáceas

Fumária

Gencianáceas
Fel-da-terra Genciana Geraniáceas

Erva-de-são-roberto Gigartináceag

Musgo-da-irlanda Ginkgoáceas
O Ginkgo Globulariáceas

Globulária Gramíneas

Arroz Aveia Centeio Cevada Grama Milho Milho-miúdo Trigo

Hipericáceas

Hipericão Hipocastanáceas

Castanheiro-da-íridia,

Iridáceas

Açafrão Lírio-amarelo-dos-pântanos Lírio- florentino

Juglandáceas

Nogueira

Labiadas

Agripalma Alecrim Alfazema Basílico Betónica Búgula Carvalhinha Dictamo-de-creta Erva-cidreira


Erva-férrea
Escórdio Estaque Galeopse Hera-terrestre Hissopo Hortelã Hortelã-pimenta Manjerona Marroio
Marroio-negro Melissa-bastarda Néveda Nêveda-dos- gatos Orégão Salva Salva-esclareia Segurelha
Serpão Tomilho Urtiga-branca Larninariáceas

Laminárias Lauráceas;

Loureiro Leguminosas

Acácia-bastarda Alcaçuz Alfarrobeira


0Codesso

Cornichão Ervilha Fava Feijão Feno-grego Galega Gatunha Giesteira-das-vassouras aGiesteira-de-


espanha

Lentilha Meliloto Sene-bastardo Soja Tremoço Vulnerária Lentibulariáceas

Pinguícula Licopodiáceas

Licopódio Liliáceas

Açucena Alho Alho-porro Cebola Ceboleta Cebolinha


0Cólquico

Espargo-hortense Gilbarbeira Lírio-dos-vales


0Pariseta

Salsaparrilha-indígena Selo-de-salomão Veratro Lináceas

Linho Litráceas

Salgueirinha Lorantáceas

Visco

Malváceas

Alicia Malva Menjantáceas

Trevo-d'água Mirtáceas

Eucalipto Murta Moráceas

Amoreira Figueira

Ninfeáceas

Golfão
Olcáceas

Alfenheiro Freixo Jasmineiro Lilás Oliveira Onagráceas (Enoteráceas)

Epilóbio Onagra Orquidáceas

Satirião-macho osmundáceas

Feto-real Oxalidáceas
Aleluia

Papaveráceas

Celidónia Dormideira Papoila Passifloráceas

Passiflora Peoniáceas

Peónia Plantagináceas

Tanchagens Zaragatoa Poligaláceas

Polígala-aniarga Poligonáceas

Azedas Bistorta Labaçoi Pimenta-d'água Ruibarbo Sempre-noiva Trigo-sarraceno Polipodiáceas

Avenca Escolopendra Feto-macho Polipódio Portulacáceas

Beldroega Primuláceas

Erva-dos-escudos Lisimáquia o Morrião

Primavera Punicáceas

Romãzeira

Quenopodiáceas

Acelga Armoles Beterraba Erva-formigueira Espinafre Quenopódio-bom-henrique

Ranináceas

Armeiro-negro Espinheiro-cerval Ranunculáceas


0Acónito

Acteia Adónis-vernal Anémona-dos-bosques onsolda-real Erva-pombinha Ficária Hepática


Malmequer-dos-brejos
0Poinciana

Pulsátila
0Ranúnculo-acre

Vide-branca Rodomeláceas (Algas)

Musgo-da-córsega Rosáceas

Abrunheiro-bravo Agrimónia Alperceiro Arneixoeira. Amendoeira Argentina Cerejeira Cerejeira-


brava Cinco-em-rama Drias Erva-benta Erva-ulmeira Framboeseiro oLoureiro-cerejeira

Macieira Marmeleiro Morangueiro Nespereira Pé-de-leão Pereira Pessegueiro Pilriteiro Pimpinela


Rosa-pálida Rosa-vermelha

Sanguissorba Silva Silva-macha Türmentila Tramazeira Rubiáceas

Amor-de-hortelão Aspérula-odorífera Erva-coalheira Ruiva-dos-tintureiros Rutáceas


Arruda Bergamota Dictamo-branco Laranjeira-azeda Laranjeira-doce Limoeiro

Salicáceas

Choupo-negro Faia-preta Salgueiro-branco Saxifragáceas

Groselheira Groselheira- negra Groselheira-vermelha Quaresmas Solanáceas

Alquequenje Batateira
0Beladona

Beringela Dulcamara
0Erva-moura
0Espinheiro-alvar
0Estramónio
0Mandrágora
0Meimendro-negro

Pimentão QTabaco

Tomateiro

Taxáceas
O Teixo Tiliáceas

Tília Timeicáceas G Lauréoia-macha


O Mezereão Tropeoláceas

Chagas
Ulmáceas

Ulmeiro Uinbelíferas

Aipo Aipo-silvestre Alcaravia Âmio Angélica Anis-verde Canabrás Cardo-corredor Cenoura Cenoura-
brava Cerefólio
0Cicuta QCicuta-menor

Coentro cominho
0Embude

Endro Funcho Funcho-marítimo Imperatória Levístico Pastinaga Pimpinela-magna Salsa Sanícula


Urticáceas

Parietâria Urtigão

Veticrianáceas

Alface-de-cordeiro Valeriana Verbenáceas

Lúcia-lima Verbena Violáceas

Amor-perfeito-bravo Violeta Vitáceas Videira


IDENTIFICAR, COLHER, CONSERVAR

O baptismo de uma planta

Os cientistas tentaram desde a Antiguidade classificar as diversas espécies vivas. Lineu, naturalista
sueco do século XVIII, determinou a noção de espécie e de género; o género é formado por espécies
que possuem características comuns e agrupam-se em famílias. As famílias foram em seguida reunidas
em ordens, as ordens em classes, as classes em subdivisões, as subdivisões em divisões, formando o
conjunto o reino vegetal. Para a
nomenclatura, Lineu adoptou um sistema binário em que cada planta é definida pelo nome do género e
da espécie.

A nomenclatura

No decorrer de numerosos congressos de botânicos foi elaborada uma nomenclatura, depois adoptada
universalmente. Esta tem progressivamente vindo a substituir as designações locais, pouco concisas,
permitindo uma classificação dos vegetais susceptível de ser usada nas permutas internacionais.
Adoptou-se o latim, que, sendo uma língua morta, não está sujeito a deformações. Assim, cada planta
tem, actualmente, o seu nome erudito, possivelmente pouco express ivo, porém mais estável do que as
designações que lhe são atribuídas nas diferentes regiões pelos que assistem ao seu crescimento.
Mesmo que se denomine, por exemplo, Arctosiaph -vIos uva-ursi L. ou Taraxacum officinale Web.,
estes termos não perturbarão o vulgar caminhante, e nos meios rurais continuarão a chamar-lhe uva-
ursina ou dente-de-leão. Porém, a designação dente-de-leão não atravessa as fronteiras do território
nacional, enquanto Taraxacum é reconhecido em todo o Mundo.

Ao nome latino da planta segue-se, em abreviatura, o nome do naturalista que pela primeira vez a
descreveu. Neste livro figura uma lista das abreviaturas dos nomes dos botânicos nele citados (v. p.
19).

Paralelamente aos nomes científicos, existem inúmeros nomes populares ou vernáculos, possivelmente
mais expressivos em relação à imaginação e à sensibilidade que o nome latino, uma planta pode ter um
ou
mais nomes vernáculos em cada região e vários na mesma região, acontecendo ainda que um mesmo
nome seja atribuído a várias plantas. Um erro ou uma confusão, a própria devoção popular, o
arrebatamento de um doente confortado no seu sofrimento ou as semelhanças mesmo superficiais
estão frequentemente na origem de grande número de nomes vernáculos. O alquequenje é também
conhecido em França por amor-prisioneiro, por ter o fruto encerrado no cálice. À dedaleira também se
chama luva-de-nossa-senhora, porque a corola tem a forma do dedo de uma luva. Ao cornichão foi
dado o nome de sapatos-do-menino-jesus, porque o seu botão floral é delicadamente curvado e bicudo.
A Salvia sclarea L., outrora considerada como uma panaceia, recebeu dos franceses o nome de boa-
para-tudo; há, porém, outras plantas botanicamente muito diferentes, como, por exemplo, espécies do
género Chenopodium, que possuem a mesma designação. Por vezes, o humor também interfere: a
norça-preta, Tamus comniunis L., foi baptizada com o nome de erva-das-mulheres-açoitadas, pois a
sua raiz amassada curava as equimoses. Frequentemente, o nome popular é pouco específico. Por
exemplo, chama-se erva-do-carpinteiro a
algumas plantas em que se reconheceram propriedades hemostáticas, porque este artesão era muitas
vezes ameaçado por golpes e
hemorragias. Com este nome são simultaneamente designados a erva-de-santa-bárbara e o milfólio.

Algumas desilusões terapêuticas podem ser atribuídas a confusões provocadas pelos nomes populares.
Para a erva-de-são-roberto, Geranium robertianum L., têm sido propostas diferentes origens. Segundo
alguns estudiosos, o nome deriva da palavra latina ruber, vermelho, pois o caule e os pecíolos, uma
parte da folhagem e as flores são avermelhados. Na Idade Média, chamava-se herba rubra e mais tarde
herba rubertiana; o u transformou-se em o, de onde herba robertiana, que depois se tornou erva-de-
roberto e erva-de-são-roberto, em homenagem ao santo que no século XI fundou a Ordem de Cister.
Na vida do santo atribui-se-lhe uma cura milagrosa, e a devoção popular deduziu que só com o
Geranium poderia ter realizado tal prodígio. Assim, só por acaso e capricho da História esta planta
pôde ser considerada como verdadeiramente medicinal.

Um outro ponto importante que merece uma explicação é o da origem do género gramatical -
masculino ou feminino - dos nomes das plantas. Esse género não tem qualquer relação com o sexo das
plantas, porque a maioria possui estames e pistilo, sendo, pois, hermafroditas. No entanto, por
antropomorfismo, tornou-se hábito atribuir o género masculino às espécies de aspecto sólido e maciço
e o feminino às de aparência delicada e frágil. É, por exemplo, o caso dos
17
fetos: o feto-macho, Eiryopterisfilix-mas (L.) Schott., e o feto-fêmea, Athyrium filix-femina Roth. O
erro é flagrante devido a uma outra razão, pois um feto adulto não tem sexo; só os gametófitos
(protalos) resultantes da germinaçáo dos esporos são sexuados. O aspecto das folhas da segunda
espécie citada, mais delicadamente recortadas que as da primeira, provocou esta atribuição do género
feminino, e a nomenclatura latina, como frequentemente sucede, perpetuou este equívoco.

O modo científico de definir uma planta é atribuir-lhe o nome latino, que pode ter as mais diversas
origens. Uma personagem da mitologia inspirou o nome do cardo-estrelado, Centaurea calcitrapa L.,
que, segundo uma lenda, teria curado o centauro Quíron dos seus ferimentos. A carvalhinha, Teucrium
chamaedrys L., evoca um homem da Antiguidade, Teucro, príncipe troíano a
quem se atribui a descoberta das virtudes medicinais da planta. Ao baptizar as plantas do género
Bartschia L., Lineu decidiu imortalizar o nome do botânico holandês Bartsch, morto na Guiaria aos 28
anos, em 1738. Lineu escolheu uma planta triste para expressar a sua mágoa. Algumas vezes, o nome
actual de uma planta deriva directamente de um antigo nome vulgar. Ceterach officínarum Wil].
provém da palavra árabe ceterach. O nome destaca por vezes uma particularidade morfológica: o
funcho, Foeniculum vulgare (Mili.) Gacrtn., vem da palavra latinafoenum, feno, ou defuniculus, fio
delgado, numa alusão às suas folhas filiformes. O nome pode também referir-se às virtudes
medicinais: a tussilagem, Tussilagofarfara L., por exemplo, deriva do latim tussis, tosse, e ago, eu
expulso. Uma infusão de flores de tussilagem acalma a tosse.

A classificação

Que espécie de planta é esta? Estas duas flores serão da mesma espécie? Eis duas perguntas que
qualquer pessoa pode fazer. Para
18
exemplificar, escolhemos uma planta bastante conhecida, o lírio-dos-pântanos, com flores amarelas.
Se colher alguns ramos, notará que não são todos exactamente iguais: alguns têm mais 15 cm do que
outros; uns têm três flores abertas e dois botões, e outros têm apenas uma flor. Excluindo estas
diferenças individuais, trata-se irrefutavelmente da mesma planta, também denominada ácor(
-bastardo. Estas variedades pertencem à mesma espécie, designada em latim por iris pseudacorus L.,
sendo Iris o nome do género epseudacorus o da espécie.

Ao percorrer outros locais húmidos ou, ao contrário, colinas áridas, e nas proximidades de locais
habitados, encontram-se outras plantas com o mesmo aspecto geral, o mesmo porte, as mesmas folhas,
a mesma curvatura para cima das três pétalas da flor. Porém, a cor das flores é diferente: na espécie
florentina é branca; violeta na Iris germanica; azul, violeta e esbranquiçada na Iris spuria, e azul-clara
na Iris pallida. Na totalidade, existem 17 espécies européias com mais semelhanças entre si do que
com os
gladíolos, Gladiolus L., ou com o açafrão, Crocus L. A fim de reunir estas 17 espécies, constituiu-se o
géneroIris L., que será definido o melhor possível pelos pontos comuns de semelhança ou pelo
conjunto das características, sem, claro, mencionar a cor, visto que esta é um mero elemento
específico. Deve frisar-se que a noção de semelhança tende cada vez mais a ser encarada pelos
especialistas num sentido lato, vinculando-a não apenas à morfologia externa, mas também a grande
número de características químicas.

O mesmo raciocínio é válido em relação a géneros próximos. Assim, atende-se a características de


semelhança menos precisas entre os géneros Crocus L., Iris L. e Gladiolus L. para poder reuni-los
logicamente numa só família, as lridáceas. Poderá supor-se que teria sido possível associar-lhes
também os cólquicos, Colchicum L., que se confundem facilmente com os Crocus L.; porém, essas
aparencias são ilusórias. Por outros motivos, os cólquicos estão agrupados na família das Liliáceas.
Contudo, as lridáceas e as Liliáceas têm em comum um número suficientemente grande de
características, o qual permite a sua reunião na ordem das Liliales. Subindo assim na escala da
classificação, da ordem para a classe, da classe para a subdivisão e desta para a divisão, poder-se-á
estabelecer a ficha sistemática do lírio-amarelo-dos-pântanos:

Espécie: pseudacorus L. (ácoro-bastardo, ou lírio-amarelo-dos-pântanos).


Género: Iris.
Família: lridáceas.
Ordem: Liliales.
Classe: Monocotiledóneas.
Subdivisão: Angiospérmicas.
Divisão: Espermatófitas ou, segundo a designação antiga, Fanerogâmicas.
Para identificar uma planta desconhecida com a ajuda de uma obra de botânica ou de flora, é
indispensável proceder em ordem inversa, isto é, determinar primeiro a Adivisão, atendendo às
características que a definem, seguidamente a classe, a ordem, a família e, por fim, no género Iris L.,
escolher entre as 17 espécies existentes nas nossas regiões para encontrar o lírio- amarelo-
dos-pântanos.

Lista dos nomes dos principais botânicos e suas abreviaturas

A, Br. BRAUN Alexandre, 1805-1877.

Alemanha. Ali. ALLIONI Carlo, 1725-1804. Itália. Andrz.


ANDRZEIOWSKi Anton, 1785-1868.

Polónia. Aschers. AsCHERSON Paul Friedrich August,

1834-1913. Alemanha. Batsch BATSCH Auguste Johann Georg

Karl, 1761-1802. Alemanha. Beauv. BEAUVOIs Ambroise Marie François Joseph


PALISOT DE, 1755-
1820. França. Benth. BENTHAmGeorge, 1800-1884. GB. Berrili.
BERNHARDI Johann Jacob, 17741850. Alemanha. Boi kh. BORKHAUSEN Moritz
Balthasar,

1760-1806. Alemanha. Br. R. BROWN Robert, 1773-1858. GB. Burgsd.


BURGSDORF Friedrich August Ludwig von, 1747-1802. Alemanha. Chaix CHAix
Dominique, 1730-1800. Fr. Crantz CRANTz Heinrich Johann Nepom

von, 1722-1797. Áustria. Cronq. CRONQUIST Arthur John, nascido

em 1919. EUA. DC. DE CANDOLLE Augustin Pyramus,

1778-1841. Suíça. Desf. DESFONTAINES, Renê Louiche,

cognominado, 1750-1833. Fr. Duch. DUCHESNE Antoine Nicolas, 17471827. França.


Ehrh. EHRHARTFriedrich, 1742-1795. AI. Endi. ENDLICHER Stephan
Ladislaus,

1804-1849. Áustria. Foslie FoSLIE Mikal Heggelund, 18551909. Noruega. Gaertn.


GAERTNER Joseph, 1732-1791.

Alemanha. Gilib. GILIBERT Jean Etrimanuel, 17411814. França. Guim.


GUNNERUS J. E., 1718-1773. Nor. Haw. HAWORTH Adrian Hardy, 17681833. Grã-
Bretanha. Hayek HAYEK August, 1871-1928. Áust. Herm. HERMANN
Johann, 1738-1800.

Alemanha. Hili HILLJohn, 1716-1775. G13. Hoffin. HOFI`MANN Georg


Frariz, 17611826. Alemanha. Houtt. HOUTTIJY1,1 Martinus, 1720-1798.

Hotanda. Huds. HUDSON Williarti, 1730-1793. GB. Hull HULL John,


1761-1843. G13. kicci. JACQUIN Nicolaus Joseph, 17271817, Áustria. Koch ou K.
KOCH Karl Heiririch, 1809-1879. ou K. Koch Alemanha. Kth. KUNTH
Carl Sigismund, 17881850, Alemanha. Kuntzc KUNTZE OttO, 1843-1907.
AI. Kuitz KURTz Fritz, 1854-1920. AI.

LINNÉ Carl von, vulgarmente conhecido por Lineu, 1707-1778. Suécia. Libill.
LABILLARDIÈRE Jacques Julien

HoUTTON DE, 1755-1834. Fr. Lam. ou Lamk. LAMARCK, Jean Baptiste Antoine

Pierre de MONNET, cavaleiro de,


1744-1829. França. Larrix. LAMOUROUX Jean Felix Vincent,

1779-1825. França. Latouiette LATOURETTE Marc Antoine Louis

CLARET DE, 1729-1793. França. Leci s LEERS Johann Damel, 1727-1774.

Alemanha. L'Hérit. L'HÉRITIER DE BRUTELLE Charies

Louis, 1746-1800. França. Lindi. LINDLEY John, 1799-1865. G13. Unk


LINK Johann Heiririch Friedrich,

1767-1851. Alemanha.

Loisel. ou Lois,

Lyngb.

Maxim.

Med. ou Medik.

Merr.

Mili. Moench Murr.

Murray

Mue11. Neck.

Osbeck Pall.

P. B. Peis.
Poir.

Poit. Poli.

Pres1

Raeusch.

R. Br. Rchb. Reichb. ou

Rchb. Rich. Reci. R@ss. Roth

Rotimi.

S. F. Gray

S. e Sm.

Salisb.

Schricid.

Schrad.

Schott

scop.

Sibth. Sieb. e Zucc.

Stri.

Soland.

Somm. Spreng. Trev. Tul.

Vahl viii.

Vis. Web. Willd.

LoiSELEUR-DESLONGCHAMPS Jean

Louis Auguste, 1774-1849. Fr. LYNGBY1E Hans Christian, 17821837. Dinamarca. MAximowicz
Karl Johann, 18231891. URSS. MEDIKUs Friedrich Casimir, 17361808. Alemanha. MERRILL
Elmer Drew, 1876-1956.

EUA. MILLER Philip, 1691-177 1. GB. MOENcH Konrad, 1744-1805. AI. MURRAY Johann
Andreas, 17401791. Alemanha. MURRAY Ivan J- cerca de 1898.

EUA. MUELLER 1., 1828-1896. Suíça. NECKER Joseph Noêl de, 17291793. França. OSBECK
Pehr, 1723-1805. Suécia. PALLAS Peter Simon, 1741-1811.

Alemanha. V. Beativ. PERSOON Christian Hendrich, 17551837. Alemanha. POIRET Jean Louis
Marie, 17551834. França. POITEAU Antoine, 1766-1854. Fr. POLLARD Charles Louis, 1872--EUA.
PRESI, Karl Boriwog, 1794-1852.

Checoslováquia. RAEUSCHEL Errist Adolpit, cerca de

1772. Alemanha. V, Br. R. V. Reichb, REICHENBACH Heiririch Goulieb

Ludwig, 1793-1879. Alemanha. RiCHAP,D Achille, 1794-1852. França. REQUIEN Esprit, 1783-
1851. Fr. Pisso J. Antoine,tem 1889.França. ROTH Albrecht Wilhelra, 17571834. Alemanha.
ROTHMALER Werner, 1908-1962.

Alemanha. GRAY Samuel Frederik, 1766-1828.

Grã-Bretanha. SIEiTHORP John, 1758-1796, e SMITH James Edward, 1759-


1828. Grã-Bretanha. SALISBURY Richard Anthony, 17611829. Grã-Bretanha. SCI1NEIDER
Camillo Kari, 18761951. Alentanha. SCHRADER Heiririch Adolf, 17671836. Alemanha.
SCHoTT Heiririch Wilheim, 17941865. Áustria. SCOPOU Giovanni Antonio, 17231788.
Itália. SIBTHORF, John, 1758-1796. G13 SIEBOLD Philipp Franz von, 1741866, e ZUCCARINI
Joseph Gerhard, 1798-1848. Alemanha. SMITH James Edward, 1759-1828.

Grã-Bretanha. SOLANDER Daniel Carl, 1736-1782,

Grã-Bretanha. SOMNIER Stefano, 1848-1922. It. SPRENGEL Kurt, 1766-1833. AI. TREVIRANus
L. C., 1779-1864. Ai, TuLASNE Edmond Louis Rene,

1815-1885. França. VABI, Martin, 1749-1804. Din. VILLARs Dominique, 1745-1814.

França. VISIANI,Roberto de, 1801-1878. lt, WEBER Friedrich, 1781-1823. AI. WILLDENow Karl
Ludwig, 17651812. Alemanha.

19
Zona de crescimento

A raÍz

É a principal parte subterrânea do vegetal. Tem como funções essenciais a fixação ao solo e a absorção
da água com as substâncias minerais exigidas pelo metabolismo vegetal. Muitas vezes acumula
reservas alimentares. Em certos casos, pode constituir a parte activa da planta medicinal. Seguem-se as
diversas formas que uma raiz pode apresentar:

Sistema axial: raiz principal que emite raízes secundárias.


1. Raiz aprumada, em que se distinguem nitidamente uma raiz vertical mais importante do que as
outras, a principal, ou mestra, que prolonga o eixo do vegetal, e raízes secundárias, emitidas
lateralmente e ramificadas em radículas. O colo é o ponto de união da raiz com o caule. A coifa é a
parte terminal das raízes e das radículas. A água e as substâncias minerais penetram na planta através
de pêlos absorventes.
2. Raiz aprumada tuberosa ou tuberculosa, isto é, repleta de reservas alimentares, Ex.: a cenoura, o
rabanete.
20
3. Raiz aprumada velha. Ex.: o carvalho.

Sistema fasciculado ou fibroso: conjunto de raízes, todas mais ou menos do mesmo calibre, que
partem do colo e se dividem em feixes.
4. A maioria das raizes das Gramíneas, cereais ou plantas forrageiras, são do tipo fasciculado. Ex.: o
trigo.
5. Algumas raízes fasciculadas acumulam matérias de reserva (raizes tuberosas). Ex.: a ficária, a dália.

Raízes adventícias: estas raizes desenvolvem-se directamente num caule subterrâneo ou aéreo,
lateralmente, e não no prolongamento do caule ou sobre outra raiz.
6. Ao longo de um caule prostrado, as raízes adventícias desenvolvem-se ao nível de cada um dos nós.
Ex.: o serpão, a verónica.
7. Num caule subterrâneo horizontal ou rizoma, as raizes desenvolvem-se nos nós. Ex.: a urtiga-
branca, a grama, o selo-de-salomão.
8. As raizes adventícias desenvolvem-se numa estaca cravada na terra. Ex.: o salgueiro.
21
O caule

Suporte das folhas, o caule contém os vasos condutores, sendo essencialmente uma via de circulação
através da qual se efectuam a subida e a descida da seiva na planta. Apresenta-se sob duas formas:
aéreo e subterrâneo.

Caules aéreos: são o prolongamento da raiz acima do colo.


9. O caule aéreo erecto pode ser herbáceo e, portanto, flexível, frágil e efémero, ex.: o trigo, o milho;
ou lenhoso e, portanto, rígido, robusto e perene como os das árvores, ex.: a faia, o castanheiro.
10. O caule aéreo trepador não tem por vezes resistência suficiente para se manter sem apoio. Prende-
se então de diversas formas, por gavinhas (a videira), por raízes laterais (a hera) ou pelos pecíolos das
folhas (a vide-branca).
11. O caule aéreo volúvel agarra-se a um suporte, enrolando-se à sua volta. Ex.: a madressilva.
12. O caule aéreo rastejante, ou estolho, alonga-se rente ao solo e enraíza nos nós, de onde nascem
folhas, pedúnculos e inflorescências. Emite outros estolhos, os quais se desenvolvem do mesmo modo.
Ex.: o morangueiro, a violeta, a búgula, a erva-de-são-lourenço.
22
caules subterrâneos: são os rizomas horizontais ou oblíquos que todos os anos produzem novos caules
numa das extremidades e se extinguem na extremidade oposta. Podem ser tubérculos, partes dilatadas
do caule repletas de reservas nutritivas, ou bolbos, cujo caule está reduzido a um núcleo fibroso
(prato). Tanto uns como outros possuem as características que seguidamente se indicam.
13. O caule subterrâneo, também chamado rizoma, rasteja à superfície do solo. Ex.: a urtiga-branca.
14. No rizoma são visíveis as cicatrizes dos caules aéreos do ano anterior e o botão que dará origem
aos caules do ano seguinte, os quais terminarão em inflorescências. Ex.: o selo-de-salomão.
15. Caule subterrâneo dilatado e transformado em tubérculos (a). Não confundir com raízes.
Apresentam botões e pequenas escamas que são as folhas transformadas (b). Ex.: a batateira.
16. Bolbo sólido, não apresentando escamas carnudas (a). Corte de um bolbo (b). Ex.: a túlipa.
17. Bolbo com escamas carnudas. Ex.: a cebola.
23
A folha (1)

A folha é um órgão fundamental da planta, geralmente de forma laminar e de cor verde, que está
intimamente ligado ao caule ao nível do nó. Devido ao seu pigmento verde, chamado clorofila, capta
as radiações vermelhas do espectro solar, acumulando assim energia para a síntese dos hidratos de
carbono, ou glúcidos, e ainda dos prótidos o dos lípidos.

Os componentes activos das plantas medicinais são muitas vezes sintetizados pela folha. Todas as
outras partes verdes da planta, caules jovens, bainhas, estípulas e brácteas, participam nesta função
foliar, mas em
menor proporção.

A folha pode apresentar-se sob diversos aspectos, entre os quais são ainda possíveis formas
intermédias.

Para classificar uma folha, devem ter-se em consideração diversos aspectos como: situação, disposição
sobre o caule, posição, diferenciação, divisão, forma do limbo, forma da base e do vértice, nervação,
consistência, presença ou ausência de indumento.

A gema: é a origem de um rebento; contém um caule com folhas no estado rudimentar, protegido ou
não por escamas.
19. A gema terminal está situada na extremidade do caule. o rebento ou a inflorescência que o caule
produz na Primavera prolongarão esse caule. A gema axilar está situada no ângulo superior do pecíolo
e do caule, isto é, na axila da folha. chegando a Primavera, tornar-se-á um ramo axilar folhoso ou
transformar- se-á num esboço de botão floral ou de inflorescência. Ex.: macieira, pereira.
Limbo
24
Ligação da folha ao caule:
20. Tipo de folha inteira, simples, com um

pecíolo que a liga ao caule, o limbo e a sua face dorsal.


21. A folha já não é simples, mas trifoliada, isto é, composta por três folíolos. A base do pecíolo tem
dois folíolos simplificados chamados estípulas.
22. Na folha invaginante das Gramíneas não existe pecíolo. Uma parte do limbo envolve o caule, ou
colmo, numa extensão variável: é a bainha.
23. A folha sem pecíolo denomina-se séssil (a): o limbo pode prolongar-se à volta do caule, formando
uma espécie de orelhas -

auriculada (h), ou ao longo do caule - decorrente (c).


24. 0 pecíolo da folha peltada une-se num

ponto central da face dorsal do limbo. Ex.: conchelos.

Nervação: o limbo é percorrido por nervu-

ras, prolongamentos e ramificações do pecíolo, mais ou menos salientes, que formam simultaneamente
o seu esqueleto e o sistema de condução da seiva. A disposição das ner-

vuras é geralmente constante num género ou

numa família.
25. Disposição das nervuras mais ou menos paralelas (folhas paralelinérveas). Ex.: a tanchagem,
plantas das famílias das Liliáceas e das Gramíneas.
26. Uma só nervura no limbo, que ficou reduzido a uma agulha (folhas uninérveas). Ex.: o pinheiro, o
zimbro, o abeto.
27. As nervuras estão dispostas como os

dentes de um duplo pente (folhas peninérveas). Ex.: a faia, o castanheiro.


28. As nervuras estão dispostas como os
dedos de uma mão aberta (folhas palminérveas). Ex.: a malva, o rícino.
25
A folha (2)

A forma do limbo e dos seus recortes serve de base à seguinte classificação:

Folhas simples: a folha comporta um só limbo, cuja margem pode apresentar recortes mais ou menos
acentuados.
29. Limbo inteiro; bordo sem recortes. Ex.: o lilás.
30. Limbo dentado; margem apresentando recortes pontiagudos Ex.: o castanheiro, a urtiga.
31. Limbo crenado; margem com recortes arredondados. Ex.: o choupo-negro.
32. Limbo lobado; margem com largos recortes que não atingem metade da aba da folha. Ex.: o
carvalho.

As folhas simples penatipartidas e penatissectas distinguem-se pela maior ou menor profundidade dos
recortes do limbo.
33. A folha penatipartida é peninérvea e os recortes ultrapassam metade do limbo.
34. Na folha penatissecta, o recorte atinge a
nervura central.
35. Esquema de uma folha com recortes triplos (tripenatissecta).

Folhas compostas: a folha diz-se composta quando cada um dos recortes, transformado

26
em folíolo, se mantém nitidamente individualizado em forma de uma pequena folha frequentemente
provida do seu próprio pecíolo (peciólulo).
36. Diz-se penaticomposta quando os folíolos estão dispostos de cada um dos lados da nervura, à
semelhança das barbas de uma pena de ave. Ex.: a galega.
37. Diz-se palmaticomposta quando os folíolos se dispõem como os dedos de uma mão aberta. Ex.: o
castanheiro-da-índia.

A disposição das folhas: as folhas podem estar dispostas ao longo do caule de diferentes modos:
opostas, alternas e verticiladas.
38. Folhas opostas: dispostas aos pares ao nível de cada um dos nós em face umas das outras. Ex.: o
buxo e plantas da família das Labiadas.
39. Folhas alternas: uma em cada nó, isoladas e dispersas pelo caule. Ex.: a tília.
40. Folhas verticiladas: dispostas em cada um dos nós em grupos de mais de duas folhas em volta do
caule. Pode haver num mesmo verticilo três ou mais folhas inseridas ao mesmo nível, formando uma
coroa. Ex.: a aspérula.
41. Folhas em roseta: dispostas em círculos próximo da base ao nível do solo. Ex.: a pinguícula, a
primavera.
27
Estigma

A flor (1)

Corola

Cálice

Calículo

Peciúriculo

A flor, espécie de botão muito especializado, é o órgão de reprodução sexuada de uma planta; é o
principal meio, mas não o único, de perpetuar a espécie. Provida de estames, órgãos masculinos, e de
um pistilo, órgão feminino, é hermafrodita, se bem que por vezes contenha apenas os órgãos de um só
sexo. Uma flor denomina-se completa quando é formada por cálice, corola, estames e um pistilo; se a
flor não possui um destes elementos, denomina-se incompleta. Na base do seu suporte, o pedúnculo,
encontra-se uma pequena folha, a bráctea, diferente das outras folhas. A flor denomina-se séssil se não
tem pedúnculo. Finalmente, uma flor denomina-se regular se a sua simetria é radial’ou irregular se a
sua simetria é bilateral. As flores podem ser solitárias ou agrupadas, formando então inflorescências de
formas variadas.

Flor completa:
42-43. Uma flor completa está provida de perianto, constituído pelo cálice e pela corola, de androceu,
ou conjunto dos estames, e de gineceu, ou pistilo, composto pelo estigma, o estilete e o ovário.
44. A flor vista da parte inferior apresenta o perianto, conjunto formado pelo cálice, constituído por
sépalas, e pela corola, formada por pétalas, além do pedúnculo, ramo ou caule que lhe serve de
suporte.

O cálice: invólucro mais externo da flor, é formado por uma ou várias sépalas, geralmente de cor
verde, sendo por vezes reforçado por um calículo, ou epicálice. As sépalas da açucena são da mesma
cor das pétalas, razão por que são denominadas petalóides.
28
45. Cálice dialissépalo: as sépalas apresentam-se livres em relação umas às outras. Ex.: a morugem.
46. Cálice gamossépalo: as sépalas unem-se
num ponto do seu comprimento, formando um tubo. Ex.: a erva-saboeira.
47. Cálice em que uma das sépalas tem a
forma de capacete. Ex.: o acónito.

A corola: invólucro interno da flor, é formada pelo conjunto das pétalas. O papel da corola é
importante: a coloração viva das pétalas, o perfume que exalam e o açúcar dos nectários da base das
diversas pétalas atraem os insectos, que propiciam a fecundação. No entanto, os nectários podem
também situar-se nas folhas ou nos pecíolos.
48. Corola dialipétala: as pétalas apresentam-se livres. Ex.: a tormentila, a erva-benta.
49. Corola gamopétala: as pétalas estão unidas em todo o seu comprimento, constituindo uma corola
em forma de funil. Ex.: os bons~dias, o lírio- dos-vales.
50. Corola com uma pétala munida de esporão. Ex.: a ancólia, a violeta.
Flor regular: a que possui um eixo de simetria, isto é, todos os planos que passam por esse eixo
dividem a flor em duas partes iguais (48). Ex.: a erva-benta.

Flor irregular: apresenta uma simetria bilateral, isto é, em relação a um plano. Assim, apresenta um
lado esquerdo e um lado direito (51, 52). Ex.: o amor-perfeito-bravo, o morrião-d'água.
53. Vista de frente, apresenta uma simetria bilateral.
54. Flor irregular com corola bilabiada, da qual duas pétalas formam o lábio superior e três o lábio
inferior. Ex.: a urtiga-branca.
29
A flor (2)
*//* esta página deve ser refeita
O androceu e o gineceu são os órgãos, respectivamente, masculino e feminino de reprodução da flor.
55. Corte de uma flor do abrunheiro-bravo. Vêem-se as sépalas, as pétalas, os estames e o pistilo. Os
estames, cujo conjunto forma androceu, são formados por um filete e uma antera. No centro da figura
observam-se o pistilo, ou gineceu, formado pelo ovário (parte arredondada que contém os óvulos),
estilete e o estigma. Este androceu e esta corola são perigínicos, porque os estames e as pétalas estão
inseridos em volta do ovário, sobre o cálice (a). Se o cálice e o ovár estão soldados, o ová rio
denomina-se ínfer( sendo as restantes peças florais epigínic@ (b).
56. O androceu e a corola são hipogínico porque os estames e as pétalas estão inser dos abaixo do
ovário, que se denomina súper(

O androceu: os estames contém o pólen, o seu número é geralmente característica é uma família ou de
uma ordem, Assim, m Dicotiledóneas, os números mais frequente são 2 e 5 e os seus múltiplos,
enquanto m

Monocotiledóneas predominam o 3 e os seu múltiplos.


57. Um androceu é monadelfo quando c

filetes dos estames estão unidos quer na bas (a), quer em todo o seu comprimento (b).
58. Um androceu é diadelfo quando em 1 estames 9 estão unidos pelos seus filetes e permanece livre.
Ex.: o cornichão.
59. Um androceu é designado por poliadel fo quando os estames se encontram agrupa

30
dos em vários feixes. Ex.: o hipericão.
60. Um androceu é sinantérico quando os filetes estão livres e as anteras se unem, formando um
invólucro que é atravessado pelo estilete. Flor ligulada do taráxaco (a); flósculo da bonina (b).
61. O androceu é didinâmico se apresenta 4 estames, dos quais 2 são pequenos e 2 grandes. Ex.: a
dedaleira.
62. Diz-se que um androceu é tetradinâmico quando em 6 estames 4 são grandes e 2 pequenos. Ex.:
plantas da família das Crucíferas.

O gineceu, ou pistilo, é um órgão mais variável e complexo que o androceu. Possuí, pelo menos, um
carpelo (55), constituído por um ovário, um estilete e um estigma; porém, na generalidade, tem vários
carpelos, livres ou unidos entre si.
63. Pistilo composto por numerosos carpelos livres como na ficária (a); na anémona (b), cada um deles
termina por um longo estilete plumoso.
64. Pistilo composto por 5 carpelos, livres no vértice e unidos na base. Ex.: o acónito (a), o heléboro-
negro (b).
65. Pistilo composto por 5 carpelos com ovários soldados e 5 estiletes livres. Ex.: o linho-bravo.
66. Pistilo composto por 3 carpelos inteiramente unidos, como na açucena. O ovário com 3 lóculos
prolonga-se por um estilete único que termina por um estigma globuloso trilobado Ex.: a túlipa.
67. Pistilo com estigmas radiantes sobre um disco séssil, chamado estigmatífero, que coroa o ovário.
Ex.:+a a papoila ordinária.
Anteras soldadas
64 b

31
A inflorescência

A parte floral da planta é composta quer por flores solitárias, quer por uma ou mais inflorescências.
Este último termo designa um conjunto de flores suportadas por um pedúnculo comum. Se existir uma
só flor na extremidade do pedúnculo, a inflorescência diz-se solitária; se houver várias, toma o nome
de grupada. Alguns autores, porém, consideram inflorescências somente as gruPadas, Quanto ao tipo,
as inflorescências podem ser definidas, ou cimeiras, e indefinidas. No primeiro caso, trata-se de uma

cujo eixo termina por uma flor, que é a primeira a abrir. No segundo, pode haver ou

não um eixo. Os tipos principais de inflorescências indefinidas são o cacho, a espiga, a umbela e o
capítulo,
68. Planta com uma flor solitária.

0 cacho é uma inflorescência formada por um determinado número de flores cujos pedúnculos são
sensivelmente de igual comprimento e estão fixados sobre um eixo, ou caule, que prolonga o
pedúnculo do cacho. Geralmente, não existem flores terminais.
69. Esquema do cacho (a). Exemplo de cacho com caule e pedúnculo: a groselheira-vermelha (b).
70. No cacho composto, os pedúnculos laterais podem apresentar-se também ramificados em cachos e
presos ao caule (pedúnculo ramificado) do cacho primário. Ex.: a videira.
71. Uma panícula é um cacho composto com pedúnculos muito compridos e desiguais, em forma de
pirâmide. Ex.: a artemísia.

A espiga é formada por um grupo de flores sésseis, isto é, directamente unidas ao eixo,
72. Esquema de uma espiga simples.
73. Esquema de uma espiga composta.
74. A espiga pode ser densa, longa e pendente, chamando-se amentilho. Ex.: a aveleira.

0 corimbo é uma falsa umbela. Cacho cujos pedúnculos florais são de dimensões diferentes, sendo os
da base mais compridos, mos-

trando as flores à mesma altura.


75. Esquema de uma inflorescência em corimbo simples, ex.: a pereira (a), e com corimbo composto,
ex.: o milfólio (b).
32
A umbela é uma inflorescência em que todos os pedúnculos de igual comprimento se inserem num
mesmo ponto do eixo principal. Por vezes, existe um invólucro na base.
76. Esquema de uma inflorescência com umbela simples. Ex.: a cerejeira (a), a hera (b).
77. Existem também umbelas formadas por umbelas mais pequenas (umbélulas), como na maioria das
Umbelíferas. Ex.: o canabrás.
78. Na inserção dos pedúnculos da umbela, uma coroa de brácteas forma o invólucro. Ex.: a cenoura-
brava.
79. A cúpula da glande do carvalho é um
invólucro formado por escamas resistentes situado na base do fruto para protecção.

Um capítulo é um grupo de pequenas flores, geralmente sésseis, reunidas numa dilatação do


pedúnculo, o receptáculo.
80. Esquema de um capítulo (a); se a compararmos com a violeta (68), a bonina (b) apresenta-se não
como uma flor solitária mas como um grupo de flores: cada uma das lígulas brancas periféricas é uma
flor, cada uma das papilas amarelas do centro é também uma flor. Só as amarelas têm estames,
formando um androceu sinantérico (60 b).
81. Outra forma de capítulo: o dos fidalguinhos. Sob o capítulo, está uma folha de dimensões
reduzidas - a bráctea. O invólucro do capítulo é formado por outras brácteas.

O espadice (82) é uma espiga com eixo carnudo, terminada no jarro por uma clava estéril e envolvida
por uma bráctea membranosa, a espata.

A cimeira é uma inflorescência cujos eixos principais terminam numa flor, ramificando-se em um,
dois ou mais ramos laterais.
83. Uma cimeira é unípara quando do eixo principal nasce um único secundário que termina numa flor
e origina novo eixo que floresce. Se o desenvolvimento sucessivo dos eixos se faz sempre do mesmo
lado, a cimeira é escorpióide. Ex.: não-me-esqueças.
84. Se o desenvolvimento se efectua alternadamente de ambos os lados, a cimeira é helicóide. Ex.: os
lírios.
85. Uma cimeira é bípara quando cada uma das flores tem dois ramos laterais terminados por uma
flor. Ex.: a morugem-vulgar.

Flores femininas

82

81

33
O fruto

0 fruto é o resultado final da maturação do ovário fecundado; contém os óvulos transformados em


sementes aptas a germinar, pelo menos após algum tempo, para dar origem a outra planta da mesma
espécie. Há duas categorias de frutos: carnudos e secos.

Fruto carnudo: as sementes estão geralmente encerradas numa polpa suculenta rodeada por uma pele
fina. A semente pode igualmente estar encerrada num caroço, por sua vez também situado no interior
da polpa. Atingido o estado de maturação, o fruto desprende-se e cai.
86. Estes dois esquemas apresentam o core de dois frutos carnudos: são drupas, pois a
semente está inclusa no endocarpo, ou caro-

ço; este está por sua vez imerso no mesocarpo, ou polpa, e o fruto está rodeado por u epicarpo, ou
pele. Ex.: a azeitona (a), a cereja (b).
87. Por vezes, o caroço tem uma parede dura. Ex.: o pêssego.
88. 0 endocarpo pode, em vez de apresentar-se duro, ser coriáceo. Ex.: a maçã.
89. Quando as sementes, ou pevides, estão directamente incluídas na polpa, os frutos são bagas. Ex.: a
uva.

Nos frutos secos, as sementes não estao geralmente imersas na polpa. 0 invólucro seco e
frequentemente duro protege o fruto e pode ou não abrir-se espontaneamente.

Fruto seco indeiscente: o fruto não se abre para libertar as sementes; desprende-se, por vezes, com a
ajuda do vento, e cai ao solo. Após a deterioração do invólucro, surge uma plântula resultante da
germinação da semente.
90. No aquênio, a semente única não adere à parede. 0 aquénio é, neste caso, como em muitas
Compostas, encimado por um papilho que facilita a sua dispersão pelo vento.
91. Nas Labiadas, produzem-se quatro frutos por flor, formando um tetraquénio.
34
92. Nas Umbelíferas, os frutos são muitas vezes dois aquénios gemulados, os diaquénios, provenientes
de uma só flor.
93. A cariopse é um fruto cujas paredes aderem solidamente à semente única, como nas Gramíneas.
94. A sâmara é um aquénio rodeado por uma asa membranosa. Ex.: o ulmeiro.
95. Por vezes, duas sâmaras provenientes de uma só flor são gemuladas (dissâmara). Ex.: o bordo-
comum.

Fruto seco deiscente- abre-se espontaneamente na maturação para libertar as sementes.


96. A vagem é um fruto seco deiscente proveniente de um só carpelo (a); na maturação, abre-se por
duas fendas longitudinais (b); as sementes estão inseridas em cada um dos bordos da valva. Ex.: a
ervilheira.
97. A síliqua tem no meio um falso septo que contém as sementes. A deiscência faz-se geralmente por
quatro fendas longitudinais, duas de cada lado. Ex,: o goi v eiro- amarelo.
98. A cápsula é um fruto seco que deixa sair as sementes quer por válvulas (a), ex.: a violeta, quer por
poros (b), ex.: a papoila-ordinária.

Frutos múltiplos: provêm de flores com carpelos livres que dão origem ao mesmo número de frutos
secos ou carnudos.
99. Corte da framboesa onde se distinguem as drupéolas ligadas ao receptáculo.
100. O morango tem um grande receptáculo com polpa espessa e suculenta quando maduro, sobre a
qual afloram numerosos aquénios.

Infrutescências: provém de ovários mais ou menos concrescentes das flores de uma inflorescência.
101. Drupéolas da inflorescência da amoreira-negra.
102. Frutos unidos entre'si e com as suas brácteas. Ex.: o ananás.
103. O figo tem um receptáculo carnudo e suculento cuja cavidade está interiormente revestida de
flores.

35
Onde encontrá-la?

As plantas estão estreitamente ligadas ao seu biótopo, ou meio ambiente; por meio das raízes, utilizam
os recursos do solo, e através dos caules e folhas, os da atmosfera. Existe um considerável número de
factores com grande influência no desenvolvimento da planta.

A natureza física do solo e a sua riqueza em elementos fertilizantes são condições primordiais.
Efectivamente, além do ar com o oxigénio e o dió xido de carbono, o solo é a fonte nutritiva da planta,
que nele encontra a água e os elementos minerais indispensáveis à sua vida. Assim, o regime das águas
tem interesse essencial, devido às suas diversas fases, como as precipitações (chuva e neve), a
evaporação, a humidade atmosférica e o orvalho. A temperatura do ar é o outro ponto essencial, pois
está sujeita a modificações consoante a exposição solar e a luminosidade, a duração dos dias e a acção
do vento.

As plantas são, indubitavelmente, mais dependentes do meio ambiente do que os animais, pois estes
podem deslocar-se para regiões mais propí cias quando a sua evolução biológica é dificultada por
condições desfavoráveis. Contudo, a planta compensa quase sempre os inconvenientes do seu
imobilismo devido a uma grande capacidade de adaptação.
Quando necessita de resistir à aridez e pobreza do solo, as raízes desenvolvem-se a maior
profundidade e ramificam-se mais, possibilitando assim a exploração de vastas camadas de terra e de
subsolo. Se, pelo contrário, o solo tem um excesso de água, a planta reage por uma abundante
transpiração e exsudação. A luta contra os ventos áridos e o frio traduz-se por uma diminuição do seu
porte. Nas regiões onde o Verão é curto e a neve permanece por longos períodos, como na zona
alpina, há um encurtamento do ciclo vegetativo, que se completa mesmo sob a neve. Finalmente,
algumas plantas lutam para evitar a sua extinção, produzindo uma grande quantidade de sementes.
Mesmo assim, há muitas espécies que desaparecem devido a biótopos demasiado ingratos, e por vezes
é a presença do homem que contribui grandemente para acelerar este desaparecimento. Assim, os
fidalguinhos, que cresciam nas searas e eram considerados uma erva daninha, foram sistematicamente
combatidos com herbicidas, do que resultou a sua evidente rarefacção.

Para o desenvolvimento das plantas medicinais são necessárias condições de crescimento


extremamente propícias, se bem que um crescimento muito intenso seja susceptível de conduzir a uma
diminuição do teor de componentes activos.

As plantas medicinais devem ser procuradas e colhidas nos locais onde crescem espontaneamente e em
abundância, apresentando todas as características de uma grande vitalidade. Citam-se alguns exemplos
de biótopos: a calta, ou mal mequer-dos-brej os, adapta-se sobretudo às margens dos pântanos e aos
prados muito húmidos, encontra do-se os seus caules quase sempre parcialmente imersos; a tussilagem
procura os terrenos argilosos, como as bermas das estradas e as valas. As margens dos regatos
tranquilos e dos pântanos são as zonas escolhidas pelo ácoro-bastardo. A Dryas octopetala encontra-se
junto dos rochedos calcários das montanhas da Europa. A orvalhinha é uma planta carnívora das
turfeiras e dos pântanos, onde encontra facilmente os insectos necessários ao seu desenvolvimento. 0
alecrim só se dá nas charnecas e nos matagais da região mediterrânica, pois é a aridez que mantém as
suas propriedades aromáticas, cultivando-se, no entanto, facilmente nos jardins de países tais como a
França, Espanha, Portugal e Itália. Outras plantas, como o visco, só se encontram nas árvores que
parasitam.

A frequência de plantas medicinais nos diversos meios que habitam é variável. Em alguns casos é
esporádica, sendo difícil prever a sua migração, como, por exemplo, o aljôfar, o licopódio e o feto-
real. Estas plantas povoam quase sempre abundantemente o

seu novo biótopo. Pelo contrário, há outras plantas que são’ sedentárias, como a parietária, o taráxaco
e as tanchagens. A distribuição geográfica da planta pode ser um indicador do clima mais propício ao
seu desenvolvimento. Se determinada planta apenas se encontra nas regiões mediterrânicas, pode
concluir-se que este clima é necessário à sua sobrevivência, e seria inútil procurá-la no estado
espontâneo num meio ambiente co o o da serra da Estrela; é possível que ali exista, mas cultivada.

Há climas locais mais favoráveis que o clima regional onde se manifesta uma ligeira diferença
fenológica ou florística, isto >, uma antecipação da floração para as plantas da região ou o
aparecimento de algumas espécies pouco frequentes que procuram beneficiar de um aumento de calor
e humidade.

0 teor em componentes activos nas plantas medicinais pode variar com diversos factores, como, por
exemplo, o local, a natureza do solo, o perí odo de vegetação. É, assim, muito importante uma leitura
atenta`dos textos em caixa, a observação das fotografias do biótopo de cada uma das plantas
espontâneas estudadas nesta obra e uma
consulta cuidadosa do calendário da colheita: *As estações favoráveis+ (pp. 38-39). Se o leitor tomar
em consideração todas estas indicações e características, ser-lhe-ão evitadas muitas hesitações.
36
Colheita, secagem e conservação

Em primeiro lugar, dever-se-á determinar quais os simples, as plantas medicinais que se desejam
colher. A escolha da maioria das pessoas recairá sobre as plantas necessárias ao uso doméstico. Quem
não prefere fazer
os seus próprios abastecimentos de tília, de hortelã-pimenta ou de macela e deixar de comprar os
saquinhos de aroma duvidoso e de conteúdo suspeito?

Não seria lógico colher plantas sem utilidade e das quais algumas, para cúmulo, fossem perigosas. É
necessário ainda prever as
possíveis alterações provocadas pelo tempo, se bem que uma conservação de vários anos se revele por
vezes benéfica e quase indispensável, como, por exemplo, a do amieiro-negro.

Assim, deverá colher todos os anos a quantidade a utilizar durante o Inverno e destruir o que restar do
ano anterior. Convém saber se os simples que normalmente utiliza crescem perto da sua residência,
pois poderá também aproveitar as férias para alargar a zona de colheita.

A colheita -- Após a escolha da colheita, é conveniente tomar um certo número de precauções,


confirmadas pela experiência. É necessário identificar a planta sem hesitação quando esta ainda se
encontra no solo. Determinados erros em que se incorre no campo da fitoterapia podem ter graves
consequências.

Para evitar o apodrecimento, é essencial escolher um dia de bom tempo e uma hora em que o orvalho
esteja praticamente dissipado e as flores abertas, por exemplo cerca das 9 ou 10 horas da manhã, ou no
fim do dia.

No desenvolvimento da planta há um período mais ou menos exacto em que cada uma das partes
contém o teor máximo de princípios activos perfeitamente desenvolvidos.

De um modo geral, os caules colhem-se no Outono e os botões na Primavera; a colheita das folhas faz-
se no período que precede a época da floração, altura em que são mais activas; as flores e as
sumidades floridas devem ser colhidas no início do seu desabrochar, antes que as pétalas murchem e o
ovário dê origem ao fruto; os frutos carnudos e secos colhem-se na maturação; quando a planta está
seca, colhem-se as sementes; as raízes desenterram-se fora do período de plena vegetação, isto é, no
Outono ou na Primavera; a casca retira-se durante quase todo o ano.

A floração é um período extremamente flutuante de espécie para espécie. Assim, a tussilagem floresce
entre Fevereiro e Abril, surgindo em seguida as folhas e os frutos, e não dá mais nenhum capítulo até
ao Inverno seguinte, excepto em regiões de grande altitude.

Para se orientar, consulte o calendário da colheita, que indica os períodos favoráveis ou as *estações
propícias+; podem ocorrer variações de um mês, consoante a latitude e a altitude a que as plantas se
encontram.

Quando tiver identificado e referenciado a planta, é necessário não cometer erros quanto à parte do
vegetal a utilizar. Por vezes, usa-se a planta inteira, mas geralmente apenas uma parte, como a raiz, o
caule, as folhas, as flores, a casca ou os frutos.
Finalmente, antes de ir para o campo, deverá munir-se de uma boa faca de lâmina de aço, de uma
pequena tesoura de podar, de fio e de um cesto de vime sem tampa ou, em seu lugar, de um ou dois
caixotes.

Simultaneamente à colheita, é necessário preparar a secagem em condições apropriadas. As plantas


que podem ser atadas em molhos, por exemplo os caules folhosos da hortelã-pimenta e da erva-
cidreira, deverão ser preparadas do seguinte modo: atam-se cerca de 20 caules pela base com um fio,
deixando livre um pé que tenha pelo menos cerca de 20 cm. Deverá colocar cada um dos molhos no
caixote, de preferência ao sol, pois é extremamente vantajoso acelerar o emurchecimento, primeira
etapa da dessecação. Realizado rapidamente, este emurchecimento diminuirá os perigos de
fermentação se for seguido de uma boa ventilação à sombra. Não é demais insistir que a acção do sol,
frequentemente preciosa nesta primeira fase, deverá ser evitada, pelo menos no caso das plantas ricas
em essências, como as Umbelíferas ou as Labiadas, que, expostas ao sol, perderiam muitos dos seus
componentes.

A secagem -- À colheita sucede-se a secagem, que possibilita a eliminação de uma certa quantidade de
água retida pela planta. É uma operação importante que deve ser realizada imediatamente. Assim,
antes ainda de dar início a
uma colheita, é necessário procurar um local apropriado e preparar os meios para a secagem.

No decorrer desta operação, as espécies não devem ser misturadas; por exemplo, uma planta aromática
como a hortelã-pimenta não deve juntar-se a uma planta sem perfume como o azevinho. As plantas
tóxicas não devem, sob nenhum pretexto, ser guardadas em casa. É possível que um molho de plantas
necessite de uma lavagem devido ao pó ou à lama na folhagem; nesse caso, deverá proceder-se
imediatamente a uma seca
37
gem com ar quente, pelo menos até à fase do primeiro emurchecimento. As próprias raízes devem,
indispensavelmente, ser lavadas com muito cuidado antes de serem postas a secar e, enquanto ainda
estão frescas, ser cortadas em fragmentos de 1 ou 2 cm. Esta operação deve ser executada por dois
motivos: os troços secarão mais rapidamente que a raiz inteira e esta, depois de seca, seria muito
difícil de cortar.

A secagem, após um emurchecimento rápido, far-se-á à sombra, num local bem arejado e seco. Um
velho sótão, mesmo parcialmente repleto de mobílias, ou um celeiro são óptimos locais de secagem.
Se pelas janelas ou frestas penetrarem na divisão alguns raios de sol, é conveniente colocar, a certa
distância, algumas serapilheiras formando uma cortina que permita a circulação do ar, mantendo, no
entanto, as plantas à sombra.

Os molhos de plantas ou os ramos de árvores e de arbustos devem ser pendurados, com a parte inferior
para cima, em cordas ou arames estendidos através da divisão à altura de um homem. As folhas e as
flores devem ser separadas do caule; os troços de raiz colocados, sem os misturar, evidentemente, em
caixotes cujo fundo foi previamente forrado de juta. Ao mesmo tempo que deixa circular o ar fresco
vindo de baixo, este tecido segura os fragmentos, que facilmente passariam pelos interstícios das
tábuas do caixote. E essencial que as camadas sejam finas; apenas devem ter 1 ou 2 cm de espessura.

As bagas poderão ser colocadas numa grande caixa de cartão pouco funda e de bordos muito direitos.
Na altura da colheita, ficaram certamente misturadas com restos de folhas; é fácil separá-las
inclinando adequadamente a caixa para que as bagas rolem para a parte mais baixa e os detritos
permaneçam no seu lugar. As bagas e os frutos esféricos não necessitam, geralmente, de ventilação
inferior, pois a sua forma possibilita uma boa circulação do ar fresco em redor. No decurso da
secagem, todos os dias devem remover-se levemente as camadas para que os elementos colocados a
maior profundidade entrem em contacto com ar renovado. A ventilação deve ser suave, não sendo
indicada uma corrente de ar muito forte. As partes utilizáveis dos ramos deverão ser separadas logo de
seguida, especialmente no caso da tília, pois, devido às reservas de seiva contidas nos ramos, a flor
poderá transformar-se em fruto em vez de murchar, o que seria desastroso, uma vez que a parte
utilizada é a flor seca. O mesmo sucede com a tasneirinha, que, se for colhida antes de os capítulos
estarem abertos e colocados em molhos invertidos, pode cobrir-se de pequenos penachos brancos, as
sementes, que amadurecem rapidamente durante a agonia da planta. Depois de formado o fruto, o
vegetal perde grande parte do seu valor.

A secagem permite, portanto, eliminar uma certa quantidade de água. Uma planta de habitat terrestre
contém cerca de 75 a
85% de água. Uma planta aquática pode ultrapassar os 90%. Evidentemente que não é possível
eliminar toda esta água. De facto, mesmo quando se pensa que a planta está bem seca, contém ainda
10 a 12% de água, denominada de constituição, que só poderia ser eliminada por meio de forte
aquecimento. Há que contar, em média, com uma perda de 50 a 90% em relação ao peso inicial. Por
exemplo, 10 kg de plantas frescas das espécies a seguir indicadas dão, após a secagem:

Golfão: 520 g; Borragem: 950 g; Tília: 3,200 kg; Sabugueiro: 3,300 kg; Verbena: 4,100 kg;
Hipericão: 5 kg.

Além disso, a mesma planta colhida na Primavera perderá mais peso do que se for colhida no Outono.
O tempo de secagem deve assim depender da quantidade de água a eliminar e também da resistência
da planta à evaporação. Nas melhores condições, a secagem faz-se em 6 dias, e mais frequentemente
entre 10 e 12. Se o arejamento for suave, o único inconveniente de prolongar a secagem é o perigo de
acumulação de pó nas plantas, pelo que é preferível não ultrapassar as três semanas. Para avaliar o
grau de dessecação das folhas e das flores, é necessário que, ao tocar-lhes, não se sinta qualquer
humidade e que estejam rígidas, mas não quebradiças.

A conservação -- Quando estiverem bem secas, as plantas podem ser conservadas, ao abrigo do ar, da
luz, da humidade e do pó, em caixas de **laU bem fechadas, em sacos de papel grosso fechados com
uma fita adesiva ou em saco de plástico. Se adoptar este último modo de conservação, deverá ter
muito cuidado e oito dias após a embalagem das plantas observá-la com atenção. O mínimo depósito
de vapor na parte interna do saco indica que a dessecação não foi suficiente e terá de ser concluída.
Em cada uma das embalagen deverá colocar uma etiqueta bem visível com o nome da planta e a data
da colheita.

Não é conveniente cultivar os simples em sua casa. No entanto, se tiver uma pequena horta, pode
semear algumas plantas simultaneamente condimentares e medicinais, como o cerefólio, a cebolinha, o
estragão, a manjerona, a salva, a salsa e o tomilho. É ainda possível cultivar a macela, a hortelã-
pimenta, e a erva-cidreira, além dos legumes medicinais e de muitas outras plantas que, embora menos
activas do que as suas afins espontâneas, são de grande utilidade.
40
Guia das plantas a conhecer

As plantas espontâneas

As plantas cultivadas

As plantas tóxicas

As plantas exóticas

43

305

337

349
As plantas espontâneas

Como utilizar o dicionário

As plantas espontâneas são apresentadas, por ordem alfabética, pelo seu nom
vernáculo mais vulgarmente utilizado.

Sob esta designação figura, em itálico, o nome latino, seguido da inicial do botânico que descreveu e
deu o nome à planta.

Seguidamente, indicam-se os nomes vernáculos mais frequentemente utilizados em Portugal e no


Brasil.

A família a que a planta pertence está impressa a negro. Se quiser saber quais as plantas afins de uma
planta, consulte a lista de *As 100 famílias>, (p. viI e viii >

A gravura representa a planta descrita ou uma parte desta, se as suas dimensões não permitem
representá-la totalmente. A algumas ilustrações foi acrescentado um pormenor, folha, flor, floração,
caule, semente, quando qualquer destes elementos constituía uma informação importante que
facilitasse a identificação.

A fotografia representa o biótopo, ou habitat geográfico da planta, que possibi lita a sua procura e a
sua identificação no meio onde é mais frequente. O texto refere-se à história da relação homem-planta.

No texto em caixa, na parte inferior da página, insere-se o *cartão de identidade+ da planta, onde
poderá encontrar todas as informações úteis para a sua identificação e utilização, apresentadas do
seguinte modo:

* Componentes: consultar, nas pp.


e 13, *A fábrica vegetal+ para suas funções e definição.
* Propriedades: consultar nas pp. 14
15 as suas definições. U.l.: uso interno. UX.: uso externo. + =utilização farmacêutica. V =utilização
cosmética.
O =utilização veterinária. Ver: consultar, nas pp. 371-435,
termos inseridos no *Dicionário da saúde+.

O = Perigos, partes tóxicas, não confundir com ... Identificação: descrição botânica do vegetal,
dimensões, descrição do caule, das folhas, das flores (cujo período de floração é indicado entre
parênteses), do fruto, da raiz, cheiro e sabor. Para as explicações dos termos botânicos, consultar as
pp. 20-35 do capítulo
"identificar, colher e conservar,> e, pp. 443-453, o *Glossário@>.
O Partes utilizadas: enumeração das partes utilizadas em fitoterapia (o período da colheita é indicado
entre parênteses).

Se, na presença de um vegetal, tiver dificuldades em identificá-lo, deverá consultar em primeiro lugar
o quadro dicotómico *As chaves da classificação+ (pp . ), que, da morfologia da planta à família, lhe
possibilitará orientar a sua pesquisa. Em seguida, será conveniente consultar o quadro *As 100
famílias+ finalmente, os dicionários das plantas espontâneas, cultivadas e tóxicas.

Para facilitar a utilização dos dicionários, foi estabelecido um índice (pp. onde se apresentam, por
ordem alfabética, os nomes das plantas, os nomes latinos e ainda os outros nomes vernáculos de todas
as plantas descritas ou citadas nestas três rubricas. As siglas empregadas nesta parte são comuns ao
conjunto da obra.
Abeto-branco

Abie.@ alba Mili.

Abeto-pectinado

Abietáceas

O abeto-branco já povoava a terra há 55 milhões de anos, e, ultrapassando os formidáveis movimentos


geológicos da era quaternária, de descendência em descendência chegou até aos nossos dias. Planta
longeva que pode atingir os 800 anos, é uma magnífica conífera. Pelo seu porte majestoso, o abeto-
branco é sem exagero o rei das florestas, perfeitamente piramidal, com enormes
ramos opostos regularmente abertos, estreitando-se para o vértice. Estes grandes abetos formam
frequentemente nas vertentes sombrias dos maciços montanhosos cerradas florestas com sombras
rectilíneas que se estendem pelas encostas sem contudo atingir as planícies. Outrora, os médicos
utilizavam a terebintina com cheiro a limão extraída da sua resina, mas actualmente esta substância foi
posta de parte, sendo substituída pela do pinheiro. Os fitoterapeutas mantiveram-se fiéis não só à
resina recente do abeto, mas também às agulhas e aos gomos ainda fechados. Estes últimos, muito
pequenos e tão activos como os do pinheiro, são bastante difíceis de secar e conservar, se bem que as
suas importantes propriedades justifiquem as precauções necessárias e uma atenta vigilância durante a
colheita. Têm cheiro levemente limonado e sabor ligeiramente acre.

Habitat: Europa Central e Meridional, montanhas; de 400 a 2000 m. Identificação: até 50 m de altura.
Árvore; tronco erecto, casca lisa, esbranquiçada, seguidamente escurecida, ramos escalonados em
plano horizontal, concentrando-se no vértice com o decorrer dos anos; gomos resinosos, agulhas
simples, achatadas, dispostas em duas filas, verde-escuras, lustrosas na página superior, persistindo
entre 8 e 11 anos; flores (Abril-Maio), monóicas, amentilhos masculinos fixados na face interior dos
ramos, amentilhos femininos primeiramente vermelhos e depois
verdes e castanhos, formando em seguida longas pinhas erectas (16 cm), com brácteas acuminadas que
caem com as sementes. Partes utilizadas: agulhas, resina fresca, gomos (Primavera); secagem em
camadas finas.
O Componentes: óleo essencial, terebintina, provitamina A O Propriedades: antiescorbútico,
antiespasmódico, anti-séptico, diurético, expectorante, revulsivo, sudorífico. U. L, U. E. + Ver: banho,
bronquite, cistite, enfisema, frieira, leucorreia, menstruação, pé, sudação, úlcera cutânea, varizes.
43
Abrótano-fêmea

Santolina chama ecyparissus L. Guarda-roupa, pequeno-limonete, roquete-dos-jardins

Bras.: santolina

Compostas

O aroma penetrante e intenso do abrótano-fêmea, a delicadeza do seu aspecto aveludado e a harmonia


dos seus caules finos encimados por pequenos capítulos amarelos contribuíram para que os jardineiros
o elegessem como flor ornamental. No estado espontâneo, prefere o sol mediterrânico, os rochedos e
as encostas áridas, colonizando também as campas e a terra dos cemitérios. Os etimologistas
encontraram para o seu nome duas origens possíveis: da palavra italiana santo, santo, devido às suas
múltiplas virtudes, ou da palavra grega xanthos, amarelo, evocando a cor das suas flores. As
sumidades floridas, que se colhem em Julho, possuem uma acção estimulante, estomáquica e
emenagoga; são ainda antiespasmódicas, podendo também ser utilizadas em infusão para as cólicas de
estômago. Além disso, a planta tem grande procura devido à acção vermífuga das suas sementes, que
podem substituir o sémen-contra, ou santónico, medicamento obtido da variedade stechemanniana
Besser de Artemisia maritima L., das estepes do Turquestão Russo. Cazan receitava o abrótano-fêmea
para tratar a tinha. A denominação de guarda-roupa foi-lhe atribuída porque, pendurado em ramos nos
roupeiros e armários, protege a roupa e o vestuário das traças.

Habitat: Europa, região mediterrânica, rochedos, colinas áridas e calcárias; subespontâneo em algumas
zonas da Beira Litoral, Estremadura e Alentejo litoral; até 1000 m. Identificação: de O,20 a O,50 m de
altura. Vivaz, caule lenhoso na base, espesso, com numerosos ramos erectos e pubescentes; folhas
vilosas, esbranquiçadas, pequenas, estreitas, penatifendidas, com dentes obtusos; flores amarelo-
douradas (Junho-Agosto), tubulosas, em capítulos solitários, globosos, na extremidade dos ramos,
receptáculo vestido de brácteas interflorais; aquénio calvo com 4 ângulos, dos quais 2 são mais
salientes. Cheiro intenso, sabor amargo, acre e aromático. Partes utilizadas: sumidades floridas,
sementes e folhas (antes da floração); secagem errramos suspensos.
O Componentes: óleo essencial, resina, tanino, principio amargo O Propriedades: antiespasmódico,
emenagogo, estimulante, vermifugo@ LI. L, U. E. + Ver: fadiga, insectos, parasitose.

44
Abrunheiro-bravo

Prunus spinosa L.

Ameixeira-brava, acácia-das-alemãs

Rosáceas

Os abrunheiros-bravos formam, a partir de Março, nas falésias marítimas, magníficas moi tas cor de
neve repletas de ninhos de ave, Plantas rústicas e invasoras, podem, se não forem controladas, anexar
vastíssimas áreas. Como o fra mboesei ro-selvagem, o seu tempo de vida é aproximadamente igual ao
do homem.
Os abrunhos, pequenas drupas redondas e azul-escuras, quando maduras cobertas de uma pruína
cerosa, são dotados de um encanto irresistivel. Estes frutos não são comestiveis, mas raramente
alguém deixa de os provar, ao menos uma vez por ano, no Outono, para saborear a sua aspereza. É
necessário esperar que as primeiras geadas moderem este gosto antes de colhê-los para a preparação de
licores ou aguardentes; as suas propriedades, adstringentes são utilizadas em medicina, sendo
indiferente que os
frutos estejam verdes, frescos, secos ou maduros. As flores, cujo sabor a amêndoa amarga resulta da
presença de uma substância geradora de á cido cianídrico, são também utilizadas. A casca e as folhas
contêm igualmente esta substância; por esta razão, é conveniente respeitar as doses indicadas. As
folhas secas deste arbusto são apreciadas por alguns fumadores de cachimbo. As flores são colhidas
em botão.

O Não ultrapassar as doses indicadas de cascas, flores e folhas. Habitat: Europa, sebes, bermas; até
1600 m. Identificação: de 1 a 3 m de altura. Arbusto espinhoso; ramos patentes, vilosos quando
jovens, depois de um preto-brilhante; ramos espinhosos com folhas e grande número de raminhos
patentes (em ângulo quase recto), folhas verde-escuras, pequenas, ovadas, serradas, pubescentes e em
seguida glabras, com pecíolo curto e estipulas vilosas; flores brancas matizadas de cor-de-rosa
(Março-Maio), antes das folhas, numerosas, pequenas, pedunculadas, 5 sépalas campanuladas, 5
pétalas brancas, 1 estilete, numerosos estames, drupa azul-escura, glabra, recoberta de uma camada
cerosa (pruína), com caroço globoso quase liso; toiça com turiões. Cheiro agradável; sabor áspero.
Partes utilizadas: casca, folhas, flores e frutos.
O Componentes: tanino, heterósidos, cianogenéticos, vitamina C O Propriedades: adstringente,
depurativo, diurético, laxativo, sudorífico, tónico. U. I., U. E. kyj Ver: acrie, boca, crescimento, cura
de Primavera, fadiga, furúnculo,

45
Acácia-bastarda

Robinia pseudacacía L. Falsa-acácia, acácia-de-flores-brancas, robínia

Leguminosas

Em 1601, Jean Robin, jardineiro do rei Henrique IV de França, que tratava das plantas medicinais,
recebeu, vinda dos montes Apalaches, na América do Norte, uma semente que enterrou na Praça
Dauphine, em Paris. Trinta e cinco anos depois, a árvore nascida dessa semente foi transplantada para
o Jardim Botânico de Paris. Lineu baptizou a planta com o nome de Robinia, em homenagem a Robin.
Mais tarde, a árvore tornou-se espontânea e difundiu-se por toda a Europa, exceptuando o Norte, pois
não suporta o frio, a humidade e sobretudo os ventos, que quebram facilmente os seus
ramos e agitam com violência a sua bela copa. Tem preferência pelos solos bem drenados, os quais,
aliás, consolidam as suas raízes. As abelhas têm uma preferência especial pelo rico néctar das flores da
acácia-bastarda. Com os cachos floridos podem preparar-se xaropes, uma agradável água de toilette e
um vinho tónico obtido pela maceração de 15 a 20 g de flores em 1 1 de vinho tinto. As sementes e a
casca não devem ser ingeridas. A raiz é tóxica, não obstante ter um sabor doce, pelo que deve ser
proibida às crianças.

O Utilizar as sementes, a casca e a raiz apenas com receita médica; cumprir as doses. Habitat: zonas
temperadas da Europa, solos ricos e profundos: em Portugal, cultivada como planta ornamental; até
700 m. Identificação: de 10 a 30 m de altura. Árvore; tronco grosso, ramificando-se bastante em
baixo, ramos patentes, casca profundamente gretada, ramos lisos; folhas grandes, imparipinuladas,
com 9 a 25 folíolos ovais, inteiros, tenros, com estipulas transformadas em 2 espinhos persistentes
entre os quais se dissimula a gema; flores brancas (Maio-Junho), em cachos pendentes, cálice com 5
dentes, corola papilionácea vagem castanha, pendente, glabra, com 10 a l@ sementes duras; raizes
vigorosas, que se prolon gam horizontalmente, invasoras, com nodosidades. Cheiro penetrante e
aromático; sabor docE Partes utilizadas: flores (Maio-Junho) e folhas.
O Componentes: heterásido, óleo essencial, enzima, compostos cetónicos, tanino, pigmen tos
flavónicos O Propriedades: antiespasmódico, colagogo, emoliente, tónico. U. 1. + LN Ver: anemia,
cefaleia, estômago, fígado, indigestão.

46
Açafroa

Carthamus tinetorius L,

Aç afrão- bastardo, saflor, açafrol

Compostas

Planta tintorial tão importante como o índigo, esta espécie de cardo com flores amarelo-alaranjadas,
profusamente rodeadas de brácteas, foi progressivamente abandonada desde a descoberta dos corantes
químicos. Originária do Oriente, subsiste no estado subespontâneo nas searas do Alentejo, do Algarve
e da Madeira.

A palavra Carthamus deriva do árabe kurthum, que, por sua vez, deriva do hebraico kartami, tingir.
Das flores resulta um primeiro corante amarelo que não é apropriado para a tinturaria; segue-se-lhe a
cartamina, ou vermelho vegetal, que ainda é utilizado actualmente pelos pintores e, na
Argélia, para o fabrico de cosméticos. Sob a designação de açafrão-bastardo, as flores da açafroa já
foram utilizadas em falsificações de açafrão. As sementes, muito amargas, são, contudo, apreciadas
pelos papagaios, pelo que são também conhecidas por sementes de papagaio. As folhas e as sementes
contêm uma enzima que provoca a coagulação do leite. Das sementes extrai-se um óleo que em
algumas regiões é utilizado para a iluminação e como purgativo, Largamente cultivada na Índia,
Hungria e Etiópia, é bastante rara no estado espontâneo.

Habitat: Europa Mediterrânica, cultivada no Sul de França; taludes e terrenos baldios. Identificação:
de O, 10 a O,60 m de altura. Anual ou bienal, caule glabro, ramificado; folhas serradas, espinhosas,
sésseis, ligeiramente amplexicaules, com rede de nervuras visível na página inferior; volumosos
capítulos isolados amarelo-alaranjados (Julho-Setembro), emergindo de numerosas brácteas
terminadas por um apêndice celheado; aquénio escamoso-rugoso. Sabor amargo. Partes utilizadas:
folhas, flores (Julho-Setembro), sementes (Outubro).

O Componentes: glúcidos, lípidos, prótidos, celulose, enzima, coagulante do leite (sementes), vitamina
C (folhas), duas matérias corantes, uma das quais a cartamina, ou vermelho vegetal (flores) O
Propriedades: purgativo. U. 1. + o Ver: intestino.
Acanto

A(-anthus moffis L.

Erva-gigante, gigante, branca-ursina

Bras.: acanto

Acantáceas

Bastante raro no estado espontâneo, o acan-

to é muito cultivado nos jardins corno planta ornamental pela elegância das suas grandes flores
brancas com veios apurpurados e das suas folhas grandes e profundamente fendidas. Diz-se que a
forma das suas folhas, escuras e brilhantes, inspirou o escultor grego Calímaco quando criou os
motivos deco~ rativos do capitel coríntio. 0 acanto encon-

tra-se, aliás, em todo o litoral mediterrânico.

Os médicos da Antiguidade receitavam o

infuso da planta para numerosas finalidades. Dioscórides e Plínio consideravam-na diurética, eficaz
contra as irritações das vísceras e até preventiva da tuberculose pulmonar. Na Idade Média, porém, o
acanto parece ter caído no esquecimento. Actualmente, é muito utilizado para uso externo sob forma
de banhos, cataplasmas, compressas e gargarejos. Para que as flores conservem a sua máxima eficácia,
devem ser colhidas em plena antese e secas lentamente à sombra. Pelo contrário, as folhas e as raízes
devem ser secas em estufas bastante quentes.
Habitat: Europa Mediterrânica, solos rochosos, entulhos; até 300 m. Identificação: de 0,40 a 1,50 m de
altura. Vivaz, caule florífero, erecto, robusto, com poucas folhas na base; folhas basais glabras,
muiHabrtat’ Eur o’ entu’ h os,até Idenlifi caÇão vaz, ca ulef1o cas f o 1has na to grandes, pouco
rígidas, profundamente fendidas; flores brancas, frequentemente com estrias cor de púrpura (Julho-
Agosto), de 5 a 6 cm

de comprimento, sésseis, formando uma longa espiga de 4 a 6 fileiras verticais muito diferenciadas,
providas de uma bráctea espinhosa e de duas bractéolas estreitas, cálice com 4 tobos desiguais, sendo o
supe ior muito grande

e violáceo; corola com um lábio inferior,comprido, papiráceo, trilobado e 4 estames soldados à corola;
cápsula castanha, lisa, de deiscência explosiva, com 2 a 4 sementes grandes, castanhas e brilhantes;
toiça grossa com raizes grossas e esbranquiçadas. Partes utilizadas: folhas recentes, flores, raiz.
0 Componentes: sais minerais, mucilagem, giúcidos, tanino, substâncias amargas 0 Propriedades:
aperitivo, colerético, emoliente, vulnerário. U . I., U. E. Ver: anginas, contusão, dartro, diarréia,
digestão, picadas, queimadura.
Agrião

Nasturtium officinale R. Br.

Agrião-das-fontes, agrião-de-água

Para aproveitar ao máximo as importantes propriedades do agrião, é necessário Utilizá-lo muito fresco
e verde e lavá-lo previamente, pois é susceptível de transmitir ao homem uma doença parasitária, a
distomatose. Se estas regras forem devidamente cumpridas, a planta merece indubitavelmente a
designação de *saúde do corpo+, que lhe é atribuída nos meios rurais em França. É uma pequena planta
vivaz, aquática, cujo cheiro picante determinou o seu nome científico Nasturtium, que deriva da
expressão latina nasus tortus, nariz torcido.

O agrião é uma planta de grande valor medicinal, pois a sua riqueza em vitaminas e sais minerais
confere-lhe propriedades de excelente estimulante e antiescorbútico. A espécie cultivada tem as
mesmas propriedades. Para o encontrar em locais onde não é cultivado, são necessários longos
percursos pelos prados húmidos, até conseguir colhê-lo numa nascente, numa fonte ou num pequeno
regato. É frequente encontrar próximo deste o falso-agrião, uma umbelífera afim do aipo
(Heloscyadium nodiflorum) que não é venenosa, sendo, no entanto, aconselhável eliminá-la logo que
identificada. As suas flores estão dispostas em umbelas, e os seus folíolos dentados adelgaçam-se
progressivamente. Possui um sabor diferente do do agrião.

O Interromper a utilização se surgir uma irritação dolorosa da vesícula. Habitat: Europa; em Portugal,
nos locais húmidos, nascentes, regatos, valas; até 2000 m.

Identificação: de O,10 a O,80 m de altura. Vivaz, caule prostrado, redondo, carnudo, glabro, parte
inferior rastejante na água; folhas verde-escuras, carnudas, glabras, pinuladas, com foHolos
arredondados ou ovais, sendo o terminal frequentemente maior; flores brancas (Maio-Setembro),
pequenas, em cacho denso, 4 sépalas iguais, 4 pétalas em cruz, 4 estames compridos e 2 curtos; síliqua
curta contendo 4
fileiras de sementes; raizes adventícias nas zonas rastejantes dos caules. Cheiro picante; sabor picante.
Partes utilizadas: caule com folhas (Maio-Setembro). * Componentes: fósforo, ferro, iodo, cálcio,
heterósido sulfurado, vitaminas A, B2, C, E e PP O Propriedades: depurativo, diurético, estimulante,
febrífugo. U.l., U.E. + O Ver: acne, apetite, boca, bronquite, cabelo, convalescença, dermatose,
escorbuto, fígado, pele, sarda.

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AgrimÓNIA

Agrimonia eupatoria L. Eupatória, erv a- dos- gregos, erva-hepática

Bras.: agrimônia, eupatório

Rosáceas

Foram atribuídas ao nome do género várias etimologias gregas; de facto, esta palavra pode derivar de
agros, campo, e monias, selvagem, em alusã o ao seu habitat, ou de argemone, mancha ocular,
evocando as propriedades oftalmológicas da planta. A designação específica eupatoria pode ser
referente a Mitridates Eupator, rei do Ponto, que no
século 1 a. C. se supõe ter adoptado esta planta devido às suas virtudes medicinais.

Conhecida desde a Pré-História, celebrizada na Antiguidade como curativa dos venenos de serpente,
das doenças de fígado, das perturbações da visão e das falhas de memória, a agrimónia foi, durante
muito tempo, confundida nos textos escritos com a verbena. Foram, porém, diferenciadas no século
XV. Progressivamente, a planta parece cair no

esquecimento, conservando, no entanto, até aos nossos dias os créditos dos europeus do Norte, que
consideram a sua infusão como um tónico, e mantendo a reputação, entre actores e cantores, de ser o
anjo-da-guarda das suas vozes. Uma planta afim, a Agrimonia odorata Mill., muito aromática,
diferencia-se da agrimónia pela atracção por locais sombrios e por ser totalmente desprovida de
propriedades medicinais.

Habitat: Norte da Europa, excepto nas regiões árcticas, solos argilosos expostos ao sol; até
1000 m. Identificação: de 0,30 a 0,70 m de altura. Vivaz, caule simples, viloso, erecto e cilíndrico;
folhas pubescentes e acinzentadas na página inferior, com estipulas amplexicaules de 5 a 9 folíolos
oval- lanceolados, dentados, alternando com 5 a 10 mais pequenos; flores amarelas (Junho-Setembro),
em espiga alongada, 5 pétalas, 10 a 20 estames, 2 carpelos, cálice envolvido por um anel de sedas
assoveladas e gancheadas na extremidade, reunidas em vá~

rias ordens; 1 ou 2 aquénios cónicos; rizomas rastejantes grossos. Cheiro levemente aromático; sabor
acistringente e amargo. Partes utilizadas: sumidades floridas, folhas mondadas (Junho-Agosto);
secagem à sombra.
* Componentes: tanino, óleo essencial, goma
* Propriedades: acistringente, anti-inflarnatório, cicatrizante, diurético, resolutivo, vulnerário. LI. I.,
U. E. + o Ver: anginas, contusão, diabetes, diarréia, entorse, enxaqueca, ferida, greta, obesidade,
rouquidão, voz.
Agripalma

Leonurus cardiaca L.

Cardíaca

Bras.: chá-de-frade, erva-rnacaé

Labiadas

O nome científico genérico da agripalma, Leonurus, é composto por uma palavra latina, leo, leão, e
uma palavra grega, oura, cauda. Refere-se ao aspecto da sua inflorescencia. Quanto ao nome da
espécie, cardiaca, deriva da sua muito antiga reputação como calmante das dores gástricas e cardíacas.
Supõe-se, no entanto, que a planta denominada kardiaca por Teofrasto não terá nada de comum com a
agripalma.

Oriunda, segundo se supõe, da Asia cerca do século Vii, a agripalma difundiu-se seguidamente por
quase toda a Europa, com excepção da região mediterrânica. Planta de óptima reputação, foi cultivada
no século XV nos jardins dos mosteiros e mencionada por Ambroise Paré 100 anos depois; muito
famosa e excessivamente louvada no século XVIII, caiu progressivamente no esquecimento. É,
contudo, muito eficaz para perturbações cardíacas de carácter puramente nervoso como as palpitações.
Planta vivaz que se desenvolve à sombra das sebes, tem porte erecto e piramidal e cresce nas casas em
ruínas e até nas ruas das aldeias, com as suas folhas verde-escuras escalonadas ao longo do caule. O
néctar das suas pequenas flores cor-de-rosa atrai as abelhas.

Habitat: Europa, rara em Portugal e nas regiões mediterrânicas, bermas dos caminhos, sebes, ruínas;
até 1000 m. Identificação: de O,50 a 1,50 m de altura. Vivaz, com caule rígido, de secção quadrada,
muito ramificado e folhoso; folhas verde-escuras por cima e acinzentadas por baixo, pecioladas,
serradas, recortadas, possuindo as inferiores entre 5 e 7 pontas e as superiores apenas 3; flores cor-de-
rosa e púrpura (Junho-Setembro), em verticilos densos ao longo de todo o caule, cálice com 5 dentes,
sendo os 2 inferiores curvados em forma de gancho, corola vilosa, com uma coroa interior de pêlos.
Cheiro intenso e desagradável, Partes utilizadas: sumidades floridas (Junho-Setembro); devem ser
utilizadas de preferência frescas, pois as folhas escurecem com a secagem, perdendo a eficácia.
O Componentes: óleo essencial, alcalóide, heterósidos, princípio amargo, tanino O Propriedades: anti
espasmódico, cicatrizante, detersivo, emenagogo, expectorante, tónico. U. L, U. E. Ver: bronquite,
diarréia, ferida, menstruação, meteorismo, palpitações.
Aipo

Apium graveolens L.

A ipo-dos- charcos, aipo-dos-pântanos, aipo-silvestre,

salsa-do-monte Bras.: aipo-do-rio-grande

Umbelíferas

0 aipo-silvestre, cultivado a partir do século XVI, deu origem a diversos produtos hortícolas
conhecidos pelo nome de aipo e aipo-nabo. 0 nome latino do aipo, Apiuni, deriva da palavra celta
apon, que significa água; efectivamente, esta planta aclimata-se bem nos prados húmidos e nos solos
impregnados de sal. Encontra-se na Europa nas

proximidades dos pântanos salgados do Mediterrâneo, do oceano Atlântico e no interior do continente


próximo das fontes salinas. 0 aipo é conhecido desde a Antiguidade: os Egípcios, os Gregos, entre os
quais Homero, que o cita na Odisseia, e os Romanos reconheciam as suas virtudes medicinais. Na
Idade Média, foi progressivamente utilizado como condimento, verdura e medicamento, pois
acreditava-se que podia curar a melancolia, acalmar as dores de dentes e, sobretudo, beneficiar o
funcionamento dos rins e do aparelho urinário. Ainda actualmente, é esta a principal virtude atribuída
à planta, sobretudo nos meios rurais. A sua raiz faz parte da composição de um xarope diurético, o
xarope das cinco raízes, em associação com raízes de espargo, funcho, salsa e gilbarbeira.

0 Não consumir a planta fresca. Habitat: Europa, solos salgados e alagados até
100 m. Identificação: de 0,30 a 1 m de altura. Bienal, caule erecto, cilíndrico, profundamente sulcado,
glabro, oco e ramoso; folhas verde-escuras, brilhantes, sendo as basilares pecioladas, divididas em 5
segmentos ovais, e as superiores sésseis, com 3 segmentos mais pequenos e estreitos; flores
esbranquiçadas (Julho-Setembro), pequenas, em umbelas pouco apertadas desprovidas de invólucro,
por vezes sésseis, com 6 a 12 raios desiguais, fruto cinzen-

to, glabro, com 5 costas filiformes; raiz aprumada, curta, castanha na parte exterior, esbranquiçada no
corte. Cheiro intenso e característico; sabor muito aromático. Partes utilizadas: raiz, folhas e frutos.
0 Componentes: óleo essencial, substâncias azotadas, oleorresina, açúcares, cumarina, vitaminas B e C
0 Propriedades: carminativo, depurativo, estomáquico, expectorante, febrífugo, resolutivo, tónico. U.
I., LI. E. + V Ver: albuminúria, artrite, contusão, lactação, litíase, meteorismo, tez, tosse.
Alcaçuz

Glyeyrrhiza glabra L. Regoliz, regaliz, regaliz4, pau-doce, raiz-doce

Bras.: madeira-doce, alcaçuz- da-europa

Leguminosas

Muitas pessoas experimentaram já mastigar o chamado pau-doce, amarelo, fibroso e açucarado, obtido
do alcaçuz. O género Glycyrrhiza é constituído por cerca de uma dúzia de espécies, distribuídas pelos
cinco continentes; o alcaçuz é, porém, uma planta mediterrânica, e os primeiros testemunhos da sua
utilização medicinal remontam ao Egipto antigo. Os povos antigos chamaram-lhe raiz-doce, da
palavra grega glukurrhidza, e apreciavam as suas propriedades calmantes e o seu gosto suave.

A partir de 1950, descobriu-se que o alcaçuz tinha uma acção benéfica nas úlceras do estômago. No
entanto, os numerosos doentes que o ingeriram em doses elevadas por longos períodos foram vítimas
de hipertensão arterial provocada pela planta. Para os grandes consumidores de alcaçuz, geralmente os
doentes de úlceras ou os fumadores e alcoólicos que desejam mitigar as suas carencias, existem
comprimidos preparados em laboratório isentos da substância que provoca aquela acção, o ácido
glicirrízico, Ingerido em doses moderadas, o alcaçuz não tem qualquer perigo.

O Não abusar do consumo. Habitat: Europa Meridional; em Portugal, Beira, Estremadura e litoral do
Alentejo; até 1000 m. Identificação: de O,30 a 1 m de altura. Vivaz, caule erecto, estriado
longitudinalmente, robusto e oco; folhas pecioladas, compostas por
9 a 17 folíolos ovais ou oblongos, inteiros, verdes, viscosos na página inferior; flores azul-claras ou
lilás (Junho-Julho), em cachos espiciformes cilindricos, pedunculados na axila das folhas, cálice
giboso, glanduloso, com 5 dentes, 2 lábios, corola papilionácea, quilha aguda,
10 estames, dos quais 9 soldados e 1 liberto, estigma oblíquo; vagem comprimida, linear, com 3 ou 4
sementes castanhas; rizoma tenhoso, com turiões espessos, raizes finas > Partes utilizadas: raiz,
rizoma (Outono do terceiro ano); secagem ao sol.
O Componentes@ glúcidos, tanino, flavonóides, glicirrizina, ácido glicirrízico, estrogéneos O
Propriedades: antiespasmódico, béquico, depurativo, digestivo, diurético, emoliente, expectorante,
peitoral, refrescante, tónico. U. I., U. E. + Lvi Ver: asma, boca, bronquite, cistite, conjuntivite,
espasmos, estômago, obstipação, tosse.

53
Alcaravia

Caruin carvi L.

Alcarovia, alcorovia, cherivia, cominhos-dos-prados,

alchirivia, alquirivia

Umbelíferas
Pequena umbelífera branca a que os Gregos chamaram karon e os Árabes karwaia, e que na Idade
Média era conhecida por carvi, encontra-se geralmente em climas frios. Conhecido na Antiguidade
devido às suas virtudes carminativas, o fruto da alcaravia, de cheiro agradável, é muito usado nos
países nórdicos para aromatizar produtos de pastelaria e charcutaria, pão e queijos fermentados,
especialmente a qualidade Munster. A planta inteira é uma boa forragem que deve ser incluída nos
prados destinados a pastagens; quando seca, facilita a digestão e as secreções lácteas das vacas e das
ovelhas; uma colher de sopa bem cheia de sementes misturadas, durante uma semana, à ração
quotidiana de aveia é um tónico para os ca-

valos. Nociva para as aves pequenas, é tão apreciada pelos pombos que um pouco de alcaravia
adicionada à ração os conserva fiéis ao pombal. A alcaravia diferencia-se da cenoura-brava pelas suas
flores brancas; as sementes são frequentemente confundidas com as dos cominhos.

0 A essência da alcaravia é tóxica para o homem. Habitat: Europa Setentrional e Central montanhas
limitantes da Europa Mediterrânica, caminhos e prados; até 2100 m. Identificação: de 0,30 a 0,60 m
de altura. Bienal ou plurianual, caule erecto, ramificado a partir da base, glabro, canelado
longitudinalmente; folhas recortadas em lacínias estreitas, sendo as inferiores pecioladas e as
superiores sés@eis; flores brancas (Maio-Julho), em umbelas de 6 a 12 raios muito desiguais; raiz
fusiforme; fruto ovóide, acastanhado. Possui um

cheiro extremamente aromático; sabor picante. Partes utilizadas: fruto (Maio-Setembro, a partir do
segundo ano), raiz; frutos colhidos na umbela e seguidamente secos.
0 Componentes: essência com carvona e limoneno, ácidos gordos, prótidos, glúcidos, tanino, celulose
0 Propriedades: carminativo, digestivo, emenagogo, galactagogo. U. 1. + kli Ver: aerofagia, digestão,
lactação, menstruação, meteorismo.

54
ALecrim

Rosmarinus officinalis L.

Alecrinzeiro

Bras.: alecrim-de-jardim

Labiadas

Os atributos do alecrim são tão importantes como os da a spéru 1 a- odorífera; datam do século xvii e
vêm da Europa Central. Diz-se que a rainha Isabel da Hungria, septuagenária e depauperada pela
doença, recuperou a saúde e rejuvenesceu graças ao alecrim. A receita da água da juventude, a água da
rainha da Hungria, que ela própria preparava, está ao alcance de toda a gente, pois para a obter basta
juntar e misturar os alcoolatos de alfazema, alecrim e poejo.

Como muitas outras labiadas, o alecrim actua sobre o sistema nervoso, pois estimula os asténicos,
fortalece as memórias enfraquecidas e eleva o moral dos deprimidos. A sua acção terapêutica inicia-se
com a colheita, que pode ser efectuada em qualquer época do ano nas colinas meridionais. O estado
espontâneo e a liberdade da planta conferem-lhe vigor; transplantado para um jardim, mantém-se
bonito, conserva as suas características aromáticas, mas é menos eficaz que o alecrim espontâneo. As
abelhas que o visitam produzem um excelente mel, de gosto intenso, denominado mel de alecrim.

O Cumprir as doses e o tempo de duração dos

Habitat: Europa, litoral mediterrânico; charnecas e pinhais do Centro e Sul de Portugal; até 1500 m,
Identificação: de O,50 a 1,50 m de altura. Arbusto; caules lenhosos e folhosos; folhas sésseis,
coriáceas, estreitas, com bordos enrolados, e persistentes; flores azul-claras e esbranquiçadas (todo o
ano), em pequenos cachos axilares, cálice curto, campanulado, com
3 dentes, corola longa, com 2 lábios, um com 2 lóbulos erectos e o outro com 3 lóbulos, sendo o
médio maior e côncavo, 2 estames. Cheiro a
incenso e cânfora; sabor aromático. Partes utilizadas: planta florida e folhas.
O Componentes: óleo essencial, ácidos orgânicos, heterósidos, saponósidos, colina O Propriedades:
antiespasmódico, anti-séptico, colagogo, diurético, estimulante, estomáquico, tónico, vulnerário. U. I.,
U. E. + V IÍS Ver: asma, astenia, banho, cabelo, celulite, colesterol, convalescença, coração, dentes,
depressão, edema, entorse, enxaqueca, fígado, frigidez, impotência, memória, nervosismo, pele, ruga,
sono, torcicolo.
Aleluia

Oxalis acetosella L.

Bras.: três-corações, trevo-azedo, azeda- de-três- folhas

Oxalidáceas

Para encontrar a aleluia, é necessário procurar nos bosques húmidos ao nível do solo e identificá-la por
comparação; as suas folhas, semelhantes às do trevo, Trifolium L.,
têm o sabor da azeda, e as flores, comparáveis às do linho-bravo, são, no entanto, cor-de-rosa.
Desabrocham sempre pela Páscoa, parecendo querer celebrar a Aleluia! Aparentemente, a aleluia
prevê as tempestades, pois afirma-se que à sua aproximação as folhas se erguem.

As utilizações domésticas e medicinais da aleluia são inumeráveis. Com esta pequena planta é possível
preparar limonadas frescas e tisanas para as pessoas febris. Adicionada às sopas, realça-lhes o sabor e
substitui o sumo de limão para temperar as saladas. Como o ruibarbo, a azeda e o espinafre, a
aleluia contém ácido oxálico e está sujeita a idênticas regras de utilização. Outrora, era matéria-prima
para a extracção do ácido oxálico, comercializado com o nome de sal de azedas, utilizado para tirar as
nódoas de tinta e de ferrugem das roupas e também para limpar couros. É um mordente para as
tintas e óptimo para remover as incrustações dos radiadores dos automóveis, sendo assim inimaginável
o efeito que produziria no estado puro sobre as paredes do estômago. No entanto, a posologia
medicinal é muito inferior às doses tóxicas.

O Planta proibida aos doentes de gota e litíase; respeitar a posologia. Habitat: Europa, excepto na
região mediterrânica, matas húmidas; em Portugal, a sua existência é assinalada no Minho, mais
propriamente em Paredes de Coura; até 2000 m. Identificação: de O,05 a O,08 m de altura. Vivaz,
acaule; folhas verde-claras, todas basais, vilosas, pecioladas, com 3 folíolos cordiformes; flores
brancas matizadas de cor-de-rosa, por vezes de azul (Abril-Maio), apenas uma em cada pé,
longamente pedunculadas, 5 sépalas curtas, 5 pétalas grandes, 10 estames e 5 estiletes; cápsula ovóide
acuminada, com sementes estriadas; rizoma delgado, rastejante, com escamas carnudas e vilosas.
Sabor ácido. Partes utilizadas: folhas e raízes frescas; perde as suas propriedades pela secagem.
O Componentes: oxalato ácido de potássio, vitamina C, mucilagem O Propriedades: antiescorbútico,
depurativo, diurético, febrífugo, refrescante. U. L, U. E. Ver: boca, cura de Primavera, pele, sarna,
sede.

56
ALFACE-BRAVA-MAIOR
*//* faltaM OS OUTROS NOMES)

Se bem que a maioria das pessoas conheça a alface cultivada, com interior frágil e tenro, o mesmo não
sucede no caso da alface-brava-maior. Em primeiro lugar, a alface-brava surpreende os que a não
conhecem devido às suas dimensões, pois algumas variedades atingem 3 m. Seguidamente, porque
esta planta robusta exala um cheiro algo desagradável. Caracteriza-se pelos seus capítulos amarelos
bem elevados, pelas grandes folhas ovais, recortadas e ligeiramente lobuladas, que crescem em todas
as direcções. Se se quebrar um ramo ou uma folha, brota das zonas feridas um leite branco, o látexI-
produto de sabor amargo que contém todos os constituintes activos da planta. O suco extraído dos
caules, que depois de seco se denomina lactucário, é conhecido desde a Antiguidade; faz parte, ainda
actualmente, de algumas preparações daFarmacopeia Portuguesa, entre as quais um extracto e um
xarope calmante onde é associado ao lúpulo. A alface-brava-maior pode ser substituída por uma outra
espécie, a Lactuca scariola L., alface-brava-menor, que apresenta propriedades terapêuticas idênticas.
Esta espécie distingue-se pela original disposição das folhas, cujas faces estão orientadas para oeste-
leste e cujos bordos têm a orientação norte-sul, engenhoso meio de protecção contra os efeitos do sol.

O Respeitar a posologia, pois em doses elevadas o suco é tóxico. Habitat: Europa Central e
Meridional, solos calcários, terrenos incultos e pedregosos, em Portugal, de Trás-os- Montes ao
Alentejo; até 1000 m. Identificação: de O,60 a 1,50 m de altura. Toda a planta contém um látex
branco. Bienal, caule verde, por vezes violáceo, erecto, robusto, ramificado; folhas verde-escuras,
grandes, inteiras ou com lobos sinuosos, rodeando o caule por meio de 2 aurículas lanceoladas, com
bordos dentados, providas de uma fila de acúleos sobre a nervura dorsal, flores amarelas (Junho-
Setembro) em pequenos capítulos, agrupadas numa grande panícula frouxa; aquénio obovado-
oblongo, de cor negro-púrpura com costas de bordos espessos, encimado por um rostro e por um
papilho branco; raiz fusiforme. Cheiro desagradável; sabor amargo. Partes utilizadas: folhas, látex.
O Componentes: clorofila, sais minerais, vitaminas, ácidos, princípio amargo O Propriedades:
balsâmico, hipnótico, sedativo. U. I., U. E. + V Ver: acne rosácea, insônia, nervosismo, pele,
sono,tosse.

57
PLANTAS ESPONTÂNEAS

Alfazema

Lavandula officinalis Chaix

Lavândula

Labiadas

Os nomes botânicos Lavandula spica L. e Lavandula officinalis Chaix são sinónimos e indicam a
mesma planta. A alfazema é uma das plantas mais raras e encantadoras da nossa flora. Perante a sua
vitalidade, nas colinas calcárias é impossível deixar de admirar a sua resistência ao sol abrasador e à
aridez da pedra. É preciso saber distingui-la do alecrim e do hissopo, além de outras plantas afins,
muito susceptíveis de confusão. Nos Pirenéus, encontra-se uma variedade de alfazema mais pequena,
com folhas mais estreitas e inflorescências maiores; nos terrenos siliciosos cresce a LavanduIa
stoechas L., o rosmaninho, com flores cor de púrpura e aroma penetrante; subindo mais a norte, mas
não ultrapassando 1000 m
de altitude, encontra-se a alfazema-brava, Lavandula latifolia Vill., maior, com folhas verdes, cheiro a
cânfora e que floresce um
mês mais tarde do que as outras. As propriedades medicinais das alfazemas são, além da sua acção
anti-séptica e insecticida, aproveitadas desde há séculos pelas donas de casa; as sumidades floridas,
colhidas antes do desabrochar, constituem um dos mais preciosos componentes da farmácia caseira.

O Não ultrapassar as doses indicadas; incompatibilidade com o iodo e os sais de ferro. Habitat: Europa
Mediterrânica, solos áridos, calcários, expostos ao sol; espontânea no Centro e Sul do País; até 1800
m. Identificação: de O,30 a O,60 m de altura. Subarbusto; frondoso na base com ramos nus, erectos,
simples; folhas verde-acinzentadas, estreitas, lanceoladas, com bordos enrolados; flores azul-violáceas
(Julho-Agosto) em espiga terminal de verticilastros, brácteas castanhas, largas, cálice com 5 dentes,
corola com 5 lóbulos de 2 lábios, 4 estames inclusos, 4 carpelos;
aquénio com 1 semente preta, lisa. Cheiro penetrante, aromático; sabor ardente, amargo. Partes
utilizadas: sumidades floridas, flores ripadas; secagem à sombra e ao ar livre.
O Componentes: princípio amargo, essência, cumarina O Propriedades: antiespasmódico, anti-séptico,
carminativo, cicatrizante, colagogo, diurético, estimulante, insecticida, sudorífico. U. L, U. E. + V o
Ver: acne, asma, banho, bronquite, cabelo, ferida, ftiríase, insectos, leucorreia, nervosismo, pulmão,
reumatismo, tinha, tosse, vertigem.

58
Alfenheiro

Ligustrum vulgare L.

Santantoninhas, alferiu

Oleáceas

O alfenheiro é uma planta flexível com casca branda e cinzenta que os jardineiros talham e podam
com facilidade. É também um arbusto rústico que cresce espontaneamente entre as sarças e nas orlas
dos bosques. As folhas, verde-escuras, que se tornam víoláceas no Outono, permanecem nos ramos
durante todo o Inverno, bem como os frutos, pequenas bagas pretas cuja toxicidade implica a sua
proibição às crianças. As flores desabrocham em Maio, amontoando-se em píramides brancas
semelhantes às do lilás. Recém-cortada, a madeira do alfenheiro exala um cheiro intenso, o mesmo
sucedendo com as flores, as folhas e os frutos quando esmagados entre os dedos.

us ramos são utilizados em cestaria; da casca obtém-se um corante amarelo, e as bagas possibilitam a
preparação de uma tinta cor de violeta e um corante para os vinhos.

Os fitoterapeutas apenas utilizam as flores ou as folhas secas. Conhecido desde há séculos, o óleo de
alfenheiro é ainda actualmente utilizado em fricções para as dores, especialmente as dores de celulite;
as folhas servem para preparar um gargarejo que trata as afecções crónicas da boca e da garganta,
muito frequentes nos fumadores.

O Nenhuma parte da planta fresca é comestível, Habitat: Europa, matas; no Norte e Sul de Portugal
surge espontâneo em sebes e bosques; cultivado como planta ornamental; até 800 m. Identificação: de
1 a 3 m de altura. Arbusto; lenho duro; ramos jovens, aveludados; folhas opostas, ovais, lanceoladas,
inteiras, com pecíolo curto, glabras, verde-escuras e brilhantes na página superior, claras na inferior;
flores brancas (Maio-Junho), em panículas, curtas, compactas, cálice pequeno com 4 dentes, corola
tubulosa com 4 lóbulos côncavos, 2 estames inclusos e 1 estilete; baga globosa preta, persistente,
Cheiro difícil de suportar e adocicado (flores); sabor amargo. Partes utilizadas: flores e folhas
(Primavera); secagem à sombra.
O Componentes: tanino, resina, heterósido, invertase, açúcares, arsénico, vitamina C O Propriedades:
adstringente, cicatrizante, detersivo, vulnerário. LI. I., U. E. + Ver: afta, anginas, boca, celulite,
diarreia, escara, leucorreia, reumatismo, tabagismo,
59
PLANTAS ESPONTANEAS

Alforvas

Trigonella foenum-graecum L. Feno-grego, fenacho, ervinha, caroba, alforna, alfarva

Bras.: alforgas

Leguminosas

As alforvas são pequenas plantas anuais que se encontram nos campos, nos rochedos e nas charnecas
do Sul da Europa. A planta identifica-se pelos caules frágeis extremamente frondosos, pelas flores
esbranquiçadas dissimuladas pelas folhas superiores e
pelas compridas e curvas vagens terminadas por uma ponta aguçada. No estado maduro, cada uma
destas vagens abre-se em duas valvas, pondo a descoberto uma fileira de sementes comprimidas. O
cheiro desagradável da planta espalha-se em seu redor, e é tão persistente que se nota ainda em plantas
secas há um século conservadas em herbários. Para atenuar este cheiro nauseabundo, é necessário
escaldar as sementes. A utilizaçã o da alforva como planta medicinal é conhecida desde a Antiguidade.
Na Ásia Menor, de onde foi importada para a Europa cerca do século IX, as sementes são ainda
utilizadas para conferir às mulheres um aumento de peso, muito apreciado; esta acção é determinada
pela presença de uma
substância que actua sobre o metabolismo das gorduras. As sementes, aplicadas em cataplasmas,
podem fazer desaparecer os abcessos e reduzir as placas de celulite.

Habitat: Europa Mediterrânica, campos; em Portugal, encontra-se em searas, terrenos incultos da


Estremadura e do Alentejo. É também cultivada como forraginosa; até 1000 m. Identificação: de O,10
a O,50 m de altura. Anual, caule erecto e circular; folhas verdes, abundantes, erectas, com 3 grandes
folíolos ovais, pecíolo curto; flores branco-amareladas (Abril-Junho), sésseis de 1 a 2 na axila das
folhas superiores, cálice pubescente, corola papilionácea, estames diadelfos; vagem muito comprida
(de 8 a 10 cm), erecta, curva, terminada por uma ponta comprida de 2 a 3 cm, 1
fileira de 10 a 20 sementes comprimidas; raiz desenvolvida. Cheiro intenso e nauseabundo; sabor
desagradável. Partes utilizadas: sementes secas, sumidades floridas (Abril-Junho).
O Componentes: substâncias azotadas e fosforadas, trigonelina, essência O Propriedades: aperitivo,
emoliente, hipoglicerniante, laxativo, tónico. LI. I., U. E. + o Ver: anemia, apetite, astenia, celulite,
convalescença, diabetes, frigidez, furúnculo, panarício.

60
Alga-perlada

Chondrus crispus Lyngb. Musgo-branco, musgo-da- irlanda, botelho-crespo,

carragaheen

Gigartináceas

Sobre os rochedos dos litorais do canal da Mancha e do oceano Atlântico, visível na maré baixa,
encontra-se em grande abundância esta alga de cor vermelha, muito
ramificada, com segmentos achatados e bordos crispos. É fácil de reconhecer devido à fronde, que
pode medir entre 10 e 20 cm. O seu aspecto e coloração são extremamente polimorfos. A consistência
cartilaginosa do talo conferiu-lhe o nome científico de género Chondrus, que deriva do grego
chondros, cartilagem.

As algas-vermelhas contêm nos seus tecidos corpúsculos clorofilinos como os vegetais superiores,
estando, no entanto, encobertos por células especiais, os cromatóforos, que encerram um pigmento, o
qual, consoante a sua concentração e a intensidade da luz, modifica a coloração das algas, desde um
vermelho intenso ao castanho-escuro.

Durante todo o Verão faz-se a colheita a bordo de embarcações, quando o tempo está húmido,
utilizando ancinhos. Antes de utilizar a alga-perlada é conveniente lavá-la na água do mar e deixá-la
secar durante 24 horas ao sol. Esta operação deve ser repetida três vezes. A alga perde então a sua
linda cor, adquirindo um branco-acinzentado, quase translúcido. Como muitas outras algas, a alga-
perlada contém uma substância mucilaginosa que, após tratamento, é utilizada na indústria alimentar,
especialmente no fabrico de chocolate de leite e cremes.

O Não consumir simultaneamente com plantas que contenham tanino. Habitat: costas da Mancha e do
Atlântico, sobretudo Finisterra e ao longo da costa portuguesa. Identificação: de O,10 a O,20 m de
altura. Talo homogéneo, achatado, cor de púrpura; disco basilar; fronde em forma de leque, erecta,
ramificada; ramificações dicotómicas, lobuladas, bordos crispados, sem nervura; lóbulo bífido;
cistocarpos na face inferior e tetrasporângios na superfície do talo, alojados em protuberâncias
ovóides.

Partes utilizadas: talo (Verão); secagem ao sol.


O Componentes: mucilagem, sais minerais, aminoácidos, iodo, provitamina D O Propriedades:
béquico, emoliente, expectorante, laxativo. U. I., U. E. Ver: bronquite, conjuntivite, diarréia,
obesidade, obstipação, raquitismo.

61
Aliária

Affiaria officinalis Andrz.

Erva-alheira, erva-dos-alhos

Crucíferas

A aliária parece não ter sido conhecida na Antiguidade. As suas flores, brancas, desabrocham na
Primavera, invadindo as bermas dos caminhos e os locais frescos. As flores são melíferas e muito
apreciadas pelo gado, que ingere a planta completa. A aliária exala um cheiro a alho bastante intenso
quando amachucada entre os dedos, devendo a este facto o nome do género e alguns dos seus nomes
comuns, visto que Alliaria deriva de allium, alho. As suas sementes substituem, por vezes, as da
mostarda-negra.

Não é essencialmente uma planta medicinal, podendo, no entanto, ser utilizada como anti-séptico,
tanto para uso externo como interno. É preferível colher a planta no momento de utilizá-la, pois, como
a maioria das crucíferas, perde as suas propriedades aquando da secagem. Para uso interno,
recomenda-se sobretudo a decocção da planta fresca ou, melhor, o seu suco recente. Porém, segundo
H. Leclerc, os melhores resultados obtêm-se pela utilização de compressas de folhas esmagadas ou
alcoolatura de aliária.

Habitat: Europa, exceptuando a região mediterrânica, locais frescos, sebes, bermas dos caminhos; em
Portugal, encontra-se em quase todo o País, excepto no Baixo Alentejo e Algarve; até 800 m.
Identificação: de O,50 a O,80 m de altura. Bienal, caule erecto, simples, folhoso; folhas pecioladas,
crenadas, sendo as basais reniformes e as outras cordiformes; flores brancas (Março-Junho) em cacho
terminal que se alonga durante a floração, 4 sépalas, 4 pétalas, 6 estames, dos quais 2 mais pequenos,
2 carpelos; síliqua comprida, erecta, sobre pecúriculos
espessos, abrindo-se por 2 válvulas com 3 nervuras, sementes estriadas, castanhas, dispostas em fileira.
Cheiro a alho; sabor picante e aliáceo. Partes utilizadas: planta inteira fresca ou seca, sem a raiz, o
Componentes: um beterósido azotado, óleo essencial, enzimas O Propriedades: anti-séptico, detersivo,
diurético, estimulante, expectorante, vulnerário. U. I., U. E. + Ver: boca, dentes, eczema, ferida,
gengivas, pele.

62
Aljôfar

Lithospermuin offit-inale L.

Borragiináceas

Segundo a tradicional teoria médica que atribuía aos vegetais virtudes de acordo com o aspecto ou cor
que apresentavam, os frutos do aljôfar, nacarados e duros como pérolas, foram considerados durante
muito tempo como as únicas partes úteis da planta, com propriedades para dissolver os cálculos.

No entanto, ao longo dos séculos, tanto o empirismo como os estudos sistemáticos foram insuficientes
para confirmar as propriedades dissolventes destes frutos. A planta revelou-se, porém,
verdadeiramente activa para outras perturbações renais e urinárias. Além disso, o estudo de uma
espécie exótica desta planta, Lithosperinum ruderale L., utilizada pelos índios como contraceptivo,
permitiu detectar na planta substâncias inibidoras de determinadas hormonas hipofisárias.

Com as folhas e as sumidades floridas secas do aljôfar prepara-se um chá refrescante que não deve ser
confundido com o chá-da-europa, preparado a partir de uma espécie próxima com grandes flores
vermelhas que depois se tornam azuladas, o Lithosperinum purpureo-caeruleuin L.

Habitat: Europa, solos calcários; em Portugal, surge espontâneo nos arredores de Bragança e Vimioso;
até 1400 m. Identificação: de O,40 a O,80 m de altura. Vivaz, caule erecto, robusto, coberto de pêlos e
ramoso; folhas verde-escuras na página superior, mais claras na inferior, alternas, sésseis, lanceoladas,
ásperas, pubescentes, com nervuras laterais salientes na página inferior; flores branco-creme (Junho-
Julho), pequenas, em compridos cachos folhosos em 2 filas, cálice peludo com 5 divisões, corola
tubular vilosa com 5 pregas pubescentes, ultrapassando ligeiramente o cálice, e 5 estames inclusos;
tetraquénio branco- nacarado, duro, brilhante, cor de pérola; raiz espessa, quase lenhosa. inodoro;
sabor adstringente (planta) e adocicado (fruto). Partes utilizadas: frutos, folhas, sumidades floridas
(Julho-Agosto). O Componentes: sais minerais, mucilagens, pigmentos O Propriedades: diurético. U.
L, U. E. Ver: diurese, gota, olhos.
Almeirão

Cichorium int.\,bus L.

Chicória-do-café, chicória-brava Bras.: chicória-amarga, chicória

Compostas

Já conhecido em 4000 a. C., como refere o papiro Ebers, um dos mais antigos textos egípcios que
chegaram até à actualidade, o almeirão permanece um remédio em que os médicos continuam a ter
confiança. *Arnigo do fígado+, segundo Galeno, é absolutamente inofensivo, pelo que faz parte da
composição de um xarope tradicional, frequentemente receitado às crianças. É uma planta vivaz cujas
flores, de um azul muito puro, se associam em belos capítulos que se abrem de manhã, cerca das 6
horas, e se fecham durante a tarde. 0 almeirão contém um látex branco extremamente amargo, pelo
que é conveniente colher as folhas antes da floração, apos o que deixam de ser comestíveis, A
utilização alimentar desta chicória-brava data do século xvil; cultivada nas hortas, deu mais tarde
origem às inúmeras variedades hortícolas actualmente conhecidas, como as escarolas, ou endívias, as
quais, devido a serem menos amargas, são também muito menos activas.

Habitat: Europa; Centro e Sul de Portugal, bermas dos caminhos, campos cultivados e incultos, solos
secos, calcários e argilosos; é também cultivado; até 1500 m. Identificação: de 0,30 a 1 m de altura.
Vivaz, caule rígido, anguloso, com numerosos ramos, hirtos, frequentemente divergentes na base;
folhas inferiores profundamente divididas em dentes agudos, folhas superiores pequenas, lanceoladas,
semiamplexicaules, pubescentes, com lóbulos profundos; flores de um azul vivo (Julho-Setembro),
liguladas, em grandes capítulos; aquénio com curtíssimo papilho, coroado

por minúsculas escamas, raiz aprumada, látex branco. Sabor muito amargo. Partes utilizadas: folhas
(Junho-Setembro, antes da floração), raiz (Outono).
0 Componentes: sais minerais, glúcidos, lípidos, prótidos, vitaminas B, C, P e K, aminoácidos, inulina,
heterósido amargo 0 Propriedades: aperitivo, colagogo, colerético, depurativo, diurético, estomáquico,
febrífugo, laxativo, tónico. u, 1. + o Ver: anemia, apetite, astenia, cura de Primavera, diabetes, fígado,
icterícia, obstipação, tez.
Alquequenje

Physalis alkekengi L. Erva-noiva, cerejas-dejudeu

Solanáceas

O alquequenje floresce a partir de Maio nos solos calcários e nas vinhas; durante o Verão, o cálice,
inicialmente pequeno e verde, aumenta de volume, adquirindo uma configuração semelhante à de uma
lanterna de papel, e a sua cor torna-se simultaneamente vermelho-vivo. A esta característica se deve a
designação do género, Physalis, que deriva do grego phusaô, eu incho. No interior destes leves
invólucros, os frutos, que amadurecem em Setembro, assemelham-se a cerejas. Podem ser ingeridos
frescos, mas não mais de cerca de 30 por dia.

Conhecido de Dioscórides e Galeno, muito difundido na Ásia, Europa e regiões mediterrânicas, o


alquequenje nunca deixou de ser utilizado para o tratamento da gota, de cálculos e de alguns edemas.
Actualmente, toda a planta, exceptuando a raiz, pode ser utilizada para preparar um vinho diurético. A
conservação da planta, depois de colhida, é difícil, sendo necessário colocar as bagas em camadas
finas num forno; as folhas devem ser secas, lentamente, à sombra. Depois de desidratadas, as bagas,
que ficam muito enrugadas, devem ser colocadas em frascos de vidro hermeticamente fechados ou
reduzidas a pó.

O Não confundir com a beladona, que é tóxica. Habitat: Europa Continental, Meridional, solos secos,
vinhas, olivais; até 1500 m. Identificação: de O,20 a O,60 m de altura. Vivaz, caule erecto, simples ou
ramificado, anguloso, ligeiramente pubescente; folhas glabras, aos pares, pecioladas, oval-
pontiagudas, com os bordos ondulados; flores esbranquiçadas (Maio-Outubro), isoladas, pêndulas,
pequeno cálice pubescente; baga de um intenso vermelho-alaranjado, carnuda, lisa, com 2 lóculos e
numerosas sementes, encerrada no cálice, que se desenvolve numa bolsa leve, com costela, que no
Outono se cobre de uma ténue rede escarlate; rizoma rastejante. inodoro; a baga tem sabor ácido.
Partes utilizadas: bagas libertas dos cálices, caules, folhas (Setembro- Outubro). * Componentes:
vitamina C, ácido cítrico, ácido málico, carotenóides, glúcidos, vestígios de alcalóides O Propriedades:
depurativo, diurético, emoliente, febrífugo, refrescante, sedativo. U. 1. + Ver: edema, gota, icterícia,
litíase, reumatismo, ureia.

65
Alteia

Althaea officinalis L.

Malvaísco

Malváceas

A alteia é famosa pelas suas virtudes béquicas e emolientes. Assim, segundo algumas opiniões supera
a malva nas suas virtudes. A designação de malvaísco sugere uma relação entre estas duas plantas.
Efectivamente, as utilizações medicinais da malva, que pertence também à família das Malváceas, são
muito semelhantes às desta planta. Proveniente das estepes asiáticas muito antes da era cristã, a alteia
aclimatou-se facilmente na Europa. Recenseada num dos capitulares de Carlos Magno, cultivada
durante toda a Alta Idade Média, foi durante muito tempo aproveitada nos jardins dos mosteiros, de
onde se evadiu, tornando-se espontânea, e sendo actualmente considerada como um dos simples mais
apreciados. A malva-da-índia, Althaea rosea L., um dos parentes da alteia, é muito cultivada e
conhecida; é a malva-real dos poetas, com folhas lavradas e grandes flores de cor intensa. As flores
cor de tijolo-escura destas variedades podem substituir as flores da alteia; as raízes e as folhas não são
utilizadas.

O Incompatível com o álcool, o tanino e o ferro. Habitat: Europa, zonas costeiras, margens dos cursos
de água; em Portugal, nos locais húmidos do Douro, Beiras e Estremadura; até 300 m. Identificação:
de O,60 a 1,50 m de altura. Vivaz, caule robusto, cilíndrico, aveludado e pouco ramificado; folhas
verde-esbranquiçadas, pecioladas, largas, espessas, lobadas, ovais, pontiagudas; flores brancas ou cor-
de-rosa (Junho-Setembro), em grupos de 3 na axila das folhas no cimo do caule, pedunculadas, cálice
com 5 sépalas revestido de epicálice curto, corola com 5 pétalas cordiformes e numerosos estames;
poliaquénio tomentoso ( semente castanha; raiz aprumada, comprida e carnuda. Cheiro suave; sabor
mucilaginoso. Partes utilizadas: raiz (Outono), flores (Julho -Agosto), folhas frescas ou secas (Junho)
secagem à sombra ou em estufa.
O Componentes: mucilagem, sais minerais glúcidos e vitamina C O Propriedades: béqui co, calmante,
emoliente. U. L, U. E. + V O Ver: abcesso, acne rosácea, afta, anginas, cisti te, dentes, diarreia,
gengivas, obstipação, olhos, pele, sono, tosse.

66
Ami

Ammi majus L. Âmio-maior, âmio-vulgar

Umbelíferas

O ami é uma umbelífera bastante fácil de reconhecer devido às suas folhas, que são visivelmente
diferentes umas das outras. As da base assemelham-se às folhas do trevo, e as da parte superior são
recortadas em lacínias muito estreitas. O seu nome genérico, Ammi, deriva do grego ammos, areia, e
indica a natureza dos solos de que a planta habitualmente necessita.

Ignora-se a origem desta planta, supondo-se que no século XVI se denominava assim a espécie egípcia
afim, Ammi visnaga Lam., bisnaga, ou paliteira. Originária da índia e da Etiópia, encontrando-se
actualmente muito difundida em Portugal, diferencia-se da anterior por apresentar todas as folhas em
lacínias.

As sementes, quando maduras, constituem a parte activa do ami. O principal interesse desta planta,
actualmente, consiste na sua acção fotossensibilizadora devida à amoidina. Esta propriedade da planta
é especialmente utilizada pelos Árabes para tratar uma despigmentação cutânea, o vitiligo. O ami
também é utilizado para um bronzeamento epidérmíco acelerado, sendo, no entanto, um processo
arriscado.

O Ter em atenção as fotossensibilizações. Habitat: Europa Meridional e Ocidental, Centro e Sul do


Continente e Madeira, locais arenosos, campos, culturas de luzerna e de trevo; até 800 m.
Identificação: de O,20 a O,80 m de altura. Anual, caule glabro, glauco, esguio, florífero, ramoso e
estriado; folhas serradas, sendo as basais recortadas em segmentos bi ou trilobulados, ovais, as
caulinares em segmentos estreitos, as superiores em lacínias; flores brancas (Julho-Setembro), em
umbelas muito densas, com até 80 raios, com um enorme invólucro de brácteas recortadas em lacínias
filiformes, 5 pétalas caducas, crenadas; fruto ovói de e oblongo. Cheiro suave; sabor acre e picante.
Partes utilizadas: sementes (quando maduras); secagem à sombra.
O Componentes: heterósido, composto cumarínico, amoidina O Propriedades: carminativo, digestivo,
emenagogo. U. 1. Ver: bronzeamento, digestão.
Amieiro

Alnus glutinosa (L.) Gaertn.

Amieiro vulgar

Betuláceas

O amieiro pertence à mesma família da bétula e da aveleira; todos têm flores masculinas e femininas
que coexistem na mesma árvore. As raízes apresentam nodosidades que contêm bactérias, as quais
possibilitam à árvore a fixação directa do azoto da atmosfera. Quando jovem, a árvore ergue-se direita,
com casca cinzenta lisa. Ao envelhecer, estende os ramos, e a copa forma uma abóbada regular que se
mantém verde até à queda das folhas. A madeira do amieiro geralmente não apodrece; nos países
nórdicos, é utilizada para fazer tamancos. Com a serradura defumam-se peixe e carne; a casca, que
serve para curtir os couros, produz, além disso, uma bela matéria corante cinzenta. Um ramo de
amieiro colocado num galinheiro afasta os parasitas. As propriedades febrífugas da árvore conferiram-
lhe a denominação de quina-indígena, e o banho com folhas de amieiro, previamente aquecidas no
forno, continua a ser um remédio popular eficaz para o reumatismo. Quanto à cataplasma de folhas
frescas, já era apreciada no século xil por Santa Hildegarda como remédio para activar a cicatrização
das úlceras.

Habitat: zonas temperadas da Europa, bosques húmidos, margens de cursos de água; até 1200 m.
Identificação: de 20 a 25 m de altura. Árvore; pernadas tortuosas com ramificações delgadas; folhas
escuras na página superior, claras na inferior, dentadas, arredondadas, chanfradas no vértice,
pecioladas; flores esverdeadas ou avermelhadas (Fevereiro- Março), em amentilhos pedunculados,
monóicos, os masculinos pendentes, caducos, com brácteas macias, apresentando 3 flores com 4
estames, os femininos ovóides, erectos, com brácteas apresentando 2 flores com 2 estiletes cada uma;
fruto pequeno, achatado, monospérmico, castanho-avermelhado, com asa curta e coriácea; raiz com
excrescências, as nodosidades de onde partem ramificações secundárias. Cheiro agradável; sabor acre,
adstringente e amargo. Partes utilizadas: casca dos ramos jovens, folhas (Fevereiro).
O Componentes: tanino, lípidos, pigmentos O Propriedades: adstringente, cicatrizante, febrífugo,
tónico. U. I., U. E. O Ver: anginas, boca, febre, ferida, lactação, úlcera cutânea.

68
PLANTAS ESPONTÂNEAS

Amieiro-negro

Frangula aInus Mili.

Sangui nho-de- água, lagarinho, frângula, zangarinho,

zangarinheiro, sangarinheiro, sangurinheiro,

sanguinheiro, fúsaro

Ramnáceas

O amieiro-negro agrupa-se em formações pouco densas nas matas húmidas e próximo de pegos ou
pântanos. Deve à fragilidade dos ramos o nome do género, do latimfrangere, partir. Esta planta
apresenta semelhanças com o escambroeiro e o álamo. É, todavia, um arbusto fácil de reconhecer
pelas suas folhas ovaladas, marcadas na página inferior por 8 a 12 pares de nervuras salientes e
paralelas, e pelos seus frutos vermelhos, do tamanho de ervilhas, que na maturação se tornam negros.
Ignorado ou menosprezado na Antiguidade, o amieiro-negro é citado pela primeira vez num texto de
Pietro Crescenzi, agrônomo italiano dos inícios do século Xiv. Dois séculos mais tarde, Mattioli
codifica o seu uso com a indicação especial de não utilizar a droga fresca. A parte utilizada é a
segunda casca, outrora denominada casca interior, seca, reduzida a pó e tamisada. Se os modos de
utilização e a posologia forem cumpridos, a sua acção laxativa é constante e inofensiva.

Não comer a drupa; só utilizar a casca após um ano de secagem.

Habitat: Europa, solos ácidos, argilosos, siliciosos. Em Portugal, encontra-se do Minho ao Algarve,
nas margens dos rios, locais húmidos e sebes; até 1000 m, Identificação: de 1 a 4 m de altura,
excepcionalmente 6 m. Arbusto; tronco erecto; ramos horizontais flexíveis, alternos, não espinhosos;
casca castanho-avermelhada quando jovem e mais tarde cinzento-escura com estrias brancas; folhas
inteiras, membranosas, alternas, caducas, com 8 a 12 pares de nervuras salientes, paralelas, quase
rectas; flores esverdeadas (Abril-Julho), hermafroditas, com 5 sépalas, 5 pétalas ovais, 5 estames,
estilete simples, reunidas de 2 a 10 em cimeiras frouxas; drupa verde e depois vermelha, preta na
maturação. Praticamente inodoro; sabor amargo e adstringente. Partes utilizadas: casca viva dos caules
(Maio-Agosto) seca em pequenos pedaços,
O Componentes: tanino, heterósidos, antracénicos, mucilagem, goma 6 Propriedades: cicatrizante,
colagogo, laxativo, purgativo. U. I., U. E. + O Ver: dartro, obesidade, obstipação, parasitose, sarna,
vesícula.biliar.

69
Amor-de-hortelão

Galium aparine L.

Rubláceas

O amor-de-hortelão prende-se obstinadamente, por meio dos caules, das folhas e dos frutos, ao
vestuário dos caminhantes desprevenidos e ao pêlo dos animais. Esta planta, graciosa, macia e leve,
serve-se dos seus acúleos recurvados para se erguer, agarrando-se aos arbustos próximos. É uma
planta anual, extremamente invasora, encontrando-se em todas as sebes e silvados, os quais cobre com
as suas minúsculas flores brancas durante longos meses. Os povos da Antiguidade chamavam-lhe
Apariné, que se agarra, palavra que se tornou o nome da espécie. Dioscórides explica nos seus textos
como os pastores utilizavam os seus caules, atados em feixes, para clarificar o leite. Dos frutos faz-se
um sucedâneo do café, e a raiz torrada pode substituir a chicória. Da raiz extrai-se ainda um belo
corante vermelho. Possui propriedades diuréticas e é eficaz nos problemas circulatórios das pessoas
idosas.
O suco fresco ou uma cataplasma de folhas verdes esmagadas colocados sobre uma ferida, em caso de
urgência, podem fazer parar uma hemorragia.

Habitat: Europa, orlas dos bosques, sebes, moitas; frequente em quase todo o território português;
altitude média. Identificação: de O,20 a 1,50 m de altura. Anual, caule delgado, ascendente ou
trepador, quadrangular, com acúleos nas arestas, intumescido, viloso nos nós e ramoso a partir da
base; verticilos de 6 a 8 folhas compridas, lineares, com pontas rígidas, face superior e bordo providos
de pêlos gancheados; flores brancas (Maio-Outubro), pequenas, em cimeiras pedunculadas na axila das
folhas, corola com 4 pétalas, 2 carpelos unidos e com pêlos;
fruto de 3 a 4 mm, com pêlos, tuberculoso gancheado; raiz delgada. Cheiro suave. Partes utilizadas:
planta fresca (Maio-Setembro) e seca, suco fresco; secagem rápida para evitar o enegrecimento das
flores; conserva em lugar seco.
O Componentes: heterósidos (asperulósido) 4 Propriedades: anti-inflamatório, aperitivo, cica trizante,
diurético, sudorífico, vulnerário. U. L, U. E. + Ver: circulação, edema, icterícia, úlcera cutâ nea.

70
Amor-perfeito-bravo

Viola tricolor L., ssp. arvensis Murr. Erva-da-trindade, amor-perfeito-pequeno

Violáceas

O amor-perfeito-bravo, com as suas flores de tons escuros, é uma preciosidade dos terrenos baldios.
Existe uma grande quantidade de espécies, às quais a infinita imaginação dos jardineiros acrescentou
um grande número de híbridos. O amor-perfeito-bravo é uma violácea como as violetas, possuindo as
suas corolas cinco pétalas divididas em dois grupos; as quatro superiores apresentam-se erectas, e a
inferior, esporoada. Colher o amor-perfeito revela-se uma operação delicada; é necessário colher as
flores de manhã, logo que o orvalho desapareça, manipulá-las cuidadosamente e secá-las com rapidez
para evitar que as flores murchem e as cápsulas amadureçam; o colorido das flores quando secas só se
manterá se estas forem conservadas ao abrigo do ar.

A partir do Renascimento, o amor-perfeito, laxativo e depurativo, foi também utilizado para tratar
doenças de pele, sendo da tradição tomar uma chávena de infusão e embeber uma compressa no
mesmo preparado para passar pela pele. Os tratamentos com o amor-perfeito-bravo exigem
perseverança, sendo ilusório esperar resultados antes de 15 dias.

O Fresco, proibido às crianças. Habitat: Europa; até 1800 m. Identificação: de O,05 a O,40 m de
altura. Anual, caule erecto; folhas ovais ou lanceoladas, com bordos crenados, estipulas com 3 a 8
lóbulos, sendo o terminal foliáceo; flores brancas, amarelas ou cor de violeta (Abril-Outubro) com um
comprido pedúnculo, pequenas, 5 sépalas verdes, desiguais, 5 pétalas, 4 erectas e 1 inferior, pendente,
provida de um esporão curto, 5 estames com anteras amarelas, pistilo com estigma em forma de funil;
cápsula glabra, abrindo-se por 3 valvas, e sementes castanhas. Cheiro suave; sabor amargo. Partes
utilizadas: flores, suco fresco, planta florida (Abril- Outubro); secagem rápida. * Componentes: ácido
salicílico, tanino, sais minerais, saponinas, heterósidos flavónicos, mucilagem, vitamina C O
Propriedades: antiespasmódico, cicatrizante, depurativo, diurético, emético, febrífugo, laxativo,
sudorífico, tónico. U. I., U. E. Ver: acne, cura de Primavera, dartro, eczema, ferida, herpes, indigestão,
pele, psoríase, reumatismo, tinha, urticária.
ANGÉLICA

Angelica archangelica L.

Erv a-do-espírito- santo Bras.: jacinto-da-índia

Umbelíferas

É raro encontrar a Angelica archangelica em estado espontâneo, excepto em alguns vales dos Alpes e
dos Pirenéus abrigados dos ventos, aquecidos pelo sol e refrescados por um regato. Encontra-se com
mais frequencia uma outra angélica, Angelica silvestris L., mais simples, menos perfumada, cujas
folhas são verdes nas duas páginas. As propriedades das duas especies são semelhantes; no entanto,
não haverá possibilidades de erro se uma só vez se tiverem contemplado as magníficas umbelas
amarelo-esverdeadas da Angelica archangelica L. e aspirado o penetrante perfume almiscarado que
exalam as suas folhas quando esmagadas entre os dedos.

Diz-se que teria sido o arcanjo Rafael quem deu a conhecer aos homens a angélica e as suas virtudes,
enaltecidas pelos Antigos e consideradas outrora miraculosas. Segundo esta crença, a angélica afastava
a peste, neutralizava o efeito dos venenos, prolongava a duração da vida. Actualmente, a angélica é
considerada, com maior simplicidade, como um estimulante do aparelho digestivo e um anti-séptico.

O Não tocar com as mãos descobertas. Suco irritante para a pele e as mucosas. Habitat: Norte da
Europa, Córsega, montanhas, solos pantanosos, soalheiros; até 3000 m. Identificação: de 1,30 a 2,50
m de altura. Bienal, caule avermelhado, muito robusto, ramificado; folhas mais claras na página
interior com 2 ou 3 recortes em folíolos largos, dentadas; flores amarelo- esverdeadas (Junho-Agosto),
em largas umbelas hemisféricas, com 20 a 30 raios, vilosas na extremidade, estilete muito curto;
diaquénio achatado com asas onduladas; raiz aprumada, volumosa, castanha, de fractura branca.
Aromático; sabor acre. Partes utilizadas: folhas (Maio-Junho), caule (Junho-Julho), raiz (Outono),
sementes (cortar as umbelas em Julho).
O Componentes: cumarina, ácidos, cera, tanino, glúcidos O Propriedades: anti-séptico, aperitivo,
carminativo, digestivo, estomáquico, sudorífico, tó nico. U. L, U. E. + Ver: aerofagia, apetite, asma,
banho, cabelo, contusão, convalescença, coração, digestão, epidemia, fadiga, ferida, gravidez, gripe,
magreza, menstruação, nervosismo, úlcera.

72
PLANTAS ESPONTANEAS

>

AntenÁria

Antennaria dioica (L.) Gaerm.

Pé-de-gato, griafálio

Compostas

Estas plantas dióicas, muito pequenas, formam por vezes nas montanhas enormes tapetes com flores
cor-de-rosa e brancas. Tudo nelas evoca a graça e a suavidade, pois até o seu nome científico alude à
extremidade dos seus pêlos florais, dilatados na ponta como as antenas das borboletas. As pequenas e
fofas almofadas cor-de-rosa formadas pelos capítulos florais conferiram-lhe o nome de pé-de-gato.
Estas plantas usufruíram outrora da reputação extraordinária - e totalmente imerecida - de curar o
cancro e os casos graves de tuberculose pulmonar. Actualmente, são consideradas menos eficazes e
mesmo, segundo algumas opiniões, inactivas. Na realidade, a sua acção medicinal, como a sua
imagem, é extremamente suave: lenitiva e emoliente, acalma a febre e a tosse e facilita a digestão.
Apenas os capítulos cor-de-rosa, isto é, os femininos, devem ser utilizados. A medicina homeopática
utiliza a tintura da antenária e as suas flores, designadas por flores Pedis Cati. Estas fazem ainda parte
da composiçã o da tisana das quatro flores.

Habitat: Europa continental, montanhas, climas frios e temperados; de 500 a 2800 m. Pouco frequente
em Portugal. Identificação: de O,05 a O,20 m de altura. Vivaz, caule floral, simples, erecto e folhoso;
folhas em numerosas rosetas basais, espatuladas, verde-esbranquiçadas na página superior, lanosas e
acinzentadas na inferior, com bordos celheados, sendo as caulinares lanceoladas, aplicadas ao caule;
flores (Maio-Julho), em capítulos, dióicas, com brácteas brancas, obovadas nas masculinas, cor-de-
rosa e lanceoladas nas femininas; aquénio glabro, liso, com 1 papilho
sedoso; toiça estolhosa que emite renovos formando extensos tapetes (Maio-Julho). Inodora; insulsa.
Partes utilizadas: capítulos femininos secos (Maio-Julho); secagem rápida à sombra, em camadas
finas.
O Componentes: tanino, resina, mucilagem, nitrato de potássio O Propriedades: anti-séptico, béquico,
colagogo, emoliente, expectorante, febrífugo, vulnerário. U. L, U. E. + Ver: bronquite, febre, ferida,
tosse, traqueíte, vesícula biliar.
PLANTAS ESPONTÂNEAS

AquilÉGía

Aquilegia vulgaris L. Erva-pombinha, aquilégia-vulgar, ancólia

Ranunculáceas

A aquilégia foi desde sempre alvo dos sonhos dos poetas, e nem Ronsard nem Chateaubriand
conseguiram resistir ao sortilégio melancólico do seu nome. É uma planta romântica com folhagem
delicada que se dá bem nos locais frescos e à sombra. Nos fins da Primavera, cobre-se de flores de
cores suaves caprichosamente formadas por cinco peças, cada uma delas prolongada por um
esporão recurvado. Foi certamente este esporão que conferiu à aquilégia o nome do seu género, que
deriva do latim aquila, águia, pois a extremidade dos esporões da aquilégia é recurvada,
assemelhando-se ao bico e às garras dessa ave de rapina. Segundo outras opiniões, esta denominação
deve-se à reputação que a planta tinha outrora de tornar o olhar mais penetrante.

A aquilégia foi utilizada intensamente e com sucesso, supõe-se, até ao século xix. Os fitoterapeutas
procuravam obtê-la devido às suas numerosas propriedades; os homeopatas receitavam-na em alguns
casos de desequilíbrios nervosos. Actualmente, a sua utilização é restrita, pois a planta, especialmente
as partes aéreas e as sementes, contém uma substância prejudicial. Assim, excepto com indicação
médica, só a raiz deve ser utilizada, e exclusivamente para uso externo.

O Uso interno exclusivamente sob prescrição médica. Habitat: Europa, bosques, prados, terrenos
rochosos, sobretudo calcários; até 2000 m. Espontânea ou subespontânea na Beira Litoral
Identificação: de O,60 a O,80 m de altura. Vivaz, caules erectos, pubescentes, ramificados, formando
tufos; folhas ligeiramente glaucas na página inferior, sendo as inferiores pecioladas, alternas, divididas
em 3 a 9 folíolos lobulados, e as superiores sésseis; flores azul-violáceas, cor-de-rosa ou brancas
(Maio-Julho), pedunculadas, em panícula pouco densa, 5 sépalas petalóides, 5 pétalas prolongadas por
um esporão em forma de báculo, numerosos estames salientes; fruto com 5 volumosos folículos
ventrudos, que se abrem pela face interior, numerosas sementes; rizoma subterrâneo, espesso, oblíquo,
raiz aprumada. Cheiro agradável. Partes utilizadas: sementes, flores, folhas, raiz.
O Componentes: heterósido cianogenético, lípidos, enzimas, vitamina C 4 Propriedades: adstringente,
anti-séptico, calmante, detersivo. U. L, U. E. + Ver: boca, sarna, tinha, úlcera cutânea.

74
Arando

Vaccinium myrtillus L. Uva-do-monte, mirtilo, erva-escovinha

Ericáceas

O arando, habitante dos terrenos siliciosos das florestas de montanha, desenvolve-se frequentemente
em densas manchas, não deixando lugar para outras espécies vegetais. Os silvicultores consideram este
arbusto, de bagas azuis e sumarentas, uma planta nociva, devido à rede formada pelos seus caules
subterrâneos e à densidade das suas partes verdes, que impedem o repovoamento das florestas. As
bagas, ricas em vitamina C, colhem-se com um sedeiro, devem ser ingeridas aos punhados para
melhor se apreciar o seu incomparável sabor e são utilizadas em pastelaria e em compotas. Suportam
bem a congelação, pois não sofrem alteração.

Nos Vosges obtém-se por destilação do arando uma bebida muito saborosa, o Heidelbeerwasser,
semelhante ao kirsch. Outrora, extraía-se uma substância corante azul-escura desta planta que, aliás,
deixa marcas
nos dentes e na língua dos seus apreciadores. Os Antigos não conheciam o arando. Plínio fala de uma
Vaccinia, que é uma planta diferente. Os autores da Idade Média referem-se-lhe, ignorando, no
entanto, a sua principal acção, antidiarreica, que deve ter sido descoberta por empirismo popular e foi
comprovada por análise científica.

Habitat: Europa; em França, Vosges, Alpes, Pirenéus; em Portugal, aparece nos pinhais e matos das
montanhas desde o Alto Minho à serra da Estrela; entre 400 e 2500 m de altitude. Identificação: de
O,30 a O,60 m de altura. Subarbusto; caules ramosos verdes, ligeiramente angulosos, folhas caducas,
ovais, serrilhadas e curtamente pecioladas; flores cor- de- rosa- claras (Abril-Julho), com cálice
reduzido a 5 dentes, corola gomilosa, caduca, solitária ou aos pares na axila das folhas; baga globosa,
muito sumarenta, comprimida na extremidade, de cor negro-violácea, pruinosa, erecta e sementes
castanhas; rizoma enredado; sabor acidulado e açucarado (baga). Partes utilizadas: folhas frescas e
secas, bagas maduras (Julho a Setembro),
O Componentes: pigmentos antociânicos, sais minerais, tanino, vitamina C, provitamina A, ácidos
(cítrico e málico) O Propriedades: adstringente, antidiarreico, anti-hemorrágico, anti-séptico,
hipoglicemiante. U @ L, U. E. + V Ver: acne rosácea, afta, boca, circulação, cistite, colibacilose,
diabetes, diarreia, eczema, hemorroidas, olhos, ureia.

75
Arando-de-baga-Vermelha

Vaccinium vitis-idaea L.

Arando-vermelho

Ericáceas

Este arando é uma pequena planta vivaz das montanhas que atapeta dispersamente o solo das florestas
de coníferas, espalhando as suas manchas arbustivas pelos matagais e

campos de pastagem até ao limite das neves eternas. Assemelha-se à uva-ursina, que pode, aliás, ser
utilizada em seu lugar, sendo o arando facilmente reconhecível por uma pontuação existente na página
inferior das suas folhas. Como o mirtilo, o arando pertence ao género Vaccinium. Segundo algumas
opiniões, esta palavra deriva de vacca, vaca, pois estes animais pastam a planta. Segundo outras,
deriva de bacca, baga. De facto, os frutos são muito característicos; têm a forma e a cor de uma cereja
pequena, mas são acídulos, farinhentos e muito refrescantes. As suas utilizações são inúmeras. Podem
ser ingeridos frescos ou servir para fabricar um vinho muito agradável, conservados em vinagre e
utilizados para fazer doce ou compota para acompanhar pratos de carne. As folhas são sobretudo
utilizadas em medicina, apresentando, no entanto, em doses elevadas, alguma toxici-

a Em doses elevadas as folhas são tóxicas. Habitat: Europa, montanhas, solos ácidos, matagais,
florestas, campos de pastagens; entre 300 e 3000 m. Identificação: de 0,10 a 0,30 m de altura.
Subarbusto; caule prostrado arredondado, algo pubescente na planta jovem, ramos erectos; folhas
verdes e brilhantes na página superior, esbranquiçadas e ponteadas na inferior, persistentes, coriáceas,
com os bordos enrolados, inteiras ou ligeiramente crenadas; flores brancas ou rosadas (Maio-Julho),
formando cachos terminais pendentes, pedunculados, cálice

com 5 lóbulos, corola campanulada com 5 pontas recurvadas; baga globosa, vermelha, com várias
sementes castanho-avermelhadas; rizoma ramificado. Inodoro; sabor ácido. Partes utilizadas: folhas
(Maio-Agosto), fruto (Agosto-Setembro), planta inteira.
0 Componentes: ácidos orgânicos, vitamina C, provitamina A, tanino, heterósido 0 Propriedades:
adstringente, aperitivo, anti-séptico, depurativo, diurético, hipoglicemiante. U. 1. + Ver: cistite,
diarreia, gota, reumatismo.
Arenária

Spergularia rubra (L.) J. & C. Presi

Cariofiláceas

A Spergularia rubra, que pode encontrar-se em locais arenosos, mas não salgadiços, de algumas
regiões de Portugal, é conhecida com o nome de arenária não só devido aos locais de crescimento,
como também ao seu nome inicial, Arenaria rubra, dado por Lineu.

É uma planta anual ou bienal que se encontra disseminada nos solos arenosos de toda a Europa e, por
vezes, nas costas marítimas. Os fitoterapeutas e os ervanários apreciam muito esta cariofilácea
filiforme
com minúsculas flores vermelhas, que possui a importante virtude de acalmar as dores das vias
urinárias. A planta inteira e seca é utilizada numa infusão à qual se adicionam geralmente folhas de
uva-ursina. Depois de seca, reduzida a pó e incorporada em azeite, obtém-se uma pomada que atenua
as manchas do rosto, nomeadamente as sardas.

Habitat: Europa, solos siliciosos e arenosos; até 2200 m. Identificação: de O,05 a O,25 m de altura.
Anual ou bienal, caule frágil, prostrado e seguidamente erecto; folhas lineares, pequenas, finas,
estipulas prateadas, membranosas, soldadas umas às outras em cada um dos nós, flores cor-de-rosa
(Abril-Setembro), pequenas, em cimeira frouxa, foliada, 5 sépalas obtusas, marginadas de branco, 5
pétalas um pouco mais curtas que as sépalas, com 7 a 10 estames e 3 estiletes; cápsula que se abre por
3 valvas, numerosas sementes negras não aladas. Esta planta tem um cheiro herbáceo e agradável.
Partes utilizadas: planta inteira (Maio-Junho); secagem à sombra.
O Componentes: resina, sais minerais 6 Propriedades: diurético, sedativo. U. L, LI. E. + V Ver: cistite,
gota, reumatismo, sarda.

77
Argentina

Potentilla anserina L.

Ansarinha

Rosáceas

Existem diversas espécies do género Potentilla; antes da frutificação, assemelham-se ao morangueiro,


com o qual não devem, no entanto, ser confundidas. Apenas três possuem propriedades medicinais: o
cinco-em-rama, a tormentila e a argentina, que estão incluídas nesta obra. O nome do género deriva da
palavra latina potens, poderoso, pois a sua acção é extremamente enérgica. O nome específico,
baseado na palavra latina anser, ganso, pode traduzir-se por erva-dos-gansos.

A argentina, pequena planta vivaz, vigorosa e sedosa, forma por vezes vastos tapetes prateadosà beira
dos charcos, próximo das quintas. E uma erva daninha como tantas outras, muito resistente, que
suporta sem

dano ser calcada pelos pés. Durante todo o

Verão as suas flores solitárias, de um arnarelo intenso, com cinco pétalas bem visíveis, abrem de
manhã e fecham ao cair da tarde, mantendo-se fechadas quando está mau

tempo. Além dos gansos, todos os animais de capoeira e o gado a apreciam. A raiz mastigada faz bem
às gengivas, pois facilita o nascimento dos dentes das crianças e protege os dos adultos da
descarnadura.

O Não preparar ou conservar em recipientes de ferro. Habitat: Europa, excepto na região


mediterrânica, solos ricos, terrenos baldios, húmidos, bermas dos caminhos; assinalada em Portugal
nas margens do rio Douro; até 1700 m. Identificação: de O,20 a O,40 m de altura. Vivaz, estolhos
compridos e delgados; folhas radicais, por vezes verdes na face superior e mais frequentemente
prateadas, acetinadas em ambas as páginas, estipuladas, compridas, grandes, imparipinuladas, com 15
a 25 folíolos desiguais, serradas; flores de um amarelo intenso (Maio-Setembro), nascendo sobre as
rosetas de folhas dos rebentos, pedunculadas, solitárias, cálice de 5 sépalas, calículo, 5 grandes pétalas
patentes, numerosos estames e carpelos lisos; aquénio ovóide; rizoma lenhoso, com raízes adventícias.
Inodora. Partes utilizadas: flores, folhas, raiz.
O Componentes: tanino, flavona, álcool, resina, amido, colina O Propriedades: acistringente, antiespas
módico, estomáquico, tónico. U. L, U. E. + Ver: anginas, diarreia, estômago, ferida, hemorragia,
leucorreia, menstruação, pulmão.
PLANTAS ESPONTÂNEAS

AristolÓquia

Aristolochia clematitis L.

Bras.: calungo, cipó-mil-homens

Aristoloqueáceas

Ao formar as flores amarelo-douradas da aristolóquia, a Natureza preparou uma perigosa armadilha.


Logo que os insectos entram na corola, deslizam no revestimento ceroso que enche o seu interior e são
impedidos de voltar ao exterior por uma barreira de pêlos. Mais tarde, quando a flor murcha > os
pêlos secam e os prisioneiros, salpicados de pólen, são libertados, podendo então garantir a
fecundação. Planta vivaz que prefere o calor e os solos calcários, encontra-se frequentemente nas
vinhas da região mediterrânica, onde é facilmente identificável devido às suas enormes folhas verde-
claras em forma de coração e ao seu cheiro nauseabundo.

Várias espécies de aristolóquias, já descritas na Antiguidade, foram durante muito tempo utilizadas
devido à sua pretensa acção estimulante do trabalho de parto. Deste facto lhe advém o nome de aristos,
excelente, e lokia, parto. Além disso, as suas propriedades adstringentes e vulnerárias propiciaram a
sua utilização em medicina até ao século XVIII, e mesmo até aos nossos dias em alguns meios rurais.
A sua raiz deve ser utilizada seca, pois é tóxica no estado fresco tanto para o homem como para os
animais.

Habitat: Europa Central e Meridional; nos terrenos pedregosos do Centro de Portugal, vinhas, solos
calcários; até 800 m. Identificação: de O,20 a O,80 m de altura. Vivaz, caule erecto, simples; folhas
grandes, com pecíolos compridos, cordiformes, com os bordos denticulados; flores amarelas (Maio-
Junho), pediceladas, tubulosas, inchadas na base e linguiformes no cimo, de 2 a 8 na axila das folhas
superiores, 6 estames inclusos, anteras soldadas, 6 carpelos; cápsula pendente e carnuda; rizoma
rastejante, profundo e frágil. Esta planta vivaz tem um cheiro nauseabundo; o seu sabor é acre. Partes
utilizadas: folhas, rizorna (Outono); limpar o rizoma, deixar secar em troços.
O Componentes: alcalóide tóxico (aristoloquina), princípio amargo, óleo essencial, tanino, resina,
glúcidos O Propriedades: acistringente, emenagogo, vulnerário. U. L, U. E. + Ver: artrite, ferida, gota,
menstruação, prurido, reumatismo.
Arnica

Arnica montana L.

T abaco- dos- saboi anos, betónica-dos-saboianos,

dórico-da-alernanha, tabaco-dos-vosgos, tanchagem-dos-alpes, cravo-dos-alpes, panaceia-das-quedas,


quina-dos-pobres

Compostas

A origem do nome Arnica é bastante obscura. É possivelmente uma deformação da palavra grega
ptarmica, que significa que faz espirrar. Desconhecida na Antiguidade, a planta foi pela primeira vez
citada por Santa Hildegarda e mais tarde utilizada pela Escola de Salerno. No século Xvi, foi descrita
e desenhada pelo médico e botânico italiano Mattioli. Seguidamente, os médicos começaram a receitá-
la com critérios diversificados; simultaneamente, discutiam-se até à exaustão as suas virtudes e
também os seus perigos. A planta, conhecida no século XIX

como a quina-dos-pobres devido às suas propriedades febrífugas, expressão maliciosamente deturpada


pelos seus detractores em *pobre quina+ , é hoje considerada um tóxico violento que afecta quase todas
as vísceras e o sistema nervoso. Deste modo, a sua utilização deve limitar-se ao uso externo, tanto para
o homem como para os animais, excepto por indicação médica. A arnica é uma planta vivaz das
montanhas cujas folhas são de há muito fumadas pelos camponeses, sendo as-

sim um precioso auxiliar para uma cura de desintoxicação tabágica.

0 Excepto por receita médica, apenas uso externo. Habitat: Europa, montanhas, solos ácidos; em
Portugal, nos prados e pauis de quase todo o País; de 600 a 2800 m. Identificação: de 0,20 a 0,60 m de
altura. Vivaz, caule floral erecto, simples, pubescente, glanduloso; folhas basais em roseta, junto ao
solo, ligeiramente consistentes, ovais, sendo as caulinares mais pequenas, lanceoladas; flores amarelo-
alaranjadas (Maio-Julho), em grandes capítulos isolados, que por vezes são completados inferiormente
por 2 mais peque-

nos, opostos, com 15 a 20 flores liguladas na periferia, tubulosas no centro; aquénio papilhoso; rizoma
oblíquo, castanho. Cheiro aromático; sabor muito amargo. Partes utilizadas: folhas secas, flores
(Julho), raiz (Setembro); secagem rápida à sombra.
0 Componentes: óleo essencial, resina, tanino, ácido málico, cera, goma, silício, pigmentos
0 Propriedades: acistringente, cicatrizante, esternutatório, sudorífico. U. L, U. E. + o Ver: acne,
cabelo, contusão, entorse, ftiríase, tabagismo.

80
Artemísia

Artemisia vulgaris L.

Artemísia-verdadeira, artemísia-comum, flor-de-sãojoão, erva-de-fogo, erva-de-são-j.oão

Bras.: arternigem

Compostas

A artemísia cresce nas bermas dos caminhos florestais, ao longo dos regatos e das vias férreas, e até
nas casas em ruínas. Esta planta vivaz semelhante à losna distingue-se desta pelas folhas, pubescentes
na página inferior. Supõe-se que a Artemisia, muito apreciada pelos médicos da Antiguidade, não era
a Artemisia vulgaris L.; na Idade Média, é realmente à artemísia que se referem o poeta Rutebeuf e,
mais tarde, Ambroise Paré. A medicina oriental utiliza uma espécie de artemísia na moxibustão,
técnica semelhante à acupunctura e que consiste em

atear pequenos montes de folhas colocados em pontos específicos do corpo. Durante muito tempo
utilizada para tratar a epilepsia

e a dança de S. Vito, a planta é ainda actualmente usada nos meios rurais devido à sua acção no
organismo feminino, propriedade comum a todas as plantas que têm como protectora a deusa
Artemisa. No campo, suspensa em ramos nos estábulos e nas cavalariças, a artemísia atrai as moscas,
protegendo assim os animais.

O Proibida às mulheres grávidas, tóxica em doses elevadas, o pólen é alergénico. Habitat: Europa,
terrenos incultos. Em Portugal, sebes e bermas no Minho e Beiras; até 1600 m. Identificação: de O,50
a 1,50 m de altura. Vivaz, caule avermelhado, herbáceo, ramoso; folhas recortadas em lóbulos agudos,
verde-escuras, glabras na página superior, tomentosas e esbranquiçadas na inferior; flores amareladas
(Ju lho- Outubro), tulbulosas, em pequenos capítulos erectos, com invólucro, reunidas em grandes
panículas de espigas frouxas; aquénio glabro; toiça lenhosa, espessa, sem estolhos.

Cheiro a especiarias; sabor amargo. Partes utilizadas: folhas mondadas, sumidades floridas (Julho-
Outubro), raiz (Outubro); reduzir a pó, conservar resguardada da luz (sumidades e folhas), secar no
forno (raiz).
O Componentes: óleo essencial, resina, tanino, mucilagem, inulina. As folhas contêm vitaminas Al,
B1, B2 e C O Propriedades: antiespasmódico, emenagogo, febrífugo, tónico, vermífugo. LI. L, U. E. +
o Ver: apetite, epilepsia, febre, ferida, menstruação, parasitose, parto, pé, úlcera cutânea, vesícula
biliar, vómito.
Artemísia-dos-alpes

a) Artemisia glacialis L. b) Artemisia mutellina Vill. c) Artemisia spicata Jacq.

Bras.: artemísia

Compostas

Existem várias espécies do género Artemisia que são anãs, vivem nas altas montanhas, onde servem de
pastagem às cabras-monteses, e noutros locais. São espécies vivazes, com caules curtos e tomentosos,
que florescem em pleno Verão e se assemelham muito, crescendo por vezes muito próximas nos
entulhos e nos fragmentos de rochas desolados, formando manchas sedosas escondidas nas fendas das
pedras. Aqui apresentam-se as três espécies que mais frequentemente se encontram nos Alpes. Como a
maioria das plantas de alta montanha, estas artemísias foram, durante muito tempo, ignoradas na
planície, só tardiamente sendo estudadas pelos botânicos, sempre ávidos de conhecer novas floras, que
as descobriram em aldeias alcandoradas (uma delas atinge as altitudes mais geladas, por vezes até
3400 m nos Alpes), onde os camponeses as utilizavam para preparar licores e também, por vezes, com
resultados funestos, como remédio para os resfriamentos. A sua acção, efectivamente forte, impõe o
cumprimento rigoroso das doses indicadas.

Actualmente, são muito pouco utilizadas, exceptuando nas suas regiões de origem. São plantas raras,
importantes e dispendiosas, que devem ser protegidas, se bem que, com muita facilidade e menor
despesa, seja possível substituí-Ias por plantas mais vulgares, que produzem resultados idênticos.

O Seguir rigorosamente as doses. Habitat: rochedos; de 1800 a 3400 m. Identificação: de O,04 a O,15
m de altura. Três espécies herbáceas vivazes em pequenas moitas; caules floridos simples; folhas
laciniadas,
11S eg u,r r, g o'osamente asdo Habita . hed s d e >800 a
1

tlf >’roco o 6 04 a 15 den >caÇã de espé c@ es herbác ea vvaz es etas’ ca u1es f1ondos s,@p1es
branco-acinzentadas, sedosas, em maior nú mero junto à base, e pecioladas; flores tulbulosas amarelas
(Julho-Setembro), em pequenos capítulos subglobosos. Cheiro intenso a absinto; sabor amargo. a)
Rosetas de folhas com divisões trifurcadas; capítulos agrupados na extremidade superior dos caules
curtos com raras folhas; invó lucro marginado de castanho;

b) folhas raras todas pecioladas, palmadas, com limbo curto; flores amarelo-claras em pequenos
capítulos solitários, quase todos pedunculados; c) tufos isolados com 1 a 2 espigas compridas e curvas,
unilaterais, com capítulos enegrecidos, pequenos e sésseis. Partes utilizadas: planta florida e raiz
(Julho-Setembro); secagem à sombra.
O Componentes: óleo essencial, princípios amargos O Propriedades: aperitivo, emenagogo,
estomáquico, sudorífico, tónico, vulnerário U. L, U. E. Ver: apetite, astenia, menstruação.

82
ÁZARO
*//* faltam os outros nomes

O ásaro é uma pequena e caprichosa planta, facilmente identificável entre as muitas

que atapetam o solo dos bosques de árvores frondosas. Floresce precocemente no fim do Inverno,
dissimulando as suas flores campanuladas solitárias sob as brilhantes folhas reniformes. Esmagada
entre os dedos, toda a planta exala um perfume semelhante à terebintina e o seu sabor acre provoca
náuseas. A sua designação em francês, asaret, deriva de uma palavra grega que significa desagradável.
Outro dos seus nomes vulgares em

francês, cabaret, evoca a utilização que outrora lhe davam os ébrios para aliviar o estômago, dissipar a
embriaguez e, por vezes, poderem continuar a beber.

Planta vivaz, o ásaro é conhecido desde tempos remotos devido à sua acção muito dinâmica, sendo
classificado por Gilbert como *remédio que cresce em todos os canteiros+. Efectivamente, o ásaro é
vomitivo, purgativo, diurético, expectorante e esternutatório. Para além das suas aplicações
medicinais, que devem ser prudentemente vigiadas, o ásaro produz um corante de uma bonita cor
verde-maçã que serve para tingir lã.

O Venenoso. Perde parte da toxicidade e da

eficácia após a secagem. Habitat: Europa Central, sobretudo nas montanhas, excepto na região
mediterrânica, solos calcários, florestas de árvores frondosas; até

Venen oso ef"á',a após Hab tat. Eurol:

1700 m. Identificação: de O,10 a O,15 m de altura. Vivaz, caules rastejantes semi-subterrâneos, sendo
os aéreos muito curtos e escamosos; folhas verde-escuras, brilhantes, reniformes, com pecíolo
comprido e viloso; flor castanha e cor de púrpura na parte interior (Março-Maio), solitária, pouco
visível na base das folhas,

campanulada, Pubescente, pedunculada; cápsula rija, com 6 láculos contendo cada um 2 fileiras de
sementes; rizoma castanho, sinuoso. Cheiro específico, apimentado, canforáceo; sabor acre e
nauseabundo. Partes utilizadas: folhas (Verão), rizoma, fresco ou colhido há menos de 6 meses
(Primavera ou Outono).
O Componentes: óleo essencial que contém asarona O Propriedades: emético, esternutatório,
expectorante, purgativo. LI. L, U. E. + Ver: asma , bronquite, cefaleia.

83
Aspérula-odorífera

Asperula odorata L.

Rubiáceas

Esta graciosa planta dos frescos e sombrios bosques de faias tem, de certo modo, os seus pergaminhos.
No século XVIII, Estanislau Leczinski, rei da Polónia, tomava todas as manhãs uma chávena de chá
de aspérula e afirmava que a sua robusta saúde se devia a este simples hábito. Ainda hoje, na Alsácia,
Bélgica e Alemanha o macerado de toda a planta serve para preparar um vinho reputado pelas suas
virtudes tónicas e digestivas; é indispensável numa cura de Primavera para eliminar as toxinas
acumuladas durante o Inverno. Misturadas com folhas de menta e de tussilagem, as folhas de aspérula
proporcionam aos fumadores inveterados um agradável sucedâneo do tabaco que pode facilitar uma
cura de desintoxicação.

Nos bosques, a aspérula é pouco aromática, só se desenvolvendo o seu suave perfume após a secagem.
Misturada com as forragens, a planta dá ao leite das vacas um aroma delicioso. Os ramos de aspérula
foram utilizados durante séculos para defumar os quartos, perfumar a roupa de casa e afugentar os
insectos.

A a spéru 1 a- odorífera é facilmente identificável: as suas folhas, opostas, formam estrelas com seis
ou oito pontas, bastando fazer deslizar o dedo indicador ao longo dos bordos e sob a nervura central
para sentir os finos relevos que inspiraram o seu nome; as pequenas flores brancas, têm a forma de
campainhas.

Habitat: zonas temperadas da Europa, com excepção da região mediterrânica, bosques frescos, matas
de faias, solos rochosos; até
1600 m. Identificação: de O,10 a O,30 m de altura. Vivaz, caule erecto, simples, quadrangular, liso,
com um anel de pêlos sob os verticilos; folhas verde-escuras, lanceoladas, agudas, glabras, de 6 ou 8
em cada verticilo; flores brancas (Abril-Junho), pequenas, em corimbos terminais, em tubo curto com
4 lóbulos; fruto formado por 2 carpelos globosos, aderentes, eriçados de pêlos recurvados; parte
subterrânea

delgada e rastejante. Cheiro aromático; sabor agradável e amargo. Partes utilizadas: planta inteira
(princípio da floração), excepto a raiz; fazer ramos e suspendê-los; escurece ao secar.
O Componentes: cumarinas, lípidos, vitamina C (folhas), pigmentos O Propriedades: anti-séptico,
colagogo, depurativo, diurético, sedativo, tónico, vulnerário. U. L, U. E. + Ver: abcesso, cefaleia, cura
de Primavera, digestão, insectos, litíase, nervosismo, palpitações, sono, tabagismo, vesícula biliar.

84
Aveleira

Corflus avellana L.

Avelaneira

Betuláceas

A aveleira é um dos vegetais mais antigos, pois já existia na era terciária, tendo sido encontrados
numerosos fósseis de folhas; os povos pré-históricos ingeriam os seus frutos, que têm sido descobertos
em alguns túmulos neolíticos. Este arbusto, que floresce em

Setembro e cujos amentilhos amarelos espalham, em pleno Inverno, o pó dourado do seu pólen, é
muito conhecido.

A palavra Corflus deriva do grego corYs, elmo; a avelã está, com efeito, encerrada numa bráctea
verde, como uma cabeça dentro de um elmo.

Os médicos da Antiguidade tinham conceitos diversos sobre a aveleira. Dioscórides opinava que era
nociva para o estômago, mas acalmava a tosse; Santa Hildegarda aconselhava-a como remédio para a
impo~ tência; Mattioli receitava-a, depois de moída e misturada com gordura de urso, para o

repovoamento capilar; Amato Lusitano considerava-a infalível para curar a *doença da pedra+; Craton
indicava-a para as cólicas nefríticas. Apesar de tudo, há pelo menos

uma certeza: a avelã é extremamente nutritiva, estimulante e menos @ndigesta que a noz. A raiz com
veios da aveleira é utilizada em trabalhos de embutidos, e dos seus ramos flexíveis faz-se uma vara
bifurcada utilizada pelos vedores para descobrir veios de água, extremamente importante nos meios
rurais.

Habitat: Europa, excepto no extremo norte, bosques, matas, sebes, jardins e parques, margens dos
riachos; disseminada principalmente no Norte de Portugal; até 1500 m.

Identificação: de 3 a 5 m de altura. Arbusto, ou pequena árvore com os rebentos revestidos de pêlos


glandulosos; folhas moles, ovais, terminadas em ponta, duplamente serradas, pubescentes quando
jovens, alternas; amentilhos masculinos amarelo-dourados (Setembro), alongados e pendentes, e
amentilhos femininos (Janeiro-Fevereiro) apenas visíveis pelos estiletes salientes vermelhos; fruto
seco indeiscente encerrado no invólucro, cúpula foliacea, 1 semente e em alguns casos 2.
InodoraPartes utilizadas: amentilhos, casca dos ramos jovens, folhas, sementes.
O Componentes: flavon6ides, tanino O Propriedades: acistringente, anti-hernorrágico, anti-sudorífico,
depurativo, febrífugo, vasoconstritor. U. I., U. E. M Ver: circulação, edema, epistaxe, febre, ferida,
flebite, obesidade, olhos, pele, varizes.

85
Avenca

Adiantum capiflus veneris L.

Capilária; avenca-de-montpellier Bras.: avenca-cabelo-de-vénus

Polipodiáceas

É um pequeno feto também conhecido por capilária devido aos seus pecíolos extremamente finos e ao
seu suposto poder de impedir a queda do cabelo. O nome popular de capilária foi também atribuído a
outros fetos de pequeno porte, se bem que pertencentes a outro género. Quanto ao nome científico
Adiantum, deriva do grego adiantos, não molhado, pois as suas folhas, quando mergulhadas em água,
permanecem secas e as

gotas e c uva es izam so re elas sem as molhar. Em Portugal, encontra-se nas fontes, poços e locais
húmidos de quase todo o território.

Foi outrora tão obstinadamente admirada que, no século XVII, Pierre Formius a considerou *um
segundo ouro+ que dominava todas as doenç as dos pulmões; na realidade, é apenas um béquico
ligeiramente diurético, próprio para crianças. Em França, no século XVIII, sob a Regência,
popularizou-se uma

bebida, a bavaroise, feita com infusão de chá, xarope de avenca, leite quente e açúcar. Esta planta deve
ser utilizada fresca, pois perde uma parte da sua eficácia quando seca.

Habitat: Europa Meridional, incluindo Portugal quase todo, Grã-Bretanha, Sul de França, entrada de
grutas, rochedos húmidos, nascentes, poços, solos calcários; até 1300 m. Identificação: de O,10 a O,40
m de altura. Feto em manchas pouco densas; pecíolos e respectivas ramificações muito finos, pretos
ou castanho-escuros, lisos; frondes com folíolos triangulares, em forma de leque, chanfrados em
lóbulos, na extremidade dos quais nascem os esporângios numa prega do bordo exterior, caules
subterrâneos, cobertos de escamas. Cheiro suave; sabor ligeiramente amargo.

Partes utilizadas: frondes (Junho-Setembro).


O Componentes: tanino, mucilagem, açúcar, ácido gálico, vestígios de essência, capilarina, princípio
amargo O Propriedades: béquico, diurético, emenagogo, emoliente. U. L, U. E. + Ver: anginas,
bronquite, cabelo, tosse,
Avoadinha

Erigeron canadensis L. Bras.: cauda-de-raposa

Compostas Desconhecida na Europa até 1655, esta planta foi importada da América do Norte para um
jardim botânico francês. Dali colonizou toda a Europa, pois encontra-se muito disseminada, excepto
nas florestas e nos prados naturais. Invade os terrenos e neles se instala, povoando-os, por vezes, quase
exclusivamente. Os seus pequenos capítulos, de um branco-baço, e o longo caule fusiforme não lhe
conferem um aspecto agradável. Não obstante ser uma resinosa, a planta resiste admiravelmente às
queimadas para limpeza dos terrenos.

Erigeron é o nome grego da avoadinha e

deriva de èr, Primavera, e de gêron, velho; é uma alusão à formação de penachos brancos nos
indivíduos jovens logo que as flores murcham. Nos Estados Unidos e no Canadá, seus países de
origem, a avoadinha é muito apreciada devido às suas virtudes medicinais, pois é um anti-hemorrágico
e um vermífugo; a planta é geralmente utilizada pelas suas propriedades diuréticas.

Habitat: Europa, extremamente vulgar, campos, terrenos baldios, areias das arribas, caminhos, vias
férreas; frequente em Portugal, surgindo subespontânea nos campos cultivados, areias, entulhos e
terrenos incultos, do Minho ao Algarve; até 1000 m. Identificação: de O,10 a 1 m de altura. Anual;
caule erecto, único, peludo, muito ramoso; folhas alongadas, estreitas, inteiras ou serradas no vértice,
verde-acinzentadas; flores esbranquiçadas (Junho-Outubro), em longa panícula com grande número de
pequenos capítulos, tulbulosas, amarelas no centro, com lígulas curtas esbranquiçadas na margem;
aquénio com papilho esbranquiçado, de pêlos unisseriados, Partes utilizadas: caule com folhas e flores
e suco fresco.
O Componentes: tanino, resinas, ácido gálhico, óleo essencial O Propriedades: anti-inflamatório,
diurético. LI. 1. + Ver: albuminúria, artrite, celulite, cistite, diarreia, gota, leucorreia.
Azedas

Rumex acetosa L.

Vinagreira Bras.: azedinha-da-horta

Poligonáceas

Aazeda pertence, como a bistorta e o labaçol, à família das Poligonáceas. Muito difundida nos
campos, é familiar às crianças, que gostam de chupar as suas folhas ácidas, e nefasta para o gado, pois
provoca-lhe diarreia. Existem várias espécies cultivadas, não ignorando os agricultores que as azedas
que crescem ao sol são ainda mais ácidas do que as que se desenvolvem à sombra.

Devido às suas propriedades depurativas e digestivas, as azedas fazem parte da composição de um


caldo de ervas, benéfico para pessoas febris ou após um período de purga, para o que basta ferver 40 g
de folhas jovens de azeda, 20 g de alface e de alho-porro, 10 g de espinafres, 10 g de cerefólio, 10 g de
acelga e uma noz de manteiga. Apesar da sua grande utilidade, esta planta não é totalmente benéfica,
pelo que não deve ser ingerida em excesso; os doentes de artrite, gota, litíase e reumatismo, além dos
que sofrem de hiperacidez gástrica, não devem utilizá-la.

0 pólen produzido pelas azedas em grande quantidade é susceptível de causar alergias, podendo
também provocar manifestações de polinose nas pessoas sensíveis.

0 Vedada aos doentes de artrite, gota, litíase e reumatismo; incompatível com as águas minerais; não
utilizar recipientes de cobre. Habitat: Europa; em quase todo o País; até 2300 m. Identificação: de 0,30
a 1 m de altura. Vivaz, caules avermelhados, estriados, ocos e ramificados; folhas grandes, verde-
escuras na página superior, glaucas na inferior, lanceoladas, com aurículas acuminadas, estipulas
soldadas formando bainha, folhas da base com pecíolos compridos; flores verdes ou avermelhadas
(Maio- Setembro), em cachos compostos, pequenas, dióicas, 6 pétalas marcadas por estrias

vermelhas com 2 verticilos, 6 estames pendentes, 3 estiletes e estigmas em forma de pincel; aquénio
trigonal e 1 semente; rizoma castanho-escuro. Sabor ligeiramente ácido. Partes utilizadas: folhas e
caule frescos e raiz.
0 Componentes: oxalato de potássio, ácido oxálico, ferro, clorofila, vitamina C 0 Propriedades:
antiescorbútico, aperitivo, depurativo, digestivo, diurético, emenagogo, estomáquico, laxativo,
refrescante, tónico. U. I., U. E. + o Ver: abcesso, acne, apetite, cura de Primavera, obstipação, pele,
picadas, sede.
Azevinho

flex aquifoflum L.

Pica-folha, visqueiro, azevinho-espinhoso, zebro,

pica-rato, aquifólio, espinha- sempre- verde

Aquifoliáceas

Toda a gente conhece o azevinho, que normalmente ornamenta as decorações das festas natalícias
entrelaçado com o visco. É um dos arbustos ornamentais mais cultivados nos jardins e parques das
regiões temperadas, onde, durante todo o Inverno, na axila das folhas coriáceas, e parecendo encerados
pela mão cuidadosa de uma dona de casa, brilham os seus frutos maduros, semelhantes a pequenas
bolas vermelhas. O azevinho parece sempre verde, pois as suas folhas, que têm mais de um ano de
vida, não se renovam simultaneamente. Planta de crescimento muito lento, pode tornar-se, em climas
que lhe sejam propícios, como o da Córsega, uma bela árvore com cerca de 10 m de altura e viver até
aos 300 anos. As folhas das árvores jovens, sobretudo as dos ramos mais baixos, são terrivelmente
agressivas e picantes; porém, com a idade, tornam-se macias e ovais e, à semelhança de todos os
velhos, perdem os dentes. As bagas não devem ingerir-se, pois são um purgativo violento.

44

O Não ingerir as bagas. Habitat: Europa temperada, matas; em todo o território português, em
bosques, sendo mais abundante na zona norte; até 2000 m. Identificação: de 1 a 10 m de altura.
Arbusto ou pequena árvore; caule com casca lisa, glabro e lenho duro; folhas verde-escuras na pá gina
superior, mais claras na inferior, extremamente onduladas, dentado-espinhosas, brilhantes, cerosas,
coriáceas e alternas, com pecíolo curto, persistentes, compridas, sendo as superiores frequentemente
ovais, inteiras e planas; flores brancas ou cor-de-rosa (Maio-Junho), em corimbos na axila de folhas
subsésseis, peças florais em grupos de 4 e mais raramente de 5; baga vermelha, madura em Setembro-
Outubro, contendo de 4 a 5 caroços triangulares. lnodoro; sabor amargo. Partes utilizadas: folha (todo
o ano), casca (Primavera); secagem à sombra ou ao sol.
O Componentes: tanino, ilicina O Propriedades: antiespas módico, emoliente, febrífugo, tónico. U. L,
U. E. + o Ver: bronquite, diarreia, febre.
PLANTAS ESPONTÂNEAS

Becabunga

Veronica beccabunga L.

Morrião-d'água Bras.: verónica

Escrofulariáceas

As espécies de Veronica distinguem-se facilmente de outras flores com quatro pétalas, principalmente
das da família das Crucíferas, porque, ao contrário destas, possuem duas pétalas de dimensões muito
diferentes. Além disso, a sua cor azul ou lilás é a mais frequente.

Supõe-se que o nome do género é uma alusão à toalha com que Santa Verónica limpou o rosto de
Cristo durante a sua Paixão e que conservou as marcas de um rosto humano; assim, com alguma
imaginação, é possível observar, na corola bem aberta de certas espécies de Veronica, uma fácies
humana.

A becabunga cresce nos regatos e em águas de fraca corrente. Os seus caules, primitivamente
prostrados, tornam-se lentamente erectos. Considerada depurativa, pode substituir o agrião; aliás, o
gosto das suas folhas frescas assemelha-se ao desta planta. Pode ser preparada em salada só ou
misturada com beldroegas e agriões. Uma outra espécie aquática, a Veronica anagallis L., ligeiramente
maior e com folhas mais pontiagudas, possui as mesmas propriedades.

Habitat: Europa, nascentes, regatos, valas, pântanos; em Portugal, surge nos locais húmidos, fontes,
ribeiros, lameiros, a norte do Tejo; até 2400 m. Identificação: de O,10 a O,60 m de altura. Vivaz,
caules prostrados, radicantes, seguidamente ascendentes, glabros, cilíndricos, maciços ligeiramente
ramificados; folhas opostas, glaoras, com pecíolo curto, limbo carnudo, finamente crenadas, parte
superior arredondada; flores azuJ-claras (Maio- Sete m bro), em pequenos cachos frouxos na axila das
folhas superiores, corola curta, 4 lóbulos desiguais, sendo

o superior formado pela união de 2 pétalas e o inferior mais pequeno que os 2 laterais, 2 estames;
cápsula arredondada, glabra, túrgida e chanfrada. Partes utilizadas: caule e sumidades floridas, folhas
frescas ou secas (início da floração); secagem à sombra.
O Componentes: tanino, heterósido, aucubósido O Propriedades: depurativo, detersivo, diurético,
estimulante, resolutivo. U. I., LI. E. + V o Ver: dartro, hemorróidas, sarda, úlcera cutânea.

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Bérberis

Berberis vulgaris L. Uva-espim, espinheiro-vinheto

Berberidáceas

O gosto agridoce e acidulado das bagas da bérberis conferiu-lhe a designação de azeda-dos-bosques; é,


no entanto, muito diferente da azeda, com os seus frágeis e débeis ramos, os seus cachos de flores
amarelas que murcham rapidamente e as suas folhas pungentes que caem no Outono. Tal como a
primavera, o epilóbio, a salva e outras, a bérberis faz parte do tipo de plantas que necessitam dos
insectos para efectuar a polinização; um leve atrito faz erguer os estames, colocando-os em contacto
com o estigma. Qualquer pessoa pode fazer actuar este fascinante mecanismo com a ponta de um
alfinete.

Este arbusto vivaz e ornamental era muito cultivado nos jardins até à descoberta do seu papel na
transmissão de um fungo causador de uma grave doença dos cereais, a ferrugem negra, ou alforra
negra. Os seus usos dietéticos são variadíssimos, pois os frutos verdes, conservados em vinagre,
consomem-se como as alcaparras e quando maduros servem para o fabrico de doces, geleias, pastilhas,
antiga especialidade da cidade francesa de Dijon, muito apreciada por Voltaire, e xaropes.

Habitat: Europa, solos calcários, bosques, sebes, silvados; Norte de Portugal; até 1900 m.

Identificação: de 1 a 3 m de altura. Arbusto erecto, casca cinzenta; ramos canelados, lenho duro
amarelo; folhas verde-claras rígidas, desiguais, obovadas, marginadas de cílios espinhosos, venadas na
página inferior, reunidas em ramos ao nível de um espinho tripartido; flores amarelo-vivo (Maio-
Junho), cada uma delas constituída por 6 sépalas, 6 pétalas e 6 estames em volta de um carpelo
encimado por um disco estigmatífero persistente, em cachos pendentes mais compridos que as folhas;
baga

cor de coral, ovóide (5 mm), com 2 ou 3 sementes. Inodora; sabor extremamente ácido (baga) e
amargo (casca). Partes utilizadas: fruto (Setembro), folhas (Maio-Junho), casca da raiz fresca
(Outono).
O Componentes: alcalóides, vitamina C O Propriedades: aperitivo, colagogo, diurético, estomáquico,
laxativo, tónico. U. 1. + Ver: apetite, astenia, circulação, escorbuto, fígado, gota, gravidez,
hipertensão, litíase, menopausa, menstruação, obstipação, rubéola, varizes.
Betónica

Stachys officinalis (L.) T@ev.

Cestro

Labiadas

A betónica é uma graciosa planta vivaz cujo frágil caule está rodeado, na base, por folhas em forma de
coração; a parte superior é guarnecida por uma espiga compacta de flores cor de púrpura. Encontra-se
com frequência na Europa, exceptuando as regiões mediterrânicas.

Os Egípcios já lhe atribuíam virtudes mágicas. Os Gregos e os Romanos também a conheciam, e num
texto atribuído ao médico de Nero enumeram-se, pelo menos, 50 doenças que não resistiam à sua
acção. Actualmente, de todas as virtudes que os nossos antepassados atribuíam à betó nica, muito
poucas foram confirmadas. O uso interno da raiz, devido à violência da sua acção e às perturbações
que pode provocar, ficou restringido a receita médica. No entanto, as cataplasmas de folhas frescas são
muito eficazes para acelerar a cicatrização das úlceras. As folhas, fumadas em lugar de tabaco, podem
facilitar uma cura de desintoxicação. hai ainda quem as coloque no forro dos chapéus para aliviar as
dores de cabeça; para desencadear espirros benéficos para a desobstrução nasal, devem ser reduzidas a
pó e inspiradas.

O A raiz provoca, por vezes, vómitos. Habitat: Europa, bosques claros, solos argilo~ sos, siliciosos;
até 1700 m. Identificação: de O,30 a O,60 m de altura. Vivaz, caule erecto, delgado, quadrado,
simples, pouco folhoso; folhas verdes nas duas faces, com nervuras nítidas, oblongas, as da base
cordiformes, rugosas, recortadas, sendo as da roseta basal pecioladas, as caulinares espaçadas,
progressivamente menos pecioladas, e as da espiga sésseis; flores cor de púrpura, por vezes cor-de-
rosa (Junho-Setembro), espiga terminal densa, cálice curto, com 5 dentes,

corola tubulosa com o lábio superior longo e o inferior com 3 lóbulos; tetraquénio. Cheiro suave;
sabor amargo e acre. Partes utilizadas: raiz, folhas (Junho-Julho).
O Componentes: substância amarga, tanino, betainas, heterósido, saponósido O Propriedades:
acistringente, aperitivo, emético, esternutatório, estomáquico, expectorante, purgativo, vulnerário. U.
L, U. E. Ver: abcesso, constipação, ferida, gota, tabagismo, úlcera cutânea.
Bétula

Betula alba L.

Vidoeiro, bidoeiro, bédulo, vido

Betuláceas

A bétula é uma árvore muito conhecida, com cerca de 30 m de altura, folhagem pouco espessa e
amentilhos flexíveis que se desenvolve nos terrenos frescos e arenosos entre outras espécies, das quais
se distingue facilmente devido ao seu aspecto gracioso. Esta árvore, cuja origem remonta a mais de
30 milhões de anos, foi utilizada em todos os tempos para satisfazer as necessidades do homem.
Inicialmente, foi alimento vegetal e, mais tarde, satisfez as exigências da técnica; a sua madeira e a sua
casca foram trabalhadas por tamanqueiros, carpinteiro@ carros, pedreiros, marceneiros, tinturei
curtidores e perfumistas de todo o mu

ocidental. A sua ramagem é utilizada fabrico das varas com as quais se açoitar apreciadores de sauna.
Apesar do seu @

quíssimo passado utilitário, as aplica( medicinais da bétula são mais recentes. ta Hildegarda, no século
XII, citou pela meira vez a acção cicatrizante das suas

res. Actualmente, utilizam-se também as lhas, a casca, as gemas e a seiva. A seca

é realizada à sombra.

Habitat: Europa; até 2000 m. Identificação: de 20 a 30 m de altura. Árvore; tronco esguio, ramos
flexíveis, sendo os jovens pendentes; casca lisa castanho-dourada e mais tarde branca e acetinada;
depois dos 20 anos, abre gretas e desprende-se em lacínias na base; folhas glabras, brilhantes e escuras
na página superior, triangulares ou romboidais, dentadas no ápice, com nervuras espaçadas, caindo a
partir de Outubro; amentilhos masculinos (Abril-Maio), amarelo-alaranjados e compridos, amentilhos
femininos pedunculados, curtos, com estigmas vermelhos, caducos na

maturação; aquénio pequeno e alado (a Cheiro levemente aromático e penetrant, Partes utilizadas:
gemas, casca e seiva (Pr mavera), folhas (Junho-Setembro).
O Componentes: saponósido, tanino, resin óleo essencial, heterósidos O Propriedade anti-séptico,
cicatrizante, colerético, depura] vo, diurético, estimulante, sudorífico. U. L, U. E. + V Ver: cabelo,
colesterol, cura de Primavera, da tro, edema, ferida, gota, intoxicação, litías obesidade, pele,
reumatismo, sarda, sudaçã tez, ureia.

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Bistorta

PolY,gonum bistorta L. Colubrina, serpentária-vermelha

Poligonáceas

A bistorta reconhece-se pelo caule simples e erecto, com nós bem marcados, típicos da família, e por
longas espigas de flores cor-de-rosa-pálidas. E uma planta vivaz em cujos maciços zumbem as
abelhas. Abunda, a partir de 500 m de altitude, nas valas, nas margens dos pegos e dos pâ ntanos, ao
longo dos rios e nos prados das montanhas. Procura os locais frescos e a sua própria presença indica a
humidade destes. A bistorta é culti~ vada nas hortas devido às suas folhas, de gosto ligeiramente
amargo, que são preparadas como os espinafres; porém, quando nascidas nos prados, o gado não as
aprecia. As sementes constituem um alimento para as aves de capoeira.

As virtudes da planta são reconhecidas desde o Renascimento. O rizoma é utilizado em medicina;


castanho e carnudo, muito difícil de arrancar, tem uma forma singular, sinuosa e, como indica o nome
da espécie, duas vezes torcida, pois bistorta é uma palavra formada pelo prefixo bis, duas vezes, e
torta, torcida. Antes da existência dos antibióticos, era utilizada como tónico preventivo e no
tratamento da tuberculose. Arrancar o rizoma, lavar, cortar em rodelas; secar rapidamente ao sol.

O Não deve estar em contacto com o ferro. Incompatível com a quina e a cola. Habitat: Europa,
excepto na região mediterrânica; próximo de Montalegre; de 500 a 2400 m. Identificação: de O,30 a 1
m de altura. Vivaz, caule simples, erecto, cilíndrico, estriado, nodoso, ligeiramente folhoso; folhas
basais verde-escuras e glabras na página superior, glaucas na inferior, grandes, oblongas ou
lanceoladas, limbo com bordos ásperos, decorrente sobre o pecíolo, as folhas superiores são sésseis e
invaginantes; flores cor-de-rosa-pálidas (Maio-Julho), em espiga terminal compacta, 5

divisões petalóides, 8 estames salientes, 3 es tiletes livres; aquénio trígono, castanho, liso; rizoma
carnudo, profundo, bitorcido, castanho na parte exterior, avermelhado na interior. Inodoro; sabor
ácido (folhas), amargo (rizoma). Partes utilizadas: rizoma (Outono).
O Componentes: tanino, glúcidos, vitamina C, ácido oxálico O Propriedades: acistringente,
antidiarreico, tónico, vulnerário. U. L, U. E. + o Ver: anginas, boca, diarreia, enurese, ferida
hemorragia, hemorroidas, leucorreia.
Bodelha *//* refazer esta

Fueus vesiculosus L.

Botelho, sargaço-vesiculoso, vareque-ve@

alga-vesiculosa, carvalho-rriarinhc carvalhinho-do-mar, botilhão-vesicul

Fucáceasp

Euma alga castanha das baixas pri des marítimas, extremamente abun( rochedos, onde a sua
acumulaçã vulgarmente de 15 a 20 cm de espe

Plínio descreveu a bodelha com de Quercus marina; era então utili2 as dores das articulações. Muito p(
século Xviii para o tratamento dos escrofulosos, da asma e das doença@ o seu uso é abandonado nos
inícios i

XIX, quando Courtois descobre o


1811. No entanto, em 1862, Duch parc apercebe-se de que a bodelha tc priedade de absorver as
gorduras. mento faz-se por meio de pílulas, su: primeiros sintomas de emagrecin cabo de 15 dias, por
meio de ba quais se adiciona um grande pur bodelha, ou ainda friccionando as z( das com um
punhado de bodelha 1 Fucus é arrancado aos rochedos pel cheias e de novo lançado sobre e
populações anglo-saxónicas do litor@ vam-no na alimentação, e os Fr como adubo.

Habitat: costas do Atlântico e da Mancha; frequente nas praias de toda a costa portuguesa.
Identificação: de O,10 a 1 m de altura. Alga castanha; talo achatado, foliáceo, regularmente
dicotómico, com pequenas vesículas repletas de ar dispostas ordinariamente aos pares e servindo de
flutuadores; talo fixo ao rochedo por um disco basiliar provido de rizóides; quando se agitam os
conceptáculos, situados nas extremidades dos talos, libertam uma mucosidade avermelhada ou
amarelada, os anterídeos, elementos masculinos, e as oosferas, elementos femininos: a fusão faz-se na

água, produzindo uma germinação im Cheiro marinho; sabor salgado, insípido, laginoso. Partes
utilizadas: talo inteiro (todo o an@ cagem ao sol.
O Componentes: iodo, bromo, sais mi aminoácidos, oligoelementos, vitaminas E, provitamina A O
Propriedades: depi. estimulante, laxativo. LI. I., U. E. + O Ver: arteriosclerose, banho, bácio, c
obesidade, obstipação, psoríase.
Bolsa-de-pastor

Capsella bursa pastoris Moench.

Erva-do-born-pastor

Crucíferas

A bolsa-de-pastor floresce ao longo de todo o ano em todo o Mundo, exceptuando as

regiões áridas. Conhecida desde tempos muito remotos, as suas qualidades foram mal definidas na
Antiguidade e na Idade Média. No século XVI, Mattioli resumiu o juízo da época nesta afirmação: é
um bom hemostático. No decorrer da 1 Guerra Mundial, a medicina oficial interessou-se
profundamente por esta planta, a fim de tentar substituir dois remédios clássicos: a cravagem do
centeio e o hidraste. H. Leclerc cita o caso de um pastor que curou uma jovem que sofria de
hemorragias uterinas, dando-lhe de hora a

hora uma colher de café de suco fresco de bolsa-de-pastor, o mesmo remédio com que tratava as
ovelhas.

O nome de bolsa-de-pastor deve-se à forma dos seus frutos, que se assemelham à bolsa dos pastores, e
Capsella deriva do latim e

significa pequeno cofre.

O Respeitar as doses. Habital: Europa; todos os terrenos não áridos, culturas, jardins, bermas dos
caminhos, muros velhos, terrenos baldios, entulhos e interstícios do pavimento das ruas em quase todo
o território de Portugal; até 2300 m. Identificação: de O,08 a O,50 m de altura. Anual, caule florífero
erecto, continuando a crescer durante a floração; folhas da base em roseta junto ao solo; as caulinares
quase inteiras, sésseis, amplexicaules; flores brancas (todo o ano, mesmo após a maturação dos frutos),
pequenas, em cacho pouco denso; silícula triangular. Inociora; sabor ligeiramente salgado. Partes
utilizadas: planta inteira sem a raiz, fresca ou seca (todo o ano).
O Componentes: saponósido, tanino, potássio, ácidos málico, acético, cítrico, fumárico, tiramina,
colina O Propriedades: acistringente, hemostático, tónico. U. L, LI. E. + o Ver: epistaxe, ferida,
hemorragia, menopausa,

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Bonina

Bellis perennis L. Margarida, margarita Bras.: mãe-de-família, margaridinha,

malmequer-branco

Compostas

Pequena e omnipresente mesmo em pastagens a grandes altitudes, a bonina floresce a partir da Páscoa,
muito antes das outras plantas e durante quase todo o ano. Apesar do seu pequeno porte e do seu
aspecto frágil, suporta facilmente frios intensos, até aos 170C negativos; durante a noite, ou quando
chove, pende e fecha-se; durante o dia segue o movimento do Sol, oferecendo-lhe os seus delicados
capítulos brancos com centro amarelo. 0 nome científico, tanto o genérico como o da espécie,
descreve bem esta viçosa planta espontânea e as suas numerosas variedades cultivadas pelo homem:
bela e graciosa, Bellis, e vivaz, perennis. Conhecida desde o Renascimento devido às suas virtudes
medicinais, a bonina foi votada ao ostracismo na Alemanha no século XVIII e sistematicamente
destruída, pois suspeitava-se, embora injustificadamente, dos seus efeitos abortivos. As flores e folhas
frescas esmagadas aliviam as dores provocadas por contusões e entorses. A medicina homeopática
utiliza, devido à sua acção tónica sobre a musculatura vascular, uma tintura preparada com a planta
florida. Em casos de insuficiência hepática, utiliza-se uma mistura de bonina, taráxaco e fumária. 0
chá de bonina, tomado três vezes por dia, entre as refeições, é óptimo para crianças débeis.

Habitat: Europa, bosques, taludes, relvados; frequente em Portugal; até 2400 m. Identificação: de 0,04
a 0,20 m de altura. Vivaz, caule subterrâneo; folhas em roseta basal, pecioladas, largas, espatuladas,
pouco e largamente serradas, com pêlos curtos e uma só nervura visível; flores amarelas e branco-
rosadas (todo o ano), em capítulos solitários, gamopétalas, receptáculo cónico com flores tubulosas
amarelas, rodeado por lígulas brancas matizadas de cor-de-rosa na página inferior, invólucro com
brácteas ovado-oblongas e bisseriadas; aquénio oval seco, marginado,

isento de papilho, em que os da periferia são ligeiramente pubescentes; toiça vivaz, com numerosos
rebentos. Sabor adocicado, tor- nando-se amargo. Inodora. Partes utilizadas: folhas, flores (todo o
ano).
0 Componentes: saponósido, óleo essencial, tanino, mucilagem, princípio amargo, ácidos orgânicos,
resina 0 Propriedades: anti-infiamatório, depurativo, diurético, expectorante, sudorífico, tónico,
vulnerário. U. L, U. E. + V o Ver: anginas, bronquite, edema, entorse, ferida, furúnculo, hipertensão,
icterícia, sarda, rim.
Borragem

Borrago officinalis L.

Borrage

Borragináceas

O facto de esta planta não ser citada em qualquer texto da Antiguidade levou os historiadores a admitir
que a borragem fora importada de África na Idade Média. Alguns autores atribuíram-lhe uma
etimologia árabe, de abou, pai, e rash, suor, devido ao

carácter sudorífico, das flores, mas esta fabulosa ideia não teve seguidores. Embora borragem proceda
da palavra latina borrago, a sua origem permanece uma incógnita.

Planta anual, forma enormes manchas que apresentam durante todo o Verão as suas ingénuas flores
azuis com estames escuros à beira dos caminhos, nos jardins abandonados, próximo de paredes velhas
ou em ruínas.

A borragem é um remédio de acção-suave, muito apreciado na medicina popular. Activa quando


fresca, deve colher-se apenas a quantidade necessária. As suas folhas podem ser ingeridas cruas em
salada ou cozidas em sopas; trituradas juntamente com agrião e taráxaco, produzem um sumo
depurativo excelente para a tez. Para aproveitar a acção calmante e emoliente das suas flores, fazem-se
excelentes infusões para tratar a incómoda tosse das bronquites.

O Todas as preparações devem ser filtradas a fim de eliminar os pêlos; quando seca, a planta perde as
suas propriedades. Habitat: Europa, escapada de jardins, terrenos incultos; frequente em quase todo o
País; até 1800 m, Identificação: de O,20 a O,60 m de altura. Anual; eriçada de pêlos, caule espesso,
peludo, ramificado; folhas alternas ásperas e enrugadas, as basais pecioladas, as superiores
amplexicaules; flores azuis (Maio- Setembro), ligeiramente pendentes, com 5 pétalas soldadas
dispostas em estrela, anteras em cone pontiagudo central cor de púrpura-escura,

agrupadas em inflorescência cimeira frouxa; carpelo castanho e obtuso. Cheiro pouco intenso; sabor a
pepino fresco. Partes utilizadas: flores, suco das folhas e dos caules (Junho-Agosto).
O Componentes: tanino, resina, mucilagem, saponósido, nitrato de potássio. O Propriedades:
depurativo, diurético, emoliente, laxativo, sudorífico. U. I., + v IN Ver: cura de Primavera, edema,
enfisema, febre, gota, gripe, herpes, litíase, reumatismo, rubéola, sudação, tez, tosse.
BugIossa

Anchusa officinalis L. Língua-de-vaca, oreaneta, borragern-bastarda,

erva-do-fígado, erva-sangue

Bras.: ancusa

Borragináceas

A palavra @<l3orragináceas+ sugere geralmente a @deia de plantas mais ou menos guarnecidas de


pêlos rígidos, corola em forma de tubo alargado nas extremidades e lobulado em que se distinguem
cinco pétalas e um cálice persistente que rodeia o fruto. As flores da bugIossa, ricas em néctar
melífero, assemelham-se às da borragem, sendo, no entanto, extensamente tubuladas e pubescentes. A
palavra *bugIossa+, de raiz grega, significa língua-de~vaca, aludindo assim à forma das folhas e à sua
rugosidade. Quando ainda não existiam corantes químicos, extraía-se da raiz da buglossa uma tinta
vermelha com a qual as mulheres pintavam o rosto. Deste facto deriva o nome de género Anchusa, da
palavra grega ankousa, corar.

Esta planta com caule subterrâneo propaga-se em solos calcários ou em terrenos incultos, nas bermas
dos caminhos ou nos entulhos, não se adaptando em altitudes. As suas folhas e flores possuem
propriedades sudoríficas e emolientes.

Habitat: Sul da Europa; é frequente no Sul e Centro de Portugal, nas searas, vinhas, olivais, terrenos
incultos; até 1800 m. Identificação: de 0,30 a 0,60 m de altura. Vivaz, áspera ao tacto, guarnecida de
pêlos rígidos; caules floríferos ramosos; folhas oval-alongadas, sendo as superiores sésseis e as
inferiores com ligeiro pecíolo; flores azuis (Junho-Agosto), cálice persistente, corola tubulosa do
mesmo comprimento do cálice; inflorescência escorpióide; carpelo negro, rugoso. Partes utilizadas:
folhas, flores (Junho-Julho); secar com cuidado.

0 Componentes: mucilagem, colina, nitrato de potássio, alantoína, vestígios de alcalóides o


Propriedades: béquico, depurativo, diuréticI, emoliente, laxativo, sudorífico. LI. 1. + v kV@ Ver: cura
de Primavera, diurese, gripe, nefrite. tez,tosse.
BTIGULA

Ajuga reptans L. Consolda-média, erva-de-são-lourenço, língua-de-boi,

erva-carocha

Labiadas

Esta pequena planta gozou de fama imerecida em relação às suas propriedades durante a Idade Média.
Com efeito, nessa época era conhecida por esta frase: *Quem tem a btigula e a sanícula diz adeus ao
cirurgião.+ Comparando este provérbio com os nomes ulgares, é fácil concluir que a btigula era

considerada como vulnerária e cicatrizante. De toda esta celebridade pouco resta actualmente. H.
Lecierc considera-a como *a mais deliberadamente inerte das plantas+.

Na verdade, a btigula é ligeiramente tónica, acistringente e vulnerária, propriedades compartilhadas


por todas as plantas que contêm tanino. Uma espécie próxima, a Ajuga genevensis L., diferencia-se da
btigula, Ajuga reptans L., por não possuir os estolhos compridos e estéreis fixados na base do caule.
Planta melífera, tem ainda a propriedade de tingir o algodão de castanho na presença de sulfato de
ferro.

Habitat: Europa; em Portugal, encontra-se nos locais húmidos, bosques de toda a região norte; até
2000 m. Identificação: de O,10 a O,30 m de altura. Vivaz, estolhosa, com caules glabrescentes
cilíndricos; caule florífico tetragonal, erecto, pubescente nas duas faces opostas, com alternância em
cada um dos nós, pouco folhoso; folhas oblongas, arredondadas no cimo e crenadas, sésseis, sendo as
inferiores pecioladas e em roseta; flores azuis (Abril-Julho), com lábio superior muito reduzido, sendo
o inferior trilobulado em

espiga interrompida na base, brácteas superiores azuladas, mais curtas que as flores. Partes utilizadas:
planta inteira sem a raiz (Abril-Julho).
O Componentes: tanino, saponósido, colina, heterósidos, sais minerais O Propriedades: acistringente,
tónico, vulnerário. LI. L, LI. E. + Ver: anginas, diarréia, ferida, hemorragia, leucorreia.
Buxo

Buxus sempervirens L.

Buxo-arbóreo

Buxáceas

O buxo, planta muito conhecida, tem desde a Antiguidade uma óptima reputação, quer como planta
ornamental, devido à sua bela folhagem persistente de cor verde-escura, quer pela sua madeira de fino
grão, que é utilizada na arte de gravar e no fabrico de objectos torneados.

As propriedades medicinais desta planta foram verificadas no século XII por Santa Hildegarda. No
Renascimento, era considerada como remédio para a calvície. Um autor da época citou o drama de
uma jovem camponesa cujo crânio se tornou calvo como um ovo; a aplicação da loçã o de buxo
devolveu-lhe a magnífica cabeleira, mas o rosto e o pescoço tornaram-se cabeludos como os de um
símio. No século XVIII, um charlatão de nacionalidade alemã monopolizou os tratamentos com buxo,
obtendo uma fortuna; José 11 comprou o seu segredo por 1500 fiorins e seguidamente divulgou-o, o
que provou o total descrédito desta terapêutica.

Em doses elevadas, as preparações adquirem um gosto desagradável e a planta torna-se tóxica não só
para o homem como também para alguns animais, como os camelos do Cáspio, que chegam a morrer
em consequência da sua avidez por esta planta.

O Utilizar com muitas precauções; não ultrapassar a dose prescrita. Habitat: Europa Central e
Meridional; charnecas e matagais de Trás-os-Montes, Estremadura e Alentejo, cultivado em todo o
País; até
1600 m. Identificação: de 1 a 6 m de altura. Arbusto de madeira dura, folhagem persistente; folhas
sésseis, inteiras, cerosas, brilhantes e verde-escuras na página superior, verde-claras na inferior; flores
amarelas (Março-Abril), pequenas, apétalas, pistiladas (a) ou estaminadas na axila das folhas; cápsula
(b) trivalve, explosiva,

com 6 sementes (c) pretas e brilhantes. Sabor muito amargo. Partes utilizadas: casca da raiz, folhas.
O Componentes: alcalóides, vitamina C O Propriedades: colerético, depurativo, febrífugo, laxativo,
sudorífico. U. I., U. E. + Ver: cabelo, cura de Primavera, epilepsia, febre, fígado.

102
PLANTAS ESPONTÂNEAS

CÁLAMO-AROMÁTICO

Acorus calamus L.

Cana-cheirosa, ácoro- verdadeiro, ácoro-cheiroso

Aráceas

Originário da Ásia, o cálamo-aromático foi introduzido na Europa Oriental no século XIII pelos
Tártaros, que o utilizavam para desinfectar a água que bebiam. O cálamo adaptou-se e propagou-se
seguidamente por toda a

Europa. É uma planta aquática semelhante à cana, como o indica o nome da espécie, calamus, que
deriva do grego kalamos, cana. O cálamo- aromático enraíza-se nos pegos ou nas margens das ribeiras
de correntes tranquilas. É uma planta bastante rara, não devendo ser destruída. Efectivamente, nos
climas europeus as sementes não conseguem atingir o

estado de maturação, pelo que a planta só pode reproduzir-se através das ramificações do seu rizoma.

O cheiro agradável do cálamo- aromático assemelha-se ao da tangerina, mas tem um sabor amargo e
picante. Em alguns países, o

cálamo-aromático é utilizado para aromatizar a cerveja e a aguardente; também se faz doce com o
rizoma. Crê-se que a planta afasta os percevejos e protege as peles de abafo. A sua

reputação medicinal é muito sólida, pois data dos mais remotos tempos e teve origem nos países mais
longínquos, desde o Japão à índia e à região siberiana.

O Em doses elevadas, o rizoma actua como emético. Habitat: Europa, pântanos, pegos, ribeiras; até
1000 m. Identificação: de O,50 a 1,50 m de altura. Vivaz, acaule; folhas que partem da toiça, em
forma de espada de dois gumes, compridas, estreitas, invaginantes, avermelhadas na face inferior;
flores esverdeadas (Maio-Agosto), muito pequenas, em espadice lateral, implantadas na base de wma
espata erecta semelhante a uma folha comprida, 6 estames e 1 estigma; cápsula pequena, em forma de
pirâmide

invertida; rizOma rastejante verde-acastanhado e articulado. Cheiro agradável, semelhante ao

da tangerina; sabor picante e muito amargo. Partes utilizadas: rizoma (Setembro-Outubro); de


conservação difícil, muito atacado por larvas.
O Componentes: amido, tanino, óleo essencial, heterósidos, colina, mucilagem, bases orgânicas, resina
O Propriedades: aperitivo, carminativo, emenagogo, estomáquico, hemostático, sedativo, sudorífico.
U.l., U.E. + O Ver: digestão, gengivas, gota, insectos, meteorismo, náusea, nervosismo, raquitismo,
vómito, voz.
Camomila

Matricaria chamomilla L.

Camomila-vulgar, camomil a-dos- alemães, camomila-alemã, margaça-das-bolicas, mançanilha

Compostas

De entre as diversas plantas vulgarmente designadas por macelas e camomilas, e como tal utilizadas
em farmacopeia familiar, são possiveis inúmeras confusões. Estas confusões não têm geralmente
consequências graves, se bem que a camomila vulgar seja mais activa que as suas afins, pelo que seria
lamentável substituí-la por outra. É fácil distingui-la devido a três características: as lígulas brancas
dos capítulos curvam-se para baixo no final da floração; o receptáculo é cônico, oco e desprovido de
brácteas entre as flores; as folhas são recortadas em finas lacínias. Muito divulgada em algumas
regiões da Europa, é uma planta das searas, das bermas dos caminhos e dos terrenos baldios. Na
Grécia, a camomila florescia abundantemente, distinguindo-se desde a Antiguidade pelo seu aroma
peculiar. É curioso verificar que as descobertas empíricas de Dioscórides sobre a acção emenagoga
desta pequena camomila foram confirmadas por trabalhos laboratoriais 19 séculos mais tarde. As
pessoas nervosas são susceptíveis de, ao ingeri-Ia mesmo em doses pouco elevadas, sentir uma
excitação generalizada e insônias.

O Só ingerir entre as refeições. Habitat: comum na Europa, campos, terrenos baldios, bermas dos
caminhos; espontânea no Centro do País e arredores de Lisboa, nas searas, campos cultivados e
bermas; até 160 m. identificação: de O,20 a O,50 m de altura. Anual, caule glabro, erecto, muito
ramificado; folhas verdes, bipenalissectas, em delicadas lacínias lineares, lisas na página superior;
flores brancas, amarelas no centro (Maio-Outubro), em capítulos pedunculados, tulbulosos no centro e
ligulados na periferia, sobre um receptáculo cónico e oco; aquénio arqueado e pequeno, com 5 costas e
encimado por uma coroa escariosa. Cheiro aromático e penetrante. Partes utilizadas: capítulos (Junho-
Julho).
O Componentes: óleo essencial com camazuleno, que se torna castanho com a luz, flavonóides,
cumarina, álcool, ácidos gordos, heterósidos, potássio, vitamina C O Propriedades: antálgico,
antiespasmódico, anti-infiamatório, anti-séptico, emenagogo, eupéptico, sedativo, tónico. U. I., Li. E.
Ver: boca, cabelo, cefaleia, ferida, gripe, insolação, menstruação, nevralgia, pele.
Canabrás

Heracleum sphondylium L. Brarica-ursina, esfondílio

Umbelíferas

Designado por variadíssimos nomes, o canabrás pode ser definido por cada um deles. Pelo nome do
género, a planta foi consagrada a Hércules numa evocação da sua robustez, da espessura do seu caule e
das suas folhas. O nome de espécie, sphondylium, que deriva de uma palavra grega que significa
vértebra, refere-se à solidez do seu caule, semelhante à de uma coluna vertebral. O nome vulgar de
branca-ursina por que também é conhecido, derivado do latim popular e do italiano, evoca a forma das
suas folhas, semelhantes a uma pata de urso. É uma das umbelíferas mais fáceis de identificar. Os
Polacos e os Siberianos fabricavam uma bebida ácida, o bartszcz, com semelhanças entre a cerveja e
um caldo, fervendo e seguidamente deixando fermentar as folhas e as sementes. Pouco usado
actualmente, mas muito famoso durante o Renascimento, em crises depressivas e nervosas o canabrás
continua a ser utilizado nos países escandinavos. H. Leclere, em 1926, ao descobrir as suas virtudes
excitantes, preparou a partir das suas sementes uma alcoolatura afrodisíaca. É, porém, necessário ter
cuidado durante a colheita com os pêlos eriçados que cobrem o caule da planta e provocam reacções
alérgicas.

O Evitar a exposição ao sol após o consumo da planta. Habitat: Europa, excepto na zona
mediterrânica, prados, bosques húmidos; em Portugal, pode encontrar-se em locais húmidos desde o
Minho ao Alto Alentejo; até 1700 m. Identificação: de O,50 a 1,50 m de altura. Vivaz, caule erecto,
rígido, canelado, oco, viloso; folhas verde-acinzentadas, grandes, recortadas em 5 a 9 segmentos,
crenados e serrados; flores brancas (Junho-Setembro), em umbelas com 12 a 40 raios, invólucros e
involucelos reduzidos, pétalas maiores na margem das

umbélulas; diaquénio plano, chanfrado no vértice. Cheiro a formigas; sabor acre, picante e irritante.
Partes utilizadas: raiz, folhas, frutos; secagem ao sol.
* Componentes: furocumarina, óleo essencial
* Propriedades: afrodisíaco, digestivo, emenagogo, estimulante, hipotensivo. U. 1. + o Ver: astenia,
digestão, frigidez, hipertensão, impotência, menstruação.

105
Cardo-corredor

Eryngium campestre L. Bras.: gravatá-do-carripo, croatá-falso, caraguatá

Umbelíferas

0 cardo-corredor é uma planta estranha, pois, sendo uma umbelífera, assemelha-se a um cardo com
umbelas brancas tão densas que mais parecem os capítulos das compostas. As brácteas rígidas, as
folhas espinhosas, a raiz profunda e comprida, a sua característica invasora e a tenacidade com que se

agarra aos solos despertam a inimizade dos agricultores.

Cardo rolante, cardo nómada, o cardo-corredor abandona, no Outono, os seus caules secos e leves ao
sabor do vento, que os transporta para colonizar outros solos. É uma planta vivaz, muito apreciada
pelos médicos da Antiguidade devido às suas múltiplas propriedades, de entre as quais apenas foram
conservadas pelos modernos as acções aperitiva e diurética, confirmadas ao longo dos séculos pela
experiência e mais tarde pela análise química das substâncias contidas nos seus tecidos.

0 cardo-corredor desempenha ainda um papel na alimentação, sendo também um condimento; dos


jovens rebentos fazem-se saladas; as folhas jovens, conservadas em vinagre, têm uma utilização
idêntica à do pepino e, conservadas em açúcar, são um manjar delicado. É muito pouco provável que o
cardo-corredor possua as características afrodisíacas que lhe são atribuídas.

Habitat: Europa, planícies incultas, solos calcários, arenosos e áridos; em quase todo o País, terrenos
secos e incultos; até 1500 m. Identificação: de 0,30 a 0,50 m de altura. Vivaz, caule erecto, robusto,
muito ramoso; folhas verde-esbranquiçadas, coriáceas, onduladas, as basilares com o pecí olo
comprido nu e os segmentos mais ou menos decorrentes fendidos ou partidos e dentado-espinhosos;
flores brancas (Julho-Setembro), sésseis, em capítulos pedunculados, ovóides, globosos, com
invólucro espinhoso, de 3 a 6 brácteas abertas e pontiagudas, cálice com dentes erec-

tos sobre o fruto, 5 pétalas chanfradas e 5 estames; diaquénio coberto de escamas pontiagudas; raiz
comprida e rastejante. Cheiro a aimíscar; sabor primeiramente adocicado e depois amargo e acre.
Partes utilizadas: folhas (Julho-Agosto) e raiz (Pri mavera- Outono).
0 Componentes: sais minerais (potássio, sódio e cálcio), óleo essencial, saponósido 0 Propriedades:
aperitivo, diurético, emenagogo. U. 1. + Ver: albuminúria, apetite, diurese, edema, icterícia, ureia.
Cardo-de-santa-maria

Silybum marianum Gaertn. Cardo-leiteiro, cardo-mariano

Compostas

Vagabundo da Europa, o cardo-de-santa-maria, originário das regiões mediterrânicas, atingiu, através


dos solos incultos e das bermas dos caminhos, as longínquas terras dinamarquesas. É uma planta
robusta, com capítulos cor de púrpura, bem defendida pelas brácteas do seu invólucro, curvadas em
espinhos aguçados. Segundo a lenda, as manchas leitosas que assinalam as folhas junto das nervuras
são vestígios de gotas de leite caídas do seio de Maria quando ocultava Jesus das perseguições de
Herodes.

Desde tempos muito remotos, a planta é conhecida nos meios rurais pelo seu valor alimentar; das
folhas jovens fazem-se saladas, e as raízes e os capítulos são preparados por cozedura em água; a
planta inteira triturada serve de alimentação ao gado, e as aves de capoeira apreciam imenso as suas
sementes. O e ardo- de- sant a-mari a, durante muito tempo preterido pelo cardo-santo, demonstrou
recentemente o seu efeito benéfico no aparelho cardiovascular e na função hepática. Admite-se ainda
que, ingerido oito dias antes de uma viagem, possui uma acção preventiva con a os enjoos de
transporte.

O Não usar as sementes sem indicação médica. Habitat: Europa Ocidental e Meridional, solos secos e
rochosos; frequente em quase todo o País, nos terrenos cultivados e incultos, sebes, entulhos, beira dos
caminhos; até 700 m. Identificação: de O,30 a 1,50 m de altura. Bienal, caule erecto e robusto; folhas
grandes, brilhantes, verdes com manchas brancas ao longo das nervuras, margens onduladas oriadas de
espinhos e cílios; flores cor de púrpura-violácea (Julho-Agosto), tulbulosas, em capítulos hemisféricos
solitários, com brácteas coriáceas

terminadas em espinho; aquénio preto, brilhante ou matizado de amarelo, encimado por um papilho de
pêlos denticulados; raiz aprumada e grossa. Inodoro; sabor a alcachofra. Partes utilizadas: folhas, raiz,
sementes; secar e malhar os capítulos.
O Componentes: óleo essencial, princípio amargo, histamina, silimarina, tiramina O Propriedades:
colagogo, colerético, diurético, hipertensor, tónico. U. 1. + o Ver: apetite, enjoo, fígado, hemorroidas,
hipotensão.
Cardo-estrelado

Centaurea calcitrapa L.

Calcatripa, calcitrapa

Bras.: abrolho

Compostas

Os capítulos cor-de-rosa desta planta possuem espinhos longos e fortes, capazes de causar incómodas
picadas aos passeantes que desprevenidamente se aproximam das pequenas moitas que este cardo
forma nos terrenos maninhos e nas bermas dos caminhos.

Os agricultores consideram-no, injustamente, uma planta indesejável; vive, pelo menos, dois anos,
podendo ser útil por várias razões. A raiz e as finas escamas do seu invólucro, com gosto semelhante
ao da alcachofra, são comestíveis; as folhas e as flores, com propriedades febrífugas e tó nicas, são
medicinais, e as sementes, diuréticas, podendo ser incluídas na preparação de um vinho que se obtém
pela maceração de 4 g de sementes por cada litro de vinho branco. A infusão das suas folhas
adicionam-se, com frequência, angélica, losna ou casca de salgueiro.

Habitat: frequente em quase todo o País, à beira dos caminhos, muros e terrenos incultos; até 1000 m.
Identificação: de 0,20 a 0,50 m de altura. Bienal; caule rígido, vigoroso, muito ramoso a partir da
base; folhas verde-acinzentadas, ligeira- mente vilosas, pendentes, rugosas, penatissectas; flores cor-
de-rosa-violáceo (Agosto-Setembro), tubulares, agrupadas em pequenos capítuios, subsésseis,
solitários e numerosos, dispostos em cimeira bípara; brácteas do invólucro providas de um comprido e
vigoroso espinho amarelo canaliculado e de 4 a 6 espínu-

Ias; aquénio esbranquiçado, glabro, marcado com pequenas linhas pretas; raiz robusta aprumada,
Sabor das flores e folhas amargo, raiz adocicada. Partes utilizadas: folhas, flores, fruto, suco (Agosto-
Setembro); raizes.
0 Componentes: princípios amargos, resina, goma, potássio 0 Propriedades: folhas e flores: aperitivas,
febrífugas, tónicas, vulnerárias; raiz e fruto: diuréticos. U. 1. + Ver: febre.
Cardo -pente ador-bravo

Dipsat us fullonum L.

Cardo-cardador

Dipsacáceas
O nome de cardo é vulgarmente atribuído às plantas com picos. O cardo-penteador inclui-se nesse
número. Esta planta possui grandes capítulos ovóides providos de brácteas com espinhos pontiagudos
e curvos: o caule e as nervuras das folhas são espinhosos. O seu nome científico deriva das palavras
gregas dipsan akeomai, mato a sede; as grandes folhas opostas que se soldam na base, formando um
pequeno reservatório de água das chuvas, justificam esta designação

A floração do cardo-penteador tem uma particularidade interessante: as suas pequenas flores cor de
malva surgem primeiro a meia altura do capítulo, abrindo-se em seguida, progressivamente, para cima
e para baixo, pelo que a floração nunca é simultânea.

Outrora, os receptáculos dos capítulos de uma espécie cultivada, Dipsacus sativus (L.) Honck, eram
utilizados para cardar, isto é, retirar o cardaço superficial dos tecidos e das lãs. Da utilização manual
passou-se depois à industrial em máquinas de cardar; o cardo-penteador, que apenas vive dois anos,
foi então cultivado intensamente.

Habitat: Europa Central e Meridional; em Portugal, Minho, Trás-os-Montes e Beiras, caminhos, valas,
terrenos incultos, solos argilosos; até 800 m. Identificação: de O,80 a 2 m de altura. Bienal, robusto,
armado em toda a parte aérea de acúleos curtos, ramoso; caules erectos, pungentes, terminados em
cabeças eriçadas, ovóides, com invólucro de folíolos compridos; folhas inteiras opostas, nervuras com
picos, soldadas à base pelo limbo, formando um recipiente que retém a chuva e o orvalho; flores cor
de maiva ou lilás (Julho-Agosto), curtas,

corola tulbulosa, 4 lóbulos, cálice muito reduzido; aquénio com 8 costas. Partes utilizadas: raiz (fim do
Verão); secar em fragmentos.
O Componentes: heterósidos, sais minerais O Propriedades: aperitivo, depurativo, diurético,
sudorífico. U. 1. + o Ver: acne, eczema, pele.
Cardo-santo

Cnicus benedictus L.

Bras.: Cardo-bento

Compostas

Este cardo muito popular, importado da índia, no século XV, para tentar curar as terríveis enxaquecas
de um imperador (Frederico 111 da Alemanha), possui uma estranha beleza que se revela nas enormes
folhas recortadas e espinhosas.

À primeira vista, pode confundir-se com a

açafroa, à qual se assemelha; porém, o suco da açafroa é vermelho, as folhas, brandas e espinhosas,
são mais pequenas, e as flores, douradas.

0 cardo-santo era outrora considerado *o refúgio dos doentes, o tesouro dos pobres, a panaceia dos
pais de família+. Olivier de Serres, agrônomo francês do século xvi, afirmava: *A semente do cardo-
santo, em pequena quantidade em vinho branco, fortifica a memória.+ E Shakespeare celebriza-o na
sua obra como calmante dos corações ansiosos. É ainda um excelente febrífugo e um anti-séptico para
uso externo.

A planta, colhida em botão, deve ser reunida em ramos e suspensa em cordas ao abrigo da luz e do pó.
As preparações são amargas e difíceis de beber; a mais aceitável é o vinho, do qual se pode tomar um
copo antes das refeições principais.

0 Não ultrapassar as doses indicadas; interromper o tratamento em caso de náuseas ou de irritação do


tubo digestivo. Habitat: Europa Mediterrânica; em Portugal, de Trás-os-Montes ao Alto Alentejo; até
1000 m. Identificação: de 0,10 a 0,60 m de altura. Anual, caule erecto e viloso; folhas verde-claras,
compridas, lobuladas; flores amarelas (Abril-Julho), em capítulos solitários, providos de folhas e
de brácteas externas foliáceas, sendo as interiores lanceoladas e amarelas, maiores que o capítulo e
terminadas em espinho; aquénio castanho com costas finas e en-

cimadas por um curto papilho; raiz branca e aprumada. Cheiro suave, pouco agradável, desaparecendo
com a secagem; sabor amargo. Partes utilizadas: sumidades floridas, folhas, caules descascados (no
princípio da floração); secar à sombra.
0 Componentes: princípio amargo, óleo essencial, mucilagem, sais minerais, tanino, vitamina B1 0
Propriedades: anti-séptico, digestivo, diurético, febrífugo, tónico. U. I., U. E. + Ver: apetite,
convalescença, digestão, febre, ferida.
Carlina

Carlina acaulis L.

Compostas

Só é possível encontrar esta planta ao nível do solo, pois a carlina não possui caule ou este mantém-se
no estado embrionário. Os capítulos são rodeados por uma auréola prateada constituída pelas brácteas
e enquadrados por folhas graciosamente recortadas e aderentes ao solo, que lhes conferem o seu
singular aspecto. Esta auréola permanece totalmente exposta ao sol quando o tempo está seco; porém,
ao entardecer, ou quando o tempo se torna húmido, as brácteas dobram-se em forma de tenda cónica
sobre o capítulo. Deste fenômeno deriva o hábito, nos meios rurais, de observar a carlina para fazer a
previsão do tempo, o que em adivinhação se denomina *botanomancia meteorológica+.

Esta planta foi tema das mais surpreendentes lendas: Carlos Magno, em algumas versões, ou Carlos V,
noutras, teria sido avisado por um anjo de que a carlina curaria da peste os seus exércitos. Admitia-se
então que a carlina transmitia uma força invencível, sendo utilizada em magia. Actualmente, apenas os
burros comem a planta sem a arrancar, e a raiz é ingerida pelos porcos.

Habitat: Europa Central e Mediterrânica, bosques pouco densos, rochedos, pastagens de montanha, de
preferência solos calcários; de
400 a 2000 m. Identificação: O,05 m de altura. Planta plurianual reduzida a um grande capítulo de 6 a
12 cm de diâmetro, incluindo as brácteas, praticamente acaule; folhas radiantes, extremamente
espinhosas; flores branco- esverdeadas ou prateadas (Julh o- Outubro); aquénio coberto de pêlos
amarelos prostrados, com papilho com o dobro do comprimento; raiz arruivada, espessa, com látex.
Raiz com cheiro repugnante.

Parte utilizada: raiz (Outono); secagem no forno.


O Componentes: óleo essencial, inulina, tanino, resina, substância antibiótica: o carlineno O
Propriedades: cicatrizante, colagogo, detersivo, diurético, estomáquico, sudorífico. U. L, U. E. + Ver:
acne, eczema, fígado, gripe.
CARVALHINHA
*//* FALTAM OS OUTROS NOMES
A carvalhinha deve o nome à semelhança das suas folhas com as do carvalho, sendo efectivamente
esta característica, já assinalada pelos povos antigos, que exclui qualquer confusão com outras espécies
do mesmo

género. A descoberta das suas propriedades é atribuída a Teucro, príncipe de Tróia.

Durante o Verão a carvalhinha cobre totalmente com as suas alegres flores cor de púrpura os montes
de entulho e as fendas dos velhos muros.

Os povos antigos já lhe atribuíam propriedades febrífugas e digestivas. Faz ] da composição de um


licor denomi, chartreuse, de vermutes e outros lic digestivos, aperitivos e tónicos. Existe vinho tónico
e depurativo, para ser ingi antes das principais refeições, obtido maceração, durante 8 dias, de 50 g de
c@

lhinha em 1 1 de vinho. Nas suas aplic-, medicinais a carvalhinha pode ser subs da pelo Teucrium
inarum L., com c mentolado, que cresce nos rochedos do ral de algumas ilhas mediterrânicas.

Habitat: Europa, encostas calcarias, relvados, solos áridos; terrenos áridos da faixa marítima entre os
cabos Mondego e Espichei; até 1500 m.

Identificação: de O,10 a O,30 m de altura. Vivaz, caule verde com estrias cor de violeta e

púrpura, prostrado e ascendente, delgado, lenhoso, ramoso e viloso; folhas muito verdes, coriáceas,
brilhantes na página superior, vilosas na inferior, ovais, nervadas, crenadas e

com pecíolos curtos; flores purpúreas ou cor-de-rosa (Maio- Setembro), agrupadas de 3 a 6 de um só


lado, na axila das folhas em cachos terminais, cálice avermelhado, campanulado,

viloso, corola sem lábio superior, lábio inferi, com 5 lóbulos e 4 estames salientes; fruto P piloso,
castanho; caule rastejante. Cheiro an

mático e suave; sabor acistringente e amarg Partes utilizadas: sumidades floridas, folh@ (Maio-
Setembro); secagem à sombra. o Componentes: tanino, óleo essencial, pri cípios amargos O
Propriedades: anti-séptic colerético, estomáquico, febrífugo, tónico, vi nerário. U. I., U. E. Ver:
aerofagia, apetite, digestão, úlcera.

112
Carvalhos

Quercus robur L. (sensu lato)

Carvalho-comum, carvalho-alvarinho, roble,

carvalheira

Fagáceas

Os botânicos confundiram durante muito tempo, sob a designação de carvalho, duas espécies
diferentes: o Quercus sessiliflora Salisti., com folhas brilhantes e pecioladas, com os frutos sésseis
aparentemente colados aos ramos, e o Quercus pedunculata Fhrh., cujas glandes se apresentam
suspensas de um longo pedúnculo e com folhas baças e

quase sésseis, como o que é representado na

gravura. O seu tempo de vida é de, pelo menos, 500 anos, atingindo por vezes os

2000; a casca é extremamente dura, pelo que o visco, parasita de mais de uma centena de árvores, só
com enorme dificuldade consegue penetrá-la.

Os seus ramos eram utilizados na Roma antiga para coroar os cidadãos como reconhecimento dos seus
méritos; houve épocas em que se fazia justiça sob a sua sombra. Mesmo na era do aço, a resistência da
sua madeira continua a merecer confiança e esta

a ser utilizada em construções que suportam grandes pesos, nomeadamente em travejamentos na


construção civil e em cascos de iates. Pertencem também ao género Quercus várias outras plantas
frequentes em Portugal, algumas produtoras de frutos comestíveis, designadas não só por carvalhos,
como o negral, Quercus toza Bosc., o português, Q. lusitanica Lam., o anão, ou carvalhiça, Q.
fruticosa Brot., mas também por sobreiro, Q. suber L., azinheira, Q. ilex L., e carrasqueiro, Q.
coccifera L., quase todos com propriedades terapêuticas e aplicações semelhantes.

O Evitar o contacto com os recipientes de ferro; não misturar com o sal de cozinha, com plantas que
contenham alcalóides ou com a alga-periada; utilizar a casca com prudência, pois é irritante para o
tubo digestivo. Habitat: Europa, com excepção das regiões mediterrânica e norte, colinas, florestas.
Identificação: de 35 a 40 m de altura. Árvore; tronco grosso, casca cinzento-acastanhada, escurecendo
com a idade, fendas limitando escamas quadradas; folhas glabras, verde-escuras e brilhantes na página
superior, mais claras na inferior, duras, obovadas com lóbulos

arredondados, caducas; amentilhos (Abril-Maio), sendo os masculinos agrupados, pendentes; cada


uma das flores femininas possui um invólucro escamoso (Abril-Maio); glande ovóide encerrada numa
cúpula escamosa. Partes utilizadas: casca dos ramos jovens (Primavera), folhas (Junho), giandes
(Outono).
O Componentes: tanino * Propriedades: adstringente, anti-séptico, febrífugo, tónico. U. L, U. E. + V
O Ver: alcoolismo, anginas, banho, cabelo, diarréia, epistaxe, frieira, gengivas, greta, hemorragia,
hemorróidas, intoxicação, leucorreia, sudação.

113
Castanheiro

Castanea saliva Miller

Castanheiro-comum

Fagáceas

Segundo se supõe, o castanheiro foi importado do Irão no século v a. C. Esta árvore propagou-se, por
meio de cultura, através de toda a Europa, aclimatando-se principalmente nas montanhas siliciosas e
em todos os locais onde as suas raízes encontraram um solo profundo e bem drenado, pois o solo
calcário é funesto para esta árvore. O seu crescimento é primeiro lento, acelerando-se em seguida, e a

árvore adquire, por volta dos 50 anos, o seu

porte definitivo. Se estiver isolado, o tronco mantém-se baixo, a copa expande-se e a frutificação tem
início aos 25 ou 30 anos. Se fizer parte de uma floresta, cresce impetuosamente e dá frutos aos 40 ou
60 anos. As castanhas, que surgem em grupos de duas ou

três no interior dos seus ouriços hirsutos, não devem ser confundidas com as castanhas-da-índia;
comem-se assadas ou cozidas e têm um grande valor nutritivo. Um castanheiro pode viver muitos anos
e em alguns casos

atingir 1000 anos de existência. Com o tempo, o tronco torna-se oco. Há alguns anos

existia ainda na Sicília, nas encostas do Etna, um castanheiro cujo tronco oco servia de abrigo a um
rebanho de ovelhas e que, segundo os camponeses, devia ter 4000 anos.

G A castanha é contra-indicada aos diabéticos. Habitat: Europa Meridional, bosques, montanhas; em


quase todo o País; até 1300 m. Identificaçã o: de 25 a 35 m de altura. Árvore, tronco maciço, madeira
dura, casca jovem lisa e cinzenta, mais tarde castanha e gretada; folhas pecioladas, compridas, de 10 a
25 cm, glabras, brilhantes, com nervação paralela; flores claras (Junho-Julho), perfumadas, dióicas;
amentilho masculino, erecto; flores masculinas com 5 a 6 divisões, 8 a 15 estames; flores femininas
inseridas na base dos amentilhos masculinos superiores, reunidas de 1 a 3

numa cúpula, cada uma com ovário com 6 1'culos e 7 a 9 estiletes, que evoluem em fruto (ouriço)
espinhoso que se abre por 2 a 4 valvas. Partes utilizadas: casca, folhas, amentilhos, frutos (Setembro-
Novembro). * Componentes: tanino (folhas, casca), glúcidos, lípidos, prótidos (fruto), sais minerais,
vitaminas B1, B2 e C * Propriedades: acistringente, estomáquico, remi neralizante, sedativo, tónico.
U. L, U. E. + V O Ver: astenia, cabelo, convalescença, desmineralização, diarreia, esterilidade,
faringite, tosse.
Castanheiro-da-Índia

Aesculus hippocastanum L.

Hipocastanáceas

Esta bela árvore, uma das primeiras a abrir as folhas e as flores na Primavera, é originária dos Balcãs,
e não da índia. Bachelier importou-a de Constantinopla, introduzindo-a em França em 1615. No
decorrer do século xviii, difundiu-se intensamente pelas avenidas e parques, onde alguns exemplares
têm actualmente mais de 250 anos de existência. É conhecido por hippocastanum, castanheiro-de-cav
alo, porque os Turcos davam a comer as suas castanhas aos cavalos com afecções pulmonares;
Aesculus é onome de um carvalho que produz glandes comestíveis. Apesar de ricas em amido, as
castanhas frescas, de onde é possível extrair um óleo para iluminação e um álcool, não Nau
comestíveis, devido ao seu intenso sabor amargo, apenas sendo apreciadas pelas cabras, porcos e
alguns peixes; porém, quando libertas do seu constituinte amargo, fornecem um amido muito
agradável. A farinha, obtida por moagem, é utilizada em cosmética, pois torna a pele brilhante, e a
polpa, no

fabrico de sabões. Misturado na água das regas, o pó de castanhas afasta as minhocas dos vasos de
flores. Da casca da árvore obtém-se uma tinta vermelha.

Habitat: Europa, parques, avenidas; em Portugal, também como planta ornamental; até 800 m

identificação: de 10 a 30 m de altura. Arvore de copa regular; tronco relativamente curto, por vezes
torcido, ramos principais geralmente horizontais; folhas opostas, com pecíolo comprido, palmadas,
com 5 a 7 folíolos oblongos e dentados; flores brancas manchadas de arnarelo e vermelho (Abril-
Maio), grandes, em cacho composto, único, erecto, cálice de 5 dentes desiguais, corola irregularmente
enrugada com

4 pétalas desiguais, 7 estames e 1 estilete saliente, ovário com 3 lóculos; cápsula com casca espinhosa
abrindo-se por 3 valvas que contêm 2 a 3 castanhas. Sabor amargo (castanhas). Partes utilizadas:
casca, sementes (Outubro); secagem ao sol. o Componentes: tanino, saponósidos, flavonóides,
heterósidos cumarínicos O Propriedades: acIstringente, anti-hemorrágico, anti-infiamatório,
vasoconstritor. U. I., U. E. + O Ver: acne rosácea, banho, circulação, febre, frieira, hemorróidas,
menopausa, obesidade, varizes.
Cavalinha

Equisetum arvense L.

Erva-carnuda, cauda-de-cavalo, cavalinha-dos-campos,

pinheirinha, rabo-de-asno, rabo-de-touro

Equisetáceas

Todaabiologia da cavalinha é surpreendente. Como os fetos e os licopódios, e por pertencer às


criptogâmicas vasculares, possui raízes, nã o tendo flores e, consequentemente, sementes. A
reprodução é assegurada por esporos contidos nos esporângios, situados na base de pequenos escudos
agrupados numa espécie de espiga terminal. Os próprios esporos são dotados pela Natureza de um
extraordinário sistema de propagação, pois o invólucro rasga-se em quatro faixas elásticas que, ao
deformarem-se por efeito do calor, provocam a dispersão dos esporos. Uma outra particularidade da
cavalinha é a sucessão na mesma planta de dois tipos de caules. Os primeiros, avermelhados e curtos,
sem clorofila, brotam no início da Primavera e apresentam na extremidade a espiga produtora de
esporos (estróbilo). Terminada a sua função, murcham e são substituídos por caules verdes canelados
muito ramificados, mais altos e divididos em segmentos separados por nós: são os caules estéreis,
única parte da planta que possui propriedades medicinais. Devem ser colhidos na Primavera e secos ao
sol ou no forno.

Habitat: Europa, bermas dos caminhos, solos siliciosos; Norte e Centro do País; até 2500 m.
Identificação: de 0,20 a 0,65 m de altura. Vivaz; sobre o mesmo rizoma em Março e Abril, caules
esporíferos de 10 a 25 cm, simples, avermelhados, com bainhas castanhas, frouxas, com 6 a 12 dentes,
apresentando uma espiga obionga amarelo-acastanhada que desaparece no Verão; em seguida, de Maio
a Julho, caules estéreis, verdes, sulcados, ocos, com verticilos de ramos delgados, simples, verde-
claros, com 4 ângulos, ásperos e articulados; esporângios agrupados sob as escamas em

forma de escudo da espiga; esporos providos de elatérios, filamentos que se desenrolam quando o ar
está seco; rizomas profundos, até 2 m. Partes utilizadas: caules estéreis.
0 Componentes: sais minerais (silício), heterósidos, tanino, ácidos orgânicos, princípio amargo 0
Propriedades: acistringente, cicatrizante, diurético, hemostático, remi neralizante. U. I., U. E. + V kvj
Ver: aerofagia, afta, albuminúria, banho, cistite, dentes, desmineralização, epistaxe, estrias cutâneas,
fractura, hemorragia, litíase, menstruação, panarício, pé, sudação, unha.
celidÓnia

Chelidonium majus L.

Erva-andorinha, erva- da s- verrugas, quelidónia, quelidónia-maior, grande-quelidónia, ceruda

Bras.: celidónia-maior

Papaveráceas

O género Chelidonium L. tem apenas uma espécie, que é a da celidónia, que cresce nas paredes
velhas. O nome deriva da palavra grega chelidón, andorinha, pois a planta floresce na época da sua
migração. É uma planta vivaz que se desenvolve nas paredes, nos

entulhos e nos solos frescos. Nos meios rurais, todas as crianças a conhecem, designando-a por erva-
das-verrugas, porque o seu suco faz desaparecer estas excrescências tão eficazmente como o poderoso
azoto líquido, utilizado pelos dermatologistas, se

bem que mais lentamente. A celidónia já era

conhecida dos médicos da Antiguidade, que a consideravam salutar para as doenças dos olhos. Foi
muito utilizada na Idade Média, pois os alquimistas julgavam-na um dom do céu, coeli donum.
Contudo, a planta não é inofensiva. Pertence à família das dormideiras e contém, como estas,
alcalóides tóxicos, pelo que é absolutamente desaconselhável ingerir a planta, fresca ou seca, excepto
por prescrição médica. Os homeopatas utilizam a raiz. O seu suco cáustico, ao queimar a verruga ou o
calo, pode atingir a

epiderme que o rodeia, pelo que não deve ser aplicado em chagas.

O Não utilizar para uso interno, excepto por prescrição médica. Habitat: Europa, muros, entulhos,
sebes, locais sombrios; do Minho ao Algarve, nos muros, sebes e caminhos; até 1500 m

Identificação: de O,20 a 1 m de altura. Vivaz, caule ramoso cilíndrico. viloso, frágil, quebradiço,
nodoso, suco leitoso amarelo-alaranjado; folhas penadas, lobadas como as do carvalho, verde-claras na
página superior, glaucas na inferior, moles; flores amarelo-douradas (Maio-Setembro), 4 pétalas em
volta do botão e

depois dispostas em cruz, agrupadas em umbelas paucifioras, com numerosos estames, 2 sépalas
amarelas caducas; síliqua estreita (3 a
4 cm), abrindo-se de baixo para cima; rizoma grosso e numerosos caules. Cheiro nauseabundo; sabor
acre e amargo. Partes utilizadas: folhas, raiz, látex fresco (antes da floração); a raiz escurece no
decorrer da secagem.
O Componentes: 10 alcalóides, saponósido, pigmento O Propriedades: antiespas módico, cáustico,
colerético, hipotensor, purgativo. U. I., U. E. + Ver: calo, calosidade, verruga.
Cenoura-brava

Daucus carota L.

Umbelíferas

As Umbelíferas constituem uma família complexa, pelo que são possíveis algumas confusões. A
cenoura-brava é fácil de distinguir devido à mancha cor de púrpura que surge no centro das flores
brancas, dispostas em umbela rodeada de brácteas. Esta flor central cor de púrpura impede que seja
con-

fundida com a perigosa cicuta-menor Aethusa cynapium L. Após a fecundação das flores, quando os
frutos ovais eriçados de acúleos amadurecem, os raios das umbelas fecham-se em forma de ninho de
ave. A raiz, branca, lenhosa, com cheiro desagradável e

sabor acre, nada tem de comum com a da cenoura cultivada, que se tornou comestível após um lento
processo de aperfeiçoamento da espécie brava. Os povos antigos conheciam bem a cenoura e as suas
virtudes diuréticas, atribuindo-lhe também propriedades de excitante; a palavra daucus deriva de
daukos, nome dado pelos Gregos a algumas umbelíferas, que por sua vez parece derivar de daiô, eu
excito. Plínio qualificou a sua raiz de pastinaca gaffica, alimento dos Gauleses, mas só na Idade Média
foi considerada hortaliça comestível.

Habitat: Europa; em Portugal, em terrenos cultivados e baldios, excepto a grandes altitudes.


Identificação: de 0,30 a 0,80 m de altura. Bienal, caule erecto; ramificado; folhas muito divididas,
moles, mais compridas na base; flores brancas (Maio-Outubro), agrupadas em umbela, uma pequena
flor estéril cor de púrpura-escura sem estames nem pistilo no centro, invólucro com brácteas
compridas e profundamente divididas; fruto com costas providas de picos assovelados; raiz aprumada
fina, pouco corada. Cheiro pouco agradável (raiz). Partes utilizadas: raiz (fim do Verão), semen-

tes na maturação, folhas frescas.


0 Componentes: sais minerais, pectina, glúcidos, provitamina A, vitaminas B e C 0 Proprie~ dades:
antidiarreico, carminativo, diurético, emenagogo, galactagogo, hipoglicemiante, remineralizante. U. L,
U. E. Ver: cólica, eczema, furúnculo, menstruação, meteorismo, prurido, queimadura.
Cerejeira

Prunus avium L.

Cerdeira

Rosáceas

A partir da cerejeira tem sido possível obter por selecção e enxerto numerosas variedades. Cresce
espontaneamente nos bosques, pode atingir 20 m de altura e viver 300 anos. As suas flores são
melíferas e as pequenas cerejas negras podem ser ingeridas cruas, em geléia ou em doce; quando
destiladas, utilizam-se no fabrico do kirsch. Se esta bebida alcoólica é natural, contém uma pequena
quantidade de ácido cianídrico, pelo que não é tóxica em doses usuais. A sua madeira é utilizada pelos
marceneiros e os torneiros; porém, a madeira clara, geralmente conhecida como madeira de cerejeira,
utilizada no fabrico de mobiliário rústico, é, na realidade, a madeira de uma outra espécie, Prunus
mahaleb L. A casca, as folhas e as flores foram utilizadas em medicina doméstica, mas apenas os
pedúnculos dos frutos conservaram até aos nossos dias a sua reputação de diuréticos. A cerejeira é
denominada em algumas regiões c erej eira- brava; supôs-se durante muito tempo que a árvore era
originária da Ásia Menor, mas numerosos factos demonstram a sua origem européia: efectivamente,
têm sido encontrados em diversas estações neolíticas ocidentais alguns caroços intactos.

Habitat: Europa, excepto no extremo norte; florestas, sebes, colinas; O Prunus avium var. silvestris
(cerejei ra- brava) pode encontrar-se no Gerês, onde o fruto recebe o nome de agriota, e a variedade
duracina (cerejeira-bical) é cultivada em várias regiões do País; até 1700 m. Identificação: de 10 a 20
m de altura. Árvore; tronco com casca acetinada, de cor castanho-brilhante, que se fragmenta em
lacínias horizontais; folhagem pouco densa, ramos erectos; folhas verdes, baças, pubescentes na
página inferior, serradas, elípticas, com pecíolos munidos de glândulas no cimo; flores brancas

(/Abril-Maio), pedunculadas, em cimeiras umbeliformes, 5 sépalas, 5 pétalas; drupa pequena


vermelha, tornando-se depois preta, monospérmica; raiz desprovida de rebentões. Inodora; sabor doce,
ligeiramente amargo. Partes utilizadas: frutos, suco, peclúnculo dos frutos (Junho-Julho); secagem à
sombra.
O Componentes: ácidos orgânicos, tanino, enzima, provitamina A O Propriedades: diurético, laxativo,
refrescante. U. 1. Ver: artrite, digestão, gota, obesidade, obstipaçao.

119
Cersefi -bastardo

Tragopogon pratensis L.

Compostas

O cersefi-bastardo reconhece-se nos solos húmidos pelas suas folhas compridas e estreitas, cujas bases
rodeiam o caule, e pelas suas flores amarelas, que se abrem de manhã e se fecham à tarde. Era
indubitavelmente conhecido pelos povos antigos, pois a sua raiz está representada num fresco de
Pompeia; os Italianos foram os pioneiros da utilização da sua raiz castanho-clara na alimentação,
tendo-lhe atribuído o nome de sassefrica, isto é, a que roça as pedras, pois a planta cresce nos solos
pedregosos. A cultura do cersefi-bastardo data, sem dúvida, de 1500. No século XVII, Olivier de
Serre, ministro do rei Henrique IV de França, distingue-a com o nome de sersifi. A planta não teve
sucesso como legume comestível, sendo rapidamente substituída pela escorcioneira, Scorzonera
hisparrica L. O cersefi-bastardo é uma planta depurativa, diurética e

sudorífica. A sua raiz faz parte de inúmeras e deliciosas receitas culinárias; a água da cozedura deve
ser aproveitada, pois é uma

excelente base para sopa ou bebidas. O gosto das suas folhas preparadas em salada assemelha-se ao da
endívida ou ao da chicória.

O Não usar as sementes. Habitat: Europa, prados húmidos, bermas dos caminhos; com o nome de
cersefi, ou de barba-de-bode, ou barba-de-cabra cultiva-se em Portugal o Tragopogon porrifoluis L.;
até 2000 m. Identificação: de O,30 a O,80 m de altura. Bienal, caule erecto, simples ou ramificado e
glabro; folhas ascendentes ao longo do caule, estreitas, amplexicaules, mais ou menos dilatadas na
base, muito pontiagudas; flores amarelas (Maio-Julho), liguladas, em capítulos solitários sobre
pedúnculos, ligeiramente dilatados sob o invólucro, invólucro com compridas brácteas dispostas numa
fila; aquénio praticamente liso, encimado por um papilho plumoso; raiz principal aprumada,
fusiforme, grossa, casta- nho-clara e látex branco. Inodoro; sabor agradável, ligeiramente amargo.
Partes utilizadas: folhas, raiz, suco.
O Componentes: glúcidos, prótidos, lípidos, celulose O Propriedades: depurativo, diurético,
sudorífico. U. L, U. E. V o Ver: astenia, crescimento, fígado, gota, pele, reumatismo, verruga.
PLANTAS ESPONTÂNEAS

Choupo-negro

Populus nigra L. Álaino-negro, olmo-negro, álamo-líbico

Salicáceas

Supõe-se que muitas pessoas conhecem o


longilíneo choupo-da-itália, Populus italica Moench, tradicionalmente plantado em alguns países
quando nasce uma rapariga para lhe assegurar um dote. O mesmo não sucede talvez com o choupo-
negro, que se aclimata à beira de água, atingindo cerca de 30 m de altura, projecta os primeiros ramos
para baixo e abre a ramagem para poder captar bastante luz. Planta dióica, pelo que existem pés
masculinos e femininos, pode viver 300 anos. A sua utilização remonta à Antiguidade; a casca dos
ramos jovens, pulverizada e misturada com a do carvalho e a do salgueiro-branco, constitui um
excelente febrífugo, sendo, porém, as suas gemas, colhidas antes do desabrochar, no início dh-
Primavera, que têm maior número de aplicações. A madeira, da qual se obtém um carvão vegetal, é
também utilizada na indústria de marcenaria e no fabrico de papel, nas indústrias de fabricação de
celulose e de fósforos. O choupo-negro é, porém, uma árvore frágil, exposta a enfermidades
provocadas pelo visco, por diversos cogumelos e por certos insectos que escavam galerias no interior
do tronco e

nos ramos. Habitat: Europa, planícies, solos húmidos; encontra-se, quer espontâneo, quer cultivado,
em quase todo o País; até 1800 m. Identificação: de 20 a 30 m de altura. Árvore; tronco grosso,
ramagem esguia, irregular e aberta, casca gretada longitudinalmente, ge- mas ovóides, curvas, com
escamas viscosas e glabras; folhas alternas, pecioladas, glabras, brilhantes, mais claras na página
inferior, delicadamente crenadas e limbo triangular; amentilhos (Março-Abril), dióicos, pendentes,
tendo os masculinos estames vermelhos, 1 bráctea, e os femininos esverdeados, 1 bráctea; cápsuIa com
2 valvas, pequenas sementes com finos pêlos brancos. Cheiro baisâmico; sabor agridoce. Partes
utilizadas: gemas (Março-Abril), casca dos ramos com 2 ou 3 anos; secagem ao sol sobre caniços ou
num local arejado.
O Componentes: heterósidos, tanino, cera, óleo essencial, derivados flavónicos O Propriedades: anti-
séptico, digestivo, diurético, expectorante, febrífugo, sudorífico, tónico, vulnerário. U. L, U. E. + V O
Ver: bronquite, cabelo, dentes, fadiga, febre, greta, intoxicação, meteorismo, nevralgia, reumatismo,
urina.

121
Cinco-em-rama

Potentilla reptans L. Potentila, quinquefólio

Bras.: cinco-folhas

Rosáceas

A pentaphy11on dos discípulos de Hipócrates e de Dioscórides era, sem dúvida, o vivaz cinco-ern-
rama; esta erva daninha, inva-

sora e persistente, cobre os taludes e os canteiros mal protegidos com a teia consolidada dos seus
caules vermelhos. Muito vulgar, encontra-se em toda a Europa, tendo prati-

ente colonizado o Mundo. Esta planta é considerada pelos botânicos do tipo 5, ou seja o calículo tem 5
divisões mais compridas que as 5 sépalas do cálice e a corola é constituída por 5 pétalas amarelo-
claras. As folhas são também recortadas em 5 folíolos ovais e alongados. As flores persistem durante
todo o Verão, por vezes até ao Outono, e pressagiam a chuva abrindo as pétalas.

Os fitoterapeutas utilizam sobretudo a raiz da planta, que pode ser colhida em qualquer estação do ano
e utilizada fresca ou seca, indiscriminadamente para uso interno ou externo. É um excelente remédio,
dotado de propriedades adstringentes, podendo ser

associado à bistorta ou ao cardo-santo. A raiz, pulverizada e misturada com a gema de um ovo fresco
até adquirir a consistência de

uma massa e seguidamente aplicada sobre um panarício, pode obstar ao seu desenvolvimento.

0 Não preparar ou conservar em recipientes de ferro. Habitat: Europa, solos ricos; pode encontrar-se
de norte a sul de Portugal, nos prados, locais húmidos e margens dos rios; até 1700 m. Identificação:
até 1 m de altura. Vivaz, caule prostrado, radicante, delgado, viloso, por vezes avermelhado; folhas
longamente pecioladas, com 5 folíolos ovados ou lanceolados, ligeiramente vilosos, serrados, estipulas
inteiras ou com 2 dentes; flores amarelo-claras (Junho-Outubro), solitárias, pedunculadas, grandes,
cálice com 5 sépalas, calículos com 5 grandes

lóbulos, 5 grandes pétalas cordiformes, numerosos estames, numerosos carpelos uniovulados; rizoma
lenhoso, prostrado, castanho-escuro, radicante nos nós; raiz avermelhada em corte. Sabor azedo e
acistringente. Partes utilizadas: rizoma, raiz (Outono); secagem à sombra.
0 Componentes: tanino, álcool (tormentol), glúcidos 0 Propriedades: adstringente, depurativo,
febrífugo. U. L, LI. E. 0 Ver: afta, diarreia, febre, ferida, panarício.
Cinoglossa

Cy,noglossum officinale L.

Língua-de-cão

Borragináceas

Todas as cinoglossas possuem folhas moles, macias e compridas, às quais devem o nome de género;
efectivamente, Cynoglossum deriva das palavras gregas kuón, cão, e glótta, língua. A cinoglossa
distingue-se das espécies afins pelas suas cimeiras de flores cor de borras de vinho e pelos seus frutos
unilaterais providos de espinhos recurvados. É uma planta bienal muito pouco comum e

mesmo rara em alguns locais; cresce nos entulhos, baldios e frequentemente próximo das tocas dos
coelhos e das raposas, que não se interessam por ela, embora não pareça ser

tóxica para eles.

A cinoglossa era conhecida na Antiguidade; no século xvi, Ambroise Paré utilizava-a já como sedativo
sob a forma de pílulas cuja utilização desafiou o tempo, pois contêm, além da cinoglossa, ópio,
meimendro-negro, açafrão, incenso e mirra.

Actualmente, a planta é vulgarmente utilizada para uso externo, devido às suas propriedades
adstringentes, calmantes e emolientes. A raiz é utilizada fresca ou seca, e as folhas recentemente
colhidas servem para preparar uma cataplasma que acalma as dores de queimaduras e de cieiro.

Habitat: Europa, excepto no litoral mediterrânico; Centro e Sul de Portugal, terrenos incultos e
cultivados, margens dos campos e caminhos, terrenos calcários, baldios, muros; até 2000 m.
Identificação: de O,30 a O,80 m de altura. Bienal, caule vigoroso, piloso, verde, ramificado na parte
superior; folhas cinzento-esverdeadas, compridas, macias, pilosas, sendo as inferiores ovais, grandes,
pecioladas, com nervuras secundárias distintas, e as superiores lanceoladas, semiamplexicaules; flores
vermelhas cor de vinho (Maio-Julho), em cimeira espiralada, pedicelos curtos, cálice piloso com 5
divisões iguais, corola com tubo curto de 5 lóbulos; tetraquénio coberto de espinhos curtos e
recurvados; raiz preta, alongada e dura. Cheiro viroso; sabor fraco e depois amargo. Partes utilizadas:
raiz (Outono do segundo ano), folhas frescas; secagem rápida, conservação em frascos de vidro
hermeticamente fechados.
O Componentes: 2 alcalóides, mucilagem, resina, tanino, óleo essencial O Propriedades: adstringente,
calmante, emoliente. U. L, LI. E. + Ver: boca, diarréia, greta, prurido, queimadura.
Cocleária

CochIearia officinalis L. Cocleária-maior, cocleária-oficinal, erva-das-colheres

Crucíferas

Ao observar as folhas inferiores da cocleária, os botânicos do século Xvi estabeleceram o seu nome
científico a partir da palavra latina cochIear, colher. Supõe-se que a planta não foi utilizada antes dessa
época, não sendo possivelmente conhecida. E, no entanto, uma crucífera bastante difundida nas costas
europeias e nas margens dos regatos de montanha, escondida no fundo dos ro-

chedos, onde, a partir de Março, se cobre de flores brancas, apesar dos aguaceiros e das rajadas de
vento frio. Conhecem-se e utilizam-se várias espécies, que apenas se distinguem por pequeníssimas
características botãnicas. Os fitoterapeutas utilizam as partes aéreas da cocleária, sendo necessário
colher diariamente a quantidade necessária, pois só devem ser consumidas frescas. 0 processo mais
simples é mastigar todas as

manhãs uma folha de cocleária; também pode ser preparada em saladas, temperada com sumo de
limão. A planta pode causar

surpresas, pois, quando amachucada, exala um cheiro intenso que provoca lágrimas e espirros.

Habitat: Europa Ocidental, costas rochosas do Atlântico e da Mancha, margens dos cursos de água de
montanha, Pirenéus; até 1800 m. Identificação: de 0,10 a 0,25 m de altura. Bienal, caule erecto,
glabro, ramoso; folhas verde-escuras, carnudas, lisas, brilhantes, sendo as inferiores cordiformes,
extensamente pecioladas, as da base em roseta e as superiores amplexicaules, com lóbulos irregulares;
flores brancas ou cor-de-rosa (Março-Agosto), em cachos terminais curtos, 4 sépalas verdes, 4 pétalas
em cruz, 6 estames, ovário globoso; silícula ovóide, quase esférica; raiz fina. Cheiro

irritante; sabor ardente, picante e acre. Partes utilizadas: planta inteira fresca (Março-Agosto).
0 Componentes: iodo, sais minerais, tanino, vitamina C, heterósido sulfurado 0 Propriedades:
antiescorbútico, depurativo, detersivo, estomáquico, eupéptico, rubificante. U. L, U. E. + Ver: boca,
dentes, digestão, escorbuto, úlcera cutânea.
124
Codesso-bastardo

Laburnum anagyroides Med. Codesso-dos-alpes, laburno, falso-ébano

Leguminosas

Os queijos outrora fabricados com o leite das cabras da ilha grega de Kithnos eram famosos pelo seu
aroma e pela delicadeza do seu sabor, devidos, segundo se afirmava, aos codessos que abundavam na
ilha. Se bem que não haja a certeza de que o codesso celebrizado pelos Antigos corresponda ao actual
codesso-dos-alpes, as cabras e os carneiros são sempre atraídos por ele, enquanto para outros animais,
como os cavalos, que não o apreciam, é um veneno; a casca, as flores e as sementes são também
perigosas para o homem. É necessário tomar precauções, pois o codesso, além de não ser raro na
forma espontânea, é frequentemente cultivado nos jardins pela sua beleza e o seu perfume. As
crianças, naturalmente destituídas do saber instintivo dos animais, confundem por vezes um ramo
caído com um pau de alcaçuz; os adultos, por falta de atenção, não distinguem as suas flores depois de
caídas das da giesteira-das-vassouras. Apenas as folhas secas são utilizadas em fitoterapia, embora
com prudência, devido à sua acção sobre a vesícula biliar. Os médicos homeopatas receitam ainda o
codesso para certos estados depressivos, sob a forma de uma tintura preparada a partir das flores e
folhas frescas.

O Deve utilizar-se com prudência; toda a planta é venenosa, nomeadamente as sementes, a casca e a
raiz. Habitat: Europa Central e Meridional, solos calcários; até 2000 m. Identificação: de 3 a 10 m de
altura. Arbusto; casca lisa, cinzento-esverdeada, lenho claro, tornando-se acastanhado com o tempo;
ramos pendentes; folhas alternas com 3 folíolos peciolados, ovais, pontiagudos, verde-escuros na
página superior, verde-glaucos e pilosos na inferior; flores amarelo-douradas (Abril-Junho), em cachos
multifioros pendentes, cálice campanulado e com 5 dentes desiguais, corola papilionácea com
estandarte levantado, 2 pétalas inferiores soldadas, curvadas em bico, 2 pétalas laterais compridas, 10
estames soldados pela base do filete; vagem castanha (5 a 6 cm), com a margem superior espessada
contendo entre
2 e 7 sementes castanho-escuras. Cheiro suave; sabor adocicado. Partes utilizadas: folhas secas da
árvore adulta.
O Componentes: alcalóides, sais minerais O Propriedades: colagogo, purgativo. U. 1. + Ver: vesícula
biliar.

125
Coffitea

Colutea arborescens L.

Espanta-lobos, sene-bastardo, falso-sene

Bras.: cliantos

Leguminosas

Quando se evocam recordações da infância, não deixará de pensar-se no estalido entre os dedos
produzido pelas vagens ventrudas e
cheias de ar do espanta-lobos. Entre as espécies de Colutea, é a arborescens, como indica o nome, a
que atinge maior altura, 4-5 m.

Nos meios rurais, a sua madeira é utilizada para fabricar cabos de ferramentas. A colútea é um belo
arbusto muito decorativo devido às suas flores amarelas, às suas vagens, que ao amadurecer passam da
cor verde para o avermelhado, e às suas folhas compostas. Prefere os solos calcários expostos ao sol e
cresce espontaneamente na Europa Central e Meridional.

A colútea não é mencionada nem na Antiguidade nem na Idade Média. Só em 1554 o botânico
Mattioli chama a atenção pela primeira vez para as suas virtudes. E difícil aproveitar os benefícios
desta planta, pois as tisanas de folhas e sementes são difíceis de beber devido ao seu cheiro
nauseabundo e sabor amargo. Para evitar este inconveniente, os médicos receitam o extracto da planta
ou o pó da semente misturado com mel. A sua acção é relativamente fraca, pelo que pode ser
facilmente substituída por outras plantas.

O Ingerir as sementes unicamente por receita médica. Habitat: Europa Central e Meridional; em
Portugal, nos terrenos áridos, encostas calcarias, bosques expostos ao sol do Sul, proximidade de
jardins e parques; pode encontrar-se espontânea ou como planta ornamental; até 1500 m.

Identificação: de 1 a 5 m de altura. Arbusto; caule erecto; folhas imparipinuladas, baças, estipuladas;


flores amarelas (Maio-Julho), em cachos, de 2 a 6 na extremidade de um pedúnculo comum, cálice
curto com 5 dentes desiguais; vagem vesiculosa; quando amadurece,

enche-se de ar contendo 2% de dióxido de carbono, pequenas sementes lisas. Cheiro nauseabundo;


sabor amargo. Partes utilizadas: folhas, sementes (só com receita médica).
O Componentes: tanino, óleo essencial, ácido coluteico, sais minerais, vitamina C O Propriedades:
laxativo. U. 1. Ver: obstipação.

126
PLANTAS ESPONTÂNEAS

Conchelos

Umbilicus rupestris (Salisbury) Dandy Sombreirinho-dos-telhados, umbigo-de-vénus, orelha- de-


monge, chapéu-dos-telhados, cauxilhos,

coucelos

Crassuláceas

Esta curiosa planta cresce em paredes velhas e em escarpas siliciosas e ensolaradas, onde pode
constituir povoamentos bastante densos. O nome de Umbilicus, ou umbigo-de-vénus, advém-lhe do
aspecto singular das folhas, que partem todas da base e cujo pecíolo se prende ao limbo pelo centro da
face inferior. A folha apresenta-se encovada e

em forma de cratera, assemelhando-se a um

umbigo. O caule, erecto, é guarnecido em

quase todo o seu comprimento por flores e botões pendentes formando longos cachos branco-
amarelados; as flores, antes de desabrocharem, sã o horizontais; terminada a antese, ficam pendentes.
A planta perpetua-se mais pelos rebentos da raiz engrossada em tubérculo do que pelas sementes. Já
utilizados como diurético, os conchelos revelaram-se no

século xix, segundo os autores da época, eficazes para certos casos de epilepsia rebeldes a outros
tratamentos. Actualmente, a planta só é indicada para uso externo em feridas.

Habitat: Europa Meridional, Grã-Bretanha, paredes velhas, escarpas abruptas, fendas de rochas; muito
vulgar em Portugal, nos muros, telhados e cascas de árvores; até 500 m. Identificação: de O,15 a O,50
m de altura. Vivaz, planta suculenta, escapo floral praticamente sem folhas; folhas carnudas na base e
extensamente pecioladas, peltadas, redondas, deprimidas, formando uma cratera central; flores branco-
brilhantes ou avermelhadas (Maio-Julho), pendentes, peclúnculo curto, em longa espiga terminal,
corola em tubo alongado com
5 dentes e 10 estames; toiça espessa, em tubérculo, perpetuando a planta através dos rebentos.
Inodoro. Partes utilizadas: folhas frescas, suco.
O Componentes: sais minerais (sobretudo de cálcio, de potássio e de silício), ferro, tanino,
trimetilamina O Propriedades: detersivo, emoliente, resolutivo. U. E. Ver: calosidade, ferida, úlcera
cutânea.
Consolda-maior

Symphytum officinale L. Grande- consolda, con sólida- maior, orelhas-de-asno

Bras.: consól ida- maior, língua-de-vaca

Borragináceas

Os caules vilosos e angulosos da consolda-Maior erguem-se à beira das valas, dos ribeiros, próximo
dos pântanos e nos solos alagados.

O nome que lhe foi atribuído, Symphytum, deriva do grego symphuô, eu reúno, e alude à propriedade
de consolidar e soldar os ossos fracturados e os bordos das feridas, o que celebrizou a planta 20
séculos antes de Cristo. No entanto, só no século XX dois médicos ingleses, A. W. Thitherley e N, G.
S. Coppin, procederam à sua análise, detectando no rizoma da consolda-maior a presença de alantoína,
substância utilizada em dermatologia devido às suas propriedades cicatrizantes. O rizoma, que contém
uma mucila- gem viscosa com propriedades emolientes, utiliza-se fresco, em cataplasma feita com a
polpa, ou seco, em compressa para acalmar as dores das queimaduras e acelerar a cicatrização das
feridas. Arrancados o rizoma e raiz, lavar, raspar, reduzir a fragmentos, secar rapidamente ao sol e
conservar em caixas bem fechadas.

Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica, solos húmidos; relvados e locais húmidos do
Minho; até 1500 m. Identificação: de O,30 a O,80 m de altura. Vivaz, caule robusto, erecto,
quadrangular, ramoso; folhas ovais, longamente decorrentes, espessas, guarnecidas de pêlos ásperos,
sendo as basais maiores; flores violáceas, rosadas ou amareladas (Maio-Julho), reunidas em cimeiras
espiraladas e pendentes, corola campanulada com 5 dentes curtos, cálice com 5 sépalas lanceoladas;
tetraquénio duro, brilhante, rodeado pelo cálice persistente; toiça grossa, carnuda, preta à superfície,
branca e viscosa em corte. Inodora, sabor adocicado, muito levemente acistringente. Partes utilizadas:
rizoma e raiz (Primavera ou Outono), fresca ou seca.
O Componentes: tanino, mucilagem, óleo essencial, alantoína, glúcidos, alcalóide O Propriedades:
acistringente, béquico, cicatrizante, emoliente, suavizante. U. L, U. E. + O Ver: anginas, dermatose,
diarreia, entorse, estômago, greta, pele, psoríase, queimadura, úlcera cutânea.
Consolda-real

Consolida regalis S. F. Gray Consólida-real, espora-dos-jardins, papagaíto

Bras.: erva-do-cardeal, consólida

Ranunculáceas

Considerada pelos agricultores como uma erva daninha, a consolda-real é uma planta espontânea com
um comprido esporão floral erecto, rica em néctar, originária da Ásia Menor, cuja variedade
aperfeiçoada, a espora-dos-jardins, é cultivada como planta ornamental.

Nas regiões mediterrânicas, existe no estado espontâneo o paparraz, Delphinium staphisagria L.,
planta perigosa e extremamente tóxica. A consolda-real foi outrora

utilizada como diurético e vermífugo; porém, a presença de alcalóides torna-a tóxica,

pelo que a fitoterapia clássica não a adoptou para uso interno; em homeopatia utiliza-se com uma certa
prudência. As sementes e as

flores são ainda utilizadas como antiparasitários em uso externo. Esta consolda-real era

usada nas intervenções cirúrgicas de outrora, pois era considerada imprescindível para consolidar as
fracturas e sarar as chagas; perdido o hábito desta prática, a planta foi completamente abandonada,
pois a sua toxicidade é elevada.

G Uso interno exclusivamente por indicação médica. Habitat: pouco frequente nas searas e campos d
do Alentejo e do Algarve, mas muito cultivada nos jardins com fins ornamentais; até 1400 rn
oUSo’n’ernoex cu sivament’ mé dca Hab@tat poucofrequen te nass oAi enteloed’AIg arve,mas
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a o 6 Identificação: de O,10 a O,60 m de altura. Anual, caule erecto, frágil, praticamente glabro e
ramificado; folhas divididas em longas lacínias estreitas, brácteas simples e curtas; flores azuis (ju
nho- Outubro), longamente pedunculadas, agrupadas de 6 a 10 em cacho terminal frouxo, 5 sépalas
ovais e petalóides, corola com 4 pétalas soldadas e prolongadas Por um

esporão (2 cm); folículo glabro, simples, sementes pretas, enrugadas e escamosas; raiz

sera’z

aprumada. Inociora; sabor acre e amargo. Partes utilizadas: flores, planta florida, sementes (Junho-
Agosto). ^ @i;@ o Componentes: heterósidos, matéria gorda, alcalóides O
Propriedades: anti-inflamatório, parasiticida. U. L, U. E. + Ver: ftiríase, olhos, sarna, urina.
Cornichão

Lotus corniculatus L.

Loto

Leguminosas

É uma das ervas mais vulgares nos nossos prados e uma das mais bonitas devido à sua simplicidade.
As folhas são trifoliadas como

do trevo; as flores estão em verticilos amarelo- alaranj ados; os frutos, em forma de vagem, terminam
por um pequeno bico; este pormenor é confirmado pelo seu nome latino: corni.culatus deriva do latim
cornu, corno, ou chifre.

H. Leclerc descobriu por acaso as propriedades antiespas módicas do cornichão: aconselhou a uma
camponesa que sofria de conjuntivite e simultaneamente de perturbações nervosas com insônias e
palpitações o tratamento dos olhos com uma loção de meliloto. A doente, distraída, colheu o cornichão
e fez uma tisana. Passados oito dias, tanto as perturbações nervosas como as insónias tinham
desaparecido. Neste caso, foi um engano útil. 0 cornichão constitui uma óptima forragem e é muito
alimentício, sendo frequentemente incluído nas misturas semeadas nos prados. É uma planta melífera
quando cresce nas grandes altitudes; nas

planícies só excepcionalmente é procurada pelas abelhas.

/Z

>Q4

N@’

Habitat: Europa, terrenos cultivados, campos, bosques abertos, taludes, penhascos; em quase todo o
território português, nos relvados, lameiros, locais arenosos ou pedregosos, pinhais; até 3000 m.
Identificação: de 0,15 a 0,30 m de altura. Vivaz, caule ligeiramente prostrado ou ascendente, maciço,
glabro, pouco ramoso; folhas trifoliadas, pecíolo curto, 2 grandes estípulas; flores amarelo-alaranjadas,
por vezes manchadas de pú rpura (Maio-Agosto), de 3 a 6 em umbeIas mais ou menos pedunculadas;
vagem alongada, terminada por um pequeno chifre;

abre-se e enrola-se em espiral quando está madura. Partes utilizadas: flores (Maio-Agosto).
0 Componentes: substâncias cianogenéticas, flavonóides 0 Propriedades: antiespas módico, sedativo.
U. I., U. E. + Ver: angústia, depressão, nervosismo, palpitações, sono.
Drias

Drias <)<,topeiala L.

Rosáceas

A Dryas octopetala L. forma no Verão, na maioria das montanhas europeias, sobretudo nos Alpes,
vastos tapetes brancos sobre a erva rasteira e os rochedos. É uma pequeníssima planta com raiz grossa
e fibrosa, caules prostrados no solo, muito resistentes às baixas temperaturas, pois encontra-se desde as
tundras boreais até às costas do Árctico. Em

determinadas regiões tem uma duração de vida superior a 100 anos. As folhas verdes, coriáceas e
dentadas, assemelham-se às dos carvalhos; as flores, se bem que muito diferentes, podem, vistas de
longe, confundir-se com as das anémonas; os frutos, que não se

abrem, são formados por numerosos carpelos, cada um deles encimado por um penacho branco e
sedoso. As aldeias alcandoradas das montanhas de onde os primitivos apanhadores de plantas, nos
meados do século XVI, trouxeram a drias legaram-nos ainda a utilização medicinal das suas folhas.

Estas são adstringentes e tónicas, e servem para preparar uma infusão denominada chá

suíço, com efeito benéfico nas cólicas.

Habitat: nas zonas elevadas, nos Alpes e Apeninos. Tem uma certa preferência pelos solos calcários a
mais de 1200 m. ldentific@ção: de O,05 a O,15 nn de altura. Vivaz, caule prostrado, trepador,
@enhoso, ramifi~ cado, folhas pecioladas, verdes na página superior, brancas e tomentosas na
inferior, coriáceas, obiongas (de 2 a 3 cm), arredondadas na

base, regularmente crenadas, com estipulas soldadas no peciolo, flores brancas (Junho-Agosto),
grandes (de 2 a 4 cm), solitárias no

vértice de compridos peclúnculos vilosos, cálice com 7 a 9 lóbulos, corola com 7 a 9 pétalas

ovais, numerosos estames, estiletes compridos, ovário livre; fruto seco, composto Por numerosos
carpelos, indeiscentes, terminado em aristas plumosas, reunidas em feixes num mesmo receptáculo;
raiz grossa e fibrosa. Inodora, sabor acIstringente. Partes utilizadas: folhas (junho-Agosto) o
componentes: tanino, sais minerais O Propriedades: acistringente, digestivo, tónico U. L, U. E. Ver:
afta, apetite, diarreia.
Dulcamara

Solanum dulcamara L.

Doce-amarga, uva-de-cão, erva- moura-de-trepa, vinha-da-índia, vinha-da-judeia, vide-da-judeia

Solanáceas

É natural que muitas pessoas tenham experimentado, pelo menos uma vez na vida, mastigar um caule
de dulcamara para sentir o seu inicial sabor adocicado, rapidamente substituído por um gosto amargo.
A planta é lenhosa e trepadora. Apenas os ramos do ano são herbáceos. A dulcamara reconhece-se
pelas suas flores cor de violeta em forma de estrela com um centro amarelo e pelas bagas verdes, que
se tornam vermelhas depois de maduras. Além da sua utilização como laxativo, vivamente
recomendado desde a Antiguidade, as bagas eram muito apreciadas na Idade Média como produto de
beleza; actualmente, porém, não são utilizadas, se bem que a sua toxicidade não esteja claramente
definida. Os ramos jovens e as folhas secas há menos de um ano são vulgarmente utilizados. Devido
aos alcalóides que contém, a planta pode tornar-se perigosa, sendo de toda a conveniência não exceder
as doses indicadas. Mantidas as devidas precauções, a dulcamara é um dos mais úteis remédios, eficaz
sobretudo como depurativo.

G Não utilizar as bagas. Habitat: Europa, sebes, margens dos ribeiros, muros velhos; disseminada por
quase todo o território português; até 1700 m. Identificação: de 1 a 3 m de altura. Subarbusto; caule
lenhoso, trepador, sem gavinhas, enrolando-se nos seus próprios suportes, folhas da base pecioladas,
possuindo as superiores aurículas estipuliformes; flores violáceas (Junho-Setembro) em cimeira
irregular, longamente pedunculadas, cálice com 5 dentes curtos, 5 pétalas maculadas em forma de
estreia, estames com anteras amarelas soldadas: baga

ovóide, brilhan te, verde e mais tarde vermelha. Sabor doce e seguidamente amargo. Partes utilizadas:
suco fresco, casca dos ramos jovens, folhas secas (Primavera e Outono); secagem ao sol.
0 Componentes: glúcidos, gluco-alcalóides, saponósidos 0 Propriedades: antigalactagogo, depurativo,
diurético, laxativo, sudorífico. Li. I., J. E. + V Ver: abcesso, acne, albuminúria, artrite, cura de
Primavera, dartro, herpes, lactação, sarda.
Ébulo

Sambucus ebulus L.

Engos, sabugueirinho, erva-de-são-cristóvão

Bras.: sabugueiro

Caprifoliáceas

Existem na flora europeia três sabugueiros bastante diferentes, pois dois deles são árvores. O ébulo, se
bem que vivaz, não é mais do que uma planta herbácea alta; cresce na orla dos bosques, nos campos
de solo fértil. Com efeito, quando da aquisição de um terreno, a presença do ébulo, denunciando a

excelência do solo, é tida tradicionalmente como indício de boa compra. O cheiro das folhas
esmagadas do ébulo é intenso e nauseabundo, e o das grandes umbelas de flores brancas ou rosadas
assemelha-se ao da amendoa amarga. Em Setembro, a planta cobre-se de bagas pretas matizadas de
cor de púrpura, repletas de um suco vermelho-escuro do qual se pode extrair um corante conhecido
desde a Antiguidade e citado por Virgílio como sendo utilizado na pintura do rosto do deus Pá. É
necessário ter atenção e

não confundir as bagas do ébulo, extremamente nocivas, com as do sabugueiro-negro. Toda a planta
é tóxica quando ingerida em doses elevadas ou tomada sistematicamente *I a posologia deve ser
integralmente respeitada.

O Não consumir os frutos, respeitar as doses e a duração dos tratamentos. Habitat: Europa, solos
argilo-calcários, frescos e húmidos; até 1400 m. Identificação: de O,50 a 2 m de altura. Vivaz, caule
herbáceo, simples, rígido, sulcado, medula branca; folhas verde-escuras, opostas, grandes, com 7 a 11
folíolos lanceolados e serrados >flores brancas ou rosadas (Junho-Agosto), pequenas, em grandes
corimbos, com 5 sépalas curtas, 5 pétalas abertas, 5 estames com anteras cor de violeta, ultrapassando
as pétalas; baga preta, globosa, brilhante, com

suco corante, contendo 3 sementes; rizoma fibroso, rastejante, branco, extremamente invasor. Cheiro
nauseabundo (toda a planta) a

amêndoa amarga (flores), sabor amargo. Partes utilizadas: raiz ou a casca desta fresca ou seca, flores
(Junho-Agosto) e folhas secas.
O Componentes: óleo essencial, glúcidos, ácidos, tanino, enzimas, pigmentos antociânicos
O Propriedades: cicatrizante, purgativo, resolutivo, sudorífico. U. I., U. E. + Ver: contusão, edema,
entorse, obstipação, olhos, rim, tosse.

133
Éfedra

Ephedra dista< h.va L. Bras.: morango-do-campo, cipó-da-areia

Efedráceas

Planta frágil, de aspecto singular e articulado, a éfedra, que se assemelha a uma pequena giesteira,
prefere as dunas secas e os rochedos dos litorais atlântico e mediterrânico. Os amentilhos deste arbusto
dióico não resinoso são amarelo-esverdeados e opostos dois a dois; os masculinos agrupam vários
pares de flores, enquanto os femininos, compostos apenas por duas flores, se transformam no mês de
Agosto em frutos vermelhos e globosos. Estas características confe~ riram-lhe o nome de espécie,
distachya, que deriva do latim dis, duas vezes, e sta'chys, espiga. Em cada uma das suas articulações, o
caule é rodeado por duas pequenas escamas opostas: são as folhas.

Existem em todo o Mundo várias espécies de éfedras, entre as quais a Ephedra, sinica, a célebre Ma
Houang, droga utilizada pelos Chineses desde há milhares de anos para acalmar os ataques de asma e
designada por efedrina.

Esta espécie exótica, importada para a Europa no século xVIII, satisfaz actualmente a maioria das
necessidades da indústria farmacêutica. A efedrina natural, extraída dos seus ramos, é frequentemente
utilizada em medicina devido à sua acção, comparável à da adrenalina.

Habitat: lugares secos, areias do litoral mediterrânico e atlântico; em Portugal, em zonas litorais do
Baixo Alentejo e Algarve, encon~ tra-se a Ephedra fragilis Desf., conhecida vulgarmente por
cornicabra, ou gestrela. Identificação: de O,40 a 1 m de altura. Arbusto: caule prostrado, ascendente;
ramos verde-glaucos, opostos ou fasciculados, constituídos por artículos rígidos de 2 a 4 cm e
estriados; folhas transformadas em 2 pequenas escamas opostas, situadas na articulação dos ramos;
flores amarelo- esverd eadas (Maio-Junho), sem cálice nem corola, mas com escamas florais

arredondadas, aglomeradas em amentilhos pedunculados, sendo o amentilho masculino ovóide com 4


a 8 pares de flores e o amentilho feminino com 1 par de flores envolvido por escamas imbricadas;
fruto carnudo e vermelho-vinoso, pseuclodrupa globosa que envolve uma semente nua. Sabor
ligeiramente ácido e aromático. Partes utilizadas: ramos.
O Componentes: efedrina, vitamina C O Propriedades: antiespasmódico, eupneico. U. I., LI. E. + Ver:
asma, urticária.

134
Endro

Anethum graveolens L.

Aneto, funcho-bastardo

Umbelíferas

Originário da Ásia Menor, aclimatado e


cultivado em todo o Sul da Europa, o endro evadiu-se rapidamente das culturas para se disseminar e
reproduzir. Prefere os solos áridos e soalheiros, as searas e bermas dos caminhos. É uma planta anual,
muito aromática, cujo perfume se assemelha ao do funcho, com o qual é muitas vezes confundido. O
endro floresce no Verão, sendo o seu néctar muito procurado pelas abelhas.

Conhecido desde a mais remota antiguidade, o endro figura na maioria dos textos antigos e até no
Evangelho segundo S. Mateus, onde se refere que durante o século 1 estava sujeito a um imposto, tal
como o cominho e as mentas. Das suas sementes extrai-se um óleo essencial já conhecido pelos
gladiadores romanos, que com ele friccionavam os membros antes dos combates. Actualmente, para
além das suas aplicações medicinais, semelhantes às do anis e do funcho, as sementes do endro são
utilizadas como condimento nas choucroutes e nas marinadas; também servem para temperar os
pickles em Inglaterra.

Habitat: Europa Meridional, pouco frequente em Portugal, surgindo em algumas regiões a sul do Tejo,
terrenos baldios, secos, searas; até 600 m. Identificação: de O,20 a O,50 m de altura. Anual, caule
verde-escuro, delgado, estriado e oco; folhas pecioladas, invaginando o caule, as superiores com
bainha curta, divididas em lacínias filiformes; flores amarelas (Abril-Julho), em umbelas com 15 a 30
raios desiguais,
5 pétalas inteiras com a ponta curvada para o lado de dentro; diaquénio com 5 costelas de cada lado, 3
dorsais salientes e 2 marginais

mais claras em forma de asas, raiz delgada, aprumada e esbranquiçada: cheiro intenso, semelhante ao
do funcho; sabor aromático e picante. Partes utilizadas: sementes (Setembro); secagem à sombra.
O Componentes: óleo essencial, matérias azotadas, mucilagem, resina, tanino O Propriedades:
antiespasmódico, carminativo, estomáquico, resolutivo. U. 1. + o Ver: aerofagia, lactação,
meteorismo, soluço, vómito.
Énula-campana

Inula helenium L.

Inula-campana Bras.: inula, inulina

Compostas

A énula-campana tem um passado maravilhoso. Teofrasto, Dioscórides e Plínio na Antiguidade,


Alberto, o Grande, e Santa Hildegarda na Idade Média e Mattioli no Renascimento enalteceram os
seus méritos, e a sua fama manteve-se até à actualidade. Apenas a raiz é verdadeiramente activa.
Depois de colhida, é cortada em pedaços e seca ao sol. Outrora, na Alemanha, possibilitava o fabrico
de um vinho de énula, também chamado *potio Paulina+, em memória da recomendação de S. Paulo a
Timóteo para beber um pouco de vinho a fim de curar a debilidade do seu estômago. Na Alsácia, o
reps é ainda hoje obtido pela maceração da raiz de énula-campana em mosto.

O helenium deriva de helenion, nome grego da planta, que, por sua vez, parece derivar de Elené;
segundo a lenda, a planta nascera das lágrimas de Helena, mulher de Menelau, causa da Guerra de
Tróia.

A énula-campana é uma planta grande, outrora cultivada devido à sua raiz medicinal; abandonou,
porém, as antigas plantações, encontrando-se actualmente muito difundida, embora desigualmente
distribuída.

Habitat: Europa, desigualmente distribuída, evadida das culturas antigas, valas, sebes; cultivada em
Portugal como planta ornamental; até 800 m. Identificação: de 1 a 2 m de altura. Vivaz, caule robusto,
erecto; folhas dentadas, espessas, esbranquiçadas na página inferior, sendo as caulinares sésseis,
invaginantes, as da base muito grandes, pecioladas; flores amarelas (Maio- Setembro), em grandes
capítulos, invólucro com brácteas desiguais, lígulas compridas e numerosas; aquénio castanho, com
papilho simples, avermelhado; raizes grossas. Partes utilizadas: raiz.

O Componentes: inulina, matérias pécticas e resinosas O Propriedades: antiespasmódico, béquico,


colerético, sedativo, tónico, vermífugo. LI. L, U. E. + O Ver: apetite, bronquite, dartro, estômago,
tosse, ureia, vómito.

136
EpilÓbio

Epilobium angustiplium L.

Onagráceas

O epilóbio é uma planta histórica, pois em


1793 possibilitou ao botânico alemão Christian Conrad Sprengel enunciar a teoria da polinização das
plantas pelos insectos, retomada por Darwin no século XIX. Nas regiões com clima temperado,
existem cerca de 20 espécies de Epilobium, além de numerosos híbridos. Todas dão flores de um cor-
de-rosa intenso ou vermelho, ricas em néctar, e possuem frutos com 4 valvas, que ao abrirem libertam
centenas de sementes leves encimadas por plumas sedosas. Plantas vivazes de extrema beleza,
difundem-se nas areias húmidas e nas ravinas das montanhas, cujo frescor apreciam.

A medicina popular utiliza esta planta para lavagens da boca e gargarejos, devido às suas propriedades
adstringentes e tensoactivas.

Na Europa do Norte, os rebentos e a medula dos caules são utilizados em culinária para saladas ou
cozidos como legumes. Com as folhas e flores secas preparam-se infusões doces, extremamente
salutares.

Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica, taludes, solos arenosos; até 2300 m. Identificação:
de O,70 a 1,60 m de altura. Vivaz, caule simples, avermelhado, rígido; folhas sésseis, extensamente
lanceoladas, inteiras, com nervuras salientes na face inferior; flores cor-de-rosa intenso (Junho-
Outubro), pendentes, em comprida espiga terminal frouxa, cálice com 4 sépalas agudas, coradas,
corola com
4 pétalas quase iguais, abertas num plano vertical, 8 estames e estilete com 4 estigmas em cruz
pendentes > cápsula comprida e estreita, com 4 valvas, que contêm várias centenas de

sementes providas de longos papilhos; toiça prostrada e longa. Sabor adocicado (raiz). Partes
utilizadas: raiz, flores, folhas secas.
O Componentes: tanino, pectina, mucilagem O Propriedades: acístringente, emoliente, hemostático,
vulnerário. U. I., U. E. Ver: afta, diarréia, ferida.
Erva-coalheira

Galium verum L.

Erva-do-coalho, coalha-leite, galião

Rubiáceas

No leito de ervas espontâneas em que descansou Maria, mãe de Jesus, encontrou-se, segundo uma
lenda, um pé de erva-coalheira; deste facto deriva um dos nomes da planta em língua inglesa, Lady's
Bedstraw, palha do leito de Nossa Senhora. À planta são ainda atribuídos muitos outros nomes,
geralmente ligados às suas propriedades: coalha-leite, porque coagula o leite e também o sangue;
cardo-amarelo, devido aos seus cachos erectos com flores douradas e aroma de mel. Planta vivaz,
muito vistosa, oscila ao

vento de Verão os finos caules floridos e os ramos de folhas estreitas e brilhantes dispostas em estrela.
Na Antiguidade, atribuíram-se à erva-coalheira propriedades tintoriais; a raiz dava o vermelho, e as
folhas, um amarelo-alaranjado. As sumidades floridas conferem ao queijo de Chester a sua apreciada
cor e o seu sabor inimitável. Reabilitada no século XIX, após um longo período de abandono, a planta
foi utilizada como remédio para as convulsões. Actualmente, reconhece- se- lhe menor número de
propriedades, porém mais eficazes; a erva-coalheira é considerada acistringente e vulnerária para uso
externo e antiespasmódica e diurética para uso interno.

Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica, bermas das estradas, caminhos, campos, encostas;
espontânea em Portugal, nos prados, campos, sebes, muros, de Trás-os-Monlés ao Alentejo; até 2500
m. Identificação: de O,20 a O,80 m de altura. Vivaz, caule erecto, frágil, circular, glabro e pouco
ramificado; folhas estreitas, lineares, mucronadas, de 6 a 12 em verticilos estrelados, brilhantes na
página superior, pubescentes na inferior e com bordos enrolados; flores amarelas (Junho-Setembro),
numerosas e pequenas, em panículas densas erectas nas extremidades

superiores dos caules; fruto pequeno, liso, glabro; toiça grossa, horizontal. Cheiro pouco intenso e
agradável (a mel); sabor muito particular, ácido. Partes utilizadas: sumidades floridas (Junho-
Setembro); secagem à sombra ou ao sol; a planta escurece rapidamente, perde o cheiro e as
propriedades, pelo que deve ser conservada apenas algumas semanas.
O Componentes: ácidos, lípidos, vitamina C O Propriedades: adstringente, anti espasmódico,
colagogo, diurético, vulnerário. U. L, U. E. + Ver: dartro, diurese, epilepsia, nervosismo.
Erva-de-santa-bárbara

Barbarea vulgaris R. Br.

Erva-dos-carpinteiros
Bras.: agrião-da-terra

Crucíferas

Esta planta foi consagrada ao culto de Santa Bárbara, padroeira dos artilheiros, dos mineiros e de todas
as corporaçoes que se expõem aos perigos da pólvora e do fogo. Efectivamente, as suas folhas curam
muito bem feridas, pelo que os carpinteiros antigos a utilizam frequentemente em cataplasma.

É uma crucífera vivaz, com pequenas flores am arelo- douradas que desabrocham durante todo o
Verão e se encontram em toda a

parte onde haja humidade e frescura. No Outono, a erva-de-santa-bárbara mantém-se verde, mesmo
sob as primeiras neves, e até pelo menos ao dia 4 de Dezembro, festa da santa sua padroeira. O sabor
da planta assemelha-se ao do agrião, pelo que foi durante muito tempo cultivada nas hortas com o
nome de agrião-da-terra. Deve ser utilizada

fresca, pois a secagem elimina a sua actividade. Com a erva-de-santa-bárbara pode fazer-se uma
salada de gosto levemente amargo ou um caldo. As suas folhas são consideradas medicinais, sobretudo
devido ao seu elevado teor de vitamina C. As sementes, esmagadas e maceradas em vinho branco,
produzem uma excelente bebida diurética.

Habitat: Europa; em Portugal, nos terrenos húmidos do Douro ao Mondego, bermas dos caminhos
pedregosos, margens arenosas, solos argilosos, húmidos, azotados; até 1500 M.

Identificação: de O,30 a O,60 m de altura. BieHab tat’Eu >0 humdos do > camnho s p ed
1osarg,1os9s,
1dent fcaÇao

n a nal, polimorfa, caule verde, erecto, canelado, quase glabro, folhoso; folhas lisas, brilhantes,
oleosas, divididas em segmentos desiguais, tendo as inferiores lóbulo terminal arredondado, as
superiores simples, fendidas, sésseis; flores amarelo-vivo (Abril-Junho), em cacho terminal bastante
grande, sépalas erectas e caducas; síliqua erecta, com 2 valvas contendo

cada uma 2 fileiras de sementes. Cheiro suave; sabor vagamente semelhante ao do agrião. Partes
utilizadas: folhas frescas, sementes; quando seca, perde as suas propriedades.
O Componentes: vitamina C O Propriedades: aperitivo, detersivo, vulnerário. U. L, U. E. Ver:
escorbuto, ferida, gota, litíase, úlcera cutân ea.
PLANTAS ESPONTÂNEAS

Erva-de-são-roberto

Geranium robertianum L.

Erva-roberta, bico-de-grou

Bras.: gerânio

Geraffiáceas

As plantas que habitualmente os jardineiros designam por gerânios pertencem, na realidade, ao género
botânico Pelargonium, que, tal como o Geranium, se integra na família das Geraniáceas. O género
Geranium, da palavra grega geranos, grou, reúne na Europa cerca de 30 espécies cujas flores se
assemelham muito, formando no centro um fruto composto por 5 carpelos que sugerem o bico de um
grou. A denominação robertianum é, segundo algumas opiniões, uma adulteração de rupertianum,
evocando o nome de S. Roberto, bispo de Salzburgo no século vil, que teria descoberto as
propriedades hemostáticas desta erva avermelhada; segundo outras, a origem da palavra deriva do
latim ruber > vermelho. No século Xii, fazia já parte dos remédios vegetais aconselhados pela erudita
Santa Hildegarda, abadessa do Mosteiro Beneditino de Rupertsberg, próximo do Reno.

A erva-de-são-roberto não sobrevive à floração, secando em seguida. As suas folhas, de forma


triangular e contorno profundamente recortado, não devem confundir-se com as da cicuta. A parte
aérea da planta (Maio-Agosto), que tem cheiro intenso e acre e sabor amargo e adstringente, é seca em
molhos pendurados em local coberto e arejado.

Habitat: Europa, terrenos baldios, matas, muros; frequente em quase todo o País; até 1800 m.
Identificação: de O,10 a O,40 m de altura. Anual, caule avermelhado, delgado, intumescido nos nós,
sobretudo na base, viloso, ramoso e em moitas; folhas verde-claras, triangulares, palmadas, com 3 a 5
segmentos lobados; flores cor-d e- rosa- maiva e violáceas (Abril-Setembro), 2 por cada pedúnculo, 5
sépalas erectas, 5 pétalas inteiras e estriadas, 10 estames com anteras alaranjadas, pistilo com 5
carpelos, 5 estigmas cor de púrpura na extremidade de uma arista; fruto composto por 5 aquénios,

contendo cada um deles uma semente ejectada pela brusca divisão da arista > raiz esbranquiçada,
delgada e aprumada. Partes utilizadas: parte aérea, fresca ou seca.
O Componentes: tanino, óleo essencial, resina, substância amarga, vitamina C O Propriedades:
acistringente, antiespasmódico, diurético, hemostático, hipoglicemiante, tónico, vulnerário. U. L, U.
E. + krJ Ver: afta, anginas, boca, cancro, dartro, diabetes, diarréia, ferida, hemorragia, nefrite, olhos,
rouquidão, seio.

140
Erva-dos-escudos

LN,@iin,whia numinularia L.

Primuláceas

Para encontrar a erva-dos-escudos, é necessário procurá-la, pois todo o comprido caule rastejante desta
pequena planta permanece colado ao solo e os pedúnculos florais não excedem 5 cm de altura. Cresce
em locais frescos e húmidos, frequentemente ao abrigo de ervas de maior altura. Uma das suas
particularidades botânicas consiste em que raramente produz sementes, multiplicando-se por meio de
estolhos. O nome de LNIsimachia advém-lhe provavelmente de Lysimachos, médico da Antiguidade,
que, supõe-se, a descobriu e revelou as suas propriedades; numniularia, do latim numinula, pequena
moeda, alude à forma das folhas, ligeiramente arredondadas como uma moeda. O nome vulgar, erva-
dos-cem-males, que lhe é atribuído em França, lembra a fama

de panaceia de que a planta gozava na Idade Média e no século xvi. Votadas ao esquecimento no
século XIX, as suas propriedades foram de novo reconhecidas por um

médico alemão. Os pastores dos arredores de Fleidelberga administravam-na, depois de pulverizada,


às ovelhas como preventivo da tuberculose. Esta planta possibilita aos fitoterapeutas a obtenção de
curas espectaculares de doenças como a gota e o reumatismo.

Habitat: Europa, exceplo nas montanhas, prados húmidos, pomares, bosques húmidos com clareiras,
bermas de fossos; até 1200 m.

Identificação: de O,20 a O,70 m de altura. Vivaz. caule rastejante radicanie, folhas eliipticas,
corditormes, opostas, subsésseis, dispostas horizontalmente, flores amarelo-douradas (Junho-Agosto),
2 em cada nó, grandes, pedunculadas, cálices com 5 sépalas cordiformes, corola de uma só peça com 5
lóbulos, 5 estames inseridos na corola, ovário unilocular, cápsu@a rara nas regiões do Sul, com
numerosas sementes; multiplicação por fragmentação,

Partes utilizadas: planta inteira (Junho-Agosto), secagem à sombra.


O Componentes: anino, mucilagem, saponásido, enzima (primeverase), sais minerais, principalmente
de silicio e de p1ótássio O Propriedades: acistringente, vulnerario. Li. I., LI. E. Ver: boca, diarréia,
ferida, hemorragia, hemorróidas.
PLANTAS ESPONTÂNEAS

Erva-férrea

Brunella vulgaris L.

Bruncla, prunela

Labiadas

O género Brunella compreende várias espécies e subespécies muito semelhantes e que possuem as
mesmas propriedades. Esta é uma planta pequena, de i5 a 25 em, com grandes flores labiadas azul-
violáceas, cujo excelente néctar atrai com frequência as abelhas. A erva-férrea confunde-se
frequentemente com a búgula, de um género vizinho, se bem que se distingam por duas características
essenciais: a búgula tem as flores verticiladas dispostas em vários planos, enquanto as da erva-férrea se
apresentam em cachos terminais; as folhas da búgula estão ligadas ao caule por um pequeno
estreitamento do limbo, ao passo que as da erva-férrea são pecioladas. É possível que a origem do
nome, do alemão Braun, castanho, se deva à cor castanha do cálice.

Esta planta foi sujeita a uma interessante experiência de adaptação à altitude. Exemplares da planície,
levados para os Alpes e para os Pirenéus, produziram, ao fim de 20 anos, indivíduos mais fortes, com
uma cor mais viva e, sobretudo, anatomicamente mais bem organizados para intensificar a sua função
clorofilina. As flores maiores possuíam cores mais intensas. A Antiguidade, a Idade Média e a época
contemporânea não se interessaram pela sua função medicinal; porém, no século xvi foi largamente
utilizada. Em alguns países, é hábito confeccionar saladas com os rebentos jovens.

Habitat: Europa; frequente em Portugal em

locais húmidos, pinhais, caminhos de quase todo o País; até 2000 m. Identificação: de O,05 a O,70 m
de altura. Planta vivaz com poucos pêlos > caule ascendente; folhas ovais, pecioladas, pouco
recortadas; flores (Junho~Outubro), cálice castanho com 2 lábios distintos, corola azul-violácea, 4
estames, o lábio superior em forma de elmo e o inferior trilobado, espigas providas na base de brácteas
compridas e contíguas às folhas superiores. Cheiro levemente aromático. Partes utilizadas: planta
inteira, sem a raiz

(Junho-Outubro); secagem à sombra em local

bem arejado.
O Componentes: tanino, vestígios de lípidos e

de essências, princípios amargos e resinosos


O Propriedades: acistringente, cicatrizante, detersivo, vulnerário. U. I., U. E. Ver: anginas, boca,
diarreia, ferida, hemorróidas.
Erva-formigueira

Chenopodium ambrosioides L. (sensu lato) Ambrósia-do-méxico, chá-do-méxico, quenopódio,

erva-formiga Bras.: erva-de-santa-maria

Quenopodiáceas

No século XVII, os Jesuítas importaram do México a erva-formigueira para cultivá-la como sucedâneo
do chá; algumas pessoas preferem-na ao chá verdadeiro. Pode associar-se à menta ou à quina. É uma
planta muito aromática com perfume a cânfora e caule avermelhado. Sob as folhas encontram-se
pequenas glândulas amarelo-douradas que exalam um agradável perfume a erva-cidreira. Existe uma
espécie americana afim, a

Chenopodium ambrosioides L., ssp. anthelininti(-u@n, com odor muito desagradável, que constitui
um vermífugo poderoso. Devido à sua elevada toxicidade, é muito importante saber diferenciá-la da
erva-formigueira. O seu caule é mais viloso, atingindo facilmente
1 m de altura; porém, a maioria das vezes basta cheirá-la para evitar qualquer confusão. Outrora,
empregava-se a erva-formigueira para tratar as perturbações nervosas, histeria e algumas doenças de
peito mal definidas.

No Sul de França, fabrica-se com a ambrósia um licor denominado moquine, em homenagem ao


sábio, poeta e naturalista occitano Alfred Moquin-Tandon.

Habitat: zonas temperadas da Europa Meridional; em todo o território português, solos arenosos,
entulhos; até 300 m. Identificação: de O,30 a O,60 m de altura. Anual ou vivaz, caule erecto com
estrias verdes, frequentemente vermelho e pubescente na base, ramificado; folhas obovadas inteiras ou
com dentes irregulares e compridos, tendo na página inferior glândulas com essência; flores
esverdeadas (Julho-Outubro), em panículas, com folhas pouco visíveis, perianto com divisões e 6
estames; fruto com 1 semente brilhante, castanha. Cheiro aromático e canforado.

Partes utilizadas: sumidades floridas, folhas secas.


O Componentes. óleo essencial que contém escaridol, saponósido O Propriedades: antiespasmódico,
digestivo, emenagogo, tónico, vermífugo. U. 1. Ver: asma, menstruação, parasitose, pulmão.
Erva-sofia

Descurainia sophia (L.) Web.

Sofia-dos-cirurgiões

Crucíferas

Esta crucífera com um bonito nome cresce ao longo dos caminhos e entre os entulhos; necessita de
grande quantidade de azoto, pelo que procura os locais habitados. Assim, é muito frequente observar a
erva-sofia, que se introduz no interior das povoações, nas

ruas, nas praças e nos pequenos jardins. Esta grande planta verde apresenta reflexos cinzentos devido
aos pêlos curtos que a cobrem totalmente.

Muito apreciada outrora, com a designação de sofia-dos-cirurgiões, devido à acção eficaz das suas
folhas frescas contusas na cicatrização das chagas e feridas de guerra, a erva-sofia tratava também as
diarreias, as cólicas e os soluços. Era ainda muito apreciada pelas damas atenienses e romanas, pois
tornava as peles sedosas e sem defeito. A receita para obter o resultado desejado consistia na aplicação
sobre o rosto, durante quatro noites consecutivas, de uma máscara preparada com as folhas esmagadas.
Actualmente, esta planta dos terrenos baldios foi suplantada por complexos tratamentos muito mais
dispendiosos, mas nem sempre mais eficazes. As sementes têm um sabor acre e ardente, semelhante ao
da semente da mostarda-negra.

Habitat: Europa, caminhos, terrenos baldios; espontânea em Portugal, em locais pedregosos e muros
da bacia do Douro e alto Tejo; até
2000 m. Identificação: de O,30 a O,80 m de altura. Anual, caule erecto, descorado, verde-acinzentado,
com pêlos estrelados, folhoso e ramoso; folhas verde-acinzentadas, profundamente divididas em
lóbulos lineares muito finos; flores amarelo-claras (Abril-Setembro), pequenas, em cachos terminais, 4
sépalas, 4 pétalas mais curtas e 6 estames; síliqua estreita, arqueada, erecta sobre os pedicelos
afastados do eixo,

abrindo-se em 2 valvas trinérveas, sementes amarelas, lisas, unisseriadas e comprimidas. Inociora;


sabor acre e picante. Partes utilizadas: planta sem a raiz e sementes.
O Componentes: derivados sulfurados O Propriedades: acistringente, vermífugo, vulnerário. U. L, U.
E. V Ver: diarréia, ferida, pele.
escórdio *//* FALTAM OS OUTROS NOMES

Por vezes completamente submerso na água, o escórdio é uma planta herbácea e acetinada que enraíza
no fundo dos pântanos e das valas, bem como nos prados húmidos. Teofrasto já o denominava
Skordion, da palavra @_1reL,a skorodon, alho, devido ao cheiro aliáceo que as suas folhas exalam
quando amachucadas entre os dedos. Muito famosa outrora, esta planta gozou da fama, provavelMente
injustificada, de impedir a putrefacçao, fazia parte, juntamente com várias dezenas de outras plantas,
carne de víbora e

Habitat: Europa Ocidental, Central e Meridional; valas, prados húmidos e pantanosos; em Portugal,
frequente nos locais húmidos do Minho ao Algarve; até 1000 m.

Identificação: de O,10 a O,20 m de altura. Vivaz, caule verde, matizado de uma cor violácea, viloso,
acetinado, herbáceo e muito ramoso; folhas verde- aci nzentadas, macias, vilosas, sésseis, oblongas e
serradas; flores cor de púrpura ou violáceas (Ju nho- Setembro), solitárias ou agrupadas de 2 a 6 na
axila das folhas, ao longo do caule, cálice viloso, gilboso e com
5 dentes praticamente iguais; fruto castanho

Ossos de animais, da composição da famosa triaga de Veneza, que, segundo se supunha, era um
antídoto para grande número de doenças. Fracastório, no século xi, incluiu a planta no seu Electuário
Diascordio, a qual, julgava-se, podia curar a peste. Presenteinente, a utilidade do escórdio é muito
mais

modesta. A planta deve ser utilizada fresca e

enquanto conserva o cheiro a alho. Em al- ,,uns países serve para tingir as lãs de verdecom a adição de
sulfato de ferro consegue-se um belo verde-azeitona.

quando maduro, reticulado; estolhos que apresentam pequenas folhas, raiz implantada no

lodo. Cheiro aliáceo; sabor aliáceo e amargo. Partes utilizadas: sumidades floridas (Junho-Setembro),
folhas. o Componentes: princípio amargo, colina, tanino, essência O Propriedades: febrífugo, tónico,
vulnerário. U. L, U. E. + Ver: astenia ,úlcera cutânea.

145
Escrofulária-nodosa

Scrophularia nodosa L.

Bras.: betônica-aquática

Escrofulariáceas

As escrofulárias pertencem à mesma família da graciosa e das belíssimas dedaleiras. Como estas
plantas, contém substâncias que actuam sobre o coração; é, no entanto, conveniente não ultrapassar as
doses. A planta, aliás, não estimula quaisquer excessos, pois, ao ser amachucada entre os dedos, exala
um cheiro repugnante; ingerida em doses elevadas provoca vómitos e violentas diarreias. A
escrofulária-nodosa gozava outrora da fama de curar os tumores ganglionares crónicos da tuberculose.
No século XIX, ap,ós a descoberta da acção hipoglicemiante da raiz, a

planta foi incluída na lista dos medicamentos antidiabéticos. De entre as inúmeras escrofulárias
medicinais outrora conhecidas, a flora portuguesa possui também a erva-das-escaldadelas, ou
escrofulária, Scrophularia aquatica L. É uma planta vivaz, muito verde e robusta, com caule oco,
glabro, com ângulos agudos e estreitamente alados, folhas com bordos crenados e raiz desprovida de
nós. Trata as mesmas doenças, aliviando--as de modo semelhante, e a sua utilização deve ser
igualmente moderada.

-Habitat: Europa, excepto, na região mediterrânica, florestas húmidas; a Scrophularia aquatica L.


surge em quase todõ-o País; até 1800 m. Identificação: de O,60 a 1,50 m de altura. Vivaz, caule duro,
compacto e quadrangular; folhas simples, opostas, ovais, pontiagudas, cordiformes, truncadas na base,
glabras, serradas; flores castanho-esverdeadas (Junho-Setembro), pequenas, em panículas terminais
frouxas, 5 sépalas ovais com bordos frisados, coroIa bilabiada, sendo o lábio superior erecto com
2 lóbulos e o inferior mais curto, 4 estames e 1 estaminódio soldados à corola; cápsula ovóide,

pontiaguda, bivalve e sementes pequenas; rizoma volumoso, nodoso e castanho-acinzentado. Cheiro


desagradável; amargo. Partes utilizadas: rizoma, sumidades floridas secas, folhas frescas.
*Componentes: saponósidos, heterósidos, derivados antracénicos, ácidos paimítico, butírico e málico,
vitamina C, alcalóide O Propriedades: cicatrizante, colerético, depurativo, diurético, hipoglicemiante,
vulnerário. U. I., U. E. + V Ver: dartro, diabetes, diurese, edema, fígado, furúnculo, hemorroidas,
sarda, sarna.

146
Espinheiro-cerval

Rhamnus cathartica L. Escambroeiro, espinha-cervina, espinha-de-veado,

espinheiro-cambra

Ramináceas

Este arbusto de porte irregular e frondoso, com ramos terminados em espinhos, desenvolve-se nas
sebes e nos bosques. As folhas são opostas ou aparentemente opostas, largas e com nervuras
arqueadas. As flores são pouco visíveis devido às suas pequenas dimensões e à sua cor verde-
amarelada; os frutos são drupas negras quando maduros. Segundo uma antiga tradição, a coroa de
espinhos de Cristo foi feita com ramos de escambroeiro; porém, segundo outras versões, tratar-se-ia de
arbustos ainda mais espinhosos. Desconhecido na Antiguidade como

planta medicinal, o espinheiro-cerval é mencionado no século XVI como purgativo. Com as suas
drupas fabrica-se, há muitos séculos, um xarope, medicamento purgativo, actualmente utilizado
sobretudo em veterinária e

aconselhado por Alibert *aos homens robustos, difíceis de cornover+; é, na verdade, um medicamento
violento ao qual se deve preferir uma planta da mesma família, o amieiro-negro. A sua madeira é
utilizada no fabrico de pequenos objectos torneados e no trabalho de embutidos. Dos frutos, tratados
com cal ou alúmen, extrai-se uma matéria corante.

O Respeitar as doses; não utilizar a casca antes de decorridos 2 anos de conservaçao. Habitat: Europa,
excepto no litoral do mar do Norte, florestas, matas, sebes, todos os terrenos; em Portugal, na Beira
interior; até 1200 M.

Identificação: de 2 a 4 m, por vezes de 5 a


6 m, de altura. Arbusto; ramagem muito irregular, ramos espinhosos, cobertos por uma casca
castanho-escura e lisa quando jovem, mais tarde fendida; folhas quase opostas, de 2 a

5 cm de largura e de 3 a 6 cm de comprimento, delicadamente serradas, com nervuras arqueadas e


salientes, estipuladas; flores verde-amareladas (Abril-Junho), pequenas, unissexuadas ou
hermafroditas, na axila dos ramos jovens ou das suas primeiras folhas, 4 sépalas,
4 pétalas, 4 estames; drupas com 3 a 4 caroços enrugados. Cheiro nauseabundo (drupa); sabor
adocicado e em seguida amargo (drupa). Partes utilizadas: casca, fruto maduro (Setembro-Outubro),
suco. o Componentes: derivados antracénicos, heterósidos, vitamina C O Propriedades: depurativo,
diurético, laxativo, purgativo, revulsivo. U. L, U. E. + O Ver: intestino.
Estaque

a) Stachys palustris L. b) Stachys silvatica L.

Labiadas

São plantas rústicas difundidas em toda a Europa. 0 nome de género, que alude à forma da sua
inflorescência, deriva da palavra grega stakhy, espiga. Existem várias espécies de Stachys: algumas
aclimatam-se nos pântanos e nas matas húmidas, como a Stachys palustris, com flores cor-de-rosa
manchadas de branco; outras, como a Stachys silvatica, com flores cor de púrpura e mau cheiro,
preferem os terrenos mais secos. Em Portugal, encontram-se as duas espécies: a S. palustris, nos
pântanos e vales da Beira Litoral; a S. silvatica, nas sebes e vales da região de Bragança.

São plantas pubescentes que atingem facilmente 1 m de altura e cujos caules angulosos apresentam na
extremidade uma delicada inflorescência. Os carneiros e as cabras apreciam-nas como pastagem e são
frequentemente visitadas pelas abelhas.

Algumas delas têm propriedades alimentares devido às suas raízes carnudas e outras são medicinais.
Efectivamente, a Stachys palustris é utilizada do mesmo modo que o marroio, pois tem uma acção
antiespasmódica idêntica. É também um emenagogo, sendo geralmente aplicada no tratamento das
perturbações da menopausa.

Habitat: a) Europa, excepto na região mediterrânica, locais húmidos; b) Europa, rara na região
mediterrânica, bosques húmidos; em Portugal, existem as duas espécies; até 1400 m. Identificação: de
0,40 a 1 m de altura. Vivazes, caules com folhas pubescentes, folhas verdes: a) largas, cordiformes,
pecioladas, b) dentadas, viloso-pubescentes, sésseis, tendo as inferiores um pecíolo curto; flores: a)
cor-de-rosa-claras salpicadas de branco, b) cor de púrpura-escura (Junho-Setembro), em espiga de
verticilos folhosos: a) de 4 a 8 flores, b) de 3 a
6 flores, cálice viloso, a) 5 dentes iguais pican-

tes, b) glandulosos com dentes triangulares, corola com o dobro do comprimento, 4 estames; carpelos
ovóides, pretos; toiça grossa, carnuda, de onde crescem renovos. Cheiro: a) fétido, b) inodoro; sabor
amargo. Partes utilizadas: sumidades floridas (Junho-Setembro).
0 Componentes: óleo volátil 0 Propriedades: a) antiespasmódico, diurético; b) antiespasmádico,
emenagogo, sedativo. U. 1. + Ver: acufenos, espasmo, menopausa, menstruação.
Eucalipto

Eucalyptus globulus LabiII.

Bras.: eucaliptus

Mirtáceas

Existem no Mundo cerca de 600 espécies de eucaliptos, das quais 50 se aclimataram na bacia
mediterrânica. Originário da Tasmânia, onde chega a atingir 100 m de altura, o E. globulus foi
introduzido na Europa nos
meados do século XIX com vista ao saneamento das regiões pantanosas. Efectivamente, as suas longas
e sedentas raízes possibilitaram a drenagem destes solos. Além disso, esta árvore robusta é muito
apreciada devido

ao seu rápido crescimento, ao seu cheiro aromático e à aversão que a sua presença provoca nos
insectos.

As longas folhas falciformes dos ramos

mais velhos são de preferência utilizadas para fins medicinais, pois as folhas jovens são menos ricas
em essência. De entre os componentes activos detectados nesta essência, um dos mais enérgicos é o
euc-aliptol, que faz parte de inúmeras preparações farmacêuticas, como pastilhas, xaropes, cál Ias,
soluções injectáveis, supositórios e dentifrícios. Como a colheita das folhas se efectua no Verão, é
apenas necessário, para que

as suas propriedades não se alterem, secá-las e conservá-las em frascos de vidro.

Habitat: bacia mediterrânica; cultivam-se em Portugal numerosas espécies; até 1000 m. Identificação:
de 25 a 35 m de altura. Árvore; tronco direito, casca lisa acinzentada e lenho avermelhado; folhas das
árvores jovens e dos rebentos da base oposta sésseis, claras e cerosas; folhas das árvores mais velhas
alternas, falciformes, pecioladas, planas, pendentes, brilhantes; flores esbranquiçadas (Maio-Julho),
cálice quadrangular encimado por um opérculo coriáceo que se destaca pela base após a fioração e
numerosos estames formando um penacho; cápsula glauca, dura, angulosa, verrugosa, com 4 lóculos,
que contêm numerosas sementes escuras. Cheiro activo extremamente aromático, sabor amargo e
aromático. Partes utilizadas: folhas adultas (Junho-Setembro).
O Componentes: tanino, essência, resina O Propriedades: acIstringente, anti-séptico, aperitivo,
bactericida, estimulante, febrífugo. U. I., LI. E. + O Ver: asma, banho, boca, bronquite, cabelo,
desinfecção, epidemia, estômago, febre, feri- da, gripe, insectos, sinusite.

149
Eufrásia

Euphrasia officinalis L. (sensu lato)

Consolo-da-vista

Escrofulariáceas

Existem numerosas espécies de eufrásias cuja maioria é tropical, se bem que se encontrem algumas
nos climas europeus. De entre estas, destaca-se a Euphrasia officinalis, conhecida por consolo-da-
vista, que se desenvolve nas montanhas e nas pastagens até aos limites das neves eternas. A espécie E.
officinalis subdivide-se, por sua vez, em diversas variedades que se diferenciam pela forma do caule,
pelo tamanho da flor e pela presença ou inexistência de glândulas; estas pequenas e delicadas plantas
cobertas de flores brancas raiadas de cor de violeta são parasitas de outras plantas, das quais se
alimentam. Em grego, o nome genérico euphrasia significa alegria; assim, parece evidente que a
utilização da eufrásia provoca júbilo. Como os fidalguinhos, é um *quebra-óculos+, já celebrado na
Idade Média por Santa Hildegarda; o seu efeito analgésico e anti-inflamatório nos olhos irritados e
lacrimejantes é incontestável. Toda a planta tem aplicações medicinais: além das infusões e decocções,
existem numerosas preparaçoes laboratoriais, como a alcoolatura, o hidrolato e a tintura, sendo esta
muito utilizada nos Estados Unidos, por deter o incómodo fluxo nasal provocado pelas constipações.

Habitat: Europa, prados, relvados, charnecas; em Portugal, nos lameiros da região de Vimioso
encontra-se a E. hirtella Jord com pêlos glandulosos, os quais, segundo alguns autores, contêm os
constituintes activos; até 3000 m. Identificação: de O,05 a O,30 m de altura. Anual, caule erecto,
ramificado; folhas verde-acinzentadas, opostas, sésseis, ovadas, serradas e glandulosas; flores brancas
maculadas de cor de violeta com o centro amarelo (Julho-Outubro), em cacho terminal, folhoso,
corola com 2 lábios, tendo o inferior 3 lóbulos chanfrados e o superior em forma de elmo, tubo

que ultrapassa o cálice glanduloso e 4 estames; cápsula achatada, pilosa e numerosas sementes; raiz
provida de sugadores que se prendem às raizes das plantas próximas. Sabor amargo e acre. Partes
utilizadas: planta inteira (Julho-Outubro); secagem rápida.
O Componentes: óleo essencial, tanino, heterósido, resina, pigmento O Propriedades: adstringente,
analgésico, anti-inflamatório. U. L, U. E. + Ver: blefarite, boca, conjuntivite, constipação, faringite,
oftalmia, olhos, terçolho.
evónimo *//* FALTAM OS PRIMEIROS NOMES

Constituído por minúsculas flores e folhas, que, no Outono, adquirem bonitas tonalidades vermelhas.

A toxicidade dos seus frutos parece ter sido conhecida pelos Antigos, pois, mesmo ignorando as suas
virtudes medicinais, obstinaram-se em descrever os sintomas do envenenamento causado pela sua
ingestão e o

modo de tratamento. Actualmente, o evónimo só é utilizado em uso interno por receita médica. O uso
externo restringe-se a uma fricção com frutos do evónimo para tratar a

sarna e a uma pomada caseira confeccionada

com o pó das sementes para matar piolhos. Da madeira carbonizada num recipiente fechado resulta o
carvão para desenhar.

O Toda a planta é tóxica; utilizar apenas em uso externo. Habitat: Europa, sebes, matas, margens dos
cursos de água; em Portugal, encontra-se sobretudo em Trás-os-Montes. Identificação: de 2 a 4 m de
altura. Arbusto; casca lisa, esverdeada, ramos jovens quadranguiares; folhas opostas, ligeiramente
pecioladas, lanceoladas, serradas, azul-esverdeadas na página inferior, amarelas ou vermelhas no
Outono e caducas; flores verde-claras (Maio-Junho), reunidas de 2 a 5 em falsas umbelas com
pedúnculo erecto na axila das folhas do

ramo florífero, de 4 a 5 sépalas, pétalas e estames; cápsula cor- d e- rosa- coral, carnuda, com 4 a 5
lóculos que contêm de 4 a 5 sementes amarelo-alaranjadas. Cheiro nauseabundo e

desagradável; sabor acre. Partes utilizadas: sementes, folhas.


O Componentes: tanino, lípidos, ácidos orgânicos, pigmentos, vitamina C, alcalóides O Propriedades:
colagogo, detersivo, emético, insecticida, purgativo. U.E. O Ver: ftiríase, sarna, úlcera cutânea.

151.
Faia

Fagus silvatica L.

Faia-europeia

Fagáceas

As faias surgiram sobre a Terra na era terciária com o arrefecimento do clima e o desenvolvimento da
humidade. Povoam as regiões temperadas frias do hemisfério norte, a cujas chuvas e brumas se
aclimataram. Nas montanhas, crescem junto às coníferas ou ainda a maiores altitudes, formando então
singulares bosquetes violentamente agitados pelos ventos. Com grande frequência reunidas em
florestas de altitude onde podem viver três séculos, as grandes faias, de formas harmoniosas, abrem
serenamente a sua folhagem em copas ovóides e densas. A sua sombra refrescante foi cantada pelos
poetas. *Feliz Títiro, assim deitado sob uma

grande faia, compões árias campestres com

a tua graciosa flauta pastoril+, escreve Virgílio no primeiro verso das Bucólicas; porém, esta sombra é
fatal para toda a vegetaçao herbácea, e, sob os seus ramos frondosos, a faia ocupa inequivocamente o
seu

lugar, aniquilando rapidamente as anémonas, as primaveras e as aspérulas que se

desenvolvam junto ao pé no início da Primavera.

O Não ingerir grande quantidade de frutos; não dar aos cavalos o bagaço dos frutos após a extracção
do óleo. Habitat: Europa, excepto na regiã o mediterrânica, solos frescos e profundos; até 1700 m.
Identificação: de 35 a 40 m de altura. Árvore; tronco erecto, cilíndrico até 20 m antes da ramificação,
casca lisa, verde-escura quando jovem e depois acinzentada; folhas verde-claras, mais claras na página
inferior, brilhantes, inteiras, ovais e pontiagudas, com nervuras rectilíneas e bordos ondulados
providos de pêlos sedosos; amentilhos esbranquiçados

(Abril-Maio), monóicos, pedunculados, sendo

os femininos erectos, com 2 a 3 flores inseridas em 1 invólucro e ovário com 3 lóculos; fruto trígono,
oleoso, castanho, em grupos de 2 a
3 numa cúpula coriácea com espinhos flexíveis. Partes utilizadas: casca dos ramos com 2 a 3 anos
(Fevereiro), lenho.
O Componentes: tanino (casca), creosota (lenho) O Propriedades: acistringente, anti-séptico, aperitivo,
febrífugo. U. L, U. E. + o Ver: boca, desinfecção, febre, pulmão.
Faia-preta

Populus tremula L. Choupo-tremedor

Salicáceas

A faia-preta reconhece-se pelo seu tronco


claro e liso, pela sua copa graciosa, pelas suas folhas arredondadas que vibram incessantemente ao
menor sopro de ar. É uma espécie que dá preferência aos solos húmidos e às areias das planícies, mas
suporta igualmente a aridez e os solos pedregosos. Nas montanhas, a árvore tem um desenvolvimento
limitado em altura; as suas raízes penetram então profundamente nas fendas dos rochedos, e quando
encontram um obstáculo, contornam-no ou elevam-se para se

expandir à superfície da terra.

Esta árvore multiplica-se e desenvolve-se rapidamente; porém, o tronco engrossa pouco, e cerca dos
50 anos torna-se oco. A madeira, desprovida de cerne, é macia e branda, sendo utilizada para o fabrico
de fósforos e papel; os pequenos roedores das florestas apreciam a sua saborosa casca. A faia-preta
suporta bem o frio, sendo possível encontrá-la nas proximidades do cabo Norte; a

árvore vive cerca de 100 anos.

A medicina recorre às propriedades adstringentes e anti-sépticas da casca e das folhas. Os Antigos já a


conheciam. A faia-preta é o Cercis citado por Teofrasto, filósofo e

botânico grego do século iv a. C. Os Latinos, que a supunham originária da Líbia, chamavam-lhe


choupo-líbio.

Habitat: Europa, florestas húmidas, margens dos rios; cultivada, subespontânea e espontânea, pouco
frequente nas margens dos rios do Norte e Centro de Portugal; até 2000 m.

Identificação: de 20 a 30 m de altura. Árvore; tronco cilíndrico, casca cinzenta, lisa, fendendo-se


depois em losangos; ramos patentes, gemas cobertas de escamas imbricadas e viscosas; folhas
extremamente móveis, cinzento-esverdeadas, claras na página inferior, glabras, arredondadas,
sinuosas, com pecíolo comprido, frágil e achatado; flores acinzentadas (Março-Abril), em grandes
amentilhos dióicos, pendentes, formados por escamas incisas, celheadas, contendo os masculinos 8
estames vermelhos e os femininos 4 estigmas cor de púrpura em cruz; cápsula glabra, ovóide,
numerosas sementes com pêlos; raizes superficiais invasoras. Sabor amargo. Partes utilizadas: casca,
alburno, folhas frescas.
O Componentes: heterósido, sais minerais, tanino, vitamina C O Propriedades: anti-inflamatório, anti-
séptico, febrífugo. U. L, U. E. + Ver: cistite, escorbuto, febre, ferida.
Favária-maior

Sedum telephium L., ssp. purpureum Unk

Erva-dos-calos, favária-vulgar, teléfio

Crassuláceas

Cicatrizante, a bela favária-maior é uma planta suculenta com folhas carnudas repletas de um líquido
transparente e insípido. Durante todo o Verão a planta exibe as suas pequenas flores de cores
diferentes consoante as variedades: nesta página está representada a subespéciepurpureum, com flores
cor de púrpura. A favária-maior utiliza-se do mesmo modo que o saião.

As preparações destinadas a uso externo assemelham-se mais a receitas culinárias do que a fórmulas
fitoterapêuticas; as folhas podem ser moídas com sal e vinagre, cozidas em leite ou ainda maceradas
em óleo; é o doce de favária dos ervanários. Da raiz, cozida em banha, faz-se um puré e sopas.

Existem outras espécies do género Sedum, entre as quais se salienta a pequena vermiculária, ou uva-
de-cão, Sedum acre L., que cobre com o seu espesso manto os muros em

ruínas. Esta crassulácea identifica-se pelos caules folhosos, pelas flores em forma de estrela de um
amarelo intenso e pelo sabor picante; o seu suco destrói os calos e calosidades.

Habitat: Europa, especialmente nas regiões setentrional e central, terrenos baldios; surge nos locais
áridos e pedregosos da Beira Alta e Estremadura; até 1800 m. Identificação: de O,30 a O,60 m de
altura. Vivaz, caule erecto, duro, glabro, ligeiramente ramoso; folhas alternas ou opostas, sésseis,
planas, polposas, ovais, ligeiramente dentadas; flores cor de púrpura nesta variedade, esbranquiçadas,
amarelo- esverdeadas ou rosadas noutras variedades (Ju nho- Setembro), reunidas em corimbos, 5
sépalas curtas, 5 pétalas, 10 estames, 5 carpelos, sementes pequenas; rizoma robusto, curto, raizes
frequentemente engrossadas. lnodora; sabor doce (folhas) e acre (raiz). Partes utilizadas: suco fresco,
todas as partes da planta seca, folhas frescas ou conservadas em óleo; secagem difícil.
O Componentes: sais minerais, telefiósido, tanino, mucilagem, açúcares O Propriedades: acistringente,
detersivo, emoliente, vulnerário. U. E. Ver: calo, calosidade, contusão, dartro, ferida, greta,
hemorroidas, queimadura, verruga.

154
Fel-da-terra

Erythraea centaurium Pers.

Centáurea-merior Bras.: chá-porrete

Gencianáceas

Ao considerar os nomes eruditos e vulgares do fel-da-terra, facilmente se deduzem as suas múltiplas


aplicações: planta cicatrizante, ajudou, segundo a lenda, o centauro Quíron a curar a ferida de um pé,
causada por inadvertência, a Hércules. Em uso interno é tónica e febrífuga. Conhecida por Dioscórides
e Plínio, muito apreciada pelos Gauleses, cultivada durante toda a Idade Média, mantém-se
extremamente popular nos meios rurais, onde é com frequência utilizada como sucedâneo da genciana;
entra na composição de alguns aperitivos; devido ao seu

acentuado sabor amargo, devem adicionar-se-lhe, nas tisanas, plantas de sabor mais agradável.

Nas regiões atlánticas é, por vezes, substituída pela centáurea menos perfolhada, Chlora perfoliata L.,
menos amarga, de porte mais humilde, flores de um amarelo intenso e folhas verde-claras
aproximadamente do tamanho dos entrenós.

Para preservar a linda cor-de-rosa-clara das flores do fel-da-terra, estas devem ser

secas em pequenos sacos de papel. Conservadas depois em frascos de vidro herméticos, mantém
durante muito tempo o seu

aspecto agradável e as suas propriedades.

O Não exagerar: em doses elevadas é irritante p para o tubo digestivo Habitat: Europa, bosques,
charnecas; frequente em Portugal, nos matos, bosques, pastagens, outeiros secos; até 1400 m.
oNaoexag er a’aotubod Habital.Europ te emPortug gensoute,ros Identificação: de O,10 a O,50 m de
altura. Biena], caule frágil, glabro, quadrangular, ramos erectos no vértice e muito floridos; folhas
verde-claras, as basais em roseta, obovadas, as caulinares mais pequenas, opostas, oblongas, e as
superiores lineares; flores cor-de_ rosa (J u nho- Setembro), curtamente pediceladas, em corimbo
denso, umbeliforme, cálice tulbuloso,

corola tubulada com 5 pétalas, 5 estames, anteras enroladas em espiral; cápsula com numerosas
sementes. Cheiro suave; sabor muito amargo. Partes utilizadas: caules, sumidades floridas (junho-
Agosto). o Componentes: princípios amargos, resina O Propriedades: aperitivo, carminativo,
colerético, depurativo, estomáquico, febrífugo, tónico, vermífugo. U. I., U. E. + Ver: apetite, cabelo,
convalescença, diarréia, febre, ferida
Feto-macho

Dryopterisfilix-mas (L.) Schott

Dentebrura, fento-macho

Polipodiáceas

0 belíssimo feto-macho não pertence ao

sexo masculino, do mesmo modo que o feto-fêmea não é uma planta feminina. Distinguem-se nos
bosques devido ao porte das frondes, vigoroso e viril no primeiro, elegante e delicado no segundo. 0
ciclo de re-

rodução comum a todos os fetos realiza-se em duas fases. É surpreendente ver surgir na Primavera ao
nível do solo os tenros rebentos do feto-macho em báculo e admirar a sua transformação em poucas
semanas em feixes de admiráveis frondes. Seria difícil imaginar que as filas paralelas com manchas
azuladas e salientes, visíveis em cada uma das divisões das folhas, são os reservatórios de esporos,
sobre os quais se apoia todo o futuro da planta. Efectivamente, no fim do Verão, a membrana dos
esporângios abre-se, espalhando milhares de esporos pelo solo. Se as circunstâncias são propícias, o
esporo geriiiina, dando uma plântula portadora de elenientos sexuais aptos a dar origem a um futuro
feto. 0 rizoma é utilizado em medicina desde a mais remota antiguidade como antiparasitário, pois
contém uma substância que intoxica e paralisa a ténia, facilitando a sua expulsão.

Q Não administrar a crianças; não ultrapassar as doses; não ingerir álcool durante o tratamento.
Habitat: Europa, excepto nas montanhas a grande altitude, matas, em Portugal, no Norte e no Centro,
em locais húmidos e sombrios; até
1600 m. Identificação: de 1 a 1,40 m de altura. Vivaz, frondes compridas, que atingem mais de 1 m,
em tufo, e quando jovens em forma de báculo, duplamente divididas em pínulas obtusas, ligeiramente
dentadas, lanceoladas e terminadas em ponta; soros (Junho-Setembro), na página

inferior, alinhados em 2 fileiras, próximas da nervura; rizoma acastanhado, esbranquiçado no interior,


horizontal, espesso, com raizes pretas. Cheiro característico. Partes utilizadas: rizoma, folhas (todo o
ano para utilização imediata e no Outono para conservação); limpeza sem água, secagem à sombra, ao
ar livre.
0 Componentes: filicina 0 Propriedades: antiparasitário, detersivo, vermífugo. U. I., U. E. + kri Ver:
ferida, gota, parasitose, pé, reumatismo.
Feto-real

Osmunda regalis L.

Fento-real

Osmundáceas

Apesar da designação de feto-florido que lhe é atribuída, o feto-real, como todos os outros fetos, não
dá flores, merecendo, no entanto, a denominação de real devido ao seu magnífico porte. Da sua toiça,
obliquamente implantada na turfa ou nas margens lodosas, nasce todos os anos, na Primavera, um
pequeno feixe de croças claras, frágeis como fios de vidro, que se desenrolam lentamente; porém, as
frondes libertam-se progressivamente e algumas delas, depois de desenroladas, atingem 2 m de
comprimento, enquanto outras se curvam de novo delicadamente em direcção ao solo. No fim do
período de crescimento, surgem por vezes surpreendentemente, na extremidade de algumas delas,
grandes espigas de cor bege-rosada, que se podem confundir com flores

e que são, no entanto, as folhas férteis; estas estão cobertas de esporângios que, no momento preciso,
se abrem em duas valvas para libertar os esporos.

O rizoma do feto-real é adstringente, diurético, purgativo e vulnerário. Em alguns meios rurais de


França conserva-se o costume de encher com as magníficas folhas do feto-real os colchões das camas
das crianças débeis e dos doentes de reumatismo.

Habitat: Europa, pântanos e turfeiras; em Portugal, nos locais húmidos do Minho ao Algarve; até 1500
m. Identificação: de O,60 a 2 m de altura. Vivaz, caule subterrâneo; frondes enroladas em báculo,
robustas, verde-avermelhadas, em seguida erectas, abertas, verdes, em moitas, pecíolos robustos,
limbo glabro, duplamente dividido em folíolos inteiros ou delicadamente denticulados e praticamente
opostos, arredondados no vértice, truncados obliquamente ou auriculados na base, pecíolos
secundários com frondes férteis diferenciadas numa comprida panícula terminal castanha coberta por
esporângios globulosos, tetraédricos, que se abrem em 2 vaivas iguais, e esporos globulosos; rizoma
oblíquo, espesso, volumoso e provido de raizes. Partes utilizadas: rizoma e folhas; colher no fim do
Verão, lavar, secar rapidamente no forno, conservar ao abrigo do ar.
O Componentes: tanino O Propriedades: acistringente, diurético, purgativo, tónico, vulnerário. U. L,
U. E. Ver: diurese ,ferida, litíase, raquitismo, reuma tismo.

157
Ficária

Ficaria ranunculoides Roth.

Celi dónia- menor, queledónia-rnenor, erva-hemorroidal, ervas -das-hemorrói das

Ranunculáceas

A ficária é muito vulgar na Europa, nos bosques e nos vales húmidos, onde se abriga frequentemente
junto às sebes. É uma planta vivaz cujas flores estreladas, de um amare-

lo-brilhante, desabrocham a partir do mês de Março e cujas folhas se assemelham, se bem que mais
claras e delicadas, às da hera. Os tubérculos asseguram a reprodução vegetativa, pois a maioria das
flores é estéril. 0 nome da ficária deriva da palavra latinaficus, figo, provavelmente evocando o
aspecto dos seus pequenos tubérculos de alguns centímetros de comprimento. Evoca possivelmente
também a acção benéfica da planta sobre as volumosas verrugas dos bovinos, ou o seu efeito
descongestionante sobre as

hemorróidas, conhecido desde o século Xvii. A ficária contém substâncias venenosas, pelo que deve
ser sempre utilizada com muita prudência; a raiz destina-se apenas ao uso

externo e, no caso de se ingerirem as folhas cruas, como é hábito em alguns meios ru-

rais, estas devem ser colhidas jovens, antes da floração.

0 Consumir apenas as folhas muito jovens e recentemente colhidas. Habitat: Europa, florestas, moitas,
prados húmidos; frequente em Portugal, distribuída por quase todo o País, nos matos, sebes e campos;
até 1600 m. Identificação: de 0,10 a 0,30 m de altura. Vivaz, caule prostrado, glabro, mole, oco, com
folhas frequentemente com bolibilhos nos nós inferiores; folhas de um verde intenso, brilhantes,
cordiformes, inteiras, crenadas, nervadas, com compridos pecíolos invaginantes; flores amarelo-
brilhantes (Março-Abril), isoladas, pe-

dúnculo comprido, erecto e esbranquiçado, cálice com 3 sépalas verde-amareladas, corola com 6 a 12
pétalas estreitas com nectários; aquénio, tubérculos alongados e intumescidos. Sabor acre e picante.
Partes utilizadas: tubérculo (após a floração), suco fresco, folhas (antes da floração), secagem à
sombra.
0 Componentes: óleo essencial, saponósido, vitamina C 0 Propriedades: analgésico, anti-inflamatório.
U. L, U. E. + Ver: hemorroidas.
Fidalguinhos

Centaurea cyanus L. Locos-dos-jardins, saudades, loios, ambretas,

fidalguinhos-dos-jardins Bras.: escovinha, centáurea-azul, cinerária, centáurea,

sultana

Compostas

Os fidalguinhos pertencem ao género Centaurea, do qual apenas algumas espécies possuem


propriedades medicinais. O nome
do género foi-lhe atribuído em homenagem ao fabuloso centauro Quíron, semi-hornem, semicavalo,
sábio mestre de Aquiles e muito versado em medicina. Muito conhecidas, as suas flores, de um azul-
forte, reservam frequentemente aos jardineiros a surpresa de se tornarem cor-de-rosa quando são
cultivadas em canteiros. Esta planta tende a desaparecer devido à acção destruidora dos herbicidas.

Segundo a tradição, os fidalguinhos tratam os olhos azuis, enquanto a tanchagem é melhor para os
olhos castanhos. Não caindo no exagero, é certo que a decocção das flores dos fidalguinhos é óptima
para fazer recuperar a vivacidade e o brilho aos olhos cansados e cura a conjuntivite. Esta propriedade
é partilhada com uma espécie próxima que cresce nas montanhas, a Centaurea montana L.

Habitat: Europa, campos de cereais, solos ricos e leves; em Portugal, aparecem subespontâneos nas
searas; até 1800 m. Identificação: de O,30 a O,80 m de altura. Bienal, caele erecto, estriado, ramoso,
coberto por uma penugem cinzenta; folhas verde-acinzen- tadas, vilosas-lanuginosas, sendo as
superiores sésseis, inteiras, estreitas, e as inferiores pecioladas e divididas; flores azul-forte (Maio-
Setembro), em grandes capítulos, com brácteas marginadas de celhas curtas, prateadas, tulbulosas,
hermafroditas no centro, estéreis e dispostas em raios na periferia; aquénio claro,

com papilho curto e duro, de cor ruiva; raiz aprumada e delgada. Sabor amargo. Partes utilizadas: a
planta inteira, flor, semente (Junho-Agosto); secagem rápida ao ar livre.
O Componentes: tanino, heterósido, pigmento azul O Propriedades: acistringente, depurativo,
diurético, emoliente, purgativo. U. L, U. E. + V Ver: cabelo, conjuntivite, edema, gota, ol os,
reumatismo, terçolho.
Framboeseiro

Rubus idaeus L.

Rosáceas

O framboeseiro é um arbusto de cuja toiça nascem todos os anos novos caules (turiões), os quais dão
frutos no decorrer do segundo ano morrendo em seguida. Deste modo, é muito possível que, uma vez
localizado um exemplar espontâneo, se consiga voltar a colher frutos regularmente na mesma moita.
Existem, actualmente, várias centenas de variedades cultivadas, cujos frutos variam da cor vermelho-
papoila ao branco.

A cultura do framboeseiro remonta à Idade Média, se bem que os nossos antepassados pré-históricos
já apreciassem o seu fruto delicado.

As framboesas espontâneas, além de constituírem uma agradável sobremesa, são refrigerantes e


laxativas; muito utilizadas, servem frequentemente para aromatizar preparações farmacêuticas
destinadas às crianças; fazem parte da receita de várias bebidas caseiras, como o vinho ou o vinagre,
xarope ou licores. Confeccionam-se ainda com a framboesa excelentes doces e geleias. Como sucede
com o morangueiro e as silvas, apenas as folhas e as flores desta planta são medicinais, se colhidas
aquando da floração (Agosto- Setembro). A secagem das folhas é feita à sombra.

Habitat: hemisfério boreal, florestas de planícies ou de montanhas; de 400 a 2000 m. Identificação: de


1 a 2 m de altura. Arbusto com toiça que emite estolhos e turiões bienais; caule azul-esverdeado,
lenhoso, erecto e provido de finos acúleos avermelhados; folhas verde intenso na página superior,
brancas e tomentosas na inferior, imparipinuladas com 3 a 7 folíolos dentados; flores brancas (Maio-
Julho), pouco visíveis, em cacho, pedunculadas, com 5 sépalas separadas, 5 pétalas pequenas, erectas,
numerosos estames e carpelos; fruto cor-de-rosa- escuro, ovóide, composto de várias drupéolas
aveludadas, destacando-se do receptáculo; toiça com estolhos subterrâneos. Cheiro agradável e
penetrante; sabor adocicado e ácido. Partes utilizadas: flores, frutos, folhas.
O Componentes: ácido cítrico, vitamina C, açúcar, celulose, sais minerais O Propriedades:
adstringente, antiescorbútico, aperitivo, depurativo, diurético, emenagogo, laxativo, refrescante,
sudorífico, tónico. U. L, U. E. + o Ver: anginas, astenia, boca, menstruação, obstipação, olhos, pele,
rim, seio.

160
Freixo

Fraxinus excelsior L.

Freixo-europeu

Oleáceas

O freixo cultivado pertence, como a oliveira, o lilás, o jasmineiro, o alfenheiro e o aderno, à família
das Oleáceas, q@e é constituída por mais de 400 espécies. E uma bela árvore dos climas europeus,
devido ao seu tronco esbelto, à sua casca branda e acinzentada, aos seus ramos frágeis e à sua
folhagem graciosa. As folhas são características, isto é, dividem-se num número ímpar de folíolos não
peciolados, e surgem tardiamente, no mês de Junho, muito depois das flores. É necessário colhê-las
jovens, ainda recobertas pelo revestimento ligeiramente aderente e açucarado, e retirar o pecíolo antes
de as secar; com as folhas prepara-se um chá considerado uma verdadeira bebida de rejuvenescimento.
A casca e as sementes do freixo são adstringentes e febrífugas. Outrora, atribuía-se à sua madeira,
aplicada sobre as mordeduras de serpente, o poder de evitar o envenenamento.

Eta madeira flexível e resistente serviu durante muito tempo de matéria-prima para o fabrico de
esquis; actualmente, é ainda muito utilizada em trabalhos de marcenaria.

Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica, bosques húmidos, ravinas, solos férteis; em
Portugal, existe em quase todas as regiões, sendo também cultivado; até 1400 m. Identificação: de 20 a
40 m de altura. Arvore; tronco erecto, nu, casca cinzenta e lisa que depois se fende, copa pouco
fechada, ramos cinzentos, glabros, gemas negras, aveludadas, volumosas, quadradas; folhas
pecioladas, imparipinuladas, com 7 a 15 folíoios sésseis, verde-escuras na página superior, mais claras
na inferior, ovais e serradas; flores acastanhadas (Abril-Maio), em panículas; reduzidas a 1 estigma e 2
estames com anteras quase sésseis; sâmara simples, em feixes pendentes; raiz aprumada e robusta.
lnodoro; amargo. Partes utilizadas: sementes, folhas, seiva, casca dos ramos entre 2 e 3 anos (Abril).
O Componentes: heterásidos, açúcares, resina, ácido málico, vitaminas C e P, tanino, sais minerais,
pigmentos O Propriedades: acistringente, diurético, laxativo, sudorífico, tónico. U. I., U. E. + V O
Ver: celulite, colesterol, dor, envelhecimento, gota, hálito, litíase, neviralgia, obesidade, obstipaçã o,
reumatismo, ureia.
PLANTAS ESPONTÂNEAS

Fumária

Fumaria officinalis L. Erva-molarinha, erva-pombinha, moleirinha -Bras.: fel-da-terra, fumo-da-terra,


molarinha, capnóida

Fumariáceas

É possível que o nome da fumária advenha da cor cinzenta e indistinta das suas folhas, do seu sabor a
fumo e fuligem ou ainda da tradição popular, que atribui o nascimento da planta não a uma
semente, mas a uma emanação da terra.

A planta é conhecida desde a Antiguidade devido às suas propriedades medicinais: Dioscórides, no


século 1, e Galeno, no século li, citam a sua acçã o sobre a secreção biliar e a função hepática; no
século x, os médicos árabes elogiam as virtudes da planta, e Mattioli, no século Xvi, faz o seu panegí
rico como remédio específico para as perturbações das vísceras abdominais. Porém, o seu mais
importante segredo é que, além da angélica e do freixo, é um dos simples que torna o homem
centenário.

A fumária contém um alcalóide, a fumarina; é aconselhável usá-la sob controle médico, pois a sua
acção varia com a intensidade e a duração do tratamento. As folhas, que se partem facilmente durante
a secagem, devem ser guardadas em recipientes de cerâmica ou vidro.

O Evitar o contacto com o ferro. Habitat: Europa, terrenos baldios, taludes, campos, bermas dos
caminhos; disseminada por quase todo o territó rio português; até 1700 m. Identificação: de0,1 5 a0,70
m dealtura. Anual, caule verde, frágil, glauco, erecto, ramoso; folhas cinzento-esverdeadas, 2-3 vezes
divididas em segmentos delgados, glabros, peciolados; flores cor-de-rosa maculadas de cor de púrpura
(Abril-Setembro), pequenas, alongadas, reunidas em epiga, 2 sépalas petalóides, pétalas irregulares
prolongadas em esporão curto e 6 estames em 2 feixes; fruto globoso, com vertice deprimido; raiz
aprumada, de cor branco-amarelada. Cheiro acre (suco); sabor muito amargo e salgado. Partes
utilizadas: planta florida, excepto a raiz (M aio- Setembro); secagem em cam ad as ou ramos. *
Componentes: tanino, alcalóides, potássio, ácido fumárico O Propriedades: antiescorbútico, aperitivo,
depurativo, detersivo, diurético, estomáquico, laxativo, tónico. U. L, U. E. + V Ver: arteriosclerose,
astenia, cura de Primavera, dartro, eczema, obesidade, tez, urticária, vesícula biliar.
Funcho

Foeniculum vulgare (Mill.) Caertn.

Umbelíferas

Filho do sol, espontâneo nas colinas mediterrânicas, o funcho expandiu-se com o decorrer dos séculos
para oeste. Encontra-se geralmente nas bermas dos caminhos e próximo das povoações.

É uma grande umbelífera elegante e vivaz com largas folhas recortadas em moles e finas lacínias e
com pequenas flores amarelas agrupadas. As suas características botânicas possibilitam a sua fácil
identificação e mesmo distingui-Ia do aneto, planta afim, cujos frutos são rodeados por uma margem
alada e cujas folhas superiores estão providas de um limbo mais comprido que o pecíolo. Existem
diversas variedades espontâneas de funcho com frutos ligeiramente doces, apimen tados ou amargos, e
uma variedade cultivada, muito doce, da qual é comestível a base carnuda das folhas. 0 perfume
aromático e o sabor picante da planta devem-se a uma essência rica em anetol, substância estimulante
e digestiva, existente sobretudo nas sementes. A sua utilização tornou-se clássica para aromatizar o
peixe, as castanhas e as azeitonas. Nos textos da medicina antiga é citado como curativo.

0 Sementes: não ultrapassar as doses. Habitat: Europa Meridional, terrenos baldios, colinas secas; em
Portugal, cresce especialmente nas regiõ es do Norte e Centro. Identificação: de 0,80 a 2 m de altura.
Vivaz, caule ramoso, verde com estrias azuis, brilhante, compacto; folhas verde- azul ado- escuras,
brilhantes, com bainha muito comprida e limbo curto, divididas em lacínias filiformes; flores amarelas
(Junho-Agosto), pequenas, com grandes umbelas terminais; fruto cinzento-escuro, fusiforme, estriado,
glabro, 2 estiletes curtos; bainhas da base carnudas sobre uma toiça

grossa, lenhosa, vigorosa. Cheiro aromático; picante e amargo. Partes utilizadas: folhas frescas, raiz
(fim do primeiro ano); frutos (Setembro- Outubro). * Componentes: óleo essencial, sais minerais,
provitamina A, vitaminas B e C 0 Propriedades: antiespasmódico, aperitivo, digestivo, emenagogo,
expectorante, galactagogo, tónico, vermífugo, vulnerário. U. I., U. E. + o Ver: abcesso, aerofagia,
bronquite,, diarreia, fadiga, frigidez, impotência, lactação, meteorismo, obesidade, olhos, rouquidão,
tosse.
163
Funcho-marÍtimo

Crithmum maritimum L.

Perrexil-do-mar, funcho-marinho, funcho-do-mar,

bacila

Umbelíferas

O funcho-marítimo é uma pequena planta de caule estriado e carnudo cuja raiz penetra nas mais
pequenas fendas dos rochedos, podendo atingir 5 m de comprimento. Necessita de grandes
quantidades de humidade, ambientes salgados, bem como da suavidade dos climas marítimos,
oceânicos ou mediterrânicos.

As suas folhas carnudas, espessas e brilhantes são utilizadas para fins medicinais; devem ingerir-se
cruas para melhor beneficiar das suas acções aperitiva, tónica e antiescorbútica; porém, se os efeitos
desejados são o depurativo e o diurético, a preparação mais indicada é o infuso da planta fresca. No
entanto, é mais agradável utilizar as folhas deste funcho marinadas em vinagre e confeccionadas como
os pepinos. Após a

preparação, os boiões devem ser hermeticamente rolhados e conservados em lugar seco. No século
xix, comercializavam-se estas folhas em algumas aldeias mediterrânicas; os marinheiros levavam-nas
para bordo, pois apreciavam o sabor ligeiramente amargo e salgado, mas extremamente agradável, do
funcho.

Habitat: costas rochosas, ao alcance da brisa marítima; frequente sobre os rochedos de toda a costa
portuguesa. Identificação: de O,20 a O,50 m de altura. Vivaz, caule prostrado ou ascendente, estriado
e em ziguezague; folhas glaucas, difusas, carnudas, espessas, brilhantes, glabras, bi ou tripinuladas em
folíolos lineares, erectas, pontiagudas; flores branco-esverdeadas (Julho-Outubro), em umbelas com
peclúnculo curto, com 10 a 20 raios grossos, invólucro e involucelos com numerosas brácteas
lanceoladas, pétalas arredondadas; fruto volumoso ovóide, esponjoso,

assinalado por 10 costas salientes e aquilhadas. Cheiro ligeiramente aromático; sabor amargo e
salgado. Partes utilizadas: folhas. * Componentes: essência, óleo, sais minerais, iodo, bromo, vitamina
C e Propriedades: antiescorbútico, aperitivo, depurativo, diurético, tónico. U. L, U. E. Ver: apetite,
escorbuto, obesidade, parasitose.
Galega

Galega officinalis L. Caprária, falso-anil

Leguminosas

O género Galega é constituído na sua totalidade por cerca de uma dezena de espécies cuja maioria se
desenvolve na Europa e no Oriente; nas regiõ es temperadas, apenas a

Galega offici,nalis se encontra no estado espontâneo. E uma bela planta vivaz, com

caule vigoroso, que forma volumosos maciços nos prados sombrios ou no fundo dos vales quentes,
húmidos e bem abrigados. Os seus grandes cachos floridos, ainda mais desenvolvidos do que as folhas
muito recortadas, são cor-de-rosa, cor de malva ou azul-claros.

Desconhecida na Antiguidade, a galega parece ter sido utilizada no século xVI como remédio para
diversas afecções; porém, os

resultados pouco concludentes da sua aplicação conduziram ao seu quase total descrédito. No entanto,
um estudo sistemático empreendido no início do século XX detectou a sua acção estimulante sobre a
glândula mamária e a secreção láctica, bem como o

efeito hipoglicemiante das suas sementes. Actualmente, a galega é utilizada racionalmente durante o
aleitamento e mostra-se eficaz na redução do teor de açúcar nos diabéticos. Com a continuação, a
planta provoca uma aversão difícil de superar.

O Não utilizar nenhuma parte da planta fresca, secar previamente. Habitat: Sudeste da Europa, solos
profundos e húmidos; espontânea em Portugal, nas lezírias e locais húmidos do Centro e Sul; até 1000
m. Identificação: de O,50 a 1 m de altura. Vivaz, caule herbáceo, erecto, glabro, oco, tornando-se
muito duro nas moitas; flores glabras, imparipinuladas, com 11 a 19 folíolos providos de uma pequena
ponta fina (mucromados), estípuIas livres e pontiagudas; flores azuladas ou, mais raramente, brancas
(Junho-Agosto), em grandes cachos pedunculados na axila das folhas, cálice com 5 dentes finos,
estandarte e quilha ultrapassando as asas; vagem muito estreita, com 2 a 3 cm de comprimento,
estriada obliquamente e glabra; rizoma vigoroso. Cheiro aromático e desagradável; sabor doce,
tornando-se acre. Partes utilizadas: planta florida seca, sementes (Ju lho- Setembro). * Componentes:
derivados flavónicos, alcalóide, vitamina C O Propriedades: diurético, galactagogo, hipoglicemiante,
sudorífico. U. 1. + o Ver: diabetes, lactação.
Galeopse

Galeopsis dubia Leers

Labiadas

O termo Galeopsis deriva das palavras gregas gale, lontra, e opsis, aspecto. Os povos antigos
denominaram assim várias labiadas em cuja corola com dois lábios viam semelhanças com a boca
aberta do pequeno carnívoro. Existem seis espécies do género Galeopsis na flora europeia. Todas elas
são plantas anuais com flores cor-de-rosa ou cor de púrpura, por vezes amarelas e matizadas de
branco, vermelho ou cor de violeta. A Galeopsis dubia Leers, uma das mais vulgares, reconhece-se
pelo caule pubescente, que não apresenta intumescências ao nível dos nós, pelas folhas dentadas,
sedosas e aveludadas, especialmente na página inferior, e pela grande corola amarela manchada de
verme- lho no lábio inferior. A espécie que mais se lhe assemelha é a Galeopsis ladanum L., cujo
caule é quadrangular e cujas folhas são estreitas e glabras. Uma outra espécie muito conhecida é a
Galeopsis tetrahit L.; as suas corolas cor-de-rosa ultrapassam, por vezes, os cálices com dentes
epinescentes, e o caule apresenta intumescências nos nós. Todas as galeopses possuem uma acção
antianémica, remineralizante e acistringente, associada ao seu elevado conteúdo em sílica e tanino.

Habitat: Europa Ocidental e Central, solos siliciosos; a Galeopsis tetrahit L. surge em Portugal em
algumas regiões elevadas, especialmente no Minho; até 1300 m. Identificação: de O,10 a O,50
m de altura. Anual, caule pubescente, com pequenos ramos ascendentes; folhas opostas, pecioladas,
lanceoladas, serradas, sedosas, com nervuras muito salientes e próximas; flores amarelo-claras ou
rosadas (Julho-Outubro), em verticilos pouco densos, grandes, erectas, cálice aveludado, com 5 dentes
espinescentes quase iguais, corola tubulosa 3 a 4 vezes maior que

o cálice, lábio superior convexo ligeiramente abobadado, sendo o inferior provido de 2 dentes erectos.
Cheiro intenso e pouco agradável. Partes utilizadas: planta florida seca (Julho-Outubro); a conservação
dura no máximo 1 ano.
O Componentes: sílica, tanino, saponósidos O Propriedades: acistringente, antianémico, expectorante,
remi n eralizante. U. 1. + Ver: anemia, bronquite.
Gatunha

ono@lis spinosa L. Unha-gata, resta-bOi, rilha-boi, gatinha

Leguminosas

A espécie O. spinosa é multiforme e agrupa@ pelo menos, seis subespécies, algumas das quais são
desprovidas de espinhos. Esta planta cresce especialmente nas pastagens, nos taludes, nas encostas,
nos diques marítimos, nos carreiros e nos terrenos incultos. Nas regiões alpinas e mediterrânicas,
encontraril-se as outras subespécies. A gatunha é muito apreciada pelos burros, pelo que foi
denominada Ononis, palavra que deriva do

grego onos, burro, e onimêmi, ser útil. Misturada com o feno seco, os seus espinhos ferem as mucosas
da boca dos animais, Impedindo-os de pastar; as suas raizes, profundas e resistentes, bloqueiam as
charruas, interrompendo o trabalho dos bois. Por esta , a planta é conhecida pelo nome de razão
bois de trabalho resta-boi, se bem que os tenham praticamente desaparecido. go do

Dioscórides, célebre botânico gre século i, escreveu a propósito da gatunha: *A

da raiz macerada em vinho aumenta as casca urinas, reduz as areias e limpa as margens das úlceras.+
Na Idade Média e no Renascimento, a gatunha foi também muito utilizada.
O pólen das suas flores é muito apreciado pelas abelhas.

Habitat: quase toda a Europa; preferentemente em solos argilo-calcários, campos, planícies de


montanha, encostas, Pastos áridos, bermas

dos caminhos e aeais marítimos; frequente em

Portugal; até 1500 m a O 80 m de altura SuIdentificação: de O,10 --barbusto; planta lenhosa na


base; caules Prostrados ascendentes, ramosos, culos ramos

abortados se transformam em espinhos, que são geralmente geminadoS; folhas tdfoliadas,


monofoliadas no cimo dos ramos; flores cor -de-rosa (Abril-Setembro), isoladas na axila das folhas;
vagem ovóide, Cheiro desagradável.

Partes utilizadas: flores, folhas, raiz (todo o

ano). >do, hete-


9 Componentes: tanino > resina, ami

rósidos anonina, onocol O propriedades: adstringen@e, anti-séptico, depuratiVO, diuréticO,


sudorífico. W., U.E. Ver: anginas, cistite, eczerna, ederna, litíase.
Genciana

Gentiana lutea L.

Genciana-das-farmácias, argençana, argençana-dos-pastores, genciana-amareia,

grande-genciana Bras.: genciana-dos-jardins

Gencianáceas

Afamília das Gencianáceas compreende várias centenas de espécies de Gentiana, das quais apenas
cerca de 20 crescem na Europa. Crê-se que deve o nome a Gentius, rei da Ilíria, que, segundo a lenda,
no século ti a. C., teria revelado a acção benéfica da planta.

Esta genciana, uma das mais belas, é uma grande planta vivaz dos prados e das pastagens de alta
montanha que cresce muito lentamente, dá a primeira flor aos 10 anos e pode viver cerca de 60,
produzindo apenas, de 4 em 4 ou mesmo de 8 em 8 anos, um novo caule floral. É necessária uma
extrema atenção, pois próximo da genciana, com folhas glabras e opostas, cresce uma liliácea Multo
tóxica, o heléboro-branco, com as folhas alternas e vilosas na página inferior; é mais fácil distingui-Ias
na época da floração, pois as flores do heléboro são brancas. As suas propriedades medicinais,
conhecidas desde tempos muito antigos, têm sido consecutivamente confirmadas; a raiz seca (Setei-
nbro-Novembro) é um poderoso febrífugo e um excelente estimulante das funções do aparelho
digestivo.

O Não ultrapassar as doses indicadas ou o período recomendado para o tratamento. Habitat: Europa
Central e Meridional, prados, pastagens; muito rara em Portugal, pode encontrar-se na serra da
Estreia; de 700 a 2400 m. Identificação: de O,50 a 1,30 m de altura. Vivaz, caule glauco, erecto,
simples e oco; folhas verdes, opostas, largas e ovais, amplexicaules, com 5 a 7 nervuras convergentes;
flores amarelas (Junho-Agosto), pedunculadas, em grupos de 3 a 10 na axila das folhas, corola
dividida em 5 a 9 lóbulos estreitos, abertos, cálice membranoso e estames com anteras vermelhas;
cápsula ovóide, abrindo-se em 2 valvas, numerosas sementes aladas; raiz aprumada, robusta,
comprida, ramificada, amarela com casca cinzenta e enrugada longitudinalmente. Cheiro intenso e
acre; sabor muito amargo. Partes utilizadas: raiz seca.
O Componentes: essência, alcalóide, pigmento, vitamina C, pectina, heterósidos amargos O
Propriedades: aperitivo, estomáquico, febrífugo, tónico, vermífugo. U. I., U. E. + V O Ver: anemia,
apetite, astenia, convalescença, digestão, fadiga, magreza, parasitose, sarda.

168
PLANTAS ESPONTÂNEAS

Giesteira-das-vassouras

Cytisus scoparius (L.) Link Giesta, giesta-ribeirinha, giesta-brava, giesteira-comum, retama, chamiça,
maias

Bras.: codes so- bastardo

Leguminosas

Para utilizar a giesteira-das-vassouras em aplicações medicinais, é indispensável saber identificá-la


com exactidão. Para tanto é necessário saber distingui-Ia de três plantas que pertencem à mesma
família: são a,giesteira-de-espanha, o codesso-bastardo e o tojo-arnal, todos três tóxicos, embora em
graus diferentes. Alguns pormenores, no entanto, permitem a sua distinção: as folhas do tojo (Ulex
europaeus L.) são pontiagudas, o cálice das flores é bilabiado até à base, sendo o superior bifendido e
o inferior trifendido; as folhas do codesso (Laburnum anagyroides Med.), descrito na p. 125, formam
tufos na extremidade de compridos pecíolos e os cachos das flores são pendentes; a giesteira-de-
espanha (Spartium junceum L.) dá pequenos ramos glaucos cilíndricos praticamente sem folhas e as
vagens são desprovidas de pêlos.

A giesteira-das-vassouras não é totalmente inofensiva, pelo que apenas as flores ainda em botão
podem ser ingeridas. As sumidades floridas fornecem à indústria farmacêutica a esparteína, substância
tonicardíaca, vasoconstritora e diurética, utilizada em medicina.

G Utilizar apenas as flores em botão antes do desabrochar. Não exceder as doses indicadas, Habitat:
Europa, solos não calcários ou descalcificados; quase todo o País; até 500 m. Identificação: de O,60 a
2 m de altura. Arbusto; caiWe verde, erecto, anguloso, estriado longitudinalmente, rijo, com ramos
consistentes e flexíveis, folhas caducas, estipuladas, pequenas, pecioladas, trifoliadas, sendo as
superiores sésseis e simples; flores amarelo-douradas (Maio-Junho), grandes, cálice glabro com 2
lábios curtos, corola papilionácea, estandarte largo, quilha pendente, 10 estames diadelfos;

vagem achatada, preta, hirsuta no bordo, com uma dúzia de sementes castanhas. Cheiro suave. Partes
utilizadas: flores em botão, ramos jovens; secagem em forno tépido.
O Componentes: pigmentos flavónicos, alcaJóides, entre os quais a esparteína, sais minerais, óleo
essencial O Propriedades: cardiotónico, depurativo, diurético, hipertensor, vasoconstritor. U. I., U. E.
+ in Ver: abcesso, albuminúria, edema, fígado, gota, hipotensão, litíase, mordedura, reumatismo, rim.
Gilbarbeira

Ruscus aculeatus L.

Gilbardeira, erva-dos-vasculhos, azevinho-rnenor

Liflúceas

Nas matas desoladas, distinguem-se ao longe, no Inverno, as manchas sombrias e brilhantes da


gilbarbeira, animadas pelo vermelho intenso dos seus frutos. É um arbusto vivaz que forma moitas
espessas, frequentemente impenetráveis devido à rigidez dos seus ramos axilares foliáceos e
espinhosos, em cujo centro se implantam as flores, aos quais os botânicos chamaram cladódios. A
planta adapta-se facilmente à aridez, aos

solos calcários e pobres, não resistindo, porém, ao frio intenso.

A utilização medicinal da gilbarbeira já era conhecida de Dioscórides, que a denominava Ruscus. Os


médicos clássicos, e também os fitoterapeutas, aproveitam as

propriedades terapêuticas da planta utilizando as folhas e especialmente o rizoma. Este, oblíquo e


nodoso, exala um cheiro pouco intenso a terebintina. É diurético, febrífugo e extremamente
estimulante para o sistema venoso, sobre o qual exerce um efeito tónico ainda mais enérgico que o do
castanheiro-da-índia. Utiliza-se ainda na preparação do xarope das cinco raízes, do qual fazem parte
também funcho, aipo, espargo e salsa.

Habitat: Europa Central e Meridional, solos calcários, bosques; em Portugal, cresce espontaneamente
em quase todo o território; até 700 m. Identificação: de O,30 a O,90 m de altura. Arbusto; caule verde,
erecto, glabro, densamente provido de ramos foliáceos (cladódios) na extremidade, com folhas verde-
escuras, coriáceas, alternas, sésseis, ovais, espinescentes; flores violáceas ou esverdeadas (Setembro-
Abril), muito pequenas, de 1 a 2 na axila de uma pequena bráctea, situada no centro dos claciódios,
dióicas, 3 sépalas, 3 pétalas livres e persistentes; flores masculinas com 3 estames

e femininas com 1 ovário de 3 lóculos; baga redonda, vermelha, com 1 a 2 volumosas sementes
amarelas; rizoma oblíquo, rastejante, branco-acinzentado, nodoso, guarnecido de raizes acastanhadas.
Cheiro pouco intenso a terebintina; sabor adocicado e depois amargo. Partes utilizadas: rizoma e raiz
(Outono), folhas.
O Componentes: óleo essencial, resina, saponósido, cálcio, potássio O Propriedades: aperitivo,
diurético, febrífugo, vasoconstritor. U . I., U. E. + Ver: edema, flebite, gota, hemorróidas, icterícia,
litíase, menopausa, varizes.
Globulária

Globularia vulgaris L.

Globulária-vulgar

Globulariáceas

Existem nas regiões europeias cerca de 15 espécies de globulárias, assim denominadas devido às suas
graciosas inflorescências em forma de globo azul. São plantas vivazes, com caules curtos e folhas
glabras. De entre elas é útil saber identificar duas: a globulária-vulgar e a Globularia alypum L.;
ambas dão flor de um azul forte, sendo no entanto plantas bastante diferentes do ponto de vista
botânico. Porém, as suas propriedades medicinais são análogas, se bem que mais desenvolvidas e
suaves no caso da primeira. A globulária-vulgar é uma planta herbácea cujo caule floresce entre Abril
e Junho e se ergue no centro de uma roseta de folhas basilares de cor verde matizadas de vermelho.
O caule está envolvido por minúsculas folhas pontiagudas, apresentando na extremidade superior um
capítulo azul característico do género. Prefere os solos calcários e áridos. A extensão geográfica da
Globularia alypum L., pelo contrário, é muito mais limitada: este pequeno arbusto encontra-se mais
frequentemente nos rochedos mediterrimicos. As suas folhas, esparsas e mucronadas, persistem
durante os meses frios e as flores, azuis, desabrocham no Inverno e na Primavera.

Foi erradamente denominada pelos povos antigos erva terrível, pois confundiam-na com uma outra
planta com acção purgativa violenta, a Globularia turbith. A Globularia alypum L. é, todavia, muito
menos activa que o sene, mas mais que a globulária-vulgar. Ao utilizá-la, é conveniente dosear
moderadamente as preparações.

O Não exceder as doses indicadas. Habitat: Europa Central e Meridional, solos estéreis, calcários e
rochedos; em Portugal, encontra-se na regiã o de Miranda do Douro; até 1500 m. Identificação: de
O,05 a O,30 m de altura. Vivaz, caule floral erecto e simples, folhas verdes, em roseta, pecioladas,
ovais, espatuiadas, chanfradas no vértice, sendo as caulinares numerosas, sésseis, pequenas, ovais ou
lanceoladas; flores de cor azul forte (Abril-Junho) em pequenos capítulos esféricos, terminais,
solitários, cálice hirsuto com 5 divisões, corola

tulbulosa com 3 divisões compridas e 2 curtas e 4 estames desiguais; aquénio incluso no cálice, 1
láculo e 1 semente; raiz aprumada, ligeiramente lenhosa. Cheiro intenso; sabor acre e muito amargo.
Partes utilizadas: folhas.
O Componentes, heterósidos, tanino, resina, vitamina C O Propriedades: colagogo, estomáquico,
purgativo, sudorífico. U. 1. Ver: obstipação.

171
Goiveiro-amarelo

Cheiranthus cheiri L.

Goivo-arnarelo

Crucíferas

O goiveiro-amarelo atapeta durante todo o


Inverno os cunhais dos velhos muros, e a partir do mês de Março surgem as suas flores douradas
anunciando a Primavera. Muito abertas, as suas discretas corolas desenvolvem-se em cachos amarelos
no cimo do caule, acinzentado, inteiramente revestido de finas folhas cinzentas. A partir desta espécie,
os jardineiros obtiveram variedades com Ilores dobradas, muito ornamentais. O goiveiro espontâneo
pode viver dois anos, devido às gemas situadas na base dos seus numerosos caules lenhosos.

Se bem que muito utilizada na Grécia antiga e ainda pelos médicos árabes como detersivo e
emenagogo, supõe-se que a planta esperou séculos antes de encontrar o seu justo lugar na fitoterapia.
Efectivamente, só no

limiar do século XX a análise química detectou a existência de uma substância cardiotó- nica, a
cheirotoxina, nas sementes, nas folhas e em menor quantidade nas flores da planta. A presença desta
substância impõe a

maior prudência no consumo do goiveiro-amarelo, pelo que, excepto por receita médica, só devem ser
utilizadas as flores.

O Conservar a planta ao abrigo da luz; não exceder as doses indicadas. Habitat: Europa Meridional e
Central, solos áridos, muros, proximidades de casas; subespontâneo de norte a sul de Portugal, sendo
também cultivado como planta ornamental; até 600 m. Identificação: de O,20 a O,60 m de altura.
Bienal, caules angulosos, numerosos, cobertos de folhas com pêlos prostrados e ligeiramente lenhosos
na base; folhas oval- lan ceoladas, inteiras, verde-acinzentadas e vilosas com pêlos bipartidos; flores
amarelas ou amarelo-alaranjadas a castanho (Março-Junho), grandes

(2-5 cm), em cachos cimeiros, cálice com 4

sépalas verdes, erectas, livres, corola com 4 pétalas, 6 estames, dos quais 2 laterais mais curtos, com
filete livre, estigma com 2 lóbulos arredondados; síliqua erecta, tetragonal, contendo sementes
castanhas aladas. Cheiro suave e aromático; sabor picante. Partes utilizadas: sumidades floridas e
frutos.
O Componentes: heterósido sulfurado, heterósidos cardiotónicos, vitamina C * Propriedades:
cardiotónico, diurético. U. 1. o Ver: diurese.

172
Golfões

ti) Nymphaea alba L, b) Nuphar luteum (L.) S. et Sm. a) GolTão-branco, golfo-branco, boleira,
boleira-branca, lis-dos-tanques, nenúfar b) Golfão-amareio, golfo-amarelo, boleira-amarela

Ninfeáceas

As lindas flores brancas ou amarelas dos golfões que surgem à superfície das águas dos lagos de quase
todos os parques públicos são de extrema beleza. Embora pertencendo a dois géneros diferentes,
Nymphaea e Nuphar, têm propriedades comuns. Plantas de águas estagnadas de charcos e lagos, o seu
rizoma está mergulhado no lodo, sendo os pecíolos e os pedúnculos suficientemente compridos para
que as folhas e as flores permaneçam à superfície das águas; as outras folhas, translúcidas, estão
imersas e desaparecem durante o Verão. A palavra Nymphaea deriva de ninfas, divindades das águas;
Nuphar, nenúfar, deriva de ninufar, o nome da planta em árabe. Os Turcos recolhem as flores do N.
luteum na época da fioração, e com elas preparam uma bebida gelada a que chamam pufer. Os
médicos da Antiguidade e da Idade Média deram muita importância à virtude anafrodisíaca do
*golfão, amante da mansão húmida, destruidor dos prazeres e veneno do amor+. Mais tarde,
ridicularizou-se este conceito; porém, actualmente, a maioria dos fitoterapeutas adoptou esta opinião,
confirmada pelos estudos de Delphant e Balansard.

Habitat: Europa, charcos, lagos, ribeiras, águas paradas ou de corrente muito fraca; ambos são
frequentes nas águas estagnadas desde o Minho ao Alentejo; (i) até 800 m, b) até 1100 m.
Identificação: altura segundo a profundidade da água. Vivazes, aquáticas, caule subterrâneo, pecíolos
muito compridos e cilíndricos; folhas cordiformes, abertas à superfície da água, carnudas, cerosas, de
10 a 30 cm; flores: ti) flor branca (Junho-Agosto), diâmetro de 10 a 12 cm,
4 sépalas curtas e verdes na parte superior; b) flor amarela (Abri I- Setembro), muito aromática, de 3 a
7 cm de diâmetro, 5 sépalas grandes,

arredondadas, verdes na parte externa; fruto carnudo, indeiscente, maturescente: ti) no fundo, b) à
superfície com numerosas sementes; rizomas mergulhados no lodo. Cheiro: b) intenso (flor). Partes
utilizadas: a) flor (Junho-Agosto), rizoma; b) rizoma.
O Componentes: tanino, alcalóides O Propriedades: antiespasmódico, sedativo; b) antibiótico. U I., U.
E. LvJ Ver: acne rosácea, cabelo, leucorreia, nervosismo, pele, sono, tosse.

173
Graciosa

Gratiola officinalis L. Gracíola, cinifólio, erva-do-pobre, pequena-dedaleira

Escrofulariáceas

A graciosa é uma pequena planta vivaz cujo caule mergulha nas valas sombrias, onde aparece
juntamente com grandes herbáceas, e também nos canaviais das margens dos pântanos.

É uma das muitas plantas espontâneas que devem ser utilizadas com prudência. Efectivamente, é um
remédio muito violento, eficaz, mas perigoso, que em doses excessivas pode provocar
envenenamentos mortais; não obstante, fazia outrora parte do arsenal farmacêutico com o nome de
graç a-de-deus, indicativo de quanto era apreciada. No entanto, supõe-se que nos séculos XVI e XVII,
época áurea das sangrias, dos clisteres e das purgas, a planta tenha sido de algum modo responsável
pela morte de um certo número de infelizes pacientes.

Nos meios rurais, a graciosa é conhecida por erva-do-pobre, pois outrora apenas os pobres a
utilizavam, por não poderem adquirir remédios mais caros. A graciosa, que, como as dedaleiras,
pertence à família das Escrofulariáceas, contém substâncias que actuam sobre o coração.

O Utilizar apenas a planta seca; não ultrapassar as doses prescritas. Habitat: Europa Central e
Meridional, à beira de águas paradas, costas, prados húmidos; em Portugal, surge nas margens dos rios
e valas, sobretudo a norte do Teio; até 1500 m. Identificação: de O,20 a O,50 m de altura. Vivaz, caule
erecto, oco, cilíndrico na base e anguloso no vértice; folhas verdes, opostas, sésseis, lanceoladas, mais
ou menos serrilhadas, com 3 a 5 nervuras divergentes; flores amareladas, cor de maiva ou rosadas
(Junho-Setembro), isoladas na axila das folhas, cálice

com 5 dentes, provido de 2 brácteas estreitas, corola vilosa no interior, lábio superior com 2 lóbulos e
inferior com 3 lóbulos, 4 estames; cápsula com 2 lóculos e numerosas sementes; rizoma estolhoso,
rastejante e carnudo. Cheiro nauseabundo; sabor acre e amargo. Partes utilizadas: planta florida seca
(Julho); secagem em estufa a 60'C.
O Componentes: heterásidos cardiotónicos O Propriedades: cardiotónico, diurético, emético,
purgativo. ILI. I., U. E. + Ver: edema, intestino, úlcera cutânea.
PLANTAS ESPONTÂNEAS
GRAMA-FRANCESA *//* REFAZER todo o início da página, manualmente
Habitat: todos os terrenos; até 2000 m. Identificação: de O,40 a 1,20 m de altura. Vivaz, caule
rizomatoso, duro, glabro; folhas de um verde intenso e um verde-azulado, estreitas, planas, com
nervuras, ásperas na página superior; longas espigas verde-claras, formadas por espiguetas sésseis,
imbricadas, em 2 filas, alternas; flores verdes (Junho-Setembro), de 4 a 6 por espigueta, cada uma
delas encerrada no conjunto de 2 glumas, com 5 a 7 nervuras e de 2 glumelas e 3 estames; cariopse
obionga, com vértice viloso, indeiscente; longos rizomas rastejantesÁ GRACIOSAPLANTA A
SEGUIR , de cor branco-amarelada, coriáceos, providos de nós com raizes adventicias. Sabor
adocicado. Partes utilizadas: suco da planta inteira, rizoma (Março-Abril ou Setembro-Outubro); lavar,
secar ao sol e pequeno período de conservação.
O Componentes: sais minerais, óleo essencial, triticina (polissacárido, mucilaginoso) O Propriedades:
depurativo, diurético, emoliente, suavizante. U. L, U. E. + kri Ver: celulite, cistite, eczema, icterícia,
litíase, menopausa, obstipação, rim.
PLANTAS ESPONTÂNEAS
GRANZA *//* REFAZER A PLANTA ANTES DA GROSELHEIRA ESPINHOSA

contido na raiz provocou a queda da sua

comercialização. Desde então, a planta deixou de ser cultivada, tornando-se progressivamente


espontânea e difundindo-se por quase toda a Europa.

Muito semelhante à granza devido à sua

acção medicinal, encontra-se nas regiões mediterrânicas uma planta próxima, a granza-brava, ou
Rubia peregrina L., cujas folhas, providas de uma só nervura, persistem durante o Inverno. O
conhecimento das virtudes medicinais da granza remonta à época de Hipócrates, que considerava a sua
raiz diurética. Os Árabes utilizam-na actualmente para facilitar o parto.

Habitat: Europa Meridional, subespontânea em França, solos calcários; a Rubia peregrina L. existe em
quase todo o território português com os nomes de raspa-língua, ruiva-brava ou granza-brava; até
1000 m. Identificação: de O,60 a 1 m de altura. Vivaz, caule vermelho-acastanhado, trepador, ramoso,
quadrangular e provido nos ângulos de acúleos; folhas verticiladas em grupos de 6, gran- des,
lanceoladas, aculeadas nos bordos e na nervura central, nervuras secundárias formando uma rede
aparente; flores amarelas (Junho-Agosto), pequenas, dispostas em cimeira na

axila das folhas e na extremidade dos ramos, cálice com 5 dentes, corola com 5 pétalas soldadas na
base, 5 estames e 2 carpelos; baga arredondada, preta, do tamanho de uma ervilha; parte subterrânea,
rastejante, vermelha, desprovida de renovos. Cheiro a losna; sabor acre. Partes utilizadas: raiz.
O Componentes: heterásidos antraquinónicos
O Propriedades: acistringente, aperitivo, colerético, diurético, emenagogo, laxativo, tónico. U. 1. +
Ver: menstruação, obstipação, parto, rim.
Groselheira-espiM

Ribes uva-crispa L.

Saxifragáceas

Jehan Froissart, nos alvores do século XV, falava já na *groselheira-espinhosa+ e, efectivamente, a


Ribes uva-crispa L. é a única planta desta espécie que possui espinhos. Outrora, na Suécia chamavam-
lhe Rips e na Dinamarca Ribs, sendo a partir destas designações que, em 1584, lhe foi atribuído o
nome de género, Ribes. Arbusto de origem setentrional, inexistente na bacia mediterrânica, foi
ignorado pelos gregos antigos. Há
muito tempo que os horticultores diligenciam multiplicar as variedades hortícolas da planta. Assim,
conseguiram obter frutos progressivamente maiores. Existe mesmo uma variedade denominada
monstruosa com groselhas tão volumosas como as ameixas. É evidente que os frutos da planta
espontânea são muito mais pequenos, aproximadamente do tamanho de uma ervilha. Devem procurar-
se em Junho e Julho nos bosques, nas sebes e mesmo nas árvores ocas. Consomem-se frescos ou em
sumo aquando de uma cura de Primavera. Podem ainda ser utilizados na preparação de óptimas geleias
e compotas. Quando verdes, servem para confeccionar um molho muito apreciado para acompanhar
cavalas. No entanto, a ingestão de bagas não maduras é pouco aconselhável, pois podem provocar
graves perturbações.

G Ingerir as bagas muito maduras. Habitat: Europa, rara na região mediterrânica, florestas, matas,
sebes; até 1800 m. Identificação: de O,60 a 1,50 m de altura. Subarbusto; caule e ramos acinzentados e
espinhosos; folhas largas, palmadas, com 3 a 5 lóbulos serrados, arredondados, que nascem na axila de
espinhos tripartidos; flores esverdeadas ou avermelhadas (Março-Maio), solitárias, ou geminadas, ou
em grupos de 3, cálice com sépaIas avermelhadas, corola com pétalas mais pequenas que as sépalas,
branco-amareladas,
5 estames; baga ovóicie, amarei o- averm elh ada,

eriçada de Pêlos, contendo várias sementes; rizoma estolhoso. Sabor doce (fruto). Partes utilizadas:
folhas, raizes, frutos; secar em estufa e conservar em caixas.
O Componentes: sais minerais, vitaminas B e C, ácidos, glúcidos, lípidos, celulose, provitamina A O
Propriedades: acistringente, aperitivo, depurativo, digestivo, diurético, laxativo, remi n eralizante. ILI.
I., U. E. Ver: albuminúria, apetite, convalescença, cura de Primavera, diarréia, ferida, obesidade,
obstipação, sede.

177
PLANTAS ESPONTÂNEAS

Groselheira-vermelha *//* REFAZER

Ribes rubrum L.

Groselheira-comum, groselheira-rubra,

groselheira-dos-cachos

Saxifragáceas

Pequeno arbusto desprovido de espinho com casca cinzento-clara, prefere os bo ques frescos. As
groselhas vermelhas am

durecem geralmente nos fins de Junho, i dia de S. João, pelo que o seu nome popul na Alemanha é
Johannisbeere, isto é, bag -de-são-joão. São inúmeras as suas virtudi medicinais, conhecidas desde o
século x'v Depurativas e refrescantes, podem, alé disso, ser consumidas pelos diabéticos, doe tes a
quem são proibidos frutos muito doce Se forem secas num forno, conservam-: optimamente, podendo
assim servir de bas no Inverno, a infusões digestivas de agrad vel sabor. A geleia crua é uma iguaria
de] ciosa e pouco vulgar que conserva qualid des idênticas às do sumo fresco e que prepara do
seguinte modo: esmagar suav

mente as groselhas vermelhas com um ga to, de modo a manter as sementes inteira peneirar e
adicionar ao sumo obtido un quantidade de açúcar igual ao dobro do s( peso; colocar em boiões. No
dia seguint, fechar hermeticamente; esta geleia deve s consumida rapidamente.

Habitat: Europa Continental e Setentrional; bosques frescos, abrigados, sebes e moitas; planta melífera
cultivada em Portugal, embora com pouca frequência; até 2000 m. Identificação: de 1 a 1,50 m de
altura. Arbusto; caule desprovido de espinhos, casca cinzenta rasgada em lacínias nos troncos velhos;
grandes folhas alternas, pubescentes na página inferior, palmadas, com 5 lóbulos serrados, pecioladas
e caducas; flores amarelo-esverdeadas (Abril-Maio), em cachos pendentes, hermafroditas, cálice com
sépalas esverdeadas ou castanho-avermelhadas e com o dobro do

tamanho das pétalas; cachos com pequenas bagas vermelhas, brilhantes, de polpa suculenta e contendo
várias sementes; rizoma estolhoso. Cheiro suave; sabor ligeiramente ácido. Partes utilizadas: frutos
(Julho-Agosto).
O Componentes: vitamina C, ácidos málico, cítrico e tartárico, mucilagem, giúcidos O Propriedades:
aperitivo, depurativo, digestivo, diurético, laxativo, refrescante, tónico. U. 1. Ver: apetite, artritismo,
cura de Primavera, dartro, obesidade, obstipação, reumatismo, sede.
Hepática

Hepatica nobilis Mill.

A ném orta- hepática

Ranunculáceas

A hepática é uma pequeníssima planta vivaz, muito rara nas planícies, um pouco mais frequente nas
montanhas cobertas de bosques, onde atapeta o pé das árvores frondosas, e na frescura das matas.
Floresce logo que termina o Inverno, mas as suas graciosas corolas, de cor lilás-azulada, pendentes
para o solo, só vivem oito dias. Esta planta é tão característica que não é possível confundi-Ia com
qualquer outra.

Sem utilização e certamente desconhecida na Antiguidade, supõe-se que não foi considerada medicinal
antes do século XV. Então,

a sua principal aplicação consistia no tratamento das doenças do fígado. O nome de hepática advém-
lhe desta qualidade, embora também possa ser devido à forma das folhas, que se assemelham aos
lobos do fígado.

O Não utilizar nem a raiz nem a flor. Só utilizar a folha seca. Respeitar as doses. Habitat: Europa,
excepio no extremo norte, sobretudo em regiõ es montanhosas, solos húmidos, matas calcárias; entre
400 e 2200 m. Identificação: de O,08 a O,20 m de altura. Vivaz, acaule; folhas basilares, persistentes,
com longo pecíolo, espessas, cordiformes, vilosas quando jovens e depois glabras, divididas em 3
lóbulos iguais não recortados; flores de cor lilás-azulada, por vezes cor-de-rosa ou brancas (Março-
Abril), bastante grandes, isoladas, com invólucro em forma de cálice, 6 a 9 sépalas

petalóides, 20 estames, numerosos carpelos com rostro curto. Sabor amargo. Partes utilizadas: folhas
(Maio-Julho).
O Componentes. heterósidos, enzimas, saponósido O Propriedades: acistringente, cicatrizante,
diurético. U. I., U. E. + Ver: ferida, litíase.
Hera

Hedera helix L.

Aradeira, hereira, hedera, hedra, hera-dos-muros,

hera-trepadeira, heradeira

Araliáceas

À hera têm sido atribuídas as mais variadas designações, nomes populares na sua maior parte
femininos, como acontece em todas as línguas românicas, com excepção do francês, que deu à planta
um nome masculino: lierre. Existem algumas pessoas que apreciam a hera, permitindo que adorne
com o seu manto sussurrante os caramanchões, as grades ou as fachadas das suas casas; outras
consideram-na uma planta prejudicial e destroem-na. É certo que a hera deteriora as paredes e que,
quando invade o solo, nenhuma outra vegetação consegue encontrar o seu caminho para a luz. No
entanto, não é parasita, pois, apesar de se agarrar às árvores, não se alimenta da sua seiva. Esta hera
pode viver muito tempo: conhecem-se alguns exemplares com 400 anos; então, por vezes o caule
adquire a espessura de um tronco de árvore. Os frutos amadurecem na Primavera, aconselhando-se
prudência, pois são tóxicos, não devendo ser consumidos.

Tradicionalmente, a hera escondia os duendes sob a sua folhagem, protegia as casas dos espíritos
malignos e era tida como símbolo de fidelidade e longevidade. Juntamente com a vinha, associa-se ao
deus Baco.

O Nunca consumir os frutos; quanto às folhas, respeitar sempre as doses indicadas. Habitat: Europa;
frequente em quase todo o território portuguê s; até 1000 m. Identificação: de 3 a 50 m de altura.
Arbusto, trepador ou rastejante; caule lenhoso, vigoroso, trepa aos muros e às árvores por meio de
raízes laterais; folhas verde-escuras, brilhantes, coriáceas, alternas, pecioladas, persistindo cerca de 3
anos, de triangulares a palmatilobadas, ovais nas sumidades floridas; flores amarelo-esverdeadas
(Setembro- Outubro), em pequenas umbelas esféricas com numerosos

raios, cálice com 5 dentes curtos, soldados ao ovário, 5 pétalas lanceoladas, reflexas; fruto globoso,
preto, com 4 a 5 sementes cor-de-rosa. Cheiro aromático; sabor amargo. Partes utilizadas: folhas
novas, frescas.
O Componentes: estrogéneos, hederina O Propriedades: analgésico, antiespasmódico, emenagogo. U.
L, U. E. + V o Ver: banho, bronquite, cabelo, calo, celulite, edema, estrias, hipertensão, menstruação,
queimadura, queimadura solar, reumatismo, tosse convulsa, traqueíte.
Hera-terrestre

Glechoma hederacea L.

Erva-de-sãojoão, malvela

Labiadas

bentos estéreis e igualmente prostrados. Espaçadamente, erguem-se ramos curtos providos de pares de
folhas arredondadas e crenadas em cujas axilas desabrocham, a partir de Março, graciosas flores cor de
violeta.

Conhecida desde a Alta Idade Média como planta medicinal, a hera-terrestre foi muito apreciada por
Santa Hildegarda, no século xii, devido a duas das suas actuais utilizações: peitoral e vulnerária. No
século XVI, era utilizada para tratar feridas internas e externas e mesmo para combater a loucura.
Cozida em leite, é ainda hoje um dos remédios utilizados nos meios rurais para as afecções dos
brônquios.

A planta faz parte de uma preparação da Farmacopeia Francesa, o chá-suíço, espécie de tónico
fortificante, muito eficaz para recuperar de qualquer tipo de comoção.

Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica; espontânea em locais húmidos e sombrios de Trás-
os-Montes, Minho e Beiras; até 1600 m. Identificação: de O,05 a O,25 m de altura. Vivaz, caule
prostrado, radicante, piloso, sendo os floríferos erectos, simples; folhas verdes, moles, crenadas,
cordiformes, arredondadas; flores azul-violeta maculadas de cor de púrpura, por vezes de cor-de-
rosa (Março-Maio), unilaterais, entre 2 e 4 na axila das folhas superiores, cálice com 5 dentes,
tubuloso, corola com 2 lábios, sendo o superior chanfrado e o inferior trilobado, 4 estames, 2 maiores
e2

mais pequenos (didinâmicos), anteras com lóculos em ângulo recto; tetraquénio com aquénios
ovóides, lisos, castanhos. Cheiro intenso, agradável; sabor quente, acre, amargo. Partes utilizadas:
planta fresca ou seca, suco fresco, folhas (no princípio da floração).
O Componentes: princípio amargo, óleo essencial, tanino, glúcidos, potássio, resina O Propriedades:
diurético, peitoral, tónico, vulnerário. LI. L, U. E. + o Ver: asma, bronquite, constipação, enfisema,
estômago, furúnculo.

181
Hespere

Hesperis matronalis L.

Juliana, juliana-dos-jardins

Bras.: erva-alheira

Crucíferas

AHesperis matronalis L., de flores brancas, cor-de-rosa ou violáceas, é um habitante selvagem das
clareiras, onde exala o seu perfume ao cair da tarde. Cultiva-se nos jardins para fazer cercaduras nos
canteiros, mas a
sua exuberância natural torna, por vezes, necessário limitar a sua propagação. Então, com a ajuda das
abelhas que a procuram, ultrapassa facilmente as cercas e reconquista a sua liberdade ao longo dos
caminhos. Na Antiguidade, os naturalistas confundiam-na

com o goivo, sendo, no entanto, bem descrita na Idade Média.

Introduzida na Áustria a partir da Turquia, passou no século XVII à França e depois à Itália.

No século XIX, o fitoterapeuta Cazin verificou as suas propriedades terapêuticas, confirmando que a
planta é diurética, expectorante e sudorífica. O seu suco misturado com leite ou uma infusão das
folhas ou o vinho em que estas foram maceradas são bebidas agradáveis. As cataplas m as de folhas
picadas aceleram a maturação dos abcessos. A sua eficácia só é real quando utilizada no estado fresco.

Habital: Europa Central e Meridional, com excepção da região mediterrânica e da Córsega, solos
calcários, sebes, moitas; até 1500 m. Identificação: de O,40 a O,80 m de altura. Bienal ou vivaz, caule
erecto, cilíndrico, ramificado na parte superior; folhas simples, inteiras, lanceoladas ou oblongas,
dentadas, hirsutas, rugosas, com pecíolo curto; flores branco-rosadas, cor de púrpura ou violáceas
(Maio-Setembro), agrupadas em grandes panículas, 4 sépaIas, 4 pétalas em cruz, 6 estames, estigma
fendido em 2 lobos; síliqua comprida, erecta, glabra ou aveludada, abrindo-se em 2 valvas

contendo 1 fileira de sementes. Cheiro agradável, sobretudo à noite; sabor acre. Partes utilizadas: parte
aérea da planta fresca (floração).
O Componentes: óleo, vitamina C O Propriedades: diurético, expectorante, sudorífico. U. I., U. E.
Ver: abcesso, gota, litíase, pele.

182
Hipericão

kypericum perforatum L.

Milfurada, erva-de-sãojoão

Hipericáceas

O hipericão cresce geralmente em maciços, e a densidade da sua floração é tão intensa que nas grandes
extensões de terreno que ocupa faz surgir enormes manchas amarelo-douradas e avermelhadas. Na
realidade, as flores estão abertas apenas um dia e murcham no dia seguinte, adquirindo as pétalas sem
viço a cor de ferrugem. Esta planta tem uma particularidade interessante: o parênquima das folhas está
salpicado de pequenas glândulas de essência, translúcidas, que, observadas à transparência, se
assemelham a mil pequenos orifícios e às quais deve o nome de milfurada. As flores contêm dois
pigmentos, um amarelo e outro vermelho; este último, denominado hipericina, está encerrado em
pequenos pêlos glandulosos presentes nas sépalas e pétalas. Tem a propriedade de tornar a epiderme
do animal que o ingere sensível à luz solar; as zonas despigmentadas do corpo expostas ao sol tornam-
se um foco de pruridos. As folhas e sumidades floridas são secas em ramos a sombra.

O chamado hipericão-do-gerês, ou androsemo, é obtido de uma outra espécie, Hypericum


androsaemum L., que pode ser encontrada nos locais húmidos e sombrios e margens dos rios do
Minho, Beiras e Estremadura (Sintra).

Habitat: Europa, terrenos incultos, bosques pouco densos, clareiras, prados secos, muros velhos;
presente em todo o País; até 1600 m. Identificação: de O,30 a O,80 m de altura. Vivaz, caule
avermelhado, sub-roliço, com 2 linhas longitudinais salientes, abundantemente ramificadas; folhas
opostas, sésseis, glaucas na página inferior, cobertas de numerosas pontuações transiúcidas e
salpicadas de pontos negros; flores de um amarelo intenso (Junho-Setembro), grandes, em panículas
corimbiformes, 5 sépalas, 5 pétalas assimétricas, com

ntuações negras que são glândulas com um

corante vermelho, estames em 3 feixes; cápsula ovóide, estriada e com vesículas; toiça com rebentos
folhosos. Partes utilizadas: folhas, sumidades floridas.
O Componentes: óleo essencial, hipericina, resina, tanino, vitamina C O Propriedades: adstringente,
anti-séptico, cicatrizante, diurético, sedativo, vermífugo, vulnerário. U. L, U. E. + V Ver: asma,
banho, bronquite, cistite, entorse, enurese, ferida, frigidez, impotência, leucorreia, parasitose, pulmão,
queimadura, queimadura solar, úlcera cutânea.
Hipofac

Hippophae rhamnoides L.

Eleagnáceas

É um arbusto espinhoso a cuja vida a luz é tão indispensável que morre sob árvores de maior porte, e
os seus ramos mais baixos definham à sombra das suas próprias ramificações superiores. Necessita de
sol e de solos salgados, formando impenetráveis massas arbustivas nas costas do mar da Mancha e do
mar do Norte, onde as suas raízes com numerosos rebentos se fixam no subsolo. É uma planta dióica,
cujas flores masculinas e femininas são produzidas por pés diferentes. No Inverno, os pés femininos
reconhecem-se facilmente, pois os seus gomos florais são mais pequenos.

Na Antiguidade, devido à reputação tóxica dos seus frutos encarnados, tinha o nome de Hippophae,
das palavras gregas hippo, cavalo, e phaó, eu mato, mas, a partir da Idade Média, a inocuidade dos
seus frutos foi reconhecida, descobrindo-se-lhes uma acção adstringente. A sua utilizaçã o como
remédio antiescorbútico e antigripal é muito mais recente, visto que só no século XX foi

escoberto o seu elevado teor em vitamina C. Com o fruto do hipofaé confeccionam-se compotas e
doces caseiros, estando comercializado um xarope que se recomenda durante os meses de Inverno.

Habitat: Europa, dunas, solos arenosos, aluviões dos grandes cursos de água; até 1800 m.
Identificação: de 1 a 3,50 m de altura. Arbusto; tronco espinhoso com ramos soltos, castanho-escuros;
folhas alternas quase sésseis, aiongadas, verde-escuras na página superior, prateadas e salpicadas de
escamas de cor ruiva na inferior; flores esverdeadas (Março-Maio), pequenas, dispostas na base dos
ramos jovens, que aparecem antes das folhas, dióicas, as masculinas em amentilhos laterais com
4 estames sésseis na axila das escamas e as femininas solitárias com 1 estilete; fruto subgloboso,
amarei o- ala ranjad o, com 1 semente encerrada num cálice carnudo; estolhos subterrâneos com
numerosos turiões. Sabor ácido (fruto). Partes utilizadas: frutos (Setembro-Outubro).
O Componentes: ácidos orgânicos, heterásidos flavónicos, provitamina A, vitaminas B1, B2, B6, E e
C O Propriedades: acistringente, antiescorbútico, anti-séptico, tónico, vermífugo. U. 1. + Ver: apetite,
astenia, envelhecimento, escorbuto, gripe.
hissopo *//* refazer

áridas, tenha sido outrora tão venerada. O hissopo é, como a losna, uma planta ambivalente;
simultaneamente benéfica e maléfica, bela e perigosa, está entre o número das plantas consideradas
feiticeiras. De entre os

remédios mais divulgados em medicina popular, o hissopo era utilizado para tratar doenças como a
asma e as afecções brônquicas e pulmonares. E cultivado à escala industrial para uso farmacêutico.
Serve ainda para aromatizar licores e aperitivos e, em

cosmética, para preparar uma loção refrescante para as pálpebras e tonificante para a

pele. Com 17 outras plantas, faz parte da composição do chá-suíço.

O As pessoas nervosas devem tomá-lo com precaução. Habitat: Europa Meridional, solos calcários,
paredes expostas ao sol; em Portugal, cultiva-se como planta melífera e ornamental; até 2000 m.
Identificação: de O,20 a O,60 m de altura. Vivaz, caule ascendente e ramificado; folhas pequenas,
inteiras e com nervura saliente; flores azuis ou cor de violeta-escura (Junho-Setembro), em espiga
unilateral folhosa, cálice com 5 dentes, corola com 5 lóbulos, 4 estames cor de violeta e salientes;
tetraquénio contendo 1 semente preta e rugosa; raiz lenhosa.

Partes utilizadas: sumidades floridas, folhas mondadas (na época da florescência); secagem lenta à
sombra; conservar em local seco em pequenos sacos de papel colocados em frascos bem rolhados.
O Componentes: óleo essencial, heterósido, tanino, colina O Propriedades: antiespasmódico, aperitivo,
carminativo, depurativo, estimulante, estomáquico, resolutivo, vulnerário. U. L, U. E. + o Ver: asma,
bronquite, contusão, cura de Primavera, digestão, meteorismo, olhos, pele, rouquidão, tosse.

185
Imperatória

Peucedanum ostruthium Koch. (= Imperatoria

ostruthium L.)

Umbelíferas

Aimperatória encontra-se nos caminhos de montanha, formando altas e espessas moitas extremamente
aromáticas; o seu perfume assemelha-se ao do aipo e também vagamente ao da angélica. O próprio
nome da imperatória revela as suas importantes virtudes.
O nome de espécie advém, por sucessivas transformações, do termo alemão Meisterwurz, que foi
traduzido para o latim medieval, magistrantia, de onde derivou astrantia, que se transformou em
ostricium e finalmente em ostruthiuni.

No século xVII, a imperatória, então no

auge da sua fama, fazia parte da composição de uma das misturas mais em moda na Europa, o
orvietão, ou orvietano, composto por 54 plantas diferentes amolecidas e amassadas com mel, ópio,
vários óleos essenciais e carne seca de víbora. Actualmente, a imperatória é um dos remédios
populares mais utilizados na Suíça, onde a sua raiz cozida em vinho é considerada como um
contraveneno e um tratamento eficaz para as mordeduras de cão. As suas propriedades aperitivas e
expectorantes são indiscutíveis; mastigada, estimula a salivação. A planta, utilizada também em
culinária, serve para aromatizar alguns tipos de queijo.

Habitat: Europa, montanhas, ravinas, prados húmidos, solos siliciosos; até 2000 m. Identificação: de
O,30 a 1 m de altura. Vivaz, caule verde, erecto, cilíndrico, estriado, oco e folhoso; folhas verdes nas
duas páginas, frequentemente mais claras e aveludadas na página inferior, moles, sendo as inferiores
formadas por 3 a 9 segmentos compridos, triangulares, lobulados, serrados, e as superiores mais
pequenas; flores brancas ou cor-de-rosa (Junho-Agosto), em grandes umbelas planas, com
20 a 42 raios delgados, desiguais, sem invólucro de brácteas; fruto curto, extensamente alado,
chanfrado em ambas as extremidades; rizoma anelado, castanho, estolhoso; suco leitoso. Cheiro
aromático e penetrante; sabor acre. Partes utilizadas: folhas frescas, rizoma; na Primavera, secagem à
sombra; no Outono, secagem ao sol.
O Componentes: óleo essencial, goma, resina, composto de natureza cumarínica O Propriedades:
aperitivo, estomáquico, expectorante, sudorífico. U. L, U. E. Ver: apetite, bronquite, meteorismo,
mordedura, picadas.

186
Labaçol

Rumex obtusifolius L. Labaça-obtusa, manteigueira, ruibarbo-seivagem,

erva-britânica, paciência-aquática

Poligonáceas

Parente das azedas com sabor desprovido de acidez, mas muito amargo, o labaçol espontâneo possui
grandes folhas em forma de coração e pequenas flores com pétalas substituídas pelas três sépalas
interiores do cálice; as três sépalas exteriores, esverdeadas, formam o invólucro característico do fruto,
que permite aos botânicos distinguir o labaçol das suas espécies próximas, dotadas de propriedades
medicinais semelhantes. Além do labaçol espontâneo, podem encontrar~se nos jardins o Rumex
patientia L. e nos cam~ pos o Rumex crispus L., cujos frutos estão aqui representados. São plantas
vivazes, das quais se utilizam o suco fresco, as folhas e

as raízes secas, considerados remédios eficazes, só actuando, porém, a longo prazo; assim, é
necessário suportar pacientemente, durante várias semanas, o repugnante sabor antes de sentir os seus
efeitos. Os farmacêu~ ticos preparam cápsulas medicinais com o pó da raiz para engolir sem mastigar,
destinadas às pessoas que não conseguem suportar o sabor da planta. As folhas são depurativas,
tónicas, diuréticas e ligeiramente laxativas; servem-se em salada ou cozidas.

Habitat: Europa, excepto certas regiões mediterrânicas, à sombra, bermas dos caminhos; em quase
todo o País; até 1600 m. Identificação: de O,50 a 1 m de altura. Vivaz, caule floral rígido, robusto,
canelado, corado de vermelho; folhas inferiores alternas, pecioladas, de nervuras centrais
avermelhadas, ovais e cordiformes; flores esverdeadas (Junho-Setembro), com pedicelos filiformes,
reunidos em semivertici lastros, constituindo cachos interrompidos, 3 tépalas externas pequenas, 3
tépalas internas (valvas), incluindo o fruto, 6 estames e 3 estiletes com estigmas;

aquénio trigonal com 1 semente, protegido pelas valvas; raiz espessa, rugosa, castanha e amarela no
corte. Cheiro acre; sabor amargo. Partes utilizadas: folhas, suco fresco, raizes secas (Outubro-
Novembro); limpar sem lavar e secar ao sol.
O Componentes: compostos de ferro e de fósforo, tanóides, heterósidos O Propriedades: acistringente,
antianémico, depurativo, diurético, laxativo, tónico. U. L, U. E. + V o Ver: anemia, cura de
Primavera, dartro, fígado, obstipação, pele, úlcera cutânea.
Laminárias

a) Laminaria saccharina Lam. b) Laminaria digitata (L.) Lam, c) Laminaria hyperborea (Gunner)
Foslie a) rabeiro, c) folha-de-maio, chicote, taborro-de-pé

Laminariáceas

As laminárias surgem ao longo das costas da Europa, onde, na maré baixa, é habitual vê-Ias brilhar
sobre as rochas. Cientificamente, pertencem ao grupo das algas-castanhas (feofíceas). Estas laminárias
identificam-se facilmente ao examinarem-se os seus estipes, pseudocaules simples que se ramificam na
base, constituindo um órgão de fixaçao com aspecto de raiz, e na parte superior se diferenciam dando
uma fronde lamelar. O estipe da Laminaria saccharina é curto e cilíndrico; a sua lâmina foliácea
verde-azeitona-escura, ondulada nos bordos, persiste e

cresce todos os anos ao nível da base. A Laminaria digitata possui um pseudocaule longo e flexível e
uma fronde espessa verde-azeitona manchada de castanho. Na Laminaria hyperborea, o estipe é rugoso
e espesso. Nenhuma destas três laminárias é perigosa; pelo contrário, a sua riqueza em sais minerais,
em oligoelementos e em vitaminas justifica as suas numerosas aplicações medicinais e a sua utilização
na indústria farmacêutica e alimentar.

Habitat: Europa; na costa portuguesa há a L. hyperborea (Gunner) Foslie, a L. ochroleuca De Ia Pylaie


e a L. saccharina (L.) Lamour. Identificação: de 3 a 4 m de altura. Talo composto por um espique
cilíndrico e por grande fronde, alongada, recortada consoante as espécies, contendo canais com
mucilagem, cobertos por soros em determinadas épocas. Cheiro marinho; sabor salgado; a) estipe
curto; fronde verde-azeitona-escura, comprida, achatada, apresentando à superfície uma fileira de
soros; b) pseuclocaule comprido, flexível, coriáceo; fronde verde-azeitona manchada de

castanho, brilhante, espessa; apresenta soros ovais afastados uns dos outros; c) estipe volumoso,
rugoso; fronde apresentando à superfície extensas fileiras de soros. Partes utilizadas: talo; arrancar e
secar.
O Componentes: pigmentos, ácido algínico, alginatos, oligoelementos, vitaminas B, C e E
O Propriedades: anorexígeno, estimulante, remineralizante. U.l., U.E. V O Ver: arteriosclerose, banho,
bócio, envelhecimento, fadiga, hipotireoidismo, menopausa, obesidade, pele, raquitismo.

188
Lapsana

Lapsana communis L.

Labresto

Compostas

A lapsana é uma erva daninha, vulgar à beira dos caminhos, que se apanha nos campos, constituindo
um óptimo alimento para os coelhos. Enorme planta anual, esbelta, as suas flores têm a característica
fascinante de abrir de manhã cerca das 6 ou 7 horas e de fechar ao entardecer. As folhas têm a forma
de uma lira e o caule, viloso, contém um suco leitoso de gosto inesperado, simultaneamente amargo e
salgado, semelhante ao do taráxaco. Nos meios rurais, a lapsana é consumida crua, temperada como
uma salada.

O nome da lapsana deriva do grego Iapadzô, eu purgo. Foram-lhe atribuídas propriedades emolientes.
A planta é, de facto, utilizada em medicina popular para aliviar os seios encaroçados das mulheres que
deixam de amamentar e também para curar as gretas cutáneas. Para este efeito, utiliza-se quer em
pomada obtida pela mistura do suco fresco com uma matéria gorda, quer numa cataplasma feita com
folhas frescas picadas. A lapsana é utilizada num extracto fluido para fazer baixar o teor de açúcar no
sangue.

Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica, terrenos incultos ou cultivados, limites dos bosques,
entulhos; bastante frequente em Portugal nos locais sombrios, sebes e campos cultivados; até 1800 m.
Identificação: de O,20 a 1,20 m de altura. Anual, caule erecto, ramificado na extremidade superior,
folhoso, com suco leitoso; folhas alternas, com dentes espaçados, as inferiores firadas, com grande
lóbulo terminal, as médias simples, ovais, pecioladas, e as superiores lanceoladas, sésseis; flores
amarelo-claras (Maio-Setembro), de 8 a 12 em pequenos capítulos, sobre pedúnculos delgados,
dispostos em panículas, com 5 dentes; aquênio comprido, estriado, brilhante, arredondado no vértice,
sem papilho; raiz aprumada, com raizes laterais. Sabor amargo e salgado (suco). Partes utilizadas:
folhas, suco.
O Componentes: princípio activo indeterminado O Propriedades: antidiabético, emoliente, laxativo,
refrescante, vulnerário. U. L, U. E. + Ver: diabetes, fígado, greta, lactação, obstipação.
LevÍstico

Levisticum officinale Koch

Umbelíferas

Semelhante a um grande aipo-bravo devido ao seu aroma, dimensões e folhagem, o levístico é raro no
estado espontâneo; geralmente evadido das suas antigas culturas, aclimatou-se nas montanhas, nas
sebes, nas lixeiras e nos prados. Outrora célebre pelas suas virtudes medicinais, como indica o seu
nome, Levisticum, que deriva do latim levare, aliviar, esta planta foi provavelmente introduzida na
Europa Central pelos monges beneditinos. Cerca de 800, encontrava-se já nos jardins imperiais de
Carios Magno, embora alguns autores suspeitassem que era

prejudicial à visão. Na Idade Média, atribuíam-se-lhe virtudes estomáquicas e calmantes e utilizava-se


em preparados cosméticos. No século Xvi, a Escola de Salerno elogia as suas propriedades
emenagogas. Actualmente, parece ter caído no esquecimento, a não ser nos países anglo-saxónicos,
onde é uma hortaliça muito apreciada, e a raiz, reduzida a pó, substitui a pimenta.

Na Suíça e na Alsácia, o caule oco do levístico é utilizado como palhinha para beber leite quente para
aliviar as afecções da garganta.

Habitat: raro na Europa, semiespontâneo nos Alpes e nos Pirenéus, solos incultos, sebes, planícies; até
1800 m. Identificação: de 1 a 2 m de altura. Vivaz, caule erecto, robusto, oco; folhas verdes,
brilhantes, grandes, na base dos ramos, triangulares, 2 a 3 vezes recortadas em folíolos romboidais
incisos; flores amareladas (Julho-Agosto), em umbelas de 8 a 15 raios, com invólucro e involucelos
retroflectidos; fruto oval, com 10 costas aladas; raiz cinzento-acastanhada, casca espessa. Cheiro
intenso a aipo. Partes utilizadas: raiz (Primavera), sementes,

por vezes as folhas (Setembro).


O Componentes: óleo essencial, cumarina, gomas, resinas, tanino, amido, vitamina C O Propriedades:
carminativo, digestivo, diurético, emenagogo. U. 1. + Ver: edema, enxaqueca, fígado, menstruação,
meteorismo.
LicopÓdio

Lycopodium clavatum L.

Enxofre-vegetal

Licopodiáceas

As licopodiáceas são criptogâmicas, isto é, plantas sem flores que se reproduzem por esporos, os quais
são provenientes de esporângios que surgem em forma de espiga terniinal num pedtInculo delgado e
nu. Frequente na Europa Central, o licopódio raramente se desenvolve no litoral mediterrânico. No
entanto, não é fácil encontrá-lo, pois esconde-se entre as urzes, os arandos e por vezes entre o musgo,
apenas emergindo deste meio os esporângios, de uma bela cor amarelo-clara. O crescimento da planta
é extremamente lento, podendo o caule rastejante atingir 1 m de comprimento. O nome de
Lycopodium deriva das palavras gregas pus e lycos, que significam, respectivamente, pé e lobo, numa
alusão ao aspecto dos ramos

jovens; clavatum deriva do latim clava, moca, pois os esporângios têm, nas sumidades dos caules
férteis, a forma de mocas. O pó dos esporos é utilizado em farmácia como hidrófugo e em medicina
para o tratamento de algumas dermatites causadas pela humidade. Recentemente, era ainda utilizado
nas embalagens de pílulas para evitar a sua aglutinação.

Se um pouco deste pó for lançado sobre uma chama, deflagra, emitindo um clarão vivo; esta reacção é
devida ao óleo essencial que contém. Por esta razão, é utilizado pelos pirotécnicos no fabrico de peças
de fogo-de-artifício com chama colorida.

O Não aproximar o pó de uma chama. Habitat: Europa Central, vulgar em França, bosques de solos
siliciosos; em Portugal, na serra da Estrela; até 2500 m. Identificação: pode atingir 1 m de
comprimento. Vivaz, caule ramoso, rastejante, radicante, com ramos ascendentes, espaçados; folhas
assoveladas, comprimidas, pequenas, irregularmente imbricadas, terminando por um comprido pêlo
hialino; ramos férteis, folhosos, erectos, terminados por 1 a 3 compridas espigas de brácteas
triangulares que contêm os esporângios, amarelo-claros (Julho-Outubro),

reniformes, encerrando inúmeros esporos; raiz vigorosa, bifurcada. Partes utilizadas: esporos (Agosto-
Setembro); peneirar o pó, conservar em lugar seco.
O Componentes: celulose, prótidos, glúcidos, lípidos, sais minerais O Propriedades: emoliente. U. E.
Ver: eritema.

191
LÍNGUA-CERVINA *//* VER SE TEM OUTROS NOMES

A língua-cervina é um feto das paredes deterioradas, das abóbadas em ruínas e das sombrias entradas
das grutas que expelem cheiros bolorentos. Esta planta, que deve ser protegida, mantém durante todas
as estações do ano as suas frondes, que no Verão se enchem de soros. Os Antigos, que muito
apreciavam a língua-cervina, consideravam-na um

remédio para as obstruções intestinais e as

afecções do fígado e do baço; com os progressos da medicina, outros remédios, mais convenientes,
foram postos em prática. Por esta

razão, actualmente a planta é sobretudo utilizada devido às suas propriedades emolientes,


expectorantes e adstringentes. Os homeopatas receitam uma tintura preparada a partir da planta -fresca
e os fitoterapeutas aconselham uma infusão das folhas, frescas ou secas, em água ou, preferen temente,
em leite. A língua-cervina faz parte, com 16 outras plantas, todas espécies vulnerárias, da composição
do chá-suíço e é utilizada na preparação de um xarope de chicória composta.

Habitat: Europa, ruínas; em Portugal, encontra-se, durante todo o ano, nos locais húmidos e sombrios,
poços, desde o Minho à Estremadura; até 1800 m. Identificação: de O,20 a O,90 m de altura. Vivaz,
frondes em moitas inteiras, grandes, serradas, verde-brilhantes, mais claras na página inferior,
ligeiramente onduladas, cordiforme-auriculares na base, com bordos lisos e pecíolos escamosos; soros
lineares na face inferior (Junho-Setembro), paralelos entre si, obliquamente alinhados em relação à
nervura média, cobertos por indúsios; rizoma subterrâneo, avermelhado, espesso, escamoso, fibroso e
vertical. Cheiro herbáceo, tornando-se aromático após a secagem; sabor doce. Partes utilizadas: folhas
frescas e secas (todo o ano para utilização imediata, ou em Setembro para conservação).
O Componentes: mucilagem, tanino, glúcido, vitamina C, colina 6 Propriedades: acistringente,
antilactagogo, béquico, diurético, emoliente, expectorante, resolutivo, vulnerário. U. L, U. E. + Ver:
boca, bronquite, diarreia, fígado, lactação, reumatismo.

192
Linho-bravo

Linum angustifoliuiv Huds.

Linho-galego-silvestre

Bras.: linho

Lináceas

A cultura do linho data dos primórdios da Humanidade. Desde então e até meados do século XIX,
época em que foi enormemente suplantado pelo algodão, o homem cultivava o linho devido às suas
fibras têxteis, que eram fiadas, tingidas e tecidas. No século vi a. C., o linho fazia parte da
alimentação, e

no século v a. C. foi citado como remédio por Teofrasto na sua História das Plantas.

Na Idade Média, os pintores substituíram uma parte do ovo, então utilizado na composição da
têmpera, por óleo de linhaça cozido e decantado ao sol; este processo tornava as cores mais brilhantes
e mais fáceis de

usar.

A água de linho conheceu grande voga no

século XVIII como bebida para conservar a saúde. Este linho de múltiplas aplicações foi denominado
pelos botânicos Linum usitatissimuin L., que quer dizer linho muito usado. Embora muito cultivado,
não suplantou o espontâneo, o Linum angustifolium Hucis. Há ainda uma terceira espécie de linho
medicinal, o linho-purgante, Linum (-atharticum L., que é uma pequena planta com minúsculas flores
brancas.

O Nunca utilizar a farinha pouco fresca, bolorenta ou rançosa para cataplasmas. Habitat: Europa
Meridional; frequente em quase todo o País; até 800 m. Identificação: de O,30 a O,60 m de altura.
Vivaz, caule erecto ou ascendente, sem nós, glabro, com bastantes rebentos basais, folhosos, estéreis;
folhas verde-claras, lanceoladas, estreitas, alternas, assinaladas por 1 a 3 nervuras; flores azul-claras
(Maio-Julho), grandes, com pedicelo comprido, fechadas se está mau tempo, 5 sépalas ovais,
pontiagudas, com 3 nervuras, 5 pétalas denticuladas, 2 vezes mais compridas, caducas, 5 estigmas,
estreitos, capitados, 5 estames férteis e 5 abortados sem antera; cápsula acastanhada, com septos
ciliados vilosos libertando 10 sementes alongadas, castanhas, brilhantes e lisas. Partes utilizadas:
sementes (Julho-Agosto).
O Componentes: mucilagem, pectina, lípidos, enzimas, heterósido, vitamina F O Propriedades:
diurético, emoliente, laxativo, suavizante, vermífugo. U. I., U. E. + O Ver: abcesso, bronquite,
congestão, furúnculo, obstipação, parasitose, pele.
Linho-de-cuco

Cuscuta epith@Imum Murr. Linho-de-raposa, cabelos, cabelos-de-nossa-senhora

Bras.: cipó-chumbo

Cuscutáceas

O linho-de-cuco é uma planta parasita que, embora desprovida de clorofila, possui uma enorme
vitalidade. No início do seu desen- volvimento, uma minúscula raiz assegura as primeiras necessidades
e, seguidamente, a planta recém-nascida procura um suporte, fixando-se fortemente e emitindo na
direcção do sistema vascular do hospedeiro um fino sugador nutritivo. A partir daí, o seu
desenvolvimento é rápido, os caules filiformes crescem, esgotando e asfixiando algumas vezes a
vítima na sua rede funesta. De entre as 100 espécies do género Cuscuta existentes no Mundo, a Europa
possui cerca de uma dezena. A espécie representada ao lado parasita a giesteira-das-vassouras, o

serpão e a urze. Todas as cuscutas são anuais, mas a Natureza dotou-as de milhares de sementes que
garantem a continuidade de inumeras geraçoes. Os povos da Antiguidade confundiam várias espécies
de cuscutas sob a designação global de Epithvmon (epi, sobre, e thymon, serpão) e utilizavam-nas
acireditando que elas absorviam as propriedades medicinais dos hospedeiros. Actualmente, há
conhecimento de que o linho-de-cuco possui as suas próprias virtudes.

Habitat: Europa; todo o território português; até 200 m. Identificação: altura indefinida. Anual, caule
avermelhado ou amarelado, filiforme, liso, trepador, afilo, provido de sugadores com ramos
entrelaçados; flores brancas ou rosadas (Junho-Setembro), pequenas (5 mm), dispostas em glomé rulos
ou corimbos na axila de uma bráctea, cálice com 5 divisões, corola campanulada com 5 lóbulos, com o
tubo fechado por escamas, 5 estames curtos, 2 estigmas; cápsula arredondada contendo 4 pequenas
sementes esféricas; raiz reduzida que morre logo que

a planta começa a ser afimentada pelo seu hospedeiro. Cheiro pouco intenso; sabor amargo. Partes
utilizadas: planta inteira; secagem à sombra.
O Componentes: heterósido, resina, tanino, goma, enzima O Propriedades: acistringente, carminativo,
colagogo, detersivo, laxativo. U. L, U. E. + Ver: abcesso, ferida, meteorismo, obstipação.
Líquen-da-islândia

Cetraria islandica L.

Musgo-da-islândia, musgo-amargo, musgo-islândico

Parmeliáceas

Se bem que alguns autores tenham escrito que o líquen-da-islândia não cresce no país cujo nome usa,
encontra-se ali, bem como em toda a Europa Setentrional até à Gronelândia e às Spitzberg. É uma
pequena planta franzina, sem raiz nem folhas, com lâminas encarquilhadas, secas ao tacto e
apresentando nas extremidades minúsculos discos; forma no solo, nos rochedos e nas árvores
coberturas espessas, elásticas e resistentes. Supõe-se que a palavra *líquen,> deriva do grego leikhô, eu
roço; efectivamente, esta planta roça a terra ou qualquer suporte, ao

qual adere sem parasitar. Necessita apenas de um pouco de água, de ar e de luz. Extremamente
robusta, respira e assimila mesmo a temperaturas muito afastadas das do seu

óptimo vital. Fica assim cada vez mais enrugada devido à aridez; um líquen pode permanecer em
estado de vida latente durante cerca de um ano.

Desconhecido na Antiguidade, o líquen-da-islândia é considerado substância medicinal desde o século


xvii. Hoje, pode ser utilizado no tratamento de diversas doenças, pois as suas propriedades curativas
diferem consoante se eliminou ou não, por ebulição, o seu princípio amargo.

O Contra~indicado para pessoas que sofrem de úlceras. l Europa Setentrional, turfeiras, florestas,
penhascos, árvores; em Portugal, principalmente na serra da Estreia; até 2600 m.

Identificação: de O,03 a O,12 m de altura. Talo erecto que se divide em lâminas achatadas, por sua vez
divididas em numerosos lóbulos, fimbriados nos bordos; lóbulos desde a cor verde-azeitona à verde-
acastanhada na parte superior, verde-prateada ou verde-acastanhado-clara na parte inferior, com
manchas esbranquiçadas, base e bordos com tonalidade

parda; nos lóbulos terminais notam-se, na face superior, pequenos corpos arredondados, amarelados,
chamados apotécias, Cheiro suave a algas; sabor amargo. Partes utilizadas: talo seco, desprovido ou
não dos seus componentes amargos (todo o ano).
O Componentes: ácidos, glúcidos, princípio amargo, mucilagem O Propriedades: antiemético,
antiespasmódico, anti-séptico, emoliente, expectorante, tónico. U.1 + o Ver: convalescença, diarreia,
enjoo, fadiga, náusea, pulmão, tosse, tosse convulsa, vómito.

195
Lírio-amarelo-dos-pântanos

Iris pseudacorus L. Ácoro-bastardo, lírio-bastardo, lírio-dos-charcos

Bras.: lírio-amarelo

lridáceas

O lírio-amarelo-dos-pântanos é uma belíssima planta espontânea que povoa, juntamente com outras
ervas mais modestas, as margens dos charcos. O seu caule, alto e rígido, coberto de folhas cortantes
como lâminas de espadas, orna-se a partir de Junho com, flores amarelas que florescem umas após
outras, reflectindo no espelho das águas a sua beleza efémera. No seu habitat natural, esta planta não
se confunde com nenhuma outra, supondo-se, no entanto, que outrora os médicos e os farmacêuticos a
identificaram com o cálamo-aromático, do qual apenas conheciam a droga seca. Assim, a reputação
medicinal deste lírio foi constituída a partir de um erro, aliás actualmente reconhecido, pelo que a sua
utilização é extremamente reduzida. O rizoma da planta, quando fresco, é de facto fortemente emético
e purgativo; só deve ser utilizado por receita do médico, pois este deverá adaptar as doses à
constituição física do doente. O lírio-amarelo-dos-pântartos foi também utilizado nas

montanhas para tratar a tinha. O rizoma, fervido com limalha de ferro, fornece um excelente corante
para tingir tecidos de preto e também para curtir couros.

G Não utilizar o rizoma fresco sem receita médica. Habitat: Europa, margens dos cursos de água;
frequente em todo o território português, em rios e pântanos; até 800 m. Identificação: de O,50 a 1,20
m de altura. Vivaz, caule erecto, duro, ramificado; folhas dísticas, rijas, quase tão compridas como o
caule, ensiformes, dobradas no sentido da nervura média; flores amarelas (Junho-Julho), em grupos de
2 ou 3 na axila das espatas, 3 grandes sépalas petalóides e pendentes, 3 pétalas estreitas, erectas, 3
peças estigmáticas escondendo 3 estames, cápsula volumosa abrindo-se por 3 valvas e contendo 6
séries de sementes castanhas; rizoma horizontal, vigoroso, carnudo, de fractura amarela, provido de
numerosas raizes. Inodoro; sabor acre. Partes utilizadas: rizoma (Outono); torna-se vermelho ao secar.
O Componentes: tanino, lípidos, prótidos, glúcidos O Propriedades: emético, esternutatório, purgativo,
rubefaciente. U. L, U. E. + Ver: cefaleia, ú lcera cutânea.
Lírio-dos-vales

Convallaria majalis L.

Convalária, lírio-de-maio, lírio-convale

Bras.: convalária, flor-de-rnaio

Lifiáceas

No 1.O de Maio, dia do trabalho, é tradição em França levar para casa um pé ou um pequeno ramo de
lírio-dos-v ales, símbolo da felicidade. Pode encontrar-se quer em grandes manchas, quer disperso,
quase isolado. Se as condições de luz não são suficientes, não floresce, produzindo apenas uma grande
quantidade de folhas. O nome de Convallaria deriva da sua antiga designação latina, Lilium
convallium, lírio-dos-vales-profundos. Lineu chamou-lhe majalis porque floresce no mês de Maio.
Esta planta não é citada nem pelos Gregos nem pelos Romanos; as suas flores são desde tempos muito
remotos utilizadas pelos Russos como rernédio para determinadas afecções cardíacas, em França, até
ao século XIX, apenas se conheciam as suas propriedades esternutatórias e antiespasmódicas. O lírio-
dos-vales contém uma substância que diminui e reforça o ritmo cardíaco, sendo vulgarmente utilizada
na terapêutica moderna. O perfume desta planta pode causar perturbações; não introduzir na boca as
flores nem ingerir as bagas.

O Não consumir as bagas; respeitar as doses. Habitat: toda a Europa, bosques frescos, matas de
carvalhos e de faias; até 2000 m. Identificação: de O,10 a O,30 m de altura. Vivaz, com rizoma
rastejante; 2 folhas inteiras, alongadas, agudas no vértice, largas, com nervuras não ramificadas, com
pecíolo comprido e rodeado na base do caule por bainhas membranosas encaixadas umas nas outras;
flor de um branco imaculado (Abril-Maio), dispostas num escapo em cacho unilateral, campanuladas,
muito perfumadas; baga arredondada verde e mais tarde vermelha. Cheiro almiscarado,

adocicado e intenso. Partes utilizadas: as folhas e sobretudo as flores (Abril-Maio), no início da


floração; secagem à sombra.
O Componentes: saponósidos, heterósidos (convalatoxósido) O Propriedades: antiespas~ módico,
cardiotónico, diurético, emético, purgativo. U. 1. + Ver: cefaleia, hipotensão, palpitações.

197
Lisimáquia

LYsimachia vulgaris L. Lisimáquia-vulgar, erva-moedeira, grande-lisimáquia

Primuláceas

A lisimáquia-vulgar prefere os locais húmi dos; misturada com as grandes plantas qu( habitualmente
vivem nos solos lodosos, seu aspec o imponente é extremamente de corativo. O caule, consistente e
erecto, é enci mado no Verão por uma inflorescência ama rela em panícula piramidal, como uma man
cha luminosa nos locais húmidos. Algumw espécies de Lysimachia são frequentement@ cultivadas
como plantas decorativas nos jar dins e crescem à beira dos lagos. Supõe-s( que os povos da
Antiguidade não a conhe ciam; Plínio, ao falar da lisimáquia, refe re-se na realidade à salgueirinha,
Lythrun salicaria L. Sem utilização na Idade Média foi mais tarde empregada no tratamento da! febres
e do escorbuto.

Todos os seus elementos são úteis aos tin tureiros: da raiz pode extrair-se uma bonffi tinta castanha; as
folhas e o caule serverr para tingir de amarelo os tecidos de lã. @ semelhança da camomila, uma
infusão mui to densa das suas flores é utilizada para acla rar os cabelos. As espécies de Lylsimachi(,
cultivadas nos jardins distinguem-se não s@ pelo porte herbáceo ou arbustivo, mas também pelas
várias cores das suas flores.

Habitat: Europa, beiras dos pegos, charcos, ribeiros, fossos; de Trás-os-Montes ao Alentejo, nas
margens dos cursos de água e locais húmidos; até 1200 m. Identificação: de O,50 a 1,50 m de altura.
Vivaz, caule erecto, pouco ramificado, folhoso, de secção quase quadrangular; folhas grandes, ovais
ou oblongas, subsésseis, opostas ou verticiladas em grupos de 3 a 4; flores amarelas (Junho-Agosto),
em panícula piramidal, 5 sépaIas agudas, rodeadas de pétalas vermelhas soldadas na base, com 5
lóbulos bem abertos, estames unidos pela base dos seus filetes e,

cada um deles, à base de cada uma das pétalas; 1 ovário súpero, sem divisões, 1 estilete,
1 estigma; parte subterrânea rastejante. Partes utilizadas: folhas e flores secas (Junho-Agosto);
secagem à sombra e ao ar.
O Componentes: tanino, heterósidos, saponósido, enzima (primaverase), vitamina C, açúcares O
Propriedades: acIstringente, vulnerário. U. I., U. E. Ver: afta, diarreia, hemorragia, leucorreia.
Losna

Artemisia absinthium L.

Absinto, sintro, grande-absinto, acintro, losna-maior,

citronela-maior Bras.: absíntio

Compostas

Planta vivaz que pode viver 10 anos, a losna é famosa desde tempos muito antigos pelas suas virtudes
medicinais. Efectivamente, é citada num papiro eg!pcio que data de
1600 a. C. Os Celtas e os Arabes aconselhavam o seu uso, e os médicos da Antiguidade celebrizaram-
na como panaceia. Em 1588, na sua obra Novo Herbário Completo, Tabernaemontanus, médico e
botânico alemão, aconselhava-a até como remédio contra o mau gênio. No entanto, a losna é de tal
modo amarga que na Sagrada Escritura é citada como símbolo das dificuldades e tristezas da vida. O
seu nome, traduzido do grego, significa *privado de doçura+, e, na

realidade, só com muita fé na sua eficácia é possível suportar o seu desagradável sabor.

O licor de absinto, outro nome da losna, era uma bebida muito em voga no século XIX, como se pode
verificar pelo quadro de Manet, pintado em 1876, O Absinto. Porém, a losna contém um óleo
essencial que, ingerido em doses elevadas, é um veneno cujo abuso provoca graves intoxicaçõ es.
Manifestam-se convulsões tetânicas e perturbações psíquicas com alucinações. Por essa razão, o
fabrico e comercialização deste licor são proibidos em vários países europeus.

O Torna amargo o leite das mulheres que amamentam. A maioria das pessoas não a tolera. Nunca
prolongar o seu uso. Habitat: Europa, excepto no Norte; espontânea em Portugal, no Minho, Trás-os-
Montes e Alto Douro, sendo também cultivada. Identificação: de O,40 a 1 m de altura. Vivaz, caule
verde-prateado, pubescente, erecto e canelado; folhas cinzento-esverdeadas na página superior,
brancas na inferior, sedosas, pecioladas, profundamente fendidas em segmentos obtusos; flores
amarelas (Julho-Setembro), tubulosas, em capítulos pequenos,

globosos, pendentes, agrupados em panículas; aquénio liso. Cheiro aromático; amargo. Partes
utilizadas: sumidades floridas, folhas.
O Componentes: óleo essencial, muito activo e tóxico, absintina, resinas, tanino, ácidos, nitratos. A
absintina revelou ser uma mistura de, pelo menos, quatro substâncias com acção amarga O
Propriedades: anti-séptico, digestivo, emenagogo, estimulante, tónico, vermífugo. U. I., U. E. + V o
Ver: apetite, convalescença, digestão, dor, enjoo, febre, ferida, gripe, insectos, magreza, menstruação,
parasitose, pele, picadas.

199
Loureiro

Laurus nobilis L.

Louro, sempre-verde, loureiro-comum,

loureiro-vulgar, loureiro-dos-poetas

Lauráceas

Oriundo da Ásia Menor, o melancólico e belo loureiro, ao passar pela Grécia, criou uma história e
uma lenda: dedicado a Apolo, ele coroava os heróis gloriosos. A partir do Peloponeso invadiu a
Europa, e actualmente encontra-se em quase todos os jardins, desde o Mediterrâneo às costas da
Mancha e do Atlântico. O loureiro é sobretudo conhecido pelo papel que desempenha na culinária,
sendo conveniente não confundir as suas folhas com as do loureiro-rosa e do loureiro-cerejeira, que
são plantas muito venenosas. Com o alho, a salsa e o tomilho constitui o chamado ramo de cheiros,
ignorando-se por vezes que esta planta culinária é dotada de outras virtudes, para além da de estimular
agradavelmente as papilas gustativas dos gastrónomos.

O loureiro é considerado um estimulante e um anti-séptico: as folhas em infusão facilitam a digestão.


O óleo extraído das suas bagas, denominado manteiga de loureiro, produz um efeito benéfico nas
dores articulares. Em medicina veterinária é utilizado em fricções para o mesmo fim. Uma ligeira
camada deste óleo aplicada sobre o pêlo de um animal protege-o das moscas.

Habitat: Europa, ravinas das montanhas da região mediterrânica; no Centro e Sul de Portugal,
espontâneo e subespontâneo nos locais sombrios e margens dos cursos de água; cultivado em quase
todo o País; até 1200 m. Identificação: de 2 a 10 m de altura. Arvore; caule glabro, de casca lisa e
preta, madeira amarelo-pálida, ramos erectos; folhas verde-escuras, brilhantes na página superior,
baças na inferior, coriáceas, lanceoladas, onduladas nos bordos, alternas, persistentes; flores branco-
amareladas (Abril-Maio), 4 a 6 por umbela na axila das folhas, pequenas, pedunculadas, 4

sépalas petalóides, dióicas, masculinas, 8 a 12 estames, femininas, 1 carpelo com estilete curto; baga
negra do tamanho de uma cereja contendo 1 semente. Cheiro aromático (flores); sabor aromático
(folhas), acre, picante (fruto). Partes utilizadas: folhas sem pecíolos (Verão), fruto (Outubro-
Novembro). * Componentes: tanino, princípio amargo, lipidos O Propriedades: anti-séptico,
estimulante, sedativo, sudorífico. U. I., U. E. + o Ver: astenia, desinfecção, digestão, dor, fadiga,
insectos, menstruação, reumatismo, sono.

200
Lúpulo

Humulus lupulus L. Vinha-do-norte, engatadeira, lúpulo-trepador,

pé-de-galo

Canabináceas

O lúpulo espontâneo é chamado em alguns países europeus pau-do-díabo devido à forma rápida como
trepa às árvores, sempre em sentido inverso ao dos ponteiros do relógio. Prefere solos húmidos e
sombrios e a proximidade dos amieiros. A raiz, vivaz, emite todos os anos um novo caule que,
agarrando-se aos seus suportes, se eleva até 5 ou
6 m, murchando depois no fim do Verão. As folhas do lúpulo, ásperas ao tacto, assemelham-se muito
às da videira, sendo o seu pecíolo mais fino, a base menos chanfrada e desprovida de gavinhas.
Apenas as inflorescências femininas desta planta dióica, os

cones, são utilizadas em medicina, além do pó dourado e resinoso que as cobre, a lupulina. O lúpulo
foi introduzido nas regiões europeias no século xiii, passando a ser utilizado no fabrico da cerveja após
pesquisas realizadas pelos monges. A lupulina é um sedativo poderoso. Aconselha-se às pessoas que
sofrem de insônias a utilização de uma almofada bem cheia de cones de lúpulo. Em certas regiões, os
jovens rebentos de lúpulo são servidos às refeições na Primavera preparados como os espargos.

O Na época da colheita, as pessoas sensíveis podem sentir sonolência ou cefaleias. Habitat: Europa,
sebes, florestas, em culturas para a produçã o de cerveja; em quase todo o País; até 1500 m.
Identificação: de 5 a 7 m de altura. Vivaz, caule volúvel, sinistrorso (enrolando da direita para a
esquerda), anguloso e áspero; folhas verde-claras, opostas, pecioladas, estipuladas, recortadas em 3 a 5
lóbulos, ásperas, palmadas, bordos serrados; flores verde-amareladas, dióicas, tendo as masculinas 5
tépalas, 5 estames, erectos em panícula na axila das folhas, e as femininas numerosas brácteas
foliáceas, imbri ca das, envolvendo cada uma delas 2 pistilos e formando cones pendentes cobertos
por um pó amarelo-dourado e resinoso, a lupulina. Cheiro intenso e aromático; sabor amargo. Partes
utilizadas: cones, lupulina (Setembro-Outubro); não conservar durante muito tempo.
O Componentes: alcalóides, lupulina, estrogéneos O Propriedades: antálgico, antiespasmódico, anti-
séptico, aperitivo, digestivo, sedativo. LI. L, U. E. + V N Ver: apetite, digestão, magreza, nervosismo,
nevralgia, pele, sono.
Macela *//* PARA REFAZER

Anthemis nobilis L.

Macela-dourada, riríacela-galega, macelão, macela-flor, camomila-romana, camomila-de-paris, falsa-


carriomila, marcela

Compostas

Com um aspecto muito diferente da can mila, os caules desta planta, primeiro pr, trados, erguem-se
seguidamente, formar numerosas ramificações que se dispõem s rigidez e terminam em capítulos
solitár brancos, muito odoríferos. Desconhece-s, sua origem. Não é mencionada pelos auto da
Antiguidade nem pelos da Idade MéiÈ No século Xvi, em Londres, é referenci; como erva daninha.

Para corresponder a necessidades med nais, é cultivada em Anjou, França, uma riedade de flores
duplas, todas liguladas que conferiu celebridade à região e aos h@ tantes de Chemillé, os quais
asseguram ti a produção francesa.

Após a colheita, que deve ser feita c tempo seco, no início do Verão, e à med que os capítulos se
entreabrem, deve prc der-se imediatamente à secagem à soni em lugar arejado; se esta é mal executada
flores escurecem e perdem as suas proprie des estimulantes.

Habitat: Europa Ocidental, campos cultivados, relvados, margens arenosas de rios, sobretudo
siliciosas; frequente em Portugal, do Minho ao Algarve, nos campos cultivados e incultos arenosos;
até 1000 m. Identificação: de O,10 a O,30 m de altura. Vivaz, vilosa, com aspecto verde-
esbranquiçado; caules prostrados ou erectos; flores amarelas (Junho-Setembro), lígulas brancas,
capítulo solitário na espécie espontânea, receptáculo cónico provido de pequenas brácteas entre as
flores; folhas verde-esbranquiçadas, uma ou duas vezes divididas em lóbulos curtos e ostreitos;
aquénio pequeno com 3 costas filiformes. Cheiro penetrante; sabor amargo. Partes utilizadas:
capítulos, caules com folhas e flores (Junho-Setembro); secagem rápida.
O Componentes: óleo essencial, colina, enxofre, fósforo, ferro, ácidos gordos, inositol, esteroi O
Propriedades: antiespasmódico, digestivo, emenagogo, estomáquico, febrífugo, vulnerário e, em doses
elevadas, vomitivo. U. I., U. E. + o Ver: apetite, cefaleia, cólica, conjuntivite, depressão, digestão,
dor, irritabilidade, menstruação, nervosismo, olhos, pele, prurido.
Madressilva

Lonicera periclymenum L.

Madressilva-das-boticas Bras.: madressi Iva- dos-j ardi n s

Caprifoliáceas

Amadressilva pertence à mesma família do sabugueiro e do noveleiro. É uma planta vivaz, cujos
ramos volúveis se enrolam solidarnente em redor dos seus suportes e que pode viver 40 anos. A
Lonicera é já citada nos textos de Dioscórides. Os Gregos designavam-na por periclymenon, do
vocábulo perikIeio, eu agarro-me, com evidente referência à sua natureza de arbusto trepador de
ramos flexíveis que podem atingir 5-6 m.

Cresce na periferia dos bosques ou nas sebes de montanhas de baixa altitude, cujas imediações são, a
partir de Junho, perfumadas pelas suas flores. Durante toda a Antiguidade Egípcia, Grega e Romana, a
sua casca foi utilizada, mas com o decorrer dos séculos perdeu importância, já não sendo empregada
na Idade Média. Actualmente, atríbuem-se às folhas e flores propriedades anti-sépticas e díurétícas.
Em todas as suas utilizações, a madressilva pode ser substituída pela madressilva-dos-jardins, Lonicera
caprifolium L., que se evade frequentemente das culturas e floresce mais cedo que a espontânea,
perfumando o ar, sobretudo ao entardecer.

G Não utilizar as bagas. Habitat: toda a Europa, extremidades dos bosques, solos argilosos, sebes; em
Portugal, de Trás-os-Montes ao Alentejo; até 1000 m. Identificação: de 1 a 5 m de altura. Arbusto;
caule volúvel; ramos jovens com extremidades pubescentes; folhas opostas, curtamente pecioladas,
sendo as superiores sésseis, caducas, ovais, mais claras na página inferior; flores cor de marfim,
estriadas de vermelho (Junho-Setembro), sésseis, agrupadas em glomérulos pedunculados; cálice curto
com 5 dentes, coro~ Ia tulbulosa, bilabiada, com o lábio superior com

4 lóbulos curtos e o inferior inteiro, com 5 estames; baga vermelha, ovóide, com várias sementes; raiz
com rebentos adventícios. Cheiro agradável. Partes utilizadas: folhas, flores (Junho-Julho); secagem à
sombra.
O Componentes: ácido salicílico, mucilagem, essência, heterásido O Propriedades: acistringente, anti-
séptico, detersivo, diurético, sudorífico. U. L, U. E. Ver: anginas, colibacilose, parto, tosse.

203
Malmequer-dos-brejos

Caltha palustris L. Calta, calta-dos-pântanos

Ranunculáceas

O malmequer-dos-brejos é uma planta vivaz, brilhante, mas nociva para os prados, cujos caules, muito
verdes, parcialmente imersos nos pântanos, nas margens dos cursos de água e nos solos alagados,
florescem no início da Primavera. Nos meios rurais, é frequentemente utilizado na alimentaçã o; as
folhas são utilizadas em saladas ou cozidas do mesmo modo que as hortaliças; as flores em botão,
conservadas em vinagre, substituem as alcaparras. Os agricultores utilizam, por vezes, as flores, cor de
ouro, para corar a manteiga. O malmequer-dos-brejos pertence, como as anémonas, as clematites e os
ranúnculos, à bela e perigosa família das Ranunculáceas e contém substâncias venenosas, pelo que não
é conveniente, apesar das opiniões das pessoas dos meios rurais, ingeri-lo fresco. Os homeopatas
receitam-no para uso interno sob a forma de tintura, reservando-o a medicina tradicional para uso
externo. Uma cataplasma de folhas secas provoca uma revulsão local que pode minorar algumas dores
de origem reumática; no entanto, a sua mais importante propriedade é a de, como a arnica e a
tussilagem, facilitar as curas de desintoxicação, como sucedâneo do tabaco.

O Uso interno apenas com receita médica. Habitat: toda a Europa, pântanos, bosques húmidos; em
Trás-os-Montes e Minho, nos regatos e pauis; até 2500 m. Identificação: de O,20 a O,30 m de altura.
Vivaz, caule carnudo, sulcado, glabro, oco, prostrado, ascendente, por vezes parcialmente imerso;
folhas verde-escuras, grandes, brilhantes, carnudas, cordiformes ou riniformes, cenadas, pecioladas,
sendo as da inflorescência sésseis; flores de um amarelo luminoso (Março-Junho), grandes, solitárias,
muito abertas em forma de taça, 5 grandes sépalas petalóides, apétalas, numerosos estames, carpelos
erectos e arqueados; 5 a 10 folículos membranosos, livres, verticilados, comprimidos, pros trados,
enrugados transversalmente e conten do cada um deles várias sementes; toiça curta e vertical. Cheiro
ténue; sabor ardente. Partes utilizadas: folhas secas.
O Componentes: protoanemonina, flavonas, saponósidos O Propriedades: revulsivo. U. L, U. E. +
Ver: reumatismo, tabagismo.

204
malvas *//* refazer

As malvas reconhecem-se pelas suas flores com cinco pétalas afastadas, estreitas na base, largas e
chanfradas na parte superior, e pelos seus frutos rugosos, dispostos em

coroa no cálice persistente. A malva-silvestre, uma das mais comuns, desenvolve-se nos solos
abundantemente azotados dos jardins, de antigas estrumeiras e nos baldios.

Esta planta é apreciada como hortaliça e

como remédio desde o século v111 a. C. Os rebentos, a parte comestível, provocaram indigestão a
Cícero, que muito os apreciava; Marcial utilizava-os para uma dieta depois

das orgias, e, segundo Plínio, uma poção à base de suco de malva evita as indisposições durante todo o
dia. Os pitagóricos consideravam-na uma planta sagrada que libertava o

espírito da escravatura das paixões; Carlos Magno não a dispensava como planta ornamental nos seus
jardins imperiais. Em Itália, no século Xvi, denominava-se omnimorbia, isto é, remédio para todos os
males. A tisana das quatro flores é constituída por sete espécies: a papoila, a tussilagem, a borragem, o
verbasco, a alteia e a violeta, além da malva.

Habitat: comum na Europa, caminhos, lixeiras, solos ricos em azoto; frequente em Portugal do Minho
ao Alto Alentejo; até 1300 m. Identificaçã o: de O,20 a O,70 m de altura. Bienal, caule parcialmente
erecto, que se expande a partir do pé central, pubescente; folhas com longos pecíolos, palmatilobadas,
serradas, com pêlos ásperos; flores cor de malva com nervuras mais escuras (Maio-Agosto), grandes,
em grupos de 2 a 4, cálice com 5 lóbulos, epicálice com 3 folíolos estreitos, 5 pétalas bilobadas no
vértice, numerosos estames soldados pelos seus filetes, 12 estigmas; 12 carpelos que se

transformam em 12 aquénios reniformes. Sabor quase nulo. Partes utilizadas: raiz, folhas, flores (antes
da abertura); secagem ao ar e à sombra, conservação difícil, tornando-se azuis com a secagem e
descorando por acção da luz.
O Componentes: mucilagens, antocianinas O Propriedades: calmante, emoliente, laxativo. U. I., U. E.
+ V o Ver: abcesso, acne rosácea, afta, asma, banho, boca, bronquite, dentes, faringite, furúnculo,
hemorróidas, nervosismo, obesidade, obstipação, olhos, picadas, tosse.

205
Marroio

Marrubium vulgare L. Marroio-branco, marroio-vulgar, marroio-de-frança,

erva-virgem Bras.: bom-homem, herva-virgem

Labiadas

Esta labiada apresenta grandes analogias com o marroio-fétido, que igualmente se desenvolve em
tufos densos, por vezes quase arbustivos, nas ruas das povoações e nas encostas áridas. Necessitando
de luz intensa, o marroio tem um aroma semelhante ao do tomilho. O seu sabor amargo determinou o
nome científico, visto que a palavra marrubium deriva do heloreu inar, amargo, e rob, suco. O marroio
é apreciado desde épocas muito remotas devido às suas diversas virtudes medicinais; os antigos
egípcios criam que era um remédio para as perturbações respiratórias; no século IV a. C., Teofrasto
cita-o também, confundindo-o, no entanto, com a Ballota foetida Lam., também denominada marroio-
negro. Dioscórides descobriu mais tarde as suas virtudes emenagogas, bem como o perigo que
representa em

caso de lesões renais. No século ix, Estrabão cultivou-o no jardim da Abadia de Reichenau,
considerando-o *prodigiosamente forte+. Mattioli aconselhava-o em pomada para a desobstrução dos
canais dos seios. Desde então, o

marroio não deixou mais de ser apreciado, utilizando-se a sua infusão como expectorante.

Habitat: Europa, ruas das povoações, terrenos baldios, esgotos, encostas áridas; frequente em quase
todo o território português; até 1500 m.

Identificação: de O,30 a O,80 m de altura. Vivaz, caule erecto, lanoso, ligeiramente ramoso; folhas
esbranquiçadas, arredondadas, pecioladas, crenadas, bolhosas na página superior e lanosas na inferior;
flores brancas (Junho-Agosto), em verticilos globosos, compactos na axila das folhas superiores, cálice
tomentoso, com 10 dentes gancheados, bractéoIas assoveladas, corola com lábio superior ligeiramente
chanfrado e lábio inferior trilobado,

com 4 estames inclusos. Cheiro intenso e pouco agradável; sabor picante e amargo. Partes utilizadas:
sumidades floridas (Julho-Agosto), folhas, secagem à sombra.
O Componentes: princípio amargo, colina, óleo essencial, saponósido, glucósido, tanino, potássio,
cálcio, vitamina C O Propriedades: emenagogo, estomáquico, expectorante, febrifugo, sedativo,
tónico, U. 1. + IN Ver: apetite, asma, bronquite, celulite, coração, enfisema, febre, menstruação,
nervosismo, obesidade, paludismo, pulmão, sono, tosse.

206
Marroio-fétido

Ballotafoetida Lam.

Labiadas

Segundo alguns autores, o marroio-negro e o marroio-fétido são a mesma espécie; segundo outros, o
marroio~fétido é uma subespécie do marroio-negro. Na realidade, estas duas plantas apenas diferem
em pequenos pormenores. No entanto, basta cheirá-las para as distin-uir. Muito intenso, mesmo a
alguns passos de distância, no caso do marroio-fétido, esse cheiro a bolor e fuligem só é perceptível
Do marroio-negro se for amachucado. Como todas as labiadas, as flores do marroio oferecem às
abelhas um excelente néctar.

As duas plantas têm as mesmas propriedades terapêuticas. O marroio é especialmente um notável


antiespasmódico, outrora utilizado contra a epilepsia e a hipocondria. É geralmente consumido em
infusão, sendo, no entanto, uma experiência muito difícil abeirar-se dele e colhê-lo, quanto mais bebê-
lo! Por vezes, para evitar o gosto e o odor desagradáveis, prepara-se uma alcoolatura. Sem dúvida
devido a estas características, o marroio-fétido não é geralmente apreciado pelo gado.

Habitat: Europa, vulgar em França, sebes, ruas das aldeias, entulho, na parte inferior dos muros, todos
os solos; frequente em Portugal; até 1500 m. Identificação: de O,60 a O,80 m de altura. Vivaz, caule
ascendente, ramificado, com muitas folhas; folhas pecioladas, rugosas, pubescentes, serradas; flores
cor-de-rosa ou cor de púrpura (Maio-Setembro), em verticilos nos nós das folhas, entremeadas por
bractéolas curtas, cálice viloso, dilatado na fauce, com 5 dentes largos, corola com lábio superior
aveludado. Cheiro a mofo de cave húmida; sabor acre e amargo.

Partes utilizadas: sumidades floridas (Julho-Agosto).


O Componentes: tanino, saponósido, fitosterol, colina, lectona, sais minerais O Propriedades:
antiespasmódico, colerético, sedativo. U. L, U. E. Ver: acufenos, angústia, menopausa, nervosismo,
sono, tosse convulsa.
Matricária

Chrysanthemum parthenium Bernh.

Arternísia-dos-ervanários, artemísia-bastarda-dos-ervanários, rnatricária-vulgar

Compostas
O nome do género, Chrysanthemum, que significa flor de ouro, não se aplica à matricária, cujas
lígulas são de um branco imaculado; apenas o centro dos seus capítulos é amarelo. Originária da Ásia
Menor, foi, em

épocas remotas, introduzida na Grécia, onde, sob o nome de parthenion, de parthenos, virgem, os
Antigos a utilizavam para tratar as doenças tipicamente femininas. Na Idade Média, atribuíram-lhe
propriedades de febrífugo, e desse facto deriva o seu nome em língua inglesa feverfew.

A matricária é frequentemente confundida com a macela e com a camomila devido à semelhança das
suas flores; esta confusão pode ser evitada pelo estudo das folhas da matricária, que se apresentam
divididas em lóbulos largos, têm textura branda e perfume forte; as outras duas plantas, que pertencem
aos géneros Anthemis e Matricaria, têm folhas delicadamente recortadas em lacínias estreitas.

O cheiro desagradável da matricária determina possivelmente a preferência que actualmente se dá à


macela, cuja acção medicinal é análoga.

Habitat: Europa; em Portugal, desde Trás-os-Montes ao Alto Alentejo, nas margens dos rios e nos
rochedos. Identificação: de O,30 a O,80 m de altura. Vivaz, herbácea, erecta, formando manchas;
folhas tenras recortadas em segmentos largos, sendo estes lobados, pecioladas, verde-claras
ligeiramente amareladas; flores centrais amarelas, tulbulosas, sendo as da periferia liguladas, brancas
(Julho-Agosto), em capítulos de 12 a
15 mm de diâmetro, dispostos em corimbos com folhas; aquénio castanho quando maduro,
5 a 7 costas brancas longitudinais com coroa

membranosa crenada. Cheiro penetrante e desagradável. Partes utilizadas: sumidades floridas (Junho-
Agosto)
O Componentes: óleo essencial rico em borneol (cânfora de matricária), lípidos, glúcidos, sais
minerais O Propriedades: antiespasmódico, anti-séptico, emenagogo, febrífugo, insecticida, tónico.
W., U.E. Ver: banho, digestão, febre, insectos, raquitismo, sono.

208
Medronheiro

Arbutus unedo L.

Ervodo, ervedeiro, ervedo Bras.: árvore-de- morangos

Ericáceas

Os Romanos chamaram ao abrunheiro Arbutus unedo. Virgílio, nas Geórgicas, chama a esta pequena
árvore, muito frequente em Itália, arbustus; Plínio e alguns dos seus contemporâneos designam o
medronheiro, unedo, por unum edo, eu como um só, fazendo assim referência ao gosto desagradável
dos frutos. Abundante na região mediterrânica, incluindo Portugal, onde se encontra em todas as
regiões, estende-se para a Europa Central e dissemina-se até à Irlanda. Nas zonas protegidas, pode
atingir 6 e até 10 m de altura, mas a exploração e os incêndios das florestas mantêm-no entre 2 e 3 m,
pois o seu crescimento é lento. O medronheiro é uma planta muito decorativa, apesar da sua silhueta
tortuosa, devido à sua folhagem persistente e, sobretudo, aos seus frutos globosos de cor intensa, que
produz durante quase todo o ano; os mais jovens são verdes, os mais maduros, vermelhos, e os
intermédios, amarelos ou alaranjados, surgem ao mesmo tempo que as flores.

Os médicos interessam-se pelo medronheiro devido, sobretudo, ao seu elevado teor em tanino. Os seus
frutos, considerados também diuréticos, servem para preparar bebidas caseiras tão agradáveis como
úteis,

doces e saborosas compotas. A sua fina madeira é fácil de trabalhar e polir; é utilizada no fabrico de
objectos torneados, para embutidos e marcenaria; além disso, é uma

óptima madeira para aquecimento e produz um excelente carvão de lenha. As abelhas retiram das suas
flores um néctar de excelente qualidade.

Habitat: Europa Meridional; em quase todo o continente português, bosques, matas, solos áridos,
siliciosos; até 600 m. Identificação: de 3 a 6 m de altura. Arbusto; caule tortuoso, erecto; ramos jovens
avermelhados; folhas serradas, simples, persistentes, coriáceas; flores brancas e verdes (Outubro-
Janeiro), em cachos pendèntes, corola gomilosa com 5 dentes; fruto esférico, carnudo, denominado
medronho, provido de saliências piramidais, vermelho no estado maduro, contendo de 20 a 25
sementes; raizes profundas. Sabor farináceo, ligeiramente ácido e agradável

(frutos).

Partes utilizadas: raizes, folhas, casca, frutos.


O Componentes: tanino, arbutósido O Propriedades: acistringente, anti-infiamatório, anti-séptico,
depurativo, diurético. U. 1. Ver: arteriosclerose, diarreia, fígado, rim.

209
Meliloto

Me1i1otu,@ offi< inalis (L.) Pail.

Trevo-de-cheiro, coroa-de-rei

Leguminosas

O meliloto distingue-se facilmente das outras leguminosas. É uma planta herbácea que vive nos
entulhos e nos terrenos cultivados, sendo comum em solos calcários e arenosos; as folhas têm três
folíolos serrados e as pequenas flores amarelas erguem-se em

extensos cachos; a floração é contínua, prolongando-se por um largo período. O nome

da planta deriva das palavras gregas mêli, mel, e Iótos, loto; na realidade, o meliloto é uma das plantas
espontâneas mais procuradas pelas abelhas. Hipócrates e Teofrasto referem-se a um meliloto,
desconhecendo-se se se trata desta planta. Na Idade Média não foi inventariada. Mais tarde, as
opiniões dividem-se: enquanto, segundo algumas, o meliloto seria tóxico, segundo outras é
considerado eficaz no tratamento de cólicas e nefrites. Foi ainda reputado como remédio para a
embriaguez. A sua propriedade antiespasmódica deve-se ao seu teor em cumariria, mais elevado na
planta fresca; a planta pode tornar-se perigosa para o gado se, quando deteriorada, for misturada com a
forragem. O meliloto, tal como os fidalguinhos e a tanchagem, tem tido larga aplicação ocular; uma
infusão quente da planta é benéfica para a vista cansada.

Habitat: Europa. solos calcários, campos, bermas dos caminhos, terrenos baldios, vinhas, vias férreas;
até 600 m, Identificação: de O,50 a 1 m de altura. Bienal, caules erectos, muito ramificados, folhas
com
3 folio@os serrados, sendo o central peduncWacio, com estipulas aderentes na base ao pecíolo, flores
amarelas (Junho-Setembro), em longos cachos axilares. frouxos, cálice curto, com 5 lóbulos, corola
papilionácea, asas mais compridas do que a carena pequena vagem curta, glabra, castanho-clara,
@nrugada, pendente; raiz vigorosa e aprumada. Cheiro agradável,

Partes utilizadas: sumidades floridas (Junho-Setembro), secagem rápida ao ar livre e à sombra.


O Componentes: cumarina, heterósidos, resina, flavonóides, vitamina C O Propriedades: acistringente,
antiespasmódico, anti-inflamatório, diurético, sedativo. U. I., U. E. + Ver: Wefarite, bronquite, cólica,
conjuntivite, nervosismo, nevralgia, olhos, sono, varizes.

210
Melissa

Melissa officinalis L.

Erva-cidreira, limonete, chá-de-frança,

eitronela-menor

Labiadas

Amelissa, cujo nome evoca o mel, é efectivamente uma das melhores plantas melíferas. Cresce em
tufos nos jardins ou nos seus arredores. Tem flores bastante pequenas de cor branca, que mais tarde se
torna rosada. Exala, enquanto nova, um aroma suave semelhante ao do limão, que depois se torna
desagradável, desaparecendo com a secagem. Porém, após a secagem, a planta apenas

conserva o aroma primitivo durante um ano >

É mencionada pelos autores da Antiguidade, que aparentemente não apreciaram as

suas virtudes. Os Árabes, no século X, elogiaram a sua acção como cordial e remédio para a
melancolia; este conceito é retomado por um fitoterapeuta nos inícios do século xx, que reconhece à
melissa qualidades para fazer desaparecer as <@crises de mau humor nas jovens e nas mulheres
débeis+. A essência de erva-cidreira pode ser considerada

como um estupefaciente ligeiramente tóxico; em pequenas doses provoca torpor e diminuição das
pulsações. A melissa faz parte da composição de licores (chartreuse e beneditino) e da água de melissa
dos Carmelitas.

V. Melissa -bastarda, p. 214.

Habitat: Europa Meridional, escapada das culturas, sebes, próximo de muros; no continente e Madeira,
disseminada nos locais sombrios e húmidos, sendo também cultivada; até 1000 m. Identificação: de
O,20 a O,80 m de altura. Vivaz, caules em tufo, ramiticados a partir da base, erectos; folhas grandes,
ovais, pecioladas, serradas, com nervuras salientes, reticuladas na página inferior; flores amareladas,
tornando-se brancas ou rosadas (Junho-Setembro), de 6 a 12 em verticilos ao nível das folhas, cálice
revestido de pêlos, com 2 lábios, sendo o superior plano com 3 dentes e maior, corola bilabiada e 4
estames; tetraquénio. Cheiro agradável, limonado; sabor ligeiramente amargo. Partes utilizadas: caule
florido, folhas (Junho), secagem rápida,
O Componentes: óleo essencial, citroneial, tanino, resina, ácido succínico O Propriedades:
antiespasmódico, carminativo, colerético, estomáquico, eupéptico, tónico. Li. I., U. E. + O Ver:
acufenos, anemia, apetite, asma, banho, estômago, fígado, gravidez, hálito, indigestão, lipotimia,
memória, picadas, pulmão, sono, vertigem.
Mentas

a) Mentha rotundifolia L.

Mentastro, mentrastro b) Mentha viridis L.

Hortelã-vulgar b’) Mentha crispata Schrad.

Hortelã-crespa c) Meniha longifolia (L.) Hucis.

Hortelã-silvestre d) Mentha pulegium L.

Poejo e) Mentha arvensis L. f) Mentha aquatica L.

Hortelã-d'água

Labiadas

Apalavra *menta+ deriva de Mintha, nome de uma ninfa que a deusa grega Perséfone, por ciumes,
transformou em planta. Supoe-se que os povos da Antiguidade utilizavam o poejo, Mentha pulegium
L., entrançando-o para fazer coroas que usavam em cerimônias e para fins medicinais. Outrora, os
Chineses faziam a apologia das proprieHabital: Europa, Ásia, geralmente a baixas altitudes; não
ultrapassam 1800 m. Identificação: vivazes, locais permanentemente húmidos; folhas planas, grandes
e irregularmente serradas; numerosas flores cor-de-rosa (Verão), em verticilos, pequenas, cálices com
5 dentes, corola regular com 4 lóbulos iguais ou praticamente iguais, 4 estames erectos, iguais,
divergentes, salientes, 4 carpelos ovóides e lisos; parte subterrânea estolhosa. Mentas com espiga: até
1800 m; ultrapassam
1 m de altura. Caules erectos; folhas sésseis; flores em espiga de verticilastros terminais não folhosos,
corola sem anel de pêlos no interior. a) Mentha rotundifolia L. Valas, caminhos; folhas oval-
arredondadas, espessas, enrugadas, bolhosas, ligeiramente serradas, com pêlos crespos, septados e
ramificados; flores claras em espiga comprida, estreita e pontiaguda, com grandes brácteas e cálice
com dentes triangulares; estolhos folhosos. Cheiro intenso e desagradável. b) Mentha viridis L.
Espontânea e rara nas montanhas, cultivada noutros locais; planta com poucos pêlos (glabrescente);
folhas verdes nas duas páginas; flores em espigas frouxas e cálice glabro com dentes estreitos. Cheiro
suave e muito penetrante. b’) Mentha crispata Schrad. Híbrida da precedente; espécie cultivada; folhas
curtas com bordos recortados, formando dentes curvos, acinzentados na página inferior. c) Mentha
longifolia (L.) Hucis. Sebes e campos; folhas esbranquiçadas, tomentosas, lanceoladas, agudas; flores
em espiga compacta com bractéolas estreitas e lanuginosas; cálice viloso com dentes compridos e
estreitos.
212
dades calmantes e antiespasmódicas das mentas. Hipócrates considerava-as afrodisíacas e Plímo
apreciava a sua acção analgésica. Actualmente, a menta é, além da verbena e da tília, um dos chás
mais apreciados para terminar uma refeição.

O género Veniha é um dos mais complexos do reino vegetal devido aos inúmeros híbridos resultantes
do cruzamento espontâneo das espécies, os quais podem sumariamente distinguir-se do seguinte
modo: as

mentas em espiga, com flores dispostas numa espiga terminal não folhosa, e as mentas rasteiras, com
flores dispostas em verticilos, escalonados na axila das folhas pecioladas.

Na prática, todas as mentas têm virtudes medicinais semelhantes, as quais se devem c

sencialmente ao álcool extraído da essên- %, cia, o nientol, que parece ter sido obtido pela primeira
vez na Holanda nos finais do .século xviii. O mentol é um óptimo estimulante e,,tomáquico, um anti-
séptico e um

analgésico; porém, em doses elevadas põe em perigo o sistema nervoso, pois pode causar a morte ao
agir sobre o boibo raquidiano.

Mentas rasteiras: comuns em regiões de baixa altitude; até 1000 m; caules prostrados ou ascendentes,
folhosos, não atingindo 1 m de altura; flores em verticilos na axila das folhas pecioladas. d) Mentha
pulegium L. Vales fluviais, locais inundados durante o Inverno; caule curto, ramos floridos
praticamente desde a base até à extremidade; folhas pequenas, vilosas, acinzentadas, ligeiramente
serradas e subsésseis; cálice bilabiado, muito viloso internamente, corola que se alarga bruscamente,
gibosa de um lado, sem anel de pêlos. Cheiro agradável.

e) Meniha arvelisis L. Espécie polimorfa, ramos não floridos nas extremidades; folhas vilosas e largas;
flores em pequenos verticilos compactos mais curtos que as folhas; cálice pubescente, campanulado,
com dentes iguais, largos e curtos; anel de pêlos na corola. J) Mentha aquatica L. Solos alagados;
polimorfa, caules com pêlos eriçados, bem como as folhas ovais muito pecioladas; flores em verticilos
pouco numerosos, globoso-capitados, cálice multinérveo pubescente com dentes estreitos e anel de
pêlos na corola; carpelos verrucosos. Partes utilizadas: folhas e sumidades floridas (Julho- Outubro);
secagem em ramos.
O Componentes: mentol, tanino, d) carvona, mentona, pulegona O Propriedades: analgésico,
anestésico, anti espasmódico, anti-séptico, carminativo, digestivo, estimulante, tónico. U. I., U. E. + o
Ver: apetite, asma, banho, boca, convulsão, digestão, enxaqueca, hálito, insectos, lactação, nervos,
nevralgia, pé, pele, pulmão, soluço, tabagismo, tosse.

213
Melissa-bastarda

Melittis melissophy11um L.

Betónica-bastarda

Labiadas

Os nomes dos géneros Melittis e Melissa derivam ambos do grego e significam abelha. Todavia, a
melissa-bastarda e a erva-cidreira, embora sejam duas plantas melíferas, poucas semelhanças
apresentam sob o
ponto de vista botânico. Efectivamente, as

flores da primeira são bonitas, grandes, de um intenso cor-de-rosa, e agrupam-se duas a duas; as flores
da melissa são pequenas, brancas e em verticilos. A melissa-bastarda desenvolve-se em bosques pouco
densos, isolada ou em pequenos grupos, mas raramente em manchas como a melissa. É uma

lindíssima planta labiada expressamente cultivada para ornamentar jardins. As flores, ricas em néctar,
são mais dificilmente atingíveis pelas abelhas do que pelas borboletas nocturnas, as quais, devido ao
seu extenso órgão sugador, conseguem ter acesso à tão apelecida reserva.

Os médicos da Antiguidade ignorara m

esta planta, sendo mencionada pela primeira vez em 1542 pelo escritor Léonard Fuchs. Mais tarde, em
1715, Garidel tece-lhe enormes elogios, pois considera-a com poderes para restabelecer a secreção
urinaria. A melissa-bastarda foi durante muito tempo um dos remédios mais utilizados para o
tratamento da gota e dos cálculos das vias urinarias.

Habitat: Europa meridional e Central, solos calcários, bosques pouco densos, ravinas, cotinas
arborizadas, sebes do Minho ao Alto Alentejo, locais sombrio@ e húmidos, principaimente nas
montanhas; até 7/00 m. Identificação: de O,20 a O,50 m de altura. Vivaz, caule erecto, viloso, simples,
folhas pecioladas. serradas, grandes, com nervuras muito salientes, fiores de um cor-de-rosa intenso e
brancas (Mato-Julho), muito grandes, unilaterats, de 2 a 5 por nó na axila das folhas, cálice amplo
campanulado com 3 a 4 dentes largos, corola bilabiada, com tubo saliente, 4 eslames

paralelos, anteras em cruz, tetraquénio globoso arredondado no cimo; parte subterrânea rastejante.
Cheiro intenso e desagradável sabor acre e aromático. Partes utilizadas: toda a planta sem as raizes
(início da fioração).
O Componentes: cumarina O Propriedades anti-séptico. diurético, emenagogo, sedativo. U. I., LI. E.
Ver: angústia, conjuntivite, digestão, menstruação, sono, vertigem.

214
Mercurial

Mercurialis annua L.

Urtiga-morta, urtiga-bastarda

Euforbiáceas

Existem na Europa duas mercuriais muito vulgares: a mercurial-dos-jardins-e-dos-campos, a única que


é fármaco, e a mercurial-vivaz, Mercurialis perennis L., que habita as

matas. Ambas são dióicas e tóxicas. Distinguem-se do seguinte modo: a mercurial-vivaz tem uma
toiça rastejante e o caule não é ramificado; a parte subterrânea da outra não se

estende horizontalmente e o caule é ramificado a partir da base. Exala um cheiro repugnante, pelo que
Olivier de Serres afirmava que, quando a planta abundava nas vinhas, podia transmitir um aroma
desagradável ao vinho. Outrora provavelmente cultivada como

hortaliça, evadiu-se progressivamente das culturas, tornando-se espontânea. No tempo de Hipócrates, a


mercurial já era conhecida como laxativa e atribuíam-se-lhe, erradamente, propriedades ginecológicas.
Dioscórides afirmava que a planta masculina, em decocção, facilitava a procriaçã o de meninos,

e a planta feminina, a de meninas. Porém, além de confundir as plantas, esqueceu-se de indicar qual
dos cônjuges devia beber a tisana. Devido às suas propriedades purgativas, esta planta deve ser
utilizada com moderação e prudência.

O Não ultrapassar a dose prescrita. Habitat: Europa Central e Meridional, campos, jardins, vinhas,
terras removidas, frequente em quase todo o território portugues, nos campos incultos, entulhos,
muros e sebes; até 500 m. Identificação: de O,10 a O,50 m de altura. Anual, caule herbáceo,
ramificado e com folhas a partir da base, nós bem marcados; folhas opostas com pecíolos curtos, oval-
lanceoladas, crenad o- serradas; flores esverdeadas (Abril-Novembro), dióicas, cálice com 3 sépalas,
as flores masculinas em glomérulos formando uma espiga pedunculada, 10 estames, as femininas
solitárias e subsésseis; ovário bilocular; cápsulas com 2 lóculos guarnecidos de pêlos, mais espessos na
base, e 2 sementes ovóides ci nz ento- claras. Cheiro repugnante; sabor amargo e salgado. Partes
utilizadas: a planta inteira fresca, com excepção da raiz, e o suco; secagem rápida.
O Componentes: óleo essencial, heterósido flavónico, sais de potássio O Propriedades: antilactagogo,
diurético, purgativo. U. L, LI. E. + Ver: intestino, lactação, menopausa.
MilfÓlio

Achillea millefolium L.

Milfolhada, mil-folhas, mil-em-rama, erva-das-cortadelas, erva-carpinteira, erva-dos-militares, erv a-


dos -soldados, erva-dos-golpes, erva-do-bom-deus, erva-de-sao-joao,

pêl o-de- carneiro, prazer-das-damas,

salvação-do-mundo Bras.: botão-de-prata, mil-folhas

Compostas

Os múltiplos recortes das suas grandes folhas conferiram a esta planta o nome de milfólio, e as suas
propriedades medicinais são conhecidas desde há muitos séculos. Deve o nome latino ao herói grego
Aquiles, que, tendo sido informado pelo centauro Quíron das virtudes terapêuticas da planta, a
utilizou, no decorrer de uma batalha, para curar

as feridas do rei Telefo. Era também conhecida pelos Celtas, que acompanhavam a sha colheita com
ritos religiosos. Os caules de uma outra espécie, que é esternutatória, a Achillea ptarmica L., outrora
considerada medicinal, mas pouco utilizada actualmente, produzem os Che Pu, ou sejam as 50 varas
utilizadas num método divinatório praticado na China há mais de 3000 anos.

O milfólio é uma das mais importantes plantas da Farmacopeia. Nos meios rurais, é utilizada não só
devido às suas numerosas propriedades medicinais, mas ainda para conservar o vinho, introduzindo no
tonel um pequeno saco com sementes.

o Evitar a acção do sol nas zonas da epiderme em contacto com o suco da planta fresca. Habitat:
Europa, prados, bermas dos caminhos e das vias férreas; espontâneo no Norte e Centro de Portugal;
até 2500 m. Identificação: de O,30 a O,70 m de altura. Vivaz, caule erecto, duro, folhoso; folhas
pubescentes, compridas, tenras, com segmentos delicadamente divididos; flores brancas ou cor-de-rosa
(Maio-Outubro), em corimbos densos, flores centrais tubulosas, entre 4 e 5 líguIas largas e curtas;
aquénio esbranquiçado. Sabor acistringente e amargo.

Partes utilizadas: sumidades floridas, folhas, sementes (Ju nho- Setembro).


O Componentes: óleo essencial, resina, tanino, alcalóide, heterósido, ácidos orgânicos, fósforo,
potássio, matérias azotadas O Propriedades: acistringente, antiespasmódico, anti-séptico, carminativo,
cicatrizante, diurético, emenagogo, hemostático, tónico, vulnerário. U. I., U. E. + V o Ver: acne,
banho, cabelo, celulite, circulação, ferida, greta, hemorroidas, menopausa, menstruação, pele,
reumatismo, sarna, seio, varizes.
MoranGueiro

Fragaria vesca L.

Moranga, fragária Bras.: morango

Rosáceas

Antes da frutificação, esta planta é susceptível de ser confundida com uma outra rosácea, um falso
morangueiro, Potentilla fragariastrum Ehrh., com folhas azuladas mais vilosas, pequenas pétalas
brancas cordiformes e que não produz frutos comestíveis. No entanto, toda a gente conhece os
morangos, desde as variedades cultivadas até à mais delicada de todas, com cheiro debar e de rosa, o
morango-silvestre. Em todos os tempos, as poesias, as canções populares e até os filmes
homenagearam os morangos inspirando-se nos símbolos que estes representam. Os testemunhos das
suas virtudes benéficas são imensos, pois os nossos antepassados pré-históricos já os apreciavam;
Fontenelle, que viveu 100 anos, adorava-os; o célebre botânico Lineu utilizou-os no tratamento de
uma gota dolorosa. No entanto, do ponto de vista medicinal utilizam-se principalmente os rizomas e as
folhas da planta; ricos em tanino, fazem parte de inúmeras preparações, pois têm'propriedades
diuréticas e adstringentes. Com a infusão das folhas confecciona-se um chá muito agradável e
refrescante.
âm0 Não consumir os morangos logo que surjam sintomas de intolerância. Habitat: Europa, bosques,
bermas dos caminhos; todo o território português; até 1600 m. Identificação: de O,05 a O,25 m de
altura. Vivaz, caule curto e viloso; folhas verde-claras, brilhantes na face superior, mais claras e
pubescentes na inferior, trifoliadas, serradas e pecioladas; flores brancas (Maio-Junho), cálice de 5
sépalas, alternando com os folíolos do epicálice, 5 pétalas obovadas, numerosos estames amarelos;
carpelo cobrindo o falso fruto (morango) num receptáculo carnudo, vermelho

e ovóide rizoma castanho, estolhoso. Ch,,iro agradávei e suave (morango); sabor acIstririgente (rizoma
e folha). Partes utilizadas: folhas (Primavera), frutos e rizomas (antes do aparecimento das folhas).
O Componentes: vitamina C, sais minerais, glúcidos, proteínas, tanino O Propriedades: acistringente,
calmante, depurativo, diurético, tónico. U. I., LI. E. O Ver: acne rosácea, anginas, astenia,
convalescença, dentes, diarreia, ferida, greta, leucorreia, litíase, pele, rim, sede, tez.

217
Morso-diabólico

Succisa praemorsa (Gilib.) Aschers.; sin.: Succisa

pratensis Moench

Morte-do-diaho, roída-do-diabo, morso-do-djabo,

escabiosa-mordida

Dipsacúceas

Segundo conta uma lenda, o Diabo, enraivecido por ser obrigado a reconhecer as propriedades
medicinais da planta, cortou-lhe a

raiz com uma dentada, dotando assim o morso-diabólico de um rizoma aparentemente seccionado a
alguns centímetros do caule. Quanto ao nome de escabiosa que por vezes se lhe atribui, que deriva da
palavra latina scabies, sarna, justifica-se pela utilização da planta na Idade Média para curar afecções
da pele ou manifestações cutâncas de doenças mais genéricas, como a peste ou a sífilis. Desconhecido
dos Antigos, o morso-diabólico era no século XVI muito apreciado por Olivíer de Serres, que
considerava úteis todas as suas partes. Actualmente, é receitado pelos homeopatas, sob a forma de
tintura, para tratar certas dermatoses. Os fitoterapeutas utilizam as propriedades expectorantes e

fluidificantes das flores e folhas para o tratamento de bronquites e afecções das vias respiratórias. A
raiz, depurativa e digestiva, pode servir de base a um excelente licor. O morso-diabólico é uma planta
vivaz com

belas flores azuis que cresce nas pastagens húmidas, por vezes em grandes quantidades, sendo
apreciado pelo gado quando tenro.

Habitat: Europa, solos húmidos; espontâneo em Portugal, nos arreivados e solos húmidos do Minho,
Beiras, Estremadura e litoral do Alentejo; até 2000 m. Identificação: de O,30 a 1,25 m de altura.
Vivaz, caule com ramos verticais, glabro ou pubescente; folhas opostas, ovaJ-oblongas e inteiras;
flores azul-violáceas (Julho~Outubro), todas semelhantes, em capítulos solitários, globosos, com as
brácteas do invólucro herbáceas e receptáculo guarnecido por bractéolas interflorais, cálice com limbo
com 4 ou 5 dentes aristados, corola tubulosa com 4 lóbulos e

4 estames > aquénio; rizoma truncado junto do colo, escuro, não estolhoso. Cheiro fraco e agradável.
Insípido. Partes utilizadas: suco fresco, capítulos, folhas e raiz seca.
O Componentes: heterósido (escabiósido), amido, sais minerais, saponósidos, tanino O Propriedades:
acistringente, depurativo, estomáquico, expectorante, sudorífico, tónico, vulnerário. U. I., U. E. + Ver:
afta, asma, bronquite, dartro, pele, prurido.
Morugem-vulgar

Stellaria media (L.) Vill.

Morugerri-branca, morugem-verdadeira,

orelha-de-toupeira

Carriofiláceas

O nome desta planta é revelador de algumas das suas características: Stellaria deriva da palavra latina
stella, estrela, pois as flores têm a forma de estrelas brancas.

A morugem caracteriza-se pelos seus caules tenros, que permanecem rentes ao solo se este não tiver
outra vegetação, só se tornando erectos se a grande densidade da vegetação que os rodeia os
comprime, forçando-os a procurar a luz. As flores são por natureza pouco visíveis, devido ao seu
pequeno tamanho, facto que é acrescido pela queda prematura das pétalas brancas, restando apenas o
cálice verde confundido entre a folhagem; além disso, as flores fecham~se ao crepúsculo e em tempo
chuvoso. A sua enorme vitalidade torna possível a

existência de cinco gerações instaladas no

mesmo pé no decorrer do ano.

Os autores da Antiguidade e da Idade Média desconheciam certamente a morugerri, pois não lhe
fizeram qualquer referência; no século xix, o fitoterapeuta bávaro Kneipp considerou-a um calmante
para as

afecções das vias respiratórias. Outrora, era muito utilizada nos meios rurais para saladas ou cozida
como sucedâneo dos espinafres.

Habitat: vulgar na Europa, solos húmidos, campos, jardins, bermas dos caminhos, frequente em quase
todo o território português; até 2000 m. Identificação: de O,10 a O,40 m de altura. Anuai, caules
tenros, em tufos, rastejantes ou ascendentes, com nós bem definidos; folhas gialbras, inteiras,
geralmente pecioladas e opostas; flores brancas (Fevereiro-Novemb@o), pedunculadas, na axila das
folhas da extremidade do caule, em forma de estreia, 5 pétalas curtas, 3 estiletes, cápsula com 6
valvas. Sementes reniformes.

Partes utilizadas: planta fresca ou seca, suco fresco (todo o ano), secagem à sombra e ao ar.
O Componentes: sais minerais, principalmente de silício e de potássio O Propriedades: antilactagogo,
diurético, tónico, vulnerário. U. I., U. E. + V O Ver: anemia, contusão, convalescença, estômago,
hemorragia, hemorróidas, lactação, pele.

219
Mostarda-negra

Brassica nigra (L.) Koch (= Sinapis nigra L.)

Mostarda-preta, mostarda-ordinária

Crucíferas

Amostarda é um condimento muito conhecido e apreciado na culinária moderna; é obtida de uma


grande planta crucífera actual~ mente muito vulgar no estado espontâneo em toda a Europa. Porém,
em épocas anteriores à intervenção do homem na expansão da sua cultura só existia nos países
mediterrânicos e no Oeste da Ásia. Teofrasto alude à sua cultura no século IV a. C.; é a mostarda do
Evangelho; Columela refere-se à sua

utilidade como condimento, que era então constituído pelas folhas conservadas em vinagre. O
emprego da massa condimentar obtida pela trituraçã o das sementes em agraço ou em mosto de uvas
difundiu-se cerca do século XIII, e a palavra *mostarda+, mosto ardente, isto é, picante, surgiu pela
primeira vez num texto datado de 1288. A mostarda é actualmente um dos mais divulgados
condimentos no Ocidente; a espécie próxima Sinapis alba L., mostarda-branca > com sabor menos
intenso, é cultivada para abastecer a indústria alimentar.

Em doses moderadas, este condimento estimula a digestão; deve ser excluído da alimentação dos
dispépticos, pois é irritante.

C Não deve ser usada por doentes com infla~ mações das vias urinarias e do tubo digestivo, sendo
proibida a dispépticos; a temperatura da água destinada à preparação dos sinapismos não deve ser
superior a 50'C; conservar a farinha em local seco. Habitat: Europa Central, Ocidental e Meridional;
em Portugal, além de cultivada, surge espontânea no Minho, Estremadura e Alentejo; até 1000 m.
Identificação: de O,20 a 1 m de altura. Anual, caule erecto, ramos patentes; folhas pecioladas, liradas;
flores amarelas (Abril-Junho) em

cachos terminais em corimbo, abrindo-se uma a uma e precedendo o crescimento do escapo floral, que
imediatamente se cobre de síliquas com rostro curto e que contém várias sementes castanho-escuras.
Partes utilizadas: sementes (maturação).
O Componentes: heterósido azotado (sinigrásido), mucilagem, alcalóides, enzima O Propriedades:
mostarda-negra: revulsivo, vomitivo; mostarda-branca: purgativo. U. L, U. E. + O Ver: banho,
bronquite, congestão, intestino, nevralgia, pé, pulmão, reumatismo.
Murta

Myrtus communis (L.) Herm.

Murta-ordinária, murta-dos-j ardi n s, murteira

Mirtáceas

A murta é um arbusto muito glosado pelos poetas; é o myrtos dos Gregos, que o ofertavam aos seus
mortos e que Electra reclamava para os manes de seu pai, Agamémnon: *Nem libações nem ramos de
murta ... +

Símbolo da glória e do amor feliz, com a

murta se entrançavam as coroas para os heróis que recebiam o ovatio e para as desposadas. É ainda a
murta do Antigo Testamento, usada em grinalda nas bodas pelas jovens de Israel.

A madeira dos seus caules incensou inúmeras cerimônias religiosas. Das suas folhas e flores destiladas
fazia-se uma água famo- sa, a água-de-anjo, utilizada como produto de beleza. Na Córsega, onde a
murta cresce, como em todas as regiões do Mediterrâneo, em matas ou em charnecas, é muito vulgar
um licor com virtudes estomáquicas obtido pela maceração das bagas.

Este arbusto sempre verde desenvolve-se em moitas fechadas, cobertas de folhas brilhantes e
aromáticas que, observadas à transparência, revelam a existência de pequenas glândulas; a partir de
Maio, as flores brancas desabrocham, formando pequenas borlas perfumadas, e no Outono
amadurecem as bagas escuras.

Habitat: litoral da Europa Mediterrânica, matas, charnecas; espontânea nos matos, sebes, charnecas do
Centro e Sul de Portugal; também é cultivada; até 800 m. Identificação: de 2 a 3 rn ou mais de altura.
Arbusto; caule muito ramificado; folhas persistentes, coriáceas, brilhantes, opostas 2 a 2, raramente 3
a 3, lanceoladas, inteiras, subsésseis, providas na espessura do limbo de glândulas de essência, visíveis
à transparência; flores brancas (Maio-Julho), pedunculadas, solitárias na axila das folhas, 5 pétalas e 5
sépalas, estames numerosos e compridos, estilete saliente; baga negra. Cheiro aromático, apimentado
(flores); sabor desagradável e resinoso (bagas). Partes utilizadas: folhas (Agosto), frutos (Setembro-
Outubro), essência, flores.
O Componentes: tanino, óleo essencial, resina, ácidos (cítrico, málico), vitamina C O Propriedades:
acistringente, anti-séptico. U. L, U. E. + Ver: banho, bronquite, constipação, contusão, ferida, hálito,
hemorroidas, leucorreia, psoríase, sinusite, tosse.
Musgo-da-córsega

Alsidium helminthocorton (Latourette) Kurtz

Alga-da-córsega

Rodomeláceas

O homem dedicou-se desde os mais remo- tos tempos à pesquisa de antiparasitários, nomeadamente
para os vermes intestinais. O

reino vegetal forneceu-lhe um determinado número, como, por exemplo, a artemísia, o santónico, o
tanaceto, alguns fetos e algas, de entre as quais o musgo-da-córsega, designação absolutamente errada,
pois esta planta nada tem de comum com os musgos. A designação corresponde, na realidade, a um
conjunto de 22 pequenas algas-vermelhas. Cresce em grande abundância nas costas mediterrânicas e
tem o aspecto de uma almofada com filamentos delgados e emaranhados; a colheita deve ser feita, de
preferência, com um ancinho, sendo conveniente em seguida libertar as algas de todas as conchas que
a ela se prendem.

Já conhecido por Teofrasto, muito utilizado na Idade Média, este vermífugo parece ter caído no
esquecimento no decorrer dos séculos seguintes, e só em 1775 um médico grego, Stephanopoli, chama
de novo as atenções para o Alsidium helmiiithocortoti (Latourette) Kurtz e o divulga com o nome
actual. Rico em iodo, é um óptimo estimulante para o funcionamento da tireóide. Segundo a tradição,
era frequentemente utilizado por Napoleão.

O musgo-da-córsega é usado actualmente sob as mais diversas formas: em decoeção, em pó ou em


leite vermífugo, sendo muito bem tolerado pelas crianças.

Habitat: rochedos das costas da Provença e da Córsega. Identificação: de O,02 a O,04 m de altura.
Alga, talo vermelho-escuro, ramificado em filamentos rastejantes, entrelaçados, e mais tarde erectos,
frágeis, dicótomos, cilíndricos, carnudos; raros cistocarpos, subglobosos, colocados nas extremidades
dos talos; provido de rizóides. Cheiro intenso a iodo; sabor salgado. Partes utilizadas: talo (todo o
ano); secagem rápida ao sol; conservar seco em caixas de madeira.
O Componentes: substâncias mucilaginosas e

resinosas, iodo, ferro, cálcio, sódio O Propriedades: vermífugo, U. L, U. E. + Ver: bácio, parasitose.
Não-me-esqueças

Myosotis scorpioides (L.) HilI, ssp. palustris (L.)

Herm,

Bras.: miosótis

Borragináceas

Uma lenda persa narra que um anjo expulso do Paraíso por estar apaixonado por uma mortal teve
como penitência a tarefa de semear o encantador não-me-esqueças em

todo o Mundo. Cumprida a penitência, regressou com a companheira coroada com as mesmas flores
que haviam espalhado pela Terra, e junto dela, tornada por sua vez imortal, reencontrou a paz eterna
do Paraíso. E é certamente nesta lenda que se encontra a explicação para o nome vulgar da planta,
comum a muitas línguas em todo o Mundo, evocação do amor fiel e eterno: *Ame-me; não me
esqueça. @> Ao longo de todo o Ve~ rão, o azul singelo pontilhado do amarelo das suas corolas
invade os solos húmidos. Muitos poetas cantaram esta flor pela sua beleza e pelo símbolo de amor que
representa.

Além disso, o não-me-esqueças é útil sob outros aspectos; seco, revela-se um excelente sucedâneo do
meliloto para as inflamações dos olhos; nos anos 60, o Prof. Léon Binet, da Faculdade de Medicina de
Paris, recomendou-o como antiasténico eficaz nas manifestações funcionais de atonia, devido à sua
riqueza em sais de potássio.

Habitat: comum na Europa, arribas e taludes, prados alagados; até 2000 m. Identificação: de O,15 a
O,40 m de altura. Vivaz, caule anguloso, muito folhoso; folhas tenras, obiongas, lanceoladas, com
pêlos duros, extremidade obtusa, envolvendo o caule, flores azuis (Maio-Agosto), agrupadas em
espigas terminais espiraladas, corolas com iimbo plano, com 5 lóbu@os. de 5 a 8 mm de largura,
cálice coberto de pêlos curtos encostados, esWete comprido; ovário com 4 carpelos livres, trígonos
lisos >torça oblíqua, rastejante, esbranquiçada, estolhosa. Cheiro herbáceo.

Partes utilizadas: folhas, sumidades floridas (Maio-Agosto), secagem em ramos suspensos.


O Componentes: potássio O Propriedades: anti-infiamatório, sedativo, tónico. U . L, U. E. Ver:
astenia, conjuntivite, olhos, ouvido.
Narciso-trombeta

Narcissus pseudo-narcissus L.

Narciso-bravo Bras.: narciso-dos-prados, narciso

Amarilidáceas

O narciso-trombeta é uma flor primaveril e

das mais populares nas regiões onde cresce; a maioria das vezes o entusiasmo da colheita impede que
se pense na toxicidade do seu

bolbo, que não deve ser arrancado com as mãos desprotegidas, pois é de facto um perigo real. O
perfume das flores provoca também uma espécie de sonolência que a

própria palavra *riarciso+ evoca, pois deriva do grego narkè, sono. Narciso é ainda o fascinante jovem
que, ao contemplar-se na

água de uma fonte, se apaixonou pela sua própria imagem; desesperado por não poder apoderar-se de
si próprio, entristece e morre

de desgosto (só ressuscitando nas palavras dos poetas e nos conceitos dos psiquiatras e

dos psicanalistas).

Dioscórides foi, de entre os autores antigos, o primeiro a assinalar o poder vomitivo do bolbo do
narciso; simultaneamente, aconselhava a sua utilização para tratar queimaduras, luxações e abcessos.
Esquecido em seguida até ao século xix, o narciso entrou, embora tardiamente, na farmacopeia
francesa devido às suas propriedades antiespasmódicas. Planta não melífera, cultivada para
ornamentação, o seu esplendor decora, no estado natural, os prados e as matas.

O Não utilizar o bolbo, nem tocar-lhe com as mãos desprotegidas. Habitat: Europa Central e
Meridional, prados e matas pouco densos; existe em Portugal em vários locais, desde o Minho ao
Alentejo; até
2000 m. Identificação: de O,20 a O,40 m de altura. Vivaz, buiboso, 2 a 4 folhas em lacínias muito
compridas, obtusas no vértice; flor amarela (Abril-Maio), solitária, grande, pendente, espata
invaginante, cálice e corola soldados em tubo com a forma de um funil (infunclibuliforme), de cuja
base irradiam 6 divisões petalóides, com coroa longa crenada, ovário ínfero; cápsula globosa-trigonal;
boibo ovóide, liso. Inodoro; sabor amargo e acre (boibo). Partes utilizadas: flores secas (Março);
secagem em tempo seco para não perder as propriedades.
O Componentes: matéria gorda, cera, caroteno, óleo essencial O Propriedades: antidiarreico,
antiespasmódico, sedativo. U. 1. + Ver: asma, diarréia, nervosismo, paludismo, tosse convulsa.
Nespereira-da-europa

Mespilus germanica L.

Rosáceas

Não sendo o orgulho dos pomares, a nespereira é uma árvore de fruto, outrora muito apreciada,
embora actualmente cresça apenas nas sebes. Não deve ser confundida com a nespereira-do-japão, ou
magnólio, Eriobotrya J.aponica L., que pertence à mesma

família botânica e de cultura mais frequente em Portugal. As suas flores brancas são grandes e os seus
frutos assemelham-se a pequenas maçã s castanhas encimadas por uma larga coroa de sépalas
persistentes. Quando maduros, não são comestíveis, sendo necessário esperar que estejam sorvados,
pois adquirem então um sabor agradável.

Muito pouco se sabe das utilizações da nespereira-da-curopa na Antiguidade, pois a árvore foi motivo
de inúmeras confusões. A partir da Idade Média. os seus frutos foram utilizados para tratar febres e
diarreias; devido às suas propriedades acistringentes, são eficazes para regularizar as funções
intestinais; os frutos frescos são bem digeridos mesmo pelos estômagos delicados. Preparam-se com os
frutos compotas e xaropes.

Habitat: Sul e Sudoeste da Europa, rara nas regiões mediterrânicas, florestas, bosques pouco densos,
sebes; é uma planta pouco cultivada em Portugal; até 800 m.

Identificação: de 3 a 6 m de altura. Arbusto; tronco sinuoso, ramos com pêlos e espinhos; folhas
grandes, simples, inteiras ou ligeiramente dentadas, com pecíolos curtos, baças e glabras na página
superior, ligeiramente pubescentes na inferior; flores brancas (Maio-Junho), de 3 cm de diâmetro,
solitárias, subsésseis, rodeadas por folhas grandes nas extremidades dos ramos, 5 sépalas compridas,
persistentes, e 5 pétalas onduladas, numerosos estames, ovário ínfero; pomo bronzeado, achatado na
extremidade, coroado pelas sépalas, 5 caroços com 1 semente ovóide e comprimida. Partes utilizadas:
frutos (após as primeiras geadas), caroços, folhas, casca; apanhar os frutos sorvados.
O Componentes: tanino, ácidos (acético, cítrico, fórmico, málico, tartárico), matérias pécticas, açúcar,
vitamina C O Propriedades: adstringente, diurético. U. L, U. E. V Ver: afta, boca, diarreia, estômago,
ferida, pele.

225
Nieveda

Calaminiha officinalis Moench. Erva-das-azeitonas, calaminta

Labiadas

Da mesma família das mentas e dotada de um aroma semelhante, foram durante muito tempo
confundidas; no entanto, as flores da nêveda são muito maiores e mais separadas umas das outras. Esta
confusão é ainda justificada pela palavra Calamintha, que deriva do grego kalé, belo, e minthê,
hortelã. A planta, muito conhecida na Antiguidade e na Idade Média, era usada como remédio para os
zumbidos do ouvido, as eructações, os soluços, as dores abdominais e os espasmos de origem nervosa,
sendo também utilizada como tónico, digestivo e estimulante. Aemilius Macer, em 1477, louvava
ingenuamente o efeito curativo da nêveda contra a elefantíase, <espécie de lepra que excede qualquer
doença@, do mesmo modo que o elefante sobressai entre os outros animais, Em 1890, Cadéac nota
que os animais que pastam a

nêveda *têm um aspecto animado e inteligente, parecem felizes com a sua vitalidade, deslocam-se com
prazer, passeiam com orgulho, têm um porte altivo e domínador, A análise química da planta não
revela qualquer substância susceptível de produzir tão espectaculares resultados.

Habital: Sul de Inglaterra, Europa Central; em Portugal, é frequente nos locais secos e áridos; até 1500
m. Identificação: de O,15 a O,30 m de altura. Vivaz, ramificada; caule herbáceo; folhas pecioladas,
finamente serradas; flores cor de púrpura (Julho), de 10 a 12 mm, pediceladas sobre um pedúnculo
comum, cálice erecto com dentes desiguais, celheados, corola mais comprida, com o lábio inferior
trilobulado. Cheiro semelhante ao da hortelã e da erva-cidreira. Partes utilizadas: caule com folhas e
flores (Julho); secagem à sombra.

O Componentes: essência, enzimas O Propriedades: antiespasmódico, estomáquico, tónico. U. 1. +


Ver: acufenos, aerofagia, digestão, espasmo, estômago, fadiga, soluço.

226
Nêveda-dos-gatos

Nepeta caiaria L. Ervd-clos-gatos, erva-,-ateira, catéria

Bras.: mentrasto

Labiadas

A planta - cujo nome de espécie botânica, cuiaria, deriva do latim catus, gato - exerce uma irresistivel
atracção sobre estes felinos, e, ao contrário da valeriana, que é dotada do mesmo poder, mas tem um
cheiro desagradável, a nêveda-dos-gatos exala um perfume a hortelã muito agradável.

Esta planta vivaz, originária do Mediterrâneo Oriental, foi durante muito tempo cultí~ vada para usos
medicinais; mais tarde, escapou-se dos jardins, disseminando-se caprichosamente por diversos locais.
Encontra-se facilmente nos entulhos, nas bermas dos cami:nhos. sebes e nos arredores dos cemitérios.
A nêveda-dos-gatos assemelha-se à melissa, ou erva-cidreira, diferenciando-se, no entanto, facilmente
devido às suas flores cor-de-rosa com cachos terminais e ao lábio inferior, concavo e trilobado das
suas corolas. É uma planta calmante e digestiva, com a qual se preparam óptimas tisanas. Para aliviar
uma dor de dentes, podem mastigar-se algumas folhas frescas de nêveda-dos-gatos. Em medicina
popular, emprega-se em casos de bronquite crónica e para a diarreia. E, evidentemente i

se houver um gato em casa, é aconselhável esfregar com a planta o pedaço de madeira onde se
pretende que ele afie as unhas.

Habitat: Europa, excepto em altitude; em Por~ tuga), de Trás-os-Montes ao Alentejo; terrenos baldios,
bermas, locais pedregosos. Identificação: de O,50 a 1 m de altura. Vivaz; caule viloso, acinzentado,
erecto, ramoso; folhas pecioladas, largas (2 a 5 cm), crenado- -serradas, verde-acinzentadas na página
superior, esbranquiçadas na inferior, cordiforme-ovadas; flores brancas pontuadas de cor de púrpura
(Junho-Setembro), em verticilos densos, cálice viloso quase recto quinquedentado ou quinquefundido,
corola ultrapassando levemente o cálice, com lábio superior chanfrado,

lábio interior côncavo, trilobado, 4 estames, dos quais 2 mais compridos; 4 aquénios trigonos,
castanhos, lisos. Cheiro forte; sabor amargo, picante e acre. Partes utilizadas: sumidades floridas
(Junho-Setembro), planta inteira (Verão).
O Componentes: carvacrol, timol, lactona, ácido nepetálico O Propriedades: antiespasmódico,
carminativo, emenagogo, estomáquico, tónico, vulnerário. U. L, U. E. + o Ver: dentes, estômago,
ferida, menstruação, nervosismo, soluço, sono, tosse, tosse convulsa.
Norça-preta

Tamus communis L.

Uva-de-cão, arrebenta-boi, ramo, baganha

Dioscoriáceas

Seria difícil imaginar, ao observar o frági caule da norça-preta enrolado em volta da árvores ou
revestindo os pilares dos cara

manchões, que é a única planta europei aparentada com os inhames tropicais; as rai zes de ambos,
semelhantes a volumoso nabos, são extremamente parecidas. Pc vezes muito carnudas, podem atingir
várie quilos de peso. Como a raiz do inhame, muito tóxica quando crua; no entanto, é po@ sível
ingeri-Ia sem consequências graves apé demorada cozedura em várias águas. D ponto de vista
medicinal, apenas o uso ex

terno da planta foi mantido. O rizoma, mo

do, amassado, fervido e aplicado em cat@ plasma sobre as contusões, faz desaparece o rubor e os
hematomas. Celso, médic latino contemporâneo do imperador Augustc

secava a planta, obtendo um pó insecticid@

Obedecendo ao princípio de tratar o m, com o mal em doses infinitesimais, os hc meopatas receitam


por vezes, para as insc lações, uma tintura extraída da norça-pret@

Os frutos são pequenas bagas brilhante muito apreciadas pelos tordos e melros. absolutamente
necessário avisar as crianç@ de que estas bagas, facilmente confundi& com groselhas, são venenosas e
muito per gosas.

O Não engolir. Habitat: Europa Central e Meridional, orlas dos bosques, moitas; em quase todo o
território português, nas margens dos campos e sebes; até 1200 m. Identificação: de 2 a 4 m de altura.
Vivaz, caule herbáceo, cilíndrico, delgado, volúvel, sinistrorso, ramoso, desprovido de gavinhas;
folhas alternas, pecioladas, simples, ovado-cordiformes, com a ponta para baixo, verdes, brilhantes,
finas, com 5 a 7 nervuras; flores verde-claras (Março-Julho), dióicas, em espigas frouxas, na axila das
folhas, sendo as femininas curtas e as

masculinas compridas; baga vermelha e brilhante; raiz volumosa e tuberosa, napiforme, carnuda,
escura externamente e de fractura esbranquiçada. Cheiro suave; sabor acre, amargo (raiz), acídulo e
depois ardente (baga). Partes utilizadas: rizoma (Dezembro); conservar no estado fresco, mergulhado
em areia, ou cortado em rodelas e seco no forno.
O Componentes: oxalato de cálcio, substância de tipo histamínico, mucilagem, glúcidos O
Propriedades: hemolítico, resolutivo. U. E. + Ver: artrite, contusão.
Noveleiro

Vibiít-tití@?i opulus L.

Bola-de-neve, rosas-de-gueldres

Bras.: espinhei ro- negro

Caprifoliáceas

Este arbusto de 3 a 4 m de altura reconhece-se facilmente devido às suas flores desiguais, dispostas
numa falsa umbela; as da periferia são bastante grandes, brancas e estéreis; as restantes são pequenas,
porém completas e fecundas. Existe uma variedade hortícola de noveleiro cujas flores são todas
grandes, estéreis e agrupadas numa inflorescência esférica: é o Viburnum opulus L., var.

sterile DC., cultivado nos jardins e parques.

Viburnum deriva da palavra latina vincio, eu entranço, eu ligo, e de facto certos ramos desta planta,
extremamente flexíveis, podem ser utilizados como os do vimeiro. Opulus é o nome latino do ácer,
existindo na realidade uma analogia entre as folhas destes dois arbustos. Os frutos, que amadurecem
em Setembro, de cor vermelha intensa e do

tamanho de ervilhas, são venenosos para o homem, sendo ingeridos pelas aves apenas em épocas de
escassez. No entanto, em alguns países balcânicos são preparados em compota e utilizados como
condimento. A sua madeira só serve para aquecimento; os caules são utilizados no fabrico de tubos
para cachimbos. O noveleiro não ocupa lugar de relevo na história da medicina. Apenas a casca e
muito raramente a flor são utilizadas.

Habital: Europa, excepto na região mediterrânica, locais frescos, sebes, bosques abertos,
especialmente solos calcários; cultivado em Portugal; até 1400 m. Identificação: de 3 a 4 m de altura.
Arbusto; casca cinzento-clara e seguidamente amarelo-acastanhada, fendida longitudinalmente; ramos
frágeis e glabros; folhas opostas, pecioladas, com estipulas delicadas e 3 lóbulos dentados; flores
brancas (Maio-Junho), em falsa umbela, com 6 a 7 raios, sendo as exteriores estéreis e as centrais
pequenas e férteis; baga globosa com 1 semente vermelha quando

madura. Inodoro. Partes utilizadas: casca seca e, por vezes, as flores.


O Componentes: resina, ácidos, açúcares, tanino, heterásido, antocianina, princípio amargo
O Propriedades. antiespasmódico, sedativo. U. 1. Ver: menopausa, menstruação.

229
Onagra

Oenothera biennis L.

Erva-dos-burros, zécora, canárias

Bras.: minuana

Enoteráceas

Originária da América do Norte e importada da Virgínia, a onagra surgiu na Europa em 1619 num
jardim de Pádua. A partir de então, difundiu-se por todo o continente, onde se adaptou tão bem como
qualquer das plantas indígenas. O seu único caule, erecto, ligeiramente ou nada ramificado, é
guarnecido por folhas alternas e possui longos escapos florais amarelos, em forma de funil, que se
abrem ao entardecer, assim permanecendo durante duas noites consecutivas, pelo que os Ingleses lhe
chamam evening star, estrela da tarde. O pólen é transportado pelas abelhas e pelas borboletas
nocturnas. A raiz, carnuda e avermelhada, é por vezes cozinhada do mesmo modo que a do cersefi;
segundo um antigo provérbio alemão, uma

libra (cerca de 500 g) de raiz de onagra alimenta mais do que um quintal de carne de vaca! A origem
do nome Oenothera pode explicar-se de diversos modos: das palavras gregas onos, asno, e thera,
presa, correspondendo assim ao nome vulgar de erva-dos-burros, ou ainda de oinos, vinho, e thèi-,
anirinal selvagem, pois uma infusão da raiz em vinho amansava as feras. Os caracteres genéticos
particulares da onagra tornaram-na útil para a investigação das leis da hereditariedade.

Habitat: Europa, jardins, escarpas, vias férreas, terrenos baldios, ribanceiras; cultivada e
subespontânea em várias regiões de Portugal; até 1000 m. Identificação: de O,40 a 1,50 m de altura.
Bienal, caule erecto, quase simples e folhoso; folhas pubescentes, ovais, aiongadas, pontiagudas, sé
sseis, sendo as da base pecioladas; flores amarelas (Junho-Setembro), grandes, em espiga erecta de
floração nocturna, 4 pétalas em taça, chanfradas no vértice, 4 sépalas estreitas, permanecendo
frequentemente soldadas pela ponta, 8 estames em forma de T e 4

estigmas em cruz; cápsula espessa, erecta, séssil, 4 valvas, numerosas e pequenas sementes; raiz
carnuda e avermelhada. Cheiro suave (flor) a vinho (raiz); sabor agradável (raiz). Partes utilizadas:
raiz e folhas.
O Componentes: mucilagem, tanino O Propriedades: antiespasmódico, depurativo. U. 1. Ver:
espasmo.
Orégão-vulgar

Origanum vulgare L. Manjerona-brava, m anjerona-selv agem

Bras.: orégano

Labiadas

No estado espontâneo, o orégão é uma planta da montanha, como indica o nome, derivado das
palavras oros, montanha, e ganos, esplendor; o orégão chegou à actualidade através da história dos
simples, porém sempre acompanhado de uma certa imprecisão científica; os textos médicos antigos
fazem efectivamente numerosas referências a um oregão com flores brancas cujas corolas são cor-de-
rosa-púrpura, que não corresponde ao orêgão-vulgar. Além disso, é frequentemente confundido com a
manjerona, que, no

entanto, só sobrevive nos climas europeus quando cultivada. Porém, as propriedades medicinais do
orégão contidas nas sumidades floridas são irrefutáveis; os fitoterapeutas utilizam-nas, estando a
maioria das suas importantes virtudes ligada a uma acção estimulante sobre o sistema nervoso.
Possuem ainda uma acção antálgica; uma pequena almofada feita com as sumidades floridas
recentemente colhidas e aquecidas durante um breve momento numa frigideira alivia qualquer
torcicolo. Destas sumidades floridas também se pode obter uma bebida doce, aperitiva, digestiva e
béquica pela maceração de 50 g em 1 1 de vinho durante 10 dias. Cheiro aromático, sabor amargo.

superior erecto e chanfrado, sendo o inferior trilobado, e 4 estames divergentes; tetraquénio, sendo
cada uma das partes ovóide e lisa; rizoma rastejante, escuro e com raízes fibrosas. Partes utilizadas:
folhas, sumidades floridas.
O Componentes: óleo essencial, tanino, resina, goma O Propriedades: antálgico, antiespasmódico,
anti-séptico, emenagogo, estomáquico, expectorante, parasiticida, tónico. U. I., U. E. + V O Ver:
aerofagia, apetite, boca, cabelo, celulite, dentes, epilepsia, estômago, ftiríase, menstruação, nevralgia,
torcicolo, tosse, traqueíte.

231
Papoila

Papaver rhoeas L.

Papoila-ordinária, papoi 1 a-das- searas, papoila-vermelha, papoila-rubra, papoila-brava

Bras.: papoula

Papaveráceas

Os herbicidas selectivos expulsaram-na das searas, onde as suas frágeis pétalas de um vermelho
intenso estremeciam entre as espigas douradas. Actualmente, a papoila acolhe-se ao longo das estradas
e das vias férreas. Planta anual, tem uma vida curta e não tardará a tornar-se rara, como muitas outras
ervas daninhas infestantes das searas.

Originária do Mediterrâneo Oriental, a

papoila parece ter sido introduzida na Europa com a cultura dos cereais. Utilizada desde os mais
remotos tempos, esta flor peitoral faz parte actualmente da mistura das sete plantas que constituem a
*tisana das quatro flores, É conveniente respeitar as doses prescritas, pois em doses elevadas pode
tornar-se tóxica.

Se bem que a atraente cor destas frágeis flores incite a colhé-las em ramos, é necessário identificar
com exactidão as suas características distintivas, pois para fins terápétiticos não são indicadas as flores
de cor mais desmaiada e mais pequenas com cápsula pilosa ou estrangulada no vértice.

O Respeitar as doses indicadas. Habitat: Europa; frequente em quase todo o País; até 1700 m.
Identificação: de O,25 a O,80 m de altura. Anual, caule erecto, piloso, ramoso, com látex
esbranquiçado; folhas vilosas, recortadas em lóbulos lanceolados triangulares, sendo as inferiores
muito recortadas; flores vermelhas, frequentemente maculadas de preto na base (Maio-Julho),
solitárias na extremidade de um comprido pedúnculo, efémeras, cálice com 2 sépalas, corola com 4
pétalas, com pré-floraçao enrugada, estames preto-azulados, cápsuIa curta, ovóide, glabra, deiscente
por poros abertos sob o disco estigmatífero, numerosas sementes pretas. Cheiro pouco intenso, viroso;
sabor amargo. Partes utilizadas: pétalas (na floração), dispor em camadas finas, conservar em seco.
O Componentes: vestígios de alcalóides, pigmentos antociânicos O Propriedades: antiespasmódico,
emoliente, hipnótico, peitoral, sedativo, sudorífico. LI. I., LI. E. + V UZ Ver: anginas, bronquite,
cólica, nervosismo, ruga, sono, tosse.
Parietária

Parietaria officinalis L.

Alfavaca-de-cobra, erva-das-muralhas, erva-fura-paredes, erva-dos-muros, erva-de-santa-ana,

erva-de-nossa-senhora, erva-das-paredes, helxina,

cobrinha, pulitaina, pulitária

Bras.: erva-de-santa-ana

Urticáceas

É uma planta vivaz, de origem mediterrânica, que seguiu o homem até ao extremo norte da Europa,
vagueando de povoação em povoação e instalando-se em moitas nas paredes deteriorada@. Em
fitoterapia, são utilizadas duas variedades: uma delas com caules grandes e inflorescências densas e
uma outra com caules mais difusos e glomérulos pendentes. As suas propriedades medicinais são
idênticas e ambas podem provocar manifestações de polinose. As virtudes da parietária são conhecidas
desde a Antiguidade; no

século 1, Plínio relata a eficácia desta planta no tratamento de um escravo que caíra do cimo de um
muro. Emoliente e diurética, é mais activa quando utilizada no estado fresco; seca, conserva apenas
algumas das suas propriedades se for guardada num frasco hermeticamente fechado. Adicionando à
parietária a cavalinha, a urtiga-branca, a urze e

a barba de milho, prepara-se uma infusão de sabor desagradável, utilizada no tratamento da cistite. A
planta tem cheiro insípido e

sabor a erva, ligeiramente salgado.

Habitat: Europa; em todo o País; até 700 m Identificação: de O,10 a O,30 m de altura. Vivaz, caule
avermelhado, erecto ou difuso (isto é, com os ramos dispostos sem ordem e bastante abertos), por
vezes pendente, pubescente; folhas alternas, pecioladas, inteiras, ovais ou em forma de losango, finas,
com 2 ou
3 nervuras guarnecidas na página inferior de pêlos aderentes; flores esverdeadas (Junho-Outubro),
com glomérulas em grupos de 5 a 6 na axila das folhas, pequenas, acompanhadas de brácteas inteiras
ou celheadas, hermafroditas ou unissexuadas, estando as femininas sempre

situadas no centro, 4 sépalas, 4 estames, 1 ovário unilocular, 1 estilete terminado por 1 estigma
plumoso, aquénio pequeno, preto, brilhante e comprimido; toiça vivaz e robusta. Partes utilizadas:
parte aérea da planta, folhas mondadas, suco; secagem rápida à sombra.
O Componentes: nitrato de potássio, cálcio, pigmentos flavónicos, enxofre, mucilagem O
Propriedades: depurativo, diurético, emoliente, ref rescante. U. L, U. E. + V o Ver: albuminúria,
cistite, dentes, edema, hemorróidas, litíase, sarda.
233
Pé-de-leão

Alchemilla vulgaris L. (sensu lato)

Rosáceas

A abundância de orvalho que as grandes folhas do pé-de-leão retêm durante a noite torna-o facilmente
reconhecível. Este orvalho era outrora muito apreciado pelos alquimistas, que o utilizavam com a
designação de água celeste, além de muitos outros ingredientes, na sua infatigável procura da pedra
filosofal. Actualmente, considera-se de grande requinte secar estas folhas sem quaisquer precauções e,
juntamente com algumas folhas de primavera, adicioná-las ao chá da China para lhe dar um paladar
leve e refinado.

O pé-de-leão, pequena planta vivaz das zonas frescas e húmidas, não aparece na região mediterrânica.
Encontra-se em Portugal, principalmente no Alto Alentejo. Outrora considerado sagrado na Islândia,
teve durante todo o Renascimento a fama de restituir a virgindade e devolver a beleza aos seios
flácidos devido à idade ou à maternidade. Embora seja improvável que o pé-de-leão produza estes
resultados, a sua utilizaçao foi reconhecida pela medicina moderna para a solução de grande número
de problemas relacionados com a saúde e a beleza femininas.

Habitat: Europa, sobretudo nas montanhas, prados e clareiras; entre 100 e 2600 m. Identificação: de
O,10 a O,30 m de altura. Vivaz, caule verde-claro raiado de vermelho, delgado; folhas grandes, quase
circulares, de 7 a
11 lóbulos serrados, plicados e com estipulas; flores verde-claras (Maio-Outubro), minúsculas, em
cimeira corimbiforme difusa, apétalas, cálice com 4 sépalas simulando a corola, epicálice com 4
dentes, 4 estames curtos e 1 estilete; fruto encerrado no cálice e 1 semente; rizoma enegrecido, forte,
dando origem a vários caules. lnodoro; sabor ligeiramente azedo e acre.

Partes utilizadas: toda a planta (Junho-Agosto).


O Componentes: ácidos orgânicos, tanino, lilu nho-Ag os3’ tann O, lio p pidos, glúcidos,
saponósidos, resina O Pro- ; ropriedades: acistringente, anti-inflamatório, cicatrizante,
estomáquico, sedativo, vulnerário. U. I., U. E. + V O Ver: anginas, arteriosclerose, conjuntivite,
contusão, diabetes, diarreia, enxaqueca, estrias cutâneas, ferida, leucorreia, menopausa, menstruação,
meteorismo, obesidade, parto, prurido, seio.
Pepino-de-são-gregÓrio

Fcbaliffim elaierium A. Rich.

Momórdica, pepino-selvageni

Cucurbitáceas

O Ecballium é citado nos manuais de botânica como exemplo da deiscência brusca de um fruto. Não é
fácil imaginar uma cápsula verde, com o volume de uma bolota grande, que bruscamente se separa do
pedúnculo e

projecta ruidosamente a longa distância uma

substância mucilaginosa que contém as sementes, lançando simultaneamente o invólucro vazio na


direcção oposta, a 1 m de distância; este surpreendente fenômeno é causado pela pressão do gás
contido no interior. Planta dos países mediterrânicos, era já utilizada pelos Egípcios, Gregos e
Romanos como purgante drástico. O uso interno e mesmo externo desta planta tem alguns riscos;
assim, um certo Dr. Dickson relata, em
1888, que, por ter colocado um fragmento de pepino~de-são-gregório fresco entre a cabeça e o
chapéu, foi acometido de fortes enxaquecas, seguidas de cólicas e diarreia, durante um dia; e não
consumira, no entanto, a mínima parcela da planta! Actualmente, os fitoterapeutas raramente receitam
esta planta, sendo, no entanto, utilizada, especialmente na Grã-Bretanha, numa preparação oficinal à
base do fruto denominada Elaterium.

O Não ingerir sem indicação médica, nem lhe tocar sem as mãos protegidas. Habitat: Europa
Mediterrânica, terrenos incultos, limites de campos; Centro e Sul de Portugal em terrenos próximos de
habitações, entulhos e muros; até 400 m. Identificação: de O,20 a O,60 m de altura, Vivaz, caule
prostrado ou ascendente, glauco, coberto de pêlos ásperos, ramos floríferos erectos; foffias espessas,
triangulares, sinuosas; flores amareladas, raiadas de verde (Maio-Setembro), monóicas; fruto
esverdeado, verrugoso-híspido, alongado, pendente da extremidade do pedúnculo erecto, que expulsa
as sementes ao desprender-se; raiz carnuda, comprida. Cheiro repugnante; sabor acre. Partes
utilizadas: suco do fruto, raiz fresca, cozida ou seca.
O Componentes: elaterina, cucurbitacina, ácidos gordos O Propriedades: emético, purgativo,
resolutivo, rubefaciente. U. I., U. E. + Ver: nevralgia, sarna.

235
Pervinca

Vinca ininor L.

Congossa, vinca

Apocináceas

Apervinca forma frequentemente Dos bosques vastos tapetes perpetuamente verdes de onde surgem, a
partir de Fevereiro, curtos ramos sustentando flores solitárias com corolas de um raro azul. É a flor
dos feiticeiros e dos poetas e, na Idade Média, fazia parte da composição dos filtros de amor. A sua
utilização em medicina é também muito antiga: Agricola, em 1539, aconselhava-a para o tratamento
de anginas, e Mattioli, em 1554, para as hemorragias nasais. Durante muito tempo acreditou-se na sua
eficácia para o tratamento das doenças pulmonares. Efectivamente, a pervinca é um óptimo tónico
amargo, justificando-se o seu uso para o tratamento de anemias vulgares, convalescenças difíceis ou
falta de apetite. Modernamente, as investigações detectaram a acção de um alcalóide extraído da
pervinca, a vincamina, que faz baixar a tensão arterial e dilata os vasos, pelo que foi imediatamente
incluída no arsenal terapêutico. Além disso, certas substâncias extraídas de uma espécie exótica de
Vinca demonstram actualmente grande utilidade na luta contra diversas formas de cancro.

Habital: Europa Central e Meridional, florestas, sebes, solos argilosos ou calcários; em Portugal,
sebes, margens dos rios, campos de Bragança, Buçaco, Fundão; cultivada também como planta
ornamental; até 1300 m. Identificação: de O,15 a O,20 m de altura. Vivaz, caule prostrado de 1 a 3 m
e radicante; folhas opostas, elípticas ou ovado-oblongas, brilhantes e persistentes; flores azul-violáceas
(Fevereiro- Maio, por vezes uma segunda floração no Outono), solitárias, pedunculadas na axila das
folhas, 5 sépalas pontiagudas, 5 pétalas cortadas obiiquamente, 5 estames, 1 estilete, 1

estigma liso; raramente frutifica, folículo duplo com várias sementes. Partes utilizadas: folhas
mondadas (todas as estações do ano, Março para a conservação).
O Componentes: glúcidos, sais minerais, ácidos orgânicos, vitamina C, pectina, tanino, flavonõides,
alcalóide (vincamina) O Propriedades: acistringente, antidiabético, antilactagogo, hipotensor,
vasodilatador, vulnerário. U. L, U. E. + In Ver: anemia, anginas, apetite, contusão, convalescença,
diabetes, hipertensão, indigestão, lactação, paludismo, vertigem.
Petasite

Petasites hybridus (L.) Gacrtri.

Compostas

A petasite forma grandes colónias junto dos regatos, à beira dos pântanos ou no lodo das valas,
geralmente locais onde a sua vigorosa raiz encontra solos profundos e a humidade de que necessita.
Esta planta prefere os locais sombrios. O caule, oco, é guarnecido por escamas de cor ruiva e as flores,
temporãs e cor-de-rosa, desabrocham em cachos no início da Primavera. São, porém, as enormes
folhas, semelhantes às do ruibarbo e que surgem após a floração, que conferem à planta o seu aspecto
característico e às quais deve o nome genérico: petasos, já que para os Gregos era o nome de um
enorme chapéu.

Os fitoterapeutas utilizam diversas partes da planta para vários fins: a infusão de folhas e flores secas
alivia as irritações dos brônquios; as cataplasmas de folhas frescas acalmam algumas dores articulares
e facilitam a cicatrização das feridas; a raiz é dotada de propriedades antiespasmódicas, sendo utilizada
pelos homeopatas sob a forma de tintura para combater diversas formas de nevralgia. Também se
atribuem ao extracto inúmeros sucessos no tratamento da gaguez.

Com o nome de sombreiro, aparece subespontáneo nas margens dos ribeiros, charcos e matas das
Beiras, Estremadura e Ribatejo o Petasites fragrans (Villars) Presl., que possui flores com cheiro a
baunilha.

Habital: Europa, à beira de água, aterros; até


1400 m. Identificação: de O,20 a O,50 m de altura. Vivaz, escapo floral viloso, oco e guarnecido de
escamas de cor ruiva; folhas basilares, surgindo após a floração, enorme limbo em forma de coração
invertido, verde-acinzentado e lanoso na parte inferior, longo pecíolo em forma de goteira; flores cor-
de- rosa-vi oláceas (Março-Maio), tubulosas, em capítulos agrupados em tirsos terminais, alguns pés
com flores hermafroditas, outros com flores hermafroditas no centro e flores femininas na margem,
receptaculo nu; aquénio encimado por um papilho sedoso; rizoma espesso, rastelante e raiz carnuda.
Cheiro suave (raiz) e repugnante (pecioto)’sabor amargo. Partes utilizadas: folhas e flores (Março-
Maio) e raizes.
O Componentes: inulina, resina, mucilagem, tanino O Propriedades: adslringente, diurético,
emenagogo, expectorante, sudorífico, vulnerário. U. L, U. E. + Ver: ferida, pele, tosse.

237
Pilosela

Hiera(ium pilosella L.

Pilosela-das-farrriácias, orelha-de-lebre Bras.: orelha-de- lebre, orelha-de-rato, murugem

Compostas

O género HieraCium compreende mais de


100 espécies, subespécies e variedades muito difíceis de distinguir umas das outras, todas plantas
vivazes com flores amarelas. Apenas cerca de uma dezena de espécies possui propriedades medicinais,
de entre as quais a mais pequena é a frágil pilosela. Nos solos pedregosos e nos prados de altitude,
forma frequentemente enormes tapetes aveludados salpicados de capítulos amarelos, cujas flores são
substituídas no Outono por frutos encimados por sedosos e macios papilhos. Esta planta, à qual
nenhum texto antigo se refere, surge num documento do século xil escrito pela abadessa Santa
Hildegarda, provavelmente a primeira mulher médica. A partir de então, a pilosela não mais deixou de
ser utilizada, embora prudentemente devido à sua extrema adstringencia. Nos meios rurais, é hábito
utilizar o

seu suco fresco para fortalecer a vista e curar as feridas. O nome do género . que pertence refere-se a
esta virtude, pois Hieracium deriva de hierax, gavião; segundo uma

crença popular, estas aves bebiam o suco da planta para fortalecer a visão. A planta fresca tem uma
acção muito eficaz no tratamento da brucelose, tanto no homem como nos animais, e especialmente da
febre de Malta. Reduzida a pó, detém as hemorragias nasais.

Habital: Europa, excepto na região mediterrânica, solos áridos, charnecas, aterros; em Portugal,
encontra-se em terrenos secos, arenosos ou pedregosos das zonas montanhosas de Trás-os-Montes,
Minho e Beiras; até 3000 m. Identificação: de O,10 a O,15 m e excepcionalmente O,30 m de altura.
Vivaz, acaule, pedúnculo floral viloso e sem folhas; folhas em roseta, unidas ao solo, inteiras,
oblongas, acinzentadas na página inferior, coroadas de pêlos setiformes e compridos; flores amarelo-
claras (Maio-Setembro), liguladas, em capítulo solitário e erecto e invólucro viloso; aquénio encimado
por um papilho de sedas iguais, simples, cinzento- esbranqu içado, com estolhos aéreos e folhosos.
Sabor amargo. Partes utilizadas: toda a planta fresca e suco fresco (Junho-Outubro).
O Componentes: substância antibiótica, umbeliferona, mucilagem, tanino, flavona, resina, manganésio
O Propriedades: acistringente, anli-infeccioso, colagogo, diurético. U. L, U. E. + Ver: albuminúria,
brucelose, celulite, convalescença, diarreia, edema, enurese, epistaxe, fadiga, hemorragia, hipertensão,
ureia, urina.
Pimenta-d'água

Pol)Igonum hYdropiper L. Persicária- mordaz, pensicária-urente Bras.: potincoba, erva-de-bicho,


pimenta-aquática

Poligonáceas

A pimenta-d'água é, como a bistorta e a sempre-noiva, uma poligonácea; o vínculo familiar reconhece-


se facilmente devido aos caules nodosos e às folhas alternas e inteiras, providas, no ponto de inserção,
de pequenas bainhas celheadas; as folhas são semelhantes às do pessegueiro. As minúsculas flores sem
corola e inodoras da pimenta-d'água são picantes e queimam a língua, aliás como toda a planta, que,
seca e pulverizada, pode substituir para fins culinários a pimenta. Supõe-se que os homens da Pré-
História já utilizavam as sementes para condimentar os alimentos. Dioscórides e Galeno aconselhavam
a sua utilização como revulsivo; no Renascimento, a medicina considerava que as manchas cor de
ferrugem das folhas eram indicadoras de uma propriedade hemostática, curiosamente confirmada
aquando de um estudo sistemático que detectou também uma acção vasoconstritora. A pimenta-d'água
deve ser utilizada fresca. Para uso externo, as espécies Poly,gonum persicaria L. e Polygonum
miteschrank, ambas insípidas, podem substituir a espécie acre.

O Em uso interno respeitar as doses. Habitat: Europa temperada, ribanceiras, à beira de água quase
todo o País; até 1200 m. ldentific@ção: de O,20 a O,80 m de altura. Anual, caule florífero, erecto ou
ascendente, avermelhado e nodoso; folhas alternas, lisas, verdes, por vezes manchadas de cor de
ferrugem, lanceoladas ou lineares, atenuadas na base, bainhas (ócreas) glabras com celhas curtas;
flores branco- esverdeadas ou rosadas (Julho-Outubro), pequenas, espigas delgadas, axilares, frouxas,
arqueadas, inclinadas, 5 sépalas cobertas de pontos amarelos transparentes (glândulas), sem corola,
com 6 a 8 estames; fruto escuro, rugoso, ovóide ou trígono, pontuado, cálice persistente e 1 semente;
raiz fibrosa. Sabor apimentado. Partes utilizadas: toda a planta, fresca (Verão).
O Componentes: tanino, óleo essencial, heterásidos, ácido gálico, ferro O Propriedades: acistringente,
depurativo, diurético, hemostático, revulsivo, vasoconstritor. U. I., U. E. + Ver: bronquite, edema,
ferida, hemorragia, hemorróidas, litíase, menopausa, menstruação, reumatismo, varizes.

239
Pimpinela

Sanguisorba minor Scop. Pimpinela-hortense, pimpinela-menor

Rosáceas

Apimpinela foi desde sempre alvo de uma


certa confusão devido em parte às sucessivas designações que lhe foram atribuídas no decorrer dos
séculos. Os Romanos já denominavam esta pequena rosácea Pimpinella, em alusão ao seu papel
condimentar, de piper, pimenta. Mais tarde, Lineu retirou-lhe este nome, que destinou à Pimpinella
magna (uma umbelífera), e chamou-lhe Poterium sanguisorba L., nome que conservou durante um
determinado período. Tempos depois, pareceu lógico reunir no género Sanguisorba as duas espécies
de pimpinelas, a menor e a

oficinal, tendo esta última adoptado o nome

de Sanguisorba officinalis L., enquanto a

menor conservava o de Sanguisorba minor scop.

Esta última, aqui representada na gravura, é uma planta espontânea e graciosa com as suas pequenas
inflorescências compactas, verdes do lado da sombra e tornando-se púrpuras no lado virado ao sol; não
tem néctar ou perfume. A pimpinela detém as hemorragias, sendo também diurética e muito útil em
perturbações do aparelho digestivo.

Habitat: Europa, excepto no extremo norte, prados, solos incultos e áridos; frequente em quase todo o
País; até 1800 m. ldentificaçâo: de O,20 a O,70 m de altura. Vivaz, caule anguloso, erecto, por vezes
prostrado e frequentemente avermelhado; folhas verde-claras, compostas, com 9 a 25 folfolos ovais, e
serradas; flores esverdeadas (Maio-Junho), monóicas, sem corola, com capítulos compactos, ovóides,
terminais: num mesmo capítulo, flores superiores femininas, com 2 a 3 carpelos e 2 a 3 estigmas
plumosos cor de púrpura, sendo as médias bissexuadas, com 4

estames, e as inferiores masculinas, com 15 a


30 estames muito salientes; fruto indeiscente, com superfície enrugada, contendo 2 ou 3 sementes;
toiça sublenhosa. Cheiro herbáceo e suave; sabor a pepino salgado. Partes utilizadas: planta inteira.
O Componentes: tanino, óleo essencial, vitamina C O Propriedades: adstringente, carminativo,
digestivo, diurético, hemostático, vulnerário. U. L, U. E. + úy Ver: diarréia, ferida, hemorragia,
hemorroidas, menopausa, meteorismo, queimadura.
Pimpinela-magna

Pimpinefia magna L.

Umbelíferas

O género Pimpinella é bastante complexo e

compreende dois grupos de espécies: as que possuem o vértice do caule e os frutos g Iabros, como a
Pimpinella magna L. e a Pinipinella sa-vifraga L., e as que os apresentam cobertos de pêlos, como o
anis-verde, Pimpinella anisum L., que é uma planta cultivada devido às suas numerosas propriedades.

São plantas bastante frágeis, mas que se mantêm erectas, com umbelas brancas ou rosadas. As folhas
são recortadas em lobos largamente dentados. com bainhas dilatadas e ligeiramente invaginantes. Uma
roseta basal de folhas (v. gravura ao lado) subsiste no Inverno até à eclosão das novas folhas. A raiz
torna-se azul em contacto com o ar e tem um característico cheiro a bode.

A pimpinela-magna foi mencionada pela primeira vez como planta medicinal no século XVI, época
em que gozou de uma grande faina, imerecida se tivermos em conta as suas reais propriedades
terapêuticas; na Alernanha, foram-lhe mesmo atribuídos, durante ai,gum tempo, poderes mágicos.

ra e Outono), sumidades floridas.


O Componentes: tanino, resina, óleo essencial, saponósido, princípio amargo O Propriedades:
aperitivo, emenagogo, emoiiente, expectorante, galactagogo, sedativo, sudorífico, vulnerário. U. I., U.
E. Ver: anginas, boca, diarreia, olhos, palpitaçóes, rouquidão, tosse.

241
Pingulicula *//* para refazer

Pinguicula vulgaris L.

Lentibulariáceas

Muito pequena, frágil e brilhante, oculta frescura das nascentes e das cascatas, a pi guícula faz lembrar
a violeta pela sua c violeta e púrpura; no entanto, é uma plai carnívora, armadilha fatal para todos os i
sectos que consegue capturar.

Efectivamente, como a rorela, esta piar pode digerir, por meio das enzimas segre@ das pelas glândulas
das folhas, os inseci que caem na sua armadilha viscosa. Ao ( bater-se, a vítima despoleta o lento
me( nismo do enrolamento das folhas; em horas fica encerrada e ao cabo de 3 dias e saparece. Quando
as folhas se desenrok pelo mesmo processo lento, do prisionei apenas restam as asas e as patas.

Um exame microscópico das folhas pinguícula possibilitou o cálculo do núme de glândulas digestivas,
tendo revela
25 000 por centímetro quadrado. Agressi para os insectos no estado natural, a pingi cula é urna planta
medicinal dotada das m: pacíficas e calmantes virtudes. Além dis@ o seu suco contém uma enzima
análoga renina do estômago dos jovens ruminam( que tem uma acção coagulante sobre o lei

Habitat: Europa, prados húmidos, pântanos, turfeiras, nascentes de montanha; locais húmidos e
margens dos cursos de água de Trás-os-Montes; de 500 a 2300 m. Identificação: de O,05 a O,15 m de
altura. Vivaz, caule subterrâneo, curto, com escapos florais finos e frágeis; folhas amareladas ou
verde-claras, em rosetas basilares, aplicadas ao solo, sésseis, ovais, viscosas, com a margem enrolada
para a parte superior; flor cor de violeta e púrpura (Maio-Julho), solitária, quase horizontal, cálice com
5 sépalas, bilabiado, corola bilabiada com fauce vilosa prolongada por um

esporão frágil e comprido, arqueado para a base, com 5 pétalas soldadas em 2 lábios, dos quais o
superior tem 2 lóbulos e o inferior 3, 2 estames e 2 carpelos; cápsula com 1 lóculo, piriforme, abrindo-
se em 2 valvas com numerosas sementes. Partes utilizadas: folhas frescas ou secas.
O Componentes: mucilagem, tanino, sacarose, enzimas O Propriedades: antiespasmódico, béquico,
cicatrizante, emoliente, febrífugo. LI. L, U. E. + V O Ver: cabelo, nervosismo, tosse convulsa, úlcera
cutânea.
Pinheiro-bravo

Pinus pinaster Soland. Pinheiro-marítimo, pinheiro-das-landes

Pináceas

O género Pinus, que faz parte da grande família das Pináceas, é o que conta maior número de espécies
na Europa, pois existem cerca de uma dezena, incluindo os híbridos, cujas características bem distintas
possibilitam identificá-las mediante alguma atenção. Apenas o pinheiro-bravo e o pinheiro-silvestre
possuem propriedades medicinais.

O primeiro, que cresce espontaneamente em todo o litoral mediterrânico, adapta-se a

solos pobres, necessitando, porém, de luz e

um mínimo de calor. Em tempos de D. Dinis passou-se à sementeira do pinheiro-bravo na mata de


Leiria, onde até então predominava o pinheiro-manso, de vegetação espontânea. Quer se deva a este
rei, quer a seu pai, D. Afonso 111, este famoso pinhal ocupa actualmente uma extensa área do litoral
(cerca de 11 000 ha). É explorado para extracção da terebintina, uma oleorre- ,,iria localizada nos
canais secretores do lenho que é recolhida por meio de incisões. Das gemas, frescas ou secas,
preparam-se, além de infusões, xaropes, pastilhas, muito utilizadas no Inverno para tratar as
bronquites, e também banhos medicinais relaxantes. A secagem é feita sobre caniços, durante um ou
dois meses, ou em forno tépido.

Habitat: Europa, litoral mediterrânico e atlântico; frequente em solos não calcários, até 1600 m.

Identificação: de 30 a 40 m de altura. Arvore, tronco direito, esguio, copa grande e arejada, folhas
acerosas muito aiongadas (agulhas), rígidas, verde-esbranquiçadas, de 20 cm de comprimento,
iigeiramente curvadas, aos pares, com base inclusa numa bainha membranosa; amentilhos (Abril-
Maio), monóicos, sendo os masculinos amarelados, com estames escamiformes, em espiga densa, e os
femininos com escamas avermelhadas ou violáceas, cada uma delas contendo 2 óvulos; pinha
castanho-avermeihada-briihante, de 12 a 18 cm de comprimento, escudos das escamas salientes e
piramidais; semente grande e ovóide, com uma asa 4 ou 5 vezes mais comprida. Partes utilizadas:
agulhas (todo o ano), gemas (antes do desabrochar), seiva e lenho.
O Componentes: óleo essencial, resina, heterósidos, vitamina C O Propriedades: anti-séptico,
baisâmico, diurético, excitante, expectorante, rubetaciente. U. I., U. E. + IN Ver: banho, bronquite,
cabelo, cistite, fadiga, gota, pé, reumatismo, @udação.

243
Pinheiro-silvestre *//* para refazer

Pinus silvestris L.

Pinheiro-selvagem, pinheiro-de-riga, pinheiro-de-casquinha, pinheiro-vermelho-do-báltic(

pinheiro-flandrês, pinheiro-da-escócia

Pináceas

O pinheiro- silvestre é considerado o m@ importante de todos os pinheiros. Além i

oleorresina que dele se pode extrair, embo não seja explorada industrialmente, a mad< ra produz um
alcatrão, as pequenas agulh perfumam, purificam e tratam e as gem são ricas em constituintes activos.
Com( cialmente, foi-lhes erradamente atribuído nome de turiões, renovos ou gomos. É n cessário
arrancá-las dos ramos no mês Abril, antes do desabrochar, colocá-las e caniços numa única camada
fina e deixá-l secar, removendo-as com frequência, dura te um a dois meses. A secagem é mais rá1 da
quando efectuada num forno tépido. 1 tas gemas têm utilizações diversas: em ml são, em macerações,
em vinho ou cerve >

decocção, inalação, fumigação, gargarejo@ em banhos, misturadas com casca de salgu ro-branco e de
carvalho e folhas de nogu, ra. O pinheiro-silvestre é uma bela e r@ árvore cultivada nas planícies,
desenvolve do-se espontaneamente nas montanhas, at( orla das florestas. Muito resistente às secz ao
calor e ao frio, não suporta a carência luz, sobretudo quando jovem, pois mesm( sombra de outras
ramagens lhe é prejudici

Habitat: Europa, nas montanhas espontâneo; no Geres; de 800 a 2100 m. Identificação: de 20 a 45 m


de altura. Árvore; tronco erecto, copa jovem, cónica, desenvolvendo os ramos verticilados quando o
ápice deixa de crescer, agulhas reunidas aos pares, curtas, de 4 a 6 cm de comprimento, verde-glaucas;
amentilhos (Maio-Junho), monóicos, sendo os masculinos em espiga na base dos ramos nascidos no
próprio ano e os femininos arredondados, violáceos, isolados nas extremidades dos rebentos > pinha
pequena de 3 a
6 cm, ovóide, baça, pendente; escudos das

escamas convexos com mamilos obtusos, maturação ao fim do 3.’ ano; semente pequena, com uma asa
3 vezes mais comprida; raiz aprumada, robusta, sendo as secundárias mais compridas. Partes
utilizadas: seiva, lenho, agulhas, gemas (Abril).
O Componentes: óleo essencial, resina, heterósidos O Propriedades: anti-séptico, baisâmico, diurético,
estimulante, expectorante. U. I., U. E. + V k"J Ver: asma, banho, bronquite, cabelo, cistite, gota, pé,
reumatismo, rouquidão,
Pirliteiro

a) Crataegus monogyna Jacq. b) Crataegus oxyacantha L. Pifiriteiro, espinheiro-alvar, escambrulheiro,


cambrocira, espinheiro-branco, abronceiro, espinheiro-ordinário, espinha-branca, estrepeiro,

escalheiro

Rosáceas

As duas espécies são belas plantas celebradas por poetas e romancistas sob os mais diversos nomes.
Estes arbustos, apesar da idade avançada que podem atingir - por vezes 500 anos -, dos seus espinhos e
da sua madeira dura como o ferro, continuam a ser o símbolo da delicadeza e da mais viçosa beleza.
Contudo, era da sua madeira dura como o ferro que outrora se cortavam os cepos dos suplícios. As
duas espécies aqui representadas desenvolvem-se nos mesmos

locais e possuem propriedades medicinais idênticas. Alimento para os homens da Pré-História, como o
comprovam os vestígios de

caroços encontrados nas ruínas das cidades lacustres, os frutos vermelhos do pirliteiro são, desde há
muito, utilizados pelas suas aplicações diuré ticas e acistringentes. Recentemente, médicos americanos
puseram em

evidência a sua poderosa acção cardíaca.

Este género botânico possui várias espécies, todas próprias das regiões temperadas, que apresentam
um lenho muito duro e têm crescimento lento.

O Respeitar as doses. Habitat: Europa, todos os solos; em Portugal, o mais frequente é o C.


até 1600 m.

Identificação: de 2 a 4 m de altura. Arbusto, casca jovem cinzento-clara, lisa, mais tarde castanha,
fendida; folhas caducas: a) com 3 a 7 lóbulos muito profundos, não dentados; b) com
3 a 5 lóbulos pouco profundos, ligeiramente serrados; flores brancas ou rosadas (Abril-Junho), em
corimbos, 5 sépalas, 5 pétalas livres: W 1 estilete branco-esverdeado, estames violáceos; b) 2 a 3
estiletes, estames vermelhos; drupa ovóide, farinácea, vermelha: a) 1 caroço;

b) 2 a 3 caroços. Cheiro pouco intenso, b) pouco agradável; sabor doce. Partes utilizadas: flores em
botão, drupas (fins de Setembro), casca dos ramos jovens.
O Componentes: pigmentos flavónicos, aminas, derivados terpénicos, histamina, tanino, vitamina C O
Propriedades: acistringente, antiespasmódico, diurético, febrífugo, hipotensor. U. I., U. E. + kvJ Ver:
acufenos, anginas, angústia, arteriosclerose, banho, celulite, coração, diarréia, espasmo, hipertensão,
litíase, menopausa, nervosismo, obesidade, palpitações. sono.

245
Pollgala-amarga

Polygala amara L.; sin.: Polygala amarella Crantz

Polligaláceas

Apolígala, cujo nome deriva das palavras gregas pol@, muito, e gala, leite, era outrora administrada às
vacas, às cabras e às amas para aumentar a secreção láctea, sendo, no entanto, duvidosa a sua acção
galactagoga. Não está mesmo provado que as polígalas descritas pelos autores antigos correspondam
às plantas actualmente conhecidas por esse nome. A polígala-amarga é muito rara na Europa, onde
cresce cerca de uma dúzia de espécies e diversas variedades da planta. Existem no Mundo mais de 450
espécies, de entre as quais a polígala-da-virgínia, Polygala senega L, originária dos Estados Unidos e
do Canadá, utilizada durante muito tempo pelos índios para tratar a tosse e as mordeduras de
serpentes. A polígala-amarga utiliza-se na Europa devido às suas propriedades expectorantes. Planta
bastante comum, identifica-se pelos belos cachos'compostos de flores de cor azul.

A planta tem ainda uma particularidade fisiológica: as suas sementes só germinam em contacto com a
luz.

Em fitoterapia, utiliza-se toda a planta (Maio-Agosto), sobretudo em decocção, misturada por vezes
com o hipericão, a hera-terrestre, o hissopo e a tussilagem. A medicina homeopática recorre ao
emprego de uma tintura preparada a partir da raiz.

Habitat: Europa, solos húmidos, sobretudo argilosos ou calcários; em Portugal, o nome de polígala
aplica-se à Pol)Igala vulgarix L. Identificação: de O,05 a O,15 m de altura. Vivaz, caule prostrado,
ascendente na floração, rígido, curto, não ramificado; folhas verde-claras, inteiras, moles, sendo as
inferiores em roseta basal abundante, ovais, arredondadas no vértice e afiladas na base, e as caulinares
alternas, lanceoladas, pequenas, glabras, curtamente pecioladas; flores azuis e raramente cor-de-rosa
ou brancas (Maio-Agosto), oblongas, pequenas, em cachos, 5 sépalas desiguais, sendo as 2 internas
grandes, coradas, em forma de pétalas, marcadas com 3 nervuras; 3 pétalas desiguais, 8 estames;
cápsula pequena, comprimida, abrindo-se por 2 valvas que contêm 2 sementes pubescentes; raiz
aprumada e delgada. Sabor acre e amargo. Partes utilizadas: toda a planta e raiz.
O Componentes: saponósidos, óleo essencial, princípio amargo, resina, glúcidos O Propriedades:
diurético, emoliente, estomáquico, expectorante, laxativo, tónico. U. 1. + in Ver: asma, bronquite,
pulmão, tosse.

246
PolipÓdio

Polypodium vulgare L. Poli pódio-do-carv alho, fentelha, filipode, feio-doce

Polipodiáceas

Supõe-se que foi Teofrasto quem primeiro mencionou o uso do polipódio. Mais tarde, Dioscórides e
Galeno, ao descreverem a planta de modo preciso e inequívoco, enumeraram as suas propriedades
medicinais e

referiram as suas aplicações, nenhuma das quais sofreu alterações substanciais passados quase 2000
anos. O polipódio tem acção colagoga, laxativa suave e vermífuga, tornando-o o seu sabor a alcaçuz
facilmente aceite pelas crianças. Este belo feto é uma

das raras espécies européias de um género que está representado no Mundo por várias centenas. As
suas frondes robustas cobrem os rochedos, agarram-se aos troncos gretados dos carvalhos, revestindo
mesmo o cimo das paredes deterioradas no centro das cidades. À semelhança dos outros fetos, o
polipódio não tem flor e, con s equente mente, pólen e sementes: reproduz-se devido aos

esporos contidos nos soros, pequenos reservatórios arredondados visíveis na página inferior das folhas,
onde se acumulam em séries paralelas. De cor amarela, que se torna depois castanha, libertam os
esporos quando maduros.

Habitat: Europa, bosques, troncos, paredes deterioradas; vulgar em quase todo o País, nos muros,
rochas, árvores e sebes; até 2000 m. Identificação: de O,10 a O,50 m de altura. Vivaz, frondes
primeiramente enroladas em báculo e ligeiramente coriáceas, aiongadas e triangulares, com pecíolo
inserido sobre o rizoma, com 1 divisão quase até à nervura central, 20 a 40 segmentos lanceolados,
dentados ou não, página inferior com soros lenticulares em 2 séries de ambos os lados da nervura,
primeiramente amarelos e depois castanhos, sem indúsio, esporângios pedicelados; esporos
amarelados, dispersando-se na Primavera; rizoma espesso, carnudo, prostrado, coberto de escamas
castanho-avermelhadas, esverdeado no corte. Cheiro desagradável: sabor semelhante ao do alcaçuz.
Partes utilizadas: rizoma seco (Março-Abril e Setembro-Outubro).
O Componentes: essência, lípidos, tanino, resina, saponósido, mucilagem, sais minerais O
Propriedades: colagogo, expectorante, laxativo, vermífugo. U. 1. + Ver: bronquite, fígado, obstipação,
parasitose.

247
Primavera

Primula veris L.

Prímula

Primuláceas

Vivamente recomendada por Santa Hildegarda desde o século X11 como remédio para a melancolia, a
primavera é na Europa uma das primeiras flores a abrir. Das suas flores secas prepara-se um chá de
aroma incomparável, destituído de qualquer acção excitante. Esta planta serve ainda para perfumar a
cerveja e melhorar o bouquet dos vinhos. Envolvidas em açúcar, as flores constituem ainda deliciosos
rebuçados. Uma espécie próxima, a pri mavera-dos-j ardi ri s, Primula elatior Jacq., que se encontra
aproximadamente nos mesmos locais e não ultrapassa em estatura a primavera, pode substituí-Ia.
Distingue-se da primavera pelas corolas grandes e

de limbo plano, pelo cálice bicolor, verde-claro nos sulcos e escuro nas arestas, pelas

folhas verdes em ambas as páginas e por ser completamente inodora. A partir destas duas espécies e de
outras, os floricultores conseguiram obter, após demoradas selecções, variedades muito decorativas, de
flores grandes e de diversas cores, mas que não têm propriedades medicinais e possuem, como as
urtigas, um revestimento de pêlos glandulosos cujo contacto provoca, na maioria das pessoas, uma
erupção do tipo urticário.

Habitat: Europa, rara no litoral mediterrânico; Minho e Trás-os-Montes; até 2000 m Identificação: de
O,08 a O,30 m de altura. Vivaz, escapo floral; folhas em roseta, ovais, verdes, acinzentadas na página
inferior, rugosas e pecioladas; flores de um amarelo intenso (Abril-Maio), agrupadas em umbelas
simples sobre um pedúnculo radical nu, cálice intumescido, com 5 aristas e 5 lóbulos, corola pequena,
côncava, 5 pétalas amarelas maculadas de cor de laranja, estilete comprido com 5 estames curtos, ou
estilete curto com 5 estames compridos; ovário livre; cápsula erecta, ovóide, inclusa no cálice, que se
abre por 5 valvas e numerosas sementes; rizoma espesso. Cheiro suave, raiz com cheiro a anis; sabor
agradável. Partes utilizadas: flores com o cálice (Abril-Maio), folhas, raiz, rizoma (Inverno).
O Componentes: pigmentos flavónicos, heterósidos, enzimas, vitamina C, saponósidos, sais minerais
O Propriedades: antiespasmódico, calmante, diurético, expectorante, febrífugo. U. L, U. E. + O Ver:
bronquite, cefaleia, cólica, constipação, contusão, indigestão, reumatismo, tosse, tosse convulsa.

248
Pulmonária

Pulmonaria officinalis L. Erva-dos-bofes, salsa-dejerusalém,

erva-leiteira-de-nossa-senhora

Borragináceas

Da família do ri ão-me- esqueças, da cinoglossa e da borragem, a pulmonária tem uma cobertura de


pêlos ásperos e prefere a sombra ou os locais frescos. As suas flores, vermelhas, campanuladas, com
cambiantes azul-violáceos, são semelhantes às da primavera. Aproximadamente no mês de Julho, o
caule floral seca e desaparece, sendo substituído por uma roseta de folhas basais matizadas de branco,
às quais deve o nome de pulmonária, pois, segundo os partidários da medicina dos sinais, representam
a imagem de pulmões doentes. A pulmonária usufruía outrora de uma reputação exagerada e
decepcionante, pois supunha-se que curava a tuberculose, para a qual só se encontrou remédio na
2.a metade do século XX. Segundo se crê em alguns meios rurais, um tampão de folhas frescas
esmagadas, colocado sobre a região do coração, é suficiente para abrandar o seu ritmo.

Do mesmo modo que a salgueirinha, a pulmonária foi dotada pela Natureza de uma particularidade
extraordinária que consiste em oferecer aos insectos que a visitam três espécies de flores providas de
estames desiguais e de estiletes com três comprimentos diferentes, ou sejam 18 possibilidades de
disseminação do pólen.

Habitat: Europa, bosques pouco densos, solos calcários; até 1000 m. Identificação: de O,15 a O,30 m
de altura. Vivaz, caule simples e viloso; folhas manchadas de branco, mais claras na página inferior,
sendo as radicais pecioladas, peludas, ásperas, ovadas ou cordiformes e as caulinares sésseis, ovais,
ligeiramente decorrentes e vilosas; flores primeiramente vermelhas, tornando-se depois azuis (Março-
Maio), reunidas em cimeiras terminais unilaterais, cálice com 5 lóbulos, coroIa tulbular com 5 pétalas,
5 escamas, 5 estames, ovário com 1 estilete e 4 carpelos; tetraquénio

ováide e pontiagudo; rizoma delgado. Sabor mucilaginoso. Partes utilizadas: sumidades floridas
(Março-Abril), folhas da roseta (fim do Verão); secagem à sombra e ao ar; as folhas enegrecem.
O Componentes@ mucilagem, tanino, sais minerais, saponósido O Propriedades: acistringente,
diurético, emoliente, expectorante, sudorífico. U. L, U. E. Ver: bronquite, dartro, frieira, greta,
hemorróidas, palpitações.
Pulsátila

Pulswilla vulgaris Mifi. Anémona-pulsátila, anémona-dos-jardins,

flor-do-vento, flor-de-páscoa

Ranunculáceas

Se bem que exista de modo disperso na Europa, a pulsátila não é muito vul@gar, e sucede
frequentemente procurar-se em vão

as suas campainhas de cor violeta que se agitam ao menor sopro de vento. Qu2:ndo as

flores murcham, esta planta vivaz, sedosa e

frágil, cobre-se de enormes penachos formados pelos frutos plumosos que o vento destrói a pouco e
pouco. O seu sabor é ião acre que mesmo os animais a evitam nos prados.

Outrora, era utilizada para tratar várias doenças, como a paralisia, a cegueira ou os

estados de melancolia. Actualmente, os fitoterapeutas receitam-na, por vezes, para os espasmos


viscerais, e os homeopatas utilizam a sua essencia para tratar as varizes. As folhas, em cataplasma,
actuam sobre as nevralgias e as dores articulares. As flores, secas num forno e pulverizadas, produzem
um pó esternutatório, muito conhecido nos

nicios rurais, para aliviar as enxaquecas. Quando verde, a planta é tóxica.

O A planta verde é muito perigosa em uso interno. Habilat: Europa, excepto na região mediterrânica,
pastagens, planícies secas, colinas; cultivada em Portugal; até 800 m. Identificação: de O,10 a O,30 m
de altura. Vivaz, acaule; folhas em roseta, prateadas, vilosas, pecioladas, profundamente divididas 2 a
3 vezes; flores violeta e cor de púrpura (Março-Maio, por vezes segunda floração no Outono),
grandes, erectas e depois pendentes, sobre um peclúnculo radical, provido de um invólucro lacinioso,
6 sépalas petalóides, estames dourados; numerosos aquénios com cabeça esférica, oblongos, vilosos;
toiça oblíqua, enegrecida, espessa, ramificada. Inodora; sabor ácido. Partes utilizadas: toda a planta
(Maio-Julho).
O Componentes: anemonina, enzimas, tanino, saponina, esteróis, corpo gordo O Propriedades:
antiespasmódico, diaforético, diurético, expectorante, revulsivo, sedativo. U. I., U. E. + V Ver: dartro,
enxaqueca, espasmo, febre, menstruação, sarda, tosse.

250
Quaresmas

Sa-tifraga granulata L, Sanícula-dos-montes, saxífraga-branca

Saxifragáceas

O género Saxiftaga engloba diversas plantas ornamentais que se distribuem por numerosas espécies
polimorfas. A mais utilizada em fitoterapia, que está representada nesta página, é característica: a base
do caule está provida de boibilhos, os quais inspiraram provavelmente o seu nome específico e a sua
utilização. Na verdade, a medicina dos sinais atribuía-lhe a faculdade de dissolver os cálculos da
vesícula. É uma planta das valas lodosas, totalmente revestida de pêlos viscosos.

Existem outras espécies que são também utilizadas como plantas medicinais. Assim, a Sa.vifraga
trida(-tyylites L., pequena planta anual com flores brancas, atapeta os muros deteriorados e os solos
arenosos; muito famosa outrora como tratamento da icterícia, era administrada numa infusão em
cerveja. Outra espécie muito interessante, a saxífraga-da-sibéria, Bergenia cordifolía Haw., encontra-
se em estado espontâneo nos Alpes e é frequentemente cultivada nos jardins como planta ornamental.
É uma pequena planta vivaz com flores cor-de-rosa, cujas grandes folhas são consideradas
antidiarreicas quando preparadas em infusão. Podem substituír a hera em tratamentos anti-sépticos.

Habitat: Europa, excepto a zona árctica, prados húmidos; em todo o território português,
especialmente na zona norte, em muros, rochedos, locais húmidos e sombrios; até 800 m.
Identificação: de O,20 a O,50 m de altura. Bienal, caule floral simples, erecto, glanduloso-viscoso,
boIbilhos na base; folhas basilares, pecioladas, grandes, palmadas, reniformes, com bordos crenados,
sendo as caulinares superiores raras, subsésseis, trilobadas, e as inferiores com lóbulos pontiagudos;
flores brancas (Abril-Maio), grandes, em corimbos terminais, 5 sépalas ovais, 5 pétalas muito

compridas, 10 estames e 2 carpelos; cápsula bicorne e numerosas sementes. Cheiro agradável (flor);
sabor amargo e acre. Partes utilizadas: raiz, flores e folhas frescas.
O Componentes: vitamina C O Propriedades: acistringente, aperitivo, colagogo, diurético. U. 1. Ver:
diurese, fígado.
QuenopÓdio-bom-henrique

Chenopodium bonus-henricus L.

Quenopodiáceas

Lineu designou esta planta em homenagem a Henrique IV de Navarra, protector dos botânicos. Aliás,
dava-se outrora o nome de Henrique às plantas que escolhiam o seu

habitai próximo da habitação humana. O quenopódio-bom-henrique encontra-se, pois, geralmente


próximo de casas, muros, lixeiras e principalmente, nas montanhas alpinas, nas imediações das
cabanas de pastores: é

raro a altitudes baixas. Excelente sucedâneo dos espinafres e igualmente rico em ferro, o quenopódio
trata as anemias; é ainda um óptimo remédio emoliente e laxativo, sendo, no entanto, desaconselhável
aos doentes de gota e dos rins. Em uso externo, aplicam-se as folhas frescas em cataplasmas nos
abcessos, a fim de conseguir a sua maturação e acalmar as dores. O Chenopodium album L., com
compridas folhas dentadas e inflorescências que parecem polvilhadas de açúcar refinado, frequente em
Portugal, tem propriedades medicinais muito semelhantes às do Chenopodium bonus-henricus L. e

pode perfeitamente substituí-lo.

Habitat: Europa, excepto nas baixas planícies, locais habitados. Identificação: de O,20 a O,60 m de
altura. Vivaz, caule verde, glabro, canelado de castanho e avermelhado, folhoso; folhas verdes,
grandes, carnudas, inteiras, pecioladas, triangulares, pontiagudas, lanceoladas na base, margens
onduladas, folhas jovens farinhosas na página inferior, ligeiramente viscosas; flores esverdeadas
(Maio-Agosto), pequenas, numerosas, em cachos terminais especiformes, cónicos; fruto contendo uma
semente brilhante. Inodoro e insípido.

Partes utilizadas: toda a planta (Maio-Agosto).


O Componentes: saponósido, sais minerais (ferro), vitamina C O Propriedades: depurativo, emoliente,
laxativo. U. L, U. E. + Ver: abcesso, anemia, obstipação.

252
Rapúncio

Campanula rapunculus L. Rapôncio, campainha-rabanete

Bras.: campainha

Campanuláceas

Facilmente reconhecível pelas suas flores campanuliformes azuis ou lilases, erectas OU pendentes, o
rapúncio, robusto e decorativo, possui mais qualidades estéticas que virtudes medicinais.

A forma da corola inspirou o nome de género, Campanula, procedente do latim e

que significa pequeno sino. Em algumas regiões da Europa, é cultivado para consumo dos seus
suculentos rebentos e, especialmente, da raiz, da qual se faz uma salada muito saborosa. O uso
culinário das raízes conferiu-lhe o nome científico de espécie, rapunculus, que deriva da palavra latina
rap@1, rábano.

E uma forragem sazonal muito apreciada pelo gado. Outrora, o rapúncio e outras espécies, como a
Campanula trachelium L. e a Campanula cervicaria L., foram utilizados em gargarejos para tratar as
anginas. A razão por que o rapúncio está actualmente em

desuso deve-se sem dúvida ao pouco mérito das suas propriedades ou porque as mesmas se encontram
muito mais activas noutras plantas, como a agrimónia e a aspérula-odorífera.

O Destinado a uso externo. Habitat: Europa; frequente em quase todo o

País nos bosques, caminhos e locais húmidos; até 1000 m. Identificação: de O,40 a 1,80 m de altura.
Bienal, caule viloso, alongado e anguloso; folhas estreitas e alongadas, sésseis, levemente onduladas,
pecioladas; flores azuis ou violaceas (Maio-Agosto), pedunculadas, em cacho frouxo alongado, muito
ramoso, com poucas folhas, de menos de 2 cm de comprimento, cálices com divisões assoveladas,
corola mais comprida que larga, com lóbulos pouco separados, 5 estames livres com estiletes dilatados
na base, 3 estigmas; cápsula erecta; raiz carnuda fusiforme. Partes utilizadas: raiz, folhas frescas
(Maio-Agosto).
O Componentes: inulina, vitamina C O Propriedades: acIstringente, anti-séptico, refrescante,
vulnerário. LI. I., LI. E. O'J Ver: anginas ,sede, verruga.
Rinchão

Sisymbrium officinale (L.) Scop.

Erva-dos-cantores, erísimo

Bras.: agrião

Crucíferas

Citado e utilizado desde a Antiguidade, só a partir do século XVI o rinchão foi definitivamente
identificado. Efectivamente, as

provas irrefutáveis dos seus sucessos datam do Renascimento, descritas por Jacques Dalechamps,
testemunha laudatória do seu confrade de Montpellier, Guillaume Rondelet, que, graças ao rinchão,
restituíra a sua bela voz de anjo a um menino de coro. No século XVII, o próprio Racíne aconselhou
este remédio a Boileau, que se lamentara de estar afónico. A partir de então, o rinchão tornou-se a
planta dos oradores, actores e cantores. A sua acção sobre a voz deve-se à presença de compostos
sulfurados; o enxofre é um medicamento frequentemente utilizado pela medicina clássica, sendo
receitados tratamentos nas estações termais dotadas de águas sulfurosas para afecções das vias
respiratórias superiores. O rinchão deve ser, tanto quanto possível, utilizado fresco, se bem que,
quando seco, não perca os seus princípios activos. O seu sabor não é nada agradável, pelo que, se for
necessário ingerí-lo, é preferível adicionar-lhe alcaçuz ou mel muito aromático.

Habitat: Europa, caminhos, entulhos; em quase todo o território português, em terrenos incultos,
restolhos, entulhos, sebes e muws; até
1700 m. Identificação: de O,30 a O,60 m de aftura. Anual, caule rígido, erecto, viloso, ramos qua~ se
perpendiculares ao caule (patentes); folhas da base pecioladas, muito recortadas, com lóbulos serrados,
sendo o terminal maior; flores amareio-claras (Maio- Setembro), pequenas, reunidas em cachos, 4
sépalas, 4 pétalas e 6 estames; síliqua curta, erecta, com 2 valvas convexas trinérveas, contendo cada
uma delas

1 série de sementes; raiz rija e branca. Inodoro. Sabor picante e acre. Partes utilizadas: sumidades
floridas, folhas frescas, suco fresco (Julho-Agosto); secagem cuidadosa, conservação ao abrigo do ar,
da luz e da humidade.
O Componentes: derivados sulfurados, cardenólidos nas sementes O Propriedades: antiescorbútico,
béquico, diurético, estomáquico, expectorante, tónico. U. I., U. E. + Ver: acne, bronquite, cura de
Primavera, laringite, rouquidão, tosse, traqueíte, voz.

254
Rorela

Drosera rotundifolia L.

Orvalhinha, dróscru, orvalho-do-sol Bras.: drosera, erva-do-orvalho, rossolis

Droseráceas

As pequenas rorelas agrupadas sobre os

musgos nos pântanos e nas turfeiras desdobram ao nível do solo as suas rosetas de folhas redondas, das
quais se destacam os frágeis caules florais. As folhas estão cobertas de cílios vermelhos, sensíveis e
móveis, terminados por pequenas glândulas repletas de um suco brilhante, aos quais a planta deve o
encantador nome de orvalho-do-sol; foi outrora muito utilizada pelos alquimistas e mais tarde, nos
meios rurais, pelos bruxos e adivinhos. Contudo, é no seu meio natural que a rorela se revela
verdadeiramente temível; efectivamente, esta planta carnívora pode capturar, segundo se crê, 2000
insectos num só Verão, pois as folhas viscosas e os cílios são uma armadilha mortal. A planta atrai,
prende e seguidamente digere os insectos por meio de uma enzima análoga à pepsina do suco gástrico
humano.

Na prática da medicina geral, todos os

médicos têm conhecimento da acção calmante da sua tintura nos acessos de tosse convulsa. Uma
infusão das folhas frescas produz um efeito análogo. Nos meios rurais, o

seu suco é utilizado para tratar as verrugas.

Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica; em Portugal, locais húmidos e pantanosos das
montanhas elevadas de Trás-os-Montes, Minho e Beiras; até 2000 m, Identificação: de O,10 a O,20 m
de altura, Vivaz, caule floral verde ou avermelhado, frágil, glabro, erecto; folhas longamente
pecioladas, em roseta basilar aberta sobre o musgo, redondas, cobertas de cílios tentaculares com
glândulas arruivadas e viscosas mais compridas nas margens; flores brancas (Julho-Agosto), pequenas
(de O,5 a O,8 cm), em cimeiras faucifloras, 5 sépalas, 5 pétalas, 5 estames e 3

estiletes; cápsula alongada, abrindo-se por 3 a


5 valvas, com numerosas sementes aladas; parte subterrânea frágil, com ordens anuais sobrepostas de
delgadas raizes adventícias. Inodora; sabor acistringente e amargo. Partes utilizadas: parte aérea da
planta (Junho-Setembro), fresca ou seca, suco fresco.
O Componentes: tanino, naftoquinona, pigmentos flavónicos O Propriedades: antiespasmódico, anti-
séptico, béquico, febrífugo. U. I., LI. E. + O Ver: calo, pulmão, rouquidão, tosse, tosse convulsa,
verruga.

255
Saboeira

Suponaria officinalis L. Erva-saboeira, saponária, saboneira

Cariofiláceas

A saboeira saltou as vedações dos jardins mediterrânicos onde outrora era cultivada e, vagabundeando
pelas margens arenosas ou pedregosas dos rios, à beira das valas e dos cursos de água e pelas bermas
dos caminhos, invadiu a Europa temperada. É uma

planta rústica, com belas flores de um cor-de-rosa muito claro que, à sombra, se torna ainda mais
pálido. O ciclo vegetativo da saboeira conclui-se em Outubro, quando, destruídos os cálices, murchas
as pétalas, se deixa desfolhar pelo vento e seca inteiramente. É nesta época que o rizoma desta planta,
tão útil às lavadeiras e que já era utilizado muito antes de se conhecer o sabão para lavar as lãs, deve
ser colhido. O rizoma, que já era outrora conhecido, pois Hipócrates menciona-o quatro séculos antes
de Cristo, é um remédio utilizado pela medicina após a secagem. A planta é depurativa, tónica,
reanima as funções dos fígados lentos e confere beleza à tez, podendo associar-se, em infusão, às
folhas do agrião e às sumidades floridas da centáurea-menor. Uma água saponácea, obtida por
decocção da planta, constitui um óptimo champô indicado para cabelos frágeis.

O Não macerar em água; preparar e utilizar. Habitat: Europa; Norte e Centro de Portugal, margens dos
campos e dos rios; até 1600 m. Identificação: de O,30 a O,60 m de altura. Vivaz, numerosos caules,
erectos, cilíndricos, dilatados nos nós, robustos e avermelhados; folhas glabras, sésseis, verde-claras,
grandes, ovais ou lanceoladas, com 3 a 5 nervuras; flores cor- d e- rosa- claras (Junho-Setembro),
grandes, pedunculadas, em cimeiras corimbiformes, cálice tulbuloso, 5 dentes, 5 pétalas inteiras ou
chanfradas, 10 estames, 2 estiletes; cápsula oblonga, abrindo-se por 4

valvas, numerosas sementes reniformes castanhas; rizoma prolífico castanho-avermelhado, amarelo no


corte. Cheiro agradável (flores); sabor amargo e desagradável. Partes utilizadas: caule folhoso (antes
da floração), descora ao secar; rizoma (Outono), raiz.
O Componentes: saponósido, resina, vitamina C O Propriedades: colerético, depurativo, diurético,
sudorífico, tónico. U. L, U. E. + V Ver: acne, anginas, artrite, cabelo, cura de Primavera, dartro,
eczema, fígado, herpes, icterícia, psoríase, reumatismo.
Sabugueiro

Sambucus nigra L. S abugueiro- negro Bras.: sabugueirinho

Caprifoliáceas

A história do sabugueiro é, sem dúvida, tão longa como a do homem, pois foram encontrados alguns
vestígios desta árvore em estações arqueológicas da Idade da Pedra na Suíça e no Norte de Itália.
Sabe-se também que os Gregos na Antiguidade a utilizavam vulgarmente, bem como os habitantes da
antiga Roma. O sabugueiro encontra-se frequentemente na Europa pró ximo das povoações, porque
outrora era ali plantado para atrair os espíritos do bem. A partir do século XVI, popularizou-se como
planta decorativa. Nos meios rurais, as crianças fazem apitos com a madeira quebradiça e leve do
sabugueiro. Com os seus frutos preparam-se doces com uma bela cor vermelho-violácea. As suas
propriedades medicinais são inúmeras: as flores, as bagas, as folhas e a segunda casca fazem parte de
grande número de preparações. As flores são também utilizadas para a conservação das maçãs,
devendo ser colocadas em camadas alternadas em caixas de cartão, que seguidamente se fecham.

Habitat: Europa Central, matas, sebes; em Portugal, é cultivado, surgindo também espontâneo.
Identificação: de 2 a 5 m, por vezes 10 m, de altura. Arbusto ou árvore; caule com casca cinzento-
acastanhada, verrugosa, ramos fracos e quebradiços, com medula branca; folhas pecioladas, com 5 a 7
folíolos compridos e serrados; flores brancas (Junho), pequenas, em cimeiras corimbiformes planas,
com 5 raios principais, 5 sépalas, 5 pétalas, 5 estames com anteras amarelas, 3 carpelos, 3 estigmas
sésseis; baga preto-violácea, com 3 sementes. Cheiro intenso; sabor acíclulo.

Partes utilizadas: flores, folhas, frutos maduros, segunda casca seca; secar ao ar.
O Componentes: nitrato de potássio, óleo essencial, alcalóide, heterósido, tanino, mucilagem, vitamina
C, pigmentos flavónicos e antociânicos O Propriedades: depurativo, diurético, emoliente, laxativo,
sudorífico. U. L, U. E. + V O Ver: abcesso, arteriosclerose, bronquite, cistite, coração, cura de
Primavera, epistaxe, fígado, frieira, gota, hemorróidas, obstipação, olhos, pele, picadas, pontos negros,
queimadura, rim, reumatismo, sudação, tabagismo, terçolho.

257
Saião-curto

Sempervivum tectorum L. Sempre-viva-dos-telhados

Bras.: saiao

Crassuláceas

O saião-curto é mais frequente nas planícies, embora surja por vezes nas montanhas, alapardado nas
cavidades dos penhascos, de onde os seus rebentos extravasam para colonizar tudo o que os cerca.
Tem u Iria preferência especial pelos muros velhos e sobretudo pelos telhados, aos quais se agarra,
consolidando-os e protegendo-os do escoamento rápido das chuvas, como indica claramente o nome
da espécie. A designação barbas-de-júpiter, que os Franceses lhe atribuem, deriva possivelmente da
expressão latina Jovis barba, barba de Júpiter, deus dos céus, senhor dos relâmpagos; assim, cria-se
outrora que a sua presença nos telhados protegia as casas dos raios.

É uma planta vivaz, resistente, semelhante a uma alcachofra, muito conhecida, mas cujas importantes
qualidades medicinais são, na maior parte dos casos, ignoradas. Não é necessário colhê-la numa data
fixa, aplicar processos especiais ou tomar precauções na secagem: basta estender a mão e colher uma
folha fresca. Não é possível imaginar uma terapêutica mais simples. O saião-curto é um calicida,
tratando também dartros e queimaduras. Esta simplicidade de utilização harmoniza-se com a vida da
planta, pois alimenta-se apenas de grande quantidade de sol, alguns gramas de terra ou de pó e de
pequenas gotas de água. Melhor ainda, quanto mais árida for a terra, mais numerosas e belas são as
suas flores.

Habitat: Europa Central e Meridional, telhados, muros velhos, penhascos; em Portugal, é espontâneo e
subespontâneo e, por vezes, cultivado nos jardins; até 2800 m. Identificação: de O,20 a O,50 m de
altura. Vivaz, caule floral erecto, carnudo, com muitas folhas; folhas da base em roseta, sésseis,
densas, imbricadas, obiongas, com pontas aguçadas, por vezes vermelhas, faces glabras e bordos
ciliados; flores cor-de-rosa estriadas de cor de púrpura (Junho-Agosto), subsésseis ou ligeiramente
pecioladas em corimbo terminal, 8 a 20 sépalas, 8 a 20 pétalas abertas, 2 vezes

mais compridas que as sépalas, 16 a 40 estames, 8 a 20 carpelos divergentes; folículo que se abre por
uma fenda, contendo numerosas sementes dispostas em 2 fileiras: a toiça emite rebentos. Cheiro
suave; sabor acidulado. Partes utilizadas: folhas frescas, suco fresco.
9 Componentes: tanino, mucilagem, ácidos málico e fórmico O Propriedades: acistringente,
antiespasmódico, emoliente, vulnerário. U. L, U. E. + Ver: calo, dartro, diarréia, ferida, greta,
hemorróidas, olhos, picadas, queimadura.

258
Salgueirinha

Lvthrum salicaria L. Erva-carapau, salicária

Bras.: erva-da-vida

Litráceas

Outrora, os Alemães chamaram à salgueirinha o altivo-henrique, enquanto o útil quenopódio era


conhecido pelo bom-henrique. Nos meios rurais, acreditava-se então que a salgueirinha era o refúgio
secreto dos duendes que guardavam as minas de ouro. Actualmente, à semelhança de tantas outras
plantas úteis, a salgueirinha é considerada pelos agricultores como uma erva daninha que deve ser
destruída.

Cresce entre os salgueiros, e da semelhança das folhas de ambas as plantas lhe adveio o nome. Foi
durante muito tempo confundida com a lisimáquia-vulgar. O primeiro autor que a identificou com
exactidão foi Mattioli, no século xvi. Desde essa época, a salgueirinha manteve, sem qualquer
declínio, o seu lugar entre as plantas medicinais. Muito eficaz quer fresca, quer seca, esta planta,
dotada de propriedades adstringentes e hemostáticas, é também considerada um óptimo remédio para
as cólicas dos recém-nascidos. Geralmente, entra em preparações com a papoila e a alteia. Algumas
pessoas apreciam os seus jovens rebentos ou

a medula do caule cozidos à maneira de hortaliças e preparam um chá com as folhas. As flores são
utilizadas como corante para os rebuçados vermelhos.

Habitat: Europa, beira de água, fossos, pântanos; em Portugal, margens dos rios, vales e locais
húmidos; até 1400 m. Identificação: de O,50 a 1,50 m de altura. Vivaz, caule erecto, robusto,
quadrangular, pubescente, ramificado na parte superior; folhas com pêlos, oval- lan ceoladas ou
cordiformes, opostas ou verticiladas em grupos de 3, sendo as superiores alternas; flores cor-de-rosa-
violáceas (Ju n ho- Setembro), grandes, hermafroditas, verticiladas, em grupos de 3 a 10 numa
comprida espiga terminal, cálice pubescente com 8 a 12 dentes desiguais, corola com 6

pétalas alongadas, 6 estames curtos e 6 salientes; cápsula obionga contendo numerosas sementes; toiÇa
espessa. Inodora; sabor mucilaginoso, levemente acistringente e herbáceo. Partes utilizadas: sumidades
floridas, caules jovens com folhas e suco fresco.
O Componentes: tanino, açúcares, heterósidos (salicarina), colina, provitamina A, ferro, oxalato de
cálcio O Propriedades: acistringente, hemostático, tónico. U. I., U. E. + o Ver: diarréia, eczema,
epistaxe, leucorreia, úlcera cutânea.
Salgueiro-branco

Salix alba L.

Sinceiro, vimeiro-branco

Salicáceas

Planta característica do hemisfério norte, o

género Salix é constituído por cerca de 200 espécies difíceis de determinar, das quais algumas, de
menor porte, resistem ao frio e aos climas de altitude. De entre os salgueiros da Europa, o maior e o
mais comum no estado espontâneo é o salgueiro-branco; porém, o mais conhecido é uma espécie
cultivada, o salgueiro-da-babilónia, Salix babvlonica L., ou chorão, com longa ramagem pendente. Os
amigos do poeta romântico Alfred de Musset plantaram um salgueiro-branco, após a sua morte, junto
do seu túmulo, no Cemitério do Père-Lachaise, em Paris, cumprindo um pedido que o poeta lhes fizera
numa estrofe melancólica.

Os médicos da Antiguidade recorriam com frequência ao salgueiro, sem contudo precisar quais as
espécies utilizadas; com efeito, todos os salgueiros de folhas estreitas têm na prática propriedades
medicinais idênticas. Mattioli assinalava, no século XVI, a eficácia das folhas de salgueiro contra as
insônias; no século XVII, a sua casca era utilizada como febrífugo. Sabe-se actualmente que este
efeito se deve à sua riqueza em ácido salicílico; um seu derivado é um dos medicamentos mais
utilizados no Mundo e universalmente conhecido pelo nome de aspirina.

Habitat: Europa, bosques húmidos, ribanceiras; em Portugal, sobretudo em zonas do Centro e do Sul,
margens dos rios, vales; até 1800 m. Identificação: de 6 a 25 m de altura. Árvore; casca gretada
quando velha, ramos erectos, flexíveis, ramos jovens guarnecidos de pêlos finos; folhas com pecíolo
curto, lanceoladas, acuminadas, acetinadas, prateadas pelo menos na página inferior, bordos inteiros
ou serrados; flores amarelas ou esverdeadas (Abril-Maio), dióicas, com amentilhos erectos, sedosos,
flor masculina reduzida a 2 estames e uma glândula nectarífera, flor feminina reduzida a um pistito,
protegidas por uma escama celheada caduca; cápsula glabra, quase séssil, bivalve, e numerosas
sementes tomentosas. Inodoro; sabor amargo. Partes utilizadas: casca, folhas, amentilhos.
O Componentes: salicósido, tanino, sais minerais O Propriedades: acistringente, anestésico,
antiespasmódico, anti-reumatismal, febrífugo, hemostático, sedativo, tónico. LI. L, U. E. + Oli Ver:
banho, dor, eritema, febre, gripe, nervosismo, pé, pele, psoríase, reumatismo, sono, úlcera cutânea.

260
Salsaparrilha-bastarda

Smilax aspera L. Legação, alegra-campo, recama, salsaparrilha-indígena, alegação

Bras.: japecanga

Liliáceas

Existem cerca de 200 espécies do género Smilax difundidas pelas regiões quentes e

húmidas do Globo. Algumas delas são medicinais e fazem parte das plantas exóticas importadas. Na
Europa, encontra-se esta espécie, cujo nome científico a qualifica como rude e áspera. A planta prefere
o calor e geralmente prende-se às árvores e aos arbustos na região mediterrânica. Para mais facilmente
a identificar, é necessário examinar o seu caule anguloso e pungente, as folhas triangulares orladas de
acúleos, as flores simples que subsistem até ao mês de Outubro e as bagas vermelhas com as
dimensões de uma ervilha, muito semelhantes às da groselheira.

Como os seus parentes exóticos, a salsaparrilha-bastarda possui propriedades depurativas, diuréticas e


sudoríficas, porém em menor grau. No século XVI, Mattioli atribuiu-lhe uma acção anti-sifilítica que
nunca

foi confirmada. A raiz, branco-acinzentada, seca e moída é indicada para os asmáticos, que se sentirão
confortados se a fumarem.

Q Não confundir a raiz com as das norças, branca e preta. Habitat: Europa Meridional; espontânea no
Centro e Sul de Portugal, muros e bermas; até 300 m. Identificação: de 1 a 2 m de altura. Subaribusto;
caule sarmentoso, sinuoso, anguloso e provido de acúieos; folhas persistentes, pecioladas, brilhantes,
cordiformes, maculadas de branco ou preto, aculeadas, com 5 a 7 nervuras e 2 gavinhas na base do
pecíolo; flores branco-esverdeadas (Agosto- Outubro), em umbelas paniculadas na axila das folhas e
na extremidade dos ramos, 6 peças petalóides, patentes, flores

masculinas: 6 estames, flores femininas: ovário com 3 estigmas; baga vermelha com 1 a 3 sementes
redondas e castanhas; rizoma ]enhoso, geralmente muito comprido, com raízes adventícias, raizes
branco-acinzentadas ou castanhas. Cheiro agradável. Partes utilizadas: raiz.
O Componentes: glúcidos, colina, saponósidos, tanino, sais minerais (potássio, cálcio) O Propriedades:
depurativo, diurético, sudorífico. U. 1. + Ver: artrite, asma, gota, gripe, herpes, nefrite, pele, urina.
Salva

Salvia officinalis L.

Erva-santa, salva-mansa, salva-menor, salva-das-farmácias, salva-da-catalunha, grande-salva,

chá-da-europa, chá-da-grécia, chá-da-frança

Labiadas

Segundo Saint-Simon, Luís XIV bebia todas as manhãs, ao levantar, duas chávenas de salva e
verónica. A salva goza de enorme prestígio desde tempos imemoriais; a Escola de Salerno, que a
denominou Salvia salvatrix, herdou-a de Santa Hildegarda, atribuindo-lhe este axioma exemplar: *Se
existisse algum remédio contra o poder da morte, o homem não morreria no jardim onde cresce a
salva.+ Todas as espécies de salva são extremamente aromáticas, e a officinalis é importante mesmo do
ponto de vista culinário. O nome Salvia deriva do latim salus, saúde, alusão às propriedades curativas
da planta. Tem variadíssimas aplicaçõ es domésticas: para aromatizar os alimentos, sanear os armários
e proteger as roupas, preservar a beleza e tratar as indisposições. Crê-se que cura os ataques de
melancolia e acalma as crises de asma. O cheiro e sabor aromáticos tornam-na muito agradável, mas

não convém abusar. Com efeito, a essência de salva contém a mesma substância tóxica que a losna,
não sendo o seu uso aconselhado aos temperamentos sanguíneos e hipertensos.

O Mulheres que amamentam; evitar o contacto com o ferro. Habitat: Europa Meridional; até 800 m.
Identificação: de O,30 a O,70 m de altura. Subarbusto; caule ramoso e tomenlo@o-pubescente; folhas
grandes, oblongas, pecioladas, verde-esbranquiçadas, persistentes, espessas, crenadas; flores azul-
violáceas (Maio-Julho), em grupos de 3 a 6 por verticilo, em espigas terminais com brácteas violáceas
caducas, cálice bilabiado, corola comprida com 2 lábios, sendo o inferior trilobado, com o lobo médio
maior. Partes utilizadas: folhas mondadas (antes da

floração), sumidades floridas.


O Componentes: ácido rosmarínico, flavonóides, saponósido O Propriedades: antiespasmódico, anti-
séptico, anti-sudorífico, carminativo, colerético, emenagogo, estimulante, estomáquico,
hipoglicemiante, vulnerário, U. L, U. E. + V O Ver: asma, astenia, banho, cabelo, convalescença,
depressão, desinfecção, diabetes, enfisema, entorse, esterilidade, frigidez, gengivas, impotência,
lactação, leucorreia, menopausa, menstruação, nervosismo, parto, pé, picadas, sudação, tabagismo, tez.

262
Salva-esclareia

Salvia selarea L.

Labiadas

A salva-esclareia é uma magnífica planta vivaz, alta e vigorosa, com grandes folhas ovadas, cujas
flores com corola de lábios cor-de-rosa-pálido são dotadas de brácteas cordiformes. Toda a planta é
viscosa e odorífera, exalando um perfume a almíscar. Encontra-se nas colinas áridas, na base dos
muros e ao longo dos caminhos, sendo cultivada desde a Antiguidade, época em que a sua fama era
idêntica à da Salvia officinalis L. Em 795, com o nome de Sclareiam, fazia parte das plantas cuja
cultura era aconselhada no Capitular de Villis. Actualmente, é cultivada à escala industrial para
extracção da sua essência. Em fitoterapia, a salva-esclareia é essencialmente emenagoga e estimulante
e um óptimo remédio para o cansaço. Pode substituir a salva em todas as suas utilizações, porém em
doses um pouco mais elevadas. Crê-se que a sua essência é menos tóxica, não apresentando a sua
utilização qualquer perigo. A semente da salva--esclareia, tal como a do aljôfar, é rica em mucilagem,
podendo ser utilizada para extrair corpos estranhos dos olhos: colocada sob a

pálpebra, incha, atrai o pó e provoca lágrimas, arrastando assim o corpo estranho.

Habitat: Europa Meridional, colinas áridas; em Trás-os-Monies, em lugares secos; até 1000 m.
Identificação: de O,30 a 1,20 m de altura. Vivaz, caule robusto, quadrangular, viloso, ramoso; folhas
pecioladas, grandes, ovadas, cordiformes, rugosas, vilosas, acinzentadas, crenuladas, rede saliente de
nervuras; flores brancas maculadas de cor-de-rosa ou azul (Maio-Setembro), em espigas de
verticilastros, formando uma panícula densa e viscosa, com grandes brácteas cor-de-rosa-violáceas,
cordiformes, celheadas, cálice espinhoso, bilabiado, corola comprida, glandulosa, bilabiada, lábio
superior

fauciforme, sendo o inferior trilobado, 2 estames; tetraquénio castanho, brilhante, sementes brilhantes;
toiça vivaz e raiz aprumada. Cheiro a aimíscar; sabor ardente e acre. Partes utilizadas: folhas (antes da
floração), sumidades floridas e sementes.
O Componentes: óleo essencial, tanino, saponósido, colina, heterósido, mucilagem O Propriedades:
antiespasmódico, anti-sudorífico, detersivo, emenagogo, estimulante. U. L, U. E. + Ver:
convalescença, edema, menstruação, olhos, tosse convulsa, úlcera cutânea, vómito.
Sanamunda

Geum urbanum L.

Erva-benta, cariofilada, cravoila

Rosáceas

No Verão, é fácil reconhecer a sanamunda entre as outras plantas vivazes nas bermas dos caminhos e
nas orlas dos bosques. É uma pequena planta rústica, de porte erecto, ligeiramente túrgida, com folhas
finas e tripartidas e discretas flores amarelas. Os frutos, encimados pelo seu estilete recurvado,
formam, na extremidade dos caules, pequenas esferas cobertas de pêlos.

Muitos séculos atrás, acreditava-se que a presença de uma raiz de Geum em casa afastava o demónio e
os animais peçonhentos. Supõe-se que as virtudes da planta foram pela primeira vez mencionadas na
História Natural de Plínio, o Antigo. No século Xil Santa Hildegarda chamou-lhe Benedicta.

Quase abandonada pelos médicos a partir do século XVI, a sanamunda manteve-se muito popular nos
meios rurais, se bem que, segundo uma lenda, a planta possa, por vezes, enfeitiçar o seu possuidor.
Actualmente, bem estudada do ponto de vista químico, reconquistou a simpatia dos fitoterapeutas.

O Não utilizar recipientes de ferro e não ultrapassar as doses prescritas. Habitat: Europa, Norte e
Centro de Portugal, especialmente nas regiões montanhosas, solos húmidos, sombrios; até 1300 m.
Identificação: de O,20 a O,60 m de altura. Vivaz, caule erecto, ramoso, pubescente; folhas radicais,
penatissectas, com 5 a 7 folíolos desiguais, sendo o terminal maior e serrado; flor amarela (Maio- Sete
m bro), solitária, calículo com 5 divisões, 5 sépalas pendentes após a fioração, 5 pétalas separadas,
numerosos estames e carpelos; aquénio viloso, encimado por

um comprido estilete recurvado; rizoma curto, rugoso, castanho na parte exterior, roxo quase castanho
no corte, Cheiro aromático a cravinho; sabor amargo e acistringente. Partes utilizadas: folhas (na
floração); rizoma (antes da floração).
O Componentes; tanino, resina, princípio amargo, heterósido, vitamina C O Propriedades:
acIstringente, febrífugo, estomáquico, sudorífico, tónico, vulnerário. U. L, U. E. + Ver: astenia,
cefaleia, conjuntivite, depressão, diarréia, digestão, estômago, ferida.

264
Sanguissorba-oficinal

Sanguisorba officinalis L.

Rosáceas

A sanguissorba é uma rosácea vivaz que prefere os prados húmidos, os pântanos e as turfeiras.
Permanece florida durante todo o Verão, difundindo o aroma suave das suas flores hermafroditas cor
de púrpura-escura, comprimidas numa densa inflorescência. A medicina dos sinais interpretava a
rutilância das suas corolas como um sinal da sua acção sobre os derramamentos de sangue. Mais tarde,
a análise química da planta revelou a presença de tanino, produto que poderá provocar esse efeito. A
planta é eficaz em todos os tipos de hemorragias: dos aparelhos digestivo e respiratório, dos órgãos
genitais e dos rins; também tem efeito benéfico nos casos de diarreia e leucorreia.

A sanguissorba serve de base a um exce~ lente chá digestivo, o qual pode ser aromatizado
adicionando-lhe anis-verde, mentas ou angélica. O seu sabor, extremamente suave, semelhante ao do
pepino, torna mais gostoso o tempero das saladas. Numa urgencia, a raiz fresca, descascada, pode ser
aplicada numa queimadura recente para aliviar o ardor e facilitar a cura.

Habitat: Europa, prados húmidos (argila, turfa); até 1800 m. Identificação: de O,30 a 1,50 m, por
vezes 2 m, de altura. Vivaz, caule erecto, ramificado, oco, glabro, ligeiramente folhoso; folhas de 30 a
40 cm, glabras, imparipinuladas, com 5 a 15 folíolos ovais, dentados, verde-claros na página superior
e mais claros na inferior, flores vermelho-sanguíneo (J ulho- Setembro), minúsculas, bissexuadas,
agrupadas em espigas capitadas, ovóides, cálice viloso no vértice; fruto liso, castanho, quadrangular,
contendo 1 semente; toiça subterrânea, castanha e rastejante. Cheiro suave; sabor salgado e amargo.
Partes utilizadas: toda a planta e raiz (antes da floração, no Outono), suco fresco; a conservação é
impossível.
* Componentes: tanino, saponósido, flavonas
* Propriedades: acistringente, digestivo, estomáquico, hemostático. U. L, U. E. + Ver: diarréia, ferida,
hemorragia, hemorroidas, leucorreia, menopausa, queimadura.

265
Sanícula

Sanicula europaea L.

Sanícula-vulgar

Umbelíferas

Denominada erva-de-são-lourenço em França devido às suas virtudes cicatrizantes, e invocando o


mártir que foi colocado numa grelha de ferro em brasa pelo prefeito de Roma no século til, a sanícula
foi muito apreciada pela Escola Médica de Salerno. Se bem que o seu nome derive da palavra latina
sanare, curar, e a sua eficácia seja indubitável, é por vezes substituída pela agrimónia

ou a sempre-noiva. Não deve, no entanto, ser menosprezada.

Cresce nos bosques sombrios e frescos, sob as árvores frondosas, nomeadamente as faias. O caule,
verde, apresenta na base folhas largas e palmadas dispostas em roseta; as do vértice do caule são
pequenas e sésseis. Permanecem verdes durante todo o ano, podendo ser colhidas em qualquer estação.
Esmagadas cruas e aplicadas sobre contusões e hematomas, facilitam a sua reabsorção. A sua infusão
serve para lavar as

feridas, que, deste modo, cicatrizam sem

supuração. Fervidas em leite e adoçadas com mel, estas mesmas folhas constituem um excelente
gargarejo (que não deve ser engolido) para tratar as anginas.

Habitat: Europa, florestas de árvores frondosas; espontânea em Trás-os-Montes, Minho e

Beiras; até 1500 m. Identificação: de O,20 a O,50 m de altura. Vivaz, caule erecto, glabro, frágil e
simples; folhas verde-escuras, brilhantes, palmatipartidas, quase todas basilares, com pecíolo
comprido, sendo as caulinares O, 1 ou 2, quase sésseis; flores branco-rosadas (Maio-Julho), pequenas,
sésseis, em capítulos reunidos em umbelas irregulares, com 3 ou 5 raios muito desiguais, 5 pétalas
curvadas para o centro, hermafroditas, sésseis no centro, possuindo as da margem

estames; diaquénio globoso coberto de acúleos gancheados; rizoma castanho com raizes nodosas e
fibrosas. Cheiro intenso; sabor amargo e acistringente. Partes utilizadas: raiz (Outono), toda a planta
(Maio-Julho) e suco.
O Componentes: saponósidos, tanino, óleo essencial, princípio amargo O Propriedades: acistringente,
cicatrizante, detersivo, vulnerário. U. I., U. E. + Ver: anginas, contusão, diarreia, ferida, leucorreia.
SantÓnico

Artemisia inaritima L.

Barbotina, semencina, sérnen-contra,

sementes-de-alexandria Bras.: artemísia-marítima

Totalmente coberto por uma penugem branca, o santónico é, tal como o nome da espécie indica, uma
planta das costas marítimas. Na Europa, encontra-se nos litorais da Mancha e do Atlântico, nos solos
salgados e nos pântanos. É uma planta extremamente aromática. No Outono, exibe as suas flores
amarelo- acastanhadas, agrupadas em capítulos apenas num dos lados dos seus ramos inclinados,
formando cachos pouco densos. Os capítulos devem ser colhidos antes de as flores desabrocharem:
devido às suas pequenas dimensões, supôs-se durante muito tempo que eram sementes, pelo que o
santónico foi conhecido por semencina (do italiano semenzina, diminutivo de semente).

É uma planta bastante activa e um vermífugo muito utilizado nas regiões litorais para as ascárides e os
oxiúros. Estas propriedades são devidas à santonina que contém. Uma outra espécie, importada da
Ásia, Artemisia cina Berg., possui virtudes idênticas; porém, quando utilizadas para o mesmo efeito, o
santónico é mais bem tolerado. No entanto, para evitar riscos de toxícidade, não deve ser administrado
a crianças. Em uso externo a planta é absolutamente inofensiva. Entra como componente de uma
cataplasma que se

aplica sobre o abdômen de crianças portadoras de parasitas intestinais.

G Não ultrapassar as doses indicadas. Não deve ser administrado a crianças. Habitat: costas européias,
excepto no litoral mediterrânico. Identificação: de O,30 a O,60 m de altura. Vivaz, caules herbáceos,
floríferos, aveludados, vilosos, esbranquiçados, prostrado-ascendentes e ramosos; folhas curtas,
tomentosas, esbranquiçadas nas duas páginas, recortadas em lacínias estreitas, sendo as inferiores e as
médias pecioladas e as superiores sésseis; flores amarelo-acastanhadas (Setembro- Outubro),
pequenas, em capítulos de 3 a 5 flores, ovójdes, unilaterais, inclinados, reunidos numa panícula de
numerosos cachos arqueado-pendentes, pouco densos, com folhas simples; raiz delgada e lenhosa.
Cheiro aromático e intenso; sabor amargo e canforáceo. Partes utilizadas: sumidades floridas secas.
O Componentes: santonina, sais minerais, colina, essência O Propriedades: vermífugo, vulnerário. U.
I., U. E. Ver: ferida, parasitose.

267
Satirião-macho

Orchis mascula L.

Salepeira-maior, satírio-macho, salepo-maior,

pata-de-lobo, escroto-canino

Orquidáceas

As Orquidáceas constituem a mais numerosa família de todo o reino vegetal; a elas pertencem várias
espécies espontâneas de Orchis muito disseminadas, sendo mais frequentes em terras altas. Se bem que
seja difícil distingui-Ias entre si, é extremamente fácil identificar uma devido às suas flores irregulares,
simetricamente dispostas segundo um plano vertical: três sépalas coradas e

três pétalas, das quais duas laterais e uma maior, o labelo, em forma de avental com três lobos, um dos
quais termina em esporão. O satirião-macho possui um duplo tubérculo globoso subterrâneo que, não
sendo bifurcado nem palmado, deu origem ao

nome de Orchis, testículo; as folhas da base apresentam frequentemente manchas castanho-


avermelhadas, e as do caule não se desenvolvem, ficando reduzidas às bainhas. Dos tubérculos das
diversas espécies extrai-se desde épocas remotas uma farinha alimentar, o salepo, sahlap em língua
árabe, muito famosa outrora, especialmente no

Oriente. Na realidade, o salepo e a excelente geleia de salepo não são mais nutritivos que a fécula de
batata. O satirião-macho é uma planta refrescante com a qual os Orientais preparam uma bebida muito
agradável.

O Planta rara que se desenvolve lentamente e não resiste às devastações. Habitat: Europa, bosques,
prados, pastagens; disseminado em Portugal; até 2000 m. Identificação: de O,15 a O,25 m de altura.
Vivaz, caule espesso e suculento, com escapo floral; todas as folhas da base erectas, aiongadas,
frequentemente manchadas de castanho-avermelhado, nervação paralela; flores cor de púrpura ou
violáceas (Maio-Junho), em espiga cilíndrica, brácteas violáceas, 3 sépalas abertas, coradas, esporão
comprido, inteiro e erecto, tabelo pontuado oe cor púrpura, levemente

chanfrado, pólen aglutinado em duas massas chamadas polinídias; tubérculos em grupos de


2, ovóides e acastanhados. Cheiro agradável; sabor amargo. Partes utilizadas: tubérculo (após a
floração); escolher bem para apenas conservar os tubérculos intumescidos, escaldar, retirar a pele,
secar sobre panos ao sol ou no forno.
O Componentes: mucilagem, amido, prótidos, lípidos, sais minerais, cumarina O Propriedades:
antidiarreico, emoliente, refrescante. U. 1. Ver: convalescença,.fadiga, impotência.

268
Satureja-das-montanhas

Satureia montana L.

Bras.: segurelha

É uma planta soalheira que perfuma as colinas áridas de toda a região mediterrânica. Existe uma outra
espécie, a segurelha, Satureia hortensis L., planta herbácea, mais pequena e delicada, ligeiramente
baça, evadida das hortas e que apenas vive um ou dois anos. Estas duas plantas aromáticas têm
propriedades semelhantes. Com efeito, contêm substâncias bastante activas, também presentes no
tomilho, no eucalipto e no serpão, que lhes conferem propriedades anti-septicas, expectorantes e
tónicas. De há muito consideradas estimulantes psíquicos e físicos e até afrodisíacos, contribuíram
para que alguns etimologistas associassem o nome

genérico Satureia com a palavra *sátiro+. A s aturej a- das -montanhas é um óptimo condimento
devido às suas propriedades carminativas, que tornam os legumes que contêm féculas mais digeríveis;
pelo seu valor antibiótico, permitem aos aparelhos digestivos mais delicados tolerar as carnes de caça
retardadas. Para obter melhores resultados, é necessário conservar a saturej a-das- montanhas em
ramos e moê-la sobre os alimentos na altura da preparação.

Habitat: Europa Meridional, encostas calcarias e áridas; até 1500 m. Identificação: de O, 10 a O,40 m
de altura. Subarbusto; caule ascendente ou erecto, com ramos rígidos; folhas coriáceas, brilhantes,
glabras, estreitas, pontiagudas, celheadas; flores cor-de-rosa, brancas ou lilases (Julho-Setembro), em
espiga folhosa, terminal, unilateral, cálice tulbuloso com 5 dentes quase iguais, corola saliente
bilabiada, sendo o lábio superior erecto, o inferior trilobado e o médio maior, 4 estames; tetraquénio
preto. Cheiro aromático; sabor amargo e ardente.

Partes utilizadas: sumidades floridas (Verão); secagem em ramos sobre uma fonte de calor.
O Componentes: essência (carvacrol e cimeno), hidrocarbonetos, nitrofenol, enzima O Propriedades:
antiespasmódico, anti-séptico, carminativo, estimulante, estomáquico, expectorante. U. L, U. E. + Ver:
anginas, astenia, banho, bronquite, diarreia, espasmo, estômago, ferida, frigidez, impotência, insectos,
meteorismo, picadas.

269
Selo-de-salomão

Polvgonatum offi< inale Desf.

Lifiáceas

O vigoroso rizoma do selo-de-salornão dá origem todos os anos a um novo caule que, ao desaparecer
antes do Inverno, deixa uma marca como a de um sinete; esta cicatriz confere ao caule subterrâneo da
planta um

aspecto muito peculiar. As partes aéreas são também de tal modo características que, depois de se ter
visto uma vez esta planta

rígida à sombra de uma mata, não é possível deixar de reconhecê-la imediatamente. Em Junho, surgem
os frutos, azul-escuros, do tamanho de ervilhas. Estas tentadoras bagas são perigosas para as crianças,
tendo já provocado, como os frutos vermelhos do lírio-dos-vales, envenenamentos fatais.

No século 1, Dioscórides afirmava que o

selo-de-salornão activava a cicatrização das feridas e fazia desaparecer os sinais do rosto. Na


cosmética moderna, o rizoma serve de base a uma água de beleza indicada para peles sem brilho.

Este rizoma, depois de cozido e esmagado, tem um efeito benéfico quando colocado sobre contusões e
inchaços, pois atenua as dores.

O Não utilizar as bagas. Habitat: Europa, solos frescos, florestas; nas regiões montanhosas de Trás-os-
Montes e Alto Alentejo, em locais sombrios; até 2000 m. Identificação: de O,20 a O,50 m de altura.
Vivaz, caule glabro, erecto, arqueado, anguloso, tolhoso; folhas alternas, erectas, ovais, subsésseis ou
amplexicaules, com nervuras longitudinais convergentes, dispostas em 2 filas opostas; flores brancas
orladas de verde (Abril-Junho), pedunculadas, pendentes, 1 ou 2 sob o caule na axila de cada uma das
folhas, em tubo de 6 lobos formado por 3 sépalas petalóides e

3 pétalas soldadas, 6 estames glabros; baga azul-escura, redonda, pendente, contendo de


3 a 6 sementes, rizoma carnudo, horizontal, nodoso e fibroso. Cheiro agradável (flores), inodoro
(rizoma); sabor amargo, acre e nauseabundo. Partes utilizadas: rizoma (Outono),
O Componentes: saponósido, mucilagem, tanino, oxalato de cálcio O Propriedades: hemolítico,
hipoglicemiante, resolutivo. U. E. V Ver: abcesso, contusão, panaricio, pele, reumatismo, sarda.
Sempre-noiva

Polygonum aviculare L. Corriol a-bas tarda, erva-da-muda, persi cári a- sempre- noiva, erva-da-saúde,
centinódia,

sanguinha, erva- dos -pas sari nhos, sanguinária, se mpre- noiva- dos -modernos, erva-das-galinhas

Poligonáceas

Como a persicáría-mordaz, a bistorta, a azeda e o labaçol, a sempre-noiva pertence à família das


Poligonáceas e caracteriza-se pelos seus caules muito nodosos. Densa e resistente, propaga-se
rapidamente, cobrindo vastas áreas e suportando, sem prejuízo, ser pisada.

Muito apreciada pelos agricultores, é o maná do gado e a erva dos porcos. As aves alimentam-se com
as suas pequenas sementes castanhas. Para os apreciadores de simples, toda a planta é útil, devendo ser
colhida durante o período de floração. Para a

medicina antiga, era um remédio hemostático, pelo que os Latinos a denominaram Sanguinaria.
Durante muito tempo utilizada para conter as hemoptises e tratar a tuberculose pulmonar, foi objecto
de um escandaloso comércio à custa da credulidade dos doentes. Actualmente, a sempre-noiva é
utilizada para o tratamento da diabetes, pois faz diminuir a sede, um dos sintomas desta doença.

Habitat: Europa, terrenos baldios, ruas; frequente em quase todo o território português; até 2300 m.
Identificação: de O,10 a O,50 m de altura. Anual, numerosos caules prostrados, delgados, estriados,
verdes; folhas alternas, sésseis, pequenas, lanceoladas, nervadas na página inferior, com a base
rodeada por uma bainha membranosa prateada e com nervura; flores brancas ou cor-de-rosa (Junho-
Novembro), pequenas, quase sésseis, em grupos de 1 a 4 na axila das folhas, ao longo do caule, 5
sépaIas sem corola, 8 estames, 3 estigmas; aquénio castanho pequeno, trígono, com 1 seme te. Sabor
adstringente. Partes utilizadas: suco fresco, toda a planta (Junho- Novembro), raiz (Outono); secagem
em ramos num local coberto.
O Componentes: tanino, resina, óleo essencial, silício, mucilagem, pigmentos flavónicos O
Propriedades: acistringente, diurético, hemostático, laxativo, sedativo, vulnerário. U. L, U. E. + o Ver:
celulite, diabetes, diarreia, diurese, epistaxe, ferida, gota, leucorreia, litíase.

271
Serpão

Thymus serpyllum L. (sensu lato) Serpilho, serpol, serpil, erva-ursa

Bras.: tomilho

Labiadas

O serpão é uma pequena labiada aromática como o alecrim, a erva-cidreira e o hissopo que os
botânicos classificaram, juntamente com o tomilho, no género Thymus. Na Antiguidade, o nome
Thymus referia-se a diversas plantas aromáticas das quais também fazia parte a segurelha;
actualmente, abrange apenas algumas espécies, das quais as duas mais importantes, o tomilho e o
serpão, se distinguem facilmente. Não obstante, os especialistas têm enormes dificuldades, pois o
serpão é uma planta polimorfa, diferente consoante as regiões e os climas. Assim, a sua altura varia, os
ó rgãos modificam-se, as flores mudam de cor e até o perfume se altera, assemelhando-se ao da erva-
cidreira, do orégão ou do limão. O serpão foi desde sempre utilizado pela medicina sem qualquer
receio. Supõe-se que o mais

indicado para este fim é o serpão com cheiro a tomilho. Esta planta é fácil de distinguir, pois os seus
caules são longos, com raízes, e as folhas igualmente glabras em ambas as faces. No seu Terceiro
Livro, Rabelais, que também se interessava pelos nomes das plantas, faz referência ao serpão. *0
serpão+, escreve, *rasteja pelo solo+, frase que deu origem ao nome da planta. Efectivamente, herper,
em francês arcaico, derivava do grego herpein, rastejar, que foi traduzido para o latim por serpy11um,
palavra já usada por Virgílio nas suas Éclogas.

Habitat: Europa, bosques, solos áridos; espontâneo no Norte e Centro de Portugal; até 2500 m.
Identificação: de O,10 a O,50 m de altura. Vivaz, poiimorfo, caule prostrado, ascendente na
extremidade superior, pubescente; folhas pequenas, inteiras, oblongas, planas ou com bordos
ligeiramente enrolados, celheadas na base; flores cor-de-rosa-lilás (Junho-Outubro), pequenas, em
espigas, cálice ligeiramente pubescente com 2 lábios, 3 dentes em cima e
2 em baixo, corola bilabiada, sendo o lábio superior erecto e o inferior com 3 lóbulos e 4 estames;
tetraquénio castanho; raiz delgada e lenhosa. Cheiro e sabor agradáveis e aromáticos. Partes utilizadas:
sumidades floridas (Julho-Agosto); secagem em ramalhetes.
O Componentes: óleo essencial, contendo timol e carvacrol, tanino, resina, saponósido O
Propriedades: antiespasmódico, anti-séptico, carminativo, diurético, expectorante, hemostático, tónico,
vermífugo. U. L, U. E, + V Ver: artrite, asma, astenia, banho, bronquite, cabelo, convalescença,
epistaxe, estômago, fadiga, meteorismo, obstipação, reumatismo, seio, tosse.

272
Silva

Rubusfruticosus L. (sensu lato)

Sarça Bras.: nhambuí

Rosáceas

Somente os especialistas, munidos de minúsculas pinças, lupas e de todo o seu saber, podem
reconhecer as subtilezas botânicas que diferenciam as diversas silvas. Existem mais de 100 espécies
diferentes e mais de
1000 variedades e híbridos. Todas estas formas intermédias têm a aparência de verdadeiras espécies,
mas diferem de local para local. São plantas vivazes, vigorosas, exuberantes, de compridos caules
arqueados providos de acúleos cruéis. As flores, pequenas, brancas ou levemente rosadas, são
inodoras. Os frutos, as deliciosas amoras aromáticas e refrescantes, negras e brilhantes, são apreciados
pelo homem desde a Pré-História; os frutos da Rubus caesius L. estão cobertos por uma pruína
azulada. Independentemente de servirem para confeccionar doces e compotas, as amoras são a base de
um xarope utilizado como adstringente. Da infusão das folhas misturadas com as do framboeseiro
obtém-se um chá delicioso. O seu cozimento constitui um adstringente muito enérgico; pode ser
utilizado como loção para o rosto ou em gargarejos para as doenças da boca. Todas as preparações de
vem ser cuidadosamente filtradas para eliminar os espinhos.

O Filtrar as preparações mesmo para uso externo. Habitat: Europa, sebes, matas; presente em quase
todo o território português; até 2300 m. Identificação: de O,20 a 2 m de altura. Subarbusto
sarmentoso, aculeado, rebentos (turiões) erectos; folhas estipuladas com 3, 5 ou 7 folíolos, serrados,
peciolados, por vezes esbranquiçados na página inferior, pecíolos e nervuras aculeados; flores brancas
ou cor-de-rosa (Maio-Agosto), em cachos alongados ou piramidais, 5 sépalas frequentemente
cinzento-esbranquiçadas, 5 pétalas enrugadas, numerosos estames e carpelos; fruto globoso, composto
de drupéolas carnudas, preto-azuladas, comprimidas sobre um receptáculo (amora). Sabor adocicado e
levemente acistringente. Partes utilizadas: flores em botão, folhas (antes da floração), turiões, frutos
(Setembro),
O Componentes: ácidos salicílico, oxálico, cítrico e málico, tanino, glúcidos O Propriedades:
acistringente, antidiabético, depurativo, detersivo, diuré tico, tónico. U. I., U. E. + o Ver: afta,
anginas, diabetes, diarréia, gengivas, leucorreia, rouquidão, úlcera cutânea.

273
Silva-macha

Rosa canina L.

Rosa-canina, roseira-de-cão, silvão

Bras.: roseira, rosa-bandalha

Rosáceas

A silva-macha aqui representada é uma das muitas espécies espontâneas que crescem nos campos
europeus. Planta vivaz que pode atingir alguns metros de altura, forma nas orlas dos bosques barreiras
impenetráveis. Os jardineiros constroem com ela sebes decorativas para embelezar e perfumar os
jardins; os cultivadores de roseiras utilizaram-na como cavalo no enxerto para numerosas variedades
de roseiras cultivadas. As flores e as folhas da silva-macha, bem como os frutos, denominados
cinorrodos, e as galhas, excrescência que se desenvolve nos ramos apó s a picada de um insecto, são
utilizados em medicina. Colhidos na Primavera e secos à sombra, os botões florais e as folhas são
laxantes suaves; podem tamb >em aplicar-se nas feridas como agentes cicatrizantes. As galhas,
remédio muito vulgar desde a Antiguidade, são, devido ao seu elevado teor em tanino, adstringentes e
tónicas. Os cinorrodos frescos são, pela sua riqueza em vitamina C, a base de um tratamento para o
cansaço e o escorbuto. Libertos dos pêlos internos, podem ser utilizados em compotas ou em tisanas.

Habitat: Europa; frequente em Portugal nos bosques e margens dos campos; até 1600 m. Identificação:
de 1 a 5 m de altura. Vivaz, caule esverdeado; ramos erectos e pendentes providos de acúleos; folhas
pinuladas com 5 a 7 folíolos serrados, ovais, glabros, estipulas alongadas; flores cor-de-rosa-claro
(Junho-Julho), solitárias ou em corimbo, grandes (de 2 a 8 cm), sépalas triangulares com estipulas
compridas,
5 pétalas, numerosos estames; aquénio peludo com pericarpo duro, encerrado num falso fruto ovóide,
vermelho quando maduro, carnudo e liso. Cheiro suave; sabor ligeiramente ácido.

Partes utilizadas: botões florais, folhas, fruto (Agosto- Outubro), galhas; secagem rápida depois de ter
aberto o fruto e retirado os pêlos; longa conservação em local seco.
O Componentes: vitaminas B, C, E, K e PP, provitamina A, tanino, pectina O Propriedades:
aestringente, antiescorbútico, cicatrizante, diurético, laxativo, tónico. U. I., U. E. + o Ver: angústia,
astenia, cura de Primavera, diarreia, fadiga, ferida, hemorragia, litíase, parasitose, queimadura.
Tanchagens

a) Plantago major L. b) Plantago lanceolata L.

c) Plantago media L. a) Tanchagem- maior, chantage, tanchage b) Tanchagem-menor, corrijó, carrajó,


erva-de-ovelha, calracho, tanchagem-terrestre, tanchagem-das-boticas

c) Tanchagem-média Bras.: a) transagem

Plantagináceas
O nome do género desta planta, Plantago, alude à forma de um pé, semelhança difícil de encontrar. As
três espécies aqui representadas fazem parte do grupo das tanchagens comuns e possuem propriedades
idênticas. Os Antigos já as consideravam importantes e activas, quer para uso externo, quer para uso
interno. Conhece-se há muito o efeito repousante de um colírio preparado com folhas de tanchagem
para os olhos cansados; nos meios rurais, é hábito encher o canal

auditivo com raiz de tanchagem ralada para acalmar as dores de dentes, embora a eficácia deste
tratamento não esteja comprovada.

As folhas de tanchagem podem ser colhidas durante 10 meses por ano e utilizadas frescas em saladas
ou sopas, e secas para fins medicinais. As sementes, que devem ser colhidas muito maduras e em
tempo seco, são apreciadas pelas aves domésticas.

O Não esquecer que o pólen das tanchagens é um dos mais propagados agentes da polinose. Habitat:
Europa, bermas dos caminhos, solos áridos; a tanchagem-maior e a menor são frequentes em Portugal;
até 2000 m. Identificação: de O,10 a O,60 m de altura. Três espécies vivazes: as hastes florais
ultrapassam as folhas; acaules; flores em espiga (Abril-Novembro). Inodoras. a) Folhas espessas, ovais
com pecíolos compridos e em roseta; corola acinzentada e avermelhada; b) folhas lanceoladas,
pecíolos delgados; corola esbranquiçada;

c) folhas ovais com pecíolos curtos e em roseta; corola branca. Partes utilizadas: suco fresco, toda a
planta, folhas (Primavera, na floração), raizes (todo o ano), sementes maduras em tempo seco.
O Componentes: mucilagem, glúcidos, tanino, sais minerais, enxofre O Propriedades: adstringente,
cicatrizante, depurativo, diurético, emoliente, expectorante, resolutivo. U. I., U. E. + V IN Ver: acne,
bronquite, conjuntivite, constipação, dentes, diarreia, epistaxe, ferida, flebite, mordedura, obstipação,
olhos, picadas.

276
Taráxaco *//* para refazer

Turaxacum officinale Web. (sensu lato) Dente-de-leão, coroa-de-monge, frango, quartilho

Bras.: alface-de-coco

Se o taráxaco tivesse sido coi)lie,-ido tia Antiguidade, é provável que zilLLiii,, ie o

mencionassem. Porém, neidium hoiani,@o ou médico cita esta planta aiiic,, tio ,ék,tilo \\ Para Bock,
em 1546, é um diur@iiço. Para Tabernaemontanus, farma,@éulico ;ilciii,-'Ikl do século XVI,
doutorado em Medicina em Paris, o taráxaco constitui um @u1ncrario. Único no seu género. A
medi,:ina de-preza-o, mas o taráxaco @oniinua a curar oficiosamente os doentes. \ti inicio do
culo xx, foi bruscamente universal foi o reconhe,-ini,,nio kl;l, 1,11U1,

propriedades que todas as terapêuticas em que era utilizado passaram a chamar-se taraxacoterapias ...
A partir de então, este prestígio não diminuiu, pois o taráxaco permanece um dos simples mais úteis e
mais populares.

No taráxaco, a qualidade e a quantidade estão equiparadas: cresce em toda a parte, durante quase todo
o ano, vivaz, fresco, fechando-se durante a noite e abrindo-se ao alvorecer. Oferece-se indistintamente
às abelhas, cumulando-as de néctar; às crianças, recreando-as; aos citadinos, fornecendo-lhes saladas,
e aos apreciadores de plantas singelas. Embora existam muitíssimas espécies de taráxacos, de grande
porte ou

anãs, com folhas ovais muito pouco desenvolvidas, com frutos brancos, vermelhos ou cinzentos, é
impossível confundi-lo com

qualquer outra planta.

Habitat: Europa; frequente no País; até 2000 m. Identificação: de O,05 a O,50 m de altura. Vivaz,
folhas em roseta basilar densa, glabras, compridas, diversamente roncinadas (com os segmentos
laterais virados para a base); flores de um amarelo intenso (Março- Novembro), liguladas, formando
um grande capítulo num comprido pedúnculo radical, liso, oco, capítulo com invólucro duplo de
brácteas externas mais curtas; aquértio cinzento-azu lado, ovóide, um pouco espinhoso na extremidade
superior; rizoma espesso, grossa raiz aprumada, castanho-escura e esbranquiçada no corte, látex
branco.

Partes utilizadas: raiz, folhas (Primavera), suco (Outono); cortar a raiz em rodelas ou
longitudinalmente, secá-la ao ar ou ao calor de um forno.
O Componentes: clorofila, alcalóide, óleo essencial, inulina, tanino, glúcidos, sais minerais,
provitamina A, vitaminas B e C O Propriedades: antiescorbútico, aperitivo, colerético, depurativo,
diurético, estomáquico, laxativo, tónico. UA., U.E. + V O Ver: arteriosclerose, astenia, celulite,
colesterol, cura de Primavera, fígado, gota, hemorróidas,icterícia, litíase, obesidade, obstipação,
paludismo, pele, reumatismo, sarda, tez, ureia, varizes, verruga.

277
Tasneirinha

Senecio vulgaris L.

Cardo-morto Bras.: senécio

Compostas

A tasneirinha prolifera em todos os locais habitados; para os jardineiros, é uma erva daninha fácil de
eliminar que floresce em qualquer estação do ano e se propaga velozmente. Como a mercurial e a
bolsa-de-pastor, a tasneirinha é uma planta adventícia que cresce e se propaga em solos recentemente
arados, especialmente nas hortas;

como a papoila, aparece nas searas ou procura ainda as clareiras das florestas, à semelhança do
morangueiro- selvagem ou das giestas. O conjunto dos frutos da tasneirinha forma uma cabeça branca,
desgrenhada, como o crânio de um velho aureolado por cabelos frágeis e ralos; aliá s, o seu nome
latino deriva de senex, velho. Na Grécia antiga, gêraion significava velho, e gêreion, penacho,
lembrando a cabeça branca da tasneirinha. Dioscórides chamava a esta planta erigeron, que se pode
traduzir por velho primaveril.

Quando os textos antigos falam das aplicações medicinais da tasneirinha, confundem frequentemente
com a pequena tasneirinha uma espécie vivaz de caule alto e anguloso, a tasna, ou tasneira, Senecio
jacobaea L., conhecida em França por erva-de-sant'iago, que floresce aproximadamente a
25 de Julho, dia da festa deste santo apóstolo. As duas plantas são principalmente emenagogas e
aliviam as dores da menstruação, regularizando simultaneamente os períodos. Ingerida em doses
elevadas, a tasneirinha pode ser perigosa.

Habitat: Europa; todo o País; até 2000 m Identificação: de O,04 a O,60 m de altura. Anual, caule
erecto, folhoso em quase toda a sua extensão e ramoso; folhas espessas, recortadas em lóbulos
desiguais e irregulares, dentadas, sendo as inferiores atenuadas em curtos pecíolos e as superiores
sésseis e amplexicaules; flores amarelas (todo o ano), pequenas, tubulosas, em capítulos cilíndricos,
reunidos em corimbos densos, invólucro com brácteas formando 2 séries, manchadas de preto na
extremidade, sendo as superiores compridas e as inferiores curtas; aquénio costado, encimado

por um papilho peludo plurisseriado; raiz aprumada. Partes utilizadas: planta inteira florida antes do
desabrochar dos capítulos, folhas e suco (todo o ano).
O Componentes: sais minerais, mucilagem, tanino, resina, alcalóides O Propriedades: adstringente,
emenagogo, emoliente, expectorante, vermífugo, vulnerário. U. L, U. E. + Ver: anginas, circulação,
diarreia, hemorroidas, lactação, mal da montanha, menstruação, nervosismo, picadas, tosse.
Tília

Tilia cordata MiII.

Tifiáceas

Árvore sagrada das antigas civilizações germânicas, dotada de uma longevidade pouco vulgar, a tília,
como o carvalho, é uma árvore histórica e lendária. Para Siegfried, herói dos Nibelungos, desempenha
o

mesmo papel nefasto da mãe de Aquiles ao pousar a mão sobre o calcanhar de seu filho;
efectivamente, Siegfried, tornado invulnerável por um banho de sangue, morreu de uma ferida entre as
omoplatas, no local onde, no momento do banho, se fixara uma pequena folha de tília. Como o
ulmeiro-campestre, a tília é uma imponente árvore venerada no centro das povoações e
frequentemente plantada em renques nas álcas dos parques e jardins públicos. Até à 11 Guerra
Mundial, a cidade de Berlim orgulhou-se da sua Unter

den Linden (Sob as Tílias), uma magnífica alameda de cerca de 1 km de extensão fianqueada por filas
destas árvores seculares.

É uma das plantas mais solicitadas nas lojas de ervanário. É necessário trepar à árvore para colher as
suas flores aromáticas, e seguidamente deixã -las secar à sombra. As flores da Tilia platyphy11os
Scop., a tília de folhas grandes, têm utilizações idênticas.

Habitat: Europa; cultivada em Portugal como árvore de sombra e ornamental; até 1800 m.
Identificação: de 15 a 40 m de altura. Árvore; tronco erecto, casca lisa e gretada a partir dos
20 anos; folhas alternas, pecioladas, inteiras, cordiformes, serradas, glabras na página inferior e
glaucas; gemas glabras, com 2 escamas; flores branco-baças (Junho-Julho), efémeras, em grupos de 5
a 10 num peclúnculo comum soldado a meio de 1 bráctea, 5 sépalas, 5 pétalas e numerosos estames;
fruto globoso, com
4 ou 5 costas pouco salientes. Cheiro agradável; sabor mucilaginoso.

Partes utilizadas: inflorescências jovens com brácteas (Junho-Julho), casca, seiva e lenho; conservação
ao abrigo do ar e da luz.
O Componentes: óleo essencial, mucilagem, tanino, pigmentos flavónicos, manganésio e
Propriedades: antiespasmódico, colerético, emoliente, hipnótico, sedativo, sudorífico. U. L, U. E. + V
Ver: acne rosácea, albuminúria, angústia, banho, cefaleia, convulsão, estômago, fígado, gota,
indigestão, lumbago, nervos, nervosismo, olhos, palpitações, pele, reumatismo, ruga, sarda, sono.

279
Tomilho

Thymus vulgaris L. Tomilho-vulgar, tomilho-ordinário, arçã, arçanha

Bras.: poejo, segurelha

Labiadas

O tomilho possui todas as propriedades terapêuticas do serpão, com acção mais eficaz; a relação das
suas propriedades medicinais é extensa. A dificuldade no seu uso não reside em saber quais os casos
em que deve ser utilizado, mas em saber controlar as doses e a duração do tratamento.

Com efeito, o tomilho contém substâncias bastante activas, de entre as quais se salientam dois fenóis:
um deles, o timol, anti-séptico, antiespasmó dico e vermífugo, faz parte da preparação de numerosos
medicamentos comuns para usos interno e externo (é também um dos ingredientes utilizados pelos
embalsamadores modernos); o outro, o carvacrol, é um anti-séptico muito utilizado em perfumaria.
Em fitoterapia, utilizam-se. as sumidades floridas, que podem ser colhidas a partir do mês de Abril e
durante todo o Verão.

O tomilho é originário da bacia mediterrânica ocidental; encontra-se abundantemente em todo o Sul de


França, Espanha, Portugal e Itália, nas colinas áridas onde as suas moitas lenhosas e baixas com folhas
perenemente verdes exalam ao sol o seu aroma. Faz parte, além do loureiro, do tradicional ramo de
cheiros utilizado em culinária; o café e o chá podem ser agradavelmente substituídos por uma infusão
de tomilho. Tem cheiro aromático e sabor amargo.

Habitat: Europa, região mediterrânica, colinas áridas; subespontâneo em Portugal; até 1500 m.
Identificação: de O,10 a O,30 m de altura. Subarbusto; caules tortuosos, lenhosos, ramos acinzentados,
erectos e compactos; folhas pequenas, sésseis, lanceoladas, tomentosas, esbranquiçadas na página
inferior; flores rosadas ou brancas (Maio-Outubro), pequenas, em espiga na axila das folhas maiores,
cálice giboso com pêlos duros, com 3 dentes superiores largos e 2 ínferos agudos, corola bilabiada e 4
estames; tetraquénio castanho e glabro. Partes utilizadas: caule florido e folhas.

O Componentes: óleo essencial, álcoois, hidrocarbonetos, resina, tanino, saponósido O Propriedades:


antiespasmódico, anti-séptico, aperitivo, béquico, carminativo, cicatrizante, colerético, desodorizante,
diurético, emenagogo, estomáquico, hemolítico, revulsivo, tónico, vermífugo. U. L, U. E. + O Ver:
anemia, apetite, astenia, banho, cabelo, convalescença, dentes, epidemia, estômago, feridas, ftiríase,
gripe, hálito, lumbago, menstruação, meteorismo, parasitose, picadas, reumatismo, sarna, sinusite,
tosse, tosse convulsa.
Tormentila

Potentilla erecta (L.) Raeusch.

Tormentilha, tormentiria, sete-ern-rarna,

consolda-vermelha, solda

Rosáceas

Esta original Potentilla distingue-se dos seus parentes, o cinco-em-rama e a argentina, pois as suas
flores têm quatro peças, enquanto as dos outros dois possuem cinco. A origem dos nomes da planta
indica a grande importância atribuída às suas propriedades medicinais. Potentilla deriva da palavra
latinapotens, poderoso. Tormentila deriva de tormen, cólica; este qualificativo é atribuído às plantas
cujas propriedades adstringentes tratam as cólicas. Ignorada pelos Antigos, a tormentila foi
considerada no século XVI de grande utilidade para diversas dores violentas, como as de dentes e,
evidentemente, as cólicas. O rizoma é utilizável logo após a secagem, sendo portanto inútil guardar
grandes quantidades. O seu elevado teor em tanino torna a tormentila incompatível com outras
substâncias, como o ferro, os compostos alcalinos, o iodo, certos metais pesados, como o bismuto e o
cobre, e com outras plantas medicinais, como o aloés-do-cabo, a macela e a alga-perlada. Utilizada
durante muito tempo como antidiarreico, a tormentila foi substituída pela ratânia, planta exótica que
faz parte de numerosas preparações oficinais.

O Não utilizar recipientes de ferro na conservaçao ou na preparaçao. Habitat: Europa, rara na região
mediterrânica; em quase todo o País; até 2200 m. Identificação: de O,10 a O,40 m de altura. Vivaz,
caules erectos ou patentes, delgados, ramosos, folhosos; folhas alternas, pecioladas, trifoliadas,
serradas, tendo as caulinares pecíolo curto com 2 estipulas incisas; flores amarelas (Maio-Outubro),
pequenas, solitárias, longamente pedunculadas, epicálice com 4 divisões estreitas, 4 sépalas maiores, 4
pétalas pequenas e chanfradas, numerosos carpelos;

aquénio liso; rizoma espesso, curto, nodoso, acastanhado na parte exterior; de fractura é branco-
esverdeado, tornando-se rapidamente vermelho. Inodoro; sabor acistringente. Partes utilizadas: rizoma
seco (Março-Abril); retirar as raizes e o caule, secar ao sol ou em estufa tépida,
O Componentes: tanino, tormentol, pigmento, amido O Propriedades: acistringente, cicatrizante,
hemostático. U. L, U. E. + Ver: afta, diarreia, ferida, gengivas, hemorróidas, leucorreia.
Tramazeira

Sorbus aucuparia L. Cornogodinho, escancerejo, sorveira-dos-passarinhos

Bras.: sorveira-brava

Rosáceas

Não é necessário ser um subtil observador da Natureza para notar a sombra trespassada pelo sol das
tramazeíras ao longo das estradas rurais. São pequenas árvores pouco densas cujas flores brancas
cheiram a pirliteiro. No decorrer do Verão, as flores são substituídas pelas bagas, semelhantes a
pequenas maçãs ácidas, não comestíveis cruas, excepto pelas aves, para as quais constituem um
autêntico manjar. Aliás, os passarinheiros cultivam frequentemente a tramazeira para utilizar os seus
frutos como engodo nas armadilhas. Os pássaros ingerem os frutos e asseguram a disseminação da
planta ao expulsarem as sementes não digeridas. A sorveira, Sorbus domestica L., planta próxima da
tramazeira, produz pequenos frutos em’ forma de pêra, semelhantes às nêsperas, que são comestíveis.
As propriedades medicinais de ambas as espécies são semelhantes-. os frutos são adstringentes e têm
as mais diversãs utilizações, servindo para preparar compota ou geleia e para decocções quando secos.
Utilizam-se também na preparação de vinagre, aguardentes ou licores.

Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica, especialmente nas montanhas; bosques das regiões
montanhosas de Trás-os-Montes e Beiras interiores; até 2000 m. Identificação: de 2 a 8 m, por vezes
15 m, de altura, Árvore; casca cinzenta e lisa; gemas vilosas; folhas alternas, grandes, pinuladas, com
11 a 17 folíolos lanceolados, serradas, com bordos assimétricos; flores brancas (Maio-Julho),
pequenas, em corimbos, cálice com 5 dentes erectos, 5 pétalas, 3 estiletes; pomo alaranjado
(Setembro), pequeno, globoso e liso. Cheiro suave; sabor açucarado, acre e azedo. Partes utilizadas:
folhas secas, frutos cozidos ou secos.
O Componentes: ácidos parassárbico, málico, cítrico e tartárico, açúcar, pectina, vitamina C, tanino O
Propriedades: acIstringente, antiescorbútico, anti-hernorrágico, diurético, emenagogo, laxativo. U. 1.
Ver: diarréia, tosse.

282
TREPADEIRA

Convolvulus sepiut?i L. = Cal)Istegia sepium (L.) R. Br. Bons-dias, trepadeira-das-balsas, trepadeira-


da s- sebes,

trepadeira-dos-tapurnes

Planta volúvel com grandes flores brancas em forma de funil, invade as pequenas matas, as sebes e até
as vedações gradeadas de arame; não tem gavinhas, mas enrola-se em volta dos seus suportes, sendo
vulgar que se enlace também com uma congénere. Este facto explica, aliás, o nome científico da
planta, pois Convolvulus deriva do latim convolvere, enrolar-se; sepiunt, sebe, indica o seu habitat
preferido.

Se bem que pouco apreciada pelos jardineiros, esta planta deu origem a diversas variedades muito
decorativas, com flores

coloridas. Desde tempos muito antigos, a trepadeira é apreciada devido às propriedades laxativas das
suas raízes e folhas. Também os médicos á rabes da Idade Média utilizavam as suas raízes para tratar a
icterícia. Um autor do século X1 descobriu nesta raiz um remédio contra as febres *pútridas e
biliosas@>. Actualmente, os Alemães ainda utilizam uma infusão das suas folhas para tratar a
leucorreia. Estes órgãos vegetais, mesmo depois de secos e reduzidos a pó, conservam

durante muito tempo as suas propriedades curativas.

Habitat: Europa, excepto no extremo norte, locais frescos, jardins, pequenas matas dos taludes, matas,
sebes vivas, caniçados; frequente em todo o território português, até
1500 m. Identificação: de 1 a 5 m de altura. Vivaz, caule trepador, volúvel, dextrorso (que enrola da
esquerda para a direita), glabro, anguloso; folhas grandes, cordiformes, aurículas arredondadas ou
angulosas, pecíolos compridos; flores brancas (Junho-Setembro), axilares, solitárias, 2 estigmas, cálice
com 5 sépalas, oculto por 2 brácteas opostas, grandes, corola 4 vezes mais comprida, afunilada, com 5
pregas; cápsula semiglobosa, contendo 3 a 4 sementes; rizoma comprido, branco, carnudo, da mesma
grossura do caule aéreo. Partes utilizadas: raiz, folhas (Junho-Setembro); secagem à sombra.
O Componentes: resina, tanino, sais minerais, heterósidos O Propriedades: colerético, laxativo. LI. I.,
N Ver: fígado, obstipação.

283
Trevo-cervino

Eupatorium cannabinum L.

Eupatóri o- de-avi cena Bras.: charrua, cipó~capa-de-horriem

Compostas

O eupatório dos Árabes não deve ser confundido com o eupatório dos Gregos, Agrimonia eupatoria
L., que até ao século xVII conservou o nome de uma planta actualmente conhecida por agrimónia. O
trevo-cervino, que, como o nome da espécie indica, tem muitas semelhanças com o cânhamo, é de
entre as cerca de 100 espécies de Eupatori um a única que cresce espontaneamente nas regiões
europeias. Aclimata-se especialmente nos locais inundados, nos prados alagados, nas margens dos
regatos; a sua

presença numa mata é um indicador de humidade. A maioria dos animais não aprecia as suas
folhas amargas; só a cabra, animal conhecido pela sua voracidade, as pasta com apetite. Quando
frescas, as folhas têm uma acção cicatrizante, e supõe-se que os veados feridos as utilizam para tratar
as chagas.

Os fitoterapeutas apenas utilizam as folhas e as raízes do trevo-cervino; as raízes frescas são difíceis de
suportar, pois têm um

cheiro e gosto muito desagradáveis. No entanto, devem ser utilizadas o mais rapidamente possível
após a colheita, pois, quando secas, perdem as propriedades.

Habitat: Europa, solos húmidos, matas; frequente nas margens dos rios, valas, lugares húmidos,
bosques no Norte e Centro de Portugal; até 1700 m. Identificação: de O,60 a 1,50 m de altura. Vivaz,
caule folhoso, erecto, avermelhado, pubescente; folhas com 3 a 5 folíolos, opostas, com bordos
crenados, glanclulosas na página inferior, curtamente pecioladas; flores vermelho-claras ou cor de
púrpura (Ju lho- Setembro), regulares, em minúsculos capítulos, agrupados em corimbos densos;
aquénio preto com 5 ostas, com papilho; toiça ramosa, raiz branco-acinzentada, fibrosa, oblíqua, da
grossura de um dedo. Cheiro repugnante (raiz); sabor amargo. Partes utilizadas: folhas (antes da
floração), raiz (Primavera ou Outono); lavar e cortar a raiz às rodelas. Iii Componentes: resina, tanino,
essência, inulina, ferro, princípio amargo O Propriedades: aperitivo, colagogo, depurativo,
estimulante, laxativo, vulnerário. U. L, U. E. + V Ver: acrie rosácea, colesterol, convalescença, ferida,
fígado, obstipação, vesícula biliar.
Trevo-d’água

Menyanthes triftjliata L. Fava-d'água, trifólio-fibrino, fava-dos-pântanos,

trevo- dos-ch arcos, menianto Bras.: trevo-aquático, eupatário-de-avicena

G encianáceas

Quem já teve oportunidade de contemplar um trevo-d'água não poderá esquecê-lo ou confundi-lo com
qualquer outra planta. O caule subterrâneo, por vezes completamente coberto por 2 ou 3 ru de água,
tem ramos florais extremamente elegantes e é desprovido de folhas, ostentando uma bráctea sob cada
uma das flores. As folhas estão providas de grandes bainhas e de um limbo trifoliado. E, por isso,
frequentemente cultivado para ornamentar lagos e jardins. O trevo-d'água só pode ser colhido
introduzindo os pés na água, pois, no estado silvestre, não se desenvolve apenas nos meios húmidos,
necessitando ainda de águas estagnadas, como as dos charcos, das turfeiras ou dos prados alagados. O
seu nome deriva das palavras gregas mén, mês, e anthos, flor, ou seja flor do mês. Segundo algumas
opiniões, este nome é uma alusão ao tempo da floraçâo; para outros, refere-se à acção da planta sobre
a menstruação. As suas virtudes para o tratamento da atonia digestiva e das febres foram
progressivamente descobertas e confirmadas pela prática. Afirma-se ainda que uma chávena de trevo-
d'água ingerida diariamente pode prolongar o tempo de vida.

Habitat: Europa Ocidental, charcos, pântanos, turfeiras, valas; espontânea no Alto Minho e na serra da
Estreia. Identificação: de O,20 a O,40 m de altura. Aquática, vivaz, caule grosso, rastejante, enterrado
no lodo, com folhas escamosas e resíduos fibrosos dos órgãos precedentes alongando-se por artículos;
folhas grandes, trifoliadas, pecioladas; flores branco-rosadas (Abril-Junho), pediceladas, em cacho
erecto sobre um escapo que sai do caule prostrado, cálice verde com 5 lóbulos, corola caduca, dividida
em. 5 pétalas cobertas por grandes cílios crespos,

anteras arroxeadas; cápsula com 2 valvas Sabor acre. Partes utilizadas: folhas (Abril-Maio); secagem
rápida à sombra.
O Componentes: heterósido, meniantina, heterósidos flavónicos, colina, vitamina C, iodo, enzimas O
Propriedades: antiescorbútico, aperitivo, depurativo, emenagogo, estomáquico, febrífugo, tónico. U.
I., U. E. + Ver: apetite, asma, digestão, enjoo, febre, menstruação.

285
TussilaGem

Tussilagolárfiira L.

Unha-de-cavalo, unha-de-asno. erva-de-são-quirino,

farfara

Compostas

Filitis ante patrem, nome medieval da tussilagem, significa o filho antes do pai, e efectivamente os
seus capítulos amarelos, que têm certas semelhanças com os do taráxaco, nascem muito antes das
folhas, a partir do mês de Fevereiro. A tussilagem é vivaz e

resistente. Desenvolve-se em locais frescos, à beira dos caminhos, em areias e argilas, desde as orlas
marítimas até ao cimo das montanhas. As suas flores, que desabrocham no Inverno, permitem
reconhecê-la facilmente.

É uma planta extremamente útil. Utilizada em cosmética, faz desaparecer as rugas. Dá beleza à voz.
Na verdade, uma infusão das flores é benéfica para a tosse, do mesmo modo que a arnica cura os
inchaços e a nêveda-dos-gatos trata as cólicas.

Éconveniente coar as infusões de tussilagem para eliminar os pêlos dos papilhos, que podem provocar
irritações de garganta. Das folhas obtém-se um *tabaco+ delicioso que ajuda os fumadores no
decorrer de uma cura de desintoxicação difícil,

Habitat: Europa, solos argilosos ou calcários; em Portugal, sobretudo no Minho; até 2400 m.

Identificação: de O,08 a O,30 m de altura. Vivaz, caules floridos, erectos, tomentosos, cobertos de
brácteas, corados de vermelho; folhas em roseta, pecioladas, largas, espessas, poligonais, com bordos
sinuosos, dentados, verdes na página superior, brancas na inferior; flores amarelo-douradas
(Fevereiro-Abril), em capítulos solitários, sendo as do centro masculinas, tubulosas, e as da periferia
femininas, muito numerosas, com compridas lígulas estreitas; aquênio castanho, com papilho sedoso;
rizoma

carnudo. Cheiro apimentado; sabor amargo. Partes utilizadas: folhas, flores em botão, raízes e suco.
O Componentes: mucilagem, tanino, inulina, pigmentos, óleo essencial, sais minerais, especialmente
potássio e também cálcio, enxofre, ferro O Propriedades: depurativo, emoliente, expectorante,
resolutivo, sudorífico. U. L, U. E. + V O Ver: abcesso, asma, bronquite, entorse, ferida, pé, pele, ruga,
tabagismo, tosse, traqueíte, voz.

286
Ulmeira

Filipendula ulinaria (L.) Maxim. Erva-ulmeira, rainha-dos-prados, erva-das-abelhas

Rosáceas

A ulmeira é uma planta altiva e delicada que prefere os solos húmidos e frescos. Não obstante já ser
conhecida pelos botânicos medievais, as suas propriedades medicinais só foram descobertas no
Renascimento. Após uma época de celebridade, seguida do total esquecimento, nos inícios do século
XIX a planta é reabilitada por um pároco. Desde então, a sua importância terapêutica não mais deixou
de se confirmar. Após persistentes estudos, descobriu-se na planta fresca a presença de compostos
salicilados que lhe conferem uma acção benéfica nas dores das articulações. Além disso, é um
vasodilatador, um tónico do coração e activa a diurese. Devido às suas numerosas propriedades, é
ainda considerada um excelente remédio para a celulite e a obesidade.

A ulmeira deve ser utilizada fresca ou recentemente colhida e seca. A secagem deve ser rápida e a sua
conservaçao não deve ultrapassar um ano. As suas flores, muito perfumadas, conferem ao vinho
comum aroma e sabor muito apreciados.

O Nunca ferver a planta. Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica; até 1800 m. Identificação:
de 1 a 1,50 m de altura. Vivaz, caule robusto, duro e sulcado; folhas grandes, verde-escuras na página
superior, brancas na inferior, compostas por 5 a 17 folíolos, desiguais, serrados, sendo o terminal
trilobado, estipulas em forma de meia-coroa e serradas; flores b ran co- amareladas (Junho-Agosto),
pequenas, em cimeiras paniculadas, 5 sépalas,
5 pétalas obovadas, estames mais compridos, 5 a 9 carpelos glabros; semente castanha; raizes fibrosas.
Cheiro e sabor agradáveis e aromáticos. Partes utilizadas: sumidades floridas (antes do desabrochar),
folhas e raiz.
O Componentes: tanino, sais minerais, aldeíclo salicílico, salicilato de metilo, heterósidos flavónicos,
vitamina C O Propriedades: acistringente, antiespasmódico, cicatrizante, diurético, sudorífico, tónico.
U. I., U. E. + V o Ver: acne rosácea, arteriosclerose, banho, celulite, diarreia, diurese, edema, ferida,
gota, hipertensão, litíase, obesidade, reumatismo, rubéola, ureia.
Ulmeiro

Ulmus campestris L.

Olmo, ulmo, negrilho, lamegueiro, mosqueiro

Umáceas

Na Gália Franca, no século v, era frequente fazer justiça sob os ramos do ulmeiro, e sabe-se que a
partir do século IX esta árvore venerada abrigou à sua sombra as justas pacíficas dos trovadores. Era
então costume plantá-la nas povoações, no centro das praças públicas, e desses tempos longínquos
ficou o hábito de as pessoas se reunirem à sua volta todas as tardes para comentarem os
acontecimentos do dia. Existem na Europa três espécies de ulmeiros, que tendem a desaparecer: o u 1
meiro-peduncu lado, o ulmeiro-de-montanha e o ulmeiro-campestre, aqui representado. Este ulmeiro,
de madeira vermelha, é muito apreciado pelos marceneiros. Encontra-se na orla dos bosques, onde a
sua folhagem, disposta em mosaico, capta mais luz do que as de outras espécies.

O ulmeiro instala-se e desenvolve-se nos locais onde o vento dispersa os seus frutos alados. Pode viver
500 anos, e é uma árvore apreciada pelas suas virtudes desde a Antiguidade; as folhas tinham a
reputação de curar o mau humor; supunha-se que a raiz fazia crescer o cabelo; mesmo as galhas,
espécie de abcessos provocados pelas picadas de um insecto nas folhas, e a água de ulmeiro que estas
contêm eram utilizadas para tratar os olhos; os fitoterapeutas usam principalmente a casca e as folhas,
cujas propriedades, embora não muito eficazes, são consideradas válidas para manter a boa aparencia e
a saúde. As crianças gostam de roer os frutos do ulmeiro.

Habitat: Europa, planícies, solos frescos; espontâneo, subespontâneo ou cultivado em quase todo o
País; até 1300 m. Identificação: de 15 a 35 m de altura. Árvore; tronco cilíndrico, erecto, casca escura,
áspera e rugosa, com sulcos longitudinais, raminhos apertados, dispostos num mesmo plano; folhas
pecioladas, dísticas com base assimétrica, ovadas, acuminadas, baças, duplamente serradas, mais
claras e peludas na página inferior, na axila de nervuras bifurcadas; flores vermelho-escuras
(Fevereiro-Abril), hermafroditas, quase sésseis, em pequenos fascículos alternados,

sépalas soldadas, 5 estames; sâmara arruivada, quase séssil, com 1 semente excêntrica, rodeada de uma
grande asa, plana, glabra e chanfrada; toiça com turiões. Inodoro; sabor amargo, acre e mucilaginoso.
Partes utilizadas: casca mediana e folhas.
O Componentes: mucilagem, tanino, silício, potássio O Propriedades: adstringente, cicatrizante,
depurativo, sudorífico, tónico. U. L, U. E. + V o Ver: contusão, dartro, diarréia, leucorreia, olhos,
pele, reumatismo.
URTIGA-BRANCA *//* PARA REFAZER
A sua flor branca, com a forma de uma boca aberta, deu o nome à urtiga-branca. Lâmia surge na
mitologia grega como uma jovem amada por Zeus, cuja mulher, a deusa Hera, impetuosa e ciumenta,
manda matar o

filho ilegítimo. Lárnia sente então tal inveja das mães felizes que, transformando-se em

ogra, começa a roubar e a devorar crianças. A urtiga-branca desenvolve-se perto das casas, à beira dos
caminhos, nas clareiras e, apesar da lenda, revela-se totalmente inofensiva. Distingue-se das urtigas,
suas parentes picantes, devido às suas características fiores, com uma grande pétala superior formando
uma abóbada, e às folhas, de um verde muito claro. A urtiga-branca é de certo modo uma urtiga
morta, designação por que é também conhecida em vários países, pois nenhum dos seus pêlos pica.
Esta erva vivaz, invasora e vulgar é muito utilizada nos meios rurais, e justificadamente, pois é um
bom acistringente, tónico e vulnerário. As suas sumidades, colhidas antes da floração, podem ser
consumidas do mesmo modo que os espinafres ou em sopa. As suas flores são muito visitadas pelas
abelhas.

Habitat: Europa, excepto na região mediterrâ~ nica, bermas dos caminhos, clareiras, entulhos; até
2200 m. Identificação: de O,20 a O,60 m de altura. Vivaz, caule rígido, viloso, oco; folhas ovais,
cordiformes, serradas, vilosas, pecioladas; flores branco-amareladas (Abri I- Setembro), 5 a 8 por
verticilo na axila das folhas, cálice com 5 dentes compridos, corola arqueada com o lábio superior
peludo, em elmo, e o inferior com 2 lóbulos, 4 estames com anteras vilosas, castanhas; tetraquénio
truncado no cimo; rizoma estolhoso e esbranquiçado. Cheiro intenso, semelhante ao do mel; sabor
ligeiramente amargo. Partes utilizadas: planta inteira, sumidades floridas (Abril-Maio); secagem
difícil, à sombra para evitar o enegrecimento.
O Componentes: mucilagem, tanino, glúcidos, aminoácidos, óleo essencial, potássio O Propriedades:
acistringente, anti-inflamatório, depurativo, expectorante, hemostático, resolutivo, vulnerário. U. L, U.
E. + Ver: anemia, cabelo, cistite, diarreia, hemorragia, hemorróidas, leucorreia, menstruação.

289
UrtiGão *//* PARA REFAZER

Urtica dioica L.

Urtiga-maior Bras.: urtiga-mansa

Urticáceas

Muitas pessoas desconhecem que o urtig inimigo tradicional do homem, que o pe gue onde quer- que
se estabeleça, é u planta com inúmeras propriedades, imo zada em grande número de t >s’
Por'é

e"xto faz parte da sua natureza picar o@ desas dos; este facto deve-se na realidade a u mistura química
contida nos pêlos ocos c

ponta frágil localizados -nos pecíolos folhas, da qual apenas um décimo de mi grama é suficiente para
provocar um aurde prurido. Além do urtigã o, que na realid apenas é preciso saber colher, existe u

pequena urtiga cuja folhagem é totalme coberta por um manto destes pêlos urtica tes: é a urtiga-
menor, Urtica urens L., q tem de ser colhida com especial prudênc

Ambas as espécies são importantes, n

apenas pelas suas propriedades medicina mas também pelas suas qualidades nutri vas; é aconselhável
consumi-Ias, em sopa cozidas, 12 horas depois de colhidas. L gamente utilizadas na indústria para a e

tracção da clorofila, as suas fibras, dep de tecidas, fornecem ainda uma singular t verde extremamente
durável. O sumo azedas é muito eficaz para suavizar o ar

provocado pelas picadas destas plantas.

O Não consumir as sementes. Habitat: Europa temperada; em Portugal, locais cultivados, húmidos e
sombrios; até 2400 m. Identificação: de O,50 a 1,50 m de altura. Vivaz, caule erecto e simples; folhas
opostas, estipuladas, ovais, sendo as da base cordiformes, com dentes triangulares, peludas e
pecioladas; flores verdes (Junho-Outubro), dióicas, em espigas ramosas, minúsculas, 4 sépalas, 4
estames, ovário supero, estigma em forma de pincel; aquénio ovóide, 1 semente; rizoma rastejante.
Sabor acIstringente e ligeiramente azedo. Partes utilizadas: planta jovem, folhas (todo o

ano), rizoma e raízes (Outono); secagem rápida à sombra; os pêlos secos não são picantes.
O Componentes: acetilcolina, histamina, áci- dos fórmico e gálico, caroteno, vitamina C, clorofila,
tanino, potássio, cálcio, ferro, enxofre, manganésio, silício O Propriedades: adstringente, antianémico,
antidiabético, depurativo, diurético, galactagogo, hemostático, revulsivo. U. L, U. E. + V OW Ver:
afta, anemia, cabelo, ciática, cura de Primavera, diabetes, diarreia, edema, enurese, epistaxe,
hemorragia, leucorreia, menopausa, pele, picadas, psoríase, reumatismo, urticária.
Urze

CaIluna vulgaris (L.) Flull Torga-ordinária, mongariça, magoriça, quebra-panelas, queiró, carrasca,
carrasquinha,

urze-do-monte, barba-do-niato

Ericáceas

Pelo seu aspecto decorativo, muito semelhante ao de outras urzes do género Erica, a

Cafluna vulgaris confere aos locais que habita um encanto especial; arribas, charnecas, bosques pouco
densos de solos pobres alegram-se no fim do Verão com os tons das suas flores cor de violeta.
Algumas espécies cinegéticas do género tetraz vivem nesta vegetação.

A urze é um excelente nectarífero, pois fornece enn abundância às abelhas a substância para o fabrico
de um mel castanho muito apreciado na confecção de bolos. As raízes são utilizadas no fabrico de
cachimbos e as ramagens servem, na Bretanha, para cobrir os celeiros em substituição do colmo.

Para cultivar muitas espécies de plantas de interior, os jardineiros utilizam a terra de urze, formada
pela decomposição deste vegetal nas camadas superficiais do solo.

Os cachos floridos colhidos quando a flor começa a desabrochar constituem um remédio.para diversas
afecções renais.

Habitat: Europa; frequente em quase todo o País, nas terras áridas e incultas, pobres em calcário; até
2500 m. Identificação: de O,20 a 1 m de altura. Subarbusto lenhoso, sinuoso, podendo viver 40 anos;
folhas persistentes, opostas, imbricadas, lineares, sésseis, côncavas; flores cor-de-rosa (Julho-
Outubro), em cachos sensivelmente unilaterais, corola campanulada de 4 lóbulos, com metade do
comprimento do cálice petalóide, provido na base de pequenas brácteas verdes. Partes utilizadas:
sumidades floridas com as

folhas (Julho-Outubro), devendo ser utilizadas frescas.


O Componentes: arbustósido, resina (ericolina), óleo (ericinol), tanino, ácidos (fumárico e cítrico),
caroteno, amido, goma O Propriedades: acistringente, anti-séptico, diurético. U. I., LI. E. + V Ver:
acrie, albuminúria, banho, cistite, dartro, diarréia, enurese, nefrite, reumatismo.
Uva-ursina

Art-tostaph-Nllos uva-urvi (L.) Spreng.

Uva-de-urso, medronheiro-ursino, buxulo

Ericáceas

A uva-ursina, pequeno arbusto de caules rasteiros, cresce em densos maciços ou em

vastas manchas. Apenas os ramos floríferos se erguem ligeiramente. Da planície à montanba pode
invadir, em povoamento exclusivo, grandes extensões de matas e rochedos. Prefere os locais
pedregosos, secos e sombrios.

No século XVI, a Escola de Mompellier enalteceu as propriedades da uva-ursina co.mo diurético,


dissolvente dos pequenos cálculos e desinfectante das vias urinárias. Porém, no século XVIII esta
planta perdeu prestígio, provavelmente após qualquer erro no modo de utilização.

O tanino contido nas folhas serve, no Norte da Europa, para preparar as peles com que se fabrica o
couro da Rússia. Além disso, obtêm-se das folhas tintas castanhas, cinzentas ou pretas, dependendo do
reagente utilizado.

A uva-ursina foi importada em grandes quantidades da Ásia para a Europa com o

nome de ja(-kash(ípuk para ser misturada com o tabaco.

O nome de uva-de-urso refere-se aos seus frutos farinhentos e apetitosos, segundo se supõe muito
apreciados pelos ursos. Sabe-se, no entanto, que as abelhas visitam as suas

flores melíferas.

Habitat: Europa, com excepçao da zona sudeste; charnecas e matas das montanhas do Norte de
Portugal; até 2400 m. Identificação: de O,15 a O,30 m de altura. Subarbusto lenhoso com caules
compridos e prostrados; folhas persistentes, coriáceas, espessas, com pecíolo curto e inteiras; flores de
corola de cor rosada (Abril-Maio), gomilosa, caduca, levemente dentada, dispostas em cachos densos;
baga globosa, de 4 a 6 mm de diâmetro, tornando-se vermelha na maturação. Partes utilizadas: folhas,
secagem ao ar livre e ao sol.

O Componentes: tanino, peterósidos, sais minerais e ácidos málico, gálico e cítrico O Propriedades:
acistringente, anti-séptico, diurético. U. 1. + o Ver: cistite, enurese, rim, ureia.
Valeriana

Valeriana <?fficinalis L.

Valeriana-menor, valeriana-silvestre, valeri ana-selv agem, erva-dos-gatos

Valerianáceas

Atingindo por vezes 2 m de altura, a valeriana é uma planta de porte majestoso, folhagem graciosa e
flores pequenas e numerosas. Prefere as valas, os taludes ligeiramente frescos e a orla dos bosques,
instalando-se por vezes também em locais secos.

Foi mencionada pela primeira vez por Isaac, o Judeu, um médico egípcio do século ix. Na Idade
Média, foi considerada uma panaceia e, em 1592, Fábio Colonna atribuiu a cura da epilepsia à
utilização da valeriana. Nos inícios do século XIX. a valeriana era usada como febrífugo, em
substituiçã o da quinina. Actualmente, é um dos melhores sedativos para desequilíbrios nervosos.

Diferentes espécies de valeriana possuem propriedades análogas. Os índios do México, por exemplo,
recorriam a uma espécie indígena para suportar as fadigas e as privações. Pode também ser utilizada
como moderador do apetite; porém, em virtude da sua acção sobre os centros nervosos, um tratamento
deste tipo não deve prolongar-se por mais de oito dias consecutivos. O cheiro peculiar desta planta
exerce uma curiosa acção sobre os gatos, que, ao pressenti-Ia, nela se roçam com gosto.

Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica, prados húmidos, orlas dos bosques, taludes
sombrios, valas; até 2000 m. Identificação: de O,80 a 1,50 m de altura. Vivaz, caule erecto, robusto,
oco, canelado, pouco ramificado, folhoso; folhas opostas, imparipinuladas, com 5 a 11 folíolos largos
ou 11 a
23 estreitos, serrados; flores brancas ou cor-de-rosa (Maio-Agosto), pequenas, reunidas em cimeiras
umbeliformes, corola tulbulosa com 5 lóbulos e esporão, 3 estames; fruto coroado por um papilho
plumoso; rizoma curto, ramoso. Cheiro desagradável e intenso.

Partes utilizadas: rizoma, com as raizes, no estado fresco (Primavera ou Outono do segundo ou
terceiro anos); limpar imediatamente e secar ao ar.
O Componentes: óleo essencial, ácido valeriânico, alcalóides O Propriedades: antiespasmódico,
hipnótico, sedativo. U. L, U. E. + O Ver: angústia, apetite, asma, banho, celulite, cólica, contusão,
convulsão, depressão, menopausa, nervos, nervosismo, obesidade, palpitações, sono.
Vara-de-ouro

Solidago virga aurea L.

Virgáurea, verga-de-ouro, erva-forte

Bras.: solidago

Compostas

A vara-de-ouro é uma planta vivaz que cresce nas matas de coníferas, em solos ricos e leves. Existem
diversas espécies, distribuídas pelo Antigo e o Novo Mundo. Os seus portes são muito variáveis, todas
tendo de comum a época da floração, só no fim do Verão desabrochando as suas radiosas flores
douradas. Os botânicos consideram o género Solidago de difícil identificação; assim, devem observar-
se de preferência as partes visíveis da planta e dar menor importância aos pormenores microscópicos.

Algumas qualidades medicinais da vara-de-ouro são já assinaladas em textos do século XIII, se bem
que só no fim do século XIX a planta venha a ser utilizada em fitoterapia.

Actualmente, todos os médicos a conhecem devido ao seu pólen, uma das principais causas da febre-
dos-feno s, e também graças à sua benéfica acção adstringente, que se

manifesta com suavidade nos aparelhos digestivo e urinário e acalma as diarreias que muitas vezes
acompanham a dentição das crianças.

Uma espécie americana faz parte dos remédios tradicionais utilizados pelos Índios para mordeduras da
cascavel.

Habitat: Europa; Minho, Beira e litoral do Alentejo, em terrenos pedregosos e rochedos: até 2800 m.
Identificação: de O,30 a 1 m de altura. Vivaz, polimorfa, caule erecto, cilíndrico, glabro ou
ligeiramente pubescente, ramos floridos erectos, agrupados na extremidade superior do caule; folhas
ovais, sésseis, compridas, inteiras ou serradas, acuminadas, ligeiramente pubescentes; flores amarelas
(Julho-Outubro), de 10 a 20 em capítulos agrupados em cachos ou em panículas terminais, com
brácteas, flores do centro tubulosas com estames e pistilo e as da margem com 5 a 10 estames; aquénio

cilíndrico, com 8 a 12 costas, encimado por um papilho de pêlos desiguais, celheados; rizoma nodoso
e numerosas raízes. Sabor amargo. Partes utilizadas: sumidades floridas, a planta inteira com a raiz.
O Componentes: óleo essencial, tanino, saponósidos, pigmentos flavónicos, ácidos cítrico, oxálico e
tartárico O Propriedades: acistringente, anti-inflamatório, diurético, expectorante, vulnerário. U. I., U.
E. Ver: albuminúria, boca, cistite, colesterol, diarreia, eczema, edema, nefrite, úlcera, ureia.

294
Verbasco

Verbascum ihapsus L.

Barbasco, tróculos-brancos, erva-de-são-fi acre,

v ela-de-nossa- senhora

Escrofutariáceas

Sob a designação comum de verbasco, confundem-se frequentemente três ou quatro espécies do


género Verbascuin, o que não é relevante, pois todas têm propriedades semelhantes. De um modo
geral, a planta evoca a forma de um círio; o caule, não ramificado é guarnecido de flores até ao seu
terço supe: rior e de grandes folhas tomentosas na base. É uma planta melífera. Plínio aconselhava a

utilização do verbasco para tratar lesões ou afecções pulmonares. Além de possuir óptimas
propriedades béquicas, é um emoliente eficaz. Note-se, no entanto, que uma infusão de verbasco só
deve ser ingerida depois de coada por um pano fino, para eliminar os pélos do cálice e dos estames,
que provocam irritações na garganta e no aparelho digestivo. Além das flores, que fazem parte da
composição da *tisana das quatro flores,>, as folhas eram outrora utilizadas como pavios para
lamparinas de azeite, e os

escapos florais, para o aquecimento dos fornos dos padeiros.

As folhas e flores desta planta de cheiro agradável devem ser secas ao sol durante algumas horas e
seguidamente à sombra e

conservadas na obscuridade.

O Coar todas as preparações para eliminar os pêlos. Habitat: Europa, terrenos incultos, clareiras de
bosques e nos limites de campos; encontra-se de Trás-os-Montes e Minho ao Alentejo, embora não
seja muito frequente; até 400 m. Identificação: de O,80 a 2 m de altura. Bienal, caule único vigoroso,
erecto; folhas espessas cobertas de pêlos densos, enfeitrados, grandes, pecioladas, estreitas na base e
decorrentes; flores amarelo-claras (Junho- Novembro), em grossas espigas compactas, 1 estilete, cálice
pubescente, persistente, com 5 sépalas,

corola caduca, com 5 pétalas em forma de taça,


5 estames, dos quais 3 mais curtos com filetes cobertos de pêlos lanosos; cápsula oval. Partes
utilizadas: folhas e flores (Julho-Setembro).
O Componentes: óleo, mucilagem, saponósidos O Propriedades: depurativo, diurético, emoliente,
peitoral, refrescante, sedativo. U. L, U, E. + Ver: abcesso, asma, bronquite, cistite, cólica, frieira,
furúnculo, hemorroidas, nevralgia, prurido, pulmão, queimadura, rouquidão, sono, tosse, traqueíte.
Verbena

Verbena officinalis L. Urgebão, ulgebrão, gervão, gerivão, erva-sagrada,

algebrado Bras.: verbena-sagrada, erva-do-figado

Verbenáceas

*Um caule delgado e rígido, folhas medíocres, alguns ramos frágeis e hirtos e flores pequenas e
inodoras, dir-se-ia um arame.+ Assim descreve P. Fournier a verbena. Na verdade, o seu porte pouco
airoso não é atraente. Porém, na antiga civilização romana as aparências tinham pouca importância e a
verbena foi eleita planta sagrada, com a qual era hábito tocar os textos dos pactos para lhes conferir
uma maior autoridade. O nome de Verbena, atribuído nesse tempo a

todas as plantas sagradas utilizadas para este efeito, foi conservado na actual verbena. As coroas dos
embaixadores eram entrançadas com verbenas floridas. A planta era também utilizada para
purificações de pessoas, casas e dos altares das divindades romanas.

Os Celtas e os Germanos utilizavam-na

nas suas práticas de magia e feitiçaria, considerando-a uma poderosa panaceia. Mas toda esta
celebridade da verbena caiu no esquecimento. As infusões de verbena, tão vulgares actualmente, não
são preparadas com esta singular planta, mas com a Verbena odorata L., espécie muito mais
aromática.

Habitat: Europa, entulhos, baldios, taludes, bermas dos caminhos, frequente em quase todo o território
português, preferindo locais húmidos e sombrios, sebes, caminhos; até
1500 m. Identificação: de O,35 a O,80 m de altura. Vivaz, caule fino, erecto, quadrangular, canelado,
áspero nos ângulos; ramos delgados e afastados do caule; folhas inferiores opostas, mais ou menos
profundamente lobadas; flores lilases (Junho-Outubro), em espigas ao longo dos ramos, cálice
pubescente com 5 dentes, corola tulbulosa com 5 lobos desiguais, 4 estames inclusos; cápsula com 4
sementes. Inodora; sabor amargo. Partes utilizadas: planta inteira (na floração), secagem muito fácil.
O Componentes: tanino, mucilagem, saponásido, verbenalósido O Propriedades: acIstringente,
antiespasmódico, febrífugo, tónico. U. L, U. E. + 2@ Ver: celulite, ciática, contusão, febre, lactação,
litíase, lumbago, nervosismo, nevralgia, ouvido, reumatismo.
Verónica

Veronica officinalis L.

Verónica-das-farmácias, verónica-da-alemanha, chá-da-europa, verónica-macho, carvalhinha,

erva-dos-leprosos

Escrofulariáceas

Averónica é uma pequena planta rastejante das clareiras e dos cortes das florestas.

A planta conheceu um período áureo na


Alemanha nos séculos XVI e XVII. Os médicos deste país consideravam-na um remédio miraculoso
para a tísica e muitas outras afecções respiratórias e digestivas. Em
1690, Johann Franke consagrou-lhe exclusivamente uma obra de 300 páginas, o que confirma o alto
apreço atribuído às suas

propriedades. Actualmente, porém, é quase desconhecida. Para compreender este facto, é de admitir
uma confusão de nomes ou que os autores nã o se referissem à mesma planta, ou ainda, mais
provavelmente, a existência de condições excepcionais de vegetação

-4.x

de que a planta necessita, apenas verificadas em certas regiões e em determinadas épocas. É possível
também que a verónica tenha efectuado outrora a síntese de princípios activos que actualmente não
produz em quantidades doseáveis.

A verónica é um excelente sucedâneo do chá, como o confirma um dos seus nomes vernáculos. Após a
colheita, que se efectua durante a floraçã o, eliminam-se as folhas murchas e seca-se a planta em
ramalhetes.

Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica; matas abertas, orlas, clareiras, pastagens pobres, à
beira das valas; em Trás-os-Montes , Minho e Beiras, bosques, charnecas e montanhas; até 1000 m.
Identificação: de O,10 a O,40 m de altura. Vivaz, caules duros, prostrados, enraizados nos nós; folhas
opostas, acinzentadas, vilosas, com pecíolo muito curto ou nulo, limbo oval, ligeiramente serrilhadas,
por vezes arredondadas no vértice; flores azul-malva muito claras (Maio-Julho), em pequenos cachos
erectos, pedunculados, pouco densos, terminais ou

inseridos nos nós; fruto viloso, triangular, com um chanfro largo e pouco fundo. Sabor amargo e
acistringente. Partes utilizadas: sumidades floridas, folhas (Maio-Julho); secagem em molhos.
O Componentes: tanino, resinas, princípio amargo, aucubósido, ácidos orgânicos O Propriedades:
aperitivo, depurativo, estomáquico, expectorante, galactagogo, vulnerário. U. I., U. E. + O Ver:
aerofagia, apetite, bronquite, fadiga, fígado, icterícia, queimadura, rim, úlcera.
297
Viburno

Viburnum lantana L.

Caprifoliáceas

Mais pequeno que o noveleiro, o viburno distingue~se deste sobretudo pelos seus ramos recobertos de
pêlos estrelados. Os frutos, ovais ou ligeiramente achatados, são pretos quando maduros. Pouco
saborosos, são comestíveis logo que apresentam um começo de fermentação. A palavra lantana parece
derivar da palavra latina lantare, dobrar, aludindo assim à flexibilidade dos ramos jovens da planta. O
viburno tem uma

notável particularidade botânica: as gemas, cobertas de escamas durante o período de crescimento,


perdem-nas antes do início do Inverno. As duas primeiras folhas nascem, permanecendo, no entanto,
atrofiadas, e medem cerca de 1 cm; envolvem então a parte restante da gema e a futura inflorescência
que nela está encerrada, segregando uma espécie de pruína amarelada e viscosa que constitui um
revestimento protector contra o frio. A segunda casca da raiz contém uma substância viscosa que
produz uma

espécie de cola. As flores não possuem néctar, pelo que só são procuradas pelas abelhas devido ao
pólen.

O Uso interno apenas com receita médica. Habitat: Europa, bosques, sebes, silvados; até
1500 m. Identificação: de 2 a 3 m de altura. Arbusto; ramos tomentosos, com pêlos cinzentos e
estrelados, folhas grossas, quase brancas na página inferior, com nervuras salientes, pecioladas,
opostas, evadas, inteiras, denticuladas; flores brancas (Abril-Maio), muito pequenas, cimeiras
umbeliformes, baga verde, seguidamente vermelha e preta na maturaÇão. Cheiro intenso (flores);
sabor acre (bagas). Partes utilizadas: folhas e bagas.

O Componentes: ácido vilbúrnico O Propriedades: acistringente, refrescante. U. E. M Ver: anginas,


gengivas.
Vide-branca

Gematis vitalba L.

Cipó-do-reino, clernatite-branca

Bras.: cipó-cruz, cipó-una

Ranunculáceas

A vide-branca é uma das trepadeiras da flora europeia. Esta planta pode viver 25 anos, adquirindo o
caule, com a idade, a espessura de um arbusto. No Inverno, é reconhecível nos bosques devido ao
manto de suaves novelos prateados que a cobre inteiramente. Letal para os arbustos que a rodeiam, em
volta dos quais se enrolam os pecíolos das suas folhas, a vide-branca é também perigosa para o ser
humano e, excepto opiniã o médica contrária, é preferível destiná-la apenas a uso externo. Mesmo
neste caso, a sua utilização é arriscada; as folhas, aplicadas sobre a pele, provocam uma revulsão local,
sendo outrora utilizadas pelos mendigos profissionais para manter as chagas. A Gentatis recta L., que
não é uma planta trepadeira, mas forma moitas possui propriedades análogas às da Clema;is vitalba L.
Em baixo, à esquerda, está ilustrado um pequeno ramo da primeira destas espécies.

G Estritamente reservada ao uso externo. Habitat: Europa Central e Meridional, solos calcários,
azotados, bosques, moitas; de Trás-os-Montes ao Alentejo, nas sebes, muros e rochedos; até 1500 m.
Identificação: de 15 a 20 m de alturq. Arbusto; caule trepador, lenhoso, anguloso, robusto, que trepa
por meio dos pecíolos das folhas; folhas verdes, opostas, pinuladas, com 3 a 9 folíolos, serrados ou
crenados, ovais, pontiagudos ou cordiformes; flores brancas (Junho-Agosto), apétalas, com 4 sépalas
em cruz, tomentosas nas 2 faces, numerosos estames,

flores dispostas em panículas; poliquénio com compridos apêndices plumosos. Cheiro agradável,
pouco intenso, semelhante ao do pirliteiro; sabor picante e acre. Partes utilizadas: folhas (Verão).
O Componentes: saponósido, alcalóide, protoanemonina O Propriedades: revulsivo. U. E. + Ver: dor,
nevralgia, úlcera cutânea.

299
Violeta

Viola odorata L.

Viola, violeta-de-cheiro, violeta-roxa

Violáceas

Existem numerosas espécies de violetas, muitas das quais são inodoras ou ligeiramente aromáticas.
Esta espécie é sem dúvida, entre todas, a que possui o aroma mais delicado.

Os Antigos entrançavam-nas em coroas

com as quais cingiam a testa durante as orgias para dissipar as dores de cabeça provocadas pela
ressaca. Além disso, a raiz, que contém violina, é um vomitivo, embora esta propriedade fosse
desconhecida de Hipócrates, Dioscórides e dos autores do século XII, tendo sido detectada pelos
médicos árabes da Idade Média. O xarope de violeta, ainda hoje preparado, já era conhecido no século
XVI. À família das Violáceas pertencem cerca de 1000 espécies agrupadas em 16 géneros; são plantas
vivazes que se desenvolvem

em todos os continentes. Os Gregos na Antiguidade eram mestres na destilação de p@rfumes a partir


das flores, entre as quais se

salientavam a violeta, a alfazema, a melissa e a rosa. Os astrólogos, que consagram algumas flores aos
signos do zodíaco, associam a violeta aos nativos do Sagitário, grandes apreciadores da Primavera e da
vida ao ar livre. As flores fornecem às abelhas uma das suas primeiras colheitas de néctar entre Março
e Abril.

Habitat: Europa, sebes, prados, relvados, charnecas, bosques abertos; disseminada por todo o território
português, sendo também frequentemente cultivada; até 1000 m. Identificação: de O,10 a O,15 m de
altura. Vivaz, sem caules aéreos, estolhos alongados, radicantes e floríferos; folhas em roseta,
longamente pecioladas, sendo as adultas cordiforme-arredondadas e as outras reniformes; flores cor de
violeta-escuras (Março-Abril), solitárias sobre um pedúnculo radical, 5 sépalas obtusas, 5 pétalas, 2
superiores erectas, 2 laterais, 1 inferior chanfrada, com esporão; cápsula

pubescente com 3 valvas. Cheiro agradável (flores). Partes utilizadas: flores, folhas, raiz, sementes
(Julho-Setembro); secagem difícil à sombra, em camadas finas, virar frequentemente e secar as
sementes à parte.
O Componentes: salicilato de metilo, saponásido, vitamina C, mucilagem O Propriedades: emético,
emoliente, expectorante, purgativo, sedativo, sudorífico. U. L, LI. E. + Ver: bronquite, greta,
indigestão, intoxicação, olhos, tosse.

300
Visco-branco

Viscrim album L.

Lorantáceas

O visco-branco pertence a uma enorme família de cerca de 1400 espécies que vivem todas
parasitariamente, podendo instalar-se em mais de uma centena de espécies de árvores sobre cujos
ramos formam volumosas manchas arredondadas que se conservam verdes durante todo o ano. A
disseminação da planta é assegurada pelas aves, sobretudo pelos tordos e melros, que ingerem os seus
frutos, deixando sobre os ramos onde pousaram as sementes não digeridas. Estas germinam, produzem
um haustório que penetra na

casca e que, por sua vez, emite raízes que se introduzem na madeira. O carvalho é uma das árvores
que, na maior parte dos casos, resiste ao visco; devido à sua raridade, o visco do carvalho era
considerado sagrado pelas civilizações antigas, havendo conhecimento de um cerimonial de
purificação indispensável entre os druidas para fazer a sua colheita.

Desde então, o visco conservou um papel tradicional de portador de felicidade para os lares que
ornamenta aquando das festas de fim de ano. O visco-branco tem cheiro desagradável quando seco e
possui um sabor amargo.

O Não utilizar os frutos; as folhas não devem ser escaldadas ou fervidas. Habitat: Europa, excepto o
extremo norte, sobre a tília, a macieira, a pereira, o choupo; parasita de macieiras e pereiras,
principalmente no Alto Minho e Estremadura; até 1300 m. Identificação: de O,20 a O,50 m de altura.
Subarbusto; caules verdes, articulados, lenhosos e em tufos esféricos; ramos espessos e cilíndricos;
folhas opostas, persistentes, oblongas e carnudas; flores amarelo-esverdeadas (Março-Abril), em
fascículos sésseis, tendo as masculinas 4 sépalas e 4 estames e as femininas 4

dentes que envolvem 2 carpelos soldados; baga redonda com polpa viscosa, branca e transiúcida; raiz
curta, espessa, peneirando no tecido vivo do seu hospedeiro. Partes utilizadas: folhas mondadas,
frescas ou secas (antes da formação dos frutos).
O Componentes: colina, derivados triterpénicos, alcalóide O Propriedades: antiespasmódico, diurético,
hipotensor, purgativo. U. L, U. E. + o Ver: albuminúria, arteriosclerose, circulação, edema, epilepsia,
frieira, hipertensão, leucorreia, menopausa, nervos, tosse.

301
Vulnerária

Anthy11is vulneraria L.

Leguminosas

A vulnerária desenvolve-se frequentemente em densas moitas, rente ao solo, erguendo


seguidamente os seus caules floridos e dourados e formando autênticos tapetes de magnífico aspecto.
A origem da palavra Anthy1lis é grega e deriva de anthos, flor, e ioulos penugem, numa alusã o ao
seu cálice viloso Assim, o néctar das suas flores melíferas não está ao alcance das abelhas. Nos prados,
a vulnerária é avidamente pastada pelo gado, para o qual constitui um excelente alimento; no entanto,
o seu rendimento como forragem não é importante, pois, se

bem que a sua folhagem seja densa, o seu

desenvolvimento em altura é muito limitado. Estas plantas demonstraram um curioso mimetismo.


Uma colónia de vulnerárias transplantada de uma planície para 2400 m de altitude

adquiriu totalmente, ao cabo de 12 anos, a mesma coloração vermelha das flores de uma, espécie
vizinha, Anthy11is dillenii Schultes.

Os Antigos e os médicos da Idade Média não deram qualquer importância à vulnerária. Nos meios
rurais, as suas propriedades vulnerárias foram descobertas por empirismo; as suas flores fazem parte
da composição do chá-suíço, depurativo muito utilizado.

Habitat: Europa, relvados secos, taludes, rochedos, solos calcários; em Portugal, cresce em matos,
pinhais, locais áridos e secos do Norte e Centro; até 3000 m. Identificação: de O,05 a O,40 m de
altura. Bienal ou vivaz, caules prostrados ou ascendentes, folhas em roseta basilar, tendo as inferiores
um só folíolo, sendo as outras compostas por 3 a 6 pares de folíolos e a terminal maior; flores
amarelas (Maio-Setembro), na extremidade de um caule floral erecto, com inflorescência globosa
rodeada de brácteas verdes, cálice muito viloso com 2 lábios, com uma intumescência

em forma de bexiga, corola papilionácea com estandarte curto vagem inclusa com 1 ou 2 sementes.
Sabo@ amargo. Partes utilizadas: toda a planta, flores, inflorescências; secagem à sombra em camadas
finas; mexer o menos possível para evitar que as flores caiam.
O Componentes: tanino, saponósidos, flavonóides O Propriedades: acistringente, depurativo,
vulnerário. Li. E. Ver: contusão, ferida.

302
Zaragatoa

Plantago psyllium L. Psílio, erva- das-pulg as, erva-pulgueira

Plantagináceas

Azaragatoa pertence ao mesmo género das tanchagens, sendo, no entanto, muito diferente destas
^devido ao seu caule extensamente coberto de folhas e às suas frágeis espigas de flores brancas.
Espontânea, cresce nos solos áridos e arenosos e nos entulhos. Das sementes brilhantes, pequenas e
coroadas de Astanho advém-lhe o nome de psyllium, da palavra grega psylla, pulga; a sua semelhança
com este insecto inspirou os nomes vernáculos. As sementes, que contêm abundante mucilagem, têm a
propriedade de regularizar o funcionamento dos intestinos, acção já conhecida, aliás, pelos médicos
egípcios há mais de 10 séculos antes de Cristo. Maceradas em água, produziam uma loção
calmante para os olhos fatigados de cor escura; para os olhos claros, utilizavam- .se de preferência
os fidalguinhos. Misturadas com outras sementes, constituem a alimentaçã o das aves em cativeiro.

A zaragatoa é cultivada em quantidade para satisfazer as necessidades farmacêuti-cas. Outrora, a


indústria utilizava-a também no acabamento das musselinas. Das folhas jovens e frescas, misturadas
com o taráxaco na Primavera, faziam-se saladas, apreciadas pelas suas virtudes depurativas.

Habitat: região mediterrânica, solos pobres e arenosos; frequente em Portugal, terrenos incultos,
searas, muros e areias; até 1000 m. Identificaçã o: de O,10 a O,35 m de altura. Anual, caule herbáceo,
erecto ou ascendente, folhoso, pubescente e pouco ramificado; folhas sésseis, opostas ou verticiladas
em grupos de
3, lisas, pubescentes e glandulosas; flores esbranquiçadas (Abril-Julho), pequenas, em espigas
globosas, pedunculadas, com brácteas curtas, cálice com sépalas iguais, corola com tubo enrugado
transversalmente; pixídio que se abre por uma fenda circular e contendo

2 sementes brilhantes, castanhas, lisas, marcadas dorsalmente por uma linha média clara e
longitudinal, esbranquiçada e esbatida na face oposta; raiz delgada. Partes utilizadas: sementes
(Outono); conservação em sacos de papel ao abrigo da humidade.
O Componentes: mucilagem, óleo O Propriedades: emoliente, laxativo. LI. L, U. E. O Ver: diarréia,
obstipação, queimadura, úlcera cutânea.
Zimbro-comum

Juniperus communis L.

Zimbro

Coníferas

Esta espécie encontra-se na Europa, onde pode sobreviver a grandes altitudes, geralmente até 2500 m,
embora nessas regiões geladas apresente um aspecto definhado e irregular, em formas prostradas e
contorcidas. Em climas menos rigorosos desenvolve-se com um certo vigor e assume aspectos
diferentes conforme a espécie. Possuindo pequenas agtk4has aceradas, o zimbro tem o aspecto de um
silvado agreste no meio do qual amadurecem, no decorrer do segundo ano de vida > frutos azul-
escuros, cobertos de uma pruína baça; são as *bagas+ de zimbro.

O seu sabor conferiu à planta o nome científico da espécie, derivado da palavra celta juneprus, acre.

Estas falsas bagas tiveram na Idade Média uma extraordinária celebridade, pois supunha-se que faziam
curas miraculosas. No século xvi, eram consideradas como uma panaceia e um antídoto universal.
Actualmente, sã o utilizadas devido às suas virtudes diuréticas e aperitivas e às suas propriedades
culinárias, pois entram na confecção de alguns pratos da cozinha curopeia e servem para condimentar
o presunto fumado e a
choucroute; constituem ainda o elemento base na preparação do gin.

Em doses elevadas, os frutos podem provocar irritações no aparelho urinário; proibido às grávidas.
Habitat: Europa, terrenos expostos ao sol; Minho e Trás-os-Montes; até 2500 m. Identificação: de
O,50 a 6 m de altura. Arbusto; tronco com casca rugosa, cinzenta, pernadas erectas e ramos jovens
com secção triangular; folhas de cor verde-glauca e brancas, muito epinescentes, inseridas em grupos
de 3; flores amareladas (Abril-Maio), dióicas, pouco visíveis, agrupadas em pequenos amentilhos na
axila das folhas; fruto (gálbula) verde e depois azul-escuro, com pruína, tendo no ápice uma fenda
estrelada com 3 sementes triangulares. Partes utilizadas: ramos folhosos, frutos; secagem em camadas
finas em local arejado; remover com frequência; conservação difícil.
O Componentes: óleo essencial, resina, glúcidos, ácidos orgânicos O Propriedades: aperitivo,
carminativo, depurativo, diurético, emenagogo, rubefaciente. U. I., U. E. + V M Ver: acne, apetite,
bronquite, cistite, desinfecÇão, edema, ferida, hálito, menstruação, reumatismo.

304
As plantas cultivadas
PLANTAS CULTIVADAS

Abóbora

Cucurbita pepo L.

Abóbora-amarela, abóbora-porqueira, curcúbita

Bras.: jerimum, jerimu, abóbora-amarela,

abóbora-moranga

Cucurbitáceas

A abóbora foi um dos primeiros legumes importados do Novo Mundo; originária da América Central,
chegou à Europa no século XVI, bem como a sua parente próxima, a

abóbora-menina, Cucurbita maxima Duch. Aquosa, pobre em prótidos e lípidos, pouco doce, a sua
polpa tem um fraco valor nutritivo. Contém, no entanto, vitaminas A e C, enzimas e numerosos
oligoelementos. Bastante agradável ao paladar e muito digestiva, a abóbora bem cozida, preparada em
puré ou em sopa, é um alimento adequado para estômagos sensíveis, não sendo, no entanto,
estimulante do apetite: um pouco de tomilho e de hortelã fresca compensam a insipidez do seu sabor.
A abóbora-menina é um pouco mais nutritiva. As sementes, tóxicas para os

vermes como a ténia e os áscaris, são inofensivas para o homem.

o Propriedades: emoliente, laxativo, verinífugo. U.l., U.E. + O Ver: cistite, diarreia, nefrite,
obstipação, parasitose, queimadura, reumatismo.
Abrótano

Artemisia abrotonum L.

Abrótano-macho, erva- lombrigueira

Compostas

Esta espécie de Artemisia, de folhas delicadamente divididas em lacínias glabras, e

com o aroma viçoso do limão, era outrora muito cultivada como planta medicinal e

aromática em extensas zonas da Europa. Não é conhecida em parte alguma no estado espontâneo.
Deriva possivelmente de uma

espécie disseminada na Europa Oriental e na

Sibéria. Embora cresça ainda actualmente nos jardins q, mais raramente, nos cemitérios, perdeu quase
completamente a sua antiga reputação de planta medicinal. Efectivamente, o abrótano tinha na Idade
Média um grande prestígio, sendo receitado tanto para dores de estômago e mordeduras de serpentes,
como para os possessos do Demónio. Embora ainda apreciada no Renascimento, passou no século
XVIII a ser apenas considerada um sucedâ neo da losna, porém

com gosto agradável. Como a losna, o abrótano é estimulante, especialmente do aparelho digestivo;
porém, tal como aquela planta, deve ser utilizado com prudência e moderação. Outrora, era hábito
colocar ramos de abrótano nos armários para perfumar a

roupa e afastar os insectos, pelo que esta planta também é conhecida por guarda-roupa. o
Propriedades: anti-séptico, cicatrizante, emenagogo, estimulante, sudorífico, verinífugo, vulnerário.
U.l., U.E. + V O Ver: anemia, apetite, cabelo, ferida, inénstruação, meteorismo, parasitose.

Açafrão

Crocus sativus L.

Erva-ruiva, açaflor Bras.: açafrão-oriental, flor-da-aurora, flor-de-hércules

Iridáceas

No Outono, as flores cor de violeta desta bela planta originária do Mediterrâneo Oriental apresentam
um estilete frágil dividido no cimo em três ramificações dilatadas e alaranjadas, os estigmas. Estes
constituem o açafrão-oficinal e condimentar, produto extremamente caro em todas as é pocas, pois são
necessárias entre 120 000 e 140 000 flores para obter 1 kg de açafrão seco. Deve a sua cor vibrante à
presença de um carotenóide. Citado no papiro egípcio de Ebers, no Cântico dos Cánticos e na Ríada, o
açafrão teve outrora, conservando-as até ao século xVIII, mais aplicações medicinais do que
condimentares. Dioscórides, no século 1, considerava-o antiespasmódico; a medicina árabe atribuía-
lhe propriedades emenagogas; durante a Idade Média e também no Renascimento, era receitado para
tratar inúmeras doenças.

Os estigmas contêm óleo essencial aromático, irritante, associado a um heterósido amargo. Mantendo
um preço mais elevado que as outras especiarias, o açafrão não é utilizado em todas as aplicações para
que tem qualidades. o Propriedades: emenagogo, estimulante, hipnótico, sedativo, tónico. UA, U.E. +
Ver: apetite, bronquite, digestão, frigidez, gengivas, impotência, menstruação, tosse.

AcelGa

Beta vulgaris L., var. cicla Pers.

Celga

Quenopodiáceas

De entre o grande número de verduras de origem exótica, a acelga singulariza-se pela sua origem
europeia. Deriva, na realidade,
306
denominadas impropriamente folhas, e a

folha larga e muito recortada, unida ao caule, que é a parte utilizada em medicina. A alcachofra-
verdura, especialmente quando crua, possui ,se bem que menos eficazes, as propriedades das folhas. É
um alimento que pode ser consumido pelos diabéticos. Depois de cozida, a alcachofra altera-se muito
rapidamente e produz toxinas, pelo que, após a cozedura, deve ser imediatamente consumida. Aliás, o
vegetal é menos indigesto se for submetido a uma cozedura rápida. A sua acção prejudica a secreção
láctea, pelo que não deve ser ingerido durante a lactação. Supõe-se que a infusão das folhas,
extremamente amarga, tem uma actividade benéfica sobre as paredes vasculares, pois parece fazer
baixar o teor de colesterol sanguíneo. o Propriedades: antidiarreico, aperitivo, colagogo, colerético,
depurativo, diurético, hipoglicemiante, tónico. U.l. + V O Ver: arteriosclerose, celulite, colesterol,
diabetes, esterilidade, fígado, gota, obesidade, ureia, vesícula biliar.

Alcaparra

Capparis spinosa L.

Bras.: alcaparro

Caparidáceas

Subarbusto indígena das costas mediterrânicas, cresce junto aos muros, que ornamenta com as suas
flores brancas. Cultivada desde a Antiguidade na sua área de origem, foi uma das plantas
condimentares mais apreciadas pelos Gregos e Latinos, que consumiam os seus tenros botões florais.
Os médicos antigos utilizavam a casca da sua raiz, que consideravam diurética, tónica, adstringente e
antiespasmódica, e receitavam-na para doenças do fígado e do baço, certas paralisias e estados
histéricos e depressivos. Para uso externo, a decocção da raiz era utilizada para a lavagem de feridas e
úlceras. As alcaparras frescas contêm um teor bastante elevado de um flavonóide que fortalece as
paredes dos capilares e a sua tonicidade. o Propriedades: antiespas módico, aperitivo, detersivo,
diurético, tónico. U.l., UX. Ver: apetite, úlcera cutânea.

Alface-de-cordeiro

Valerianella olitoria (L.) Poll.

Alface-de-coelho

Valerianáceas

Segundo Alphonse de Candolle, historiador


308
de plantas cultivadas dos finais do século passado, esta humilde planta, parente da valeriana, seria
originária da Sardenha e da Sicília, de onde a sua cultura se expandira posteriormente por grande parte
da Europa. Actualmente, de qualquer modo, além da sua característica hortícola, a alface-de- cordeiro
surge vulgarmente na Primavera, nos campos, nos jardins e até em muros velhos. No século XVI, o
poeta Ronsard mencionou pela primeira vez esta pequena planta silvestre que a selecção hortícola mais
tarde transformou em deliciosa hortaliça, ligeiramente mucilaginosa, que lamentavelmente não se
encontra com facilidade. A alface-de-cordeiro preparada em salada é bem tolerada pelos estômagos
sensíveis. A sua riqueza em provitamina A confere-lhe propriedades que contribuem para o equilíbrio
do crescimento, a luta contra as infecçõQs, a beleza da pele e a cicatrização de feridas. A alface-de-
cordeiro tem inúmeras plantas espontâneas afins na flora européia, entre as quais a Valerianella
carinata Lois., a Valerianella discoidea Lois., a V. coronata (L.) DC., a V. microcarpa Lois. e outras. o
Propriedades: depurativo, emoliente, laxativo. U.l. Ver: artritismo, cura de Primavera, obesidade.

Alfaces

Lactuca sativa L., alface, alface-hortense Lactuca scariola L., alface-brava-menor,

alface-silvestre

Compostas

A alface-brava deriva de uma espécie espontânea muito vulgar nos baldios das regiões temperadas da
Europa e da Ásia; a alface cultivada, de forma repolhuda, pelo contrário, tem uma origem imprecisa,
provavelmente da Ásia Ocidental. Aliás, é possível que se ligue geneticamente à primeira. Os Gregos
e os Romanos já comiam alfaces, e

inúmeras selecções hortícolas diversificaram-nas tanto que seria quase impossível fazer o censo de
todas as suas variedades.

Com 95% de água, a alface, um alimento de fraco valor, é, no entanto, aperitiva e

refrescante. Aliás, seria errado negligenciar as suas vitaminas, os seus minerais e os seus
oligoelementos, sobretudo o iodo, o níquel, o cobalto, o manganésio e o cobre. Cozida e aplicada em
cataplasma sobre a epiderme, tem um efeito suavizante. Tal como as espécies bravas, mas em menor
quantidade, as alfaces cultivadas contêm lactucário no seu suco leitoso. Este produto, cuja composição
é complexa, exerce uma acção analgésica, sedativa e hipnótica que torna a salada salutar, ingerida na
refeição da noite, para as

pessoas nervosas e que sofrem de insônias.


Cozida ou em puré, a alface constitui uma refeição excelente e leve de fácil digestão. o Propriedades:
analgésico, antiespasmódico, emoliente, hipnótico, sedativo. U.l., U. E. + V O Ver: acrie, acne
rosácea, nervosismo, pele, sono, tosse convulsa.

Alfarrobeira

Ceratonia siliqua L. Figueira-do-egipto Bras.: figu eira- do- egipto, fruto- de-pitágoras

Legumiriosas

Esta pequena árvore sempre verde, originária da região mediterrânica oriental, estende-se até aos
confins do Sara e à Ásia Ocidental. É árvore subespontânea em Portugal, cultivada especialmente no
Algarve, onde se distinguem desde tempos imemoriais quatro formas de alfarrobeira: mulata, de burro,
canela e galhosa, sendo a primeira a mais frequente. Introduzida na Península na Idade Média pelos
Árabes, a cultura da alfarrobeira tornou-se ali regressiva, aliás como em todas as costas do Norte do
Mediterrâneo. Nas regiões mais desfavorecidas, mantém-se como cultura complementar apreciável. As
alfarrobas, que parecem ter sido alimento de S. João Baptista no deserto, são longas vagens de cor
castanha enegrecida que contêm entre 12 e 16 sementes duras mergulhadas numa polpa avermelhada,
primeiro amarga, depois adocicada. Laxativas no estado fresco, as alfarrobas são antidiarreicas quando
secas. A farinha da polpa seca, que actua como uma autêntica esponja em relaçã o às toxinas do tubo
digestivo, dá excelentes resultados no tratamento das infecções intestinaís, especialmente em crianças
pequenas. o Propriedades: antidiarreico, emoliente, laxativo. U.l. + O Ver: diarréia, obesidade.

Alho

Allium sativum L.

Liliáceas

Provavelmente originário das estepes da Ásia Central, cultivado desde tempos muito remotos e
aperfeiçoado até à obtenção de variedades caracterizadas por um enorme bolbo no Próximo Oriente e
no Mediterrâneo Oriental, introduzido na Europa logo nos primórdios da agricultura, o alho é,
indubitavelmente, o mais importante dos condimentos -remédios. Embora actualmente seja apenas
utilizado em culinária, as suas virtudes medicinais são inúmeras. Ao incluí-lo em profusão na ementa
dos construtores da pirâmide de Gizé, os Egípcios no
5.O milénio a. C. já reconheciam as suas propriedades estimulantes. Aquando do Êxodo, os Hebreus
consideravam-no uma das mais preciosas riquezas que foram forçados a abandonar no Egipto.
Símbolo da força física para Aristófanes, o alho é citado por todos os médicos e naturalistas da
Antiguidade. No século 1, Dioscórides considerava-o uma panaceia. Porém, os deuses não
apreciavam os efeitos que provocava no hálito, e assim aos fiéis que o ingeriam era interdita a
entrada nos templos. Preventivo, mas não curativo, da peste na Idade Média, o alho permaneceu, nos
meios rurais, o remédio quase universal.

O cheiro especial e a maioria das propriedades do alho devem-se à presença no bolbo de uma essência
sulfurada, cujo produto activo, a alicina, revela uma considerável acção antibiótica. Contém ainda
enzimas, hormonas sexuais, as vitaminas B 1, B2, PP e C, provitamina A, sais minerais e
oligoelementos.
Antibiótico, o suco fresco de dente de alho, mais enérgico que a essência isolada, dificulta o
desenvolvimento de inúmeros germes patogénicos. O princípio activo da alicina, volátil, determina a
sua acção anti-séptica, mesmo a uma certa distância; assim, a máscara repleta de alho usada pelos
médicos medievais desempenhava um papel de protecção evidente. Durante a 11 Guerra Mundial os
soldados russos estavam providos de dentes de alho que esmagavam nos bordos das feridas para evitar
as infecções. o Propriedades: antidiabético, antiespasmódico, anti-séptico, calicida, diurético,
estimulante, expectorante, hipotensor, tónico, vermífugo. UA, U.E. + O Ver: abcesso, apetite,
arteriosclerose, asma, cancro, circulação, coração, diarréia, enfisema, epidemia, ferida, gota,
hipertensão, litíase, ouvido, parasitose, picadas, pulmão, réumatismo, tabagismo, tosse convulsa,
úlcera.

Alho-poRRo

Alhum porrum L.

Porro-hortense

Bras.: alho-macho, alho-poró

Liliáceas

Existem muitas razões para acreditar que o


alho-porro deriva do porro-bravo, Allium ampeloprasum L., espécie propagada em

toda a região mediterrânica e festim na Primavera para os apreciadores de plantas silvestres. A sua
cultura é tão antiga como a da

cebola, e tanto a história dietética como a terapêutica dos dois legumes são similares.
O alho-porro exerce uma acção diurética; muito aquoso, é no entanto bastante rico em mucilagem,
contém numerosos sais minerais e, como os outros Allium, enxofre. Bem

309
PLANTAS CULTIVADAS

cozido, é um alimento fácil de digerir. As suas propriedades medicinais são inúmeras e

valiosas. A água da sua cozedura, se tiver pouco sal, tem um elevado poder diurético.
O bolbo cru acalma rapidamente as picadas dos insectos. * Propriedades: anti-séptico, diurético,
emoliente, expectorante, laxativo, resolutivo. U.I., U.E. + V Ver: abcesso, albuminúria, alcoolismo,
anginas, arteriosclerose, artritismo, bronquite, cabelo, convalescença, digestão, diurese, edema,
esterilidade, ferida, furúnculo, obesidade, obstipação, panarício, pele, picadas, rim, tez, tosse, ureia.

Ameixeira

Pruntis domestica L.

Ameixoeira, ameixieira

Rosáceas

É muito provavelmente um híbrido derivado do abrunheiro-bravo, Prunus spinosa L., e

do Prunus cerasifera Ehrh., que crescem conjuntamente no Sudeste Europeu e na Ásia Ocidental. A
ameixeira é cultivada desde tempos remotos no Médio Oriente, sendo já conhecida pelos Latinos no
século I. Dela deriva o abrunheiro, Prumís domestica L., Subespécie insititia Schneid., com frutos
bastante pequenos, globosos, geralmente de cor

azul-escura ou púrpura. A amêndoa dos caroços contém uma substância que produz ácido cianídrico,
pelo que pode ser perigosa. A ameixa fresca contém 84% de água, entre 8 e 11% de glúcidos, 1,5% de
ácidos orgânicos, uma quantidade notável de provitamina A, os minerais clássicos e um pigmento. A
ameixa passada, ou seja seca, tem uma percentagem de glúcidos de cerca de 60%, dos quais 44% são
açúcar, tornando-se assim um

alimento de elevado valor energético, tónico e depurativo e um laxante de fama milenar. o


Propriedades: depurativo, estimulante, febrífugo, laxativo, tónico. U.l. Ver: fadiga, febre, fígado,
obstipação.

Amendoeira

Pruntis amygdalus Batsch (= Amygdalus communis L.)

Bras.: amêndoas

Rosáceas

A amendoeira está difundida no estado espontâneo, sob diversas formas, do mar Egeu ao Pamir.
Cultivada desde há milénios na Ásia e introduzida na Europa pelos Gregos nos séculos v ou vi a. C., é
actualmente cultivada e está aclimatada em todas as regiões meridionais. Existem duas variedades
morfologicamente indistintas; a mais semelhante ao tipo espontâneo tem sementes amargas, e
a outra, sementes doces.
Rica em óleo, proteínas e glúcidos, com

grande quantidade de vitaminas BI, B2, PP, B5, B6, provitamina A e substâncias minerais, a amêndoa
doce é um alimento de elevado valor nutritivo. Contudo, deve ingerir-se moderadamente, no máximo
12 a 15 amêndoas por dia. A amêndoa seca é indigesta, pelo que deve ser consumida depois de
torrada.

O leite de amêndoas obtido pela trituração da semente pelada com açúcar, seguida de diluição da pasta
resultante em água, tinha outrora numerosas aplicações. O óleo de amêndoas doces ou amargas,
extraído por pressão (após destilação das substâncias tóxicas), é um óptimo laxativo. Reputado
cosmético desde há séculos, amacia e tonifica as peles secas, acalma os pruridos e acelera a cura das
dermatoses e das queimaduras superficiais. As amêndoas amargas, outrora frequentemente receitadas
devido às

suas propriedades antiespasmódicas e sedativas, contêm, como muitas outras sementes do género
Prutius, uma substância que produz ácido cianídrico em teor elevado: basta a ingestão de 10
amêndoas, ou até de menor quantidade, para causar graves perturbações, e 20 podem ser fatais.
Grande número de amendoeiras, outrora plantadas para extracção do óleo, nas regiões meridionais dão
amêndoas amargas. o Propriedades: antianémico, antiespasmódico, emoliente, laxativo,
remineralizante, sedativo. U.l., U.E. + V O Ver: alcoolismo, anemia, astenia, convalescenç a,
crescimento, digestão, eritema, gravidez, greta, obstipação, pele, prurido, queimadura, sono, tosse.

Amoreira-ne

ra

Morus nigra L. Amoreira-preta Bras.: amora-preta, amora-da-silva

Moráceas

Esta frutífera pouco conhecida não deve ser

confundida com a sua parente próxima, a amoreira-branca, Morus alba L., alimento do bicho-da-seda,
que dá também geralmente frutos negros em forma de amora alongada. Os frutos (soroses) da
amoreira-negra, desprovidos de pedúnculo, são grandes e muito ácidos antes da maturação, tornando-
se depois agridoces; os frutos da amoreira-branca, sempre pedunculados, são mais pequenos, insípidos
e depois doces e sem acidez. Árvore oriunda da Ásia Ocidental, a amoreira-negra foi há muito
introduzida na Europa Mediterrânica. Os Gregos e os Romanos apreciavam os seus frutos, sempre
abundantes, de gosto delicioso, misto de groselha e

310
framboesa. Porém, as amoras são de difícil conservação e sujam de uma cor púrpura-escura as mãos
de quem as colhe. Por estas razões, possivelmente, a árvore está em vias de extinção. Apenas se
encontram alguns exemplares nas regiões meridionais. A amora contém cerca de 10% de açúcar e, em
pequena quantidade, vitaminas. As crianças apreciam o seu xarope, refrescante, e a sua

excelente geleia. As folhas, outrora consideradas febrífugas e adstringentes, são há muito utilizadas
como antidiabético nos Baleãs. o Propriedades: adstringente, hipoglicemiante, laxativo, refrescante.
U.l., UX. O Ver: afta, anginas, boca, obstipação.

Anis

Pimpinella anisum L.

Anis-verde, erva-doce

Uinbelíferas

O anis é cultivado em todo o Sul da Europa e um pouco também mais ao norte. Evadindo-se das
plantações e jardins, desenvolve-se espontaneamente, se bem que de modo esporádico. A sua origem
permanece um mistério, pois, introduzido na Ásia em tempos muito remotos, desconhece-se qualquer
zona onde exista no estado espontâneo.

Dos frutos, a única parte da planta utilizada, ricos em óleo e proteínas, obtém-se, por destilação pelo
vapor, uma essência de aroma e sabor característicos e que em doses elevadas é tóxica, sobretudo
quando alterada devido à exposição ao ar e à luz. Era um dos mais nocivos componentes do absinto e
entra ainda na composição de alguns aperitivos.

O anis, perfeitamente inofensivo em doses medicinais, é um excelente estimulante da digestão.


Antiespas módico, é indicado para tratar perturbaçõ es nervosas ligeiras, distúrbios gastrintestinais de
origem nervosa e

espasmos do aparelho respiratório. O anis é utilizado para mascarar o gosto desagradável de algumas
preparações farmacêuticas. o Propriedades: anti espasmódico, carminativo, estimulante, expectorante,
galactagogo. UA, U.E. + O Ver: aerofagia, contusão, dentes, espasmo, estômago, flebite, indigestão,
lactação, meteorismo, soluço, tosse, vómito.

Armoles

Atriplex hortensis L.

Erva-armoles

Quenopodiáceas

Hortaliça muito antiga, originária do Sudeste Europeu e da Ásia Ocidental, provavelPLANTAS


CULTIVADAS
mente cultivada pelas colónias neolíticas > a

armoles tinha as utilizações culinárias do espinafre antes da introdução deste último na Europa, na
Idade Média. Se bem que praticamente em desuso nos nossos dias, esta planta era ainda muito
apreciada no século passado.
A armoles era outrora utilizada na preparação de caldos destinados aos doentes do estômago e
intestinos; associando-a à mercurial, obtinha-se uma decocção laxativa que não provocava irritações.
Considerada actualmente uma erva daninha dos jardins e locais habitados, a armoles identifica-se pelas
suas folhas triangulares verde-glaucas, não pulverulentas na página inferior, produzindo na maturação
frutos alados de 1 a 1,5 cm de comprimento. O sumo fresco contém uma notável percentagem de
vitamina C. É errado não a cultivar, pois, além do seu sabor agradável e propriedades alimentares
semelhantes às do espinafre, mas mais doce, é um produto hortícola de cultura muito fácil, de
crescimento rápido, que resiste à aridez e susceptível, devido ao seu porte elevado, de proteger as
plantas sensíveis ao

vento suão, especialmente nas hortas das zonas meridionais. o Propriedades: diurético, emoliente,
refrescante. U.l., UX. Ver: dartro, diarreia, queimadura.

Arroz

Orvza sativa L.

Gramíneas

Cereal básico na alimentação das civilizações da Ásia Meridional e do Extremo Oriente, desde sempre
cultivado na índia e na China, o arroz é actualmente conhecido sob milhares de variedades em todas as
regiões intertropicais e temperadas quentes. Se bem que tenha começado a ser conhecido como
alimento na Europa no tempo de Alexandre Magno, só foi cultivado a partir do século VIII, época em
que os Árabes o introduziram no Sul de Espanha, atingindo rapidamente a França e a Itália. O arroz
branco, polido e glaceado, totalmente desprovido das camadas proteicas externas e do germe, é apenas
amido e, como tal, não deve constituir a base exclusiva de uma dieta alimentar. Pelo contrário, o arroz
integral é um alimento mais rico; a sua composição, no entanto > torna-o muito inferior ao trigo
como elemento de equilíbrio nutricional. O arroz integral possui numerosas propriedades; o arroz

branco, menos indigesto, é mais conveniente para os doentes de dispepsia e úlceras. o Propriedades:
antidiarreico, hipotensor, suavizante. UA, U.E + V O Ver: crescimento, diarreia, meteorismo, pele,
ureia.

311
PLANTAS CULTIVADAS

Aveia

Avena sativa L.

Gramíneas

Muito provavelmente derivada da aveia-doida, Avena fatua L., ou de híbridos desta última com o
balanco, Avena sterilis L., a

aveia cereal surge no início dos tempos históricos no Mediterrâneo Oriental.

É utilizada em fitoterapia devido às suas propriedades energéticas e nutritivas. Todas as suas partes
têm utilidade: as sementes, pela sêrnola e farinha; a palha e as glumas (invólucros externos dos grãos
que caem

aquando da debulha); o fruto contém grande quantidade de amido, cerca de 12% de prótidos, 5% de
lípidos, dos quais quase 25% de lecitina, 2 a 5% de açúcares, sais minerais, fósforo, magnésio, cálcio,
aminoácidos, numerosas enzimas, uma hormona sexual feminina, as vitaminas BI, B2, PP e

provitaminas A e D. A casca do grão, ou farelo, contém um alcalóide e um elevado teor em


saponósidos; a palha, rica em sílica, contém ainda provitaminas A e D. O grão, excepcionalmente
nutritivo, é o alimento tradicional de Inverno nos países setentrionais, sob a forma de papas ou de
flocos constituídos por grãos achatados. A palha > que é sedativa, pode ser utilizada como sucedâneo
da cavalinha; porém, sendo rica em minerais, é contra-indicada para os doentes de reumatismo. o
Propriedades: antiasténico, emoliente estimulante, hipoglicemiante, sedativo. @.Í.’ U. E. V O Ver:
astenia, banho, convalescença, crescimento, diabetes, envelhecimento, esterili~ dade, impotência, pele,
sono, surmenage.

Balsamita

Chry,sunthemum balsamita Baili.

Tanacetum balsamita L.)

Hortelã-francesa

Conipostas

Esta grande composta vivaz é muito semelhante ao tanaceto devido aos seus medíocres capítulos de
centro amarelo formado por flores de corola tubulosa. Porém, as suas consistentes folhas são ovais,
simples, de limbo crenado.

Toda a planta está revestida de um indumento viloso. Quando apertada entre os

dedos, exala um aroma penetrante, misto de hortelã e limão. Originária da Ásia Menor e
do Norte do Irão, a balsamita é cultivada desde a Antiguidade nas regiões meridionais da Europa, onde
ainda é possível encontrá-la também no estado subespontâneo. Muito difundida na Idade Média, época
em que era vulgarmente utilizada como vulnerário, sob a forma de *óleo de bálsamo+, obtido pela
maceração das folhas e das sumidades floridas em óleo, perdeu, nos nossos dias, gran-. de parte da sua
reputação. o Propriedades: antiespasmódico, carminativo, diurético, estimulante, vermífugo,
vulnerário. U.l. Ver: aerofagia, bronquite, depressão, estômago, litíase, meteorismo, nervosismo,
parasitose, tosse.

B atateira

Solanum tuberosum L.

Batata

Solanáceas

Seria quase supérfluo recordar que esta planta, que adquiriu uma importância capital na alimentação
do mundo ocidental, foi introduzida em Espanha provavelmente cerca de
1580, após a conquista do Peru pelos soldados de Pizarro.

A sua cultura propagou-se com bastante rapidez em Espanha, na Alemanha e em Itália para
alimentação dos animais. Em 1763, Parmentier, prisioneiro de guerra na Alemanha, provou ali a
batata, empreendendo então a difícil tarefa de a difundir e desenvolver a sua cultura em França com o
beneplácito de Luís XVI. Actualmente, existem cerca de 2000 variedades de batata em todo o Mundo.

O tubérculo é um alimento muito nutritivo, perfeitamente digerível, energético, revigorante,


inofensivo em qualquer caso, mesmo para os que sofrem de dispepsia e úlceras. É preferível cozer as
batatas ou assá-las com a pele no forno, na brasa ou em vapor. Fortemente mineralizante, menos rica
do que os

cereais íntegros, como os grãos de cevada, trigo e aveia, a batata não deve ser preferida em relação a
estes últimos numa alimentação equilibrada.

Muitas pessoas desconhecem que é conveniente ter cuidado com todas as partes verdes da planta,
sobretudo as bagas antes da maturação e os brolhos do tubérculo, pois contêm uma substância
venenosa, a solanina, que já tem provocado algumas intoxicações fatais. o Propriedades: cicatrizante,
diurético, emoliente, suavizante. U.l., U.E. + V O Ver: cólica, diabetes, esterilidade, estômago,
obstipação, olhos, pele, queimadura, queimadura solar.

312
PLANTAS CULTIVADAS

Beldroega

Portulaca oleracea L.

Brus.: beldroega-pequena

Portulacáceas

Esta erva muito antiga, utilizada em saladas e sopas, com pequenas folhas carnudas, é actualmente
mais frequente naturalizada nas

velhas hortas e nas imediações de locais habitados do que cultivada. Originariamente espontânea da
Grécia à China, a beldroega é hoje uma erva infestante propagada em

grande parte do Mundo.

Um teor importante de substâncias mueilaginosas determina as diversas propriedades da beldroega.


Outrora, prescrevia-se não só o seu suco, mas também a decocção das suas sementes como vermífugos
infantis. A cultura desta planta é extremamente fácil, merecendo um lugar nas hortas. Crua, misturada
em saladas, ou cozida com espinafres, é reguladora da função intestinal. o Propriedades: anti-
infiamatório, depurativo, diurético, emoliente, refrescante, vermífugo@ U.l. Ver: bronquite, cistite,
febre, parasitose, sede.

Beringela

Solanum melongena L.

Bras.: beringela-rosa, berengena, tongu, macumba

Solanáceas

Esta planta, da mesma família do tomate e da batata, é desde há muito cultivada na índia. Os Árabes
trouxeram-na para o Ocidente; no entanto, nã o apareceu na Europa antes do século XV, e só depois
de 1825 surgiu nos mercados. É cultivada em quase todas as

regiões temperadas quentes,

O seu valor nutritivo é insignificante, o

que não sucede relativamente ao seu interesse terapêutico. Embora as partes verdes, que contêm
alcalóides, sejam tóxicas como na maioria das solanáceas, a polpa do fruto contém substâncias do
grupo dos saponósidos e na pele existem pigmentos, ácidos orgânicos e um álcool. A beringela cozida
com pele e

sem excesso de gorduras pode ser aconselhada para tratar a atonia hepatobiliar. o Propriedades:
colerético, diurético, emoliente, hipocolesterolemiante, laxativo. U.l.

Ver: colesterol, fígado, obesidade, obstipação.

Ber amota
Citrus bergamia Riss. et Poit.

Vergamota

Rutáceas

É um parente próximo da laranjeira-doce e

de origem idêntica, apenas se parecendo com ela pelos seus ramos, por vezes espinhosos, e pelos
frutos, de cor amarelo-pálida, de 7 a 10 em de comprimento e frequentemente em forma de pêra. A
bergamota só é cultivada nas regiões meridionais mais quentes da Europa, especialmente no Sul de
Itália, na Calábria. Os frutos, muito aromáticos e ácidos, impróprios para consumo, apenas se colhem
pela casca, que contém cerca de O,5% de uma essência que confere à planta as suas propriedades
terapêuticas e aromáticas. Utilizada em perfumaria para fabricar águas-de-colónia, em confeitaria na
confecção de caramelos, serve ainda para perfumar alguns chás como o Earl Grey, que, tomado em
excesso, pode ser nocivo. A cosmetologia inclui a essência de bergamota em certos produtos
bronzeadores, que devem ser utilizados com precaução, pois podem fazer surgir manchas cutâncas
muito inestéticas e difíceis de desaparecer devido ao bergapteno contido no óleo essencial. o
Propriedades: antiespasmódico, anti-séptico, fotossensibilizador. U.l., UX. Ver: bronzeamento, cólica,
frieira.

Beteua-ba-sacarina

Beta vulgaris L., var. rapaceu Koch

Bras.: beterraba

Quenopodiáceas

As variedades de raiz grossa, carnuda e variavelmente adocicada da Beta vulgaris, conhecidas sem
dúvida desde a Antiguidade, mas pouco cultivadas, propagaram-se cerca do século X111 a partir da
Germânia, onde os

camponeses pobres as utilizavam consideravelmente. Mencionada pela primeira vez em

França por Olivier de Serres, em 1600, a beterraba tornou-se rapidamente conhecida, A beterraba-
açucareira tornou-se famosa no

século XIX, e a hortícola, reservada durante muito tempo às mesas modestas, foi redescoberta e dada a
conhecer pela dietética moderna.

Com os seus açúcares, sobretudo a sacarose, os seus pigmentos, o grande número de aminoácidos, as
suas vitaminas BI, B2, PP, C, a sua provitamina A, os seus sais minerais e os seus oligoelementos,
muito raros, como o bromo, o manganésio, o lítio, o estrôncio, o rubídio, a beterraba tem um grande
valor nutritivo e energético. A variedade hortícola, de sabor agradável e polpa vermelha, é um
aperitivo. Muito digestiva, deve ser preferentemente ingerida crua e

finamente picada, misturada com as saladas.

No começo do Inverno, é benéfica como

313
PLANTAS CULTIVADAS

preventivo de viroses. Do melaço, resíduo da indústria açucareira, extraem-se a betaína, substância


que estimula e restabelece o equilíbrio da célula hepática, e o ácido glutâmico, um aminoácido muito
importante para o funcionamento cerebral, sendo também muito utilizado em produtos farmacêuticos.
o Propriedades: anti-séptico, aperitivo, colagogo, remineralizante, tónico. U.l. + O Ver: anemia,
astenia, desmineralização, epidemia, fígado.

Cânhamo

Cannabis sativa L.

Linho-cânhamo, cânhamo~europeu

Canabináceas

Originário da Ásia Central e Ocidental, cultivado no Oriente há milhares de anos, o cânhamo já era
conhecido dos povos da Idade do Bronze cerca de 1000 a. C. Esta planta têxtil desenvolveu-se
intensamente na Europa até ao século XIX, mas a concorrência e o advento das fibras artificiais
provocaram o declínio da sua cultura. Actualmente, a palavra *cânhamo+ sugere mais rapidamente
droga do que planta industrial. Na verdade, não existem grandes diferenças morfológicas entre o
cânhamo comum e a sua espécie asiática, Cannabis indica L., ou

cânhamo-indiano (bras.: maconha, fumo-de-angola, cânhamo~da-índia, fumo-bravo), de que é


extraído o haxixe. O cânhamo-europeu não é estupefaciente; provoca, no entanto, uma ligeira euforia,
e existem inúmeros casos de trabalhadores que outrora se sentiam perturbados nos campos de cultura
do cânhamo. As sementes do cânhamo são muito apreciadas pelas aves. o Propriedades: analgésico,
antiespasmódico, sedativo. UA, UX. O Ver: abcesso, anginas, dartro, furúnculo, sono.

Cebola

Alhum cepa L.

Liliáceas

Botanicamente, a cebola distingue-se dos alhos propriamente ditos devido às suas folhas tubulosas e
ocas. De entre as numerosas espécies do género Allium, a cebola é, sem

dúvida, a que é cultivada há mais tempo. Derivando de cebolas silvestres da Ásia Ocidental, já era
cultivada na Caldeia há
4000 anos. Está representada frequentemente nos frescos dos túmulos egípcios. Os Gregos e os
Romanos comiam grande quantidade de cebolas, e. os apreciadores da boa mesa na Idade Média
davam-lhe grande importância. Actualmente, este condimento é ainda a base da cozinha européia
mediterrânica. Cultivam-se numerosas variedades, desde a enorme cebola-doce-de-espanha até aos
pequenos bolbos propositadamente ma cuidados - semeiam-se tarde e são escassamente regados - para
os conservar em vinagre. Para usos medicinais, em cru, deve preferir-se a cebola de cor vermelho-
vivo, mais rica em essências. A chalota, Allium ascalonicum L., desconhecida no estado espontâneo, é
provavelmente apenas uma

variedade de cebola, originária talvez do Nordeste Africano.

Os mais antigos textos de medicina atribuem à cebola propriedades diuréticas que continuam a ser-lhe
reconhecidas. Quando fresca, contém uma grande quantidade de água, glúcidos, lípidos, prótidos, sais
minerais, numerosos oligoelementos, enxofre, provitamina A, vitaminas B 1, B2, PP, B5, C, E e
flavonóides. O seu sabor picante deve-se à presença de um óleo volátil análogo ao do alho. É um
condi mento-remédi o de grande valor, não sendo, porém, aconselhado aos

doentes de dispepsia, aos que têm frequentemente hemorragias ou sofrem de dermatoses. As pessoas
irritáveis ou de temperamentos sanguíneo e bilioso só a devem ingerir com moderação. o
Propriedades: antiescorbútico, anti-séptico, antitússico, calicida, cardiotónico, cicatrizante, diurético,
emoliente, estimulante, expectorante, hipog licemi ante, laxativo, resolutivo, revulsivo. U.l., U.E. + O
Ver: abcesso, acufenos, albuminúria, alcoolismo, astenia, bronquite, calo, cancro, cieiro, diabetes,
edema, ferida, frieira, meteorismo, mordedura, obstipação, ouvido, panarício, parasitose, picadas,
pulmão, queimadura, reumatismo, sarda, tosse, úlcera cutânea, ureia, verruga.

Ceboleta-de-frança

Allium schoenoprasum L.

Cebolinha- miúda, cebolinha-galega Bras.: alho-grosso-de-espanha, alho-mourisco,

alho-rocambole, alho-espanhol

Liliáceas

A ceboleta-de-frança é uma pequena planta folhosa apenas no quarto inferior que apresenta graciosas
umbelas globosas com flores cor-de-rosa ou cor de púrpura. Parente da cebola, mas desprovida do
caule dilatado e

314
fusiforme, a ceboleta-de-frança é indígena de todo o Norte da Europa e da Ásia, propagando-se para
sul através dos maciços montanhosos. Cresce também na América do Norte. Resistente ao frio, suporta
facilmente o Inverno quando cultivada sob a protecção de um simples caixilho envidraçado. As suas
aplicações medicinais são idênticas às da cebola. o Propriedades: antiescorbútico, anti-séptico,
antitüssico, calicida, cardiotónico, cicatrizante, diurético, emoliente, estimulante, expectorante,
hipoglicemi ante, laxativo, resolutivo, revulsivo. U.l., U.E. Ver: alcoolismo, calo, meteorismo,
picadas.

Cebolinha-comum

Alliumfistulosum L.

Cebolinho

Lifiáceas

Planta afim da cebola, mas com bolbo oblongo, flores amarelo-esverdeadas, a cebolinha-comum não é
conhecida em parte alguma no estado espontâneo. Possivelmente originária de um Allium da Ásia
Oriental, foi introduzida na Europa nos séculos XVI ou XVII e é actualmente uma planta-condimento
vulgar, fácil de picar, fresca e verde, substituindo em culinária as cebolas. As suas aplicações são
muito semelhantes às da cebola, sendo, porém, mais bem tolerada pelos estômagos sensíveis. o
Propriedades: antiescorbútico, anti-séptico, antitússico, calicida, calmante, cardiotónico, cicatrizante,
diurético, emoliente, estimulante, expectorante, hipoglicemi ante, laxativo, resolutivo, revulsivo. U.l.,
UX. Ver: alcoolismo, calo, meteorismo, picadas.

Cenoura

Daucu,@ sativus Hayek

Umbelíferas

A cenoura é uma das plantas silvestres mais divulgadas no mundo antigo; a subespécie comestível, de
raiz carnuda e adocicada, cultivada na Europa há 2000 anos, foi possivelmente seleccionada na Ásia
Central. Durante muito tempo em competição com o

nabo, Brassica napus L., e a chirivia, começou a ser apreciada a partir do Renascimento e conheceu
grande difusão no início do século Xix.

A raiz fresca das espécies cultivadas, que deve a sua cor vermelha a um alto teor em carotenos que o
organismo transforma em vitamina A, é utilizada em fitoterapia. A cenoura contém também as
vitaminas BI,

PLANTAS CULTIVADAS

B2, PP, B5, B6 e E, provitamina D, numerosos oligoelementos, prótidos e poucos lípidos. Estes
diversos componentes, e sobretudo os carotenos, contribuem para a sua fama medicamentosa. Crua,
ralada com pele ou
em suco, é especialmente recomendada às crianças, aos adolescentes, aos convalescentes, às mulheres
grávidas e às pessoas idosas.

A polpa fresca aplicada em cataplasma é calmante e cicatrizante; em máscara, tonifica e alimenta a


epiderme. Os frutos secos, estimulantes, diuréticos, galactagogos, têm aplicações análogas às do anis-
verde e do funcho. o Propriedades: antianémico, antidiarreico, anti-séptico, cicatrizante, detersivo,
diurético, emoliente, estimulante, galactagogo, laxativo, remi neral izante, sedativo, tónico, vermífugo.
U.l., U.E. + V O Ver: abcesso, anemia, astenia, bronquite, bronzeamento, convalescença, crescimento,
cura de Primavera, diarréia, envelhecimento, epidemia, estômago, ferida, fígado, frieira, intestino,
lactação, obstipação, olhos, parasitose, pele, prurido, queimadura, seio, tosse, úlcera cutânea.

Centeio

Secale cereale L,

Gramíncas

É possível que, originariamente, o centeio fosse apenas uma erva daninha dos campos de trigo, tendo-
se revelado mais rústico que este último e mais resistente em solos áridos e climas rudes. Este cereal,
proveniente do Oeste Asiático, actualmente desconhecido no estado espontâneo, só tardiamente
atingiu a Europa, sem dúvida nos finais da Idade do Bronze. Amplamente difundido pelos Eslavos e
Gauleses, depressa se revelou como o mais apropriado cereal para sementeiras em

solos pobres.

Utilizados para fazer pão, os grãos de centeio são muitas vezes misturados aos do trigo. A composição
do centeio é muito semelhante à do trigo, mas o seu germe é menos rico em proteínas, em lípidos e
sobretudo em vitaminas, contendo, no entanto, bastante fósforo, potássio, magnésio, cálcio, ferro e
cobre, além de pequena quantidade de iodo. É um alimento energético, de digestibilidade média, cujo
uso regular é considerado preventivo das afecções cardiovasculares.

Quando parasitadas pelo fungo Claviceps purpurea Tul., as espigas do centeio apresentam esporões
negros cuja elevada toxicidade está na origem do ergotismo, outrora denominado mal ardente,
felizmente quase desaparecido nos nossos dias. Os alcalóides do esporão do centeio, ou cravagem, têm
importantes aplicações terapêuticas.

315
PLANTAS CULTIVADAS

o Propriedades: emoliente, laxativo, remineralizante, resolutivo. U.l. O Ver: arteriosclerose,


desmineralização, enuresia, hipertensão, obstipação.

Cerefólio

Anthriscus cerefolium (L.) Hoffm.

Cerefolho, cerefolho-das-hortas

Umbelíferas

Esta planta aromática, cultivada na maioria das hortas, se bem que muitas vezes considerada como
parente pobre da salsa, a sua

grande rival, cresce espontaneamente no Sudoeste da Europa, no Cáucaso e nas montanhas da Ásia
Ocidental. Os Romanos já a

apreciavam. Na Idade Média, foram-lhe atribuídas inúmeras virtudes.

Para fins aromáticos ou medicinais, o cerefólio só se emprega fresco e cru, pois o

calor volatiliza o componente aromático. A planta contém um importante teor de vitamina C, um


princípio amargo e o mesmo heterósido flavónico que a salsa. Recomenda-se prudência, pois é
possível que nos jardins ou próximo deles cresçam umbelíferas selvagens do mesmo género
Anthriscus ou

do género vizinho Chaerophy11uni. Algumas destas plantas são tóxicas, e nenhuma delas tem o cheiro
agradável do cerefólio. Aperitivo devido ao seu sabor, o cerefólio é também um bom estimulante da
digestão. É utilizado com vantagem nas curas depurativas de Primavera. O suco fresco misturado com
leite ou com uma infusão tépida acalma a tosse. o Propriedades: antiasténico, antilactagogo, anti-
séptico, aperitivo, colerético, depurativo, diurético, estimulante, resolutivo. U.I., U. E. + V Ver:
bronquite, contusão, fígado, herpes, icterícia, lactação, nariz, oftalmia, pele, prurido, rim, ruga, seio,
tosse.

Cerejeira

Prunus avium L.

Cerdeira

Rosáceas

Existem numerosas variedades desta planta. A c erej eira- molar, Prunus juliana Rchb., que dá frutos
de polpa tenra e doce, vermelhos ou vermelho-anegrados, e a cerejeira-bical, Prunus duracina Rchb.,
de drupas com polpa clara e consistente, derivam, por selecção, da cerejeira-brava, Prunus avium L. A
ginjeira-garrafal, Prunus gondouinú Relider, é um híbrido da cerejeira-brava e da ginjeira-galega, ou
de-folha, Prunus cerasus

316

L. Esta, espontânea na Ásia Ocidental, foi conhecida na Europa desde a Antiguidade. As utilizações
medicinais das diversas variedades são idênticas.
A cereja, aquosa e pouco nutritiva apesar dos seus açúcares, fornece, no entanto, ao organismo uma
quantidade notável de provitamina A, além de vitaminas do grupo B, ácidos orgânicos, tanino e
flavonóides. A amêndoa do caroço contém uma pequena quantidade de ácido cianídrico, nã o devendo
portanto ser ingerida. A cereja é um fruto recomendado para curas aos doentes pletóricos e reumáticos
e, devido às suas vitaminas, à s crianças e aos adolescentes. O sumo, convertido em xarope, é uma
bebida refrescante. A polpa fresca, aplicada em máscara no rosto, tonifica a epiderme. A infusão de
pés de cereja é um diurético de comprovado uso popular. a Propriedades: depurativo, diurético,
laxativo, refrescante. U.l. + V O Ver: anemia, celulite, cistite, crescimento, diurese, gripe, litíase,
obesidade, obstipação, reumatismo, rim.

Cevada

Hordeum vulgare L. e H. distichum L.

Gramíneas

A história da cevada cultivada é muito semelhante à do trigo. Originária do Próximo Oriente, a cevada
deve ter sido semeada nos primeiros campos neolíticos, há possivelmente 7000 anos, Actualmente,
está muito difundida em grande parte do Mundo em

numerosas variedades.

A cevada foi rapidamente suplantada pelo trigo, cereal nobre, na alimentação humana. Os homens das
mais antigas civilizações destinavam-na à alimentação do gado; porém, as classes desfavorecidas, que
a consumiam com frequência, preparavam-na sob a forma de papas e bolos. A sua utilização como
planta para o fabrico de bebidas remonta à Pré-História: por fermentação em água, os seus grãos
torrados e esmagados transformavam-se numa bebida espumante, a antepassada da cerveja. A cevada
pode ser

consumida sob diferentes formas: em farinha; em grãos descascados e esmagados, os

flocos; em grãos descascados e polidos à máquina, a cevadinha, ou cevada perlada. E um alimento rico
e reconstituinte. As enzimas que se desenvolvem especialmente no

grão germinado, ou malte, transformam o amido em substâncias muito fáceis de assimilar pelo tubo
digestivo. Deste facto resulta a utilidade do malte na alimentação dos doentes, convalescentes, pessoas
idosas ou

crianças de tenra idade. O malte torrado serve para preparar um agradável, nutritivo e
digestivo sucedâneo do café. O germe con-
têm um alcalóide, a hordeína, não tóxico em doses medicinais e alimentares, que exerce uma acção
semelhante à de uma hormona, a adrenalina. O decocto de cevada descascada, o cozimento de
cevadinha dos médicos antigos, tem uma justificada reputação de remédio reconstituinte e emoliente.
Para uso externo, tanto esta preparação como a farinha de cevada em cataplasmas quentes actuam
como sedativos e resolutivos. o Propriedades: antidiarreico, cardiotónico, emoliente, resolutivo,
sedativo. U.l., UX. +0 Ver: abcesso, anginas, bronquite, cistite, convalescença, coração, crescimento,
diarreia, estômago, lactação.

Chagas

Tropaeolum majus L.

Mastruço-do-peru, capuchinhas, chagueira

Tropeoláceas

Esta planta sul-americana, hoje tão vulgar nos nossos jardins, aclimatou-se na Europa no século xvii.
A Tropaeolum minus L., espécie muito semelhante, tem utilizações idênticas. A parte utilizável das
chagas são as folhas frescas e as sumidades floridas. Um heterósido sulfurado, idêntico ao componente
activo do agrião, confere-lhe um

sabor fresco e picante, podendo provocar as

mesmas pequenas perturbações que aquela planta em pessoas sensíveis. As flores e os frutos
concentram este composto num óleo essencial; as folhas contêm, além disso, uma quantidade notável
de vitamina C. As folhas e flores das chagas, misturadas em saladas, abrem o apetite, auxiliam a
digestão e, na refeição da noite, favorecem o sono. O seu suco fresco facilita a expectoração e acalma
a tosse. Recentemente, foi isolada da planta uma substância antibiótica. o Propriedades:
antiescorbútico, emenagogo, expectorante, tónico, vesicante. U.l., U. E. + V Ver: apetite, bronquite,
cabelo, colibacilose, enfisema, menstruação, raquitismo, tosse.

Cipreste

Cupressus sempervirens L.

C i preste -dos-cem i téri os

Bras.: cipreste-da-itália, cipreste-comum

Cupressáceas

Espontâneo nas ilhas do mar Egeu, na Síria e no Irão, o cipreste, que ocupava um lugar importante nos
ritos funerários dos povos antigos, propagou-se desde há muito por todas as costas do Mediterrâneo,
pela Ásia e

PLANTAS CULTIVADAS
até pela China. É uma das plantas medicinais mais antigas: está mencionado num escrito assírio com
35 séculos. Os discípulos de Hipócrates conheciam já as suas características de adstringente e o seu
poder anti-hemorrágico.

Os ramos novos com folhas e os frutos, denominados gálbulas, são utilizados em fitoterapia; as
gálbulas devem ser colhidas antes da maturação, no Inverno. Além de uma elevada percentagem de
tanino, o cipreste contém um óleo essencial muito aromático com o qual os Romanos fabricavam
perfumes. O cipreste é essencialmente uma

planta vasoconstritora devido ao conjunto dos seus componentes. o Propriedades: antidiarreico,


antiespasríiódico, anti-séptico, cicatrizante, vasoconstritor. UA, U.E. + Ver: circulação, diarreia,
enurese, hemorragia, hemorróidas, menopausa, tosse convulsa, varizes.

Coentro

Coriandrum sativum L.

Coriandro

Umbelíferas

Propagado por meio da cultura e esparsamente espontâneo numa extensa zona da bacia mediterrânica,
na Ásia e na América, o coentro é provavelmente nativo do Próximo Oriente. O seu emprego como
planta aromática e medicinal, ainda habitual entre os Árabes, remonta a tempos muito remotos. A
medicina antiga foi muito contraditória no que se lhe refere. Para uns o coentro era uma planta
venenosa, para outros um simples com capacidade para curar a peste e a epilepsia e suprimir as dores
do parto. Consideravam-no simultaneamente afrodisíaco e calmante. As partes verdes, frescas, têm
utilização na cozinha regional. Os frutos secos, a parte da planta mais utilizada na Europa, dão, após
destilação, entre O,4 e 1 % de uma essência menos tóxica do que a da maioria das essências das
umbelíferas aromáticas, que é, no entanto, um excitante para o homem. Tomada em doses excessivas,
esta essência pode provocar perturbações e lesões renais; em doses medicinais, é um excitante, anti-
séptico e vulnerário, indicado para estados de choque ou em casos de enfraquecimento geral associado
a graves doenças infecciosas. Os frutos servem para temperar guisados, caça, caldos, conservas em
vinagre e purés de batata. O coentro é assim uma

planta aromática frequentemente utilizada. Mastigada, disfarça o mau hálito provocado pela ingestão
de alhos. o Propriedades: antiespas módico, anti-séptico, carminativo, estimulante, excitante,
vulnerário. U.l. + O

317
PLANTAS CULTIVADAS

Ver: aerofagia, arteriosclerose, digestão, dor, espasmo, fadiga, gripe, meteorismo, vertigem.

Coloquíntidas

Citruflus colocywhis Sebrad.

Maçã-coloquíntida

Cucurbitáceas

Cultivada nas regiões mediterrânicas mais quentes, bem como no Oeste e Sudoeste da Ásia, a
coloquíntida só é provavelmente espontânea na Á frica desértica, sobretudo no Sara.

Esta planta, parente próxima da melancia, Citruflus vulgaris Schrad., com frutos esféricos de 8 a 12
cm de diâmetro, casca coriácea e amarelada, polpa esbranquiçada excessivamente amarga, não deve
ser confundida com as diversas cucurbitáceas ornamentais como a cabaça, às quais se atribui, por
vezes erradamente, o seu nome.

As coloquíntidas são um dos mais violentos purgantes do reino vegetal devido aos

heterósidos amargos que contêm. Efectivamente, nos tempos remotos em que a purga era a base de
qualquer terapêutica, e em que este fruto fazia parte de numerosas receitas, provocava desconfiança.
Pouco usada actualmente, figura na lista de substâncias tóxicas da farmacopeia francesa. a
Propriedades: drástico, insecticida. UA, U. E. + Ver: insectos.

CoIza

Brassica napus L., var. oleifera DC.

Couve-nabiça Bras.: nabo

Crucíferas

Variedade do nabo de raiz esguia, planta próxima da couve-nabo, a colza é igualmente oriunda das
regiões de climas continentais da Europa e da Á sia Ocidental. É simultaneamente uma planta utilizada
como forragem e oleaginosa. O óleo transparente e semi-secativo fornecido pelas suas sementes tem
numerosas aplicações na alimentação, tais como para mistura dos óleos de mesa

vulgares, fabrico de margarinas, de chocolate e de bolachas de preço acessível. Porém, os métodos


actualmente utilizados para a

extracção industrial dos óleos tornam duvidosa a qualidade de todos aqueles cujo processo de obtenção
utiliza calor, estando o

óleo de colza incluído nesse número. Contém, além disso, várias substâncias que se revelaram tóxicas
quando em ingestão prolongada, não apresentando assim garantias suficientes para ser utilizado em
culinária. A sua utilização em fitoterapia é, porém, absolutamente justificada. o Propriedades:
cicatrizante, emoliente, Iaxativo. U.l., U.E. Ver: bronquite, frieira, traqueíte.
Cominhos

Cuminum qminum L.

Urnbelíferas

Especiaria muito antiga, nativa da Ásia Ocidental, especialmente do Turquestão, o cominho ocupava
um lugar muito importante na gastronomia e na medicina da Antiguidade. Citado pelo profeta Isaías,
os seus frutos também foram encontrados nos túmulos egípcios; os Romanos, na época da decadência,
utilizavam-no como auxílio para a digestão após os festins. Na Idade Média, o uso do cominho era
ainda muito requintado na Europa, e só com a evolução do gosto acabou por ser considerado uma
trivial erva aromática. A alcaravia passou a ser utilizada em seu lugar e geralmente é confundida com
o cominho. Os frutos desta pequena planta esguia, bastante semelhantes aos da alcaravia, são, porém,
guarnecidos por numerosos pêlos rijos e curtos, têm aroma mais forte e menos agradável e um sabor
mais quente e acre. o Propriedades: carminativo, digestivo, galactagogo, sudorífico. UA. + O Ver:
apetite, digestão, estômago, lactação, meteorismo.

Couve

Brassica oleracea L.

Crucíferas

Nativa da Europa, a couve encontra-se no estado espontâneo nas falésias e rochedos do litoral da
Mancha, do Atlântico e do Mediterrâneo Ocidental. No seu habitat natural, é uma planta de caule
grosso, semilenhoso e ligeiramente prostrado, com folhas esparsas, sendo as inferiores, por vezes,
profundamente recortadas, de cor verde e textura carnuda. Nela se reconhece facilmente o protótipo da
couve forrageira não repolhuda. Cultivada há milhares de anos, muito apreciada pelos povos celtas e
os Romanos, a couve existe em centenas de variedades, hoje difundidas pelos campos e hortas de todo
o Mundo.

Hortaliça popular por excelência, a couve

teve um lugar cimeiro no seu importante papel de alimento e remédio. Catão, o Anti318
go (séculos III e II a. C.), utilizava-a como panaceia. Plínio, no século I, considerava-a uma planta
mílagrosa que permitira aos

Romanos viver sem médicos durante seis séculos. Hieronymus Bock, célebre médico alemão do
Renascimento, considerava ainda a couve-roxa como um vulnerário: na sua opinião, a urina das
pessoas que a comessem adquiria o poder de curar os tumores externos. Porém, o cepticismo do século
XIX relegou a couve para as cozinhas, tornando-se, quando muito, um remédio caseiro. Parece, no
entanto, que a sua função terapê utica não terminou, pois os fitoterapeutas actuais reconhecem-lhe a
maioria das propriedades que já os Antigos lhe atribuíam.

Pelo que se conhece da composição quimica da couve, não é possível explicar exactamente a sua
actividade terapêutica. Além de cerca de 92% de água, a couve contém, como a maioria das crucíferas
hortícolas, pequena quantidade de uma essência sulfurada, entre 1 e 4% de prótidos, 5 e 7% de
glúcidos, entre os quais as mucilagens, O,3% de lípidos, minerais: fósforo, cálcio, iodo, etc., pequenas
quantidades de provitamina A e

vitamina B e grande quantidade de vitamina C: entre O,05 e O,08%. As suas inumeráveis


propriedades e a sua actividade antiescorbútica são há muito conhecidas: devido ao uso da couve
fermentada nos navios, foi finalmente possível vencer o *escorbuto marinho+. É importante salientar
que a couve mais benéfica é a couve-roxa consumida crua ou, em caso de intolerância, cozida. Numa
obra recente, um médico francês atribui-lhe cerca de 80 aplicações distintas. o Propriedades:
antianémico, antidiarreico, antiescorbútico, cicatrizante, depurativo, diurético, emoliente,
hipoglicemiante, peitoral, vermífugo, vulnerário. U.I., U.E. + O Ver: abcesso, acrie, alcoolismo,
anemia, astenia, bronquite, ciática, contusão, díabetes, diarreia, escorbuto, ferida, fígado, frieira, gota,
impetigo, lumbago, parasitose, pele, picadas, queimadura, reumatismo, rim, úlcera cutânea, urina.

PLANTAS CULTIVADAS

ria. No final do 3.1 milénio a. C. - pelo que se lê nos textos antigos -, o damasco era já servido à mesa
dos imperadores da China. No entanto, a árvore só começou a

ser cultivada nos pomares chineses três séculos antes de Cristo. Do Extremo Oriente propagou-se à
Ásia Ocidental, e, devido ao seu enorme desenvolvimento na Arinénia, os Romanos chamaram-lhe
Armeniacum malum, maçã-da-arménia. Citado pelos Romanos desde o século 1, o damasqueiro foi
difundido por todas as suas possessões da bacia mediterrânica. É actualmente uma das árvores de fruto
mais cultivadas nas regiões meridionais da Europa, podendo os seus frutos ser consumidos quer
frescos, quer em conserva.

O damasco é um fruto de grande valor nutritivo. Especialmente rico em provitamina A, à qual se


associam as vitaminas B I, B2, PP, B5 e C, açúcares, sais minerais e numerosos oligoelementos, é,
efectivamente, um poderoso antianémico. O damasco é geralmente bem tolerado, podendo, porém,
como o morango, provocar reacções alérgicas. Consumido cru, é antidiarreico, mas depois de seco e
submetido à mesma preparação que as ameixas torna-se laxativo. O sumo fresco, aplicado no rosto sob
a forma de loção, é um excelente tónico. A amêndoa do caroço, bastante oleaginosa, é comestível se
for doce; porém, é mais frequente ser amarga, contendo, nesse caso, uma substância que produz ácido
cianídrico, um veneno violento. Deve ter-se a maior prudência, pois este caroço já provocou acidentes
mortais, especialmente em crianças. o Propriedades: adstringente, antianémico, laxativo. U.l., U.E. +
V Ver: acufenos, anemia, astenia, convalescença, envelhecimento, nervosismo, pele.

Dictamo-branco

Dictamnus albus L.

Dictamno-branco, fraxincla

Damasqueiro

Prurius armeniaca L.

Albricoqueiro, alperceiro, alpercheiro

Bras.: damasco, abricot

Rosáceas

O damasqueiro, cujos frutos são geralmente pequenos e ácidos, cresce espontaneamente na região que
se estende do Irão à ManchúRutáceas

Espontâneo no Sul e Centro da Europa, assim corno na Ásia temperada, o dictamo-branco é uma
planta rara, cultivada simultaneamente pela sua beleza e as suas propríedades medicinais. Grande erva
vivaz, tem as folhas superiores compostas por 7 a

15 folíolos denticulados, pontuados de glândulas bem visíveis à transparência, e enormes flores cor-
de-rosa ou brancas, exalando um penetrante aroma a canela tão volátil que nas noites de Verão a
essência libertada pode perceber-se à distância. Os Antigos desconheciam o dictamo-branco. No
Renascimento, os médicos atribuíam-lhe múltiplos poderes. A casca da raiz fazia parte de numerosas
fórmulas farmacêuticas.

319
PLANTAS CULTIVADAS

o Propriedades: anti espasmódico, digestivo, estimulante, tónico, vermífugo. U.l. Ver: anemia,
indigestão, parasitose, verti- gem.

Dictamo-de-creta

Origanum dictamnus L. [@Amara(-us dictamnus (L.) Benth.1

Labiadas

Esta espécie xerófita com um indumento lanoso branco, de base lenhosa, com pequenas flores rosadas,
formando espigas opostas guarnecidas de grandes brácteas cor de púrpura, cresce no estado endémico
em Creta. Considerado uma panaceia pelos Gregos e

Latinos, mas muitas vezes confundido pelos Antigos com outras labiadas odoríferas, o dictamo-de-
creta era ainda no século XVIII vulgarmente cultivado nos jardins e fazia parte das receitas de
determinado número de preparações farmacêuticas como o orvietão

ou a opiata-de-salornão. A medicina moderna reconhece somente propriedades aromáticas a esta


labiada. Semelhante, nos seus componentes químicos, ao poejo, o dictamo-de-creta tem possibilidade
de substituí-lo nas

indicações terapêuticas. o Propriedades: antiespas módico, colagogo, emenagogo, vulnerário. UA, UX.
+ Ver: bronquite, contusão, menstruação, tosse, vesícula biliar.

Dormideira

Papaver somniftrum L.

Papoila-da-índia Bras.: papoula

Papaveráceas

A dormideira inclui-se neste capítulo devido às suas sementes oleaginosas. Nas volumosas cápsulas de
todas as variedades de Papaver somniferum L. amadurece um grande número de minúsculas sementes,
ricas num óleo, denominado óleo de papoilas, muito semelhante ao óleo de girassol. Este óleo contém
uma substância rica em fósforo, a

lecitina. Fluido, quase incolor, de sabor agradável quando resulta de uma primeira pressão a frio, o
óleo de papoila é perfeitamente indicado para a alimentação. Pouco utilizado, poderia ser, no entanto,
muito eficaz numa dieta hipocolesterolemi ante. Na Europa Central, as sementes da dormideira são
frequentemente utilizadas em pastelaria e no fabrico do pão. a Propriedades: emoliente,
hipocolesterolemiante. U.l., UX. Ver: colesterol, fígado, greta, queimadura.

Eruca
Erucu sativa Milí.

Fedorenta

Crucíferas
Com as suas grandes flores brancas ou amareladas raiadas de roxo e as folhas profundamente lobadas,
a eruca é muito semelhante a um rabanete bem desenvolvido. Distingue-se, no entanto, pelo seu cheiro
forte e picante. Planta hortícola, condimentar e de aplicações medicinais, outrora muito vulgar nas
regiões mediterrânicas da Europa e da Ásia Ocidental, é actualmente pouco conhecida. Apesar de rara
nas hortas, é, por vezes, cultivada em certa escala como sucedâneo da mostarda-negra. A cruca deve o
seu sabor picante e as suas propriedades tónicas e excitantes a um heterósido gerador de uma essência
sulfoazotada. As suas utilizações são por isso muito semelhantes às das diversas crucíferas, como a
mostarda-negra, o

mastruço e o rábano. o Propriedades: depurativo, digestivo, estimulante, tónico. U.l., U.E. Ver:
astenia, cabelo, cura de Primavera, impotência.

Ervilheira

Pisum saffi,um L.

Ervilha

Leguminosas

Na Idade do Cobre, os homens das cidades lacustres cultivavam já a ervilheira, além do trigo, da
cevada e do milho-miúdo. Pode assim afirmar-se que a domestícação desta planta, originária das
regiões mediterrânicas, onde aparecem ainda espécies congéneres no estado espontâneo, se perde num
passado longínquo. Os Egípcios já a conheciam. Cultivada pela sua utilidade na alimentação, recurso
de grande importância nas épocas em que, com excepção da base cerealífera, poucos alimentos
vegetais podiam ser consumidos no Inverno, a ervilha foi durante muito tempo o único legume seco.
Mais tarde, na Idade Média, adquiriu-se o hábito de comê-la verde.

Rica em glúcidos e em prótidos, com 1,5% de lípidos e 3% de sais minerais, um terço dos quais sob a
forma de fosfatos e grande quantidade de ferro, a ervilha-de-quebrar é um alimento quase tão nutritivo
como a lentilha. Após a secagem, deve de preferência ser descascada.

320
De muito mais fácil digestão depois de reduzida a puré, não é aconselhável às pessoas que sofrem de
dispepsia ou às que têm uma actividade física reduzida. A ervilha verde contém glúcidos, prótidos,
fósforo e vitaminas B 1, B2, PP e provitaminas A e D. Indicada para anêmicos e convalescentes,
também é aconselhável para os trabalhadores manuais e intelectuais. o Propriedades: resolutivo,
tónico. U.l., U. E. + Ver: digestão, pontos negros.

Escorcioneira

Scorzonera hispanica L.

Compostas

Muito semelhante ao cersefi, do qual se distingue pelas suas flores amarelas e raízes escuras, a
escorcioneira é uma planta indígena do Sul e do Centro da Europa, pouco modificada pela cultura.
Citada pela primeira vez em França, como remédio, no século XVI, só um século depois foi
reconhecida como hortaliça. Actualmente, aprecia-se o sabor da sua raiz, que é bem digerida por
estômagos sensíveis. A água da cozedura, se não contiver sal, é diurética. Esta raiz, rica em
mucilagem e contendo prótidos e glúcidos, era outrora tida como um antídoto de venenos. Das folhas
novas fazem-se excelentes saladas. o Propriedades: diurético, emoliente, peitoral, sudorífico. UA, UX.
Ver: bronquite, gota, pele, tinha.

Espargo-hortense

Asparagus officinalis L.

Bras.: aspargo

Liliáceas

O espargo-hortense encontra-se um pouco por toda a parte, propagando-se espontaneamente, pelo que
é muito difícil determinar a sua origem. Já era cultivado no antigo Egipto, no Médio Oriente e na
Grécia antiga. Introduzido em França na época galo-romana, a sua cultura só começou a ser estável a
partir do século XV. Este espargo cultivado, geralmente aclimatado em solos arenosos, tem várias
espécies próximas espontâneas na flora europeia. A mais notável, o

espargo-bravo- menor, Asparagus acutifolius L., é um subarbusto perpetuamente verde, muito


disseminado na região mediterránica.

A análise dos turiões comestíveis revelou um grande número de componentes: provitamina A,


vitaminas BI e B2, aminoácidos, numerosos oligoelementos, etc. A toiça, espessa, provida de
numerosas raizes carnuPLANTAS CULTIVADAS

das, contém, além disso, um elevado teor de açúcares, um saponósido e vestígios de óleo essencial;
outrora, era utilizada na composição do xarope das cinco raízes, do qual faziam também parte o aipo, a
gilbarbeira, o funcho e a salsa. O espargo, diurético por excitação directa do rim, não é aconselhado
aos doentes de gota, litíase e reumatismo. Consumido cru, provoca por vezes reacções alérgicas. a
Propriedades: depurativo, diurético. UA. +0 Ver: anemia, diurese, fígado, gripe, intestino, pulmão.
Espinafre

Spinacia oleracea L.
Quenopodiáceas

Esta planta hortícola, de origem persa, foi introduzida em Espanha pelos Árabes apenas no século XI.
No século XIII, alcançou a França e seguidamente atingiu o resto da Europa. Muito rica em sais
minerais, contém também aminoácidos, vitaminas BI, B2, C, PP, carotenos e glúcidos. Devido à sua
alta mineralização e especialmente aos seus oxalatos, o espinafre deve ser evitado pelos doentes
reumáticos, do fígado e dos rins e diabéticos, bem como em estados inflamató~ rios do tubo digestivo
e vias urinárias. o Propriedades: antianémico, estimulante, hipotensor, laxativo, remineralizante. UA,
U.E. O Ver: acne, anemia, convalescença, crescimento, desmineralização, hipertensão, obstipação,
queimadura, raquitismo.

Estragão

Artemisia dracunculus L.

Compostas

Esta espécie de Artemis@a deliciosamente aromática, originária da Rússia Meridional e da Sibéria,


era muito apreciada pelos Árabes sob o nome de tarkum antes de atingir o

Ocidente, talvez aquando das invasões mongólicas, mas mais provavelmente trazida pelos cruzados no
século XII. No século XIII, tinha o nome de tarcon, e no XIV, o de targon, origens do seu nome
actual.

Remédio apreciado pelos Árabes e mesmo considerado por Avicena, no século XI, como preventivo
contra a peste, o estragão foi progressivamente abandonado na Europa para fins medicinais,
conquistando, no entanto, os seus elevados privilégios culinários. Contudo, as análises atestam a
exactidão de muitas das antigas indicações terapêuticas.

321
PLANTAS CULTIVADAS

O seu uso é benéfico para faltas de apetite ou más digestões; picado com abundância sobre legumes,
peixes e carnes, melhora agradavelmente a insipidez dos alimentos nas dietas sem sal. o Propriedades:
antiespas módico, anti-sép~ tico, aperitivo, emenagogo, estimulante, vermífugo. U.l. + Ver: aerofagia,
apetite, astenia, digestão, menstruação, meteorismo, parasitose, soluço.

Faveira

Vicia faba L.

Fava

Leguminosas

Este antigo legume, parente próximo de espécies espontâneas da região mediterrânicá, já era cultivado
na Idade do Bronze. A sua importância alimentar era grande entre os Antigos, embora tivesse a fama
de albergar as almas dos mortos e de provocar sonhos funestos.

A fava tem um elevado valor nutritivo, pois @ontém 23% de prótidos e 55% de glúcidos. E muito
agradável crua quando nova, tornando-se depois de retirada a pele, temperada com sal e azeite,
bastante indigesta. Cozida com a vagem, apresenta uma digestibilidade satisfatória. Quando seca, é
necessário demolhá-la durante 24 horas para ser

possível extrair a epiderme coriácea; cozinha-se em puré, sopa e guisada, digerindo-se mais facilmente
se for temperada com

ervas aromáticas estimulantes, como a segurelha e a salva. As flores e vagens verdes da fava são
utilizadas em fitoterapia. A ingestão da fava ou a simples inalação do pólen da planta florida pode, por
vezes, provocar uma rápida intoxicação, o favismo. o Propriedades: antiespas módico, diurético,
sedativo. U.l. O Ver: albuminúria, cistite, litíase.

Feijoeiro

Phaseolus vulgaris L.

Feijão-de-trepa

Leguminosas

O feijão, originário do México e do istmo da América Central, era, além do milho, o alimento base das
antigas civilizações do Novo Mundo. Após a sua aclimatação na Europa,

onde foi introduzido pelos conquistadores espanhóis no início do século XVI, o feijão produziu
inúmeras variedades hortícolas. Conhecido no passado sobretudo como legume seco de fácil
conservação, preferem-se actualmente as suas vagens inteiras colhidas antes da maturaçao.
Quando verde, o feijão é um bom alimento, apesar do seu fraco conteúdo calórico; rico numa
substância que corrige as perturbações metabólicas, protege o tecido hepático e fortifica o coração;
contém ainda numerosos aminoácidos, carotenos, vitaminas C, E e todas as do grupo B, sais minerais
e oligoelementos. A semente crua contém uma substância que tem a propriedade de restabelecer a
percentagem de leucócitos em caso

de queda patológica ou iatrogénica, após um tratamento com determinados antibióticos’. Muito


nutritivo, o feijão seco digere-se com

mais facilidade se for temperado com

condimentos adequados, como a salva e a segurelha. o Propriedades: depurativo, diurético, emoliente,


estimulante, hipoglicemiante, tónico. U.l., UX. + Ver: albuminúria, arteriosclerose, convalescença,
diabetes, fígado, insectos, mordedura, queimadura, reumatismo, ureia.

Figueira

Ficus carica L.

Bras.: figueira-de-europa, figueira-de-baco

Moráceas

Com os seus pequenos frutos esponjosos e

não comestíveis, a figueira-brava existe nos

locais rochosos virados ao sol de toda a bacia mediterrânica, onde se mistura com inúmeros pés
naturalizados que derivam de variedades cultivadas. Estas últimas são provavelmente originárias da
Ásia Ocidental. A figueira é uma das mais antigas árvores de fruto: uma pintura egípcia de Beni-
Hassan, com 4500 anos, representa uma

colheita de figos; no Antigo Testamento surge como um dos símbolos da abundância da Terra
Prometida. Os figos tiveram, além do trigo e da azeitona, um papel importante na alimentação dos
antigos povos mediterrânicos, sobretudo da Grécia e de Roma.

Particularmente rico em açúcar, proteínas, lípidos, grande quantidade de fósforo e cálcio, além de
oligoelementos, o figo é um

alimento muito nutritivo e de fácil digestão. Uma elevada percentagem de vitamina C, quando fresco,
associada aos carotenos e vitamina B, contribui para que o figo seja um remédio contra a fadiga. As
suas propriedades são numerosas: as sementes exercem uma acção laxativa; a decocçã o do figo seco é
emoliente quer para uso externo, quer interno. O fruto cozido é resolutivo. O látex

322
branco que brota dos ramos partidos ou do pecíolo das folhas é ácido e irritante; contém enzimas com
capacidades para tornar mais tenra a carne e uma outra que coagula o leite. Destrói calos e verrugas. O
contacto com as folhas pode provocar reacções alérgicas cutâneas. * Propriedades: calicida, emoliente,
estimulante, laxativo, resolutivo. U.l., UX. + O Ver: abcesso, astenia, calo, convalescença,
crescimento, envelhecimento, gengivas, gravidez, obstipação, tosse, verruga.

Girassol

Helianthus annuus L.

Helianto

Compostas

A grande flor do girassol é, na realidade, um capítulo constituído por uma parte central formada por
inúmeras pequenas flores tubulosas rodeadas por uma coroa de flores petalóides. Originário da
América Tropical, chegou à Europa no princípio do século xvi. Durante muito tempo tida como
simples planta ornamental que segue o curso do Sol, o girassol foi reconhecido, no século passado,
como uma das mais importantes oleaginosas.

A saborosa amêndoa dos frutos do girassol contém entre 3 5 e 5 5 % de óleo, de 23 a 3 1 % de


prótidos e cerca de 20% de glúcidos, podendo assim ser considerada como complemento nutritivo. O
seu óleo é hipocolesterolemiante, e quando de boa proveniência, extraído por simples pressão, é uma
das melhores matérias gordas alimentares.

A medicina popular russa utiliza as folhas e as flores para tratar as doenças pulmonares e as afecções
de garganta. Durante a colheita o contacto das flores e das sementes pode provocar reacções alérgicas
cutâneas. o Propriedades: febrífugo, hipocolesterolemiante. U.l. + O Ver: anginas, arteriosclerose,
colesterol, enfisema, febre, hipertensão, nervosismo, paludismo.

Groselheira-negra

Ribes nigrum L.

Saxifragáceas

A gro s elheira- negra é espontânea no Norte, Centro e Leste da Europa e no Norte e CenPLANTAS
CULTIVADAStro da Ásia. A cultura propagou-a muito para além da sua zona original, através de
uma grande parte do hemisfério norte temperado.

O pequeno fruto aromático e ácido é mais conhecido pela sua importância na indústria de licores e na
confeitaria do que pelas suas propriedades dietéticas e terapêuticas, que são, no entanto, as mais
consideráveis. Rica em vitamina C, particularmente resistente ao

calor e à oxidação, e portanto com óptimas condições de conservação nos xaropes e compotas, a baga
contém também um óleo essencial, glúcidos e muitos pigmentos antociânicos que lhe conferem uma
acção vitamínica P. A decocção das bagas frescas ou
secas é utilizada em gargarejos para tratar doenças de garganta. As folhas, cujo aroma é agradável, são
diuréticas e estão normalmente associadas às curas de Primavera. As gemas, em gemoterapia, actuam
como estimulante das glândulas supra-renais. a Propriedades: adstringente, antiescorbútico, anti-
hernorrágico, diurético, estimulante, refrescante. UA, UX. + V O Ver: arteriosclerose, celulite,
circulação, epidemia, fígado, gota, hipertensão, obesidade, olhos, picadas, reumatismo, rim, seio,
ureia.

Hortelã-pimenta

Mentha piperita L.

Labiadas

Híbrido da hortelã-aquática e da hortelã-comum, a hortelã-pimenta foi possivelmente descoberta nas


imediações das culturas desta última, em Inglaterra, nos finais do século XVII. Estéril como muitos
híbridos, esta hortelã, o peppermint dos Anglo-Saxões, foi desde então propagada por via vegetativa
em numerosos países temperados. Um grande centro de produção continua a ser, no entanto, a região
de Mitcham, próximo de Londres. Por vezes, surge espontaneamente nos

locais em que os seus progenitores crescem juntos.

A hortelã-pimenta deve o seu perfume intenso e o seu sabor picante a uma essência dotada de
propriedades anti-sépticas. A planta contém também flavonóides. Excitante do sistema nervoso
periférico, mas com capacidades de moderar a acção dos nervos em caso de excitação patológica, a
hortelã é simultaneamente estimulante, sedativa e antiespasmódica; estimula as funções digestivas. É
utilizada no fabrico de licores e em confeitaria e também na indústria farmacêutica. o Propriedades:
antálgico, antiespas módico, anti-séptico, digestivo, estimulante, sedativo. U.l., UX. + O Ver:
aerofagia, cefaleia, digestão, espasmo, hálito, impotência, indigestão, insectos,

323
PLANTAS CULTIVADAS

meteorismo, nevralgia, palpitações, parasitose, pé, pele, pulmão, sarna, soluço, tabagismo, tosse
convulsa, vertigem, vómito.

Jasmineiro- galego

Jasminum officinale L.

Jasmim-de-itália

Bras.: jasmim-trepador, jasmi neiro-dos- aç ores

Oleáceas

Esta planta trepadeira de caule delgado e flores brancas agradavelmente perfumadas parece ter sido
importada da índia no decorrer do século XVI. Cultivado como espécie ornamental no Sul da Europa,
o jasmineiro-galego serve de cavalo para enxerto do jasmineiro-de-espanha, Jasminum grandiflorum
L., originário do Nepal, cujas flores, maiores e

rosadas, são utilizadas no fabrico de perfumes. A região de Grasse, em França, é o

grande centro europeu de produção de essência de jasmim. O chá de jasmim, aromatizado com as
flores do Jasminum odoratissimuni L., é cultivado sobretudo na Formosa.

Em fitoterapia, a infusão das flores é considerada como sedativa e excelente para as dores de cabeça.
O óleo obtido pela maceração das flores em azeite durante pelo menos seis semanas é um bom
remédio para fricções, na ocorrência de dores nevrálgicas. o Propriedades: antiespasmódico,
aromático, hipnótico. U.l., UX. + Ver: cefaleia, dor, sono, tosse.

B6, C e E, açúcares, ácidos orgânicos, aminoácidos, pectina e sais minerais. Além disso, antes da
maturação, estado em que as

suas virtudes atingem o apogeu, contêm heterósidos flavónicos que lhes conferem uma acção
vitamínica P protectora dos capilares e

preventiva de hemorragias. A polpa da laranja é tónica, antiescorbútica, alcalinizante. É bem tolerada


pelos gastrálgicos e favorável aos hepáticos. Os diabéticos devem ingeri-Ia com moderação. As suas
utilizações em cosmética são análogas às da polpa do pepino.

Com a casca preparam-se, por destilação, essências aromáticas: a essência de laranja doce, ou de
Portugal, no caso da laranjeira-doce, e a essência de laranja amarga, no

caso da 1 aranj eira- amarga. A casca da laranja amarga, outrora muito utilizada, é actualmente mais
apreciada pelo seu sabor do que pelas suas propriedades. A casca da laranja doce tem propriedades
semelhantes, porém mais atenuadas. As folhas e os ramos
jovens da laranjeira-amarga produzem uma

essência muito aromática, além de uma saborosa infusão sedativa recomendável às pessoas nervosas.
Das flores, tão sedativas e antiesp as módicas como as folhas, é extraída uma essência que entra na
composição da água-de-colónia. Destiladas em presença da água, fornecem a água de flores de
laranjeira, de utilização quase exclusivamente aromática. o Propriedades: antiescorbútico,
antiespasmódico, anti-hemorrágico, aperitivo, colagogo, cosmético, digestivo, febrífugo, hipnótico,
sedativo, tónico, vermífugo. U.l. +-0 Ver: aerofagia, alcoolismo, apetite, crescimento,
desmineralização, envelhecimento, epilepsia, estômago, febre, fígado, hemorragia, nariz, nervosismo,
nevralgia, palpitações, parasitose, pele, soluç o, sono, vómito.

Laranjeira-doce e

amarga

Citrus sinensis Osbeck e Citrus bigaradia Duhamel

Rutáceas

As laranjeiras e os limoeiros têm um passado comum. Árvores originárias do Sueste Asiático Tropical
e Subtropical, cultivadas desde tempos remotos em todo o Extremo Oriente, atingiram o Ocidente pela
mesma

via. A laranj eira- amarga chegou à Europa nos alvores dos tempos históricos, muito antes da doce,
introduzida pelos Árabes na África do Norte e na Península no século XV.

Frutos de luxo, reservados às pessoas abastadas até uma época recente, as laranjas nunca tiveram
utilizações populares. Contêm carotenos, vitaminas BI, B2, PP, B5,

Lentilha

Lens culinaris Med. (=Ervum lens L.)

Leguininosas

A flora mediterrânica e a da Ásia Ocidental albergam grande número de lentilhas-bravas, de entre as


quais os agricultores neolíticos seleccionaram algumas espécies; assim se obteve a lentilha cultivada,
inexistente no estado espontâneo. A lentilha faz parte dos mais antigos legumes secos. Os Egípcios já
se alimentavam de lentilhas; alimento vulgar entre as classes pobres na Grécia e em Roma, a lentilha
foi desacreditada pelos médicos dessa época. No século li, foi acusada de provocar tumores. Um autor
do Renascimento aconselha ainda a sua cozedura, depois de descascada, em água da chuva com
numerosas ervas aromáticas, a fim de fazer desaparecer a sua nocividade. Eram-lhe

324
também reconhecidas virtudes terapêuticas, tais como a de curar a varíola e de minorar a acção dos
venenos. No século XIX, um charlatão fez fortuna comercializando farinha de lentilhas sob um nome
misterioso e apresentando-a como um remédio universal!

A lentilha é um alimento de elevado valor nutritivo. Assim, 100 g de lentilhas equivalem, no plano
calórico, a 150 g de carne e
150 g de pão integral. É rica em fósforo, ferro e em vitaminas do grupo B. As pessoas que sofrem de
dispepsia devem preferentemente ingeri~la sob a forma de farinha. A salva e a segurelha facilitam
bastante a sua digestão. o Propriedades: galactagogo, resolutivo. U.l., UX. O Ver: abcesso, astenia,
lactação.

Lilás

Syringa vulgaris L.

Lilaseiro

Oleáceas

Na Primavera, este arbusto tem floração exuberante e perfume intenso; cultivado outrora pelos Árabes,
o lilás crescia nos jardins de Constantinopla pouco depois da conquista turca, daí se difundindo pela
Europa a

partir do século XVI.

A casca nova, as folhas e os frutos verdes são extremamente amargos devido a uma substância
especial, a siringopicrina, e a um

heterósido; estas substâncias fazem do lilás uma planta medicinal de acção tónica muito útil. As flores
contêm uma essência utilizada em perfumaria. Na Rússia, faz-se uma maceração com as flores, o óleo
de lilás, anti-reumático. * Propriedades: antinevrálgico, febrífugo, sedativo, tónico. U.l., U.E. Ver:
ciática, febre, reumatismo.

Limoeiro

Citrus limonum Riss.

PLANTAS CULTIVADAS

-amarga foram introduzidas na Europa após as conquistas de Alexandre, difundindo-se rapidamente


para oeste, pelas costas do Mediterrâneo, visto que os seus frutos já estão representados em mosaicos
romanos do século 1. O limoeiro, difundido pelos Árabes no Egipto e na Palestina cerca do século X,
é uma conquista das Cruzadas.

O limão, fruto medicinal por excelência, ao

qual ainda hoje se recorre naturalmente para tratar as gripes, gozava de grande reputação entre os
médicos latinos, gregos e árabes da Antiguidade, que o consideravam um antídoto contra venenos de
origem animal, além de um preventivo contra epidemias. Modernamente, a análise do limão
demonstrou o seu excepcional valor. O suco contém ácido cítrico, ácido málico, citratos de potássio e

de cálcio, cerca de 8% de glúcidos, matérias pécticas, mucilagem, sais minerais, oligoelementos e


vitamina C. O limão contém ainda, tal como a laranja, heterósidos flavónicos com acção vitamínica P.
Do pericarpo extrai-se, por destilação, uma essência muito perfumada, de grande poder anti-séptico,
normalmente utilizada em perfumaria e como aromatizante. Pelas suas propriedades, o

consumo regular de limões, de alho e tomilho é indicado em períodos de epidemias. O limão é um


excelente anti-séptico e um tónico geral do organismo e do aparelho digestivo. Resulta eficazmente no
tratamento de doenças inflamatórias da boca e da garganta. Cosmético de tradicional reputação, o
limão amacia a pele das mãos, fortifica as unhas frágeis, tonifica as peles oleosas, diminuindo-lhes a
seborreia, torna a tez radiante e encobre as sardas. Misturado com a água de enxaguar o cabelo, torna-
o brilhante. o Propriedades: antiescorbútico, anti-hemorrágico, anti-séptico, febrífugo, refrescante,
tónico. U.l., U.E. + V O Ver: acne, afta, alcoolismo, anginas, apetite, arteriosclerose, astenia, banho,
boca, cabelo, celulite, circulação, colesterol, dentes, diarreia, digestão, epidemia, epistaxe, escorbuto,
fadiga, ferida, greta, gripe, insectos, intoxicação, lipotimia, meteorismo, obesidade, olhos, ouvido,
parasitose, pele, picadas, reumatismo, sarda, soluço, unha, vómito.

Rutáceas

Os citrinos são originários da Ásia Meridional e do Sueste. O limoeiro e um parente próximo, a


cidreira, Citrus medica L., cujos frutos possuem casca muito espessa e irregular e polpa pouco ácida,
crescem espontaneamente nas florestas quentes do sopé do Himalaia Indiano e nas montanhas do
Norte da Península Indochinesa. Cultivados desde há milhares de anos da índia à China, os

Citrus foram durante muito tempo conhecidos na Europa apenas como árvores míticas que davam
flores e frutos todo o ano. Cerca do século IV a. C., a cidreira e a laranjeiraLírio-florentino

Irisflorentina L.

Lírio-branco

1ridáceas

O nome oficinal de lírio-florentino abrange várias espécies cultivadas e variedades hortícolas de


origem provavelmente híbrida, das quais a mais conhecida é o lírio-cárdano, Iris germanica L., planta
cujo nome não é elucidativo, pois não existe no estado es325
PLANTAS CULTIVADAS pontânco na Europa Central. De origem mediterrânica, este último, bem
como o Iris fiorentina L. e Iris pallida Lamk., é há séculos cultivado na Ásia Ocidental e em grande
parte da Europa. O rizoma espesso, única parte utilizável, com aroma desagradável quando fresco,
adquire depois de seco um forte perfume de violeta, Este cheiro é devido à presença de um óleo
essencial, a essência de lírio, de composiçã o muito complexa. Considerado pela medicina antiga como
o melhor dos purgativos, o rizoma do lírio, uma vez seco e reduzido a pó, actua como expectorante e
diurético, tornando-se vomitivo em doses fortes. Actualmente, os lírios são cultivados mais pela beleza
das suas flores e pela sua utilização em perfumaria. o Propriedades: aromático, diurético, expectorante,
U.l. + Ver: asma, bronquite, cefaleia, tosse convulsa.

Lúcia-lima

Lippia citriodora L.

Bela-luísa, doce-lima, erva-luísa, limonete

Bras,: erva-cidreira

Verbenáceas

Este arbusto chileno é cultivado na Europa Meridional desde os fins do século XVIII. A lúcia-lima,
muito decorativa, tem folhas com perfume intenso; um complexo óleo essencial determina o forte
aroma a limão e as propriedades da planta. Devido aos seus componentes e utilizações, tem muitas
semelhanças com a melissa. Combate, sobretudo, as perturbações digestivas e nervosas ligeiras.
Desaconselha-se o seu emprego prolongado devido aos riscos de perturbações gástricas, e mesmo
gastrites. o Propriedades: antiespasmódico, estomáquico. U.l. + Ver: actifenos, cefaleia, indigestão,
meteorismo, palpitações, vertigem, vómito.

Macieira

Malus communis Poir.

Maceira, maçãzeira

Rosáceas

De origem complexa, a macieira, que conta actualmente com mais de 1000 variedades, deriva
simultaneamente de espécies da Ásia

Central e Ocidental, onde a sua cultura é muito antiga, e dos seus híbridos com as macieiras europeias.
A maçã é um dos frutos indígenas mais apreciados; além de 85% de água, contém 12% de açúcar,
ácidos orgânicos, pectina, tanino, vitaminas BI, B2, PP, C e E e provitamina A. O seu aroma é devido
a uma essência existente sobretudo na pele. Refrescante pelo seu abundante suco, ligeiramente ácido,
estimula as glândulas digestivas e protege a mucosa gástrica. Os dispépticos deveriam comer uma
maçã ralada e já um pouco escurecida pela exposição ao ar no início de cada refeição. O sumo de
maçã fresco, numa cura de Primavera, tem-se revelado muito salutar. É um excelente alimento
complementar que favorece especialmente a assimilação do cálcio.’ A maçã tem numerosas utilizações
externas tradicionais: a sua polpa cozida é calmante e resolutiva, e o seu suco fresco retarda o
aparecimento de rugas e a flacidez da epiderme. o Propriedades: antidiarreico, anti-séptico, aperitivo,
diurético, emoliente, febrífugo, hemostático, laxativo, refrescante, resolutivo, tónico. U.l., U.E. + V
Ver: anemia, artritismo, astenia, bronquite, cansaço, convalescença, coração, crescimento, cura de
Primavera, diarreia, diurese, envelhecimento, estÔmago, hipertensão, litíase, nervosismo, obesidade,
obstipação, pele, reumatismo, seio.

Manj eric ão- grande

Ocimum basilicum L.

Basílico, alfádega, manjerico-de-folha-grande,

alfavaca

Bras.: manj.cricao-roxo

Labiadas

É uma planta de origem africana e indiana que se aclimatou na Europa há muitos séculos. É cultivada
para aromatizar saladas, sopas, pratos de carne e para extracção da essência no aro do Mediterrâneo e
na maioria das regiões temperadas quentes do Globo. Além do manjericão-grande, Ocimum basilicum
L., com folhas de 2 a 5 cm de comprimento, cultiva-se ainda o manjericão, Ocimuni minimum L.,
espécie muito semelhante, com folhas de 1 a 2 cm e aroma muito mais suave. O seu delicioso
perfume, semelhante ao do estragão, deve-se à presença na planta de uma essência rica em estragol,
em eugenol, base da essência do cravo-da-índia, e ainda em timol, que faz parte dos componentes da
do tomilho. A planta, que deve de preferência ser utilizada fresca, pois perde as suas propriedades ao
secar, é, em doses medicinais, estimulante, antiespasmódica e

sedativa, pelo que era outrora receitada para o tratamento da histeria. As folhas frescas

326
esmagadas acalmam as irritações cutâneas. o Propriedades: antiespas módico, esternutatório,
galactagogo, peitoral, sedativo. UA, U. E. + V Ver: aerofagia, afta, astenia, cabelo, cefaleia,
constipação, espasmo, estômago, insectos, lactação, meteorismo, nervosismo, picada, sono, terçolho,
tosse, tosse convulsa, vómito.

Manjerona

Origanum majorana L. (= Majorana hortensis

Moench)

Bras.: manjerona-verdadeira, ourégão-vulgar,

manjerona-inglesa, flor-de-hirrieneu,

manjerona-hortensis, amaracus

Labiadas

Esta pequena labiada aromática, com folhas aveludadas, flores minúsculas, brancas ou rosadas,
agrupadas em espigas oblongas, muito juntas e com grandes brácteas côncavas, só se cultiva na
Europa. No Sul, contudo, surge por vezes escapada das culturas. O seu habitat natural estende-se do
Nordeste de África à índia; introduzida no Ocidente na Idade Média, possivelmente pelos cruzados, o
seu nome foi depois atribuído ao vulgar orégão indígena. Este facto originou confusões seculares que
ainda persistem. o Propriedades: antálgico, antiespasmódico, anti-séptico, hipotensivo. U.l., U.E. +
Ver: angústia, astenia, banho, cefaleia, estômago, nervosismo, sono, vertigem.

Maravilhas

Calendula officinalis L.

Maravi lha s -bastardas, caléndula-hortense, boas-noites

Bras.: calêndula, mal-me-quer, bem-me-quer

Compostas

As belas maravilhas dos jardins, flores vulgares dos canteiros, raramente são conhecidas pelas suas
virtudes medicinais. Inexistentes no estado espontâneo, parecem derivar da erva-vaqueira dos campos
do Sul da Europa, Calendula arvensis L., começando a

ser utilizadas em medicina na Idade Média.

Pigmentos flavónicos, um princípio amargo, um saponósido, uma resina, um óleo essencial, ácidos,
álcoois e vestígios de-ácido salicílico numa associação perfeita fazem das maravilhas um remédio
excepcional. Para além das aplicações especiais em ginecologia, são um dos melhores vulnerários anti-
sépticos, anti-infiamatórios e cicatrizantes da flora europeia. o Propriedades: antiespasmódico, anti-
inflarnatório, anti-séptico, calicida, cicatrizanPLANTAS CULTIVADAS

te, depurativo, emenagogo, emoliente, sudorífico, vulnerário. U.l., UX. + V O Ver: calo, contusão,
ferida, fígado, frieira, furúnculo, menopausa, menstruação, pele, picadas, queimadura, ú lcera cutânea,
verruga.
Marmeleiro

Cydonia vulgaris Pers. (= C. oblonga Miller)

Rosáceas

As maçãs de ouro do Jardim das Hespérides, representado nos altos-relevos do Templo de Zeus, em
Olímpia, em 450 a. C., assemelham-se muito aos marmelos. Os Gregos conheciam estes frutos pelo
menos desde o século vil a. C. Eram oriundos da Ásia Ocidental, onde o arbusto é espontâneo, desde a

Turquia até ao Norte do Irão e à Transcaucásía. Durante um longo período os marmelos, mais
apreciados pelo seu aroma do que pelas suas qualidades alimentares ou medicinais, foram oferecidos
aos deuses. Para o

povo, oferecer um marmelo era uma prova de amor: um decreto de Sólon, no século vi, oficializava a
função do marmelo nos ritos nupciais. Desde a época de Hipócrates até ao século XVIL, este fruto foi
considerado um dos mais sãos e úteis, tendo lugar de destaque na medicina antiga pela sua
adstringência; durante muito tempo, pensou-se que se tratava de um antídoto de venenos.

Algumas variedades dão frutos comestíveis (como as gamboas), se bem que normalmente sejam
consumidos cozidos. Apesar de perdida a sua antiga reputação, o marmeleiro continua a ser cultivado
por toda a Europa, sendo os seus frutos utilizados na preparação de geleias alimentares e em
fitoterapia. o Propriedades: adstringente, antidiarreico, calmante. UA, UX. + V Ver: afta, anginas,
banho, boca, cólica, frieira, greta, hemorróidas, leucorreia, pele, queimadura, ruga.

Mastruço

Lepidium sativum L.

Agrião-mouro, mastruço-ordinário

Crucíferas

Desde os mais remotos tempos cultivado no

Irão, de onde é sem dúvida originário, o

mastruço conquistou a Ásia e a Europa na Antiguidade. Suplantado nos mercados pelo agrião, também
chamado agrião-de-água, o

mastruço merecia ser mais conhecido, visto que se adapta a todos os tipos de solos e a
quase todos os climas, desenvolvendo- com uma rapidez surpreendente. Muito utilizado pelos Gregos
e Romanos, que apre3',27
PLANTAS CULTIVADAS

ciavam iguarias condimentadas e saladas picantes, servido nas mesas reais na Idade Média, o mastruço
gozou de justa fama. o Propriedades: antiescorbútico, depurativo, estimulante. U.l., UX. Ver: apetite,
boca, convalescença, fígado, pele.

Melão

Cucumis melo L.

Cucurbitáceas

Como o pepino, espécie do mesmo género, o melão é originário da Ásia Ocidental e Meridional, sendo
um dos frutos mais apreciados desde a Turquia à China; existe também em África no estado
espontâneo. Cultivado pelos Romanos, o melão desapareceu depois das culturas europeias, só
reaparecendo nos finais da Idade Média e no Renascimento. Os apreciadores, ao ingeri-lo, cometiam
uma temeridade, pois os médicos da época consideravam o melão um dos mais nocivos alimentos e
responsabilizavam-no pela morte de quatro imperadores e dois papas. Contra-indicado aos que sofrem
de dispepsia, de diabetes e em todos os casos de irritação do aparelho digestivo, o melão é para os que
não sofrem destes males, apesar da sua difícil digestão, um fruto agradável, refrescante, diurético e
laxativo. As suas utilizações em cosmética são análogas às do pepino, estando o melão especialmente
indicado para as peles secas, o Propriedades: diurético, laxativo, refrescante. UA., U.E. V Ver: fígado,
pele, queimadura.

Milho

Zea mays L.

Milho-grosso, milho-maês Bras.: cabelo-de-milho, barba-de-milho,

estigma-de-milho

Gramíneas

Os índios da América consideravam o milho um dom do deus Hiawatha. Na verdade, o milho é


desconhecido em todo o Mundo no estado espontâneo e distingue-se perfeitamente das gramíneas que
mais se lhe assemelham. A América Central e principalmente o México foram provavelmente os locais
de difusão da cultura da planta. Em estações pré-históricas do Novo México foram encontrados restos
de milho com 7500 anos, supondo-se que algumas tribos índias do Sudoeste dos Estados Unidos já o
conheciam há milénios. Nestas civilizações, o milho tem a mesma importância que o trigo para os

Europeus. Hoje, é um cereal cultivado em todo o Mundo, especialmente na Europa, onde é utilizado
para a alimentação do gado.

O grão de milho-doce-da-américa, consumido em verde, é tão saboroso como as ervilhas. Muito


energético e nutritivo, é menos equilibrado que o trigo; se bem que diminua a actividade da tireóide e
actue como moderador do metabolismo, o milho não é comparável ao trigo como base alimentar
exclusiva. O amido do milho faz parte da composição de numerosos produtos dietéticos para lactentes.
O germe de grão de milho contém um óleo que, como o do girassol, possui uma acção
anticolesterolémica. Os estiletes que guarnecem as espigas frutíferas, chamados barbas de milho, têm
uma acção diurética e emoliente. Contêm ácido salicílico, que é analgésico, e vitamina K. o
Propriedades: analgésico, anti-hemorrágico, diurético, emoliente, hipocolesterolemiante, hipoglicemi
ante. U.l. + O Ver: albuminúria, cistite, colesterol, diabetes, edema, gota, litíase, nefrite, obesidade,
pele, reumatismo, rim.

Milho-miúdo

Panicum miliaceum L.

Milho-de-canário, milho-alvo, pão-de-passarinho,

milhete

Gramíncas

Além do milho-grosso, várias outras gramíneas foram ou são ainda cultivadas sob a designação
genérica de milho. As duas mais importantes são o milho-miúdo, Panicum miliaceum L., e o milho-
paínço, Setaria italica P. B.; são plantas que nascem espontaneamente em diversas regiões da Ásia, em

zonas temperadas no primeiro caso e quentes no segundo. A sua origem perde-se com a da história dos
povos deste continente. Os Chineses cultivavam o Panicum miliaceum L. há 5000 anos. Foram
encontrados restos de Setaria italica P. B. em Chassey, França, que devem datar do 3.O milénio a. C,

Os milhos-miúdos desapareceram praticamente da alimentação ocidental, pois não são panificáveis.


Continuam, no entanto, a ser intensamente cultivados na Ásia, em África e também na Europa
Oriental, sobretudo o Panicum miliaceum L. Possuem qualidades alimentares aproximadas às do trigo
e têm um sabor doce e agradável. Negligenciam-se erradamente nos países ricos, onde apenas os
vegetarianos os apreciam. Os seus

grãos são cozinhados em papas, bolos ou do mesmo modo que o arroz. O Milium effusum L., milho-
miúdo-silvestre dos bosques frescos de todo o hemisfério norte temperado, pouco semelhante aos já
mencionados, foi muitas vezes utilizado como alimento em períodos de escassez.

328
o Propriedades: antianémico, diurético, estimulante, resolutivo, sudorífico. U.l., U.E. o Ver: actiferios,
convalescença, diarreia, gripe.

Nogueira

Juglans regia L.

Bras.: nogueira-da-índia

Juglandáceas

Árvore do Sudeste Europeu e Asiático, cujo vasto habitat se estende dos Balcãs e de Creta até ao
Norte da China, a nogueira foi extinta na Europa Ocidental pela última glaciação quaternária,
reaparecendo no fim da Idade do Bronze.

Pouco reputada, como a maioria dos frutos, na opinião dos médicos da Antiguidade e da Idade Média,
a noz teve, contudo, um papel importante na alimentação dos nossos antepassados, especialmente
através do seu óleo, outrora utilizado, juntamente com o do fruto da faia, na Europa não
Mediterrânica. A noz

é dos frutos secos mais nutritivos, pois contém, além de prótidos e glúcidos, sais minerais, sobretudo
zinco e cobre, vitaminas BI, B2, B5 e PP e carotenos. Reconstituinte, deve fazer parte da ementa de
carenciados, convalescentes, crianças e idosos; é um

vermífugo eficaz contra a ténia. As folhas e a casca verde dos frutos, o pericarpo, constituem a sua
principal utilidade medicinal. A nogueira é aconselhada para combater a

queda do cabelo e a caspa, mas o seu poder corante limita o seu uso aos morenos. Existem
incompatibilidades entre a nogueira e plantas como o aloés-do-cabo, o musgo-da-Irlanda, o
condurango, a quina, além de alguns sais minerais ou substâncias medicamentosas. Nunca se deve
associar a outros medicamentos sem indicação médica. o Propriedades: adstringente, anti-séptico,
cicatrizante, depurativo, detersivo, hipoglicemiante, tónico, vermífugo. U.l., U.E. +-0 Ver: anemia,
anginas, astenia, banho, cabelo, conjuntivite, crescimento, diabetes, diarreia, edema, ferida, fígado,
frieira, hemorróidas, leucorreia, parasitose, pele, raquitismo, úlcera cutânea.

Oliveira

Olea europaea L.

Oleáceas

Símbolo da agricultura antiga nas regiões mediterrânicas, a oliveira foi domesticada há milhares de
anos na Ásia Ocidental, onde os

protótipos das raças cultivadas existem no

PLANTAS CULTIVADAS
estado espontâneo. O Génesis fala de um

óleo extraído provavelmente do seu fruto. A árvore atingiu a Itália na 1.1 metade do
1.O milénio a. C. e actualmente é cultivada em cerca de 30 países dos 5 continentes. Além de água,
óleo, glúcidos e prótidos, a

azeitona contém numerosos minerais, especialmente cálcio, ácidos orgânicos, enzimas, vitaminas B I,
B2 e PP e provitamina A.

O azeite é um alimento precioso quando é feito com rigor. As azeitonas comercializadas são
frequentemente submetidas a lavagens químicas que destroem alguns elementos importantes. O poder
nutritivo das azeitonas pretas é muito superior ao das verdes; basta recordar que, na área
mediterrânica, constituíam outrora, com a cebol >a e o pão de centeio, o alimento principal da gente
do campo. O azeite extraído por pressão a frio é o único que oferece garantias sob o ponto de vista
dietético e medicinal. Muito digerível cru, poderia substituir todas as gorduras alimentares se tivesse
as características anticolesterolemi antes dos óleos de milho e girassol. Teve outrora numerosas
aplicações terapêuticas, tanto para uso interno como externo. Entre os Romanos, a unção com azeite
tinha funções de um verdadeiro banho de juventude. A folha de oliveira, além da sua antiga fama de
febrífuga e vulnerária, deve a descobertas modernas a reputação de ser um dos hipotensores vegetais
europeus de maior interesse. o Propriedades: colagogo, colerético, diurético, emoliente, hipoglicemi
ante, hipotensor, laxativo, resolutivo. U.l., U.E. + V O Ver: abcesso, arteriosclerose, bronzeamento,
cabelo, diabetes, diurese, eritema, fígado, greta, gripe, hipertensão, litíase, obesidade, obstipação,
ouvido, pele, picadas, reumatismo, úlcera cutânea, unha.

Passifiora

Passiflora incarnala L.

Martírios, flor-da-paixão

Bras.: maracujá

Passifioráceas

Esta graciosa trepadeira provida de gavinhas, com folhas recortadas e persistentes, deve o

nome às suas enormes e maravilhosas flores, cujas diversas peças fazem lembrar os * trumentos da
Paixão de Cristo. Originária da América Tropical, necessitada de temperaturas elevadas, a família das
Passifioráceas só se aclimata bem nas regiões temperadas mediterrânicas.

329
PLANTAS CULTIVADAS

Em 1867, os estudos de um investigador americano chamaram a atenção para a passiflora e


demonstraram o seu grande interesse para a medicina como sedativo e antiespasmódico. Esta planta
não tóxica pode ser de grande utilidade para determinadas intoxicações, como o alcoolismo ou a
morfinomania. Além disso, o seu fruto, que é ovóide, amarelo, do tamanho de um ovo, contém uma
polpa comestível levemente viscosa, muito refrescante e rica em vitamina C. o Propriedades:
analgésico, antiespasmódico, hipnótico, hipotensor, sedativo. UA. +0 Ver: alcoolismo, angústia,
cólica, coração, enxaqueca, espasmo, fadiga, nervosismo, nevralgia, sono.

Pastinaga

Pastinaca sativa L.

Chirivia

Umbelíferas

Derivando de uma espécie silvestre muito conhecida na Europa, a pastinaga apenas difere dela pela
sua aromática raiz carnuda, de cor branco- amarelada; consumida ainda fresca, tem um sabor muito
agradável. Bastante apreciada pelos Latinos, foi uma das plantas mais difundidas até ser suplantada
pela cenoura no século XI.

Mais rica do que esta em açúcares e proteínas, a pastinaga é um alimento de valor aproximadamente
igual, se bem que contenha menos vitaminas. É necessária muita prudência ao colhê-la, pois há
possibilidades de se fazerem trágicas confusões entre a pastinaga e outras umbelíferas tóxicas, como o
embude, ou rabaças, Oenanthe crocata L., e

a cicuta, Conium maculatum L. Uma subespécie espontânea da pastinaga, a Pastinaca urens Req_
provoca, por simples contacto, dermatoses alérgicas, por vezes graves. o Propriedades: depurativo,
diurético, sedativo. UA. Ver: diurese, obesidade.

PeÓnia

Paeonia officinalis L.

Peoffiáceas

Mais bela ainda no estado selvagem, com as suas grandes flores terminais vermelhas, a peónia, jóia
rara da flora europeia, encontra-se dispersa, sempre em meios bem delimitados e frequentemente
pouco acessíveis, de Portugal à Rornénia, aventurando-se para norte até à Áustria e à Hungria. Existe
também na

Ásia, tendo representado na China durante

um longo período o símbolo da glória imperial. A Paeonia baetica L. cresce em Portugal desde o
Minho ao Algarve, nos locais pedregosos e silvados, sendo conhecida pelos nomes de rosa- albardeira,
roda-de-lobo ou peónia-macha. A Paeonia officinalis L. é

rara em Portugal, aparecendo na região do vimioso.

Os primeiros escritos médicos gregos consideravam a peónia eficaz contra a epilepsia, tendo sido
utilizada no tratamento desta doença até ao século XIX. A fitoterapia moderna considera-a um bom
antiespas módico, vantajosa nos casos de perturbações nervosas. As sementes de peónia são tóxicas;
utilizam-se as flores e a raiz, que contém um

heterósido produtor de óleo essencial e um alcalóide que exerce uma acção tónica na circulação
venosa. A planta não é aconselhável às mulheres grávidas. o Propriedades: antiespas módico,
vasoconstritor. U.l., U.E. + Ver: espasmo, hemorróidas, nervosismo, palpitações, tosse, varizes.

Pepino

Cucumis sativus L.

Cucurbitáceas

O antepassado desta planta hortícola tão conhecida, cuja cultura era já próspera na índia e no Egipto
há pelo menos 4000 anos, é provavelmente um pepino espontâneo que

cresce no sopé do Himalaia. Muito apreciado pelos Gregos e Latinos, considerado na Idade Média
como detentor de um certo número de qualidades terapêuticas, o pepino como alimento levantou em
todos os tempos as maiores suspeitas por parte dos médicos e

dietistas. Contendo de 95 a 97% de água, este fruto é de facto o menos nutritivo dos alimentos crus, se
bem que contenha, entre outras, vitamina C, provitamina A, uma proporção notável de ferro,
manganésio, iodo e vestígios de tiamina. A casca tem um sabor amargo devido a substâncias que se

encontram também na norça-branca e nas coloquíntidas e que são tóxicas. Indigesto quando cru, mal
tolerado por estômagos sensíveis, o pepino é, no entanto, um alimento refrescante e diurético. É
utiliizado principalmente para uso externo; a polpa goza de uma muito antiga e merecida fama em
dermatologia e em cosmética: cuidados do rosto, rugas, sardas; com efeito, o pepino, cortado em
rodelas e aplicado sobre o

rosto, constitui uma máscara emoliente. As sementes, cuja composição se assemelha às da abóbora,
são consideradas vermífugas. o Propriedades: diurético, emoliente, refrescante. U.l., UX. V O Ver:
cólica, dartro, eritema, greta, pele, prurido.

330
Pereira

Pirus communis L.

Rosáceas

Congénere da pereira-brava, Pirus piraster Burgsd., a pereira, no entanto, não deriva dela. Mais
provavelmente, tem origem numa ou em várias espécies de Pirus do Sudeste da Europa e da Ásia
Ocidental. As variedades procedentes da pereira-brava só dão frutos acres, apenas utilizáveis para
prensar. Cultivada na Grécia antiga, citada na Odisseia, a pereira já estava representada nos pomares
latinos do século I por cerca de
40 variedades, número este que o talento dos agricultores aumentou indefinidamente. Actualmente, se
bem que tenham sido inventariadas mais de 1000 variedades de péras, apenas algumas são cultivadas à
escala industrial. O fruto é perfeitamente digerível quando maduro. Para estômagos susceptíveis é, no
entanto, preferível cozê-lo. A pêra é rica em açúcares, sobretudo levulose, assimilável pelos diabéticos
e bastante pobre em vitaminas, mas importante devido aos ácidos orgânicos, aos minerais e à pectina.
Um pouco adstringente devido ao tanino, é no entanto o sabor refrescante a mais apreciável das suas
qualidades. A casca e as folhas dos ramos jovens contêm um glucósido, o arbutósido.
09 Propriedades: adstringente, antidiarreico, anti-séptico, diurético, vulnerário. U.I., U. E. Ver:
anginas, cistite, diarréia, diurese, gota, litíase, reumatismo.

Pessegueiro

Pruntís persica (L.) Batsch (=Persica mIgaris Mill.)

Rosáceas

O pessegueiro não se encontra em parte alguma no estado espontâneo. É cultivado na

China desde tempos imemoriais, onde as mais antigas poesias celebram as suas flores, símbolo de
renovação, de juventude e de amor fugaz. Muito tempo depois de ter atingido o Médio Oriente pela
rota das caravanas, o pessegueiro foi introduzido na Grécia pelos soldados de Alexandre Magno. As
pinturas murais de Pompeia, em Itália, são um testemunho do seu desenvolvimento. Actualmente, o
pessegueiro tornou-se uma

das árvores frutíferas mais cultivadas à superfície do Globo, com centenas de variedades, algumas com
frutos de pele lisa, como os pêssegos nectarinas e os calvos, ou carecas.

O pêssego fresco, além dos seus 85% de água, é sobretudo rico em açúcares; contém também uma
pequena quantidade de óleo

PLANTAS CULTIVADAS

essencial, numerosos minerais, vitaminas B I, B2, PP e C e provitamina A. Quando maduro, é um


fruto energético, aperitivo e

refrescante, bem tolerado pelos estômagos sensíveis. A polpa do pêssego tem as mesmas aplicações
cosméticas que a do alperce. As folhas, as flores e a amêndoa do caroço contêm uma substância
química geradora de ácido cianídrico, pelo que não devem ser
consumidas. Só o xarope de flores de pessegueiro em doses rigorosas continua a ser

receitado às crianças como laxante e sedativo. o Propriedades: antiespas módico, aperitivo, laxativo,
refrescante, sedativo, vermífugo. U.I., U.E. + V Ver: acufenos, obstipação, parasitose, sono, tosse,
tosse convulsa.

Pimentão

Capsicum annuum L.

Pimentão-corni cabra, pimento-cornurn

Solanáceas

Descoberto na América Central no final do século XV pelos marinheiros de Cristóvão Colombo, o


pimentão era desde épocas longínquas a única especiaria usada pelos índios do Chile e do México.
Importado pelos Espanhóis em 1514, propagou-se muito rapidamente nas regiões meridionais da
Europa, em África e na Ásia. Ocupa actualmente um

lugar importante na alimentação dos povos dos países mediterrânicos e tropicais. Cultivam-se diversas
espécies e variedades do género Capsicum, algumas com frutos pequenos de sabor picante, outras com
frutos maiores e com sabor menos intenso - os

pimentões doces, ou pimentos. Em climas quentes cultiva-se também o pimentão-de-cheiro, ou


pimentão-de-caiena, Capsicum frutescens L., espé cie arbustiva com caules lenhosos, pequenos frutos
pontiagudos, muito picantes, dos quais, depois de secos e

reduzidos a pó, se faz o piripíri. Os pimentões têm um fraco valor nutritivo, contendo, no entanto,
vitaminas C, B I, B2 e PP. Uma substância específica, a capsaicina, determina o seu sabor picante. O
pimentão picante, ingerido em excesso, pode causar inflamações gastrintestinais e renais e deve ser
proibido em casos de sensibilidade especial destes órgãos. Actualmente, é utilizado em

aplicação externa como rubefaciente e revulsivo e faz parte da composição de numerosos bálsamos,
linimentos, cataplasmas, bem como do algodão termogéneo. o Propriedades: antidiarreico, anti-
inflamatório, antivomitivo, aperitivo, estimulante, revulsivo, rubefaciente, sedativo, tónico. U.I., U.E.
Ver: alcoolismo, apetite, arteriosclerose, astenia, bronquite, cabelo, congestão, diarreia, nevralgia,
pulmão, reumatismo, vómito.
331
Piretro

Chrysanthemum cinerariaefolium (Trev.) Vis.

Piretro-da-dalmácia

Compostas

Esta bela composta vivaz, cujas flores se

assemelham às da bonina, distingui tido- se, no entanto, facilmente devido às suas folhas muito
recortadas, aveludadas, de tom acinzentado, quase todas situadas na base, e pelo seu perfume, muito
aromático, só cresce espontaneamente nas costas jugoslavas do Adriático.

Os capítulos do piretro, única parte utilizada, contêm, além de outros e numerosos componentes, uma
mistura de piretrinas, substâncias extremamente tóxicas para os

animais de sangue frio, como os insectos e os vermes, e de fraca toxicidade para o

homem e animais de sangue quente, quer por ingestão, quer por inalação. Desde longa data conhecido
como insecticida na Ásia Ocidental, onde crescem espécies vizinhas, o piretro tornou-se uma planta de
uso corrente na agricultura. o Propriedades: parasiticida. U.E. + O Ver: ftiríase, insectos.

Rabanete e rábano

Raphanus sativus L., var. radicula Pers.; Raphanus

sativus L., var. niger Pers.

Bras.: rabanete, nabo-chinés, rabanete-das-bortas

Crucíferas

Estas hortaliças são desconhecidas no estado espontâneo e supõe-se que sejam espécies próximas das
do Oeste Asiático. Na época da construçã o das pirâmides, os Egípcios alimentavam-se com estas
deliciosas raízes temperadas com dentes de alho. Os médicos gregos e latinos já conheciam as suas
propriedades béquicas. Os rabanetes e os rábanos não são citados na Europa antes do Renascimento,
só a partir dessa época começando

a ser elogiados os seus bons efeitos colagogos, embora fossem considerados alimentos grosseiros. São
apenas variedades hortícolas, botanicamente muito semelhantes, diferenciando-se apenas pelas suas
raízes. Têm utilizações idênticas, se bem que o rábano seja mais rico em essência e mais activo. De
valor nutritivo muito reduzido, bastante indigestos, não são aconselhados aos dispépticos, mas o seu
suco

fresco é benéfico para os hepáticos. O rabanete


é menos indigesto se for consumido com as folhas, sendo necessário mastigá-lo bem. o Propriedades:
antiescorbútico, aperitivo, béquico, tónico. U.l. + Ver: acrie, artrite, bronquite, desmineralização,
fígado, meteorismo, tosse, vesícula biliar.

Rícino

Ricinus communis L.

Carrapateiro, mamona, bafureira Bras.: mamoneira, baga, bafureiro

Euforbiáceas

Esta magnífica planta tropical, originária da África e da índia, é vulgarmente cultivada como arbusto
ornamental em toda a Europa Meridional. Nas regiões mais quentes é cultivada para extracção do
óleo.

As sementes de rícino, lisas, brilhantes e marmoreadas, contêm entre 49 e 85% de óleo associado a
cerca de 20% de proteínas e a uma fitotoxina altamente venenosa, a ricina. Insolúvel no óleo, esta
toxina permanece integralmente nos resíduos depois de a

semente ser prensada. As sementes de rícino não devem ser ingeridas, pois 3 ou 4 podem matar uma
criança, e cerca de 15, um adulto, não existindo, além disso, qualquer antídoto específico.

Já conhecido na Antiguidade pelos Egípcios e Gregos, o óleo de rícino era utilizado para tratar a
obstipação e em cosmética, como se fosse brilhantina, e também para a

iluminação. Actualmente, é ainda um dos laxativos vegetais de acção suave mais utilizados. É um
componente básico de alguns medicamentos para uso externo, encontrando também na indústria
numerosas aplicações. o Propriedades: emoliente, galactagogo, purgativo. U.l., U.E. + V O Ver:
artrite, cabelo, frieira, lactação, obstipação, parasitose.

Romãzeira

Punica granatum L.

Romeira

Bras.: romã

Punicáceas

Arbusto da Ásia Ocidental, espontâneo desde o Sul do Cáucaso até ao Penjabe, a romãzeira foi desde
longa data difundida pelo homem na Ásia Oriental e na Ásia Menor e, mais tarde, nos países
mediterrimicos. Disseminada pelos pássaros, encontra-se por vezes longe das culturas na Europa
Meridional. A sua história é semelhante à da figuei
332
ra: foram descobertas romãs em túmulos egípcios que datam de 2500 a. C. Os Árabes, que apreciavam
muito a romã, introduziram e cultivaram intensivamente esta árvore no Sul de Espanha;
testemunhando tal facto, a cidade de Granada (romã, em espanhol) ostenta desde o século VIII o nome
do fruto.

À romãzeira e ao seu fruto está ligado um

grande número de símbolos, tradições e costumes. A romã era considerada um excelente fruto para a
fecundidade. Há 4000 anos, os Egípcios conheciam já o efeito vermífugo da sua raiz. Cerca de 1807,
na Europa, a

casca da raiz estava na moda para combater a ténia armada. A análise revelou que os

princípios activos contidos na casca são alcalóides anti-helmínticos muito eficazes contra as ténias,
devendo, no entanto, ser

administrados sob vigilância. A medicina antiga aproveitava também a sua acção adstringente devido
ao tanino contido na casca, na flor e no fruto.

O sumo da romã tinha múltiplas utilizações, consoante o estado de maturação; o sumo dos frutos acres
era receitado como febrífugo e antivomitivo, e o dos frutos doces, como calmante para a tosse. A
verdadeira granadina, que é um xarope concentrado de sumo de romã, é evidentemente muito
diferente da poção fabricada artificialmente. A casca da romã servia outrora para curtumes e pintura
de couros.

o Propriedades: acistringente, vermífugo. U.l., U.E. + Ver: hemorragia, leucorreia, parasitose.

Rosa-pálida

Rosa centifolia L.

Rosa-de-cem-folhas, rosa-de-jericó

Bras.: rosa

Rosáceas

De entre as inumeráveis variedades de rosas-pálidas cultivadas, a rosa- de-cem-folhas e as suas


parentes próximas, como a rosa-branca, Rosa alba L., e a rosa- de-damasco, Rosa damascena Mill.,
derivam muito provavelmente de hibridações antigas entre a rosa-rubra, Rosa gallica L., e as roseiras-
bravas orientais. Estas rosas, que exalam um perfume forte, já eram cultivadas na Grécia e na Itália
antigas. É sobretudo da rosa-de-damasco, que apresenta uma floração contínua, perfumando os velhos
jardins durante largos períodos do ano, que se extrai a essência e se prepara a água de rosas. Esta
última, introduzida na Europa pelos cruzados, teve, como a essência, uma reputação de remédio
universal. Actualmente, apenas se

emprega em farmácia pelo seu aroma. Faz parte da composição de numerosos produtos cosméticos,
funcionando como tónico devido às suas qualidades de adstringente.
o Propriedades: laxativo. U.l., U.E. + V Ver: obstipação, pele, pontos negros.

Rosa-rubra

Rosa gallica L.

Rosa-francesa-dobrada, rosa-de-alexandria, rosa-vermelha, rosa-da-provença, rosa-gálica

Bras.: rosa-francesa

Rosáceas

Esta rosa rústica, de um vermelho profundo e aveludado, é uma espécie de roseira-brava com flores
duplas das regiões meridionais da Europa e da Ásia Ocidental. Já conhecida pelos Antigos, como a
precedente, só no

tempo das Cruzadas atingiu o Ocidente na forma denominada @<de Provins+, com flores muito
dobradas de cor vermelho-escura.

Celebrizada no passado tanto por médicos como por poetas, esta rosa-rubra apenas conserva, no
laboratório, o rótulo banal de tónico e adstringente. As suas pétalas contêm tanino, ácido gá1hico,
heterósidos, um pigmento e um óleo essencial. o Propriedades: adstringente, antidiarreico, anti-
hernorrágico, resolutivo, tó nico, vulnerário. U.l., U.E. + V O Ver: afta, anginas, boca, convalescença,
ferida, hemorragia, leucorreia, nariz, olhos, pele, queimadura solar, úlcera cutânea, unha.

Ruibarbos

Rheum rhabarbarum L. e Rheum rhaponticum L.

Rabárbaro

Poligonáceas

Estas grandes e belas plantas, com folhas onduladas, das quais é comestível, em compota ou em doce,
o pecíolo carnudo e ácido, originárias da Mongólia ou da Bulgária, são

cultivadas na Europa, bem como os Seus híbridos. A raiz do ruibarbo, única parte oficinal, muito
apreciada pelos médicos antigos, permaneceu desde a Antiguidade até ao século XVIII um simples
importado, por isso raro e precioso. Aclimatada nas hortas da Europa há cerca de 300 anos, o seu
preço desceu. O rizoma contém antraquinonas purgativas e vários heterósidos, um dos quais tem
efeitos estrogéneos. A parte verde das folhas é realmente perigosa e não deve ser ingerida, pois já se
verificaram intoxicações mortais. A utilização da raiz de ruibarbo como laxativo não deve ser
prolongada; o

doce preparado com os pecíolos não é aconselhado a quem sofra de litíase, gota e reumatismo. o
Propriedades: aperitivo, laxativo, tónico, vermífugo. U.l., U.E. + O
333
PLANTAS CULTIVADAS

Ver: abcesso, alcoolismo, apetite, cabelo, diarreia, estômago, intestino, parasitose.

Salsa

Petroselinum sativum Hoffiri.

Salsa-hortense

Bras.: salsa-da-horta, salsa-de-cheiro, salsa-vulgaris,

hortense

Umbelíferas

Desde a época romana, não existe nenhuma horta da Europa, com excepção do extremo norte, onde
não seja cultivada esta excelente planta aromática, originária provavelmente do Mediterrâneo Oriental.
Curiosamente, parece que até ao fim da Idade Média a salsa só se cultivava para aplicações
medicinais. Uma essência de composição complexa e

variável, contendo principalmente apiol, apiósido e miristicina, que se encontra também na noz-
moscada, Myristica fragans Houtt., determina o aroma e o sabor da sal- sa. As folhas frescas contêm,
além disso, um alcalóide volátil, ferro, cálcio, fósforo e percentagens muito elevadas de provitamina A
e vitamina C. Estas substâncias conferem à salsa maior importância do que a de um condimento; é um
factor importante de equi~ líbrio da nutrição e um óptimo remédio vegetal. Assim, 5 g de salsa
proporcionam a

quantidade quotidiana necessária de provitamina A, e 30 g, igual quantidade de vitamina C. Tomar o


suco fresco é o melhor modo de ingeri-Ia. o Propriedades: antianémico, antiescorbútico, antilactagogo,
aperitivo, depurativo, diurético, emenagogo, estimulante, resolutivo, sedativo, tónico. UA, U.E. + V O
Ver: acrie, alcoolismo, anemia, apetite, contusão, crescimento, digestão, edema, impotência, lactação,
leucorreia, menstruação, oftalmia, picadas, raquitismo, reumatismo, sarda, tez, ureia.

Soja

SoJa hispida Maxim. (=Glv(-ine soja Sieb. et Zucc.)

Bras.: feijão-soja, feijão-chinês, ervilha-oleaginosa-do-japão, fava-da-manchúria

Leguminosas

Espontânea da Indochina ao Japão, a soja é cultivada desde há muito tempo nessas regiões.
Introduzida na Europa no século XVIII, só nos últimos decênios adquiriu importância, quer do ponto
de vista alimentar, quer económico. Desenvolve-se principalmente nas regiões meridionais, pois
necessita de calor.
As pequenas sementes globosas da soja

representam um dos mais elevados potenciais nutritivos vegetais. Contém cerca de


35% de proteínas (duas vezes mais do que a

carne), possuindo todos os aminoácidos essenciais; delas fazem parte caseínas, cuja composição é
semelhante às do leite, lípid os

e cerca de 30% de glúcidos, A soja é um alimento de grande valor energético, antiasténico,


remineralizante e factor de equilíbrio nutricional. Pode consumir-se cozida, em farinha, crua ou
germinada, sob a forma de leite e mesmo de queijo. O óleo que produz, de emprego vulgar na
alimentação, é rico em ácidos gordos poli-insaturados, revelando~se eficaz na diminuição da taxa de
colesterol sanguíneo. o Propriedades: estimulante, hipocolesterolemiante, remi neral i zante. UA. Ver:
arteriosclerose, astenia, colesterol, convalescença, crescimento, desmineralização, fadiga.

Tomateiro

L_y(-opersicum esculentum MiII.

Tomate

Solanáceas

Os Espanhóis descobriram o tomateiro na América, onde crescia espontaneamente desde o Peru até ao
México, começando a surgir nas hortas europeias cerca de 1550. Até ao século XVIII, apenas foi
cultivado como

planta ornamental, pois era considerado venenoso. Nos finais do século XIX, o tomateiro era ainda um
vegetal quase exclusivamente meridional.

Com 93% de água, menos de 4% de glúcidos e 1 % de prótidos, o tomate não pode ser considerado
um alimento nutritivo. É, no

entanto, um fruto muito importante devido aos seus ácidos orgânicos, aos seus carotenóides e,
sobretudo, à vitamina C, cujo teor atinge o máximo quando o fruto está completamente maduro. O
tomate verde ou pouco corado contém um alcalóide, a solanina, que pode torná-lo tóxico, à
semelhança das folhas e dos caules. Embora não seja fácil de digerir, sobretudo quando cozido, é, após
concentração do sumo e em doses moderadas, refrescante e aperitivo; alcalinizante, tem grande
utilidade na dieta das pessoas que sofrem de artrite. o Propriedades: adstringente, aperitivo, diurético,
laxativo, refrescante. UA., U.E. V O Ver: acrie, apetite, astenia, epidemia, gota, obstipação, pele,
picadas, psoríase, reumatismo, tez, ureia.
334
Tremoceiro

Lupinus albus L. (sensu lato)

Leguminosas

Estas magníficas plantas ornamentais, com


as suas típicas folhas digitadas e as suas
grandes espigas florais erectas, contêm substâncias tóxicas. Esta toxicidade é devida a alcalóides como
a esparteína, a lupinina e, o
mais nocivo, a lupanina, que podem ou não coexistir na mesma espécie. Registam-se com frequência
intoxicações em animais que, por vezes, podem ser fatais.

A semente do tremoço constituiu, no entanto, num passado recuado, uma importante forragem e foi
mesmo um alimento para o homem.

Quatro séculos antes de Cristo, os Gregos consumiam já esta semente, cujo sabor amargo e toxicidade
eram eliminados por ebulição. Durante a última guerra os tremoços torrados substituíram o café. Além
da soja, é a semente mais rica em proteínas:
40% em certas variedades. o Propriedades: antidiabético, emoliente. U. E. V O Ver: abcesso, eczema,
parasitose, pele.

Trigo

Triticum aestivum L. (=T. vulgare ViII.)

Gramíneas

O trigo, cereal antiquíssimo, cujos numerosos protótipos espontâneos se encontram desde a Grécia ao
Médio Oriente, era já conhecido na origem das civilizações ocidentais. Segundo J. F. Leroy (1970), o
trigo cultivado no Curdistão há 8000 anos @<era já o resultado de uma longa melhoria+ devido à
influência de uma selecção agrícola empírica. No 5.O milénio a. C., este trigo era cultivado no Iraque
e propagou-se à Ásia Menor e ao Mediterrâneo. Cerca de 4000 a. C., juntamente com a espelta, outra
espécie com grãos revestidos, encontra-se já no delta do Danúbio e nas planícies do Reno marítimo.
No 3.O milénio, estes cereais são já cultivados na maior parte da Europa. Os trigos duros meridionais
do grupo dos Triticum durum Desf_ de desenvolvimento muito mais tardio, sobretudo a partir do
século XVIII na Europa Ocidental, têm origem oeste-asiática, por um lado, e leste-africana e arábica,
por outro.

O trigo é um bom alimento. É, no entanto, necessário especificar que o pão branco dos nossos dias não
tem, de modo nenhum, o valor nutritivo do trigo inteiro ou ligeiramente peneirado da alimentação
antiga. Só o

pão integral, desde que seja proveniente de


culturas isentas de qualquer influência química, possui todos os componentes dos invólucros e do
germe do cereal, com excepção do farelo. O grão de trigo contém até
75% de glúcidos, de 11 a 12% de prótidos, de 1,65 a 2% de lípidos, de 2,1 a 2,5% de celulose, cerca
de 2% de substâncias minerais, principalmente potássio, fósforo e cálcio. O germe contém 25% de
prótidos, incluindo os oito ácidos aminados indispensáveis cuja síntese o organismo não pode efectuar,
cerca de 47% de glúcidos diversos, de
10 a 12% de lípidos e lecitina rica em fósforo, alimento dos tecidos nervosos. A estes elementos
associam-se as enzimas, que possibilitam a assimilação dos diversos compostos, um elevado teor de
fósforo, magnésio, cálcio, além de oligoelementos e vitaminas BI, B2, PP, B5, B6 e E. Nas diversas
camadas do farelo encontra-se um considerável número de componentes do germe, além de
substâncias reguladoras do metabolismo das gorduras. O trigo é um extraordinário potencial de saúde.
o Propriedades: antianémico, emoliente, estimulante, laxativo, remineralizante. U.l. + v IN Ver:
anemia, astenia, banho, cabelo, crescimento, desmineralização, enurese, esterilidade, gravidez,
impotência, nervosismo, obstipação, raquitismo.

Trigo-sarraceno

Fagopyrum esculentum Moench (=Polygoiium

Jagopyrum L.)

Trigo-mourisco, fagópiro

Poligonáceas

A cultura deste cereal teve início na China num passado longínquo, atingindo posteriormente a índia e
a Ásia Ocidental. Só no fim da Idade Média foi conhecido na Europa. Ainda recentemente muito
difundido nas regiões siliciosas pobres das terras frias da Europa Central, a cultura do trigo-sarraceno
tem vindo a retroceder.

O pequeno fruto do trigo-sarraceno, aquérrio trígono, enegrecido e brilhante, contém um albúmen rico
em glúcidos, lípidos e prótidos, entre os quais vários aminoácidos indispensáveis à vida; o teor em
fósforo, cálcio, ferro, cobre e vitaminas B I, B2, PP e

B5 ultrapassa a média, e o teor em potássio é o mais elevado de todos os cereais.

A semente, depois de liberta da casca

dura e cozida pelo mesmo processo do arroz, é um alimento de grande valor energético e nutritivo, de
fácil assimilação, recomendado em todos os casos de fragilidade digestiva e em estados de
desnutrição. As folhas frescas contêm uma elevada quantidade de rutósido, ou rutina, heterósido
flavónico que exerce uma acção vitamínica P.
335
o Propriedades: estimulante, remineralizante. U.l. O Ver: astenia, convalescença, crescimento,
desmineralização, gravidez.

Tuia-vulgar

Thuja occidentalis L.
Cedro-branco, árvore-da-vida Bras.: tuia, árvore-do-paraíso

Cupressáceas

Esta bela conífera frondosa e intensamente perfumada é uma das primeiras árvores americanas que se
aclimatou na Europa. Originária do Nordeste dos Estados Unidos e do Sudeste do Canadá, foi
introduzida na Europa nos inícios do século xvi, O princípio activo da tuia-vulgar é uma essência de
composição complexa, tóxica devido à presença de uma cetona, a tuiona; a planta contém também
taninos. Em fitoterapia, a tuia é um remédio para as pessoas idosas e sedentárias. Tem numerosas
aplicações em homeopatia. A sua tintura é um dos melhores calicidas. A tuia, em doses tóxicas, é
abortiva, sendo o seu uso terapêutico interdito às mulheres grávidas. a Propriedades: adstringente,
anti-hemorrágico, calicida, diurético, sedativo. U.l., U. E. + Ver: calo, cistite, enurese, hemorróidas,
reumatismo, verruga.

Tupinambo

Helianthus tuberosus L.

Girassol-batateiro

Bras.: topinamboi, batata-tupinarnbá, girassol-tuberoso, alcachofra-da-terra

Compostas

Espontâneo no Canadá e nas pradarias do Nordeste dos Estados Unidos, o tupinambo foi introduzido
na Europa nos alvores do século XVII, difundindo-se mais rapidamente que a batata, tanto como
planta forrageira como para a alimentação humana. Existem vários tipos de tubérculos, alguns dos
quais lisos e mais fáceis de descascar. Semelhante à alcachofra pela consistência e pelo gosto, o
tupinambo, com cerca de 15% de glúcidos e 2% de prótidos, é um alimento energético que deve ser
aproveitado especialmente pelos diabéticos, pois o seu conteúdo em glicose é quase nulo. É também
recomendável aos

azotémicos pelo seu fraco teor em prótidos. o Propriedades: anti-séptico, galactagogo. U.l. Ver:
diabetes, lactação, obstipação.

Videira

Vitis vinifera L.

Videira-europeia, vide, parreira

Bras.: uva, videira

Vitáceas

A cultura da videira perde-se na noite dos tempos, supondo-se que teve origem na Ásia Menor. Era já
cultivada pelos Egípcios, e os Gregos em 1500 a. C. comiam os seus frutos e prensavam-nos para
obter vinho. Símbolo do culto de Dionísio, os seus pâmpanos serviam de motivo decorativo.

O emprego de espécies norte-americanas utilizadas como enxerto permitiu melhorar a,

resistência às doenças e aos parasitas das castas europeias. A uva fresca contém 82% de água, 16% de
glúcidos, cerca de 1% de proteínas, grande quantidade de potássio, vitaminas PP, B I, B2, B5, B6 e C
e provitamina A. As uvas secas, muito ricas em açúcares, cerca de 70%, conservam uma

razoável quantidade de provitamina A e todas as vitaminas do grupo B. Alimento muito energético,


antianémico e perfeitamente digerível, pois os seus açúcares são directamente assimilados, é indicado
para dietas fortificantes sem provocar sobrecarga proteica, sendo também depurativo e desinfectante.
Devido aos seus pigmentos, as amocianinas, a uva preta é um protector vascular; para uma eficaz cura
depurativa devem ingerir-se entre 1 e 2 kg de uvas por dia,

Ao óleo das grainhas das uvas, constituído quase totalmente por ácidos gordos poli-insaturados,
atribuem-se propriedades idênticas às do óleo de girassol, tendo em conta, no entanto, que não seja
alterado pelos processos de extracção industrial. Esta última observação aplica-se também ao vinho,
velha panaceia, veículo de inúmeras preparações medicinais, estimulante e energético quando em
doses moderadas, mais diurético se for branco e adstringente se for tinto. Os vinhos medicinais são
preparados por maceração a frio, mais ou menos prolongada, em

recipiente fechado e depois filtrados.

As folhas, especialmente as da videira-preta, variedade denominada *dos tintureiros+, contêm tanino e


pigmentos antociânicos que exercem uma acção vitamínica P. a Propriedades: adstringente,
antianérnico, anti-hernorrágico, anti-séptico, depurativo, diurético, estimulante, hipocolesterolemiante,
laxativo, tónico, vasoconstritor. U.l., U. E. + V Qi Ver: aene, acne rosácea, anemia, artritismo, astenia,
banho, bronzeamento, celulite, circulação, colesterol, conjuntivite, convalescença, cura de Primavera,
diarreia, envelhecimento, fadiga, fígado, flebite, gota, gravidez, hemorragia, hemorróidas, hipertensão,
litíase, menopausa, obesidade, obstipação, raquitismo, sarda, varizes.
336
As plantas tóxicas

Classificar é uma das funções essenciais da inteligência humana. Confrontado com o mundo vegetal, o
homem, apoiado na sua experiência, foi capaz de distinguir, no decorrer dos tempos, as plantas boas
das más, as que eram úteis à sua alimentação e as que, sinónimos de morte, utilizava como veneno de
caça ou de guerra. Existe um testemunho ainda visível nos motivos decorativos dos frisos do Templo
de Baco em Baalbek, onde a dormideira, emblema da morte, alterna com o trigo, símbolo da vida.

Na realidade, porém, é impossível estabelecer para cada planta uma divisão tão nítida: veneno-
alimento. O mundo vegetal elabora no seu seio múltiplos compostos químicos que constituem o seu
próprio metabolismo. Se um bom número destas moléculas assim formadas é favorável ao homem,
outro, em contrapartida, é-lhe fatal, pois não se incorpora no seu ciclo biológico.

Todas as plantas devem, portanto, ser consideradas, em princípio, como perigosas, mesmo aquelas
com que o homem parece particularmente familiarizado. Quem imaginaria, por exemplo, que a couve,
a azeda ou o espinafre podem ser nocivos? Ora, está provado que um consumo excessivo dessas
plantas alimentares não produz efeitos benéficos, mas, pelo contrário, certos inconvenientes. Estes são,
felizmente, quase insignificantes, se se compararem aos graves acidentes frequentemente relatados nas
notícias dos jornais.

O mundo industrializado, agressivo, perturbado, em que vivemos desenvolve nas pessoas que habitam
nas cidades o desejo de uma reaproximação da Natureza, e esta necessidade, se bem que
compreensível, não é isenta de riscos. Efectivamente, como qualquer movimento de revolta, é por
vezes incontrolável. A possibilidade de confundir diversas espécies do mundo vegetal e também,
infelizmente, a ignorância e o descuido de muitos podem estar na origem de intoxicações fatais.

De entre exemplos recentes, podem citar-se os múltiplos adornos, pulseiras e colares, trazidos ou não
de viagens longínquas, formados por sementes tão perigosas como o rícino, o jequeriti (Abrus
precatorius L.) e uma espécie de mimosa (Mimosa scandens L.), responsáveis por acidentes mortais.
Ou ainda o acidente ocorrido quando, no decorrer de uma operação de sobrevivência nos
Pirenéus, um grupo de jovens pára-quedistas devia alimentar-se de frutos, sementes ou raízes
encontrados na zona. Infelizmente, os homens, deficientemente informados, confundiram as raízes de
acónito com nabos comestíveis, do que resultou uma intoxicação colectiva muito grave e, para alguns,
mesmo mortal. Umas vezes são crianças que, brincando às refeições, comem sementes de falsa-acácia,
outras são adultos que, procurando um certo exotismo ou por mera curiosidade, preparam uma
salada à base de folhas de Euphorbia marginata Pursh. ou ingerem caules de Dieffenbachia picta
Schott., que confundem com cana-de-açúcar ...

Por esta razão, sem esgotar o assunto, pois para tanto seria necessária uma verdadeira enciclopédia,
apresentam-se neste capítulo as plantas perigosas que mais frequentemente crescem nos parques e
jardins, nos apartamentos e locais de trabalho, nos campos cultivados e incultos.

Muitas das plantas utilizadas na decoração são perigosas. Ignora-se, por exemplo, que a dedaleira,
frequentemente plantada devido à beleza dos seus longos cachos violáceos, o loendro, originário da
África do Norte, o lírio-dos-vales e o heléboro-negro contêm, todos eles, heterósidos que, em dose
elevada, são tóxicos para o coração. No entanto, estas mesmas plantas e estes mesmos componentes
activos intervêm na terapêutica cardiológica. Com efeito, em pequenas doses, são cardiotónicos
preciosos. Neste como em tantos outros casos, a dosagem correcta do preparado e a posologia
oportuna transformam o que seria uma droga mortal num agente benéfico.

Frutos e sementes tóxicos

As árvores de fruto constituem um grupo de plantas tão familiares como perigosas: o damasqueiro, o
pessegueiro, a cerejeira, a ameixeira, a amendoeira- amarga, contêm nos seus caroços substâncias que
podem libertar facilmente ácido cianídrico extremamente tóxico. Os riscos de acidentes são grandes se
se considerar o elevado número de caroços abandonados após o consumo da polpa do fruto. Nunca
será demais avisar as
crianças do perigo que pode advir do hábito de trincar as amêndoas amargas dos frutos com caroço.

Igualmente frequente, o castanheiro-da-índia encontra-se sobretudo nos parques, jardins e orlando as


avenidas, onde oferece a
sua espessa sombra. Os seus frutos e as suas sementes, cuja maturação corresponde à época do
recomeço do ano escolar, são muitas vezes pretexto para jogos e brincadeiras das crianças.
Desconhece-se, no entanto, na maioria das vezes, que essas sementes no estado fresco podem intoxicar
tanto os animais como o homem, devido ao seu alto teor em saponósidos. Naturalmente, as vítimas são
sobretudo as crianças, que confundem os frutos do castanheiro- da- índia com os do
337
PLANTAS PARTICULARMENTE PERIGOSAS

Acónito

Aconitum nappelus L. Bras.: capacete-de-júpiter, capuz-de-frade, carro-de-vénus Ranunculáceas

O Toda a planta, em especial as


raízes, em forma de pequenos nabos.

Cóliquico
Colchicum autuninale L. Bras.: colchico, dedo-de-mercúrio

Lifiáceas
O Toda a planta, Na época da floraçào nunca levar as flores à boca.

< Beladona

Atropa beliadoriria L. Bras.: bela-dama, erva-envenenada Solanáceas

O Toda a pLanta, parti cularmente as bagas. Estas bagas, enormes, parecem ginjas de cor vermelha
muito escura; o seu cálice, com 5 lóbulos verdes, é persistente.
Meimendro-negro Hyoscyamus niger L. Bras.: meimendro-preto, erva-dos-cavalos Solanúceas
O Toda a planta.

Lauréola-macha >>

Daphne laureola L.

Timelcáceas
o Casca vesicante, isto é,
que provoca vesículas
na pele. Não confundir com o

loureiro.

< Estramónio

Datura stramonium L.
3ras.: figueira-brava, figueira- do- inferno, zabumba

olanaceas
o Toda a planta. Não confundir com as plantas dos jardins ou das hortas como o espinafre ou a azeda.

Embude > Oenanthe crocata L.

Umbelíferas o Toda a planta, sobretudo a raiz. Não confundir com outras umbelíferas aquáticas
perigosas que tem um aspecto ,semelhante, tais como a cicuta-aquática (Cicuta virosa L.) ou o
felándrio, ou funcho-d'água (Oenanthe phelandrium Lanib.), nem com plantas cultivadas como o

aipo, a salsa e a cenoura.


PLANTAS TóXICAS

castanheiro. As perturbações observadas são de ordem gastrintestinal e, em casos graves, quando a


dose ingerida é elevada, do sistema nervoso.

De entre os frutos carnudos, são, no entanto, as bagas que provocam mais frequentemente acidentes.
Por exemplo, a baga da beladona ficou tristemente célebre por ter provocado, em 1825, a intoxicação
colectiva de uma centena de soldados de infantaria franceses que se encontravam em manobras.
Atraídos por estes frutos semelhantes a cerejas vermelho-escuras, de sabor agradavelmente adocicado
e que se esmagavam facilmente entre os dedos, ingeriram-nos copiosamente até ao momento em que
surgiram os
sintomas mais espectaculares: vermelhidão da face, secura da boca, aceleração do pulso, delírio
denominado atropínico.

Existem muitas outras bagas perigosas. As do lírio-dos-vales, do selo-de-salomão, da gilbarbeira, da


hera, do espargo cultivado, são tóxicas devido à presença de saponósidos. Podem ainda citar-se o
jarro-dos-campos (Arum maculatum L.), em cujo caule se desenvolvem, em Agosto e Setembro,
cachos de bagas vermelhas que provocam graves fenômenos de irritação das mucosas; a norça, cujos
frutos de cor vermelho-vivo dão origem a perturbações gastrintestinais, ou ainda a madressilva, cujos
frutos contêm substâncias vesicantes. E de entre as solanáceas, de péssima reputação entre as plantas
tóxicas, deve sempre desconfiar-se dos frutos da beladona, dos do espinheiro-de-casca-branca, dos da
erva-moura ou ainda dos da dulcamara, frequentes nos jardins mal cuidados, nos baldios ou à beira
dos caminhos.

Os frutos do azevinho e do visco, plantas da Europa, tradicionais nas decorações do Natal e Ano
Novo, são igualmente perigosos. A escolha destas ramagens corresponde provavelmente a motivações
profundas, para além de uma mera preocupação estética. Quando no Inverno as árvores estão
despojadas de folhas e a luz é escassa, em suma, quando a vida parece perdida, o visco, de folhas
sempre verdes, que cresce classicamente sobre os castanheiros e mais vulgarmente sobre os choupos,
macieiras, pirliteiros ou pinheiros, trazia aos Antigos o reconforto do seu vigor, símbolo da vitória
sobre a morte.

Plantas boLbosas

Este tema da continuidade da vida era outrora simbolizado nos países eslavos pelo bolbo da cebola e
de outras liliáceas que conservam a vida no período invernal. Neles se inspira a forma dos
campanários de igreja, propagada por influência austríaca na Europa Ocidental e Meridional. No
entanto, é bem possível que se desconheça que essas plantas de bolbo, frequentemente associadas a
poéticas lendas, são nocivas.

Ricos em diversos alcalóides, os bolbos das campainhas-de-inverno (Galanthus nivalis L.), que por
vezes se confundem com os das ceboletas, provocam vómitos e diarreia. Do mesmo modo, deverá
suspeitar-se dos géneros Clivia, Crinum, Amaryllis, que são cultivados para decorar interiores e
jardins, e, sobretudo, das diversas espécies do género Narcissus, ao qual pertecem os narcisos e os
junquilhos. As intoxicações no homem são limitadas, sendo o único risco possível confundir o seu
bolbo com o das plantas alimentares.
As flores e folhas das tulipas e dos jacintos são igualmente perigosas se se correr o risco de utilizá-las
para outro fim além do decorativo. Conta-se que numa refeição, sem dúvida muito alegre, alguns
convidados folgazões se divertiram a ornamentar a salada com as pétalas rutilantes das túlipas que
decoravam a mesa. Esta prática era frequente no século XIX, utilizando as flores da borragem ou das
chagas; porém, a escolha das túlipas foi deveras infeliz devido aos seus efeitos eméticos, e os
imprudentes convidados não tardaram a aperceber-se deste facto.

Deixemos por alguns momentos os nossos jardins e observemos no seu habitat, para melhor as
conhecer, algumas plantas espontâneas.

Frequente nos prados húmidos, o cólquico atrai os curiosos devido, em primeiro lugar, às flores róseo-
lilacíneas, parcialmente aéreas, que desabrocham no Outono, enquanto as folhas só surgem seis meses
depois, no começo da Primavera; quanto ao

fruto, parece sair do solo no Verão. Ora, duas ou três folhas desta liliácea são suficientes para provocar
intoxicações mortais, sendo as sementes e o bolbo ainda mais perigosos. A colquicina, um alcalóide,
está na origem destes acidentes.

O heléboro-branco é uma outra liliácea bastante perigosa. Embora muito afastados botanicamente, a
genciana e este heléboro podem ser confundidos; ambas as plantas crescem na montanha, nos mesmos
biótopos, e apresentam um aspecto bastante semelhante. É fácil distingui-Ias após a maturação devido
à implantação das folhas no

caule, opostas na genciana e alternas no he-


1éboro, e pela cor das flores, amarelas na primeira e branco-esverdeadas na segunda; porém, a
confusão é deploravelmente possível num estádio de vegetação menos avançado, quando as folhas em
roseta aparecem junto ao solo. Este facto explica a intoxicação sofrida por alguns campistas
inexperientes, os quais, desejando preparar um aperitivo com raízes amargas de genciana, maceraram
em vinho raízes de heléboro, bastante semelhantes e igualmente amargas.

Existe uma planta que é necessário saber reconhecer entre todas; é o acónito, segura340
mente uma das espécies mais tóxicas da nossa flora. Muito vulgar entre 500 e 1800 m de altitude, o
acónito ergue, em Julho, as suas flores, de um profundo azul-violeta, cujas sépalas petalóides se
assemelham a um capacete. As suas folhas, profundamente divididas, estão dispostas em leque. No
solo, o tubérculo-pai, acompanhado por um

ou dois tubérculos-filhos mais claros, tem o aspecto de um pequeno nabo. São estas as

principais características morfológicas que é necessário conhecer bem para evitar a confusão entre as
raizes do acónito e as do rãbano-rústico ou do aipo. Se, por infelicidade, houver confusão, a ingestão
provoca uma sensação de formigueiro e de entorpecimento dos lábios e da língua que se estende
seguidamente à parte posterior da garganta. Se a dose for tóxica, a face e os membros tornar-se-ão
insensíveis, o ritmo cardíaco irregular, e a morte sobrevirá por paragem respiratória.

Conhecido por provocar todos os anos

mais do que uma intoxicação grave, o embude (0entinthe crocata L.) cresce nos fossos húmidos e nas
valas. É uma bela umbelífera de folhas recortadas, semelhantes às da salsa, e que ostenta na Primavera
grandes inflorescências brancas. As suas raízes, curiosamente divididas, assemelham-se a uma grande
mão e contêm compostos tóxicos extremamente activos que provocam vómitos, diarreia e convulsões
tetânicas, podendo causar a morte. Acidentes do mesmo género podem ser devidos a uma planta
semelhante e igualmente perigosa, a cicuta- ~aquática (Cicuta virosa L.).

Antes de concluir o capítulo referente às plantas espontâneas tóxicas, detenhamo-nos alguns


momentos nas planícies, onde abundam várias espécies perigosas do género Ranunculus: ranúnculo-
acre (Ranunculus acr,s L.), ranúnculo-mata-boi (Ranunculus sceleratus L.), ranúnculo- i nf lamatório
(Ranunculus fiamula L.), os quais contêm compostos vesicantes. São flores muitas vezes colhid@s por
mãos infantis para compor graciosos ramos, podendo ser a causa de sérios incidentes se os pedúnculos
forem levados à boca.

Plantas ornamentais dos jardins e dos parques É ainda necessário dar uma ideia dos perigos de muitas
plantas habitualmente cultivadas nos jardins e nos parques, como a glicínia [Wistaria sinensis (Sims)
DC.1, com belos cachos azuis ou cor-de-rosa, que se.transformarão em vagens semelhantes às do
feijão. Estas, colhidas e ingeridas imprudentemente por crianças, dão origem a perturbações
digestivas. No mesmo caso estão as giesteiras, com as suas belas flores amarelo-douradas, em especial
a giesteira-de-espanha, frequentemente plantada como arbusto ornamental, cujos órgãos são todos
ricos em alcalóides muito tóxicos, e a giesteira-das-vassouras, que é igualmente perigosa pela presença
de esparteína, alcalóide que bloqueia os gânglios simpáticos. No mesmo

caso está ainda o teixo, que abunda nos parques e cemitérios, do qual todas as partes são ricas em
toxinas perigosas pelo seu efeito cardiotóxico. As sementes são os únicos órgãos susceptíveis de tentar
as crianças sementes verdes incrustadas num arilo polposo vermelho; porém, a casca e as folhas são
facilmente ingeridas por cavalos e vacas, provocando todos os anos graves intoxicações nestes
animais.

Muitas outras plantas mereceriam uma menção especial, e para o provar poderá dizer-se que, se
alguém se lembrasse de se alimentar de plantas espontâneas ou cultivadas para ornamento, teria
grandes dificuldades em encontrar alimentos realmente inofensivos. Como regra prática, deverá,
portanto, abster-se de ingerir em salada qualquer folha desconhecida e frutos que se encontram por
acaso.

Plantas exóticas

Outrora apanágio de raros privilegiados que dispunham de estufas ou de jardins de Inverno, as plantas
exóticas gozam actualmente de uma grande popularidade. A elevação da temperatura ambiente em que
hoje se
vive permite a cultura em casas e locais de trabalho, bem como em restaurantes e hotéis, de muitas
espécies de plantas ornamentais de interior originárias das regiões quentes da Ásia, de África e da
América do Sul. É evidente que esta introdução de espécies exóticas se reveste de novos riscos.

Um elevado número destas plantas decorativas pertence à grande família tropical das Aráceas,
representada na Europa apenas pelo género Arum. Porém, a cultura de diversas espécies dos géneros
Monstera e Philodendron, plantas trepadeiras com grandes folhas recortadas ou mesmo esburacadas,
tomou também incremento. A diefenbáquia, com folhas matizadas, tornou-se uma planta vulgar em
locais públicos ou privados. No entanto, se alguém tivesse a ideia de levar à boca um fragmento de
caule ou de folha desta planta, sentiria quase imediatamente uma forte sensação de queimadura, um
edema da língua e do palato, com aparição de bolhas. Além disso, o suco das células da planta provoca
facilmente dermatites, e se, por infelicidade, penetrasse nos olhos, daria origem a uma irritação com
opacificação da córnea.

Bela planta exótica, também muito divulgada, a poinciana oferece, sobretudo no Inverno, o contraste
das suas folhas inferiores, de um verde-sombrio, com as superiores, de um vermelho-vivo. Contém um
látex que pode provocar uma irritação nos olhos, dermatites e, se for ingerido, causa graves danos nas
mucosas da boca e do aparelho digestivo.
341
PLANTAS PERIGOSAS MAIS FREQUENTES

-negro Heléboro

Helleborus niger L.

Ranunculáceas
O Toda a planta.

< Ésula-redonda Euphorbia peplus L. Euforbiáceas

G Toda a planta. Não confundir com algumas plantas utilizadas para saladas, especialmente a
beldroega.
A Giesteira Spartiumjunceum L. Leguminosas

O Toda a planta. Não confundir com as outras giesteiras, também bastante tóxicas.

Acteia A Actaea spicata L. Ranunculáceas


O Os frutos de forma alongada, com caroços duros.

Não confundir com os frutos maduros da


groselheira-negra.

V Loendro Nerium oleander L. Apocináceas

O As flores, os frutos. Não confundir as folhas com as do loureiro.

Teixo A Taxus baccata L. Taxáceas


O A casca, as folhas, os frutos. Resistir à tentação do aspecto apetitoso

dos frutos vermelhos.

Espinheiro-de-casca-branca 17

Lycium vulgare Dun. Solanáceas

O As bagas vermelhas.

< Heléboro-branco Veratrum album L. Liliáceas


O Toda a planta, especialmente as raízes. Não confundir com a genciana, de folhas opostas duas a
duas. As do heléboro-branco são alternas.

Tb@
Plantas potencialmente perigosas

A Adónis-da-itália Adonis vernalis L.. Ranunculáceas

O Os heterósidos que contém são venenosos.

Planta pouco vulgar.

A Anérríona-dos-bosques Xnemone nemorosa L. Ranunculúceas

O Os caules e as folhas.

v Norça-branca Bryonia dioica Jacq. Cucurbitáceas

O As raízes e as bagas. Não confundir com as bagas comestíveis, como, por exemplo, as das
groselheiras.

17 Cicuta-menor Aelhusa cynapium L. Umbelíferas

O As partes aéreas. Não confundir com o cerefólio ou a salsa.

A Sabina Juniperus sabina L. Cupressáceas

O As partes aéreas. Não confundir com o zimbro.

Loureiro-cerej eira 6

Prunus laurocerasus L.

Rosáceas Q As folhas libertam ácido cianídrico quando

são contundidas. Não confundir com as folhas do loureiro.


Morrião > Anagallis arvensis L. Primuláceas
O As partes aéreas. Tóxico especialmente para os animais de

capoeira e as aves.

Não confundir com a morugem.

6 Mandrágora Mandragora officinarum L. Solanáceas

O Toda a planta, especialmente as raízes. Não confundir com as raízes comestíveis das cruciferas
como as do nabo.

Pariseta > Paris quadrifolia L.

Liliáceas
O As bagas azuis

quase pretas. Não confundir com os

frutos de algumas

ameixeiras.

6 Arruda Raia graveolens L. Rutáceas

O A,,, partes aéreas. Não confundir com a losna. A presença desta planta afasta as víboras.

Ranúnculo-acre Ranunculus acris L. Ranunculáceas

O Toda a planta.

< Tabaco Nicotiana tabacum L. Solanáceas

O As partes aéreas e as raízes.

Erva-moura A Solanum nigrum L. Solanáceas


O As bagas, sobretudo quando não

estão maduras.
PLANTAS TóXICAS

Arbusto ornamental em jardins e parques, o cótino (Rlius cotinus L.) é outro exemplo de espécie
exótica perigosa. Se bem que as

suas folhas redondas e as suas inflorescências graciosas tenham um belíssimo aspecto, os jardineiros
temem apará-lo, pois contém um suco venenoso que age diversamente, consoante as pessoas que
atinge. O mesmo se pode dizer de certas espécies de Pistacia e de pimenteira-bastarda (Schinus molle
L.), frequentemente plantadas ao longo das avenidas e nos jardins das regiões temperadas. Mesmo a
inalação da poeira destas plantas provoca, em certas pessoas, reacções asmáticas e dermatites.
Várias espécies exóticas do género Primula, Primula sinensis Lindl., Primula obconica Hance, são
temidas por alguns jardineiros sensíveis, devido ao seu revestimento de pêlos glandulosos irritantes,
cujo contacto pode provocar alergias ou lesões cutâneas.

Plantas indirectamente perigosas

As plantas fotossensibilizantes provocam uma afecção menos grave e mais curiosa. No Verão, os
dermatologistas recebem frequentemente nas suas consultas doentes que apresentam uma erupção
acompanhada por uma pigmentação excessiva da pele nas zonas do corpo expostas à luz após um
banho. Em pessoas particularmente sensíveis, as

perturbações são acompanhadas de intenso prurido, febre e dores de cabeça.

Não obstante os sintomas espectaculares, o

diagnóstico é rápido e benigno. Trata-se de uma dermatite dos banhistas, ou dermatite dos prados,
também chamada doença de Oppenheimer, provocada por uma série de plantas pertencentes a diversos
grupos vegetais, principalmente à família das Umbelíferas. A particularidade destas plantas consiste
no facto de conterem moléculas químicas, as furocumarinas, que intervêm, de algum modo, como
transformadoras da energia luminosa.

Encontram-se com muita frequência duas umbelíferas responsáveis por estes fenómenos: o canabrás e
a pastinaga-urticante (Pastinaca urens Req.). Muito vulgar nos bosques, montes de entulho, à beira dos
caminhos e nos prados, o canabrás desenvolve caules ocos e folhas com grandes lóbulos, guarnecidos
por numerosos pêlos flexíveis e

compridos. A pastinaga-urticante é facilmente reconhecível pelos seus caules, que podem atingir 1,5 m
de altura, pelas folhas, semelhantes às do aipo, e inflorescências amarelas, que desabrocham no Verão.
Nasce espontaneamente à beira dos caminhos e

nos fossos.

Alguns outros membros da família das Umbelíferas são ainda, provavelmente, responsáveis por
perturbações cutâneas, como

a cenoura-brava e a erva-cicutária (Anthriscus silvestris Hoffm.). No entanto, merecem um cuidado


especial duas plantas que nos
últimos tempos têm atraído as atenções. A primeira é a Heracleum mantegazzianuni Somiri. et Lév.,
originária da Ásia Central. O seu porte majestoso, as suas enormes umbeIas e as suas folhas muito
recortadas conferem-lhe um belo aspecto; pode atingir 3 m

de altura. Tudo nesta planta gigante provoca curiosidade e convida a cultivá-la. Entusiasma também as
crianças, pois a sua matéria vegetal é fácil de manipular; dos seus

caules ocos podem fazer-se zarabatanas, telescópios, flautas e dezenas de outros instrumentos e jogos!
Deploravelmente, porém, a planta é rica em furocumarinas muito activas, provocando inúmeros
acidentes cutâneos.

A outra planta é o aipo, cujo consumo em cru é muito perigoso. Assim, na altura da colheita, os
hortelões podem ser atacados por perturbações cjutâneas devido ao contacto do suco do aipo com a
pele, as quais se

manifestam por bolhas e vesículas nas mãos e antebraços. Por vezes, podem surgir também durante
alguns dias um eczema ou crises de asma. Curiosamente, esta doença manifesta-se com maior
frequência e gravidade quando a apanha se faz num dia de sol e o aipo está atacado pela podridão cor-
de-rosa, pink rot.

A importância destes acidentes ultrapassa o âmbito do aipo. Os hábitos modernos de exposição ao sol,
na praia e na montanha, vulgarizaram o uso de bronzeadores, simultaneamente protectores contra
certas radiações nefastas e favoráveis ao efeito das que estimulam um bronzeado considerado de bom-
tom. Este problema, tema de numerosos trabalhos científicos desde há alguns anos, não está ainda
totalmente esclarecido. Sob nomes diversos, as furocumarinas são utilizadas em leites e cremes de
bronzear, devendo o seu uso ser controlado.

As plantas que provocam alergias Geralmente, todas as crianças se divertem, durante os passeios
estivais, a agitar os longos caules flexíveis de várias gramíneas para espalhar no ar milhares de grãos
de pólen. Este gesto banal e espontâneo, reproduzido incessantemente pelo vento, está na origem de
uma doença traiçoeira: a febre-dos-fenos.
O desenvolvimento dos sintomas clínicos é repentino: os olhos lacrimejam como se estivessem cheios
de areia, a conjuntiva torna-se vermelha e as pálpebras incham. O nariz, atacado por uma rinite
espasmódica, inunda os lenços, embora pareça entupido devido à intensa congestão das mucosas ...
Progressivamente, surge uma impressão de dificuldade respiratória, ténue na primeira crise, que se
agrava quando, estação após estação, a febre-dos-fenos se repete, propiciando o aparecimento da asma.

Esta doença tem origem na produção intensa dos pólenes na época da floração das gramíneas, que
geralmente se verifica de
346
Plantas ornamentais exóticas, tóxicas ou alergizantes

A Diefenbáquia Dieffimbachia picta Schott Aráceas

O Os caules e as folhas.

6 Poinciana FuPhorbiapulcherrima Willd. Euforbiáceas

O As partes aéreas, o látex.

Cótino A Rhus cotinus L. Anacardiáceas

O As partes aéreas.

Eufórbi a- margi nada I@, Euphorbia marginata Pursh Euforbiáceas

O As partes aéreas, o látex.

-1 Ginkgo Ginkgo biloba L. Ginkgoáceas

O Os frutos. Não confundir com as ameixas amarelas.


PLANTAS TóXICAS

meados de Maio a Julho, pelo menos nas regiões mais setentrionais. Na realidade, porém, as polinoses
podem também ser originadas por grande número de outras plantas. É importante saber que as flores
que provocam este fenômeno são verdes, não têm pétalas e não atraem os insectos. Estão, portanto,
destinadas à fecundação anemófiIa, que dispersa uma quantidade considerável de grãos de pólen.

As polinoses, devidas essencialmente às gramíneas, representam, no entanto, um perigo real. São


originadas por numerosas espécies, como a grama-francesa, frequente nas pradarias e nos campos
cultivados, a

aveia, o trigo, a cevada e o milho-miúdo. Porém, não são apenas as gramíneas que representam um
perigo. Plantas muito diversas e extensamente distribuídas são também temíveis agentes polinizantes,
como, por exemplo, as urtigas, as parietárias, as artemísias, os ásteres, a urze, o rododendro, os

ulmeiros, o c astanheiro-da- índia, as tílias, o freixo, o alfenheiro, o lilás, os pinheiros, os carvalhos, o


castanheiro, a bétula (vidoeiro), o amieiro.

Como se verificou, os pólenes de numerosas plantas podem ser inalados e penetrar profundamente no
aparelho respiratório; porém, há outras partes da planta susceptíveis de causar alergias. É o caso das
sementes do rícino. Perigosas devido à toxalbumina que contêm, desempenham ainda um

considerável papel sensibilizante. Numa cidade do Sul de França surgiam periodicamente num certo
número de pessoas graves acidentes oculares e perturbações respiratórias que se manifestavam,
consoante os casos, por uma irritação dos olhos com derramamento de lágrimas, crises de asma, dores
de cabeça e náuseas.

Os epidemiologistas observaram que os

doentes se localizavam segundo uma espécie de nuvem, no sentido estatístico do termo, que sugeria a
existência de um trajecto. Finalmente, a explicação surgiu, simples: em

determinados períodos do ano, um lagar prensava sementes de rícino e, recentemente, utilizava um


novo sistema de extracção do óleo, muito eficaz, que deixava um resíduo sob a forma de pó fino. Este
pó era transportado em sacos de juta para o campo, onde os agricultores o utilizavam como adubo.
Durante o transporte, espalhado pelos

ventos, o resíduo do rícino atingia não somente as pessoas que trabalhavam no lagar, como também os
habitantes da cidade que viviam nas zonas por onde circulava o perigoso produto.

Se bem que estas duas últimas formas de agressão das plantas devido a processos alérgicos ou
fotodinamizantes sejam insidiosas e por vezes difíceis de evitar, não são, na realidade, perigosas. Em
contrapartida, impõe-se maior desconfiança perante grande número de outras espécies vegetais. Os
habitantes das cidades, que raramente se encontram em contacto diário com a Natureza, têm tendência
para acreditar que tudo é já conhecido, está dominado, domesticado. É uma suposição ingénua e que
se pode revelar bastante perigosa. Outrora, os nossos antepassados eram prudentes, pois no seu
ambiente rústico aprenderam a prática da prevenção e da dúvida.
Colher plantas medicinais destinadas a

aplicações terapêuticas é, sem dúvida, uma prática excelente, mas com a condição indispensável de
conhecê-las bem, a fim de evitar qualquer confusão entre espécies benéficas e perigosas. Na realidade,
dividir o

mundo das plantas nitidamente nestas duas categorias é utópico, pois não é raro que, administradas em
doses elevadas e utilizadas repetidamente, as plantas tidas como inofensivas produzam efeitos
prejudiciais. Inversamente, algumas plantas consideradas perigosas prestaram desde há muito
preciosos recursos à terapêutica. É o caso da dedaleira, do lírio-dos-vales e do loendro, do heléboro-
branco e da dormideira, do acónito e do cólquico, além das solanáceas que contêm alcalóides: a
beladona, o estramónio, o meimendro-negro e muitas outras plantas. Por conterem princípios activos
muito enérgicos, estas plantas só devem ser colhidas por pessoas que as conheçam muito bem e

tenham experiência.

Para finalizar, em jeito de resumo, um

conselho importante para todos: para amar a

Natureza deverá aprender-se a conhecê-la bem. Procurar a divulgação dos conhecimentos adquiridos e
ensinar às crianças os

rudimentos das ciências biológicas e as suas

múltiplas incidências práticas é um dever. Respeitar a Natureza e conhecê-la sob todos os seus
aspectos é a melhor garantia da nossa salvaguarda.

EM CASO DE INTOXICAÇÃO

Perante um caso de intoxicação, deverá ter-se em mente as seguintes medidas de urgência e dar-se-
lhes imediata execução:

O Telefonar imediatamente a um médico ou, encontrando-se numa cidad e, a um centro antivenenos.


Estes centros estão perfeitamente equipados para prestar auxílio aos intoxicados.

O Provocar o vómito, excepto se o produto ingerido for cáustico (v, pp. 402-403).

O lomar nota das circunstâncias exactas em que se verificou o acidente. e dos sintomas manifestados
pela vítima.

O Conservar, se tal for possível, uma amostia dos órgãos vegetais responsáveis pelo acidente,

O Conservar vomitados, expectoração e urina da vitima.

O Mandar identificar uma amostra da planta suspeita.


348
As plantas exóticas

Este capítulo é dedicado às plantas espontâneas ou cultivadas que não crescem naturalmente na
Europa. São utilizadas em numerosas preparações, úteis tanto aos homens como aos animais, que se
apresentam no capítulo intitulado <Os benefícios das plantas+.

Abacateiro

Persea gratissima Gacrtn.

Lauráceas

Habitat: originário da América Central, cultivado nas regiões tropicais. Descrito em 1519 pelo
espanhol Martín Enciso, o abacateiro mede entre 4 e 8 m e apresenta ramos dispostos em pirâmide,
com numerosas folhas simples de bordos lisos. As flores, pequenas, esverdeadas e aromáticas,
desabrocham em ramalhetes. O fruto, o abacate, cuja polpa é muito rica em lípidos, possui também
provitamina A e vitaminas do complexo B, aminoácidos e substâncias antibióticas. Muito nutritivo,
fácil de digerir, é indicado para as crianças durante o crescimento e aos convalescentes. Dele se obtêm
também um óleo alimentar e produtos de beleza para peles frágeis. U.l., U.E. V

Acácia-catechu, ou Catechueira

Acacia catechu Willd. Leguminosas

Habitat: África Oriental Tropical, Bengala, Sri Lanka. Esta acácia foi introduzida na Europa na 2.’
metade do século XVII e em 1721 inscrita na Farmacopeia Inglesa. É uma árvore de 10 m de altura
semelhante à mimosa.

0_ As suas flores, minúsculas, têm uma corola amarelo- ~pálida e estão reunidas em espigas
alongadas. É, porém, a parte central do lenho que se utiliza. Com o cerne da árvore abatida faz-se uma
decocção que, depois de filtrada e submetida a evaporação, deixa um resíduo compacto, castanho-
averm elhado, o cato, ou terra japónica. Este extracto seco, rico em tanino e em vitamina P, é
adstringente, antidiarreico, anti-hernorrágico e refresca a boca. UA., U.E. + O Algodoeiro

Goss.vPIUM sp. Malváceas

Habitat: regiões tropicais da América e da Ásia, Egipto, índia e URSS.


O algodoeiro é uma grande herbácea com folhas palmadas e flores brancas. Existem várias espécies. O
fruto é uma cápsula com cinco lobos, cada um dos quais contém de três a sete sementes pretas, cuja
epiderme se prolonga em pêlos compridos que constituem as fibras do algodão. Quando se abre a
cápsula do fruto, em vez das sementes surge a *bola de algodão+. Estas fibras são utilizadas para
fabricar diversos produtos, como tecidos, pensos e algodão cirúrgico. A semente produz um óleo que
contém ácidos gordos insaturados e é anti c ol esterol emi ante. A casca da raiz contém substâncias que
actuam sobre a musculatura uterina. U.l., U.E. + N

Acácia-catechu
Algodoeiro
PLANTAS EXóTICAS

Amendoim

Aloés-do-cabo

Aloeferox Mifi. Bras.: babosa

Lifiáceas

Habitat: África do Sul, Antilhas. Esta pequena árvore tem um tronco curto (2 a 5 m) aurcolado por
uma roseta de folhas carnudas, saturadas de água, que lhe permitem resistir aos longos períodos de
seca. No fim do Verão, faz-se um corte nas folhas periféricas e extrai-se o suco, que se concentra por
aquecimento. Depois de arrefecido, transforma-se numa massa dura, enegrecida, amarga, que se
chama aloés. Contém heterósidos antracénicos (entre os quais a aloína). Cicatrizante em uso externo, é
útil, quando usado internamente, como colagogo, laxativo e purgativo, Outrora, era colocado nos
polegares das crianças para as impedir de chupar. U.l., U.E. + O Amendoim

Arachis hypogaea L. Leguminosas Bras.: mandobi, mendobi, amendoim-verdadeiro,


mundubi

Habitat: Brasil, China, índia, Senegal. Originário da América do Sul, o amendoim é uma planta anual
de 20 a 60 cm, com flores amarelo-alaranjadas. O fruto, primeiramente aéreo, enterra-se pelo
pedúnculo. Assim, é do solo que se retira o amendoim, vagem com protuberâncias que conté m duas
ou

três sementes. Estas servem para obter um óleo alimentar. Os tegumentos do amendoim contêm
catecóis com propriedades vitamínicas P (acçã o anti-hemorrágica ao nível dos capilares). Em
farmácia, o óleo de amendoim serve de veículo medicamentoso, U.l. + O

Ananaseiro

Ananas sativus L. Bras.: naná, bromélia-ananás

Bromeliáceas

Habitat: trópicos; originário da América Central. Descoberto em 1555 no Brasil, mas só cultivado na
Europa cerca de 200 anos mais tarde, o ananaseiro mede cerca de 50 cm. A floração, que se efectua no
terceiro ano de vida, produz uma espiga globosa com flores azuladas. O fruto é rico em glúcidos, em
provitamina A e vitaminas B e C, em diversos ácidos orgânicos e em sais minerais. Contém uma
enzima, a bromelina, que fracciona as grandes proteínas, acelerando assim a sua digestão. Muito
nutritivo, desintoxicante e diurético, é indicado para dietas de emagrecimento e útil contra a
arteriosclerose. O sumo pode ser utilizado para adquirir um belo tom de pele. U.l., U.E. V

Ananaseiro Astrágalo, ou Adraganto

Astragalus gumifer LabiII.


Leguminosas

Habitat: Irão, Iraque, Síria, em zonas montanhosas desérticas de 1500 a 3000 m de altitude. Este
subarbusto mede de O,50 a 1 m de altura e assemelha-se a uma pregadeira de alfinetes devido aos seus
longos e numerosos espinhos. Apresenta-se salpicado de flores amarelo-pál idas. O fruto é uma
pequena vagem esférica coberta de pêlos contendo uma só semente. A goma adraganta, já conhecida
na Antiguidade, obtém-se picando o caule, do qual escorre um líquido viscoso. Emulsionante, serve
para preparar emulsões, poções e pílulas. É também um emoliente, e com ele se fazem embrocações
para o lumbago. U.l. U.E. +

350
PLANTAS EXóTICAS

Badiana

Illicium verum Hook. fil.

Bras.: anis-estrelado

Magnoliáceas

Habitat: Sul da China, Norte do Vietname. A badiana, que também é conhecida por anís-estrelado e
anis-da-china, é um arbusto de 4 a 5 m de altura com casca branca, folhas persistentes, alongadas,
inteiras, lisas e brilhantes. Foi introduzida na Europa cerca de
1694. O seu porte lembra o da magnólia, e as suas flores, grandes e solitárias, são muito decorativas.
Os oito carpelos de cada ovário formam em conjunto um

fruto, uma estrela cujas oito pontas se abrem para libertar cada uma a sua semente. Os frutos, colhidos
verdes, são secos ao sol, onde adquirem uma cor castanho-avermelhada. O invólucro contém uma
essência rica em anetol que lhes confere um forte aroma a anis. É digestivo e eupéptico. U.l. +

Bananeira

Musa sapientium L.

Musáceas

Habitat: zonas tropicais húmidas; originária da América do Sul. Planta herbácea gigante, emite, a
partir de um rizoma, folhas que chegam a atingir 4 m. Os pedúnculos das folhas, côncavos, encaixam
uns nos outros simulando um tronco oco, o espique. As flores, suportadas pelo caule central, situam-se
na axila de largas brácteas coradas e dispõem-se numa longa espadice inclinada; dão um conjunto de
frutos, o cacho de bananas > polpa da banana contém 60% de glúcidos, vitaminas B, C e E,
carotenóides e sais minerais. Muito nutritiva, é também utilizada como aromatizante. U.l. +

Baunilheira

Vanilla planifolia Andr.

Orquidáceas

Habitat: Madagáscar, México, Sri Lanka. Os caules desta trepadeira podem atingir 30 m de
comprimento. A baunilheira reproduz-se por intermédio de um insecto que vive no México. Assim, a
sua implantação noutras regiões depende de uma fecundação artificial. As vagens de baunilha colhem-
se quando estão ainda verdes e não têm aroma. Sob a acção da água e do sol, o composto aromatizante
da vagem, a

vanilina, desenvolve-se e cristaliza em compridas palhetas brancas. A vanilina é utilizada sobretudo


como aromatizante. U.l., U.E. + V
Benjoeiro-do-sião Styrax tonkinensis Craib Estiracáceas

Habitat: Laos e Norte do Vietríame.


O benjoim só foi conhecido na Europa, e mesmo no
mundo árabe, a partir da 2.a metade do século XVI. O benjoeiro, que o produz, é uma árvore coni
cerca de
10 m de altura e folhas inteiras e ovais. As flores são brancas, agrupadas em ramos esparsos, e os
frutos, esféricos (1 cm de diâmetro), abrindo-se em três partes para libertar uma só semente. A casca
do benjoeiro fende-se em Agosto, segregando então um bálsamo leitoso e aromático, o benjoim, que
se recolhe em lâminas que se separam da casca e é recolhido três meses depois. O benjoim é um anti-
séptico, e pelas suas

propriedades cicatrizantes e expectoiantes entra em

numerosas preparações farmacêuticas. U.E. + o


PLANTAS EXóTICAS

Bisnaga Ammi visnaga Lam.

Umbelíferas

Habitat: Argélia, Egipto, Marrocos. É uma planta herbácea de 30 a 90 cm de altura cujas


inflorescências são umbelas que ultrapassam frequentemente 20 cm de diâmetro e compostas por mais
de
100 raios principais. Estes últimos dividem-se, por sua vez, em outros raios que suportam as flores. As
umbeIas colhem-se quando estão cobertas de frutos, pois estes contêm um princípio activo, a quelina.
É um antiespasmódico poderoso que actua sobre as artérias coronárias e os brônquios, Os antigos
egípcios já conheciam a Animi visnaga e utilizavam-na como calmante das cólicas nefríticas. U.l. +

Boldo

Peumus bold,,s MOI. Bras.: boldu, boldoa-fragans

Monimiáceas

Habitat: vertentes soalheiras do Chile. Este arbusto, sempre verde, de 5 a 6 m de altura, tem pequenas
folhas elípticas, coriáceas, cinzento-esverdeadas, salpicadas de pequenas proeminências. Têm um
perfume semelhante ao da hortelã. Os índios dos Andes sempre as utilizaram como estomáquico e
carminativo. Contêm eucaliptol, vários alcalóides, entre os quais a boldina, e flavonóides. O boldo
estimula a secreção da bílis pela célula hepática e facilita o funcionamento da vesícula biliar. É
utilizado em vários medicamentos para o fígado. U.l. + O

Cacaueiro

Theobroma cacao L. Bras.: cacau

Esterculiáceas

Habitat: zona equatorial húmida; originário da América Central. É uma pequena árvore de 5 a 6 in de
altura com ramos cobertos de pêlos e grandes folhas acuminadas. Os frutos são grandes drupas com
invólucro espesso, duro e mamelado, contendo cada uma entre 20 e 40 sementes, mergulhadas numa
polpa ácida. A colheita faz-se duas vezes por ano e os frutos são esmagados para deles se extraírem as
sementes e a polpa, das quais se

faz o cacau. As sementes contêm uma substância diurética, a teobromina, que tem várias utilizações. O
chocolate, sob a forma de bebida, foi introduzido na Europa no século XVI. U.l.

Cafèzeiro

Coffea arabica L. Rubiáceas

Habitat: Brasil, África, Oceânia; originário dos planaltos elevados da Abissínia. É podado em arbustos
de cerca de 5 m de altura, e as flores, brancas, muito aromáticas, nascem em grupo nos

ramos. Os frutos são drupas carnudas compostas por duas partes unidas, contendo cada uma delas uma
semente. Colhem-se maduros, quando se tornam vermelhos, sendo depois descorticados e secos. A
torrefacção surgiu na Arábia cerca de 1550, e o café foi introduzido na Europa no século XVII. A
torrefacção dá às sementes uma coloração castanha e desenvolve o seu aroma. As sementes contêm de
1,5 a 2,5% de um alcalóide, a cafeína, que é muito utilizado devido às suas propriedades estimulantes.
U.l. +

352
PLANTAS EXóTICAS

Calumba

Chasmanthera palmata Baffi.

Menispermáceas

Habitat: Madagáscar, ilha Maurícia, Moçambique, Seychelles, Zâmbia. Erva vivaz, trepadeira, com
raiz muito carnuda, podendo atingir 7 cm de diâmetro. Os caules aéreos enroIam-se em volta das
árvores, atingindo os cimos mais altos. A raiz da calumba, que era remédio essencial dos indígenas
africanos contra a disenteria, foi introduzida na Europa pelos Portugueses no século XVII Contém
alcalóides e sobretudo compostos amargos com função lactónica. Muito amarga, mas não adstringente,
é utilizada para aromatizar aperitivos e em

culinária exótica. U.l. + O

Caneleira-de-ceilão

Cinnamomum zeflanicum Nees

Lauráceas

Habitat: índia, Madagáscar, Sri Lanka; originária da China. É uma pequena árvore de 5 a 6 m de altura
que é podada como os salgueiros para adquirir a forma de um arbusto. Ao cortar pedaços de casca,
surge o aroma da canela após uma curta fermentação. A canela é adstringente, estimulante,
estomáquica. Conhecida desde a Antiguidade, foi durante muito tempo uma das mais preciosas plantas
aromáticas, conservando um

lugar importante na culinária de muitos países. Prepara-se um vinho digestivo com canela e quina
macerando 20 g de casca de quina e 50 g de casca de canela durante uma noite em 1 1 de vinho.
Seguidamente filtra-se e serve-se num cálice de licor depois das refeições. U.l. + O

Cariforeiro

Cinnamomum camphora T. Nees et Ebem.

Lauráceas

Habitat: Japão, Ásia do Sudeste. Esta bela árvore aromática, sempre verde, pode atingir
50 m de altura e viver 2000 anos. Começa a produzir cânfora aos 25 anos, mas só aos 40 a sua
produção atinge o máximo. É então abatida e a sua madeira destilada. A cânfora é um medicamento
comprovado, já utilizado na Europa desde o século XII, e enormemente divulgado a partir do século
XVII. Para uso externo, é um revulsivo; para uso interno, um estimulante cardíaco. Entra na
composição de bálsamos utilizados para friccionar músculos doridos. Misturada com pimenta-negra,
constitui um bom antitraça. U.l., U.E. + O
Cardamomo Elettaria cardamomum Roxb. Maton Zingiberáceas Bras.: cana-do-brejo

Habitat: índia e Sri Lanka, nos montes da costa do Malabar. Esta erva vivaz assemelha-se à cana. Os
seus frutos são cápsulas ovóides trigonais, triloculares, contendo numerosas pequenas sementes
castanhas, muito aromáticas. O cardamomo é um condimento muito antigo, um excelente carminativo
e tem propriedades anti-sépticas. Os Árabes introduziram-no na Europa. As suas virtudes
estomáquicas eram bem conhecidas na Idade Média, sendo aconselhado pela Escola de Salerno. É
utilizado para aromatizar diversas receitas de bolos. U.l. O

Canforeiro

Cardamomo

353
PLANTAS EXóTICAS

Cáscara-sagrada

Rhamnus purshiana DC Ramnáceas

Habitat: vertente oeste das Montanhas Rochosas, Oregon, estado de Washington. A cáscara-sagrada
cresce à sombra nas florestas de coníferas, atingindo cerca de 10 m de altura. A casca é retirada dos
troncos e ramos grossos de Abril a Agosto e seguidamente seca-se. Os índios usavam-na há muito
como purgativo antes de ter sido introduzida na Europa, nos finais do século XIX. Como a casca
fresca é irritante, deve ser conservada pelo menos durante um ano antes de ser utilizada. U.l. + O

Chá

Thea sinensis Sims Ternstremiáceas Bras.: chá-da-ffidia, chá-preto Cáscara-sagrada


Habitat: China, índia, Japão, Sri Lanka.

No estado espontâneo, a planta do chá pode atingir 10 m de altura, mas, em cultura, é podada para não
ultrapassar 1 m. A exploração começa quando os arbustos atingem os 3 anos e prolonga-se por mais de
20 anos.

O aroma das folhas depende da natureza do solo e do clima. As folhas são colhidas jovens, antes de
estarem completamente desenvolvidas. Se se procede rapidamente à secagem e são enroladas ainda
quentes, obtém-se o chá verde. Se se deixa iniciar a fermentação, obtém-se o chá preto. O chá contém,
entre outras substâncias, a teobromina, a teofilina e a cafeína em proporção, por vezes, superior à do
café. É, portanto, um estimulante. U.l., U.E. + Châ

Chá-de-java

Orthosiphon stamineus Benth. Labiadas

Habitat: Ásia do Sudeste, Java. A infusão do chá-de-j@va é um medicamento muito antigo na


Indonésia e na India, utilizado nas enfermidades dos rins e da bexiga. Só foi conhecido na Europa a

partir dos finais do século passado. O chá-de-java é uma erva vivaz erecta, de 30 a 60 cm de altura e
caule quadrangular. O enorme comprimento dos seus estames azuis, muito salientes, conferiu-lhe a
denominação de bigodes- de-gato. As folhas são colhidas e postas a secar. Por vezes, sã o submetidas
a uma ligeira torrefacção para lhes aumentar o aroma. A sua infusão e diurética, colagoga e, tomada
regularmente, faz bai- . ... ... xar o teor de,colesterol no sangue. U.l. + O Chá-dejava

Coca

Erythroxflon coca Lam. Lináceas

Habitat: América do Sul, Java; originária da Bolívia; entre 700 e 2000 m. É um arbusto sempre verde
que não ultrapassa 2 m de altura, com pequenas folhas alternas e elípticas. As flores, de um branco-
amarelado, estão reunidas em pequenos grupos na axila das folhas. O fruto é uma drupa vermelha com
uma semente. A folha da coca, que tem um sabor amargo, contém alcalóides, um dos quais, a cocaína,
é utilizado em medicina como anestésico local. Usada internamente, a cocaína é um estupe,faciente
que excita intensamente o sistema nervoso. E por isso procurada por certos toxicómanos, e os índios
dos Andes mastigam as suas folhas para acalmar as ?áwwâ sensações de fome, de frio e de fadiga.
U.l., U.E. +

coca

354
PLANTAS EXóTICAS

Coleira

Cola nitida A. Chev. Bras.: koIateira, obi, oubi

Esterculiáceas

Habitat: África Ocidental Tropical. Habitante das florestas tropicais, esta árvore mede entre 15 e 20 m
de altura e assemelha-se um pouco ao

castanheiro. A partir dos 15 anos, dá frutos formados por cinco folículos gibosos associados em forma
de estrela, semelhantes ao fruto do cacaueiro. Colhem-se antes de estarem completamente maduros
para extrair a semente carnuda, a noz de cola. Esta é amarga, adstringente, rica em compostos
polifenólicos e em cafeína. Os indígenas mastigam-na para estimular os músculos e os nervos, pelo
que a noz de cola desempenha neste caso um papel semelhante ao da coca nos Andes. Introduzida na
Europa nos finais do século XV, só foi utilizada em terapêutica a partir do final do século XIX. U.1 +
o

Combreto

Combretum micranthum G. Don

Combretáceas

Habitat: Nigéria, Senegal, Sudão. Este arbusto de 2 a 4 m de altura dispersa as suas moi tas cerradas
pelas extensões áridas da região sudanesa. As folhas são colhidas ainda verdes, antes do aparecimento
dos frutos. Põem-se a secar e conservam-se em locais arejados, a fim de retardar o processo de
oxidação que degrada os seus compostos activos. As folhas do combreto contêm taninos e flavonóides;
a sua infusão constitui um bom medicamento biliar utilizado na África Ocidental para tratar graves
complicações sanguíneas do paludismo. U.l. +

Condurango

Gonolobus condurango Triana

Asclepiadáceas

Habitat: vertente ocidental dos Andes, na Colômbia, no Equador e no Peru. Esta liana, que se
assemelha à videira, agarra-se aos

troncos das árvores e vai procurar a luz no vértice destas. Tem folhas cordiformes e frutos com o
aspecto de uma raiz de nabo, de 10 cm de comprimento. Embora a tradição andina atribuísse grande
importância às suas

folhas, que o condor, crê-se, utiliza para se defender das mordeduras de serpente, apenas a casca é
medicinal. Amarga, com um aroma de canela e de pimenta, contém um heterósido semelhante ao da
dedaleira. É um digestivo e analgésico gástrico. U.l. + O

Cravinho

Eugenia caryophyllata Thumb. Bras.: craveiro-da- índia

Mirtáceas
Habitat: Indonésia, Madagáscar, Zanzibar; originário das ilhas Molucas. Esta bela árvore de copa
piramidal, sempre verde, mede entre 10 e 15 m de altura. O botão floral, depois de seco, dá o cravo-
de-cabecinha, especiaria conhecida pelos Chineses muito antes da nossa era e importada para a Europa
cerca do século VIII. A essência de cravinho, que é utilizada em numerosas, preparaçoes
farmacêuticas, obtém-se por destilaçã o. E anti-séptica e serve para aplicações externas em
odontologia para acalmar as dores. O cravo- de-cabecinha tem ainda a reputação de facilitar o parto.
U.l., U.E. + O

Coleira

Combreto

Condurango

Cravinho

355
PLANTAS EXóTICAS

fil,% 1

Curcurna

Gengibre

Ginseng

Curcuma

Curcuma xanthorrhiza Roxb.

Zingiberáceas

Habitat: América Central, Antilhas, Malásia; originária de Java. Esta planta herbácea vivaz possui um
volumoso rizoma subterrâneo com cerca de 10 cm de diâmetro. Este rizoma é arrancado, cortado em
rodelas e posto a secar. Toma então o aspecto de discos de cor alaranjada com cheiro agradável. A
curcuma figura numa lista de simples que se vendiam em Frankfurt cerca de 1450. É muito usada na
Indonésia como remédio para o fígado. Possui também propriedades bactericidas e serve para infusões
destinadas a tonificar as vias biliares. U.l. +

Gengibre

Zingiberáceas

Zingiber officinale Roscoe Bras.: gengivre

Habitat: todos os países quentes; originário da índia e da Ásia Tropical. Os ramos aéreos desta planta
renovam-se anualmente e são alimentados por um grande rizoma carnudo denominado *mão+. Os
caules altos (1,50 m), dotados unicarnente de folhas, servem para a assimilação, e os

curtos (20 cm) são floríferos e destinados à reprodução. O rizoma, utilizado há milhares de anos na
China quer seco, como condimento, quer em conserva, era muito procurado na Europa na Idade
Média. Santa Hildegarda cria que ele evitava a peste, e os marinheiros tomavam-no contra o
escorbuto. É um estimulante, um estomáquico e um carminativo com sabor apimentado e ardente.
Aromatiza algumas bebidas. U.l., U.E. + O

Ginseng

Panax ginseng C. A. Meyer

Araliáceas

Habitat: China, Coreia, Japão, Nepal. A raiz espessa desta herbácea atinge 1 m de comprimento
quando é arrancada com a idade de 10 anos. Bifurcada corno as coxas humanas, deve a esta
semelhança o nome de ginseng, homem-raiz, e possivelmente também a reputação de curar a
impotência. O ginseng partilha esta fama com a mandrágora, cuja raiz tem também forma humana.
Quer a sua eficácia se deva a este simbolismo ou à sua composição química, o ginseng é uma panaceia
milenar utilizada pelos Chineses e os Japoneses. Contém saponósidos e esteróis. Actua como tónico
cardíaco e contra a fadiga, mas na Europa aprecia-se sobretudo como afrodisíaco e *guardião da
juventude+. U.l.
Grindélia

Grindelia robusta Dun. Compostas Bras.: girassol- silvestre, malmequer-do-carnpo

Habitat: pântanos salobros da Califórnia, EUA. Planta herbácea robusta que se assemelha uni pouco a
uma enorme bonina, forma tufos de 50 a 90 cm de altura. É viscosa e está revestida por uma resina
segregada pelos pêlos secretores que cobrem as folhas e as brácteas dos capítulos. Colhem-se apenas
as sumidades floridas, activas devido à resina que as cobre. A grindélia é antiespas módica, antitússica
e expectorante, sendo utilizada contra a asma. Em uso externo é antí-infiamatória. U.l., U.E. + O

356
PLANTAS EXóTICAS

Guaiaco

Guaiacum officinale L.

Zigofiláceas

Habitat: América Central, Antilhas. Sempre verde, elevando-se a cerca de 10 m, o guaiaco tem flores
de um azul resplandecente. O seu lenho aromático contém saponósidos e é utilizado em farmácia;
quando exposto ao sol, deixa exsudar, através de incisões, uma resina de que se extrai, por destilação,
o guaiacol, receitado no século passado contra a tísica. Dada a sua fama de curar a sífilis, o lenho de
guaiaco tornou-se conhecido em toda a Europa no século XVI. Hoje, é utilizado em decocções para o
reumatismo. U. I. + O

Guaranazeiro

Paulinia cupana H. B. K.

Sapindáceas

Habitat: Brasil, Venezuela. Arbusto trepador (até 10 m de altura), tem folhas compostas de 5 folíolos
ovóide-lanceolados, glabros, coriáceos, com numerosas glândulas e grandes flores aromáticas. O fruto
é uma cápsula piriforme, trilocular, septicida, vermelha na maturação, com urna a duas sementes
ovóides, duras, revestidas por invólucros acessórios os arilos. O guaraná contém principalmente
cafeína, que possui uma acção estimulante do sistema nervoso central e díurética, entre outras. U.l.

Hamamélia

Hamamelis virginiana L. Hamamelidáceas Bras.: hamamélis, amieiro-mosqueado,


aveleira-de-feiticeira

Habitat: costa oriental da América do Norte. Esta pequena árvore (6 m) povoa as orlas das florestas
húmidas. Callinson introduziu a folha e a casca da hamamélia na Europa cerca de 1735.
Efectivamente, a planta é rica num tanino especial, o hamamelitanino; adstringente e vasoconstritora,
constitui um excelente medicamento para as veias. A água da hamamélia é adstringente e tónica. U.l.,
U.E. + V 1&

Ilangue-ilangue Cananga odorata Hook. f. et Thoms. Anonáceas Bras.: cananga, batata-doce

Habitat: Ásia Tropical, Malásia. Esta grande árvore é geralmente plantada na Ásia Tropical nas
imediações das casas, devido ao seu aroma suave. Dá bonitas flores verdes, campanuladas, que os
indígenas põem a inacerar em óleo de coco para fabricarem um creme perfumado. Pela destilação das
flores, obtém-se uma essência usada em perfumaria. É hipotensor e anti-séptico. U.l., U.E. +

Mate
Ilex paraguariensis Sr. -Hil. Bras. erva-mate

Aquifoliáceas

Habitat: Argentina, Brasil, Paraguai. Os índios já a utilizavam há muito tempo quando os Jesuítas, no
século Xvi, divulgaram entre os brancos a bebida de folhas de mate. Desde então, o mate foi
conhecido por chá-dos-jesuítas ou chá-do-paraguai. É uma espécie do mesmo género do azevinho que
atinge
20 m de altura no estado espontâneo nas montanhas do Paraguai, tornando-se um arbusto quando
cultivado. As suas folhas contêm taninos e cafeína. U.I. + O

Guaiaco

Guaranazeiro (pó de sementes)

Hamamêiia

357
PLANTAS EXóTICAS

Moscadeira

Quássia (fragmento de lenho)

Moscadeira

Myristica fragrans Houtt.

Miristicáceas

Habitat: Antilhas, Molucas, Samatra. A noz-moscada é a amêndoa da semente desta pequena árvore
sempre verde que tem algumas semelhanças com a laranjeira. O fruto da moscadeira é uma drupa
piriforme, amarelo-pálida, que contém uma semente envolvida num tecido laciniado, vermelho, muito
aromático, o macis. A semente separa-se do macis e retira-se a amêndoa, cuja maior parte é composta
por lípidos e um óleo essencial. Com os lípidos, faz-se manteiga de noz-moscada, que é um dos
componentes de um linimento analgésico. U.l., U.E. + O

Pimenteira

Piper nigrum L. Bras.: pimenta-da-índia, pimenta-do-reino

Piperácew

Habitat: Madagáscar, Malásia, Vietname; originária da costa do Malabar. A pimenteira produz a mais
antiga e mais preciosa daç especiarias, e também a mais divulgada. É um arbustc trepador e volúvel.
Os frutos são pequenas bagas globosas com uma só semente que passa do verde ac amarelo e >mais
tarde ao vermelho. As espigas colhidas antes de as bagas adquirirem a cor vermelha darão, depois de
secas, a pimenta-negra. Se as bagw forem colhidas já maduras, e seguidamente descascadas, obter-se-á
a pimenta-branca. O sabor picante @ devido ao seu teor em amidas. Em pequenas doses, @ um
estimulante das funções digestivas. U.I., U.E. + 9

Quássia

Quassia amara L. Siinarubácea Bras.: morubá, quina-de-caiena, quássia-arnara,


quássia-amarga quusNia-uo-surinan, pau-quássia, pau-amarelo

Habitat: Guiana, Suriname. No planalto das Guianas, utiliza-se o lenho de quássia ou pau-amargo,
desde tempos remotos para atacar @ febre. Porém, este segredo só foi revelado aos Euro peus em
1756 por um guianês chamado Quassi. @ quássia é um pequeno arbusto que não ultrapassa 2 ri de
altura. É o seu tronco (10 cm de diâmetro), incoin pletamente descorticado, que, depois de cortado ell
pedaços, aparece no mercado. O lenho contém subs tâncias lactónicas amargas que estimulam a
vesícul biliar e as secreções gástricas. Deixando-o macerar er vinho tinto, pode. preparar-se um
aperitivo. U.l. + E

Quineira-vermelha
Cinchona succirubra Pav.

Rubiácei

Habitat: vertente oeste dos Andes, nos Camarões, ri Índia e no Vietriante. Desde que o espanhol Lopez
Canizares foi curado d paludismo por uma poção preparada pelos índios c América com a *madeira
das febres+, a quina ganhc reputação médica e a sua cultura estendeu-se a outr( continentes. No
entanto, só em 1820 Caventou e PeB tier isolaram o princípio activo da sua casca, a quin na. A quina é
uma bela árvore de cerca de 20 na c altura. Nas plantações, é abatida aos 6 anos para 11 ser retirada a
casca. Além do seu efeito contra o pali dismo, constitui um tónico que faz parte da compos ção de
várias preparações farmacêuticas. U.l. +

Quineira-vermelha

358
PLANTAS EXóTICAS

Ratânia

Krameria triandra Ruiz et Pav.

Bras.: ratânhia-do-peru

Leguminosas

Habitat: areias secas das zonas elevadas da Bolívia e do Peru. É um arbusto pequeno, com ramos de 15
a 40 cm, cuja parte inferior do tronco está solidamente implantada no solo. É espinhoso e forma
maciços sedosos e

esbranquiçados. Arranca-se para se aproveitar a raiz sinuosa e avermelhada, que era usada pelas
senhoras de Lima como dentifrício e à qual Ruiz, botânico europeu que descobriu a ratânia, chamava
*raiz para os dentes+. Esta raiz, introduzida na Europa nos princípios do século xix, é rica em taninos,
que lhe conferem qualidades adstringent-es e antidiarreicas. U.l., U. E. + V O

Rauvólfia

Rauwolfia serpentina Benth.

Apocináceas

I@abitat: Paquistão e regiões quentes e húmidas da Asia Meridional. Este pequeno arbusto não
ultrapassa 1 ni de altura. Os seus caules crescem, por vezes, ao longo do solo, e as suas belas flores,
brancas ou rosadas, agrupam-se em

grande núm ero nas extremidades dos longos pedúnculos. As raízes colhem-se aos 2 ou 3 anos. A
medicina popular indiana já as recomendava 1000 anos antes de Cristo como antídoto contra
mordeduras de serpentes, o que inspirou o nome da sua espécie; também era

indicada contra a hipertensão e as perturbações nervosas. De facto, as raízes contêm numerosos


alcalóides, como a reserpina, excelente hipotensor. U.l. +

Salsaparrilha’

Smilax ornata Hook. f.

Liliáceas

Habitat: florestas húmidas e margens dos rios da América Central. Os Espanhóis importaram para a
Europa, em meados do século XVI, as raí zes deste arbusto espinhoso, supondo ter encontrado nele
um remédio para a sífilis. A salsaparrilha tem caules trepadores e volúveis, caracterí stica que a
diferencia das outras liliáceas. As suas raízes contêm saponósidos e têm uma cor castanho-
avermelhada. São utilizadas como sudorí fico e diurético eliminador da ureia e do ácido úrico. Como a
salsaparrilha-bastarda, salsaparrilha-indígena ou legacão, é eficaz para tratar o reumatismo. U.l. + O

Sândalo-branco

Santalum albunt L. Santaláceas


Bras.: pau-sândalo

Habitat: índia.
O lenho e a essência de sândalo têm mais importância nas cerimônias religiosas hindus pela qualidade
do seu perfume do que pelas suas virtudes medicinais. No entanto, a medicina europeia interessou-se
pelo sândalo a partir do fim do século passado. É uma árvore parasita, de 8 a 10 na de altura, que fixa
os seus sugadores na raiz das árvores próximas. É abatida aos 10 anos, sendo aproveitado o cerne,
amarelo-acastanhado, que exala por fricção um aroma agradável. Dele se extrai, por destilação, uma
essência que constitui um bom anti-séptico das vias urinárias. U.l. +

>0Ratânia (raiz)

Rauvóifia

Saisaparrilha (raiz)

Sândalo-branco (fragmento de lenho)

359
PLANTAS EXOTICAS

Sassafrás

Sassafrás

Sassafras officinale Nees et Eberm. Bras.: canela-de-sassafrás

Lauráceas

Habitat: América do Norte. No Norte dos Estados Unidos, o sassafrás mantém um porte modesto, mas
nas regiões do Sul pode atingir
30 m de altura. As suas folhas, de cor verde-clara, raiadas de vermelho, podem revestir-se, na mesma
árvore, de diversas formas: ovais e inteiras, ou recortadas na extremidade em dois ou três lóbulos
arredondados. Os Espanhóis descobriram esta árvore aromática na Florida em 1538. Os índios da
América prezavam grandemente o sassafrás, atribuindo~lhe muitas virtudes medicinais. A casca e o
lenho da raiz são ricos num óleo essencial que contém safrol, com propriedades estimulantes e
sudoríficas. O lenho da raiz utiliza-se em infusões contra o reumatismo. U.l. + O

Sene-da-índia

Cassia angustifolia Vahi

Leguminosas

Habitat: Sul da índia; originário da Somália e do lémen.


O sene foi introduzido na fitoterapia por médicos árabes. É um subarbusto de 50 cm de altura que
povoa as regiões subdesérticas. No fim do Verã o, colhem-se os ramos, que se deixam secar ao sol.
Separam-se os folíolos (impropriamente chamados folhas) das vagens; ambos contêm heterósidos
antracénicos, sendo, no entanto, os folíolos as partes mais utilizadas. O seu consumo é grande, pois
fazem parte de numerosas preparaçõ es laxativas e purgativas. U.l. + O

Tamareira

Phoenix dactylifera L.

Palmáceas

Habitat: África Central, Arábia, Egipto, Sul de Espanha. Eleva-se a cerca de 20 m do solo e apresenta
gigantescas inflorescências em forma de espigas ramificadas. Cresce nos climas subtropicais e é típica
dos oásis nas

zonas desérticas; na Europa, é cultivada como planta ornamental. A polpa da tâmara, rica em glúcidos
(70%) contém ainda cálcio, magnésio, fósforo, vitaminas B e C e provitaminas A e D. Muito nutritiva,
é indicada para anêmicos e convalescentes. Combate as afecções pulmonares e o pó do seu caroço é
utilizado em fitoterapia. U.l. +
Tamarindeiro

Tamarindus indica L. Leguminosas Bras.: tamarindo, tamarineiro, tamarina, maná-


do-brasil

Habitat: índia e países tropicais; originário de África. Sempre verde, esta árvore de 25 m de altura tem
uma folhagem tão densa que não deixa filtrar os raios solares, pelo que nenhuma planta cresce na sua
base. Os frutos são vagens compridas e pendentes, com protuberâncias ao nível das sementes, as quais
estão mergulhadas numa polpa amarelada que constitui o tamarindo, rico em glúcidos e em ácidos
orgânicos (cítrico, tartárico, málico). A palavra *tamarindo+ deriva de um termo árabe, tamare-hindi,
que significa tâmara-da-índia. É utilizado na confecção de geleias, xaropes ou compotas. Indicado
para tratar a obstipação, é um laxativo suave e também um colerético. U.l. +

Tamarindeiro

360
Os benefícios

das plantas

O emprego dos simples 364

Dicionário da saúde 371

Os usos veterinários 435

Dupla página seguinte: uma farmácia do século xvii


PLANTAS EXOTICAS

Sassafrás

Tamarindeiro

Sassafrás

Sassafras officinale Nees et Eberra. Bras.: canela-de-sassafrás

Lauráceas

Habitat: América do Norte. No Norte dos Estados Unidos, o sassafrás mantém um porte modesto, mas
nas regiões do Sul pode atingir
30 m de altura. As suas folhas, de cor verde-clara, raiadas de vermelho, podem revestir-se, na mesma
árvore, de diversas formas: ovais e inteiras, ou recortadas na extremidade em dois ou três lóbulos
arredondados. Os Espanhóis descobriram esta árvore aromática na Florida em 1538. Os índios da
América prezavam grandemente o sassafrás, atribuindo-lhe muitas virtudes medicinais. A casca e o
lenho da raiz são ricos num óleo essencial que contém safrol, com propriedades estimulantes e
sudoríficas. O lenho da raiz utiliza-se em infusões contra o reumatismo. U.l. + O

Sene-da-índia

Cassia angustifolia Vah1

Legumínosas

Habitat: Sul da índia; originário da Somália e do lémen.


O sene foi introduzido na fitoterapia por médicos árabes. É um subarbusto de 50 em de altura que
povoa as regiões subdesérticas. No fim do Verã o, colhem-se os ramos, que se deixam secar ao sol.
Separam-se os folíolos (impropriamente chamados folhas) das vagens; ambos contêm heterósidos
antracénicos, sendo, no entanto, os folíolos as partes mais utilizadas. O seu

consumo é grande, pois fazem parte de numerosas preparações laxatívas e purgativas. U.l. + O

Tamareira

Phoenix dactylifera L.

Palmáceas

Habitat: África Central, Arábia, Egipto, Sul de Espanha. Eleva-se a cerca de 20 m do solo e apresenta
gigantescas inflorescências em forma de espigas ramificadas. Cresce nos climas subtropicais e é típica
dos oásis nas

zonas desérticas; na Europa, é cultivada como planta ornamental. A polpa da tâmara, rica em glúcidos
(70%) contém ainda cálcio, magnésio, fósforo, vitaminas B e C e provitaminas A e D. Muito nutritiva,
é indícada para anémicos e convalescentes. Combate as afecções pulmonares e o pó do seu caroço é
utilizado em fitoterapia. U.I. +

Tamarindeiro

Tamarindus indica L.
Leguminosas

Bras.: tamarindo, tamarineiro, tamarina, maná-do-brasil

Habitat: índia e países tropicais; originário de África. Sempre verde, esta árvore de 25 m de altura tem
uma folhagem tão densa que não deixa filtrar os raios solares, pelo que nenhuma planta cresce na sua
base. Os frutos são vagens compridas e pendentes, com protuberâncias ao nível das sementes, as quais
estão mergulhadas numa polpa amarelada que constitui o tamarindo, rico em glúcidos e em ácidos
orgânicos (cítrico, tartárico, málico). A palavra *tamarindo+ deriva de um termo árabe, tamare-hindi,
que significa tâmara-da-índia. É utilizado na confecção de geleias, xaropes ou compotas. Indicado
para tratar a obstipação, é um laxativo suave e também um colerético. U.l. +

360
Os benefícios

das plantas

O emprego dos simples 364

Dicionário da saúde 371

Os usos veterinários 435

Dupla página seguinte: uma farmácia do século xvii


O emprego dos simples

Aquando das Jornadas Farmacêuticas Internacionais realizadas em Paris em 1976, um dos mais
eminentes farmacólogos franceses surpreendeu o auditório ao revelar o resultado das estatísticas
americanas e francesas:
40% das especialidades farmacêuticas modernas derivam de produtos naturais. Empregam-se na
composição destas especialidades cerca de 7000 produtos de origem vegetal.

Alguns deles entram na composição de mais de 100 medicamentos, nomeadamente o amieiro-negro, a


castanha-da-índia, a laranjeira, os pinheiros e os eucaliptos. Outros, como as mentas e a beladona, são
utilizados em mais de 200. Finalmente, a dormideira, o mais usado de todos os fármacos, entra na
composição de mais de 400 especialidades. Deste modo, os médicos, ao prescreverem as suas receitas,
exercem todos os dias a fitoterapia, porventura inadvertidamente.

A planta, tal como foi definida no capítulo *A fábrica vegetal+ (v. pp. 11-15), é um reservatório de
compostos activos, os quais estão sempre ligados a outras substâncias que controlam e inclusivamente
modificam a sua acção.

Esta coexistência verifica-se mesmo que nem sempre seja possível explicar o seu efeito, e, perante a
complexidade das interacções biológicas no seio de um dado vegetal, os cientistas interrogam-se sobre
uma questão muito subtil para a qual, em relação à maioria das plantas, ainda não foi encontrada uma
resposta: porque elabora a planta determinados princípios activos? Qual a função que eles
desempenham na vida da própria planta?

As plantas e a terapêutica

A alopatia, nome científico atribuído à medicina clássica, obedece, no tratamento das doenças, à teoria
dos contrários, centrando a acção terapêutica na obtenção de um efeito contrário ao sintoma
apresentado pelo doente.

Recorre, assim, na prescrição medicamentosa, a um agente externo ao organismo com capacidade para
anular as manifestações da doença. Que fazem os laboratórios farmacêuticos dos milhares de toneladas
de plantas medicinais que tratam nos seus enormes cadinhos de alquimistas modernos? Trituram-nas
para facilitar a extracção de substâncias activas que isolam, doseiam, dissolvem ou condicionam do
modo mais utilizável pelo organismo. Uma vez feita a identificação química da substância e definida a
sua fórmula, o que ainda não é possível, nos nossos dias, para todos os componentes das plantas, os
químicos dedicam-se a efectuar a sua síntese. Assim, devido a estas operações, foi possível fabricar
artificialmente algumas vitaminas e muitos medicamentos. Do ponto de vista prático, a preparação
sintética de uma substância importante devido às suas aplicações pode permitir a obtenção de um
produto mais manejável, menos dispendioso e de composição mais pura do que o obtido por extracção
de misturas naturais.

Nas obras de farmacognosia, o nome e a descrição de cada planta são acompanhados da referência de
um ou mais dos seus componentes escolhidos de entre os mais importantes para a terapêutica. Na
realidade, a medicina tradicional não aproveita todas as possibilidades das plantas, uma vez que não
são totalmente conhecidas quer a composi
364
ção, quer as suas acções. É, sem dúvida, pela mesma razão que entre as substâncias muito enérgicas
que elas produzem, e que, uma vez isoladas, são consideravelmente utilizadas em terapêutica, algumas
desencadeiam, por vezes, no doente efeitos secundários nefastos; assim, nesta 2.a metade do século xx
surgiu e desenvolveu-se de modo assustador por toda a parte uma gama de doenças denominadas
iatrogénicas, isto é, doenças provocadas pelos próprios medicamentos e que geralmente são difíceis de
tratar.

A homeopatia é o segundo grande método terapêutico. Posta em prática por um ilustre médico alemão,
o Dr. Hahnemann, a partir de 1790, baseia-se, ao contrário da alopatia, na lei das semelhanças: os
semelhantes são curados pelos seus semelhantes. O médico, na sua receita, administra ao doente o
agente que provocaria numa pessoa sã a perturbação de que o paciente sofre. O medicamento dilui-se
em concentrações infinitesimais e o seu grau de diluição, graduado e variado por dinamização,
determina a rapidez e a intensidade da acção do medicamento, que então deixa de ser tóxico. A
diluição básica denomina-se tintura-mãe. A partir desta diluição básica, obtêm-se por diluições
sucessivas 30 graus diferentes de preparações. A partir da sexta graduação, a matéria activa já não é
detectável por processos analíticos correntes.

A fitoterapia é o tratamento das doenças por meio de plantas recentes ou secas, bem como pelos seus
extractos naturais. É evidente que um tratamento por meio de uma substância isolada perfeitamente
doseada é para o médico muito mais facilmente controlável que a acção exercida por um conjunto de
substâncias agrupadas num preparado muitas vezes mal definido, como é o caso das tisanas. É um
problema que tem preocupado o fitoterapeuta quando regista efeitos e reacções diferentes, consoante
os doentes a quem prescreve o tratamento. Estes efeitos não são somente consequência da fisiologia do
doente, sendo também causados por grandes diferenças na eficácia de várias plantas espontâneas de
uma mesma espécie, devido ao seu habitat natural, à exposição ao sol, ao microclima, à estação do ano
em que a planta foi colhida e ao modo como foi tratada. Assim, as culturas de plantas em grande
escala obedecem a regras racionais. Os terrenos possuem a mesma exposição, são regados com igual
quantidade de água, as sementes e outros órgãos de propagação são seleccionados, e os princípios
activos são preservados devido a métodos de secagem e estabilização.

Aliás, sabe-se, sem que se tenha encontrado uma explicação, que entre as plantas medicinais existem
exemplares que apresentam as mesmas características botânicas, nada as distinguindo umas das outras;
porém, ao utilizá-las, acontece que umas são activas e outras não; são as denominadas raças químicas.

A gemoterapia e a aromaterapia são dois métodos que recorrem igualmente ao emprego das plantas. A
gemoterapia, do latim gemma, gema, baseia-se na utilização de botões frescos e de tecidos vegetais
jovens, tais como as radículas ou a segunda casca, que são ricas em hormonas vegetais de crescimento
celular - as giberilinas e as auxinas. Estas substâncias conferem a tais órgãos, além das acções próprias
das plantas a
que pertencem, acções biológicas muito interessantes.

A aromaterapia, que utiliza as essências aromáticas, é tão antiga como a fitoterapia, pois 4000 anos
antes de Cristo os Egípcios conheciam já a essência de pinheiro, se bem que o seu verdadeiro
desenvolvimento date apenas da Idade Média. As essências naturais utilizadas obtêm-se por destilação,
por prensagem, por separação pelo calor ou por incisão do vegetal. São notavelmente eficazes e já foi
demonstrado que a mesma essência obtida por síntese, ou seja artificialmente, não é tão activa como a
natural. Valem neste caso as mesmas observações já anteriormente feitas em relação à fitoterapia: é a
totalidade da essência que possui a máxima actividade, e não o seu componente principal.

Todas as essências vegetais têm em comum o seu poder anti-séptico, além das propriedades
específicas de cada uma das plantas de onde foram extraídas. As essências mais largamente utilizadas
em fitoterapia são extraídas do alho, do anis-verde, da badiana, da bardana, do manjericão, da bétula,
da canela, do limão, do eucalipto, do funcho, do zimbro, do goiveiro-amarelo, do hissopo, da
alfazema, da camomila, da erva-cídreira, das mentas, da nogueira, do alecrim, das rosas, do sândalo,
do sassafrás, do serpáo, da terebintina, do tomilho e do ilangue-ilangue.

Utilizar uma planta não é um acto anódino. É interessante verificar que em muitas línguas, como, por
exemplo, o francês, as palavraspotion, poçã o, epoíson, veneno, têm a mesma raiz e que em outras
línguas, como, por exemplo, a cigana, a mesma palavra serve para designar poção, veneno e planta
medicinal.

Quando se decide utilizar plantas medicinais, não deve empregar-se mais do que uma espécie de cada
vez; é indispensável preparar cuidadosamente a mistura aconselhada. Aos médicos, aos farmacêuticos
e aos ervanários idóneos cabe a responsabilidade de efectuar as misturas por eles denominadas
espécies, pois existem incompatibilidades entre as plantas que podem provocar fenómenos tóxicos.

Desde os mais remotos tempos, o homem rural está habituado a tirar proveito do mundo vegetal que o
rodeia: a tradição transmite-lhe os segredos da colheita e utilização das flores e plantas que o homem
da cidade desdenha por ignorância. Fazer a colheita aquando de um passeio familiar ou de umas férias
no campo não significa destruir irreflectidamente a flora, um bem precioso. É necessário aprender a
colher e conservar os simples (v. pp. 37-40).

Uma vez feita a recolha e efectuada a conservação, é necessário, para não confundir infusão, decocção
e maceração, por exemplo, estudar as formas de preparação explicadas na página 368. Além disso,
quando no início do texto referente à informação botânica de cada uma das plantas, apresentado em
caixa, surgir o símbolo O , de cor vermelha, uma proibição ou uma informação precisa sobre a
utilização de determinada planta, é conveniente seguir integralmente as indicações. É necessário
também cumprir determinadas regras, como, por exemplo, não fazer antecipadamente uma preparação
se está especificado que esta deve ser utilizada imediatamente, pois podem ocorrer certas alterações
químicas perigosas.

Nunca se deve administrar uma planta a uma criança com menos de 1 ano ou a uma mulher grávida
sem previamente consultar o médico. Diversas plantas são contra-indicadas para as mães que
amamentam ou para certos doentes, como os diabéticos, gotosos, nervosos, cardíacos e doentes renais.
Alguns vegetais provocam alergias, outros uma sensibilização à luz solar. A prudência é muito
importante, porque uma planta vene
365
As plantas e a casa

Existe também um grande número de plantas que podem substituir os produtos, tantas vezes perigosos,
que provocam deslocações às urgências hospitalares ou de toxicologia. Basta olhar para as prateleiras
e ler os rótulos: não ingerir, não inspirar, não tocar, não aproximar de uma chama, não utilizar numa
divisão fechada, veneno nocivo, perigoso, explosivo, tóxico ... É verdadeiramente aterrador. Este facto
poderá contribuir para a
substituição destes temíveis ingredientes por outros, talvez menos enérgicos, mas mais naturais:
existem plantas que perfumam, outras que purificam, desodorizam, protegem o vestuário, afastam os
insectos, impermeabilizam os couros, tiram nódoas, limpam, lavam, branqueiam a roupa de casa,
conservam os víveres..

Outrora, todas as donas de casa as conheciam perfeitamente; hoje, porém, ignora-se a sua existência.
Evidentemente, não é possível prescindir dos sabões e dos detergentes, dos purificadores e dos tira-
nódoas; não é possível fazer as lavagens de roupa semanais na máquina com saponária e cinzas de
lenha, fabricar todos os sabões com resina de pinheiro, arear as caçarolas com molhos de cavalinhas,
lavar os vidros sujos pelo pó gorduroso das cidades com a parietária ou tingir todas as lãs, tecer,
cultivar *biologicamente+ todos os alimentos vegetais. Há, porém, um compromisso possível do qual
depende o futuro. Por essa razão, pretende-se neste capí tulo chamar a atenção para os laços que
existem entre o homem e o mundo vegetal que o precedeu em milhões de anos sobre a Terra e
produziu o oxigénio que respira, esse mundo que alimenta e protege a Humanidade e cuja maioria não
sabe apreciar.

As preparações e as suas formas de utilização

Para extrair componentes activos de um


simples, utiliza-se geralmente um líquido que os possa dissolver.

As TISANAS são obtidas com o auxílio da água, recorrendo a um dos três métodos: a infusão, a
decocção e a maceração. São filtradas antes de se utilizarem.

Infusão. Prepara-se deitando água fervente sobre as partes vegetais activas, geralmente as flores e as
folhas. É o modo tradicional de preparação do chá. Deixam-se as plantas dentro de água entre 5 e 10
minutos aproximadamente, consoante a receita, e seguidamente passam-se pelo filtro. A quantidade de
planta varia segundo a espécie. O recipiente deve ser de porcelana, de barro ou de esmalte, e para
adoçar pode utilizar-se mel ou açúcar. Os compostos químicos activos extraídos pela água são muitas
vezes voláteis, pelo que a infusão deve ser bebida rapidamente.

Decocção. Prepara-se geralmente pondo o fármaco em água fria, que, seguidamente, se aquece até à
ebulição num recipiente fechado, deixando ferver durante alguns minutos.

Maceração. É uma preparação líquida que requer uma longa imersão. Põe-se a planta em água fria,
cobre-se o recipiente e deixa-se repousar em lugar fresco (mas não no
frigorífico) durante uma noite, por vezes
durante vários dias ou mesmo semanas, A maceração pode ser prescrita em vinho, álcool ou óleo.
As PREPARAÇõES têm diversos modos de aplicação, consoante os órgãos a que são destinadas, a sua
apresentação e composição. Bebem-se as tisanas, fazem-se fricções com linimentos e aplicam-se os
colírios, em gotas, nos olhos.

Banho. Imersão completa ou parcial do corpo. Prepara-se a partir de infusões ou decocções que se
colocam na banheira. Também se fazem banhos locais: aos olhos, por exemplo, com a água de
fidalguinhos.

Caldo. Decocção cujo tempo de ebulição não é rigoroso. Prepara-se com as plantas inteiras e bebe-se
quente.
Cataplasma. Preparação de consistência branda que se aplica sobre a pele durante alguns minutos. Há
cataplasmas cicatrizantes, emolientes e revulsivas.

ChampÔ. Preparado que se mistura com água para lavar os cabelos e o couro cabeludo. Alguns
champôs são anti-sépticos e anti-seborreicos.

Clister ou Enema. Introdução de um líquido nos intestinos por meio de uma cânula rectal ligada a um
irrigador. O clister tem normalmente um efeito purgativo e, por vezes, emoliente ou adstringente.

Colírio. Solução utilizada nas afecções das pálpebras e dos olhos. Aplica-se sobre a conjuntiva quer
em gotas, quer diluída sob a
forma de banho ocular.

Colutório. Preparação semilíquida que se aplica nas gengivas, na faringe ou nas amígdalas. Os
colutórios são geralmente anti-sépticos e, por vezes, adstringentes e descongestionantes.

Compressa. Aplicação de uma gaze ou de um tecido sobre a parte do corpo a tratar. A gaze é
antecipadamente embebida na preparação que se pretende utilizar.

Creme. Mistura untuosa, semilíquida, produzida naturalmente por determinadas plantas sob a forma de
látex, sendo, no entanto, geralmente obtida pela diluição dos compos
368
tos activos num substrato de glicéridos. Os cremes aplicam-se sobre a pele e, por fricção, penetram na
epiderme.

Emplastro. Mais aderente que o creme, este preparado semi-sólido adapta-se aos contornos da zona do
corpo em que for aplicado.
O emplastro contém gorduras, resina e, por vezes, ceras.

Envoltura ou Envolvimento. Compressa que rodeia todo o membro ou uma parte do corpo. Faz-se
com uma ligadura de gaze impregnada da solução medicamentosa.

Fomentação. Variedade de compressa ou


cataplasma que se mantém apenas alguns minutos sobre a pele.

Fumigação. Utilização dos vapores impregnados dos princípios activos da planta. Podem também
ferver-se folhas de eucalipto na divisão que se deseja desinfectar. O fumo de alguns vegetais que
ardem lentamente, como o incenso, pode servir para as fumigações: é o caso do fumo das bagas de
zimbro.

Gargarejo. Preparação líquida com a qual se lavam a boca, a garganta, a faringe, as amígdalas e as
mucosas. Serve para desinfectar ou acalmar. O gargarejo nunca deve ser engolido.

Inalação. Variante da fumigação na qual o doente inspira directamente os vapores terapêuticos


colocando a cabeça sobre o recipiente onde o extracto da planta aromática se lança em água quase
fervente. Fazem-se inalações para desobstruir os seios nasais e as vias respiratórias superiores.

Irrigação. Introdução de um líquido pelas cavidades naturais (ouvidos, nariz, vagina, etc.) quer
directamente, quer por meio de uma seringa ou uma cânula. O líquido injectado é normalmente uma
infusão ou decocção previamente arrefecida.

Leite. Líquido obtido pela trituração de sementes oleaginosas em água. Faz-se deste modo o leite de
amêndoas.

Linimento. Mistura heterogénea, de consistência branda, contendo geralmente óleo ou álcool.


Emprega-se para aliviar as dores reumáticas, as dores musculares e os traumatismos, friccionando
localmente a pele.

Loção. Preparado líquido com o qual se


lava a pele nos locais onde se encontra irritada. Aplica-se com algodão. Há loções especiais para o
couro cabeludo.

Óleo. Os frutos e as sementes de numerosas plantas quando prensados produzem um óleo que não
deve confundir-se com óleo essencial, pois este não é uma matéria gorda. No óleo vegetal podem
macerar-se as raízes e outras partes secas da planta para obter óleos medicinais. Alguns aplicam-se por
fricção, outros são absorvidos por via oral.

Perfume. Para preparar os perfumes, utilizam-se as essências vegetais de determinadas plantas


aromáticas. Alguns têm propriedades anti-sépticas.
Pó. Obtém-se por trituração das plantas secas, ou das suas partes activas, num moinho ou num
almofariz. Os pós podem usar-se
para obter extractos, ser suspensos em água ou misturados com a alimentação.

Poção. Líquido em que se incorporaram os princípios activos da planta obtidos por extracção, infusão
ou maceração e que se destina a ser bebido.

Solução. Mistura líquida na qual os princípios activos da planta são dissolvidos num líquido
apropriado (água, álcool, óleo, éter, etc.).

Suco. Líquido obtido pelo simples escoamento da seiva para o exterior do tronco ou quando se
espremem os frutos, as folhas ou o caule.

Unguento. Preparado cremoso que se aplica por fricção. É uma mistura cujos princípios activos estão
dissolvidos num corpo gordo.

Vinho. Os vinhos medicinais preparam-se pela maceração de cascas, raízes ou folhas de determinadas
espécies em vinho, Do mesmo modo se fazem vinhos de canela, de quina, de genciana e outros.

Xarope. Preparação aquosa límpida destinada a ser bebida. Obtém-se frequentemente por aquecimento
de um infuso ou de um macerado aos quais se adiciona açúcar e geralmente um aromatizante.

As PREPARAÇõES GALÉNICAS devem o nome a Galeno, célebre médico grego da Antiguidade.


São medicamentos que devem ser cuidadosamente compostos e doseados. Só podem ser preparados
por um farmacêutico ou um técnico qualificado.

Alcoolato. Líquido incolor que se obtém pela maceração de plantas frescas em álcool, que
posteriormente é destilado. A água de melissa dos Carmelitas, ou espírito de melissa composto, é um
alcoolato estomáquico e antiespasmódico.

Alcoolatura. Líquido corado que se obtém pela maceração de plantas frescas em álcool. A alcoolatura
feita com folhas adquire uma cor verde, e a que resulta das raízes é castanha. As enzimas nelas
contidas mantêm-se activas, pelo que as alcoolaturas não se conservam, devendo ser utilizadas
rapidamente. As alcoolaturas são preferíveis aos alcoolatos quando os princípios activos da planta não
suportam o calor da destilação.

Elixir. Obtém-se pela maceração de plantas ou extractos de plantas numa solução cujo conteúdo é
principalmente álcool e açúcar. Alguns elixires preparam-se a partir de alcoolatos e outros contêm
vinhos medicinais.

Extracto. Solução que contém uma parte dos componentes activos da planta submetida ao tratamento.
Em primeiro lugar, seca-se a planta ou reduz-se a pó. Em seguida, trata-se a planta ou o seu pó com
um dissolvente (água, álcool, éter) que lhe retira compostos solúveis. Este processo, que se chama
lixiviação, é classicamente utilizado para fazer café, passando vapor de água ou água fervente através
dos grãos moídos. Depois, deixa-se evaporar a solução até esta adquirir a concentração desejada.
369
Extracto fluido. É um extracto em que a operação da evaporação da solução se interrompe, resultando
um fraco grau de concentração.

Extracto mole. A evaporação da solução é mais prolongada que no extracto fluido, deixando um
resíduo semelhante a uma pasta mole. O café é frequentemente servido deste modo na América do
Sul.

Hidrolato. Líquido que se obtém pela maceração em água de plantas frescas ou secas; esta solução é
seguidamente destilada. A água de rosas, preparada por destilação, é um hidrolato.

Hidróleo. Líquido que se obtém pela dissolução em água de uma substância medicamentosa. É uma
solução. A água de flor de laranjeira, para citar um exemplo, preparada por dissolução em água de
uma essência extraída destas flores, é um hidróleo, e não um hidrolato.

Intracto. É uma variedade de extracto vegetal. Para o fazer, devem utilizar-se plantas frescas,
estabilizando-as em vapor de água ou de álcool e deixando-as seguidamente secar no vácuo. Estas
plantas estabilizadas conservam assim todas as suas propriedades. Seguidamente, são submetidas ao
mesmo tratamento que os fármacos comuns; tratam-se com água ou álcool, deixando evaporar a
solução obtida. O extracto resultante chama-se intracto. É um preparado correntemente utilizado para
a valeriana e a castanha-da-índia.

Melito. Produto xaroposo que se prepara pela maceração de plantas em mel ou por ebulição de uma
mistura de mel e um hidróleo. O mel rosado é um melito que se obtém pela mistura de um macerado
de pétalas de rosas-rubras e mel. É usado em gargarejos.

Mistura. Associação de produtos medicamentosos que actuam em sinergia, cada um deles reforçando a
acção dos outros. Misturam-se assim plantas dotadas das mesmas propriedades para obter espécies. As
espécies antiespasmódicas, por exemplo, agrupam numa mesma mistura a valeriana, a flor da
laranjeira e o milefólio.

Pasta. uma mistura de consistência mole, preparada com açúcar e goma-arábica, a que se juntam
diferentes princípios activos, consoante o fim terapêutico desejado.

Pomada. Creme espesso em que os compostos activos são dissolvidos em matérias gordas para
facilitar a sua distribuição sobre a epiderme.

Tintura alcoólica. Prepara-se por dissolução em álcool das substâncias medicamentosas. Pode também
obter-se por maceração de plantas em álcool ou extraindo-lhes os princípios activos por lixiviação. As
tinturas vegetais são doseadas na proporção de uma parte de substância vegetal para cinco de álcool.

AS MEDIDAS
*//* ver a forma de exposição no livro
Volume em

Peso da planta

Peso da água
Peso do xarope
Peso do óleo

centilitros

em gramas

em gramas

em gramas

em gramas

1 colher de café

O,5

6,5

4,5

1 colher de sobremesa

10

13

. 1 colher de sopa

1,5

10

15

20
13,5

1 cálice de licor

1 copo pequeno

1 copo vulgar

15

1 chávena

15

1 taça

20

1 g de líquido aquoso = 20 gotas 1 pitada de planta seca = 2 a 3 g


Dicionário da saúde

Conta uma lenda irlandesa que no túmulo de Miali, filho do deus-médico Díencecht, cresceram 365
plantas medicinais. Este número correspondia, segundo a tradição, ao número das articulações e dos
nervos do herói, sendo também o número de dias do ano. Procurou-se apresentar este dicionário da
saúde em função do tempo de que cada pessoa dispõe para se
ocupar de si própria. Consoante a profissão, os tempos livres, os horários das refeições, é conveniente
escolher o modo de preparação que melhor se adapta a cada caso seguindo regras simples, como, por
exemplo, reservar os feriados ou fins-de-semana para absorver as grandes quantidades de líquidos em
pequenas doses ao longo do dia.

Na maioria dos casos, indica-se a quantidade de planta a utilizar para 1 l de líquido; porém, se a dose
prescrita se limita a uma chávena diária, é conveniente reduzir a quantidade de planta, adaptando-a ao
volume de líquido a ingerir.

O peso indicado para 1 l de água está adaptado às necessidades de um adulto que pese 70 kg e tenha
cerca de 24 anos. Para calcular as necessidades de uma criança de 12 anos, bastará dividir a dose por
dois, e a de uma de 6 anos, por quatro. É tão inútil como nefasto ultrapassar as doses. Muitas vezes, as
próprias plantas contribuem para que se diminua a dosagem devido ao seu sabor desagradável; as
tisanas benéficas têm frequentemente um cheiro estranho, um gosto pouco habitual, que deve de
preferência ser disfarçado. Se bem que as tisanas, na sua maioria, devam ser tomadas quentes,
também podem ser bebidas frias quando são muito amargas. É, no entanto, possível atenuar o
gosto pouco agradável das tisanas adicionando-lhes mel, sumo de limão ou baunilha. Todavia,
é necessário lembrar que as cascas de laranja e de limão tratadas quimicamente são
consideradas rigorosamente impróprias para consumo. Por feliz acaso, existem no acervo dos
simples alguns de sabor agradável, como a angélica, o anis, o basílico (para os apreciadores), o
coentro, a roseira, o funcho, o jasmim, a manjerona, a melissa, todas as mentas, a laranjeira, o orégão,
a primavera, o alcaçuz, o alecrim, a salva, o tomilho, a tília e a lúcia-lima, que podem ser utilizados,
em pequenas doses e não medicinais, para perfumar uma preparação repugnante.

Como utilizar o dicionário da saúde

As perturbações, classificadas por ordem alfabética, estão impressas a negro e seguidas da sua
localização e sintomas.

Os usos (externo e interno) indicam-se pela ordem da sua importância, figurando em itálico
determinado aspecto particular destes mesmos usos.

O sinal * agrupa a posologia e o modo de utilização comuns às preparações classificadas por ordem
alfabética das plantas.

O sinal O identifica a planta a administrar, a sua preparação e a sua posologia. As plantas estão
classificadas por ordem alfabética. As preparações galénicas apresentam-se agrupadas.

Indicam-se precedidas do sinal - as plantas cuja administração, preparação e posologia são comuns.

Abcesso. Acumulação de pus numa parte do corpo, frequentemente acompanhada de fenómenos


inflamatórios. As plantas podem, por um lado, acelerar a maturação dos abcessos cutâneos e facilitar a
evacuação do seu conteúdo e, por outro, contribuir para a cura, reduzindo a inflamação e facilitando a
recuperação dos tecidos.

USO EXTERNO Para amadurecer o abcesso e acalmar a dor * Estes preparados são mantidos por
meio de um penso e renovados de 2 em 2 ou de 3 em 3 horas:

O Compressa embebida em suco fresco de alho


O Compressa feita de miolo de pão amassado com suco fresco de alho-porro O Cataplasma de planta
fresca: - de folhas pisadas de aspérula-odorífera, - de cânhamo, - de quenopódio-bom-henrique, - de
sabugueiro, - de tussilagem, - das sumidades floridas e dos botões esmagados da giesteira-das-
vassouras, - de azeitonas bem maduras esmagadas, - de raiz de alteia, - de raiz ralada de cenoura
cultivada O Cataplasma de folhas de couve contundidas, que provoca, passados alguns momentos, um
aumento do calor local: é então necessário substituir as folhas e continuar as aplicações até ao
desaparecimento da inflamação O Cataplasma de folhas
371
de sabugueiro trituradas com sal e vinagre O Cataplasma de plantas cozidas em água e pisadas:
- de folhas de acelga, - de azedas, - de bolbo de cebola, - de cuscuta, - de funcho, - de lentilhas, - de
caule de ruibarbo O Cataplasma de folhas de verbasco cozidas em leite O Cataplasma de bolbo cozido
em leite e pisado, ou
assado no forno, ou sob cinzas e amassado com banha: - de açucena, - de rizoma de selo-de-salomão O
Cataplasma de figo seco cozido em leite e aberto ao meio O Aquecer numa panela raízes e folhas
frescas de malva e pisá-las antes de as colocar sobre o abcesso O Cataplasma de farinha cozida em
água na proporção de 60 g por litro até adquirir a consistência de uma papa; colocar entre duas tiras de
pano, aplicar quente, mas não a ferver, sobre o abcesso: - de grãos de cevada, - de sementes de linho,
às quais se
pode juntar um punhado de dulcamara seca, de sementes de tremoço, peneirando a farinha para
eliminar os invólucros.

Para fazer o penso do abcesso depois de vazio e


acelerar a recuperação dos tecidos e a cicatrização * Para renovar diariamente: O Aplicar sobre o
abcesso folhas frescas de bardana O Compressa de decocção de betónica, feita com 60 g de folhas e de
raízes secas fervidas durante 15 minutos em 1 l de vinho tinto e, depois de arrefecidas, filtradas O
Folhas frescas de betónica; cozer durante 10 minutos 50 g de folhas numa pequena quantidade de água
e aplicá-las sobre o abcesso.

AcNe. Afecção da pele situada ao nível das glândulas sebáceas. Cada um dos elementos é, por vezes,
centrado por um folículo piloso. A acne
surge na cara, nas costas, no peito e infecta-se com frequência.

Uso interno
O Aconselha-se às pessoas que sofrem de acne a
ingestão de plantas frescas cruas: - agrião, rabanetes, - salsa, - tomate O Sumo de couve fresca; tomar
meio copo 3 vezes por semana O Espinafres cozidos O Uma cura anual de uvas é especialmente
indicada: durante 3 semanas substituir o pequeno-almoço por 250 g e o jantar por
500 g de uvas. * Tomar entre as refeições 3 chávenas por dia, das quais 1 em jejum: O Infusão de
milefólio, 20 g de flores ou de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção
de bardana, 50 g de raízes frescas para 1 1 de água, ferver 15 minutos O Infusão de rinchão, 40 g de
sumidades floridas para 1 1 de água fervente, infundir 20 minutos. * Tomar 2 chávenas por dia, 1 de
manhã e 1 à noite: O Infusão de abrunheiro-bravo, 50 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de azeda, 20 g de folhas ou 40 g de raízes para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocção de cardo- pente ador, 50 g de raízes secas para 1 l de água, ferver 10 minutos. *
Uma almoçadeira todas as manhãs em jejum durante 3 semanas: O Infusão de amor-perfeito-bravo, 50
g de uma mistura de flores e folhas secas para 1 1 de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção
de dulcamara, 10 g de raminhos partidos para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 5 minutos;
aumentar progressivamente a quantidade de planta até 20 g por litro na terceira semana.

USO EXTERNO * Aplicar 2 vezes por dia sobre os elementos não abertos um pedaço de algodão
embebido em: O Decocção de arnica, 30 g de flores para 1 1 de água, ferver 4 a 5 minutos O
Decocção concentrada de bardana, 150 g de raízes frescas para 1 1 de água, ferver 20 minutos O óleo
de urze, macerar, pelo menos durante 8 dias, 100 g de flores frescas em O,5 1 de azeite, conservar
num frasco bem rolhado ao abrigo da luz. * Lavar 2 vezes por dia os elementos actteicos com: O
Sumo de couve fresca O Decocção de alface cultivada, 100 g de folhas para 1 1 de água, ferver 10
minutos O Infusão de amor-perfeito-bravo, 50 g de flores e folhas secas para 1 l de água, infundir 10
minutos O Decocção de carlina, 30 g de raízes secas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção
de erva-saboeira, 100 g de raizes secas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Suco fresco de folhas de
erva-saboeira misturado com igual peso de soro de leite; conservar num frasco bem fechado O
Decocção de zimbro, 50 g de aparas de lenho de ramos jovens para 1 de água, ferver 15 minutos.
O As folhas secas de tanchagens aceleram a secagem e a cicatrização O Acrescentar à água do banho 1
colher de sopa de vinagre de alfazema obtido por maceração, durante 8 dias, de 100 g de sumidades
recentes em 1 l de vinagre branco.

AcNe rosácea. Congestão da face situada principalmente no nariz e regiões malares do rosto,
acompanhada de dilatação dos vasos sanguíneos cutâneos.

USO EXTERNO
O Cataplasma de folhas frescas contundidas: - de alface-brava, - de flores de alteia, - de erva-ulmeira,
- de morangueiro, - de trevo-cervino. * Aplicar 2 vezes por dia sobre a acne rosácea compressas
embebidas numa destas preparações:
O Decocção de alface cultivada, 200 g de alface em O,5 l de água, ferver 2 horas O Decocção de
arando, 30 bagas frescas para 1 l de água, ferver em lume brando durante 20 minutos; deixar arrefecer
antes de coar O Decocção de castanhas-da-índia, 6 castanhas descascadas, cortadas em pedaços, em 1 l
de água, ferver 15 minutos O Decocção de golfão-branco, 5 flores secas para O, 15 l de água, coar,
adicionar 1 colher de álcool canforado e conservar esta loção num frasco rolhado
O Decocção de malva, 40 g de folhas para 1 l de água, ferver 15 minutos O Infusão de tília, 40 g de
flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; aplicar, friccionar e massajar para ajudar a
penetração O Decocção de videira, 80 g de folhas secas e fragmentadas para 1 l de água, ferver 5
minutos, infundir 15 minutos.
372
Acufenos. Sensação auditiva que não provém de uma excitação exterior. Incluem-se nesta
denominação os zumbidos, os silvos, as campainhas nos ouvidos, etc.

Uso interno
O Infusão de melissa, 60 g de flores e de caules secos para 1 l de água fervente, misturar, tapar,
infundir 10 minutos e coar; 3 chávenas por dia após as refeições O Infusão de estaque (Stachys
palustris e S. silvatica), 50 g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos; 3 chávenas por dia O Infusão de lúcia-lima, 30 g de folhas para 1 l de água fervente; 1
chávena após o jantar O Infusão de marroio, 50 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia O Infusão de nêveda, 50 g de flores e de caules secos para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena após as refeições O Infusão de pirlíteiro, 50 g de
flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia.

USO EXTERNO * Instilar todas as manhãs 3 gotas de óleo no ouvido: - de caroço de pêssego, - de
caroço de alperce: partir o caroço, esmagar as amêndoas, extrair o óleo.
O Impregnar um pouco de algodão com o sumo
de 1 cebola e colocá-lo no ouvido O Grãos de milho-miúdo torrados numa frigideira, misturados com
a mesma quantidade de sal grosso e introduzidos num pequeno saco que se coloca sobre o ouvido.

Aerofagia. Deglutição de ar que se acumula no estômago.

Uso interno * As preparações devem beber-se quentes, antes ou depois das refeições principais: O
Infusão de sementes, deixar em infusão 10 minutos em 1 l de água fervente, acrescentar uma pitada de
canela: - de alcaravia, 10 g, - de angélica, 15 g, de anis, 15 g, - de endro, 40 g, - de funcho,
30 g O Infusão de frutos: - de coentros, 40 g O Podem misturar-se sementes de cominhos, alcaravia,
anis-verde, angélica, na proporção de 5 g de cada uma delas para 1 l de água fervente, deixando em
infusão 10 minutos O Infusão de flores e de folhas: - de balsamita, 20 g de flores e de
folhas secas para 1 l de água fervente; 1 chávena após as 2 refeições principais, - de basílico, 50 g de
sumidades floridas e de caules secos para 1 l de água fervente, adicionando-lhe algumas gotas de
limão; 2 chávenas por dia, - de estragão, 25 g de planta para 1 l de água fervente; 1 chávena após as
refeições, - de hortelã-pimenta, 10 g de flores e folhas para 1 l de água fervente; 1 chávena após as
refeições, - de laranjeira, 10 g de flores para 1 1 de água fervente, - de nêveda, 30 g de planta para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena após as refeições, - de orégãos, 25 g de sumidades
floridas para 1 l de água em ebulição, - de tanaceto, 50 g de sumidades floridas secas e fragmentadas
para 1 l de água fervente, tapar e infundir 10 minutos, - de verónica, 100 g de folhas fragmentadas
para 1 l de água fervente, deixar em infusão 15 minutos; 1 chávena 5 minutos antes das refeições O
Decocção de verónica, 100 g de sumidades floridas e
folhas secas e fragmentadas em 1 l de água fria, aquecer, ferver 10 minutos e infundir outros 10
minutos; 1 chávena 20 minutos antes das 2 refeições principais O Cinza peneirada de cavalinha,
1 g em meio copo de água; antes das 2 refeições principais. * Preparações para serem bebidas frias
antes ou depois das refeições: O Decocção de alcaçuz, 50 g de raízes secas para 1 l de água, ferver 5
minutos, macerar durante 1 noite e filtrar; beber 3 ou
4 chávenas por dia. * Preparações para ter de reserva: O Licor de anis, macerar durante 1 mês em 1 l
de aguardente
60 g de sementes de anis esmagadas, 1 pitada de canela, 350 g de açúcar e filtrar; 1 cálice deste licor
após as refeições O Tintura de carvalhinha, macerar durante 10 dias 10 g de sumidades floridas e de
folhas em 100 g de álcool a 75’, filtrar, conservar num frasco bem rolhado; tomar 25 gotas em meio
copo de água antes das 2 refeições principais.

Afrontamento. V. Menopausa.

Alta. Pequena ulceração dolorosa, frequente na boca.

Uso interno Comer arando e conservar o sumo alguns instantes na boca antes de o engolir.

USO EXTERNO

Colutórios, as preparações devem ser filtradas. passar sobre as aftas várias vezes por dia um

pedaço de algodão embebido em: O Suco de raiz de alteia O Sumo fresco de limão misturado com
igual peso de água tépida e adoçado com mel O Decocção de basílico, 100 g de folhas secas para
1 l de água, ferver 15 minutos O Decocção de malva, 50 g de flores para 1 l de água, ferver 20
minutos para reduzir O Decocção de sementes de marmelo, 150 g para 1 l de água, ferver 15 minutos
O Decocção de nespereira-da-europa, 50 g de folhas e 50 g de cascas secas para 1 l de água, ferver 10
minutos O Mel rosado, preparado a partir de 50 g de pétalas secas de rosas-vermelhas, deixar infundir
30 minutos em 200 g de água fervida, mantida muito quente em banho-maría, coar esmagando as
pétalas, juntar igual peso de mel. * Gargarejo ou bochecho a repetir várias vezes por dia: * Decocção
de alfenheiro, 20 g de folhas e flores secas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Sumo de amoras,
ainda verdes, de amoreira-negra O Decocção de cavalinha, 50 g de planta fresca ou 20 g de planta seca
para 1 l de água, deixar ferver 30 minutos para reduzir O Infusã o de cinco-em-rama, 20 g de rizoma
seco
para 1 l de água fervente, deixar repousar 15
373
minutos O Infusão de drias, 20 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Decocção de erva-de-são-roberto, 50 g de folhas para 1 l de água fervente, adoçar O Decocção de
lisimáquia, 30 g de mistura de folhas e flores secas em 1 l de água, ferver 5 minutos O Decocção de
morso-diabólico, 50 g de folhas secas para
1 l de água, ferver 20 minutos, devendo o líquido ficar reduzido a metade O Decocção de silva,
100 g de folhas frescas para 1 l de água, ferver
20 minutos O Infusão de tormentila, 20 g de rizoma seco para 1 l de água fervente, deixar infundir 15
minutos * Decoeção de urtigas, 100 g de planta seca para 1 l de água, ferver 20 minutos.

Albuminúria. Presença de albumina na urina; pode ser detectada adicionando à urina algumas gotas de
ácido acético; forma-se um aro cinzento
entre os 2 líquidos. Existe um certo número de plantas que exerce uma acção sobre este sinal.

Uso interno * Sucos frescos de plantas: O Suco fresco de avoadinha; 3 colheres de sopa por dia O
Sumo fresco de groselha: 100 g 3 vezes por dia, das quais 1 em jejum O Incluir uma grande cebola

crua e picada numa salada que deve ser ingerida ao jantar. * As preparações: O Decoeção de aipo, 25
g de raízes secas para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia O
Infusão de alho-porro, 3 g de sementes em 50 g de vinho branco fervente, infundir 10 minutos O
Decocção de cardo-corredor, 1 punhado pequeno de raízes secas para 1 l de água, ferver 5 minutos;
beber nas 48 horas seguintes entre as refeições O Infusão de dulcamara, 20 g de ramos jovens secos
para 1 l de água fervente, infundir 30 minutos; O,5 1 4 vezes por dia, das quais 1 de manhã em jejum
O Decocção de favas, 100 g de vagens verdes para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 5 minutos;
2 chávenas por dia O Decocção de feijão, 40 g de legume seco para 1 l de água, ferver 10 minutos,
infundir 45 minutos e filtrar; tornar 5 copos por dia durante 10 dias O Infusão de giesteira- das-
vassouras, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia durante 10
dias O Decocção de milho, 30 g de estigmas por litro, ferver 5 minutos; meio copo de 2 em 2 horas O
Infusão de parietária, 30 g de planta fresca para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 4 chávenas
por dia
O Infusão composta de 10 g de parietária e 10 g de cavalinha para 1 l de água fervente; 4 chávenas por
dia O Infusão de pilosela, 100 g de planta (folhas, caule, raiz, frescos) para 1 l de água fervente,
infundir pelo menos 20 minutos; 2 a 3 chávenas por dia entre as refeições O Decocção de tília, 1
punhado de alburno reduzido a pequenos fragmentos para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 1
hora; beber sem tornar a aquecer nas 48 horas seguintes; cura de 10 dias O Decocção de urze, folhas e
flores frescas, se possível, ou secas, 40 g para 1 l de água, ferver 10 minutos; beber durante as 24
horas seguintes O Maceração de vara-de-ouro, 1 pitada de planta seca e
reduzida a pó num copo de vinho branco; deixar em repouso 12 horas e filtrar O Infusão de visco,
10 g de folhas secas para 1 l de água quente, mas
não a ferver; beber durante as 24 horas seguintes à preparação.

Alcoolismo. intoxicação provocada pelo abuso de bebidas alcoólicas. As preparações à base de plantas
podem atenuar as manifestações do alcoolismo quer agudas (embriaguez), quer crónicas (cirrose,
alterações digestivas, nervosas ou do sono). O único remédio eficaz é, evidentemente, a supressão do
tóxico.

Uso interno Contra a embriaguez incipiente


O Mastigar 2 ou 3 amêndoas amargas.
Contra as manifestações do alcoolismo
O Uma das melhores preparações é a infusão de bolota de carvalho seca, 1 pitada de pó para 1 chávena
de água fervente; 1 chávena após as refeições O Sumo de couve crua; 1 copo por dia O Folhas de
couve, de preferência roxa, picadas O Decocção de alho-porro, 6 alhos para 1 l de água, ferver 1 hora;
3 chávenas por dia O Maceração de cebola: deixar em contacto 500 g de cebola crua esmagada com
O,5 1 de leite durante
24 horas e coar; 1 cálice de licor 3 vezes por dia
O Infusão de passiflora, 20 g de botões florais secos para 1 l de água fervente, infundir 15 minu- tos e
coar; 3 chávenas por dia, das quais 1 à noite ao deitar O Infusão de salsa, 2 g de sementes a cada uma
das 2 refeições principais O Decocção de salsa, 50 g de folhas com uma pequena quantidade de cascas
de laranja e de limão para
1 l de água, ferver em lume brando durante 15 minutos para reduzir a metade, coar espremendo,
conservar num frasco; 1 colher de café ao acordar
O Decoeção composta de 10 g de pimentos e 10 g de troços de ruibarbo em 1 l de água, ferver 3
minutos e deixar repousar durante 1 noite; 2 chávenas por dia.

Aleitamento. V. Lactação.

Alopecia. V. Cabelo.

Amnésia. V. Memória.

Anemia. Diminuição de todos os elementos do sangue ou de uma parte, nomeadamente dos glóbulos
vermelhos. A anemia é um sintoma; pode ser devida a inúmeras causas, algumas das quais muito
graves. Somente a anemia nutricional, provocada por carências alimentares (em proteínas, ferro,
vitaminas, etc.), pode ser parcialmente compensada pelas plantas. Há absoluta necessidade de um
diagnóstico médico.

Uso interno * Incluir plantas cruas na alimentação, ingerindo

374
ANGINAS

por dia: - 100 g de suco de almeirão, - 100 g de beterraba- vermelha ralada ou 50 g de suco da mesma,
- 150 g de cenoura cultivada ou 100 g do seu suco, - 200 g de suco de couve-roxa ou verde temperado
com sumo de limão; 1 colher de sopa 20 minutos antes de cada refeição, - 50 g de espargos ralados ou
50 g de suco de espargos,
- 100 g de espinafres picados ou 50 g de suco,
- 100 g de quenopódio-bom-henrique picado ou
50 g do seu suco, - 20 g de salsa picada, - 100 g de urtiga picada O Comer também - acelgas cozidas, -
alperces, - amêndoas doces, - cerejas cruas ou cozidas, - maçãs, - trigo germinado, preparado do
seguinte modo: depois de tê-lo demolhado durante 1 noite, pôr uma camada de grãos de trigo num
prato humedecido e, passados 2 ou 3 dias, tomar 1 colher de sopa por dia, - uvas.

* Tomar todos os dias: O Infusão de abrótano,


40 g para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos; 1 chávena depois de uma das refeições O
Decocção de alforvas, 50 g de sementes para 1 l de água, ferver 15 minutos; 1 chávena de manhã
O Decocção de dictamo-branco, 50 g de casca de raiz para 1 l de água, deixar ferver 3 minutos,
infundir 10 minutos; 3 chávenas O Decocção de galeopse, 15 g de planta florida recentemente seca
para 1 l de água, ferver 5 minutos, tapar, infundir 10 minutos; 3 chávenas O Decocção de labaçol, 2 g
de raiz em pó amassados com mel ou em pílulas, pois o pó é muito amargo; tomar em
4 vezes O Decocção de morugem, 20 g de planta fresca para 1 l de água, ferver 15 minutos; 1 copo
antes de cada refeição O Infusão de nogueira, 20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 15
minutos; 1 chávena antes de cada uma das refeições O Decocção de pervinca, 30 g de folhas secas
para 1 l de água, ferver 1 minuto, infundir
15 minutos; 2 chávenas entre as refeições O Decocção e maceração de ruibarbo-europeu, 20 g de
raízes para 1 l de água, ferver, deixar arrefecer e macerar durante 1 noite; 2 chávenas entre as refeições
O Infusão de tomilho, 1 ramo seco para
1 chávena de água fervente, infundir 10 minutos;
3 chávenas depois das refeições, nunca antes O Decocção de urtigão, 50 g de caules e de folhas secas
fragmentadas para 1 l de água, aquecer, ferver 5 minutos, infundir 15 minutos; 2 chávenas O Infusão
de urtiga-branca, 25 g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos;
tornar 2 chávenas entre as refeições.
O Sementes moídas de alforvas; 2 colheres de café por dia misturadas com compota ou mel. * Vinhos
que devem ser preparados com antecedéncia; tomar 1 cálice de licor antes das 2 refeições principais: O
Vinho de acácia-bastarda, 20 g de flores secas, infundir 15 minutos em 1 l de vinho tinto fervente O
Vinho de dictamo-branco,
40 g de casca de raiz em 1 l de vinho, ferver 5 minutos, infundir 15 minutos e coar O Vinho de
genciana, 30 g de raízes secas para 1 l de vinho branco, deixar em repouso 10 dias e filtrar * Vinho de
melissa, 20 g de folhas e de flores em 1 l de vinho branco, levar à ebulição, deixar arrefecer e coar.

Anginas. Inflamação da garganta (amígdalas, faringe, véu palatino, etc.) devida a diversos germes, por
vezes muito grave, geralmente dolorosa e perturbando a deglutição. Existe um grande número de
plantas que possibilitam a preparação de gargarejos.

USO EXTERNO * Gargarejos: preparar 1 l de líquido por dia, filtrar cuidadosamente, adoçar com
mel: O Infusão: - de amoreira-negra, 40 g de folhas secas, infundir 10 minutos, - de argentina, 20 g de
folhas secas, infundir 10 minutos, - de consolda-maior, 30 g de raízes, deixar repousar 12 horas,
- de erva-de-são-roberto, 15 g de sumidades floridas, infundir 15 minutos, - de pirliteiro, 30 g de
flores, infundir 10 minutos O Decocções: de acanto, 15 g de flores secas, ferver 5 minutos, infundir 10
minutos, - de agrimónia, 50 g de folhas secas, ferver 2 minutos, infundir 5 minutos, - de alfenheiro, 30
g de flores secas, ferver
15 minutos, - de alteia, 40 g de raízes secas e
fragmentadas, ferver 15 minutos, - de amieiro,
40 g de casca, ferver 15 minutos, infundir 5 minutos, - de avenca, 100 g de folhas frescas ou

secas, ferver 30 minutos, - de bistorta, 60 g de rizoma, ferver 10 minutos, - de cânhamo, 40 g de


sementes, ferver 20 minutos, - de carvalho,
20 g de casca, ferver 5 minutos, - de congossa,
50 g de folhas, ferver 3 minutos e infundir 5 minutos, - de erva-férrea, 30 g de planta fresca, ferver 5
minutos, - de erva-saboeira, 100 g de folhas secas, ferver 10 minutos, - de gatunha, 20 g de raízes
secas, ferver 20 minutos para concentrar, deixar repousar 10 minutos, - de

madressilva-das-farmácias, 20 g de folhas secas, ferver 10 minutos, - de morangueiro e framboeseiro


selvagens, 50 g de folhas secas, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos, - de nogueira, 40 g de folhas
secas, ferver 15 minutos, - de pé-de-leão, 100 g de planta, ferver 2 minutos, infundir
10 minutos, - de pereira, 40 g de folhas secas, ferver 2 minutos, infundir 15 minutos, - de pimpinela-
magna, 50 g de raízes, ferver 5 minutos, - de rapúncio, 100 g de raízes cortadas, ferver 20 rninutos, -
de silva, 50 g de folhas secas, ferver 10 minutos, - de tasneirinha, 30 g de folhas secas, ferver 5
minutos, - de viburno,
20 g de folhas secas, ferver 5 minutos, infundir
10 minutos * Decocção de sanícula, 30 g de folhas secas em 1 l de leite, ferver 2 minutos, infundir 5
minutos O Maceração de erva-de-são-lourenço, 50 g de sumidades floridas secas, deixar em contacto
durante 6 horas O Vinho de marmelo: cortar 100 g de polpa em pedaços pequenos, macerar em 1 l de
vinho durante pelo menos 10 dias e filtrar O O café de cevada feito a partir de grãos torrados e moídos
é um bom gargarejo O Suco fresco diluído em 5 vezes o seu peso em água: - de aipo, - de limão. *
Cataplasma de alhos-porros cozidos, polvilhada com pimenta, colocada sobre a garganta.
O Colutório: decocção de satureja, 100 g de folhas para 1 l de água, ferver 15 minutos, macerar
durante 15 minutos, coar, adoçar com mel, ernbeber uma zaragatoa e passar pela garganta.
375
USO INTERNO * Tomar 3 chávenas diárias de uma infusão: de alteia, 60 g de flores e folhas secas
para 1 l de água fervente, deixar infundir 10 minutos, - de

boninas, 60 g de folhas e flores para 1 l de água fervente, deixar infundir 10 minutos, tomar entre as
refeições, - de rosa-vermelha ou de papoila,
20 g de pétalas secas para 1 l de água fervente.
O Decoeção de morangueiro ou de framboeseiro selvagens, 25 g de folhas secas para 1 l de água
(metade da dose do gargarejo), ferver 5 minutos.
O Preparação muito útil para conservar em reserva: tintura de girassol, macerar durante 10 dias
3 g de folhas secas em 30 g de álcool a 600, filtrar e conservar num frasco bem rolhado; 20 gotas num
pouco de água, 3 ou 4 vezes por dia.

Angústia. Estado de inquietação profunda acompanhado de perturbações fisiológicas (sensação de


aperto na garganta e no estômago, opressão, sensação de falta de ar, aceleração do pulso e da
respiração).

Uso interno
O Infusão de cornichão, 40 g de flores para 1 l de água fervente, tapar e deixar infundir 10 minutos; 1
chávena depois das 2 refeições principais durante 10 dias O Infusão de manjerona, 50 g de folhas e
flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia, das quais
1 ao deitar O Infusão de marroio, 40 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente; 3 chávenas por
dia O Infusão de melissa-bastarda, 50 g de planta seca para 1 l de água fervente; 3 chávenas por dia O
Infusão de passifiora, 30 g de fioies secas em botão para 1 l de água fervente, tapar e deixar infundir
15 minutos; 2 chávenas por dia, das quais 1 ao deitar O Infusão de pirliteiro,
50 g de flores para 1 l de água fervente, adicionar
1 ameixa seca e deixar infundir 15 minutos; 3 chávenas por dia, das quais 1 ao deitar, durante
1 mês O Decocção de silva-macha, 30 g de frutos frescos ou secos, cortados em pedaços, para 1 l de
água, deixar macerar durante 1 hora, ferver 3 minutos e repousar 15 minutos; 1 l por dia O Infusão de
tília, 20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar; beber imediatamente O
Maceração de valeriana, 100 g de raízes frescas em 1 l de água fria durante 12 hotas; 2 chávenas
pequenas por dia.

V. também: Banho.

Anorexia. V. Apetite.

Antraz. V. Furúnculo.

Apetite. Necessidade de comer. Diferente da fome, fenômeno fisiológico que provoca rapidamente
uma sensação dolorosa, o apetite é um
desejo de alimentos. Quando excessivo, leva à ingestão exagerada de alimentos. A sua diminuiçào ou
a sua perda chama-se anorexia.

Uso interno Para diminuir o apetite


O Maceração a frio de valeriana, 25 g de raizes frescas em O,25 1 de água durante 1 noite; beber
1 copo desta preparação fria 10 minutos antes das
2 refeições principais.
Para abrir o apetite
O Vinho de alcaparra, macerar durante 4 dias
40 g de casca de raiz seca com 80 g de casca de freixo em 1 l de vinho tinto e filtrar; 1 copo pequeno 2
vezes por dia O Vinho de artemísia, 50 g de sumidades floridas maceradas durante 30 dias em 1 l de
vinho, coar; 1 copo pequeno antes das refeições O Vinho de cardo-de-santa-maria > infundir
durante 30 minutos 30 g de uma mistura de folhas e raízes em 1 l de vinho tinto fervente, coar e deixar
arrefecer; 1 copo pequeno antes das refeições O Vinho de cardo-santo, infundir 30 g de sumidades
floridas em 1 l de vinho fervente; 1 cálice de licor antes de urna das refeições principais O Vinho de
carvalhinha, infundir durante 15 minutos 40 g de sumidades floridas secas em 1 l de vinho fervente,
coar, conservar num frasco rolhado; 1 copo pequeno antes das refeições O Vinho de congossa, 50 g de
folhas secas e 20 g de flores de macela, deixar macerar durante 10 dias em 1 l de vinho tinto e coar; 1
copo pequeno antes das refeições O Vinho de fel-da-terra, 60 g de sumidades floridas secas, infundir
em 1 l de vinho fervente, repousar durante 30 minutos, coar, conservar em frasco rolhado; 1 copo
pequeno antes das refeições O Vinho de genciana, deixar macerar 12 dias 40 9 de raízes secas cortadas
em 1 l de bom vinho branco, coar, conservar num frasco rolhado; 1 copo antes das refeições O Vinho
de groselheira, deixar infundir em

1 l de bom vinho fervente durante 20 minutos


100 g de rebentos novos de groselheira e coar; 1 copo antes das refeições O Vinho de losna, macerar
durante 1 semana 40 g de folhas e de flores secas em 60 g de aguardente a 281, adicionar 1 l de bom
vinho branco, deixar repousar durante 1 semana, coar e engarrafar; 1 copo pequeno antes das refeições
principais O Vinho de macela, 50 g de flores maceradas durante 30 dias em 1 l de vinho, coar; 1 copo
pequeno antes das refeições principais O Vinho de marroio-branco, deixar macerar durante 15 dias 50
g de sumidades floridas e folhas secas em 1 l de bom vinho branco e filtrar; 1 copo pequeno antes das
refeições principais O Vinho de melissa, fazer uma decocção de 20 g de sumidades floridas para 1 l de
vinho branco, deixar ferver 3 minutos; 3 colheres de sopa 3 vezes por dia O Vinho de ruibarbo, deixar
macerar durante 8 dias 100 g de raizes secas cortadas em pedaços em 100 g de aguardente a 28’; por
outro lado, pôr 100 g de açúcar em 1 l de vinho tinto e 10 g de casca de laranja, misturar as duas
preparações, retirar a casca da laranja, deixar repousar 8 dias, coar e conservar num frasco rolhado; 1
cálice de licor antes das refeições O Vinho de trevo-d'água, 10 g de folhas frescas em

1 l de vinho tinto fervente, infundir 10 minutos; tomar 2 colheres de sopa antes das refeições O Vinho
de zimbro, deixar macerar e fermentar durante 1 mês num tonel 1 kg de bagas de zimbro
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em 20 1 de água, retirar e conservar em frascos rolhados; 1 copo por refeição O Infusão de angélica,
50 g de sementes para 1 l de água fervente, deixar infundir 15 minutos, coar e adoçar com mel; 1
chávena antes das refeições principais O Licor de angélica: macerar durante 6 dias 40 g de caules
recentes cortados em fragmentos em 1 l de álcool a 280, acrescentar 500 g de açúcar e 1 l de água,
deixar macerar 1 semana em local fresco, filtrar, colocar num frasco; 1 copo pequeno antes das duas
refeições principais O Licor de laranjeira e limoeiro: deixar macerar durante 10 dias em álcool a 280
200 g de cascas de laranjas amargas e 200 g de epicarpos de limões não tratados, esmagar, coar,
adicionar 1 kg de açú car, colocar em frascos rolhados; 1 copo pequeno antes das refeições.

Para aumentar o apetite


O Infusão de abrótano, 15 g de sumidades floridas e folhas secas para 1 l de água fervente; 1 chávena
antes das refeições O Infusão de alforvas, 20 g de sementes para 1 l de água fervente;
1 chávena antes das refeições 9 Infusão de aimeirão, 20 g de folhas secas para 1 l de água fervente; 2
chávenas por dia 9 Infusão de artemísia-dos-alpes, 3 g de sumidades floridas secas

para 1 chávena de água fervente, infundir durante


15 minutos; 1 chávena antes das refeições O Decocção de drias, 20 g de folhas secas cortadas em 1 l
de água fervente; 2 chávenas por dia O Decocção de énula-campana, 15 a 25 g de raízes secas para 1 l
de água, ferver durante 5 minutos;
1 chávena antes das refeições O Infusão de imperatória, 15 g de raízes secas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia O Infusão de lúpulo, 15 g de inflorescências femininas secas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena antes das refeições principais
O Infusão de orégãos, 20 g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente, não deixar infundir
mais de 2 minutos e coar; 2 chávenas por dia
O Decocção de verónica, 80 g de sumidades floridas secas para 1 l de água, ferver 10 minutos; 2
chávenas por dia. Temperar a carne e o peixe: - com bagas de hipofaé, - com folhas frescas de hortelã
O Adicionar às receitas: - açafrão, - alho, - cominhos, - frutos de bérberis macerados em vinagre, -
estragão, - pimentos - salsa, - tomilho O Juntar às saladas flores de chagas conservadas em vinagre O
Utilizar como condimento:
- folhas de funcho-marítimo depois de tratadas com sal, - folhas novas de cardo-corredor conservadas
em vinagre.
O Comer como entrada: - agrião, - mastruço,
- rábano, - tomate O Comer aipo cozido como
verdura O Beber caldo de azeda, 30 g de folhas cozidas em 1 l de água O Beber sumo de groselha; 2
copos por dia, dos quais 1 em jejum.

Aranha. V. Picadas.

Arteriosclerose. Enfermidade crónica que surge no adulto e traduz o envelhecimento do sistema


vascular. Afecta mais frequentemente as artérias
coronárias que irrigam o coração e as artérias dos membros inferiores. Está muitas vezes na origem de
acidentes graves, como o enfarte de miocárdio ou a trombose cerebral.

Uso interno
O Decocção de alcachofra, 30 g de folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos; 2 chávenas por dia O
Decocçáo de alho, 2 dentes descascados esmagados na medida de 1 chávena de leite, ferver
5 minutos O Caldo de alho-porro, cozer durante
2 horas em 2 1 de água sem sal 4 alhos cortados em pequenos pedaços; 3 tigelas por dia, das quais
1 em jejum O Infusão de erva-ulmeira, 30 g de sumidades floridas e folhas secas em 1 l de água
fervente, deixar arrefecer 15 minutos antes de filtrar; 3 copos por dia entre as refeições O Maceração
de vagens de feijão, pôr de molho durante
10 horas 100 g de vagens recentes ou secas em

1 l de água fria, ferver seguidamente em lume brando durante 15 minutos; 3 ou 4 chávenas por dia, 3
dias por semana durante 1 mês O Infusão de fumária, 80 g de sumidades floridas secas, ou

40 g de frescas, para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena por dia, 8 dias por mês
O Infusão de gros elh eir a- negra, 50 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos;
3 chávenas por dia durante todo o Inverno O Sumo de 1 limão fresco; 1 vez por dia O Decocção de
medronheiro, pôr a macerar durante 1 noite 40 g de raízes secas cortadas em pedaços em
1 l de água, deixar depois evaporar em lume brando até adquirir um terço do volume, deixar repousar
e só coar na altura de beber; 1 copo todas as manhãs em jejum durante 3 dias O Decocção de oliveira,
40 g de folhas secas para 1 l de água, ferver durante 10 minutos; 2 copos por dia
O Decocção de pé-de-leão, 40 g de folhas secas

para 1 l de água, ferver 10 minutos, deixar em

repouso 10 minutos; 3 chávenas por dia entre as

refeições O Infusão de pirliteiro, 50 g de flores secas para 1 l de água fervente; 3 chávenas por dia O
Decocção de sabugueiro, 50 g para 1 l de água, ferver para reduzir a metade do volume, beber em 3
vezes num só dia O Decocção de taráxaco, 60 g de folhas secas e de raízes fendidas para 1 l de água,
ferver 3 minutos, infundir 10 minutos; 3 ou 4 chávenas por dia O Infusão de visco, 15 g de folhas
frescas para 1 l de água fervente; beber 1 l por dia, 10 dias por mês.
* Comer: - ananás fresco, - centeio, - soja
* Utilizar óleo de girassol na alimentação O Temperar os alimentos com caril indiano (é uma mistura
de pós de pimentos, coentros, curcuma, gengibre, noz-moscada, cardamomo, canela e cravinho).

USO EXTERNO
O Banhos: - de bodelha, - de laminárias, decocção de 500 g para 5 1 de água, ferver e deitar no banho.

Artrite. Inflamação que atinge uma ou várias articulações. No primeiro caso, designa-se por
monoartrite, e no segundo, por poliartrite.
377
Uso interno
O Comer, como entrada, rabanetes com as respectivas folhas O Suco fresco de avoadinha, 40 g por
dia, dividido em 3 doses. * Tomar 2 chávenas por dia durante 3 semanas:

* Infusão de aipo, 70 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de aristolóquia, 15 g


de raizes secas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Decocção de cerejeira,
60 g de pés de cerejas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de dulcamara, 10 g de casca de
ramos novos para 1 l de água, ferver 10 minutos e filtrar; aumentar a dose nos dias seguintes até 20 g
por litro de água ao fim de
1 semana O Decoeção de salsaparrilha-bastarda,
40 g de raizes secas para 1 l de água, ferver 20 minutos O Decocção de uma mistura de 30 g de raizes
de salsaparrilha-bastarda e de 10 g de raiz de saboeira, deixar ferver 10 minutos e coar imediatamente.

USO EXTERNO * Colocar sobre a articulação dorida: O Cataplasma de rizoma cozido e esmagado de
norça-preta O Cataplasma de folhas frescas e contusas

de rícino O Compressas embebidas numa infusão de serpão, 50 g de sumidades floridas para 1 l de


água fervente.

Artritismo. Diversas perturbações da saúde causadas por alterações de certos metabolismos. Contam-
se entre estas perturbações a gota e algumas formas de litíase urinária, diabetes ou obesidade, certas
doenças de pele e enxaquecas.

Uso interno
O Cura de sumo de groselha, 500 g por dia divididos em várias doses, puro ou diluído em água;
durante 10 dias O Cura de caldo de alho-porro, ferver alhos-porros cortados em pequenos dados
durante 2 horas em 2 1 de água e coar; 1 tigela em jejum antes das refeições durante 3 semanas
O Cura de sumo de uva, 1,25 1 por dia divididos em várias doses diárias; durante 3 semanas O
Decocção de maçã, 60 g de peles secas e pulverizadas para 1 l de água, ferver 20 minutos e coar;
4 chávenas por dia O Comer alface- de- cordei r o
temperada com limão, durante a época, às 2 refeições.

V. também: Diabetes, Enxaqueca, Gota, Litíase, Obesidade, Pele.

Ascaridíase. V. Parasitose intestinal,

Asma. Doença que se traduz por dificuldade em


respirar e acessos de asfixia. Nas crises de asma, que surgem frequentemente de noite, o doente respira
dificilmente.

Uso interno * Preparações diárias: O Decocção de alho, 25 g de bolbo de alho na medida equivalente a
1 copo de leite, ferver 15 minutos; beber quente O Infusão de alfazema, 20 g de flores secas para 1 l
de água fervente; 3 chávenas por dia O Infusão de angélica, 10 g de sementes para 1 l de água
fervente; 2 a 3 chávenas por dia O Infusão de ásaro,
3 folhas frescas para 1 chávena de água fervente
O Infusão de éfedra, 10 g de folhas secas para 1 l de água fervente; 1 chávena antes do jantar * Infusão
de uma mistura de 25 g de folhas secas
de erva-formigueira e de 20 g de folhas secas de menta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos;
2 chávenas por dia O Infusão de hera, 20 g de planta seca para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; dose para 1 dia O Infusão de hissopo, 30 g de sumidades floridas secas para 1 l de água
fervente O Decocção de lírio-florentino, ferver durante 15 minutos em 1 l de água 15 g de rizoma de
lírio, 15 g de raizes de alcaçuz, infundir 15 minutos; 2 chávenas por dia, das quais 1 à noite O Infusão
de marroio-branco, 30 g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1
chávena à noite O Infusão de morso-diabólico, 20 g de flores e folhas para
1 l de água fervente; 1 chávena ao acordar e antes de cada refeição O Infusão de narciso-trombeta,
20 g de flores secas para 1 l de água fervente; cerca de 10 colheres de sopa por dia O Infusão de
pinheiro-bravo, 30 g de gemas para 1 l de água fervente; 3 chávenas por dia O Decocção de polígala-
amarga, 120 g de raizes secas cortadas em pedaços para 1 l de água, ferver 2 minutos, deixar amornar,
coar e adoçar com mel; O,5 1 por dia dividido em várias doses O Decocção de salsaparrilha-bastarda,
50 g de raizes secas para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 15 minutos;
1 chávena antes das refeições O Infusão de serpão, 120 g de planta seca para 1 l de água fervente,
deixar repousar até amornar; beber imediatamente O Infusão de valeriana, 50 g de raizes secas
cortadas em pedaços para 1 l de água fervente, adoçar; 2 copos por dia O Infusão de verbasco, 20
g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia entre as
refeições, das quais 1 à noite. * Vinhos a preparar com antecedência e a conservar em frascos bem
rolhados: O Vinho de melissa: macerar 50 g de planta seca em 1 l de vinho branco durante 48 horas;
tomar 1 ou 2 colheres de sopa por dia O Vinho de hipericão: macerar durante 10 dias 30 g de
sumidades floridas e folhas em 1 l de vinho branco; 3 copos de licor por dia.

USO EXTERNO
O Cigarro de folhas secas e trituradas: - de alecrim, - de eucalipto, - de salva, - de irevo-d'água, - de
tussilagem.
O Inalação de malva, 50 g de flores e folhas secas para 1 l de água, ferver 10 minutos.

Astenia. Debilidade de todo o organismo quer a nível físico, quer mental. É um estado característico,
por exemplo, aquando da convalescença de uma gripe.

Uso interno * Preparações diárias:

Infusão de artemísia378
-dos-alpes, 1 colher de café de planta seca para 1 chávena de água fervente; 1 chávena por dia O
Infusão de canabrás, 50 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas
por dia O Infusão de fumária, 60 g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente, infundir 15
minutos; 3 chávenas por dia entre as

refeições, 1 semana por mês, durante 3 meses O Pó de genciana, 1 g (ou seja a ponta de uma faca) de
raiz seca pulverizada; tomar 1 vez por dia com
1 colher de mel O Infusão de loureiro, 3 folhas para 1 chávena de água fervente, infundir 15 minutos;
2 chávenas por dia entre as refeições O Infusã o de não-me-esqueças, 20 g de sumidades floridas secas
para 1 l de água fervente; 3 chávenas por dia O Infusão de satureja-das-montanhas,
30 g de planta seca para 1 l de água fervente; 2 chávenas por dia O Pó de alforvas, 1 colher de café de
pó de sementes misturado com mel; 2 vezes por dia. * Os vinhos fortificantes devem ser conservados
em frascos bem rolhados e ingeridos em doses de
1 cálice de licor antes ou depois das refeições O Vinho de alecrim e de salva: num recipiente de barro
colocar 20 g de folhas de alecrim e 20 g de folhas de salva, adicionar 1 l de vinho tinto e 1 colher de
sopa de mel, aquecer 30 minutos em
banho-maria, deixar repousar, arrefecer e filtrar; tomar antes das refeições O Vinho de erva-benta:
macerar durante 1 dia 30 g de rizoma fresco em
1 l de vinho doce natural e filtrar; beber antes das refeições O Vinho de escórdio, 40 g de sumidades
floridas em 1 l de vinho fervente, infundir 15 minuios e coar O Vinho de salva, macerar durante 10
dias 100 g de folhas secas em 1 l de bom vinho tinto e filtrar; beber após as refeições. * Geleias ricas
em vitamina C: O Geleia de frutos de hipofaé: colher os frutos logo que estiverem maduros, cozer
durante 20 minutos em lume brando num pouco de água, esmagar, passar pela peneira ou centrifugar,
adicionar o seu peso em açúcar e pôr de novo a cozer, mexendo sempre, durante 30 minutos, colocar
em boiões e tapar O Geleia de frutos de silva-macha: colher os frutos muito maduros, cozer em lume
brando apenas cobertos de água durante 30 minutos, esmagar, passar pela peneira ou centrifugar,
juntar igual peso de açúcar e sumo de 1 limão, pôr de novo a
cozer, mexendo sempre, durante 30 minutos, colocar em boiões e tapar O Geleia de frutos de uva-
C.,Ipim: recolher os frutos muito maduros, cobri- _los de água, pó-1os a cozer durante 20 minutos,
pa,,.@ai pela peneira ou centrifugar, adicionar igual peso de açúcar, pôr de novo ao lume, mexendo
sempre, até à ebulição, esmagar, colocar em boiões e tapar. * Plantas da época: O Temperar as
refeições com: - basílico, estragão O Fazer uma cura de saladas: - de chicória, - de taráxaco (com os
botões) O Comer cebolas cruas picadas ou maceiadas durante 1 hora num pouco de azeite O Comer
em cru: - cenouras, - couve, - rábano-iú,,,tico, - tomates bem maduros, - alperces,
- amêndoas, - figos - framboesas, - maçãs,
- morangos, - nozes, - uvas O Comer depois de cozidos: - aipo, - aveia, - beterraba-vernielha, -
castanhas, - cersefi, - eruca, - lenBANHO E BALNFOI FRAPIA tilhas - soja, - trigo, - trigo-sarraceno
O Beber sumo de limão diluído em igual peso de água.

USO EXTERNO
O Banhos fortificantes: - de alecrim - de manjerona, - de salva, - de satureja, - de serpão,
- de tomilho.

V. também: Banho.

Azia. V. Estômago.
Banho e balneoterapia. Os banhos terapêuticos gerais ou locais (pés, mãos, semicúpio) são muito
utilizados em fitoterapia. As plantas, ou as
suas essências, servem para preparar banhos compostos que devem geralmente ser aplicados quentes,
isto é, a 321C ou mesmo a temperaturas mais elevadas. Os banhos muito quentes são extremamente
fatigantes; assim, não devem ultrapassar 20 minutos. Para o banho completo de um
adulto, são necessários 500 g de plantas, e para o de uma criança, 250 g, excepto qualquer outra
especificação.

Um banho prepara-se em duas fases: em primeiro lugar, a infusão ou a decocção concentrada da planta
em 3 ou 4 l de água, que, depois de passados pela peneira, se adicionam ao banho no momento da
utilização. Os banhos de mãos ou de pés são, na maioria dos casos, revulsivos ou deiivativos; os dos
pés tratam também o excesso de sudução.

Se bem que a maioria das plantas descritas nesta obra possa ser utilizada na preparação de banhos, na
relação que se segue seleccionaram-se algumas das mais apropriadas para o efeito. Na água quente do
banho, a planta desenvolve as suas propriedades pela difusão ou dissolução das suas substâncias
activas. Deste modo, deve vigiar-se a pessoa que toma banho e observar escrupulosamente as
precauções que se aconselham para cada caso.

USO EXTERNO

Banho sedativo
O Infusão: de folhas de melissa, - de folhas de malva, de flores de marmeleiro, - de folhas de
matricária, - de folhas de nogueira, de flores de pirliteiro, - de satureja em flor,
- de flores de tília, - de planta inteira de valeliana.

Banho revulsivo
O 500 g para um banho geral ou 150 g para um
banho local de farinha de sementes de mostarda diluída em água fria; adicionar ao banho.

Banho para o reequilíbrio nervoso

O Infusão de angélica, 200 g de planta inteira


379
para um banho de 5 minutos O Infusão de flores e de folhas de murta, com excelentes resultados após
um grande choque nervoso, uma queda ou
um acidente.

Banho estimulante tónico


O Infusão de planta inteira: - de alecrim, - de alfazema, - de mentas, - de salva, - de serpão O Banho
composto: alecrim, 185 g, alfazema, 185 g, menta, 125 g, serpão, 125 g.

Banho antibronquítico
O Infusão: - de gemas de abeto, - de folhas de eucalipto, - de gemas de pinheiro-silvestre, de planta
inteira de tomilho.

Banho anticelulítico
O Decocção de folhas de hera-trepadeira frescas: ferver em lume muito brando, num recipiente
tapado, em 3 1 de água durante 2 horas, coar e
adicionar ao banho.

Banho tónico muscular


O Decoeção de urze, planta inteira.

Banho anti-reumatismal
O Banho completo de decocção de rizoma de feio-macho; banho local em caso de gota O Banho
completo composto de manjerona, 150 g, serpão, 150 g, salva, 150 g.

Banho anti-raquítico efortificante


O Infusão de manjerona, planta inteira O Infusão de flores de matricária O Decocção de bodelha O
Decocção de casca de carvalho O Decocção de laminárias.

Banho tonificante para a circulação


O Banho completo de castanheiro-da-índia, decocção da casca O Banho completo de milfólio,
decocção concentrada das sumidades floridas,
50 g para 1 l de água, ferver durante 10 minutos e filtrar 0Banho para os pés feito com folhas de
videira.

Banho para emagrecer


O, Banho completo de decocção de bodelha, ao
qual se adiciona 1 kg de sal marinho O Banho de uma mistura de salgueiro-branco e de erva-ulmeira.

Banho para a pele Tonificante.

- O Infusão de sumidades floridas e


folhas de hipericão. Antiacneico: O Infusão de salva. Anti-seborreico: O Banho de limão, 1,5 kg de
frutos picados em 2 1 de água fervente para adicionar à água do banho. Amaciador, calmante: O
Banho: - de aveia, - de farelo, - de trigo, 2 kg num saco de pano fino. * Banho completo ou pedilúvio.
Desodorizante: * Decocção de casca de carvalho O Infusão de:
- alecrim, - alfazema, - cavalinha, - folhas de nogueira, - salva, - tomilho. Anti-sudorífico: O Infusão
composta de cavalinha e salva.
V. também: Fadiga, Hemorróidas, Sudação.

Bexiga. V. Cistite, Enurese, Urina.

Blefarite. Inflamação do bordo da pálpebra que pode atingir a pele, a conjuntiva, as glândulas e
as pestanas.

USO EXTERNO

Filtrar cuidadosamente as preparações e lavar várias vezes por dia as pálpebras: O Decocção de
eufrásia, 50 g de planta inteira seca para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de meliloto-oficinal,
100 g de sumidades floridas secas para
1 l de água fervente, deixar arrefecer e filtrar; utilizar durante o dia a quantidade preparada.

Boca. Apresenta frequentemente erosões cujas fermentações ou infecções devidas aos numerosos
germes que aloja são um obstáculo à cura.

USO EXTERNO * Bochechos tépidos: 4 vezes por dia, não engolir nunca: O Decocção de alcaçuz,
200 g de rizoma para 1 l de água, ferver 5 minutos O Decocção de alfenheiro, 30 g de folhas secas
para
1 l de água, ferver 5 minutos e adicionar na altura de tomar 2 colheres de suco fresco de amoras por
chávena O Decocção de amieiro, 40 g de casca
seca para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de arando, 2 colheres de sopa de bagas para 1 l
de água, ferver 30 minutos, deixar repousar 5 minutos O Infusão de camomila, 60 g de flores para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de cinoglossa, 10 g de raizes secas para 1 l de água,
ferver 5 minutos e

filtrar O Decocção de erva-de-são-roberto, 40 g de planta seca para 1 l de água, ferver 10 minutos


O Infusão de erva-férrea, 50 g de planta seca

para 1 l de água fervente, deixar repousar 5 minutos e filtrar O Decocção de erva-pombinha, 50 g para
1 l de água, ferver 10 minutos, deixar repousar outros 10 minutos e filtrar O Infusão de escolopendra,
30 g de folhas frescas para 1 l de água O Decocção de eucalipto, 25 g de folhas secas para 1 l de água,
ferver 3 minutos, deixar arrefecer e em seguida filtrar O Decocção de eufrásia, 30 g de planta para 1 l
de água, ferver 10 minutos O Decoeção de faia, 30 g de casca fresca limpa e não lavada para 1 l de
água, ferver 15 minutos O Decocção de framboeseiro, 50 g de folhas secas para 1 l de água, ferver 10
minutos
O Decocçâo de lisimáquia, 40 g de planta para 1 l de água, ferver 10 minutos e filtrar * Decocção de
malva, 20 g de raízes para 1 l de água, deixar ferver até reduzir a um terço O Xarope de marmelo,
cozer alguns marmelos com casca num pouco de água corri metade do seu peso de açúcar, esmagar,
passar pela peneira e conservar o sumo; 1 colher de sopa deste xarope numa chávena de água quente O
Decocção de nespereira,
60 g de casca seca para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de pi mpinela- magna, 50 g de raízes
frescas para 1 l de água fervente O Maceração de rosas- vermelhas, 30 g de pétalas secas
em 1 l de água fria, deixar repousar 30 horas O
380
Decocção de vara-de-ouro, 50 g de sumidades floridas secas para 1 l de água, ferver 10 minutos,
deixar repousar durante 1 noite.
O Mastigar e em seguida deitar fora: O Folhas secas de erva-alheira.
O Passar pelas lesões algodão impregnado de: O Suco fresco de orégãos O Decocção de bistorta,
100 g de rizoma seco para 1 l de água, ferver 30 minutr,s, coar e deixar arrefecer.

Uso interno * Mastigar algumas folhas frescas de agrião, de aleluia, de cocleária, de hortelã, de
mastruço.
O Comer: - algumas ameixas verdes, - limão.

Bócio. Tumor de origem tireóidea, de volume e


consistência variáveis, situado na face anterior do pescoço. A sua origem deve ser averiguada por
meio de exames laboratoriais,

USO EXTERNO * Colocar sobre o bócio e manter com uma toalha cataplasmas: - de bodelha, - de
laminárias,
- de musgo-da-córsega; escaldar 60 g destas algas frescas, deixá-las inchar e colocá-las entre
2 pedaços de tecido fino.

Bronquite. Inflamação aguda ou crónica da mucosa brónquica.

Uso interno * Tomar em 24 horas 1 l coado e adoçado: O Decocção de agrião, 50 g, - de aipo, 50 g de


raízes, ferver 20 minutos, - de alho-porro, 50 g,
- de cenoura cultivada, 30 g de raízes, - de colza, 30 g de raízes descascadas, - de couve, 1 folha
grande, - de escorcioneira, 40 g de raízes. * Tomar 3 colheres de sopa por dia, misturado com
compota: O Suco fresco de chagas. * Tomar ao deitar: O Decocção de cebola, deixar cozer muito bem
1 cebola grande cortada em

pedaços no equivalente a 1 chávena de leite O Decocção de cevadinha (cevada-perlada), 20 g para 1 l


de água, ferver 15 minutos O Decocção de maçã, 3 maçãs com casca cortadas em fatias finas para 1 l
de água, ferver 20 minutos com 10 g de alcaçuz e coar O Infusão de rábano, 20 g de raízes frescas
para 1 l de água fervente. * Tomar 1 colher de sopa de hora a hora: O Decocção de murta, 20 g de
folhas para 1 l de água, ferver 5 minutos, coar e adoçar O Infusão concentrada de serpão, 150 g de
planta seca para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos, adoçar, preparar 100 g de cada vez.

* Tomar 2 chávenas por dia: O Infusão de abeto-branco, 80 g de gemas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos, filtrar e adoçar com mel; beber durante o dia O Decocção de azevinho,
30 g de folhas secas para 1 l de água, ferver 10 minutos em lume brando e deixar arrefecer O
Infusão de balsamita, 40 g de sumidades floridas e

folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de bonina, 20 g de flores e folhas
secas para 1 l de vinho, ferver 5 minutos e

coar O Infusão de funcho, 50 g de sementes para

BRONQUITE
1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Decocção de galeopse, 20 g de planta recentemente seca
para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de hera, 20 g de folhas frescas picadas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção composta de lírio-florentino, 10 g de rizoma
seco, e de énula-campana, 15 g de raízes secas, para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir
15 minutos O Decocção de malva, 15 g de flores para 1 l de água, ferver 10 minutos e coar O
Decocção de musgo-da-irlanda, 15 g de talo seco

lavado para 1 l de água, ferver 10 minutos, deixar arrefecer e adoçar com mel O Infusão de orégãos,
10 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de polígala-
amarga, 15 g de raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos e coar O Decocção de pulmonária, 30 g de
folhas secas para 1 l de água, ferver 10 minutos e deixar arrefecer O Infusão de sabugueiro, 50 g de
flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de satureja, 50 g de planta para 1
l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de tanchagem, 50 g de sementes para 1 l de água
fervente, infundir 5 minutos e coar; beber imediatamente. * Tomar 3 chávenas por dia: O Infusão, 30
g para 1 l de água fervente: - de sumidades floridas frescas de agripalma, - de flores de alfazema, - de
folhas de ásaro, - de sumidades floridas de hipericão, - de sumidades floridas de marroio-branco, - de
flores de meliloto, - de flores de pé-de-gato, - de flores de primavera,
- de sumidades floridas de rinchão, - de flores de verbasco, - de flores de violeta O Infusão de choupo-
negro, 50 g de gemas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de polipódio, 30 g de
rizoma para 1 l de água, ferver 15 minutos, deixar macerar durante 1 noite e

coar O Infusão composta de folhas de avenca, de flores de escolopendra, de hera-terrestre, de hissopo,


de papoila, de tussilagem e de verónica,
5 g de cada para 1 l de água fervente. * Beber: O Xarope de açafrão, deixar macerar

durante 2 dias 50 g de estigmas triturados em 1 l de vinho tinto doce, filtrar, adicionar 1 kg de açúcar,
deixar cozer em banho-maria sem ferver e colocar em frascos; 3 colheres de café por dia
O Xarope de avenca, deixar infundir num recipiente bem tapado 100 g de planta em 1 l de água
fervente durante 6 horas, coar espremendo a
planta, adicionar aproximadamente 2 vezes o
peso de açúcar, ferver 1 minuto, coar e conservar em frasco rolhado; 4 a 5 colheres de sopa por dia
O Xarope de morso-diabólico, deixar infundir durante 6 horas 75 g de flores e folhas secas em
1 l de água fervente, coar, adicionar 1,5 kg de açúcar, deixar ferver em lume muito brando até adquirir
a consistência de xarope; 3 colheres de café por dia O Xarope de gemas de pinheiro-silvestre, macerar
durante 1 hora 50 g de gemas em

50 g de aguardente, deitar sobre a preparação 1 l de água fervente, deixar repousar 6 horas, filtrar,
adicionar 1 kg de açúcar, deixar ferver até ter a

consistência de xarope; 4 colheres de sopa por dia O Xarope de rábano, lavar, enxugar, escavar

o rábano, conservando uma cobertura, esmagar num recipiente a polpa extraída e misturá-la com
381
açúcar, tornar a colocá-la dentro do rábano, fechá-lo e deixar repousar 10 horas; ingerir 1 colher de
café de sumo 3 vezes por dia.
O Juntar à sopa folhas de beldroega.

USO EXTERNO * Colocar sobre o peito: O Cataplasma de farinha de linhaça, 60 g para 1 l de água,
cozer para engrossar, colocar entre 2 pedaços de tecido e

seguidamente polvilhar com farinha de mostarda


O Cataplasma de pimenta-d'água esmagada, colocada entre 2 pedaços de tecido fino O Cataplasma de
pimentão, deixar macerar durante 2 dias 50 g (5 pimentões inteiros) em 100 g de álcool a 600 e filtrar;
passar esta mistura pelo peito, cobrir com algodão e vigiar para evitar um
aquecimento exagerado,
4 Inalação: - de folhas de eucalipto, - de rizoma de imperatória, - de gemas de pinheiro-marítimo O
Fumigação de bagas de zirnbro-cornum.

Bronzeamento. Pigmentação cutânea devida aos efeitos dos raios solares. Uma infusão muito forte de
chá tinge artificialmente a epiderme e uma
infusão de baunilha mantém uma bela cor.

Para acelerar o bronZeamento Uso interno


O Comer cenouras cruas O Infusão de ami, 80 g de sementes para 1 l de água fervente; 2 chávenas por
dia.

USO EXTERNO * Aplicar na epiderme: O Essência de bergamota, 4 g de essência misturada com 100
g de óleo de rícino; é aconselhável fazer uma experiência prévia, pois os fenômenos de
fotossensibilização podem provocar desagradáveis manchas na pele
O Mistura em partes iguais de azeite e óleo de abacate.

USOS EXTERNO E INTERNO * Aplicar na pele óleo de grainhas de uva ou

azeite e tomar 2 colheres de sopa por dia do mesmo óleo.

Brucelose. Enfermidade muito contagiosa dos bovinos, caprinos, ovinos e suínos que se transmite ao
homem. Também conhecida por melitococcia, febre de Malta ou febre ondulante.

Uso interno
O Infusão de pilosela, 100 g de planta inteira fresca, com as raízes, para 1 l de água fervente, infundir
25 minutos e adoçar com mel; 4 chávenas por dia.

Cabelo. Os cabelos e os pélos são produtos queratinizados cuja cor e embranquecimento, abundância,
distribuição, crescimento e comprimento dependem de caracteres hereditários e variam de indivíduo
para indivíduo. As plantas activam o seu crescimento, tratam-nos e coram-nos; porém, não existe
planta alguma que torne a povoar de cabelos o crânio de um calvo.

USO EXTERNO * Champô líquido: O Infusão de erva-saboeira,


80 g de planta inteira para 1 l de água fervente, esperar 15 minutos e coar O Decocção de hera,
50 g de folhas para 1 l de hera, ferver 10 minutos, coar espremendo, acrescentar com água fervente até
obter 2 1; esfregar. * Champô seco: O Polvilhar os cabelos com farinha de trigo e escovar 15 minutos
depois O Pó de raiz de angélica. * Para enxaguar: * Infusão: - de alfazema, de folhas de eucalipto, - de
fidalguinhos, - de agulhas de pinheiro O Sumo de 1 limão em 1 l de água O Seiva de bétula (vidoeiro),
2 g em água
O Decocção de flores de arnica, 15 g em 1 l de água; 1 colher.
Loção que activa o crescimento

* Fricções diárias e massagens do couro cabeludo: O Infusão de abrótano, 20 g de folhas e de


sumidades floridas secas para 1 l de água fervente. O Sumo de agrião O Unguento de bardana-maior,
cozer 1 raiz num pouco de água, reduzi-la a puré; friccionar o couro cabeludo todas as noites durante 1
semana para tornar os cabelos mais grossos e compridos O Decocção comp6sta de 30 g de raizes de
bardana-maior, 30 g de urti- gão e 30 g de eruca para 1 l de água, ferver 15 minutos O Decocção de
milfólio, ferver 50 g de planta picada em 1 l de água durante 10 minutos * Decocção de tomilho, 80 g
para 1 l de água, ferver 20 minutos e coar O Sumo de folhas frescas de urtigão.

Para amaciar e tornar o cabelo brilhante * Enxaguar com: O Bardana-maior, 50 g de folhas para 1 l de
água fervente O Suco de pinguícula O Decocção de salva, 250 g de folhas secas

para 1 l de água, ferver 15 minutos, deixar repousar 48, horas mexendo corri frequência, filtrar e
adicionar O,25 1 de rum; utilizar de 2 em 2 ou de 3 em 3 dias O Fricção com uma decocção de urtiga-
branca, 50 g de planta inteira picada para
1 l de água, ferver 10 minutos.

Para evitar a queda do cabelo


O Comer agrião fresco. * Loções com: O Suco de agrião fresco O Azeite, todas as noites durante 8
dias O Infusão concentrada de folhas frescas de basílico, 150 g para
1 l de água fervente, infundir 20 minutos, esmagar as folhas e coar; utilizar o suco 9 Maceraçao
composta de buxo, 60 g de folhas frescas picadas, e de alecrim, 60 g de planta, 15 dias em 1 l
de álcool a 601, mexer frequentemente e coar; friccionar 2 vezes por dia O Maceração composta de
chagas, 50 g de sementes e folhas, e de erpão, 50 g de caule e de sumidades floridas, deixar as plantas
picadas 10 dias em 1 l de álcool a
601 e coar O Decocção de fel-da-terra, 50 g de
382
sumidades floridas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Bálsamo de gemas de nogueira, cozer

50 g de botões frescos em banho-maria com 150 g de banha de porco durante 45 minutos e esmagar;
friccionar o couro cabeludo todas as noites O Maceração de pimento comum durante 8 dias, 30 g em 1
l de álcool a 601, mexer com frequência e coar.

Contra a caspa * Loção com: O Decocção de avenca, levar à ebulição, durante 30 minutos, 100 g de
planta seca em 1 l de água e filtrar O Infusão de folhas de castanheiro, 60 g para 1 l de água fervente
O Decocção de casca: - de carvalho, - de choupo-negro, 30 g de pó em 1 l de água, ferver em
lume brando durante 20 minutos sem tapar e coar

O Decocção de rizoma de golfão-branco, 20 g por litro, ferver 5 minutos O Suco de urtigão fresco, 50
g com 2 colheres de sopa de óleo de rícino O Maceração composta de orégãos e urtigões, 50 g de cada
planta em 1 l de álcool a 601, conservar o boião ao sol durante 15 dias e filtrar; friccionar 2 vezes por
dia, 2 colheres de sopa misturadas numa tigela de água.

Para tingir o cabelo * Para cabelos louros, enxaguar depois de lavar a cabeça: O Decocção de
camomila, 100 g de flores para 1 l de água, ferver 10 minutos e filtrar

O Decocção de ruibarbo, 50 g de flores em 1 l de água. * Para cabelos castanhos, enxaguar: O Sumo


de alho-porro O Infusão de salva O Infusão de tomilho.

Cálculo. V. Litíase.
*//* ver com o livro
Calo. fragmento córneo de uma zona da epiderme causado pelo atrito frequente nos pés devido ao uso
de sapatos demasiado apertados. Pode ,er doloro,,o.

USO EXTERNO

É necessário proteger os tecidos vizinhos da acção corrosiva das plantas utilizadas * l4 vezes por dia:
O Suco fresco: - de cebola-,eirrielha, - de ceboleta.,-de-frança, de cebolinho, - de celidónia. - de erva-
do--ca- ]o,,, - de figueira. - de rorela, - de %aião-curto O Folha,, fre,,czi,, de maravilha O Folha.,, de

inaceiada.,, em ôleo; até ao de,.,apaicciiiienio do calo O Folhas de ,aiao-cuito maceiada,, em vinaire O


Folha,, de hera inacciadus em vin,t,-,re, @ip(),, 4 dia,, de inaceração, cortar a folha Com Uniu
te,,oura, amontoar o,, pedaço-,, ,obre o

c@alo, cobrir coni tini pen,,o bem apertado, conduianic 3 dia,,. Se. depoi.,, deste e,,paço de iempo, o
calo não ,,e de,,pegai facilmente, reno@,a1 a opelaçao O Maceração de pequeno,, ratrio-,

de tuia-vuluai em álcool a 601. pricelar o calo com e.,,ie líquido até a ,ua elintinação.

Calosidade. [@’,,pe,,,,,iiiienio côrneo da cpiderme

fricçao.

CEFALEIA
USO EXTERNO * Aplicar: O Suco fresco de celidónia O Cataplasma de folhas frescas esmagadas de
conchelos
O Suco fresco de erva-dos-calos.

Calvície. V. Cabelo.

Cancro. Doença que pode afectar todos os tecidos do organismo e que se apresenta sob múltiplas
formas. Se não for tratado, a sua evolução é geralmente mortal. Nenhuma planta cura o cancro, quer
por via oral, quer por via externa: os medicamentos à base de plantas (pervinca, cólquico) utilizados
em terapêutica são sempre apoiados por outros tratamentos. O seu emprego necessita de uma
vigilância clínica e biológica que só pode ser assumida por um médico.

Para (i prevenção do cancro

O Comer alho e cebola-mi-s- O Recomenda-se também a infusão de erva-de-são-roberto, 20 g de


folhas secas para 1 l de água fervente, infundir
15 minutos; 2 chávenas diárias.

Caspa. V. Cabelo.

Cefaleia. Dor de cabeça, qualquer que seja a causa.


*//* ver com o livro
Uso interno * ]ornar uma das seguintes infusões e deitar-se imediatamente em local sossegado e à
sombra: O Infu,,ão de acácia-bastarda, 50 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O lnfu,.,ão de camomila, 5 g de flores para 1 l de át,-ua fervente, infundir 5 minutos O
Infusão de ervzi-benta. 50 g de rizoma fresco para 1 l de água em ebulição, ferver 5 minutos O
Infusão de hortelã-pimenta, 25 g de- sumidades floridas e

folhas secas para 1 l de água fervente, infundir


10 minutos O Infusão dejasmineiro-galego, 15 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de laranjeira- azeda, 20 g de folha.,, seca,, para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de lúcia-lima, 30 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de maccia, 20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O
Infusão de manjerona, 40 g de sumidades floridas e folhas secas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de primavera, 40 g de flores secas e fragmentadas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de tília, 30 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos e beber. * PÓs e.%iernutatório-.,@ o seu efeito é muitas vezes e,,pectacular. O Reduzir a pó e
inspirar: - folhas
11eca% de à,,aro. - foffids seca% de ba,,ílico, flore,, de lírio-dos-vale.-, - rizoma seco de lírio-
floientino.
O Iniroduzir na,, narina.,, um pouco de suco fresco de líiio-aiiiarcio-do,.,-pántano,, obtido por
esmau,arriento do rizoma.
383
USO EXTERNO

Colocar sobre a testa ou, quando as dores de cabeça são de origem hepática, sobre o fígado: O
Cataplasma de aspérula-odorífera fresca esmagada.

Celulite. Inflamação do tecido celular subcutâneo, de aspecto agudo ou crónico, que se localiza a
maioria das vezes na face exterior das coxas ou na nuca. A celulite é dolorosa e inestética. É
indispensável associar às tisanas um tratamento local.

USO EXTERNO * Aplicar 2 ou 3 vezes por dia sobre as zonas

atingidas compressas tão quentes quanto possível embebidas em: O Decocção de hera, 100 g de folhas
frescas para 1 l de água, ferver 15 minutos.

* Aplicar 3 vezes por semana sobre a celulite: O Cataplasma de alforvas, cozer 50 g de sementes num
pouco de água O Cataplasma de bodelha, ferver 1 punhado de bodelha seca em água; aplicar o mais
quente possível O Cataplasma de bodelha seca, cozer na menor quantidade de água possível 50 g de
bodelha seca, 100 g de farelos e

100 g de sal grosso O Cataplasma de hera com as

folhas frescas picadas O Cataplasma de verbena,


50 g de planta florida fresca cozida em vinagre, deixar evaporar; colocar entre 2 pedaços de tecido. *
Friccionar com: O Bodelha fresca O Flores secas de alfenheiro maceradas em óleo, 150 g de flores
secas em 1 l de óleo, deixar exposto ao sol

durante 1 mês.

Uso interno * É muito importante acalmar os nervos dos celulíticos com tisanas sedativas que devem
ser tomadas durante 3 semanas: O Infusão de pirliteiro, 10 g de flores secas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia O Maceração de valeriana, 10 g de raízes frescas deixadas
durante a noite numa chávena de água fria, coar pela manhã, beber e preparar a chávena para a noite. *
Tomar 4 colheres de sopa por dia: O Suco de rizorna de grama-francesa. * Tomar 1 copo em jejum: O
Sumo de limão fresco, diluído em água, sem açúcar O Infusão de taráxaco, 30 g de folhas para 1 l de
água fervente; beber frio. * Tomar 2 chávenas por dia: O Decocção composta de grama-francesa, 20 g
de rizoma seco e

20 g de pés de cereja secos para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de orégãos, 10 g de


sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de pilosela, 60 g de planta
inteira fresca para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos. * Tomar 3 chávenas por dia entre as
refeições, das quais 1 em jejum: O Infusão de alcachofra,
10 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de avoadinha, deitar em 1
l de água fervente 50 g de caules floridos secos, ferver 2 minutos, infundir 15 minutos;

esta quantidade pode ser preparada com antecedência para 2 dias O Infusão composta de groselheira-
negra e de freixo, 10 g de cada planta para
1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão de hera, 50 g de folhas secas fragmentadas para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de milfólio, 50 g de sumidades floridas frescas para 1
l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de sempre-noiva, 40 g de planta inteira para 1 l de
água, ferver até reduzir para cerca de O,5 1 * Decocção de videira, 50 g de folhas secas para 1 l de
água, ferver e infundir
15 minutos O Decocçáo composta de folhas de videira e bodelha secas, 40 g de cada planta para
1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos. * Tomar 4 chávenas por dia: O Infusão de erva-
ulmeira, 50 g de folhas secas para 1 l de água fervente. * Tomar 1 l por dia: O Infusão de marroio-
branco, 35 g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos, deixar
arrefecer antes de filtrar.

V. também: Banho.

Ciática. Síndroma dolorosa que se manifesta ao longo do trajecto do nervo ciático, nomeadamente na
nádega, na face posterior da coxa e na face externa da perna.

USO EXTERNO
O Cataplasma de couve, introduzir folhas cruas

em banha fundida em banho-maria, aplicá-las na

zona afectada e cobrir com um tecido de lã O Fricção com óleo de lilás, macerar durante 4 ,,emanas ao
sol 300 g de flores e de folhas mistuiadas em 1 l de azeite e filtrar O Flagelar a região dorida com
urtigão fresco e seguidamente lavar com um pouco de vinho branco ou de vinagie O Cataplasma de
verbena, um punhado de folhas e de flores frescas cozidas em vinagre e

que devem ser aplicadas entre 2 pedaços de tecido fino.

Circulação. A circulação do sangue é uma função fisiológica cujo motor é o coração e cujos canais são
os vasos. As plantas seguidamente citadas, utilizadas da forma indicada, possuem uma acção benéfica
sobre a elasticidade e a tonicidade das paredes vasculares.

Uso interno * Beber 1 l por dia durante 10 dias: O Infusão de visco, 10 g de folhas frescas para 1 l de
água fervente. * Beber 3 chávenas por dia durante 20 dias, das quais 1 em jejum: O Infusão de arando,
50 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de groselheira- negra, 50 g de
folhas secas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Decocçâo de uva-espim, 30 g de casca para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção
de videira, 40 g de folhas secas para 1 l de á gua, ferver 3 minutos.
384
* Beber 2 chávenas por dia entre as refeições: O Decocção de amor-de-hortelão, 50 g de planta fresca
para 1 l de água, ferver 10 minutos; quantidade para 3 dias O Infusão de aveleira, 20 g de folhas secas
para 1 l de água fervente, infundir e

deixar repousar durante 8 horas; beber frio O Decocção de cipreste, pôr 20 g de gálbulas frescas
esmagadas em 1 l de água quente e deixar ferver 15 minutos; beber frio O Infusão de milfólio, 40 g de
sumidades floridas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de tasneirinha, 30 g
de planta inteira seca com raiz para 1 l de água fervente. * Beber o sumo de 1 limão todos os dias O
Temperar os alimentos crus com sumo de limão em vez de vinagre O Comer alho, cru ou cozido.

USO EXTERNO
O Banho: - de castanh a-da- índia, - de milfólio, - de videira, excelentes para os capilares; 2 vezes por
semana.

V. também: Banho, Coração.

Cirrose. V. Alcoolismo.

Cistite. Inflamação dolorosa da bexiga, a maioria das vezes de origem infecciosa e cuja causa deve ser
investigada por um médico, As plantas que se seguem são recomendadas devido à sua acção diurética
e anti-séptica.

Uso interno
O Decocção de acelga, 1 punhado para 1 l de água, ferver 15 minutos; 3 chávenas por dia O Infusão: -
de alteia, - de verbasco, 40 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 ou 3 chávenas
por dia O Decocção de arando, 40 g de folhas para 1 l de água; 4 chávenas por dia O Decocção de
arando- de-bag a-vermelha, 30 g de planta inteira para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 10
minutos; 4 chávenas por dia O Infusão de arenária, 30 g de planta inteira seca para 1 l de água
fervente, infundir -10 minutos; beber esta quantidade em 24 horas entre as refeições O Decoeção de
avoadinha, deitar
1 punhado de planta seca em 1 l de água fervente, deixar em ebulição 3 minutos, infundir 10 minutos;
3 chávenas por dia O Infusão de beldroega, 25 g de folhas novas frescas para 1 l de água fervente; 1
chávena em jejum durante 1 semana O Infusão de pés de cereja, 8 g para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; O,5 1 por dia O Infusão de cevadinha, 1 colher de sopa para 1 l de água fervente; 1 l por
dia O Decocção de gatunha, 30 g de raiz fragmentada para 1 l de água, ferver em lume brando durante
20 minutos para reduzir; beber durante o dia dividido em 3 doses O Decocção de grama-francesa, 30 g
de rizoma para 100 g de água, ferver 2 minutos, deitar fora a água, esmagar o rizoma e colocá-lo em
1 l de água fria, ferver 10 minutos, adoçar com

alcaçuz; beber várias chávenas durante o dia O Infusão de hipericão, 30 g de sumidades floridas para 1
l de água fervente; 1 chávena antes das
refeições O Infusão de milho, 30 g de estigmas secos para 1 l de água fervente; 5 chávenas por dia
entre as refeições O Infusão de parietária, 10 g de planta seca sem as raízes para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; O,5 1 por dia O Infusão composta de 10 g de parietária, 10 g de urtiga-branca, 10
g de cavalinha e 10 g de urze para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 4 chávenas diárias O Infusão de pereira, 30 g de flores para
1 l de água fervente; 4 chávenas por dia O Infusão: de pinheiro-silvestre, - de pinheiro-bravo, de
abeto, 30 g de gemas para 1 l de água fervente; 3 chávenas por dia entre as refeições * Decocção de
tuia-vulgar, 20 g de folhas para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir 10 minutos; O,5 1 por dia O
Infusão de urtiga-branca, 20 g de flores para 1 l de água por dia O Decocção de urze, 40 g de
sumidades floridas para 1 l de água, ferver até reduzir a um terço; beber nas 24 horas seguintes, adoçar
com mel de urze O Infusão de uva-ursina, 20 g de folhas secas para 1 l de água fervente, deixar
amornar e

filtrar; 2 chávenas pequenas por dia.


O Vinho de faia-preta, preparação idêntica à do sabugueiro com 2 punhados de casca O Vinho de
sabugueiro, 3 punhados de casca inteira em 1 l de vinho fervente, mexer, macerar durante 2 dias e
coar; 2 copos pequenos por dia O Vinho de vara-de-ouro, macerar durante 1 noite num copo de vinho
branco 1 pitada de pó de sumidades floridas secas; beber de manhã, tratamento durante 2 semanas O
Vinho de zimbro, macerar durante 8 dias em 1 l de vinho branco 2 punhados de bagas de zimbro e
filtrar; 3 copos de licor por dia O Comer: - abóbora crua ou cozida, - favas cruas ou cozidas.

Colesterol. Substância orgânica geralmente presente na maioria dos tecidos. Pode ser obtida através de
síntese feita pelo organismo ou por aporte alimentar. O seu teor no sangue, denominado
colesterolemia, é frequentemente considerado responsável, quando demasiado elevado, pela alteração
das paredes arteriais. Algumas plantas fazem baixar o teor do colesterol sanguíneo.

Uso interno * Beber 3 chávenas por dia: O Decocção de alcachofra, 20 g de folhas secas para 1 l de
água fria, ferver 10 minutos O Infusão de bétula (vidoeiro), 25 g de folhas para 1 l de água fervente,
deixar amornar antes de filtrar O Decocção de vara-de-ouro, 1 punhado de sumidades floridas secas
para 1 l de água fria, ferver 3 minutos e

deixar repousar 10 minutos; quantidade para 2 dias. * Beber 1 l por dia: O Decocção composta de
10 g de casca de bétula (vidoeiro) e 10 g de folhas secas de freixo para 1 l de água, ferver 5 minutos,
infundir 5 minutos; tomar uma tigela, sendo a primeira em jejum. * Beber 3 copos pequenos por dia,
dos quais 1 em jejum: O Decocção de taráxaco, 100 g de raízes para 1 l de água, ferver 10 minutos. *
Beber 1 copo no fim do almoço durante 20 dias: O Vinho de alcachofra, 80 g de folhas secas
385
fragmentadas maceradas durante 2 semanas em

1 l de vinho tinto e filtrar O Vinho de trevo-cervino, 40 g de raízes recentemente secas, cortadas em


pequenos pedaços, em 1 l de vinho tinto, macerar durante 12 horas e filtrar. * Beber 2 copos por dia
durante 20 dias: O Vinho de alecrim, 40 g de sumidades floridas secas em 1 l de vinho tinto, macerar
durante 3 ou 4 dias e filtrar. * Curas: O Sumo de limão: o sumo de meio limão no primeiro dia,
diluído em água, aumentando seguidamente para mais meio limão por dia durante 15 dias e diminuir
depois a dose do mesmo modo O Sumo de uva, ingerir unicamente 1,5 kg por dia durante 10 dias. *
Na alimentação: O Acrescentar-lhe beringelas
O Utilizar como tempero óleo: - de girassol, de milho, - de soja, - de dormideira; tomar também 1
colher de sopa em jejum todos os dias durante 3 meses.

Colibacilose. Nome dado a diversas perturbações, geralmente intestinais ou urinárias, causadas por
germes, os colibacilos.

Uso interno
O Decocção de arando, 50 g de bagas para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos; tomar
diversas vezes durante o dia O Sumo de chagas, 20 g de sumo extraído de folhas frescas; todas as
manhãs em jejum durante 15 dias O Infusão de madressilva, 5 g de flores secas para 1 l de água
fervente; 2 chávenas por dia.

Cólica. Dor espasmódica situada ao nível de uma víscera abdominal oca (intestinos, vias biliares ou
urinárias). Apenas se consideram aqui as cólicas do intestino grosso.

USO EXTERNO * Colocar sobre o abdômen, entre 2 pedaços de tecido, uma cataplasma de: O Batata
cozida e

esmagada O Meliloto, 50 g de sumidades floridas secas cozidas em muito pouca água.

Uso interno
O Decocção de cenoura-brava, 30 g de sementes para 1 l de água, ferver 1 minuto O Infusão composta
de 20 g de flores secas de macela e de
20 g de raízes secas fragmentadas de valeriana para 1 l de água fervente, infundir 20 minutos; 1 a 2
chávenas por dia O Infusão de papoila, 20 g de flores secas para 1 l de água fervente e coar; beber 1
chávena e, se as dores não passarem, uma outra O Infusão composta de 20 g de flores e de folhas
secas de passiflora e 20 g de flores secas de macela para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos;
beber bem quente O Infusão composta de 40 g de flores e raízes secas de primavera e 10 g de flores
secas de papoila para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas
O Infusão de verbasco, 40 g de flores e de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos;
3 chávenas durante 24 horas, se necessário
O Xarope de macela, colocar num recipiente de
386

barro 250 g de flores frescas, adicionar O,5 1 de água fervente, tapar, infundir 24 horas, coar
espremendo as flores, adicionar a este sumo 250 g de xarope comum, misturar bem, aquecer sem
ferver, deixar arrefecer, colocar em frascos; 2 colheres de sopa O Xarope de marmelo, cozer 2
marmelos com casca e sementes, cortados aos
pedaços, cobertos de água, adicionar o mesmo
peso de açúcar e passar por uma peneira depois de cozidos; 2 copos por dia.
O Comer pepino cozido e descascado O Mastigar uma colher de açúcar com 3 a 5 gotas de essência de
bergamota.

V. também: Diarreia, Meteorismo.

Comichão. V. Prurido.

Congestão. Afluxo anormal de sangue a um órgão com diminuição da velocidade de circulação. Esta
rubrica refere-se à congestão cerebral. É um
acidente muito grave, que necessita de cuidados médicos urgentes.

USO EXTERNO
O Colocar imediatamente gelo na cabeça do doente.

Se o médico demora * Aplicar sobre a planta dos pés uma cataplasma de: O Farinha de linhaça cozida
em água, 60 g para O,25 1 de água; logo que a farinha estiver cozida, deve ser colocada entre 2
pedaços de tecido e, após arrefecer um pouco, polvilhada com

farinha de mostarda ou, em sua substituição, com pimenta em pó O Polpa fresca de raiz de rábano-
rústico.
O Banho sinapizado para os pés, 150 g de farinha de mostarda numa bacia com água.

Conjuntivite. Inflamação da conjuntiva, membrana que reveste o olho e face interna das pálpebras.

USO EXTERNO * Banho local, preparar apenas uma pequena quantidade de cada vez para uso
imediato e filtrar cuidadosamente: O Decocção de eufrásia, 20 g de sumidades floridas secas para 1 l
de água, ferver 10 minutos O Decocção de fidalguinhos, 30 g de flores secas para 1 l de água fria,
ferver 15 minutos O Infusão de macela, 150 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 1 hora
O Infusão de meliloto, 50 g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos
O Infusão de melissa-bastarda, 50 g de flores secas para 1 l de água fervente O Infusão de não-me-
esqueças, 15 g de flores e folhas secas para
1 l de água fervente O Infusão de pé-de-leáo, 150 g de planta inteira seca para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de tanchagem,
80 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 20 minutos. * Fazer compressas com: O
Infusão de alcaçuz,
100 g de raízes secas e fragmentadas para 1 l de
água fervente, infundir 1 hora O Decocção de musgo-da-irlanda, 20 g de planta seca para 1 l de água,
ferver até estar completamente amolecida
O Decocção de nogueira, 30 g de folhas frescas para 1 l de água, ferver 5 minutos O Infusão de
videira-vermelha, 50 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
O Cataplasma de folhas frescas pisadas de erva-benta; aplicar sobre os olhos.

Constipação. Termo vago que envolve uma série de afecções, como a corica, a bronquite, etc. Porém,
chama-se geralmente constipação a uma
infecção das vias respiratórias superiores, especialmente das fossas nasais, que, através da traqueia,
pode atingir os brônquios. As preparações indicadas podem, em certos casos, deter essa progressão e,
muitas vezes, apressar a cura.

USO EXTERNO Para desobstruir o nariz


O Cheirar um pó esternutatório preparado a partir de folhas secas: - de basílico, - de betónica
O Aspirar pelas narinas uma decocção de eufrásia, 25 g de planta seca para 1 l de água, ferver
10 minutos, coar, deixar amornar e pôr sal; não engolir O Fazer uma inalação de hera-terrestre,
infusão de 100 g de planta inteira para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.

Uso interno * Tomar 1 tigela grande com muito açúcar: O Infusão de eufrásia, 25 g de planta seca
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de hera-terrestre, 20 g de folhas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão composta de primavera, 15 g de folhas e de flores secas,
e de tanchagens, 15 g de folhas secas, para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos.
O Xarope de murta, infundir durante 8 horas, num recipiente tapado, 75 g de folhas secas escaldadas
em 1 l de água, coar, adicionar 1,5 kg de açú car, ferver até obter o xarope; tomar 3 colheres de sopa
por dia.

Contusão. Lesão provocada por um traumatismo, acompanhada ou não por uma ferida. As plantas a
seguir indicadas aplicam-se sobre as lesões sem ferida, com ou sem equimose (nódoa negra).

USO EXTERNO * Aplicar na zona contundida as seguintes plantas frescas cruas: O Salsa picada com
sal e azeite
O Flores e folhas amachucadas de arnica O Folhas esmagadas: - de aipo, - de angélica, de cerefólio, -
de couve, - de engos, - de erva-dos-calos, - de morugem, - de orégãos-de-creta, - de pervinca, - de
salsa O A planta inteira picada: - de pé-de-leão, - de sanícula. * Aplicar as seguintes plantas cozidas: O
Folhas de acanto cozidas em água e esmagadas O Bolbo de açucena cozido O Rizoma cozido e
esmagado:
- de norça-preta, - de selo-de-salornão O Folhas de verbena cozidas em vinagre.
Aplicar em compressas as seguintes preparações muito simples de executar: O Decocção de
agrimónia, 100 g de folhas secas para 1 l de água, ferver 15 minutos, repousar 5 minutos e

filtrar; utilizar quente O Decocção de arnica, 30 g de folhas e de flores secas para 1 l de água fria,
ferver 10 minutos e coar; utilizar o mais frio possível O Infusão de hissopo, 100 g de sumidades
floridas secas para 1 l de água fervente O Infusão de maravilhas, 30 g de flores secas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de murta, 25 g de folhas secas para 1 l de água fervente O
Decocção de primavera, 100 g de raizes

secas e fragmentadas para 1 l de água O Infusão de tanaceto, 20 g de flores e de folhas secas para
1 l de água fervente, adicionar um pouco de sal
O Decocçâo de ulmeiro, 80 g de casca para 1 l de água, ferver 30 minutos O Decocção de valeriana,
75 g de raizes secas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de vulnerária, 100 g de folhas e
de raizes para 1 l de água.
O Tintura de arnica: macerar em 1 l de álcool a
900, durante 2 semanas, 80 g de flores de arnica secas, às quais se adicionam 60 g de uma mistura em
partes iguais de sementes de anis-verde, canela, cravinho e rizoma seco de gengibre, coar espremendo
e depois filtrar por papel e conservar em frasco rolhado; só utilizar esta tintura depois de diluída em
água.

Uso interno
O Infusão de murta: 1 chávena.

Convalescença. Período mais ou menos longo que se segue a uma doença ou a uma intervençao
cirúrgica. É frequentemente caracterizada por várias perturbações, fadiga muito acentuada, astenia
física e psíquica, falta de apetite e, por vezes, anemia, pelo que deve ser vigiada. Aconselham-se
alguns banhos tónicos.

A alimentação deve ser rica, mas de fácil digestão; deve conter vitaminas, sais minerais e

metais. Os convalescentes devem, assim, ingerir cereais: - aveia, - cevada, - milho-miúdo, trigo-
sarraceno; legumes e hortaliças: - agrião,
- alhos-porros, - cenouras, - espinafres, mastruço, - soja; sumo fresco de vagem verde de feijão, 50 g
por dia; fruta: - alperces, amêndoas, - castanhas cozidas, figos, groselhas, - laranjas, - maçãs,
morangos,

Uso interno
O Pó de alforvas, 1 colher de café de sementes misturadas com mel ou compota O Pó de líquen-da-
islândia, 2 g por dia misturados com compota muito doce O Decocção de morugem, 20 g de planta
fresca florida em 1 l de água fria, aquecer lentamente e prolongar a ebulição durante 20 minutos; 1
chávena antes de cada refeição O Decocção de pilosela, 80 g de planta para 1 l de água, ferver 2
minutos, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia O Infusão de salva-esclareia,
20 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente; 1 chávena depois das 2 refeições principais O
Infusão de trevo-cervino, 25 g de folhas
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para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia O Infusão: - de serpão, - de

tomilho, 20 g para 1 l de água fervente; 2 chávenas por dia O Xarope de rosa s-vermelhas: esmagar
pétalas frescas de flores em botão com 3 vezes o seu peso de açúcar, adicionar um pouco de xarope
comum até que a pasta esteja semilíquida;
3 colheres de sopa por dia durante 1 mês.
O Geleia de satirião-macho: 20 g de pó de tubérculo e 8 vezes o seu peso de açúcar, cozer em

400 g de água e deixar ferver para engrossar; 2 colheres de sopa por dia. * Para tomar antes de cada
refeição, 2 copos pequenos por dia: O Vinho de alecrim, macerar

durante 3 dias 50 g de caule florido e coar O

Vinho de angélica, macerar durante 8 dias 40 g de caule e raízes e coar O Infusão de cardo-santo em
vinho, 30 g de flores em 1 l de vinho tinto fervente, infundir 10 minutos e coar O Vinho de fel-da-
terra, macerar durante 4 dias 50 g de sumidades floridas e coar O Vinho de losna e de genciana,
macerar durante 4 dias 5 g de raiz de genciana e 20 g de sumidades floridas de losna em 1 l de vinho
tinto e coar O Vinho de pervinca, macerar durante 10 dias 80 g de folhas em 1 l de bom vinho e coar.
* Para tomar depois das refeições, 2 colheres de sopa: O Vinho de salva, 80 g de planta em 1 l de
vinho tinto fervente, infundir 10 minutos e coar.

V. também: Banho.

Convulsão. Reacção nervosa que afecta principalmente as crianças. É provocada por uma emoção ou
uma contrariedade. Pode também, em certos casos, ser sinal do início de uma doença.

Uso interno
O Infusão de tília, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 ou 2 chávenas.

USO EXTERNO
O Banho tépido: - de folhas de menta, - de flores de tília O Clister de valeriana: fazer uma infusão de
50 g de raízes frescas para 1 l de água fervente, deixar repousar e macerar durante 1 dia e filtrar;
administrar à noite.

Coração. As doenças de coração, provocadas por diversas causas, são inumeráveis, exigindo, no
entanto, todas elas um diagnóstico preciso e

os cuidados competentes de um médico: as plantas podem aliviar o coração de diversos modos, mas
não devem substituir uma consulta.

Uso interno
O Vinho de alecrim, 25 g de folhas frescas em 1 l de vinho tinto, macerar durante 24 horas; 3 colheres
de sopa por dia O Infusão de angélica, 30 g de sementes para 1 l de água fervente; 2 chávenas por dia
após as refeições O Infusão de cevada germinada, de malte, 10 g numa chávena de água muito quente,
infundir 10 minutos O Infusão de marroio, 15 g de sumidades floridas secas

para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos; 3


chávenas por dia antes das refeições O Infusão de passifiora, 100 g de flores e de folhas secas para 1 l
de água fervente, mexer e coar imediatamente; 2 chávenas por dia, uma delas entre as refeições e a
outra ao deitar O Infusão de pirliteiro, 15 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos; 2 chávenas por dia durante
20 dias O Vinho de sabugueiro, 200 g da segunda casca seca em 1 l de vinho tinto, macerar durante 48
horas, filtrar e só ingerir no dia seguinte;
2 copos pequenos por dia.
* Beber cevada torrada em substituição do café
* Comer muito alho e maçãs com a casca.

Corpo. V. Pele.

Crescimento. Desenvolvimento das diversas partes do organismo que se efectua por períodos, dos
quais um dos mais importantes é a puberdade.

Uso interno Para facilitar o crescimento


O Comer com abundância: - acelgas cozidas,
- amêndoas doces, - cenouras cruas ou cozidas, - cerejas, - cersefi cru ou cozido, - espinafres crus ou
cozidos, - figos, - laranjas,
- nozes O Enriquecer as refeições principais com: - arroz completo com maçãs, - aveia (flocos, farinha
seca), - cevada sob todas as suas formas (descascada, cevadinha, farinha seca, flocos, malte), - soja
(grãos e farinha), trigo (farinha completa, trigo germinado), - trigo-sarraceno, como tal ou em
bolachas O Adicionar 1 punhado de salsa fresca picada aos alimentos crus do almoço O Beber uma
tisana tónica: decocção de abrunhos, 50 g para 1 l de água, ferver 5 minutos.

V. também: Astenia, Puberdade.

Cura de Primavera. As curas de Primavera são curas revigorantes cujo fim é desintoxicar o organismo,
forçando-o a eliminar as suas toxinas, Duram 3 semanas, em doses de 4 a 6 chávenas grandes de
preparação por dia, das quais 1 em

jejum e 1 ao deitar, salvo excepções que serão indicadas. As plantas utilizadas actuam devido às suas
propriedades diuréticas, laxativas, sudoríficas ou estimulantes; conhecendo cada pessoa os

seus pontos fracos (rins, fígado, intestinos, pele), deve escolher entre as numerosas preparaçoes
indicadas a que melhor activar a função deficiente.

USOINURNO Durante a cura a alimentação deve ser constituída por vegetais verdes pobres em
proteínas. A alface-de-cordeiro e a eruca são excelentes. * Cura de suco de cenouras cultivadas, 100 g
por dia O Cura de pele seca de maçã não tratada,
100 g por litro, infundir 15 minutos; 1 l por dia
O Cura de sumo de uva, 3 copos por dia entre as

refeições, dos quais 1 em jejum e 1 ao deitar O Sumo de groselha, - de groselha- vermelha, 150 g por
dia divididos em 3 doses.
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O Infusão de abrunheiro, 20 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos; apenas
2’chávenas por dia 4 Infusão de uma mistura de alcluia, 25 g de raizes e 10 g de folhas secas para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Leite de amor-perfeito-bravo, pôr a macerar todas as noites
10 g de sumidades floridas e

folhas secas em O,5 1 de água fria e de manhã adicionar-lhe O,15 1 de leite, ferver 5 minutos, filtrar e
adoçar corri mel; o pequeno-almoço é constituído por esta bebida O Infusão de aspéruIa-odorífera, 50
g de sumidades floridas secas

para 1 l de água fervente O Decocçáo de azeda,


30 g de raizes para 1 l de água, ferver 5 minutos O Decocçâo composta de bardana-maior e de
saboeira, 30 g de raizes de cada uma das plantas em

1 l de água, ferver 5 minutos O Infusão composta de borragem, almeirão, fumária e taráxaco, 20 g de


cada uma das plantas em 1 l de água fervente, infundir 10 minutos * Infusão de buglossa, 50 g de
planta seca para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Decocção de buxo, 40 g de folhas secas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão
de dulcamara, 5 g de caule seco para 1 l de á gua fervente, infundir 15 minutos; na segunda semana
tomar 10 g e na terceira 15 g O Infusão composta de 20 g de sumidades floridas de hissopo e 10 g de
folhas de bétula (vidoeiro) para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos e coar O Decocção de
labaçol, 20 g de raízes para 1 l de água, ferver 4 minutos, infundir 4 minutos O Infusão de rinchão, 30
g de sumidades floridas e folhas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão de
sabugueiro, pôr 5 g de flores secas numa chávena de água fervente, coar sem

infundir; 1 chávena de manhã e 1 chávena à noite


O Decocção de frutos de silva-macha, 50 g de frutos esmagados para 1 l de água, ferver 1 minuto e
coar cuidadosamente O Decocção de urtigão, 50 g de raízes e folhas em 1 l de água, ferver 4 minutos.

Dartro. Nome dado outrora a diferentes afecções da pele, corno herpes, eczenla, impigens, etc. Já não
se usa, pois são utilizadas designações mais específicas.

USO EXTERNO * Lavar de manhã e à noite, sem esfregar, com: * Decocção de acanto, 100 g de
folhas frescas para 1 l de água, ferver 15 minutos O Decocção de amieiro, 80 g de casca seca para 1 l
de água, ferver 10 minutos O Decocção de armoles, 50 g de folhas frescas para 1 l de água, ferver 15
minutos O Decocção de bardana, 100 g de raízes frescas cortadas em pedaços para 1 l de água, ferver
15 minutos O Decocção de becabunga,
50 g de flores e de folhas para 1 l de água fria, tapar, ferver 10 minutos, infundir 15 minutos; aplicar
tépida O Decocção de bétula (vidoeiro),
25 g de casca seca para 1 l de água, ferver 10
minutos O Decocção de cânhamo, 30 g de sementes para 1 l de água, ferver 15 minutos O Decocção
de dulcamara, macerar durante 4 horas
50 g de caules cortados em 1 l de água fria, aquecer lentamente, ferver 5 minutos; utilizar tépida O
Decocçâo de énula-campana, 80 g de raízes secas para 1 l de água, ferver 10 minutos
O Decocção de erva-coalheira, 20 g de planta florida seca e picada para 1 l de água, ferver 5 minutos,
infundir 10 minutos O Infusão de erva-de-sã o-roberto, 25 g de planta florida para 1 l de água
fervente, infundir 20 minutos O Decocção de saboeira, 75 g de raizes secas para 1 l de água, ferver 10
minutos num recipiente tapado e
coar imediatamente O Decocçâo de escrofulária-nodosa, 100 g de planta inteira seca para 1 l de água,
ferver 30 minutos O Infusão de fumária,
45 g de planta fresca inteira para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Decocção de morso-
diabólico, 50 g de planta inteira seca para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O
Decocção de pulmonária, 30 g de sumidades floridas frescas para 1 l de água, ferver 5 minutos,
infundir 10 minutos O Infusão de pulsátila, 20 g de folhas e de flores secas partidas para 1 l de água
fervente, infundir 15 minutos, deixar arrefecer O Decocção de ulmeiro, demolhar durante
1 hora 60 g de casca seca em 1 l de água fria, depois aquecer lentamente, ferver 5 minutos, infundir 15
minutos O Suco fresco de: - erva-dos-calos, - pepino, - saião-curto, diluído no dobro do seu peso de
água. * Para preparar com antecedência O óleo de urze: colocar num recipiente de vidro ou de barro
80 g de sumidades floridas e O,5 1 de azeite, aquecer lentamente em banho-maria, sem que o óleo
atinja a ebulição, durante 1 hora, tapar, deixar repousar durante 8 dias, mexendo de quando em
quando, filtrar e conservar num frasco rolhado; pincelar as lesões com este óleo 1 vez por dia.

Uso interno Simultaneamente com os tratamentos externos * Tomar durante 1 semana 3 chávenas por
dia: * Infusão de amor-perfeito-bravo, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e

coar; beber entre as refeições O Infusão de choupo-negro, 50 g de gemas para 1 l de água fervente,
infundir 15 minutos e coar O Decocção de labaçol, 25 g de raiz seca cortada em pedaços para 1 l de
água, ferver 2 minutos, infundir is minutos.
O Sunio fresco de groselheira-vermelha, 250 g por dia, puro ou diluído em água não açucarada, em 4
doses, das quais 1 em jejum.

Dentes. As plantas podem ser utilizadas na higiene quotidiana dos dentes e também como preventivo
das cáries. Algumas delas podem mesmo

acalmar momentaneamente a dor, enquanto se aguarda a intervenção do dentista.

USOSINTERNO EEXTERNO Para evitar as cáries


O Mastigar folhas frescas de erva-alheira.
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O Utilizar pó de cavalinha como dentifrício O Cavalinha como preventivo: 1 g de pó de planta seca
misturado com meia colher de mel, 2 vezes por dia; para tomar todos os anos, 3 semanas por mês
durante 3 meses.

Para limpar e branquear os dentes


O Colocar sobre a escova de dentes pó: - de sementes de anis verdes, - de tomilho misturado com
igual peso de carvão de choupo-negro O Esfregar os dentes com sumo de limão puro ou 1

casca do mesmo; 1 vez por semana.

Para eliminar o tártaro dos dentes


O Esmagar 1 morango na escova e esfregar.

Para aliviar a dor de dentes


O Mastigar uma folha fresca: - de erva-das-colheres, - de malva, - de néveda, - de parietária O Inserir
dentro do dente dorido algodão embebido no suco de uma destas plantas O Bochechar com: - infusão
de tanaceto, 50 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, de tanchagem, 100 g de folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Lavar a boca

com a seguinte preparação: macerar durante 15 dias em 1 l de álcool a 900 alecrim, orégãos e tomilho,
20 g de cada planta, depois filtrar e

conservar em frasco rolhado.

Parafacilitar a saída dos dentes das crianças


O Dar raiz de alteia para mastigar.

V. também: Boca.

Depressão. O estado depressivo manifesta-se pelo enfraquecimento geral, psíquico e físico, do


organismo. As suas causas são frequentemente evidentes (tristeza, decepção, choque psicológico,
convalescença, etc.). Se este estado não é aparentemente justificado por qualquer das causas
enumeradas, é indispensável uma ajuda médica.

Uso interno
O Para estados depressivos beber: 1 copo pequeno de: O Vinho de balsamita, 15 g de sumidades
floridas secas em 1 l de vinho fervente, infundir
10 minutos, coar e conservar num frasco rolhado
O Vinho de erva-benta, macerar durante 5 dias
50 g de rizoma em 1 l de bom vinho tinto, filtrar e conservar num frasco rolhado.
O Infusão de alecrim, 20 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2
chávenas por dia O Infusão de cornichão, 80 g de flores secas para 1 l de água fervente; tomar 3
chávenas por dia durante 8 dias O Infusão de macela, 15 g de flores secas para 1 l de água fervente,
infundir 15 minutos; 1 chávena antes do deitar O Infusão de salva, 20 g de folhas secas

para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão composta de 20 g de folhas de salva e


20 g de flores de macela para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos; beber muito quente e

com muito açúcar.


O Cura de 8 dias com valeriana: macerar 15 g de

raízes frescas numa chávena de água fria durante


1 noite; beber de manhã.

Dermatose. V. Pele.

Descalcificação. V. Desmineralização.

Desinfecção. Limpeza de um local, por vezes de um quarto de um indivíduo com uma doença
contagiosa.

USO EXTERNO
O Queimar numa chaminé ou numa braseira madeira: - de eucalipto, - de faia (dela se extrai
industrialmente a creosota, um poderoso desinfectante) O Espalhar sobre as brasas folhas de:
- eucalipto (secas), - loureiro, - salva, bagas de zimbro O Ferver durante muito tempo as folhas de
salva no local a desinfectar.

Desmineralização. Diminuição dos elementos minerais dos ossos, das faneras (unhas e dentes).

Uso interno Todos os cereais são ricos em elementos minerais, sobretudo: - o centeio e o trigo, que se

podem consumir sob as suas diversas formas alimentares, - a soja, devido ao seu teor em cálcio,
fósforo e magnésio, - o trigo-sarraceno. De entre as hortaliças citam-se: - os espinafres, que devem ser
consumidos crus, misturados com outros alimentos também crus, como: - os rabanetes, - a beterraba
hortícola. De entre os frutos, além das vitaminas que contêm, a castanha, ingerida cozida, é
extremamente vantajosa; - a laranja é igualmente rica em sais minerais.

A planta medicinal mais utilizada nos casos de


desmineralização é a cavalinha. Esta planta contém cálcio, potássio, magnésio, ferro, fósforo e

sobretudo sílica O Utiliza-se o caule seco em decocção: 50 g para 1 l de água, ferver 30 minutos;
beber 3 copos por dia antes das refeições principais.

Diabetes. Doenças de gravidade variável: diabetes mellitus, diabetes insípida, doença de Addison, etc.,
que têm em comum, entre outros sinais, sede intensa e muitas vezes prurido. Todo o
indivíduo diabético deve ser tratado pelo médico e submeter-se a um regime alimentar rigoroso. As
plantas em seguida citadas podem actuar sobre algumas das manifestações desagradáveis destas
doenças.

Uso interno Para substituir o pão


O Os glúcidos assimiláveis serão fornecidos por:
- alcachofra, - batata, - tupinambo.
Para substituir o pequeno-almoço
O Infusão de almeirão, 40 g de raízes secas e
torradas para 1 l de água fervente O Decoeção de
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almeirão, 20 g de raízes secas para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos.
O Beber >todas as manhãs meio copo de suco fresco de vagem de feijão verde O Comer: almeirão, -
aveia, - cebolas cruas, couve crua e cozida, - lapsana em salada, milho, nozes.

Tomar 3 chávenas por dia: O Infusão de agrimónia, 30 g de sumidades floridas e folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de bardana-maior, 50 g de raízes frescas para 1 l
de água, ferver 15 minutos O Infusão de pé-de-leão, 30 g de planta para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos. * Tomar 2 chávenas por dia entre as refeições: * Decocção composta de 30 g de folhas
secas de arando e 10 g de planta seca de galega para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão
de erva- de-sã o-roberto e de sempre-noiva, 20 g de cada planta seca para 1 l de água fervente,
infundir 15 minutos O Decocção de escrofulária-nodosa, 15 g de rizoma para 1 l de água, ferver 10
minutos O Infusão de nogueira, 20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O
Decoeção de oliveira, 30 g de folhas frescas para
1 l de água, ferver 20 minutos O Infusão de salva, 15 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de silva, 20 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O
Infusão de urtigão, 50 g de planta inteira para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos. * Tomar 1
chávena por dia de manhã, 10 dias por mês: O Decocção de alforvas, 40 g de grãos para 1 l de água,
ferver 15 minutos. * Tomar 1 l por dia durante 10 dias: O Decocção de pervinca, 30 g de folhas secas
para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir 10 minutos.

Diarreia. Sintoma de numerosas afecções, por vezes graves: irritação digestiva, intoxicação alimentar,
desequilíbrio da flora intestinal, doença infecciosa ou parasitária, afecção neurovegetativa, cancro.
Quando uma diarreia se prolonga anormalmente, é indispensável consultar o médico.

Uso interno
O Geleia de líquen- da-i slândia, ferver 25 g de planta em O,5 1 de leite até à obtenção de uma

geleia; tomá-la com mel ou compota às colheres de café O Infusão de n arei so-trombeta, 1 g de flores
secas em pó, ou seja a ponta de 1 faca, para 1 chávena pequena; 3 colheres de sopa ao

longo do dia O Infusão de saião-curto, 10 g para


1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar; beber 1 copo de 2 em 2 horas. * Dose para 1 dia: O
Decocção de funcho, 20 g de raízes secas para 1 l de água, ferver 15 minutos, infundir 3 minutos;
beber muito quente O Decocção: - de pimpinela, - de sanguissorba- _oficinal, 30 g de planta fresca
para 1 l de água, ferver 10 minutos e coar O Infusão de urtigão,
25 g de caules e folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão de urze,
30 g de sumidades floridas para 1 l de água em

ebulição, ferver 2 minutos, infundir 10 minutos


Dose para 2 dias: O Infusão de avoadinha, 50 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos e coar O Infusão de erva-benta, 50 g de raí zes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos
e coar O Decocção de medronheiro, 40 g de folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos, filtrar e
adoçar. * Beber 1 chávena por dia: O Infusão de acanto,
8 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e filtrar; beber em 2 doses O
Decoeção de erva-sofia, 20 g de planta seca para
1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Vinho quente de pé-de-leão, 40 g de planta para 1
l de vinho tinto fervente, infundir 10 minutos.
* Beber 2 chávenas por dia: O Infusão de agrimónia, 40 g de flores e folhas para 1 l de água fervente,
infundir 15 minutos O Infusão de agripalma, 20 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de alfenheiro, 15 g de folhas ou flores para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos
O Infusão de búgula, 40 g de planta seca para 1 l de água, infundir 10 minutos
O Decoeção de cinoglossa, 25 g de raízes para
1 l de água, ferver 10 minutos e coar O Infusão de drias, 20 g de folhas secas partidas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de epilóbio, 30 g de folhas secas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão: - de lisimáquia-numular, 30 g de planta inteira, - de lisimáquia, 30 g
de flores e folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de morangueiro, 20 g de
raizes para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de pilosela, 60 g de folhas frescas picadas para 1 l
de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de pimpinela-mag- na, 30 g de raízes frescas para 1 l
de água fervente, infundir 15 minutos e filtrar O Infusão de pirliteiro, 10 g de frutos maduros secos
para 1 l de água fervente O Infusão de sanícula, 30 g de planta florida seca para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de sempre-noiva, 30 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de tanchagem e de zaragatoa,
100 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Decocção de ulmeiro, 40 g de casca
seca para 1 l de água, ferver, reduzir até
O,75 1 O Infusão composta de 20 g de flores e de folhas de urtiga-branca, 30 g de folhas de silva,
20 g de flores de alteia para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos. * Beber 3 chávenas por dia: O
Infusão de consolda-maior, 25 g de raízes para 1 l de água fervente, infundir 2 horas e coar O Infusão
de erva-de-são-roberto, 25 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 15
minutos O Infusão de erva-ulmeira, 30 g de planta com raiz em 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocção de escolopendra, 20 g de folhas frescas ou secas em 1 l de leite, ferver 10
minutos, coar, tomar entre as refeições O Infusão de fel-da-terra, 40 g de sumidades floridas para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de satureja, 80 g de planta para 1 l de água, ferver
10 minutos O Infusão de tasneirinha, 30 g de raízes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
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* Comer durante alguns dias: - polpa de abóbora, - polpa de alfarroba, - arroz, - castanhas, - cenouras,
- cevada, - couve, - maçãs raladas, - milho-miúdo, - polpa de nêsperas, - nozes, - peras, - polpa de
tramazeira,
- uvas O Beber todos os dias, diluído em água, sumo: - de bagas frescas de arando-de-baga-vermelha,
- de groselha.

Preparações para ter de reserva

* Vinho de: - argentina, - cinco-em-rama, tormentila, macerar durante 8 dias 75 g de raízes

secas e esmagadas em 1 l de vinho do Porto tinto e coar; 3 copos de licor por dia O Vinho de
azevinho, deitar 30 g de folhas em 1 l de vinho tinto em ebulição, ferver 10 minutos; beber 1 colher de
sopa até 100 g por dia. * Xarope de silva-macha, esmagar 200 g de frutos, espremer, ferver o sumo
com igual peso de açúcar, mexer até engrossar, conservar em frascos rolhados; 3 colheres de sopa para
adultos, meia dose para crianças.
O Geleia de musgo-da-irl anda, 15 g de planta seca cortada para 1 l de água, ferver até atingir
consistência; de 1 a 2 colheres de sopa por dia.

Diarreias disentéricas Comer: - armoles, - ruibarbo.

Diarreias das crianças no período da dentição


O Pó de salgueirinha, 1 g, isto é, a ponta de 1 faca, de sumidades floridas secas pulverizadas; em 2
doses com 1 colher de mel por dia O Xarope de vara-de-ouro (receita do Dr. Leclerc), ferver 100 g de
sumidades floridas secas em 1 l de água durante 10 minutos, infundir durante 12 horas, coar
espremendo, dissolver 1,5 kg de açúcar e misturar, arrefecer e coar; 2 copos pequenos por dia.

Diarreias provocadas pelos antibióticos


O Comer arandos O Juntar à alimentação alho e pimentos O Temperar as saladas com sumo de limão.

USO EXTERNO

Clister com 200 g de líquido morno: O Decocção de bistorta, 60 g de raízes para 1 l de água, ferver 15
minutos e coar O Decocção de
80 g de casca seca de carvalho para 1 l de água fria, ferver 45 minutos e coar O Infusão de erva-férrea,
30 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos, coar, deixar amornar. * Clister com 200
g de líquido frio: O Decocção de cipreste, 50 g de gálbulas em 1 l de água, ferver 10 minutos e coar.

Digestão. Conjunto das transformações sofridas pelos alimentos a vários níveis do tubo digestivo e que
os tornam assimiláveis pelo organismo. As alterações da digestão podem ser devidas a um mau
funcionamento dos órgãos ou das glándulas digestivas. Apresentam-se seguidamente algumas
preparações susceptíveis de actuar sobre as digestões difíceis e dolorosas, as dispepsias, acompanhadas
de sensação de peso, enfartamento, azia.

Uso interno
O Infusão de acanto, 10 g de folhas secas para
1 l de água fervente, infundir 5 minutos e filtrar;
1 chávena para beber durante o dia em várias doses. * Beber 1 chávena depois das 2 refeições
principais: O Infusão de ami, 40 g de sementes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de cála mo- aromático, 8 g de rizoma seco para 1 l de água fervente O Decocção de canabrás,
15 g de raízes para 1 l de água, infundir 10 minutos O Infusão de coentros, 40 g de frutos para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de cominhos, 30 g de sementes para 1 l de água,
ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de loureiro, 30 g de folhas frescas ou secas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de lúpulo, 15 g de cones floríferos secos para 1 l
de água, ferver 2 minutos e coar; beber imediatamente O Infusão de melissa-bastarda, 50 g de planta
seca para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de nêveda, 50 g de planta seca para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos.

* Beber 1 chávena antes das 2 refeições principais: O Infusão de cardo-santo, 40 g de sumidades


floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de cocleária, 50 g de folhas para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de salsa, 4 g de sementes para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de trevo-d'água, 60 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos. * Para utilizar durante todo o ano: O Adicionar regularmente açafrão aos alimentos O
Comer: alhos-porros, - ervilhas, pelo menos 1 vez por semana O Beber todos os dias chá de mentas,
adicionando ao chá verde, na chaleira, 40 g de folhas frescas de uma das mentas, infundir 10 minutos,
e na chávena introduzir um pequeno ramo da mesma menta fresca, adoçando com muito açúcar. *
Preparações agradáveis para conservar em

frascos rolhados; beber 1 copo pequeno: O Licor de alcaravia, macerar durante 1 semana 25 g de
sementes em 1 l de aguardente, filtrar e adicionar
400 g de xarope comum; tomar depois das refeições O Licor de angélica, macerar durante 5 dias em 1
l de aguardente 15 g de caules recentes e 15 g de amêndoas amargas esmagadas, filtrar, adicionar 500
g de xarope comum e filtrar de novo; tomar depois das refeições O Vinho de aspérula-odorífera,
macerar durante 5 horas num recipiente tapado 40 g de planta seca em 1 l de vinho branco com 20 g
de açúcar e algumas rodelas de laranja, coar, deixar em repouso 1 noite, filtrar no dia seguinte por
papel de filtro; tomar antes das refeições O Licor de cerejas, macerar durante 2 meses 1 kg de cerejas
sem pé, esmagadas com os caroços, em 3 1 de aguardente, passar por um peneiro fino, adicionar 500 g
de açúcar por garrafa, rolhar e deixar repousar; tomar depois das refeições O Vinho de erva-benta,
macerar

durante 24 horas 40 g de rizoma cortado em pedaços em 1 l de bom vinho tinto e depois filtrar; tomar
depois das refeições O Licor de estragão, macerar durante 2 meses 60 g de folhas frescas
392
em 1 l de aguarctente, coar e adicionar 300 g de xarope comum; tomar depois das refeições O Licor de
losna, macerar durante 2 semanas, mexendo de vez em quando, 40 g de folhas de losna secas, filtrar e
adicionar 500 g de xarope comum; depois das refeições O Vinho de macela ou de matricária, macerar
durante 5 dias 80 g de flores secas em 1 l de vinho branco doce e filtrar; tomar depois das refeições. *
Preparações para serem conservadas em frascos pequenos de vidro corado bem rolhados; tomar 20
gotas num copo de água pouco açucarada. Depois das refeições: O Tintura de genciana, macerar
durante 6 dias 6 g de raízes secas e

cortadas em 60 g de álcool a 600 e filtrar. Antes das refeições: O Tintura de carvalhinha, macerar
durante 1 semana 5 g de sumidades floridas secas em 50 g de álcool a 600 e filtrar. * Tomar 10 gotas
depois das refeições: O Tintura de hissopo, macerar durante 3 semanas 20 g de sumidades floridas e
20 g de folhas de hortelã-pimenta em 1 l de álcool a 601 e filtrar O Tintura de limão, macerar durante
1 semana 60 g de casca de fruto não tratado quimicamente em 100 g de álcool a 600 e filtrar.

V. também: Estômago, Fígado, Intestino.

Dismeinorreia. V. Menstruação.

Dispepsia. V. Digestão.

Dispneia. V. Pulmão.

Diurese. Eliminação de urina e portanto de substáricias (metabolitos) por ela transportados. As plantas
com propriedades diuréticas são muito numerosas. Deverão escolher-se as que melhor convierem a
cada organismo.

Uso interno
O Decocção de aljófar, 30 g de planta inteira em

1 l de bom vinho branco, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos e coar; 1 copo em jejum todas as
manhãs durante 8 dias O Decocção de buglossa, 30 g de sumidades floridas e de folhas secas para 1 l
de água fria, ferver 10 minutos; 3 chávenas por dia entre as refeições O Decocção de cardo-corredor,
40 g de raizes para 1 l de água, ferver 5 minutos; 4 chávenas por dia entre as refeições O Decocção de
pés de cereja, 45 g para
1 l de água, ferver 10 minutos; 2 tigelas grandes por dia O Infusão de erva-coalheira, 20 g para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia O Decocção de espargo-hortense, 50 g de
raízes para 1 l de água, ferver 10 minutos e

coar; beber em 2 dias O Decocção de feto-real,


20 g de rizoma seco para 1 l de água, tapar, ferver 5 minutos, infundir 5 minutos; 2 copos por dia O
Infusão de goiveiro-amarelo, 25 g de flores secas para 1 l de água fervente; 3 chávenas por dia entre as
refeições O Infusão composta de 40 g de cascas secas de maçã e 40 g de folhas secas de
pereira para 1 l de água fervente O Decocção de oliveira, 30 g de folhas frescas ou secas para 1 l de
água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos e coar; beber 1 chávena o mais quente possível antes das
2 refeições principais O Decocção de pereira, 45 g de folhas em 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir
15 minutos e coar; 2 chávenas por dia O Decocçáo de quaresma, 30 g de planta fresca para 1 l de
água, ferver 5 minutos e coar; dose para 2 dias O Decocção de sempre-noiva,
40 g de planta inteira seca para 1 l de água, ferver para reduzir até O,5 1, coar imediatamente;
2 copos pequenos por dia. * Vinho de alho-porro, macerar durante 1 manhã 5 g de sementes de alho-
porro em 1 l de vinho branco e coar; 3 copos de licor por dia * Vinho de erva-ulmeira, 50 g de flores
frescas em

1 l de vinho branco fervente, infundir 10 minutos; 2 copos pequenos por dia O Vinho de escrofulária-
nodosa, macerar durante 12 horas 15 g de rizoma seco e esmagado em 1 l de vinho branco de boa
qualidade; 2 copos de licor por dia durante 1 semana.

Muito aconselhado: sopa com alho-porro e pastinaga.

Dor. Sensação desagradável que pode localizar-se em qualquer parte do corpo, com causas e
características muito variáveis.

USO EXTERNO
O óleo de jasmineiro-galego, macerar, pelo menos durante 1 mês, 100 g de flores frescas ou

secas em 300 g de azeite; aplicar uma compressa embebida nesta preparação nas zonas doridas O
Cataplasma de folhas verdes de losna, aquecidas e esmagadas entre os dedos O Decocção de folhas de
loureiro, 150 g para 1 l de água, ferver 2 horas e coar; friccionar com o líquido O Cataplasma de flores
de macela cozidas em água O Fomentação de vinho de salgueiro-branco obtida por ebulição lenta
durante 2 horas, num recipiente tapado, de 50 g de folhas O Maceração de vide-branca, 200 g de
folhas frescas cortadas em

tiras em 1 l de álcool a 600 durante 8 dias, mexer todos os dias; coar e conservar num frasco rolhado;
friccionar.

Uso interno Para as dores musculares


O Infusão de folhas de freixo, 40 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 20 minutos e

coar; 2 chávenas por dia.

Para todas as dores e pancadas


O Infusão de coentros, 30 g de frutos para 1 l de água fervente; 1 chávena.

V. também: Artrite, Cólica, Dentes, Dores musculares, Entorse, Estômago, Ferida, Nevralgia,
Panarícío.

Dor de cabeça. V. Cefaleia, Enxaqueca.


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Dor de garganta. V. Anginas, Faringite, Laringite, Voz.

Dores musculares. Fadiga muscular acompanhada de dor devida a um excesso de práticas desportivas
ou às primeiras perturbações de uma doença infecciosa (gripe, por exemplo).

USOS EXTERNO E INTERNO


* Friccionar com metade de 1 limão.
* Infusão de choupo-negro, 20 g de gemas secas

para 1 l de água fervente, infundir 30 minutos; 3 chávenas por dia; esfregar simultaneamente as

zonas doridas com uma maceração de choupo-negro: colocar durante 1 mês 100 g de gemas secas
esmagadas em 1 l de aguardente e não retirar as gemas da preparação.

ECZEMA. SURGIMENTO, EM QUALQUER PARTE DO CORPO,


de uma zona vermelha e pruriginosa que se cobre de vesículas. Estas rebentam, deitando uma
serosidade, surgindo depois a crosta. Qualquer que seja a

causa, o eczema pode reagir favoravelmente à acção das plantas. Pode fazer-se anualmente, na

Primavera, uma cura de limpeza.

Uso interno * Tomar 2 chávenas por dia: O Decocção de amor-perfeito-bravo, 20 g de flores e de


folhas frescas para 1 l de água, ferver 1 minuto, infundir 10 minutos O Decoeção composta de 20 g de
flores e de folhas de amor-perfeito-bravo, 10 g de raizes de gatunha e 10 g de raizes de saboeira para 1
l de água, ferver 15 minutos O Decoeção de cardo-penteador-bravo, 40 g de raizes secas

para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de carlina, 20 g de raizes para 1 l de água, ferver
10 minutos O Decocção de cenoura, 30 g de sementes para 1 l de água, ferver 1 minuto, coar

imediatamente e beber; preparar apenas 1 chávena de cada vez O Decocção composta de 20 g de


raízes de saboeira e 40 g de rizoma seco de grama-francesa para 1 l de água, ferver 30 minutos
O Infusão de fumária, 20 g de planta florida para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos, pôr muito pouco açúcar O Decocção de vara-de-ouro, 40 g
de sumidades floridas para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos.

USO EXTERNO * Lavar 2 vezes por dia as lesões com: O Suco fresco de aliária, tendo a planta sido
previamente lavada com cuidado O Decocção de arando, 50 g de bagas e de folhas partidas para 1 l de
água, ferver 10 minutos e coar O Decocção de salgueirinha, 80 g de sumidades floridas e de folhas
novas secas para 1 l de água, ferver 1 minuto, deixar amornar e filtrar O Decocção de tremo394
ços, 30 g de sementes em 1 l de água, aquecer lentamente até à ebulição, ferver 15 minutos, deixar
amornar, coar, adicionar 50 g de vinagre, conservar num frasco rolhado e utilizar nos 5 dias seguintes.

V. também: Cura de Primavera.

Edema. Acumulação de serosidade nos tecidos, localizada ou generalizada. Ao nível da pele, o edema
caracteriza-se por uma turnefacção ou um inchaço, por vezes muito pronunciado, de aspecto variável.
É necessário procurar a sua causa (rins, coração, insuficiência circulatória) e tratá-la.

Uso interno * Beber 3 chávenas diárias durante 3 semanas: * Infusão de bonina, 50 g de flores e de
folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de borragem, 60 g de flores para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de cardo-corredor, 40 g de raizes para 1 l de água,
ferver 5 minutos, infundir 10 minutos; quantidade para 2 dias O Infusão de fidalgui- nhos, 30 g de
planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de gatunha, 30 g de flores e de folhas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de gilbarbeira,
30 g de rizoma para 1 l de água, ferver 15 minutos, infundir 15 minutos O Decocção de levístico, 20 g
de raizes para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5 minutos O Decocção de parietária, 25 g de
planta fresca para 1 l de água, ferver
5 minutos, infundir 10 minutos; dose para 2 dias
O Infusão de pilosela, 80 g de planta fresca para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de rábano-rústico, 15 g de raízes para 1 l de água
fervente, deixar repousar 1 noite e filtrar O Infusão de ulmeira, 60 g de folhas e de flores secas para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de urtigão, 50 g de raizes para
1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos; quantidade para 2 dias O Decocção de vara-de-
ouro, 40 g de sumidades floridas e de caule para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos;
quantidade para 2 dias.

Especialmente indicados para os edemas das pernas e dos tornozelos * Beber 3 chávenas por dia: *
Decocção de milho, 40 g de estigmas para 1 l de água, ferver
10 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de salsa, 20 g de sementes para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos. * Beber 2 chávenas por dia: O Decocçâo de amor- de-hortelão, 30 g de planta
para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos. * Beber só 1 chávena ao longo do dia em
pequenos golos: O Infusão de graciosa, 10 g de planta seca para 1 l de água fervente, infundir 5
minutos O Infusão de pimenta-d'água, 5 g para 1 chávena de água fervente, infundir 10 minutos. *
Beber às colheres de sopa até 20 por dia (não ultrapassar): O Infusão de giesteira-das-vassouras, 25 g
de flores para 1 l de água fervente.
* Vinhos, para tomar em doses de 1 copo pequeno todas as manhãs: O Vinho de alho-porro, adicionar
ao equivalente a 1 copo de vinho branco fervente 3 g de sementes, infundir 10 minutos e beber
imediatamente O Vinho de alquequenje, macerar durante 10 dias 30 g de caules, folhas e

bagas em 1 l de vinho branco e coar O Vinho de bétula (vidoeiro), macerar durante 8 dias 50 g de
casca em 1 l de vinho tinto e coar O Vinho de cebola, pôr 500 g de cebolas cruas completamente
esmagadas, se possível centrifugadas, em 1 l de vinho branco, adicionar 100 g de xarope comum; 2
colheres de sopa antes das refeições O Vinho de escrofulária-nodosa, ralar 50 g de rizoma em 1 l de
vinho branco, macerar durante
8 dias e coar O Vinho de visco, macerar durante

8 dias 30 g de folhas em 1 l de vinho branco e coar O Vinho de zimbro, deitar em 1 l de vinho tinto 50
g de bagas esmagadas, ferver 1 minuto, macerar 48 horas e coar.

USO EXTERNO Para as pernas inchadas * Banhos tépidos de 10 minutos, seguidos de uma passagem
por água fria. O doente deve estender-se em seguida com as pernas ligeiramente levantadas: O Banho
de alecrim, decocção de
60 g de folhas para 3 1 de água com 20 g de sal grosso, ferver 10 minutos e coar O Banho de
nogueira, decocção de@ 500 g de folhas em 4 1 de água fria, ferver 10 minutos e coar O Banho de
salva-esclareia, 300 g de folhas em 4 1 de água fervente, infundir 10 minutos e coar.

Para os tornozelos inchados


O Compressas de engos: O Infusão de 50 g de flores em 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e
coar O Compressas de hera: decocção de
100 g de folhas frescas para 1 l de água, ferver
10 minutos e coar.

Para as pálpebras inchadas


O Compressas de aveleira: infusão de 20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 horas e
coar.

Enfisema pulmonar. Dilatação dos alvéolos pulmonares, que passam a ter mais ar que normalmente. A
respiração está alterada por uma

diminuição da elasticidade das paredes alveolares. Surge sobretudo depois dos 50 anos.

USO EXTERNO
O Inalação de betónica, decocção de raiz e de folhas, 50 g em 1 l de água, ferver 10 minutos, retirar do
lume, inalar os vapores o mais quente possível, cobrindo a cabeça com uma toalha. Esta preparação,
que pode ser reaquecida (não filtrar), dá para 3 doses.

Uso interno
O Infusão de abeto-branco, 45 g de gemas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia entre as refeições O Infusão de
borragem, 60 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos, beber quente O
DecocENTORSE
ção de chagas, 30 g de folhas frescas para 1 l de água, ferver 3 minutos; 3 chávenas por dia entre as
refeições durante 3 dias.
O Vinho de girassol: macerar ao sol durante 4 semanas num frasco transparente 100 g de planta sem a
raiz, cortada em pedaços, em 200 g de álcool a 600, filtrar, conservar num frasco rolhado à sombra,
esperar 8 dias e adicionar 1 l de bom vinho branco; tomar 4 colheres de sopa por dia, das quais 2 de
manhã em jejum e as outras 2 entre as refeições, durante 1 semana O Infusão de hera, 20 g de folhas
secas para 1 l de água em ebulição, ferver 2 minutos, infundir 10 minutos e filtrar imediatamente; dose
para 1 dia O Vinho de marroio: macerar durante 10 dias 50 g de sumidades floridas e de folhas secas
em 1 l de vinho doce natural e filtrar; para tomar como aperitivo antes das 2 refeições principais O
Infusão de salva, 20 g de flores e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas
por dia entre as refeições.
O Comer alho cru a todas as refeições.

Enjoo. Indisposição generalizada causada pelos movimentos de um veículo: avião, barco, automóvel,
comboio.

Uso interno
O Decocção de cardo-de- santa- mari a, 1 g de pó de sementes para 1 chávena de água, ferver 10
minutos; beber na semana que antecede a partida.
O Decocção de líquen-da-islândia, 15 g de planta para 1 l de água, ferver 30 minutos num recipiente
destapado, coar e deixar arrefecer; beber sem açúcar O Infusão de losna, 15 g de sumidades floridas
pata 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar; 2 chávenas por dia O Vinho de trevo-d'água,
macerar durante 8 dias, agitando de tempos a tempos, 50 g de folhas secas em 1 l de bom vinho tinto e
filtrar: 1 cálice de licor 2 vezes por dia.

Entorse. Distensão violenta e dolorosa dos ligamentos, provocando uma lesão articular mais ou menos
grave.

USO EXTERNO * Untar muito ligeiramente a entorse: O óleo de hipericão, cozer em lume muito
brando, durante
3 horas, 200 g de sumidades floridas em O,5 1 de azeite, deixar arrefecer, filtrar e conservar num
frasco bem fechado ao abrigo da luz O Tintura de arnica, macerar durante 12 dias, em 200 g de álcool
a 600, 20 g de flores e de raízes secas, filtrar e conservar num frasco bem rolhado; na altura de usar,
misturar 20 gotas de tintura com

50 g de glicerina e 60 g de água; fazer compressas com este líquido. * Colocar num tecido fino e
aplicar: O Cataplasma de folhas de agrimónia cozidas em vinagre com um pouco de farelos O
Cataplasma de raiz fresca ralada de consolda-maior impregnada de azeite O Cataplasma de 50 g de
folhas secas

de engos cozidas em lume brando, durante 2 horas, em 100 g de azeite.


395
1 * Colocar sobre a articulação compressas molhadas em: O Tintura de alecrim e de salva, macerar
durante 15 dias em O,5 1 de álcool 20 g de sumidades floridas de alecrim e 20 g de sumidades floridas
de salva O Infusão de tanaceto, 60 g de caules floridos secos em 1 l de água fervente, misturar, tapar,
infundir 10 minutos e filtrar; colocar uma ligadura sobre as compressas, renovando-as de 3 em 3 horas
O Esmagar folhas frescas: - de bonina, - de tussilagem; embeber as

compressas com o suco.

Entorse do tornozelo
O Mergulhar o pé numa bacia contendo 3 1 de água quente e 10 g de tintura de arnica.

Enurese. Incontinência de urina, mais frequentemente durante a noite. A micção na cama pode ter
uma causa orgânica ou psicológica. No caso
das crianças, só se fala de enurese a partir dos 3 anos. Pode também surgir em pessoas idosas ou
obesas.

Uso interno * As preparações líquidas não devem ser tomadas depois das 18 h: O Decoeção de
bistorta, 30 g -de rizoma seco para 1 l de água, ferver 5 minutos; 2 chávenas por dia O Tintura de
cipreste, macerar durante 24 horas 15 g de frutos em 150 g de álcool a 600, filtrar e conservar num
frasco opaco e rolhado; 10 a 15 gotas ao jantar, diluídas num pouco de água O Infusão de hipericão e
de pilosela, 20 g de cada planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia
O Decocção de urze, 50 g de sumidades floridas para 1 l de água, ferver até reduzir a O,75 1; dose
para 2 dias O Decocção de uva-ursina, 25 g de folhas novas secas para 1 l de água, ferver até reduzir a
O,5 1; dose para 2 dias. * Ao jantar, para substituir o pão: O Bolacha de urtigão, amassar farinha de
centeio ou de trigo com uma decocção de urtigão, 10 g de sementes para 1 l de água, ferver 20
minutos, temperar com sal e cozer as bolachas no forno.
O Cura de tuia-vulgar, exclusivamente para adultos, decocção de folhas, 20 g para 1 l de água, ferver
3 minutos, infundir 5 minutos; beber 1 l por dia, 10 dias por mês durante 3 meses.

Envelhecimento. Se associarmos as plantas a uma disciplina higiénica e alimentar, estas podem


retardar, mas não suprimir, este inevitável fenômeno fisiológico.

Uso interno
O Comer muita fruta e legumes frescos, crus ou

cozidos, e cereais. Todos são bons, especialmente o alperce, a aveia, a cenoura, o figo, a laranja, a
maçã e a uva.
O Beber chá de freixo em abundância: infusão de
40 g de folhas secas para 1 l de água fervente O Suco de hipofaé: colher os frutos bem maduros, em
Outubro, esmagá-los, coar o sumo, adicionar metade do seu peso de açúcar, cozer 20 minutos e
conservar em frasco hermeticamente fechado;

consumir no Inverno O Tomar todos os dias pó de laminárias, 2 vezes 1 g numa colher de mel.

Enxaqueca. Dor de cabeça intensa, geralmente unilateral, que surge por acessos.

Uso interno, * Tomar 1 chávena e descansar num local escuro: * Infusão de alecrim, 20 g de
sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de hortelã, 20
g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de levístico, 30 g de sementes
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de passiflora, 20 g de flores em 1 l de água
fervente, infundir 15 minutos O Decocção de pé-de-leão,
40 g para 1 l de água, ferver 20 minutos, infundir
10 minutos.

USO EXTERNO * Envolver os pulsos com: O Cataplasma de agrimónia, folhas cozidas em pequena
quantidade de água; aplicadas entre 2 pedaços de tecido
O Cataplasma de pulsátila, folhas frescas em volta dos punhos O Compressa embebida em algumas
gotas de alcoolatura feita com 20 g de pulsátila macerada durante 10 dias em 20 g de álcool a
900.

Epidemia. Extensão de uma doença por contágio. Algumas plantas têm acção protectora em casos de
epidemia.

Uso interno
O Mastigar diariamente um pedaço de raiz de angélica O Comer: - beterraba hortícola crua,
- cenouras raladas O Comer alho cru a todas as refeições O Beber: - suco de cenoura; 1 copo por dia, -
sumo de limão; 200 g por dia, sumo de tomate; 3 copos diários.

Em épocas de epidemia
O Vinho de angélica, macerar durante 48 horas num recipiente de barro, mexendo de vez em

quando, 50 g de raízes misturadas com folhas frescas picadas em 1 l de bom vinho tinto, filtrar e
conservar num frasco rolhado; 1 copo pequeno antes das refeições. * Tomar 3 chávenas por dia: O
Decocção de eucalipto, 20 g de folhas secas para 1 l de água, ferver 2 minutos O Infusão de
groselheira, 50 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão de tomilho, 25 g
de planta fresca ou seca para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos.

Epilepsia. Doença que provoca crises convulsivas que requerem cuidados médicos. Algumas plantas
são úteis,

USO INTERNO
O Pó de artemísia, 15 g de raízes secas moídas misturadas com 30 g de mel; tomar durante o dia às
colheres de sobremesa O Infusão de buxo, 20 g
396
de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar; 2 chávenas por dia O Infusão de
erva-coalheira, 20 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente; 1 chávena por dia O Infusão de
laranjeíra-amarga, 20 g de folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar;
4 chávenas por dia O Infusão de orégãos, 15 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos;
3 chávenas por dia O Infusão de visco, 15 g de folhas frescas para 1 l de água fervente; 3 ou 4

chávenas por dia.

Epistaxe. Hemorragia nasal.

USO EXTERNO * Introduzir na narina que sangra um algodão embebido: O Suco: - de bolsa-de-
pastor, - de limão, - de salgueirinha, - de sempre-noiva,
- de tanchagem, - de folhas frescas de urtigão
O Decocção de cavalinha, 30 g para 1 l de água, ferver 8 minutos O Decocção de serpão, 30 g para 1 l
de água, ferver 3 minutos. * Colocar na narina: O Pó de casca de carvalho;
1 pitada O Pó de folha seca: - de pilosela; 1 pitada, - de sabugueiro; 1 pitada.

Uso interno
O Vinho de aveleira, 5 g de flores masculinas em O,25 1 de vinho fervente, infundir 10 minutos;
1 copo O Decocção de cavalinha, 15 g de planta seca para 1 l de água, ferver 30 minutos.

Equimose. V. Contusão.

Eritema. Vermelhidão dos tegumentos, localizada ou generalizada, devida a numerosas causas.

Pode ser sinal de doença infecciosa, de alteração circulatória ou hormonal. Consideram-se apenas os
er'temas cutâneos provocados por coceira.

USO EXTERNO
O Lavar com: - óleo de amêndoas doces, azeite, - sumo de pepino fresco O Polvilhar com: - pó de
licopódio (formado pelos esporos da planta), - pó de casca de salgueiro-branco.

V. também: Nariz, Pele.

Escara. Lesão constituída por tecido necrosado, frequentemente localizada nos pontos de pressão que
suportam o peso do corpo durante urna permanência prolongada no leito.

USO EXTERNO
O óleo de alfenheiro, num frasco de vidro, deixar macerar 150 g de flores, durante 1 mês, ao sol em 1
l de azeite; passar suavemente todos os dias algodão embebido neste óleo sobre as escaras.

Escorbuto. Doença, rara nos nossos dias, provocada por uma carência em vitamina C. Todos os
vegetais frescos e os frutos de consumo corrente
contêm esta vitamina, que existe também nas
sementes germinadas dos cereais.
Uso interno
O Mastigar todos os dias 1 folha fresca de coeleária O Comer couve crua picada, temperada com
azeite e sumo de limão, pelo menos 3 vezes

por semana O Suco de couve ou suco de agrião;


1 copo por dia O Infusão de erva-de-santa-bárbara, 30 g de folhas frescas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia O Decocção de faia-preta, 20 g de casca de ramos novos para
1 l de água, ferver 20 minutos e coar;
2 chávenas por dia. * Algumas preparações mais complexas, mas

deliciosas para os meses de Inverno: O Geleia de bérberis, cozer as bagas maduras cobrindo-as de
água, ferver 20 minutos, esmagar, passar pela peneira, adicionar igual peso de açúcar, ferver
novamente, escumar 2 vezes e pôr em frascos O Conserva de funcho-marítimo: colocar num recipiente
de barro folhas de funcho-marítimo com

alguns ramos de estragão e 1 punhado de sal grosso, cobrir com vinagre vínico fervente; 12 horas
depois, retirar o vinagre, passá-lo pela peneira, fervé-1o novamente, deitá-lo no recipiente e tapar O
Sumo de hipofaé, contundir os frutos maduros, coar espremendo, adicionar ao sumo

idêntico peso de açúcar, cozer, ferver durante 15 minutos e engarrafar,

Escoriação. V. Ferida.

Espasmo. Contracção muscular involuntária, que pode situar-se também ao nível das vísceras
(esófago, estômago, intestino, brônquios, útero).

Uso interno
O Decocção de alcaçuz, 50 g de raízes para 1 l de água, ferver 3 minutos; macerar 10 horas O
Infusão de anis-verde, 30 g de sementes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
basílico, 30 g de planta fresca para 1 1de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de coentros, 30
g de sementes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de estaque, 30 g de planta para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de hortelã-pimenta, 20 g de sumidades floridas e
de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de nêveda, 30 g de planta para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de passifiora, 30 g de folhas e flores para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de satureja-das-montanhas, 50 g de planta para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos. * Preparações mais complexas: O Extracto fluido de onagra, infundir
durante 20 minutos 20 g de planta em 200 g de água fervente, filtrar e

ferver o líquido para reduzir para Vio; meia colher de café numa infusão de hortelã-pimenta O
Alcoolatura de peónia, macerar durante 10 dias
10 g de raizes frescas em 40 g de álcool a 700 e filtrar; em caso de espasmos, deitar 5 gotas numa

infusão de hortelã-pimenta O Tintura alcoólica


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de pirliteiro, macerar durante 15 dias 20 g de frutos e de flores em 100 g de álcool a 700 e filtrar;
20 gotas ao deitar O Alcoolatura de pulsátila, macerar durante 5 dias 25 g de planta fresca em

25 g de álcool a 901 e filtrar; 20 gotas por dia em

2 vezes.

Esterilidade. Incapacidade de conceber. A razão deve ser determinada. Na ausência de causas


orgânicas ou psíquicas, algumas plantas são por vezes indicadas.

Uso interno
* O alho-porro deve fazer parte da alimentação
* Dois cereais, a aveia e o trigo, sob todas as
suas formas (flocos, papas, bolos, pão integral) têm grande reputação O Infusão de salva, 20 g de
folhas e de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia.

Estômago. Uma das mais dolorosas afecções do estômago é a gastrite, ulcerada ou não; porém, outras
afecções podem manifestar-se por gastralgias, espasmos, aerofagia ou atraso na digestão. Só o médico
pode fazer o diagnóstico.

Uso interno De entre as plantas alimentares benéficas para o


estômago, destacam-se a batata, a cenoura, a cevada, a laranja, a maçã e as nêsperas.

Atonia do estômago * 2 chávenas por dia: * Vinho de balsamita, macerar durante 8 dias 20 g de planta
inteira seca

em 1 l de bom vinho tinto e coar; antes ou depois das refeições O Infusão de énula-campana, 15 g de
raizes secas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; antes das refeições O Infusão de eucalipto, 15 g de folhas secas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; entre as refeições
O Infusão de hera, 50 g de planta florida para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; entre as

refeições O Infusão de morugem, 25 g de planta florida fresca ou seca para 1 l de água fervente,
infundir 15 minutos; antes das refeições O Infusã o de nêveda, 40 g de planta para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; depois das refeições O Infusão de nêveda-dos-gatos, 50 g de sumidades
floridas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; entre as refeições O Infusão de ruibarbo,
20 g de raizes secas cortadas

em pequenos pedaços em 1 l de água fervente, infundir 15 minutos; antes das refeições O Infusão de
satureja, 20 g de sumidades floridas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos; antes ou

depois das refeições O Infusão de: - serpão, tomilho, 20 g de planta seca em água fervente, deixar
ferver alguns segundos, infundir 10 minutos; entre as refeições.
O Pó de erva-benta, 1 g em 1 colher de mel; antes das refeições.

estômago:Cãibras, gastralgias e espasmos


O Infusão de acácia-bastarda, 40 g de flores para

1 l de água fervente, infundir 10 minutos; antes das refeições O Tintura de anis-verde, macerar

durante 10 dias 20 sementes em 100 g de álcool a

600, coar, conservar num frasco rolhado; 10 gotas diluídas numa infusão de tília ou num copo
pequeno de água açucarada O Decocção de argentina, 30 g de folhas secas para 1 l de água fria,
aquecer até à ebulição durante 30 segundos, infundir 10 minutos; entre as refeições O Infusão de
basílico, 20 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos; depois das refeições O Infusão
de manjerona, 30 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos;
entre as refeições O Vinho de orégãos, macerar durante 1 semana 50 g de sumidades floridas em
1 l de bom vinho tinto e coar; 1 copo pequeno durante as refeições.

estômago: Dores ulcerosas


O Decoeção de alcaçuz, ferver durante 5 minutos e depois macerar durante 1 noite 50 g de raizes em 1
l de água; quantidade para tomar durante 1 dia O Decocção de cominhos, 30 g de sementes para 1 l de
água, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos; 1 chávena depois da refeição O Macerar durante 1 noite,
depois de ter levado à ebulição,
150 g de raizes de consolda-maior em 1 l de água e coar; quantidade para 24 horas O Infusão de
melissa, 50 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena depois
da refeição.

Estrias cutâneas. Traços, primeiramente vermelhos, depois nacarados, semelhantes a cicatrizes,


devidos a ruptura das fibras elásticas da pele submetida a uma distensão.

USO EXTERNO * Aplicar 2 vezes por dia sobre as regiõe@ afectadas: O Compressas impregnadas de
uma decocção de cavalinha, 40 g de planta seca para 1 l de água, ferver 3 minutos, deixar amornar e
coar

O Cataplasma de hera, cozer algumas folhas num pouco de água, esmagar e aplicar entre 2 pedaços de
tecido fino O Compressas embebidas numa

decoeção de pé-de-leão, 100 g de folhas para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos e coar.

Fadiga. Estado de um órgão ou do organismo que provoca uma sensação subjectiva de prostração. A
fadiga pode levar ao esgotamento e este conduzir à morte.

USO EXTERNO Banhos repousantes


O Laminárias, 250 g de planta seca e esmagada para 1 l de água fervente; misturar num banho O
Loureiro, macerar durante 48 horas 350 g de bagas e de folhas em 5 1 de água fria; misturar
398
num banho muito quente, espremendo a preparação O Pinheiro-bravo, 150 g de agulhas colocadas
num pequeno saco para 3 1 de água, ferver 30 minutos; misturar o líquido num banho muito quente,
comprimindo o saco O Serpão, 60 g de planta fresca em 2 1 de água fervente, deixar arrefecer
espremendo a planta e coar; misturar num banho quente.

Uso interno
O Sumo de ameixa; beber como aperitivo antes das 2 refeições principais O Vinho de funcho, macerar
durante 2 semanas em 1 l de bom vinho tinto 30 g de sementes e coar; 2 copos pequenos por dia O
Comer rábano-rústico O Decocção de
30 g de raizes frescas de rábano-rústico para 1 l de água, ferver 5 minutos; 1 chávena a cada uma das
refeições O Tomar: abrótano-fêmea com mel, - líqueri-da-islândia na compota, - sementes de pilosela;
1 colher de café 1 vez por dia
O Decocção de abrunheiro-bravo, 40 g de frutos para 1 l de água, ferver 5 minutos; 1 l por dia O
Infusão de coentros, 40 g de frutos para 1 l de á gua fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena depois
de cada uma das refeições O Decocção de genciana, 20 g de raizes para 1 l de água, ferver
10 minutos; 2 chávenas por dia entre as refeições
O Infusão de nêveda, 20 g de planta florida para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena por dia O Infusão de satirião-macho, 5 g de pó de
tubérculo em 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; 1 l por dia O Infusão de silva-macha, 50 g de flores e de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; 4 chávenas por dia
O Infusão de verónica, 20 g de surnidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos;
1 chávena por dia.

Faringite. Inflamação da faringe que atinge também co,-n frequência as fossas nasais, surgindo então
uma rinofaringite.

USO EXTERNO * Gargarejar 4 vezes por dia com uma das preparações cuidadosamente filtradas; a
quantidade da planta é dada para 1 l de água fervente e dose diária: O Infusão de castanheiro, 40 g de
folhas secas, infundir 15 minutos O Decocção de eufrásia, 40 g de planta, ferver 10 minutos O Infusão
de malva, 40 g de flores, infundir 10 minutos; utilizar muito quente.

Febre. Elevação da temperatura do corpo, geralmente acompanhada de aceleração do pulso, comum a


numerosas doenças.

USO INTERNO
O Decocção de ameixeira, 25 g de folhas secas

para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia O Decocção de antenária,
10 g de flores para 1 l de água, ferver 30 minutos e coar imediatamente; beber em 3 doses durante o
dia O Infusão de artemísia, 10 g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos; 1 chávena por dia O
Decocção de aveleira, 25 g de casca de ramos novos para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10
minutos; 1 chávena por dia O Infusão de borragem, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; 1 chávena por dia O Decocção de buxo, 25 g de folhas secas para 1 l de água, ferver 20
minutos, coar e pôr açúcar; beber ern 2 doses O Decocção de cardo-estrelado, 30 g de sumidades
floridas e de folhas para
1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos e coar; dose para 48 horas O Infusão de cardo-
santo, 30 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e

coar; 3 chávenas durante o dia O Decoeção de castanheiro-da- índia, 15 g de casca seca de raiz para 1 l
de água, ferver 10 minutos e coar; 2 cálices de licor por dia. Esta preparação conserva a

sua eficácia durante alguns dias se for guardada num frasco bem rolhado O Decocção: - de choupo-
negro, - de faia-preta, 20 g de casca para 1 l de água, ferver 20 minutos e coar; 2 chávenas por dia O
Decocção de cinco-em-rama,
30 g de raízes secas para 1 l de água, ferver 10 minutos; 3 chávenas por dia O Infusão de eucalipto,
25 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos; 4 chávenas durante o dia O
Decocção de faia, 50 g de casca seca moída para
1 l de água, ferver 15 minutos em lume brando e coar; 2 chávenas com 2 horas de intervalo O Infusão
de fel-da-terra, 20 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas
por dia 9 Decocção de lilás, 50 g de flores secas para 1 l de água, ferver 5 minutos e

coar imediatamente; beber vários copos durante o

dia O Infusão de marroio, 40 g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente, infundir,
arrefecer e coar; dose para 1 dia O Infusão de matricária, 20 g de flores secas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas com algumas horas de intervalo O Infusão de pulsátiIa, 15 g
de folhas e de flores secas reduzidas a pó para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos e
filtrar; 2 chávenas grandes de 2 em 2 horas O Infusão de verbena, 20 g de planta para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia.

No caso de dispor de frutos não tratados quimicamente: O Infusão de laranja, cortar em pedaços e
colocar numa tigela 1 fruto inteiro com a casca, adicionar 1 colher de sopa de açúcar e 400 g de água
fervente, macerar esmagando ligeiramente; beber frio.

Alguns vinhos medicinais para estados febris e Vinho de amieiro, macerar durante 10 dias 15 g de
casca seca e moída em 1 l de vinho branco e coar; tomar 6 colheres de sopa por dia O Vinho de
azevinho, macerar durante 1 semana 25 g de folhas de azevinho frescas e picadas em meio copo de
álcool a 600, adicionar 1 chávena de vinho branco, deixar passar mais 1 semana e

coar; 6 colheres de sopa por dia em 3 doses O Vinho de salgueiro-branco, macerar durante 2 semanas
40 g de casca seca e moída em 1 l de vinho tinto e coar; tomar 2 copos pequenos por dia. *
Preparações para reserva: O Tintura de giras
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sol, macerar durante 10 dias 5 g de folhas secas

em 50 g de álcool a 600, coar e conservar num frasco de vidro corado; 20 gotas em 1 copo de água,
repetir a dose 3 horas depois, se necessário
O Uma colher de café de mel ao qual se misturam 2 g de pó de losna ou 2 g de folhas secas de trevo-
d'água.

USO EXTERNO
O Cataplasma de folhas frescas de beldroega, salgadas e picadas em vinagre, aplicadas na planta dos
pés.

Ferida. São numerosas as plantas que, devido à sua acção anti-séptica, adstringente, anti-inflamatória,
cicatrizante e vulnerária, actuam favoravelmente na cura de feridas. Apenas se consideram feridas
superficiais, golpes ou arranhões leves; qualquer ferida profunda ou especialmente suja exige cuidados
médicos.

USO EXTERNO * Lavar a ferida com: O Decocção feita em 1 l de água, ferver 10 minutos: -
abrótano, 20 g de folhas e sumidades floridas, salgar a água, agrimónia, 80 g de folhas e sumidades
floridas,
- agripalma, 50 g de sumidades floridas, armeiro, 30 g de casca, - angélica, 10 g de raízes, - argentina,
30 g de rizoma, - aristolóquia,
80 g de raízes, - artemísia, 20 g de sumidades floridas, - bétula (vidoeiro), 60 g de folhas, bistorta, 30
g de rizoma, - cardo-santo, 50 g de folhas, - cinco-em-rama, 30 g de rizoma, epilóbio, 30 g de raízes, -
feto-macho, 10 g de rizoma, - nespereira, 80 g de frutos sem caroço

e sem pé, - sanícula, 30 g de folhas e de raízes,


- tormentila, 30 g de rizoma, - zimbro, 50 g de bagas. * Lavar a ferida com: O Infusão feita em 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos: - alfazema,
60 g de sumidades floridas, - antenária, 20 g de flores, - aveleira, 25 g de folhas, - erva-dos-escudos,
50 g de planta, - eucalipto, 100 g de folhas, - feto-real, 20 g de raizes, - linho-de-cuco, 30 g de planta,
- losna, 10 g de folhas e

sumidades floridas, - murta, 30 g de folhas, nêveda-dos-gatos, 10 g de sumidades floridas, rosas-


rubras, 50 g de pétalas, - santónico, 10 g de sumidades floridas, - s atureja-das- montanhas, 50 g de
folhas, - silva-macha, 50 g de folhas, - tomilho, 20 g de planta, - vulnerária,
30 g de folhas e de raizes. * Aplicar sobre a ferida: O Folhas cruas contusas de: - aipo, - aliária, - bois
a-de-pastor, búgula, - conchelos, - couve, - erva-de-são-roberto, - erva-férrea, - erva-sofia, - favária-
maior, - fel-da-terra, - groselheira, - milfólio, - morangueiro, - nogueira, - pé-de-leão,
- petasite, - pimenta-d'água, - pimpinela, saião-curto, - sanamunda, - sanguissorba-oficinal, - sempre-
noiva, - tanchagens - trevo-cervino, - tussilagem, - ulmeira O Folhas cruas de amor-perfeito-bravo
esmagadas em leite
O Folhas cozidas em água: - alho-porro, bardana-maior, - betónica O Folhas de hepática cozidas em
vinho O Flores cruas picadas: camomila, - maravilhas O Flores de bonina cozidas em água O Casca
fresca de faia-preta O Tegumento de alho e de cebola: colocar a face interna sobre a ferida O Polpa de
cenoura cultivada.

* Aplicar sobre a ferida: O Sumo puro de limão * Suco diluído em água fervida: - alho, cebola. *
Algumas loções podem ser preparadas com

antecedência e conservadas em frascos rolhados:


O Maceração de pétalas de açucena, 6 horas em
aguardente branca; aplicar as pétalas sobre a ferida O Maceração de folhas de erva-de-santa-bárbara,
pelo menos 12 horas em azeite O óleo de hipericão, macerar 500 g de sumidades floridas frescas em 1
l de azeite durante 10 dias num frasco fechado exposto ao sol.

Fígado. órgão que realiza diversas funções de depuração e de armazenamento de reservas. Assegura
igualmente a secreção contínua da bílis; as
plantas que activam esta produção denominam-se coleréticas.

USO INTERNO
Há muitas plantas benéficas para o fígado. Quase todas são muito conhecidas e não necessitam de
qualquer preparação especial, pois são geralmente consumidas cruas ou cozidas: - o agrião, - o
almeirão, - a beringela, - a beterraba-açucareira, - o cardo- de- santa- mari a, - a cenoura,
- o cerefólio, - o cersefi -bastardo (folhas novas cruas e raízes cozidas), a couve, - o espargo, - o
feijão verde, o mastruço, - o rabanete, - o taráxaco. Utilizar em saladas ou tomar 1 colher de sopa
de manhã em jejum: de azeite, - de óleo de papoila (produzido pelas sementes). De entre os frutos, são
preferíveis: a ameixa, - a laranja, - o melão, - as uvas,

Podem também tomar-se 3 colheres de ;opa por dia de sumo de lapsana. Todas estas plEntas
e@timulam a função hepática e a produção de MIA, desintoxicando as células. * Tomar 3 chávenas
por dia, das quais 1 em jejum: O Infusão de ac áci a- bastarda, 50 g de flores para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão composta de 20 g de folhas de alcachofra e de buxo, infundir 10
minutos O Decoeção de casca de bérberis, 30 g para 1 l de água, ferver
10 minutos, infundir 1 minuto O Decocção de carlina, 30 g de raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos
e pôr açúcar; beber imediatamente O Decocção de escrofulária-nodosa, 15 g de rizoma em 1 l de água,
ferver 15 minutos O Infusão de giesteira-das-vassouras, 30 g de flores para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; meia chávena, aumentar progressivamente as doses até 2 chávenas por dia sem as
exceder O Decocção composta de 30 g de folhas de groselheira- negra,
20 g de folhas de alcachofra, 20 g de folhas de taráxaco e 10 g de sumidades floridas de maravilhas,
todas secas, 15 g para 1 chávena de água fria, ferver 1 minuto, infundir 10 minutos O Decocção de
labaçol, 20 g de raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de levístico,
50 g de sementes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
400
língua-cervina, 20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
medronheiro, 50 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão composta de
20 g de sumidades floridas e de folhas de melissa e
10 g de flores de tília para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de nogueira, 25 g de
folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de polipódio, 40 g de rizoma para 1
l de água, ferver 1 minuto, infundir 10 minutos O Decocção de quaresmas, 20 g de plantas para 1 l de
água, ferver 5 minutos O Decocção de saboeira, 40 g de raízes para 1 l de água > ferver 5 minutos,
coar rapidamente, não preparar nunca com antecedência O Infusão de sabugueiro, colocar 50 g de
flores em 1 l de água fervente, mexer, não deixar infundir e filtrar O Infusão de trepadeira, 5 g de
folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de trevo-cervino, 25 g de raízes para 1
l de água em ebulição, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos O Decocção de verónica, 80 g de flores e
de folhas secas para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos. * Tomar 1 chávena de manhã
em jejum: O Decocção de alecrim, 40 g para 1 l de água, ferver 5 minutos.

V. também: Icterícia, Litíase, Vesícula biliar.

Flebite. Inflamação da parede de uma veia. Devido à gravidade das complicações que podem advir,
esta afecção deve ser sempre tratada por um médico. * As plantas seguidamente citadas podem ser

apenas consideradas como auxiliares do tratamento, sendo sobretudo úteis para beneficiar a

fase de cura, frequentemente marcada por diversas perturbações.

Uso interno
O Infusão composta de anis, 5 g de sementes, e

de tanchagens, 50 g de planta, para 1 l de água fervente; 4 chávenas por dia O Decocção de aveleira,
10 g de folhas secas para O,5 1 de água, ferver 5 minutos, infundir 5 minutos e coar; para tomar
metade de 1 copo ao longo do dia O Infusão de gilbarbeira, deitar 40 g de rizoma em 1 l de água
ebuliente, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos; para tomar ao longo do dia O Infusão de videira, 50
g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena depois das 2 refeições principais.

Fractura. Ruptura óssea, com ou sem deslocação, cujo sintoma é uma dor aguda no local de fractura
por pressão exercida neste ponto. Existe uma planta, a cavalinha, que facilita a consolidação das
fracturas. É indispensável ter sempre uma reserva desta planta seca.

USO INTERNO
O Decocção de cavalinha, 20 g de planta para 1 l de água, ferver 30 minutos; 2 chávenas por dia.

Frieira. Edema limitado, vermelho, duro e doloroso dos dedos das mãos e dos pés e das orelhas
provocado pelo frio.

USO EXTERNO * Banhos de mãos ou pés, fricções, compressas, cataplasmas: O Decocção de abeto-
branco, 50 g de gemas para 1 l de água, ferver 10 minutos e filtrar O Decocção de aipo, ferver 1 aipo
picado fresco, com folhas e raiz, durante 1 hora em 3 1 de água e coar; lavar de manhã e à noite o pé
ou a mão doentes com o líquido bem quente, ou fazer um banho local O Decocção de carvalho, 50 g
de casca seca reduzida a pó em 1 l de água, ferver 10 minutos e deixar repousar 30 minutos; mergulhar
a extremidade atingida na decocção quente durante 30 minutos 1 vez por dia O Decocção de cenoura
cultivada, 100 g de folhas para 1 l de água, ferver 20 minutos e coar; lavar as frieiras de manhã e à
noite com o líquido O Decocção de marmeleiro, cozer durante 30 minutos 50 g de sementes de
marmelo em 100 g de água e filtrar; lavar com o líquido O Decocção de nogueira, 50 g de folhas para
1 l de água, ferver
20 minutos; mergulhar a mão ou o pé durante 30 minutos neste banho, esfregando com as folhas
O Decocção de pulmonária, 50 g de folhas para
1 l de água, ferver 15 minutos; lavar as frieiras
com o líquido para acalmar a comichão e a dor O Decocção de sabugueiro, 30 g de flores secas para 1
l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos; utilizar quente para lavar ou banhar as zonas
afectadas O Decoeção de verbasco, 60 g de flores e de folhas frescas em 1 l de leite, ferver 10
minutos; lavar todas as noites as zonas atingidas com o leite sem limpar O Decocção de visco, se
possível visco de carvalho, 100 g de planta fresca para 1 l de água, ferver durante 1 hora em lume
brando e coar; mergulhar todas as
manhãs as extremidades atingidas, durante 10 minutos, num recipiente cheio deste líquido quente.
O Emplastro de açucena, cozer 1 bolbo em leite e esmagá-lo; aplicar tépido O Emplastro de castanha-
da-índia, cozer durante 30 minutos num pouco de água cerca de 15 castanhas - da- índia grandes,
descascá-las, esmagá-las, deixar arrefecer; cobrir as frieiras todas as noites com esta massa e tapar com
1 penso O Emplastro de colza, descascar uma raiz, cozê-la em muito pouca água e esmagá-la; aplicar
tépido O Emplastro de flores cozidas de maravilha; aplicar enquanto está tépido.
O Aplicar também: - suco de cebola crua, folhas de couve frescas e esmagadas.
O Linimento preventivo com que se devem esfregar os dedos das mãos e dos pés no início do Inverno:
80 g de óleo de rícino e 5 g de essência de bergamota.

Frigidez. Inexistência de desejo sexual e impossibilidade de atingir o orgasmo nas relações sexuais.
Observa-se sobretudo na mulher, manifestando-se também, embora excepcionalmente, no homem.
401
USO INTERNO * Beber 1 chávena à noite: O Infusão de açafrão, O,5 g de pó para 1 l de água
fervente O Infusão de alecrim, 20 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente O Decocção de
alforvas, 40 g de sementes esmagadas para 1 l de água fervente O Infusão de canabrás, 50 g de raízes e
de folhas cortadas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de hipericão, 20 g de
sumidades floridas para 1 l de água fervente O Infusão de salva, 30 g de planta florida para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos
O Infusão de satureja-das-montanhas, 50 g de folhas para 1 l de água fervente.
O Vinho de funcho, macerar durante 3 semanas
100 g de sementes em 1 l de vinho do Porto, mexer todos os dias e filtrar; 1 copo pequeno antes do
jantar.

Ftiríase. Dermatose provocada pelos piolhos da cabeça, do corpo e do púbis. Denomina-se também
pediculose.

USO EXTERNO * Depois de ter cortado o cabelo muito curto e rapado os pêlos, aplicar na região
infestada: O Loção de vinagre de alfazema: macerar durante 2 semanas, mexendo de vez em quando,
100 g de sumidades floridas frescas em O,5 1 de vinagre e

coar O Decocção de arnica, a empregar apenas no caso de não haver nenhuma ferida devida ao coçar:
10 g de flores em 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5 minutos e coar; utilizar o mais quente
possível O Decocção de orégãos,
40 g de sumidades floridas para 1 l de água, ferver 10 minutos. * Lavar a cabeça: O Decocção de
evónimo, 50 g de frutos secos para 1 l de água, à qual se adiciona 1 copo de vinagre, ferver 10
minutos O Decocção de tomilho, 100 g de planta fresca ou seca

para 1 l de água, ferver 15 minutos; para utilizar como loção depois de lavar a cabeça. * Polvilhar as
regiões infestadas com:

* Pó de consolda-real, triturar as sementes secas * Pó de piretro, esmagar as flores secas.

Furúnculo. Inflamação cutânea situada ao nível de um folículo piloso devida ao estafilococo aureus.
Nunca se deve espremer um furúnculo. Para acelerar a sua maturação, deve cobrir-se com cataplasmas
ou compressas várias vezes por dia.

USO EXTERNO * Colocar sobre o furúnculo: O Bolbo de açucena cozido no forno e esmagado O
Cataplasma de alforvas, 50 g de sumidades floridas cozidas em

um pouco de água O Cataplasma da parte branca do alho-porro cozida em pequena quantidade de água
com açúcar O Compressa embebida numa

decocção de bonina, 150 g de flores e de folhas secas para 1 l de água, ferver 5 minutos O Folhas de
cânhamo recentemente contundidas O Hera picada O Cataplasma de farinha de linhaça O Raízes de
malva aquecidas e secas O Cataplasma de folhas de verbasco cozidas em leite.

Uso interno * Tomar 2 chávenas por dia: O Decocção de abrunheiro-bravo, 50 g de frutos para 1 l de
água, ferver 5 minutos O Infusão de cenoura, 15 g de sementes para 1 l de água fervente, infundir 5
minutos O Infusão de escrofulária, 45 g de raízes frescas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos
O Infusão de maravilhas, 50 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
Garganta. V. Anginas, Laringite, Rouquidão, Voz.

Gengivas. As plantas que tratam a boca e os dentes tratam também as gengivas. Algumas delas são,
porém, mais indicadas para as afecções das gengivas.

USO EXTERNO
Gengivas doridas e inflamadas das crianças * Esfregar suavemente com o indicador mergulhado em: -
açafrão, - melito de açafrão, mistura de pó de açafrão e mel.

Para fortalecer as gengivas e impedir que os dentes fiquem descarnados * Mastigar diariamente: - um
pedaço de rizoma de cálamo-aromático, não engolir, pois é muito amargo, - uma folha de rábano-
rústico. * Bochechar várias vezes por dia com: O Infusão de aliária, 20 g de planta para 1 l de água
fervente O Decocção de rizoma de cálamo-aromático, 20 g para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir
5 minutos e coar O Decocção de tormentila, 40 g de raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir
10 minutos e coar O Decoeção de viburno, 30 g de folhas para 1 l de água, ferver 3 minutos e coar;
atenção: não engolir.

Para as gengivites * Bochechos: O Decocção de alteia, 50 g de raízes para 1 l de água, ferver 5


minutos O Infusão de salva, 50 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de silva,
30 g de folhas para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos e coar.

Abcesso das gengivas


O Meio-figo fresco mergulhado em água tépida; aplicar sobre o abcesso.

USOS EXTERNO E INTERNO Para as gengivas sangrentas


O Vinho de carvalho: macerar durante 4 dias 25 g de casca fresca em 1 l de vinho tinto e coar; beber 1
copo pequeno todos os dias e, várias vezes por dia, bochechar com um pouco deste vinho.

V. também: Boca, Dentes.


402
Gengivite. V. Gengivas.

Glossite. V. Boca.

Gota. Enfermidade associada a um excesso de ácido úrico no organismo, que se manifesta


frequentemente por acessos repetidos de inflamação articular dolorosa, localizada sobretudo ao nível
do dedo grande do pé. Pode atingir também outras articulações e provocar em seu redor um depósito
de concreções de uratos, os tofos. As plantas úteis aos doentes de gota actuam como
sudoríficas, diuréticas e eliminadoras do ácido úrico; por sua vez, os tratamentos locais, sem dúvida de
efeitos benéficos, proporcionam alívio.

USO EXTERNO * Colocar em volta da articulação dorida: O Cataplasma de folhas frescas


contundidas: de bardana-maior, - de bétula (vidoeiro), de groselheira-negra O Camada de
polpa de alho bem amassada. * Aplicar nas articulações afectadas, ou mergulhá-las num banho de: O
Poção, 1 rizoma de teto-macho para 1 l de água, ferver 20 minutos e

coar O Banho de feto-macho, fazer uma decocção com 3 rizomas e 3 1 de água que se mistura depois
na banheira; permanecer no banho durante
15 minutos O Banho: - de pinheiro-bravo, 250 g de gemas para 1 banho.

USO INTERNO
O Comer: - cersefi, - couve, - escorcioneira, - milho, - peras, - tomate, - uvas.

Para eliminar o ácido úrico


O Decocção de alquequenje, 40 g de bagas secas
,para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia O Decocção de arenária,
80 g de planta para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de avoadinha, 50 g de
planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de bétula (vidoeiro), 60 g de folhas
secas moídas em 1 l de água fervente, agitar e infundir 15 minutos O Infusão de cálamo-aromático, 10
g de rizoma seco para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 cálices de licor por dia O Vinho de
fidalguinhos: macerar durante 8 dias, agitando de vez em quando,
60 g de flores em 1 l de bom vinho tinto e filtrar;
2 copos pequenos por dia O Decocção composta de 20 g de folhas de freixo e 20 g de raízes de
bardana-maior, ferver 10 minutos, coar sem infundir O Decocção de gilbarbeira, 40 g de rizoma para
1 l de água, infundir 10 minutos; levar à ebulição O Infusão de gro selh eir a- negra, 30 g de folhas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de rábano-rústico, 30 g para
1 l de água, ferver 5 minutos e coar; 1 chávena de manhã em jejum durante 1 semana O Decocção de
sabugueiro, 70 g da segunda casca para
1 l de água, ferver 2 minutos e coar; somente 2 copos pequenos por dia * Infusão de salsaparrilha-
bastarda, 50 g de raizes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar; a infusão pode ser
aquecida sem levar à ebulição O Infusão de ulmeira, 50 g de folhas e flores para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos.

Plantas diuréticas ou sudoríficas


O Decocção de alcachofra, 10 g de folhas para
1 l de água, ferver 10 minutos e coar O Decocção de aljófar, 30 g de planta para 1 l de vinho branco,
ferver 5 minutos e coar; 1 copo pequeno de manhã em jejum O Decocção de arando-de-baga-
vermelha, 30 g de planta seca para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de
aristolóquia, 20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de bérberis, 30
g de cascas e de raizes misturadas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocçâo de betónica, 15 g de
raízes para 1 l de água, ferver
2 minutos, infundir 10 minutos; apenas 2 meias chávenas por dia O Decoeção de borragem, 20 g de
folhas para 1 l de água, ferver 20 minutos e

coar O Decocção de cerejeira, 40 g de pés de cerejas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de
erva- de- santa-bárbara, 20 g de folhas para 1 l de água fervente O Infusão de giesteira-das-vassouras,
20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; para tomar às colheres de sopa, no
máximo 15 colheres por dia O Infusão de héspere, 5 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocção de pinheiro, 50 g de agulhas para 1 l de água, ferver
25 minutos, deixar arrefecer e coar O Decocção de sempre-noiva, 40 g de folhas para 1 l de água,
ferver 30 minutos O Decocção de taráxaco, 100 g de raizes para 1 l de água, ferver 10 minutos,
infundir 5 minutos O Infusão de tília, 20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.

Gravidez. Durante este período a prudência aconselha a não ingestão de qualquer medicamento sem
opinião do médico. As plantas seguintes, que não são perigosas para a mãe nem para a criança, podem
ser utilizadas em caso de indisposição.

USO INTERNO * 1 chávena, em caso de necessidade, não mais de 3 por dia: O Infusão de angélica,
20 g de raízes secas ou de caules frescos para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de
bérberis, 20 g de cascas para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir 2 minutos O Infusão de melissa,
20 g de planta florida seca para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.

Para uma gravidez sem problemas


O Comer: - amêndoas, - figos, - uvas O Tomar 8 dias por mês 1 colher de café de trigo germinado O
Utilizar na alimentação o trigo-sarraceno sob todas as suas formas.

V. também: Edema, Estrias cutâneas, Mancha cutânea, Vómito.


403
Greta. Fissura cutânea, dolorosa, situada principalmente nas mãos, nos mamilos e nos lábios.

USO EXTERNO * Untar as gretas com: O óleo de amêndoas doces O óleo de papoila, extraído das
sementes da planta. * Colocar sobre a greta uma compressa embebida em: O Decocção de cinoglossa,
10 g de raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos, coar, aplicar tépido O Maceração de sementes de
marmelo,
100 g para 1 l, esmagar as sementes e deixá-las durante 12 horas em contacto, preparar apenas para 2
dias O Infusão de morangueiro, 50 g de folhas para 1 l de água fervente, aplicar tépido.

Gretas das mãos


Pôr antes de deitar: O Mistura de azeite e sumo de limão O óleo de choupo-negro, 400 g de gemas
esmagadas em 1 l de óleo em banho-maria, calçar luvas durante a noite O Folhas de favária-maior
maceradas em azeite. * Sobre as gretas: O Emplastro composto de: cebola crua picada, - uma folha
contusa de saião-curto, - folhas frescas contusas ou cozidas de violeta. * Mergulhar as mãos gretadas 3
vezes por dia em: O Decocção de carvalho, 60 g de casca para
1 l de água, ferver 30 minutos e coar; aquecer na altura do tratamento O Decocção composta de
40 g de casca de carvalho e 40 g de folhas de agrimónia para 1 l de água, ferver 15 minutos e

coar O Decocção de pulnionária, 30 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água, ferver


15 minutos, infundir 5 minutos e coar.

Gretas dos mamilos


40 Cataplasma de raízes frescas de consolda-maior O Cataplasma de folhas frescas de lapsana O Suco
fresco de milfólio.

Gretas dos lábios


Esfregar com 1 rodela de pepino fresco.

Gripe. Doença muito contagiosa, frequentemente epidémica, devida a vírus; caracteriza-se por febre
elevada, dores musculares e rinofaringite. Pode complicar-se e tornar-se grave. A cura é seguida de
astenia e a convalescença é longa.

USO INTERNO * Tomar 3 chávenas por dia: O Infusão de borragem, 20 g de flores para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de bugIossa, 30 g de caule florido e de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de camomiIa, 40 a 50 g de flores para 1 l de água fervente,
infundir 15 minutos O Decocção de carlina, 10 g de raízes secas para 1 l de água, ferver 5 minutos,
infundir 5 minutos e filtrar; preparar no

momento da utilização O Infusão de eucalipto,


20 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão de salgueiro-branco, 40
g de folhas e de amentilhos para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decoeção

de salsaparrilha-bastarda, 50 g de raizes para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 5 minutos O


Infusão de tomilho, 20 g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.

* Tomar 2 vezes por dia: O Pó de angélica, 2 g de pó de raizes misturado com mel * Pó de losna, 1 g
de pó de planta seca misturado com mel
O Infusão de coentros, 30 g de frutos secos para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos e pôr açúcar; beber muito quente O Decocção de espargo-
hortense, 50 g de raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos O Sumo de hipofaé, cozer o

sumo dos frutos do hipofaé muito maduros e bem esmagados com metade do seu peso de açúcar,
ferver 15 minutos, colocar em frascos bem fechados; tomar 3 colheres de sopa por dia O Infusão
composta de 30 g de folhas secas de limão e 20 g de tomilho seco para 1 l de água fervente, deixar
amornar e coar O Decocção de milho-miúdo, ferver durante 30 minutos 500 g de sementes de milho-
miúdo em 1 l de vinho tinto,

coar e pôr açúcar; 2 copos por dia O Decocção de oliveira, ferver durante 10 minutos 30 g de folhas
frescas com 20 g de casca de salgueiro-branco e coar; beber quente.

Depois de a febre baixar


O Vinho de cerejas, cozer, coberto com vinho tinto, 1 kg de cerejas frescas ou secas, pôr açúcar em
abundância; servir ao doente como sobremesa.

V. também: Epidemia.

Hálito. Ar expirado que pode ter cheiro desagradável devido a uma afecção do tubo digestivo, dos
dentes ou das vias respiratórias.

USO EXTERNO

Mastigar 1 folha fresca ou seca: - de freixo, de hortelã, - de hortelã-pimenta, - de melissa. *


Bochechar com: O Vinho de alcaçuz obtido pela maceração, durante 10 dias, de 100 g de raízes de
alcaçuz cortadas em pedaços em 1 l de vinho branco O Decocção de murta, 20 g de folhas
para 1 l de água, ferver 5 minutos O Decocção de tomilho, 30 g para 1 l de água, ferver 3 minutos.

USO INTERNO
O Infusão de zimbro, 30 g de bagas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena depois
das refeições.

Hematoma. V. Contusão.

Hemoptise. V. Hemorragia.
404
Hemorragia. Saída de sangue de um vaso que pode ser externo ou interno, a qual pode só revelar-se
por um mal-estar geral. A sua causa é por vezes evidente (ferida, extracção de um dente); por outras, é
sintoma de uma doença (tuberculose, cancro, doença do sangue). Qualquer hemorragia justifica uma
consulta médica. Chama-se hemoptise à expectoração de sangue proveniente das vias respiratórias;
hematémese ao vómito de sangue de origem esofágica ou gástrica; metrorragia à hemorragia de
origem uterina; a presença de sangue na urina chama-se hematúria, e nas fezes, melena. Algumas
plantas são úteis em qualquer caso de hemorragia e outras actuam mais selectivamente.

USO INTERNO Hemorragia: - argentina, - bistorta, - bolsa-de-pastor, - búgula, - cavalinha, - cipreste,


- lisimáquia, - morugem-vulgar, - pilosela,
- pimpinela, - rosa-rubra, - sanguissorba-oficinal, - urtigão, - videira.

Hemoptise: - bolsa-de-pastor, - búgula, carvalho, - cavalinha, - lisimáquia, - morugem-vulgar, - silva-


macha, - urtiga-branca.

Hemorragia gástrica: - bistorta, - bolsa-de-pastor, - carvalho, - cavalinha.

Hemorragia uterina: bistorta, - bolsa-de-pastor, - cavalinha, cipreste, - erva-de-são-roberto, -


pimenta-d'água, - romãzeira,

urtiga-branca, - urtigão, - videira.

Preparações:
O Decocção de argentina, 20 g de flores e de folhas misturadas para 1 l de água, ferver 15 minutos e
coar; beber frio e sem açúcar O Decocção de bistorta, 30 g de raizes para 1 l de água, ferver 5
minutos, infundir 5 minutos O Infusão de bolsa-de-pastor, 30 g de planta seca

para 1 l de água fervente O Infusão de búgula,


20 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de carvalho, 40
g de folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de cavalinha, 100 g de planta fresca para 1
l de água, ferver 30 minutos;
O,5 1 por dia O Decocção de cipreste, 20 g de gálbulas frescas esmagadas para 1 l de água, ferver 15
minutos O Infusão de erva-de-são-roberto, 20 g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente,
infundir 15 minutos O Infusão de lisimáquia, 30 g de planta para 1 l de água fervente; infundir 10
minutos O Decocção de morugem-vulgar, 25 g de planta fresca para 1 l de água, ferver 20 minutos em
recipiente destapado
O Infusão de pimenta-d'água, 30 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena
por dia, às colheres * Infusão de pimpinela, 40 g de planta fresca para 1 l de água fervente O Infusão
de rosas-rubras, 15 g de pétalas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de silva-
macha, 30 g de frutos para 1 l de água, ferver 2 minutos O Infusão de urtiga-branca, 50 g de flores e
de folhas para 1 l de água fervente; infundir 10 minutos O Suco fresco
de urtigão; meio copo 3 vezes por dia * Decocção de videira, 50 g de folhas para 1 l de água, ferver 10
minutos.

USO EXTERNO
O Infusão de romãzeira, 30 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos, em
irrigação vaginal.
Sobre asferidas que sangram
O Suco fresco de pilosela O Decocção de sanguissorba-oficinal, 50 g de planta para 1 l de água em
ebulição, ferver 5 minutos O Compressas de cavalinha, decocção de 100 g de planta seca para 1 l de
água, ferver 30 minutos.

V. também: Epistaxe.

Hemorróidas. Veia dilatada na região do ânus ou


no recto que pode causar sensação de incómodo ou dores intensas. É aconselhável associar a tomada
oral de uma preparação com cuidados externos.

USO INTERNO * 2 chávenas por dia: O Decocção de cardo-de-santa-maria, 20 g de sementes


contusas para 1 l de água, ferver 10 minutos; preparar 1 chávena de cada vez O Decocção de
castanheiro-da-índia,
30 g de casca seca de ramos de 2 a 3 anos para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 5 minutos O
Decocção de cipreste, 15 g de gálbulas contusas para 1 l de água, ferver 15 minutos O Infusão de
gilbarbeira, 40 g de rizoma para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de malva, 30 g
de flores e de folhas, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de murta, 30 g de folhas para 1 l
de água fervente, infundir 20 minutos O Infusão de pimenta-d'água, 30 g de planta para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de urtiga-branca, 50 g de flores e de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de verbasco, 40 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos. * Para tomar às colheres de sopa de 15 em 15 minutos: O Infusão de pulmonária, 40 g de
su_ midades floridas para 1 l de água fervente, in_ fundir 10 minutos O Infusão de sanguissorba-
oficinal, 30 g de planta para 1 l de água fervente infundir 10 minutos O Decocção de tuia-vulgar
20 g para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundi
10 minutos; dose para 2 dias O Decocção de videira, 50 g de folhas para 1 l de água, ferver 10
minutos, infundir 10 minutos.

USO EXTERNO
O Cataplasma de sementes descascadas de marmelo, cozidas em leite durante 15 minutos, colocadas
em pequenos sacos O Cataplasma de folhas frescas contusas: - de caules e de folhas amachucadas de
becabunga, - de escrofulária-nodosa, - de morugem-vulgar, - de pimpineIa, - de saião-curto O
Cataplasma quente de folhas cozidas em leite: - de parietária, - de verbasco O Cataplasma de folhas de
tasneirinha cozidas em água O Cataplasma de folhas de favária-maior maceradas em azeite.
405
* Compressas embebidas em: O Decocção de arando, 150 g de bagas para 1 l de água, ferver
30 minutos e coar O Decocção de bistorta, 60 g para 1 l de água, ferver 15 minutos O Decocçâo de
cipreste, 30 g de gemas esmagadas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de erva-dos-
escudos, 30 g de planta para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de erva-férrea, 40 g para 1 l
de água, ferver 10 minutos O Decocção de milfólio, 50 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de
água, ferver 10 minutos O Decocção de nogueira, 40 g de folhas para 1 l de água, ferver 15 minutos,
infundir 10 minutos O Decocção de peónia, 30 g de raizes para 1 l de água, ferver 10 minutos O
Infusão de sabugueiro, 80 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de
tormentila, 50 g de raízes para 1 l de água, ferver 10 minutos. * Fumigações, deitar a preparação muito
quente, sem filtrar, numa bacia e sentar-se de modo a ficar exposto aos vapores: O Infusão de ficária,
100 g de planta para 1 l de água fervente O Infusão composta de 50 g de folhas e de flores de malva e
20 g de parietária fresca para 1 l de água fervente. * Banhos de semicúpio: O Banho de carvalho,
80 g de casca para 1 l de água, ferver 10 minutos e coar O Banho de castanheiro-da-índia, 60 g de
casca para 1 l de água, ferver 10 minutos e coar

O Banho de taráxaco, 40 g de planta e raizes para 1 l de água, ferver 10 minutos e coar.

Herpes. Afecção vírica da pele e das mucosis caracterizada pelo aparecimento de vesículas ulcerosas
que provocam uma dor tipo queimadura. Localizam-se mais frequentemente nos lábios e nos órgãos
genitais.

USO INTERNO * 3 chávenas por dia: O Infusão de borragem,


30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de cerefólio, 40 g de planta fresca para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos. * 2 chávenas por dia: O Infusão de dulcamara,
30 g de caules secos e cortados para 1 l de água fervente, infundir 1 hora O Decocção de saboeira, 40
g de raizes para 1 l de água, ferver 5 minutos e coar imediatamente. * 1 chávena 45 minutos antes das
2 refeições principais: O Decoeção de salsaparrilha-bastarda,
70 g para 1 l de água, ferver durante 20 minutos em lume brando. * 1 tigela grande com muito açúcar
todas as manhãs em jejum durante 10 dias: O Decocção de a mor-perfeito- bravo, macerar durante 8
horas
30 g de sumidades floridas e de folhas secas em
1 l de água fria, levar à ebulição, adicionando
O,25 1 de leite, e coar.

USO EXTERNO * Lavar as vesículas com: O Infusão de dulcamara O Decocção de saboeira. Estas
preparações fazem-se em doses duplas relativamente às indicadas para uso interno.

Hipertensão arterial. Aumento da pressão sanguínea nas artérias. Dá origem a numerosas perturbações
(cefaleias, transtornos da visão e da audição) e pode provocar graves acidentes. É indispensável um
diagnóstico etiológico preciso. Se a causa não pode ser suprimida por meios cirúrgicos ou tratamento
médico, o hipertenso pode recorrer a um determinado número de práticas higiénicas, alimentares e
fitoterapêuticas.

USO INTERNO * Preparações simples: O Bolbo de alho todos os dias, sob todas as formas, cru,
cozido, em infusão, em pó ou em xarope, ou 20 g de alho com 40 g de água, ferver 30 minutos, coar
espremendo e adicionar o mesmo peso de açúcar; 3 colheres de sopa por dia O Infusão de cascas de
maçã, secas e reduzidas a pó, 50 g para 1 l de água fervente. * 3 chávenas por dia: O Decocção de
cascas e

de raízes de bérberis, 20 g para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de bonina, 25 g de flores e


folhas secas O Infusão de canabrás, 25 g de planta, folhas e raízes para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; durante 10 dias O Infusão: - de groselheira-negra, - de oliveira, 30 g de folhas para 1 l de
água, infundir 10 minutos O Decocção de pervinca, 40 g de folhas secas para
1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 5 minutos
O Infusão de pilosela, 100 g de planta fresca para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão
de pirliteiro, 50 g de flores para 1 l de água fervente; 3 semanas por mês O Infusão de ulmeira, 30 g de
pó em 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
O Alcoolatura de hera, 10 g de raspas de lenho verde do caule em 100 g de álcool a 701 durante
10 dias, coar; tomar 2 gotas 5 vezes por dia O Vinho de visco, macerar durante 8 dias 40 g de planta
fresca em 1 l de bom vinho branco e coar;
1 copo pequeno antes das refeições.

A alimentação, aliás, deve ser muito regrada, mas dela deverão fazer parte: - farinha de centeio,
- espinafres crus, - óleo de girassol, - uvas.

Hipotensão arterial. Insuficiência da pressão arterial acompanhada de uma sensação de fraqueza que
dá, por vezes, origem a lipotimias. A sua
causa deve ser imediatamente averiguada.

USO INTERNO
O Pó de cardo-de- santa- mari a, 1 g de sementes pulverizadas por dia; tomar em 2 vezes, misturado
com mel, 20 minutos antes das 2 refeições principais O Infusão de giesteira-das-vassouras,
20 g de ramos para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; tomar 2 colheres de sopa 5 vezes por dia e aumentar as doses, sem nunca ultrapassar
20 colheres por dia O Infusão de lírio-dos-vales,
15 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar; meia chávena 2 vezes por
dia.

V. também: Lipotimia.
406
Hipotireoidismo. Insuficiência ou ausência de secreção da glândula tireóide que pode dever-se, por
vezes, a uma carência de iodo no organismo. É sempre acompanhada de astenia e, por vezes, de bócio.
É imprescindível um diagnóstico médico.

USOS EXTERNO E INTERNO * Efectuar simultaneamente: O Banho de laminárias, introduzir as


algas num pequeno saco, mergulhá-lo em 1 l de água fervente, esperar alguns minutos e misturar com
a água da banheira; duração do banho, 15 minutos O Pó de laminárias, secar as frondes e utilizá-las
em pedaços ou

reduzidas a pó; ingerir 1 ou 2 g por dia, misturados com os alimentos.

V. também: Bócio.

Icterícia. A icterícia caracteriza-se por uma coloração amarela da pele e das mucosas devida à
passagem de pigmentos biliares para o sangue. As suas causas são variáveis; pode ser devida a um
obstáculo que impede a evacuação normal da bílis ou a uma afecção do fígado. É indispensável o
diagnóstico etiológico.

USO INTERNO
O Comer bagas de alquequenje maduras e frescas, 20 g por dia. * Beber 2 chávenas por dia: O
Decocção de almeirão, 30 g de raízes para 1 l de água, ferver
2 minutos, infundir 2 minutos e coar. * Beber 3 chávenas por dia: O Decocção de amor- de-hortel ão,
30 g de planta para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir 10 minutos O Infusão composta de 20 g de
flores e de folhas de bonina e 20 g de folhas e raizes de taráxaco para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de cardo-corredor, 40 g de raizes para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; dose para 24 horas O Infusão de cerefólio, 30 g de planta fresca para 1 l
de água fervente O Infusão de gilbarbeira, 20 g de raizes para 1 l de água fervente, macerar 50
minutos e coar O Decocção de grama-francesa, 30 g de rizoma numa pequena quantidade de água,
ferver 2 minutos, guardar apenas o rizoma, esmagá-lo e colocá-lo em 1 l de água fria, ferver 15
minutos e filtrar O Decocção de saboeira, 30 g de folhas para 1 l de água, ferver 5 minutos O Infusão
de verónica, 30 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.

V. também: Fígado.

Impetigo. Afecção cutânea de natureza infecciosa que atinge especialmente as crianças, situada
frequentemente na face.

USO EXTERNO * Cataplasma de bardana-maior, cozer em pequena quantidade de leite algumas


folhas frescas; aplicar morno entre 2 pedaços de tecido O Compressa de couve, extrair o suco de
folhas frescas; pressionar sobre as lesões de manhã e à noite.

Impotência. Impossibilidade de origem orgânica (malformação) ou funcional (astenia genésica) de


realizar o acto sexual, tanto no homem como na mulher. A malformação compete à cirurgia, e a
astenia genésica, por vezes, à psicoterapia. Algumas plantas, devido à sua acção estimulante, são
frequentemente eficazes.

Uso interno * Para a alimentação: O Adicionar: - às saladas, folhas de eruca, - à restante alimentação,
salsa crua picada, - ao peixe, açafrão O Comer:
- aveia, que provoca um estímulo hormonal, trigo germinado O Infusão de hipericão, 20 g de
sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos; 1 chávena O Infusão de hortelã-
pimenta, 20 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente; 1 chávena O Infusão de
satirião-macho, 4 g de pó de tubérculo (salepo) para 1 l de água fervente; 4 chávenas em

24 horas O Infusão de satureja-das-montanhas, 50 g de folhas para 1 l de água fervente; 1 chávena.


O Vinho de alecrim e de salva, deitar em 1 l de vinho tinto 30 g de folhas de alecrim frescas, 20 g de
salva e 1 colher de sopa de mel, aquecer em

banho-maria durante 15 minutos, deixar arrefecer e filtrar; 2 colheres de sopa antes do jantar O Vinho
de canabrás, macerar durante 24 horas 50 g de raizes e de folhas de canabrás cortadas em pequenos
pedaços em 1 l de vinho tinto e coar; 1 copo pequeno antes das 2 refeições principais O Vinho de
funcho, macerar durante 3 semanas 100 g de sementes em 1 l de vinho do Porto, mexendo todos os
dias, e coar; 1 copo pequeno depois do jantar.

Inapetência. V. Apetite.

Incontinência de urinar. V. Enurese.

Indigestão. Indisposição digestiva que se segue a uma refeição copiosa, frequentemente acompanhada
de náuseas e vómitos.

USO INTERNO
Por vezes é necessário provocar o vómito.

Para provocar o vómito


O Decocção de amor-perfeito-bravo, 2 g de raízes em pó em 1 copo de água açucarada O Decocção de
violeta, 15 g de raízes em 200 g de água, ferver 10 minutos; beber com muito açúcar em 2 doses.

Para acalmar as náuseas * Beber muito quente e lentamente:


Infusão
407
de acácia-bastarda, 40 g de flores colhidas ainda fechadas e secas para 1 l de água fervente, infundir 5
minutos O Infusão de anis, 15 g de sementes contusas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O
Infusão de dictamo-branco, 20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de
hortelã-pimenta, 20 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de lúcia-
lima, 15 g de folhas e de sumidades floridas para 1 l de água fervente O Infusão de melissa, 60 g de
flores e de caules para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e

coar O Infusão de pervinca, 30 g de folhas secas

para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de primavera, 60 g de flores @ara 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Decocção de tília, 60 g de flores para 1 l de água, ferver 15 minutos e
coar.

Insectos e roedores. Protecção contra os insectos, bem como o modo de expulsá-los e afugentá-los de
casa.

USO EXTERNO
Para afugentar os mosquitos e as moscas

O Colocar um vaso com basílico (manjericão grande) à janela e agitá-lo de vez em quando O
Eucalipto fresco ou seco O Queimar folhas de loureiro.

Para afugentar as formigas


O Colocar meio-limão bolorento nos locais frequentados pelas formigas.

Para afugentar os percevejos


O Pôr folhas de feijoeiro entre a lã dos colchões ou sob os colchões sintéticos.

Para afugentar as pulgas


* Introduzir no enchimento das almofadas: caules de losna, - folhas de matricária, - poejo, - sumidades
floridas de tanaceto O Queimar nas divisões folhas de hortelã-pimenta.

Para afugentar as traças e os mosquitos

Utilizar: - alfazema, - aspérula-odorífera, cascas de limão, - losna, - satureja-das-montanhas.


O Decocção de coloquíntida, sementes e polpa secas, 100 g para 1 l de água, ferver 10 minutos, lavar
o chão, os rodapés e os parapeitos das janelas O Pó de piretro, que não é tóxico para cães e
gatos, mas extermina os animais de sangue frio; pulverizar a parte inferior das paredes e os rodapés.

Para afugentar os ratos


* Utilizar poejo.

Para proteger o vestuário * Pó de rizoma de cálamo-aromático que protege as peles O Pendurar um


ramo de abrótano-fêmea nos guarda-fatos e colocá-lo entre as peças de vestuário.

V. também: Ftiríase, Picadas.


Insónia. V. Sono.

Intestino. Algumas plantas são específicas para as perturbações intestinais, como a obstipação, as
cólicas, a diarreia, o meteorismo, os espasmos e as parasitoses. Mas pode também haver necessidade
de uma purga ou ainda de facilitar o trânsito de um objecto engolido inadvertidamente. Nestes casos,
qual a planta a escolher?

USO INTERNO

Para purgar
* Só utilizar excepcionalmente e nunca sem o
conselho do médico: O Decocção de açafroa, 10 g de sementes para 1 l de água, ferver 10 minutos; 1
copo em jejum O Suco de espinheiro-cerval, lavar e esmagar 20 bagas; tomar 1 colher de café numa
chávena de infuso de alteia O Infusão de graciosa, 15 g de plantas secas em 1 l de água fervente; 1
chávena O Decocção de mercurial, 20 g de folhas em 1 l de água, ferver 5 minutos; 3 tigelas O
Maceração de mostarda-branca, 5 g num copo pequeno de água durante 1 noite; beber de manhã em
jejum O Vinho de ruibarbo, macerar durante 12 dias 50 g de raízes em 1 l de vinho doce e coar; dose
purgativa, 1 colher de sopa.

Para envolver um objecto e ajudar a sua evacuação (parafuso, alfinete de segurança fechado, agrafé)
O Espargos bem cozidos; comer uma boa quantidade, sobretudo a parte fibrosa; estas fibras envolvem
o objecto estranho e facilitam a sua evacuação.

Intoxicação. Envenenamento por absorção de um tóxico. Alertar com urgência o médico e, nas
cidades, o centro antivenenos. Enquanto espera, não se deve dar leite nem provocar o vómito se o
produto ingerido for cáustico; se se provocar o vómito, deve vigiar-se o intoxicado para que ele não
sufoque.

USO INTERNO Para provocar o vómito


O Decocção de carvalho, 60 g de casca para 1 l de água, ferver 10 minutos e coar; beber O,5 1
misturado com 2 claras de ovo cruas e batidas O Decocção de violeta, 15 g de raízes esmagadas em
250 g de água fervente, beber em 2 doses.

Se o produto ingerido é um ácido


O Beber sumo de limão ou azeite O Mastigar carvão de bétula (vidoeiro) ou de choupo.

Enquanto espera o médico, devem conservar-se os vomitados, os excrementos e o resto do pr9duto


que causou a intoxicação. Não fazer o tratamento sozinho. Mesmo que se verifiquem melhoras, podem
surgir complicações mortais, pois o

tóxico pode ter lesado definitivamente o fígado ou os rins; os médicos podem fazer lavagens ao
estômago e dispõem de aparelhagem de reanimação e antitóxicos muito eficazes.
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Irritabilidade. Perturbação do carácter, frequentemente devida a um excesso de trabalho, que se
manifesta por reacções excessivas simultaneamente a outras manifestações de nervosismo.

USO INTERNO * Xarope de macela, macerar durante 6 dias em

O,5 1 de álcool a 600 200 g de sumidades floridas, um pouco de casca de laranja amarga, agitar 2
vezes por dia com 1 colher de pau, filtrar, adicionar 1 l de xarope comum, agitar, deixar repousar 4
dias; 2 colheres de sopa são suficientes para acalmar.

V. também: Nervosismo.

Lactação. Alimentação do recém-nascido com o


leite materno. O aleitamento natural é o único considerado aqui. As plantas galactagogas têm a
propriedade de aumentar a secreção de leite pela glândula mamária, e as plantas galactófugas, a de
suprimir essa secreção.

Para aumentar a secreção láctea (plantas galactagogas)

USO EXTERNO
O Cataplasma de folhas de rícino frescas e moídas.

Uso interno
O Juntar à alimentação: - lentilhas cozidas, topinambos cozidos O Infusão de endro, 50 g de sementes
para 1 l de água fervente; 3 chávenas por dia O Infusão de 50 g de sementes para 1 l de água fervente,
tapar e infundir 10 minutos; tomar
1 chávena depois de uma das refeições: - de alcaravia, - de anis, - de corninhos O Infusão de basílico,
50 g de folhas para 1 l de água fervente; 1 chávena depois de uma das refeições O Infusão de cenoura
cultivada, 30 g de sementes secas para 1 l de água fervente O Infusão de funcho, 30 g de sementes
para 1 l de água fervente, tapar e infundir 10 minutos; 4 chávenas por dia entre as refeições O Infusão
de galega, 20 g de planta florida seca para 1 l de água fervente; 3 chávenas por dia O Infusão de malte
(cevada germinada), 15 g para 1 chávena de água quente, deixar 10 minutos em banho-maria e coar; 2
chávenas por dia O Infusão de verbena, 30 g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente; 4
chávenas por dia.

Para suprimir a secreção láctea (plantas galactófugas)

USO EXTERNO
O Cataplasma de folhas de aipo cozidas misturadas corri folhas de pervinca e de hortelã-pimenta
O Cataplasma de folhas frescas moídas de: LEUCORREIA

amieiro, - cerefólio, -lapsana, - mentas, mercurial, - morugem-vulgar, - salsa, - tasneirinha O


Cataplasma de folhas frescas moídas, depois aquecidas, de dulcamara.

USO INTERNO
O Infusão de escolopendra, 20 g de folhas frescas para 1 l de água fervente; 4 chávenas por dia
O Decocção de mercurial, 30 g de folhas frescas para 1 l de água fria, levar à ebulição, deixar ferver 5
minutos e coar; 4 chávenas por dia O Infusão de salva, 20 g de folhas secas para 1 l de água fervente;
3 chávenas por dia.

Laringite. Afecção aguda ou crónica da laringe, por vezes dolorosa, que provoca frequentemente
modificações da voz.

USO INTERNO
O Infusão de rinchão, 80 g de planta, se possível fresca, para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos,
filtrar e utilizar imediatamente; beber lentamente 3 chávenas por dia, adoçadas com mel, entre as
refeições.

V. também: Rouquidão, Voz.

Leucorreia. Corrimento esbranquiçado pela vulva, benigno se for passageiro e fraco, anormal se se
prolongar ou adquirir coloração mais escura.

A causa de qualquer leucorreia persistente deve ser diagnosticada.

USO EXTERNO * Fazer uma irrigação vaginal por dia, sem pressão, à temperatura do corpo: O
Decocção de alfazema, 40 g de sumidades floridas para 1 l de água, ferver 5 minutos O Decocção de
alfenheiro, 50 g de folhas secas para 1 l de água, ferver 5 minutos O Decocção de argentina, 80 g de
folhas e de flores para 1 l de água, ferver 15 minutos, infundir 5 minutos O Decocção de bistorta, 80 g
de rizoma para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de búgula, 40 g de planta florida para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de carvalho, 80 g de casca para 1 l de água O
Decocção de lisimáquia, 50 g de planta para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de
marmeleiro, 5 g de folhas para 1 l de água, ferver 5 minutos, deixar arrefecer e filtrar O Decocção
de morangueiro, 30 g de folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos O Decocção
de nogueira, 40 g de folhas para 1 l de água, ferver 20 minutos O Decocção de pé-de-leáo, 80 g para 1
l de água, ferver 10 minutos e infundir O Decocção de romãzeira, 25 g de flores para 1 l de água, dar
uma fervura, infundir 5 minutos O Infusão de rosas-rubras, 80 g de pétalas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Decocção de salgueirinha, 80 g de sumidades floridas para
1 l de água, ferver 5 minutos O Decocção de salsa, 80 g de sementes para 1 l de água, ferver 5
minutos, infundir 10 minutos O Decocção de sanícula, 15 g de planta florida, ferver 5 minutos
O Decocção de silva, 25 g de folhas para 1 l de
409
água, ferver 3 minutos, infundir 15 minutos O Decoeção de tormentila, 30 g de raízes para 1 l de água,
ferver 10 minutos, infundir 10 minutos
O Decocçâo de ulmeiro, 80 g de casca seca e

contusa para 1 l de água fria, macerar durante 2 horas, aquecer em seguida, ferver 2 minutos, infundir
15 minutos O Decocção de urtiga-branca, 40 g de planta cortada em pedaços para 1 l de água, ferver
10 minutos O Decocção de visco, 20 g de planta para 1 l de água, ferver 15 minutos. * Durante 1
semana tomar: O Banho de abeto-branco, infusão de 100 g de gemas em 1 l de água fervente;
adicionar ao banho.

USO INTERNO * Beber de manhã e à noite 1 chávena: O Decocção de avoadinha, 40 g de caule


florido e de folhas para 1 l de água em ebulição, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos O Decocção de
carvalho, 15 g de folhas para 1 l de água, ferver
5 minutos O Infusão de golfão-branco, 20 g de flores para 1 l de água fervente; beber tépido O Infusão
de hipericão, 20 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, deixar amornar e coar

O Infusão de murta, 20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão de salva,
15 g para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Decocção de sanguissorba-oficinal,
25 g de planta fresca para 1 l de água, ferver 5 minutos O Decoeção de sempre-noiva, 30 g de planta
inteira para 1 l de água, ferver 1 minuto, infundir 15 minutos. * Tomar de manhã e à noite, durante 10
dias, meio copo de: O Suco de urtigão fresco, lavar as

folhas, espremê-las num guardanapo para lhes extrair o suco ou centrifugá-las.

Lipotimia. Indisposição angustiante, geralmente sem gravidade, muitas vezes acompanhada de


zumbidos. Semelhante ao desmaio, sem no entanto desencadear perda de consciência.

USO INTERNO
O Água de melissa e de angélica, deitar 100 g de flores frescas de melissa e 10 g de raizes de angélica
cortadas em pedaços em O,5 1 de álcool a
600, 20 g de casca de limão não tratado quimicamente, 5 g de canela e 10 cravos-da-índia, macerar
durante 5 dias, filtrar e conservar em frascos rolhados; tomar 10 gotas num torrão ou numa colher de
café numa chávena de água quente com muito açúcar.

Litíase. Formação de areias ou de concreções (cálculos). Nesta obra consideram-se dois casos: as
formações de cálculos biliares e de cálculos renais. Algumas plantas são activas em ambos os casos.

USO INTERNO Litíases renal e biliar * Comer: - cerejas, - morangos, - uvas

Decocção de aipo, 30 g de raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos; 2 chávenas
diárias O Decocção de alquequenje, 30 g

de bagas secas para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos; quantidade para 24 horas
O Decocção de grama-francesa, 30 g de rizoma para um pouco de água, ferver 2 minutos, deitar fora a
água, esmagar, ferver novamente em 1 l de água durante 15 minutos e coar; 4 chávenas por dia. *
Beber 3 chávenas por dia: O Decocção de bérberis, 30 g para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir
10 minutos O Decocção de feto-real,
30 g de rizoma para 1 l de água, ferver 5 minutos num recipiente tapado, infundir 5 minutos O Infusão
de héspere, 5 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de sempre-noiva,
50 g de planta por 1 l de água, ferver 15 minutos e coar O Decocção de taráxaco,
50 g de planta picada para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de verbena, 30
g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.

Litíase renal
O Infusão de maçã, 50 g de cascas secas para 1 de água fervente, infundir 15 minutos; dose para
1 dia. * Beber as seguintes preparações: O Seiva de bétula (vidoeiro); meio copo em jejum, 15 dias
por mês durante 2 meses O Infusão de giesteira-das-vassouras, 25 g de flores para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; começar por beber
1 chávena por dia em 2 vezes e depois 2 chávenas O Decocção de milho, 40 g de estigmas para
1 l de água, ferver 10 minutos; dose para 48 horas O Infusão de pimenta-d'água, 30 g de planta inteira
fragmentada para 2 1 de água fervente, infundir 10 minutos; tomar às colheres de sopa até perfazer 1
chávena. * Beber todos os dias: O Decocção de alho, ferver 3 dentes esmagados em 150 g de leite e
coar

O Decocção de freixo, 40 g de casca para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos e

coar O Decocção de gilbarbeira, 40 g de rizoma para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir 10


minutos. * Beber 2 chávenas por dia: O Decocçâo de cavalinha, 50 g para 1 l de água, ferver 30
minutos e coar O Decocção de pirliteiro, 15 g de bagas secas para 1 l de água, ferver 5 minutos,
infundir 10 minutos. * Beber 3 chávenas por dia: O Infusão de aspérula-c,dorífera, 20 g de sumidades
floridas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de bardana, 30 g de raízes frescas para 1 l de
água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de erva-de-santa-bárbara, 20 g de folhas frescas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de faveira, 30 g de sumidades floridas para
1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de gatunha, 30 g de flores e de folhas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de pereira, 40 g de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 25 minutos O Decocção de silva-macha, 40 bagas para 1 l de água, ferver 3 minutos
e coar O Infusão de ulmeira, 40 g de flores em 1 l de água fervente, infundir 10 minutos. * Preparação
para 48 horas: O Decocção de pa
410
rietária, 20 g de planta para 1 l de água ebuliente, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos.

Litíase biliar
O Tornar 1 colher de azeite todas as manhãs em jejum. * Beber 2 chávenas por dia: O Infusão de
balsamita, 30 g de planta para 1 l de água fervente
O Decocção de borragem, 40 g de caules, flores e folhas misturados para 1 l de água, ferver 5 minutos,
infundir 10 minutos O Infusão de hepática, 25 g de folhas secas para 1 l de água, infundir 10 minutos.

Lumbago. Dor na região lombar, isto é, na parte inferior das costas. Pode surgir subitamente ou
desenvolver-se insidiosamente.

USO EXTERNO
O Cataplasma de folhas de couve escaldadas e esmagadas O Cataplasma de tomilho aquecido numa
frigideira O Cataplasma de folhas de verbena, escaldadas e esmagadas, misturadas com 1 clara de ovo
ou cozidas com 1 copo de vinagre; colocar entre 2 pedaços de tecido fino e aplicar o

mais quente possível.

USO INTERNO
O Decocção de tília, 30 g de lenho (alburno) para 1 l de água, ferver em lume brando durante
15 minutos e filtrar; beber a preparação em 2 dias.

Mal branco. V. Panarício.

Magreza. Insuficiência de peso que se manifesta pelo desaparecimento das gorduras de reserva por
atrofia muscular e visceral. Algumas plantas podem facilitar uma recuperação do peso ao actuarem
sobre as funções digestivas ou o metabolismo geral.

USO INTERNO
O Farinha de alforvas, 3 g; 2 vezes por dia, misturada com mel O Leite de alga-perlada, ferver em 1 l
de leite 10 g de planta, adoçar com mel;
O,5 1 por dia O Infusão de angélica, 40 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1
chávena depois das refeições O Vinho de genciana, macerar em 1 l de vinho doce durante
5 dias 10 g de raizes secas e cortadas em pequenos pedaços, adicionar um pouco de casca de laranja
amarga e filtrar; 1 copo pequeno no fim das refeições O Infusão de losna, 5 a 10 g de sumidades
floridas e de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos: 1 chávena antes das 2
refeições principais O Infusão de lúpulo,
20 g de cones secos em 1 l de água fervente; 2 chávenas por dia entre as refeições.

V. também: Apetite, Digestão, Nervosismo.

Mal da montanha. Indisposição sentida por certas pessoas ao passarem rapidamente para uma altitude
elevada.

O Decocção de tasneirinha, 25 g de planta seca

para 1 l de água, ferver 5 minutos e coar; 2 chávenas por dia, com início 8 dias antes da viagem.
Mancha cutânea. Qualquer mancha cutânea anormal, ou em que se manifestem modificações, deve ser
mostrada a um médico. Algumas manchas, como o cloasma da gravidez, as manchas ditas da velhice
ou as sardas, podem atenuar-se graças às plantas.

USO EXTERNO * Passar sobre as manchas, 2 vezes por dia, algodão molhado em: O Cataplasma de
becabunga,
1 punhado de planta cozida num pouco de água
O Decocção de bonina, 60 g de planta para 1 l de água da chuva, ferver 5 minutos, infundir 10
minutos O Suco fresco de dulcarnara O Sumo de limão salgado O Infusão de parietária, 50 g de planta
fresca para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de salsa, 60 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos, adicionar
o sumo de 1 limão e coar O Decocção de selo-de-salornão, 50 g de rizoma para 1 l de água, ferver 5
minutos O Decocção de tília, 80 g de flores para 1 l de água, ferver 5 minutos.

V. também: Sarda.

Memóría. Função que possibilita conservar e relembrar os acontecimentos passados. O seu


enfraquecimento pode ser devido a numerosas causas, a mais comum das quais é o envelhecimento.

Uso interno * Tomar 3 chávenas por dia, 10 dias por rilês durante 3 meses: O Infusão de alecrim, 30 g
de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar O Infusão de melissa,
30 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar.

Menopausa. Etapa fisiológica marcada pela cessação da menstruação. É frequentemente acompanhada


por perturbações contra as quais as plantas se revelam muitas vezes bastante eficazes pela sua acção
depurativa, diurética, tónico-venosa, antiespasmódica, neurossedativa ou ainda hemostática.

Uso interno
O Decoeção de grama-francesa, ferver 30 g de rizoma no mínimo de água possível durante 2 minutos,
deitar fora a água, esmagar seguidamente o rizoma e cozê-lo em lume brando durante 15 minutos ern
1 l de água, deixar amornar e
411
coar; quantidade para 24 horas O Decocção de laminárias, 100 g de planta picada para 1 l de água fria,
macerar durante 3 horas, ferver 2 minutos e coar; 3 chávenas por dia * Infusão de mercurial, 30 g de
folhas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos; 3 chávenas por dia, 10 dias por mês * Infusão de
visco, 15 g de folhas frescas picadas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; quantidade para
24 horas, 10 dias por mês.

Acção sedativa
O Infusão de marroio, 30 g de flores para 1 l de água fervente; 2 chávenas por dia O Maceração de
valeriana, 10 g de raízes frescas maceradas durante 1 noite numa chávena de água fria; beber em
jejum.

Para os estados congestivos (afronta men tos), as palpitações, etc. * Beber 3 chávenas por dia: O
Decocção de cipreste, 20 g de gálbulas contusas para 1 l de água, ferver 15 minutos O Infusão de
pirliteiro,
15 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de salva, -20 g de flores e

de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.

Para as perturbações vasculares, dores pélvicas, irregularidades da menstruação, hemorragias * Beber


3 vezes por dia: O Decoeção de bérberis, 30 g de casca para 1 l de água, ferver 10 minutos O
Decocção de bolsa-de-pastor, 30 g para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos O
Decocção de castanheiro- da- índia,
30 g de casca para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 5 minutos O Infusão de estaque, 30 g para
1 1de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de gilbarbeira, 30 g de rizoma cortado para 1 l
de água, ferver 2 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de maravilhas, 30 g para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de milfólio, 30 g de sumidades floridas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Decocção de pé-de-leão, 30 g para 1 l de água, ferver
10 minutos, infundir 5 minutos O Infusão de pimpineia, 30 g de planta inteira para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de sanguissorba-oficinal, 30 g de planta inteira para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Suco fresco de urtigão; tomar 100 g por dia * Decocção de
videira, 50 g de folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos. * Beber durante o dia:
O Infusão de noveleiro,
15 g de casca para 1 l de água fervente, infundir
5 minutos; preparar apenas 1 chávena, que deve ser bebida em 2 doses O Infusão de pimenta-d'água,
30 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; preparar apenas o equivalente a 1
chávena, a qual deve ser bebida ao longo do dia
em pequenos sorvos.

Menstruação. Perdas sanguíneas periódicas, provenientes do útero, que ocorrem entre a menarca,
aparecimento da primeira menstruação, e a menopausa, isto é, entre os 12 e os 14 anos até aos 50
aproximadamente. Pode provocar numerosas perturbações: ciclos irregulares, fluxo sanguíneo
abundante e prolongado ou insuficiente, Pode ser dolorosa e provocar indisposições.

Uso interno
Menstruação demasiado abundante:
abeto-branco, - bérberi$, - cavalinha, pimenta-d'água.
Menstruação insuficiente:
- açafrão, - agripalma, - alcaravia, - argentina, - artemísia,
- cenoura-brava, - chagas, - erva-formigueira, - estaque, - granza, - levístico, - losna,
- maravilhas, - marroio, - melissa-bastarda, - milfólio, - salva, - salva-esclareia, - tanaceto, -
tasneirinha, - tomilho, - trevo-d'água, - urtiga-branca.

Menstruação dolorosa:
- abrótano, - angélica,
- arternísia-dos-alpes, - canabrás, - framboeseiro, - hera, - losna, - loureiro, - macela,
- matricária, - nêveda-dos-gatos, - noveleiro, - orégãos, - pulsátila, - salsa, - zimbro.

Menstruação difícil que se anuncia mas não se revela:


- aristolóquia, artemísia, - dictamo-de-creta, - estragão, pé-de-leão. * As preparações que devem
ser ingeridas 1 semana antes da data da menstruação estão agrupadas em seguida; 2 chávenas por dia:
O Resina fresca de abeto-branco, 3 bolinhas do tamanho de
1 ervilha por dia, podem moer-se com mel ou alcaçuz O Infusão de abrótano, 5 g de folhas secas para
1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de açafrão, 1 g para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de agripalma, 30 g de folhas para 1 l de água fervente O Infusão de alcaravia,
15 g de sementes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de angélica, 5 g de folhas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de argentina, 30 g de flores e de folhas para 1
l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de aristolóquia, 10 g de raízes secas para 1 l de água
fervente, infundir 5 minutos O Infusão de arternísia, 30 g de sumidades floridas e de folhas secas para
1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de artemísia-dos-alpes, 25 g de planta para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de bérberis, 30 g de raizes e de cascas misturadas para
1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de camomila, 5 g de flores para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Decocção de canabrás, 20 g de raizes para 1 l de água, ferver 5
minutos, infundir 5 minutos O Decocção de cavalinha, 50 g de planta fresca para 1 l de água, ferver 30
minutos e coar O Infusão de cenoura-brava. 15 g de sementes para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de chagas, 20 g de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de dictamo-de-creta, 10 g de folhas e de sumidades floridas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de erva-formigueira, 20 g de folhas para 1 l
de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de estaque, 25 g de planta para 1 l de,
412
água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de estragão, 50 g de planta seca para 1 l de água fervenfe,
infundir 10 minutos O Infusão de framboeseiro, 40 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocção de granza,
20 g de raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5 minutos O Infusão de hera, 40 g de folhas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de levístico, 25 g de sementes para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de losna, 5 g de sumidades floridas para
1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de loureiro, 20 g de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de maceIa, 20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de maravilhas, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de marroio, 20 g de planta seca para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão de
melissa-bastarda, 50 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos
O Infusão de rnilfólio, 30 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de nêveda-dos-gatos, 30 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de noveleiro, 15 g de casca para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão
de orégãos, 10 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O l@fusão de
pé-de-leão, 30 g de folhas e de caules para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
pimenta-d'água, 10 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
pulsátila, 5 g de folhas e flores frescas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Suco fresco de
salsa, 100 g por dia O Infusão: - de salva,
- de salva-esclareia, 15 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
tanaceto, 20 g de sumidades floridas secas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de tasneirinha, 50 g de raízes para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de tomilho, 20 g de planta para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de trevo-d'água,
20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
5 minutos O Infusão de urtiga-branca, 20 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de zimbro, 20 g de bagas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos.

Meteorismo. Distensão do abdómen devida à acumulação de gases nos intestinos.

Uso interno Utilizam-se sementes de plantas que, geralmente, têm uma acção carminativa. * Beber 1
chávena depois das refeições: O Infusão de 30 g de sementes ou de frutos de cada planta ou de 30 g da
sua mistura, consoante o gosto: - aipo, - alcaravia, - anis, - cenoura,
- coentros, - cominhos, - endro, - funcho,
- levístico, adicionando um fragmento de casca

de limão O Infusão de abrótano, 30 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de


,agripalma, 20 g de planta para 1 l de água fervenNARIZ VERMELHO

te, infundir 10 minutos O Infusão de balsamita,


40 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de basílico, 40 g para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Pó de rizorna de cálamo-aromático seco; 1 g numa colher de mel
depois das refeições O Carvão de choupo-negro;
1 colher de café 2 vezes por dia O Infusão de estragáo, 30 g para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de hissopo, 20 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de hortelã-pimenta, 50 g para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de imperatória, 30 g de rizoma para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de linho-de-cuco, 15 g para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de lúcia-lima, 15 g para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de pé-de-leão, 30 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de pimpinela, 30 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
saturej a- das- montanhas, 30 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de serpão,
20 g de planta para 1 l de água, ferver 1 minuto, infundir 10 minutos O Infusão de tomilho, 30 g para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
O Comer: - arroz integral, - cebolas cruas, rabanetes O Guarnecer os pratos com ceboletas frescas
picadas.

Mordedura. Para mordeduras de cão, gato ou


carnívoro selvagem, deverá ter-se presente o perigo de raiva; a mordedura de serpente pode causar um
envenenamento. Conduzir imediatamente a vítima para um centro onde lhe poderão ser

ministrados tratamentos adequados.

USO EXTERNO Para as mordeduras de víbora * Enquanto se espera pela injecção de soro
antiveneno, aspirar a mordedura, se não se tiver a boca ferida, e aplicar sobre a ferida urna das
seguintes plantas: O Suco de raízes e de folhas de bardana-maior O Cebola crua picada e salgada O
Folhas amachucadas e vagens de feijão verde O Flores amachucadas de giesteira-das-vassouras O
Suco de rizoina esmagado de imperatória O Folhas contusas de tanchagens.

Nariz vermelho. Um nariz permanentemente vermelho pode estar atingido de acrie rosácea. Um nariz
que se torna vermelho com o frio ou o calor pode ser uma manifestação de desequilíbrio circulatório
frequentemente de origem neurovegetativa.

USO EXTERNO
O Banho de pés corri água muito quente, seguido de água muito fria (terminar corri o banho frio).
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* Banho descongestionante do nariz que deve ser utilizado morno com:
O Infusão de cerefólio, 40 g de planta para 1 l de água fervente O Infusão de flores de laranjeira-doce,
20 g para 1 l de água fervente O Infusão de rosas, 20 g de pétalas para 1 l de água fervente.

Náusea. V. Vómito.

Nefrite. Inflamação do rim; pode ser aguda ou


crónica, infecciosa ou tóxica e acompanhada de hipertensão arterial, edema, de perturbações na
eliminação da ureia. A inflamação ou a infecção do bacinete denominam-se pielonefrite.

Uso interno
O Adicionar à alimentação polpa de abóbora cozida em puré ou sopa. * Beber ao longo do dia: O
Infusão de buglossa,
20 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia O Infusão de
erva-de-são-roberto, 30 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3
chávenas por dia O Decocção de milho, 30 g de estigmas para 1 l de água, ferver 30 minutos e coar
morno O Decocção de salsaparrilha-bastarda, 50 g de raizes secas para 1 l de água, ferver 15 minutos,
infundir 10 minutos; beber 1 l por dia, às chávenas pequenas, entre as

refeições O Decoeção de urze, 30 g de planta florida para 1 l de água, ferver 15 minutos; 4 chávenas
por dia O Decocção de vara-de-ouro,
50 g de sumidades floridas para 1 l de água, dar uma fervura, infundir 10 minutos; dose para 48 horas.

Nervos.(Crise de). Uma crise de nervos é um


episódio emotivo, acompanhado de tensão ou de
tremuras, que termina por uma crise de choro.

Uso interno
O Infusão de hortelã, 30 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 cUyena
O Infusão de rnacela, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; beber 1 chávena
muito quente O >Infusão de tília, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos; beber
muito quente O Infusão de visco, 15 g de folhas frescas para 1 l de água fervente; beber
1 chávena e o restante ao longo do dia. * Para ter de reserva: O Tintura de valeriana,
100 g de raízes frescas cortadas em pequenos pedaços, macerados durante 2 semanas em O,5 1 de boa
aguardente, filtrar; ingerir 40 gotas.

Nervosismo. Maneira de ser, feita de susceptibilidade, de agitação, de irritabilidade, podendo ser o


sinal precursor de uma nevrose.

Uso interno Estas plantas são tão eficazes que os especialistas as denominam tranquilizantes vegetais.
* Beber 2 chávenas por dia: O Decocção de alface - 500 g de folhas de alface, - 50 g de alface-brava
para 1 l de água, ferver 5 minutos, deixar arrefecer e coar; beber com açúcar O Infusão de golfões: -
30 g de flores de golfão-branco, - 30 g de raizes de golfão-amarelo para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de lúpulo, 30 g de cones para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de marroio-negro, 40 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
passiflora, 40 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de salgueiro-branco,
40 g de folhas e de amentilhos em 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão composta de 30
g de flores de tília, 30 g de raízes de valeriana e 40 g de flores de laranjeira-doce, misturar bem as
plantas e retirar 30 g da mistura para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos e coar; beber
imediatamente.

Para combater os espasmos e restabelecer o equilíbrio do sistema nervoso

* Beber 2 chávenas por dia: O Infusão- de alecrim, 20 g de sumidades floridas para 1 l de água
fervente, in(iindir-20 minutos O Infusão de angélica, 10 g de folhas frescas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de aspéruIa-odorífera, 40 g de flores secas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de balsamita, 40 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de basílico, 40 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocção de cálarno-aromático, 10 g de rizoma para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir
10 minutos O Infusão de cornichão, 40 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de erva-coalheira,
30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Decocção de girassol, 20 g de sementes torradas e pulverizadas para 1 l de água, ferver
5 minutos, deixar amornar e coar O Infusã o de lúcia-lima, 15 g de folhas secas para
1 l de água fervente O Infusão de macela, 20 a

30 g de flores para 11 de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de malva, 40 g de flores e de


folhas misturadas para 1 l de água fervente, infundir 20 minutos O Infusão de manjerona, 30 g de
sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de marroio, 40 g de
sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 20 minutos O Infusão de meliloto, 30 g de
sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 20 minutos O Infusão de narciso-trombeta, 1 g
de pó de flores secas para 1 copo de água fervente com açúcar O Infusão de nêveda-dos-gatos, 40 g de
sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de papoila, 20 g de flores
para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de peónia, 50 g de flores secas para 1 l de água
fervente, infundir 20 minutos O Infusão de pirliteiro, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de salva, 15 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão
de tasneirinha, 40 g de raízes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
O Comer: - alperces, - maçãs, - trigo.
O Extracto de pinguícula, macerar durante 1 noi414
te 50 g de folhas em O,25 1 de água fervente, coar, aquecer depois o líquido para evaporar, ficando
reduzido a metade, conservar num frasco rolhado; 20 gotas por dia em 2 ou 3 doses.

USO EXTERNO
O Banhos: - de alfazema, - de tília, infundir
200 g de planta em 3 1 de água fervente e coar
espremendo; deitar o líquido na água do banho.

Nevralgia facial devida ao frio * Fumigação de hortelã e de hortelã-pimenta, infusão concentrada, 50 g


para 1 l de água fervente; expor a cara aos vapores.
O Cataplasma de folhas e de flores de orégão cozidas numa pequena quantidade de vinho tinto
O Cataplasma de farinha de sementes de mostarda-negra O Cataplasma de raízes cozidas de pepino-
de-são-gregório O Cataplasma de folhas cozidas de verbasco O Cataplasma de folhas e de flores
frescas de verbena cozidas em um pouco de vinagre.

Uso interno * Tomar 3 chávenas por dia: O Infusão de choupo-negro, 50 g de gemas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de laranjei ra-doce, 10 g de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de passiflora,
50 g de flores e de folhas secas para 1 l de água fervente; preparar apenas 1 chávena e beber mui~ to
quente.

Obesidade. Considera-se obeso um indivíduo cujo peso ultrapassa pelo menos 15% o peso ideal. Este
pode ser calculado de diferentes modos. A fórmula seguinte, denominada fórmula de Loreriz, tem em
conta a altura (em centímetros):

Peso ideal = 50 + O,75 (altura - 150)

As obesidades agrupam-se em diversas categorias segundo as suas causas. Geralmente, dividem-se em


obesidades de superalimentação absoluta e em obesidades constitucionais, frequentemente devidas a
hereditariedade com simultânea retenção de água. A primeira atinge habitualmente mais o homem;
convém restringir o aporte alimentar e reeducar o apetite. A segunda atinge sobretudo a mulher e é
muito mais difícil de reduzir; também devem ser considerados os factores psicológicos. As plantas
úteis intervém de diferentes modos. Apresenta-se em primeiro lugar uma lista - classificada por
propriedades consoante a sua actividade principal - e em seguida o modo de utilização. Porém,
algumas plantas são dotadas de várias acções. É necessário escolher as que parecem agir melhor sobre
a

forma de obesidade de que se sofre, ser perseveiante e paciente: neste caso, como em todos os outros,
as plantas actuam lentamente.

Para diminuir a quantidade de alimentos: - alfarroba, beringela.

Para moderar o apetite: - valeriana.

Para um regime hipocalórico: - aipo, - alface-de-cordeiro, - cereja, - maçã, - uvas.

Para actuar sobre o metabolismo e as glândulas endócrinas: - aveleira, - bodelha, funcho-


marítimo, - laminárias.

Acção antiespasmódica e sedativa: pé-de-leão, - pirliteiro.

Acção colerética: alcachofra, - taráxaco.

Acção depurativa: bétula (vidoeiro), - fumária, - groselheira, - groselheira-vermelha, limão, -


marroio.

Acção diurética: - agrimónia, - cerejeira, freixo, - funcho, groselheira-negra, - macieira, - milho,


oliveira, - pastinaga, ulmeira.

Acção laxativa: - alga-perlada, - alho-porro,


- amieiro-negro, - malva.

Para actuar sobre o tónus dos vasos sanguíneos:


- aveleira, - castanheiro-da-índia, - videira.

Para um regime restritivo e depurativo: - cerejas, - maçãs, - uvas.

Uso interno As plantas e a alimentação do obeso * 1 maçã antes da refeição diminui o apetite. * No
princípio da refeição: O Comer: - aipo, pois satisfaz o estômago; adicionar-lhe algumas folhas de
funcho-marítimo maceradas em sal
415
grosso, - uma boa salada de alface- de-cordeiro,
- beringela, pobre em calorias O Tomar 1 colher de sopa de geleia de alga-perlada obtida por decocção
de 50 g para 1 l de água.
O A pastinaga é diurética O Na alfarroba, é o

albúmen das sementes que serve de lastro, percorrendo o tubo digestivo sem ser assimilado. * Durante
um tratamento: O Sumo de cerejas,
1 kg de frutos tem cerca de 500 calorias O Sumo fresco de groselha ou de groselha-vermelha, 150 g
2 vezes por dia O Suco de maçã, 1 kg ou 1 l tem cerca de 500 calorias O Sumo de uva, 1 l por dia
fornece cerca de 900 calorias. Esta dieta, seguida durante 10 dias, pode permitir uma diminuição de
peso: é necessário, no entanto, ter em conta o número de calorias assimiladas e completá-lo com
outros alimentos até atingir as 1000. Dietas mais rigorosas só podem ser estabelecidas por um médico.
Podem exigir a hospitalização. * Beber 3 chávenas por dia destas preparações: * Infusão de agrimónia,
30 g de flores e folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de alcachofra, 20 g de
folhas frescas para
1 l de água fervente O Decocção de alho-porro,
100 g para 1 l de água, ferver 15 minutos; 1 chávena 10 minutos antes das refeições O Decocção de
amieiro-negro, 10 g de casca seca, e de bodelha, 25 g de planta seca, ferver 5 minutos e coar

O Decocção de aveleira, 50 g de amentilhos para


1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de bétula (vidoeiro), 30 g de folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos, adicionar 1 pitada de bicarbonato de sódio * Decocção de
castanheiro- da- índia, 40 g de casca

para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5 minutos O Decocção de pés de cereja cultivada ou brava,
30 g para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de freixo, 40 g de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de funcho, 30 g de raízes para 1 l de água fervente, deixar arrefecer e
coar O Infusão de groselheira-negra, 50 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Decocção de laminárias, deixar em contacto durante 3 horas 100 g de planta seca em 1 l de água fria,
ferver depois
5 minutos e filtrar O Infusão de malva, 40 g de flores e de folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de marroio, 30 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Decocção de milho, 40 g de estigmas para 1 l de água, ferver 10 minutos O
Decocção de oliveira, 30 g de folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de pé-de-leão,
30 g de planta para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de pirliteiro, 15 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Decocção de taráxaco, 80 g de raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos e coar O Infusão de ulmeira,
50 g de flores para 1 l de água, infundir
10 minutos O Maceração a frio de valeriana, 50 g de raízes secas para 1 l de água durante 1 noite;
1 chávena 15 minutos antes das refeições.

Obstipação. Atraso na evacuação intestinal. A acção das plantas exerce-se principalmente de dois
modos: umas pela acção mecânica das suas
mucilagens e sementes, outras pelo efeito laxativo e purgativo dos seus componentes químicos.
Indicam-se as mais utilizadas: - alcaçuz, almeirão, amieiro-negro, - linho-de-cuco, polipódio.
Um conselho: não tomar estas plantas por um período mais longo que o necessário.
Uso interno:
Meios simples * óleos que devem ser tomados de manhã ou em momentos de crise: Azeite ao qual se
adicionam algumas gotas de sumo de limão; 1 colher de sopa todas as manhãs em jejum.
óleo de amêndoas doces; 3 colheres de sopa e apenas 1 para as crianças e pessoas idosas.
óleo de rícino, muito benéfico apesar do seu gosto desagradável; 1 colher de sopa para adultos, 1
colher de café para crianças.
Alimentos, comer: * Trigo completo;
Legumes: - acelgas, - alhos-porros, - azedas,
- batatas, - beringelas, - cebolas, - cenouras, - espinafres, - quenopódio-bom-henrique,
- tomates, - tupinambos.
Adicionar às saladas: - malva fresca, 3 folhas, - fragmentos de musgo-da-irlanda demolhados durante
5 minutos em água, - folhas de tanchagem
Saladas: de almeirão, - de lapsana, - de taráxaco
Fruta crua: - ameixas, - amoras, - cerejas,
- cerejas bravas, - groselhas, - groselhas vermelhas, - laranjas, - maçãs, - pêssegos, - uvas
De manhã, em jejum, uma compota:
- de abóbora- porqueira, - de ameixas, - de figos.

Preparações:
Decocção composta de amieiro-negro, 3 g de casca (seca há pelo menos 1 ano) em 150 g de água,
ferver 20 minutos, deixar arrefecer e macerar durante 5 a 6 horas, coar e adicionar 3 g de raízes de
alteia.
Infusão de bons-dias, 10 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos; 2 tigelas no mesmo
dia.
Decocção de centeio, 30 g de grãos para 1 l de água, ferver 10 minutos; 2 chávenas por dia.
Decocção d engos, 80 g de bagas secas em 1 l de água, ferver 3 minutos e coar; meio copo de manhã
em jejum, meio copo ao deitar.
Infusão de framboeseiro, 20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; 2 chávenas por dia;
Seiva de freixo, 2 g misturados com 1 colher de café de compota; de manhã em jejum;
Decocção de globulária, 50 g de folhas para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5 minutos e filtrar;
1 chávena à noite ao deitar
Decocção de grama-francesa, 30 g de rizoma fresco num pouco de água, ferver rapidamente, mudar a
água, pôr a ferver 15 minutos num recipiente destapado, juntar alcaçuz, 10 g de lenho seco e coar; 3
ou 4 chávenas por dia.
Decocção de labaçol, 20 g de raízes cortadas em pedaços para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5
minutos; beber no espaço de 48 horas.
Infusão de linho, 50 g em 1 l de água fervente,
3 chávenas por dia.
Infusão de linho-de-cuco, 30 g para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos e filtrar; 2 chávenas por
dia.
Decocção de polipódio, 30 g em 1 l de água, ferver e deixar infundir 10 minutos; dose para 2 dias para
beber
416
em várias vezes.
Infusão de rosas-pálidas, 50 g de pétalas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2
chávenas por dia;
Pó de ruiva-dos-tintureiros, 1 g de raiz pulverizada por dia em 2 doses com 1 colher de mel.
Decocção de sabugueiro, 80 g de bagas secas em 1 l de água, ferver 3 minutos e coar; meio copo em
jejum e meio copo ao deitar;
Infusão de sene-bastardo, 20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
5 minutos; 1 chávena açucarada ao deitar;
Infusão de serpão, 10 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia;
Decocção de trevo-cervino, 30 g de raizes fragmentadas para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir 15
minutos; 1 chávena antes das refeições principais;
Decocção de uva-espim, 40 g de casca para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos; 3
chávenas por dia;
Maceração de zaragatoa, 15 g de sementes maceradas em meia chávena de água; tomar antes do jantar.

V. também: Intestino.

Oftalmia. A inflamação dos olhos pode atingir todas as suas partes; tem frequentemente início por
urna blefarite ou uma conjuntivite.

USO EXTERNO
O Banho para os olhos 2 vezes por dia com uma

decocção tépida de eufrásia feita com 25 g de planta para 1 l de água, ferver 10 minutos O 2 gotas de
suco de cerefólio ou de salsa colocadas
2 vezes por dia em cada um dos olhos.

V. também: Blefarite, Conjuntivite, Olhos.

Olhos e visão. A atmosfera poluída das cidades, uma iluminação insuficiente ou mal regulada, sessões
de televisão demasiado longas ou ainda o
facto de usar óculos e sobretudo lentes de contacto são outras tantas causas de irritação dos olhos e das
pálpebras e de fadiga visual. É, com efeito, frágil o órgão prodigiosamente sensível que é o nosso
olho. Quanto à beleza de um olhar, resulta por vezes de pequenos pormenores: a brancura e
humidade de uma conjuntiva, a clareza de uma
pálpebra. *Os olhos são o espelho da alma.+ As plantas ajudá-lo-ão a preservá-los e a conservar a
transparência desse espelho.

USO EXTERNO
O Nos meios urbanos, nunca se deve utilizar a

á,lua da torneira para lavar os olhos e as pálpebras. Deve antes utilizar-se água de uma nascente, da
chuva, destilada ou engarrafada não mineralizada.

Para conservar a frescura dos olhos * Lavar os olhos 2 vezes por dia: O Decocção de alteia, 30 g de
raízes para 1 l de água, ferver
10 minutos O Decoeção de maiva, 40 g de folhas para 1 l de água, ferver 15 minutos. * Preparar com
antecedência as seguintes loções: O Infusão: - 10 g de fidalguinhos, - 10 g

de meliloto, - 20 g de tanchagens, em 300 g de água fervente, infundir 10 minutos, filtrar e colocar


num frasco rolhado.

Loções para olhos irritados e fatigados * Lavar os olhos e depois conservar sobre cada um durante 15
minutos uma compressa impregnada: O Infusão de engos, 50 g de flores para 1 l de água fervente,
infundir 15 minutos O Infusão de erva-de-são-roberto, 20 g de sumidades floridas para 1 l de água
fervente, infundir 20 minutos O Decoeção de eufrásia, 20 g de planta para
1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de fidalguinhos, 40 g de flores para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de framboeseiro, 20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de funcho, 10 g de sementes numa tigela de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de meliloto, 40 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de não-me-esqueças, 15 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos
O Infusão de pimpinela, 50 g de planta fresca para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão
de rosas-rubras, 20 g de pétalas para 1 l de água, infundir 30 minutos O Infusão de sabugueiro, 50 g de
flores para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos e filtrar.

Para extrair poeiras e corpos estranhos


O Pôr no ângulo interno do olho 1 semente: de aljôfar, - de salva-esclareia; a poeira irá colar-se à
semente.

Para a beleza e brilho do olhar


O Pôr 1 gota de limão em cada olho O Lavar os olhos com o líquido contido nas galhas do ulmeiro.

Para as pálpebras inflamadas


O Colocar sobre os olhos fechados folhas de saião-eurto frescas e ligeiramente esmagadas. * Lavar as
pálpebras com: O Infusão de consolda-real, 10 g de flores em O,5 1 de infusão de 10 g de pétalas de
rosas-rubras O Infusão de groselheira-negra, 50 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocção de tília,
50 g de flores para 1 l de água, ferver 10 minutos
O Infusão de violeta, 30 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.

Para os olhos pisados ou com olheiras * Conservar sobre os olhos durante 20 minutos compressas
embebidas em: O infusão de aveleira, 20 g de folhas ou de casca para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de bissopo, 50 g de sumidades floridas e de folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de macela, 20 g de flores para 1 l de água
fervente, infundir 5 minutos.
O Aplicar sobre os olhos fechados rodelas finas e

ligeiramente contusas de batata crua.

Uso interno Para melhorar a visão diurna * Beber 2 chávenas por dia:

Decocção de

417
cenoura, 50 g de raízes secas e fragmentadas para
11 de água, ferver 15 minutos, infundir 30 minutos.

Para melhorar a visão crepuscular e sofrer menos com o encandeamento


O Decocçâo de arando, 50 g de bagas para 1 l de água em ebulição, ferver 5 minutos, infundir 10
minutos O Arandos frescos O Suco de arando,
200 g por dia.

Ouvido. Algumas plantas podem acalmar certas dores de ouvidos (otalgias), sobretudo as que são
devidas a uma afecção do canal auditivo externo (furúnculo, abcesso); porém, as dores mais
lancinantes são, na maioria das vezes, provocadas por uma otite aguda do ouvido médio; é uma
afecção grave que só pode ser eficazmente tratada por um médico.

USO EXTERNO Para acalmar as dores * Colocar no canal auditivo externo uma gaze embebida: - de
sumo de limão, - de puré de alho cru, - de puré de cebola cozida O Manter sobre o ouvido dorido uma
cataplasma de sumidades floridas e de folhas: - de não-me-esqueças, cozidas num pouco de água, - de
verbena, picadas e cozidas num pouco de leite O Pôr no

canal auditivo externo 3 gotas de óleo de açucena obtido pela maceração em azeite de 100 g de
pétalas, conservado sem ser filtrado num frasco

bem rolhado ao abrigo da luz.

Para suprimir a sensação de ouvido tapado


O Pôr 20 gotas de azeite tépido no ouvido, aguardar 5 minutos e deitar-se sobre o lado do ouvido
tapado para deixar sair o azeite.

Para expulsar um insecto introduzido no ouvido


O Por algumas gotas de azeite no ouvido e inclinar a cabeça, pois o insecto desliza com o azeite.

Zumbidos nos ouvidos: v. Acufenos.

Pálpebra. V. Edema.

Palpitações. Se bem que só muito raramente sejam índice de uma verdadeira doença cardíaca, as
palpitações não deixam de ser bastante penosas para quem delas sofre; a intensidade e, por vezes, a
irregularidade dos batimentos são frequentemente devidas à ansiedade. As plantas mais úteis nesses
casos são as sedativas.

Uso interno

Para acalmar a crise * Beber 1 chávena: O de sumidades floridas infundir 10 minutos O

fera, 40 g de planta seca para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão composta de
30 g de flores de cornichão e 10 g de flores de laranjeira-doce para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de hortelã-pimenta, 40 g de folhas frescas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de lírio-dos-vales,
15 g de flores ou de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; beber lentamente em
pequenos golos O Infusão de peónia, 40 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de pimpinela-magna, 30 g de planta inteira seca para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de pirliteiro, 20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O
Infusão de tília, 20 g de flores secas

para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão composta de 1 g de pó de raízes de valeriana


e 3 g de lúcia-lima para 1 chávena de água fervente; beber rapidamente, muito quente e doce.

USO EXTERNO
O Amachucar um molho de folhas frescas de pulmonária de modo a formar uma espécie de almofada
e colocá-la sobre a região do coração; remédio dos meios rurais.

Paludismo. Doença infecciosa devida a um parasita inoculado pela picada de um mosquito. A planta
antipalúdica por excelência é a quina. De entre as plantas espontâneas dos climas europeus, existem
algumas que, embora actuando sobre os violentos acessos de febre que caracterizam esta doença
particularmente grave, não exercem a menor acção sobre o seu agente ou a sua evolução.

Uso interno
9 Infusão de marroio, 60 g em 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; tomar 1 chávena e 2 horas
depois outra O Infusão de narciso-trombeta, 40 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos; preparar 100 g de infusão, quantidade para 1 dia para ser administrada às colheres de sopa O
Decocção de pervinca, 60 g de folhas secas para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos;
tomar 2 chávenas entre as refeições O Decocção de uva-espim, 20 g de casca para 1 l de água, ferver
10 minutos; tomar
3 chávenas por dia.
O Tintura de girassol, macerar durante 10 dias 5 g de folhas secas em 50 g de álcool a 60’, coar em
seguida e conservar num frasco de vidro corado; 20 gotas para 1 copo de água. Repetir a
dose 3 horas depois se necessário O Vinho de

taráxaco, 40 g de uma mistura de folhas frescas e raízes para 1 l de vinho, ferver 20 minutos, infundir
5 horas e coar; 2 copos por dia entre as refeições.

Infusão de agripalma, 20 g para 1 l de água fervente, Infusão de aspérula-odorí

Panarício. Inflamação aguda localizada ao nível


da unha. Há formas superficiais sobre as quais podem actuar certas plantas e formas profundas que
requerem tratamento cirúrgico.
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USO EXTERNO * Os cuidados devem ser repetidos várias vezes por dia: O Cataplasmas quentes: -
bolbo de açucena cozido, - sumidades floridas de alforvas cozidas num mínimo de água e colocadas
numa gaze dobrada, - parte branca do alho-por- ro cozida, esmagada e misturada com banha de porco,
- bolbo de cebola cozido, - rizoma de selo-de-salomão cozido e esmagado em puré O Cataplasma fria
de raizes de cinco-em-rama seco, reduzidas a pó e misturadas com um ovo cru O Compressas
embebidas numa decocção de cavalinha, 50 g de planta seca para 1 l de água, ferver
5 minutos, deixar amornar e coar.

Parasitose intestinal. Presença nos intestinos de vermes parasitas ou helmintas. Os mais frequentes na
Europa de entre os vermes redondos são, nomeadamente, os oxiúros e os áscaris, e de entre os vermes
planos, ou platelmintas, as diferentes ténias, sobretudo a do boi (Taenia saginata).

Para combater todas as espécies de vermes: alho, - artemísia, - beldroega, - cebola, couve, - dictamo-
branco, - erva-formigueira,
- estragão, - funcho-marítimo, - hipericão,
- laranjeira-doce, - nogueira, - pessegueiro,
- polipódio, - ruibarbo, - tanaceto, - tomilho.

Contra os úscaris: - abrótano, - abrótano-fêmea, - balsamita, - hortelã-pimenta, - linho-bravo, - losna, -


musgo-da-córsega, santónico, - silva-macha, - tremoço.

Contra os oxiúros: abrótano, - abrótano-fêmea, genciana, limão, - linho-bravo, losna,


mentas, musgo-da-córsega, - santónico, tremoço.

Contra a ténia: - abóbora, - cenoura, - feto-macho, - romãzeira.

Uso interno

* Doses para adultos, 3 dias por mês durante 3 meses, tomar de manhã em jejum 1 chávena: O Infusão
de abrótano, 50 g de planta para 1 l de água, infundir 10 minutos O Infusão composta de artemísia, 25
g de planta, e de abrótano, 25 g de sementes, infundir 10 minutos O Infusão de balsamita, 50 g de
planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de losna, 5 g de sumidades floridas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos. * Doses para adultos: O 2 g de pó de sementes de
abrótano-fêmea em 1 colher de mel O Meio copo de suco de couve crua O 1 colher de caroços secos
de limão ou de laranja doce esmagados em mel O 3 g de pó de musgo-da-córsega numa

infusão leve de hortelã-pimenta; de manhã, em jejum; nunca ultrapassar 1 g para as crianças com
menos de 5 anos O 2 g de pó de rizoma de ruibarbo em 1 colher de mel. * Tratamento de 21 dias,
doses para adultos: O Macerar durante 12 horas 3 dentes de alho fresco e ralados em 1 chávena de
leite; todas as manhãs em jejum O 60 g de sumo de cenoura cozida;

dose para 1 dia, ingerindo metade em jejum O Infusão de dictamo-branco, 20 g de folhas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia O Infusão de estragão, 25 g em 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; de manhã e à noite O Decocção de genciana, 20 g de raizes para 1 l de
água, ferver 3 minutos, infundir 10 horas O Infusão de tomilho, 1 ramo para 1 chávena de água
fervente, infundir 10 minutos. * Para tomar de manhã em jejum, doses para adultos: O 50 g de
sementes de abóbora secas e
esmagadas em 2 colheres de sopa de mel, numa
infusão aromatizada com casca de laranja; 2 horas depois, tomar um purgante de óleo de rícino (30 g)
O Decocção de arnieiro-negro, 5 g de casca seca reduzida a pó fervida num pouco de água durante 10
minutos, macerar 5 horas e coar; nunca dar às crianças O Maceração de cebola, 1 cebola picada em
250 g de água fervente; deixar repousar 12 horas, depois esmagar a cebola, misturar e coar O 15 g de
rizoma seco de feto-macho reduzido a pó num copo de água; 4 horas depois, tomar um purgante O
Decocção de hipericão, 3 g de sumidades floridas, ferver 2 minutos numa chávena de água O
Decoeção de polipódio, 20 g de rizoma numa chávena de água, ferver 2 minutos e macerar durante 1
noite O 60 g de casca de raizes de romãzeira maceradas durante 24 horas em O,5 1 de água, ferver 15
minutos para reduzir a metade, deixar arrefecer e coar; beber o líquido muito frio em 3 doses, com 30
minutos de intervalo; em seguida, 3 horas depois, tomar um purgante (óleo de rícino) O Decoeção de
santónico,
4 g de sumidades floridas para 1 chávena de água, ferver 2 minutos, infundir 5 minutos; 1 9 para
crianças a partir de 5 anos.

Tomar até à desaparição dos vermes

* 3 chávenas por dia: O Infusão de beldroega,


20 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de pericarpo de noz, 20 g em 1 l de
água, ferver 10 minutos e coar.

Para a protecção contra os parasitas intestinais


O Infusão de erva-formigueira, 5 g de folhas secas para 1 chávena, como se fosse um chá O Infusão de
tomilho, 1 ramo para 1 chávena; ao pequeno-almoço.

USO EXTERNO * Colocar sobre o ventre: O Cataplasma de funcho-marítimo fresco esmagado O


Cataplasma de losna, 50 g de planta cozida num pouco de água
O Cataplasma de flores e de folhas frescas contusas de pessegueiro O Compressas quentes embebidas
numa decocçâo de tanaceto, 50 g de sumidades floridas para 1 l de água salgada, ferver e infundir 10
minutos.
O Clister: - com 50 g de óleo de linho-bravo em 300 g de água tépida, - com uma infusão de sementes
de tremoço, 30 g em 1 l de água fervente, seguidamente maceradas durante 24 horas.

Parto. Conjunto de fenômenos fisiológicos que se produzem no fim da gravidez e que terminam na
expulsão de um ou mais recém-nascidos. A
419
palavra *parto+ é hoje in di scri minada mente usada para todas as fêmeas.

Uso interno Antes do parto


O Infusão de salva, 30 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena depois
das refeições principais durante os 2 últimos meses.

Durante o parto, para acalmar as dores e as contracções * Tomar de 4 em 4 horas: O Infusão de


madressilva, 10 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de ruiva-
dos-tintureiros, 30 g de raízes secas para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos.

Parafacilitar a expulsão das secundinas


O Infusão de pé-de-leão, 30 g de folhas secas

para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia.

Parafacilitar o regresso da menstruação


O Infusão de artemísia, 20 g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos; 3 chávenas por dia, das quais 1 em jejum, durante 1 mês após o parto.

Pé. As meias e os sapatos de matéria sintética, a


forma antifisiológica da maioria dos sapatos, propiciam as afecções dos pés: deformação dos dedos,
unhas encravadas, micoses (afecções devidas a fungos que proliferam num meio húmido), abatimento
da arcada plantar, perturbações circulatórias. Algumas plantas podem atenuar o
desconforto devido a estas afecções.

USO EXTERNO Pés fatigados e inchados


O Banho de artemísia, ferver 100 g de planta em

3 1 de água durante 15 minutos, deitar numa bacia, deixar amornar e não coar; mergulhar os pés na
água durante 5 minutos, calcando as plantas O Compressas de feto-macho, decocção de rizorna fresco
cortado em pedaços, ferver 15 minutos em

1 l de vinagre e coar; embeber as compressas na decocção fria O Banho de hortelã-pimenta, infusão de


100 g de planta fresca numa bacia de água quente, não coar; mergulhar os pés.

Pés frios
O Polvilhar o interior das meias com farinha de mostarda O Fazer um pedilúvio sinapizado, 100 g de
farinha de mostarda num saco de pano mergulhado numa bacia de água quente.

Pés húmidos e com mau cheiro


O Polvilhar o interior dos sapatos com pó: - de cavalinha, - de salva O Pincelar diariamente as plantas
e os dedos dos pés antes de se calçar com tintura de cavalinha: macerar durante 3 semanas
100 g de planta em 100 g de álcool a 950, conservar num frasco bem rolhado O Banho: - de abeto-
branco, - de pinheiro, 1 kg de agulhas em

2 1 de água, ferver 15 minutos; banho de 15 minutos O Banho de tussilagem, 100 g de folhas secas
para 1 l de água, ferver 10 minutos e coar.
Pés doridos
O Banho de salguei ro-branco, 60 g de casca para
1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos, adicionar 2 1 de água muito quente; conservar os
pés no banho durante 10 minutos.

V. também: Banho, Calo, Frieira.

Pele. Pele jovem ou envelhecida, pele oleosa, seca, doente ... Eis, esquematicamente e sem
qualquer influência de fórmulas publicitárias, os
diferentes estados da fronteira viva do corpo humano. Quando jovem, é flexível, elástica e

sedosa; quando velha, engelha-se e endurece; quando oleosa, brilha e infecta-se com facilidade;
quando seca, enruga-se, torna-se vermelha, greta-se; quando doente, apresenta a mais variada gama de
erupções, escoriações, descamações, excrescências e colorações. Jovem ou velha, pode ter tendência
para ser oleosa ou seca; estas duas tendências coexistem muitas vezes no mesmo rosto. A natureza da
pele é hereditária.

Desde o nascimento, quando o corpo do recém-nascido se liberta do produto viscoso e protector que o
cobre, devem ter início os cuidados

exteriores. A partir desse momento, e diariamente, será necessário eliminar as poeiras, os germes, as
células mortas, o suor e o sebo. Depende de cada pessoa saber ou não limpar sem agressividade este
invólucro sensível e delicado, evitando eliminar a gordura em excesso à custa de detergentes ou alterar
a sua natureza impregnando-o de gordura sob o pretexto de o alimentar. Um dos agentes de
envelhecimento precoce é o sol, o pesado tributo pago pelo bronzeado, tão na moda. Ninguém deve
iludir-se, pois uma pele envelhecida jamais voltará a ser jovem, porque o seu metabolismo contabiliza
os anos: a cirurgia pode alisar momentaneamente as rugas e suprimir as peles descaídas, porém estas
voltarão a surgir. A maquilhagem pode dissimular os defeitos, mas impede à pele
as suas funções de eliminação e de respiração.

As plantas são aliadas da pele. Apresentam-se seguidamente algumas preparações úteis, entre as quais
será possível fazer uma escolha pessoal adaptada à natureza de cada pele e ao tempo de que se dispõe;
as loções indicadas para o rosto são também próprias para o corpo e as mãos; os banhos, quer os
vulgares, quer os de vapor seco ou húmido, são indispensáveis à higiene do corpo.

Uso interno Em caso de modificação rápida da pele, de tez lívida, de esbatimento dasfeições * Beber
durante 3 semanas 3 chávenas por dia: * Infusão de almeirão, 20 g de raízes secas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de alteia, 25 g de raízes para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Decocção de amor- perfeito -bravo, 15 g de flores e de folhas secas para 1 l de
água, ferver 5 minutos O Decocção de azedas ou de aleluias, 40 g de raízes para 1 l de água, ferver 5
minutos, infundir 5
420
minutos O Decocção de bardana-maior, 60 g de raizes frescas e cortadas para 1 l de água, ferver
10 minutos O Decocção de cenoura cultivada,
30 g de raizes secas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de cersefi-bastardo, 50 g de raizes
para 1 l de água, ferver 20 minutos O Decocção de labaçol, 20 g de raizes para 1 l de água, ferver 5
minutos, infundir 5 minutos O Decocção de salsaparrilha-bastarda, 50 g de raízes para 1 l de água,
ferver 10 minutos O Decocção de taráxaco, 30 g de folhas e de raizes frescas para 1 l de água, ferver
20 minutos, deixar repousar 3 horas O Infusão de urtigão, 50 g de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos.

* Beber todas as manhãs durante 10 dias: O Suco de alho-porro; 1 copo O Xarope de cardo-penteador,
misturar 100 g de suco fresco de raizes com 1 kg de xarope comum, ferver 20 minutos e

colocar em frascos; 2 colheres de sopa por dia O Xarope de morso-diabólico, colocar 70 g de flores e
de folhas em 1 l de água fervente, infundir
5 horas, coar e adicionar 1,750 kg de xarope comum, ferver e colocar em frascos.

USO EXTERNO

OS CUIDADOS DO ROSTO

AS LOÇOES Para todas as peles * Para limpar: O Suco fresco de agrião O Mistura em partes iguais
de suco fresco de cenoura cultivada e de sumo fresco de pepino O Decocção de escorcioneira, 50 g de
raizes cortadas para
1 l de água, ferver 30 minutos O Infusão de héspere, 50 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Suco fresco de mastruço
O Decocção de ulmeiro, 20 g de casca para 1 l de água, ferver 10 minutos. * Para tirar a
maquilhagem: O Leite de amêndoas doces, pisar 50 g de amêndoas doces num

pouco de água de rosas, completar depois com


200 g de água de rosas misturando bem, juntar
1 g de benjoim O Maceração de consolda-maior, por 150 g de raizes em 1 l de água durante 1 noite O
Decocção de laminárias, 100 g de planta para 1 l de água, macerar durante 2 horas e depois ferver 15
minutos O Infusão de maravilhas,
50 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
15 minutos O Leite de pepino, decocçáo de 400 g de pepino cortado com casca em 1 l de água, ferver
15 minutos, reduzir a polpa ou agitar com o
batedor eléctrico, adicionar 30 g de óleo de amêndoas doces O Água de rosas-pálidas, infusão de 150
g de pétalas secas em 1 l de água fervente, infundir 45 minutos e coar. * Para amaciar: O Loção de
cerefólio, infundir durante 10 minutos 50 g de planta em 1 l de água fervente O Loção de golfão, 25 g
de flores para
100 g de água, ferver 20 minutos, coar, adicionar
20 g de álcool canforado O Loção de hissopo, infundir durante 10 minutos 50 g de sumidades floridas
em 1 l de água fervente O Loção de sabugueiro, infundir durante 10 minutos 100 g de flores em 1 l de
água fervente O Loção de tremoço, ferver durante 10 minutos 30 g de sementes em 1 l de água, coar e
adicionar 30 g de vinagre. * Para tonificar: O Loção de laranjeira- doce,

infusão de 30 g de flores e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Loção de lúpulo,
15 g de inflorescências em infusão durante 10 minutos em 1 l de água fervente O Suco fresco de maçã
O Loção de macela, infundir durante 10 minutos 50 g de flores em 1 l de água fervente O Loção de
taráxaco, decocção de raízes, em doses de 60 g para 1 l, ferver 30 minutos, infundir 2 horas O Loção
de tília, ferver durante
5 minutos 60 g de flores em 1 l de água O Loção de urtigão, infusão de folhas, 50 g para 1 l de água,
infundir 10 minutos. * Para descongestionar: O Fumigação de folhas de aveleira, colocar no fundo de
1 passador várias camadas de folhas frescas e colocar o passador sobre uma caçarola com água
fervente que se

deve manter muito quente; expor o rosto aos

vapores O Suco fresco de morugem-vulgar, puro ou diluído em soro de leite O Suco de pepino fresco
misturado com 1 clara de ovo batida. * Para desinfectar: O Loção de aliaria fresca, ferver durante 10
minutos 100 g de planta em 1 l

de água.

Para as peles com tendência oleosa


O Loção de alecrim, 50 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos 40
Água de cozedura de couve ou de alho-porro O Loção de framboeseiro, ferver durante 10 minutos 20
g de folhas em 1 l de água ebuliente O Infusão de hortelã-pimenta, 50 g de sumidades floridas e de
folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Loção de hortelãs, infundir durante 10 minutos
50 g de uma dessas plantas em 1 l de água fervente O Sumo de limão puro O Infusão de milfólio, 50 g
de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de pepino, 1 planta
de
200 g com casca, cortada às rodelas, para 1 l de água, ferver 15 minutos e coar espremendo O Loção
de salgueiro-branco, ferver durante 10 minutos 50 g de casca em 1 l de água O Infusão de tussilagem,
50 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.

Para as peles com tendência seca


O Decocção de alteia, 50 g de planta inteira para
1 l de água, ferver 20 minutos O óleo de amêndoas doces e azeite O Suco de melão, 200 g
misturados com 200 g de água da chuva e 200 g de leite fresco; agitar bem antes de usar O
Decocção de tília, 60 g de flores para 1 l de água, ferver 10 minutos.

Para peles com acne

O Decocção de amor-perfeito-bravo, 50 g de flores e de folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos e


coar.

Para as peles acinzentadas e sem brilho


O Decocção de taráxaco, 50 g de raizes para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 15 minutos.

As MÁSCARAS DE BELEZA Máscaras que dão brilho * Para conservar durante 20 minutos: O Fazer
uma pasta misturando sumo de limão e gema de
421
ovo O Fazer uma pasta misturando mel e sumo
de limão O Cozer 1 maçã em leite, esmagá-la e
aplicá-la tépida, espalhando-a por toda a superfície do rosto.

Máscaras rejuvenescedoras
O Cortar 1 limão em rodelas finas; aplicar sobre o rosto e proteger os olhos por meio de compressas
de algodão embebido numa infusão de fidalguinhos O Aplicar uma camada de folhas frescas contusas
de erva-sofia; conservar pelo menos
durante 2 horas.

Máscaras adstringentes
O Aplicar'uma camada de folhas frescas esmagadas de nespereira O Aplicar: - cenoura cultivada
fresca, - pepino, - tomate fresco cortado em rodelas, a polpa ou o sumo O Máscara de mel O Máscara
de suco de alface-brava ou cultivada.

Máscaras contra a vermelhidão


O Aplicar folhas frescas amachucadas de petasite O Cozer sem água, no forno ou sob cinzas, um
rizoma de selo-de-salornão, retirar em seguida a parte interior com 1 colher e esmagar; aplicar uma
camada de espessura uniforme.

Máscaras calmantes e anti-rugas


O Picar folhas frescas de acelga com um pouco de óleo de amêndoas doces O Esmagar num pouco de
água 25 ou 30 g de sementes de marmelo e
espalhá-las sobre o rosto O Máscara de farinha:
- de aveia, - de linho - de milho, fazer uma papa e aplicá-la tépida.

Máscara anti-inchaço
O Aplicar sobre a pele do rosto uma camada de rodelas finas de batata crua ou de polpa de batata
ralada.

Máscaras repousantes e revitalizantes


O Máscara de polpa de cenoura e de natas frescas O Máscara de frutos, preparada com mel ou natas: -
de alperce, - de laranja, - de morango O Máscara de nozes trituradas em leite.

Máscara milagrosa para peles gordurosas


O Picar folhas de couve cruas e misturá-las com azeite.

CUIDADOS DAS MÃOS

Para lavar mãos muito gordurosas


O Decocção de losna, 50 g de surnidades floridas para 1 l de água, ferver 10 minutos.,

Para proteger as mãos

O Fazer um creme misturando sumo de limão com enxúndia O Esfregar as mãos: - com sumo
de limão puro, - com rodelas de tomate fresco
O Lavar as mãos em água salgada quente à razão de 80 g de sal para 1 l de água e untá-las depois com
óleo de amêndoas doces.

Para mãos muito estragadas


O Luvas de aveia, envolver cuidadosamente as
mãos numa papa de aveia morna.

Para mãos inchadas


O Envolver as mãos com urna massa aquosa de farinha de milho e farelos; 15 minutos depois, passá-
las durante 10 minutos alternadamente por á gua quente e fria, terminando por água fria.

Para tornar as mãos delicadas e macias


O Loção de camomila, decocção de 50 g de flores em 1 l de leite.

Para os dedos manchados de nicotina Limpar com sumo não diluído de limão.

CUIDADOS DO CORPO * Antes do banho: O 45 minutos antes, aplicar sobre todo o corpo óleo de
amêndoas doces. * Depois do banho: O Esfregar energicamente o

corpo com uma loção tónica de bétula (vidoeiro), decoeção de 150 g de folhas para 1 l de água, ferver
10 minutos O Polvilhar as axilas, as dobras e as zonas de fricção com pó-de-arroz constituído por
amido de arroz perfumado.
O Vinagre rosado: macerar durante 12 dias ao
sol, agitando diariamente, 100 g de pétalas de rosas-rubras secas em 1 l de vinagre e filtrar; adicionar
à água do banho em doses de 100 g para
2 1 de água.
As 3 bases de um cold cream são, em proporções variáveis, cera branca, óleo de amêndoas doces e
espermacete. Esta mistura, à qual se adicionam diversos sucos vegetais, constitui uma
massa suave que embeleza, com a qual convém massajar não só o rosto e o pescoço mas também todo
o corpo. Os laboratórios possuem uma ou
várias receitas de cold cream. A que se segue não apresenta qualquer dificuldade de realização: O
Fundir em banho-maria 300 g de óleo de amêndoas doces, 50 g de espermacete e 40 g de cera
branca, agitando constantemente com uma espátula, pôr num recipiente de faiança e deixar arrefecer,
incorporando 150 g de suco de pepino. Quando a preparação está tépida, agita-se com 1 batedor ou o
misturador eléctrico; torna-se espumosa e leve. Todos os cold creams devem ser conservados em local
fresco.

V. também: Aene, Aene rosácea, Banho, Calo, Calosidade, Celulite, Dartro, Eritema, Estrias cutâneas,
Frieira, Greta, Mancha cutânea, Obesidade, Pé, Pontos negros, Ruga, Sarda, Tez, Verruga.

Perdas brancas. V. Leucorreia.

Perna. V. Edema, Varizes.

Pesadelo. V. Sono.

Picadas de animais
USO EXTERNO Se o animal deixou o ferrão * Retirá-lo primeiro e esfregar seguidamente a picada
com: O 1 rodela de limão O Folhas fres422
cas esmagadas: - de alho-porro, - de bardana-maior, - de couve, - de groselheira- negra, de
imperatória, - de losna, - de malva, - de maravilhas, - de melissa, - de oliveira, - de rábano-
rústico, - de saião-curto, - de salsa, de salva, - de s atureja-das- montanhas, - de tanchagens, - de
tasneirinha, - de tomate, de tomilho.

Para as picadas de mosquito: - alho-porro, salsa.

Para as picadas de aranha: - acanto, - alho-porro, - bolbo de alho, - ceboleta, - cebolinha.

Para as picadas de abelha e de vespa: O Esfregar com bolbos: - de alho, - de cebola, - de

cebolinha O Folhas contusas: - de azedas, de basílico, - de sabugueiro, - de urtigão.

Pirose. V. Digestão.

Pontos negros. Saliência cutânea, esbranquiçada, com um ponto negro no vértice, que surge
geralmente na face devido à acumulação de gordura no canal das glândulas sebáceas.

USO EXTERNO * Loções de lavagem: O Sumo de limão fresco e


puro O Decocção de ervilheira, 30 g de raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos
O Água de rosas, 500 g de pétalas frescas, destilar pelo vapor até à obtenção de O,5 1 de líquido O
Infusão de sabugueiro, 100 g de flores frescas para 1 l de água fervente, tapar e infundir 10 minutos
mexendo sempre. * Máscara anticomedêmica: O Pulverizar ervilhas secas, diluir o pó num pouco de
água e aplicar esta pasta no rosto.

Prurido. Comichão. Tem várias origens: nervosa, parasitária, infecciosa, metabólica, e diversas
localizações. Antes do tratamento médico, as
plantas podem atenuar o incómodo.

USO EXTERNO * Aplicar sobre a pele: O óleo de amêndoas doces O Polpa crua de cenoura cultivada
O Suco de cerefólio cru O Folhas de cinoglossa contusas
O Suco de pepino fresco. * Lavar várias vezes por dia as zonas atingidas com uma das seguintes
preparações, sem passar depois por água limpa: O Decocção de aristolóquia, 100 g de planta inteira
fresca para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos O Decocção de bardana-maior, 100 g de
raízes frescas para 1 l de água, ferver 15 minutos, infundir 10 minutos O Decocção de cenoura, 40 g
de raízes para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de morso-diabólico, 40 g de planta inteira
para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de verbasco, 60 g de folhas e de flores para 1 l de
água, ferver 10 minutos.
Especialmente activas para o prurido vulvar:
O Infusão de macela, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos, coar e adicionar 2
colheres de café de vinagre O Decocção de pé -de-leão, 40 g de folhas para 1 l de água, ferver 10
minutos.

Psoríase. Afecção cutânea rebelde caracterizada por prurido e manchas vermelhas cobertas de escamas
secas, nacaradas, situadas nos cotovelos e joelhos.

USO EXTERNO
O Aplicar sobre as regiões atingidas folhas frescas e contusas de tomateiro. * Aplicar uma compressa
embebida em: O Maceração de consolda-maior, 200 g de raízes lançadas em 1 l de água fervente,
macerar durante
12 horas O Infusão de murta, 30 g de folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de saboeira, 80 g de raízes para 1 l de água,
ferver 3 minutos e coar imediatamente O Decocção de urtigão, 80 g de caule e de folhas secas para 1 l
de água, ferver 5 minutos, infundir
15 minutos.

Uso interno, * Durante 3 semanas, pelo menos, tomar 3 chávenas por dia: O Infusão de amor-perfeito-
bravo,
40 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Decocção de bodelha, 15 g para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5 minutos O
Decocção de salgueiro-branco, 40 g de casca
seca para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir
10 minutos.

Pulmão e respiração. Algumas plantas actuam favoravelmente sobre as dificuldades respiratórias,


independentemente da sua causa. Efectivamente, uma dispneia pode ser a consequéricia de uma
infecção, uma congestão, um edema, uma esclerose do tecido pulmonar, que devem ser
muito seriamente tratados. Activas nos casos de asma e enfiserna, bronquite e mesmo tosse, as
preparações que se seguem podem de certo modo aliviar as dificuldades respiratórias originadas pela
maioria das afecções pulmonares.

Uso interno * Beber 2 chávenas diárias: O Infusão de alfazema, 50 g de flores para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Decoeção de alho, cozer durante 15 minutos meio dente de alho
partido em pequenos pedaços em O,25 1 de leite, coar e pôr açúcar O Infusão de argentina, 30 g de
folhas e de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de cebola, cozer 1 cebola
cortada em rodelas em O,25 1 de leite, coar e adicionar açúcar O Infusão de erva-formigueira, 20 g de
planta e 10 g de hortelã-pimenta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de
espargos, 40 g de raízes para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decoeção de faia, 20 g de casca seca
para 1 l de água, ferver 20 minutos * Infusão de hipericão, 20 g de sumidades floridas
423
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos 9 Decocção de líquen- da-i slândia, ferver durante 3
minutos 20 g de planta em 1 l de água, tirar desta e lavar a planta com água corrente, ferver durante 30
minutos em 1 l de água, coar e pôr muito açúcar O Decocção de marroio, 20 g de sumidades floridas
secas para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de melissa,
50 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de pinheiro-
silvestre, 30 g de gemas para 1 l de água fervente, infundir até que o líquido esteja frio e seguidamente
coar O Decocção de polígala-amarga, 60 g de raízes fragmentadas para 1 l de água, ferver 3 minutos,
infundir 15 minutos e depois coar O Infusão de rorela, 15 g de planta para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de verbasco, 40 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 20
minutos.

USO EXTERNO
O Cataplasma de farinha de mostarda-negra para aplicar no peito e nas costas O Esfregar o tórax com
uma pequena quantidade de loção obtida pela maceração, durante 48 horas, de 10 g de pimentão em
60 g de álcool a 330 e filtrar.

Queimadura. Lesão dos tecidos provocada pelo calor. Pode ser superficial ou profunda, dependendo
essencialmente a sua gravidade da sua extensão. As queimaduras infectam-se facilmente. Todas as
plantas utilizadas no estado fresco devem ser prévia e cuidadosamente lavadas, só devendo ser
aplicadas as plantas cuja origem se conhece.

USO EXTERNO

Aplicar sobre a queimadura: O Cataplasmas: de polpa fresca de abóbora, - de folhas frescas de acanto
esmagadas, - de batata crua, - de
cebola crua às rodelas, - de polpa de cenoura
crua brava ou cultivada, - de folhas de cinoglossa cozidas num pouco de água, - de rizoma
cru de consolda-maior, - de folhas de couve
cruas e esmagadas, - de folhas de erva-armoles cozidas em azeite, - de folhas de erva-dos-calos
maceradas em óleo, - de folhas de espinafre cozidas em azeite e esmagadas, - de feijão cozido e
esmagado, - de folhas de hera frescas, de flores de maravilhas frescas e picadas de polpa de
melão fresca e esmagada,
- de folhas de pimpinela frescas e esmagadas,
- de folhas de saião-curto frescas e esmagadas,
- de folhas de sanguissorba-oficinal frescas e esmagadas.
O Compressas impregnadas: - de óleo de amêndoas doces, - de óleo de dormideira onde se maceraram
folhas frescas esmagadas de sabugueiro, - de óleo de hipericão, deixar macerar
500 g de planta fresca em 1 l de azeite, - de decocção de sementes de marmelo, 10 g em água fria (1
copo), ferver 10 minutos para reduzir e
misturar a decocção com enxúndia ou banha,
- de infusão de folhas e flores de roseira-de-cão, 50 g para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos, - de infusão de verbasco, 30 g de flores para 1 l de água fervente, - de infusão de
verónica, 10 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos, - de decocção de zaragatoa,
deixar ferver 15 minutos, 100 g de sementes em 1 l de água.

Queimadura solar. Afecção cutânea provocada por uma exposição prolongada ao sol.
USO EXTERNO
O Passar suavemente sobre a zona dorida rodelas de batata crua O Cobrir a zona do corpo atingida
com folhas de hera frescas e lavadas O óleo de camomila, 25 g de flores secas em 250 g de azeite,
aquecer lentamente em banho-maria durante 2
horas, coar, espremendo os capítulos da camomiIa, e conservar em vários frascos pequenos e rolhados
O óleo de hipericão, macerar em O,3 1 de vinho branco e O,6 1 de azeite 300 g de sumidades floridas
secas durante 4 dias, mexendo de vez em quando, depois aquecer em banho-maria, deixar ferver muito
lentamente e evaporar durante 3 horas, coar espremendo e conservar em vários frascos pequenos bem
rolhados O Vinagre de rosas-rubras, colocar num recipiente de vidro resistente ao calor 100 g de
pétalas frescas, deitar-lhes por cima 1 l de vinagre fervente, rolhar o
frasco, conservá-lo ao sol durante 2 semanas e filtrar.

V. também: Queimadura.

Raquitismo. Enfermidade da infância associada a uma carência orgânica em vitamina D devida a uma
insuficiente exposição ao sol: este facto determina que, qualquer que seja a sua classe social, as
crianças das cidades sejam mais frequentemente atingidas que as crianças dos meios rurais. A doença
manifesta-se por deformações do esqueleto, sendo o estado geral também atingido com frequência. O
remédio natural mais indicado é a exposição ao sol; as plantas são apenas auxiliares.

Uso interno
O Acrescentar à alimentação: - espinafres, rábano-rústico, - salsa, - trigo germinado, uvas.

* Beber diariamente 2 chávenas muito açucaradas: O Infusão de chagas, 10 g de folhas para 1 l de


água fervente, infundir 10 minutos O ]rnfusão de nogueira, 40 g de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos.

USO EXTERNO

O Deitar a criança num leito de feto-real fres


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co; se este estiver seco, deverá ser misturado com flores secas de matricária e palha. * Dar 2 vezes por
semana: O Banho de algas (laminárias ou alga-periada), decocção de plantas completamente secas,
150 g num pequeno saco para cada banho O Banho de cála mo- aromático, decocção de rizoma, 20 g
para 1 l de água, ferver
10 minutos e coar; deitar no banho O Banho de nogueira, decocção de 100 g de folhas em 2 1 de água,
ferver 15 minutos, coar e deitar no banho.

Respiração. V. Pulmão.

Retenção de urina. V. Diurese.

Reumatismo. Existem mais de 100 formas de reumatismo, agudas ou crónicas, inflamatórias ou


degenerativas, que podem afectar e deformar as mais pequenas articulações do esqueleto humano; têm
em comum o facto de originarem uma
dor, por vezes insuportável, que impede o sono e
muitas vezes qualquer movimento.

Uso interno * A alimentação: O Comer: - polpa de abóbora cozida, - alho cru ou cozido, - sumo de
limão fresco no tempero das saladas O Tratamento de 3 semanas: - suco de aipo, 50 g por dia, - sumo
de vagem de feijão verde, 50 g por dia, - sumo
de pêra, 200 g por dia, - sumo de tomate, 300 g por dia.
O Tratamento de 8 dias de sumos: - de cereja, 100 g por dia, - de groselha-vermelha, 150 g por dia.

Crises dolorosas * Tomar 1 copo pequeno depois das refeições: * Vinho de tanaceto, 60 g de
surnidades floridas maceradas durante 8 dias em 1 l de vinho doce natural. * Beber infusões feitas em
1 l de água fervente durante 10 minutos, 3 chávenas por dia durante 3 semanas: - alquequenje, 50 g de
bagas, amor-perfeito-bravo, 10 g de planta seca sem raiz, - bétula (vidoeiro), 30 g de folhas, -
borragem, 30 g de folhas, - choupo-negro, 20 g de gemas, - grama-francesa, 30 g de raízes, dar uma
fervura, tirar da água, repor em 1 1 de água,
- groselheira-negra, 50 g de folhas, - maçã,
50 g de cascas secas e reduzidas a pó, - primavera, 25 g de flores, - tília, 20 g de flores, ulmeira, 50
g de flores. * Beber as decocções feitas em 1 l de água ebuliente, ferver 10 minutos, infundir 5
minutos (salvo indicação especial), 2 chávenas por dia durante 10 dias: - arando-de-baga-vermelha,
30 g de planta inteira, - arenária, 80 g de planta inteira, - aristolóquia, 8 g de raizes, azevinho, 30 g
de folhas, - cersefi-bastardo, 50 g de raiizes, ferver 20 minutos, - fidalguinhos,
20 g de planta inteira sem a raiz, - freixo, 30 g de folhas, - língua-cervina, 20 g de folhas, milho, 30 g
de estigmas, - saboeira, 15 g de planta inteira, não deixar infundir, - salgueiro-branco, 20 g de casca, -
salsa, 40 g de raizes,

- taráxaco, 40 g de raizes - tuia-vulgar, 10 g de folhas, ferver 1 minuto, - ulmeiro, 70 g de casca, -


urtigão, 40 g de folhas.
O Decocção de giesteira-das-vassouras, 20 g de flores em 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir
5 minutos; nunca mais de 1 chávena por dia às colheres de sopa.

USO EXTERNO * Aplicar sobre a articulação dorida: O Cataplasma muito espessa de: - folhas de
bardana-maior cozidas em água, - rodelas de cebola crua, folhas de couve cruas, - malmequer- dos-
brejos seco aquecido, - serpáo recentemente colhido aquecido numa frigideira, - tomilho, - verbena
fresca cozida em vinagre O Cataplasma revulsiva dd: - farinha de mostarda-negra, - pimenta-d'água
fresca contusa, - polpa fresca de rábano-rústico O Conservar o membro atingido numa almofada de
folhas frescas de bétula (vidoeiro). * Mergulhar a articulação dorida em: O Banho composto de 30 g
de alecrim e 20 g de sabugueiro, fervidos com 1 punhado de sal grosso O Banho de urze, 150 g de
planta para 1 l de água
O Tomar um grande banho: - de alfazema, giesteira-das-vassouras, grarna-francesa e urze misturadas,
30 g de cada planta, infundir durante várias horas, misturar no banho, - de rizorna de feto-macho, - de
agulhas e de gemas de pinheiro. * Aplicar compressas: O Decocção de hera, 60 g de folhas para 1 l de
água, ferver 10 minutos O Decocção de selo- de- salomão, 60 g de rizoma, ferver 5 minutos em 1 l de
água. * Esfregar a articulação dorida com uma preparação feita com antecedência: O óleo de alfazema,
macerar durante 3 dias ao sol 40 g de flores em 1 l de azeite e coar depois O óleo de loureiro, macerar
durante 24 horas 50 g de folhas secas
em 50 g de álcool a 700 num recipiente fechado, adicionar O,5 1 de azeite e aquecer em banho-maria,
sem ferver, durante 5 a 6 horas, filtrar e engarrafar O Pomada de milfólio, misturar 15 g de suco
fresco com 15 g de banha O óleo de urze, macerar durante 8 dias 100 g de sumidades floridas picadas
em O,5 1 de azeite, mexendo todos os
dias, e em seguida filtrar O óleo: - de alfenheiro, - de lilás, 300 g de flores e de folhas misturadas,
maceradas em azeite ao sol durante 1 mês
O Loção alcoolizada obtida por maceração em
100 g de álcool a 600: - de pimentão, 20 g de pi mentão- vermelho picado durante 48 horas, de
zimbro, 10 g de bagas esmagadas durante 10 dias O Preparar uma mistura de alho contuso e azeite O
Dormir sobre um colchão: - de 1
-macho seco, - de feto-real fresco, - de folhas
de sabugueiro.

V. também: Artrite.

Rim. Existem várias plantas de grande utilidade em caso de insuficiência renal com tendência à
formação de cálculos e aparecimento de cólicas provocadas pela passagem desses cálculos ou de
areias para a uretra. É aconselhável utilizar essas plantas ao longo do ano em tratamentos com a
duração de 3 semanas.
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Uso interno
O Vinho de alho-porro, macerar durante 1 noite
4 g de sementes em 1 l de vinho branco e coar; 2 copos pequenos por dia O Pó de granza, 1 g de raízes
2 vezes por dia misturadas com mel, durante 10 dias O Vinho de sabugueiro, macerar

durante 48 horas 10 g de casca em 1 l de bom vinho branco e coar; 2 copos pequenos por dia. * Tomar
3 chávenas diárias: O Decocção de acelga, 30 g para 1 l de água, ferver 15 minutos e
coar O Infusão de bonina, 40 g de flores e de folhas misturadas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de cerefólio, 40 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de pés de cereja, 30 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de engos, 30
g de casca para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de framboeseiro, 30 g de folhas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de giesteira-das-vassouras, 30 g de flores para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos; apenas 8 dias por mês O Decocção de grama-francesa e de
morangueiro, 15 g de cada rizoma para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de groselheira-negra,
30 g de folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de medronheiro, 20 g de bagas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Decocção de milho, 30 g de estigmas para 1 l de água, ferver
10 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de uva-ursina, 30 g de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 15 minutos O Infusão de verónica, 40 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos.

USO EXTERNO

Crise de cólica nefrítica


O Tentar acalmá-la mediante aplicação sobre o
baixo ventre de uma cataplasma de folhas de couve cozidas.

V. também: Litíase.

Rouquidão. Alteração da voz que pode chegar até à extinção. Toda a rouquidão prolongada deve
alertar o paciente para a necessidade de um
exame médico.

USO EXTERNO * Gargarejar 3 vezes por dia com uma preparação adoçada com mel e
cuidadosamente filtrada:
O Decocção concentrada de agrimónia, 100 g de folhas secas para 1 l de água, ferver 4 minutos O
Decocção de erva-de-são-roberto, 40 g de caules, folhas e flores frescas para 1 l de água, ferver 10
minutos O Infusão concentrada de hissopo, 80 g de planta florida para 1 l de água fervente, infundir 5
minutos O Decocção de pimpinela, 40 g de raízes frescas ou secas para 1 l de água, ferver 10 minutos
O Decocção de pinheiro-silvestre, 40 g de gemas esmagadas para 1 l de água, ferver 3 minutos; não
pôr açúcar O Decoeção concentrada de silva, 100 g de folhas para 1 l de água, ferver
15 minutos O Decocção de verbasco, 30 g de flores secas para 1 l de água, ferver 10 minutos e
coar morno.

Uso interno
O Infusão de funcho, 5 g de sementes numa chávena de leite fervente, infundir 10 minutos e
adoçar com mel; beber muito quente O Xarope de rábano-rústico, colocar num recipiente bem tapado
algumas camadas de rodelas de raizes frescas polvilhadas com açúcar; dar às crianças 1 a 2
colheres de sopa do líquido por dia O Decocção de rinchão, 30 g de folhas frescas para 1 l de água,
ferver 10 minutos, coar e adoçar com mel; beber muito quente 3 a 4 chávenas por dia O Tintura de
rorela, macerar durante 10 dias 50 g de planta fresca esmagada em 250 g de álcool a W e coar; 10
gotas 3 vezes por dia.

V. também: Voz.

Rubéola. Doença eruptiva muito contagiosa devida a um vírus. A erupção, que dura apenas 3 ou 4
dias, começa no rosto, generalizando- se em
seguida pelas outras partes do corpo. As plantas seguidamente referidas exercem uma certa acção
sobre a erupção.

Uso interno * Preparações doseadas para adultos: O Decocção de bardana-maior, 60 g de raizes


frescas cortadas para 1 l de água, ferver 10 minutos; beber às colheres de café de 5 em 5 minutos O
Infusão composta de bérberis, 10 g de casca seca, e de ulmeira, 20 g de sumidades floridas, para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos e coar; 1 tigela e 12 horas depois outra O Infusão de borragem, 30
g de flores para 1 l de água fervente, infundir 30 minutos e filtrar; beber 1 copo adoçado com mel de 2
em 2 horas.

Ruga. Sulco ou prega que marca a pele.

USO EXTERNO * Colocar todas as noites sobre o rosto e o pescoço bem limpos compressas
molhadas em: O Infusão de alecrim, 50 g de flores e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Suco fresco de cerefólio O Maceração alcoólica de casca de marmelo ou de marmelo
inteiro seco,
100 g de planta em 500 g de álcool a 450, deixar em contacto durante 10 dias e filtrar O Infusão de
papoila, 60 g de pétalas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos, O Infusão de tília,
20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 miruitos O Decocção de tussilagem, 40 g de folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos.

V. também: Pele.

Sarda. Mancha cutânea devida a irregularidade na distribuição dos pigmentos que surge sob a
acção do sol.
426
USO EXTERNO * Lavar as manchas com: O Suco de agrião, de salsa, - de taráxaco O Maceração de
anétnona-pulsátila, 150 g de planta em 1 l de água fria durante 12 horas e coar O Suco de gemas de
videira, esmagar 200 g de gemas frescas, adicionar
O,5 1 de álcool a 60’, ferver e filtrar; lavar 2 vezes por dia. No caso de dispor de aparelhagem
adequada, é preferível destilar esta preparação, * Lavar-se 2 vezes por dia com: O Decocção de casca
de bétula (vidoeiro), 50 g para 1 l de água, ferver 15 minutos O Decocção de taráxaco, 50 g de folhas
para 1 l de água fria, ferver 30 rninutos
e coar.
O Vinho de bétula (vidoeiro), obtido pela maceração, durante 8 dias, de 60 g de casca em 1 l de vinho
tinto; aplicar compressas embebidas no
vinho quente.
O Decocção de escrofulária-nodosa, 20 g de rizoma para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de
genciana, 50 g de raízes para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos; utilizar tépida 2 vezes por dia;
preparar apenas para 2 dias O Decocção de selo- de- salomão, 50 g_de rizomas para 1 l de água, ferver
15 minutos.
O Pomada de arenária, fazer uma massa misturando pó da planta com a quantidade necessária de
azeite; aplicar todas as noites O Pasta avinagrada de cebola, esmagar uma cebola crua em vinagre;
aplicar diariamente nas manchas esta massa.

Sarna. Afecção cutânea muito contagiosa - transmite-se por contacto directo - e caracterizada por
grande prurido; é devida a infestação de ácaros que se alojam na pele.

USO EXTERNO Em primeiro lugar, a roupa da cama do doente deve ser cuidadosamente
desinfectada, o próprio doente lavado, ensaboado com sabão negro e esfregado vigorosamente com
uma escova; outrora, nos hospitais, chamava-se a esta operação a esfrega.
* Esfregar com: O Ramos de menta fresca.
* Em seguida, pincelar com: O Decocção de amieiro-negro, 20 g para 1 l de água, ferver 15 minutos,
coar e adicionar 1 copo de vinagre O Decocção de aquilégia, 20 g de raízes para 1 l de água, ferver 10
minutos O Decocção de evónimo, 15 g de frutos para 1 l de água, ferver 45 minutos, adicionar 1 copo
de vinagre O Decocção de hortelã-pimenta, 100 g de planta seca para 1 l de água O Decocção
concentrada: - de serpão, 100 g,
- de tomilho, 100 g, para 1 l de água, ferver 15 minutos e adicionar 1 copo de vinagre.
O Pomada: - de aleluia, 10 g de raízes raladas misturadas com 10 g de banha, - de escrofulária-nodosa,
20 g de rizorna ralado misturado com
20 g de manteiga, - de milfólio, 10 g de raízes raladas misturadas com 20 g de banha O Pomada de
consolda-real, 15 g de sementes reduzidas a
pó misturadas com 150 g de banha O Pomada de pepino-de-são-gregório, 15 g de raízes cozidas e
esmagadas misturadas com 30 g de banha.

Seborreia. V. Pele, Cabelo.

Sede. Sensação subjectiva que traduz a necessidade em água do organismo. Acompanha muitas vezes
a febre e começa pela secura da boca.

Uso interno De entre os frutos que mais acalmam a sede, distinguem-se o morango, a groselha e a
groselha vermelha.
O Mastigar: - folhas de azedas, - folhas de beldroega, - 1 raiz de rapúncio O Infusão de aleluia, 15 g
de folhas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos.

Seio. Devido à frequência dos cancros da mama, qualquer modificação de aspecto ou de textura deve
ser motivo para uma consulta médica. Existem, porém, modificações mamárias ligadas à menstruação,
flacidez ou descaimento contra as quais, com a ajuda da ginástica e de duches frios, as plantas podem,
por vezes, lutar com êxito.

USO EXTERNO Seios doridos


O Cataplasma de polpa de cenoura crua, conservar durante 20 minutos, enxaguar e aspergir o seio com
água fria à qual se adicionou álcool a
900 O Colocar sobre os seios uma almofada de folhas de cerefólio aquecidas numa frigideira O
Cataplasma quente de folhas de framboeseiro cozidas em leite, conservar 30 minutos O Cataplasma de
folhas: - de aipo, - de erva-de-são-roberto, cozidas em água, conservar durante 30 minutos.

Seios flácidos
O Lavar com: O Tintura de pé-de-leão, macerar
8 dias 100 g de folhas em O,5 1 de álcool a 900. * Aplicar compressas embebidas em: O Decocção de
bolsa-de-pastor, 60 g de planta fresca para
1 l de água, ferver 10 minutos, coar e utilizar fria
O Suco de maçã O Decocção de pé-de-leão fria,
50 g de folhas e de sumidades floridas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocçâo concentrada de
serpão, 50 g de planta para 1 l de água, ferver
20 minutos, coar e deixar arrefecer.

Uso interno Turgidez dolorosa pré-menstrual * Tornar 2 chávenas por dia: O Infusão de groselheira-
negra, 30 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de milfólio, 30 g de
sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.

Sinusite. Inflamação dos seios ósseos da face e


das regiões vizinhas. Estes seios estão próximos das fossas nasais; alguns comunicam com elas e aí
lançam as suas secreções.

USO EXTERNO

Inalação 3 vezes por dia: O Eucalipto, 50 g de

427
SOLUÇO

folhas para 1 l de água fervente O Murta, 50 g de folhas para 1 l de água fervente O Tomilho, 50 g de
folhas para 1 l de água fervente.

Soluço. Contracção espasmódica do diafragma.

Uso interno * 1 colher de café de sumo não diluído de limão * Infundir numa chávena de água
fervente, 3 g:
- de anis, - de sementes de endro, - 1 pitada de estragão, deixar infundir 3 minutos; beber quente O
Infusão: de hortelã, 10 g, de Iaranjeira-doce 10 g, de néveda, 5 g, de nêveda-dos-gatos,
10 g, para 1 l de água, infundir
15 minutos e coar; beber imediatamente O Beber meia colher de café de uma mistura de suco fresco
de folhas de hortelã-pimenta com algumas gotas de vinagre.

Sono. Para viver é necessário dormir: privado do sono, o homem morre, Por isso, todas as pessoas
dormem, mais ou menos tempo e melhor ou pior. Actualmente, as razões para dormir mal são
numerosas, destacando-se de entre elas a tensão nervosa. As plantas, de um modo lento mas seguro,
podem devolver a calma indispensável para um sono reparador.

Uso interno * Tomar 1 chávena ao deitar: O Infusão de alecrim, 20 g para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Decocção de alface-brava- maior, 30 g de folhas e de caule para 1 l de água,
ferver 5 minutos e coar O Decocção de cascas de amêndoas, 40 g para 1 l de água, ferver 10 minutos e

coar O Infusão de aspérula-odorífera, 30 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10


minutos O Decocção de palha de aveia, 30 g para 1 l de água, ferver 5 minutos O Infusão de basílico,
20 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de cânhamo, 20 g de folhas
secas e de sementes para 1 l de água fervente O Infusão de cornichão, 80 g para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusã o de jasmineiro-galego, 25 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de laranjeira- doce, 20 g de flores ou de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de loureiro, 15 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocção de lúpulo, 30 g de cones

para 1 l de água, ferver 3 minutos, deixar amornar e coar O Infusão de manjerona, 50 g de folhas e de
sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de marroio, 20 g de planta
seca para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de marroio-negro, 30 g de flores para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de matricária, 20 g para 1 l de água fervente, infundir
5 minutos O Infusão de meliloto, 20 g de caules floridos para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos
6 Infusão de melissa, 30 g de sumidades floridas e de folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de melissa-bastarda, 40 g de caules floridos

para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de nêveda-dos- gatos, 20 g de planta para
1 l de água fervente O Infusão de papoila, 15 g de flores para 1 l de água fervente O Infusão de
pirliteiro, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de salgueiro-branco,
40 g de folhas ou de amentilhos para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de tília, 20 g
de flores para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de verbasco, 25 g de flores para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos.
Acrescenta-se uma receita simples de ciganos:
O Cozer em água uma alface cultivada; comer 2 folhas ao deitar com 2 colheradas de mel. * Beber 1
copo pequeno ao deitar: O Xarope de alteia, macerar durante 24 horas em 1 l de água fria 100 g de
raízes cortadas, coar, ferver em
lume brando com 1 kg de açúcar, adicionar um
aroma (flor de laranjeira) e engarrafar O Xarope de golfão-branco, infundir durante 6 horas em 1 l de
água fervente 80 g de flores, coar e adicionar 1,5 kg de açúcar, ferver e engarrafar depois de frio 40
Xarope de pessegueiro, adicionar ao
suco de 500 g de flores esmagadas 1 kg de açúcar, cozer em banho-maria tapado e engarrafar. *
Tomar 20 gotas ao deitar O Tintura de passiflora, macerar durante 8 dias 10 g de sumidades floridas
em 50 g de álcool a 600 e coar O Tintura de valeriana, macerar durante 8 dias 10 g de raí zes secas em
50 g de álcool a 601 e coar.

USO EXTERNO
O Banho quente, antes do deitar, ao qual se adicionou previamente uma infusão concentrada de uma
das seguintes plantas: - alface-brava-maior, a spéru Ia- odorífera - cornichão, golfão, jasmineiro-
galego, - lara njei ra- doce,
- lúpulo, - marroio-negro, - meliloto, papoila, - passifiora, - pirtiteiro, - salgueiro-branco, - tília, -
valeriana.

Sudação, transpiração. A sudação pode ser


provocada por excesso de calor ou esforço físico, pela febre e por certas doenças. As plantas Podem
aumentar ou diminuir a produção de suor.

Uso interno Para provocar a sudação * Tomar 3 chávenas por dia: O Decocção de bardana-maior, 50 g
de raizes frescas cortadas em pedaços para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos O
Infusão de borragem, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
sabugueiro, 40 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.

Para diminuir a produção de suor, suores nocturnos, suores profusos * Tomar 2 chávenas por dia, das
quais 1 ao deitar: O Infusão composta de bétula (vidoeiro),
20 9 de folhas, e de carvalho, 20 g de folhas, para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Decocção de cavalinha, 50 g de planta seca para
1 l de água, ferver 20 minutos.
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O Vinho de salva, macerar durante 1 semana 80 g de folhas secas em 1 l de vinho doce natural e
filtrar; 1 colher de sopa depois das refeições.

USO EXTERNO
O Banho: - de abeto-branco, - de pinheiro-bravo, 5 g de agulhas para 1 l de água do banho, preparar
em 5 1 de decocção, que será depois adicionada à água da banheira.

Surmenage. Estado de fadiga física e psíquica. Há uma terapêutica indispensável: o repouso.

Uso interno
O Juntar à alimentação soja sob todas as suas
formas: farinha, sementes, germes, óleo e leite, que se prepara demolhando 150 g de sementes em 1 l
de água durante 36 horas, coar, esmagar as sementes, misturar o puré ao líquido, deixar em repouso
durante 1 hora e filtrar; dose para 24 horas que não se conserva para além deste prazo.

Para estimular as funções endócrinas, especialmente a tireóide


O Comer aveia sob a forma de farinha ou de flocos.

O Comer maçãs e uvas.

Para facilitar o sono das pessoas cansadas


O Infusão de alecrim, 20 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente; tomar de manhã O Vinho
de angélica, obtido pela maceração de 50 g de planta durante 3 dias num frasco fechado com
1 l de vinho branco de boa qualidade; 1 copo pequeno antes das refeições O Infusão de passiflora, 30 g
de flores em botão para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; tomar à noite ao deitar.

Uso interno e Comer alho cru, muito activo contra os danos causados pela nicotina no organismo.

V. também: Boca.

Tabagismo. Quer se acredite nos malefícios do tabaco, quer não, as plantas podem ajudar a vencer o
hábito de fumar e a lutar contra as afecções da boca.

USO EXTERNO
O Bochechar com alfenheiro, decocção concentrada de folhas, 50 g para 1 l de água, ferver 5 minutos;
não engolir O Podem fumar-se folhas sãs e secas: - de arnica, - de aspérula-odorífera, - de betónica, -
de m a 1 mequer- dos -brejos,
- de sabugueiro, - de salva, - de tussilagern,
- de uma mistura de aspérula-odorífera e tussi- ]agern, - de uma mistura de betónica e tussilagem,
adicionar a cada uma destas plantas ou às misturas algumas folhas de hortelã-pimenta O Misturar igual
quantidade de folhas bem secas de tussilagem, de aspérula-odorífera e de hortelã-pimenta, deixar 1
noite em água adoçada com
mel, secar rapidamente ao ar livre, comprimir e cortar.

Ténia. V. Parasitose.

Terçolho, hordéolo. Espécie de furúnculo da pálpebra, localizado ao nível de um cílio.


USO EXTERNO Todas as preparações indicadas em seguida devem ser cuidadosamente filtradas e
usadas frias. * Banhos para os olhos: O Decocção de eufrásia, 20 g de planta para 1 l de água, ferver
15 minutos O Infusão de fidalguinhos, 60 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 30 minutos
O Infusão de sabugueiro, 100 g de flores frescas ou secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos. * Cataplasma: O Aplicar sobre o terçolho, várias vezes por dia, 1 compressa contendo folhas
frescas picadas de basílico.

Tez. Uma tez manchada ou plúmbea é frequentemente sinal de uma intoxicação do organismo. São
sobretudo as plantas depurativas que podem intervir de maneira mais eficaz, associadas aos cuidados
de higiene e de beleza.

Uso interno * Tomar 3 chávenas diariamente durante 10 dias: O Decocção de aipo, 30 g de raizes para
1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de almeirão O 10 9 de folhas secas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Decocçáo de bardana-maior, 60 g de raizes para 1 l de água, ferver 10 minutos
O Infusão de borragem, 20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
buglossa, 20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de fumaria, 30 g de
plantas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos * Infusão de tomate, 25 g de folhas secas para 1
l de água fervente, infundir 10 minutos e coar; beber frio.

USO EXTERNO * Aplicar sobre o rosto: O Leite de alho-porro, extrair o suco fresco de 1 alho-porro
e misturá-lo com soro de leite O Decocção de bétula (vidoeiro), 60 g de casca para 1 l de água, ferver
10 minutos, infundir 10 minutos O Leite de morango, esmagar 50 g de morangos num pouco de leite
fresco; aplicar no rosto esta pasta O Loção de salsa, infundir durante 10 minutos 30 g de salsa em O,5
1 de água fervente e coar O Água de salva, macerar durante 6 semanas 60 g de planta em
1 l de água-de-colónia e filtrar O Decocção de taráxaco, 60 g de raizes frescas para 1 l de água, ferver
30 minutos, deixar arrefecer.

V. também: Pele.
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Tinha. Afecção do couro cabeludo devida a um fungo que provoca a queda do cabelo. Consultar o
médico.

USO EXTERNO
O Loção de alfazema, macerar durante 2 semanas 100 g de flores em O,5 1 de aguardente a 300 e
filtrar; lavar as manchas O Cataplasma de folhas secas contusas de aquilégia.

Uso interno * Além do tratamento local, beber 3 chávenas por dia: O Decocção de amor-perfeito-
bravo, 10 g de planta seca para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Líquido de
cozedura de escorcioneira.

Torcicolo muscular. Torção do pescoço, cabeça inclinada, devida a uma retracção do músculo e
sternoc lido mastói deo.

USO EXTERNO * Aplicar 2 vezes por dia: O Compressas embebidas numa decocção quente de
alecrim, 50 g para 1 l de água, ferver 15 minutos e coar; cobrir com 1 xaile de lã O Cataplasma de
folhas de orégãos cozidas num pouco de vinho.

Tosse. As plantas activas contra a tosse, ou plantas peitorais, actuam de dois modos: acalmam a
tosse e facilitam a expectoração. Embora algumas acumulem as duas acções, separaram-se os
dois aspectos, indicando as plantas consoante o
que corresponde à sua acção mais enérgica. Naturalmente, nenhuma das preparações pode substituir o
tratamento da doença que provoca a tosse, a qual é apenas um sintoma. As plantas aliviam o doente,
mas não o curam. Consultar o médico.

Uso interno Tosse espasmódica * Tomar 3 chávenas por dia entre as refeições:
O Maceração de alcaçuz, 40 g de raizes em 1 l de água fria durante 1 noite O Pó de alface-brava-
maior, 2 g de sementes pulverizadas por dia, em 2 doses, misturadas com mel O Infusão composta de
20 g de flores de alfazema e de 20 g de sumidades floridas e de folhas de hortelã para 1 l de água
fervente, infundir 5 minutos O Infusão de amendoeira, 30 g de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de anis,
15 g de sementes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de antenária, 20 g de flores
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de balsamita, 15 g de sumidades floridas e de
folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de basílico,
20 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
castanheiro, 40 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de cebola,
250 g de bolbo para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; tomar muito doce * Infusão
de dictamo-de-creta, 20 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de engos, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de funcho,
15 g de sementes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de golfão-branco,
25 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de j asmineiro- galego, 20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de madressilva, 5 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O
Infusão de nêveda-dos-gatos, 20 g de planta para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de orégãos, 10 g de sumidades floridas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de peónia, 40 g de flores para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de pimpinela, 30 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Decocção de polígala, 120 g de raízes para 1 l de água, ferver 3 minutos,
infundir 10 minutos O Infusão de rorela, 15 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos
O Decocção de serpão ou
de tomilho, 250 g de planta para 1 l de água, ferver 10 minutos, adicionar 250 g de mel e tomar às
colheres de sopa O Infusão de visco, 25 g de folhas cortadas em pequenos pedaços para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos.

Preparações expectorantes
O Decocção de aipo, 25 g de raizes para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão: - de borragem, -
de bugIossa, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decoeção de cenoura
cultivada, 100 g de raizes para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de cerefólio,
40 g de planta para 1 l de água fervente, infundir
5 minutos O Suco fresco de chagas, 30 g por dia em leite adoçado com muito mel O Infusão de énula-
campana, 15 g de raizes secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de figueira,
100 g de figos secos para 1 l de água, ferver 10 minutos e coar O Decocção de líquen-da-islândia,
macerar durante 3 horas 20 g de planta em 1 l de água fria, mudando a água 3 vezes, ferver 5 minutos,
deitar fora a água, substituí-la, ferver mais 15 minutos e coar O Decocção de malva, 15 g de flores
para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de marroio, 20 g de sumidades floridas e de folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de petasite, 20 g de raizes para, 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Decocção de primavera,
20 g de raizes para 1 l de água, ferver 10 minutos
O Infusão de pulsátila, 15 g de flores e de folhas frescas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos; não ultrapassar mais de 2 chávenas pequenas por dia O Infusão de rinchão, 30 g de planta
para 1 l de água fervente, infundir 20 minutos O Decocção de tasneirinha, 30 g de planta seca para 1 l
de água, ferver 10 minutos O Infusão de tramazeira, 20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de tussilagem, 50 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de verbasco, 20 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O
Decocção de violeta, 10 g
430
de raízes para 1 l de água, ferver 20 minutos e coar.
* Tomar 2 a 4 colheres de sopa por dia: O Xarope de açafrão, ferver durante 30 minutos em 1 l de
água 15 g de pó de estigmas, filtrar, adicionar O,5 kg de açúcar, pôr tudo a cozer e engarrafar O
Xarope de alho-porro, 150 g de planta para
1 l de água, ferver 30 minutos, juntar o mesmo
peso de mel O Xarope de alteia, ferver em 1 l de água durante 15 minutos 40 g de raizes, coar,
adicionar 1,5 kg de açúcar, levar de novo à ebuliçã o e engarrafar O Xarope de avenca, deitar 1 l de
água fervente sobre 80 g de folhas frescas, infundir 8 horas, coar, adicionar 1 kg de açúcar, ferver 2
minutos e coar O Xarope de hissopo, infundir durante 10 minutos 100 g de planta em
1 l de água fervente, coar, adicionar 1,5 kg de açúcar, misturar, dissolver e pôr tudo a ferver até à
obtenção de um xarope e engarrafar O Xarope de murta, infundir durante 6 horas em 1 l de água
fervente 75 g de folhas, coar, adicionar
1,750 kg de açúcar, dissolver e cozer O Xarope de papoila, infundir num recipiente tapado durante
12 horas 400 g de flores recentemente colhidas em 1 l de água em ebulição, coar, adicionar
1,400 kg de açúcar e deixar ferver até ficar espesso O Xarope de flores de pessegueiro, centrifugar 1
kg de flores e misturar o suco com 2 kg de açúcar, pôr tudo junto a cozer até ficar espesso e

engarrafar O Xarope de rábano, cortar às rodelas, pôr num passador e cobrir com açúcar em pó,
recolher o líquido do passador O Xarope de rãbano-rústico, macerar durante 3 horas 1 raiz cortada às
rodelas, dispô-las às camadas sobrepostas num passador e cobri-Ias abundantemente com açúcar em
pó, recolher o líquido do passador.

V. lambem: Bronquite.

Tosse convulsa. Doença infecciosa, contagiosa e


epidémica que se manifesta por acessos de tosse característicos, acompanhados muitas vezes de
vómitos e expectoração mucosa.

Uso interno
O Decoeção de alface cultivada, 100 g de folhas para 150 g de água, ferver 5 minutos; beber morno e
com muito açúcar O Infusão de basílico,
30 g de uma mistura de folhas e flores para 1 l de água fervente O Infusão de hera, 15 g de folhas
frescas picadas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia O Infusão de
hortelã-pimenta, 60 g de folhas secas para 1 l de água fervente O Infusão de lírio-florentino, 20 g de
rizoma seco para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; 2 chávenas por dia O Infusão composta de marroio, 20 g de sumidades floridas e de
folhas secas e fragmentadas para 1 l de água fervente, à qual se adicionam algumas folhas frescas ou
secas de basílico, que melhora o gosto da preparação O Infusão de narciso-trombeta, 20 g de flores
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; preparar apenas 100 g de cada vez, administrar às
colheres de sopa no momento dos acessos de tosse, e nunca mais de 6 a 8 colheres por dia O Infusão
de pessegueiro, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; preparar apenas 200 g de
infusão, administrar 3 colheres de sopa de cada vez 3 vezes por dia O Infusão composta de primavera
e de tomilho: misturar bem 300 g de raízes e de flores secas de primavera e 50 g de ramos com folhas
de tomilho seco picado, utilizando para 1 l de infusão 50 g de mistura; é necessário filtrar O Infusão
de salva-esclareia, 20 g de folhas secas para 1 l de água fervente; 2 chávenas por dia. * Xarope de
alho, 100 g de bolbos descascados esmagados em 250 g de água fervente, infundir
15 minutos, coar, adicionar 250 g de açúcar; 2 colheres de sopa por dia O Xarope de nêveda-dos-
gatos, 25 g de sumidades floridas para O,25 1 de água fervente, deixar infundir 15 minutos, coar e
adicionar açúcar até espessar muito; administrar
1 colher de café de hora a hora O Pasta de líquen-da-islândia: macerar durante 1 noite 200 g de líquen
em água fria, escorrer, lavar abundantemente a planta em água fervente, deixar cozer lentamente
durante 30 minutos, coar, pesar, acrescentar igual peso de açúcar, cozer em banho-maria mexendo
sempre e retirando a espuma até engrossar, pôr num boião e tapar; 1 colher de café no momento dos
acessos de tosse.
O Tintura de cipreste, obtida por maceração de
10 g de bagas em 100 g de álcool a 600 durante
24 horas, filtrar, conservar num frasco rolhado;
10 gotas 2 vezes por dia, misturadas com uma tisana adoçada com mel O Tintura de rorela, macerar
durante 10 dias 50 g de planta fresca esmagada em O,25 1 de álcool a 601; 10 gotas 3 vezes em
cada 24 horas, misturadas com uma tisana.
O Extracto de pinguícula, deitar sobre 50 g de folhas O,25 1 de água fervente, macerar durante 1
noite, coar e seguidamente aquecer o líquido para evaporar até metade do seu volume; 5 gotas 3 vezes
por dia, misturadas numa tisana.

Transpiração. V. Sudação.

Traqueíte. Inflamação da traqueia.

Uso interno
O Infusão de antenária, 20 g de flores para 1 l de água, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia
O Decocção de colza, 20 g de raízes descascadas em 1 l de água, quando as raízes estiverem cozidas e
moles, a decocção está pronta; coar e beber
O,5 1 nas 24 horas O Decocção de hera, 5 g de folhas para 1 l de água, ferver 5 minutos e coar;
2 chávenas pequenas por dia O Decocção de orégãos, 30 g de sumidades floridas para 1 l de água,
ferver 5 minutos e coar sem infundir; dose para 24 horas O Infusão de rinchão, 50 g de planta, se
possível fresca, para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos e coar; beber imediatamente, 2 chávenas
por dia O Infusão de tussilagem, 50 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3
chávenas por dia O Infusão de verbasco; 40 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos;
3 chávenas por dia.
431
úlcera cutânea. Perda de substância cutânea devida a uma má irrigação sanguínea, situada por vezes na
perna depois do aparecimento de uma variz (úlcera varicosa). Infecta muitas vezes. É preciso limpá-la,
secá-la e activar a sua cicatrização.

USO EXTERNO * Loções para lavagem: O Infusão de abeto-branco, 30 g de gemas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de alho, deitar
1 l de água fervente sobre 25 dentes de alho esmagados, tapar, infundir 30 minutos O Decocção de
amieiro, 30 g de casca para 1 l de água, ferver
10 minutos O Infusão de artemísia, 20 g de planta para 1 1de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de cebola preparada com 1 l de água fervente e 50 g de bolbo esmagado, infundir 30 minutos
O Infusão de cocleária, 2 g de raízes em
100 g de leite, ferver e coar O Infusão de erva-de-santa-bárbara, 30 g para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de escórdio, 40 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Vinagre de evónimo, ferver durante 5 minutos 80 g de folhas em 1 l de
vinagre, infundir 5 minutos e coar O óleo de hipericão, misturar 1 l de azeite, O,5 1 de vinho branco
e 500 g de flores frescas picadas de hipericão, pôr em banho-maria e ferver até à evaporação do vinho
branco, deixar amornar e coar

espremendo O Suco fresco de rizoma de lírio-amarelo-dos-pântanos diluído em água fervida


O Decocção de maravilhas, 100 g de pétalas para
1 l de água, ferver 30 minutos O Água de rosas-rubras, 60 g de pétalas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Decocção de salgueirinha,
60 g de sumidades floridas para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5 minutos O Decocção de
salva- e sclarei a, 50 g de planta para 1 l de vinho, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos O Decocção
de silva, 30 g de folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de verónica, 50 g de planta
para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de vide-branca, 30 g de folhas frescas para 1 l de
água, ferver 5 minutos; lavar com cuidado para limpeza da úlcera O Maceração de zaragatoa, 30 g de
sementes para 1 chávena de água.

Fazer cataplasmas com: O Folhas esmagadas: de angélica, - de aquilégia, - de betónica, de cenoura, -


de conchelos, - de couve, de graciosa, - de pinguícula O Raiz de alcaparreira cozida num pouco de
água O Folhas de bardana-maior maceradas em óleo O Folhas cozidas de becabunga O Raiz fresca: -
de consolda-maior, - de labaçol O Folhas de nogueira cozidas num pouco de água O Decocção de
salgueiro-branco, 50 g de casca para 1 l de água, ferver 20 minutos O Folhas e flores picadas de vara-
de-ouro. * Polvilhar com: O Pó: - de amor-de-hortelão seco, - de carvalhinha.

Unha. Reflectindo o estado geral do organismo, tal como os cabelos, as unhas têm a sua própria
patologia, muito complexa. As plantas apenas intervêm para lhes conservar a beleza e a solidez.

USO EXTERNO
O Todas as noites, antes do deitar, cobrir as unhas com uma mistura de azeite tépido e sumo de limão;
massajar e pôr luvas O Cobrir as unhas com sumo de limão puro O Cobrir as unhas com uma loção
composta em partes iguais de sumo de limão e de infusão de rosas, preparada com 40 g de pétalas para
1 l de água.

Uso interno
O Tornar 10 dias por mês, durante 3 meses, 2 colheres de café por dia de suco fresco de cavalinha ou
2 vezes por dia 1 g de pó da mesma planta seca com um pouco de mel.

Ureia. Produto de excreção eliminado principalmente pelo rim na urina. Quando esta função é
deficiente, eleva-se o teor de ureia no sangue e
surgem perturbações.

Uso interno Plantas alimentares e condimentares recomendadas: O Suco de: alho-porro, - arando,
cebola, - salsa, taráxaco, - tomate, como cereal: o arroz. * Beber 3 chávenas por dia: O Infusão
de alcachofra, 10 g para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Maceração de alho-porro, 30 g de raízes em 1 l de vinho branco durante 8 dias e coar; 1
copo pequeno todos os dias O Decocção de alquequenje, 20 g de frutos secos para 1 l de água, ferver 5
minutos, infundir 5 minutos O Infusão de bétula (vidoeiro), 30 g para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos; pode juntar-se 1 pitada de bicarbonato de sódio O Decocção de cardo-corredor, 30 g de
raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Decocçáo de énula-campana, 10 g de
raízes para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir 10 minutos O Decocção de feijoeiro, 60 g de vagens
frescas para 1 l de água, ferver 1 minuto, deixar infundir e macerar
durante 12 horas O Infusão de freixo, 40 g para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de groselheira- negra, 30 g para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de pilosela, 80 g de planta fresca para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Decocção de taráxaco, 60 g de raízes para 1 l de água, ferver 10 minutos,
infundir 2 horas O Infusão de ulmeira,
50 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de uva-ursina,
40 g de folhas para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Decocção de vara-de-ouro, 40
g de planta para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 5 minutos.

Urina. Líquido filtrado pelos rins que, através dos ureteres, se acumula na bexiga. Qualquer infecção
ou retenção urinária deve ser rapidamen
432
te tratada pelo médico; as plantas nestas situações apenas constituem um pequeno recurso. O seu

uso não deve prolongar-se para além de algumas horas.

USO EXTERNO Em caso de retenção urinaria


O Cataplasma: - de consolda-real fresca e contusa, - de folhas de couve; aplicar sobre o baixo ventre.

Uso interno * Beber 1 chávena de uma infusão de uma planta anti-séptica ou diurética: O Infusão de
choupo-negro, 40 g de gemas para 1 l de água fervente, infundir 20 minutos O Infusão de pilosela,
deitar
100 g de planta fresca em 1 l de água em ebulição, ferver 30 segundos, infundir 10 minutos O
Decocção de sal saparri lha-bastarda, 50 g de raízes cortadas para 1 l de água, ferver 10 minutos,
infundir 15 minutos.

V. também: Enurese.

Urticária. Erupção geralmente cutânea de pápuIas rosadas e muito pruriginosas, de origem alérgica,
por contacto ou ingestão de um alimento ou de um medicamento.

Uso interno
O Infusão de amor-perfeito-bravo, 50 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3
chávenas por dia * Infusão de éfedra, 10 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1
chávena O Decocção de urtigão, 50 g de planta em 1 l de água, ferver 15 minutos; 3 chávenas por dia.

USO EXTERNO
O Infusão de fumária, planta inteira, 60 g para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos; lavar ou
banhar as zonas afectadas.
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de milfólio, 30 g de sumidades floridas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de videira, 80 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; 2 chávenas por dia entre as refeições.
O Infusão de pimenta-d'água, 10 g de planta sem
a raiz para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena, em pequenos golos, ao longo do dia.

USO EXTERNO * Banho para as pernas: O Decocção de gálbuIas contusas de cipreste, 50 g para 1 l
de água, deixar arrefecer O Decocção de taráxaco, 40 g de planta para 1 l de água, deixar arrefecer e
coar.
* Loções para aplicar abundantemente sobre as
pernas todas as noites: O Decocção de agulhas de abeto-branco, 1 kg de agulhas em 1 l de água, ferver
10 minutos, coar espremendo, pôr em
frascos O Decocção de peónia, 20 g de raízes para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos,
coar e conservar numa garrafa.

Verme intestinal. V. Parasitose.

Vermelhidão da pele. V. Eritema.

Verruga. Excrescência cutânea benigna e contagiosa provocada por um vírus.


USO EXTERNO * Esmagar sobre a verruga até ao seu desaparecimento, protegendo as zonas
limítrofes: O Folhas frescas: - de favária-maior, - de maravilhas, - de rapúncio. * Aplicar sobre a
verruga: O Suco de raízes frescas de celidónia misturado em partes iguais com glicerina O Suco
fresco: - de cebola, - de cersefi-bastardo, - de figueira, - de rorela, de taráxaco.
O Maceração de pétalas de açucena pelo menos
durante 7 dias em vinagre O Tintura de tuia-vulgar, macerar durante 15 dias 20 g de gemas ou de
ramos novos em 100 g de álcool a 600, coar através de um pouco de algodão.

Varizes. Chamam-se varizes a dilatações situadas no trajecto de uma veia em qualquer ponto do
organismo. Apenas se consideram as varizes dos membros inferiores.

Uso interno * Tomar 2 chávenas por dia: O Infusão de aveleira, 25 g de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 2 horas O Infusão de bérberis, 40 g de cascas de raizes para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Decocçâo de castanheiro-da-índia, 40 g de casca seca de ramos novos para 1 l
de água, ferver 10 minutos; tratamento para ser
seguido semana sim, semana não O Decocção de gilbarbeira, 50 g de raízes para 1 l de água, ferver 5
minutos, infundir 15 minutos O Infusão de meliloto, 40 g de sumidades floridas para 1 l de

Vertigem. Sensação incómoda de que o corpo ou os objectos que o rodeiam mudam as posiçoes
relativas. É indispensável uma consulta médica. Experimentar uma das seguintes preparações.

Uso interno
O Infusão de alfazema, 15 g de flores para 1 l de água fervente O Pó de dictamo-branco, 2 g de pó de
casca de raizes numa colher de mel O Infusão de hortelã-pimenta, 30 g de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de lúcia-lima, 30 g de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; beber o mais quente possível O Pó de manjerona, 2 g de pó de planta seca numa
colher de mel ou de compota O Água de melissa, macerar durante 2 semanas riu
433
1 l de aguardente, agitando frequentemente, 50 g de melissa florida com 20 cravos-de-cabecinha,
10 g de noz-moscada ralada, 10 g de coentros e
10 g de casca de limão não tratado (se não tiver limão não tratado, não utilizar), espremer, coar,
conservar num frasco rolhado; tomar às colheres de café O Infusão de melissa-bastarda, 50 g de planta
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Vinho de pervinca, macerar durante 12 dias 100 g de
folhas em 1 l de vinho doce natural e coar; tomar 1 copo pequeno.

Vesícula biliar. Reservatório onde se acumula a bílis até ao momento de ser utilizada na digestão. As
plantas que têm como propriedade fazer contrair a vesícula e regularizar o fluxo biliar chamam-se
colagogas. Podem remediar eficazmente as atonias e as hipotonias, ou preguiças vesiculares.

Uso interno
O Decocção de alcachofra, 30 g de folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos; 2 chávenas por dia
O Pó de armeiro-negro, 1 a 2 g de casca seca
moída misturados com 1 colher de mel O Infusão de antenária, 20 g de flores para 1 l de água
fervente, deixar arrefecer e coar; 2 chávenas por dia
O Infusão de artemísia, 20 g de flores e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2
chávenas por dia O Infusão de aspérula-odorífera, 30 g de sumidades floridas para 1 l de água
fervente, infundir 5 minutos; 3 chávenas por dia
O Infusão de codesso-bastardo, 40 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1
chávena à noite ao deitar O Infusão de dictamo-de-creta, 20 g de folhas e de sumidades floridas para 1
l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de fumária, 50 g de sumidades floridas para 1 l de
água fervente, infundir
10 minutos; 2 chávenas por dia durante 8 dias O Suco fresco de rabanete, 100 g por dia obtidos por
centrifugação das raizes O Infusão de trevo-cervino, 30 g de raizes para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; 2 chávenas antes das refeições.

Visão. V. Olhos.

Vómito. O vómito é frequentemente benigno e


cessa uma vez esvaziado o estômago; pode, no
entanto, ser sintoma de uma doença grave: imoxicação, meningite, enfarte do miocárdio, ou de
afecções agudas: apendicite, etc. Se não se conhecer a causa e o sintoma persistir, deve consultar-se o
médico sem hesitar.

Uso interno * Em caso de náusea, tomar 1 chávena: O Infusão de anis, 30 g de sementes para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de artemísia, 10 g de sumidades floridas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de basílico, 50 g para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Decocção de cálamo-aromático,
30 g de rizoma seco para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5 minutos O Infusão de endro, 30 g de
sementes para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Decocção de énula-campana, 10 g de raizes para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir
5 minutos O Infusão de hortelã-pimenta,
30 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de 1 aranjei ra- doce, 50 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de limão, meio-limão às rodelas numa chávena de água fervente O Decoeção de
líquen-da-islándia, 15 g para 1 l de água, ferver 2 minutos O Infusão de lúcia-lima, 15 g de folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de salva-e scl areia, 20 g de sumidades floridas e
de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Pó de pimentão, O,5 g num pouco de mel.

Voz. Para os cantores, actores, oradores e professores, indicam-se algumas preparações que protegem
a voz.

USO EXTERNO
O Decocção de agrimónia, 100 g de folhas e de flore,, para 1 l de água, ferver 10 minutos; gargarejar
2 vezes por dia.

USO INTERNO * Beber 3 chávenas por dia: O Infusão de rinchão, 40 g de sumidades floridas e de
folhas para
1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão composta de 20 g de rinchão e 10 g de rizoma
seco de cálamo-aromático para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão de tussilagem, 60
g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.

Zumbidos nos ouvidos. V. Acufenos.


434
Os usos veterinÁrios

Como as doenças do homem, a maioria das doenças dos animais perdeu actualmente grande parte do
seu carácter misterioso. Os parasitologistas e os microbiologistas descobriram os agentes responsáveis
por essas doenças e descreveram a cadeia frequentemente complexa dos seus vectores e
intermediários. Mesmo nos meios rurais, as pessoas deixaram de acreditar no mau olhado e nas bruxas
como causadores de danos nos rebanhos.

A legislação, diferente de uns países para outros, obriga presentemente os criadores a cumprir um
determinado número de regras: vacinação, declaração de doenças contagiosas, isolamento dos animais
suspeitos, abate dos animais doentes, desinfecção dos alojamentos, etc. Estas medidas sanitárias, que é
necessário aceitar para nosso próprio benefício, permitiram desde há alguns anos eliminar quase
completamente um

certo número de doenças epidémicas deletérias, como, por exemplo, a febre aftosa, ou impedir a
transmissão do animal para o homem de afecções extremamente perigosas, como a raiva e a
tuberculose.

As doenças dos animais devem, portanto, ser


consideradas com a mesma seriedade que as do homem, não esquecendo que apenas os veterinários
estão aptos a conhecer a extensa patologia animal e a estabelecer diagnósticos precisos com a ajuda
dos laboratórios de análises. Admitida esta evidência, é possível conceder às plantas a

mais completa confiança na preservação da saúde dos animais. Aliás, estes têm um conhecimento
instintivo destes poderes, e frequentemente pode observar-se a apetência que os gatos e os cães
manifestam pela erva que os fará salivar, vomitar, digerir ou compensar carências.

Exceptuando determinadas plantas, como a alcaravia, a salsa, o embude, nocivas para alguns animais,
a maioria das plantas espontâneas ou
cultivadas apresentadas nesta obra são tão úteis aos animais como ao homem. As suas propriedades e
respectivas acções são geralmente análogas num caso e noutro, não sendo possível, no entanto, por
falta de espaço, citar para cada planta a sua aplicação ao animal. Assim, fez-se uma escolha de entre as
plantas mais fáceis de encontrar ou de adquirir no mercado. Por prudência, excluíram-se todas as
plantas apresentadas no dicionário como sendo tóxicas para o homem, embora algumas delas sejam
úteis aos animais, como o morrião ou o loendro, além da beladona, da dedaleira, do meimendro, etc.,
que estão exclusivamente reservadas às prescrições veterinárias.

Nos meios rurais, o modo mais simples de manter a saúde dos animais com a ajuda das plantas é
proporcionar-lhes plantas frescas, que poderão ser encontradas à beira dos caminhos e nos pastos que
frequentam e de entre as quais não deixarão de fazer a sua escolha, muito raramente se enganando. É
necessário, portanto, que se promova a presença nas sebes, moitas e vedações
de hortas e jardins das plantas mais úteis, preservando-as do zelo destrutivo dos agricultores. De entre
estas, destacam-se o alecrim, o alho, as alforvas, o almeirão, o anis, a borragem, a consolda-maior, o
endro, o funcho, o hissopo, a losna, o marroio, a melissa, o milfólio, a morugem-vulgar, os orégãos, o
pirliteiro, o tanaceto, o tomilho e a verbena. Estas plantas não devem, evidentemente, ter recebido
qualquer tratamento químico.
Nem sempre é fácil medicar um animal doente (o gato e o porco são dos menos dóceis); é necessária
muita paciência, devendo excluir-se a violéncia. É também necessário, quando se procede aos
tratamentos, seguir escrupulosamente as precauções de ordem higiossanitária, como a pureza da água e
a limpeza dos recipientes utilizados, bem como o prazo de utilização e o modo de preparação da
planta. Geralmente, as doses administradas aos herbívoros, independentemente do seu
peso, são mais elevadas do que as indicadas para os carnívoros. Frescas ou secas, as plantas medicinais
são incorporadas na alimentação habitual, podendo também ser administradas sob a forma de tisanas
ou misturadas com farelos, melaço, mel ou carne. As doses aplicam-se habitualmente por punhados
(cerca de 45 g), por colheres de sopa (cerca de 15 g) ou de café (5 g), e por vezes por pitadas (3 g) e
unidades, quando se trata de sementes ou de folículos.

Exceptuando os animais pequenos, a posologia não exige a mesma exactidão da que é destinada a uma
preparação familiar. Toda a medicação de uso externo indicada no *Dicionário da saúde+ pode ser
utilizada do mesmo modo para os animais; assim, não se fará a repetição das preparações indicadas
para os abcessos, queimaduras, dermatoses, hemorragias, feridas, úlceras, verrugas, bem como os
cuidados da boca e dos dentes, das unhas, dos ouvidos, dos pés e dos olhos, os
banhos locais e as cataplasmas revulsivas.

Deve dar-se uma atenção especial aos parasitas e aos insectos que importunam os animais, fazendo-os
sofrer, deteriorando o seu pêlo, podendo igualmente transmitir-lhes doenças que, por vezes, poem em
causa a sua sobrevivência. Todas as lesões devidas a picadas ou escoriações, todas as feridas devidas
aos arreios, coleiras, arames farpados, devem ser desinfectadas e tratadas. (V. Pele, Ferida, no
*Dicionário da saúde+.) Acrescentaram- se, no entanto, algumas plantas, ou substâncias delas obtidas,
reservadas aos cuidados dos animais e que não devem nunca ser colocadas sobre a epiderme humana,
que é mais frágil e mais sensível que a dos animais.

Neste capítulo, *Os usos veterinários+, definiram-se os remédios aplicáveis a todos os animais citados,
especificando a necessidade de adoptar para a posologia uma regra proporcional ao peso do animal a
tratar, e seguidamente consagrou-se a cada um deles um capítulo especial.
435
Tratamentos aplicáveis a todos os animais

O alho é um dos mais importantes e eficazes


remédios para os animais, mais ainda que para o homem.

Qualquer que seja a enfermidade do animal, é aconselhável, no início de qualquer tratamento, instituir
um jejum de meio-dia a 48 horas, consoante o seu porte, durante o qual deverá beber em abundância
água adoçada com mel, depois de lhe ter sido administrado, como desinfectante, alho picado numa
bola de farelos, numa colherada de mel ou numa infusão.

COMO CUIDAR DO ALOJAMENTO DOS ANIMAIS Para desinfectar


O Afastar os animais. Uma vez os locais perfeitamente limpos e vazios, fechar portas e janelas e
queimar caules secos de alho e pimentão-de-caiena. Para afastar as moscas

O Suspender no tecto um ramo de artemísia, onde as moscas se aglomerarão; quando tal acontecer,
provocar a queda do ramo para um saco e queirná-lo O Colocar um ramo de amieiro com folhas nos
galinheiros e, quando este ficar coberto de parasitas, queimá-lo. Para afastar pulgas e percevejos
O Misturar na cama de palha folhas de nogueira ou de tanaceto.
*/* a ler e a marcar
COMO CUIDAR DOS ANIMAIS Contra moscas e moscardos
O Lavar o pêlo com uma decocçào de amieiro,
80 g de folhas para 1 l de água O Lavar o pêlo com uma decocção de evónimo, 50 g de folhas para 1 l
de água. Contra os piolhos
O Lavar o animal com uma infusão concentrada de folhas de nogueira e depois polvilhá-lo com

losna ou abrótano secos e pulverizados O Lavar o pêlo com água e sabão (não utilizar lexívia) e

esfregar seguidamente com uma decocção concentrada de quássia. V. também: Sarna Contra todos os
parasitas externos
O Polvilhar com pó de piretro, inofensivo para os animais de sangue quente, que podem lamber-se
sem perigo; para as aves, insuflar o pé sob as penas com um pequeno fole; adicionar este pó a todos os
champôs de lavagem dos animais domésticos.

O pó de piretro é um veneno violento para os animais de sangue frio. Se tiver tartarugas ou

lagartos, cobras, cágados e outros animais de estimação, não deve aplicá-lo. Para as picadas de
insectos e de aranhas

O Friccionar as picadas com: - 1 bolbo de alho ou de cebola crus esmagados em vinagre, sumo de
limão - sumo de tomate verde O Preparar com antecedência num frasco: bastante alecrim, losna e
abrótano picados em igual proporçã o com 2 colheres de sopa de vinagre até encher um terço do
frasco; completar o volume do frasco com azeite; rolhar, deixar macerar durante 3 semanas ao sol.

Para a sarna É necessário ter presente que a sarna dos ovinos, bovinos e equídeos é muito contagiosa.
Em primeiro lugar dar banho ao animal, escová-lo com água com muita espuma, retirar o sabão e em
seguida: O Lavar as zonas atacadas com uma loção preparada com 30 g de sementes de tremoço e 2
copos de vinagre em 1 l de água; ferver durante
15 minutos e filtrar O Lavar com álcool canforado obtido com 100 g de álcool a 900 e 10 g de
cânfora; macerar durante 8 dias O Lavar com

uma maceração de 10 g de flores de arnica conservadas durante 8 dias em 1 l de aguardente O Lavar


com uma decocção concentrada de 1 punhado de folhas de sabugueiro, 1 punhado de planta inteira de
alho e 1 punhado de erva-de-são-roberto para 1 l de água; ferver 15 minutos
9 Lavar com o líquido obtido por fervura de 1 punhado de aparas de lenho de quássia durante 5
minutos em O,5 1 de água O Num recipiente tapado, deixar tomar bolor ao sol, num pouco de água,
metades de limão já utilizadas; logo que estas estiverem cobertas de bolor, espremer o

sumo e substituir por outros limões, guardar o líquido e friccionar as zonas atacadas com este líquido
O Friccionar com uma infusão concentrada de alecrim e, seguidamente, com óleo de rícino. Para a
tinha
9 Friccionar o pêlo com óleo de zimbro ou óleo de cade, com o qual é necessário ter atenção, pois
pode manchar a pelagem. Para os parasitas nas orelhas
O Deitar algumas gotas de óleo de linho-bravo tépido. Para desinfectar e acelerar a cicatrização das
feridas
O Tintura de aloés-do-cabo, preparada pela maceração de 10 g de folhas secas em 50 g de álcool ou de
vinagre O Decocção de losna, 50 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água
O Infusão de agrimónia, 100 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente O Pomada
confeccionada com folhas de pinguícula esmagadas em banha sem sal; aplicar este preparado sobre a
ferida O Misturar quantidades iguais de carvão vegetal e de pó de quina e polvilhar a ferida. Para o
eczema
O Pulverizar galhas de carvalho e polvilhar com o pó obtido as lesões.

Para suspender uma hemorragia


O Banhar a ferida com uma infusão de cúpulas de bolotas e seguidamente polvilhá-la com pimenta-
preta ou alecrim em pó O Lavar a ferida com uma infusão de consolda-maior, de alecrim ou de
sabugueiro, 1 punhado de planta fresca para 1 l de água fervente, à qual se adicionam 25 g de boninas.
Para as dores reumáticas e afecçóes pulmonares
O Friccionar a caixa torácica ou a zona dorida com folhas frescas de amieiro ou um linimento
composto por uma mistura de 100 g de essência de terebintina e 100 g de azeite.

436
OS USOS VETERINÁRIOS

Os animais

O cão

APARELHO BRONCO-PULMONAR Bronquite e tosse: O Infusão de grindélia, O,50 g de pó de


sumidades floridas para O,5 1 de água; dose para 1 dia O Infusão de polígala-amarga, 5 g de rizoma
em infusão durante 15 minutos em O,5 1 de água; dose para 1 dia O Infusão de rorela, 5 g de planta
para O,5 1 de água fervente; dose para 1 dia.

APARELHO CARDIOVASCULAR Sufocação e fadiga cardíaca: O Infusão de guaiaco, 5 g de pó de


casca para 1 tigela de água fervente * Decocção de folhas de mate, 5 g para
100 g de água O Infusão de valeriana, 10 g de raiz em 30 9 de água fervente; 1 colher de café de hora
a hora durante a crise.

APARELHO DIGESTIVO, NUTRIÇÃO, METABOLISMO Apetite Para aumentar o apetite


O Infusão de canela, 2 g de pó para 1 tigela de água fervente O Infusão de macela, 1 pitada de flores
para 1 tigela de água fervente.

Convalescença: 9 Infusão de calumba, de O,50 a 1 g de rodelas de raiz ou pó triturado com mel


O Cola, 1 g de pó misturado com mel ou com leite açucarado O Noz-moscada, 1 g de noz em

leite açucarado ou com mel O Decocção de quina, 2 g de pó por dia O Deitar em O,25 1 de vinho tinto
5 g de quina, 5 g de bagas de zimbro,
5 g de genciana e 5 g de canela; 3 colheres de sopa por dia.

Diarreia: O Infusão de polpa de alfarroba em

pó, 50 g para 1 l de água fervente O Infusão de ratánia, 5 g para O,5 1 de água fervente; para 1 dia, em
3 doses O Infusão de salgueirinha, O,50 g para 1 l de água.

Digestão Para evitar perturbações Como carnívoros que são, os cães devem ser alimentados com carne
crua. Desde muito jovens, temperar diariamente a ração de carne com

uma colher de sopa de uma mistura em partes iguais de folhas picadas de salsa, agrião, taráxaco e
aipo. Parafacilitar a digestão
O Infusão de condurango, 4 g de casca de raiz O Infusão de quássia, O,50 g de aparas O Decocçâo de
quina, 2 g de pó.

Depurativo: O Infusão de bardana-maior, - de cá seara- sagrada, - de folhas de nogueira; meia colher


por dia.

Hálito Para o mau hálito


O Misturar urtigão picado na alimentação.

Obesidade: O Adicionar à alimentação farinha


de alfarroba obtida a partir do invólucro das sementes.

Obstipação: O Dar 1 colher de café de óleo de amêndoas doces O Infusão de amieiro-negro,


10 g de casca com pelo menos 2 anos em 150 g de água, ferver 30 minutos, deixar macerar 4 horas e
filtrar.

Purga: O Decocção de espinheiro-cerval, 30 g de bagas para O,5 1 de água; 1 colher de sopa diluída
num copo de água O Suco de folhas de aloés-do-cabo, 10 g O 3 folículos de sene macerados durante 4
horas em água fria.

Vermífugo: O Administrar 4 bolbos de alho esmagados em leite com açúcar e 30 minutos mais tarde 1
colher de café de óleo de rícino O Rizoma fresco de feto-macho, cerca de 30 g, fazer uma decocção
em O,5 1 de água com a parte central de 2 rizomas e 1 fragmento de casca O Decocção de raiz de
laranjeira-doce, 1 g numa

tigela de água O Silva-macha, 2 bagas cortadas em pedaços misturados com os alimentos.

APARELHO GENITAL, GESTAÇÃO, PARTO, LACTAÇÃO Hemorragia genital: O Decocção


açucarada e

filtrada de hamamélia, 5 g de folhas secas para


1 l de água; dar a beber ao longo do dia. Para excitar as cadelas
O Funcho, 4 g de pó de sementes O Losna, 2 g de pó de sumidades floridas secas por dia. Para
acalmar-as cadelas
O Infusão de passifiora, O,30 g de flores para 1 tigela de água fervente O Infusão de golfão, em

doses idênticas. Estimulante uterino aquando do parto


O Infusão de loureiro, 10 g de folhas para 1 l de água; O,5 1 por dia O Infusão de gengibre, O,10 g de
pó para 1 tigela de água fervente O Infusão de cravo-de-cabecinha, de O,20 a O,50 g de pó de cravo
para 1 tigela de água. Para iniciar a lactação Uso externo: O Fficcionar as glândulas mamárias (ou
úbere) com uma decocção de folhas de hamamélia, 10 g para, 100 g de água O Aplicar sobre as
glândulas mamárias uma cataplasma de folhas frescas de salsa. Uso interno: O Infusão de salsa, 10 g
de sementes para 1 tigela de água fervente; 1 tigela por dia
O Purgar com espinheiro-cerval ou com sene; 4 dias seguidos, Parafacilitar a lactaçào
O Misturar 10 g de açúcar em pó, 10 g de sementes de anis e 10 g de sementes de funcho esmagadas;
2 g 3 vezes por dia O Infusão de galega, 8 g de planta seca em pó para 1 l de água fervente, filtrar; 1
tigela por dia. V. também: Purga.

FíGADO E RINS Insuficiéncia hepática: O alcachofra, O,50 g para 1 manhã, 1 à noite.

Decocção de folhas de de água; 1 chávena de

437
OS USOS VETERINÁRIOS

Icterícia: O Dar 2 bolbos de alho esmagados em

leite, e seguidamente infusão: - de taráxaco, de lúpulo, - de verónica, à razão de O,30 g para


O,25 1 de água; 2 colheres de cada vez O Decocção de boldo, 15 g de folhas para 1 l de água, ferver 2
minutos; 1 colher de café para 1 tigela O Chá-de-java, 1 colher de café para 1 tigela.

Hemorragia urinaria (hematúria): O Infusão de uva-ursina, 1 pitada de folhas secas pulverizadas para 1
tigela de água fervente, filtrar e adoçar bem.

PELE E FANERAS Dermatoses: O Decocção de salsaparrilha-bastarda, 50 g para 1 l de água; 2


tigelas por dia O Salsaparrilha-bastarda, 25 g de pó por dia misturados com mel.

Eczema: O Purgar o cão, depois adicionar agrião e becabunga à ração diária O Dar uma infusão de
ulmeira ou de urtigão, 50 g de folhas para 1 l de água; 2 colheres de sopa 2 vezes por dia O Friccionar
a epiderme com uma infusão de folhas de silva ou com suco de pepino cru.

O gato

Afecções hepato-renais: O Infusão de chá-deJava, O,50 g de folhas para 1 chávena de água.

Bronquite e constipação: O Infusão de eucalipto, 20 g de folhas para 1 l de água fervente muito doce;
2 chávenas por dia O Inalação de eucalipto, 50 g para 1 l de água; o gato deve estar dentro do seu
cesto, sobre uma cadeira, a nível mais elevado que a caçarola, sendo o conjunto coberto com urna
manta.

Diarreia: O Infusão de salgueirinha, 50 g de planta seca para 1 l de água; 1 chávena por dia.

Indigestão: O Infusão de folhas de alcachofra, 3 g para 1 chávena de água fervente.

Obstipação: O Decocção de amieiro-negro, O,50 g de casca com pelo menos 2 anos para 1 chávena de
água, ferver 30 minutos, macerar 4 horas e filtrar.

Purga: O Infusão açucarada de sene, 2 g de folículos para 1 chávena de água fervente.

Sedativos nervosos: O Infusão de golfões, O,30 g de flores para 1 chávena de água O Infusão de
passifiora, O,20 g de flores para 1 chávena O Maceração de valeriana: macerar durante 8 horas
1 g de raízes em 100 g de água fria.

O cavalo e o burro

APARELHO BRONCO-PULMONAR Bronquite e tosse: O Molhar bem o feno para evitar o pó O


Administrar 2 ou 3 cenouras cruas por dia cortadas em pedaços e alho cru * Infusão de flores de
sabugueiro ou de folhas de groselheira-negra ou de salva, adoçada com mel O Infusão de folhas de
eucalipto O Infusão de tussilagem, 2 punhados para 1 l de água O Infusão: de agulhas de pinheiro, 1
punhado - de ramos e de folhas de salgueiro-branco, 45 g para 1 l de água.
APARELHO DIGESTIVO Cólica acompanhada de meteorismo: O Dar funcho e folhas de taráxaco O
Decocçào de sementes de endro, 50 g para 1 l de água.

Diarreia: O Dar uma massa composta por: 15 g de bistorta em pó, 15 g de casca de carvalho seca e
pulverizada, 50 g de mel; dose para 1 dia; repetir a dose no dia seguinte se for necessário.

Gastrite: * Decocção de malva, 500 g de folhas em 10 1 de água; dar a beber tépida.

Icterícia: O 3 punhados por dia de lúpulo ou de verónica.

Indigestão acompanhada de cólicas: O Dar a

comer feno muito seco O Suprimir os alimentos

que fermentam, corno ervilhas, favas e batatas 9 Suprimir as raizes, exceptuando as cenouras O
Salpicar a forragem, a aveia e os farelos com 1 punhado de casta nhas- da-índi a descascadas, secas e
pulverizadas O Infusão de hortelã-pimenta,
30 g para 1 l de água.

Obstipação: O Decocção de casca de amieiro-negro com 2 anos pelo menos, 100 g para 1 l de água ou
de vinho, ferver 30 minutos.

Purga: O 20 folículos de sene em O,25 1 de água, depois dar alho, 2 boibos inteiros esmagados e
infundidos em O,5 1 de água; em 2 doses.

Vermífugo: O Após 1 dia de jejum, administrar


2 bolbos de alho ralados e misturados com farelos, mel ou melaço e em seguida: - cenouras cruas, -
grama-francesa, - folhas de silva O Decocção de feto-macho, 200 g de rizoma. Para prevenir as
verminoses:
O Misturar na forragem: - feto~macho, - freixo, - giesteira-das-vassouras, - grama-francesa, -
mostarda-negra, - sabugueiro, - silva.

ESTADO GERAL E OUTROS APARELHOS Astenia: O O,50 g de pó de raiz seca de énula-campana


misturados com mel; dose para 1 dia.

Convalescença: O Noz de cola, 10 g misturados com mel O Ração de aveia, ligeiramente molhada
com água morna para se tornar mais digerível, à qual se adiciona 1 colher de sopa de sementes de
alcaravia ou 1 punhado de farinha de bolota.

Entorse: O Banhar a pata em água salgada quente e seguidamente esfregar a articulação com: azeite, -
uma infusão concentrada de consolda-maior; ligar com uma ligadura embebida nesta mesma infusão.

Febre: O Administrar chá frio ao qual se adicionou um pouco de salsa picada O Infusão de aze438
OS USOS VETERINÁRIOS

das O Infusão de folhas de groselheira-negra O Frutos de groselheira- negra esmagados em mel.

Mordedura de víbora: O Preparar com antecedência o seguinte unguento: 120 g de azeite, 60 g de


raízes esmagadas de rapúncio, 60 g de folhas esmagadas de hera, 60 g de aguarrás; uma vez

retirado o veneno, esfregar o remédio na ferida, e simultaneamente: - administrar alho, - dar buglossa
fresca.

Parto Para facilitar o parto


15 g de cravos-de-cabecinha.

Reumatismo: O Todos os cuidados locais já descritos no *Dicionário da saúde+. Além disso:


O Administrar uma decocção de urtigão, 2 punhados em 1 l de água, ferver 5 minutos O Dar aveia,
farelos e feno * Misturar na alimentação:
- agrião, - aipo ralado, caules e folhas, alecrim, - bardana, - consolda-maior, - labaçol, - primavera, -
salsa, - cascas de zimbro ou de salgueiro-branco.

Rins e vias urinárias: O Dar: - almeirão, pés de cerejas, - ramos de cerejeira, - salsa O Aplicar
compressas quentes de uma infusão de tomilho, de mostarda-negra ou de verónica O Iniciada a
convalescença, dar: - cenouras, cevada, - urtigões cozidos.

O coelho

Para fortalecer os coelhos, dar como alimento, além da erva dos campos, muito fresca e isenta de
tratamentos químicos: - aipo, - aveia, - canabrás, - cevada, - folhas de milho, pimpinela O No
Inverno: - batatas cozidas, beterraba, - castanhas-da- índia cozidas e descascadas, - cenouras, -
cersefi-bastardo, - couve. É necessário adicionar sempre um pouco de salsa à forragem. Os coelhos
apreciam muito: - almeirão, - trepadeira.

Lactação: O Dar aveia.

Coecidiose (ventre dilatado): O Adicionar à forragem tomilho ou 1 punhado de flores de giesteira-das-


vassouras.

Infecção ocular: O Lavar os olhos com uma infusão leve de macela.

Vermífugo: O Adicionar à forragem: - arternísia, - losna, - tanaceto.

Aves de cativeiro

O Dar-lhes as bagas que mais apreciam e que lhes proporcionam uma boa saúde: - abrunheiro-bravo, -
alfenheiro, - azevinho, - pirliteiro, - sabugueiro, - viburno, - visco, - zimbro O Sementes: - de arroz -
de aveia, energéticas, depois de germinadas, - de cânhamo, excitantes, fazem pôr ovos e chocar, - de
cardo-penteador-bravo, - de cártamo, excelentes para os papagaios, - de coentros, digestivas, - de
funcho, - de girassol, fazem chocar, - de linho-bravo, emolientes, - de milho, nutritivas,
- de milho-miúdo, - de morugem e de cevada, refrescantes e nutritivas, - de papoila, fazem cantar, - de
sempre-noiva, - de tanchagens, de taráxaco, de trigo, - de trigo-sarraceno, energéticas, de
zaragatoa, emolientes.
As aves pequenas não apreciam o centeio.
O Não dar alcaravia nem salsa, plantas que envenenam as aves pequenas.

As aves de capoeira

A galinha e o galo

Dar todas as sementes que se dão às aves de cativeiro; fornecer também: - batatas cozidas, beterraba
crua cortada em pequenos cubos, fruta, - verduras O No Inverno, dar: - bolotas de carvalho, -
castanhas, - frutos da faia, de pirliteiro, - de roseira-brava.

Diarreia: O Infusão de macela, 15 g de sumidades floridas em 1 l de água fervente; 2 a 3 colheres de


sopa por dia num pouco de vinho.

Doenças infecciosas: O Dar cebola.

Obstipação: O Aumentar a ração diária de verduras: - agrião, - couve, - espinafres, - rícino.

Postura: O Sementes de cânhamo O Sementes e folhas de urtigão fresco ou seco; no Inverno, algas
secas.

Vermífugo: O Dar alho, excelente vermífugo.

O ganso e o peru

Para conservar a boa saúde destes animais, dar-lhes: - alho, - aveia, - sementes de cardo-de-santa-
maria, - bolotas de carvalho, - castanhas e frutos da faia, - cebola, - cevada, - trigo O Dar bagas de: -
pirliteiro, que são muito apreciadas, - zimbro, - sementes de girassol.

Fortificante: O Fazer uma massa com farinha de trigo-sarraceno à qual se adiciona 1 pitada de pó de
genciana misturado com leite coalhado. a Os gansos procuram a cicuta, que os envenena, assim como
a dedaleira e o meimendro, que são

plantas perigosas.

O pato

O pato adapta-se: - a todas as sementes, - às farinhas, - às abóboras, - à batata cozida, - à beterraba


crua cortada em pequenos cubos, etc.

Fortificante para patinhos: O Picar urtigões frescos muito miudinhos, misturá-los aos fareios,

439
OS USOS VETERINÁRIOS

regar tudo com leite coalhado O Dar, além disso, um pouco de verdura.

O cisne

Aprecia todas as sementes, preferindo a aveia, as ervas picadas e também o pão. Aprecia ainda peixe,
carne, insectos e rãs.

O pombo

Gosta de: - todas as sementes (a alcaravia constitui um óptimo alimento para o pombo), - batatas
cozidas esmagadas, - lentilhas, - grainhas de uva.
O Não se deve dar aveia aos borrachos, pois a

pode perfurar-lhes o papo.

Os pequenos ruminantes:

ovinos e caprinos

CUIDADOS COMUNS AOS CARNEIROS E ÀS CABRAS Para conservar um bom estado de saúde
* Dar: O Folhas de: - acácia-bastarda, - carvalho, - faia, - freixo, - lúpulo, - ulmeiro
O Raizes de cinco-em-rama O Pimpinela O Salsa O No Inverno, dar-lhes de preferência: palha de
aveia, - beterrabas cortadas aos pedaços - couve.

Astenia e convalescença: O Decocção de mate,


15 g em O,5 1 de água O Pó de noz-moscada, 3 g misturados com mel ou água açucarada O Pó de
raízes de énula-campana, 10 g misturados com mel.

Indigestão, cólica, meteorismo, diarreia: O 1 cabeça de alho crua esmagada em 1 l de leite frio; a
mesma preparação que para os bovinos, para administrar aos copos O Decocção de endro, 130 g de
sementes para 1 l de água, com 10 g de alcaçuz, ferver 5 minutos, infundir 2 horas O Leite açucarado
ao qual se adicionam 20 g de carvão vegetal O Infusão de quássia, 5 a 8 g de lenho em aparas.

Mastite: Aplicar sobre as glândulas mamárias (úbere): O Cataplasma de folhas e flores de alteia

cruas e picadas O Cataplasma de folhas esmagadas de couve crua O Compressas embebidas numa
infusão de labaçol.

Purga: O 6 folículos de sene para 1 tigela de água.

Vermífugo: O Decocção de feto-macho, 50 g de rizoma em O,5 1 de água.

O carneiro

O Dar bodelha, que é rica em iodo, e mostarda.


APARELHO GENITAL Para facilitar o parto
O Dar: - agrião, - framboeseiro, hera, sementes de linho-bravo, - poejo, silva, silva-macha.

Gafeira: O Levar os animais para um pasto seco


O Dar-lhes aveia, cenoura crua, couve verde, trigo, tudo picado e misturado com melaço O Tratar as
patas com alcatrão de pinheiro.

Reumatismo: O Adicionar à alimentação:

440

aipo, - bardana-maior, - consolda-maior, freixo, - morugem, - salsa O Infusão salgada de alecrim, 80 g


de planta para O,5 1 de água; dose para 1 dia, em 2 partes O Friccionar as articulações com uma
infusão salgada de alecrim (a mesma preparação) O Proceder do mesmo modo com uma infusão de
sabugueiro, 40 g de flores para O,5 1 de água.

Vermífugo: O Alho, planta inteira picada, misturada com farelos ou melaço.

A cabra

Aborto: O Dai: - polpa de cenoura, - talos de couve picados, - sementes de linho-bravo, sementes de
girassol, - todos os legumes verdes e bagas silvestres, - fruta, folhas de framboeseiro, de silva e de
tanaceto.
O Evitar todos os cereais, com excepção da cevada.

Cólica: O Dar hortelã e tomilho O Preparar uma papa de farinha de cevada com leite e mel à qual se
adicionam 20 g de casca de ulmeiro em pó.

Esterilidade: O Dar: - alcaçuz, - alho, bodelha, - framboeseiro, - sementes de girassol, - hortelã, -


sementes de linho-bravo, lúpulo, - raiz de peónia, - pimentão-de-caiena, - frutos de silva-macha, -
grãos de trigo.

Obstipação: O as de arando, alcaçuz em pó.

Dar: - todas as bagas, excepto figos, - raízes de ruibarbo, Perturbações renais: O Adicionar à
alimentaçâo do animal doente: - almeirão, - bolsa-de-pastor, cavalinha, - polpa de cenoura
cultivada, pés de cereja, - ramos de cerejeira,
- consolda-maior, - espargos, - grama-francesa.

O Dar sementes de cevada ou de linho-bravo, que têm uma acção laxativa.

Pneumonia: O Dar: - alecrim fresco, - ramos

de pinheiro O Decocção de salva, 50 g de folhas frescas para 1 l de água, ferver 2 minutos e coar;
administrar em pequenas quantidades adoçadas com mel, à razão de O,5 1 por dia O Simultaneamente:
aplicar uma cataplasma de farinha de mostarda-negra.
OS USOS VETERINÁRIOS

Os grandes ruminantes: bovinos

APARELHO BRONCO-PULMONAR Bronquite e tosse: O Adicionar pó de alcaçuz à água para


beber.

APARELHO DIGESTIVO Cólica: O Suprimir todos os cereais, com excepção da cevada; dar leite
açucarado, 1 l, ao qual se adicionaram 50 g de sementes de endro,
20 g de farinha de cevada, 50 g de pó de casca de ulmeiro.

Diarreia dos vitelos: O Decocção de amentilhos de castanheiro misturados com arroz O Decocção de
raízes de ratânia, 15 g, e de galhas de carvalho, 15 g, cozer durante 15 minutos em 1 l de água;
administrar em 4 doses.

Diarreia dos bovinos: O Papa composta por 15 g de bistorta reduzida a pó, 15 g de casca de carvalho
pulverizada, 50 g de mel; dose para 1 dia.

Indigestão, meteorismo: O 1 cabeça de alho cru esmagada em 1 l de leite frio, conservar num frasco
rolhado; O,5 1 de cada vez O Dar: - cenouras raladas, - sementes de girassol O Infusão de urtigão, 5
punhados para 1 l de água O Vinho quente com: - canela, - cravo-de-cabecinha, - tomilho O Dar a
comer ramos de: pirliteiro, - silva-macha O Dar a comer rebentos de: - freixo, - lúpulo, - sabugueiro,
salgueiro-branco O óleo de noz; 1 copo O Misturar sementes de anis e de alcaravia, 15 g de cada um,
carvão vegetal, 60 g, 1 l de cerveja tépida; administrar todas as noites durante 10 dias O Misturar na
forragem sementes de: coentros, - cominhos.

Purga: O 100 g de suco de folhas de aloés-do-cabo com mel.

Vermífugo: O Decocção de feto-macho, 130 g de rizoma.

APARELHO RENAL Nefrite: O Decocção de parietária, 100 g de folhas secas em 2 1 de água.

ESTADO GERAL Anemia dos bovinos: O Dar: - agrião, - almeirão, - amoras, - aveia, - bardana-
maior,
- gatunha, niorugem, - folhas de silva O Adicionar: bodelha em pó, - cenoura, couve, - líquen-
da-islândia.

Astenia, convalescença: O Raiz de énula-campana, O,50 g de pó misturado com mel: dose para
1 dia O Noz-moscada, 10 g O Quina, decocção de 25 g de casca em 1 l de água O Vinho: 15 g de
casca de quina, 15 g de bagas de zimbro, 5 g de canela em 1 l de vinho; dose para 1 dia O Misturar 40
g de pó de cálarno-aromático, de raiz de genciana, de folhas de hortelã e de flores de arnica picadas;
adicionar 1 punhado por dia à forragem.

GESTAÇÃO,PARTO,LACTAÇÃO Ameaça de aborto


O Dar a comer folhas frescas de: - groselheira-negra, - morangueiro, - pirliteiro, - silva-macha. Para
acelerar o parto
O Infusão de artemísia, 100 g de folhas secas em
1 l de água fervente O Infusão forte de uma mistura de 25 g de folhas de camomila e 75 g de
frarnboeseiro para 1 l de água fervente a que se adicionou açúcar; depois do parto, infusão de folhas
de hera. Para aumentar a produção de leite
O O alecrim, a alfazema, os orégãos, a salva, o tomilho, conferem ao leite um aroma agradável. As
folhas de freixo dão um gosto amargo ao leite
O Misturar diariamente à água para beber, durante 1 semana, 1 porção da mistura seguinte: pó de
sementes de anis, 100 g, pó de sementes de funcho, 100 g, pó de bagas de zimbro secas, 100 g
O Infusão de galega, 30 g de planta seca para 1 l de água fervente e filtrar. O Dar (planta fresca): -
agrião, - anis, - borragem, - funcho, - melissa, - silva-macha,
- trevo, - urtigão O Dar: - bodelha, - favas, - cabeças de girassol, - lentilhas, - ramos de sal gu eiro-
branco, - sementes de endro,
- frutos de coentro O No Inverno, adicionar urtigão seco à forragem. Para melhorar a qualidade da
manteiga produzida
O Juntar sementes de: - girassol, - linho-bravo, - trigo-sarraceno O Dar: - aveia, - cenoura, -
maravilhas, - folhas de milho. Para iniciar a secreção do leite
O Suprimir da alimentação as gorduras e as sementes O Dar: - cenouras, - espargos, melaço, - vegetais
frescos O Purgar com 15 folículos de sene em O,25 1 de água e 1 pitada de gengibre em pó O
Adicionar à alimentação 2 punhados de menta e pervinca em dias alternados durante 15 dias.

O porco

Engorda: O Adicionar à alimentação 1 punhado de sementes de alforvas.

Fortificante: O Adicionar à alimentação, em

todas as refeições, 2 punhados de farinha de: aveia, - castanhas, - centeio, - cevada, trigo-sarraceno, -
polpa de bolota de carvalho

sem casca O Dar também a comer cru: - almeirão, - couve, - verduras O Dar a comer batatas cozidas.

Purga: O Administrar 10 g de suco de folhas de aloés-do-cabo; ter o cuidado de não ultrapassar a dose
prescrita.

441
Glossàrio

a Prefixo que significa desprovido de. acaule Desprovido de caule aéreo. As folhas encontram-se
geralmente rentes ao solo; apenas os peclúnculos florais se elevam. Uma planta acaule pode ter um
caule subterrâneo. Ex.: carlina, bonina.

acícula Pequeno acúleo delgado e rígido que reveste a epiderme de alguns caules. Ex.: acicula da
roseira-brava. acotllédone Planta sem flores nem sementes, cuja reprodução se faz por esporos
assexuados gerando protalos, ou organismos intermédios, portadores de gãmetas masculinos e
femininos. acúleo Protuberância rígida e pontiaguda da casca que se desenvolve à superfície dos
caules e se arranca com facilidade, ao contrário dos espinhos, que estão ligados ao sistema vascular da
planta e por isso oferecem maior resistência. Ex.: acúleo da roseira-brava. acurninado Diz-se de um
órgão que termina bruscamente numa ponta comprida e afilada. Ex.: folhas do ulmeiro.

aderente Que não se deixa separar dos órgãos vizinhos. Diz-se de dois órgãos ou porções diferentes
que contactam entre si mas não se desenvolvem conjuntamente nem se fundem. Ex.: estiletes de
roseira-brava. adventícia Emprega-se com triplo sentido. Uma raiz adventícia desenvolve-se no caule
ou na axila das folhas e tem uma dupla função, a de suporte e a de nutrição (v. pp. 20-21, figs.

7-8). Em agronomia, a planta adventícia é a que se encontra onde não devia estar, como a erva
daninha nas culturas. Em fitossociologia e em ecologia, trata-se de uma planta que não pertence a uma
dada região e que, apesar de ali se ter fixado, não poderá sobreviver. agudo órgão cujo vértice estreita
progressivamente até terminar em ponta, ao contrário do acuminado, cujo estreitamento é brusco. Ex.:
folha lanceolada da tanchagem.

agulha Nome que se dá às folhas de coníferas, como o pinheiro-manso e o pinheiro-bravo. alado Diz-
se de um caule ou de um pecíolo contornado por uma asa. alterno Modo de disposição das folhas no
caule, inseridas cada uma a um nível diferente; se, além disso, estiverem dispostas em duas séries
longitudinais, chamam-se alternas dísticas. V. pp. 24-27, fig. 39. alveolada Superfície coberta de
pequenas depressoes angulosas chamadas alvéolos. Ex.: tegumento da semente da papoila. amêndoa
Parte interior da semente depois de retirado o tegumento, ou a própria semente, se esta se encontra
num caroço. V. semente. amentilho Inflorescência em forma de espiga, geralmente

pendente e formada por flores unissexuadas. Ex.: amentilhos masculinos da aveleira, amentilhos
masculinos e femininos do salgueiro-branco. V. pp. 32-33, fig. 74. amplexicaule Limbo de folha,
pecíolo ou estipula cuja base envolve o caule em maior ou menor extensão.

androceu Conjunto dos órgãos masculinos (estames) de uma flor. V. pp. 30-31, figs. 55-62.
androgínica Diz-se de uma inflorescência que tem flores masculinas e femininas no mesmo pedúnculo.
angbspérrnicas Subdivisão do reino vegetal que compreende as plantas cujos óvulos estão encerrados
num ovário fechado com estigma. Ex.: cerejeira, meloeiro, pessegueiro, pereira. antera Parte superior
dilatada do estame. A antera contém as células-mães dos grãos de pólen, os quais formarão os gâmetas
masculinos. Está dividida interiormente em quatro sacos polínicos que se agrupam formando duas
cavidades. antese Período da floração. O botão floral abre-se, as pétalas desabrocham, os estames e o
carpelo crescem e realizam a fecundação. Por vezes, esta última fase dá-se antes da antese. anual
Planta cujo ciclo de vida só dura um ano: germinação, crescimento, floração, frutificação e morte. A
reprodução de uma planta anual é assegurada apenas pela semente, contrariamente à planta vivaz.
apêndice Prolongamento acessório de certos órgãos. Ex.: o esporão que prolonga a corola da violeta,
da aquilégia ou das esporas. apendiculado Provido de um ou mais apêndices.

apétala a) Flor desprovida de pétalas. As flores com um só invólucro (cálice ou corola) desig442
GLOSSÁRIO

nam-se por haplociamídeas, ou monociamídeas.

b) Grupo que compreende nove famílias de plantas também chamadas haplociamídeas. Ex.: nogueira,
vidoeiro. apiculado Diz-se de um órgão que termina bruscamente em ponta curta, maleável e não
espinhosa. Ex.: a vagem do feijoeiro.

aprumada Diz-se da raiz principal, mestra, ou gavião, bem desenvolvida de onde partem as
secundárias. V. pp. 20-21, figs. 1-3. aquérilo Fruto seco que não se abre espontaneamente
(indeiscente) e com uma só semente. Ex.: avelã. V. pp. 34-35, fig. 90. arbusto Planta lenhosa de
altura inferior a 5 m, geralmente revestida de ramos desde a base. Ex.: urze, giesta, piorno. arista
Prolongamento rígido, filiforme ou delgado de certos órgãos. Ex.: a glumela da cevad a ou o carpelo
da vide-branca ou da pulsátila. articulado Formado por artículos. Ex.: síliqua do rábano (formam-se
na maturação vários artículos monospérmicos), rizoma do selo-de-salomão, ramos de cavalinha.

artículo Porção de um órgão isolada da parte contínua por um estrangulamento ou um septo. Ex.:
síliqua de rabanete. árvore Vegetal de tronco bem marcado e com ramos lenhosos na parte superior,
vivaz, que mede mais de 5 m de altura. Vive geralmente várias décadas e até mesmo vários séculos.
Ex.: carvalho, azinheira, etc. asa a) Nome dado às pétalas

orla o pecíolo ou o caule como uma continuação do limbo da folha. Ex.: consolda-maior. ascendente
Diz-se de um órgão, geralmente um caule, que primeiro se encontra prostrado e seguidamente se ergue
adquirindo uma posição quase vertical. Ex.: marroio-negro. auriculado Diz-se de um órgão munido de
aurículas, apêndices em forma de orelha; estas são prolongamentos do limbo da folha que auricuia
cingem o caule. Ex.: cocleária. axila Ângulo interior formado pelo encontro de dois órgãos ou partes
de uma planta. Na axila das folhas gema encontram-se @axi1ar muitas vezes gemas. axilar
Diz-se de um órgão que se insere ao nível de uma axila.

Ex.: uma flor, na axila de uma folha, diz-se axilar por oposição à que se situa no fim do ramo,
chamada terminal,

baga Fruto simples carnudo, indeiscente, frequentemente com várias sementes. Ex.: groselha, uva. V.
pp. 34-35, fig. 89. bainha Prolongamento do pecíolo ou do limbo da folha que envolve o caule até ao
nó de inserção.

laterai das flores das Leguminosas. b) Lâmina verde que

balsânlico Que possui um perfume comparável ao bálsamo. Ex.: balsamita. basilar No sentido
anatómico, órgão que está inserido na base ou próximo. Folha basilar: que nasce ao nível do colo. bi
Prefixo que significa duas vezes ou duplo.

bico V. rostro. bienal Diz-se de um vegetal que normalmente necessita de dois anos para realizar o seu
ci- cio vegetativo. Primeiro ano: nascimento e crescimento; segundo ano: frutificação e morte. Ex.:
cenoura. bffldo Dividido em duas partes por uma fenda bastante profunda. As folhas e as pétalas são
muitas vezes bífidas. Ex.: as pétalas de algumas Cariofiláceas. bipenatissecta Folha com divisões
penatissectas que, por sua vez, são também penatissectas; os recortes profundos atingem a nervura
central de cada lóbulo. Estes lóbulos estão dispostos como os dentes de um pente.

bipinulada ou recomposta Folha em que sobre o eixo principal (que está no prolongamento do pecíolo)
se inserem outros eixos portadores de folíolos.

boibilho Boibo muito pequeno, situado não na terra, como um autêntico boibo, mas inserido na axila
das folhas de certas espécies como a f@í: cária ou no lugar de algumas flores como o alho. bolíbo
Dilatação na base de uma planta formada por folhas ou escamas repletas de reservas nutritivas. V. pp.
22-23, figs.
16-18. bráctea Folha geralmente atrofiada, situada na base de uma flor. Por vezes, o conjunto das

brácteas

brácteas forma um invólucro. Em determinados casos, atingem grandes dimensões e tornam-se

443
GLOSSÁRIO

coriáceas, chamando-se espatas. Ex.: milho. bractácilia Pequena bráctea inserida na base do eixo floral
ou sobre o pedicelo.

o Inflorescência em que as flores, providas de pedicelo, se inserem ao longo do eixo principal. V. pp.
32-33, figs.
69-70. caduca Diz-se geralmente da folhagem, mas também das peças florais que caem ao terminar as
suas funções, por oposição às persistentes. A corola é sempre caduca, o cálice é muitas vezes
persistente. cálice O mais externo dos invólucros florais, constituído pelas sépalas. V. pp. 28-29, figs.
45-47. caliculado Provido de um calícujo. Ex.: potentilha. calículo Conjunto de brácteas na base de
um cálice ou de um capítulo com o aspecto de pequenas sépalas, constituindo uma espécie de cálice
suplementar mais externo. O mesmo que epicálice.

pétala

sépala

calo a) Depósito de uma substância ternária, a calose, que obstrui os vasos condutores da seiva
elaborada, durante o Inverno. b) Zona cicatricial formada por uma acumulação de células nos bordos
de uma ferida de uma árvore. caloso Que apresenta calosidades, ou sejam dilatações localizadas,
separadas umas das outras por pequenas depressões. campamilado cálice ou corola em formade sino.
Só as corolas gamopétalas podem ser campanuladas. Ex.: consolda-maior, beladona. canaliculado
Caracterizado por ranhuras mais ou menos largas e

profundas ou por uma espécie de canal longitudinal em forma de goteira. As folhas de algumas
espécies de cravinho têm um pecíolo canaliculado. canelado Caracterizado pela presença de saliências
paralelas, separadas por sulcos regulares.. Os frutos de muitas Umbelíferas são canelados. Ex.:
imperatória. capilar a) Com a forma e o tamanho de um cabelo muito fino e alongado. Ex.: folha de
espargo. b) Nome vulgar dado a alguns fetos pequenos. Ex.: avenca ou capilária. capítulo
Inflorescência indefinida constituída por flores sésseis, muito próximas umas das outras, directamente
inseridas numa dilatação do caule chamada receptáculo. Todas as plantas da família das Compostas
têm flores em capítulo, de formas e dimensões muito variadas. V. pp.
32-33, figs. 80-81. cápsula Fruto seco deiscente formado por um certo número de cavidades
interiores que se abrem para libertar as sementes, quer seja por poros (papoila) ou por válvulas
(ancólia). pp.
34-35, fig. 98. carena ou quilha a) Pétala da flor com corola papilionácea em forma de quilha de
navio. Ex.: cornichão. b) Saliência em forma de quilha que aparece em alguns orgãos.

carena, ou q

carlopse Fruto seco indeiscente cujo pericarpo está ligado intimamente à semente única. V. pp. 34-35,
fig. 93. caroço Invólucro lenhoso formado pela parte interna do pericarpo e que rodeia a semente de
uma drupa. V. pp. 34-35, figs.
86-88. carpelo Folha floral que produz os óvulos. V. pp. 30-31, figs.
63-67. carposporófito Filamentocelular, formado depois da fecundação, produtor de esporos nus
(carposporos) que originam uma nova alga vermelha. casca Revestimento protector das raízes, dos
caules e dos ramos. Mantém-se viva nos exemplares jovens, mas com o decorrer dos anos transforma-
se por lenhificação ou suberificação. caule Parte aérea do eixo da planta que produz e suporta as
folhas. V. pp. 22-23, figs. 9-18. caulescente Provido de um caule aéreo bem visível, em contraposição
a acaule. caulinar Que tem relação com o caule aéreo. As folhas caulinares são as que se desenvolvem
ao longo do caule, por oposição

às folhas basilares, inseridas no colo da planta. celheado V. ciliado. ciliado Portador de cílios,
geralmente distribuídos por uma franja marginal.

cillos Pêlos formados por uma ou várias células e dispostos na orla de um órgão, como as pestanas de
uma pálpebra. Ex.: drósera. cimeira Inflorescência em que o eixo principal está pouco desenvolvido
em relação aos eixos laterais, terminando todos por uma flor. V. pp. 32-33, figs.
83-85. cistocarpo Designação que nas algas corresponde a uma espécie de corpo frutífero em que o
carposporáfito está rodeado por um invólucro. clitoplasma Matéria viva contida na célula, com
exclusão do núcleo. claciódio órgão com a aparência e a função de uma pequena folha, mas que é
formado por um ramo curto e achatado. Ex.: gilbarbeira.

colmo Caule aéreo das Gramíneas, nodoso e oco, excepto nos nós. Ex.: trigo. colo Região de
transição entre o caule e a raiz. composta a) Formada por vários elementos distintos, como os folícilos
de uma folha composta. Ex . : acáci a- b astarda. b) Grande família botânica (Compostas) que se
caracteriza por ter as flores agrupadas em capítulo. conceptáculo Em algumas algas (bocielha),
cavidade do talo onde se alojam os órgãos reprodutores. cone ou pinha Conjunto de frutos múltiplos
dispostos em forma

444
GLOSSÁRIO

de cone. Ex.: abeto, pinheiro. Cada semente é protegida por uma escama que pode ser lenhosa ou
somente membranosa. corimbo Tipo de inflorescência com pedicelos desiguais, permitindo que as
flores fiquem todas à mesma altura. V. pp. 32-33, fig.
75. coroa As pétalas soldadas de certas flores apresentam, na face interna, ou garganta, apêndices em
forma de taça que originam uma espécie de coroa. corola Conjunto das pétalas de uma flor. V. pp. 28-
29, figs.
48-53. costa ou costela Saliência que se encontra na superfície de certos órgãos, como, por exemplo,
frutos. Se estas nervuras são paralelas, determinando entre si sulcos relativamente profundos, o órgão
denomina-se canelado. cotanilhoso V. tomentoso. cotilédone Esboço das primeiras folhas formadas na
semente e que aparecerão na germinação. Por vezes, estão cheias de reservas nutritivas, o que as torna
inadequadas ao cumprimento da função de verdadeiras folhas. crenado Diz-se do bordo do limbo de
uma folha em que se desenham pequenos recortes arredondados, os quais, todavia, não determinam
verdadeiros lóbulos. O crenado e o lobado diferenciam-se pela profundidade dos recortes. criptogâ
mico O mesmo que acotiiédone. Planta sem flores e, portanto, sem fecundação visível, cuja
reprodução se faz mediante esporos assexuados. De cada esporo nasce um protalo, organismo
intermédio com gâmetas masculinos e femini nos. Ex.: feto-macho. cunelforme Diz-se de todos os
orgãos com a forma de cunha. cúpula Invólucro axial em forma de taça, forrado externamente por
numerosas brácteas e que envolve a base de alguns frutos. V. pp. 32-33, fig. 79.

decorrente Diz-se do limbo de uma folha ou de um folíolo cuja base se prolonga pelo pecíolo e pelo
caule, tornando-o alado. Ex.: consolda-maior.

maturação. V. pp. 34-35, figs.


96-98. dentada Diz-se de uma folha, de uma pétala ou de uma sépala cujos bordos apresentam recortes
pouco profundos, em ângulo agudo. É este ângulo que distingue o recorte dentado do crenado,
denticulado Provido de dentículos, ou pequenos dentes. deprimido Comprimido de cima para baixo.
Sinónimo de achatado. di Prefixo que significa duas vezes. diadelfo Diz-se da planta cujos estames
estão soldados pelos filetes, formando dois grupos. Ex.: flor do cornichão, que possui nove estames
ligados e um livre. V. pp, 30-31, fig. 58. dialipétala Diz-se da corola cujas pétalas são independentes
umas das outras. V. pp. 28-29, figs. 45-48. dialissépalo Diz-se do cálice de sépalas livres. V. pp. 28-
29, figs. 45-48. diaquénio Aquénios geminados e suportados por um pedúnculo comum bifurcado na
extremidade. É o caso das Umbelíferas. dicotilodónea Planta cuja plântula possui dois cotiléciones. O
seu conjunto constitui uma classe que integra a grande maioria das plantas com flor. dicotornia a)
Bifurcação sucessiva de um ramo devido ao aborto da gema terminal e desenvolvimento das duas
gemas axilares. b) Divisão da gema terminal em duas partes, dando origem a dois ramos em vez de
um.

digitado Disposto como os dedos de uma mão.

deisconte Diz-se de um fruto seco que se abre na altura da

dióica Planta que possui flores masculinas e flores femininas em pés diferentes. A fecundação dá-se
por intermédio do vento ou dos insectos. disco Excrescência de forma circular ou anelar, geralmente
glandulosa, onde estão ou parecem estar inseridos os estames e as pétalas. Ex.: flor da hera. Parte
central do capítulo das Compostas.. discollor Diz-se de um órgão que no estado normal apresenta
duas cores distintas em toda a sua extensão. Ex.: folhas com a face superior verde e a inferior branca.
dístico Aplica-se a todos os órgãos vegetais dispostos ou ordenados em ambos os lados de um eixo coo
mum ou em, duas filas regulares. drupa Fruto carnudo cuja semente está encerrada num invólucro
consideravelmente lenhificado e resistente chamado caroço. Ex.: pêssego, amêndoa, cereja. V. pp. 34-
35, figs. 86-87. drupéde Pequena drupa, elemento de um fruto múltiplo. Ex.: silva. V. pp. 34-35, fig.
101.

eixo Porção de vegetal, geralmente vertical, que suporta outros elementos; eixo radicular, eixo
caulinar ou caule principal, eixo de uma espiga ou ráquis. elliptico Em forma de elipse ou, melhor, de
oval, cujos lados maiores são quase rectilíneos e paralelos. Ex.: folha do lírio-dos-vales.

epicálice V. calículo. epinescente Que apresenta a extremidade transformada em espinho. ar~ Que
toma uma direcção aproximadamente vertical (caule, inflorescência), por oposição a prostrado ou
ascendente. escama Este termo tem diversos significados. Refere-se em geral a folhas modificadas,
coriáceas, raramente verdes, cujo

papel é o de protecção; do revestimento de rizomas, de bolbos, de gemas, das flores sem

445
GLOSSÁRIO

corola nem cálice (amentilho de aveleira), servir de suporte às sementes nos cones das resinosas. No
caso particular dos boibos, a escama toma o nome de túnica. escapo Peciúriculo sem folhas (áfilo) que
parte de um boibo, rizoma, etc., e tem no ápice uma flor ou inflorescência. Ex.: primavera. Por vezes,
no escapo floral intercalam-se algumas folhas com as flores. Ex.: genciana. Sinónimo de hástea.

escorplóide Erriformadecauda de escorpião. Diz-se de uma inflorescência unípara com as flores todas
para o mesmo lado e que em nova se enrola em báculo Ex.: consolda-maior.

escudo Gema destacada do seu suporte com um fragmento de casca para efeitos de enxertia de
borbulha. Emprega-se também este termo para designar um órgão em forma de broquei ou de escudo
heráldico. espadice Inflorescência em espiga com o eixo carnudo e que está envolvida por uma grande
bráctea, a espata. V. pp. 32-33, fig. 82. espata Grande bráctea que envolve algumas inflorescências
de tipo espadice. Ex.: o milho. V. pp. 32-33, fig. 82. espatulado Achatado, estreito na base, largo e
arredondado no cimo, à semelhança de uma espátula.

tológicos do que com qualquer outra planta e sendo por isso designadas pelo mesmo nome. Ex.:
serpilho (Thymus serpy11um L.), espécie do género Thymus. espermatófitas Plantas produtoras de
sementes. espiciforme Cujo aspecto exterior se assemelha a uma espiga. espiga Inflorescê ncia em que
todas as flores são sésseis e estão inseridas ao longo de um eixo central chamado ráquis. A espiga pode
ser simples ou composta, consoante o eixo for uno ou ramificado. V. pp. 32-33, figs. 72-74. espiqueta
Pequena espiga de flores. As espiguetas estão, por sua vez, dispostas em espiga ou em panícula.

espinho Elemento pontiagudo e aguçado que faz parte do caule e dos ramos, só deles se
destacandosese arrancarem algumas fibras. espínula Pequeno espinho delgado e coriáceo formado no
bordo de um limbo. Ex.: folhas de alguns cardos. espique Caule não ramoso, coroado por um tufo de
folhas, geralmente cilíndrico, que só engrossa enquanto a planta é nova, mantendo depois o mesmo
diâmetro. Ex.: caule das palmeiras. espontâneo Que cresce sem qualquer intervenção humana, não
sendo, portanto, nem introduzido nem cultivado. Equivalente a silvestre. esporânglo órgão produtor de
esporos nas criptogâmicas vãsA,

culares. Os esporângios podem ser terminais, como no caso da cavalinha, ou estar instalados na face
inferior das frondes, como no caso do feto-macho, ou ainda estar inseridos na axila das pequenas
escamas do caule. esporão Apêndice tulbuloso do cálice ou da corola, mais ou

espéde Agrupamento de plantas nascidas dos mesmos antecessores, tendo entre si mais traços comuns
anatómicos e hisesporo Elemento reprodutor assexuado. Nas Criptogâmicas vasculares, o esporo, ao
germinar, produz um protalo no qual se desenvolverão os gâmetas masculinos e femininos. Ex.: feto-
macho.

esporo

esquízocarpo Fruto simples, seco, de ovário piuricarpeiar. Os carpelos na maturação separam-se uns
dos outros, formando um fruto parcial chamado mericarpo. Ex.: funcho. estaca Caule ou ramo que
criou raiz, tornando-se uma planta autónoma. estame Folha floral masculina cujo conjunto constitui o
androceu. V. pp. 30-31, figs. 57-62. estaminada Diz-se de uma flor provida unicamente de estames e,
portanto, masculina. Ex. > os amentilhos da aveleira são com postos por flores estaminadas. Se a flor
também tiver carpelos, chama-se lhermafrodita. estaminódio tame estéril, ,I zido a um filemuitas
veze X te desprovido de antera e, consequentemente, sem formação de pólen. estandarte Nome dado
à pétala principal da corola papilionácea. Tem a forma de uma vela aberta ao vento ou de uma
bandeira. Ex.: ervilha, cornichão. estigma Parte superior do estilete que recebe os grãos de pólen nas
Angiospérmicas. O estigma é muitas vezes guarnecido de papilas que segregam um lí- quido
açucarado que propicia a fixação e a germinação do grão de pólen. V. pp. 28-29, fig. 42.

estilete

ovário

menos pontiagudo e encurvado. Ex.: flor da violeta, da ancóiia.

estilete Parte adelgaçada do carpelo que liga o estigma ao ovário. V. pp. 28-29, fig. 42. estípula
Apêndice de forma e consistência variadas, situado na base do pecíolo ou da folha séssil, geralmente
em número de dois, ficando um de cada fado. Em certos casos, as estipulas

446
GLOSSÁRIO

são maiores do que os folíolos. Ex.: ervilheira.

menos lenhificadas. da urtiga.

Ex.: caule

estolho Caule rastelante aéreo ou subterrâneo, desprovido de reservas, que enraíza nos nós e assegura a
multiplicação da planta. Ex.: morangueiro.

estolhoso Que apresenta estolhos. As plantas estolhosas são geralmente invasoras. A sua multiplicação
vegetativa é mais rápida do que a reprodução por semente.

família Conjunto de géneros vegetais cujas características comuns permitem a sua associação num
mesmo agrupamento. As famílias reúnem-se em classes. fanerogâmicas Agrupamento sistemático do
reino vegetal que compreende todas as plantas que dão flor, quer as sementes estejam encerradas num
fruto (Angiospérmicas) ou não (Gimnospérmicas). O mesmo que espermatófitas. fasciculado Termo
que possui várias aplicações com o mesmo sentido: em forma de feixe. a) Raiz: sistema radicular
desprovido de eixo principal (v. pp.
20-21, figs. 4-5). b) Flores com pedúnculos alongados que partem todos sensivelmente do mesmo
ponto. Ex.: cerejeira. fauce Designa-se assim a abertura de uma corola gamopétala ou de um cálice
gamossépalo.

fauce

fecundação Operação pela qual um gâmeta masculino e um gâmeta feminino realizam a sua fusão. No
caso da flor, é o encontro do pólen com a oosfera, gâmeta feminino. O gâmeta masculino é então
conduzido pelo tubo polínico. fibroso Rico em fibras, ou seja em células aiongadas mais ou

filete Parte do estame que suporta a antera. V. pp.30-31,fig. 55. filiforme Fino e comprido como um
fio. Pode dizer-se de uma folha, de qualquer órgão e mesmo de uma pfanta completa. fimbriado
Provido de bordos recortados formando franjas finas, mais ou menos aiongadas (fímbrias). flor órgão
da reprodução dos vegetais superiores (Espermató~ fitos). V. pp. 28-31, figs. 42-67. florífero Que
produz flores. flósculo Pequena flor de corola tubulosa própria do capítulo das Compostas. folha órgão
vegetal cujas funçoes principais são a respiração e a fotossíntese. V. pp. 24-27, figs. 19-41. foliáceo
Que tem a forma e a função de uma folha: sépala foliácea, estipulas foliáceas, Ex.: estipulas da
ervilheira. Emprega-se também, embora impropriamente, como sinónimo de folhoso, em oposição a
áfilo, desprovido de folhas.

folículo Fruto seco deiscente que se abre na maturação por uma única fenda longitudinal,
distinguindo-se deste modo da vagem, que tem duas fendas, e da síliqua, que tem quatro.

folíolo Divisão de uma folha composta. Tem o seu próprio limbo preso ao pecíolo principal por um
peciólulo. Os folíolos podem distinguir-se das folhas pela inexistência de gomo na axila do peciólulo.
V. pp. 24-25, fig. 21.
fronde órgão vegetativo de uma planta. No feto, suporta os esporângios e assemelha-se a uma grande
folha recortada.

frutífero Que tem ou produz frutos. Diz-se da parte do vegetal em que normalmente se inserem os
frutos: ramo frutífero, por oposição a ramo estéril. fruto órgão vegetal proveniente da flor e que
contém as sementes. V. pp. 34-35, figs.
86-103. fusiforme Em forma de fuso, dilatado na parte média e afilado nas duas extremidades.

gamopéialo e gamossépalo Com as pétalas ou sépalas unidas entre si, formando uma corola ou um
cálice de uma só peça. A aderência pode dar-se apenas em parte do comprimento. V. pp-
28-29, figs. 49, 46. gavinha Apêndice filiforme de origem foliar ou caulinar que pode enrolar-se em
volta de um suporte. São também gavinhas os ramos com folhas muito pequenas como as da vinha. A
gavinha é o meio de apoio dos caules trepadores, que não são volúveis nem possuem espinhos, acúleos
ou raizes laterais.

gema Formação vegetal que contém o esboço de um ramo folial ou floral. A existência de escamas e,
por vezes, de pêlos ou de cera assegura-lhe protecção contra o rigor das baixas temperaturas. V. pp.
24-25, fig. 19. gerninados órgãos agrupados dois a dois, sem serem opostos, constituindo um par.

447
GLOSSÁRIO

género Grupo de classificação biológica que reúne um determinado número de espécies com
características comuns suficientes para serem consideradas [ogicamente como aparentadas.
gimnospérmicas Subdivisão do reino vegetal que engloba as plantas com flores cuja semente não está
encerrada num fruto, mas apenas colocada numa escama. Ex.: pinheiro. gineceu Sinónimo de pistilo.
Conjunto dos carpelos de uma flor. V. pp. 30-31, figs. 63-67. glabrescente Que não é inteiramente
glabro, pois tem alguns pêlos raros dispersos. glabro Sem pêlos nem cílios. É o oposto de viloso,
lanoso ou pubescente. Ex.: folhas da pervinca, do lírio-dos-vales. glândula órgão secretor constituído
por uma ou mais células cuja função é produzir ou armazenar certos produtos, como óleos essenciais
(alfazema, hortelã-pimenta, etc.), substâncias irritantes (urtiga), etc. glanduloso Provido de glândulas
ou apresentando pêlos munidos de uma glândula nas extremidades. Ex.: rorela ou orvalhinha. glauco
De cor verde-azulada. Esta coloração pode ser devida a pigmentos internos, mas também a um pó fino
e ceroso, a pruína, disseminado pela epiderme das folhas ou dos frutos. glomérulo Inflorescência
composta por flores sésseis aglomeradas. O glomérulo distingue-se assim do capítulo, em que as flores
sésseis estão inseridas num plano horizontal e não formam um corpo esférico. Ex.: cuscuta,
quenopódio.

gluma Bráctea própria das éspiguetas das Gramíneas. É uma folha modificada, a maioria das vezes
coriácea. Duas glumas geminadas envolvem parcial ou totalmente a espigueta. As giumeias, muitas
vezes providas de aristas, desempenham o mesmo papel das glumas em cada flor da espigueta.

essencialmente por diversos açúcares. É segregado pelas feridas de algumas árvores. Ex.: pessegueiro,
cerejeira. granuloso Diz-se de um órgão coberto de pequenas protubeabaixo do ponto de inserção das
restantes peças florais.

râncias, numerosas e densas. Ex.: quaresmas (Saxifraga granulata).

hástea V. escapo. herbáceo Que tem o aspecto e a consistência da erva, de constituição celulósica e
elástica. O oposto é lenhoso ou lenhificado. hormafrodita Diz-se de uma flor que tem órgãos de ambos
os sexos, masculino e feminino. Uma planta que possui flores masculinas e femininas denomina-se
monóica, e não hermafrodita. híbrido Exemplar proveniente do cruzamento de espécies do mesmo
ou de géneros diferentes. Tais híbridos raramente são fecundos e estáveis; porém, se o forem, podem
originar novas espécies.

Imparipinulada Folha com um número ímpar de folíolos; o eixo apresenta em todo o seu comprimento
pares (4,e folíolos e na extremidade um terminal. Ex.: freixo, acácia-bastarda.

goma Produto de consistência plástica e adesiva, composto

Indeiscente Diz-se de um fruto que não se abre na maturação. Ex.: uva, pêra. V. pp. 34-35, figs.
90-95. Indúsio Membrana que cobre os soros dos fetos, ou sejam os grupos de esporângios. O modo
de fixação do indúsio, muito variável, é uma característica determinante para distinguir os fetos. ínfero
Diz-se de um ovário que está inserido no receptáculo
ovário ínfero

inflorescência Modo de disposição das flores sobre o caule. V. pp. 32-33, figs. 68-85. invaginante Diz-
-se a o a cujo limbo se prolonga numa bainha, rodeando compietamente o caule até ao nó, onde a folha
se insere pela região inferior dessa bainha, como, por exemplo, nas Gramíneas. involucelo Invólucro
de brácteas muito pequenas situadas na base das umbélulas.

invólucro Coroa de brácteas livres ou aderentes situada na base da umbela. O invólucro pode existir
também numa flor única ou num capítulo; neste último caso, as brácteas podem imbricar-se em várias
camadas. V. pp. 32-33, fig. 78. irregular Diz-se da flor com um só plano de simetria (zigomorfa) ou
sem nenhum (assimétrica).

ilo Pétala interna, maior e mais vistosa da flor das Orquidáceas. É larga, por vezes muito aiongada
e pendente, de colorações diversas. Muitas vezes o aspecto e a cor do labelo servem para
determinar as espécies de Orchis e de Ophrys. labiado Com a forma de um lábio. A flor da salva
apresenta uma pétala em forma de lábio superior e outra em forma de lábio inferior, pelo que se
denomina bilabiada. lecínia Folha estreita e muito comprida, de bordos quase paralelos, que se
encontra sobretudc

448
GLOSSÁRIO

em plantas aquáticas e nas Umbelíferas.

laciniado Dividido em lacínias.

lanceolado Em forma de lança, afilado nas duas extremidades e mais largo na parte média. Ex.: folha
de tanchagem.

látex No sentido rigoroso, produto orgânico excretado pelos canais laticíferos da seringueira, por
exemplo, com que se fabrica a borracha. No sentido lato, produto da excreção de certos vegetais nas
zonas dilaceradas. Ex.: celidónia, taráxaco. Não tem nada de comum com a seiva. lenhoso Diz-se das
células e dos tecidos vegetais em que a celulose inicial das membranas foi substituída pela lenhina,
mais resistente e impermeável. A fibra lenhosa está geralmente morta. lentícula Pequena abertura no
tecido suberoso da casca das árvores para permitir a circulação do ar. Facilmente observável no
vidoeiro. líquia Pequena lingueta membranosa, geralmente incolor. Nas Gramíneas, ocorre no ponto
de união do limbo com a bainha.

Designam-se também do mesmo modo os prolongamentos membranosos das flores periféricas

dos capítulos das Compostas. limbo Parte mais larga de umafolha, de uma pétala ou de umasépaIa. V.
pp. 24-27, figs. 20, 29-33. linear Aplica-se a um órgão, geralmente uma folha, muito comprido e
estreito, sem todavia ser filiforme. Ex.: folhas das Gramíneas e dos cravos.

lirada Diz-se de uma folha com recortes profundos, constituindo lóbulos progressivamente maiores à
medida que se aproximam da extremidade superior do limbo. Ex.: lapsana.

lobado Folha cujo recorte não atinge metade da aba. lobo Porção de um limbo ou de uma pétala
delimitada por dois recortes vizinhos. É também chamado seio. lóbulo Pequeno lobo.

lóculo Divisão da cavidade interna do ovário, da antera ou do fruto. Se esta cavidade não tem

[óculo

septo, existe um único lóculo. Um septo determina a existência de dois láculos.

margem Bordo de um órgão. Quando esta margem resulta de um prolongamento do limbo ao longo do
pecíolo ou do caule, denomina-se asa. Alguns frutos, como as azedas, estão rodeados

por uma margem que favorece a acção do vento. melífera Diz-se de uma flor que produz néctar,
líquido açu- carado com que as abelhas fabricam o mel. membra~ Que tem o aspecto ou a consistência
de uma membrana, espécie de película pouco espessa e frágil que só muito raramente desempenha o
papel do septo. mergulhão V. estaca. mericarpo Cada uma das porções monospérmicas em que se
divide um fruto esquizocárpico aquando da maturação.

mondado Separado de corpos estranhos. Algumas flores, para serem comercializadas, devem ser
separadas do pedúnculo, das brácteas e, por vezes, do cálice. monocotiledóneas Classe do reino
vegetal que abrange as plantas que dão flor e cuja semente só contém um cotilécione. Ex.: trigo.
monóico Diz-se de um vegetal com flores unissexuais, apresentando o mesmo indivíduo flores
masculinas e femininas. Este facto não significa que se fecundem mutuamente. monopétala,
monossépala Flor cujas pétalas ou sépalas estão soldadas entre si, formando uma corola ou um cálice
de uma só peça. A sutura deixa por vezes subsistir um vestígio de separação na parte superior das
pétalas ou das sépalas. monospérmico Diz-se de um fruto com uma só semente ou de um pistilo com
um só óvulo. mucronado Que apresenta um mucrão, ou seja uma pequena ponta terminal. Por vezes, é

mucrão

quase imperceptível. As folhas do sobreiro apresentam dentes mucronados.

naturalizada Diz-se de uma planta importada de outra região, portanto não indígena, mas que se
aclimaiou, reproduziu e propagou como no seu país de origem.

449
GLOSSÁRIO

nectarífero Produtor de néctar ou que tem nectários. nectário órgão glanduloso secretor de néctar,
líquido açucarado, que fica situado frequentemente na base das pétalas ou nofundo dafauce. Ex.:
cerejeira. Podem existir nectários em certas folhas.

nervura Prolongamento através do limbo dos vasos condutores da seiva proveniente do caule. V. pp.
24-25, figs. 25-28. nó a) Dilatação do caule no ponto de inserção de uma folha. b) Formação lenhosa,
extremamente densa, no interior do lenho.

oblongo Mais comprido do que largo (o eixo maior é de três a seis vezes mais longo que o menor) e
arredondado nas extremidades.

obovado Que tem a forma de ovo invertido. No caso de uma

folha, a parte superior do limbo é nitidamente mais larga do que a base no ponto de inserção.

obtuso Contrário de agudo ou pontiagudo. Diz-se dos órgãos cujos bordos formam no ápice um ângulo
obtuso.

ócrea Espécie de pequena bainha que, partindo da base do pecíolo, rodeia o caule. Ex.: sempre-noiva.

oposto Situação de dois órgãos inseridos, um em frente do outro, no mesmo nó. V. pp. 26-27, fig. 38.
oval Que tem a forma de um ovo. Convencionalmente, admite-se que a extremidade mais larga
corresponde ao ponto de inserção. Se sucede o contrário, emprega-se a palavra *obovado+.

ovário Parte principal do carpelo que contém um ou mais óvulos, os quais serão fecundados pelo
pólen. O ovário, uma vez realizada a fecundação, dará origem a um fruto, seco ou carnudo; o óvulo
fecundado transformar-se-á numa semente, V. pp,
28-29, fig. 42. ovólde Forma que se aproxima da oval. Ex.: folha do buxo.

óvulo Estrutura que contém o gâmeta feminino encerrado no ovário. Transforma-se em semente após
a fecundação.

palmada Recortada em vários segmentos divergentes, dispostos como os dedos de uma mão aberta.
palmatíssecta Diz-se da folha palmada com recortes muito profundos, chegando até ao pecíolo.

panícula Inflorescência grande, muito ramificada, que corresponde a um cacho composto. Os ramos
decrescem da base para o ápice. V. pp. 32-33, fig. 71. paplia Nome dado a pequenas saliências cónicas
distribuídas pela superfície de um órgão. papilho Espécie de tufo de pélos, de sedas ou de escamas
mais ou menos ramificado que coroa os frutos de certas espécies, nomeadamente os da família das
Compostas. Este tufo, exposto ao vento, dá origem à disseminação das sementes. Ex.: valeriana,
taráxaco.

papilionáceas Diz-se das flores com 5 pétalas, que, pela sua forma e disposição, evocam vagamente
uma borboleta.
elitandarte

parânqulrna Tecido vegetal com células vivas e paredes celulósicas. Ex.: parênquima ciorofilino das
folhas.

450
GLOSSÁRIO

paripinulada Folha composta com folíolos articulados aos pares ao longo do pecíolo e sem folíolo
terminal.

peciolado Provido de pecíolo.


O contrário de séssil. pecíolo A parte da folha que suporta o limbo. V. pp. 24-25, figs. 20-21.
peciólulo Pecíolo de um folíolo ou ramificação do pecí olo principal numa folha composta.

pectinada Folha’ dividida em lacínias estreitas e apertadas como um pente duplo.

pedicolada Diz-se de uma flor suportada por um pedicelo, O contrário de séssil. pedicelo Ramificação
de um pedúnculo que liga cada flor ao eixo comum da inflorescência, V. pp. 32-33, fig. 70.

pedúnculo

podunculado Provido de um pedúnculo floral, O contrário de séssil. pedúnculo Pequena ramificação


do caule que suporta uma flor. V. pp. 32-33, fig. 69.

peitado Limbo em forma de escudo em que o pecíolo se insere próximo do centro. penatíssecla Diz-se
de uma folha que comporta recortes que atingem a nervura central e se dispõem de cada um dos lados
desta nervura. V. pp. 26-27, figs.
34-35. perene Diz-se de um vegetal cuja parte aérea subsiste vários anos (árvores). Os vegetais perenes
são vivazes, mas nem todos os vegetais vivazes são perenes. Ex.: plantas bulbosas. perianto Conjunto
dos invólucros florais, isto é, do cálice e da corola. pericarpo Parte do fruto proveniente da parede do
ovário. Na maçã, por exemplo, compõe-se do epicarpo (pele), do mesocarmesoc@rpo

po (polpa) e do endocarpo (invólucro membranoso que contém as sementes). persistente O contrário


de caduco, isto é, que perdura longo tempo. Ex.: cálice persistente da maçã ou da pêra. Uma folhagem
persistente permanece na árvore após o Verão. pétala Folha modificada componente da corola. Além
do seu papel de protecção dos órgãos internos contidos no botão floral, as pétalas desempenham um
papel indirecto na fecundação, atraindo, pelas suas cores e pelo seu néctar, os insectos polinizadores.
V. pp, 28-29, figs. 42-44,
48-53, petalóide Diz-seceumasépala que tem o aspecto e a cor de uma pétala. Ex.: a flor do lírio-
amarelo-dos-pântanos. pínula Folíolo de uma folha composta inserido sobre um eixo no
prolongamento do peciolo. pinulada Por analogia com as penas das aves, uma folha pinulada possui
folí olos dispostos lateralmente no eixo comum, ou ráquis, à seme- lhança de uma pena. piriforrne Em
forma de pêra. pisfilada, carpelade Diz-se de uma flor que apenas possui órgãos femininos, estando os
órgãos masculinos alojados noutras flores. Se a flor tem simultaneamente os órgãos masculinos e
femininos, diz-se hermafrodita. pistilo Elemento constituinte do gineceu, que no estado de maior

diferenciação é formado por ovário, estilete e estigma. V. pp.


30-31, figs. 63-67. pixídlo Cápsula com deiscência transversal em que a parte superior, o opérculo, se
abre como uma tampa.

plântula Embrião da planta contido na semente ou acabado de germinar. Compreende uma gémula que
dará o caule primário, uma radícula de onde sairá a raiz primária e um ou dois cotiléciones, que são
folhas rudimentares, carregadas ou não de reservas nutritivas.

plurnoso Provido de pêlos ou de barbas, à semelhança de uma pena de ave. Os frutos de muitas plantas
são plumosos, favorecendo assim a acçã o do vento, que assegurará a sua disseminação.

pólen Pó amarelo ou violáceo formado nos sacos polínicos da antera. Cada grão de pólen possui dois
gâmetas masculinos, dos quais um deles se destina à fusão com o gâmeta feminino do óvulo. polinídia
Massa de grãos de pólen que se encontram em espécies de algumas famílias como a das Orquidáceas.
Em vez de pulverulentos, apresentam-se aglutínados, formando uma massa mais ou menos densa.
pruína Pó ciroso e glauco que cobre a epiderme de certos órgãos e em especial de frutos, Muito frágil,
a sua presença revela que o fruto ainda não foi manipulado. A pruína contém enzimas que facilitam a
digestão e a fermentação. pubescente Coberto de pêlos curtos e macios. A pubescência é muitas vezes
uma adaptação à secura ou ao frio.

451
GLOSSÁRIO

radical Que nasce perto da raiz. órgão, folha ou flor que parece ter o seu ponto de inserção
directamente no colo, junção do caule e da raiz. Ex.: taráxaco. As folhas e as flores das plantas acaules
são radicais. radicante Que produz raizes. Caule prostrado e com raizes
1 aterais.

radicela Raiz secundária muito fina. V. pp. 20-21, fig. 1. radícula Parte do embrião de uma semente
que, após a germinação, dará a raiz. Este primeiro esboço de raiz desaparece por vezes após o
nascimento das outras raizes. raios Peclúnculos e pedicelos das Umbelíferas. Ex.: a umbela do
funcho-marítimo possui entre
10 e 20 raios. raiz órgão subterrâneo da planta com funções de apoio e de nutrição. V. pp. 20-21, figs.
1-8. raminho Termo que designa, nas plantas lenhosas, o rebento do ano. É a porção terminal dos
ramos, de um verde mais claro que o resto da folhagem. ráquis Pecíolo comum de uma folha composta
e das frondes ou eixo principal de algumas inflorescências. rastejante Diz-se de um caule prostrado
que se fixa à terra por meio de raizes adventícias e se desenvolve paralelamente à superfície do solo.
V. pp. 22-23, fig. 11. rebento ou vergôntea V. renovo. receptáculo Dilatação apical do pedúnculo ou
do pedicelo em que sd inserem as diversas peças florais.

receptâculo

renovo Ramo jovem, no estado geralmente herbáceo, proveniente de uma planta vivaz. O mesmo que
rebento, ou vergôntea. reticulado Marcado por nervurãs que se entrecruzam em todos os sentidos,
formando retículos como as malhas de uma rede.

rizoma Caule subterrâneo com folhas escamiformes e frequentemente substâncias de reserva. V. pp.
22-23, figs. 13-14. roncinadas Folhas com grandes recortes nos bordos e em que os segmentos laterais
estão voltados para a base como os dentes de um serrote. Ex.: folha de dente-de-leão, ou taráxaco.

roseta Disposição das folhas basilares junto ao solo e desenhando uma rosácea, Encontra-se nas
plantas acaules e em algumas plantas com caules erectos providos de folhas basais em roseta e
caulinares agrupadas. Ex.: bolsa-de-pastor. V. pp. 26-27, fig. 41. rostrado Que tem rostro.

rostro

rostra --rostro Ponta ou bico; prolongamento pontiagudo de alguns órgãos vegetais.

regular ou actinomorta Com um eixo de simetria, isto é, todos os planos que passem por esse eixo
dividem a flor em duas partes iguais. Ex,: a flor da macieira. V. pp. 28-29, fig. 48, reniforme Em
forma de rim. Ex.: semente do feijoeiro, folha de ásaro.

452

sâmara Fruto seco indeiscente, monospérmico, com o pericarpo prolongado em forma de asa
membranosa. V. pp. 34-35, fig. 94. seda ou cerda Pêlo comprido, rígido e forte, geralmente
constituído por várias células segmento Porção do @imbo de uma folha quando o recorte atinge a
nervura central.
seiva Líquido nutritivo que circula no vegetal. Existem duas espécies de seiva: a seiva bruta, composta
por água e sais minerais dissolvidos, que circula nos vasos desde a raiz até às folhas, e a seiva
elaborada, que contém os produtos orgânicos resultantes da fotossíntese. semente Elemento final das
fases da reprodução sexuada nas plantas com flores. Contém o germe ou embrião da futura planta, um
ou dois cotiléciones e substâncias de reserva. O conjunto, encerrado num tegumento, constitui a
amêndoa. sépala Peça do cálice, primeiro invólucro floral. V. pp. 28-29, figs. 42, 45-47.
septooutabique Membranaque divide o interior de um fruto em compartimentos. Os septos dizem-se
completos ou incompletos, conforme ocupam ou não toda a altura do fruto. Ex.: papoila. sássíl
Directamente ligado ao caule, sem pedúnculo (flor séssil) ou sem pecío(o (folha séssil). Por vezes, as
flores e as folhas são apenas subsésseis, ou sejam suportadas por um pedúncuio ou um pecíolo quase
imperceptíveis. V. pp. 24-25, fig. 23. setígero Com sedas ou cerdas. silícula Subtipo de síliqua em que
o comprimento é pouco maior que a largura. síliqua Fruto seco deiscente que se abre por quatro fendas
longitudinais. Apresenta duas valvas que se separam, persístindo ao meio um falso septo (replo)
com as sementes. Ex.: celidónia. V. pp. 34-35, fig. 97. simples Que não é composto, nem múltiplo,
nem ramificado, nem dividido. Há uma distinção entre simples e inteiro; uma folha simples é aquela
cujo limbo não está dividido em lobos. A folha inteira é aquela cuja orla não apre 1senta recortes,
mesmo pequenos. sinantérico Diz-se dos estames de uma flor que estão ligados entre si não pelos
filetes, mas pelas anteras, formando um tubo. V. pp. 30-31, fig. 60. sinistrorso Caule volúvel que se
enrola da direita para a esquerda. soro Nos fetos, grupo de esporângios cobertos pelo indúsio, visível
nas frondes sob a forma
GLOSSÁRIO

de manchas amarelas ou negras que primeiro se apresentam distintas, tornando-se depois, por vezes,
confluentes. Constituem a frutificação dos fetos. sovela Instrumento metálico muito afiado utilizado
pelos sapateiros para furar o couro. Por analogia, dizem-se assovelados os órgãos vegetais muito
rígidos e pontiagudos. sub Prefixo que significa quase ou um pouco. Assim, subséssil quer dizer
quase sem pecíolo. subarbusto Planta vivaz, de ai~ tura geralmente inferior a 1 m, lenhosa só na base e
sempre herbácea na parte restante. Ex.: uva-ursina; arando. subespontâ neo Diz-se de uma planta que,
tendo sido introduzida acidental ou propositadamente numa dada região, se adaptou, propagando-se
sem intervenção do homem. suco Líquido segregado por um órgão vegetal e acumulado geralmente
nos frutos carnudos ou nas folhas de plantas suculentas. Não deve confundir-se com a seiva ou o látex.
sugador ou haustório Ôrgão de fixação e sobretudo de nutrição de algumas plantas parasitas. Os
sugadores permitem a absorção da seiva da planta que serve de suporte. Ex,.: cuscuta. sumidades
floridas Parte superior de uma planta onde se encontram as flores com, por vezes, algumas folhas. Ex.:
caule do verbasco.

súpero Diz-se de um ovário livre, isto é, que se encontra unido ao receptáculo apenas pela base,
rodeado pelas peças florais que se inserem a nível inferior. Contrário: ovário ínfero.

talo Aparelho vegetativo não diferenciado em raiz, caule e folhas, privado de vasos condutores e
presente em grupos vegetais como algas, fungos e líquenes (talófitos). tecido Conjunto de células com
origem, estrutura e função comuns; tecido clorofilino do limbo das folhas, tecido condutor, tecido de
suporte, etc. tépala Folha m-Ddificada do perianto não diferenciado, isto é, em que não se distingue o
cálice da corola.

tetrágono ou tetragonal Que tem quatro ângulos. Aplica-se, por exemplo, aos caules das Labiadas.
tetraquénio Aquénio quádruplo. toiça Parte constituída pela base do caule e raizes que ficam após o
corte das plantas vivazes. Da toiça saem frequentemente os rebentos que asseguram a sobrevivência da
planta. tomentoso Coberto de pêlos finos, fortemente enleados uns nos outros, conferindo um aspecto
semelhante ao feltro. Ex.: folha de verbasco. trepador Diz-se de um caule que se fixa a um suporte por
gavinhas, acúleos, espinhos ou raízes laterais. V. pp. 22-23, fig. 10. trifoliado Composto por três
folíolos.

trígono ou trigonal Que tem três ângulos. trilobada Diz-se de uma pétala ou de uma folha cujo limbo
está dividido em três lobos. Ex.: Hepatica nobilis.

tubérculo Dilatação subterrânea de um caule ou de uma raiz repleta de reservas nutritivas. Ex.: batata.
V. pp. 22-23, fig. 15. tuberosa, tuberculosa Diz-se de uma planta que tem tubérculos. tubo A
disposição em tubo apenas existe em certos agrupamentos de plantas: a) nas gamopétalas, as
pétalas estão unidas pela base, constituindo um tubo inteiro ou apenas parcial se a sutura não se realiza
em todo o comprimento das pétalas; b) a mesma característica se observa nas sépalas das flores
gamossépalas; c) em muitas Compostas as flores do centro do capítulo apresentam a corola e os
estames constituídos em tubos. V. pp. 28-29, fig. 49. tubuloso ou tubular Em forma de tubo. turião
Rebento caulinar aéreo proveniente dos órgãos subterrâneos de plantas vivazes que morre todos os
outonos. Ex.: silva.

inserem no eixo principal todos à mesma altura. As umbelas podem ser simples ou compostas de
umbélulas. V. pp. 32-33, figs.
76-79.

vagem Fruto seco deiscente que se abre por duas fendas. V. pp. 34-35, fig. 96. valva Cada uma das
peças em que se divide: a) o pericarpo de um fruto cuja deiscência se faz por fendas longitudinais; b) a
espata bivalve de espécies do género AffiUM, A mesma designação é ainda dada a cada uma das
pétalas internas persistentes que cobrem o fruto de espécies do género Rumex. válvula Pequena
abertura lateral com tampa que abre de baixo para cima. variedade No seio de uma espécie, designa o
conjunto de indivíduos cujas características específicas sofreram alteraçõ es de mínima importância.
As características das variedades nem sempre são estáveis. vescular Diz-se de um vegetal cujo tecido
possui vasos condutores, por oposição a avascular, que os não tem. venado Marcado por veias ou
nervuras ramificadas, salientes ou apenas coradas, como as Pétalas de algumas flores. Ex.:
meimendro-negro. verticilo Conjunto de folhas ou de flores inseridas circularmente ao mesmo nível
em redor do caule.

vesliculloso Dilatado como uma bexiga cheia de ar. Ex.: fruto da colútea.

umbela Inflorescência indefinida em que os peclúnculos se

viroso Diz-se de um cheiro desagradável que sugere veneno. vivaz Diz-se de uma planta cuja parte
subterrânea vive vários anos, florescendo em cada um deles, mesmo que as partes aéreas morram
anualmente. volúvel Diz-se de um caule trepador que se enrola em hélice em redor do seu suporte. V.
pp.
22-23, fig. 12.

453
Í ndice

Os nomes populares das plantas aparecem em redondo, e os seus nomes latinos, em itálico. Os
números a negro indicam as páginas em que estão descritas as plantas; os números em redondo
indicam as páginas em que as plantas são citadas.
O índice refere-se ao *Guia das plantas a conhecer+.

A Abacateiro, 349 Abeto-branco, 43


- -pectinado, 43 Abies alba Mill., 43 Abóbora, 306
- -amarela, 306
- -menina, 306
- -moranga, 306
- -porqueira, 306 Abricot, 319 Abrolho, 108 Abronceiro, 245 Abrótano, 306
- -fêmea, 44 --macho, 306 Abrunheiro, 310
- -bravo, 45, 310 Absíntio, 199 Absinto, 199, 311 Acácia- bastarda, 46, 342
- -catechu, 349
- -das-alemãs, 45

- - d e-f lores- brancas, 46 Acacia catechu Wilid., 349 Açaflor, 306 Açafrão, 306
- -bastardo, 47
- _oficinal, 306
- -oriental, 306 Açaf roa, 47, 110 Açafrol, 47 Acanthus mollis L., 48 Acanto, 48 Acelga, 88, 306-307
- -brava, 307 Acer, 229 Achillea millefolium L., 216
- ptarmica L., 216 Acintro, 199 Acónito, 338 Aconitum napeilus L., 338 Acoro-bastardo, 196
- -cheiroso, 103
- -verdadeiro, 103 Acorus calamus L., 103 Actaea spicata L., 343 Acteia, 343 Açucena,307
- -branca, 307 Aderno, 161 Adiantum capilius veneris L., 86 Adónis-da-primavera, 344 Adonis
vernalis L., 344 Aesculus hippocastanum L., 115 Aethusa cynapium L., 118, 344
Agrião,49,91,99,254,256,317
- -das-fontes, 49
- -da-terra, 139
- -de-água, 49
- -do-rio, 327
- -mouro, 327-328 Agrimónia, 50, 253, 266 Agrimônia, 50 Agrímonia eupatoria L., 50, 284

-odorata Mili., 50 Agripalma, 51 Agropyrum repens P. B., 175 Aipo, 49, 52, 170, 186, 307, 321,

339
- -bravo, 190, 307
- -d'água, 307
- -de-montevideu, 307
- -do-rio-grande, 52, 307
- -dos-charcos, 52
- -dos-pântanos, 52
- -hortense, 307 --nabo,307
- -silvestre, 52, 307 Ajuga genevensis L., 101
- reptans L., 101 Álamo, 69
- -líbico, 121 --negro, 121 Albricoqueiro, 319 Alcachofra, 108, 307-308
- -da-terra, 336
- -hortense, 307-308 Alcachôfra, 307-308 Alcaçuz, 53, 125, 247, 254
- -da-europa, 53 Alcaparra, 308 Alcaparro, 308 Alcaravia, 54, 318 Alcaróvia, 54 Alchemilia vulgaris
L. (sensu

lato), 234 Alchirivia, 54 Alcorovia, 54 Alecrim, 55, 58, 272


- -de-jardim, 55 Alecrinzeiro, 55 Alegação, 261 Alegra-campo, 261 Aleluia, 56 Alface, 88, 308-309
- -brava-maior, 57
- -brava-menor, 57, 308-309
- -de-coco, 277
- -de-coelho, 308
- -de-cordeiro, 308
- -hortense, 308-309
- -silvestre, 308-309 --vi rosa, 57 Alfádega, 326-327 Alfarrobeira, 309
- canela, 309
- de burro, 309
- galhosa, 309
- mulata, 309 Alfarva, 60 Alfavaca, 326-327
- -de-cobra, 233 Alfazema, 55, 58
- -brava, 58
- -de-caboclo, 185 Alfena, 59 Alfenheiro, 59, 161 Alforgas, 60 Alf orna, 60 Alforvas, 60

Alga- da- córsega, 222


- -periada, 61, 281
- -vesiculosa, 96 Algebrado, 296 Algodoeiro, 349 Alho, 200, 309
- -espanhol, 314-315
- -grosso-de-espanha, 314-315
- -macho, 309-310
- -mourisco, 314-315
- -poró, 309-310
- -porro, 88, 307, 309-310
- -porro-hortense, 309-310
- -rocambole, 314-315 Aliária, 62 Aljôfar, 63, 263 Alliaria officinalis Andrz., 62 Allium
ampeloprasum L., 309
- ascaionicum, L., 314
- cepa L., 314
- fistulosum L., 315
- porrum L., 309-310
- sativum L., 309
- schoenoprasum L., 314-315 Almeirão, 64 Ainus glutinosa (L.) Gaertn., 68 Aloe ferox Mili., 350
Aloés-do-cabo, 281, 350 Alperceiro, 319 Alpercheiro, 319 Alquequenje, 65 Alquirivia, 54 Alsidium
heiminthocorton (Latourette) Kurtz, 222 Alteia, 66, 205, 259 Aithaea officinalis L., 66
- rosea L., 66 Amaracus, 327 Ambretas, 159 Ambrósia, 143
- -do-méxico, 143 Ameixeira, 310

- - brava, 45 Ameixieira, 310, 345 Ameixoeira, 310 Amêndoas, 310 Amendoeira, 310 Amendoim, 350
- -verdadeiro, 350 Ami, 67 Amieiro, 68
- -mosqueado, 357
- -negro, 69
- -vulgar, 68 Âmio-maior, 67 --vulgar, 67 Ammi majus L., 67
- visnaga Lam., 67, 352 Amora-da-silva, 310-311
- -preta, 310-311 Amor-de-hortelão, 70 Amoreira-branca, 310
- -negra, 310-311
- -preta, 310-311 Am or-p erf eito- bravo, 71 --pequeno,71

454
INDICE

Anagallis arvensis L., 345 Ananaseiro, 350 Ananas sativus L., 350 Anchusa officinalis L., 100
Ancólia, 74 Ancusa,100 Androsemo, 183 Anémona, 152, 204
- -dos-bosques, 344
- -dos-jardins, 250
- -hepática, 179
- -pulsátila, 250 Anemona nemorosa L., 344 Anethum, graveolens L., 135 Aneto, 135 Angélica, 72,
108, 162, 186, 265 Angelica archangelica L., 72
- silvestris L., 72 Anis, 135, 311
- -estrelado, 351
- -verde, 241, 265, 311 Ansarinha, 78 Antenária, 73 Antennaria dioica (L.) Gaertn., 73 Anthemis
nobilis, 202 Anthriscus cerefolium (L.)

Hoffm., 316 AnthyIlis dillenii Schultes, 302


- vulneraria L., 302 Apium graveolens L., 51
- graveolens L., var. dulce (Mili.)

DC., 307
- graveolens L., var. rapaceum (Mili.) DC., 307 Aquifólio, 89 Aquilégia, 74 ~ -vulgar, 74
Aquilegia vulgaris L., 74 Arachis hypogaea L., 350 Aradeira, 180 Arando, 75, 191
- -de-baga-vermelha, 76
- -vermelho, 76 Arbutus unedo L., 209 Arçã, 280 Arçanha, 280 Arctium, lappa L., 90
- minus Bernh., 90 ArctostaphyIos uva-ursi (L.)

Spreng., 292 Arenária, 77 Argençana, 168


- -dos-pastores, 168 Argentina, 78, 281 Aristolochia clematitis L., 79 Aristolóquia, 79 Armoles, 311
Arnica, 80, 204 Arnica montana L., 80 Arrebenta-boi, 228 Arroz, 311 Arruda, 345 Artemigem, 81
Artemísia, 81, 82, 222

- - bastarda- dos- ervan ári os, 208 --comum, 81


- -dos-alpes, 82
- -dos-ervanários, 208

- marítima, 267 -verdadeira, 81 Artemisia abrotonum L., 306


- absinthium L., 199
- cina Berg., 267
- dracunculus L., 321-322
- glacialis L., 82
- maritima L., 44, 267
- mutellina Viii., 82
- spicata Jacq., 82
- vulgaris L., 81 Arum maculatum L., 342

Árvore-da-vida, 336
- -de-morangos, 209
- -do-paraíso, 336 Ásaro, 83 Asarum europaeum L., 83 Asparagus acutifolius L., 321
- officinalis L., 321 Aspargo, 321 Asperula odorata L., 84 Aspérula-odorífera, 55, 84, 152,

253 Astrágalo, 350 Astragalus gumifer Labili., 350 Atanásia, 275 Atriplex hortensis L., 311 Atropa
belladonna L., 338 Aveia, 312, 312
- -doida, 312 Avelaneira, 85 Aveleira, 85
- -de-feiticeira, 357 A vena fatua L., 312
- sativa L., 312
- sterilis L., 312 Avenca,86
- -de-cabelo-de-vénus, 86
- -de-montpellier, 86 Avoadinha, 87 Azedas, 56, 88, 92, 187, 271,

339
- -de-très-f olhas, 56
- -dos-bosques, 92 Azedinha-de-horta, 88 Azevinho, 89
- -espinhoso, 89 --menor, 170 Azinheira, 113

E3 Bacila, 164 Badiana, 351 Bafureira, 332 Bafureiro, 332 Baga,332 Baganha,228 Balança, 312
Ballota foetida Lam., 206, 207 Balsamita, 312 Bananeira, 351 Barba-de-milho, 328
- -do-mato, 291 Barbarea vulgaris R. Br., 139 Barbasco, 295 Barbas- d e-jú piter, 258 Barbotina, 267
Bardana, 90
- -maior, 90
- -ordinária, 90 Barrete- de-padre, 151 Basílico, 326-327 Batata, 312, 313 --cloce,357
- -tupinambá, 336 Batateira, 312 Baunilheira, 351 Becabunga,91 Bédulo, 94 Bela-dama, 338
- -luísa, 326 Beladona, 338 Beldroega, 91, 313, 342
- -pequena, 313 Bellis perennis L., 98 Bem-me-quer, 327 Benjoim-cio-sião, 351 Bérberis, 92 Berberis
vulgaris L., 92

Berengena, 313 Bergamota, 313 Bergenia cordifol'a Haw., 251 Beringela, 313
- -rosa, 313 Beta vulgarís L., var. cicia Pers.,

306-307
- vulgaris L., var. maritima L.,

307
- vulgaris L., var. rapacea Koch,

313-314 Beterraba, 307, 313-314


- -açucareira, 313
- -sacarina, 313-314 Betónica, 93
- -bastarda, 214
- -dos-saboianos, 80 Betânica-aquática, 146 Bétula, 68, 94 Betula alba L., 94 Bico-de-grou, 140
Bidoeiro, 94 Bisnaga, 67, 352 Bistorta, 88, 95, 123, 239, 271 Boas-noites, 327 Bodelha, 96 Bola-de-
neve, 229 Boldo, 352 Boldoa-fragans, 352 Boldu, 352 Boleira, 173
- -amarela, 173 --branca, 173 Bolsa- d e- pastor, 97, 278 Bom-homem, 206 Bonina, 98 Bons-dias, 283
Borrage, 99 Borragem, 99, 100, 205, 249 --bastarda, 100 Borrago officinalis L., 99 Botão-de-prata,
216 Botelho, 96
- -crespo, 61 Botilhão-vesiculoso, 96 Branca-ursina, 48, 105 Brissica napus L., 315
- napus L., var. oleífera DC., 318
- nigra (L.) Koch, 220 Broeira, 192 Bromélia-ananás, 350 Brunela, 142 Brunelia vulgaris L., 142
Bryonia dioica Jacq., 344 Bugiossa, 100 Búgula, 101, 142 Buxo, 102
- -arbóreo, 102 Buxulo, 292 Buxus sempervirens L., 102

c Cabelo-de- milho, 328 Cabelos, 194


- -de-nossa-senhora, 194 Cacau,352 Cacaueiro, 352 Cafèzeiro, 352 Caiado- d e- são- josé, 307
Calaminta, 226 Calamintha officinalis Moench,

226 Cálamo-aromático, 103 Calcatripa, 108 Calcitrapa, 108 Calêndula, 327


- -hortense, 327
455
íNDICE

Calendula arvensis L., 327


- officinalis L., 327 Cafluna vulgaris (L.) Huli, 291 Cairacho, 276 Calta, 204
- -dos-pàntanos, 204 Caltha palustris L., 204 Calumba, 353 Calungo, 79 Calystegia sepium (L.) R. Br.,

283 Cambroeira, 245 Camécirios, 112


- -da-água, 145 Caminho-dos-prados, 54 Camomila, 104
- -alemã, 104
- -de-paris, 202
- -dos-alemães, 104
- -romana, 202
- -vulgar, 104 Campainha, 253
- -rabanete, 253 Campanula cervicaria L., 253
- rapunculus L., 253
- trachelium L., 253 Canabrás, 105 Cana-cheirosa, 103
- -do-brejo, 353 Cananga,357 Cananga odorata Hook. f. et

Thoms,353 Canárias, 230 Canela-de-sassafrás, 360 Caneleira-de-ceilão, 353 Canforeiro, 353


Cânhamo, 284, 314
- -da-índia, 314
- -europeu, 314
- -indiano, 314 Cannabis indica L., 314
- sativa L., 314 Capacete-de-júpiter, 338 Capilária, 86 Capnóida, 162 Capparis spinosa L., 308
Caprária, 165 Capsella bursa pastoris Moench,

97 Capsicum annum L., 331


- frutescens L., 331 Capuchinhas, 317 Capuz-de-frade, 338 Caraguatá, 106 Cardamomo, 353
Cardíaca, 51 Cardo-amarelo, 138 --bento, 110
- -cardador, 109
- -corredor, 106
- -de-santa-maria, 107
- -do-coelho, 307
- -estrelado, 108
- -leiteiro, 107
- -mariano, 107
- -morto, 278
- -penteador-bravo, 109
- -santo, 107, 110, 122 Cariofilada, 264 Carlina, 111 Carlina acaulis L., 111 Caroba, 60 Carragaheen,
61 Carrajá, 276 Carrapateiro, 332 Carrasca, 291 Carrasqueiro, 113 Carrasquinha, 291 Carro-de-vénus,
338 Carthamus tinctorius L., 43

Carum carvi L., 54 Carvalheira, 113 Carvalhiça, 113 Carvalhinha, 112, 297 Carvalhinho-do-mar, 96
Carvalho, 121, 279, 301
- -alvarinho, 113
- -anão, 113
- -comum, 113
- -marinho, 96 --negral, 113 --pequeno,112 --português, 113 Carvalhos, 113 Cás cara- sagrada, 354
Cassia angustifolia Vahi. 360 Castanea sativa Miller, 114 Castanheiro, 114 --comum, 114
- -da-índia, 115, 170 Catéria, 227 Cauda-de-cavalo, 116
- -de-raposa, 87 Cauxilhos, 127 Cavalinha, 116, 223
- -dos-campos, 116 Cebola, 314, 315 Cebol eta-de-f rança, 314-315 Cebolinha-comum, 315
- -galega, 314-315
- -miúda, 314-315 Cebolinho, 315 Cedro-branco, 336 Celeri, 307 Celga, 306-307 Celidónia, 117
--maior, 117 --menor, 158 Cenoura, 118, 315, 339
- -brava, 118 Centáurea, 159
- -azul, 159
- -menor, 155, 256 Centaurea calcitrapa L., 108
- cyanus L., 159
- montana L., 159 Centeio, 315-316 Centinóide, 271 Ceratonia siliqua L., 309 Cerdeira, 119
Cerefolho, 316
- -das-hortas, 316 Cerefólio, 88, 316, 344 Cerejas-de-judeu, 65 Cerejeira, 119, 316
- -bical, 316
- -brava, 119, 316
- -molar, 316 Cersefi, 230, 321
- -bastardo, 120 Ceruda, 117 Cestro, 93 Cetraria islandica L., 195 Cevada, 312, 316-317, 320
Chá,143,354
- -da-europa, 262, 297
- -da-frança, 211, 262
- -da-grécia, 262
- -da-índia, 354
--de-frade, 51
- -de-java, 354
- -do-méxico, 143
--porrete, 155
- -preto, 354 Chagas,317 Chagueira, 317 Chamiça, 169 Chantage, 276 Chapéu-dos-telhados, 127
Charruá, 284

Chasmanthera palmata Baili.,

353 Cheiranthum cheiri L., 173 Chelidonium majus L., 117 Chenopodium album L., 252
- ambrosioides L. (sensu lato),

143
- ambrosioides L., ssp.

anthelminticum, 143 -bonus-henricus L., 252 Chicória, 64, 70, 120


- -amarga, 64
- -brava, 64
- -de-café, 64 Chicote, 188 Chirivia, 315, 330 Chiora perfoliata L., 155 Chondrus crispus Lyngb., 61
Chorão, 260 Choupo-da-itália, 121
- -líbio, 153 --negro, 121
- -tremedor, 153 Chrysanthemum baisamita Baill.,
312
- cinerariaefolium (Trev.) Vis.,

332
- parthenium Bernh., 208 Cichorium intybus L., 64 Cicuta, 140, 338
- -aquática, 339
- -da-europa, 338
- -menor, 118, 344 Cicuta virosa L., 339 Cidreira, 325 Cinchona succirubra Pav., 358 Cinco-em-rama,
78, 122, 281
- -folhas, 122 Cinerária, 159 Cinifólio, 174 Cinnamomum camphora T. Nees

et Ebem., 353
- zeylanicum Nees, 353 Cinoglossa, 123, 249 Cipó-capa-de-hornem, 284 --chumbo, 194
- -cruz, 299
- -da-areia, 134
- -do-reino, 299
- -mil-homens, 79
- -una, 299 Cipreste, 317 --comum, 317
- -da-itália, 317
- -dos- cemitérios, 317 Citronela- maior, 199
- -menor, 211 Citruilus colocynthis Schrad.,

318
- vulgaris Schrad., 318 Citrus bergamia Riss. et Poit.,

313
- bigaradia Riss., 324
- medica L., 325
- sinensis Osibeck, 324 Clematis recta L., 299
- vitalba L., 299 Ciematite, 204
- -branca, 299 Cliantos, 126 Cnicus b enedictus L., 110 Coalha-leite, 138 Cobrinha, 233 Coca,354
Cochlearia officinalis L., 124 Cocleária, 124
- -maior, 124
- -oficinal, 124 Codesso,169
- -bastardo, 125, 169, 342

456
- -dos-alpes, 125 Coentro, 317-318 Coffea arabica L., 352 Colanitida A. Chev., 355 Colchico, 338
Colchicum auturnnale L., 338 Coleira, 355 Coloquíntidas, 318 Cólquico, 338 Colubrina, 95 Colútea,
126 Colutea arborescens L., 126 Coiza, 318 Combreto, 355 Combretum micranthum G. Don,

355 Cominhos, 135, 318 Concheios, 127 Condurango, 355 Congossa, 236 Conium maculatum L.,
330, 339 Consolda-maior, 128
- -média, 101
- -real, 129
- -vermelha, 281 Consólida, 129 --maior, 128
- -real, 129 Consolida regalis S. F. Gray, 129 Consolo- da-vista, 150 Convalária, 197 Convallaria
maialis L., 197 Convolvulus sepium L., 283 Copo-de-leite, 307 Coriandro, 317-318 Coriandrum
sativúm L., 317-318 Cornichão, 130 Cornogodinho, 282 Coroa-de-monge, 277
- -de-rei, 210 Corrijá, 276 Corri ola- bastarda, 261 Corylus avellana L., 85 Cótino, 347 Coucelos, 127
Couve, 318-319
- -nabiça, 318 Crataegus monogyna Jace., 245
- oxyacantha, 245 Cravei ro-da- índia, 355 Cravinho, 355 Cravo- dos-alpes, 80 Cravoila, 264
Crithmum maritimum L., 164 Croatá-falso, 106 Crocus sativus L., 306 Cucurnis melo L., 328
- sativus L., 330 Cucurbita maxima Duch., 306
- pepo L., 306 Cuminum cyrninum L., 318 Cupressus sempervirens L., 317 Curcúbita, 306 Curcuma,
356 Curcuma xanthorrhiza Roxib.,

356 Cuscuta epithymum Mur., 194 Cydonia vulgaris Pers., 327 Cynara cardunculus L., 307
- scolymus L., 307-308 Cynodon dactylon Pers., 175 Cynoglossum officinale L., 123

D Damasco, 319 Damasqueiro, 319 Daphne laureola L., 339

- mezereum L., 342 Datura stramonium L., 339 Daucus carota L., 118
- sativus Hayek, 315 Dedaleira, 146, 338 Dedo-de- mercúrio, 338 Delphinium staphisagria L., 129
Dentebrura, 156 Dente-de-leão, 277 Descurainia sophia (L.) Web.,

144 Dictarnno-branco, 319-320 Dictárnnus albus L., 319-320 Dictamo-branco, 319-320


- -de-creta, 320 Diefenbáquia, 347 Dieffenbachia picta Schott, 347 Digital, 338 Digitalis purpurea L.,
338 Dipsacus fullonum L., 109
- sativus (L.) H onck, 109 Doce-amarga, 132
- -lima, 326 Dórico-da-alemanha, 80 Dormideira, 320 Drias, 131 Drosera, 255 Drósera, 255 Drosera
rotundifolia L., 255 Dryas octopetala L., 131 Dryopteris filix-mas (L.), Schott,

156 Dulcamara, 132

E Ébulo, 133 Ecballium elaterium A. Rich., 235 Èfedra, 134 Elettaria cardamomum Roxib.

Maton, 353 Embude, 330, 339 Endívias, 64, 120 Endro, 135 Engatadeira, 201 Engos,133 Énula-
campana, 136 Enxofre-vegetal, 191 Ephedra distachya L., 134
- sinica, 134 Epilóbio, 92, 137 Epilobium angustifolium L., 137 Equisetum arvense L., 116 Erigeron
canadensis L., 87 Eriobotryajaponica L., 225 Erísimo, 254 Eruca, 320 Eruca sativa Mili., 320 Erva(s)
- -alheira, 62, 182 --andorinha, 117
- -armoles, 311
- -benta, 264
- -britânica, 187
- -carapau, 259
- -carnuda, 116

- carocha, 101 -carpinteira, 216 -carvalha, 112 -cidreira, 211, 227, 272, 326 -coalheira, 138 -da-muda,
271 -das-abelhas, 287 -das-azeitonas, 216 -das-colheres, 124
- das- cortad elas, 216 -das-escaldadelas, 146 -das-galinhas, 271

-das-hemorróidas, 158
- -das-muralhas, 233
- -das-paredes, 233
- -das-pulgas, 303
- -das-verrugas, 117
- -da-trindade, 71
- -da-vida, 259
- -de-bicho, 239 --decla,338
- -de-fogo, 81
- ~de-nossa-senhora, 233
- -de-ovelha, 276
- -de-santa-ana, 233

- d e- santa- bárbara, 139 -de-santa-maria, 143 -de-sant'iago, 278 -de-são-cristóvão, 133 -de-são-
fiacre, 295 -de-são-joão, 81, 181, 183,
216 -de-são-lourenço, 101, 266 -de-são-marcos, 275 -de-são-quirino, 286 -de-são-roberto, 140 -do-
bom-deus, 216 -do-bom-pastor, 97 -do-cardeal, 129 -doce, 311 -do-coalho, 138 -do-espírito-santo, 72
-do-fígado, 100, 296 -do-orvalho, 255 -do-pobre, 174
- -dos-alhos, 62
- -dos-bofes, 249
- -dos-burros, 230
- -dos-calos, 154
- -dos-cantores, 254
- -dos-carpinteiros, 139
- -dos-cavalos, 339
- -cios-cem-males, 141
- -dos-escudos, 141
- -dos-gansos, 78
- -dos-gatos, 227, 293
- -dos-golpes, 216
- -dos-gregos, 50
- -dos-leprosos, 297
- -dos-militares, 216
- -dos-muros, 233
- -dos-passarinhos, 271
- -dos-soldados, 216
- -dos-tinhosos, 90
- -dos-vasculhos, 170
- -dos-vermes, 275 --envenenada,338
- -escovinha, 75 --férrea, 142
- -formiga, 143
- -formigueira, 143
- -forte, 294
- -fura-paredes, 233
- -gateira, 227
- -gigante, 48
- -hemorroidal, 158
- -hepática, 50
- -leiteira-de-nossa-senhora,

249
- -lombrigueira, 306
- -luísa, 326
- -macaé, 51
- -mate, 357
- -moedeira, 197
- -molarinha, 162
- -moura, 345
- -moura-de-trepa, 132
- -noiva, 65
- -pombinha, 74, 162
- -pulgueira, 303
- -roberta, 140
- -ruiva, 306
INDICE

- -saboeira, 256
- -sagrada, 185, 296 --sangue,1100
- -santa, 262
- -sofia, 144
- -ulmeira, 287
- -ursa, 272
- -vaqueira, 327
- -virgem, 206 Ervedeiro, 209 Ervedo, 209 Ervilha, 229, 320-321
- -de-quebrar, 320
- -oleaginosa-do-japão, 334 Ervilheira, 320-321 Ervinha, 60 Ervodo, 209 Eryngium campestre L., 106
Erythraea centaurium Pers., 155 ErythroxyIon coca Lam., 354 Escabiosa- mordida, 218 Escalheiro,
245 Escambroeiro, 69, 147 Escambrulheiro, 245 Escancerejo, 282 Escardas, 64 Escolopendra, 192
Escorcioneira, 120, 321 Escórdio, 145 Escovinha, 159 Escrofulária, 146 --nodosa,146 Escroto-canino,
268 Esfondílio, 105 Espanta-lobos, 126 Espargo, 52, 170, 201
- -bravo-menor, 321
- -hortense, 321 Espinafre, 56, 88, 95, 219, 307,

311,313,321,339 Espinha-branca, 245


- -cervina, 147
- -de-veado, 147
- -sempre-verde, 89 Espinhei ro-alvar, 245
- -branco, 245
- -cambra, 147
- -cerval, 147
- -de-casca- branca, 343
- -negro, 229
- -ordinário, 245
- -vinheto, 92 Espora- dos-jardi n s, 129 Estaque, 148 Estig ma-de- milho, 328 Estragão, 321-322
Estramónio, 339 Estrepeiro, 245 Ésula-redonda, 342 Eucalipto, 149, 269 Eucaliptus, 149 Eucaiiptus
globulus Labili., 149 Eufórbia, 347 Eufrásia, 150 Eugenia caryophy11ata Thunb.,

355 Eupatário-de-avicena, 285 Eupatória, 50 Eupatório, 50, 284


- -de-avicena, 284 Eupatorium cannabinum L., 284 Euphorbia marginata Pursh, 347
- peplus L., 342
- pulcherrima Wi 11 d., 347 Euphrasia officinalis L. (sensu

lato), 150 Evening star, 230 Evónimo, 151


- -da-europa, 151 Evonymus europaeus L., 151

Fagópiro, 335-336 Fagopyrum, esculentum Moench,

335-336 Fagus silvatica L., 152 Faia, 152


- -europeia, 152
- -preta, 153 Falsa-acácia, 46
- -camomila, 202 Falso-anil, 165 --ébano,125 --morangueiro, 217
- -sene, 126 Farpara, 286 Fava, 322
- -d'água, 285
- -da-manchúria, 334
- -dos-pântanos, 285 Favária-maior, 154
- 7VUlgar, 154 Faveira, 322 Fedorenta, 320 Feijão-chinês, 334
- -de-trepa, 322
- -soja, 334 Feijoeiro, 322 Felândrio, 339 Fel-cla-terra, 155, 162 Fenacho,60 Feno-grego, 60 Fentelha,
247 Fento-macho, 156
- -real, 157 Feto, 116 --cloce,247 --florido, 157 --macho, 156
- -real, 157 Ficária, 158 Ficaria ranunculoides Roth., 158 Ficus carica L., 322-323 Fidalguinhos, 150,
159, 210, 303
- -dos-jardins, 159 Figueira, 322-323
- -brava, 322, 339
- -da-europa, 322-323
- -de-baco, 322-323
- -do-egipto, 309
- -do-inferno, 339 Filipendula ulmaria (L.) Maxim.,

287 Filipode, 247 Flor-da-aurora, 306


- -da-imperatriz, 307
- -da-paixão, 329-330
- -de-hércules, 306
- -de-himeneu, 327
- -de-maio, 197
- -de-páscoa, 250
- -de-são-joão, 81
- -do-vento, 250 Foeniculum, vulgare (Mifl.)

Gaertn., 163 Folha-de-maio, 188 Fragária, 217 Fragaria vesca L., 217 Framboeseiro, 160
- -selvagem, 45 Frango, 277 Frângula, 69 Frangula ainus Mili., 69 Fraxinela, 319-320 Fraxinus
exceisior L., 161 Freixo, 161, 162
- -europeu, 161 Fruto- d e- pitág oras, 309 Fucus vesiculosus L., 96 Fumária, 162

Fumo-bravo, 314
- -da-terra, 162
- -de-angola, 314 Funcho, 52, 135, 163, 170, 321
- -bastardo, 135
- -d'água, 339
- -do-mar, 164
- -marinho, 164
- -marítimo, 164
- -selvagem, 338 Fúsaro, 69

G Galega, 165 Galega officinalis L., 165 Galeopse, 166 Galeopsis dubia Leers, 166 -ladanum L., 166
- tetrahit L., 166 Galião, 138 Galium aparine L., 70
- verum L., 138 Gatinha, 167 Gatunha, 167 Genciana, 155, 168, 343
- -amarela, 168
- -das-farmácias, 168
- -dos-jardins, 168 Gengibre, 356 Gengivre, 356 Gentiana lutea L., 168 Gerânio, 140 Geranium
robertianum L., 140 Gervão, 296 Gervão, 296 Geúm urbanúm L., 264 Giesta, 169, 278 --brava, 169
- -ribeirinha, 169 Giesteira, 343
- -comum, 169
- -das-vassouras, 125, 169, 194
- -de-espanha, 169 Gigante, 48 Gilbarbeira, 170 Glibardeira, 52, 179, 321 Ginjeira-galega, 316
- -garrafal, 316 Ginkgo, 347 Ginkgo biloba L., 347 Ginseng, 356 Girassol, 320, 323
- -batateiro, 336
- -silvestre, 356
- -tuberoso, 356 Glechoma hederacea L., 181 Globulária, 171 --vulgar, 171 Globularia alypum L., 171
- turbith, 171
- vulgaris L., 171 Glycyrrhiza glabra L., 53 Gnafálio, 73 Goiveiro-amarelo, 172 Goivo, 182
- -amarelo, 172 Golfão-amarelo, 173
- -branco, 173 Golfo-amarelo, 173 --branco, 173 Golfões, 173 Gonolobus condurango Triana,

355 Gossypium sp., 349 Gracíola, 174 Graciosa, 174 Grama-canina, 175

458
INDICE

--francesa, 175 Grande-absinto, 199


- -cicuta, 338
- -consolda, 128
- _genciana, 168
- -lisimáquia, 198
- _quelidónia, 117
- -salva, 262 Granza, 176 Gratiola officinalis L., 174 Gravatá-clo-campo, 106 Grindélia, 356 Grindelia
robusta Dun., 356 Groselheira, 261, 342, 344
- -comum, 178
- -dos-cachos, 178
- -espim, 177
- -negra, 323, 343
- _rubra, 178
- -vermelha, 178 Guaiaco, 357 Guaiacum officinale L., 357 Guarda-roupa, 44

H Hamamélia, 357 Harnamelia virginiana L.,

357 Hamamélis, 357 Hedera, 180 Hedera helíx L., 180 Hedra, 180 Heléboro-branco, 168 Helianthus
annuus L., 323
- tuberosus L., 336 Helianto, 323 Helleborus niger L., 342 Heloscyadium nodiflorum, 49 Heixina, 233
Hepática, 179 Hepatica nobilis MUL, 179 Hera, 158, 180, 181
- -dos-muros, 180
- -terrestre, 181, 246
- -trepadeira, 180 Heracleum sphondylium L.,

105 Heradeira, 180 Hereira, 180 Herva-virgem, 206 Héspere, 182 Hesperis matronalis L., 182
Hieracium pilosella L., 238 Hipericão, 183, 246
- -do-gerês, 183 Hipofaé, 184 Hippophae rhamnoides L., 184 Hissopo, 58, 185, 246, 272
- -das-farmácias, 185 Hordeum distichum L., 316-317
- vulgare L., 316-317 Hortelã, 306
- -aquática, 323
- -comum, 323
- -crespa, 212-213
- -d'água, 212-213
- -francesa, 312
- -pimenta, 323-324
- -silvestre, 212-213
- -vulgar, 212-213 Hortense, 334 Humulus lupulus L., 201 Hyoscyamus niger L., 339 Hypericum
androsaeum L.,

183 -perforatum L., 183 Hyssopus officinalis L., 185

llangue-ilangue, 357 Ilex aquifolium L., 89


- paraguariensis St.-Hili., 357 filicium verum Hook. f., 351 Imperatória, 186 Imperatoria ostruthium
L.,
186 Inula, 136
- -campana, 136 Inula helenium L., 136 Inulina, 136 Iris florentina L., 325-326
- germanica L., 325 -pallida Lamk., 326 -pseudacorus L., 196

i Jacinto-da- índia, 72 Japecanga,2611 Jarro-clos- campos, 342 Jasmim, 324


- -de-itália, 324
- -trepador, 324 Jasmineiro, 161
- -de-espanha, 324
- -galego, 324 Jasminum grandiflorúm L., 324
- odoratissimum L., 324
- officinale L., 324 Jerimu, 306 Jerimum, 306 Jugians regia L., 329 Juliana, 182
- -dos-jardins, 182 Juniperus communis L., 304
- sabina L., 344

K Koiateira, 355 Krameria triandra Ruiz et Pav.,

359

Labaça-obtusa, 187 Labaçol, 88, 187, 271 Labresto, 189 Laburno, 125 Laburnum anagyroides Med.,

125,169,342 Lactuca sativa L., 308-309


- scariola L., 57, 308-309
- virosa L., 57 Lagarinho, 69 Lamegueiro, 287 Laminaria digitata (L.) Lam., 188
- hyperborea (Gunner) Foslie,

188
- saccharina Lam., 188 Laminárias, 188 Lamium, 289 Lamium album L., 289 Lapsana,1189 Lapsana
communis L., 189 Laranjei ra- amarga, 324, 325
- -doce, 313, 324 Lauréola-macha, 339 Laurus nobilis L., 200 Lavândula, 58 Lavandula latifolia ViII.,
58

- officinalis Chaix, 58
- stoechas L., 58 Legacão,261 Lens culinaris Med., 324-325 Lentilha, 220, 324-325 Leonurus cardiaca
L., 51 Lepidium sativum L., 327-328 Levístico, 190 Levisticum officinale Koch,

190 Licopódio, 116, 191 Ligustrum vulgare L., 59 Lilás, 161, 325 Lilaseiro, 325 Lilium candidum L.,
307 Limoeiro, 325 Limonete, 326 Língua-cervina, 192
- -de-boi, 101, 192
- -de-cão, 123
- -de-vaca, 100, 128
- -de-veado, 192 Linho, 193 --bravo, 56, 193
- -cânhamo-, 314
- -de-cuco, 194
- -de-raposa, 194
- -galego-silvestre, 193
- -purgante, 193 Linum angustifolium Huds., 193
- catharticum L., 193
- usitatissimum L., 193 Lippia citriodora L., 326 Líquen-da-islância, 195 Lírio-amarelo, 196
- -amarelo-cios-pântanos, 196
- -bastardo, 196
- -convale, 197
- -de-maio, 197
- -dos-charcos, 196
- -dos-poetas, 307
- -dos-vales, 197
- -florentino, 325-326
- -germânico, 325 Lis-dos-tanques, 172 Lisimáquia, 198
- -vulgar, 198, 259 Lithospermum officinale L., 63
- purpureo-caeruleum L., 63
- ruderale L., 63 Locos-dos-jardins, 159 Loendro, 343 Loios, 159 Lonicera caprifolium L., 203
- periclymenum L., 203 Losna, 108, 185, 199, 306 --maior, 199 Loto, 130 Lotus corniculatus L., 130
Loureiro, 200, 280, 339, 343,

344
- -cerejeira, 200, 344
- -comum, 200
- -dos-poetas, 200
- -rosa, 200
- -vulgar, 200 Louro, 200 Lúcia-lima, 326 Lupinus albus L. (sensu lato),

335 Lúpulo, 57, 201


- -trepador, 201 Luvas-de- nossa-sen hora, 338 Lycium vulgare Dun., 343 Lycopersicum esculentum
Mil].,

334 Lycopodium clavatum L., 191 Lysimachia nummularia L., 141


- vulgaris L., 198 Lythrum salicaria L., 198, 259

459
INDICE

M Maçã-coloquíntida, 318 Maçãzeira, 326 Maceira, 326 Macela, 104, 202, 208, 281
- -dourada, 202
- -flor, 202
- -galega, 202 Macelão, 202 Macieira, 326 Maconha,314 Macumba, 313 Madressilva, 203
- -das-boticas, 203
- -dos-jardins, 203 Mãe-de-família, 98 Magnólio, 225 Magoriça, 291 Maias, 169 Mal-me-quer, 327
Malmequer-branco, 98
- -do-campo, 356
- -dos-brejos, 204 Malus communis Poir., 326 Malva, 66, 205
- -da-índia, 66
- -maior, 205
- -real, 66
- -selvagem, 205
- -silvestre, 205 Malvaísco, 66 Maiva silvestris L., 205 Malvela, 181 Mamoneira, 332 Mamono, 332
Maná-do-brasil, 360 Mançanilha, 104 Mandobi, 350 Mandrágora, 345 Mandragora officinarum L.,
345 Manjericão, 326
- -grande, 326-327
- -roxo, 326-327 Manjerico-de-folha-grande, 326327 Manjerona, 231, 327
- -brava, 231
- -hortensis, 327
- -inglesa, 327
- -selvagem, 231
- -verdadeira,, 327 Manteigueira, 187 Maracujá, 329-330 Maravilhas, 327
- -bastardas, 327 Marcela, 202 Margaça-das-boticas, 104 Margarida, 98 Margaridinha, 98 Margarita,
98 Marmeleiro, 327 Marroio, 148, 206
- -branco, 206
- -de-frança, 206
- -fétido, 206, 207
- -negro, 206, 207
- -vulgar, 206 Marrubium vulgare L., 206 Martírios, 329-330 Mastruço, 327-328
- -do-peru, 317
- -ordinário, 327-328 Mate, 357 Matricária, 208
- -vulgar, 208 Matricaria chamomilla L., 104 Medronheiro, 209
- -ursino, 292 Mei mendro- negro, 123, 339

--preto, 339 Melancia, 318 Melão, 328 Meliloto, 210 Melilotus officinalis (L.) Pail., 210 Melissa, 211,
214, 227
- -bastarda, 214 Melissa officinalis L., 211 Melitis melissophy11um L., 214 Mendobi, 350 Menianto,
285 Mentas, 84, 135, 143, 212, 226,

265 Mentastro, 212-213 Mentha aquática L., 212-213


- arvensis L., 212-213
- crispata Schrad., 212-213 -longifolia (L.) Huds., 212-213 -piperita L., 323-324 -pulegium L., 212-
213 -rotundifolia L., 212-213
- viridis L., 212-213 Mentrastro, 212-213, 227 Menyanthes trifoliata L., 285 Mercurial, 215, 278
- -dos-jardins-e-dos-campos,

215 --vivaz, 215 Mercurialis annua L., 215


- perennís L., 215 Mespílus germanica L., 225 Mezerrão, 342 Mil-em-rama, 216
- -folhas, 216 Milfolhada, 216 Milfólio, 216 Milfurada, 183 Milhete, 328 Milho, 328
- -alvo, 328
- -de-canário, 328 --doce,328
- -grosso, 328
- -maês, 328
- -miúdo, 320, 328
- -miúdo-silvestre, 328
- -paínço, 328 Milium effusum, 328 Minuana, 230 Miosótis, 223 Mirtilo, 75, 76 Molarinha, 162
Moleirinha, 162 Momórdica, 235 Mongariça, 291 Moranga, 217 Morango, 217
- -do-campo, 134 --silvestre, 217 Morangueiro, 78, 217
- -selvagem, 278 Morrião, 345
- -d'água, 91 Morso-diabólico, 218
- -do-diabo, 218 Morte-do-diabo, 218 Morubá, 358 Morugem, 345
- -branca, 219 --verdadeira, 219
- -vulgar, 219 Morus alba L., 310
- nigra L., 310-311 Moscadeira, 358 Mosqueiro, 287 Mostarda-branca, 220
- -negra, 220, 320
- -ordinária, 220 --preta, 144, 220 Mundubi, 350

Murta, 221
- -dos-jardins, 221
- -ordinária, 221 Murteira, 221 Murugem, 238 Musa sapientium L., 351 Musgo-amargo, 195
- -branco, 61
- -da-córsega, 222
- -da-irianda, 61
- -da-islândia, 195
- -islândico, 195 Myosotis scorpioides (L.) Hili,

ssp. palustris (L.) Herm.,


223 Myristica fragrans Houtt., 334,

358 Myrtus communis (L.) Herm.,

221

N Nabo, 315, 318, 345


- -chinês, 332 Naná, 350 Não-me-esqueças, 223, 249 Narciso, 224
- -bravo, 224
- -dos-prados, 224
- -trombeta, 224 Narcissus pseudo-narcissus L.,

224 Nasturtium officinale R. Br., 49 Negrilho, 287 Nenúfar, 173 Nepeta cataria L., 227 Nerium
oleander L., 343 Nespereira-da-europa, 225
- -do-japáo, 225 Nèveda,226
- -dos-gatos, 227, 286 Nhambuí, 273 Nicotiana tabacum L., 345 Nogueira, 329
- -da-índia, 329 Norça-branca, 228
- -preta, 344 Noveleiro, 203, 229, 298 Noz-moscada, 334, 358 Nuphar luteum (L.) S. et Sm.,

173 Nymphaea alba L., 173

o Obi, 355 Ocimum basilicum L., 326-327


- minimum L., 326 Oenanthe crocata L., 330, 339 -pheflandrium Lamb., 339 Oenothera biennis L.,
230 Olea europaea L., 329 Oliveira, 161, 329 Olmo, 287 --negro, 121 Onagra, 230 Ononis spinosa L.,
167 Opiata-de-salornão, 320 Orcaneta, 100 Orchis mascula L., 268 Orégano, 231 Orégã o, 272
--vulgar, 231 Orelha(s)
- -de-asno, 128
- -de-lebre, 238

460
- -de-monge, 127
- -de-rato, 238
- -de-toupeira, 219
- -humana, 83 Origanum dictamnus L., 320
- majorana L., 327
- vulgare L., 231 Orthosiphon stamineus Benth.,

354 Orvalhinha, 255 Orvalho-do-sol, 255 Orvietão, 320 Oryza sativa L., 311 Osmunda regalis L., 157
Oubi, 355 Ourégão-vulgar, 327 Oxalis acetoselia L., 56

p Paciência-aquática, 187 Paeonia baetica L., 330


- officinalis L., 330 Paliteira, 67 Palma-de-são-josé, 307 Panaceia-das-quedas, 80 Panax ginseng C. A.
Meyer, 356 Panicum miliaceum L., 328 Pã o-de-passarinho, 328 Papagaíto, 129 Paparraz, 129
Papaver rhoeas L., 232
- somniferum L., 320 Papoila, 205, 232, 259, 278, 320
- -brava, 232
- -da-índia, 320
- -das-searas, 232
- -ordinária, 232
- -rubra, 232
- -vermelha, 232 Papoula, 232 Parietária, 233 Parietaria officinalis L., 233 Pariseta, 345 Paris
quadrifolia L., 345 Parreira, 336 Passifiora, 329-330 Passifiora incarnata L., 329-330 Pastinaca sativa
L., 330
- urens Req., 330 Pastinaga, 330 Pata-de-lobo, 268 Pau-amarelo, 357
- -doce, 53
- -quássia, 357
- -sândalo, 359 Pé-de-galo, 20
- -de-gato, 73
- -de-leão, 234 Pegamassa, 90 --menor, 90 Pega-pega, 176 Pêlo-de-camelo, 216 Pensi cária- u rente,
239 Peónia, 330
- -macha, 330 Pepino, 106, 164, 265, 328, 330
- -de-são-gregório, 235
- -selvagem, 235 Pequ ena- dedal eira, 174 Pequeno-limonete, 44 Pereira, 331
- -selvagem-europeia, 331 Perrexil-co-mar, 164 Persea gratissima Gaertn., 349 Persicária- mordaz,
239, 271
- -sempre-noiva, 271 Pervinca, 236

Pessegueiro, 331 Petasite, 237 Petasites fragrans (Vilars) Presl.,

237
- hybridus (L.) Gaertn., 237 Petroselinum sativurn Hoffm.,

334 Peucedanum ostruthium Koch,

186 Peumus boldus Moi., 352 Phaseolus vulgaris L., 322 Phoenix dactylifera L., 360 Physalis
aikekengi L., 65 Pica-folha, 89
- -rato, 89 Pilosela, 288 Pilriteiro, 245 Pimenta-aquática, 239
- -d'água, 239
- -da-índia, 358
- -do-reino, 358 Pimentão, 331
- -cornicabra, 331
- -de-caiena, 331
- -de-cheiro, 331
- -doce, 331
- -picante, 331 Pimenteira, 358 Pimento, 331
- -comum, 331 Pimpinela, 240
- -hortense, 240
- -magna, 241
- -menor, 240 Pimpinella anisum L., 241, 311 -magna L., 241
- saxifraga L., 241 Pinguícula, 242 Pinguicula vulgaris L., 242 Pinheirinha, 116 Pinheiro, 43
- -bravo, 243
- -da escócia, 244
- -das-landes, 243
- -de-casquinha, 244
- -de-riga, 244
- -flandrês, 244
- -manso, 243
- -marítimo, 243
- -selvagem, 244
- -silvestre, 243, 244
- -vermelho-do-báltico, 244 Pinus pinaster Soland., 243
- silvestris L., 244 Piper nigrum L., 358 Piretro, 332
- -da-dalmácia, 332 Pirliteiro, 245, 282 Pirus communis L., 331 -piraster Burgsd., 331 Pisum sativum
L., 320-321 Plantago lanceolata L., 276
- major L., 276
- media L., 276
- psyllium L., 303
- silvestris L., 244 Poejo, 55, 212-213, 280, 320 Polígala-amarga, 246 Polipódio, 247
- -do-carvalho, 247 Polygala amara L.; sin. Polygala

amarella Crantz, 246


- senega L., 246 Polygonatum officinale Desf.,

270 Polygonum aviculare L., 271


- bistorta L., 95
- hydropiper L., 239
- miteschrank, 239
- persicaria L., 239

Polypodium vulgare L., 247 Ponciana, 347 Populus italica Moench, 121
- nigra L., 121
- tremula L., 153 Porro-bravo, 309 Portulaca oleracea L., 313 Potentila, 122 Potentilla anserina L., 78
- erecta (L.) Raeusch.,
281
- fragariastrum Ehrh., 217 -reptans L., 122 Potincoba,239 Praz er- das- damas, 216 Primavera, 92,
152, 234,

248
- -dos-jardins, 248 Prímula, 248 Primula elatior Jacq., 248
- veris L., 248 Prunela, 142 Prunus amygdalus Batsch,

310
- armeniaca L., 319
- avium L., 119, 316
- cerasifera Eh rh., 310
- cerasus L., 316
- domestica L., 310
- domestica L., spp. insititia

Schneid., 310
- duracina Rchob., 316
- gondouinii Rehder, 316 -juliana Rchb., 316
- laurocerasus L., 344 -mahaleb L., 119
- persica (L.) Batsch, 331
- spinosa L., 45, 310 Psílio, 303 Pulitaina, 233 Pulitária, 233 Pulmonária, 249 Pulmonaria officinalis
L.,

249 Pulsátila, 250 Pulsatilia vulgaris Mili., 250 Punica granatum L., 332-333

Quaresma, 251 Quartilho, 277 Quássia, 357


- -amara, 357
- -amarga, 357
- -do-surinan, 357 Quassia amara L., 358 Quebra-panelas, 291 Queiró, 291 Qu eledónia- menor, 158
Quelidónia, 117 --maior, 117 Quenopódio, 143
- -bom-henrique, 252 Quercus coccifera L., 113
- fruticosa B rot., 113
- ilex L., 113 -lusitaníca Lam., 113 -pedunculata Ehrh., 113
- robur L. (sensu lato), 113
- sessilifiora Salisb., 113
- suber L., 113 -toza Bosc., 113 Quina-de-caiena, 358
- -dos-pobres, 80 --indígena, 68 Quineira, 358 Quinquefólio, 122
íNDICE

R Ralbaça,330 Rabanete, 332


- -das-hortas, 332 Rábano,332 Rabárbaro, 333 Rabeiro, 188 Rabo-de-asno, 116
- -de-tou ro, 116 Rainha-dos-prados, 287 Raiz-doce, 53 Ranúnculo, 204
- -acre, 345 Ranunculus acris L., 345 Raphanus sativus L., var. niger

Pers,, 332
- sativus, var. radicula Pers., 332 Rapâncio, 253 Rapúncio, 253 Ratânia, 281, 359
- -do-peru, 359 Rauvólfia, 359 Rauwolfia serpentina Benth,, 359 Recama, 261 Regaliz, 53 Regaliza,
53 Regoliz, 53 Resta-boi, 167 Retama, 169 Rhamnus cathartica L., 147 -purshiana DC., 354 Rheum
rhabarbarum L., 333 -rhaponticum L., 333 Rhus cotinus L., 347 Ribes nigrum L., 323
- rubrum L., 178
- uva-crispa L., 177 Richão, 254 Rícino, 332 Ricinus communis L., 332 Rilha-boi, 167 Robínia, 46
Robinia pseudacacia L., 46 Roble, 113 Roída-do-diabo, 218 Romã, 332-333 Romãzeira, 332-333
Romeira, 332-333 Roquete-dos-iardins, 44 Roreia, 242, 255 Rosa(s), 323
- -albardeira, 330
- -bandalha, 274
- -branca, 333
- -canina, 274
- -da-provença, 333
- -de-alexandria, 333
- -de-cem-folhas, 333
- -de-damasco, 333
- -de-gueldras, 229
- -de-jericó, 333
- -de-loba, 330
- -francesa, 333
- -francesa-dobrada, 333
- -gálica, 333
- -pálida, 333
- -rubra, 333
- -vermelha, 333 Rosa alba L., 333 -canina L., 274
- centifolia L., 333
- damascena Mili., 333
- gallica L., 333 Roseira,274

- brava- oriental, 333 -de-cão, 274 Rosmaninho, 58 Rosmarinus officinalis L., 55 Rossolis, 255

Rubia peregrina L., 176


- tinctorum L., 176 Rubus caesius L., 273
- fruticosus L. (sensu /aio), 273
- idaeus L., 160 Ruilbarbos, 56, 333
- -selvagem, 187 Ruiva-dos-tintureiros, 176 Rumex acetosa L., 88
- crispus L., 187
- obtusifolius L., 187 -patientia L., 187 Ruscus aculeatus L, 170 Ruta graveoIen@ L., 345
s Sabina, 344 Saboeira, 256 Saboneira, 256 Sabugueirinho, 133, 257 Sabugueiro, 133, 203
- -negro, 133, 257 Saflor, 47 Salão, 154, 258
- -curto, 258 Sal epeira- maior, 268 Salepo, 268
- -maior, 268 Salgueirinha, 198, 249, 259 Salgueiro, 108, 259
- -branco, 121, 260
- -da-babilónia, 260 Salicária, 259 Salix alba L., 260
- babylonica L., 260 Salsa, 52, 170, 200, 316, 321,

334,339,344
- -da-horta, 334
- -de-cheiro, 334
- -de-jerusalém, 249
- -do-monte, 52
- -vulgaris, 334 Saisaparrilha, 359
- -bastarda, 261
- -indígena, 261 Salva, 92, 262, 322
- -da-catalunha, 262
- -das-farmácias, 262
- -esciareia, 263
- -mansa, 262
- -menor, 262 Salvaçào-do-mundo, 216 Salvia officinalis L., 262, 263
- sclarea L., 263 Sambucus ebuius L., 133
- nigra L., 257 Sanamunda, 264 Sândalo-branco, 359 Sangarinheiro, 69 Sanguinária, 271 Sanguinha,
271 Sanguinheiro, 69 Sanguinho-de-água, 69 Sanguisorba minor Scop., 240
- officinalis L., 265 Sanguissorba-oficinal, 265 Sangurinheiro, 69 Sanícula, 101, 266
- -dos-montes, 251
- -vulgar, 266 Sanicula europaea L., 266 Santalum, album L., 359 Santantoninhas, 59 Santolina, 44
Santolina chamaecyparissus L.,

44 Santónico, 44, 222, 267

Saponária, 256 Saponaria officinalis L., 256 Sarça, 273 Sargaço-vesiculoso, 96 Sassafrás, 360
Sassafras officinale Nees et

Elberm.,360 Sati ricão- macho, 268 Satírio-macho, 268 Satu reja-das- montanhas, 269 Satureia
hortensis L., 269
- montana L., 269 Saudades,159 Saxífraga-branca, 251
- -da-sibéria, 251 Saxifraga granulata L., 251
- tridacty1ites L., 251 Scolopendrium officinale Sm.;

sin,: PhyIlitis scolopendrium (L.) Newan., 192 Scorzonera hispanica L., 120,

321 Scrophularia aquatica L., 146


- nodosa L., 146 Secale cereale L., 315-316 Sedum acre L., 154
- telephium L., ssp. purpureum

Unk, 154 Segurelha, 269, 272, 280, 322 Selo-de-salornão, 270 Semenciana, 267 Sérnen-contra, 44,
267 Sem entes-de-alexandria, 267 Sempervivum tectorum L., 258 Sempre-noiva, 239, 266, 271
- -dos-modernos, 271 Sempre-verde, 200 Sempre-viva-cios-telhados, 258 Sene,171
- -bastardo, 126
- -da-índia, 360 Senécio, 278 Seneciojacobaea L., 278
- vulgaris L., 278 Serpão, 194, 269, 272, 280 Serpentária-vermelha, 95 Serpil, 272 Serpilho, 272
Serpol, 272 Setaria italica P. B., 328 Sete-em-rama, 281 Silva, 273
- -macha, 274 Silvâo, 274 Silybum marianum Gaertn., 107 Sinapis alba L., 220 Sinceiro, 260 Sintro,
199 Sisymbrium officinale (L.) Scop.,

254 Smilax aspera L., 261


- ornata Hook. f., 359 Sobreiro, 1,13 Sofia-dos-cirurgiões, 144 Soja, 334 Soja hispida Maxim., 334
Solanum dulcamara L., 132
- melongena L., 313
- nigrum L., 345
- tuberosum L., 312 Solda, 281
- -grande, 176 Solidago, 294 Solidago virga aurea L., 294 Sombreirinho-dos-telhados, 127 Sombreiro,
237 Sorbus aucuparia L., 282
- domestica L., 282 Sorveira-brava, 282
- -dos-passarinhos, 282

462
fNDICE

Spartium junceum L., 169, 343 Spergularia rubra (L.) J. et C.

Presi, 77 Spinacia oleracea L., 321 Stachys officinalis (L.) Trev., 93 -palustris L., 148
- sílvatica L., 148 Stellaria media (L.) Vili., 219 Succisa praemorsa (Gilib.)

Aschers; sin.: Succisa pratensis Moench, 218 Sultana, 159 Symphytum officinale L., 128 Syrax
tonkinensis Craib, 351 Syringa vulgaris L., 325

T Tabaco,93,345
- -dos-saboianos, 80
- -dos-vosgos, 80 Taborro-de-pé, 188 Tamareira, 360 Tamarina, 360 Tamarindeiro, 360 Tamarindo,
360 Tamarindus indica L., 360 Tamarineiro 360 Tamo, 228 Tamus communis L., 228 Tanaceto, 222,
275 Tanacetum vulgare L., 275 Tanásia, 275 Tanchage,276 Tanchagens,210,276
- -das-boticas, 276
- -dos-alpes, 80
- -maior, 276
- -média, 276
- -menor, 276
- -terrestre, 276 Taráxaco, 99, 189, 277, 303 Taraxacum officinale Web. (sensu lato), 277 Tasna,278
Tasneira, 278 Tasneirinha, 278 Taxus baccata L., 343 Teixo, 343 Teléfio, 154 Têucrio, 112, 145
Teucrium chamaedrys L., 112
- marum L., 112
- scordium L., ssp. palustre

Lam., 145 Thea sinensis Sims, 354 Theobroma cacao L., 352 Thuja occidentalis L., 336 Thymus
serpy11um L. (sensu

lato), 272
- vulgaris L., 280 Tília, 279 Tilia cordata Mili., 279 -platyphy11os Scop., 279 Tojo, 169
- -arnal, 169 Tomate, 313, 334 Tomateiro, 334 Tomilho, 200, 269, 272, 280, 306
- -ordinário, 280
- -vulgar, 280 Tongu,313 Topinamboi, 336 Torga-ordinária, 291 Tormentila, 78, 281 Tormentilha,
281 Tormentina, 281

Tragopogon pratensis L., 120 Tramazeira, 282 Transagem, 276 Tremoceiro, 335 Tremoço, 335
Trepadeira, 283
- -das-bolsas, 283
- -das-sebes, 283
- -dos-tapumes, 283 Três-corações, 56 Trevo, 130
- -aquático, 285 --azedo,56
- -cervino, 284
- -d'água, 285
- -de cheiro, 210
- -dos-charcos, 285 Trifólio-fibrino, 285 Trifolium L., 56 Trigo, 312, 320, 335
- -dos-campos, 175
- -mourisco, 335-336
- -sarraceno, 335-336 Trigonella foenum-graecum L.,

60 Triticum aestivum L., 335 Tróculos- brancos, 295 Tropaeolum majus L., 317
- minus L., 317 Tuia, 336
- -vulgar, 336 Tupinambo, 336 Tussilagem, 204, 205, 246, 286 Tussilago farfara L., 286

U Ulex europaeus L., 169 Ulgebrão, 296 Ulmeira, 287 Ulmeiro, 288
- -campestre, 279, 288
- -de-montanha, 288
- -pedunculato, 288 Ulmo, 287 Ulmus campestris L., 288 Umbigo-de-vénus, 127 Umbilicus rupestris
(Salisbury)

Dandy,127 Unha-de-asno, 286


- -de-cavalo, 286
- -gata, 167 Urgebão, 296 Urtica dioica L., 290
- urens L., 290 Urtiga, 289
- -bastarda, 215
- -branca, 233, 289
- -maior, 290
- -mansa, 290
- -menor, 290
- -morta, 215 Urtigão, 290 Urze, 191, 194, 233, 291
- -do-monte, 291 Uva, 336
- -de-cão, 132, 154, 228
- -de-urso, 292
- -do-monte, 75
- -espim, 92

- -ursina, 76, 77, 292 Vaccinium myrtiltus L., 75


- vitis-idaea L.. 76 Valeriana, 227, 293, 308
- -menor, 293
- -selvagem, 293
- -silvestre, 293 Valeriana officinalis L., 293 Valerianelia olitaria (L.) Poli.,

308 Vanila planifolia Andr., 351 Vara-de-ouro, 294 Vareque-vesiculoso, 96 Vela- de- n ossa-senh ora,
295 Veratro-branco, 343
- -negro, 342 Veratrum album L., 343 Verbasco, 205, 295 Verbascum thapsus L., 295 Verbena, 296
- -sagrada, 296 Verbena odorata L., 296
- officinalis L., 296 Verga-de-ouro, 294 Vergamota, 313 Vermiculária, 154 Verónica, 91, 297
- -da-alemanha, 297
- -das-farmácias, 297
- -macho, 297 Veronica anagallis L., 91, 297
- beccabunga L., 91
- officinalis L., 297 Viburno, 298 Viburnum lantana L., 298
- opulus L., 229
- opulus, var. sterile DC., 229 Vicia faba L., 322 Vide, 336 --branca, 299
- -da-judeia, 132 Videira, 336
- -europeia, 336 Vido, 94 Vidoeiro, 94 Vimeiro-branco, 260 Vinagreira, 88 Vinca, 236 Vinca minor
L., 236 Vinha-da-índia, 132
- -da-judeia, 132
- -do-norte, 201 Viola, 300 Viola odorata L., 300
- tricolor L., ssp. arvensis Murr.,

71 Violeta, 71, 205, 300

-de-cheiro, 300
-roxa, 300 Virgáurea, 294 Visco, 89
- -branco, 301 Viscum album L., 301 Visqueiro, 89 Vulnerária, 302
Z Zabumba, 339 Zangarinheiro, 69 Zangarinho, 69 Zaragatoa, 303 Zea mays L., 328 Zebro, 89
Zécora, 230 Zimbro, 304, 344
- -comum, 304 Zingiber officinale Roscoe, 256

463

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