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1.1 Introdução dupla hélice e pareiam umas com as outras por meio de
pontes de hidrogênio, formando somente os pares A-T ou
1.2 O DNA É o Material Genético das Bactérias G-C.
• A transformação bacteriana forneceu a primeira prova de • O diâmetro da dupla hélice é de 20 Å, havendo uma volta
que o DNA é o material genético das bactérias. As pro- completa a cada 34 Å, com cada volta composta por dez
priedades genéticas podem ser transferidas de uma linha- pares de bases.
gem bacteriana para outra, extraindo-se o DNA da primei- • A dupla hélice forma um sulco maior (largo) e outro me-
ra linhagem e adicionando-o à segunda. nor (estreito).
1.3 O DNA É o Material Genético dos Vírus 1.7 A Replicação do DNA É Semiconservativa
• A infecção por fagos provou que o DNA é o material gené- • O experimento de Meselson-Stahl empregou marcação por
tico dos vírus. Quando o DNA e as proteínas de bacterió- densidade para provar que uma única cadeia polinucleotí-
fagos são marcados com diferentes isótopos radioativos, dica é a unidade de DNA que é conservada durante a repli-
apenas o DNA é transmitido para a progênie de fagos pro- cação.
duzida pelas bactérias infectadas. • Cada fita de um duplex de DNA atua como molde na sínte-
se de uma fita filha.
1.4 O DNA É o Material Genético das Células Animais • As seqüências das fitas filhas são determinadas pelo pa-
• O DNA pode ser utilizado para introduzir novas carac- reamento de bases complementares com as fitas paren-
terísticas genéticas em células animais ou em animais tais separadas.
inteiros.
• Em alguns vírus, o material genético é RNA. 1.8 As Fitas de DNA São Separadas na Forquilha de Re-
plicação
1.5 As Cadeias Polinucleotídicas Possuem Bases Nitro- • A replicação do DNA é realizada por um complexo enzimá-
genadas Ligadas a um Esqueleto de Açúcar-Fosfato tico que separa as fitas parentais e sintetiza as fitas fi-
• Um nucleosídeo consiste em uma base de purina ou piri- lhas.
midina ligada à posição 1 de um açúcar do tipo pentose. • A forquilha de replicação é o ponto onde as fitas paren-
• As posições no anel de ribose são designadas por um após- tais são separadas.
trofo (’) para distingui-las. • As enzimas que sintetizam DNA são denominadas DNA po-
• A diferença entre o DNA e o RNA está no grupamento da limerases; as enzimas que sintetizam RNA são denomina-
posição 2’ do açúcar. O DNA possui um açúcar do tipo das RNA polimerases.
desoxirribose (2’-H); o RNA tem um açúcar do tipo ribose • Nucleases são enzimas que degradam ácidos nucléicos;
(2’-OH). estas incluem DNAases e RNAases e podem ser divididas
• Um nucleotídeo consiste em um nucleosídeo ligado ao em endonucleases e exonucleases.
grupamento fosfato tanto na posição 5’ ou 3’ da
(desoxi)ribose.
1.9 A Informação Genética Pode Ser Fornecida pelo DNA
• Resíduos sucessivos de (desoxi)ribose de uma cadeia po-
ou RNA
linucleotídica são ligados por um grupamento fosfato en- • Os genes celulares são de DNA, embora vírus e viróides
tre a posição 3’ de um açúcar e a posição 5’ do açúcar possam apresentar genomas de RNA.
adjacente. • O DNA é convertido em RNA pela transcrição, e o RNA
• Uma das extremidades da cadeia (convencionalmente, a pode ser convertido em DNA pela transcrição reversa.
esquerda) possui uma extremidade 5’ livre, e a outra, uma • A tradução do RNA em proteína é unidirecional.
extremidade 3’ livre. 1.10 Os Ácidos Nucléicos Hibridizam-se por Pareamento
• O DNA contém as quatro bases: adenina, guanina, citosi- de Bases
na e timina; o RNA possui uracila, ao invés de timina.
• O aquecimento promove a separação das duas fitas de um
1.6 O DNA É uma Dupla Hélice DNA duplex.
• A forma B do DNA é uma dupla hélice consistindo em duas • A Tm é o ponto médio da faixa de temperatura de desnatu-
cadeias polinucleotídicas de sentido antiparalelo. ração.
• As bases nitrogenadas de cada cadeia são anéis planos de • Fitas simples complementares podem renaturar quando a
purinas ou pirimidinas que se projetam para o interior da temperatura é reduzida.
Um gene é uma unidade codificadora A idéia de que o material genético é um ácido nu-
Gene Natureza química cléico tem suas raízes na descoberta da transforma-
ção, em 1928. A bactéria pneumococo mata camun-
DNA Seqüência de nucleotídeos dongos causando-lhes pneumonia. A virulência
desta bactéria é determinada por seu polissacarídeo
capsular. Esse é um componente de superfície que
RNA Seqüência de nucleotídeos permite à bactéria escapar da destruição pelo hos-
pedeiro. Muitos tipos (I, II e III) de pneumococo
apresentam diferentes polissacarídeos capsulares.
Estes possuem uma aparência lisa (S, do inglês smoo-
Proteína Seqüência de aminoácidos th). Cada um dos tipos lisos de pneumococo pode
originar variantes que não produzem o polissacarí-
FIGURA 1.2 Um gene codifica um RNA, o qual pode codificar
uma proteína.
deo capsular. Essas bactérias têm uma superfície
rugosa (R, do inglês rough) (consistindo no mate-
rial que se encontra abaixo do polissacarídeo cap-
A compreensão acerca do processo pelo qual um sular). Estas são avirulentas. Não são capazes de
gene é expresso nos permite fazer uma definição matar os camundongos, pois a ausência do polissa-
mais rigorosa de sua natureza. A FIGURA 1.2 apre- carídeo permite ao animal destruí-las.
senta o tema base deste livro. Um gene é uma se- Quando bactérias lisas são mortas por tratamen-
qüência de DNA que produz outro ácido nucléico, to térmico, elas perdem a capacidade de causar da-
o RNA. O DNA possui duas fitas de ácido nucléi- nos ao animal. No entanto, bactérias S mortas pelo
co, e o RNA possui apenas uma fita. A seqüência calor misturadas a bactérias variantes R ineficazes
do RNA é determinada pela seqüência do DNA. produzem um efeito bastante diferente daquele
(De fato, ela é idêntica a uma das fitas de DNA.) obtido por cada uma isoladamente. A FIGURA 1.3
Em muitos, mas não em todos, casos, o RNA é mostra que quando estas são injetadas simulta-
utilizado para a dirigir a produção de uma proteí- neamente em um animal, o camundongo morre
na. Assim, um gene é uma seqüência de DNA que em decorrência de uma infecção pneumocócica.
codifica um RNA; em genes que codificam proteínas, Bactérias virulentas S podem ser recuperadas do
o RNA, por sua vez, codifica a proteína. camundongo morto.
4 CAPÍTULO 1 OS GENES SÃO DNA
Apenas DNA é herdado pela progênie de fagos A transfecção introduz DNA novo em células
Bactérias infectadas com Células que não possuem o gene TK não
32
fagos marcados P no DNA conseguem produzir timidina-quinase e morrem
na ausência de timidina
35S na Proteína
Separação dos capsídeos
e das bactérias
As bactérias
infectadas Adição do Células mortas
contêm 70% DNA TK + Células vivas
Os capsídeos da marca
contêm 80% da de 32P
marca de 35S Partículas virais da
progênie são separadas
A progênie
de fagos têm
30% da marca
de 32P
e menos de Colônia de
1% da marca células TK +
de 35S Algumas células incorporam o gene TK;
descendentes de uma célula transfectada se
FIGURA 1.5 O material genético do fago T2 é DNA. acumulam, originando uma colônia
1.5 As Cadeias Polinucleotídicas Cada ácido nucléico contém quatro tipos de ba-
ses. As duas purinas, adenina e guanina, estão pre-
Possuem Bases Nitrogenadas sentes no DNA e no RNA. No DNA, as duas piri-
Ligadas a um Esqueleto de midinas são citosina e timina; no RNA, a uracila é
Açúcar-Fosfato encontrada no lugar da timina. A única diferença
entre uracila e timina é a presença de um metil na
Conceitos Essenciais posição C5. As bases são em geral referidas por ini-
• Um nucleosídeo consiste em uma base de purina ou ciais. O DNA contém A, G, C e T; o RNA contém
pirimidina ligada à posição 1 de um açúcar do tipo
pentose.
A, G, C e U.
• As posições no anel de ribose são designadas por um O nucleotídeo terminal em uma extremidade
apóstrofo (’) para distingui-las. da cadeia possui um grupamento 5´ livre; e o nu-
• A diferença entre o DNA e o RNA está no grupamento
da posição 2’ do açúcar. O DNA possui um açúcar do
cleotídeo terminal na outra extremidade possui um
tipo desoxirribose (2’-H); o RNA tem um açúcar do tipo grupamento 3´ livre. Convencionou-se redigir as
ribose (2’-OH). seqüências de DNA na direção 5´ para 3´ – isto é,
• Um nucleotídeo consiste em um nucleosídeo ligado ao
grupamento fosfato tanto na posição 5’ ou 3’ da
a partir da extremidade 5´, à esquerda, para a ter-
(desoxi)ribose. minação 3´, à direita.
• Resíduos sucessivos de (desoxi)ribose de uma cadeia
polinucleotídica são ligados por um grupamento fosfa-
to entre a posição 3’ de um açúcar e a posição 5’ do
açúcar adjacente.
• Uma das extremidades da cadeia (convencionalmente, 1.6 O DNA É uma Dupla Hélice
a esquerda) possui uma extremidade 5’ livre, e a outra,
uma extremidade 3’ livre.
• O DNA contém as quatro bases: adenina, guanina, citosi- Conceitos Essenciais
na e timina; o RNA possui uracila, ao invés de timina. • A forma B do DNA é uma dupla hélice consistindo em
duas cadeias polinucleotídicas de sentido antiparalelo.
• As bases nitrogenadas de cada cadeia são anéis planos
de purinas ou pirimidinas que se projetam para o inte-
O bloco constituinte básico dos ácidos nucléicos é rior da dupla hélice e pareiam umas com as outras por
o nucleotídeo, o qual possui três componentes: meio de pontes de hidrogênio, formando somente os
pares A-T ou G-C.
• Uma base nitrogenada, • O diâmetro da dupla hélice é de 20 Å, havendo uma
volta completa a cada 34 Å, com cada volta composta
• um açúcar, e por dez pares de bases.
• um fosfato. • A dupla hélice forma um sulco maior (largo) e outro
menor (estreito).
A base nitrogenada é um anel de purina ou pi-
rimidina. A base é unida à posição 1 de um açúcar
do tipo pentose por uma ligação glicosídica a par- A observação de que as bases estavam presentes em
tir do N1 das pirimidinas ou N9 das purinas. Para diferentes quantidades em DNAs de diferentes es-
eliminar ambigüidades entre os sistemas de nume- pécies levou ao conceito de que a seqüência de bases
ração dos anéis heterocíclicos e do açúcar, as posi- é a forma pela qual a informação genética é transmi-
ções na pentose são designadas pelo apóstrofo (´). tida. Por volta dos anos 1950, o conceito de infor-
Os ácidos nucléicos são denominados de acor- mação genética era comum: os dois problemas im-
do com o tipo de açúcar; o DNA possui uma 2´- postos referiam-se a como trabalhar na estrutura
desoxirribose; o RNA possui ribose. A diferença está do ácido nucléico e a explicar de que maneira uma
no fato de o açúcar no RNA apresentar um grupa- seqüência de bases no DNA podia representar a se-
mento OH na posição 2´ do anel de pentose. O qüência de aminoácidos de uma proteína.
açúcar pode ser ligado por suas posições 5´ ou 3´ a A convergência de três conceitos levou à cons-
um grupamento fosfato. trução do modelo de dupla hélice do DNA pro-
Um ácido nucléico consiste em uma longa ca- posto por Watson e Crick, em 1953:
deia de nucleotídeos. A FIGURA 1.7 mostra que o • Dados de difração de raios X revelaram que
esqueleto da cadeia polinucleotídica consiste em o DNA possuía a forma de uma hélice regu-
uma série alternada de resíduos de pentose (açú- lar, apresentando uma volta completa a cada
car) e de fosfato. Essa cadeia é construída pela liga- 34 Å (3,4 nm), com um diâmetro de ~20 Å
ção da posição 5´ do anel de pentose à posição 3´ (2nm). Uma vez que a distância entre nu-
do anel da próxima pentose, por meio do grupa- cleotídeos adjacentes é de 3,4 Å, deveriam
mento fosfato. Assim, o esqueleto de açúcar-fosfa- haver 10 nucleotídeos por volta.
to consiste em ligações fosfodiéster 5´-3´. As bases • A densidade do DNA sugere que a hélice
nitrogenadas “salientam-se” a partir do esqueleto. deve conter duas cadeias polinucleotídicas.
1.6 O DNA É UMA DUPLA HÉLICE 7
O diâmetro constante da hélice pode ser Um polinucleotídeo apresenta uma estrutura repetitiva
explicado se as bases em cada cadeia estive- 5’
rem voltadas para o interior e restrinjam-se O
de tal forma que uma purina está sempre O P O
em oposição a uma pirimidina, evitando o O Subunidade de
pareamento de purina-purina (muito largo) H2C O nucleotídeo
e pirimidina-pirimidina (muito estreito).
• Independente das quantidades absolutas de
O
cada base, a proporção de G é sempre igual Base de pirimidina
à proporção de C no DNA, e a proporção O P O
O
de A é sempre a mesma de T. Assim, a com- Esqueleto de
H2C O
posição de qualquer DNA pode ser descrita açúcar-fosfato
pela proporção de suas bases, isto é G + C. Base de purina
O
Essa proporção varia de 26 a 74% nas dife-
Ligações O P O
rentes espécies. O
fosfodiéster 5’-3’
Watson e Crick propuseram que as duas ca- H2 C O
deias, polinucleotídicas na dupla hélice se asso-
ciavam por pontes de hidrogênio entre as bases ni- O
trogenadas. G pode formar especificamente pon- 3’
tes de hidrogênio apenas com C, e A pode for-
mar especificamente com T. Essas reações são des- FIGURA 1.7 Uma cadeia polinucleotídica consiste em uma série de liga-
critas como pareamento de bases, e as bases pa- ções de açúcar-fosfato 5’-3’ que forma um esqueleto a partir do qual as
bases se projetam.
readas (G com C, ou A com T) são ditas com-
plementares.
O modelo propôs ainda que as duas cadeias po-
linucleotídicas corriam em direções opostas (anti-
paralelas), como ilustrado na FIGURA 1.8. Obser-
A dupla hélice apresenta largura constante
vando-se ao longo da hélice, uma fita corre na dire-
ção 5´ para 3´, e a outra, de 3´ para 5´. Ponte de hidrogênio 3´
DNA H
O esqueleto de açúcar-fosfato situa-se na face o
H3C O H N N H
externa e apresenta cargas negativas nos grupamen- 5´
tos fosfato. Quando o DNA está em solução in vi- o H T N H N A N o
tro, as cargas são neutralizadas pela ligação de íons N N Os fosfatos
metálicos, tipicamente Na+. Na célula, proteínas O H têm carga
negativa
carregadas positivamente contribuem com parte da H
força de neutralização. Essas proteínas desempe- H N H O N H
nham um importante papel na determinação da or- NG H N
o H C N o
ganização do DNA na célula. N N
As bases encontram-se voltadas para o interior. O H N
Estas são estruturas planas, que se dispõem aos pa- H
res, perpendiculares ao eixo da hélice. Consideran- H O
do a dupla hélice como uma escada em espiral, os N N o
o
pares de bases seriam os degraus, conforme ilustra- ESQUELETO N A N H N T H
do esquematicamente na FIGURA 1.9. Prosseguin- DE AÇÚCAR-
H N HN H O CH3
do ao longo da hélice, as bases estão empilhadas FOSFATO
H
umas sobre as outras, semelhante a uma pilha de N H O
pratos. N N
o o
Cada par de bases é rotado em aproximadamente N G N H N C H
36o ao redor do eixo da hélice, em relação ao próxi- H N 5´
o O H H N
mo par. Assim, ~10 pares de bases formam uma H
3´
volta completa de 360o. A torção das duas fitas for- O interior é hidrofóbico
ma uma dupla hélice contendo um sulco menor
FIGURA 1.8 A dupla hélice mantém uma largura constante, porque as purinas sempre se
(~12 Å de largura) e um sulco maior (~22 Å de posicionam frente a pirimidinas nos pares de bases complementares A-T e G-C. A seqüência
largura), como pode ser visto no modelo em escala na figura é T-A, C-G, A-T, G-C.
8 CAPÍTULO 1 OS GENES SÃO DNA
Pares de bases planos conectam as fitas de DNA da FIGURA 1.10. A dupla hélice é dextrógira; as vol-
tas se dão no sentido horário ao longo do eixo da
hélice. Essas características representam o modelo
aceito para o que é conhecido como forma B do
DNA.
É importante notar que a forma B representa
5′ uma média, e não uma estrutura precisamente es-
3′ pecificada. A estrutura do DNA pode sofrer altera-
C
G ções locais. Se esta apresenta mais bases por voltas é
denominada superenovelada; se apresenta menos
C G
bases por volta é denominada relaxada. O enovela-
mento local pode ser afetado pela conformação glo-
T bal da dupla hélice de DNA no espaço ou pela liga-
A
ção de proteínas em sítios específicos.
G
5′
3′
Açúcar Base Fosfato
1.7 A Replicação do DNA É
FIGURA 1.9 Os pares de bases planos estão perpendiculares ao
Semiconservativa
esqueleto de açúcar-fosfato.
Conceitos Essenciais
• O experimento de Meselson-Stahl empregou marcação
por densidade para provar que uma única cadeia poli-
nucleotídica é a unidade de DNA que é conservada du-
rante a replicação.
• Cada fita de um duplex de DNA atua como molde na
A dupla hélice de DNA possui dois sulcos
síntese de uma fita filha.
• As seqüências das fitas filhas são determinadas pelo
pareamento de bases complementares com as fitas pa-
rentais separadas.
Diâmetro de 20 Å
É crucial que o material genético seja reproduzido
de forma precisa. As duas fitas polinucleotídicas são
ligadas apenas por pontes de hidrogênio; assim, são
La
Uma forquilha de replicação move-se ao longo do DNA polimerases sintetizam DNA e as RNA polimera-
ses sintetizam RNA.
A degradação de ácidos nucléicos também re-
quer enzimas específicas: desoxirribonucleases
(DNAases) degradam DNA e ribonucleases
DNA parental
(RNAases) degradam RNA. As nucleases são
DNAs replicados agrupadas nas classes gerais de exonucleases e en-
Forquilha de replicação donucleases:
FIGURA 1.13 A forquilha de replicação é a região do DNA na • As endonucleases clivam ligações no interior
qual há uma transição entre o duplex parental desenovelado e
os dúplices filhos recém-sintetizados. de moléculas de RNA ou DNA, gerando
fragmentos distintos. Algumas DNAases cli-
vam as duas fitas de um duplex de DNA no
sítio-alvo, e outras clivam apenas uma das
Endonucleases atacam ligações internas duas fitas. As endonucleases estão envolvi-
das em reações de clivagem conforme apre-
Ligação quebrada
sentado na FIGURA 1.14.
• As exonucleases removem sucessivos resíduos
individuais da extremidade da molécula, ge-
rando mononucleotídeos. Elas sempre atuam
FIGURA 1.14 Uma endonuclease cliva uma ligação no interior em uma única fita de ácido nucléico, sendo
de um ácido nucléico. Esse exemplo mostra uma enzima que que cada exonuclease prossegue em uma di-
ataca uma fita de um duplex de DNA.
reção específica, isto é, a partir da extremi-
dade 5’ ou 3’, prosseguindo em direção à
outra extremidade. Tais enzimas estão en-
Exonucleases degradam a partir das extremidades volvidas em reações que aparam as extremi-
dades, como mostrado na FIGURA 1.15.
Proteína
Tanto o DNA como o RNA podem formar dúplices O DNA pode ser desnaturado e renaturado
Pareamento Desnaturação
intramolecular no
interior do RNA DNA de fita
RNA Simples
Pareamento RNA longo
intermolecular RNA curto
entre RNAs
longos e curtos
Renaturação
FIGURA 1.19 O pareamento de bases ocorre no duplex de DNA
e também em interações intra- e intermoleculares no RNA (ou DNA
DNA) de fita simples.
renaturado
O ensaio em filtro mede a complementaridade ção na seqüência de uma proteína, podemos con-
cluir que o DNA codifica aquela proteína. Além
disso, uma modificação no fenótipo do organismo
O DNA é desnaturado O DNA é desnaturado
e adsorvido ao filtro em solução pode permitir-nos identificar a função da proteína.
A existência de muitas mutações em um gene pode
possibilitar a comparação entre as muitas formas
variantes de uma dada proteína, e uma análise de-
talhada pode ser usada para identificar as regiões
da proteína responsáveis por funções enzimáticas
O filtro é mergulhado na solução individuais, ou outras funções.
Todos os organismos estão sujeitos a um certo
número de mutações como resultado de operações
celulares normais ou interações aleatórias com o am-
biente. Essas são denominadas mutações espontâ-
neas; a sua taxa de ocorrência é característica de
O DNA ligado ao filtro é medido um determinado organismo, sendo algumas vezes
denominada nível basal. As mutações são eventos
raros e, obviamente, aquelas que causam danos em
um gene são selecionadas negativamente durante a
evolução. Assim, é difícil obter-se grandes núme-
ros de mutantes espontâneos para um estudo, a
partir de populações naturais.
FIGURA 1.21 A hibridização no filtro estabelece se uma solu-
A ocorrência de mutações pode ser aumentada
ção de DNA (ou RNA) desnaturado contém seqüências comple- pelo tratamento com determinados compostos.
mentares às fitas imobilizadas no filtro. Estes são chamados de compostos mutagênicos, e
as modificações que causam são referidas como
mutações induzidas. A maioria dos compostos mu-
te se for capaz de parear suas bases com o DNA tagênicos atua diretamente devido a sua capacidade
que foi inicialmente adsorvido. Geralmente, a se- de modificar uma determinada base do DNA, ou de
gunda preparação é marcada radioativamente, de incorporar-se ao ácido nucléico. A eficiência de um
maneira que a reação pode ser medida pela quanti- composto mutagênico é avaliada pelo aumento da taxa
dade de marcação radioativa retida pelo filtro. de mutações em relação aos níveis basais. A partir do
A extensão da hibridização entre dois ácidos nu- uso de compostos mutagênicos, tornou-se possível a
cléicos de fita simples é determinada por sua com- indução de muitas modificações em qualquer gene.
plementaridade. Duas seqüências não precisam ser Mutações espontâneas que inativam a função
perfeitamente complementares para hibridizarem. Se gênica ocorrem em bacteriófagos e bactérias em uma
estas forem bastante relacionadas, mas não idênti- taxa relativamente constante de 3-4 x 10-3 por ge-
cas, um duplex imperfeito é formado, no qual o noma, por geração. Dada a grande variação no ta-
pareamento de bases é interrompido nas posições manho dos genomas entre bacteriófagos e bacté-
onde as duas fitas não são correspondentes. rias, essa taxa corresponde a grandes diferenças na
taxa de mutação por par de bases. Isso sugere que a
taxa global de mutações esteve sujeita a forças sele-
tivas que equilibraram os efeitos deletérios da maio-
1.11 As Mutações Modificam a ria das mutações e os efeitos vantajosos de algumas
Seqüência do DNA mutações. Essa conclusão é reforçada pela observa-
ção de que um microrganismo do domínio Archaea,
Conceitos Essenciais que habita ambientes em condições extremas de
• Todas as mutações consistem em modificações na se- temperatura e acidez (condições que normalmente
qüência do DNA.
• Mutações podem ocorrer espontaneamente ou serem
danificariam o DNA), não apresenta uma taxa ele-
induzidas por agentes mutagênicos. vada de mutação e, de fato, tem uma taxa um pou-
co abaixo da taxa média.
A FIGURA 1.22 mostra que a taxa de mutações em
As mutações fornecem evidências decisivas de que bactérias corresponde a cerca de 10-6 eventos por ló-
o DNA é o material genético. Quando uma modi- cus, por geração, ou a uma taxa média de 10-9 a 10-10
ficação na seqüência de DNA provoca uma altera- de modificação por par de bases, por geração. A taxa
1.12 AS MUTAÇÕES PODEM AFETAR PARES DE BASES ÚNICOS OU SEQÜÊNCIAS MAIS LONGAS 15
H
H Taxa de mutação H
N C CITOSINA
H H N
O Qualquer par H
N N
H
N
H de bases N N
G
O
N
N
1 em 109–1010
N gerações Ácido O
H N
nitroso
H
U URACILA O
....A T C G G A C T T A C C G G T T A.... Qualquer gene
G N N
1 em 105–106 H
....T A G C C T G A A T G G C C A A T.... gerações O
Replicação
U
mutante
O genoma A
C
1 em 300
gerações tipo selvagem
G
FIGURA 1.22 Um par de bases é mutado com uma taxa de FIGURA 1.23 Mutações podem ser induzidas por modificação
10-9–10-10 por geração, um gene de 1.000 pares de bases é química em uma base.
mutado a ~10-6 por geração, e o genoma bacteriano é mutado
a 3 x 10-3 por geração.
BrdU provoca a troca do par A-T por um G-C As mutações pontuais foram consideradas du-
rante um longo tempo como a principal forma de
CH3
modificação de genes individuais. No entanto, sa-
C O
HC C bemos que as inserções de segmentos de material
HH
N N N adicional são bastante freqüentes. A fonte de mate-
C H
N
C C N rial inserido normalmente corresponde a elemen-
Açúcar O
HC C CH tos transponíveis, que são seqüências de DNA ca-
Par T-A N N
pazes de se mover de um sítio para o outro (Ver
BrdU pareia-se com A Açúcar
Capítulo 21, Transposons, e Capítulo 22, Retroví-
na replicação rus e Retrotransposons). Uma inserção geralmente
Br abole a atividade de um gene. Quando tais inser-
C O ções ocorrem, deleções de parte ou de todo o ma-
HC C
H H terial inserido, e algumas vezes de regiões adjacen-
N N N
C H
C C N
tes, podem ocorrer subseqüentemente.
O N Uma diferença significativa entre mutações pon-
Açúcar CH
HC C N tuais e inserções/deleções é que a freqüência de mu-
N
tações pontuais pode ser aumentada por compos-
Par BrdU-A Açúcar tos mutagênicos, e a ocorrência de modificações
A mudança de ceto para enol permite a BrdU parear com G causadas por elementos transponíveis não é afeta-
Br Br da. No entanto, inserções e deleções podem tam-
C O
Mudança ceto-enol C OH bém ocorrer por outros mecanismos – por exem-
HC C HC C
plo, aqueles envolvendo erros durante replicação
N N N N
C H C ou recombinação –, apesar de, provavelmente, se-
Açúcar O Açúcar O rem menos comuns. Além destes, uma classe de
BrdU pareia-se com G compostos mutagênicos denominados acridinas in-
na replicação troduz inserções e deleções (muito pequenas).
Br
C O Par BrdU-G
HC C H
N N O 1.13 Os Efeitos das Mutações Podem
C
O
HN C C N Ser Revertidos
Açúcar CH
H C C
N N N Conceitos Essenciais
H • As mutações diretas inativam um gene, e as mutações
Açúcar reversas (ou revertentes) revertem seus efeitos.
• As inserções podem ser revertidas pela deleção do mate-
FIGURA 1.24 Mutações podem ser induzidas pela incorporação de rial inserido, ao passo que as deleções não são revertidas.
análogos de bases no DNA. • A supressão ocorre quando uma mutação em um segun-
do gene anula o efeito da mutação do primeiro gene.
Algumas mutações podem ser revertidas Mutações também podem ocorrer em outros ge-
nes, de modo a contornar os efeitos da mutação no
ATCGGACTTACCGGTTA
TAGCCTGAATGGCCAAT gene original. Esse efeito é denominado supressão.
Mutações Um lócus no qual uma mutação suprime o efeito
pontuais de uma mutação em outro lócus é chamado de su-
pressor.
ATCGGAC0ACCGGTTA
TAGCCTGAGTGGCCAAT
Reversão
1.14 As Mutações São Concentradas
ATCGGACTTACCGGTTA em Hotspots
TAGCCTGAATGGCCAAT
Conceitos Essenciais
ATCGGACTTACCGGTTA
• A freqüência de uma mutação em qualquer par de bases
TAGCCTGAATGGCCAAT é determinada por uma flutuação estatística, exceto
Inserção nos hotspots (“sítios quentes”), onde a freqüência é
aumentada em pelo menos uma ordem de grandeza.
ATCGGACTTXXXXXACCGGTTA
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Até agora lidamos com mutações em relação às
Reversão por
deleção mudanças individuais na seqüência do DNA que
influenciam a atividade da unidade genética na qual
ATCGGACTTACCGGTTA
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estas ocorrem. Quando consideramos as mutações
no que tange à inativação do gene, a maioria dos
ATCGGACTTACCGGTTA genes de uma espécie revela taxas mais ou menos
TAGCCTGAATGGCCAAT similares de mutação em relação ao seu tamanho.
Isso sugere que o gene pode ser considerado como
um alvo de mutação, e que danos em qualquer par-
ATCGGACGGTTA te de um gene podem abolir sua função. Como re-
TAGCCTGCCAAT sultado, a suscetibilidade à mutação é aproximada-
mente proporcional ao tamanho do gene. Ao con-
Nenhuma reversão é possível
siderarmos os sítios de mutações no interior da se-
FIGURA 1.25 Mutações pontuais e inserções podem ser rever-
qüência de DNA: todos os pares de bases em um
tidas, mas deleções não são revertidas. gene são igualmente suscetíveis, ou existem alguns
mais prováveis de serem mutados que outros?
O que acontece quando isolamos um grande
número de mutações independentes em um mes-
mo gene? Muitos mutantes são obtidos. Cada um é
Uma reversão exata da mutação original é cha- resultado de um evento mutacional individual.
mada de reversão verdadeira. Assim, se um par A- Então, o sítio de cada mutação é determinado. A
T foi substituído por um par G-C, uma outra mu- maioria das mutações ocorrerá em sítios diferentes,
tação que restaure o par A-T irá regenerar exata- mas algumas ocorrerão na mesma posição. Duas
mente a seqüência selvagem. mutações independentemente isoladas em um mes-
O segundo tipo de mutação reversa – a rever- mo sítio podem corresponder exatamente à mesma
são de segundo sítio – pode ocorrer em outro local alteração no DNA (neste caso, o mesmo evento mu-
no gene e seu efeito compensa a primeira mutação. tacional ocorreu em mais de uma ocasião), ou po-
Por exemplo, uma modificação de um aminoácido dem corresponder a modificações diferentes (três
em uma proteína pode abolir a função de um gene, mutações pontuais diferentes são possíveis para cada
mas uma segunda alteração pode compensar a pri- par de bases).
meira e restaurar a atividade da proteína. O histograma da FIGURA 1.26 revela a freqüên-
Uma mutação direta resulta de qualquer mu- cia com a qual mutações são encontradas em cada
dança que inative um gene; uma mutação rever- par de bases do gene lacI de E. coli. A probabilida-
sa deve restaurar a função de uma proteína dani- de estatística de mais de uma mutação ocorrer em
ficada por uma mutação direta em particular. A um sítio particular é dada pela cinética de acerto alea-
taxa de mutação reversa é correspondentemente tório (como observado na distribuição de Poisson).
inferior à de mutação direta, tipicamente na or- Assim, alguns sítios apresentarão uma, duas ou três
dem de ~10. mutações, e outros, nenhuma. Alguns sítios apre-
18 CAPÍTULO 1 OS GENES SÃO DNA
Número de mutações
40 N tosina N
H H
30 N N N N
20 O O
10
CH3
Uracila Timina
50 100 150 200 250 300 pb O O
Distância ao longo do gene N N N N
H H
FIGURA 1.26 Mutações espontâneas ocorrem ao longo do gene O O
lacI de E. coli, mas estão concentradas em um hotspot.
FIGURA 1.27 A desaminação da citosina produz uracila, e a
desaminação da 5-metilcitosina produz timina.
1
PSTV severo 30 60 90 120 150
AAA A AU
G A
G G A A C UAA A C UCG U G G U U C C U U G G U U C A C A C C U G C C U C CUG A G C A GA AA A G AA AG G C GG A GAAA U AC AAA AC A C A C AC U U CC C
A G A A G G C G G C U CG G G A G C U U C A G U C C C CGG G C C G G A G C G A U G G C A A A G G G G UG G G G G U G C C G CG G CG A G G A G C C CG G A A A AGG G U UU
C
U
C C U U G G U U G A C G C C A A G G U C C C G AU UU G U G G G A C G G G GCU U C G U UC AU U C UA U UU UU CGCC G AGCC CU C G A A GU C A GG GG C C C GG CU U C G C U GU C G U U U C C C C G CU C C C A C GG C G C C G C U C CU U G GG C C U U U U U U U A C U
U G C AA A A U A C CG C C CA A C GC C U UU C CU
U CU ACA U C AU CU G
1
PSTV suave 30 60 90 120 150
G A A AA A AU
GGA A CUAA A CUCGUGGUUCCU UGGUUC A C A CCUG CCUCCUG AG C AG A A A AG AA AG GC GG A GA A A U AC AA AC A C A C AC U U CC C
AG A AGG CGG CUCGG G A GCUUC AG UCC CCGGG CC GG AGCG A UGGC U A AGG GGUGGGG GUG CC GCGG CG AGG AG CCCG G A A A AGGGUUU
C
U
CCUUGG UUGA CGCC A A GGU CCCGAUUUGUGGGA CGGGGCUU CGUUUCUUU CUA CUUUUU CGCCA A
GAGCC CU CGA AGU C AGG GGCCC GG CUU CGCU GU CG GUU UC CCGCU CC C A C GG CGCC GC U CCUU GGGC CUUU UUUU A C U
U G A A U A C C C C CA A C GC C U UU CCU
U CU ACA UC AU CUG
+U A U
FIGURA 1.29 O RNA de PSTV é uma molécula circular que forma uma extensa estrutura em dupla fita, interrompida por muitas
alças internas. As formas severa e suave diferem em três sítios.
des são classificados em diferentes grupos. Um de- em ovelhas e cabras. A doença está relacionada às
terminado viróide é identificado como membro de doenças humanas kuru e síndrome de Creutzfeldt-
um grupo devido à similaridade da sua seqüência Jacob, que afetam a função cerebral.
com a seqüência de outros membros do grupo. Por O agente infeccioso do scrapie não contém ácido
exemplo, quatro viróides relacionados ao PSTV nucléico. Esse extraordinário agente é chamado de
(viróide do Tubérculo Afilado de Batata, do inglês príon (agente infeccioso proteináceo). Este corres-
potato spindle tuber viroid) apresentam de 70 a 83% ponde a uma glicoproteína hidrofóbica de 28 kDa,
de similaridade de seqüência com PSTV. Diferen- PrP. PrP é codificada por um gene celular (conser-
tes isolados de uma mesma linhagem de viróide vado nos mamíferos) que é expresso no cérebro nor-
variam entre si, e a modificação pode afetar o fenó- mal. A proteína é encontrada sob duas formas: o
tipo das células infectadas. Por exemplo, as linha- produto encontrado no cérebro normal é denomi-
gens suave e severa de PSTV diferem em três substi- nado PrPc e é totalmente degradado por proteases.
tuições de nucleotídeos. A proteína encontrada em cérebros infectados é
Os viróides se assemelham aos vírus por possuí- denominada PrPsc e é extremamente resistente à
rem genomas de ácidos nucléicos herdáveis. Assim, degradação por proteases. PrPc é convertida em PrPsc
preenchem os critérios em relação à informação gené- por uma modificação ou alteração conformacional
tica. Entretanto, os viróides, que por vezes são cha- que confere resistência a proteases, a qual ainda não
mados de patógenos subvirais, diferenciam-se dos ví- está completamente definida.
rus tanto na estrutura quanto na função. O RNA do O agente do scrapie, PrPsc deve, de algum forma,
viróide parece não ser traduzido em proteínas e, desta modificar a síntese do seu equivalente celular normal,
forma, não é capaz de codificar as funções necessárias tornando-o infeccioso, ao invés de inócuo (ver Seção
à sua sobrevivência. Essa situação leva a duas ques- 31.12, Príons Causam Doenças em Mamíferos). Ca-
tões: como o RNA do viróide é replicado e como o mundongos que não possuem o gene PrP não são in-
viróide afeta o fenótipo da célula vegetal infectada? fectados e não desenvolvem scrapie, demonstrando que
A replicação deve ser realizada pelas enzimas da PrP é essencial ao desenvolvimento da doença.
célula hospedeira, subvertidas de suas funções nor-
mais. A natureza herdável da seqüência do viróide
indica que o RNA do viróide atua como molde. 1.17 Resumo
Os viróides são presumivelmente patogênicos
porque interferem com os processos celulares nor- Dois experimentos clássicos provaram que o
mais. Esta ação é realizada de forma relativamente DNA é o material genético. O DNA isolado de
aleatória, por exemplo, seqüestrando uma enzima uma linhagem das bactérias pneumococos conferiu
essencial para a sua própria replicação, ou interferin- propriedades dessa linhagem em outra linhagem.
do com a produção de RNAs celulares necessários. Além disso, o DNA é o único componente que é
Alternativamente, os viróides podem se comportar herdado pela progênie de fagos a partir dos fagos
como moléculas regulatórias anormais, exercendo efei- parentais. O DNA pode ser usado para transfectar
tos particulares na expressão de genes individuais. novas propriedades em células eucarióticas.
Um agente ainda mais incomum é o scrapie – o O DNA é uma dupla hélice, consistindo em
causador de uma doença neurológica degenerativa fitas antiparalelas nas quais as unidades de nucleo-
REFERÊNCIAS 21