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Muito antes da chegada de Cristovão Colombo, a América já era ocupada por vários povos, que
viviam de variadas formas, as quais iam da organização tribal- como os povos que habitavam a região onde
hoje é o Brasil- até vastos impérios, como era o caso dos Incas, Maias e Astecas. Muitas dessas civilizações
desapareceram em conseqüência da colonização, que se iniciou no final do século XV, mas deixaram heranças
históricas que marcam o nosso continente até os dias de hoje.
A Civilização Maia
Na economia, a agricultura foi a atividade fundamental. Além do milho, que era o principal
produto, plantavam também o algodão, o tomate, o feijão, a batata e o cacau. A terra pertencia ao Estado e era
cultivada coletivamente. A caça e a pesca eram atividades econômicas complementares e desconheciam a
pecuária. No artesanato realizaram notáveis trabalhos: tecidos, objetos de cerâmica, lapidação de pedras
preciosas, etc. Desenvolveram um importante comércio com os povos vizinhos.
A sociedade estava dividida em quatro camadas sociais: Nobres, eram os chefes guerreiros que
lideravam a administração pública; Sacerdotes, tinham o controle da religião; Povo, compunha a grande
maioria da população e eram os trabalhadores que se dedicavam à agricultura, às construções e ao artesanato;
Escravos, em pequeno número, geralmente prisioneiros de guerra ou condenados por algum delito cometido.
A Civilização Inca
Os Incas formaram seu império dominando as várias civilizações que habitavam a região dos
Andes, na América do Sul. Compreendia os atuais territórios do Peru, Equador, parte da Colômbia, do Chile,
da Bolívia e da Argentina.
Na economia, possuíam uma agricultura desenvolvida, com a plantação de dezenas de espécies
vegetais, entre elas o milho, principal produto, a batata-doce, o tomate, a goiaba, a abacate, o amendoim, etc.
Usavam a irrigação e os adubos. Domesticaram o Ihama, o guanaco, a vicunha e a alpaca, que serviam para o
transporte e fornecimento de lã e couro. O comércio era feito em grandes mercados locais. Não conheciam a
moeda.
A sociedade Inca estava dividida em três camadas sociais. A dos sacerdotes e a dos nobres era
a dominante. A figura mais importante da sociedade era o Inca ou Imperador. Considerado o grande sacerdote
do Sol, ficava à frente da hierarquia religiosa. Estas camadas privilegiadas estavam isentas dos impostos. O
Povo, camada social não privilegiada, era formada basicamente pelos camponeses. Trabalhavam nas terras do
Estado e do clero e pagavam um imposto em serviços, construindo obras públicas, participando do exército,
explorando minérios etc. Também faziam parte desta camada social os artesãos.
Quanto à vida política, o Estado Inca foi uma monarquia teocrática. O imperador era ao mesmo
tempo chefe religioso, civil e militar. Seu poder sustentava-se no culto ao Sol, pois ele era considerado a sua
encarnação na terra.
Nas artes, o grande destaque ficou com a arquitetura. Construíram grandes palácios, fortalezas e
templos.
A Civilização Asteca
Os Astecas ocupavam uma região que se estendia da atual Guatemala até o México.
A economia baseava-se na agricultura, com o cultivo do milho, tabaco, feijão, pimenta, tomate,
cacau, baunilha, algodão, etc. A propriedade da terra era do Estado.
O comércio foi largamente desenvolvido. Como não conheciam a moeda, as trocas eram diretas.
O artesanato também foi de grande importância, movimentando o comércio interno e externo. Confeccionavam
tecidos com fibras vegetais, faziam machados e outros instrumentos de cobre.
A sociedade dos astecas estava dividida em camadas bastante diferenciadas. A mais alta era a
dos Nobres que abrangiam várias categorias: o governante e sua família, os sacerdotes e os chefes
guerreiros.Os comerciantes formavam uma camada social à parte, que gozava de grande privilégio junto ao
governo, porque funcionavam com espiões. Abaixo, vinha a camada formada por agricultores, artesãos e
pequenos comerciantes que eram obrigados a pagar pesados tributos. A camada mais baixa da sociedade era
formada pelos escravos.
Quanto à vida política, no princípio, os astecas viviam sob a autoridade de um chefe político,
com poderes absolutos. Mais tarde, foi adotada a monarquia eletiva.
Na religião, os astecas eram politeístas e uma das principais divindades era a Serpente
Emplumada, que representava a sabedoria.
A Colonização Espanhola
Uma destas expedições (1519), foi a do fidalgo Hernan Cortés que tinha o objetivo de saquear a
civilização asteca. Cortés dominou o México destruindo uma brilhante civilização, saqueando suas riquezas,
exterminando a população indígena e submetendo ao trabalho forçado os sobreviventes, até eliminá-los com
maus-tratos, doenças e fome.
A civilização maia foi dominada pelos espanhóis a partir de 1523, quando Pedro Alvarado, enviado
de Cortés chegou na península de Yucatán, na América Central. Os maias foram submetidos ao trabalho
forçado, perderam sua identidade cultural e acabaram destruídos.
Os incas habitavam na América do Sul tendo como centro de seu império, o Peru. Quando os
espanhóis chegaram (1531) comandados por Francisco Pizarro e Diego Almagro, o império encontrava-se
enfraquecido devido a luta dos irmãos Huáscar e Atahualpa pelo poder. Este enfraquecimento auxiliou a
dominação. Mesmo assim somente 40 anos depois, com a morte do último imperador, Tupac Amaru, o império
inca terminou.
A maior conseqüência da conquista européia na América foi o genocídio dos povos pré-colombianos.
Quando os europeus chegaram haviam 80 milhões de nativos e um século depois menos de 10 milhões de
habitantes.
As relações entre a metrópole espanhola e suas colônias na América eram regidas pelo Pacto
Colonial.
A Administração Espanhola
As terras americanas eram consideradas propriedade dos reis espanhóis. No início, as terras foram
entregues aos chefes conquistadores, os adelantados com amplos poderes como construir fortalezas, fundar
cidades, evangelizar os índios e deter o poder jurídico e militar.
Com a descoberta das minas e ouro e prata, a Coroa Espanhola redefiniu a administração da América.
As terras foram divididas em quatro vice-reinos: Nova Espanha, Nova Granada, Peru e Rio da Prata. Ao lado
deles, criou quatro capitanias gerais: Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile.
Na Espanha:
-Conselho das Índias: funcionava como Supremo Tribunal de Justiça, nomeava os funcionários das
colônias e regulamentava a administração da América;
Na América:
A autoridade principal era o Vice-rei. Tinha tantos poderes que o rei criou as audiências para vigiá-lo.
Eram tribunais que também tinham tarefas de administração e fiscalização. Haviam também os Cabildos, que
constituíam-se nas câmaras municipais da povoação, onde só participavam homens ricos e de prestígio
(criollos).
A Igreja era intimamente ligada ao Estado e, através de instrumentos como as Missões Religiosas,
contribuía para manter o domínio espanhol sobre as sociedades coloniais, mas, parte do Clero católico se
opunha à exploração do indígena, destacando-se os frades Bartolomé de Las Casas e Antonio Montesinos.
Entretanto, as leis de proteção ao nativo sempre foram desrespeitadas. Os jesuítas orientavam seu trabalho para
a formação de reduções, onde viviam milhares de indígenas que eram alfabetizados e catequizados e se
dedicavam à agricultura, à pecuária e ao artesanato. Com relação à escravidão do negro, a Igreja pouco se
manifestou.
A Sociedade colonial espanhola
-Criollos: espanhóis nascidos na América. Formavam a elite proprietária (donos das propriedades
rurais e das minas)e eram excluídos dos cargos dirigentes.
O Povo era composto por mestiços, índios e escravos que representavam a força produtiva,
trabalhavam para enriquecer seus senhores.
A Economia
A economia predominante na América espanhola era de base mineradora, baseada no Pacto Colonial.
Para que a fiscalização fosse efetiva, foi instituído o sistema de porto único, ou seja, toda mercadoria originária
das colônias americanas deveriam desembarcar, obrigatoriamente, no porto de Cádiz.
A organização do trabalho indígena se deu através da Mita e da Encomienda. Em outras regiões onde
escasseavam os indígenas, foi introduzida a escravidão negra.
- Mita: tipo de trabalho temporário (4 meses por ano) e obrigatório do índio nas atividades
mineradoras, era um trabalho realizado em condições precárias e tinha características de trabalho forçado. O
salário era reduzido.
A Espanha, nesta época, ainda era um país basicamente feudal. Por isso, o ouro e prata iam
principalmente para o estado e a nobreza, pouco influenciando a burguesia. Com esta riqueza a Espanha
importava manufaturas inglesas ao invés de investir no seu setor produtivo. Uma frase sintetiza esta situação:
“O ouro deixou buracos na América, palácios na Espanha e fábricas na Inglaterra”. Além disso, o
contrabando rolava solto na América, levando também grande parte do ouro espanhol.
Alheio às mudanças que ocorriam, o Império Colonial Espanhol continuava com as mesmas condições
A colônia continuava sob o pacto colonial que a impedia de produzir manufaturas e a obrigava a comerciar
A sociedade colonial estava dividida em: Chapetones (espanhóis, nascidos na metrópole, e que vinham
para a América, atuar nos mais altos cargos políticos e econômicos); Criollos (descendentes de espanhóis, nascidos
na América. Eram grandes proprietários rurais e mineradores, mas estavam excluídos do comércio exterior e não
tinham participação política ou social, pagavam elevados tributos e defendiam o liberalismo econômico e político);
Na segunda metade do século XVIII, surgiram algumas tentativas de lutar contra a opressão dos
colonizadores portugueses e espanhóis. No Peru, sob a liderança de Tupac Amaru, a revolta foi sufocada. No Brasil,
com a participação de Joaquim José da Silva Xavier, ocorreu a Inconfidência Mineira, sufocada com violência.
Para os Criollos, considerados como a elite da América Espanhola, era necessário libertar-se do domínio da
metrópole, que impedia o livre comércio com outras nações, especialmente a Inglaterra.
Também o governo inglês tinha especial interesse em ampliar o mercado consumidor para os produtos
surgidos em grande escala, com a Revolução Industrial. Desenvolvendo seu processo de industrialização, os ingleses
A Independência dos Estados Unidos também contribuiu decisivamente para desenvolver entre os Criollos
o desejo de romper as amarras impostas pela metrópole espanhola. Além disso, desde o início do século XIX, os
Estados Unidos pretendiam ampliar sua influência econômica e política, lançando a Doutrina Monroe: “A América
para os Americanos”. No entanto, o que eles pretendiam realmente era “A América para os americanos do norte”.
O desejo das colônias latino-americanas de tornarem-se independentes também foi fomentado pela invasão
da Espanha, pelo exército Napoleônico (1808). Os espanhóis formaram uma Junta para combater os franceses. Nas
colônias, os Criollos lideraram estas Juntas Governativas, organizados em Cabildos (câmaras municipais). Na
verdade, os Criollos pretendiam disfarçar suas intenções e promover a independência das colônias e assumir o
A partir de 1810, com o apoio da Inglaterra, surgiram as primeiras tentativas de emancipação no México,
Venezuela, Buenos Aires, Lima, Caracas e Bogotá. No entanto, foram derrotadas pelos espanhóis.
Neste período, surgiram líderes que compreenderam a necessidade de união da elite Criolla com o restante
da população.
Simon Bolívar e San Martin foram os nomes que se destacaram na luta pelas emancipação das colônias
latino-americanas.
Em 1811, o Paraguai se torna independente. Em 1817, San Martin liberta o Chile. Em 1821 o Peru se
Os movimentos de independência das colônias espanholas na América foram sangrentos e com base no
América Espanhola, a figura do “caudilho”, chefe político e militar, cuja atuação política baseava-se na autoridade
pessoal forte e paternalista perante o povo, na utilização de exércitos pessoais na repressão às camadas populares
rebeldes e nas disputas entre oligarquias, na manutenção do poder político por meio de eleições fraudulentas e na
permanência do modelo agro-exportador. O “caudilhismo” era fruto da anarquia política, da desordem e do atraso
econômico.
A situação da América Latina permaneceu sem alterações após a independência. Não houve
industrializados europeus, agora mais diretamente da Inglaterra. O controle do poder passou para as mãos da
oligarquia rural, dos Criollos. A grande massa populacional continuou sendo explorada nos latifúndios agrícolas.