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A PSICOPEDAGOGIA NO ÂMBITO INSTITUCIONAL: DEBATE,

“ESTRANHAMENTOS” E CONSTRUÇÃO NO ESPAÇO DA SUBJETIVIDADE

Seilla Regina Fernandes de Carvalho

RESUMO
Este artigo objetiva fomentar a reflexão sobre a atuação da Psicopedagogia como uma
ciência que contém em seu bojo teórico, um conjunto de referenciais que possibilita
repensar e analisar as interelações dos sujeitos em seus espaços reais e simbólicos a partir
da constituição do ser no processo de cognição social. Atuando na Instituição Escolar, pode
promover a reflexão sobre a natureza dos condicionamentos e dos sistemas de crenças que
sustentam o imaginário implícito na relação professor-aluno e assim potencializar e
ressignificar a aprendizagem dos sujeitos pertencentes ao coletivo de seres que apreende
novas realidades.

Palavras-chave: paradigma, educação, subjetividade, impermanência, sujeito, afetividade,


autonomia.

Uma das características do pensamento contemporâneo é lutar contra as dicotomias a que


tradicionalmente estamos habituados a pensar o mundo. Nesse aspecto é imprescindível ao
educador pensar sobre o protagonismo infantil dentro de um contexto social mais amplo, no
sentido de concepção de amanhã, pois, as crianças não são simples receptáculos em que os
adultos depositam seus conhecimentos. A criança é um ser social que interage com o
adulto, aprende e ensina e necessita ser olhada, educada e cuidada considerando o lugar de
sujeito histórico a que tem direito.

Em geral a escola mantém silêncio sobre o ‘Amanhã’, o tempo corre até uma parada
abrupta e a criança ou jovem aluno, tem seu foco dirigido ao passado. O futuro banido da
sala de aula reverbera nas ilhas de subjetividade desse sujeito e se afasta da consciência
gerando uma distorção no que se refere ao quantum de energia que ele dispreende para se
perceber de forma significativa e contextualizada no amanhã.

A quebra ou a manutenção de paradigmas se reflete nos movimentos que ocorre dentro da


escola e em sala de aula. A forma como o contexto escolar trata o exercício da
temporalidade não estará impedindo construções significativas do aluno em relação a si
mesmo como sujeito proativo, autônomo, gestor de idéias e pertencente a um grupo? O
conteúdo curricular trata de localizar o indivíduo no tempo de uma forma estagnada. O
passado - fatos, datas, vultos, narrativas de guerras e feitos heróicos - estudados
veementemente sem nenhum significado real a não ser o de manter o sujeito adaptado a um
estado temporal que o impede a ação crítica sobre essa realidade construída sem a sua
participação. Apenas em raros momentos ele chega a ser apresentado aos eventos atuais,
através da solicitação do professor de recortes de jornais ou que assista ao noticiário da TV.
Porém, nada que vá levá-lo a uma reflexão ou antecipação quanto a sua participação no
presente que é exercitar o futuro como uma dimensão que se encontra impregnada na ação
do aqui-agora existencial.

A escola deve estabelecer o compromisso com um trabalho, que vise o estabelecimento de


novas formas de saberes articuladores de uma nova concepção de mundo, pois,“ com
metodologias ativas e com a construção de grupos operativos, o que podemos observar é a
caracterização de um espaço onde emoção, prazer, subjetividade e ampliação de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades, mais abertas, proveitosas e onde a
dialogicidade seja uma constante possibilidade integradora.” (BEAUCLAIR, 2006).

Nesse contexto, onde a psicopedagogia no âmbito institucional tem atuação? Em todos os


lugares e neo-lugares que possibilitem gerar o movimento da reflexão sobre o
ensinar/aprender, trazendo à tona o exercício da sincronicidade, a vivência da homeostase,
a percepção da entropia, que são dinâmicas da natureza do ser humano visivelmente
passíveis de experimentação e aprendizagem dentro dos grupos.

A Psicopedagogia no âmbito institucional apresenta-se como corpo teórico que visa


integrar várias áreas do conhecimento e luta bravamente pelo reconhecimento da
interdependência dos vários aspectos da realidade. E se compromete a estudar os
encaminhamentos do indivíduo na sociedade. Um indivíduo que antes de tudo está inserido
em grupos, tais como: a escola, a família, a empresa, as associações e outros. Esses
encaminhamentos se processam nas esferas perceptuais e estruturais dos campos cognitivo,
afetivo e corpóreo, produzindo “uma forma de estar” consigo e com o outro que
dependendo da natureza desse movimento poderá produzir distorções na sua maneira de
apreender a realidade com conseqüências negativas/positivas na construção de
conhecimentos sejam eles formais ou informais.

O surgimento dessa área de conhecimento, a princípio se dá a partir da necessidade de se


compreender os até então chamados problemas de aprendizagem, via desenvolvimento
cognitivo,
afetivo e psicomotor. Porém, é possível constatar que atualmente as construções
psicopedagógicas detêm-se nas modalidades de aprendizagem a partir da constituição
psicológica, mesológica e histórico-cultural do sujeito, e vem para ampliar o olhar quanto a
essas questões. Além de propor métodos de intervenção com o objetivo de reintegrar o
aluno ao processo de construção do conhecimento, bem como, fomentar a reflexão sobre os
procedimentos didático-metodológicos e éticos que se dão no ambiente escolar e da sala de
aula. Nesse sentido, Scoz (1994, p. 22) observa que (...) os problemas de aprendizagem não
são restringíveis nem a causas físicas ou psicológicas, nem a análises conjunturais e sociais.
É preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensional, que amalgame fatores
orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, percebidos dentro das articulações
sociais (...).

A natureza da intervenção psicopedagógica reflete duas vertentes. Uma na dimensão


terapêutica e outra na dimensão preventiva. E diz respeito não só aos alunos, mas a toda
dinâmica desenvolvida dentro da instituição escolar. Essa forma de atuação da
Psicopedagogia visa favorecer os mecanismos presentes no aprender e ensinar com o outro,
tocando nas questões pertinentes às relações vinculares do aluno com a escola, com o
professor, com o corpo técnico-diretivo, administrativo e de apoio. Reeditar e redefinir os
procedimentos pedagógicos integrando todas as dimensões implícitas no saber são ângulos
de um mesmo fenômeno e devem ser articulados, refletidos a fim de que se possa
configurar numa quebra de paradigmas quanto aos processos educacionais.
A Psicopedagogia propõe uma reflexão sobre o inacabamento do homem e a
impermanência dos conceitos estabelecidos como imutáveis pelas agências de controle do
imaginário: escola, família, igreja, estado. Com uma escuta e olhar diferenciado num
processo analítico que se dá a partir do referencial da Matriz Diagnóstica apresentada pela
Epistemologia Convergente de Jorge Visca (1987), que apoiado em “princípios
interacionistas, construtivistas e estruturalistas, possibilita entre outras questões a leitura
dos sintomas que emergem na ação e interação social, voltada para o sujeito que aprende”.
(MONTE SERRAT, 2001).

Portanto, a partir de um referencial interdisciplinar e transdisciplinar como o da


Psicopedagogia, é possível estabelecer a convergência não só no que diz respeito aos
aspectos intrínsecos da educação formal, pois, um novo pensar o mundo/no mundo se faz
premente a fim de que o indivíduo possa conceber seu sentido de futuro e atemporalidade
significativa para gerar a auto-sustentabilidade psíquica e emocional na convivência como
ser inserido na coletividade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BEAUCLAIR, João. Novos paradigmas e educação: “recortes” psicopedagógicos. Disponível em: http://www.psicopedagogia.online.com.br-
Acesso: 08 mar. 2006.
BEAUCLAIR, João. Psicopedagogia institucional e formação do/a psicopedagogo/a numa perspectiva paradigmática: breve relato de uma
experiência em processo. Disponível em: http://www.psicopedagogia.online.com.br- Acesso: 09 mar. 2006.
BOSSA, Nádia. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática, Artmed: Porto Alegre, 2000, p. 90-94.
FAGALI, Eloísa Quadros; RIO DO VALLE, Zélia Rio. Psicopedagogia institucional aplicada: a aprendizagem escolar dinâmica e a construção na
sala de aula, Vozes: Petrópolis, 1993, p. 9-11.
MONTE SERRAT, Laura. A Psicopedagogia no Âmbito da Instituição Escolar, Expoente: Curitiba, 2001. In. A Leitura do Emergente e do
Latente na Instituição Escolar, p. 135-180.

Publicado em 12/04/2007 17:03:00

Seilla Regina Fernandes de Carvalho - Pedagoga (UNEB-BA), concluinte do curso de


Especialização em Psicopedagoga Clínica e Institucional (FAP-PR), com habilitação na
Docência do Ensino Superior, Orientadora em Projetos de Educação Sexual de Crianças e
Adolescentes, Integrante da Equipe de Avaliação do Prêmio Pólo de Incentivo à Educação
do COFIC – Comitê de Fomento Industrial de Camaçari – Ba.

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