Vous êtes sur la page 1sur 38

UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – I.C.S.


GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

Adriana Almeida Azambuja


Gabriela Sousa Gonçalves
Rosane Barreto Cardoso
Silmara Filomena Negrão Rybzinski Pinto

TERAPIA COMUNITÁRIA: UM NOVO DESAFIO PARA O


ENFERMEIRO EM SAÚDE MENTAL

São José dos Campos – SP


2007
Adriana Almeida Azambuja
Gabriela Sousa Gonçalves
Rosane Barreto Cardoso
Silmara Filomena Negrão Rybzinski Pinto

TERAPIA COMUNITÁRIA: UM NOVO DESAFIO PARA O


ENFERMEIRO EM SAÚDE MENTAL

Projeto apresentado como parte dos requisitos


para a conclusão do Curso de Graduação em
Enfermagem oferecido pela Universidade
Paulista, campus São José dos Campos, sob
orientação da Prof. MSc. Ana Lúcia Braz Rios
Pereira e co-orientação do Prof.. Dr. Ricardo
Ruiz Martuci.

São José dos Campos – SP


2007
Adriana Almeida Azambuja
Gabriela Sousa Gonçalves
Rosane Barreto Cardoso
Silmara Filomena Negrão Rybzinski Pinto

TERAPIA COMUNITÁRIA: UM NOVO DESAFIO PARA O


ENFERMEIRO EM SAÚDE MENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de


Enfermagem oferecido pela Universidade Paulista de São José dos
Campos, como requisito à obtenção do título de Graduação em
Enfermagem, aprovado com conceito [ ].

São José dos Campos (SP), de de 2007.

___________________________________________
Professor Orientador MSc. Ana Lúcia Braz Rios Pereira

___________________________________________
Prof. Enf. Nelsina Benedita do Carmo

__________________________________________

Prof. Enf.Silvana Aparecida dos Santos


Dedicamos esta pesquisa a todos os educadores que
contribuíram, direta ou indiretamente, com suas ações e
observações, incentivando-nos a aprimorar os estudos e
refletir sobre o papel que devemos desempenhar nos
próximos anos.

Aos nossos familiares, que nos encorajaram e


incentivaram apoiando-nos nos momentos difíceis e em
especial aos nossos pais e companheiros que, através de
seus conhecimentos e sabedorias, demonstram que num
simples olhar de compreensão existe uma lição a ser
aprendida.

“Que passem os anos... Mas não passem nossos


ideais.“
Agradecimentos

À Deus, pela sua presença constante em nossas


vidas, sem que precisássemos pedir. Pelo auxílio em
nossas escolhas e conforto nas horas difíceis, por todas as
bênçãos que nos concedeu que muitas pessoas chamam de
sorte ou de coincidência.

À Universidade Paulista pela oportunidade de


engrandecer nossos conhecimentos.

À Coordenadora do curso de Enfermagem Enf. Prof.


Stela Márcia Draib Gervásio, por sua colaboração e
presença durante nossa formação acadêmica.

À Professora MSc. Ana Lúcia Braz Rios


Pereira “que quando deveria ser simplesmente professora,
foi mestre, que quando deveria ser mestre, foi amiga e em
sua amizade nos compreendeu e nos incentivou a seguir
nosso caminho". Que nos deu uma atenção
individualizada num momento de tantas pressões, como
um presente pessoal.

Nossa gratidão ao Prof. Dr. Ricardo Ruiz


Martuci, por sua co-orientação, suas valiosas críticas e
grande apoio durante o processo desta pesquisa,
especialmente pela correção deste trabalho.

À Filomena Gorgulho, bibliotecária da instituição,


pela sua atenção, auxílio, orientação e paciência na
realização deste trabalho.

As escolhas têm seu preço e um pesquisador, mesmo


que aprendiz, normalmente se distancia dos familiares e
amigos. Agradecemos, por toda a paciência de nossas
famílias, nos diversos momentos desta árdua pesquisa,
sempre presentes, compreendendo nossa ausência e nos
fazendo acreditar que tudo é possível.

À minha mãe Lourdes e a minha tia Lásara, que


com muito carinho e apoio não mediram esforços para
que eu chegasse até esta etapa da minha vida, e a minha
família que sempre me apoiou, me ajudou e me incentivou
em tudo.

Agradeço ao meu marido João Paulo, todo amor,


carinho, compreensão, paciência e respeito.
Gabriela Sousa Gonçalves

Ao meu marido Alexandre Magno Pinto e aos


meus filhos Mila Roberta e Lucas Rybzinski, porque
souberam tolerar e compreender o meu estranho mau
humor em determinados momentos desta pesquisa, com
sabedoria. "O amor não consiste em olhar um para o
outro, mas sim em olhar juntos para a mesma direção."
(Saint-Exupéry). Amo vocês.
Silmara F. N. Rybzinski Pinto

Aos colegas que não se deixaram levar pelas pressões


e contribuíram uns com os outros, para a realização de
cada um dos projetos, sendo possível viver momentos de
confraternização e celebração juntos.
Esta experiência foi e será inesquecível na vida de
todos que se empenharam, dedicando seu tempo e
paciência para que o objetivo fosse alcançado.
“Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se
reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre,
mesmo que não tenham nada em comum, somente
compartilhar as mesmas recordações”.

Vinícius de Moraes
RESUMO

Referência Bibliográfica – Azambuja A A, Gonçalves G S, Cardoso R B, Pinto S F N


R, Pereira A L B R, Martuci R R. “Terapia Comunitária: Um Novo Desafio para o
Enfermeiro em Saúde Mental”.

A terapia comunitária é um novo instrumento que age na prevenção e


na promoção da saúde mental, atuando na valorização das experiências da
comunidade, dando a ela subsídios para tentar superar as suas próprias
dificuldades. O tratamento está centrado não só nos pacientes com distúrbios, mas
principalmente na prevenção da doença mental na comunidade, diminuindo o
aparecimento, duração e incapacidade residual de um problema mental. O papel do
enfermeiro neste contexto é muito importante ao se capacitar para atuar de maneira
positiva e útil nas atividades desempenhadas dentro da terapia comunitária e assim
efetivamente colaborar na prevenção dos problemas apresentados. Embora em
algumas cidades brasileiras como São Paulo, Sobral, Londrina e Fortaleza, a terapia
comunitária esteja em um estágio avançado e seu método já tenha sido absorvido
como estratégia de tratamento na rede pública, este trabalho está apenas
começando no município de São José dos Campos. Sensível à esta situação, este
trabalho tem o objetivo de fazer um folheto explicativo contendo informações claras,
objetivas em uma linguagem acessível que irá servir de ferramenta para os
enfermeiros e demais profissionais da área de saúde na orientação e divulgação da
terapia comunitária no Município. Utilizaram-se como fonte para elaboração deste
trabalho informações teóricas contidas em livros específicos de Enfermagem e
psiquiatria, bem como artigos encontrados em revistas científicas além de
informações atualizadas encontradas por meio de buscas em “sites” da internet.

Palavras-chave: Terapia comunitária. Prevenção primária. Saúde mental.


ABSTRACT

Bibliografic References - Azambuja A A, Gonçalves S G, Cardoso R B, Pinto S F N


R, Pereira A L B R, Martucci R R. “Comunitarian Therapy: A New Chalenge to the
Mental Health Nurse”.

Communitarian Therapy is a new instrument that acts in the prevention and


the promotion of mental health, working on enhancing the experience of the
community, giving it subsidies to try to overcome their own difficulties. The treatment
is centered not only in disturbed patients but mainly in the prevention of mental
illnesses in the community lowering the incidence duration and residual disability of
mental diseases. The role of the nurse in this context is very important once she
prepares herself to act in a positive and useful way in the activities that take place in
the communitarian therapy and thus effectively cooperate in the prevention of
presented problems. Although in some Brazilian cities such as São Paulo, Sobral,
Londrina and Fortaleza the communitarian therapy is in an advanced stage and its
method has already been absorbed as a strategy for treatment in the public network,
the work is just beginning in the city of São José dos Campos. Sensitive to this
situation, this work is intended to make an explanatory leaflet containing clear and
objective information in simple language that will serve as a handy tool to nurses and
other health professionals in the guidance and dissemination of the communitarian
therapy in the city. Were uses as sources for the preparation of this work theoretical
information contained in specific nursing and psychiatry books as well as articles
found in scientific journals in addition to updated information found through searches
on "sites" of the internet.

Keywords: Communitarian therapy. Primary prevention. Mental health.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CE – Ceará
CAPS - Centro de Atenção Psicossocial
NAPS – Núcleos de atenção Psicossocial
ONG – Organização Não Governamental
OMS – Organização Mundial de Saúde
OPS - Organização Pan Americana da Saúde
PR – Paraná
SP – São Paulo
SUS – Sistema Único de Saúde
UBS - Unidades Básicas de Saúde
UFC – Universidade Federal do Ceará
LISTA DE QUADRO

Quadro 1 – Promoção à Saúde Mental.................................................................................................16


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................13

1.1 História da terapia comunitária .......................................................................18

1.2 Terapia comunitária ........................................................................................19

1.3 Objetivos da terapia comunitária ....................................................................23

1.4 Comunidade ...................................................................................................24

1.5 Terapeuta comunitário....................................................................................25

1.6 O papel do enfermeiro ....................................................................................26

2 OBJETIVO GERAL.........................................................................................28

2.1 Objetivo específico .........................................................................................28

3 JUSTIFICATIVA .............................................................................................29

4 MÉTODO........................................................................................................30

5 RESULTADOS ...............................................................................................31

6 CONCLUSÃO.................................................................................................34

REFERÊNCIAS.........................................................................................................35
13

1 INTRODUÇÃO

Considera-se saúde mental a ausência de distúrbio mental ou


comportamental; um estado de bem-estar psíquico em que o indivíduo
satisfatoriamente equilibra seus instintos de forma aceitável tanto para si quanto
para a sociedade [1].
A saúde mental proporciona um vasto campo de conhecimento. Trata-
se de uma grande área de atuação multidisciplinar visando estudar, pesquisar e
entender o ser humano num enfoque biopsicossocial e a sua relação com o normal e
o patológico, bem como prevenir as manifestações psicopatológicas que possam
advir [2].
Os Transtornos psíquicos existem desde a antiguidade e durante a
Idade Média a doença mental era atribuída a causas de tipo religioso, uma visão
antiga da psicologia. Foi somente no final do século XVII que esta passou a ser
incluída nas disciplinas médicas [2; 22].
A falta de conhecimento, entre outros motivos, fez com que os
profissionais criassem os manicômios como forma de tratamento, isolando o doente
do mundo exterior. Baseavam-se na psiquiatria clássica ao considerar a doença
mental como um distúrbio ou anomalia de natureza anatômica ou fisiológica que
provocava distúrbios do comportamento, da afetividade e do pensamento [11].
A assistência de Enfermagem prestada ao indivíduo com problemas
mentais limitava-se à vigilância, ao controle, manutenção da vida dos doentes e a
supervisão e execução de tratamentos prescritos [23].
A necessidade de hospitalização foi fortalecida com a descoberta dos
psicofármacos e a utilização do eletroconvulsoterapia e choque insulínico. O
atendimento na área da saúde mental, no Brasil, também se fundamentou na
hospitalização e ambulatorial, como única forma do indivíduo obter assistência [2].
Nos anos de 1940 a 1950 que surgiram os primeiros trabalhos
enfatizando a importância do conhecimento científico de psicologia e psiquiatria
como também o relacionamento enfermeiro - paciente. Até 1953 a psiquiatria
continuou centrada nos hospitais e nas instituições psiquiátricas que permaneciam
isoladas da comunidade [22; 11].
Os anos 50 e 60 marcam início da aplicação de novas abordagens
14

relacionadas com o tratamento e reabilitação dos doentes mentais. Foram três os


desenvolvimentos que contribuíram para mudança na assistência psiquiátrica: o
crescimento dos psicofármacos, o desenvolvimento de uma nova filosofia de saúde
mental comunitária e a descentralização geográfica com a construção de grandes
hospitais psiquiátricos distritais [22].
Na década de 70, no contexto dos movimentos de redemocratização,
surgiram no Brasil questionamentos em relação à atenção a saúde mental, gerando
reflexões sobre a doença mental e sua relação com as instituições, os saberes e a
sociedade [23].
No final deste período surgiu o projeto da reforma psiquiátrica,
processo histórico de formulação crítica e prática que tem como estratégia o
questionamento, objetivo e a elaboração de propostas de transformação do modelo
clássico e do paradigma da psiquiatria [4; 25].
Com esse projeto criaram-se novas propostas para assistência
prestada à pessoa em sofrimento psíquico: desinstitucionalização, criação de novos
serviços como o centro de atenção psicossocial (CAPS), os núcleos de atenção
psicossocial (NAPS), os hospitais-dia, as unidades psiquiátricas em hospitais gerais,
a reabilitação psicossocial, o resgate da cidadania, a interdisciplinaridade, e as
psicoterapias [23].
Em 1988, criou-se o Sistema Único de Saúde – SUS, que estabelece
as condições institucionais para a implementação de novas políticas de saúde, entre
as quais a de saúde mental [19].
A assistência de Enfermagem com essa nova proposta passa a ser de
vigilância e controle sendo o trabalho caracterizado pelo estímulo a cidadania,
construção da autonomia do doente, conscientização, auto - conhecimento e
reinserção do indivíduo na sociedade [23].
Com a substituição do modelo assistencial centrado no hospital
psiquiátrico pelo modelo de atendimento diversificado, tornou-se necessária uma
política de extensão dos hospitais e aumento dos serviços extra-hospitalares. Neste
modelo, a porta de entrada da assistência são as unidades básicas de saúde e
ambulatórios de saúde mental, ficando os hospitais como uma retaguarda para
atender a situações de crise ou de profunda dependência física ou mental [11].
Atualmente o foco das atenções está centrado não só nos pacientes
com distúrbios, mas na prevenção da doença mental da população em geral,
15

diminuindo o aparecimento, duração e incapacidade residual de um problema


mental, desenvolvendo ações terapêuticas as quais contemplem novas formas de
tratamento [11; 20].
Essa proposta surge em face de uma grande demanda relacionada às
ansiedades, depressões, processo produtivo, stress, doenças psicossomáticas
relacionadas ao trabalho, violência urbana e somatizações que expressam, através
do corpo, o sofrimento provocado pelos conflitos e crises vivenciados pela existência
humana [20].
No modelo preventivo, a psiquiatria comunitária fundamenta-se na
detecção e intervenção precoce das situações de risco para a saúde da pessoa e
das populações. Seus objetivos estão relacionados com fatores biopsicossociais e
como estes influenciam as causas, expressões e curso das perturbações
psiquátricas [26; 24].
A nível de cuidados de atenção primária, o enfermeiro torna-se
fundamental para a identificação precoce das possíveis situações de problemas
mentais contribuindo com a promoção e prevenção á saúde mental [26].
A prevenção é o esforço preventivo que se baseia no estudo dos
padrões das forças que influenciam a vida das pessoas de modo a diminuir o risco
do distúrbio mental. A partir dessa idéia estabeleceu tipos de prevenção em
psiquiatria [29].
A prevenção em saúde mental baseia-se nos princípios de saúde
pública, sendo dividida em três grupos: primária, secundária e terciária:

a) prevenção primária: visa evitar o aparecimento de uma


doença ou transtorno mental, reduzindo assim sua
incidência;
b) prevenção secundária: busca a identificação precoce e o
pronto tratamento de uma doença ou transtorno mental,
reduzindo a prevalência da condição pelo encurtamento de
sua duração. Ocorre a intervenção da crise e
conscientização da população;
c) prevenção terciária: consiste na remissão dos sinais ou
incapacidades residuais causados pela doença ou
transtornos mentais. Emprega esforços para possibilitar
16

que pessoas com doença mental crônica alcancem o nível


mais alto de funcionamento possível [1].

Nível de Cuidado Objetivos


• Prevenir e/ou diminuir incidência de doença mental através do
trabalho com a comunidade.
• Detectar e tratar precocemente doença mental para impedir seu
agravamento.
Prevenção Primária • Prevenir a marginalização dos indivíduos com distúrbios mentais
desenvolvendo trabalho com a comunidade e grupos específicos.
• Dar assistência aos familiares dos indivíduos com problemas
mentais.
• Encaminhar ao ambulatório de referência ou hospital os que
necessitam de assistência intensiva.
• Ofertar programas de atendimento ambulatorial adequado e
resolutivo.
• Dar assistência e agir terapeuticamente com os familiares dos
Prevenção doentes.
Secundária • Garantir o seguimento ambulatorial dos egressos de
hospitalizações.
• Trabalhar junto á população e desenvolver ações educativas.
• Encaminhar para hospitalização os casos mais graves.
• Desenvolver ações terapêuticas multiprofissionais para a remissão
de sinais e/ou sintomas que motivaram a internação.
Prevenção Terciária • Envolver a família ou responsáveis durante o período de internação
fornecendo orientações necessárias
• Reforçar a importância do seguimento ambulatorial nos serviços
extra-hospitalares, após a alta hospitalar.

Quadro 1 – Promoção à Saúde Mental [11].

A prevenção deve oferecer um acesso mais fácil e rápido a quem


necessite de auxilio na área de saúde mental, corrigir a tendência da assistência de
centrar-se no hospital e na terapia medicamentosa, oferecendo alternativas
mediante o trabalho da equipe multiprofissional [3].
A equipe multiprofissional é composta por psiquiatra, psicóloga,
17

fisioterapeuta, psicoterapeuta, nutricionista, psicanalista, assistente social, terapeuta


ocupacional, enfermeiro e fonoaudiólogo [3].
O papel do enfermeiro é de agente terapêutico, promovendo o
relacionamento com o paciente e a compreensão do seu comportamento, não tendo
como objetivo o diagnóstico clínico ou a intervenção medicamentosa, mas sim o
compromisso com a qualidade de vida cotidiana do individuo em sofrimento seu
psíquico. [11].
A Organização Mundial da Saúde - OMS e a Organização Pan
Americana da Saúde – OPS ambas entendem que a maioria dos transtornos são
preveníveis e como tal devem ser encarados como prioridade política dos governos,
evitando assim mais dano a saúde das pessoas [10].
O SUS, em sua conjuntura atual, tem como foco principal a assistência
a pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde,
através de ações assistenciais integradas e das atividades preventivas que
preconiza a lei 8080/90. Estas ações se estendem também para o campo de
atenção à saúde mental [10; 13].
As áreas de saúde coletiva e saúde mental no Brasil passam por um
período de transição entre dois modelos de cuidado: o enfoque individual, curativo,
discriminador e excludente e o outro cujo eixo é o coletivo, valoriza a promoção da
saúde e a prevenção do adoecimento. A pessoa é estimulada a ser agente da sua
própria saúde e da saúde da comunidade que integra, essa transição foi fortemente
marcada na década de 80 a 90 [27].
O Governo Brasileiro vem adotando como política de saúde publica a
inclusão da Terapia comunitária como um meio de prevenção e promoção à saúde
mental da população promovendo a redução de custos e diminuindo a demanda no
sistema de saúde [5].
As terapias grupais têm-se revelado como uma atividade cada vez
mais importante de resgate à socialização dos indivíduos e combate ao
individualismo. Através do grupo, o indivíduo desenvolve habilidades nas suas
relações pessoais e troca de experiências [23].
A terapia comunitária é um instrumento capaz de realizar a promoção
da saúde mental, trabalhando através da valorização das experiências da
comunidade dando a ela capacidade de superar as dificuldades contextuais,
aumentando o seu poder de participação na vida social [5].
18

Em algumas cidades brasileiras como São Paulo (SP), Sobral (CE),


Londrina (PR) e Fortaleza (CE) a terapia comunitária está em processo avançado e
seu método já foi absorvido como estratégia de tratamento na rede pública [5].
Em São José dos Campos, a terapia comunitária foi implantada em
março de 2006, e abrange trinta e três unidades de saúde da rede pública entre
quarenta unidades básicas de saúde existentes no município [21].
As reuniões dos grupos são semanais, com duração de uma hora e
meia. Cada sessão é acompanhada por profissionais de saúde treinados para esse
tipo de trabalho. Aproximadamente sessenta pessoas foram selecionadas para o
treinamento de liderança das sessões de terapia, entre elas os enfermeiros [21].

1.1 História da terapia comunitária

No ano de 1988, em Fortaleza nasceu à terapia comunitária, seu


criador foi o Prof. Dr. Adalberto Barreto, médico psiquiatra, teólogo, terapeuta
familiar e professor do Departamento de Saúde Mental Comunitária da Universidade
Federal do Ceará [6; 7].
Dr. Adalberto Barreto nasceu em 03 de junho de 1949 na cidade de
Canindé (sertão nordestino), onde viveu toda sua infância. Estudou psiquiatria e
antropologia na Europa. A psiquiatria e a psicanálise permitiram-lhe uma
compreensão melhor sobre os mecanismos inconscientes que regem os
comportamentos e as atitudes humanas, como também a compreensão sobre os
mecanismos inconscientes de comunicação e de exclusão [7; 10].
A antropologia tem uma visão do universo cultural do homem na qual
comprende-se que toda cultura, todo indivíduo, tem direito à diferença e que a
cultura responde a um desejo maior do ser humano de nutrir a sua identidade [7; 10].
A preocupação com pessoas excluídas levou-o a realizar um trabalho
na favela do Pirambu, Fortaleza: o Projeto Quatro Varas. Chegou ao projeto através
de seu irmão o advogado Airton Barreto, que residia em Pirambu. Coordenador do
Centro dos Direitos Humanos do Pirambu - amor e justiça, este encaminhava os
pacientes para atendimento psiquiátrico por Dr. Adalberto e seus alunos [6; 7; 14].
No início, o atendimento era feito no Hospital Universitário, mas, devido ao aumento
19

da demanda, Dr. Adalberto resolveu fazer o atendimento na própria favela, com seus
alunos, vivenciando o viver das pessoas em seu próprio contexto [7].
A primeira sessão teve a participação de 36 pessoas. Hoje, dezoito
anos depois, participam em média 120 pessoas por sessão semanal [8; 14].
Na favela encontrou muitas crianças, homens e mulheres que estavam
em busca de suas identidades ameaçadas e perdidas. A partir de então, decidiu
criar o Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitário, e consequentemente, a
terapia comunitária Sistêmica Integrativa [6; 7].

1.2 Terapia comunitária

A palavra terapia vem do grego que significa acolher, ouvir, ser


continente. O termo comunidade é formado pela junção de duas palavras: comum +
unidade, ou seja, associação de pessoas que tem algo em comum [7].
Terapia comunitária é um instrumento terapêutico, uma nova
abordagem de acolhimento da dor e do sofrimento em grupo. Nele as pessoas
dividem experiências de vida e sabedoria de forma horizontal e circular com a
finalidade de promover a saúde e a atenção primária em saúde mental [7; 8].
A terapia comunitária é definida como um espaço de continência (termo
Bioniano), de partilha da sabedoria e do sofrimento vivenciado no cotidiano. A base
teórica situa-se em Wilfred Bion. Teoria psicanalítica da vincularidade, ou psicanálise
vincular. Bion criou grupoanálise [30; 32].
É um espaço de reflexão, aprendizagem, busca para solução de
conflitos relatados pelos participantes, que, incentivados pelo terapeuta, partilham
questões ou dificuldades que os afligem no momento [7].
Através da terapia comunitária surge a construção de vínculos
solidários. Cria-se uma rede de apoio social que previne a desintegração social,
integra e une indivíduo tal qual o trabalho da aranha, que tece teias invisíveis mas
fortíssimas [7].
20

Segundo os índios, a aranha é o animal preocupado em


construir sua teia. A teia, que é a fonte de vida da aranha, é
também o seu vínculo vital. Ela é a sua moradia, é o seu
alimento, é o seu transporte. Deste encontro, as duas
comunidades se beneficiaram (Barreto, 2005).

Em outros modelos de atenção centram como enfoque a patologia e as


relações individuais, a terapia comunitária propõe uma mudança na abordagem
ampliando o ângulo da ação, procura ir além do unitário para atingir o comunitário [7].
As três características básicas da terapia comunitária são:

a) promover um trabalho de saúde mental preventiva e curativa,


engajando os elementos culturais e sociais da comunidade;
b) desenvolver trabalhos comunitários favorecendo a formação
de grupos de mulheres, jovens e pessoas de terceira idade,
para que, juntos, busquem soluções para os problemas
cotidianos;
c) instituir gradualmente a consciência social, tornando os
indivíduos conscientes da origem e das implicações sociais
da miséria e do sofrimento humano [7].

A terapia comunitária acontece por meio de reuniões com a


comunidade e pode ser aplicada em quaisquer espaços comunitários tais como em
escolas, igrejas, pátios e salões de espera de postos de saúde, hospitais e outros
espaços institucionais. Desde que definidos pela própria comunidade, ela pode
acontecer até mesmo ao ar livre [7; 9].
Os grupos são formados por pessoas nas mais variadas idades e
situações que buscam a resolução de problemas pessoais gerais ou específicos [28].
A participação da comunidade é fundamental para o sucesso das
reuniões, sendo importante uma equipe de animação com violeiros, sanfoneiros,
grupos musicais e folclóricos que enriqueçam a terapia e uma equipe de apoio
encarregada da divulgação do local e de outras atividades [7; 18].
A terapia comunitária desenvolve-se em seis etapas, a saber:

a) acolhimento - Acolher o grupo, dar as boas vindas,


ambientar o grupo, deixando os participantes à vontade. São
21

comemorados os aniversariantes do mês como gesto de


valorização da pessoa. Neste momento são informados os
objetivos e regras da terapia [7].
As principais regras para um bom andamento da terapia são:

a.a) fazer silêncio para poder ouvir quem está


falando;
a.b) falar da própria experiência utilizando a
primeira pessoa do singular eu;
a.c) não dar conselhos, como também não
fazer discursos ou sermões;
a.d) é permitido cantar músicas conhecidas,
contar piadas, histórias ou citar provérbios
relacionados ao tema em discussão;
a.e) a história de cada pessoa deve ser
respeitada [7].

b) escolha do tema - O terapeuta pergunta ao grupo se alguém


gostaria de começar a falar sobre o que está lhe fazendo
sofrer. Os participantes relatam seus conflitos, o grupo
escolhe o tema do dia através de votação. Após a escolha
do tema, o terapeuta passa a palavra à pessoa cujo
problema foi escolhido para ela falar sobre seu sofrimento e
solicita ao grupo fazer perguntas, a fim de que se
compreenda melhor a dificuldade apresentada. A discussão
para a escolha do tema do dia é muito importante, pois
oferece uma oportunidade de aprender a estabelecer
critérios para priorizar aquilo que é mais urgente, mais grave.
Este tema escolhido é também chamado de mote;
c) contextualização – Nesta etapa são pedidas mais
informações sobre o assunto, para que se possa
compreender o problema no seu contexto. Durante a
contextualização o terapeuta deve atentar para falas e
respostas, anotando palavras chave que ajudarão a construir
22

os motes. Somente após o terapeuta ter formulado o mote se


poderá passar para a próxima etapa;
d) problematização - Nesta etapa, a pessoa que expôs seu
problema fica em silêncio. Ela não recebe perguntas e o
terapeuta apresenta o mote para reflexão do grupo. Ele
convida os outros participantes a partilharem experiências
pessoais semelhantes às relatadas durante a
contextualização. Esta etapa geralmente dura 45 minutos.
Através do mote o terapeuta convida o grupo a se
inconcientizar;
e) rituais de agregação e conotação positiva – O terapeuta dá
ao caso trabalhado uma conotação positiva. Isso permite que
os indivíduos repensem seu sofrimento de forma mais ampla,
ultrapassando os efeitos imediatos da dor e da tristeza. Trata
de reconhecer, valorizar e agradecer o esforço, coragem e
determinação de cada um, que em outras circunstâncias são
ofuscados pela a dor e o sofrimento. O ritual de agregação é
importante, pois permite que os participantes regressem à
suas casas sentindo-se parte de um grupo, de uma
comunidade. Deve-se perceber que a comunidade é um
recurso valioso nos momentos difíceis;
f) avaliação – Nesse momento procura-se verificar a conduta
da terapia e o impacto da sessão sobre os terapeutas para
se avaliar a formação do terapeuta e o reconhecimento do
grupo como fonte de conhecimento [7].

A terapia comunitária está alicerçada em cinco grandes eixos teóricos:

a) o pensamento sistêmico - relata que os problemas só são


compreendidos e resolvidos se forem percebidos como parte
de um todo: biológico (corpo), psicológico (mente e
emoções) e social (sociedade). Cada parte influência e
interfere na outra;
b) a teoria da comunicação - a comunicação entre as pessoas é
23

o elemento que une os indivíduos, a família e a sociedade,


permitindo compreender todo ato (verbal – não verbal)
individual ou grupal, possibilitando entender os significados e
sentidos do comportamento humano;
c) a antropologia cultural - esta ciência chama à atenção a
importância da cultura, que é o elemento de referência de
nossa identidade, interferindo de forma direta na resposta às
perguntas “quem eu sou, quem somos nós”. A partir deste
ponto podemos nos aceitar e nos amar para aceitarmos e
amarmos o outro;
d) a pedagogia de Paulo Freire - definida como pedagogia
libertadora, lembra que ensinar não é apenas uma
transferência de conhecimentos e sim o exercício do diálogo,
da troca, da reciprocidade, ou seja, de um tempo para falar,
escutar, aprender e ensinar;
e) a resiliência - é um dos pilares fundamentais da terapia
comunitária. É a capacidade dos indivíduos, famílias e
comunidade de superar as dificuldades contextuais. É o
relato pessoal de cada individuo. Nele não são identificadas
às fraquezas e carências, ao contrário, é identificada a força
e a capacidade dos mesmos de encontrar suas próprias
soluções. Resignificar os objetos internos de cada indivíduo,
aumentando sua resiliência [7].

1.3 Objetivos da terapia comunitária

Os principais objetivos da terapia comunitária são:

a) fortalecer o papel da família e da rede de relações que ela


estabelece;
b) reforçar a auto-estima individual e coletiva;
c) reforçar e redescobrir a confiança interna de cada indivíduo,
24

para que descubra a sua capacidade de evoluir e de se


desenvolver como pessoa;
d) promover sentimentos de união em cada pessoa, família e
grupo social, assim identificando seus valores culturais;
e) possibilitar uma comunicação eficiente entre as diferentes
formas do saber popular e saber científico;
f) prevenir e combater as situações de desintegração dos
indivíduos e das famílias, através da restauração e
fortalecimento dos laços sociais, favorecendo o
desenvolvimento comunitário [7].

1.4 Comunidade

Comunidade vem do latim communitas, de cum + unitas, quando


muitos formam uma unidade. É uma unidade estruturada e organizada de grupos
aos quais o indivíduo pertence necessariamente [27].
Quando nos referimos à comunidade devemos relacioná-la a grupos de
pessoas ou pessoas que compartilham condições semelhantes de vida, econômicas,
culturais, políticas, sociais, religiosas e espirituais, mesmo que existam diferentes
níveis de viver essas condições [7].
A comunidade não é toda homogênea, uma vez que existe diversidade
em seu seio. Para que a comunidade exista é preciso um aspecto fundamental: a
interação entre as pessoas, conhecendo-se [7]..
A comunidade evolui e se modifica. Da mesma forma, a terapia
comunitária no interior de uma escola, um hospital ou outra instituição também se
caracteriza como uma comunidade durante o encontro e desfaz-se para transformar-
se possivelmente em rede de relações vinculares a partir do momento em que o
encontro termina [12].
25

1.5 Terapeuta comunitário

O terapeuta deve proporcionar à comunidade alívio das suas


ansiedades, angústias, frustrações, estresses e sofrimentos, através da troca de
experiências vividas. Ele não resolve diretamente os problemas das pessoas, mas
cria uma rede de apoio aos que sofrem, possibilitando a partilha de seus conflitos, e
o encontro de soluções da problematização individual do grupo [7].
A formação de terapeutas comunitários está acessível aos profissionais
das áreas de saúde tais como: enfermeiros, médicos, educadores, trabalhadores
sociais, agentes sociais e também a todos que desejam dedicar-se ao trabalho
comunitário [8].
O trabalho do terapeuta comunitário se resume em proporcionar um
ambiente de escuta, voltado para o enriquecimento dos vínculos entre os
participantes, apresentando assim a partilha das experiências [7; 8].
O terapeuta comunitário deve estar consciente dos objetivos da terapia
e dos limites de sua intervenção. Deve trabalhar a competência das pessoas
procurando, sempre através de perguntas, o saber produzido pela vivência do outro,
resgatando e valorizando o saber produzido pela experiência e pela vivência de
cada um [7].
Deve ajudar o outro a nascer e concebê-lo capaz de fazer opções, de
ser livre para continuar o seu caminho de vida. Através de perguntas e da qualidade
da escuta pode auxiliar as pessoas a tornar mais claras suas questões e fazer
descobertas próprias [7].
Cabe também ao terapeuta comunitário provocar nas pessoas e no
grupo, a vontade de sempre construir vínculos que confiram segurança e inclusão.
Estimular e criar uma dinâmica interativa, marcada pela verbalização e pela escuta,
através dos motes. Estimular os laços afetivos entre as pessoas e procurar intervir
como um comunicador, clareando as mensagens. Deve também interagir em
igualdade e falar de seus sentimentos [7].
O terapeuta comunitário não deve fazer interpretações ou análises,
assumindo um papel de especialista (psicólogo, psiquiatra), pois esses especialistas
desenvolveram habilidades para saber lidar com os traumas profundos e com as
doenças [7].
26

É ideal que o terapeuta escolhido seja um líder que esteja presente na


comunidade como educador, tal como um representante de ONG, líder civil e ou
religioso, profissional da saúde que se sentem tocados pelo apelo social [7, 31].
Alguns critérios devem nortear a escolha do terapeuta comunitário:

a) ser escolhido pela comunidade. Para que tenha respeito e


confiança da mesma é ideal que seja alguém já engajado em
trabalhos comunitários;
b) ter consciência de que o trabalho realizado não traz
nenhuma remuneração financeira e que exige
disponibilidade de no mínimo três horas de trabalho
semanal. Além disso, deve ter tempo disponível para a
formação, o que exige afastar-se de suas famílias e suas
atividades normais por algum tempo;
c) ter pensamento aberto para participar das práticas
vivenciadas durante o curso e ser uma pessoa madura, que
não seja preconceituosa e super rígida;
d) ter equilíbrio emocional, ser uma pessoa educada e ter
conhecimento das atividades desenvolvidas no município
para a terapia comunitária, dando apóio às outras atividades
se necessário [7].

1.6 O papel do enfermeiro

A idéia de uma Enfermagem comunitária, focada no trabalho com as


famílias, não é nova. Ela já era praticada nos centros inovadores da Enfermagem
em cuidados de saúde primários, em Portugal, e recebeu novo impulso na
Conferência Européia de Munique, 2000 [15].
A experiência da terapia comunitária acontece também em outros
países. Na França, Suíça e no México estas experiências vêm sendo desenvolvidas
por enfermeiros e, no Brasil, ela está presente em quase todos os estados [10].
Na construção da saúde coletiva, o enfermeiro tem uma competência e
27

uma responsabilidade muito importante, o cuidado. Este cuidado se centra no


doente e não na doença [17].
Quanto ao papel do enfermeiro e as exigências de uma sociedade que
está em constante mudança é imprescindível haver acima de tudo equilíbrio. É de
extrema importância ensinar o respeito pela vida humana. Ensinar a ouvir, a
observar, a sentir o outro naquilo que está para além da dor física [23,33].
A terapia comunitária se mostra então como um meio direto de atender
esta demanda de saúde e esta missão da Enfermagem, pois se centra no homem e
seu cuidado para buscar a saúde mental individual e da comunidade [16; 17]
Participando das atividades determinadas pela equipe de saúde
mental, conduzindo o atendimento e seguimento dos portadores de transtornos
psiquiátricos junto com outros profissionais de saúde envolvidos e orientando a
equipe de Enfermagem, o enfermeiro exerce vários papéis na equipe
multidisciplinar. Desta forma, vive a experiência de um trabalho inovador, integrado à
equipe de saúde mental e contribuindo para a melhoria do atendimento [16].
Junto ao paciente, o enfermeiro é o profissional da saúde que tem
contato mais constante. Ao mesmo tempo, o enfermeiro é quem tem mais interação
com outros profissionais de saúde. Desta forma, ele é um elemento-chave no
contato entre os pacientes e outros membros da equipe multidisciplinar [17].
A responsabilidade do enfermeiro neste contexto é de suma relevância:
sensibilizar os indivíduos para a importância dos estilos de vida saudáveis, e para a
importância da participação nas atividades comunitárias [26].
É importante que o enfermeiro possua determinadas competências e
requisitos profissionais, uma vez que a relação com indivíduos com transtornos mentais
requer disponibilidade afetiva, compreensão e respeito integral pela pessoa [26].
É sabido que a prevenção é o melhor caminho para a manutenção da
saúde mental e que a terapia comunitária tem mostrado ter um papel importante
nesse contexto, mas, para que esta nova abordagem possa efetivamente alcançar
quem mais precisa dela, é necessária a elaboração de estratégias de divulgação e
sensibilização dos profissionais e da comunidade [16; 26].
28

2 OBJETIVO GERAL

Este estudo tem como objetivo geral fornecer conhecimento sobre a


terapia comunitária à população e aos profissionais de saúde.

2.1 Objetivo específico

Como objetivo específico o estudo teve a intenção de elaborar um


folheto explicativo com informações claras e objetivas para a população em geral e
para os profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, agentes de saúde,
favorecendo assim a formação dos grupos comunitários com intuito de esclarecer os
objetivos e benefícios da terapia comunitária.
29

3 JUSTIFICATIVA

A terapia comunitária tem se mostrado útil na prevenção da saúde


mental. O sucesso de sua implantação depende de um amplo envolvimento e
comprometimento dos profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, agentes de
saúde, e das comunidades à que se pretende atender.
Por ser uma terapia relativamente nova, em especial no município de
São José dos Campos, não existe uma ampla divulgação sobre o que é a terapia
comunitária e os benefícios que esta pode oferecer à comunidade e aos
profissionais de saúde.
Para se obter essa participação da comunidade é preciso motivação
para formar e dar sustentação ao trabalho da terapia comunitária.
Portanto, é necessário um material que permita a ampla divulgação
dessa nova técnica dentro das Unidades Básicas de Saúde.
Atualmente, este material não é encontrado, e criá-lo foi o objetivo
deste trabalho, através da elaboração de um folheto explicativo contendo
informações claras, objetivas em uma linguagem acessível à comunidade e aos
profissionais de saúde.
Este folheto poderá servir como ferramenta para enfermeiros e demais
profissionais da área de saúde para dar orientação e divulgar sobre a terapia
comunitária, tão solicitada e recomendada hoje em dia na prevenção da saúde
mental.
30

4 MÉTODO

Esta pesquisa utilizou um estudo do tipo exploratório, baseado na


literatura científica da Enfermagem, da psiquiatria em enfermagem, da psicologia e
da psicanálise. Teve-se também acesso a publicações de artigos e monografias na
internet que após a reunião da literatura foi possível elaborar um folheto explicativo
que servirá como ferramenta para enfermeiros e demais profissionais da área de
saúde na prevenção da saúde mental.
31

5 RESULTADOS

Esse trabalho teve como resultado a criação de um folheto explicativo


que esclarece os objetivos e benefícios da Terapia Comunitária à população e aos
profissionais da saúde, favorecendo assim a formação dos grupos comunitários em
especial na cidade de São José dos Campos.
No folheto encontram-se informações contendo uma breve história da
terapia, conceito, objetivo, funcionamento, finalidade e a população que se pretende
atender. Este folheto que poderá ser distribuído nas unidades de saúde de São José
dos Campos, permitindo o conhecimento dessa nova técnica, servindo de
ferramenta para os enfermeiros e demais profissionais da área de saúde para
orientação e divulgação da terapia comunitária, como um meio de promover a
atenção primaria à saúde mental.
O objetivo é promover a formação de redes comunitárias e que o
mesmo forneça conhecimento dessa nova técnica à população e aos profissionais
da saúde, principalmente ao enfermeiro que tem uma atuação social muito forte,
estando presente na comunidade como um educador e sendo elemento chave de
contato entre os pacientes e outros membros da equipe multidisciplinar.
Para a execução e finalização deste trabalho não houve a oportunidade
de realizar a divulgação e distribuição dos folhetos no local de interesse. Assim, não
é possível relatar sobre a aceitação do material pela população em questão, mas foi
apresentada a secretaria municipal de saúde mental de São José dos Campos o
material desenvolvido, que mostrou interesse em aproveitar o instrumento
confeccionado.
No entanto, cientes de que este trabalho é apenas o início, sugere-se
que, sob forma de trabalhos futuros os folhetos sejam distribuídos para que se possa
obter uma análise da qualidade do trabalho elaborado, avaliando a sua praticidade e
capacidade de esclarecer objetivos e benefícios, formação dos grupos comunitários,
servindo de ferramenta para os enfermeiros e demais profissionais da área da saúde
para a orientação e divulgação da Terapia Comunitária.
32
33
34

6 CONCLUSÃO

Homens e mulheres têm, na saúde um campo de necessidades e isto


inclui o fortalecimento de vínculos que unem as pessoas entre si. Vínculos estes que
ligam à tradição e a modernidade, articulando o saber popular, a cultura e o saber
científico, levando a ação interdisciplinar promovendo a atenção primária em saúde
mental.
Nos últimos anos esta relação tem se intensificado e diversificado,
principalmente depois da reforma psiquiátrica e do compromisso social, fatores estes
que contribuíram para esta evolução e abertura de questões que se colocam hoje
como desafio para os próprios enfermeiros em sua intervenção e como parte
integrante e atuante neste processo, permitindo redimensionar sua prática
profissional e sua vida pessoal, assim como para os demais profissionais de saúde.
A terapia comunitária como um instrumento de mobilização, agregação
e construção de redes solidárias, onde acontece o encontro de pessoas leigas e
profissionais das mais diversas áreas do conhecimento e universos culturais, já se
estende por várias cidades brasileiras e o sucesso da implantação depende do
envolvimento e comprometimento dos profissionais como também de uma ampla
divulgação a fim de atingir as comunidades locais.
De acordo com a literatura pesquisada, dentre as atribuições do
enfermeiro encontra-se a de educação visando à melhoria da saúde da população e
a informação / orientação é fundamental, estimulados por estes dados, despertou-se
o interesse em elaborar um folheto com informações sobre o que é a terapia
comunitária, objetivo, funcionamento, motivando as pessoas a participarem. Tudo
isto visando atender aquele que é o centro das atenções do enfermeiro: o ser
humano.
35

REFERÊNCIAS

1. Paulo Fernando M. Nicolau [homepage na Internet]. Londrina: Psiquiatria Geral.


[atualizada diariamente; acesso em 14 mar 2007]. Prevenção em Saúde
Mental; [aproximadamente 22 telas]. Disponível em:
http://www.psiquiatriageral.com.br/tema/prevencao/prevencao_arquivos/frame.
htm”.

2. Espinosa AF. Intervenções terapêuticas em saúde mental. Guias práticos de


Enfermagem psiquiátrica. Rio de Janeiro: Mc. Graw Hill; 2001.

3. Rocha RM, Bartmann M, Kritz S. Enfermagem em saúde mental. Rio de


Janeiro: SENAC/DN/DPF; 1996.

4. Teixeira MB, Mello IM, Grando LH, Fraiman DP. Manual de enfermagem
psiquiátrica. São Paulo: Atheneu; 1997.

5. Conasems.org.br [homepage na Internet]. Brasília: CONASEMS; [acesso em 14


mar 2007]. Disponível em:
http://www.conasems.org.br/mostraPagina.asp?codServico=10

6. Boyer J P, Barreto A P. O índio que vive em mim: - itinerário de um psiquiatra


brasileiro. São Paulo: Terceira Margem; 2003.

7. Barreto A P. Terapia comunitária – passo a passo. Fortaleza: Gráfica LCR;


2005.

8. Mismecdf.org.br [homepage na Internet]. Brasília: Movimento integrado de


saúde comunitária do Distrito Federal [acesso em 16 mar 2007]. Disponível
em: http://www.mismecdf.org/terapiahtm#1.

9. Responsabilidadesocial.com. [homepage na Internet] São Paulo:


Responsabilidade social [acesso em 06 mar 2007]. Disponível em:
http:// www.responsabilidadesocial.com.br/article/article_view.phd?id=171.

10. Guimarães F J. Repercussão da terapia comunitária no cotidiano de seus


participantes [dissertação]. João Pessoa (PB): Universidade Federal da
Paraíba - Centro de Ciência da Saúde; 2006.

11. Kawamoto E E, Santos M C H, Mattos T. M. Saúde mental. Enfermagem


comunitária. São Paulo: Pedagógica e Universitária; 1995. p.185-191.

12. Fukui L. Terapia comunitária e o conceito de comunidade. Uma contribuição


da sociologia. I Congresso Brasileiro de Terapia comunitária: 2003. 5-9 jan;
Morro Branco (CE). ABRATECOM; 2003. p. 1-6.

13. OMS. Saúde mental: nova concepção, nova esperança. Relatório sobre a
saúde no mundo. Genebra (Suíça): Organização Panamericana de Saúde
(OPAS); 2001. p. 1-25.
36

14. Mismec.org.br [homepage na Internet]. Fortaleza: Movimento Integrado de


Saúde Mental Comunitária do Ceará [acesso em 08 abr 2007]. Disponível em:
http://www.4varas.com.br/historico.htm.

15. Gestão Saúde [homepage na Internet]. Lisboa (Portugal): Observatório


português dos sistemas de saúde [acesso em 06 abr 2007]. Centro de saúde;
[aproximadamente 1 tela]. Disponível em:
http://www.observaport.org/OPSS/Menus/Prestacao/Centros+de+Saude/cuida
dos+de+saude+primarios+2000+-+Enfermagem.htm.

16. Silveira M R, ALVES M. O enfermeiro na equipe de saúde mental - o caso dos


CERSAMS de Belo Horizonte. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2003; 11(5): 1-
24.

17. Matumoto S, Mishima S M, Pinto I C. Saúde coletiva um desafio para


Enfermagem. Cad. Saúde Pública. 2001; 17(1): 1-24.

18. Nascimento J A L. As repercussões da terapia comunitária na vida de pessoas


domiciliadas no bairro padre Palhano em Sobral C.E. [Monografia na Internet].
Sobral (CE); 2006. [acesso em 12 abr 2007]. Disponível em:
http://www.sobral.ce.gov.br/saudedafamilia/downloads/monografias/mental/altai
des-repercusao.pdf

19. Ministério da Saúde. Política nacional de saúde mental: Reforma psiquiátrica.


[acesso em 19 ago 2007]. Disponível em:
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/visualizar_texto.cfm?idtxt=24134
&janela=1

20. Scorsafava A T, Nascimento J A S, Nascimento R N. Construindo redes sociais


em saúde mental comunitária. [artigo na internet]. Instituição: secretaria de
desenvolvimento social e saúde de Sobral e escola de formação em saúde da
família Visconde de Sabóia. [acesso em 19 ago 2007]. Disponível em:
www.sobral.ce.gov.br/saudedafamilia/publicacoes/abrasco/construindo_redes.p
hp - 22k -

21. Pacientes e familiares aderem à terapia comunitária. Valeparaibano. São José


dos Campos, ed. 21 maio 2006.

22. Reis C. Sistema de suporte comunitário. Psicologia.com.pt – o portal dos


psicólogos [periódico na internet] 2006. [acesso em 07 set 2007].Disponível em:
www.psicologia.com.pt/artigos/ver_artigo_licenciatura.php?codigo=TL0051&are
a=d15 - 34k -

23. Cavalcante F. Assistência de Enfermagem nos novos serviços de saúde. Online


brazilian journal of nursing [periódico na internet]. 2006. [acesso em: 07 set
2007]. Disponível em:
http:www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/viewArticle/93/30

24. Gonçalves A M, Senna R R. A reforma psiquiátrica no Brasil: contextualização e


reflexos sobre o cuidado com o doente mental na família. Rev. Latino-Am.
Enfermagem. 2001, 9 (2):48-55
37

25. Amarante P. Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica no Brasil


[mestrado]. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, Escola nacional de saúde
pública, 1999.

26. Marques C, Alcaidinho M. A desinstitucionalização das pessoas com doença


mental [base de dados na Internet]. Lisboa. Ordem dos enfermeiros. 2006
[acesso em 07 set 200]. Disponível em: http://www.ordemenfermeiros.pt/

27. Guimarães F J, Filha M O. Repercussões da terapia comunitária no cotidiano


de seus participantes. Revista eletrônica de Enfermagem. 2006; 08 (03): 404-
414. [acesso em 07 set 2007]. Disponível em
http://www.fen.ufg.br/revista/revista8 3/v8n3a11.htm

28. Marchetti L B, Fukui L F G, Vianna M S L. Implantação da terapia comunitária


no Brasil. Semelhanças que fazem diferença na terapia comunitária. I
Congresso Brasileiro de terapia comunitária. Morro Branco (CE).2003; p.1-7.
[acesso em 07 set 2007]. Disponível em:
www.usp.br/nemge/textos_tecendo_estudando/semelhanca_diferenca_marchet
ti.pdf -

29. Kaplan H I., Sadock B J. Manual de psiquiatria. 2.ed. Porto Alegre : Artmed,
1998. 444p.

30. Camarotti M H. Responsabilidadesocial.com. [homepage na Internet] São


Paulo: Responsabilidade social [acesso em 11 nov 2007]. Disponível em:
http:// www.responsabilidadesocial.com.br/article/article_view.phd?id=171.

31 Fernandes W J, Svartman B, Fernandes BS. Grupos e configurações


vinculares. Porto Alegre. Ed. Artmed. 2003, p-304

32 Bion, W R. Experiências com grupos. 2ª. ed. (Oliveira W I, trad.) Rio de Janeiro:
Imago; São Paulo: EDUSP; 1975

33 Castilho S B Faculdade integrado de INESUL. Londrina. Instituto de ensino


superior de Londrina [acesso em 18] dez 2007. Disponível em:
http:///www.inesul.edu.br/maranhao/aulas/etica%201.pdf

Vous aimerez peut-être aussi