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As leis da dialética

Por causa das diferentes interpretações quanto ao número de leis fundamentais


do método dialético pelos autores, para facilitar, podemos dizer que são quatro leis:

1. ação recíproca, unidade polar ou "tudo se relaciona";


2. mudança dialética, negação da negação ou "tudo se transforma";
3. passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa;
4. interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos contrários.

P.S.: Deve-se ressaltar que essas regras da dialética são exclusivamente adotadas
pela dialética marxista.

Ação recíproca

Segundo Engels (In: Politizer, 1979:214), a dialética é a "grande idéia


fundamental segundo a qual o mundo não deve ser considerado como um complexo de
coisas acabadas, mas como um complexo de processos em que as coisas, na aparência
estáveis, do mesmo modo que os seus reflexos intelectuais no nosso cérebro, as idéias,
passam por uma mudança ininterrupta de devir e decadência, em que finalmente, apesar
de todos os insucessos aparentes e retrocessos momentâneos, um desenvolvimento
progressivo acaba por se fazer hoje".
Isso significa que para a dialética, as coisas não são analisadas na qualidade de
objetos fixos, mas em movimento: nenhuma coisa está "acabada", encontrando-se
sempre em vias de se transformar, desenvolver; o fim de um processo é sempre o
começo de outro.
Porém as coisas não existem isoladas, destacadas uma das outras e
independentes, mas como um todo unido, coerente.
Stalin, pelo metódo de interdependência e ação recíproca, afirma "que o método
dialético considera que nenhum fenômeno da natureza pode ser compreendido, quando
encarado isoladamente, fora dos fenômenos cincundantes; porque, qualquer fenômeno,
não importa em que domínio da natureza, pode ser convertido num contra-senso quando
considerado fora das condições que o cercam, quando destacado destas condições; ao
contrário, qualquer fenômeno pode ser compreendido e explicado, quando considerado
do ponto de vista de sua ligação indissolúvel com os fenômenos que o rodeiam, quando
considerado tal como ele é, condicionado pelos fenômenos que o circundam".
Politizer et al. citam dois exemplos referentes à primeira lei do método dialético.
Determinada mola de metal não pode ser considerada à parte do universo que a rodeia,
pois foi produzida pelo homem com o metal extraído da natureza. Ela está sujeita a
modificação pelo fato de atuar sobre a gravidade, o calor, a oxidação e assim por diante.
Se um pedaço de chumbo for suspenso na mola, este distenderá seu ponto de resistência
de modo a formar, junto à mola, um todo, tendo estes interação e conexão recíproca. A
mola é formada por moléculas ligadas entre si e quando não pode se distender mais,
quebra, ou seja, rompe-se da ligação entre determinadas moléculas. Portanto, a mola
não distendida, a distendida e rompida apresentam, de cada vez, um tipo diferente de
ligações entre as moléculas.
A planta não existe a não ser em unidade e ação que provoca com o meio
ambiente.
Todos os aspectos da realidade prendem-se por laços necessários e recíprocos.
Mudança dialética

Todo movimento, transformação ou desenvolvimento opera-se por meio das


contradições ou mediante a negação de uma coisa - essa negação se refere à
transformação das coisas. A dialetica é a negação da negação.
A negação da afirmação implica negação, mas a negação da negação implica
afirmação. "Quando se nega algo, diz-se não. Ora, a negação, por sua vez, é negada. Por
isso se diz que a mudança dialética é a negação da negação".
O processo da dupla negação engendra novas coisas ou propriedades: uma nova
forma que suprime e contém, ao mesmo tempo, as primitivas propriedades. O ponto de
partida é a tese, proposição positiva: essa proposição se nega ou se transforma em sua
contrária - a proposição que nega a primeira é a antítese e constitui a sengunda fase do
processo; quando a segunda proposição, antítese, é negada, obtém-se a terceira
proposição ou síntese, que é a negação da tese e antítese, mas por intermédio de uma
proposição positiva superior - a obtida por meio da dupla negação.
A união dialética não é uma simples adição de propriedades de duas coisas
opostas, simples mistura de contrários, por isso seria um obstáculo ao desenvolvimento.
A característica do desenvolvimento dialético é que ele prossegue através de negações.
Segundo Engels (In: Politzer, 1979:2002), "para a dialética não há nada de
definitivo, de absoluto, de sagrado; apresenta a caducidade de todas as coisas e em todas
as coisas e, para ela, nada existe além do processo ininterrupto do devir e do
transitório".
Assim, "quem diz dialética, não diz só movimento, mas, também,
autodinamismo" (Politzer, 1979:205).
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dial%C3%A9tica

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Dialético

Único método cientifico de conhecimento, é a ciência das leis mais gerais do


desenvolvimento da natureza, da sociedade e do pensamento, e leva em conta o
processo permanente de mudanças, de perene transformação de todas as coisas, do
eterno vir-a-ser. É parte integrante da filosofia marxista e se constitui num guia para a
ação revolucionária do partido proletário. Contrapõe-se a toda metafisica e, ainda, ao
método dialético idealista de Hegel. Para o método do Materialismo Dialético a base do
desenvolvimento do mundo é objetiva e real, a natureza é material, enquanto que a
consciência e as idéias são reflexos do mundo. A oposição entre o método dialético
marxista e o método idealista hegeliano expressa a oposição entre as concepções do
mundo da burguesia e da classe operária. "Não é a consciência que determina o ser, mas
o ser que determina a consciência" (Marx, Contribuição à Crítica da Economia Política).

As leis da dialética são:

Unidade e Luta dos Contrários - É uma das leis da dialética e aborda o


desenvolvimento da natureza, da sociedade e de pensamento. Segundo Lênin, a lei da
unidade e da luta dos contrários - fonte de todo desenvolvimento - é o núcleo, a essência
do método dialético. Esta lei afirma que a matéria é o principio de todas as coisas e que
ela se encontra em perpétuo movimento, gerado por suas contradições internas, por
força da atração e repulsão dos opostos ou contrários, que se chocam e se renovam num
eterno vir-a-ser. A divisão do todo em contrários e a sua mútua contraposição ou luta
constitui tuna lei universal e fundamental da dialética;

Transformação da quantidade em qualidade - Além da qualidade cada coisa


possui também um aspecto quantitativo que se caracteriza por indices quantitativos,
dentro dos quais a sua qualidade tem existência. Assim como não se deve separar o
aspecto qualitativo do quantitativo, tampouco deve-se considerar as mudanças
quantitativas separadamente das mudanças qualitativas, como o fazem os metafísicos
para os quais o desenvolvimento é uma. simples evolução quantitativa. Na luta dos
contrários, no entrechoque permanente, o velho dá lugar ao novo, com mudanças
graduais de quantidade que ao atingirem certa medida, provocam uma mudança de
qualidade - salto qualitativo;

Negação da Negação - Na dialética marxista compreende-se como negação a


substituição, regida por leis, que se verifica no processo do desenvolvimento, da velha
qualidade pela nova qualidade, surgida da velha. Quando há um salto qualitativo o novo
nega o velho que, ao envelhecer, é também negado pelo outro novo que lhe sucede,
proporcionando mudanças e desenvolvimento ininterruptos, mais lentos às vezes, mais
rápidos, outras, mas sempre numa espiral ascendente.

O método dialético marxista e o materialismo filosófico marxista são partes integrantes


do Materialismo Dialético. A dialética oferece um método cientifico seguro de
conhecimento que permite abordar, de maneira correta e abrangente os mais variados
fenômenos, e ainda descobrir as leis objetivas mais gerais que regem a sua evolução.
Ele ensina que para estudar os processos da natureza e da sociedade é preciso considerá-
los em sua conexão, em seu condicionamento reciproco, em seu movimento e
transformação.

Fonte :
http://www.htmlstaff.org/xkurt/projetos/portaldoadmin/modules/news/article.php?
storyid=508

Dialética: gr. s.f. 1. Arte do diálogo para atingir a verdade. 2.


Desenvolvimento do pensamento por tese, antítese e síntese. 3. Método de análise
que procura evidenciar as contradições da realidade social e resolvê-las no curso
do desenvolvimento histórico.

Lao Tsé, autor do livro Tao tö King (o livro do Tao), 7 séculos a.C., "autor"
da dialética.

Heráclito de Éfeso. Para ele a realidade é um constante devir. Prevalece a


luta dos opostos: frio/calor, vida/morte, bem/mal... não é possível banhar-se duas
vezes no mesmo rio, pois nem o rio já é o mesmo e nem nós também somos os
mesmos.

Parménedes de Eléia. Segundo ele, o movimento é uma ilusão, tudo é


imutável.
Para PLATÃO a dialética é um método de ascensão ao inteligível, método
de dedução racional das idéias. "O conhecimento deveria nascer desse encontro
(perguntas e respostas), da reflexão coletiva, da disputa e não do isolamento"
(GADOTTI, 1995, P.16)

Para ARISTÓTELES a dialética é apenas auxiliar da filosofia. Atividade


crítica. Não é um método para se chegar à verdade,é apenas uma aparência da
filosofia. Para ele o método dialético não conduz ao conhecimento, mas à disputa, à
probabilidade, à opinião. Conseguiu conciliar os pensamentos de Heráclito e
Parmênides com a teoria sobre o ato e a potência: as mudanças existem, mas são
apenas atualizações de potencialidades que já preexistiam.

PLOTINO a considera uma parte da filosofia e não apenas um método. Mas


o sentido "método" predominou na Idade Média, ao lado da retórica e gramática e
foi considerada uma arte liberal, a maneira de discernir o verdadeiro do falso.

No início da Idade Moderna a dialética foi julgada inútil, justificando que


Aristóteles já havia dito tudo sobre a lógica. A dialética limitar-se-ia ao silogismo,
uma lógica das aparências. (Kant e Descartes). Em Discurso do Método, Descartes
propõe regras para a análise, para atingir cada elemento do objeto estudado e a
síntese ou reconstituição do conjunto.

HEGEL concebe o processo racional como um processo dialético no qual a


contradição não é considerada como "ilógica", "paradoxal", mas como o
verdadeiro motor do pensamento. O pensamento não é estático, mas procede por
contradições superadas, da tese (afirmação) à antítese (negação) e daí à síntese
(conciliação). Uma proposição (tese) não existe sem oposição a outra proposição
(antítese). A primeira será modificada nesse processo de oposição e surgirá uma
nova. A antítese está contida na própria tese que é, por isso, contraditória. A
conciliação existente na síntese é provisória na medida em que ela própria se
transforma numa nova tese.
Para HEGEL, a dialética é uma aplicação científica da conformidade às leis
inerentes à natureza e ao pensamento, a via natural própria das determinações do
conhecimento, e de tudo que é finito. É o momento negativo de toda realidade,
aquilo que tem a possibilidade de não ser. A possibilidade de negar-se a si mesma.
Hegel chega ao real, ao concreto, partindo do abstrato: a razão domina o mundo e
tem por função a unificação, a conciliação, a manutenção da ordem do todo. Essa
razão é dialética, pois procede por unidade e oposição dos contrários. Hegel assim
retoma Heráclito.

Para MARX, a dialética não é um método apenas para se chegar à verdade,


é uma concepção do ser humano, da sociedade e da relação ser humano-mundo.
Tanto Marx como Hegel sustentam a tese de que o movimento se dá pela oposição
dos contrários - pela contradição.

Na dialética materialista expressa em O Capital, Marx afirma que não


existem fatos em si, é o próprio ser humano que figura como ser produzindo-se a si
mesmo. Pela sua própria atividade, pelo modo de produção da vida material. A
condição para que o Ser Humano se torne Ser Humano é o trabalho, a construção
da sua história. A mediação entre ele e o mundo é a atividade material. - Mao
Tsetung resume o pensamento de Marx: "a concepção materialista-dialética
entende que, no estudo do desenvolvimento dum fenômeno deve partir-se do seu
conteúdo interno, das suas relações com os outros fenômenos, (...), deve-se
considerar o desenvolvimento dos fenômenos como sendo o seu movimento próprio,
necessário, interno, encontrando-se, alias, cada fenômeno no seu movimento, em
ligação e interação com outros fenômenos que o rodeiam. A causa fundamental do
desenvolvimento dos fenômenos não é externa, mas interna; ela reside no
contraditório do interior dos próprios fenômenos. No interior de todo fenômeno há
contradições, daí o seu movimento e desenvolvimento".

MARX não nega o valor e a necessidade da subjetividade no conhecimento.


O mundo é sempre uma "visão"do mundo para o Ser Humano, o mundo refletido.
A dialética não é um movimento espiritual que se opera no interior do
entendimento humano. Existe uma determinação recíproca entre as idéias da
mente e as condições reais de sua existência "o essencial é que a análise dialética
compreenda a maneira pela qual se relacionam, encadeiam-se e determinam-se
reciprocamente, as condições de existência social e as distintas modalidades de
consciência.

Diz HENRI LEFÈBVRE: "o método marxista insiste muito mais claramente
do que as metodologias anteriores, ... a realidade a atingir pela análise, a reconstituir
pela exposição (síntese), é sempre uma realidade em movimento". A dialética
considera cada objeto com suas características próprias, o seu devir, as suas
contradições. Não existem regras universais fixas. Ponto de vista marxista de
George Politzer: A dialética focaliza as coisas e suas imagens conceituais em suas
conexões, em seu encadeiamento, em sua dinâmica, em seu processo de gênese e
envelhecimento", observa as coisas e os fenômenos, (...) no seu movimento
contínuo, na luta de seus contrários.

Para LEFÈBVRE: "A contradição dialética é uma inclusão dos


contraditórios um no outro e, ao mesmo tempo, uma exclusão ativa." O método
dialético busca captar a ligação, a unidade, o movimento que engendra os
contraditórios, que os opõe, que faz com que se choquem, que os quebra ou os
supera.

O materialismo dialético não considera a matéria e o pensamento como


princípios isolados, mas com aspectos de uma mesma natureza que é indivisível,
duas formas diferentes: uma material e outra ideal; a vida social, una e indivisível
se exprime em duas formas diferentes: uma material e outra ideal. O materialismo
dialético considera a forma das idéias tão concretas quanto a forma da natureza. O
método dialético tem duplo objetivo:

1º) como dialético, estuda as leis mais gerais do universo, leis comuns de
todos os aspectos da realidade, desde a natureza física até o pensamento, passando
pela natureza viva e pela sociedade.

2º) como materialismo, é uma concepção científica que pressupõe que o


mundo é uma realidade material (natureza e sociedade), onde o Ser Humano está
sempre presente e pode conhecê-la e transformá-la.
A dialética marxista não separa teoria (conhecimento) e prática (ação). "A
teoria não é um dogma mas um guia para a ação." A questão de saber se cabe ao
pensamento humano uma verdade objetiva não é uma questão teórica, mas
prática. É na práxis que o Ser Humano deve demonstrar a verdade, isto é, a
realidade e o poder, o caráter terreno de seu pensamento. A Dialética é uma
unidade de contrários

Com ROUSSEAU, a concepção dialética da história, oposta à concepção


metafísica, da Idade Média, começa a criar forma. Para ele todas as pessoas
nascem livres e só uma organização democrática da sociedade levará os indivíduos
a se desenvolverem plenamente. O indivíduo é condicionado pela sociedade.

ENGELS em a A Dialética da Natureza - formulou três leis gerais da


dialética, a saber:

1ª - Lei da conversão da quantidade em qualidade: significa que na natureza, as


variações qualitativas podem ser obtidas somente acrescentando-se tirando-se matéria
ou movimento por meio de variações quantitativas;

2ª - Lei da interpenetração dos opostos, esta é a lei da unidade e da luta dos


contrários, que garante a unidade e a continuidade da mudança incessante na natureza e
nos fenômenos;

3ª - Lei da negação da negação, que garante que cada síntese é a tese de uma
nova antítese, reproduzindo indefinidamente o processo.

Alguns princípios gerais ou características da Dialética são hoje aceitos:

1º Tudo se relaciona (Princípio da totalidade) - a natureza se apresenta


como um todo coerente, onde objetos e fenômenos são ligados entre si,
condicionando-se reciprocamente. "A compreensão dialética se encontra em relação
de intensa interação e conexão entre si e com o todo, mas também que o todo não
pode ser petrificado na abstração situada por cima das partes, visto que o todo se cria
a si mesmo, na interação das partes" (Karel Kosik, Dialética do concreto, p. 42,
citado por Gadotti)

2º Tudo se transforma (princípio do movimento) Devir. A afirmação


engendra a sua negação, porém a negação não prevalece como tal: tanto a
afirmação como a negação são superadas e o que prevalece é uma síntese, é a
negação da negação. O calor só pode ser entendido em função do frio.

3º Mudança qualitativa - dá-se pelo acúmulo de elementos quantitativos que


num dado momento produzem o qualitativamente novo.

4º Unidade e luta dos contrários (Princípio da contradição) - A


transformação das coisas só é possível porque, no seu próprio interior coexistem
forças opostas tendendo simultaneamente à unidade e à oposição.

A contradição é a essencia, a lei fundamental da dialética;


Os elementos contraditórios coesistem numa realidade estruturada, um não
podendo existir sem o outro.
A existência dos contrários não é um absurdo lógico, ela se funda no real.

A Dialética pode ser subdividida em "três níveis"(Mandel)

1º Dialética da Natureza - objetiva - independente da existência de projetos,


de intenções ou de motivações do homem, que não age diretamente sobre a história
humana;

2º A Dialética da História - Projetos humanos nas lutas das classes sociais -


a realização desses projetos estão ligados a condições materiais, objetivos, pré-
existentes e independentes da vontade dos homens.

3º A Dialética do Conhecimento - "que é uma dialética sujeito-objeto, o


resultado de uma interação constante entre os objetos a conhecer e a ação dos
sujeitos que procuram compreendê-los".

LÓGICA FORMAL E LÓGICA DIALÉTICA

(Alvaro V. Pinto) "a lógica formal é a lógica da metafísica, assim como a


lógica dialética é a lógica da dialética. O princípio que as distingue
fundamentalmente é a contradição. A lógica dialética parte do princípio (ou lei) da
contradição, a lógica formal parte do seu oposto, da lei da não contradição". Para a
primeiraos objetos e fenômenos estão em constante movimento e para a segunda,
os objetos e fenômenos estão estáticos.

DIALÉTICA: REGRAS PRÁTICAS

Dirigir-se à própria coisa - análise objetiva;


Apreender o conjunto das conexões internas da coisa, de seus aspectos; o
desenvolvimento e o movimento (devir) da coisa.
Apreender os aspectos e movimentos contraditórios, a coisa como totalidade
e unidade dos contrários
Analisar a luta, o conflito interno das contradições, o movimento, a
tendência (o que tende a ser e o que tende a cair no nada)
Não esquecer: tudo está ligado a tudo; - uma interação insignificante,
negligenciável num momento pode tornar-se essencial e importante em outro.
Não esquecer também de captar as transições dos aspectos e contradições;
passagens de uns nos outros, transições no devir.
Não esquecer ainda que o processo de aprofundamento do conhecimento
que vai do fenômeno à essência e da essência menos profunda à mais profunda é
infinito. Jamais estar satisfeito com o obtido.
Penetrar mais fundo do que a simples coexistência observada. Penetrar
sempre mais profundamente na riquesa do conteúdo, apreendendo conexões e
movimento.
Em certas fases do próprio pensamento, este deverá transformar-se,
superar-se: modificar ou rejeitar sua forma, remanejar seu conteúdo - retomar
seus momentos superados, revê-los, repeli-los, mas apenas aparentemente, com o
objetivo de aprofundá-los mediante um passo atrás rumo às suas etapas anteriores
e, por vezes, até mesmo rumo ao seu ponto de partida, etc.(op.cit. p.33)
transcrevendo Lefebvrè "Logica formal, lógica dialética

DIALÁTICA E VERDADE:

Que garantias pode nos dar a dialética de que estamos no caminho certo
para a verdade?
Marx afirma: "A dialética mistificada tornou-se moda na Alemanha, porque parecia
sublimar a situação existente. Mas, na sua forma racional, causa escândalo e horror
à burguesia e aos porta-vozes de sua doutrina, porque sua concepção do existente,
afirmando-o, encerra, ao mesmo tempo, o reconhecimento da negação e da
necessária destruição dele; porque apreende, de acordo com seu caráter transitório,
as formas em que se configura o devir; porque enfim, por nada se deixa impor, e é na
sua essência, crítica e revolucionária. (O Capital vol. I p. 17)
A dialética é também uma teoria engajada. Ao contrário da metafísica, é
questionadora, contestadora. Exige constantemente o reexame da teoria e a crítica
da prática. Não existe nenhum critério de relevância (nem científico, social, teórico,
nem prático) que possa determinar que um ponto de vista é relativamente mais
válido que outro. O professor pensador de sua práxis, deverá manter uma crítica e
uma autocrítica constante, uma dúvida levada à suspeita, e a humildade de que
fala PAULO FREIRE, para reconhecer cotidianamente as limitações do
pensamento e da teoria.
Concluindo, a dialética opõe-se ao dogmatismo, ao reducionismo, portanto, é
sempre aberta, inacabada, superando-se constantemente.

Fonte: http://www.odialetico.hd1.com.br/filosofia/Dial%E9tica.htm

Primeira lei: A mudança dialética.

A primeira lei da dialética começa por contatar que nada fica onde está nada permanece
o que é.

I – O Movimento Dialético.

Quem diz dialética diz movimento, mudança. Para ter um estudo dialético
devemos nos colocar no ponto de vista dialético, ou seja, no movimento na mudança.
Eis uma maçã. Temos dois modos de estudá-la: Do ponto de vista metafísico e do
dialético.
Os metafísicos descreverão o fruto: Sua forma, cor, peso, tamanho… falarão de seu
gosto etc…depois pode se comparar à maçã com a pêra, ver suas semelhanças s
diferenças e por fim concluir uma maçã é uma maçã e uma pêra é uma pêra.
Se quisermos estudar a maça dialeticamente, estudamo-la no movimento; não no
movimento da maçã que rola e cai, mas o movimento de sua evolução.
Devemos constatar que a maçã madura não foi sempre uma maçã madura, antes era uma
maçã verde, que já fora uma flor, que foi um botão; e assim chegaremos até a macieira o
broto, a semente…. vimos que a maçã não foi sempre uma maçã, nem permanecerá o
que é. Se cair da macieira ira apodrecer, se decompor, libertará as sementes que se tudo
correr bem dará um rebento, depois uma árvore. Portanto a maçã não foi e também não
ficará sempre o que é.

II – Para a dialética não existe nada de definitivo…

Para a dialética, não existe nada de definitivo, de absoluto, de sagrado; apresenta


a *caducidade de todas as coisas e em todas as coisas, e, para ela, nada existe alem do
processo ininterrupto do devir e do transitório.
Para a dialética não existe nada de definitivo. Para a dialética tudo tem um passado e
terá um futuro; que por conseguinte, nada é de uma vez para sempre, e o que é hoje não
é definido. (exemplo da maçã)
Para a dialética, não existe nenhum poder no mundo nem para alem dele que possa fixar
as coisas num estado definitivo, portanto Nada de absoluto. (Absoluto significa: Que
não está submetido a qualquer condição; portanto, universal, eterno, perfeito.)
Nada de sagrado, isto não quer dizer que a dialética despreze tudo. Não! Uma coisa
sagrada é aquela que se considera imutável, que não se deve tocar nem discutir, mas só
venerar. A sociedade capitalista é sagrada por exemplo. A dialética diz que nada escapa
ao movimento, à mudança, às transformações da historia.
*Caducidade vem de caduco, que significa que cai; uma coisa caduca é a que envelhece
e deve desaparecer. Para a dialética o que está caduco já não tem razão de ser. O que é
jovem torna-se velho, o que hoje tem vida morre amanha. Portanto para a dialética nada
é eterno, salvo a mudança. É considerar que nenhuma coisa particular pode ser eterna,
senão o devir.

Mas o que é o devir?

Vimos a historia da maçã. Vejamos agora o lápis que também tem sua historia.
O lápis hoje usado, já foi novo. A madeira da qual o lápis foi feito saiu de uma prancha,
e esta de uma arvore. A maçã e o lápis têm cada um a sua historia, e não foram sempre o
que são. Mas há uma diferença entre essas duas historias!
A maça verde tornou-se madura. Podia, se tudo corresse bem, não se tornar madura?
Não, Devia amadurecer, cair a terra, apodrecer, se decompor e libertar as sementes.
Enquanto a arvore de que vem o lápis pode não se tornar prancha, e esta não se tornar
lápis. E este pode, ele próprio não ser afiado.
No caso da maçã uma fase sucede à outra, e inevitavelmente uma outra fase se dará (se
nada interromper a evolução).
Já na historia do lápis uma fase pode não seguir a outra, se a historia do lápis percorre
todas as fases é por uma intervenção estranha – a do homem.
A maçã possui em seu processo fases que se sucedem, a segunda que deriva da
primeira, etc…ela segue o devir. No lápis as fases justapõem-se, sem resultar uma da
outra. É que a maçã tem processo natural.

III – O Processo.

Palavra que vem do latim, e quer dizer marcha em frente, ou ato de avançar, de
progredir.
Por que é que a maçã sendo verde se torna madura?
Quando examinamos a flor que se tornará maçã, a maçã verde que se tornará madura,
constatamos que os encadeamentos que impelem a maçã na sua evolução atuam sob o
domínio de forças internas a que chamamos: autodinamismo, que significa: força que
vem do próprio ser.
Quando o lápis era ainda prancha , foi preciso a intervenção do homem para torná-lo
lápis, por que nunca a prancha se transformaria sozinha em lápis.
Não houve autodinamismo, portanto quem diz dialética não diz só movimento, mas
também autodinamismo.
Podemos constatar que nem todo movimento é dialético. Se tomarmos novamente o
exemplo do lápis a prancha torna-se lápis certamente houve a mudança, mas será ela
dialética?
Não, sem o homem a arvore não seria cortada e essa não seria transformada em prancha
que por sua vez não viria a ser um lápis. Essa mudança não é dialética, mas, mecânica.

Segunda lei a ação recíproca

I – O encadeamento de processos

Vimos na historia da maçã o que é um processo. Retomemos esse exemplo.


Nossas pesquisas devem nos levar até a árvore. Mas, pomos o problema de pesquisa
também para esta. De onde ela vem? Da maçã. Da maçã que caiu, apodreceu, liberou as
sementes, e isto nos leva a estudar as condições do solo, as influencias do sol, do ar,
etc… Partindo do processo da maçã somos conduzidos ao exame do solo, passando do
processo da maçã ao da árvore; este processo encadeia-se , por sua vez no do solo.
Temos o que se chama: Um ,encadeamento de processos, Isto vai nos permitir estudar a
segunda lei da dialética: a lei da ação recíproca.
Tomemos agora o teatro épico como exemplo. Se estudarmos do ponto de vista
dialético procuraremos de onde vem, e teremos a resposta inicial: que é uma forma de
teatro desenvolvida por Bertold Brecht, que se opõe à ilusão cênica da forma dramática
convencional. Seu cunho é narrativo e didático e utiliza uma serie de recursos teatrais
para levar o espectador a refletir. Teremos então outra pergunta; quem foi Brecht?
Teremos outra resposta que pode ser simples: Poeta e dramaturgo alemão, nascido em
Augsburg, em 1898 fez-se, através de seus textos, o grande inimigo do nazismo. Seus
objetivos principais resumiam-se no operariado, do qual era fanático protetor. Por que
era protetor do operariado? Por que era marxista. Então de onde vem o marxismo?
Vemos pois que a pesquisa do encadeamento de processos nos conduz a estudos
minuciosos e completos. Mais ainda: indagando de onde vem o marxismo, seremos
levados a constatar que essa doutrina é a própria consciência do proletário, vemos pois
que o proletário existe; chegamos novamente ao operariado de que nos referimos ao
falar de Brecht poremos então a pergunta: de onde vem o proletariado?
Sabemos que veio de um sistema econômico: o capitalismo. Sabemos da divisão da
sociedade em classes vem de um processo que já estudamos. Portanto de processo em
processo, chegamos ao exame das condições de existência do capitalismo. Temos assim,
um encadeamento de processos, que nos demonstra que tudo influi sobre tudo. É a lei da
ação recíproca. É preciso entender que as coisas não são tão simples. O que constatamos
é a existência, em todas as coisas, do encadeamento de processos que se produzem pela
forca interna (o autodinamismo). Para a dialética insistimos nisso: nada está acabado. É
necessário considerar as coisas como nunca tendo cena final. No fim de uma peça de
teatro do mundo, começa o primeiro ato de uma outra. Para dizer a verdade ele já
começa no ultimo da peça precedente. Devemos por tanto fixar que: a ciência, a
natureza, a sociedade devem ser vistas como um encadeamento de processos, e o motor
que trabalha para desenvolver tal encadeamento é o autodinamismo.
II – O desenvolvimento Histórico ou em espiral.

Se examinarmos um pouco mais de perto o processo que começamos a


conhecer , vemos que a maçã é o resultado de uma serie de processos. De onde vem à
maçã? Da árvore. De onde vem à árvore? Da maçã. Podemos portanto pensar que existe
um circulo vicioso onde voltamos sempre ao mesmo ponto. Se considerássemos as
coisas assim, não seria um processo e sim um circulo, (retorno ao eterno).
Mas vejamos como se põe o problema.
Eis uma maçã.
Esta se decompondo, dá origem a uma ou mais árvores.
cada arvore não dá uma maçã, mas varias.
Não voltamos, portanto, ao mesmo ponto de partida; voltamos à maçã, mas em
um outro plano.
Do mesmo modo se partimos da arvore, teremos:
Uma árvore que dá
maçãs, e maçãs que darão
árvores.
Também aqui voltamos à árvore, mas num outro plano. O ponto de vista amplio-
se.
Não temos pois um circulo, como as aparências pretendiam mostra mas um
processo de desenvolvimento, a que chamaremos desenvolvimento histórico.
O mundo, a natureza a sociedade constituem um desenvolvimento que é histórico, e, em
linguagem filosófica, se chama desenvolvimento em espiral.
Usamos a imagem da espiral para fixar as idéias. é uma comparação para ilustrar que as
ciências evoluem segundo um processo circular, mas não voltam ao ponto de partida;
voltam um pouco acima, num outro plano, e assim sucessivamente, o que dá uma
espiral ascendente.
Não podemos esquecer que o motor que põe em movimento esta espiral é o
autodinamismo.
Cabe a filosofia dar uma explicação do mundo e dos problemas mais gerais; é a missão
em particular do materialismo dialético – reunir todas as descobertas particulares de
cada ciência, para fazer a síntese, e dar assim, uma teoria que nos torne cada vez mais,
como dizia Descartes, mestres e possuidores da natureza.

Terceira lei: a contradição

I – As coisas se transformam na sua contraria

A dialética nos ensina que as coisas não são eternas: tem um começo meio e fim,
a morte.
Por que é que o que nasce é, portanto obrigado a morrer? Eis uma grande lei da
dialética, que devemos confrontar.
Normalmente consideramos as coisas de um modo isolado, quando pesquisamos vida
fazemos isso sem relacioná-la com qualquer outro fenômeno. Se examinarmos a morte,
faremos da mesma maneira.
E acabaremos por concluir: ávida é a vida, e a morte é a morte. Não há nada de comum
entre elas não se pode estar ao mesmo tempo vivo e morto, pois são coisas opostas,
inteiramente opostas uma a outra. Correto?
Não. Examinamos as coisas desta maneira pois temos uma concepção metafísica do
mundo, vemos as coisas apenas por um lado, não por que queremos ver as coisas assim,
mas por que essa visão esta enraizada em nós pela nossa formação cristã.
Não podemos separar tão brutalmente a vida e a morte, uma vez que a experiência e a
realidade nos mostram que a morte continua a vida, que a morte vem do vivo. E a vida
também pode sair do morto, pois os elementos do corpo morto vão transformar-se para
dar origem a outras vidas. A própria vida só é possível pela continua substituição de
células que morrem por outras que nascem.
Se examinarmos a verdade e o erro, pensamos não há nada de comum entre eles. A
verdade é a verdade, e um erro é um erro. Se dissermos: “Olha, chove!” acontece que,
por vezes nem terminamos de completar a frase e já não chove. A frase que era exata
tornou-se um erro. Vemos que a verdade se transforma em erro, será que o erro se
transforma em verdade?
Na antiguidade, sobretudo no Egito, os homens imaginavam uma luta entre deuses para
tentar explicar o por e o nascer do sol; era um erro quando se colocava a questão da luta
dos deuses. Mas as ciências dão parcialmente razão a este raciocínio, dizendo que há
realmente forças (físicas) que fazem mover o sol. Vemos, pois, que o erro não está
oposto à verdade.
Observando de perto um ser vivo, notamos que este é composto de células que
desaparecem e aparecem no mesmo lugar. Vivem e morrem sem cessar em um ser vivo,
onde existe, portanto vida e morte.
Assim, as coisas não só se transformam umas nas outras, uma coisa não é apenas ela
pura e simplesmente, mas também a sua contraria. Toda coisa é ao mesmo tempo, ela
própria e sua contraria.
Assim no interior de cada coisa existem forças opostas, e estas lutam. Uma coisa é
movida por forças que se chocam pois estas estão em direções opostas.
Uma tende para a afirmação (vida) e a outra para a negação (morte).

II – afirmação, negação e negação da negação.

É necessário fazer aqui uma distinção o que se chama contradição verbal – que
significa responder Não quando alguém lhe diz Sim – a que acabamos de ver é a
contradição dialética, isto é, nos fatos nas coisas.
Pensem em um ovo que posto e chocado por uma galinha: este ovo contém um germe,
que a uma certa temperatura se desenvolve. Desenvolvendo-se dará um pintinho, desse
modo o germe já é a negação do ovo. Veremos que no ovo existem duas forças; a que
tende para que permaneça ovo, e a que tende para que se torne pintinho. O ovo está,
portanto em desacordo consigo próprio, existe aqui a afirmação e a negação.
Uma coisa começa por ser uma afirmação que sai de uma negação. O pintinho é a
afirmação resultante de negação do ovo.esta foi uma fase do processo.
A galinha por sua vez será a transformação do pintinho, haverá novamente uma luta
para que o pintinho se torne galinha, e outra para que continue sendo pintinho.
A galinha será, portanto a negação do pintinho, que era a negação do ovo.
afirmação – ovo
negação – pintinho
negação da negação – galinha
afirmação – chamado também Tese.
negação – ou Antítese.
negação da negação – ou Síntese.
A destruição é uma negação. O pintinho é a negação do ovo, uma vez que
nascendo, o destrói.
Assim a contradição verbal quer dizer não a contradição dialética quer dizer destruição.
Mas a destruição só é uma negação quando é dialética, quando for um produto da
afirmação, se dela sair. O ovo é a afirmação, sendo chocado origina sua negação –
torna-se pintinho, este simboliza a destruição ou a negação do ovo, rompendo,
destruindo a casca.
No pintinho, vemos duas forcas adversas: pintinho e galinha; no decurso deste
desenvolvimento do processo, a galinha porá ovos, nova negação da negação. Destes
partirá então um novo encadeamento de processo.
Observamos a esse respeito, pelos exemplos, que regressamos sempre ao ponto de
partida, mas num outro plano mais elevado, (desenvolvimento em espiral).
III – A unidade das contrarias.
Uma coisa não tem nada a ver com a sua contraria, é o que se pensa em geral.
Mas para a dialética toda coisa é, ao mesmo tempo ela própria, e a sua contraria,
unidade de contrarias, e é preciso entender bem isso.
Se tomarmos como exemplo o saber e a ignorância, concluiremos, metafisicamente:
“um sábio não é ignorante, e um ignorante não é um sábio”. No entanto se analisarmos
melhor, não poderemos colocá-las em oposição tão rígida. Primeiramente reinou a
ignorância, depois é que com aprendizados vem o saber; então verificamos que a
ignorância se torna o saber. Uma coisa que se torna sua contraria. Não existe o
ignorante completo. Um sujeito por mais ignorante que seja sabe, pelo menos,
reconhecer objetos, existe sempre um pouco de saber na ignorância. Mas, há ignorância
no saber, pode existir o saber cem por cento? Não. Há sempre o que aprender, não há
saber absoluto. Todos os saberes contem uma parte de ignorância.
Podemos retomar os exemplos que já vimos: a vida e a morte, a verdade e o erro;
veríamos que em ambos, existe uma unidade de contrarias, isto é, que cada um contem,
ao mesmo tempo, ela própria e sua contraria.
Uma coisa não só se transforma na sua contraria, ela é ao mesmo tempo ela própria e
sua contraria.
É preciso compreender bem essa lei dialética que é a contradição, precisamos evitar
querer aplicar em tudo, mecanicamente, por exemplo à negação da negação, devemos
prestar muita atenção quando explicamos ou aplicamos a lei das contrarias, por que
nossos conhecimentos são limitados, e isso pode nos deixar em situações críticas.
O que conta, é o principio: a dialética e as suas leis nos fazem estudar as coisas para
descobrir sua evolução e as forcas, as contrarias, que determinam essa evolução. É
preciso estudar a unidade das contrarias contida nas coisas, e esta equivale a dizer que
uma afirmação não é nunca uma afirmação absoluta, uma vez que contém em si mesma,
uma parte da negação. E isso é o essencial: é por conterem a sua própria negação que as
coisas se transformam. A negação é o dissolvente, se não existissem as coisas não
mudariam.
Há mudança, movimento, onde haja contradição. Em uma situação temos a afirmação à
negação em conflito pois são contrarias, e quando aparece o terceiro termo, a negação
da negação, aparece a solução, porque, nesse momento a razão da contradição é
eliminada.
Para resumir, e como conclusão teórica, diremos: “As coisas mudam, porque encerram
uma contradição interna, elas próprias, (afirmação), e suas contrarias, (negação) as
contrarias estão em conflito, e as mudanças nascem desse conflito (negação da negação)
assim a mudança (negação da negação) é a solução do conflito”.

Quarta lei: Transformação da qualidade e quantidade ou lei do progresso por saltos.

I – Exemplo político
Um exemplo político da lei do progresso por saltos: Um homem que se
apresenta à candidatura a um mandato qualquer, precisa de 4500 votos para obter a
maioria absoluta não é eleito com 4499 votos, continua a ser apenas um candidato, com
um voto a mais a mudança pela quantidade de votos determina uma mudança de
qualidade uma vez que o candidato que era, se torna um eleito.

II – Exemplo cientifico

Tomemos por exemplo à água. Partamos de 0º e façamos subir de 1º , 2º , 3º até


98º: a mudança é continua iremos ainda até 99º, mas a 100º, temos uma mudança
brusca, a água transformasse em vapor.
Se invertermos o processo de 99º descermos até 1º, teremos novamente uma mudança
continua, mas a 0o a água transformasse em gelo.
De 1º a 99º , permanece sempre água apenas a temperatura muda é apenas uma
mudança quantitativa, quantidade de calor que tem a água. Quando se transforma em
gelo ou vapor, temos uma mudança qualitativa, uma mudança de qualidade. Já não é
água, é gelo ou vapor.
Quando uma coisa não muda de natureza, temos uma mudança quantitativa (no exemplo
da água, uma mudança de grau de calor, mas não de qualidade).
Se muda a natureza, quando se torna outra coisa, a mudança é qualitativa.

Psicologia Social e Marxismo

Em agosto de 2001 foi realizado na Universidade Estadual Paulista (UNESP-


Bauru/SP) o Encontro de Psicologia Social Comunitária, cujo tema central foi “Método
Materialista Histórico Dialético”.
O evento foi organizado pelo núcleo da Associação Brasileira de Psicologia
Social e teve como objetivos analisar a atualidade da teoria marxiana na sociedade
contemporânea; refletir sobre o método materialista histórico dialético e a
correspondente metodologia de pesquisa em Psicologia; criar espaço para o debate
sobre a Psicologia Social Comunitária no mundo contemporâneo; discutir as
possibilidades de atuação do psicólogo envolvido com a comunidade; e possibilitar o
relato de experiências dos profissionais de Psicologia que utilizam o método
materialista histórico dialético. O próximo encontro acontecerá em agosto de 2002 e
terá como tema central a transformação – transformar o que, para quem e como. Ele
reunirá membros de movimentos sociais e teóricos de diversas áreas de conhecimento.

No início da década de 70, a Psicologia Social na América Latina passa pelo que
chamamos de “crise de relevância”, tanto em relação a seus aspectos teóricos como
metodológicos. As ditaduras militares e conseqüentes opressões e injustiças sociais em
que vivia o povo latino-americano serviam de base para o questionamento do papel da
pesquisa em Psicologia Social.

Silvia Lane (1995) comenta: "Ela (psicologia social), que se apresentava na década de
50 como o ramo da Psicologia que contribuiria para resolver os grandes problemas da
humanidade, parecia a nós, neste período, que apenas subsidiava a opressão, a
manipulação política, a manutenção do status quo" (p. 68).

Nesse momento, questionava-se como a Psicologia Social poderia dar subsídios à


transformação social; e buscava-se novas metodologias de pesquisa que
compreendessem o indivíduo em sua totalidade, situado historicamente e, dessa forma,
multideterminado.

Essa preocupação estava presente em diversos países da América Latina e, na década de


80, a Psicologia Social se colocava o desafio da indissociabilidade entre teoria e prática,
ou seja, deveria avançar na sistematização teórica e, “conseqüentemente, produzir
efeitos práticos ou então se desenvolver numa prática que redundaria numa
sistematização teórica”. (Lane, 1995, p.71)

A questão da prática e do compromisso político, voltados a uma atuação


transformadora, permeava as experiências em Psicologia Comunitária. Mas uma
sistematização teórica ainda estava por se fazer.
No final da década de 70 e início da década de 80, os psicólogos sociais latino-
americanos depararam-se com as obras de Lev Vigotski e seus continuadores Alexis
Leontiev, Alexander Luria e todo um grupo de psicólogos soviéticos que haviam sofrido
a repressão stalinista.

Esses autores que viveram na ex-URSS do começo do século XX, partem da teoria
marxista para a construção de uma nova psicologia. As mudanças econômicas e
políticas provocadas pela revolução russa de 1917 influenciaram em muito a obra desse
grupo em que Vigotski destacava-se como líder intelectual. Sua formação ampla
(filosofia, história, literatura, estética, semiologia, direito, lingüística, medicina,
pedagogia e psicologia) e seu profundo conhecimento sobre a história da Psicologia,
não só da antiga Rússia, mas também do mundo, permitiram-lhe a compreensão e a
síntese do panorama da ciência psicológica no final do século XIX.

Vigotski identificou e buscou compreender o que chamou de crise da Psicologia. O


autor, ao vislumbrar as diversas tentativas reducionistas de explicação do fenômeno
psicológico e a incapacidade destas de formular uma Psicologia Geral, defendeu a tese
“de que a crise da Psicologia caracterizava-se, fundamentalmente, por uma crise
metodológica que só poderia ser superada por meio de uma metodologia científica com
embasamento na história” (Molon, 1999, p. 45). Para ele, tanto as concepções idealistas
como as mecanicistas não davam conta de explicar o fenômeno psicológico em sua
totalidade.

Luria (1988) faz uma referência a esse período de grande efervescência cultural e
intelectual: “Nosso propósito, superambicioso como tudo na época, era criar um novo
modo, mais abrangente, de estudar os processos psicológicos humanos” (p. 22).

Vigotski buscou resolver os problemas epistemológicos e metodológicos propondo uma


Psicologia de base marxista. “Para Vigotski, a apropriação legítima do marxismo pela
Psicologia não se dava de forma direta, mas mediada. Por meio do conhecimento do
método de Marx, Vigotski construiu uma ciência psicológica, entretanto jamais buscou
a Psicologia no marxismo ou na aderência de marxismo e Psicologia” (Molon, 1999, p.
49).

Deve-se ter claro que o sistema categorial e o caráter do conhecimento na filosofia e na


ciência são diferentes. Assim, não é viável e nem suficiente sobrepor os postulados
filosóficos aos dados científicos (Shuare, 1990); e, portanto, não sendo possível
simplesmente apropriar-se dos conceitos marxistas e usá-los diretamente na ciência
psicológica.

Dessa forma, Shuare (1990) analisa as principais contribuições da filosofia materialista


dialética à psicologia sócio-histórica (também conhecida como psicologia soviética,
psicologia histórico-cultural ou psicologia histórico-crítica) e nos aponta alguns
elementos:
o a concepção materialista da dialética: em vista da complexidade dos fenômenos
estudados pela Psicologia, o método materialista dialético tem uma aplicação
fundamental no entendimento dos fenômenos humanos. A investigação psicológica
deve recorrer a princípios da dialética, tais como vinculação e interdependência dos
fenômenos, origem multideterminada e constante luta de contrários;
o a teoria do reflexo, que não pode ser confundida com a teoria dos reflexos
condicionados de Pavlov, é o pressuposto básico da teoria do conhecimento e postula
dois princípios fundamentais: a subjetivação do objetivo e a objetivação do subjetivo.

É a partir da interação ativa com o mundo que os homens constroem sua subjetividade;
o a categoria da atividade: a atividade prática sensível, a práxis como atividade
produtora intencional é o que fundamentalmente nos distingue dos animais e pode-se
caracterizar enquanto determinante da essência humana, já que possibilita o
desenvolvimento da cultura;
o a natureza social do homem, “cujo reconhecimento implica tomar o homem como
produto e produtor das relações sociais historicamente construídas pela humanidade
(...).” (Tanamachi, 1997, p. 75).
Neste sentido, o materialismo histórico dialético e os pressupostos explicitados, aqui,
serviram de guia epistemológico para a psicologia de Vigotski; e, na década de 80, essa
psicologia aponta alguns caminhos à psicologia social, que se apropria do método
materialista histórico dialético, pois este vai ao encontro de duas grandes questões que
os psicólogos colocavam à sua ciência: a necessidade de indissociabilidade entre teoria
e prática e o compromisso político que deveria permear as atuações profissionais.

Como a psicologia proposta por Vigotski não é uma mera sobreposição da teoria
marxista à psicologia, e sim a construção de uma nova psicologia, faremos uma breve
conceituação da psicologia sócio-histórica.

A Psicologia proposta por Vigotski

A partir da concepção marxista de Homem e de mundo, Vigotski, e seus companheiros


Luria e Leontiev, buscam redefinir o método de compreensão do fenômeno humano a
ser pesquisado pela psicologia.
“A tarefa diante da qual colocavam-se estes estudiosos soviéticos era a criação de um
novo sistema, que fizesse a síntese dos trabalhos anteriormente citados e os superasse
(...)” (Tanamachi, 1997, p.
92).

Essas preocupações os levaram a pesquisar as formas superiores de comportamento, tais


como linguagem, memória, atenção, pensamento, e a entendê-las a partir das relações
sociais que o indivíduo estabelece com o mundo. “Segundo sua proposta, o objetivo da
Psicologia é, portanto, a investigação da origem e do curso do desenvolvimento do
comportamento e da consciência” (Tanamachi, 1997, p. 92).
Vigotski buscou compreender os fenômenos psicológicos enquanto “mediações entre a
história social e a vida concreta dos indivíduos” (Meira, 2000, p. 50). Essas mediações
ocorrem através da atividade prática humana, pois ao produzir suas formas de
subsistência, indiretamente o Homem se autoproduz.

Os produtos da atividade humana são sempre coletivos na medida em que só adquirem


um significado a partir da vivência social, que é mediada pela linguagem. Por isso não é
possível falar de natureza humana como algo a priori, universal e abstrato. É na
realidade concreta que nossas subjetividades são constituídas e, portanto, o que existe,
em oposição à idéia de essência humana é a condição humana.

A transmissão e assimilação da cultura são pontos essenciais da psicologia sócio-


histórica. Os produtos da atividade humana transformam-se em patrimônio da
humanidade na forma de cultura. “Assim, a aprendizagem é alçada à posição de extrema
importância, já que é o processo de apropriação da experiência acumulada pelo gênero
humano no decurso da história social que permite a cada homem a aquisição das
qualidades, capacidades e características humanas formadas historicamente e a criação
contínua de novas aptidões e funções psíquicas” (Meira, 2000, p. 51).

Ao introduzir a questão da atividade prática na constituição da subjetividade humana, a


Psicologia sócio-histórica pôde compreender o homem enquanto ser ativo, social e
histórico. Entendendo o Homem em sua totalidade sócio-histórica e o papel da atividade
humana na constituição de subjetividade, a Psicologia crítica enfatiza as possibilidades
de transformação por meio da ação dos indivíduos.

A preocupação em construir uma nova abordagem científica levou os psicólogos


soviéticos a criarem novos métodos de investigação e análise. Para Vigotski, “o
desenvolvimento psicológico dos homens é parte do desenvolvimento histórico geral de
nossa espécie e assim deve ser entendido. A aceitação dessa proposição significa termos
que encontrar uma nova metodologia para a experimentação psicológica” (1988b, p.
69).

A partir das leis da dialética, Vigotski (1988b) propõe alguns princípios necessários à
investigação das funções psicológicas superiores:
o Analisar processos e não objetos: os processos psicológicos, em virtude de sua
complexidade, sofrem constantes mudanças. Cabe ao pesquisador investigar e
compreender como determinado fenômeno desenvolveu-se na história do indivíduo.

o Explicação versus descrição: ao invés de descrever um fenômeno, como as ciências


positivistas o fazem, a psicologia histórico-cultural procura compreendê-lo em sua
essência, em sua totalidade.
O problema do “comportamento fossilizado”: são os comportamentos automatizados ou
mecanizados, que no decorrer da vida perderam sua origem e sua aparência externa,
nada nos dizem sobre sua natureza interna. Para que possamos compreender esses
comportamentos é necessário pesquisar como eles foram construídos, ou seja, fazer um
levantamento da história do comportamento. Para tanto, deve-se estudar os processos
em mudança.

A partir desses princípios, Vigotski e seus companheiros estudaram:


o A relação pensamento/linguagem e o problema da comunicação. A linguagem
enquanto função psíquica superior é primeiramente social, resultado da relação entre as
pessoas (criança e os outros), para depois ser interiorizada, como resultado da ação do
próprio indivíduo, transformando-se em um instrumento regulador do comportamento.
A ação do indivíduo passa a ser mediatizada pela linguagem.

o A relação entre aprendizagem e desenvolvimento. Para Vigotski o desenvolvimento é


um processo dinâmico em que se alternam estágios de relativa estabilidade e períodos
de mudanças radicais – as crises, entendidas como positivas, já que modificam velhas
relações e abrem espaço para a criação de novas possibilidades.

Entendendo o desenvolvimento enquanto processo dinâmico pode-se compreender o


conceito de Zona de desenvolvimento proximal. Para Vigotski (1988a) existe o nível de
desenvolvimento real ou efetivo e a Zona de desenvolvimento proximal correspondente
àquelas atividades que a criança ainda não consegue realizar sozinha, mas consegue
com a ajuda de outra pessoa. Citando Vigotski (1988a): “O que a criança pode fazer
hoje com o auxílio dos adultos poderá fazê-lo amanhã por si só. A área de
desenvolvimento potencial permite-nos, pois, determinar os futuros passos da criança e
a dinâmica do seu desenvolvimento e examinar não só o que o desenvolvimento já
produziu, mas também o que produzirá no processo de maturação.” (p. 113)

A consciência e as emoções. Para Vigotski a consciência humana deve ser estudada


como função, o que contraria algumas tendências da psicologia tradicional que a
considera substância, princípio explicativo.

A atividade humana é o plano que dá origem à consciência. A linguagem tem papel


essencial na formação da consciência, já que é através dela que o homem pode
transmitir suas representações de uma geração a outra, pode refletir sobre o mundo que
o cria e, ao criá-lo, pode estruturar sua consciência.
Fonte: http://www.fmauriciograbois.org.br/portal/cdm/revista.int.php?
id_sessao=50&id_publicacao=167&id_indice=1231

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