Vous êtes sur la page 1sur 2

Angola e os media

http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2010/05/angola-e-os-media.html
Louise Redvers
Anualmente, assinala-se a 3 de Maio o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. A
efeméride foi instituida pelas Nações Unidas para promover o direito à liberdade
de expressão e para destacar as dificuldades dos jornalistas que são perseguidos no
exercício das suas funções.
De acordo com a Freedom House, uma ONG baseada em Washington, apenas dez por
cento da África sub-Sahariana tem uma imprensa livre.
Angola tem uma lei de imprensa e uma Constituição que proclamam a liberdade de
imprensa, mas isso está longe da realidade.
O Estado é proprietário da única publicação diária do país - o Jornal de Angola - e do
semanário Jornal dos Desportos.
Para além disso controla a Rádio Nacional de Angola e várias estações locais de rádio, e
dirige dois dos três canais nacionais de televisão. 
Esses orgãos promovem abertamente as actividades do governo e do partido no poder, o
MPLA, e raras vezes apresentam as vozes da oposição ou críticas de outros sectores da
vida nacional.
O Jornal de Angola, em particular, publica regularmente editoriais atacando os que
questionem a política ou o desempenho de Angola.
De acordo com Elias Isaac, o director da ONG Open Society em Angola, não há
liberdade de imprensa no seu país.
"Em Angola o que existe é uma imprensa - especialmente a estatal - que monopoliza e
controla o espaço quase todo e que tem uma forma de informação de mais propaganda,
de mais intoxicação e de mais lavagem cerebral da população."
Apesar de haver mais diversidade de pontos de vista em Luanda, onde a Rádio Ecclésia
- da Igreja Católica - menciona incansavelmente questões sociais e onde grande parte da
população tem acesso à Internet, as pessoas que vivem fora da capital angolana
dependem, em grande medida, dos media estatais para se informarem.
Nos últimos anos, vários novos grupos de media começaram a operar em Angola,
incluindo a Medianova e a Score Media.
Foram colocados no mercado novos projectos como a TV Zimbo, a Rádio Mais e jornais
como o Expansão e os semanários Económico e O País.
Mas, de acordo com Elias Isaac, o facto desses grupos pertencerem a altos funcionários
governamentais e a individualidades próximas do MPLA, cria interrogações sobre as
suas intenções e interesses.
"Há certas figuras públicas, com poder político e económico, que estão a criar essas
novas entidades de imprensa para darem a entender ao público - especialmente ao
estrangeiro - que em Angola a imprensa está a desenvolver-se, há mais canais. Mas isso
não é verdade!
"A maior parte dessas novas entidades que estão a começar a emergir defendem
interesses dos poderes políticos, defendem interesses dos poderes económicos"
E o que é que os próprios jornalistas acham?
António Freitas é o chefe de redacção do Novo Jornal, um semanário privado conhecido
pelas suas análises e críticas, não apenas ao governo.
Segundo ele, alguns jornalistas temem criticar.
"Há uma cultura instalada de auto-censura nos próprios orgãos públicos. Há situações
[de auto-censura] - principalmente nos orgãos públicos da comunicação social - sem
sequer haver a intervenção dos poderes.
"Os próprios jornalistas em si previamente conhecem os seus limites ou muitas vezes
agem por moto próprio e praticam a auto-censura - o que limita a liberdade de imprensa,
a liberdade de expressão dos cidadãos, o direito à informação diversificada, o direito a
dar voz a quem não tem voz."
António Freitas disse que ele e outros colegas no Novo Jornal não praticam a auto-
censura; o seu objectivo, segundo ele, é publicar sempre a verdade.
Terá sido devido a essa recusa em seguir a "linha oficial" que o conglomerado
português Escom teria colocado o Novo Jornal à venda.
Há agora sugestões de que pessoas envolvidas com o grupo Medianova estariam a tentar
comprar a publicação.
Mas António Freitas disse à BBC que não podia fazer comentários sobre esse processo.
Há também informações segundo as quais um outro jornal independente, o Semanário
Angolense, poderá estar prestes a ser comprado por individualidades próximas do
governo angolano.
Os poucos semanários que restam enfrentam sérias pressões devido à falta de
rendimentos publicitários e, de forma rotineira, têm os seus repórteres aliciados para
postos mais bem remunerados nos media estatais.
A BBC questionou o vice-ministro angolano da Comunicação Social, Manuel Miguel
de Carvalho, "Wadijimbi", sobre o controlo estatal dos media e a manipulação da
informação.
"O país tem uma diversidade de opiniões e cada um tem de respeitar a opinião do outro.
Isso é que é democracia! Quem vem a Angola e vê os jornais que temos, os meios de
comunicação social que temos e os conteúdos que divulgam, não sei onde é que pode
encontrar censura."
BBC - 03.05.2010

Vous aimerez peut-être aussi