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ENERGÉTICO DO VENTO EM
PORTUGAL – METODOLOGIA E
DESENVOLVIMENTO
Resumo
Nos últimos anos, o desenvolvimento dos aproveitamentos de energia eólica em Portugal
evoluiu de forma marcante. O volume de projectos assumido, quer pelas entidades
governamentais quer pelos investidores em parques eólicos, prevê a instalação de 3750 MW
até ao final de 2010, multiplicando por mais de dez vezes a actual capacidade. Apesar do
crescimento previsível para os próximos anos neste sector, existem poucas ferramentas de
planeamento de infra-estuturas e de identificação sistemática de locais que apresentem
indicadores de elevado potencial eólico.
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Abstract
In the last few years, the wind energy development in Portugal has increased enormously.
Portuguese plans – assumed by the governmental authorities and wind park investors –
addresses the installation of 3750 MW, until the year 2010, multiplying the actual capacity
by, approximately, ten times. Besides this growth of the wind energy exploitation, the country
has regions with good wind potential still uncharacterised for this purpose. This work, being
included in the development of wind databases - aiming to incentive and accelerate the
development of wind energy in this country - was initiated by INETI, Instituto Nacional de
Engenharia e Tecnologia Industrial, with the development of EOLOS - Portuguese wind
potential database, accomplished in the year 2000.
The huge amount of information needed to select and characterize wind potential and wind
power production has as a common characteristic being susceptible to be mapped. Therefore,
the existing information concerning, for example, environmental restrictions, electric network,
land use, among others, was used to build maps representing the restrictions to the wind
energy exploitation. Those were then introduced into the GIS as input data, together with
maps generated in order to represent the wind parameters necessary for the wind energy
characterisation, as input data. Based on these information, some applications were built in
order to enable the calculation of areas, distances and the selection of favourable wind
potential regions to wind energy exploitation.
The applications presented in this database were also used to estimate the sustainable wind
potential on the Portuguese mainland, as well as the need to reinforce the national electric grid
for the optimised development of this form of renewable energy.
In this work it will be described the database production, including the data processing and
mapping, as well as its integration into the GIS.
ii
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Índice
1. Introdução .........................................................................................................................1
2. A utilização dos Sistemas de Informação Geográfica para o planeamento da energia
eólica ..........................................................................................................................................7
2.1. Aspectos gerais dos SIG .............................................................................................7
2.2. A variabilidade espacial do recurso eólico ...............................................................11
2.3. Parâmetros condicionantes do aproveitamento do potencial eólico.........................12
2.3.1. Velocidade e direcção do vento........................................................................12
2.3.2. Orografia...........................................................................................................13
2.3.3. Rugosidade e obstáculos...................................................................................18
3. Desenvolvimento de uma base de dados do potencial eólico num Sistema de
Informação Geográfica - SIG ................................................................................................22
3.1. Caracterização do potencial energético do vento em Portugal.................................22
3.1.1. Efeitos de macro e meso-escala em Portugal ...................................................22
3.1.2. Mapeamento do recurso ...................................................................................24
3.1.3. Estimativa de produção energética ...................................................................31
3.2. Condicionantes ambientais .......................................................................................33
3.3. Capacidade da rede eléctrica receptora ....................................................................35
3.4. Ocupação do solo......................................................................................................38
3.5. Declive do terreno ....................................................................................................38
3.6. Divisão administrativa..............................................................................................39
3.7. Controlo de qualidade da informação.......................................................................40
4. Metodologia e estrutura de programação da base de dados ......................................45
4.1. Cálculo de distâncias e declives do terreno ..............................................................47
4.2. Capacidade da rede de transmissão ..........................................................................50
4.3. Identificação de áreas com potencial eólico .............................................................51
4.4. Estimativa do potencial sustentável do país .............................................................52
5. Aplicações da base de dados: SIGEolos........................................................................57
5.1. Discussão dos resultados ..........................................................................................78
6. Conclusões e trabalho futuro.........................................................................................82
Bibliografia..............................................................................................................................84
Apêndice I – Parâmetros estatísticos relevantes para o estudo do vento ..........................88
Apêndice II – Parques Eólicos em Portugal.........................................................................93
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Lista de Tabelas
Tabela 1.1 – Capacidade instalada em Portugal continental e nas ilhas até Dez. 2003. ............5
Tabela 2.1 – Tipos de Superfície e comprimentos de rugosidade correspondentes .................18
Tabela 3.1 – Índices utilizados no estudo de determinação das circulações do escoamento em
Portugal.....................................................................................................................................22
Tabela 3.2 – As 10 classes de CWT’s retidas no estudo ..........................................................23
Tabela 3.3 – Pontos de ligação à rede eléctrica e potências planeadas 2004-2007..................37
Tabela 4.1 – Percentagem de ocupação do solo para aproveitamentos eólicos para restrições
ambientais e socio-económicos, por região..............................................................................55
Tabela 5.1 – Capacidade da rede eléctrica nacional, disponível e planeada, sem restrições. ..59
Tabela 5.2 – Áreas bruta, total e aproveitável de cada região e potência por unidade de área.75
Tabela 5.3 – Capacidade planeada, potencial sustentável e déficit de capacidade para cada
região. .......................................................................................................................................75
Tabela 5.4 – Descrição dos campos incluídos no formulário informativo sobre os PE
instalados em Portugal..............................................................................................................77
Tabela AI.1 – Escalas de Movimento ......................................................................................88
Tabela AII.1 – Situação dos parques eólicos em Portugal .......................................................93
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Lista de Figuras
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Figura 5.19 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano e SLP<55% – região 7. ..................69
Figura 5.20 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano e SLP<55% – região 8. ..................69
Figura 5.21 - Resultado da selecção aplicada aos mapas de NEP’s e Declives – mapeamento
em NEP’s, com introdução de restrições ambientais. ..............................................................70
Figura 5.22 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano com introdução de restrições
ambientais – região 1................................................................................................................71
Figura 5.23 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano com introdução de restrições
ambientais – região 2................................................................................................................71
Figura 5.24 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano com introdução de restrições
ambientais – região 3................................................................................................................72
Figura 5.25 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano com introdução de restrições
ambientais – região 4................................................................................................................72
Figura 5.26 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano com introdução de restrições
ambientais – região 5................................................................................................................73
Figura 5.27 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano com introdução de restrições
ambientais – região 6................................................................................................................73
Figura 5.28 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano com introdução de restrições
ambientais – região 7................................................................................................................74
Figura 5.29 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano com introdução de restrições
ambientais – região 8................................................................................................................74
Figura 5.30 – Mapas representativos da (a) capacidade planeada, (b) potencial eólico estimado
e (c) déficit regional..................................................................................................................76
Figura 5.31 – formulário contendo informação sobre os parques eólicos em Portugal. ..........77
Figura AI.1 – Espectro de Van der Hoven ...............................................................................88
Figura AI.2 – Distribuição da velocidade do vento e curva de potência de uma turbina.........92
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
IA – Instituto do Ambiente
PE – Parque Eólico
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Agradecimentos
A elaboração de um trabalho deste tipo passa necessáriamente por uma série de apoios que se
irão reflectir de forma determinante no resultado final. Assim, começo por agradecer ao
INETI, Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação, na pessoa do Senhor
Director do Departamento de Energias Renováveis, Doutor António Joyce, pelas condições
disponibilizadas e sem as quais não teria sido possível desenvolver este trabalho.
Uma boa orientação técnica e científica de um trabalho é meio caminho andado para o seu
sucesso. Assim, agradeço à Doutora Ana Estanqueiro pela sua orientação e pelo apoio
prestado quer a nível profissional quer a nível pessoal, durante o desenrolar deste trabalho.
Agradeço também ao Professor Doutor João Catalão, pela orientação e pelas preciosas
sugestões transmitidas no decorrer deste trabalho.
Finalmente, agradeço aos meus irmãos pelo apoio que me deram, e em especial à minha mãe,
por nunca me ter deixado desistir, pela coragem que sempre me transmitiu e por ser a minha
referência.
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
1. Introdução
Em Portugal, a aposta no aproveitamento das energias renováveis tornou-se clara com a
publicação dos Dec.-Lei 312/01 e 339-C/01 em Dezembro de 2001. O interesse do mercado
nacional neste segmento energético evidencionou-se, em Janeiro de 2002, com a forte adesão
à primeira abertura de pedidos de informação prévia à então DGE-Direcção Geral de Energia,
a qual se saldou por um pedido global de potência de 7GW, aproximadamente, valor este
superior a 50% da capacidade nacional instalada, sendo a grande maioria destes pedidos,
referentes a projectos de parques eólicos.
Esta necessidade é ainda reforçada pela recente criação do MIBEL – Mercado Iberico de
Electricidade, uma vez que Espanha tem já em desenvolvimento projectos com idênticos
objectivos, para diversas Províncias e regiões.
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
financeira e fiscal, veio resolver grande parte desta questão e originou uma grande evolução
do sector das energias renováveis no geral e da energia eólica em particular. O volume de
projectos actualmente assumido pelos investidores em parques eólicos prevê o cumprimento
dos objectivos nacionais até 2010. Apesar deste crescimento na exploração da energia eólica,
o país tem ainda regiões com potencial eólico aproveitável não caracterizadas para este fim.
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Pretende-se que este trabalho contribua para a definição do potencial eólico sustentável de
Portugal continental e consequente planeamento de novos parques eólicos, bem como para o
necessário reforço da rede de eléctrica.
Apesar das energias renováveis no geral terem a finalidade de defender o ambiente, têm
também alguns impactos que são considerados de extrema relevância pelo sector ambiental,
levando-os a encarar a instalação de sistemas de energia renovável com algumas reservas.
Certas organizações de defesa do ambiente argumentam que muito há ainda a fazer no
domínio da poupança e da utilização racional da energia. É, no entanto, de referir, que as
medidas tomadas neste sentido não devem ser exclusivas, sendo o fomento do recurso a fontes
renováveis de energia uma atitude que pode contribuir de forma decisiva para minimizar os
problemas ambientais. No que diz respeito ao sector eléctrico, um dos sectores onde estas
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
formas de energia podem contribuir para as metas estabelecidas em Quioto, Portugal é um dos
países onde as energias renováveis, nomeadamente, as grandes hídricas, constituem já uma
grande parcela dos recursos utilizados na geração de energia eléctrica, sendo no entanto de
referir, a necessidade de reforçar esta contribuição. As grandes hídricas apesar de todas as
vantagens, exigem locais com características especiais, interferem com a sensibilização para a
utilização racional da água (têm impactes quase irreversíveis no ecosistema), não se podendo
por isso, esperar grande evolução da sua parte. É nesta sequência que surgem a mini-hídrica e
a energia eólica como soluções a curto e médio prazo.
Tal como predito, a energia eólica viu nos últimos anos um crescimento extremamente
acentuado, quer em número de projectos, quer em capacidade instalada. Este crescimento foi
motivado em grande parte pela implementação do Programa E4 – Eficiência Energética e
Energias Endógenas que deu lugar à elaboração de nova legislação aplicável aos
aproveitamentos renováveis, novo tarifário para energia eléctrica de fontes de energia
renováveis (FER) que eleva a remuneração da energia produzida para níveis que se
aproximam dos mais favoráveis na Europa viabilizando, assim, a instalação de PE em locais
até aqui fora de causa, e MAPE – Medida de Apoio ao Aproveitamento do Potencial
Energético e Racionalização de Consumos no âmbito do Programa Operacional da Economia
- POE (portaria 198/2001 13 Março, portaria regulamentadora 383/2002 de 10 de Abril) que
pretende apoiar investidores nas renováveis através de incentivos de financiamento e fiscais.
Estes programas conduziram à criação de um novo quadro legislativo visando aumentar a
competitividade das fontes renováveis de energia e estimular o mercado da energia.
O número previsto para a potência de origem eólica a instalar (3750 MW) pode constituir uma
contribuição significativa para o sistema produtor de electricidade de Portugal, colocando-o
ao nível de outros países desenvolvidos da Europa (e.g. Dinamarca, Alemanha e Espanha).
Esta apresenta-se como uma forma de energia renovável particularmente adequada do ponto
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Tabela 1.1 – Capacidade instalada em Portugal continental e nas ilhas até Dez.2003.
Capacidade total em Nº total de turbinas em
operação operação
( Dez. 2003) [MW] (Dez. 2003) [nº]
Continente 273.6 287
Açores 5.3 22
Madeira 9.8 43
TOTAL 288.6 352
Capacidade Produção/
Consumo
140 300
120 250
100
200
80
150
60
100
40
20 50
0 0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
Capacidade (MWe) Produção de electricidade (GWh)
1
Valor calculado com base no número de horas equivalentes à potência nominal médio de 2500 h/ano
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Com base na informação recolhida junto dos promotores de energia eólica, construiu-se um
gráfico com a estimativa de crescimento da potência instalada em Portugal até 2010 (figura
1.2).
4000
Capacidade instalada
Capacidade eólica [MW]
1000
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Ano
6
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Muito embora a grande maioria dos modelos utilizados na avaliação do potencial eólico e nas
estimativas de produção energética, já constituam por si só um SIG, uma vez que utilizam
informação georeferenciada, todo o processo de elaboração de um projecto pressupõe também
a identificação de informação de outra natureza, relacionada com temas diversos, tais como,
restrições ambientais, disponibilidade de capacidade de interligação à rede eléctrica e outras
informações de teor burocrático.
Os Sistemas de Informação Geográfica têm sido objecto de várias definições. Alguns autores
baseiam-se nas características tecnológicas e na funcionalidade destes para os distinguir de
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
outros tipos de sistemas. A definição aqui apresentada, caracteriza de uma forma geral, os
produtos que se destinam ao suporte de aplicações envolvendo dados geográficos:
“Um SIG é um conjunto potente de ferramentas para recolher, armazenar, aceder, transformar
e visualizar dados espaciais do mundo real”, [Burrough, 1986].
É também sabido, que a elevada quantidade de informação utilizada num SIG é, normalmente
obtida em diversas fontes, quer em bases de dados existentes, software de geração de
informação, cartografia ou mesmo na Internet. Assim, nos parágrafos que se seguem,
apresenta-se uma descrição sucinta de vários processos utilizados para transformar/formatar, a
informação de forma a se apresentarem adequados aos programas desenvolvidos para a
realização das operações/selecções desejadas dentro do SIG.
Modelos de Dados: Conjunto de regras usadas para converter a variação geográfica “do
mundo real” num conjunto discreto de objectos [Catita, 2000]. Podem ser de dois tipos; raster
e vectorial.
Modelo raster:
cada célula contém apenas um valor que representa a condição ou atributo desse ponto
da superfície da Terra;
Modelo vectorial:
todas as entidades são representadas através de pontos, linhas e áreas que estão
referenciados num sistema de coordenadas ((x,y) ou (x,y,z) do sistema);
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
os atributos dos objectos são armazenados numa base de dados alfanumérica: a ligação
entre o ficheiro de desenho e a tabela de atributos pode ser feita associando um
identificador único a cada elemento do mapa;
Dados de Entrada
Restruturação de dados – pode ser apenas uma re-formatação dos dados de entrada de forma a
serem suportados pelo sistema, ou passarem pela conversão entre estruturas de dados (raster-
vectorial).
Edição – detectar e resolver inconsistências não espaciais, espaciais ou topológicas (e.g., erros
de digitalização).
Manipulação de dados
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Derivação da informação espacial – Permite extrair informações novas por inferência sobre os
dados existentes;
Saída de resultados – Operações que permitem que a informação seja extraída do SIG para
visualização e análise. Podem ser de vários tipos:
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
O recurso eólico apresenta uma acentuada variabilidade espacial. Em Portugal verifica-se que
a média anual da velocidade, a direcção, a intensidade de turbulência, os padrões sazonais e o
perfil diário da velocidade média do vento se podem alterar substancialmente para distâncias
reduzidas e características orográficas relativamente suaves. Assim, a sua caracterização
espacialmente detalhada assume um carácter imperativo.
A utilização de um único mastro para a caracterização do potencial eólico de uma dada região
obriga a uma selecção, nem sempre simples, do local de instalação do mesmo, uma vez que,
tal como anteriormente referido, mesmo em áreas com características orográficas
razoavelmente suaves, as condições do escoamento atmosférico podem variar
significativamente em curtas distâncias. Por exemplo, um local situado num vale de baixa
altitude terá em média menores velocidades do vento do que as elevações circundantes. Os
vales são normalmente, locais com menos vento, em particular à noite devido à formação das
denominadas “piscinas de ar frio” – descida de ar frio pelas encostas das montanhas que se
vai concentrar nas zonas mais baixas, isolando-as dos ventos regionais [Stull, 1988], embora
por vezes, possam ocorrer efeitos de concentração local.
Como regra geral, pode dizer-se que, dois locais situados a distâncias compreendidas entre 15
e 30 quilómetros um do outro em áreas espacialmente extensas com características
orográficas suaves, deverão ter exposição semelhante aos ventos dominantes. Em regiões
planas esta distância poderá ir até cerca de 90 quilómetros [Wegley et al., 1980]. Se se
considerarem regiões com características orográficas complexas, então estas distâncias serão
apenas da ordem dos 5 a 8 quilómetros [Mortensen et al., 1993], pois nestes casos devem ser
consideradas perturbações do escoamento atmosférico induzidas pela orografia e, nalguns
casos pela rugosidade vegetal e obstáculos existentes.
Nos últimos anos, tem sido frequente o aparecimento de projectos de parques eólicos de
grandes dimensões – elevada capacidade e número de aerogeradores – englobando áreas
muito vastas. Estes implicam a instalação de mais do que um mastro anemométrico dentro da
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
A caracterização do recurso eólico num dado local, depende de diversos parâmetros que
condicionam de forma, mais ou menos determinante, o escoamento atmosférico de um dado
local ou de uma dada região [Simões, 1999], sendo os seguintes os mais relevantes neste tipo
de estudos:
orografia local;
Nos parágrafos que se seguem apresenta-se uma breve descrição dos pontos considerados.
As medidas são normalmente obtidas a alturas que podem ir desde a altura meteorológica de
referência, 10m, e 80m, sendo no entanto desejável, que estas sejam obtidas tão próximo
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
quanto possível do rotor das turbinas a instalar. Sempre que surge a necessidade de transpor
verticalmente os valores de velocidade do vento, recorrem-se a métodos estatísticos – e.g. leis
de regressão – ou às conhecida leis logarítmica ou de potências, esta última geralmente
utilizada no domínio da energia eólica (equação 2.1).
α
Z
VZ1 = VZ ref × 1 (2.1)
Z
ref
Na equação 2.1, VZ1 é a velocidade que se pretende conhecer à altura Z1, VZ ref é a velocidade
Nesta base de dados pretende-se, numa segunda fase, inserir informação sobre locais
caracterizados com base em medidas obtidas nas várias estações anemométricas operadas pelo
INETI – à data, cerca de 100. Cada mastro anemométrico tem instalados 1, 2 ou 3 conjuntos
de sensores (anemómetros de copos e sensores de direcção) ligados a um sistema de aquisição
de registo de dados (datalogger) que permite visualizar valores instantâneos e armazenar a
informação numa unidade de memória amovível. Nos casos em que os mastros
anemométricos se encontram instalados em locais de difícil acesso, utilizam-se, sempre que
possível, dataloggers de acesso remoto.
As torres anemométricas instaladas são de dois tipos; treliça e telescópicas, e estão na sua
maioria equipadas com pára-raios e eléctrodo terra. Os anemómetros de copos foram, na sua
maioria, sujeitos a calibração num túnel aerodinâmico (LNEC, IM ou INETI). O
funcionamento dos sensores de direcção, é numa primeira fase verificado em laboratório, e
posteriormente no local de instalação contra medidas in situ utilizando a bússola de um GPS –
Global Positioning System, ou outros sistemas de referenciação não interferentes.
2.3.2. Orografia
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Alguns critérios gerais para a selecção de locais em terreno montanhoso são [Justus, 1980]:
colinas de inclinação suave (entre 1:3 e 1:4) onde os cumes não são nem muito planos,
nem muito acentuados, nem de forma dentada;
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
A localização de um parque numa linha de cumeada tem algumas vantagens, uma vez que
esta actua como uma torre. Os efeitos de arrefecimento junto ao solo são parcialmente
evitados e pode existir aceleração do vento aumentando desta forma a energia disponível no
local. Neste tipo de terreno são vários os efeitos a ter em conta e o peso da componente
térmica pode ser relevante devido aos ventos de vale e de montanha que, eventualmente, se
formam. Na figura 2.3 apresentam-se várias orientações possíveis e respectivas classificações.
Figura 2.3 – Orientações possíveis de linhas de cumeada [Marques da Silva et al., 1986].
Figura 2.4 – Formas dos montes por ordem de preferência [Wegley et al., 1980].
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
o regime de vento na cumeada não é sujeito a grandes variações mas depende do local
e da época do ano;
a correlação entre a direcção do vento num terreno complexo e uma dada referência
em campo aberto é válida apenas para um local;
mesmo em dias globalmente calmos pode observar-se no cume vento com substancial
velocidade.
Ainda dentro das orografias complexas há que referir o caso de depressões marcadas como os
desfiladeiros ou os vales estreitos com orientação apropriada onde o escoamento pode ser
acelerado se o vento for “canalizado” ao longo da depressão. As depressões estão em geral
parcialmente rodeadas de terreno mais elevado, donde, é necessário que o local escolhido
esteja na direcção predominante do vento.
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Neste tipo de estudos, é normalmente utilizada cartografia digital 1:25 000 em formato
vectorial, englobando uma área considerável em redor do mastro anemométrico e
desejavelmente, do parque eólico. Todos os mapas utilizados e apresentados neste trabalho
estão no sistema Hayford Gauss/Datum Lisboa com origem fictícia a SE de Sagres. Para além
da cartografia referida, foi também utilizada informação sobre altimetria, disponibilizada pela
USGS – United States Geological Survey, base de dados geográfica do projecto GTOPO30,
introduzida no modelo meso-escala MM5, também utilizado para a geração de mapas de
recurso.
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Por rugosidade entende-se no sentido mais geral do termo, o tipo de ocupação do solo
característica de uma dada região ou local – vegetação, localidades, zonas de cultivo, etc.
O local ideal é caracterizado por rugosidade homogénea e reduzida, sendo no entanto mais
frequente encontrar locais onde se encontram vários tipos de rugosidade que se interpenetram.
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
todos os quadrantes visíveis do local e outros pontos vistos de locais distantes. Durante as
visitas, procede-se também à confirmação de manchas de rugosidade existentes na cartografia
disponível, de forma a apoiar a construção dos mapas finais. Na inexistência de campanhas
experimentais, recorre-se a informação cartográfica e digital disponível.
É frequente existirem perto do mastro anemométrico, elementos sombra que não podem ser
classificados como rugosidade. Neste caso, denominam-se obstáculos e é necessário proceder
à sua correcta identificação e caracterização da sua influência no desenvolvimento do
escoamento. Os obstáculos podem ser de várias naturezas; casas, depósitos de água, postos de
vigia florestais, aglomerados de árvores ou mesmo grandes estruturas de pedra. Em seguida
apresenta-se uma breve descrição do escoamento quando sujeito aos variados tipos de
obstáculo.
Edifícios
Muito embora não seja comum instalar aerogeradores nas proximidades de edifícios, este
posicionamento pode ocorrer, por exemplo, em quintas ou na proximidade de estruturas
urbanísticas. Para além disso, é frequente a instalação de mastros anemométricos em terrenos
com obstáculos deste tipo durante as campanhas experimentais de caracterização geral do
vento. As perturbações produzidas pelos edifícios aumentam em altitude a jusante. O
escoamento é obstruído pelo edifício formando uma esteira ainda a montante do mesmo. Após
a passagem pelo obstáculo forma-se uma esteira em forma de ferradura que se estende ainda a
alguma distância para jusante, como se pode ver na figura 2.7.
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Algumas precauções a tomar para evitar a influência de edifícios são posicionar o sistema
eólico:
a uma distância mínima a jusante de dez ou mesmo vinte vezes a altura do edíficio;
pelo menos 3 a 5 vezes a direcção transversal do edíficio se o sistema eólico está colocado
transversalmente ao edifício relativamente ao escoamento.
Figura 2.8 – Escoamento perturbado pela presença de um edifício [Hiester and Pennel,
1983].
Barreiras vegetais
Em regra as barreiras vegetais são constituídas por filas de árvores posicionadas oblíqua ou
perpendicularmente ao local que pretendem proteger. Existem no entanto algumas formas de
minimizar a influência das barreiras vegetais, tais como, a escolha de um local afastado (para
jusante) ou para os lados da barreira ou, em última análise, a utilização de uma torre
suficientemente alta para minimizar a perturbação do escoamento.
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Figura 2.9 – Escoamento a jusante de uma barreira vegetal [Wegley et al., 1980].
A existência de árvores posicionadas de forma aleatória num local que à primeira vista
demonstre algum interesse do ponto de vista energético, pode constituir um problema. A
esteira produzida por este tipo de obstáculo, embora seja de intensidade mais fraca do que a
produzida pelos obstáculos referidos anteriormente, prolonga-se por maiores distâncias. A
perda de velocidade pode variar entre 3 % e 20 %, e a perda de energia produzida pode variar
entre 9 % e 40 %, dependendo estes valores do tipo de folhagem e da distância ao ponto de
interesse [Wegley et al., 1980].
No caso de se escolher um local onde exista este tipo de obstáculo, deve considerar-se a
hipótese de instalação de torres anemométricas de alturas elevadas por forma a minimizar a
influência da barreira.
A representação dos obstáculos é feita no local através da medição das distâncias do mastro
aos dois cantos mais próximos do obstáculo e respectivos ângulos, altura e profundidade. É
também atribuído, posteriormente, um coeficiente de porosidade a cada obstáculo (tabela 2.2)
[Troen and Petersen, 1989].
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
A frequência relativa de cada CWT para cada mês do ano apresenta-se na figura 3.1. O tipo
anticiclónico (A) é o regime de circulação mais frequente durante todo o ano com excepção
dos meses de Verão que são dominados pelas circulações do tipo Norte (N) e Nordeste (NE).
Tanto as situações de (N) e (NE) correspondem a uma alta pressão que se estende desde os
Açores e que geralmente afecta a maior parte das regiões do Oeste da Europa durante os
meses de Verão e em especial a Península Ibérica, e produz ventos de Norte perto da costa
Portuguesa.
Figura 3.1 – Percentagem da frequência media mensal dos regimes de circulação para
cada mês do ano [Trigo e DaCâmara 2000].
É de referir que a frequência relativa de situações ciclónicas (C) é quase constante durante
todo o ano, atingindo um valor máximo durante a Primavera de acordo com o máximo de
frequência dos episódios de bloqueio do Atlântico que ocorrem nessa altura do ano.
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Para introduzir a informação sobre a rugosidade utilizaram-se dois mapas. O primeiro foi
digitalizado directamente sobre mapas cartográficos de escala 1:250 000 em suporte de papel,
tendo-se considerado as manchas vegetais e limites de localidades como elementos de
rugosidade. Este mapa foi introduzido como dado de entrada no modelo de microscala WASP.
O segundo mapa foi obtido na base de dados da USGS, e foi introduzido como dado de
entrada do modelo de mesoscala MM5.
A altimetria foi obtida na base de dados geográfica do projecto GTOPO30 da USGS para o
modelo de mesoscala MM5 e na cartografia 1:250 000 para o modelo de microscala WASP.
Esta última foi adquirida ao Instituto Geográfico do Exército – IGeoE. A escolha deste tipo de
informação prendeu-se com o facto de se tornar inviável simular a totalidade do país com a
cartografia 1:25 000.
Os dados de vento utilizados foram, para o modelo MM5, obtidos na base de dados do
NCAR/NCEP (National Centre for Atmospheric Research/National Centre for Environmental
Prediction) e para o modelo WASP, provenientes de uma estação instalada numa região
costeira a norte de Lisboa, em operação há onze anos. A escolha desta estação, teve como
base a homogeneidade dos dados de vento aí medidos e o facto de esta se poder considerar
“estação de longo termo”. O ano seleccionado, refere-se a 2001, tendo sido aplicado um factor
de correcção da variabilidade interanual do escoamento atmosférico.
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Nos parágrafos que se seguem, apresenta-se uma breve descrição do funcionamento destes
modelos.
O modelo MM5 é um modelo computacional de acesso livre que tem sido desenvolvido nos
Estados Unidos da América na Pennsylvania State University/National Center for
Atmospheric Research (PSU/NCAR), e tem vindo a ser continuamente aperfeiçoado através
da contribuição de diversos utilizadores em universidades e institutos de investigação em todo
o mundo.
TERRAIN
A rotina TERRAIN, pode utilizar dados de várias fontes, como por exemplo a base de dados
geográficos de alta resolução GTOPO30, para processar os dados de orografia e rugosidade.
O modelo de orografia da GTOPO30 tem resolução espacial de 0.925 km ou 0.0083333
graus, com informações que cobrem a totalidade do planeta.
REGRID
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
parâmetros meteorológicos para todos os pontos da grelha definidos para o domínio principal
e sub-domínios.
Figura 3.2 – Programas e informação respectiva do modelo MM5 [Feitosa et al., 2002].
RAWINS
A subrotina RAWINS é opcional, e pode ser empregada para executar novas interpolações
utilizando observações padrão de estações de superfície e radiosondagens. Este programa
realiza assimilação dos dados através de uma análise objectiva e elimina possíveis dados
errados e/ou incoerentes através de diversos testes.
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
INTERPF
A sub-rotina INTERPF realiza a interpolação vertical dos níveis de pressão para o sistema de
coordenadas sigma que acompanham a superfície. O modelo analisa os dados de superfícies
de pressão e interpola-os verticalmente. Este sistema de coordenadas verticais acompanham
exactamente as variações do terreno nos níveis mais próximos da superfície, e gradualmente
os níveis superiores apresentam menos concordância com a topografia até atingir o nível mais
alto onde o efeito da superfície já não se faz sentir.
O programa MM5 utiliza todos os dados de entrada gerados e processados pelas rotinas
TERRAIN, REGRID, RAWINS e INTERPF. A integração numérica é iniciada pelo domínio
principal com a assimilação dos dados climatológicos (Reanálise) de 6 em 6 horas, isto é
tomando em linha de conta as informações de temperatura, pressão, componentes meridional
e zonal do vento, humidade e temperatura da superfície do mar. O processo de integração
numérica considera um refinamento da grelha o que significa que os cálculos das variáveis do
domínio principal são utilizados continuamente, a cada passo, para efectuar os cálculos
numéricos nas fronteiras dos sub-domínios.
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Este modelo apresenta-se adequado para o estudo de locais com características planas ou com
elementos orográficos suaves, sendo que se verifica que, para terrenos complexos o seu
comportamento é frequentemente inadequado, chegando a apresentar valores
consideravelmente afastados da realidade, quer para as extrapolações espaciais quer para as
transposições verticais da velocidade do vento e, consequentemente, da energia produzida.
Por forma a obter uma distribuição espacial da velocidade do vento que reproduza quer os
movimentos das grandes massas de ar patentes nos resultados do MM5, quer a influência da
concentração energética por efeito orográfico evidenciada nos cálculos dos modelos de
microscala, optou-se por determinar o mapeamento do recurso energético do vento com base
nos resultados de ambos os modelos. Esta opção teve também como base os seguintes
aspectos:
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
o mapa obtido por aplicação do modelo WASP foi gerado com base nos dados de uma
única estação anemométrica (IN_01 - S. João das Lampas) e sobrestima a velocidade
do vento para as regiões de baixa velocidade do vento, tipicamente nas regiões das
lezírias do Tejo, alentejana e algarvia, factos estes confirmados pela operação de um
elevado número de estações anemométricas nestas zonas;
Deste modo, recorreu-se numa primeira fase, ao modelo MM5 com uma resolução numérica
de 9x9 km para o mapeamento dos parâmetros meteorológicos. Neste estudo utilizou-se
apenas o vento para uma altura normalizada do eixo de rotação de uma turbina, h=60m.
O modelo WASP foi aplicado, como anteriormente referido, recorrendo aos dados
experimentais da estação anemométrica de referência do INETI, IN_01, situada em S. João
das Lampas tendo-se assim obtido o mapeamento do recurso energético do vento à cota de
60m, com uma resolução espacial de 1x1 km, o qual permite a determinação das grandezas
envolvidas neste tipo de estudo – velocidade média do vento, fluxo de potência incidente e
número de horas equivalentes à potência nominal. Com base na aplicação de ambos os
modelos, obtiveram-se os correspondentes mapas de distribuição espacial da velocidade do
vento. Na figura 3.3a apresenta-se o mapa obtido por aplicação do modelo MM5 [Costa e
Estanqueiro, 2003b] e na figura 3.3b o mapa obtido por aplicação do modelo WASP.
Os mapas obtidos pelos dois modelos, foram posteriormente interpolados para malhas de
resolução de 500x500 m e compostos através de uma operação de média aritmética (figura
3.4).
29
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
(a) (b)
Figura 3.3 – (a) Mapa de distribuição espacial da velocidade do vento em Portugal continental, obtido pelo modelo MM5 (h=60m) e (b) Mapa
de distribuição espacial da velocidade do vento em Portugal continental, obtido pelo modelo WASP (h=60m).
30
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Para tal utilizaram-se os mapas de recurso apresentados nas figuras 3.3a e 3.3b,
respectivamente gerados por aplicação dos modelo MM5 e WASP, e às características de uma
turbina de 1500 kW (figura 3.5). A escolha deste modelo de aerogerador, prendeu-se com o
facto este ter produção e diâmetro do rotor medianos.
31
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
32
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
No que diz respeito à energia eólica, os impactos referidos como sendo os de carácter mais
relevante são constituídos pelo ruído emitido pelos aerogeradores, o impacto visual e a
influência na avifuana [IA, 2002].
Sendo o impacto visual uma questão discutível por lhe estarem inerentes opiniões pessoais, é
ainda assim, de referir, que a instalação de parques eólicos em locais de paisagem protegida
ou de características fora do comum, pode influenciar de forma negativa a harmonia da
paisagem. O aparecimento de máquinas de maiores dimensões, vem facilitar a instalação de
parques de grande potência com um menor número de turbinas. Estudos recentes mostram
que menos turbinas, ainda que de maior dimensão, harmonizam-se mais facilmente com o
meio ambiente do que uma grande quantidade de pequenas turbinas.
No que diz respeito à influência na avifuana, apesar de este problema merecer especial
atenção, a problemática que lhe está inerente é manifestamente mais reduzida do que algumas
associações do sector crêem. Há, no entanto, que ter precauções acrescidas quando se
pretende instalar um parque eólico numa zona com espécies protegidas ou de passagem de
corredores migratórios, nomeadamente, durante a fase de instalação das máquinas. Outra
questão relacionada com a avifuana e muito discutida no sector ambiental, é a possibilidade
de as aves colidirem com as máquinas. Este assunto tem vindo a ser objecto de estudos,
tendo-se já concluído que a quantidade de espécies que perecem desta forma é muito reduzida
33
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
quando comparada com outras causas de morte (pequenas linhas de alta tensão ou auto-
estradas) [Gonçalves et al. (ed.) , 2002].
A utilização de terrenos classificados como reserva ecológica nacional (REN) ou rede Natura
2000, para a instalação dos PE exige a desafectação destas áreas e o reconhecimento do
interesse público dos projectos e um estudo de incidências ambientais [Dec-Lei 312/2001]2.
Pelo atrás exposto, é normalmente exigido aos promotores de parques eólicos, um estudo de
incidências e/ou impactos ambientais (dependendo da classificação dos terrenos) a incluir na
fase de projecto e licenciamento dos mesmos. Assim, e por forma a introduzir este tipo de
limitações, recolheu-se informação sobre o mapeamento de áreas classificadas do ponto de
vista ambiental (figura 3.7).
2
O recente despacho conjunto de Janeiro de 2004 torna este processo automático, muito embora ainda não se
encontre em aplicação [DR, 2004].
34
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Embora o país tenha uma boa percentagem do território protegido do ponto de vista
ambiental, as áreas que não são classificadas como parques naturais3 podem considerar-se
viáveis para a instalação de parques eólicos com baixa a muito baixa ocupação. Desta forma,
neste estudo, consideraram-se dois cenários diferentes do ponto de vista de protecção
ambiental; severo e moderado.
O facto das áreas com maior potencial eólico se concentrarem em regiões remotas e, na sua
maioria, do interior do país, conduz à existência de limites baixos para a potência de origem
eólica que se poderia injectar na rede eléctrica. Esta limitação leva a que na maioria dos casos
haja a necessidade de construir linhas de grande extensão e custo para ligar a rede pré-
existente às subestações dos parques eólicos. Os custos associados à construção das linhas
são, neste momento, ainda suportados, na sua grande maioria, pelos promotores, custos esses
muito elevados, que colocam em causa muitos projectos.
Os dados de base, referentes à rede eléctrica e capacidade disponível desta, introduzidos nesta
base de dados correspondem à informação disponível nos serviços oficiais e empresas
competentes, nom
3
E mesmo nestes é possível a instalação de PE dependendo dos valores ambientais classificados.
35
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
eadamente, Direcção Geral de Geologia e Energia – DGGE e Rede Eléctrica Nacional – REN.
Por forma a introduzir esta informação na base de dados, recorreu-se a uma figura “raster”
obtida junto da REN, tendo-se procedido à sua georeferenciação e posterior digitalização
(figuras 3.8).
(a) (b)
Figura 3.8 – Rede eléctrica nacional (a) figura base [fonte REN], (b) figura digitalizada.
Na tabela 3.3 apresentam-se os pontos de ligação à rede eléctrica publicados pela DGGE e
respectiva potência de ligação disponível em 2004 e planeada até 2007.
Muito embora se acredite que a capacidade eólica atribuída por região poderia, de alguma
forma, ter sido objecto de um estudo mais detalhado no que se refere à distribuição espacial
do potencial eólico sustentável, há motivos para crer que a potência de ligação global em
2010 não seja muito diferente, em termos quantitativos, da que está planeada para 2007.
36
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Tabela 3.3 – Pontos de ligação à rede eléctrica e potências planeadas 2004-2007 [fonte,
DGGE4].
Potência Disponível
Ponto de ligação Potência planeada [MW]
[MW]
2004 2005 2006 2007
Estói 0 0 72 72
Tunes 102 113 117 121
Ourique 100 110 162 172
Sines 65 70 82 125
F_Alentejo 41 53 58 60
Alqueva 0 0 100 101
Evora 25 32 33 35
Setúbal 173 190 196 202
Caparica 168 177 186 195
Trajouce 74 94 100 106
Alto_Mira 140 172 180 180
Carriche 26 30 31 32
Sacavém 89 100 104 108
Fanhões 75 92 96 100
Porto_Alto 29 31 32 33
Rio_Maior 58 62 63 64
Santarém 121 126 128 130
Zêzere 35 42 43 44
Batalha 23 52 57 62
Falagueira 12 17 143 143
Pombal 49 57 61 65
Pereiros 0 0 100 100
Mogofores 47 47 80 90
Vila_Chã 67 78 94 144
Viseu 0 106 110 111
Mourisca 0 50 50 51
Estarreja 47 47 80 90
Canelas 93 105 108 111
Torrão 14 21 21 21
Carrapatelo 0 0 150 150
Vermoim 0 20 26 32
Valdigem 0 170 170 174
Pocinho 4 10 13 16
Mogadouro 19 73 73 80
Riba_dAve 25 38 39 40
Oleiros 0 80 80 88
Frades 0 0 50 50
Chaves 19 21 22 23
Pedralva 0 108 108 108
4
www.DGGE.pt
37
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Este tema foi considerado neste trabalho em duas fases. Numa primeira fase, foi inserido
como elemento de rugosidade, sendo que a cada tipo de ocupação se atribuiu um valor
tabelado de comprimento equivalente de rugosidade.
Numa segunda fase, esta informação foi utilizada para avaliação do potencial sustentável do
país, global e regional. Neste caso, considerou-se um factor de ocupação de ordem
económico-social, dependente da densidade populacional, actividade agrícola e industrial
características de cada região, dado que, dependendo desses factores, locais com potencial
eólico, são ou não, passíveis de aproveitamento energético do vento.
Assim, foram considerados três factores de ocupação; baixa, média e intensiva. Na figura 3.9
apresenta-se um mapa de distribuição espacial do uso do solo considerando 6 classes distintas.
Agricultura – 33%
Águas Interiores – 1%
Floresta – 38%
Improdutivos – 2%
Incultos – 23%
Social – 3%
Figura 3.9 - Distribuição espacial dos usos do solo em Portugal continental [fonte
SNIG5].
Tal como é do conhecimento geral, Portugal é um país cujo terreno apresenta na sua maioria
uma grande complexidade, sendo excepção quase única, a região interior central do Alentejo.
5
www.snig.igeo.pt
38
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
É também verdade que a maioria dos locais interessantes do ponto de vista do aproveitamento
eólico, se encontram nos pontos altos, e nalgumas zonas costeiras, elas próprias também de
orografia complexa (e.g. Sudoeste Alentejano, Sotavento Algarvio e Região Oeste).
É de referir que, a grelha de terreno base utilizada para o cálculo dos declives foi gerada com
um espaçamento de 1000 m, o que conduziu a que muitos elementos orográficos fossem
filtrados. Muito embora se tenha posteriormente construído uma nova grelha de pontos, desta
vez com discretização de 500 m por forma a poder efectuar operações com outras grelhas de
recurso com este espaçamento, o problema manteve-se, originando um mapa de declives
consideravelmente “alisado”.
39
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
parques eólicos, bem como à identificação geográfica dos parques eólicos e pontos de ligação
à rede de transmissão existentes.
40
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Dados de vento
sensores avariados;
outros.
A detecção e correcção destas falhas passa necessariamente pela inspecção dos dados, antes
da sua utilização para qualquer fim, sendo efectuada de forma automática e/ou manual. A
primeira consiste na utilização de programas de processamento e filtragem de dados
alfanuméricos e gráficos, determinando-se os parâmetros que permitem a detecção automática
de erros nos ficheiros de dados (valores constantes durante longos períodos de tempo, zeros
nos valores de velocidade, outro tipo de valores aparentemente anómalos, ou mesmo ausência
de registos durante um determinado período). A segunda consiste na inspecção e visualização
dos dados em editores de texto e gráfico convencionais, que permitem a detecção de pequenas
falhas muitas vezes não detectadas pelo processo automático de controlo de qualidade. É de
referir que, por sofisticado que seja o modelo de controlo automático, uma correcta validação
dos dados passa, necessariamente, pela inspecção manual dos mesmos.
No caso concreto dos dados de velocidade e direcção do vento, a inspecção automática é feita,
normalmente, através da filtragem dos dados e da sua visualização gráfica:
41
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
perfis diários da velocidade do vento para a totalidade dos sensores instalados – permite
detectar eventuais variações anómalas em altitude da velocidade do vento, ou valores
correspondentes a regimes anómalos do escoamento atmosférico (e.g inversão do perfil
para quadrantes não expectáveis);
outros – gráficos que permitam detectar falhas na sequencialidade temporal dos registos.
Quando são detectadas falhas, anomalias ou erros nos dados recolhidos, procede-se à sua
recuperação - sempre que possível - utilizando-se, para tal, ferramentas de base estatística,
(e.g. coeficientes de correlação, funções de regressão com base em dados disponíveis para
estações próximas, ou instaladas em locais com a mesma tipologia de terreno e regime de
ventos). Este tipo de recuperação é adequado quando aplicado a valores de velocidade do
vento, mas o mesmo já não acontece quando se trata de dados de direcção do vento. Neste
caso, são avaliados os desvios verificados nos sectores de direcção de duas ou mais estações e
gerados os dados em falha e/ou corrigidas as anomalias. Os dados são posteriormente
validados repetindo o processo de inspecção automática e/ou manual. A figura 3.11
representa sucintamente este processo.
Mapas
42
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
O tipo de verificação aplicada a este tipo de mapas, passa pela detecção de erros na
digitalização e confirmação da georeferenciação aplicada. No primeiro caso, procuram-se
linhas indevidamente abertas, erros nos valores dos atributos e sobreposição ou repetição de
linhas. Nos mapas de rugosidade há ainda que verificar os pontos de convergência de várias
linhas, em especial, naqueles que apresentam várias classes de valores, uma vez que nestes
casos é de grande importância o sentido de digitalização das linhas (figura 3.12).
A
B
(a) (b)
Figura 3.12 – (a) mapa digital apresentando erros de digitalização nas linhas de
rugosidade e (b) mapa corrigido.
Na figura 3.12a, apresenta-se a titulo de exemplo um mapa com dois erros que ocorrem com
alguma frequência na digitalização de linhas de rugosidade (linhas triplas). Pode ver-se que as
linhas se apresentam cruzadas – caixa A, e que os valores à direita e à esquerda das linhas não
são concordantes – caixa B. Este último tipo de erro, resulta da troca de valores à esquerda e à
direita da linha, dependendo do sentido de digitalização6, sendo facilmente detectado quando
se utilizam cores bem definidas para cada um dos valores definidos. A figura 3.12b apresenta
o mesmo mapa, desta vez, com as linhas correctamente digitalizadas. O processo de
georeferenciação passa também por uma cuidada verificação. Esta é feita através da
identificação no mapa a georeferenciar num editor gráfico, de um conjunto de pontos cujas
coordenadas são conhecidas. O aspecto do mapa após a digitalização, permite a detecção de
alguns erros de georeferenciação, como por exemplo, este pode aparecer deformado, com
6
A digitalização de linhas de rugosidade exige que na introdução do primeiro ponto se defina o valor de
rugosidade existente à esquerda e à direita da linha. A ordem de introdução destes valores depende do sentido de
digitalização da linha – de baixo para cima ou vice-versa.
43
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
No caso presente, a maioria dos mapas orográficos utilizados foram adquiridos pelo INETI,
no entanto, houve casos em que uma ou outra curva de nível do mapa adquirido apresentava o
valor da cota errado. Este tipo de erros é facilmente detectável pela visualização do mapa
desde que sejam utilizadas cores bem definidas para cada intervalo de valores. Se os mapas
base não apresentarem erros, normalmente os mapas gerados não apresentam problemas, no
entanto, estes são cuidadosamente verificados através da sua representação num editor gráfico
bi ou tridimensional.
Neste mapa, os erros de geração tiveram origem em linhas de rugosidade mal digitalizadas.
Muito embora este se apresente algo exagerado devido ao facto de ter sido gerado apenas para
este fim, este tipo de erros são frequentes, embora menos acentuados.
44
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
7
Na sequência do desenvolvimento da base de dados do potencial energético do vento (não georeferenciada)
EOLOS
8
Por permitir a construção de aplicações independentes.
45
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
46
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
classificação ambiental;
Muito embora se considere o tema referente à rede eléctrica nacional de grande relevância
neste tipo de análise, este não foi introduzido no formulário de selecção, tendo sido
considerado apenas nos cálculos das estimativas do potencial sustentável do país, e
apresentadas as potências de ligação no formato tabular.
A construção das linhas eléctricas que ligam os PE aos pontos de recepção da rede eléctrica
nacional, são suportados financeiramente pelos promotores dos PE. Assim, os custos de
ligação dependem fortemente da distância do PE ao ponto de ligação e constituem, por isso,
uma parcela da máxima relevância na avaliação da viabilidade económica dos projectos.
Face ao exposto, considerou-se que constituiria uma mais valia para esta base de dados a
programação de uma ferramenta que permitisse ao utilizador o cálculo de distâncias entre
pontos de ligação e pontos incluídos na área de interesse e/ou de instalação de parques
eólicos, tendo-se construído um formulário para este efeito. Para tal programou-se o cálculo
de distâncias entre dois pontos, tendo como base a equação 4.1.
D= ( X 2 − X 1 )2 − (Y2 − Y1 )2 4.1
D é a distância entre os pontos (X1, Y1) e (X2, Y2), onde os Xi representam a coordenada X
(neste caso a Meridiana) e os Yi a coordenada Y (Paralela) dos pontos envolvidos.
Para o cálculo dos declives, utilizou-se uma grelha rectangular gerada num programa de
processamento de dados georeferenciados9, representando a orografia do terreno. Com base
nesta informação calculou-se a distribuição espacial dos declives.
9
WASP – Wind Atlas Analysis and Application Program
47
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
z
ZNN
z z z
ZNW ZN ZNE
z z z z z
ZWW ZW Z ZE ZEE
z z z
ZSW ZS ZSE
z
ZSS
Figura 4.2 - Grelha de pontos utilizada para operações algébricas em dados discretos
[Golden software, 2002].
O declive S num dado ponto P é a magnitude do gradiente nesse mesmo ponto. Da definição
de gradiente:
2 2
∂Z ∂Z
S = + 4.2
∂x ∂y
Com base na grelha de pontos representada na figura 4.1, tem-se para as derivadas
direccionais:
dZ Z E − Z W dZ Z N − Z S
≈ ; ≈ 4.3
dx 2∆x dy 2∆y
2 2
Z − ZW Z N − Z S
S≈ E + 4.4
2∆x 2∆y
48
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Z −Z 2 Z −Z
2
360 W
ST ≈ × arctang E + N S
4.5
2π 2∆x 2∆y
A figura 4.3 ilustra a distribuição espacial dos declives em Portugal continental calculada com
o método exposto. Neste caso optou-se por utilizar os declives do terreno em percentagem,
tendo-se por isso, aplicado a equação 4.4.
49
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
É de referir que a grelha utilizada no cálculo dos declives, foi obtida do mapa de recurso
gerado com um espaçamento de 1000 m entre os pontos. Assim, considera-se que, na geração
do mapa de declives do país foram filtrados elementos orográficos com impacto na
concentração energética do recurso e, como tal, relevantes para a presente aplicação.
A rede eléctrica nacional está, desde o ano 2000, a proceder ao planeamento do reforço da
rede eléctrica sendo a capacidade planeada para 2010 de, aproximadamente, 3750 MW [DGE,
2002]. Uma das informações mais solicitadas pelos interessados e potenciais promotores desta
forma de energia renovável é, precisamente, a capacidade disponível por ponto de
interligação, para avaliação da possibilidade de escoamento da potência prevista para os seus
projectos. Esta informação encontra-se disponível, razoavelmente actualizada e facilmente
acessível nas entidades competentes (e.g. DGGE), tendo-se incluído uma ferramenta de
consulta da mesma informação nesta base de dados.
Para tal consideraram-se os dados apresentados na tabela 3.3 do capítulo 3 deste trabalho, e
procedeu-se à programação dos formulários e consultas que se consideram relevantes ao
potencial promotor.
Para cada ponto de ligação à rede (subestação principal da rede de transmissão) determinou-se
a capacidade disponível e a capacidade planeada até 2010, estando o reforço da rede previsto
para o período compreendido entre 2004 e 2007.
50
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
R1
R2
R3
R4
R5 R6
R7 R8
Esta aplicação tem como principal objectivo a identificação de zonas com potencial
energético do vento favorável aos aproveitamentos eólicos.
51
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
O processo de selecção foi feito de forma independente para cada tema, onde se procedeu a
uma re-classificação de cada mapa/grelha, i.e, para os pontos cujo valor se situava fora do
52
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Figura 4.5 - Processo utilizado para efectuar a primeira fase do estudo – selecção e
contagem de pontos favoráveis à instalação de PE.
Após as consultas com base no número de horas equivalentes à potência nominal e nos
declives do terreno, procedeu-se ao cálculo da área total em cumprimento dos parâmetros de
selecção.
Uma vez obtido o mapeamento das áreas potencialmente favoráveis do ponto de vista do
aproveitamento eólico, e determinada a sua área de ocupação física, introduziu-se uma nova
restrição – a classificação ambiental, também na forma de mapa. Aos mapas inicialmente
gerados retiraram-se os pontos incluídos nas áreas protegidas. O processo utilizado consistiu
53
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
(a) (b)
Figura 4.6 – Mapas da distribuição de (a) NEP’s e (b) declives excluindo as áreas
protegidas (h=60m).
Ao comparar os mapas das figuras 3.4, 3.6 e 4.6, respectivamente sem e com inclusão de
áreas protegidas é notório o facto de, em Portugal, grande parte das zonas favoráveis aos
aproveitamentos eólicos estarem ambientalmente protegidas.
Paralelamente, aplicou-se idêntica metodologia no que respeita à distância entre as zonas com
elevado potencial eólico (e declive<55%) e as linhas da rede de transmissão. Para tal,
considerou-se o mapa resultante da consulta efectuada (ainda sem as restrições ambientais), e
repetiu-se o processo de selecção de locais, desta feita sendo o parâmetro de selecção a
distância máxima das regiões com potencial eólico e declive adequado, à rede eléctrica. Esta
distância máxima varia consoante a região em causa, essencialmente devido ao
condicionamento imposto pelas diferentes orografias do país quanto à dimensão dos parques
eólicos, variando entre 60 km nas regiões caracterizadas por cumeadas mais extensas (e.g.
54
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Minho ou Beira Interior) e 40 km nas regiões com elevações relativamente baixas e pouco
extensas (e.g. região Oeste).
Nas áreas protegidas, desde que não classificadas como parques naturais, face à
especificidade destes, considerou-se viável a instalação de parques eólicos com taxa de
ocupação baixa ou muito baixa. Assim, consideraram-se três cenários de restrições
ambientais, muito severo, severo e moderado. Também, dependendo da complexidade e
ocupação social/industrial dos terrenos, estabeleceram-se três factores de ocupação; baixo,
médio e intensivo.
55
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Após a identificação das áreas classificadas, aplicou-se o filtro ambiental, Oamb (tabela
4.1) por forma a calcular a área total disponível aos aproveitamentos eólicos, Atot, para
cada região. Para tal recorreu-se à expressão 4.7.
A determinação da área aproveitável permite calcular o potencial eólico sustentável. Para tal
recorreu-se à expressão 4.9, e à potência por unidade de área atribuída a cada região
consoante a sua orografia, e apresentada na tabela 4.1;
onde P é o potencial eólico estimado, AE é a área aproveitável, e pot é a potência por unidade
de área.
Com base nos valores obtidos para cada região correspondentes ao potencial sustentável, e na
potência disponível e planeada para ligação à rede eléctrica de transmissão, apresentados na
tabela 3.3, determinaram-se os défices e superavites regionais.
56
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Nesta aplicação, o utilizador tem acesso à informação sobre a potência para ligação à rede
eléctrica de transmissão, disponível por ponto de ligação. Com base na metodologia descrita
em 4.2, programaram-se diversos formulários onde se apresenta esta informação para a
totalidade do território nacional continental e para cada uma das regiões consideradas. Na
figura 5.1 apresenta-se o formulário ilustrativo da potência global e que permite o acesso à
potência disponível para ligação por região.
Seleccionando o botão “Potência por região”, pode aceder-se a um outro formulário onde se
pode consultar a potência disponível e planeada de ligação à rede eléctrica por região (figuras
5.2 e 5.3).
57
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Seleccionando um dos botões do lado direito na figura 5.2 (e.g. Região 1), o utilizador tem
acesso a um formulário regional com o mesmo tipo de informação, como o que se apresenta
na figura 5.3.
Na tabela 5.1 apresenta-se a informação base dos formulários regionais para o período
compreendido entre 2004 e 2007.
58
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Esta aplicação da base de dados, teve como principal objectivo seleccionar zonas de interesse
do ponto de vista do aproveitamento energético do vento. Esta selecção, permite a
visualização das linhas representativas das áreas de interesse. Poderá ser efectuada uma
consulta considerando os valores de velocidade e os de NEP’s em simultâneo, ou apenas uma
das grandezas. É de referir, que apesar de se poderem considerar ambas as grandezas em
simultâneo, o resultado vai ser a visualização numa cor distinta das linhas representativas de
cada uma (figura 5.4).
59
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
A caixa de texto situada no lado direito do botão “sair” vai apresentando as coordenadas à
medida que se desloca o rato sobre o mapa. Esta a função permite uma melhor identificação
das áreas resultantes das consultas efectuadas.
Para além da visualização das coordenadas, existe a possibilidade de, ao seleccionar com o
rato uma determinada zona do mapa, consultar as caixas de texto do lado inferior direito do
formulário e saber qual o concelho em que se situa a zona seleccionada, e também, se esta se
encontra dentro de uma área de restrição ambiental. No caso de a zona seleccionada
apresentar restrições ambientais, aparecerá na caixa correspondente a designação da área em
questão, caso contrário, aparecerá o texto “Fora de Área Protegida”.
Através da selecção do botão “Tamanho Padrão” o mapa voltará ao seu tamanho inicial. Se o
utilizador pretender efectuar uma consulta com base em valores de velocidade deverá utilizar
as caixas “combo#” inferiores (figura 5.6).
60
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Mais uma vez, é possível aumentar o detalhe do mapa nas áreas seleccionadas através de uma
ampliação.
Figura 5.7 – Ampliação da figura 5.6 onde se podem ver os limites dos concelhos.
Na figura 5.8 apresenta-se uma consulta com base nos dois temas, NEP’s e velocidade, onde
se consideraram valores de NEP’s >2000 h/ano e V > 6.0 m/s.
61
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Figura 5.9 - Consulta efectuada para NEP’s>2000 h/ano ou V>6.0 m/s, permitindo a
visualização das áreas protegidas.
62
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Neste exemplo, grande maioria das pequenas áreas com interesse do ponto de vista do
aproveitamento eólico encontram-se em zonas classificadas, esta opção permite ao utilizador
a identificação de zonas alternativas situados fora da zona classificada.
Com base no método descrito em 4.1. desenvolveu-se uma aplicação que permite a
determinação das distâncias entre áreas de interesse do ponto de vista do aproveitamento
eólico e os pontos de interligação à rede eléctrica existentes na sua vizinhança. Esta acção tem
como objectivo facilitar a avaliação de custos associados à construção de linhas eléctricas de
ligação a esses mesmos pontos. A figura 5.10 ilustra o funcionamento desta aplicação.
Neste exemplo, utilizou-se como dados de entrada o mapa da rede eléctrica nacional,
digitalizado com base numa figura georeferenciada do original (a cinzento). A este mapa
sobrepuseram-se os pontos de interligação à rede eléctrica (cruzes a preto) e também o
resultado da consulta efectuada para encontrar pontos com número de horas equivalentes à
potência nominal iguais ou superiores a 2100 h/ano (pontos representados a azul).
63
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Para além das distâncias aos pontos de ligação da rede eléctrica, construiu-se uma aplicação
que permite o cálculo de áreas.
Sendo esta uma informação relevante para a avaliação da distribuição da rede eléctrica e
respectivos pontos de ligação no país a nas suas diversas regiões, apresenta-se um estudo
efectuado com a metodologia atrás descrita, onde se utilizaram alguns dos mapas de recurso
gerados no decurso deste trabalho.
64
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
O método descrito anteriormente foi aplicado para a totalidade de país e também para cada
uma das oito regiões consideradas. Na figura 5.12, apresentam-se os resultados obtidos para a
totalidade do país, tendo-se considerado valores de número de horas equivalentes à potência
nominal de uma turbina superiores a 2100 horas/ano e declives inferiores a 55%. Nas figuras
5.13 a 5.20, apresentam-se os resultados para cada uma das oito regiões considerando os
mesmos critérios de selecção.
65
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Figura 5.13 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano e SLP<55% – região 1.
Figura 5.14 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano e SLP<55% – região 2.
66
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Figura 5.15 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano e SLP<55% – região 3.
Figura 5.16 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano e SLP<55% – região 4.
67
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Figura 5.17 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano e SLP<55% – região 5.
Figura 5.18 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano e SLP<55% – região 6.
68
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Figura 5.19 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano e SLP<55% – região 7.
Figura 5.20 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano e SLP<55% – região 8.
69
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Por forma a introduzir as restrições ambientais, este processo foi posteriormente aplicado após
se terem retirado aos mapas base (NEP’s e declives) as áreas classificadas ambientalmente.
Os resultados obtidos apresentam-se para o território continental na figura 5.21 e para as oito
regiões nas figuras 5.22 a 5.29, onde se consideraram os mesmos critérios de selecção.
70
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Figura 5.22 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano com introdução de restrições
ambientais – região 1.
Figura 5.23 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano com introdução de restrições
ambientais – região 2.
71
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Figura 5.24 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano com introdução de restrições
ambientais – região 3.
Figura 5.25 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano com introdução de restrições
ambientais – região 4.
72
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Figura 5.26 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano com introdução de restrições
ambientais – região 5.
Figura 5.27 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano com introdução de restrições
ambientais – região 6.
73
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Figura 5.28 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano com introdução de restrições
ambientais – região 7.
Figura 5.29 – Áreas com potencial acima de 2100 h/ano com introdução de restrições
ambientais – região 8.
74
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Inicialmente, a área ocupada por zonas com potencial favorável correspondia a 1727.25 km2,
da qual 626.130349 km2 corresponde a regiões com restrições ambientais.
Tabela 5.2 – Áreas bruta, total e aproveitável de cada região e potência por unidade de
área.
Área “Bruta” Área Total Área Aproveitável Potência/área
Região #
[km2] [km2] [km2] [MW/km2]
1 771.00 440.81 220.41 6
2 74.13 49.13 49.13 6
3 90.00 69.13 51.84 8
4 641.50 413.50 413.50 6
5 89.25 69.22 34.61 8
6 4.50 2.25 2.25 8
7 18.50 4.63 4.63 8
8 1.25 1.13 1.13 8
A tabela 5.3, representa a capacidade disponível, planeada e estimada para cada região e as
figuras 5.30a, b e c, respectivamente, a capacidade planeada, o potencial eólico estimado e o
déficit regional.
Analisando a tabela 5.3, é notório que algumas regiões apresentam um potencial eólico
disponível muito diferente da capacidade de interligação eléctrica planeada para as mesmas. É
de notar que no caso da região 5 (zona oeste) pode existir um potencial sustentável superior
ao estimado, uma vez que a orografia não é facilmente reproduzível com o espaçamento para
o qual foram construídas as grelhas de recurso (1000 m). Assim, quando tecnicamente
75
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
possível, uma re-distribuição da capacidade global seria desejável, por forma aproveitar e
maximizar as potencialidades energéticas de cada região.
Esta informação, tem sido ao longo dos últimos anos, frequentemente solicitada quer por parte
de entidades públicas e/ou privadas quer por estudantes. Assim, optou-se por incluir nesta
base de dados uma função de carácter informativo que disponibiliza a listagem dos parques
eólicos instalados e em funcionamento no nosso país (figura 5.31).
Este formulário é, de fácil utilização, e apresenta algumas informações úteis ao utilizador, tais
como, o ano de instalação do parque eólico, a potência de instalação, o nome do promotor,
etc. Na tabela 5.4 apresenta-se a descrição de cada campo do formulário.
É, ainda de referir, que este formulário, tal como os anteriores com formato tabular, são de
muito fácil actualização. Ao mesmo tempo que se introduz ou altera um registo, a tabela base
é automaticamente actualizada.
76
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Nesta aplicação, efectuou-se uma divisão por regiões da potência disponível e planeada com
base em informação obtida junto da DGGE (Direcção Geral de Geologia e Energia) para cada
ponto de interligação à rede de transmissão da Rede Eléctrica Nacional (REN). Esta aplicação
permite ao utilizador avaliar a disponibilidade de potência existente na região do seu
interesse.
A programação efectuada para os formulários da potência de ligação por região, teve como
objectivo a apresentação da informação numa forma simples para o utilizador. Optou-se por
incluir a informação sobre cada ponto de ligação limitada à designação, coordenadas do ponto
e potências disponível e planeada por se considerar da maior relevância, e se encontrar
disponível publicamente.
Esta informação poderá revelar-se útil no planeamento de eventuais reforços da rede eléctrica
quando cruzados com a informação sobre a distribuição territorial do potencial energético,
igualmente apresentado neste trabalho, através do cálculo dos défices entre a potência
planeada e a energia disponível em cada região.
A selecção de zonas com potencial favorável à instalação de parques eólicos foi programada
num formulário, tendo como base a linguagem SQL. Para tal utilizaram-se os mapas de
distribuição espacial da velocidade do vento e do número de horas equivalentes à potência
nominal, ambos para a cota de 60m, tendo-se construído este último com base nas
características de uma turbina de 1500kW de potência nominal com 66m de diâmetro do
rotor. Os valores apresentados nestes mapas foram calibrados com base no conhecimento das
regiões através de campanhas experimentais levadas a cabo pelo INETI nos últimos anos.
Nesta aplicação o utilizador tem a hipótese de seleccionar as zonas de interesse com base em
intervalos de valores de velocidade e de número de horas equivalentes à potência nominal.
Considerou-se também desejável incluir nesta aplicação informação de carácter ambiental e
referente à divisão administrativa das regiões.
78
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
A construção desta aplicação foi efectuada em várias fases tendo como principal objectivo
caracterizar com base nos pressupostos anteriormente apresentados, o que se poderá
denominar “potencial eólico sustentável”. Na base desta sustentabilidade considera-se a
rentabilidade económica e energética dos projectos (NEP’s > 2100 h/ano), a sua localização
no terreno em termos da sua classificação ambiental, a distância à rede eléctrica, sendo que
esta se assume “reforçável” em função do potencial eólico para distâncias inferiores a 60 km
e, como tal, não limitativa ao desenvolvimento de projectos desta natureza. Finalmente, é de
referir terem, igualmente, sido introduzidas restrições como o declive máximo do terreno e o
tipo de utilização do solo.
A informação ambiental utilizada foi a disponível nos organismos competentes (IA e REN), e
a informação sobre os declives foi introduzida na forma de grelha de pontos com espaçamento
de 500 m.
A grelha de terreno base utilizada para o cálculo dos declives foi gerada com um espaçamento
de 1000 m o que conduziu a que muitos dos elementos orográficos fossem filtrados. Muito
embora se tenha posteriormente efectuado uma interpolação aos dados, desta feita com 500 m
de espaçamento, este problema manteve-se, originando um mapa de declives
consideravelmente mais “alisado” do que a realidade.
Face ao exposto, as consultas da base de dados sobre este tema deverão ser encaradas com as
necessárias precauções.
79
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
A opção de utilizar como características da selecção de locais os valores de 2100 h/ano para o
número de horas equivalentes à potência nominal e 6 m/s para a velocidade média do vento,
prendeu-se com o facto de se considerarem estes valores adequados para a cota para a qual os
mapas utilizados foram gerados.
Apesar de estes resultados terem sido obtidos com base numa metodologia que se considera
adequada, é de salientar que, como complemento deste estudo deverá ser efectuado um
mapeamento do país com uma maior discretização espacial (grelhas com espaçamentos
menores entre pontos) de forma a possibilitar o cálculo mais detalhado dos declives do
terreno, e um maior detalhe das “manchas” com potencial eólico favorável. A construção de
novas grelhas e a utilização da distribuição dos usos do solo como restrição mapeada para
além da sua introdução como elementos de rugosidade dispensará a introdução da correcção
por via dos factores de ocupação do terreno. Também a geração dos novos mapas para alturas
dos eixos de rotação dos aerogeradores diferentes (mais elevadas) e para outras potências
nominais, expectavelmente cada vez mais elevadas, servirá de complemento a este estudo.
O facto de os custos de construção das linhas eléctricas de ligação dos parques serem ainda
suportados parcial ou totalmente pelos promotores, ao contrário do que sucede noutros países,
leva a que o cálculo das distâncias entre as zonas de potencial favorável e a rede eléctrica de
transmissão/pontos de ligação, constitua uma importante contribuição para a avaliação
económica dos projectos de sistemas eólicos.
80
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
No que diz respeito ao cálculo de áreas, esta aplicação não pode ser considerada um sucesso,
pois, apresentou algumas dificuldades de implementação no software seleccionado
(MapObjectsLT), exigindo para a sua plena utilização o recurso a uma versão mais avançada
do mesmo. Esta limitação deve-se ainda ao facto de haver a necessidade de construir novos
mapas com a informação apresentada na forma de polígonos fechados, como se apresenta a
informação ambiental. No entanto, e apesar do exposto, optou-se por incluir esta aplicação
como exemplo de trabalho a desenvolver futuramente na versão final desta base de dados.
Esta aplicação foi introduzida neste trabalho com o objectivo de informar o utilizador dos
projectos de parques eólicos em funcionamento, em fase de instalação e em fase de projecto,
visto ser uma das informações mais solicitadas nos últimos tempos. Dado que se inclui a
localização aproximada de cada um, esta informação poderá ser futuramente cruzada com a
potência planeada por região de forma a obter o valor efectivo da potência disponível para
ligação, se se disponibilizar o ponto de ligação à rede de transmissão de cada parque eólico.
Para tal, o INETI está já a proceder ao levantamento geográfico dos parques eólicos em
operação e fase de instalação de forma a possibilitar a georeferenciação desta informação.
81
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Para tal, programou-se uma base de dados num Sistema de Informação Geográfica utilizando
o programa MapObjects LT2 num ambiente de Visual Basic, que, pese embora algumas
limitações detectadas, demonstrou ser uma ferramenta com potencialidades para este fim.
10
Introdução dos dados do Atlas do potencial eólico actualmente em fase final de desenvolvimento.
82
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Ainda assim, os resultados obtidos e aqui apresentados mostram que, apesar de Portugal
apresentar elevado potencial para a exploração de Energia eólica, as principais limitações
consistem na elevada percentagem da área total com algum tipo de classificação ambiental
que, pese embora não seja actualmente uma barreira aos aproveitamentos, os dificulta
consideravelmente sobretudo, no que respeita ao necessário processo de licenciamento, bem
como na limitada capacidade regional da rede eléctrica.
83
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
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87
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
Nas aplicações eólicas existem escalas meteorológicas que interessa caracterizar, uma vez que
têm influência em determinados condicionantes locais envolvendo fenómenos com dimensões
que podem atingir as dezenas de milhar de quilómetros, tais como superfícies frontais,
depressões, anticiclones ou trovoadas. Em relação a fenómenos condicionantes do
escoamento local e que vão influenciar as características aerológicas, há que considerar
parâmetros tais como a orografia e a rugosidade do local. A classificação em termos de escala
de movimento pode ser definida como na tabela AI.1.
88
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
A zona do espectro entre os dez minutos e as oito horas é a adequada ao período de cálculo da
média da velocidade entre medições visando as aplicações eólicas. Esta representa a zona de
vazio espectral (reduzido conteúdo energético uma vez que se verificam poucas variações da
velocidade ao longo do tempo). Os valores médios calculados com base em períodos dentro
do vazio espectral não sofrem, na maioria dos casos, grandes variações.
O fluxo de potência incidente do vento disponível num intervalo de tempo T é dada pela
equação:
1
E= ρ u3 (AI.2)
2
A velocidade instantânea pode ser escrita como a soma da média com um desvio em relação à
média:
u = u + u' (AI.3)
e têm-se as seguintes relações:
u' = 0
2
u' 2 = u 2 − u (AI.4)
u3 = u() 3
+ u'3 + 3 u' 2 u
Assim, o fluxo de potência incidente vem dado por:
E≅
1
2
3
ρ u 1 + 3i 2( ) (AI.5)
σu
representa a intensidade de turbulência e σ u ≡ u ' 2 a variância da velocidade do
2
onde i ≡
u
vento. A intensidade de turbulência depende da altitude e das condições da superfície. Para
uma superfície com rugosidade homogénea tem-se:
89
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
1
i= (AI.6)
ln (z z 0 )
Uma das funções de distribuição normalmente utilizadas para este fim é a distribuição de
Weibull. Esta é um caso particular da distribuição Gama generalizada e apresenta algumas
vantagens na sua aplicação; é uma distribuição a 2 parâmetros, A e k; apresenta-se
razoavelmente adequada ao perfil de velocidades do vento; uma vez conhecidos os
parãmetros A e k a uma determinada altura podem facilmente ser ajustados para outra altura
[Troen e Petersen, 1989].
k u
k −1
u k
f (u ) = exp − (AI.7)
A A A
onde f (u ) representa a frequência de ocorrência da velocidade média do vento u . Os
parâmetros A e k representam respectivamente o parâmetro de escala (m/s) e o parâmetro de
forma (adimensional) da distribuição de Weibull. Para k = 1 a distribuição de Weibull
90
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
u k
F (u ) = exp − (AI.8)
A
O fluxo de potência incidente, disponível no vento, (W/m2 ), é dada por:
1 3
E= ρ A 3 Γ1 + (AI.9)
2 k
onde ρ representa a densidade do ar (1.225 kg/m3 para uma temperatura de 15 º C e pressão
standard de 1013 mb) e Γ é a função gama dada por:
∞
Γ( x ) = ∫ exp(− t ) t x −1 dt com x > 0 (AI.10)
0
u 1
= Γ1 + (AI.12)
A k
12
2
Γ 1 +
σ k
= − 1 (AI.13)
u 2 1
Γ 1 + k
onde o desvio padrão pode ser dado por:
(
σ = u2 − u )
2 12
(AI.14)
Utilizando a curva de potência de uma turbina pode estimar-se a energia produzida pela
mesma num determinado local.
91
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
∞
P = ∫ f (u ) PWT (u ) du AI.15)
0
∞
k u
k −i
u k
P = ∫ exp − PWT (u ) du (AI.16)
A A A
0
A direcção do vento, constitui uma das variáveis mais importantes para este tipo de estudos,
pois condiciona de forma determinante a localização dos aerogeradores no terreno devido aos
efeitos de esteira introduzidos pelas turbinas umas nas outras. Assim, é sempre efectuada uma
análise cuidada deste parâmetro através da construção de gráficos de frequência de ocorrência
da velocidade por sectores – rosa de ventos.
92
Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
STA. MARIA I Ilha de Santa Maria 0.264 8 33 EDA Aeroman Desactivado 1988 0 0 0 0
SINES Sines 1.8 12 150 Aerogeradores de Portugal Winworld Operação 1989 1.8 0 12 0
S. JORGE I Ilha de S. Jorge 0.55 5 150 EDA NordtankNTK 150+99 Operação 1991 0.55 0 5 0
PAUL SERRA I Paul da Serra - Madeira 0.39 3 130 Perform 3 Nordtankn.a. Operação 1991 0.39 0 3 0
GRACIOSA I Ilha Graciosa 0.2 2 100 EDA NordtankNTK 99 Operação 1992 0.2 0 2 0
PAUL SERRA II Paul da Serra - Madeira 2.25 15 150 Perform 3 NordtankNTK 150 Operação 1992 2.25 0 15 0
BICA DA CANA Paul da Serra - Madeira 1.8 12 150 M&J Pestana/ITI NordtankNTK 150 Operação 1992 1.8 0 12 0
CANIÇAL II Caniçal - Madeira 0.9 6 150 Energolica NordtankNTK 150 Operação 1992 0.9 0 6 0
FONTE DA MESA Serra do Marão - Meadas 10.2 17 600 ENERNOVA VestasV42 Operação 1996 10.2 0 17 0
PORTO SANTO I Ilha de Porto Santo 0.45 2 225 EEM Vestas225 Operação 1997 0.45 0 2 0
PENA SUAR Serra do Alvão - Pena Suar 10 20 500 ENERNOVA EnerconE40 Operação 1998 10 0 20 0
FONTE
Vila do Bispo 10 20 500 ENERSIS MitsubishiMHI 500 Operação 1998 10 0 20 0
MONTEIROS
VILA LOBOS Serra do Marão - Meadas 10 20 500 ENERSIS EnerconE40 Operação 1998 10 0 20 0
PICOS VERDES Vila do Bispo 2 4 500 PICO VERDE EnerconE40 Operação 1998 2 0 4 0
CABEÇO da
Serra do Cabeço da Raínha 10.2 17 600 ENERNOVA EnerconE40 Operação 1999 10.2 0 17 0
RAINHA
IGREJA NOVA Mafra 3.3 2 1670 ENERSIS Vestas V66 Operação 2000 3.3 0 2 0
MAÇÃO I+II Serra Mação 4.5 6 750 ENERVENTO NEG-MICON Operação 2000 4.5 0 6 0
CABEÇO ALTO Serra do Larouco 11.7 9 1300 ENERSIS Nordex Operação 2000 11.7 0 9 0
BOIEIROS I V.F. Xira 1.8 3 600 CPEC Enercon Operação 2000 1.8 0 3 0
CARAVELAS Marão – Caravelas 0.6 1 500 FINERGE EnerconE40 Operação 2000 0.6 0 1 0
PORTAL DA
Vila Real 0.6 1 500 FINERGE EnerconE40 Operação 2000 0.6 0 1 0
FREITA
LOMBA da SEIXA Lomba da Seixa 13 10 1300 ENERSIS Nordex Operação 2001 13 0 10 0
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Base de dados do potencial energético do vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento
MALHADAS-GOIS Serra Lousã 9.9 15 660 RES Vestas V47 Operação 2001 9.9 0 15 0
S. CRISTÓVÃO S. Montemuro 3.3 2 1650 GRUPO ENERSIS Vestas Operação 2001 3.3 0 2 0
ARCHEIRA Região Oeste 0.6 1 600 NOROESTE Enercon Operação 2001 0.6 0 1 0
IGREJA NOVA II Mafra 3.9 3 1300 GRUPO ENERSIS Nordex Operação 2002 3.9 3.9 3 3
JARMELEIRA Mafra 0.85 1 850 GRUPO ENERSIS Vestas Operação 2002 0.85 0.85 1 1
EOLENERG-SIIF
CABRIL S. Montemuro C.Aire Cinfaes 16.2 9 1800 Enercon Operação 2002 16.2 16.2 9 9
Portugal
FAIAL Ilha do Faial 1.8 6 300 EDA Enercon E30 Operação 2002 1.8 1.8 6 6
FLORES Flores Island 0.6 2 300 EDA Enercon E30 Operação 2002 0.6 0.6 2 2
S.JORGE II Ilha de S. Jorge 0.6 2 300 EDA Enercon E30 Operação 2002 0.6 0.6 2 2
GRACIOSA II Ilha Graciosa 0.6 2 300 EDA Enercon E30 Operação 2002 0.6 0.6 2 2
STA.MARIA II Ilha de S.ta Maria 0.9 3 300 EDA Enercon E30 Operação 2002 0.9 0.9 3 3
CANIÇAL II Caniçal II (Madeira) 3.3 5 660 EM_Aream Vestas Operação 2002 3.3 3.3 5 5
PORTO SANTO II Porto Santo 0.66 1 660 EM Vestas Operação 2002 0.66 0.66 1 1
EOLENERG–SIIF
PINHEIRO S. Montemuro-C.Aire/Cinfaes 21.6 16 1800 Enercon Operação 2002 21.6 21.6 16 16
Portugal
BOIEIROS II V.F. Xira 0.6 1 600 ENERWATT Enercon Operação 2002 0.6 0.6 1 1
CABEÇO da VACA Serra da Cabreira 1.2 2 600 Enercon Operação 2002 1.2 1.2 2 2
ALVÃO Serra de Alvão 10.8 6 1800 Enercon E66-1.8 Operação 2002 10.8 10.8 6 6
MAÇÃO III Serra Mação 4.5 5 900 ENERVENTO NEG-MICON Fase Inst. 2003 0 0 0 0
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