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SOCIOLOGIA, CULTURA E SOCIEDADE 

 
O  sentido  sociológico  da  palavra  cultura  não  é  o  mesmo  da  linguagem  do  senso 
comum.  Na  linguagem  cotidiana,  a  palavra  “cultura’  é  empregada  com  vários 
significados.  Ora  significa  erudição,  grande  soma  de  conhecimentos,  quando,  por 
exemplo,  se  diz  que  “fulano  tem  cultura”,  ora  significa  um  determinado  tipo  de 
realização  humana,  como  a  arte,  a  ciência,  a  filosofia.  Já  o  sentido  sociológico  dessa 
palavra  não  se  limita  a  essas  acepções.  É,  no  entanto,  tão  amplo  que  não  exclui 
nenhum desses significados. Na linguagem sociológica, cultura é tudo o que resulta da 
criação  humana.  A  cultura,  portanto,  tanto  compreende  idéias  quanto  artefatos.  É 
clássica  a  definição  de  Edward  B.  Tylor:  “um  todo  complexo  que  abarca 
conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e outras capacidades adquiridas 
pelo homem como integrante da sociedade”.  
Neste caso, a cultura compreende todas as elaborações resultantes das “capacidades 
adquiridas pelo homem como integrante da sociedade”, pois a mesma não decorre da 
herança  biológica  do  homem,  mas  de  capacidades  por  ele  desenvolvidas  através  do 
convívio social. 
 
Só  o  homem  possui  cultura.  Todos  os  homens  possuem  cultura,  no  sentido  de  que, 
vivendo em sociedade, participam de alguma cultura. Ao contrário do que se afirma na 
linguagem vulgar, quando se diz que algum individuo não tem cultura, a cultura não é 
exclusiva  das  pessoas  letradas,  já  que  qualquer  individuo  normalmente  socializado 
participa  dos  costumes,  das  crenças  e  de  algum  tipo  de  conhecimento  da  sua 
sociedade. 
 
Seguindo este raciocínio, podemos afirmar que todas as sociedades, e não apenas as 
que possuem escrita, têm uma cultura. Tanto a mais simples e isolada sociedade tribal 
quanto  a  mais  complexa  sociedade  urbano‐industrial  possui  cultura.  A  cultura  seria 
então o modo de vida próprio de cada povo. Ela é o fundamento da sociedade e o que 
distingue  o  homem  dos  animais  não  humanos.  Cada  povo,  cada  sociedade  tem  sua 
cultura, o que equivale dizer, seu modo de vida.  
 
• Cultura Material e Não Material 
 
Não  material,  compreende  o  domínio  das  idéias:  a  ética,  os  conhecimentos,  as 
técnicas,  os  valores,  as  normas,  etc.  A  cultura  não  material  é  constituída  pelos 
artefatos e objetos em geral. 
Um machado tosco, feito com uma lasca de pedra presa por cipós à extremidade de 
um pedaço de madeira, é, numa sociedade não letrada, uma expressão da sua cultura 
material; um avião, na nossa sociedade, é um componente da parte material da nossa 
cultura. 
 
• Etnocentrismo 
 
Em  Ciência  Social,  é  a  tendência  humana  universal  a  perceber  e  julgar  culturas  e 
sociedades estranhas através do crivo dos valores da sua própria cultura. Por exemplo, 
o  homem  ocidental  que,  por  não  compreender  os  padrões  de  comportamento  da 
Índia, acha que essa é uma cultura inferior a sua. 
Nenhuma cultura pode ser compreendida a partir da “lógica” de uma outra, pois cada 
cultura  possui  sua  própria  “lógica”.  O  modo  como  cada  povo  organiza  suas  relações 
sociais  para  satisfazer  as  suas  necessidades  só  pode  ser  compreendido  a  partir  de  si 
mesmo. 
• Funções da Cultura 
 
Nascendo do trabalho humano para responder aos desafios da natureza, a cultura tem 
como função evidente satisfazer necessidades humanas. 
 
9 Normativa  =  idéias  a  respeito  do  modo  convencionalmente  correto  de 
satisfazer as necessidades  
9 Limitar a satisfação das necessidades 
9 Criar necessidades 
9 Tanto ode estimular como inibir algumas das necessidades 
 
 
• Aculturação 
 
 Processo  de  transformação  de  culturas  em  contato  com  outras.  O  modo  de  vida  de 
muitos povos resulta da fusão de outros modos de vida, isto é, de culturas de outros 
povos que, por algumas circunstâncias, entraram em contato. O processo de fusão de 
culturas  em  contato  através  da  troca  de  seus  padrões  e  da  influencia  múltipla  é 
denominado, em Sociologia, de aculturação ou transculturação. 
O  que  resulta  desse  processo  é  um  produto  cultural  novo,  diferente  das  matrizes 
culturais que lhe deram origem. 
 
• Subcultura 
 
Parte de uma cultura – distinta desta pela posse de crenças, valores, normas e padrões 
de  comportamento  exclusivos,  mas  dependentes  do  todo  através  da  participação  de 
elementos culturais comuns ao todo. 
 
• Símbolos e Normas 
 
De  todos  os  componentes  da  cultura,  símbolos  e  normas  estão  entre  os  mais 
importantes  para  a  organização  social.  Entre  os  símbolos  a  palavra  é  o  mais 
importante.  Eles  estão  de  tal  forma  presente  em  todos  os  momentos  da  vida  social 
que a comunicação verbal é sempre enriquecida de símbolos de outra ordem. Gestos, 
cores, vestuários são alguns dos recursos simbólicos mais frequentemente usados pelo 
homem.  Roupas  podem  significar  contentamento  ou  tristeza,  autoridade  ou 
submissão.  O  mesmo  se  pode  dizer  das  cores.  Se  na  cultura  ocidental  a  cor  preta 
significa  dor  e  tristeza,  em  algumas  culturas  do  Oriente  os  mesmos  sentimentos  são 
simbolizados pelo branco. 
Do mesmo modo que o símbolo, a norma é um componente da cultura onipresente na 
vida  social.  Não  existe  possibilidade  de  organização  social,  se  não  existem  normas 
partilhadas  coletivamente.  Vivendo  em  sociedade,  o  homem  está,  por  assim  dizer, 
sempre  cercado  de  símbolos  e  normas.  É  típico  da  condição  social  do  homem  que  o 
seu comportamento seja regulado por normas, quer se trate do costume, quer se trate 
da etiqueta ou de códigos legais. 
Símbolo,  norma  e  socialização  sintetizam,  pois,  o  modo  humano  de  convívio.  Só  o 
homem tem seu comportamento e a satisfação de suas necessidades regulamentadas 
por  normas  coletivamente  partilhadas;  só  o  homem  tem  o  seu  comportamento 
moldado pela aprendizagem (socialização) através da comunicação simbólica. 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
TURNER  H.,  Jonathan.  Sociologia‐  conceitos  e  aplicações/  tradução  Márcia  Marques 
Gomes  Navas;  revisão  técnica  João  Clemente  de  Souza  Neto‐  São  Paulo:  Pearson 
Education do Brasil,2000. 
 
VILA  NOVA,  Sebastião.  Introdução  à  Sociologia.  6ª  edição  São  Paulo:  Editora  Altas, 
2004. 
 

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