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  • A Cidade Como Categoria Sociológica - Rubem Oliven

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    A cidade como categoria sociológica - Rubem Oliven[1]

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    Ruben George Oliven Urbanizagéo e Mudanca Social no Brasil Petrépolis 1980 Capitulo I | A Cidade como Categoria Sociolégica* Embora j4 existissem cidades ha milhares de sociedades com diferentes modos de produgéo, st feudal europeu com o deser gundo comegou no final do século XVIII com # Revolugto Industrial e estava relacionado com a formacio de um modo de produgio capitalista. As cidades esto fortemente associadas a estes processos porque historicamente clas foram os lugares onde a burguesia primeiro conseguiu florescer (dai o addgio aleméo . § Se a cidade industrial capitalista significa a um nivel ‘ideal o encontro de cidadios que compartilham uma situagio comum (isto 6, a libertacio dos lacos de sujeigio feudal), ela, nfo obstante, expressa para Marx as contradigées fun: damentais da aliénagio do homem: © outro, © faz renascer todos or dias a oposigio entre 8 interesses das duas partes". Por mais fundamentais que sejam as divergéncias entre Marx e Weber, é importante ter em mente que ambos ana- lisaram a cidade historicamente e mostraram de modos di- ferentes que na tradigéio ocidental a cidade tem sido 0 ponto pltme, Henn, Za Pende Maree te Vie. Toor, Cota 172, p12. fH are Raed Sa “ideale Rema sete te” Ww de convergéncia de diferentes processos, Historicamente «ci indi ‘ tage ert, eden come ces Sie ae lnm for me oe cig celtos © realidades inter-relacionadas. De resto, etimologica-| que cidades especifieas onam levades ee consideragéo s0- mente as ligagées so elaras: civitas polis slo as raizes em mente na medida em que refletiam 20 nivel urbane 0 re Aistintos idiomas para expréssar, ao mesmo tempo, un modo suttado da expansio do modo eapitalista de produgao, Neste de habitar ¢ uma forma de participar: civismo e politicas." sentido, ele nfio estava estudando cidades abstratas mos prin- cipalmente Manchester, enquanto tfpica cidade capitalista ‘ inglesa na qual os efeitos dos processos econémicos e sociais A importincia da cidade para Engels fica clara quando © ato de se enearar a cidade como uma varidvel de~ a, Sromenta gue pendente néo significa, 6 claro, que ela nfo tem nenhuma importaneia em processos sociais, Uma vez que se reconhece “As grandes cidades sio oa lugares de nascimento dos movie ue cidades devem: ser compreendidas historicamente como mentoa operdrion} melas op operdrios pela primeira ver come- partes integrais de sociedades mais abrangentes, pode-se Saris oagulate Te eemia eco ae discutir a importancia que a vida urbana tem para varios ‘meira ver se tornou manifesta (...). ‘ag grandes cidades fendmenos socials. But poderooa aflnénein sobre a. Snteiggatin, poptlasy 2 lease operdria estaria muito menos adiantada do que Pode-se considerar 2 cidade como um: locus que — por razées -sociais, econémicas-¢ histéricas — se constitui no este argumento 6 que a partir da Revolugtio Industri © desenvolvimento de um modo de produgio cz 0 origem ¢ desenvolvimento de cidades, enquanto que a pri- Poder ‘se desloca- cada vez mais do campo A cidade, Assim, meira est interessada em estudar que infiuéncia cidades influéncias urbanas progressivamente permeiam o campo ¢ especificas podem ter na vida social de seus habitantes, Isto néo mais o inverso como ocorria anteriormente, equivale a dizer que uma ver que se dé conta de que cidades devem ser compreendidas historicamente como partes de so- «Hm relacio a esta questio & oportuno assinalar que para ciedades mais abrangentes, podese discutir’ a impontanca autores como Marx e Engels as cidades proporcionavam um que viver em cidades especifieas pode ter para varios fend. Sontexto indispensével para a formagio de uma consciéncia menos sociais, #, entretanto, essencial sempre ter em mente revolucionaria, apesar do fato de Marx ter sido referido que cidades per se s6 podem ter um poder explicativo limi- como também encarando a cidade como uma varidvel de tado e que elas nfo devem ser transformadas em categorias pendente. De fato, Engels em seu livro A Condigao da Classe determinativas basicas do comportamento social no contexto Operéria na Inglaterra tomou constantemente a varidvel urbano, urbana em consideragao justamente porque ele estava estu- dando a vida do proletariado que estava trabalhando nas 5 eee dades industriais britanicas. Ele fez detalhadas descrigGes A cidade como variivel independente da. vida em-certas éreas urbanas e as analisou em profundi- b outea perspectiva, de certa tianetra, oposta Aa dass Lge Pani Heston, ch, lint e sya, omernin op Then PHimeitas, virios autores’ tentaram estudar a cidade como istontareme "6" Democradeases, “Wo Se Sastiss Bas e Botsa 2 Beale, Telok. che Condition of the Working Clue in Bealand: Proiore, anthes Biois Site 3 ies * 18 19 freconece coor uma‘ variével independente, A cidade seria entéo viste cémo| Mas talvez 0 nome mais destacado, da Sociologia Urbana uma poténcia social capaz de gerar com sua influéncia os|40s Estados Unidos surge com Louis Wirth, Diseipulo de mais variados efeitos na vida social. Park, ele assimilou também a influéncia de socidlogos euro- Os ‘autores que encaram a cidade como uma varidvel{ US Drincipalmente a de Georg Simmel, Em 1988 ele publi- independente de um amplo processo social consideram a cuj-|,0" Wn artigo que se tornon cléssico na literatura de assun- tura urbana a que ela daria origem como sua conseaiiéneia| WS Ubanos: . ocorrem no seu interior, Ele esté intimamente associado corrente da ecologia humana representada por alguns mem-|os elementos fundamentais do urbanismo: tamanho, densida- bros da «Escola de Chieago> que inaugurou a Sociologiaj de, permanéneia e heterogeneidade, Para Wirth, «quanto mais Urbana, densamente habitada, quanto mais heterogénea for a comu- ‘Varios componentes desta Escola estavam preocupados'nidade, tanto mais 2 com questées préticas relacionadas com a grande expansio Ciadas com o urbanis das cidades norte-amerieanas devido 4 imigragéo em massa Q que Wirth da Europa no final do séeulo XIX, da qual Chicago era Um soeiolégicn © se 250 tipico.* Eles estudaram principalmente manifestacies cidade como ume de epatologia socials, sob o prisma da ecologia humana a partir da década de 1920; A ecologia humana, de acordo com Robert Ezra De sua definigio pode-se inferir o que ele considerava idade fer foi formular uma teoria a do urbanismo, Ele encarava a vel explicativa e estava preceupado em verificar como ela afeta a vida social (no caso a va- rigvel dependente), estudando as «formas de ago © organi- zagéo social que emergem em grupamentos compactos, re- lativamente permanentes, de grande mimero de individuos heterogéneos», ‘munidade urbana] e descrever as constelagbes le pes- _ © estabelecimento de cidades implicaria no aparecimento fnstitad eter i , de tais4@ uma forma de cultura, caracterizada por papéis sociais Fen ramets Zl eprete suns dt carmel pecan oe oats eae is. Em segundo lugar, a distingio entre rural e urbano estaria to nitidamente ligada A distingdo entre grupos Primérios ¢‘secundarios como Wirth dé a entender. Em ter- ceiro lugar, a propria. variedade existente na cidade faz com| que varias das proposigées de Wirth sejam por demais sim- Plistas j4 que a cidade pode proporcionar uma gama maior de possibilidade para todos os tipos de relacionamento do| que 6 campo, Por titimo, Wirth nfo teria eonseguido enxer-| gar. ou. explicar ‘a persisténeia dos grupos primérios como| um elemento integrante da vida urbana e suas fungées nas) organizagdes impessoais, *” %, entretarito, necessério esquadrinhar mais profunda-| mente as proposigdes de Wirth, Existe um miimero de temas} que emergem de seu artigo e que ainda sio aceitos atual-| mente'apesar de todos os dados de pesquisa contrérios e as| eriticas que Ihe foram dirigidas, 4) © primeiro e talvez-mais importante tema 6 0 enfoque ecblégico do, modelo de(Wirth) Ele imputa a uma forma eco-| logica (a cidade) 0 poder’ de induzir mudancas no compor-, tamento social, Neste sentido, nfo é por coineidéncia que ele cita Darwin para apolar seu argumento, Seu modelo poderia, portanto, ser eriticado como sendo a-histérico j4 que ele uti, {}liza prineipalmente fatores ecolégicos' (tamanho e densidade) e néo se refere a cidades especificas mas a cidades em geral, 0 “eemento histérieo é assim deixado de lado, ~~~ “—— A abordagem ecolégica leva 20 segundo tema, a saber| & Gnfase na integracio ¢ desintegracéo social, Para isto| Wirth faz uso do conceito de anomia de Durkheim como| aplicado a0 aumento populacional e & consegtiente diviséol social do trabalho. A énfase na integragio-desintegracdo, por seu turno| leva a uma posicéo antiurbana através da qual a cidade é| énearada como a fonte de muitos tipos de males sociais ¢| um quadro bucdlico de uma rousseauniana vide rural sem conflitos é implicitamente proposta, Toda a atmosfera 6 for-| temente reminiscente do mito da expulsio do homem do pa-| xafso e do comeco de sua existéncia social e histories, O| hhomem nao pode voltar a uma mitica vida rural e deve su-| % portar as durezas da vida urbana «no suor de seu rostos, M1 Mori, BN, Socelpia Urbona. Rlo de Jeneleo, Zaher, 3910p. 8 22 mas 0 desejo inconsciente de retomar a um edénico titero rural emerge constantemente,” Este tema se torna ainda mais pungente quando Wirth cita a Simmel® e menciona 0 ccaréter ‘equizéide’ da personalidade urbana». Qualquer leitor de livros de ciéneias sociais ou mesmo de jornais poderd notar como estes temas reaparecem cons- tantemente: cidades (e néo sistemas sociais) nio tém alma © causam anomia, alienacio, solidio e eomportamento social- mente desviante, Existiria uma explosio urbana produzindo macrocefalia urbana e hiperurbanizacio, Alguns autores le- vam esta analogia orgéniea ainda mais adiante e falam a respeito de cidades inchando em megalépoles de um modo canceroso que poderia se espalhar por toda a sociedade. Isto levaria a uma crise urbana (e mio social) e A pobreza urbana.” Neste sentido, a teoria de Wirth (embora isto certamente nao tenhd sido sua intengéo j4 que ele era um estudioso sério) pode ser usada para desviar as discussées de um nivel conereto da sociedade global para um nivel mais neutro e vago de «problemas urbanoss. K Assinalando a confusto entre cidade ¢ sistema produti- vo, Castells argumentou que e que caracterizagses como folk, rural ¢ urbano * e «Observagdes] #esar de toda a difusio cultural que esté ocorrendo numa sobre a Dicotomia ‘Foll’-Urbana e Urhano-Rural eomo| ®Scala mundial, ainda existem diferencas significativas entre Forma de Etnocentrismo Ocidental». 4 sociedades, especialmente entre desenvolvidas e subdesenvol- vidas, Como a tese da cultura urbana deduz formas culturais Assitn como continaum folk-urbano néo & um artificio| de uma configuracéo ecolégica, ela obviamente no pode dar ‘Stil, o conceito do cultura urbana com o qual ele esté| conta dos contrastes entre diferentes culturas nacionais, A | sociado também néo faz muito sentido, O préprio uso dol guisa de exemplo, poder-se-ia perguntar quio semelhante é fermo sugere a existincia de uma cultura especificamente| a cultura achada em uma cidade érabe com relagio a de || Se em oposigio a uma cultura néo-urbana, Esta dico-| uma cidade norte-americana de igual tamanho. oe Se eae ea, Pacem cameos POM Te tes aanienie 3 die quciaks Geist wens ade oe [renga entre eampo e cidade, mas que estas diferengas tém Do ponto de vista da l6gica, se a cidade ¢ uma unidade| de ser especificadas ¢ reforidas 2 processos mais amplos que inserida numa totalidade maior, a cultura da cidade faz|as produzem. Isto significa introduzir uma dimensio Hist- parte de uma cultura mais abrangente. Caso esta iltima for|rica na anélise da relagao campo-cidade_¢ a. Se conta || domninada por tragos e elementos que so predominantes no| que @ equivocado postular uma rel ao causal entre formas eontexto urbano, entéo o que é chamado de

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