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UCDB Virtual

Curso:
Tecnologia em Gestão Pública

Disciplina:
Instituições de Direito Público e Privado
(4 créditos - 80 horas)

Autor:
Antonio Garcia Dias

Modalidade:
Educação a Distância

229- 02649
2 UCDB Virtual

Missão Salesiana de Mato Grosso


Universidade Católica Dom Bosco
Instituição Salesiana de Educação Superior

Chanceler: Pe. Lauro Takaki Shinohara


Reitor: Pe. José Marinoni
Pró-Reitora de Ensino e Desenvolvimento: Conceição A.
Galvez Butera
Diretor da UCDB Virtual: Prof. Jeferson Pistori
Coordenadora Pedagógica: Prof. Blanca Martin Salvago

Direitos desta edição reservados à Editora UCDB


Diretoria de Educação a Distância: (67) 3312-3335
www.virtual.ucdb.br
Universidade Católica Dom Bosco
Av. Tamandaré, 6000 Jardim Seminário
Fone: (67) 3312-3800 Fax: (67) 3312-3302
CEP 79117-900 Campo Grande - MS
www.ucdb.br

Dias, Antônio Garcia


Curso Tecnologia em Gestão Pública. Disciplina: Instituições
de Direito Público e Privado /
Antônio Garcia Dias. Campo Grande: UCDB/EAD, 2010.
80p.

1.Instituições do direito 2.Direito público 3. Direito privado

0710
UCDB Virtual 3

APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO

Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da


equipe multidisciplinar da UCDB Virtual, com o objetivo de lhe fornecer um subsídio
didático que norteie os conteúdos trabalhados nesta Disciplina e que compõe o
Projeto Pedagógico do seu curso. Ele é freqüentemente testado e atualizado,
promovendo uma constante melhora na qualidade deste material.

Elementos que integram o material

Plano de Ensino:
Ementa: trata-se de um resumo do conteúdo da Disciplina.

Objetivo Geral: é o principal objetivo que o aluno deve atingir ao termo da


Disciplina.

Objetivos Específicos: são os objetivos que devem ser atingidos ao fim de cada
Unidade de conteúdo.

Conteúdo Programático: trata-se do conteúdo da Disciplina apresentado de


forma estruturada.

Bibliografia Básica: são as três principais obras indicadas pelo professor


conteudista para aprofundamento do conteúdo. A obra que está marcada com um
asterisco (*) é o livro texto que o professor sugere como livro chave da Disciplina.

Bibliografia Complementar: são obras indicadas que podem servir como


aprofundamento de alguns pontos específicos do conteúdo.

Avaliação:
Critérios de avaliação: são as informações referentes aos critérios adotados
para a avaliação (formativa e somativa) e composição da média da Disciplina.

Quadro de Controle de Atividades: trata-se de um quadro para você organizar


a realização e envio das atividades virtuais. O prazo estipulado pelo professor é uma
sugestão baseada na média dos alunos. Você pode adequá-lo ao seu ritmo de estudo,
nunca ultrapassando o prazo máximo indicado pelo professor da Disciplina. Não se
esqueça de que você não está sozinho, conte sempre com a ajuda do seu professor e da
equipe de tutoria.

Conteúdo Desenvolvido: é o conteúdo da Disciplina, com a explanação do


professor sobre os diferentes temas objeto de estudo.

Indicações de Leituras de Aprofundamento: são sugestões do professor


conteudista para que você possa aprofundar no conteúdo estudado. Você irá perceber
que a maioria das leituras sugeridas são links da Internet. Por isso, é importante que
você mescle as leituras deste material com a navegação no Ambiente Virtual de
Aprendizagem.

Atividades Virtuais: são atividades propostas que marcarão um ritmo no seu


estudo, assim como, estimularão sua interação com o professor e colegas. As datas de
envio das atividades encontram-se no calendário do Ambiente Virtual de
Aprendizagem.
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Como tirar o máximo de proveito

Este material didático é mais um subsídio para seus estudos. Não se limite ao
conteúdo aqui apresentado. Este material deve ser complementado com outros
conteúdos e com a interação com os outros participantes. Portanto, não se esqueça de:

· Interagir com freqüência com os colegas e com o professor, usando as


ferramentas de comunicação e informação que o Ambiente Virtual de
Aprendizagem – AVA põe à sua disposição;
· Usar, além do material em mãos, os outros recursos disponíveis no AVA:
aulas audiovisuais, vídeo-aulas, exercícios, fórum de discussão, fórum
permanente de cada unidade, etc.;
· Recorrer à equipe de tutoria sempre que precisar orientação sobre dúvidas
quanto a calendário, atividades, ferramentas da AVA, e outros;
· Ter uma rotina que lhe permita estabelecer o ritmo de estudo adequado a
suas necessidades como estudante. Organize o seu tempo, não espere ao final
do módulo ou do semestre para começar a estudar e fazer as atividades. Se
necessário, solicite ajuda aos tutores;
· Ter consciência de que você deve ser sujeito ativo no processo de sua
aprendizagem: contando com a ajuda e colaboração de todos, mas com a
certeza de que o principal envolvido deve ser sempre você.

Mascote Edmouse

Ao longo de todo o material, você terá como companheiro o Edmouse,


personagem criado pela equipe de produção e design e utilizado pelo professor
conteudista para expressar as indicações relacionadas aos aspectos didático-
pedagógicos que envolvem cada conteúdo ou atividade. Veja abaixo o significado das
suas aparições.

Posição reflexão: utilizada em


situações em que você precisa
de um momento de reflexão
sobre algo específico,
Posição normal: usado para
geralmente um destaque
saudações, ou alguma
fundamental no conteúdo.
comunicação direta, assuntos em
Neste caso, leia o que está
que o professor queira destacar.
escrito no balão específico para
cada situação.

Posição pare: utilizada em


Posição atividade: utilizada situações em que você precisa
em situações de indicação de parar para refletir sobre algo
alguma atividade (todos os específico.
tipos de atividades), fique
atento para esta posição,
geralmente as atividades são
avaliativas.

Posição atenção:
utilizada em situações de
destaque para assunto
ou comunicados
importantes.
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A seguir apresentamos o Plano de Ensino desta Disciplina. É importante que


você conheça os objetivos que devem ser atingidos, a bibliografia proposta, os
critérios de avaliação, assim como o conteúdo que será desenvolvido ao longo dos
estudos. Acompanhe!

PLANO DE ENSINO

Ementa

Introdução ao Direito. Fontes do Direito. A Lei no Tempo e no Espaço. A


aplicação do Direito. A importância das Noções de Direito Trabalhista e Tributário
para o Administrador. A Relação Empregatícia e o Contrato de Trabalho. Jornada de
Trabalho. Décimo Terceiro Salário. Férias. Aviso Prévio. Da Rescisão do Contrato de
Trabalho. O Direito Tributário. Sistema e Princípios Constitucionais Tributários.
Crédito Tributário.

Objetivo Geral

Contribuir para a formação jurídica dos Alunos, tendo em vista a


concretização de suporte necessário para compreensão dos direitos e dos deveres do
profissional da Administração e dos demais elementos componentes do palco
organizacional de sua futura atuação.

Objetivos Específicos

UNIDADE 1
-Contribuir para que o aluno compreenda as concepções do Direito, vislumbrando a
importância da Disciplina no Curso.

UNIDADE 2
-Capacitar o Aluno para a compreensão do conceito de fontes do Direito e da sua
classificação.

UNIDADE 3
-Facilitar a compreensão dos alunos a respeito do significado de vigência da lei no
tempo e no espaço.

UNIDADE 4
-Capacitar os Alunos para a identificação e compreensão do papel do Poder Judiciário
e suas instâncias na aplicação do Direito.

UNIDADE 5
-Permitir aos Alunos uma melhor compreensão do contrato individual de trabalho e
sua duração e a visualização do significado e das características da relação
empregatícia e a detecção de sua importância para a aplicabilidade das normas
jurídicas trabalhistas.

UNIDADE 6
-Contribuir para que os Alunos compreendam o significado e os tipos de jornada de
trabalho como distribuição das ações laborais no tempo, incluindo-se noções de horas
extras, trabalho noturno, descanso semanal remunerado e outras do gênero.

UNIDADE 7
-Capacitação dos Alunos quanto às noções e à aplicação do décimo terceiro salário,
enfatizando-se as épocas de seu pagamento e os itens remunerativos sobre os quais
incide.
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UNIDADE 8
-Favorecer a compreensão dos Alunos a respeito da concepção e da importância das
férias como categoria jurídica presente na relação empregatícia.

UNIDADE 9
-Mostrar aos Alunos o significado de aviso prévio, sua finalidade e outras conotações
importantes, tais como as conseqüências da omissão tanto de empregados e de
empregadores em reação a ele.

UNIDADE 10
Contribuir para que os Alunos compreendam as diversas modalidades de extinção ou
rescisão do contrato de trabalho, bem como as conseqüências próprias de cada uma.

Conteúdo Programático - Sumário

UNIDADE 1: INTRODUÇÃO AO DIREITO.................................... 15


1.1 Concepções de Direito................................................................................................ 15
1.2 Ramos do Direito......................................................................................................... 18

UNIDADE 2: FONTES DO DIREITO ............................................ 28


2.1 Conceito de Fontes do Direito...................................................................................28
2.2 Classificação das Fontes do Direito...........................................................................29

UNIDADE 3: A LEI NO TEMPO E NO ESPAÇO.............................39


3.1 Vigência da Lei no Tempo..........................................................................................39
3.2 Vigência da Lei no Espaço..........................................................................................40

UNIDADE 4: A APLICAÇÃO DO DIREITO....................................42


4.1 O Poder Judiciário........................................................................................................42
4.2 As Instâncias na Estrutura do Poder Judiciário.......................................................48
4.3 Sujeitos Ativo e Passivo no Processo Judicial..........................................................52

UNIDADE 5: A RELAÇÃO EMPREGATÍCIA E O CONTRATO DE


TRABALHO.................................................................................56
5.1 As Características da Relação Empregatícia.............................................................. 57
5.2 O Contrato por Prazo Determinado..........................................................................59
5.3 O Contrato por Prazo Indeterminado.......................................................................60

UNIDADE 6: JORNADA DE TRABALHO.......................................62


6.1 Concepção....................................................................................................................62
6.2 Influências na Jornada de Trabalho............................................................................63

UNIDADE 7: DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO.................................66


7.1 Concepção....................................................................................................................66
7.2 Época de Pagamento e Adiantamento....................................................................... 66
7.3 Outras Parcelas Computáveis no Cálculo do 13º Salário..........................................67

UNIDADE 8: FÉRIAS...................................................................68
8.1 Direito às Férias ..........................................................................................................69
8.2 Período Aquisitivo e de Gozo das Férias................................................................ 69
8.3 Duração das Férias...................................................................................................... 70
8.4 Outras Questões Referentes às Férias......................................................................70
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UNIDADE 9: AVISO PRÉVIO......................................................72


9.1 Concepção e Finalidade..............................................................................................72
9.2 Conotações de Realce.................................................................................................72

UNIDADE 10: DA RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO..... 75


10.1 Modalidades de Extinção do Contrato de Trabalho............................................ 75
10.2 Indenizações de Despedida.....................................................................................79

Bibliografia Básica:

MARTINS, Sérgio Pinto. Fundamentos de direito do trabalho. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
NUNES, Luiz Antonio. Manual de introdução ao estudo do direito. 4. ed. Rio de Janeiro:
Saraiva, 2002.
PALAÍA, Nelson. Noções essenciais de direito. São Paulo: Saraiva, 2003.*
* Livro Texto (Livro adotado na disciplina)

Bibliografia Complementar:

BRANCATO, Ricardo Teixeira. Instituições de direito público e privado. 11. ed. São Paulo:
Saraiva, 1998.
BRASIL. Código civil. 55. ed. São Paulo : Saraiva, 2004.
______. Consolidação das leis do trabalho. CLT. 31. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
______. Constituição da República Federativa do Brasil. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
CARRION, Valentin. Comentários à CLT. São Paulo: Saraiva, 2003.
COTRIM, Gilberto Vieira. Direito e legislação. São Paulo: Saraiva, 2002.
DIAS, Antonio Garcia. Noções de direito do trabalho. Disponível em:
<http://www.ucdb.br/docentes/agarcia> . Acesso em 15 maio 2006.
______. Noções gerais de direito. Disponível em:
<http://www.ucdb.br/docentes/agarcia> . Acesso em 11 junho 2006.
HERKENHOFF, João Baptista. Instituições de direito público e privado. São Paulo:
Editora Acadêmica, 1992.
MARTINS, Sérgio Pinto. Fundamentos de direito do trabalho. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
PELEGRINO, Antenor. Curso de obrigações trabalhistas urbanas e rurais. Uberlândia, MG:
Impresso Gráfica Editora, 2001.

Endereços Eletrônicos de Interesse:

Curso de Administração / Graduação da UCDB


Curso de Direito da UCDB
Direito do Trabalho - Dr. ANTENOR PELEGRINO
Direito Tributário
http://www.dji.com.br
IUSNAVIGANDI - Direito Civil
IUSNAVIGANDI - Direito do Trabalho
IUSNAVIGANDI - Flexibilização do Direito do Trabalho
IUSNAVIGANDI - O NOVO CÓDIGO CIVIL
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Avaliação

A EAD-UCDB acredita que avaliar é sinônimo de melhorar, isto é, a


finalidade da avaliação é propiciar oportunidades de ação-reflexão que façam com que
você possa aprofundar, refletir criticamente, relacionar idéias, etc., acompanhando seu
processo de aprendizagem.
Para tanto, a EAD-UCDB adota um sistema de avaliação continuada: além
das provas no final de cada módulo (avaliação somativa), será considerado também o
desempenho do aluno ao longo de cada Disciplina (avaliação formativa), mediante a
realização das atividades programadas para cada Disciplina. Todo o processo será
avaliado, pois a aprendizagem é processual.
Se o aluno limita-se à realização da prova, não será possível interferir no
processo de aprendizagem em tempo de poder corrigir desvios, más interpretações,
etc. Portanto, participe de todas as atividades propostas, você só tem a ganhar!
Avaliação das atividades: para que se possa se atingir o objetivo da avaliação
formativa, é necessário que as atividades sejam realizadas criteriosamente, atendendo
ao que se pede e tentando sempre exemplificar e argumentar, e relacionar a teoria
estudada com a prática.
As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário
de cada disciplina, sendo que as atividades enviadas fora do prazo serão aceitas nas
seguintes condições:
? As atividades enviadas até 7 dias após o vencimento do prazo serão
corrigidas com a pontuação normal, isto é, sem penalização pelo atraso.
? Após os 7 dias, o professor aplicará um desconto de 50% sobre o valor da
atividade.

Quando a ferramenta para a realização de uma atividade é o Fórum de


Discussão, quer dizer que se pretende que todos os envolvidos (alunos e professor)
debatam algum assunto do interesse da Disciplina. Portanto, neste caso, não basta cada
um submeter sua opinião ou o resultado da sua pesquisa (como seria feito usando, por
exemplo, a ferramenta Tarefas). Trata-se de promover uma discussão e o objetivo não
será atingido sem você interagir com os outros participantes, dando sua opinião sobre
as mensagens dos colegas, rebatendo idéias, propondo outros pontos de vista,
argumentando. Neste sentido, participações do tipo “concordo”, “eu também acho”,
etc. expressam uma opinião, mas não argumentam, não apresentam criticamente um
pensamento e, portanto, não acrescentam muito ao debate.
Na avaliação deste tipo de atividades, o critério de avaliação não será a simples
participação, mas também o nível dessa participação:

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO NO FÓRUM

Nível 0 Colocações não pertinentes ao conteúdo do debate.

Levantamento de questões, proposta de discussões, expressão de acordo


Nível 1 ou desacordo... Este tipo de participação representa pouco
aprofundamento, e, portanto, representaria uma participação periférica.

Contribuições críticas, que supõe leitura e reflexão sobre as questões


Nível 2 levantadas. Neste caso, já estamos diante de participações significativas
que supõem maior aprofundamento e nível de reflexão.

Contribuições de síntese dos conteúdos discutidos em que o participante


demonstre uma assimilação dos conteúdos debatidos e associação de
Nível 3 idéias. Este seria o nível de maior aprofundamento, pois supõe que o aluno
alcançou os objetivos traçados: através da discussão com o professor e os
colegas, chegar à síntese pessoal sobre o tema.
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No caso do fórum, no calendário aparecem duas datas: a data de início e a data


do término. A discussão deve acontecer entre as duas datas.

Critérios para composição da Média Semestral:

Para fazer a Média Semestral, leva-se em conta o desempenho atingido na


avaliação formativa e na avaliação somativa, isto é as notas alcançadas nas diferentes
atividades virtuais e nas provas.
Antes do lançamento desta nota final, o professor divulgará a média
provisória de cada aluno, dando a oportunidade de que os alunos que não tenham
atingido média igual ou superior a 7,0 possam fazer a Prova Substitutiva (PS).
Após a PS, o professor já fará o lançamento definitivo da Média Semestral,
seguindo o procedimento a seguir:

A prova presencial tem peso 7,0 e as atividades virtuais têm peso 3,0.
Portanto, para calcular a Média, usa-se o seguinte procedimento:

1. Multiplica-se o somatório das atividades por 0,30;


2. Multiplica-se a média das notas das provas por 0,70.

Para termos a Média Semestral, somam-se os dois resultados anteriores,


ou seja:

MS = MP x 0, 7 + SA x 0,3
MS: Média Semestral
MP: Média das Provas
SA: Somatório das Atividades

Assim, se um aluno tirar 10 na(s) prova(s) e tiver 10 nas atividades:

MS = 10 x 0,7 + 10 x 0,3 = 7,0 + 3,0 = 10

Se a Média Semestral for igual ou superior a 4,0 e inferior a 7,0, o aluno ainda
poderá fazer o Exame. A média entre a nota do Exame e a Média Semestral deverá
ser igual ou superior a 5,0 para considerar o aluno aprovado na disciplina.

FAÇA O ACOMPANHAMENTO DE SUAS ATIVIDADES

O quadro abaixo visa ajudá-lo a se organizar na realização das atividades.


Faça seu cronograma e tenha um controle de suas atividades:

Avaliação Prazo* Data de Envio**

ATIVIDADE 1.1
Ferramenta: Tarefas

ATIVIDADE 2.1
Ferramentas:Tarefas

ATIVIDADE 5.1
Ferramenta: Tarefas
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Avaliação Prazo* Data de Envio**

ATIVIDADE 8.1
Ferramenta:Tarefas

ATIVIDADE 10.1
Ferramenta:Tarefas

* Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte o
calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem).
** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade.
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BOAS-VINDAS

Prezado(a) acadêmico(a),

Inicia agora o segundo semestre do nosso curso. Fico feliz pela sua
determinação em desempenhar um papel importante na carreira profissional.
A partir de agora o conhecimento adquirido permite que você tenha maior
suporte conceitual para desenvolver suas habilidades técnicas e comportamentais. A
UCDB Virtual mais uma vez está conectando você com o futuro, buscando sempre a
melhoria contínua do processo ensino-aprendizagem para formar o profissional de
qualidade.
A globalização e a mundialização do capital determinam um novo modelo de
desenvolvimento no mundo, as empresas, pessoas, governos e organizações devem se
adaptar à Era do Conhecimento, onde a inovação é o ponto principal de diferenciação
no mercado.
Dentro dessa nova era, os inovadores são as pessoas, máquinas não inovam são
inovadas, por isso o capital intelectual está em alta, as condições de competitividade
dependem das pessoas e de sua capacidade inovativa.
Você e o conhecimento adquirido na UCDB Virtual formam o capital
intelectual do futuro, que permite aliar conhecimento tecnológico, conhecimento
tácito e conhecimento intelectual.
Parabéns por fazer parte do nosso curso.
Um grande abraço e ótimo semestre.

Professor Michel Ângelo Constantino de Oliveira


(Coordenador do Curso)
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Pré-teste
Pré-teste
Esta atividade não será pontuada, mas é importante sua participação.
O objetivo deste instrumento é coletar dados referentes às representações
dos participantes em relação ao uso da tecnologia em diferentes contextos; à EAD e
suas características; às experiências já vividas em relação ao uso da tecnologia.
Caso não autorize o uso destas informações para fins de pesquisa, expresse
sua recusa enviando um e-mail ao professor. Lembramos que o anonimato será
preservado.

1. Correlacione a área do Direito com a respectiva concepção:

(1)O cupa-se das normas referentes às relações entre o ser estatal, seu funcionamento
e os cidadãos
(2) É o conjunto das normas que regulamentam as relações jurídicas de interesse de
toda a sociedade ao mesmo tempo, e não de parte dela
(3) Trata das normas referentes às relações jurídicas entre empregados e
empregadores e tudo quanto a eles interesse.
(4) C onsiste nas normas jurídicas por meio das quais o Estado define os delitos (ações
ou omissões) e as sanções respectivas em hipótese de transgressões a essas mesmas
normas.
(5) É entendido como o conjunto de regulamentações sobre a criação de normas, a
arrecadação, a gestão e a distribuição das receitas dos órgãos públicos.

( )D ireito Público
( ) Direito Tributário
( ) Direito Penal
( ) Direito Administrativo
( ) Direito Trabalhista

2. Assinale a opção correta, após observar as afirmações seguintes:


I. Jurisprudência é o conjunto de figuras normativas exemplificadas especialmente
pela Constituição Federal, Lei Complementar, Lei Ordinária, Lei Delegada, Medida
Provisória, etc.
II. A Doutrina Jurídica é entendida como o conjunto de opiniões e de ensinamentos
produzidos pelos estudiosos do Direito.
III.Legislação significa todo o conjunto de decisões (sentenças) já tomadas nos
Tribunais sobre uma certa questão, e servem de base para as sentenças semelhantes
(isto é, referentes a casos parecidos) que estão sendo produzidas.

a) Todas estão corretas


b) Todas estão incorretas
c) Apenas I e II estão corretas
d)A penas I e II estão incorretas
e) Apenas I e III estão corretas
f) Apenas I e III estão incorretas
g) Apenas II e III estão corretas
h) Apenas II e III estão incorretas

3. Assinale a opção correta, após observar as afirmações seguintes:


I. Se o Sr. Voupro Fhoro “entrasse” com uma ação judicial “contra” você, com a
finalidade de anular a assinatura de um contrato, começaria a existir um processo no
qual ele seria identificado como AUTOR e você como RÉU.
II. As leis criadas pelo Poder Legislativo (Deputados Estaduais na Assembléia
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Legislativa) do seu Estado precisam ser obedecidas por você, mesmo enquanto (você)
estivesse morando em outro Estado da Federação ou mesmo em outro país.
III. Se tiver que pagar certo valor para a Prefeitura fazer a “ligação” da água em um
imóvel de sua propriedade, você estará pagando um imposto e não uma taxa.
a) Todas estão corretas
b) Todas estão incorretas
c) Apenas I e II estão corretas
d) Apenas I e II estão incorretas
e) Apenas I e III estão corretas
f) Apenas I e III estão incorretas
g) Apenas II e III estão corretas
h) Apenas II e III estão incorretas

4. Assinale a alternativa com a qual você mais concorda:


a) O Direito só interessa a quem precisa se defender contra possíveis processos
judiciais, além de Advogados, Juízes e outros profissionais que atuam nessa área.
b) Constituição Federal, Leis, Decretos e tantas outras normas existentes são úteis
para as pessoas comuns apenas em ocasiões especiais, podendo-se em geral viver
muito bem sem essas regras.
c) Diferentementedas numerosas normas impostas à sociedade, o Direito se constitui
de certos princípios úteis para Advogados, Juízes e outros profissionais que atuam
nessa área. Assim, pode-se afirmar que as leis de um modo geral podem até mesmo
completar e enriquecer o Direito.
d) Por Direito entende-se necessariamente todo e qualquer tipo de normas ou regras
impostas a todos na sociedade, juntamente com certos princípios necessários para
regulamentação do comportamento das pessoas em sua convivência. Assim, de certa
forma o Direito é entendido como as próprias normas legais a que todos precisam
obedecer.

5. Sabendo-se que existem os três poderes da República, ou seja, o Executivo,


o Legislativo e o Judiciário, assinale a alternativa correta:
a) Dentre os três, o mais importante é o Executivo, sendo seu titular o Presidente da
República, e portanto este ocupa o cargo mais importante do país.
b) Dentre os três, o mais importante é o Legislativo, cuja tarefa principal é a criação de
leis, sendo seu titular o Presidente do Senado.
c) Dentreos três, o mais importante é o Judiciário, cuja tarefa principal é o julgamento
das questões judiciais, sendo seu titular o Presidente do Supremo Tribunal Federal.
d) Nenhum é nem mais e nem menos importante que os outros.
e) Todas as alternativas anteriores estão incorretas.

6. O Sr. Descan Sathus combina com seu chefe que não gozará neste ano suas
férias devidas, pois a empresa passa por dificuldades. Para compensar,
Descan Sathus terá direito ao gozo de duas férias seguidas no ano seguinte.
Isto permite concluir que:
a) Também nas relações empregatícias a vontade das partes faz lei, e portanto as
normas legais protegem esse acordo entre Descan Sathus e seu chefe.
b) Só com a concordância do empregadoDescan Sathus tal acordo pode ser feito.
c) Descan Sathus e seu empregador não podem fazer tal acordo, diante das normas
gerais do Direito do Trabalho.
d) Se Descan Sathus não aceitar o acordo, poderá ser demitido por justa causa,
tratando-se de uma necessidade da empresa.
e) Se Descan Sathus não aceitar o acordo, poderá ser demitido por justa causa, mesmo
que não existissem as dificuldades da empresa, uma vez que demitir é uma
prerrogativa do empregador.
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7. “Embriaguez habitual ou em serviço”. Marque a alternativa que melhor


relacione tal expressão ao Direito do Trabalho.
a) Pode provocar despedida por justa causa se ocorrer constantemente mesmo
durante as férias do empregado ou nas suas folgas, ou pelo menos uma vez no
ambiente de trabalho.
b) Não pode provocar despedida por justa causa, mas apenas afastamento temporário
para tratamento.
c) Pode provocar despedida por justa causa apenas se ocorrer no ambiente de trabalho
costumeiramente.
d) A embriaguez habitual nada tem a ver com demissão empregatícia, se ocorrer fora
do ambiente de trabalho, de acordo com o princípio da liberdade previsto na
Constituição Federal em vigor.
e) Todas as alternativas anteriores estão incorretas.

8. O Sr. Perdhy Avagha, foi demitido do seu emprego. Acreditando não ter
recebido de seu empregador, o Sr. Nunthen Mays, tudo aquilo a que pensava
ter direito, recorreu à Justiça do Trabalho. No entanto, durante o andamento
do processo, nem o Sr. Perdhy Avagha e nem o Sr. Nunthen Mays conseguiram
provar o que alegavam. Nesse caso:
a) O Juiz encerrará o processo judicial por falta de provas, e assim entre o Sr. Perdhy
Avagha e o Sr. Nunthen Mays ficará o dito pelo não dito.
b) O Juiz não encerrará o processo judicial por falta de provas, mas mandará arquivá-lo
temporariamente até que ou o Sr. Perdhy Avagha ou o Sr. Nunthen Mays apresente as
comprovações do que alega.
c) O Juiz dará ganho de causa ao Sr. Perdhy Avagha, pois a finalidade do Direito do
Trabalho é proteger os interesses do trabalhador e não os do empregador.
d) O Juiz dará ganho de causa ao Sr. Nunthen Mays, pois o Sr. Perdhy Avagha não pode
acusar seu empregador, sem apresentar provas.
e) Todas as alternativas anteriores estão incorretas.

9. Imagine que você trabalha como Administrador em uma empresa, vindo


registrado todo mês, em seu contracheque, um certo valor cobrado a título de
imposto de renda descontado na fonte. Significa que a empresa desconta de
sua remuneração o valor devido, entregando-o à Receita Federal. Nesse caso:
a) A empresa atua como sujeito ativo do imposto de renda pessoa física, pois é ela que
realiza o desconto em seu contracheque.
b) A empresa atua como sujeito passivo do imposto de renda pessoa física, pois ela
tem que entregar à Receita Federal o valor descontado em seu contracheque.
c) A empresa atua ao mesmo tempo como sujeito passivo e ativo do imposto de renda
pessoa física.
d)A empresa não atua nem como sujeito passivo e nem como sujeito ativo do imposto
de renda pessoa física, mas apenas como responsável tributária.
e) Responsável como é, pelo desconto daquele valor a ser pago como imposto de
renda pessoa física, a empresa presta um favor à Receita Federal.

Submeta o Pré-Teste por meio da ferramenta Questionário.


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OBJETIVO DA UNIDADE:
UNIDADE 1
Contribuir para que o aluno
INTRODUÇÃO AO DIREITO
compreenda as concepções do
Direito, vislumbrando a
importância da Disciplina no
Curso.

A pretensão do item se reporta à assimilação das concepções gerais do


Direito como conjunto de normas impostas à sociedade, bem como da identificação
dos diversos ramos ou áreas em que ele se subdivide.
Com a assimilação dessa parte do conteúdo, o Aluno adquire os
fundamentos para compreender melhor as fontes do Direito, identificadas nas
especificidades de cada área e a vigência das leis.

1.1 Concepções de Direito

Direito? Droit? Diritto? Derecho?

Talvez você, futuro Administrador, esteja se perguntando o que irá ser


estudado como conteúdo desta disciplina chamada Direito. Que temas serão
abordados? Preciso mesmo estudá-los?
E mais: tendo-se matriculado no Curso de Administração, por quais razões
você deve estudar esse conteúdo? Qual seria a utilidade dela? Será que é mesmo
importante? Em que vou precisar deles, antes e depois de me formarAdministrador?
Vamos então, desde o início, verificar algumas das principais respostas a tão
importantes e naturais perguntas que costumam surgir logo que o Aluno começa seus
estudos jurídicos. Outras respostas virão com o tempo, na medida em que você for
tomando conhecimento do conteúdo estudado. Ao final, tudo lhe parecerá muito
claro a respeito do significado e da importância do Direito para oAdministrador que
pretende adquirir todos os conhecimentos necessários para tornar-se um grande
profissional. Vamos caminhar juntos na busca dessas e de outras respostas.

1.1.1 A importância do Direito para o Administrador

De início, cabe enfatizar a importância do estudo do Direito para o futuro


profissional da Administração.
Na verdade, o Administrador utilizará freqüentemente noções de Direito,
pois suas atividades profissionais vão exigir. Adquiridas durante o Curso de
Administração, essas noções contribuirão em muito para o seu melhor desempenho
nas diversas organizações que dirija ou para as quais trabalhe (empresas, cooperativas,
órgãos públicos, instituições sociais, escolas e tantas outras) em qualquer nível.
Especialmente serão úteis ao Administrador as noções de Direito do Trabalho,
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Por ser Advogado e também Administrador, tenho percebido há muito


tempo que o conhecimento na área jurídica é fundamental para que você possa
desempenhar adequadamente suas atribuições no meio organizacional.
No entanto, para compreender o conteúdo daquelas áreas, será necessário
que o estudante de Administração assimile, primeiro, certas noções em Direito, parte
inicial do nosso Conteúdo Programático, focalizando conceitos e fontes das normas
jurídicas, a sua vigência no tempo e no espaço, bem como explicando o papel e os
níveis do Poder Judicial.
Essas noções serão focalizadas de forma que o futuro administrador
compreenda já a relação que o Direito tem com o seu campo de atuação, facilitando
assim, como dito anteriormente, o desempenho desse profissional quando estiver à
frente de seu campo de trabalho.
Espero que você tenha o maior sucesso nesses estudos.
Boa sorte!

1.1.2 Buscando a concepção do direito

Podemos buscar a concepção do direito observando três critérios diferentes.


O primeiro, referente à etimologia, isto é, à origem das palavras; outro quanto à
semântica, que se reporta à evolução do significado dessas palavras, e, um terceiro,
que se atém ao aspecto real ou lógico.
Parece difícil, não é mesmo? Mas é só aparência. Veja:
Enquanto a etimologia explica de que palavra (e respectivo idioma) veio um
certo termo, a semântica mostra os diversos sentidos que esse termo assumiu com o
passar do tempo, e a última, isto é, a lógica, revela o significado e o funcionamento do
Direito na sociedade, tendo a finalidade de garantir que um ente superior (a Justiça) se
encarregue de resolver os conflitos existentes, e não tenha cada um que fazer justiça
com as próprias mãos.
Observemos cada uma dessas categorias de análise:

CRITÉRIO ETIMOLÓGICO

As línguas modernas possuem dois conjuntos de termos que expressam a idéia


de Direito. Um deles, possuindo o correspondente em todas as línguas provenientes
do latim e nas outras ocidentais modernas, vincula-se à própria palavra DIREITO:
Droit (francês); diritto (italiano); derecho (espanhol); recht (alemão); right (inglês);
dreptu (romeno).
Tais palavras vêm de termos do latim e eram utilizados pelo povo romano
menos letrado, sem formação intelectual, simples. Esses termos são directum e
rectum, que significam respectivamente “direito” e “reto”. Rectum e directum
significavam, para os romanos, aquilo que tem a forma de uma régua, entendendo-se
o que não possui curvas e nem se desvia de seu rumo.
Portanto, etimologicamente, isto é, quanto à origem da palavra, Direito vem de
directus, que é o particípio passado de “dirigere” (pronúncia: dirígere, significando
dirigir, alinhar, ordenar).
Também é importante aqui ressaltarmos a existência do vocábulo jus
(pronúncia: ius), que produziu para a língua portuguesa a palavra, por exemplo,
“jurídico”, e os demais da família, todos relacionados a direito. Ao procurarmos o
significado originário deste vocábulo jus, encontramos no latim pelo menos duas
origens diferentes, indicadas pelos pesquisadores. Alguns entendem que jus se tenha
derivado de jussum (pronúncia: iússum), particípio passado do verbo jubere
(pronúncia: iúbere), que significa mandar, ordenar. Outros entendem que seja uma
derivação de justum (pronúncia: iústum), isto é, aquilo que é justo ou conforme a
justiça. Assim, para os latinos jus significava o que é lícito, e injuria (pronúncia:
iniúria) o que é ilícito.

SUGESTÃO
Como se observou, em latim, a letra “j” se pronuncia “i”, conforme explica o
insigne Professor Dr. Antonio Machado.
A respeito, sugiro que leia no próprio endereço eletrônico do ilustrado
pesquisador tais observações:
http://www.geocities.com/a_c_machado/latim3.html
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CRITÉRIO SEMÂNTICO

Enquanto isso, semanticamente, isto é, no que se refere à evolução dos


significados da palavra no tempo e no espaço, o termo direito exprimiu
seqüencialmente: o que está conforme a reta; o que está conforme a lei; a própria lei;
conjunto de leis; a ciência que estuda as leis.

CRITÉRIO REAL OU LÓGICO

Neste aspecto considera-se a tradução ou definição da essência do Direito


como prática voltada à necessidade e aos interesses da sociedade, com o fim de
garantir a justiça na sociedade, e, portanto, de evitar o desarranjo das relações que
criam, modificam, transferem ou extinguem direitos e deveres entre as pessoas.
Nesse aspecto podemos dizer que o Direito significa:

• Conjunto de normas ou regras jurídicas (sentido objetivo do Direito);


• poder que alguém tem de exigir de outrem o cumprimento de uma
obrigação (sentido subjetivo do Direito);
• a idéia de justiça, ou do que é justo;
• a área do conhecimento humano que se ocupa dos acontecimentos
jurídicos (sentido científico do Direito);
• Conjunto dos acontecimentos que ocorrem na sociedade, gerando as
relações jurídicas (Direito como fato social).

Independentemente do ângulo observado, o Direito constitui um conjunto


de normas adotadas por uma coletividade humana com vistas a regulamentarem as
relações entre seus membros.
Entendamos que as pessoas precisam de regras para viver em coletividade. Se
não existissem essas normas, cada um utilizaria as próprias forças e as que conseguisse
arregimentar, a fim de garantir para si tudo o que fosse de seu interesse, em detrimento
das pretensões dos demais, especialmente se mais fracos. Para evitar essa tendência
egoística natural do ser humano, cada sociedade cria seu conjunto de regras que
devem ser obedecidas por todos, sob pena de ser aplicado algum castigo ao
desobediente, garantindo-se a ordem e o respeito devido às prerrogativas ou direitos
dos outros. Lembre-se de que essa obediência às leis é imposição da própria
sociedade, por meio dos canais próprios, como ainda veremos mais tarde.
Essas regras são chamadas de normas jurídicas, quase sempre escritas e
denominadas genericamente de leis. Quase sempre escritas, porque há também
normas de obediência exigidas pela sociedade, mesmo não estando escritas, como
também ainda veremos.
Pois bem: Direito é a denominação que se dá a esse conjunto de regras. Nesse
sentido, podemos afirmar que:

1
Direito é o conjunto de normas de convivência adotadas por uma sociedade Coação ou coerção é uma pressão a que
alguém é submetido para que aja de uma
humana para cumprimento obrigatório por seus membros. certa maneira, isto é, para que faça ou não
faça algo. É o ato de coagir e a situação de
quem se vê coagido. Então, o termo
coativamente significa “de modo
Genericamente se adota a conceituação do Direito no sentido de norma, isto coativo”. Aqui, tem o sentido de uma
é, no sentido objetivo. O nosso conhecido e ilustrado jurista Sílvio Rodrigues, forte determinação da sociedade, por
meio de seus órgãos próprios, para que as
inspirado na literatura jurídica italiana nos afirma que o Direito “... é a norma das pessoas cumpram as normas legais
ações humanas na vida social, estabelecida por uma organização soberana e imposta consideradas importantes para a
manutenção da ordem.
coativamente à observância de todos” (RODRIGUES, 2003, p. 6).
De todo modo, sem a presença do Direito, portanto, estaria instalado na
sociedade o caos. Prevaleceria completamente o direito da força, e não a força do
direito.
Por isso, cada ato humano (e às vezes até mesmo fatos ocorridos sem a
intervenção das pessoas) é regulado por uma ou mais normas jurídicas. Mas também é
verdadeiro que uma só norma regulamenta diversos atos, dada a natureza ou
semelhança deles. Trataremos desse tema a seguir, sob a denominação de
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classificação do Direito.
Mas não se esqueça da grande importância da existência daquelas normas
jurídicas em qualquer que seja a área das relações entre as pessoas.
Então, vejamos quais são essas áreas, isto é, vamos identificar grupos de
normas criadas exatamente para certos tipos de relações jurídicas que ocorrem entre as
pessoas.
Cada área dessas pode ser chamada de um ramo do Direito.
Mas vamos por partes, para facilitar sua compreensão.

1.2 Ramos do direito

Certamente você já viu, ouviu ou leu diferentes expressões denominando


alguns tipos de Direito: Direito Processual Civil, Direito Internacional, Direito
Constitucional, e tantos outros, a todo momento chegam aos nossos olhos ou ouvidos
com certa freqüência. Para algumas pessoas, tantas expressões diferentes não parecem
ter importância. Também há quem só perceba a diferença entre tipos diversos de
normas jurídicas depois de um certo tempo.
Por isso, a seguir, agrupando e reagrupando, isto é, classificando as normas
jurídicas conforme suas características e finalidades, perceberemos a existência de
diferentes ramos do Direito. Acompanhe.

1.2.1 O significado de classificação do direito

Tenho certeza de que você, até aqui, já entendeu que classificar um certo
universo de unidades significa separá-las em grupos conforme as características
semelhantes. Para continuarmos aumentando nossa compreensão sobre o Direito,
faz-se importante, conforme comentamos anteriormente, identificarmos agora as
diversas áreas em que as normas jurídicas se subdividem ou se classificam.
Evidentemente você percebe que certas normas, por exemplo as referentes à
aposentadoria e outras que tratam da compra de um objeto, são de tipos diferentes.
Claro, as primeiras, normas previdenciárias, destinam-se às relações jurídicas entre a
Previdência e o trabalhador, enquanto as outras têm por finalidade reger os direitos e
deveres entre comprador e vendedor. Elas são normas que pertencem a grupos
diferentes, pois diferente é também a natureza das relações jurídicas que
respectivamente regulamentam. E mais: todas essas exemplificadas são diferentes das
leis que se referem à punição das pessoas que cometem crimes.
Assim, como já mencionado, temos diversos grupos de normas. Vamos
identificar, então os ramos do Direito. Um bom administrador precisará conhecer
cada um desses ramos ou grupos de normas jurídicas.

1.2.2 A classificação ou subdivisões do direito

Estamos falando, como você já entendeu, das áreas do Direito, isto é, dos
diferentes tipos dele. Por exemplo, o Direito Civil e o Direito Penal cuidam de
diferentes áreas normativas. A preocupação principal do Direito Tributário não é a
mesma do Direito do Trabalho, e assim por diante.
Assim sendo, identificaremos aqui as principais áreas do Direito, classificando
as suas normas conforme a natureza das relações jurídicas que cada uma regulamenta.

1.2.2.1 Direito Público e Direito Privado

Se, visualizando as normas jurídicas num só universo, quiséssemos separá-las


em dois grupos apenas, teríamos de um lado as chamadas normas do Direito Público
e de outro as do Direito Privado.
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Há diversos aspectos que mostram a diferença entre Direito Público e


Direito Privado. Aqui, para diferenciarmos um do outro, vamos nos ater apenas ao
critério mais clássico, que foi o utilizado pelos próprios romanos, de quem herdamos
o Direito. Trata-se do critério diferenciador com base no sujeito, isto é, no titular
principal da relação jurídica. Explico: se o titular ou interessado principal na relação
jurídica for toda a sociedade, as normas que a regem são tidas como do Direito
Público. Se não, trata-se de normas do Direito Privado.
Então, o Administrador precisará entender que:

O Direito Público é o conjunto das normas que regulamentam as relações jurídicas de interesse de
toda a sociedade ao mesmo tempo, e, portanto do ente estatal, sua organização e suas funções.

Direito Público

Veja bem: existem certos atos, ou fatos ou circunstâncias que são


considerados muito importantes para a sociedade. Esta, como corpo social vivo e
organizado, exige o máximo de seriedade e rigor no cumprimento das normas que se
referem àqueles atos, fatos ou circunstâncias. Ela não abre mão do cumprimento
dessas normas ou mandamentos jurídicos.
Exemplo disto é o fato de que, se a autoridade responsável toma
conhecimento de um crime, deverá agilizar todos os recursos disponíveis para
identificar o culpado e as circunstâncias de sua prática, até que, permitida a ampla
defesa do acusado, sejam aplicadas, se for o caso, as penalidades definidas em lei.
Portanto, percebe-se como é importante que cada autoridade cumpra à risca
seus deveres.
Se a sociedade abrisse mão do cumprimento daquelas normas, estaria
colocando em risco a própria existência organizada dela. Você já pensou se não fosse
penalizado quem tirasse injustamente a vida de outras pessoas? Todos se sentiriam à
vontade para eliminar seus desafetos ou quem significasse obstáculo à satisfação de
interesses pessoais particulares. Bastaria ter condições para isso. E aí, salve-se quem
puder. Teríamos aquela situação mencionada anteriormente, isto é, valeria o direito da
força e não a força do direito.
Então, você pode imaginar como é importante para a sociedade o pagamento
de tributos, o respeito à vida humana, a obediência rigorosa às determinações da
Constituição Federal, e outros. Estes são exemplos de elementos cuja normatização
ocorre por parte do Direito Público.

Direito Privado

O Direito Privado, por outro lado, pode ser assim entendido:

O Direito Privado se constitui de normas que regulamentam os interesses de particulares, isto é,


os direitos e obrigações decorrentes de atos, fatos ou circunstâncias que dizem respeito apenas a
uma ou algumas pessoas naturais ou jurídicas, grupos ou coletividades parciais como certos clubes,
associações, mas não a toda a sociedade ao mesmo tempo.

Como se percebe, os particulares podem livremente abrir mão do


cumprimento de normas que dizem respeito apenas aos seus interesses. Se alguém lhe
deve certo valor monetário, somente a você cabe agilizar os meios (jurídicos ou não)
para que seus direitos sejam respeitados. A sociedade não irá interferir sem a sua
iniciativa.
Vejamos agora como se distribuem as respectivas áreas no Direito Público e
no Direito Privado, conforme a opinião da maioria dos estudiosos.
No grupo do Direito Público estão as normas próprias das áreas dos
chamados Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Financeiro e
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Tributário, Direito Penal, Direito Processual (Civil e Penal), Direito do Trabalho, e


Direito Internacional (Público e Privado). O Direito Privado, por sua vez, se constitui
das áreas denominadas Direito Civil e Direito Comercial, como podemos visualizar
abaixo.

DIREITO PÚBLICO DIREITO PRIVADO

Direito Constitucional Direito Civil


Direito Administrativo Direito Comercial
Direito Financeiro e Direito Internacional
Tributário
Direito Penal
Poder Legislativo, na estrutura Direito Processual Civil
governamental, é a denominação Direito Processual Penal
atribuída ao órgão encarregado de Direito do Trabalho
elaborar as normas jurídicas no País. Em Direito Internacional
nível federal, corresponde ao Congresso
Nacional (Senado Federal e Câmara dos
Deputados); nos Estados, compreende a
respectiva Assembléia Legislativa; nos
Municípios, temos a Câmara dos
A esse ponto, não se pode deixar de dizer também que, embora classificadas
Vereadores. como áreas do Direito Privado, muitas normas dizem respeito aos interesses da
Denomina-se Poder Executivo um dos
órgãos do Poder Público, na estrutura
sociedade toda. Como por exemplo, o casamento. Este consiste em ato jurídico
governamental, ao qual se atribui a normatizado pelo Direito Civil, classificado como Direito Privado, mas é
incumbência principal de administrar a
União, cada um dos Estados ou essencialmente de interesse da sociedade. Tanto assim que só terá validade se realizado
Municípios. O titular desse Poder, em estritamente em obediência às normas próprias, as quais são especialmente rigorosas.
nível federal, é o Presidente da
República, nos Estados é o Governador, Do mesmo modo, encontraremos algumas normas referentes a interesses
e em cada Município, o Prefeito. Desse
modo, compreendido como um dos
apenas de particulares, mas presentes nas especificações do Direito Público, tal como
ângulos do Governo (o Legislativo e o se vê em relação a certas circunstâncias no âmbito do Direito Penal, em que os órgãos
Judiciário são os outros ângulos do
Governo, e, portanto, todos são
estatais responsáveis só agem se o interessado se manifestar.
igualmente Governos, hierarquicamente Importante observar-se ainda que alguns juristas, isto é, importantes
iguais em importância e poder, mas cada
um exercendo a sua função própria, estudiosos do Direito, preferem incluir o Direito do Trabalho no conjunto do Direito
conforme determina a Constituição Privado e não no Direito Público, por considerarem, dentre outros argumentos, que as
Federal), ao Executivo cabe executar as
leis, com a finalidade de garantir o bem- relações empregatícias ficariam melhor categorizadas como de interesse particular e
estar da sociedade na respectiva área de
abrangência.
não de toda a sociedade.
O Poder Judiciário, na estrutura
governamental, é constituído pelo
conjunto de autoridades que possuem o
1.2.2.2 Direito Constitucional
poder de julgar. São, portanto, os Órgãos
encarregados de administrar a Justiça, Conforme Ricardo Teixeira BRANCATO (1998: 41), Direito Constitucional
sempre que existir algum conflito
envolvendo os interesses de pessoas é “... o conjunto de normas que instituem a organização do Estado regulam a divisão e atuação dos
(naturais ou jurídicas).
poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), os órgãos e funções do governo, fixando-lhe os
limites e as relações com os governados, além dos direitos e garantias individuais...”.
Como se vê, o Direito Constitucional perfaz as normas mais importantes do
país. A esse conjunto de normas essenciais dá-se o nome de Constituição Federal, e,
portanto, representa o estatuto básico do Direito Constitucional. Assim sendo, ela é a
declaração da vontade política de um povo, manifestada por meio dos seus
representantes.
Nossa Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988, é também
chamada de Lei Maior, Carta Maior, Carta Magna, Lei Fundamental, Lei Suprema, Lei
das Leis, e outras. Atualmente ela inclui normas referentes basicamente:
a) aos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil;
b) aos direitos e garantias fundamentais;
UCDB Virtual 21

c) à organização do Estado Brasileiro (União, Estados, Municípios e Distrito


Federal);
d) à organização dos Poderes;
e) à defesa do Estado e das Instituições Democráticas;
f) à tributação e orçamento;
g) à ordem econômica e financeira;
h) à ordem social;
i) às disposições constitucionais gerais.
Além disso, existe a última parte chamada de “Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias”, em que se definem normas referentes a situações não
definitivas ou que dependam de regulamentações futuras.

1.2.2.3 Direito Administrativo

O Direito Administrativo incumbe-se das normas jurídicas voltadas à


organização administrativa do Estado, determinando as formas, os meios e os modos
de ação para o alcance dos seus objetivos.
Ou, conforme Cavalcanti (apud Herkenhoff: 28), é o “... conjunto de princípios e
normas jurídicas que presidem ao funcionamento das atividades do Estado, à organização e ao
funcionamento dos serviços públicos, e às relações da administração com os indivíduos”.
Cotrim (2002: 48) diz que o “Direito Administrativo é o conjunto de normas que
regulam a atividade da Administração Pública na sua tarefa de assumir os serviços necessários à
promoção do bem comum”.
Nesse sentido, Administração Pública é o conjunto de ações realizadas ou
dirigidas pelas autoridades e órgãos do Poder Executivo (excluem-se, portanto, nas
letras do autor, os Poderes Legislativo e Judiciário), com vistas a garantir-se o bem
comum da coletividade.
A Administração Pública realiza-se por meio dos chamados atos
administrativos. Estes são, portanto, a expressão da vontade da Administração
Pública, e têm como finalidade a aquisição, o resguardo, a transferência, a
modificação, a extinção, a declaração de direitos ou a imposição de deveres aos
administrados e a si própria.
No âmbito federal, diversas leis afiguram-se com muita importância nessa
área, especialmente as de n.º 8.112/90 (regulamentando as relações entre o Governo
Federal e os seus Servidores), n.º 8.666/93 (enfatizando a licitação, que significa o ato
promovido pela Administração Pública com a finalidade de garantir-se o melhor
preço e a melhor qualidade em contratos de aquisição de bens ou serviços), o Código
de Trânsito Brasileiro -CBT, que é a Lei n.º 9.503, de 23 de setembro de 1997, e outras.
Quanto aos Estados da Federação e os Municípios, cada um possui normas
administrativas específicas, adequadas ao próprio contexto.

1.2.2.4 Direito Financeiro/Tributário

Sem arrecadação de recursos financeiros, o Governo não teria condições de


sustentar as despesas decorrentes de suas obrigações referentes ao bem comum,
como segurança, educação, saúde, previdência, e outras.
O principal meio de captação desses recursos, pelo Governo, corresponde
aos tributos (especialmente impostos, taxas e contribuição de melhoria).
Houve época em que não se diferenciavam propriamente Direito Financeiro
e Direito Tributário. Na verdade, este era parte daquele. Portanto, a nomenclatura
então utilizada era apenas Direito Financeiro. Mais tarde houve necessidade de se
especificar a área do Direito Tributário, dada a evolução e o aumento das categorias
jurídicas nessa área. Hoje o Direito Tributário constitui um conjunto autônomo de
normas.
22 UCDB Virtual

Então observe que o Direito Financeiro é entendido como o


conjunto de normas regulamentadoras da atividade financeira do ente
estatal, consistentes na garantia dos meios econômicos necessários para
o desenvolvimento das suas programações.
Essa atividade financeira tem por objeto o orçamento público,
presentes aí a despesa e a receita públicas, como parte das preocupações do
órgão estatal. Os artigos 157 a 159, da Constituição Federal fundamental essa
atividade financeira, enfatizando-se a repartição das receitas para os órgãos
públicos.
Enquanto isso o Direito Tributário consiste no conjunto dos
princípios e normas jurídicas regulamentadoras das áreas da tributação,
atuando sobre a criação, a cobrança, a arrecadação e a fiscalização do
tributo.
Pode-se também expressar que o Direito Tributário trata ainda das
relações jurídicas entre os Poderes e os Órgãos do Estado, entre os cidadãos e o
Estado e entre os próprios cidadãos. Então, nesse contexto, o Direito
Tributário cuida das relações jurídicas entre o tesouro público e o contribuinte,
como resultado da obrigatoriedade, da arrecadação e da fiscalização dos
tributos.

Nessas áreas há diversas normas importantes, destacando-se a Lei n.º 5.172,


de 25.10.66, denominada de Código Tributário Nacional - CTN, Lei nº 6.830, de 22 de
setembro de 1980, chamada de Lei de Execuções Fiscais, e muitas outras, sejam leis
complementares, leis ordinárias, decretos-leis, decretos, além de tantas mais.

1.2.2.5 Direito Penal

Consiste o Direito Penal, ou Criminal, em normas jurídicas por meio das


quais o Estado define os delitos (ações ou omissões) e as sanções respectivas em
hipótese de transgressões a essas mesmas normas.
O resultado da transgressão à norma é chamado de crime, e as sanções são as
penas, que podem ser:

a) de privação da liberdade (reclusão e detenção);


b) restritivas de direitos:
? prestação de serviços à comunidade,
? certas proibições temporárias,
? “limitações de fim de semana” (obrigação de o condenado permanecer
recluso em casa para albergado durante cinco horas aos sábados e domingos,
recebendo cursos e palestras, ou realizando atividades educativas);
c) multas.

As normas principais nessas áreas são o Código Penal, ou simplesmente


Decreto-lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, e ainda o Decreto-lei n.º 3.688, de 3
de outubro de 1941, que é a Lei das Contravenções Penais; a Lei de Execução Penal, ou
Lei n.º 7.210, de 11 de julho de 1984 (muito embora esta tenha características muito
mais acentuadas como lei adjetiva, e portanto referente à área do Direito Processual
Penal, como ainda veremos); a Lei n.º 6.368, de 21 de outubro de 1976, a qual dispõe
sobre medidas de prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de substâncias
entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica; e outras.
UCDB Virtual 23

1.2.2.6 Direito do Trabalho

O Direito do Trabalho, de acordo com o já mencionado Brancato (1998: 43),


“... trata da disciplina jurídica das relações entre empregados e empregadores e tudo quanto a eles
interesse”.
Ou ainda, na opinião de outro insigne jurista nessa área, Amauri Mascaro
Nascimento, o Direito do Trabalho é:

“... o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas, as instituições
jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinado,
determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho
em sua estrutura e atividade.” (NASCIMENTO, 1998 : 57-58).

Como se pode observar, no bojo dessas conceituações, o Direito do Trabalho


traz normas destinadas à regulamentação do compromisso mútuo entre quem
contrata (empregador) e quem é contratado (empregado) para desempenhar um
trabalho. Esse compromisso mútuo chama-se relação empregatícia. Portanto essa
relação empregatícia significa o conjunto de direitos e de obrigações existentes entre o
empregador e o empregado.
Esse conjunto de direitos e de obrigações está regulamentado na chamada
Consolidação das Leis Trabalhistas, mais conhecida como CLT, e compreende o
Decreto-lei n.º 5.452, instituído em 1º de maio de 1943, mas em muito já modificado
até hoje.
Mas cuidado: há dois aspectos de grande importância aqui, para a correta
compreensão a respeito do Direito do Trabalho.

1 2
Um se refere ao Outro se atém à (B)
significado de finalidade do Direito do
(A) subordinação Trabalho.

a) O aspecto da subordinação

Inicialmente, vamos afirmar que nem sempre serão as normas do Direito do


Trabalho utilizadas para regulamentação de direitos e obrigações existentes entre
quem trabalha e quem contrata os serviços deste. Muitas vezes as pessoas têm a
tendência de confundir a relação empregatícia com o trabalho autônomo. Explico:
As normas do Direito do Trabalho (CLT) só se aplicam se houver, entre o
contratante e o contratado, a relação empregatícia.
Quando mencionamos que há relação empregatícia entre empregador e
empregado, é porque existe a chamada subordinação deste àquele. Isto significa que o
empregado trabalha subordinado a certas decisões do empregador, cabendo, a este, o
direito, mas também a responsabilidade a respeito delas.
Haverá subordinação do empregado quando couber ao empregador a
determinação sobre os seguintes principais aspectos:
= o tipo de trabalho a ser realizado, em conformidade com o contrato de
trabalho;
= o local em que o trabalho deverá se realizar;
= o horário (jornada) durante o qual as atividades se desenvolvem;
= a maneira de realização do trabalho;
= as condições e os meios, isto é, os equipamentos, ferramentas, matéria-
prima, o ambiente e tudo o mais quanto for necessário para a realização do
trabalho;
= a remuneração do trabalhador e os encargos sociais definidos em lei.
24 UCDB Virtual

Não havendo a relação empregatícia, qualquer compromisso entre


contratante e contratado, mesmo para a realização de algum serviço, é regulamentado
pelas normas do Direito Civil, e não do Direito do Trabalho. É o caso, por exemplo, da
contratação de um encanador para realizar reparos numa torneira, ou de um pedreiro
para levantar ou consertar um muro. Nesses casos são chamados contratos de
autônomo. Assim, aqueles aspectos vistos como sinais da subordinação deverão ser
decididos em comum acordo entre contratado e contratante, sem que este tenha
responsabilidade, por exemplo, por ferramentas e pela maneira de se realizar o
trabalho. Evidentemente que ambos combinarão preços, horários, e outros aspectos
de importância.

b) A finalidade do Direito do Trabalho

O outro aspecto a ser ressaltado para melhor compreensão do Direito do


Trabalho refere-se à finalidade deste.
Diferentemente das demais vertentes do Direito, as normas trabalhistas são
declaradamente voltadas a proteger os interesses de uma categoria de pessoas, em
detrimento de outra. No caso, o protegido é o do trabalhador, no confronto que existe
naturalmente dos interesses deste com os daquele.
Evidentemente as normas trabalhistas não eliminam os direitos do
empregador, mas têm a finalidade de tutelar os interesses do empregado.
Para melhor compreensão, imagine que haja um conflito ou
desentendimento entre empregado e empregador a respeito de alguma questão
atinente à relação empregatícia. Se o empregado apresentar à Justiça do Trabalho uma
reclamação a respeito, a lei pressupõe de imediato que o empregado tem razão,
cabendo ao empregador o ônus da prova, isto é, a obrigação de provar o contrário. Não
provando, o empregador perde a ação judicial.
Por isso é que se afirma que a finalidade do Direito do Trabalho é tutelar os
interesses do trabalhador.
Talvez você esteja imaginando que a lei trabalhista não é justa por colocar-se
francamente do lado do trabalhador. Mas, pense: quis o legislador (grupo de pessoas
que criam as leis, no caso o Poder Legislativo) que as normas trabalhistas protegessem
a parte mais fraca nessa relação, pois o trabalhador não tem as mesmas condições de se
defender, comparando-se com o poder do empregador. Este dispõe dos meios de
produção, da decisão de contratar ou permanecer contratado, e de muitos outros
recursos que o tornam privilegiado no jogo de interesses entre ambos.
A mesma tendência de proteger o trabalhador se estende às entidades de
classe, isto é, os sindicatos que representam essa categoria.
Como acima mencionado, o principal compêndio normativo nessa área é a
chamada CLT, ou Consolidação das Leis Trabalhistas, ou seja, o Decreto-lei n.º 5.452,
de 1º de maio de 1943, além de outras, como a que se reporta ao Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço - FGTS, Lei n.º 8.036, de 11 de maio de 1990, e inúmeras a respeito
de certas particularidades relacionadas à relação empregatícia, tais como jornada de
trabalho, trabalho rural, trabalho temporário, empregado doméstico, seguro-
desemprego, PIS, e outras.

1.2.2.7 Direito Processual (Civil e Penal)

O Direito Processual é o conjunto de normas que regem o funcionamento ou


exercício dos Órgãos Judiciais. Correspondem, basicamente, ao funcionamento da
justiça nas áreas criminal ou cível, conforme o caso.
Toda vez que alguém ingressa na justiça, com uma ação, nasce um processo
judicial, e sua evolução obedece a normas próprias. Seja na área cível, ou na penal, essas
normas ditam todos os passos e circunstâncias que irão conduzir à decisão final da
questão que deu origem à demanda ou processo.
UCDB Virtual 25

Portanto, cada um desses Direitos Processuais define o “como agir” (modus


operandi) dos órgãos jurídicos nas situações concretas de aplicação do Direito na
respectiva área. Essas normas são também chamadas de leis adjetivas, enquanto que as
não processuais se denominam substantivas.
As principais normas jurídicas a respeito são o Código de Processo Civil -
CPC, ou Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973, o Código de Processo Penal - CPP, que
é o Decreto-lei n.º 3.689, de 3 de outubro de 1941, além da já mencionada Lei de
Execução Penal, ou Lei n.º 7.210/84, e ainda a Lei dos Juizados Especiais Cíveis e
Criminais, ou seja, a Lei n.º 9.099, de 26 de setembro de 1995, que simplifica o
andamento de ações judiciais dependendo do valor e do tipo do objeto do conflito
que motivar as pessoas a demandarem na Justiça, quer na área cível, quer na penal.

1.2.2.8 Direito Civil

O Direito Civil compreende a maior parte do conjunto de normas que


regulamentam as relações jurídicas no âmbito do Direito Privado.
Para Cotrim (2002, p.92), o Direito Civil é “... o ramo do Direito Privado que regula
a capacidade jurídica das pessoas e suas relações jurídicas referentes à família, às coisas (bens), às
obrigações e à sucessão patrimonial”.
Na área do Direito Civil, uma importante categoria é a do chamado Ato
Jurídico, que significa toda ação lícita que tenha por finalidade adquirir, resguardar,
transferir, modificar ou extinguir direitos.
Imagine uma compra ou venda, os contratos de aluguel, ou de prestação de
serviços, o casamento, o pagamento de uma dívida, a matrícula do aluno e outros.
Também se juntam a esse rol de exemplos certos fatos, como uma enchente que
provoque ressarcimento por conta de contrato de seguro, ou a ação de um raio que
destrua um animal ou qualquer outro objeto, e por isso o seu dono perde o direito de
propriedade que tem sobre ele. Todos são exemplos de atos jurídicos que produzem,
ou conservam, ou transferem, ou modificam ou extinguem direitos, pois representam
direta ou indiretamente relações jurídicas entre pessoas (naturais ou jurídicas) na
sociedade.
Além disso, o Direito Civil regulamenta os direitos e os deveres relacionados
a diversas outras circunstâncias importantes para as pessoas enquanto membros da
sociedade: a capacidade jurídica das pessoas, a família, a sucessão, as coisas que
tenham valor econômico, e diversos outros.
O conhecido Código Civil é a coleção normativa principal dessa área, e
compreende as regras fundamentais, e portanto mais genéricas, do Direito Civil. O
atual corresponde à Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002, tendo entrado em vigor a
partir do dia 11 de janeiro de 2003.

Atividade 1.1
Há um artigo no Código Civil que ocasiona a devolução do presente
dado a alguém pelo(a) amante. Descubra qual é esse artigo, copie-o e envie
mensagem ao fórum, alertando os seus colegas de turma a respeito dessa
circunstância legal, podendo-se juntar alguma ocorrência dessa natureza.

Uma dica: esse artigo do Código Civil se encontra em capítulo sobre


DOAÇÃO, e seu número é maior que 500.
26 UCDB Virtual

Inúmeras outras normas têm grande importância aqui, podendo-se mencionar


o Código de Defesa do Consumidor - CDC, Lei n.º 8.078, de 11 de setembro de 1990; o
Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA, que é a Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990;
a chamada Lei do Divórcio, Lei n.º 6.515, de 26 de dezembro de 1977; Estatuto da
Terra, ou Lei n.º 4.504, de 30 de novembro de 1964, e outras.
Importante ainda mencionar-se aqui o fato de que foi transferida para o novo
Código Civil toda a primeira parte do Código Comercial, com diversas modificações em
seu conteúdo normativo, especialmente no que se refere às características das
sociedades empresariais (antes denominadas “sociedades comerciais” no Código
Comercial), e à pessoa do empresário (que antes era tido como “comerciante”), como
veremos mais adiante.
No novo Código Civil, o enfoque referente a essas mudanças encontra-se
especificamente nos artigos de 966 a 1.195 da Lei nº 10.406 /02. Confira !

1.2.2.9 Direito Comercial

Vimos que o Direito Civil e o Direito Comercial perfazem a área do Direito


Privado. Ambos se referem basicamente aos interesses das pessoas em particular, as
quais podem dispor de seus direitos e obrigações conforme os acordos entre si
firmados.
As normas do Direito Comercial, especificamente, tal como afirma Nunes
(2001, p. 110), eram consideradas como aquelas que regulavam “... a atividade comercial,
entendida esta como a de fabricação, produção, montagem, distribuição, comercialização etc. de
produtos, nas relações estabelecidas entre as próprias pessoas que exercem tais atividades, bem como os
serviços prestados de umas às outras”.
Atualmente há significativas mudanças nesse sentido.
Até bem pouco tempo, isto é, antes da vigência do novo Código Civil
(portanto até 10 de janeiro de 2003, uma vez que no dia seguinte a nova lei passou a
vigorar), as normas do Direito Comercial conceituavam e regulamentavam os atos de
comércio e as peculiaridades do comerciante, além dos contratos nessa área, e ainda
definiam as características das sociedades comerciais.
Hoje, no entanto, todo esse enfoque transferiu-se para o novo Código Civil, e
com importantes modificações de conteúdo, tal como o mencionado acima, ou seja,
do artigo 966 ao 1.195.
Assim, restou ao Direito Comercial o enfoque atinente ao Comércio
Marítimo e às demais relações comerciais regulamentadas por normas suplementares,
tais como a chamada Lei das Falências - LF, ou seja, Lei n.º 7.661, de 21 de junho de
1945; Lei n.º 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que cria a Comissão de Valores
Mobiliários e normatiza o mercado de valores mobiliários; Lei n.º 9.492, de 10 de
dezembro de 1997, que define competência, regulamenta os serviços concernentes ao
protesto de títulos e outros documentos de dívida; Lei n.º 9.514, de 20 de novembro de
1997, a respeito do Sistema de Financiamento Imobiliário, e da alienação fiduciária de
coisa imóvel; Lei n.º 10.188, de 12 de fevereiro de 2001, que cria o Programa de
Arrendamento Residencial, e diversas outras.

1.2.2.10 Outras Subdivisões do Direito

Ainda poderíamos considerar outras áreas específicas em que o Direito se


manifesta. O Direito Previdenciário, o Direito Sindical, o Direito Internacional
Público e o Direito Internacional Privado são tantos exemplos.
No entanto, tendo em vista as limitações da presente Disciplina, essas demais
áreas poderão ser abordadas, ainda que genericamente, no bojo de outros temas.
Do que se observou até aqui, podemos visualizar a estrutura do Direito,
identificando-se as diversas áreas analisadas, de acordo com as naturais subdivisões.
UCDB Virtual 27

ESTRUTURA DO DIREITO

DIREITO PÚBLICO DIREITO PRIVADO

Direito Constitucional Civil


Direito Administrativo Comercial (Terrestre,
Direito Financeiro Marítimo, Aeronáutico)
Direito Tributário Direito Internacional Privado
Direito Penal
Direito Processual Civil
Direito Processual Penal
Direito do Trabalho
Direito Internacional Público

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRANCATO, Ricardo Teixeira. Instituições de direito público e privado. 11. ed. São Paulo:
Saraiva, 1998.
BRASIL. Código civil. 60. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
______. Código tributário nacional. São Paulo: Saraiva, 2009.
______. Consolidação das leis do trabalho. CLT. 36. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
______. Constituição da República Federativa do Brasil. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
COTRIM, Gilberto Vieira. Direito e legislação. São Paulo: Saraiva, 2002.
HERKENHOFF, João Baptista. Instituições de direito público e privado. São Paulo:
Editora Acadêmica, 1992.
NUNES, Luiz Antonio. Manual de introdução ao estudo do direito. 4. ed. Rio de Janeiro:
Saraiva, 2002.
28 UCDB Virtual

OBJETIVO DA UNIDADE:
UNIDADE 2
Capacitar o Aluno para a
FONTES DO DIREITO
compreensão do conceito de
fontes do Direito e da sua
classificação.

Com esse enfoque, assimila-se o significado de fonte do Direito como


origem de determinações impostas à sociedade, bem como se identificam as suas
especificidades. Assim, ao final da abordagem os Alunos deverão entender que
existem diferentes origens da norma jurídica, especialmente as leis, a doutrina, a
jurisprudência e os costumes. Evidentemente identificarão as características de cada
uma dessas principais fontes do Direito.
Então este importante tema no estudo do Direito trata das suas fontes, isto é,
das diferentes origens das normas jurídicas. Tal enfoque responde indagações a
respeito de onde essas normas saíram, o que provocou o seu nascimento, ou por quais
circunstâncias uma certa lei passou a existir.
Assim, vejamos o que significam as fontes do Direito, quais são elas e como
se classificam.

2.1 Conceito de Fontes do Direito

Um certo Administrador, empresário de sucesso, quis saber de seu Assessor


Jurídico (Advogado contratado para orientar os dirigentes da empresa nas questões
jurídicas) qual tinha sido o resultado do julgamento do Juiz a respeito de uma
reclamação trabalhista (ação judicial na área do Direito do Trabalho) ocorrida por
iniciativa de um ex-empregado de sua empresa. Foi-lhe dito, então, pelo Assessor
Jurídico, que a empresa perdera a ação porque a doutrina e a jurisprudência alegadas
pelo reclamante acabaram convencendo o Juiz de que a empresa não tinha razão
quanto aos argumentos apresentados em juízo.
O Administrador precisou indagar em seguida o significado de doutrina e o
de jurisprudência, para só então entender os rumos do julgamento do Juiz.
Naturalmente, pode parecer para você que esse empreendedor não tinha
nenhuma obrigação de saber o que significam doutrina ou jurisprudência. No
entanto, você certamente irá concordar em que ele teria feito muito melhor figura se
soubesse o significado daquelas categorias jurídicas, como grande empreendedor que
era e como um profissional que convivia em um meio cada vez mais envolvido pelas
questões jurídicas.
Imagine que você fosse aquele mencionado empreendedor, e chegasse à
empresa uma Notificação da Delegacia da Receita Federal a respeito de um
lançamento de tributo. Ou ainda que a autoridade competente tivesse decidido
utilizar os fundamentos de uma certa Lei Delegada para confiscar determinados
itens do estoque da empresa. Por certo estamos exagerando um pouco, mas trata-se de
figuras normativas e atos administrativos de autoridades públicas que exercem uma
grande influência sobre as organizações empresariais.
Ora, se assim é, o empreendedor precisa possuir os mínimos conhecimentos
sobre tais elementos normativos, ainda que genericamente.
Pois bem: caso ainda não as conheça, facilmente aquelas e outras expressões
jurídicas serão entendidas por você, bastando analisar em seguida o tema das Fontes
do Direito.
UCDB Virtual 29

Na verdade, entender a questão das fontes do Direito favorece o melhor


entendimento do próprio Direito, além de trazer ao Administrador a compreensão a
respeito de diversas categorias jurídicas muito utilizadas nos meios organizacionais.
Fontes do Direito significam a origem desse Direito, isto é, a procedência
dos mandamentos jurídicos. Portanto, são os meios que geram ou formam as regras
jurídicas.

Por que atualmente as empresas precisam


Exemplificando fornecer aos empregados o vale-transporte?

Por que a mulher tem direito à


licença-maternidade?

De onde veio a obrigatoriedade de se manter, à custa da empresa, creche para os filhos


pequenos dos empregados, sempre que estes representarem uma certa numerosidade?

O que teria ocorrido para que essas e outras exigências legais nascessem?
Estas são questões relacionadas ao surgimento das normas jurídicas.
Envolvem legislação, doutrina, jurisprudência e costumes, como veremos a
seguir.

2.2 Classificação das Fontes do Direito

Classificar as fontes do Direito significa agrupá-las conforme suas


semelhanças ou características comuns. Os juristas, isto é, os autores ou estudiosos do
Direito adotam diferentes maneiras de classificação. Divergem, contudo, quanto às
formas adotadas, mas não no que se refere ao conteúdo propriamente dito das
respectivas preferências.
Inicialmente, observe que o jurista Nunes (2001: 66-87) classifica-as em
Fontes Estatais (Legislação e Jurisprudência) e Fontes Não-estatais (Costume
Jurídico e Doutrina).
Aquele mesmo autor fala ainda em Norma Jurídica Não-escrita (Costume
Jurídico) e Norma Jurídica Escrita (todas as demais categorias).
Veremos também que outros preferem classificar as Fontes do Direito em
Instrumentos Primários e Instrumentos Secundários.
Com tantas expressões diferentes para os mesmos conteúdos, vamos adotar a
classificação do autor acima mencionado. Ficaremos com as expressões FONTES
ESTATAIS e FONTES NÃO ESTATAIS.
Logo a seguir veremos o que significa cada uma dessas categorias.
Mas, vamos por partes!
Vejamos por primeiro, então, as fontes estatais, que, conforme já
mencionado acima, significam a legislação e a jurisprudência. Certamente você já está
familiarizado com esses termos. Se não estiver, não se assuste com nomes meio
esquisitos. Logo, logo eles farão parte do seu dia-a-dia. É só questão de tempo!

a)legislação
Fontes Estatais
b)jurisprudência
30 UCDB Virtual

a)LEGISLAÇÃO

A LEGISLAÇÃO é a principal Fonte do Direito. Por LEGISLAÇÃO,


entende-se um conjunto de figuras normativas em geral denominadas de
INSTRUMENTOS PRIMÁRIOS, que são a Constituição Federal (e com ela a
Emenda Constitucional), a Lei Complementar, a Lei Ordinária, a Lei Delegada, a
Medida Provisória, o Decreto Legislativo, as Resoluções, e INSTRUMENTOS
SECUNDÁRIOS, representados pelo Decreto Regulamentar, pelas Instruções
Normativas, Circulares, Portarias, Notificações, Ordens de Serviço, e por outros atos
normativos.
Vejamos inicialmente os chamados Instrumentos Primários.

INSTRUMENTOS PRIMÁRIOS
Esses entes normativos apresentam entre si uma hierarquia. Isto significa
então que uma norma hierarquicamente superior não pode ser contrariada por
outra menos elevada. Logo, a superior pode modificar ou extinguir a inferior.E você
certamente está perguntando a si mesmo como se comportam, nesse sentido, duas
normas de mesmo nível hierárquico. Ainda tocaremos nesse assunto mais tarde.
Para melhor visualização dessas relações hierárquicas entre as normas
jurídicas, veja a figura abaixo em que se situam os mais conhecidos tipos:

Constituição Federal

Leis Complementares,
Leis Ordinárias, Leis Delegadas, Decretos
Legislativos, Resoluções, Medidas Provisórias.

Decretos Regulamentares

Normas de Execução,
Portarias,
Instruções Normativas, Notificações

Identifiquemos, então, as principais normas jurídicas consideradas como


Fontes Estatais. Começaremos com a Legislação.

Constituição Federal

Também chamada de Lei Maior, Carta Magna, etc., a Constituição Federal traz a
síntese dos mandamentos mais importantes de uma sociedade.
Nenhuma outra norma pode determinar algo que lhe seja contrário.
É elaborada pela Assembléia Constituinte (como é conhecido o Congresso
Nacional quando especialmente convocado para elaborar uma nova Constituição
Federal ou modificar substancialmente a existente).

A Constituição Federal ocupa a posição mais elevada naquela hierarquia, e


assim não pode ser modificada e nem contrariada por nenhuma outra. Aliás, foi o que
vimos anteriormente na abordagem do tema sobre a classificação do Direito.
Com toda essa importância, é compreensível que a Constituição Federal seja,
até certo ponto, imutável. E realmente é. Algumas de suas normas, aliás, são
definitivamente imutáveis. São as chamadas cláusulas pétreas. Por exemplo, a forma
federativa de Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos
Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e os direitos e garantias individuais,
conforme garante o artigo 60, parágrafo 4º da mesma Constituição Federal.
UCDB Virtual 31

No entanto, muitas determinações podem, então, ser mudadas na Carta Maior,


mas isto só ocorre por meio da chamada Emenda Constitucional, que é um ente
normativo que pode ocorrer por meio de projeto apresentado por iniciativa de um
terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, ou
do Presidente da República, ou ainda de mais da metade das Assembléias Legislativas
dos Estados (unidades da Federação), manifestando-se, cada uma delas, pela maioria
relativa de seus membros. Mas, cuidado: as Assembléias Legislativas dos Estados não
votam qualquer Emenda Constitucional à Constituição Federal. Apenas enviam
projeto ao Congresso Nacional.
A Constituição não poderá ser emendada na vigência de Intervenção Federal,
de Estado de Defesa ou de Estado de Sítio, que são medidas decretadas
exclusivamente pelo Presidente da República (artigos 84, inciso IX, e 136, da
Constituição Federal) em certas circunstâncias, e submetidas à aprovação do
Congresso Nacional e ouvido o Conselho da República (que é o órgão superior de
consulta do Presidente da República, conforme os artigos 89 e 90, inciso I, da
Constituição Federal).
E o que significam aquelas medidas de iniciativa do Presidente da República
chamadas Intervenção Federal, Estado de Defesa e Estado de Sítio?
Fácil, veja:

INTERVENÇÃO FEDERAL

A União não deverá intervir nos Estados, por determinação do artigo 34 da


Constituição Federal, a não ser que haja necessidade de:
=Manter a integridade nacional;
=Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
=Pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
=Garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da
Federação;
=Reorganizar as finanças da unidade da Federação que suspender o
pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo
motivo de força maior, ou que deixar de entregar aos Municípios receitas
tributárias fixadas na Constituição Federal, dentro dos prazos estabelecidos
em lei;
=Prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
=Assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;


b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida aquela proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde (a redação dessa
alínea foi dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000, publicada no Diário Oficial
da União no dia 14.09.2000).

ESTADO DE DEFESA

É medida destinada a preservar, ou prontamente restabelecer, em locais restritos e


determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na
natureza, tal como se expressa no conteúdo mandamental do artigo 136 da
Constituição Federal.

ESTADO DE SÍTIO

Conforme o art. 137 da Carta Magna, o Presidente da República pode pedir ao


Congresso Nacional autorização para decretar o Estado de Sítio em duas situações: ou
no caso de comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que
comprovem a ineficácia de medida tomada durante o Estado de Defesa, ou, então, se
houver declaração de estado de guerra ou resposta à agressão armada estrangeira.
32 UCDB Virtual

Lei complementar
Aprovada por maioria absoluta no Congresso Nacional, (conforme os artigos
61 e 69 da Constituição Federal), regulamenta especificamente matéria trazida de
forma genérica por artigos da CF, e por disposição desta. Isto significa que quando
certos temas precisam ser normatizados por Lei Complementar, a própria
Constituição Federal assim determina.
Como exemplos, as normas do Estatuto da Magistratura, que é a Lei
Complementar n.º 35, de 14 de março de 1979 (conforme determina o artigo 93 da
Com hierarquia praticamente do
Constituição Federal), a Lei Orgânica da Advocacia-Geral da União - AGU, que é a Lei
mesmo nível da Lei Ordinária, existe Complementar n.º 73, de 10 de fevereiro de 1993, por força do artigo 131 da
e vigora também o denominado Constituição Federal.
DECRETO-LEI que, antes da
Constituição Federal de 1988 era Na verdade, a diferença entre a Lei Complementar e a Lei Ordinária está
figura normativa expedida pelo apenas na natureza da matéria normatizada, repetindo-se que os dispositivos daquela
Executivo. Tal como hoje a Medida não podem ser modificados por esta.
Provisória, a existência do Decreto-
Lei é tida por muitos juristas como
sinal de invasão da esfera legislativa, Lei Ordinária
pelo Poder Executivo.
Também produzida pelo Congresso Nacional, é típica do Legislativo. Como
exemplos, os diversos Códigos (Civil, Penal, de Processos, Tributário, Comercial, de
Defesa do Consumidor, e demais), Lei das Sociedades Anônimas, do Inquilinato, das
Falências, e outras.

Lei Delegada
De uso restrito, é elaborada pelo Presidente da República, após delegação
pelo Congresso Nacional, manifestando-se este por meio de Resolução, como quer o
artigo 59, IV, e 68, da Constituição Federal.
Mas há matérias que não podem ser delegadas, como se vê determinado no
bojo do parágrafo 1º do mencionado artigo 68 da Constituição Federal. Como
exemplo dos temas que são reservados à Lei Complementar, temos o empréstimo
compulsório (artigo 148, CF), impostos de competência residual da União (artigo 154,
I - CF) e outros.

Decreto Legislativo
Também é de competência exclusiva dos Legislativos nacional e estaduais. O
Congresso Nacional utiliza-o para transformar em leis, no país, as decisões dos
tratados internacionais que tenham a adesão do Brasil, e as Assembléias Estaduais para
normatização dos convênios entre unidades federadas (isto é, os nossos já conhecidos
Estados).
No Congresso, o Decreto Legislativo, para ser aprovado, precisa do voto
favorável da maioria simples. Portanto, neste aspecto está no mesmo nível da lei
ordinária.

Resoluções
São corporificadas, isto é, definidas, pelo Senado Federal ou por todo o
Congresso, e promulgadas (isto é, divulgadas ou publicadas de modo solene,
formalmente) pelas respectivas Mesas (Diretorias do Senado e da Câmara dos
Deputados), após aprovação por maioria simples.
Como exemplo, o mandamento do artigo 155, parágrafo 1°, item IV, da
Constituição Federal, afirmando que cabe ao Senado Federal a definição da alíquota
máxima do imposto sobre transmissão “causa mortis” (obtenção da propriedade de
bens por herança) e doação de quaisquer bens ou direitos.
33
UCDB Virtual

Medidas Provisórias

A Medida Provisória é uma norma criada pelo Presidente da República, e


vigora por algum tempo até ser ou não aprovada pelo Congresso Nacional. Veja os
detalhes.
Até setembro de 2001 eram criadas muitas Medidas Provisórias, pois não
havia prazo certo para a votação dela pelo Congresso Nacional, e muito menos era
limitado o número de suas reedições. Mas, com a aprovação da Emenda
Constitucional n.º 32, de 11 de setembro de 2001, muita coisa mudou nesse sentido.
Pois bem, vamos descobrir as características mais importantes da Medida
Provisória. Então, vejamos:
De iniciativa do Presidente da República, e diante de relevância e urgência, a
Medida Provisória tem força de Lei Ordinária por 60 dias.
Criando essa norma, o Presidente da República encaminha-a ao Congresso
Nacional para votação, que começará pela Câmara dos Deputados. O Congresso
Nacional tem, então, esses 60 dias para examiná-la e aprová-la ou reprová-la, do
contrário passará a vigorar por mais 60 dias.
Se não houver aprovação, ou se decorrer o prazo dos 120 dias, a Medida
Provisória perderá a eficácia que teve desde o começo (podendo futuramente ser
reeditada, mas não no mesmo ano da primeira tentativa). Nesse caso de perda da
eficácia, tudo o que tiver havido de relações jurídicas em decorrência da existência dela
será resolvido pelo Congresso Nacional.
Após os 45 dias daquele primeiro prazo de 60, se não tiver sido votada, a
Medida Provisória entra no chamado “regime de urgência” em cada uma das Casas do
Congresso. Isto significa que em cada Casa nenhuma outra deliberação legislativa terá
continuidade, até que a Medida Provisória seja definitivamente votada.
Sendo aprovada, passa a ser uma Lei Ordinária.
Na própria Constituição Federal, a Medida Provisória é regulamentada
especialmente pelos artigos 59 e 62, mas também 84, 167 e 246.
Observe que, conforme o parágrafo 1º do mencionado artigo 62 da
Constituição Federal, certas matérias não podem ser objeto de normatização por
meio de medida provisória. Vejamos, literalmente:

Art. 62. ................................


§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I - relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual civil;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de
seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e
suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
II- que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou de qualquer
outro ativo financeiro;
III- reservada a lei complementar;
IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente
de sanção ou veto do Presidente da República.
§ 2º Medida Provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto
os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício
financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que
foi editada.

Para fecharmos o tema das Fontes Estatais, faltam agora apenas os


Instrumentos Secundários. Observe como é fácil entendê-los:

INSTRUMENTOS SECUNDÁRIOS

Como já mencionamos, quanto aos Instrumentos Secundários, dentro do


tema Fontes Estatais do Direito, temos o Decreto Regulamentar, as Instruções
34 UCDB Virtual

Ministeriais, as Circulares, as Portarias, as Notificações, as Ordens de Serviço, e


diversos outros atos normativos.

Decreto Regulamentar,
Instruções Ministeriais,
Circulares,
Instrumentos
Portarias,
Secundários
Notificações,
Ordens de Serviço,
Outros.

Esses elementos constituem os recursos de manifestação do poder exercido


pelas autoridades públicas nos diversos Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), e
ocorrem - com maior ou menor freqüência - dependendo de certas circunstâncias.
Certamente você conhece esses instrumentos. Contudo, vamos enfatizar
alguns mais utilizados.
Comecemos com o chamado Decreto Regulamentar, que é o utilizado em
larga escala pelo Executivo - tanto da União, dos Estados quanto dos Municípios -
toda vez que se toma uma decisão administrativa de maior importância.
Os chefes do Poder Executivo (Presidente da República, Governadores e
Prefeitos Municipais) usam-no freqüentemente para regulamentarem as leis
produzidas pelo Poder Legislativo (sem, contudo, poderem modificá-las), ou para a
nomeação de titulares de cargos públicos, ou ainda na criação de programas de
governo de toda natureza.
Algo parecido, mas de utilização interna dos Órgãos Públicos, são as
Portarias. Servem especialmente para nomeação de pessoas para os respectivos
cargos ou certas funções, ou para declarar a aposentadoria de Servidores, ou mesmo
para formalização de decisões sobre o funcionamento do Órgão.

Atividade 2.1
Pesquise sobre o formato e o conteúdo da Portaria, e em seguida
elabore uma por meio da qual o presidente de uma grande empresa estatal
nomeia você Diretor Administrativo dela. Por fim, submeta a atividade por
meio da Ferramenta Tarefas.

Continuando a abordagem referente aos Instrumentos Secundários, podemos


passar a apresentar os outros já mencionados.
Observe-se ainda que as Normas de Execução e as Instruções Normativas
em geral são utilizadas como normas de procedimento sobre certas atividades
técnico-administrativas, como em casos de fiscalização, campanhas em saúde, e
outras. Muitas vezes tomam formas de cartilha, mas sem perda de suas características
formais ou oficiais.
Por sua vez, as Circulares costumam ser utilizadas para divulgação de
informações internas para as diversas unidades de um certo Órgão Público.
Enquanto isso, as Ordens de Serviço servem em geral para formalizar certas
determinações ou autorizações específicas para pessoas.
Ainda temos a notificação, que significa a informação ou intimação da
Autoridade Pública a respeito de alguma determinação a ser cumprida pelo cidadão.
Por exemplo, a Autoridade Pública determina, por escrito, que um contribuinte
apresente os recibos ou comprovantes de despesas consideradas na conhecida
Declaração de Imposto de Renda. Nesse caso, dizemos que aquela autoridade
notificou o contribuinte a apresentar os referidos documentos.
UCDB Virtual 35

Por fim, diga-se ainda que algumas pessoas jurídicas de direito privado, como
empresas, clubes, associações, fundações, e outras, também utilizam certos
instrumentos normativos parecidos com esses acima mencionados. Nem sempre
com a mesma função ou finalidade, mas às vezes guardando estreita semelhança, tal
como a Portaria, a Ordem de Serviço, e outros.

De tudo o que vimos, você já pode concluir que a legislação, isto é, todo o
conjunto de normas jurídicas escritas, significa os mandamentos que a sociedade
exige que sejam cumpridos, para que haja ordem e todos possam cumprir seus deveres
e exigir respeito aos seus direitos.
Então, se essas normas existem e devem ser cumpridas, elas são como que
criadoras do Direito, e por isso nós as chamamos de FONTES do Direito, pois delas
que nasce o Direito.

Só para não se esquecer:

Estamos estudando as Fontes do Direito.


Elas podem ser:

Fontes Estatais (Legislação e Jurisprudência) e


Fontes Não-Estatais (Costume Jurídico e Doutrina).

Acabamos de identificar a Fonte Estatal do tipo LEGISLAÇÃO (Instrumentos Primários


e Instrumentos Secundários).
Portanto, falta apenas agora a análise da Fonte Estatal do tipo JURISPRUDÊNCIA.
Falta pouco!

b) Jurisprudência

Você vai entender facilmente o que significa a Jurisprudência, e por quais


razões ela é considerada fonte do Direito.
Antes de tudo, observe que todo dia algum Juiz ou Juíza está tomando certas
decisões em relação aos processos que estão sob a responsabilidade deles. Um certo
tipo dessas decisões é chamado de SENTENÇA.
Na verdade, essa sentença é a decisão final do Juiz quanto ao processo, e
significa dizer quem tem razão, quem ganhou a ação. Certamente você já ouviu essas
expressões várias vezes.
O normal é que, para definir a sentença, o Juiz tenha como base, como
fundamento, uma ou várias normas jurídicas (por exemplo, dentre aquelas que
acabamos de ver, chamadas de LEGISLAÇÃO).
Pois bem: Em alguns casos, quando um Juiz tem que apresentar no processo a
sua decisão final, isto é, a sua sentença, nem sempre existirá uma lei que seja
apropriada para servir de base.
Quando isso ocorre, o Juiz pode adotar como base as decisões de outros
Juízes que já sentenciaram em casos semelhantes ao seu. Está justamente aqui a idéia
de Jurisprudência.
Jurisprudência, então, significa todo o conjunto de decisões (por exemplo,
sentenças) já tomadas nos Tribunais sobre uma certa questão, e servem de base para as
sentenças semelhantes (isto é, referentes a casos parecidos) que estão sendo
produzidas, se não existir norma própria para o embasamento.
Então veja: Jurisprudência é esse conjunto de julgados ou sentenças que já
ocorreram sobre um assunto, servindo de orientação, de exemplo, para as decisões
que ainda não foram tomadas, especialmente quando as normas existentes a respeito
não são claras ou completas.
Trata-se de decisões judiciais PASSADAS, que são utilizadas para as decisões
FUTURAS. Entendido o que é Jurisprudência, resta entendermos porque ela é
considerada Fonte do Direito
36 UCDB Virtual

Fácil: Essas sentenças todas sobre um certo assunto, mostrando a tendência


dos Juízes na solução daquelas situações (na ausência ou insuficiência de leis próprias),
acabam fazendo com que logo, logo, seja criada uma norma jurídica própria para
resolver aquela questão.
Dessa forma, essas decisões ajudam na CRIAÇÃO de normas, e por isso
mesmo são consideradas FONTES do Direito.
Como exemplo de normas jurídicas que acabaram surgindo por causa da
Jurisprudência, temos diversos artigos do próprio Código Civil, já mencionado
anteriormente, e que é a Lei n.º 10.460/02.

Exercício
A respeito do que acabamos de ver, que tal dar uma olhada no
conteúdo dos artigos 1.588 e 1.589 do Código Civil?

Só para não se esquecer

Acabamos de analisar as FONTES ESTATAIS, representadas pela Legislação e


pela Jurisprudência.
Vejamos agora as FONTES NÃO-ESTATAIS, que são o Costume Jurídico e a
Doutrina.

2.2.2 Fontes não-Estatais

Se as Fontes Estatais são representadas pela Legislação e pela famosa


Jurisprudência (viu como esses termos já não são tão estranhos?), agora falta apenas
olharmos as Fontes Não-Estatais, que compreendem o chamado Costume Jurídico e
a Doutrina. Igualmente aqui, você irá compreender facilmente o seu significado e a
sua importância como Fontes do Direito.

a) Costume Jurídico

Nós já vimos que as leis existentes devem ser obedecidas, para a garantia da
ordem na sociedade. Lembre-se de que essa obediência às leis é imposição da própria
sociedade, por meio dos canais próprios, conforme também já vimos anteriormente.
O principal canal próprio para essa exigência é a criação de normas escritas por meio
dos representantes da sociedade, quase sempre o Poder Legislativo, seja federal,
estadual ou municipal.
Mas, veja que interessante: certas normas existem e a obediência a elas é
exigida pela sociedade, mesmo sem terem sido criadas por aqueles canais próprios! E
nem mesmo estão escritas!
Como isso se dá?
Vejamos. Existem certas práticas que ocorrem de modo repetitivo na
sociedade. De tanto ocorrerem, passam a ser normalmente aceitas pelas pessoas, e se
se tratarem de práticas que representem algum interesse para a coletividade, esta
demonstrará que exige respeito a elas, mesmo que nenhuma lei exista obrigando o seu
cumprimento.
Como ocorrem com freqüência, e em geral há muito tempo, são chamadas de
costumes. E como a sociedade exige que esses costumes sejam respeitados,
obedecidos, eles passam a ser qualificados de jurídicos, pois são comparados com as
próprias normas jurídicas.
Mas o que poderia ser apontado como exemplo de Costume Jurídico?
UCDB Virtual 37

Como exemplo mais comum temos o exigido respeito à fila, isto é, a


obediência à ordem de chegada para que alguém seja atendido quando houver
concorrência das pessoas por qualquer bem, serviço ou auto-serviço, públicos ou
particulares.
Imagine qual seria a reação das pessoas, se você, precisando operar por meio
do caixa do Banco, não respeitasse a ordem de chegada e impusesse ser atendido
primeiro que todo mundo? Já soube de caso em que o apressado foi atingido por um
chinelo pelas costas.
Outro exemplo é a emissão de cheque pré-datado. Quem não reprova a
atitude de alguém que cobrasse ou depositasse um cheque, após ter combinado que só
o receberia em certa data futura?
Também sempre se considerou Costume Jurídico o direito de se cobrar a
importância monetária correspondente a cinco por cento do valor de negociação de
um imóvel por quem quer que fosse o intermediário. Hoje, discute-se, no entanto se
qualquer pessoa tem esse direito, diante da regulamentação da profissão do Corretor
de Imóveis. Assim, o Costume Jurídico já pode ser definido como vemos a seguir.

Costume Jurídico é um conjunto de regras não escritas ou princípios impostos pelo uso
em uma coletividade, tendo o consentimento mesmo que não explícito das pessoas, e
apresentando força de lei.

Mas, evidentemente, há critérios para que tais regras sejam consideradas


Costume Jurídico e assim tenham eficácia. Veja:

a) Não podem contrariar as normas escritas (também chamadas de Direito Positivo,


por serem normas escritas), nem os princípios morais adotados pela sociedade.
b) Precisam ter presença ou manifestação contínua, isto é, não esporádica, e sem
alteração de sua natureza.
c) O respeito e a obediência a elas devem ser considerados como obrigatórios pela
própria sociedade, e, portanto, não facultativos.

Por fim, interessante também saber que a esse conjunto de normas dá-se o
nome de Direito Consuetudinário. Em latim, a palavra correspondente a costume é
consuetudo.
Agora, falta apenas entendermos de que maneira o Costume Jurídico é
considerado Fonte do Direito.
Certamente você já sabe a resposta. De fato, se esses costumes precisam ser
respeitados, como exigência da própria sociedade, eles significam normas a serem
obedecidas, o que lhes assegura verdadeiro status de lei, isto é, possuem força de lei.
Tanto assim, que, em uma Ação Judicial, o Juiz pode perfeitamente decidir
quem tem razão, utilizando como fundamento o Costume Jurídico. Afinal, as regras
consuetudinárias, dentre outras características, como vimos acima, não podem ser
contrárias às leis escritas, e, portanto, não haverá qualquer contradição em uma
decisão judicial assim implementada.

b) Doutrina

Se até aqui foi fácil entender o que significam as anteriores Fontes do Direito,
compreender esta última será ainda mais simples.
Veja bem: Você certamente já consultou alguns dos livros ou textos que
apontamos como leitura importante para acompanhar o desenvolvimento da nossa
Disciplina. E como você já observou, foram vários livros ou textos sugeridos (reveja a
relação dos livros mencionados na Bibliografia da nossa Disciplina).
38 UCDB Virtual

Imagine agora que sobre as várias áreas do Direito (lembra as subdivisões do


Direito?) muitos escritores produziram diversos livros, artigos, pareceres e outros
estudos, os quais nos ajudam a entender melhor esses temas.
Esses estudiosos do Direito costumam ser chamados de juristas, e são antes
de tudo DOUTOS educadores ou transmissores de conhecimentos jurídicos, isto é,
referentes ao Direito. Por isso, esses ensinamentos que eles nos transmitem são
chamados de DOUTRINA.

Portanto, DOUTRINA JURÍDICA significa o conjunto dos ensinamentos produzidos


pelos estudiosos do Direito.

E por que a doutrina é considerada Fonte do Direito? Porque também esse


conjunto de ensinamentos vai aos poucos contribuindo para que certas leis sejam
criadas a respeito das questões levantadas e debatidas nesses estudos.
Como exemplo de norma jurídica que acabou sendo aprovada pelo Poder
Legislativo por causa de estudos daquele tipo podemos citar a nossa já conhecida Lei
n.º 8.078/90, ou seja, o Código de Defesa do Consumidor - CDC.
Existem ainda outros exemplos. Que tal dar uma olhada no conteúdo dos
artigos 156 e 157 do Código Civil?
Depois de tudo isso, você saberia mencionar outras normas? Tente ! Pode ser
útil por ocasião da nossa próxima prova!
Que tal uma visão da síntese dessas figuras jurídicas?

FONTES DO DIREITO

ESTATAIS NÃO-ESTATAIS

LEGISLAÇÃO COSTUME JURÍDICO

JURISPRUDÊNCIA DOUTRINA

Instrumentos Primários Instrumentos Secundários


Constituição Federal Decretos Regulamentares
Leis Complementares Instruções Normativas
Leis Ordinárias Circulares
Leis Delegadas PortariasNotificações
Medidas Provisórias Ordens de Serviço
Decretos Legislativos
Resoluções

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL. Código civil. 60. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
______. Código tributário nacional. São Paulo: Saraiva, 2009.
______. Consolidação das leis do trabalho. CLT. 36. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
______. Constituição da República Federativa do Brasil. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
NUNES, Luiz Antonio. Manual de introdução ao estudo do direito. 4. ed. Rio de Janeiro:
Saraiva, 2002.
UCDB Virtual 39

OBJETIVO DA UNIDADE:
UNIDADE 3
Facilitar a compreensão dos
A LEI NO TEMPO E NO
Alunos a respeito do significado
ESPAÇO de vigência da lei no tempo e no
espaço.

Tempo e espaço são duas categorias muito importantes no âmbito do Direito.


Veremos que certas normas jurídicas têm que ser obedecidas somente a partir
de uma certa época, e às vezes por um certo tempo, podendo ainda perder a qualquer
momento a sua força de exigibilidade por várias razões.
E também irá ficar bem claro para você que algumas leis são de cumprimento
obrigatório somente em determinado lugar, e não em outros.
Assim, estudemos o significado e as conseqüências da vigência das normas
jurídicas no tempo e no espaço.

3.1 A vigência da lei no tempo

As normas jurídicas começam a valer, isto é, a ter força de exigência, em datas


definidas por regras previamente conhecidas. Em geral, elas, as normas jurídicas, são
criadas para existirem sem um prazo determinado. Mas algumas nascem já com data
certa para morrer e outras podem deixar de existir de repente.
Estudaremos aqui justamente a questão da vigência de uma norma jurídica no
tempo. Trata-se então de se saber a partir de quando e por quanto tempo ela tem que
ser obedecida, bem como qual é o momento a partir do qual não temos mais que levá-
la em conta. Ou, em outras palavras, trata-se da vigência da norma no tempo.
Antes, no entanto, de continuarmos, será muito importante que
identifiquemos dois termos que, nesses assuntos, costumam ser tratados como se
fossem sinônimos, mas que, na verdade, não são: trata-se, aqui, das palavras
VIGÊNCIA e VALIDADE.
Quando dizemos que uma norma jurídica está vigente, estamos afirmando
que ela se apresenta com plenos poderes de exigência, e isto significa que todos os
envolvidos têm obrigação de obedecer aos seus preceitos.
Por outro ângulo, afirmar-se que uma norma jurídica é válida, ou tem
validade, indica que ela surgiu de maneira correta, isto é, de acordo com as regras
estipuladas para a sua criação. Desse modo, não seria válida uma Medida Provisória
instituída por um Governador de Estado, pois ela é um tipo de norma cuja criação é
atribuída apenas ao Presidente da República. Do mesmo modo, se os Parlamentares
que aprovaram uma Lei Complementar não representassem a maioria absoluta, ela
não seria válida, conforme estipulado pelo artigo 69 da Constituição Federal.
Então, veja que coisa curiosa pode ocorrer: Considerando o acima
mencionado, pode-se afirmar que eventualmente uma norma jurídica pode estar em
vigor, mesmo sem ser válida, bastando para tanto que tenha sido criada sem
obediência às determinações próprias. Evidentemente, detectando-se isso, há
caminhos próprios para que tal norma seja declarada inconstitucional, fazendo cessar
os seus efeitos, por meio da cassação de sua vigência.

E por falar-se em maioria de votantes, talvez você queira relembrar que:


Maioria absoluta:
Corresponde ao número igual ou superior à metade do total dos votos e mais um.
Maioria relativa:
Simples superioridade numérica de votos.
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Vejamos, então, por primeiro, o momento inicial da vigência, isto é, o


primeiro dia em que é obrigatório o cumprimento das normas jurídicas.
E aqui, uma coisa é fundamental: não tem força a norma, antes de sua
publicação no Diário Oficial respectivo, da União, do Estado ou do Município, ou
outro que dele faça as vezes. Nem sempre os Municípios possuem um Diário Oficial, e
então utilizam o estadual. Por sua vez as publicações particulares contribuem para
maior divulgação das suas leis.
Mas, mesmo sendo publicada em Diário Oficial, a lei nem sempre tem, nesse
Essa LICC deverá ser mudada em breve,
e em futuro próximo poderemos momento, o início de sua vigência. Existem, pois, regras de vigência, as quais vêm de
encontrar novidades a esse respeito. Por uma norma jurídica muito importante, também denominada de Lei de Introdução ao
enquanto, vale o que ela ainda determina.
Código Civil, ou simplesmente LICC. Trata-se do Decreto-lei n.º 4.657, de 4 de
setembro de 1942. Sua importância está no fato de que seus mandamentos se aplicam a
todas as normas do Direito, e um dos seus principais aspectos refere-se à vigência².
Pois bem: os dois primeiros artigos da LICC basicamente regulamentam
quase todos os aspectos referentes à vigência das leis em geral, o que pode ser
sintetizado conforme a seguir apontamos:

Início da Vigência
Enquanto não houver modificação na LICC, uma norma jurídica tem seu
início de vigência após 45 dias da sua publicação, dentro do território brasileiro, ou 90
dias, se fora do país. Tudo isso, caso não haja outra determinação. Essa outra
determinação, em geral, quando existe, vem na própria lei, quase sempre num dos seus
últimos artigos, definindo exatamente o momento de início da vigência.
Assim, uma lei pode vigorar a partir da mesma data de sua publicação, ou
qualquer outro dia, desde que expresso.
Se não vigorar a partir de sua publicação, todo o tempo que se tiver que esperar
para início de sua vigência chama-se vacatio legis, expressão em latim que se pronuncia
“vacácio légis”, e que significa o tempo “vago” dela, ou seja, o período durante o qual
ela não tem força de exigência.

Témino da Vigência
O término da vigência de um regulamento jurídico significa na verdade a
extinção dele. Como vimos, em regra uma norma jurídica nasce para vigorar
indefinidamente no tempo. Mas quase nunca chega a tanto. Existem os fatores que
podem extinguir tácita ou expressamente tal vigor.
A forma expressa de extinção da norma é o vencimento de seu prazo, quando
este tiver sido definido no corpo dela mesma. Trata-se das leis criadas por prazo
conhecido ou determinado. Mas são poucas normas que nascem com essas
características. Ou então quando o legislador declarar, no corpo da nova lei, a extinção
total (ab-rogação) ou parcial (derrogação) da anterior.
Então, às vezes não é toda a norma que morre, mas apenas parte dela. Por isso
é importante ainda observar, aqui, a extensão das extinções: À modalidade de extinção
pelo surgimento de outra se dá o nome de revogação, que se subdivide em ab-
rogação (quando se extingue toda) e derrogação (extinção apenas de uma parte).
Já a forma tácita de extinção ocorre se nova lei vier regulamentar
completamente o mesmo assunto, gerando portanto incompatibilidade entre a antiga
e a mais recente. Um exemplo dessa modalidade de extinção ocorreu, por exemplo,
com a promulgação da atual Constituição Federal. Esta surgiu tratando de todo o
conteúdo a antiga Carta Maior, extinguindo-a.

3.2 A Vigência da Lei no Espaço

Se para entendermos o que estudamos sobre a vigência da norma jurídica não


foi assim tão dolorido, nossa tarefa aqui será bem mais curta e menos árdua.
UCDB Virtual 41

De fato, não haverá dificuldades para entendermos que a vigência da norma


no espaço envolve apenas sabermos, por exemplo, que uma certa lei criada pelos
Vereadores de sua cidade não tem força, não precisa ser obedecida, não pode obrigar
os moradores de outro município.
Dessa forma, estamos percebendo que, genericamente, cada norma jurídica é
criada para exigir cumprimento em uma certa extensão territorial, e não tem vigência
além dela. Apenas em certos casos teremos uma norma externa apresentando vigor
em regiões para onde não foi criada.
Pois bem: também aqui, aquela já nossa velha conhecida, a famosa LICC, ou
seja, a Lei de Introdução ao Código Civil (Decreto-lei n.º 4.657/42) é que orienta a
vigência das normas quanto ao espaço.
Assim, aquele Decreto-lei define que o Brasil adota o princípio da
territorialidade, mas também o da extraterritorialidade. Mas o que significa tudo isso?
Não mencionamos acima que esta parte iria ser mais fácil? Mas de fato é mais fácil,
veja a seguir.

Princípio da Territorialidade
O princípio da territorialidade indica que uma lei só vale na região para a qual
foi criada. É o que já mencionamos acima: as leis municipais só têm força, vigor, nas
exatas extensões do Município; as estaduais, na área daquele Estado, e as federais
atingem com sua vigência todo o território brasileiro.

Princípio da Extraterritorialidade
Já o princípio da extraterritorialidade significa que em certas circunstâncias,
um país, por exemplo o Brasil, pode admitir que normas jurídicas de um outro tenham
força na sua área, e vice-versa, sem que com isto seja ferida a respectiva soberania.
Veja que por soberania entende-se o poder máximo, supremo, que um Estado
(no sentido de país) exerce no âmbito de seu território, não se admitindo a
interferência de outro país. Pois bem: conforme o acordo existente entre certos países,
eles podem admitir, como dito acima, a manifestação das normas jurídicas de um na
área do outro.
Dessa forma, um exemplo típico dessa aceitabilidade da vigência de norma
estrangeira no Brasil é o mencionado pelo conteúdo mandamental do artigo 15 da
LICC, o qual admite cumprir-se aqui uma sentença produzida em outro país, desde
que a mesma possua certas características. Que tal conferir esse artigo ?
Como mencionado, não doeu, não é mesmo ?
Melhor ainda: vamos agora para o último item dessa parte do conteúdo desta
nossa importante Disciplina ! Estamos quase no final dela !

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL. Código civil. 60. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
42 UCDB Virtual

OBJETIVO DA UNIDADE:
UNIDADE 4
Capacitar os Alunos para a
A APLICAÇÃO DO
identificação e compreensão do
DIREITO papel do Poder Judiciário e suas
instâncias na aplicação do
Direito.

Ainda no início dos nossos estudos (lembra-se do item “A importância do


Direito para o Administrador”?), tivemos a oportunidade de comentar a respeito da
necessidade que o competente Administrador terá de conhecer certos aspectos do
Direito.
Pois bem, vamos abordar aqui um desses importantes aspectos.
Observe que a empresa em que você atua como Administrador pode um dia
vir a envolver-se em Ações Judiciais. Esse envolvimento é conhecido também pelas
expressões mais populares “entrar na Justiça”, “responder processo”, ou outras
equivalentes.
Isso ocorrerá toda vez que você como Administrador, e a empresa em que
atua, como pessoa jurídica, eventualmente precisarem recorrer à Justiça, isto é, ao
Poder Judiciário, para exigirem que seus direitos sejam respeitados, ou para se
defenderem de interpelações de outros.
Você entenderá então que um bom Administrador precisa também conhecer
certos aspectos referentes ao funcionamento da Justiça, não só para melhor
acompanhar nessa área a situação da Empresa, mas também porque assim você atuará
de maneira mais integrada e cooperativa com os Assessores Jurídicos (Advogados
integrantes do quadro de Pessoal da empresa ou especialmente contratados para tais
tarefas). Dessa forma os resultados da atuação de ambos (Administrador e Advogado)
serão muito mais favoráveis.
Com isso você terá uma visualização, por exemplo, sobre o que é um
processo judicial, uma sentença, um recurso, a organização ou estrutura judiciária,
focalizando-se o significado de Juízo, Comarca, Tribunal de Justiça, Tribunal Regional
Federal, Superior Tribunal de Justiça, Supremo Tribunal Federal e de outros órgãos
pertinentes.
Também observaremos a hierarquia existente entre os principais Órgãos da
Justiça, e como eles estão inter-relacionados, enfatizando-se o que se atém mais
freqüentemente com as empresas.
Por fim, abordaremos o significado de sujeitos ativo e passivo no âmbito
do processo judicial. A empresa, num processo judicial, será sujeito ativo se tiver que
ajuizar uma ação (isto é, “entrar na justiça”), ou, sujeito passivo se outros recorrerem à
Justiça para reivindicarem direitos que acreditarem possuir em relação a ela (empresa).

4.1 O Poder Judiciário

A partir de agora precisamos identificar a estrutura e o funcionamento da


Justiça. Um bom começo, então, é relembrarmos o que já foi dito a respeito do que
significa Justiça, e qual é a sua importância para a sociedade como um todo, e no seio
desta, para as pessoas tanto naturais quanto jurídicas (dentre estas aquela para quem o
Administrador presta seus relevantes serviços).
Você vai se recordar facilmente: lembra-se de quando estudamos o
significado de DIREITO? Estávamos estudando o item “Buscando a concepção
do Direito”, e naquela oportunidade vimos que, de acordo com o critério real ou
UCDB Virtual 43

lógico, o Direito se refere ao significado e ao funcionamento das normas


jurídicas na sociedade, tendo a finalidade de garantir que um ente superior (a
Justiça) se encarregue de resolver os conflitos existentes, e não tenha cada um que
resolver com as próprias mãos as questões que surgem no dia-a-dia.
Mais tarde, quando tratávamos do Direito Constitucional, você está
lembrado? Vimos que o Poder Judiciário é constituído pelo conjunto de
autoridades que possuem o poder de julgar, existindo então os órgãos
encarregados de administrar a Justiça, sempre que algum conflito envolver os
interesses de pessoas naturais ou jurídicas.
Esse é o sentido específico, ou restrito, de Justiça. Corresponde a uma
referência aos Órgãos Judiciários cujo funcionamento na estrutura social produz a
solução das questões surgidas entre os envolvidos. Portanto esses Órgãos
Judiciários são o aparelhamento destinado à aplicação do Direito aos casos
reais, a fim de se concretizar a justiça. Nesse sentido, a Justiça assume as
denominações conforme as suas finalidades: Justiça Comum, Justiça Eleitoral, Justiça
do Trabalho, Justiça Militar, Justiça Federal, e outras, como ainda vamos verificar.
Nós veremos esses aspectos sob a denominação de Estrutura da Justiça.
O funcionamento dessa estrutura tem o objetivo de concretizar a Justiça. Por
isso é que se diz que cabe ao Poder Judiciário aplicar as leis, fiscalizar o cumprimento
delas, e com base nelas reparar as relações jurídicas acaso violadas. Esse aspecto será
visto sob a denominação de Funcionamento da Justiça.
Assim, nas sociedades organizadas a Justiça é a base, isto é, o fundamento,
dos Poderes Públicos, que se criam em nome da vontade soberana do povo.
A seguir, atentemo-nos então para a estrutura e para o funcionamento da
Justiça, tendo em vista o que determinam nossas leis a respeito.

4.1.1 A Estrutura do Poder Judiciário

Todos nós já sabemos que um dos sentidos do termo estrutura se refere à


disposição das partes de um todo, e à maneira pela qual elas se relacionam entre si,
tendo em vista a natureza, as características e o funcionamento desse todo.
Um exemplo de estrutura é a empresa. Esta é o todo, mas pode ser
identificada pelas suas partes. Cada parte, isto é, departamento, seção, serviço, etc.,
possui sua finalidade, sua abrangência, suas atividades ou atribuições, seus recursos
próprios. Se existirem filiais dessa empresa, cada uma terá, por sua vez sua estrutura
própria. Também é verdadeiro que a matriz com as filiais constituem a grande
estrutura da empresa.
Pois bem: no Poder Judiciário ocorre algo muito semelhante. Ele também
possui a sua estrutura, ainda que com certas diferenças em relação a uma empresa. As
suas partes, com as respectivas atribuições, finalidades, abrangência, recursos, etc.,
constituem um todo.
Podemos dizer que estrutura é a disposição dos elementos ou partes de um
todo, ou a forma pela qual eles se relacionam entre si. Esse relacionamento é o que
determina a natureza, as características e o funcionamento do todo. Como
mencionado acima, um bom exemplo de estrutura é a própria empresa, nossa velha
conhecida.
Nós poderemos compreender com mais facilidade esse todo da estrutura do
Poder Judiciário por meio da identificação das suas partes.
Você pode (e deve) acompanhar pelo Quadro referente à Estrutura do
Poder Judiciário, para melhor compreender a organização da Justiça. Melhor ainda
se você se fizer acompanhar da Constituição Federal, para consultar o conteúdo dos
artigos que definem essa estrutura ou organização.
44 UCDB Virtual
Quadro 1 - Estrtura do Poder Judiciário

LEGENDA
PODER JUDICIÁRIO

Inicialmente identifiquemos as grandes partes do Poder Judiciário.


Podemos dizer que de um lado temos a chamada Justiça Estadual, ou Justiça Comum
(no centro), que corresponde ao Poder Judiciário da respectiva Unidade da Federação
ou Estado. De outro, também presente no território de cada Estado da Federação, a
Justiça Federal (na esquerda), que por sua vez representa, obviamente, o Poder
Judiciário da União. E mais: tanto no âmbito da Justiça Estadual quanto no da Federal
encontraremos também a denominada Justiça Especial, ou Juizados Especiais, que
se constituem de órgãos cujo funcionamento ocorre de maneira mais simplificada,
mais leve, atendendo situações que envolvam certos tipos de casos e valores menores.

a) A Justiça Estadual

De acordo com nossa Constituição Federal, cada Estado da Federação


organiza a estrutura judicial no seu âmbito de ação. Em todos os Estados vamos
encontrar mais ou menos a mesma configuração.
Assim, o órgão judicial de hierarquia mais elevada em um Estado da Federação
é o Tribunal de Justiça. Este tem sua sede sempre na capital do Estado, e tem, dentre
outras, a incumbência de estruturar a Justiça Estadual.
Os membros do Tribunal de Justiça são denominados Desembargadores.
Por natureza, o Tribunal de Justiça é um órgão colegiado, isto é, atua por meio
de grupos e subgrupos formados por seus membros. Esses grupos ou subgrupos
podem ser o Plenário, as Seções, as Câmaras ou Turmas. A incumbência mais
freqüente do Órgão é reexaminar as questões já decididas no âmbito da Justiça em
nível de primeiro grau, também denominada primeira instância, tal como ainda
veremos mais adiante.
Em alguns Estados da Federação existe também o chamado Tribunal de
Alçada, que é auxiliar do Tribunal de Justiça. O Tribunal de Alçada tem competência
para resolver apenas certas questões, em geral quando envolvem valores menores, ou
referentes a alguns assuntos específicos, tudo definido pelo Tribunal de Justiça.
Em termos de organização, o Tribunal de Justiça divide a área do Estado em
parcelas chamadas Circunscrições, Comarcas e Distritos.
UCDB Virtual 45

Interessam-nos aqui as Comarcas, que representam áreas em que atuam os


chamados Juízos ou Varas. Um Juízo ou Vara significa o reduto de atuação de um
Juiz. Recebe essa denominação somente quando na Comarca houver mais de um Juiz
atuando.
Portanto os Juízos ou Varas correspondem a subdivisões da Comarca.
Essas subdivisões são necessárias a partir da constatação de que um só Juiz
não conseguiria resolver todos os casos ou processos existentes na Comarca.
Assim sendo, cada Juiz pode especializar-se em certos tipos de casos,
conforme a natureza destes. Trata-se da subdivisão por matéria, isto é, organizada
conforme o tipo de assunto a que os casos a serem decididos se referem. Por isso é que
encontramos as chamadas Varas Cíveis e Varas Criminais, que são em geral as
primeiras subdivisões de uma Comarca em que se verificar aquele aumento de casos
que precisam ser decididos pela Justiça.
E mais: quanto maior a população em uma Comarca, outras subdivisões são
necessárias, e assim em geral temos nas grandes cidades, na área cível, as bem
conhecidas Varas ou Juízos de Família, de Sucessões, de Registros Públicos, de
Fazenda Pública, da Infância e Juventude, de Acidentes do Trabalho, Cíveis Residuais
e outras. Na área criminal encontramos as Varas ou Juízos Criminais.
A essa altura, você deve imaginar que estamos nos esquecendo de mencionar
o Juízo responsável pela solução, por exemplo, das questões trabalhistas ou eleitorais,
não é mesmo?? Na verdade, não nos esquecemos. Estas são áreas não da Justiça
Comum ou Estadual, mas da estrutura da Justiça em nível Federal, e nós vamos nos
ocupar delas logo adiante, no bojo do item c) A Justiça Federal. Aguarde só um
pouco.

b) Os Juizados Especiais

Mas não podemos concluir nossa análise sobre a Justiça Comum sem antes
nos familiarizarmos com um outro setor estrutural muito importante para os
empreendedores e para as organizações empresariais.
Trata-se dos Juizados Especiais. Mas o que são? Do que se ocupam? Qual é a
sua importância??
Inicialmente, entendamos que os Juizados Especiais são órgãos do Poder
Judiciário que nasceram para que fosse possível a solução mais rápida de certos
tipos de conflitos ou causas jurídicas. Daí a sua grande importância, considerando que
existe muita demora na solução dos conflitos judiciais convencionais, uma vez que
não há suficientes recursos humanos e materiais, quantitativamente falando, para o
atendimento das necessidades da sociedade.
Atualmente a Lei n.º 9.099/95 é a que regulamenta as causas que podem ser
levadas aos Juizados Especiais no âmbito da Justiça Comum.
Essas causas tanto podem se referir à área cível quanto à criminal, também
chamada de penal.
Na área criminal admitem-se casos de delitos penais de pequeno potencial
ofensivo, isto é, as contravenções penais e os crimes a que a lei atribua pena máxima
não superior a um ano, com algumas exceções.
Na área cível as causas não podem envolver valores acima de quarenta vezes
o salário mínimo. Nessa área também não se admitem causas que envolvam pensão
alimentícia, falência, tributos e outros interesses da Fazenda Pública, acidentes de
trabalho, sucessão (herança), e outras.
Mas são admitidas as causas referentes à cobrança de créditos (aluguéis,
danos, rendas, honorários, seguros, e outros). Algumas se referem a coisas, como as
derivadas do arrendamento rural e da parceria agrícola (de qualquer valor, pois não se
referem à cobrança de créditos). Também ações de despejo para uso próprio, qualquer
que seja o valor do imóvel, pois não se trata de reclamar crédito, mas a saída de alguém
do imóvel. E outras.
46 UCDB Virtual

Enquanto isso, no âmbito da Justiça Federal também já existem os Juizados


Especiais Cíveis e Criminais, tendo por fundamentos a Lei n.º 10.259/01, e no que
couber, também aquela mencionada Lei n.º 9.099/95, da Justiça Comum.
Na Justiça Federal, portanto, também se procura acelerar e simplificar o
andamento dos procedimentos judiciais, dependendo do objeto das ações. Observe-
se que nessa área, a federal, o valor máximo da causa chega a sessenta salários
mínimos, e as chamadas infrações de menor potencial ofensivo se referem àquelas
cuja pena máxima não seja superior a dois anos, ou multa.
Também aqui não se incluem ações que versem sobre certos tipos de objetos,
como você pode constatar verificando o artigo 3º daquela Lei n.º 10.259/01. Confira!

c) A Justiça Federal

Ao começarmos a abordagem desse tema, com certeza várias perguntas


podem surgir. Por que dois tipos de Justiça? Em que se diferenciam? Possuem
estrutura semelhante? Tratam de situações diferentes?
Na verdade possuem estrutura muito parecida em relação a certos aspectos,
mas também apresentam acentuadas diferenças quanto a outros.
Evidentemente tanto na Justiça Comum quanto na Federal preponderam os
mesmos princípios, e em ambas a obediência às leis é fundamental para a atuação.
Certas normas legais são até as mesmas para as duas áreas, a exemplo das leis que
regem o nascimento, a evolução e a extinção de ações judiciais em todos os níveis
hierárquicos.
Quanto à estrutura, a Justiça Federal apresenta algumas peculiaridades.
Você pode (e deve) utilizar aquele mesmo Quadro 1 - Estrutura do Poder
Judiciário, e da Constituição Federal, para visualizar a estrutura ou organização da
Justiça Federal.
Por primeiro, digamos que existem as diferentes áreas, mas todas são
pertinentes à Justiça Federal. Uma delas, no entanto, é mais propriamente conhecida
como Justiça Federal. As outras se identificam melhor conforme sua respectiva
especialidade, como a Justiça Eleitoral, por exemplo.
Mas vamos por partes, para você entender melhor.
Então, como dissemos acima, temos certas áreas distintas da Justiça Federal.
Denominam-se Justiça Federal (propriamente dita, correspondendo ao que mandam
os artigos 109 e 110 da Constituição Federal), Justiça do Trabalho (artigos 111 a 117),
Justiça Eleitoral (artigos 118 a 121) e Justiça Militar (artigos 122 a 124).
Cada uma dessas áreas possui peculiaridades que você pode constatar
conferindo o conteúdo dos mencionados artigos.
Mas há algo mais que fundamentalmente diferencia a Justiça Federal
propriamente dita, da Justiça Estadual ou Comum. A Justiça Federal se ocupa, tanto
no aspecto cível quanto no penal, dos interesses da União, sua mantenedora. Assim, a
Justiça Federal tem a prerrogativa de processar e julgar certas causas, conforme
definem as leis, a partir do que determina o conteúdo dos artigos 109 e seguintes da
Constituição Federal.
Como você verá ao ler aqueles artigos, para o atendimento dos aspectos da
Justiça Federal existem órgãos próprios, estruturados de acordo com a respectiva
necessidade e peculiaridade.
No entanto, é possível se observarem certas linhas gerais comuns a elas. Por
exemplo, todas possuem órgãos com diferentes níveis hierárquicos. Nisto há ainda
evidente semelhança com a Justiça Comum. Portanto, todas possuem os órgãos
respectivos em níveis de primeiro, de segundo e de terceiro graus.
É o que se verifica, por exemplo, na Justiça Federal propriamente dita. Em
cada Estado e no Distrito Federal, a Justiça Federal se instala sob a denominação de
Seção Judiciária. Esta mantém em localidades estratégicas as suas Subseções
Judiciárias, abrangendo os Municípios de uma região do Estado, dependendo em
UCDB Virtual 47

geral do volume da população. E por fim, cada Subseção se constitui de Varas ou


Juízos, tal como ocorre na Justiça Comum ou Estadual.
Você percebeu que na Justiça Federal as Varas compõem as Subseções, e o
somatório destas constitui a Seção Judiciária. Pois bem: Essas Subseções se equiparam
à idéia de Comarca da Justiça Comum, e a Seção tem o papel de organização de toda
essa estrutura na área territorial do Estado.
Qual seria o órgão da Justiça Federal propriamente dita que se equipara ao
Tribunal de Justiça (órgão máximo da Justiça Comum no Estado)? É o Tribunal
Regional Federal, cuja abrangência nem sempre corresponde à área de cada Estado
da Federação. Muitas vezes um Tribunal Regional Federal tem jurisdição, isto é, poder
de abrangência sobre diversos Estados, como é o caso do Tribunal Regional Federal
da 3ª Região, que abrange os Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato
Grosso.
Da mesma forma, encontramos algo semelhante nas demais áreas da Justiça
no âmbito federal, as quais, como já mencionado anteriormente, são a Justiça do
Trabalho, a Justiça Eleitoral e a Justiça Militar. Veja os detalhes naquele mesmo
Quadro da Estrutura do Poder Judiciário.
Assim, quanto à Justiça Eleitoral, nos municípios existem as Juntas Eleitorais
nos Municípios e subordinadas aos respectivos Tribunais Regionais Eleitorais nas
Capitais de Estado.
No âmbito da Justiça Militar, temos as Auditorias da Justiça Militar e o
Tribunal da Justiça Militar nos Estados.
Por fim, e com sua estrutura um pouco mais parecida com a da Justiça
Comum, temos a Justiça do Trabalho. Esta possui nas Comarcas dos Municípios as
Varas ou Juntas de Conciliação. Essas Varas ou Juntas de Conciliação se subordinam
ao Tribunal Regional do Trabalho, que possui sua sede nas Capitais dos Estados
respectivos. Observe que as Juntas de Conciliação referem-se às mesmas Comarcas
definidas pelo Tribunal de Justiça no Estado (Justiça Comum).

d) Os Tribunais Superiores

Precisamos, por fim, observar outros órgãos da estrutura da Justiça que são
hierarquicamente superiores aos até aqui vistos. Tenha por perto aquele mesmo
Quadro da Estrutura do Poder Judiciário para melhor acompanhar as correlações
entre esses órgãos.
Evidentemente os Tribunais ditos superiores possuem o poder de
abrangência sobre todo o território nacional, e têm sede na Capital Federal.
Veja então: Acima dos Tribunais de Justiça (órgãos maiores da Justiça
Comum nos Estados) e dos Tribunais Regionais Federais (órgãos maiores da Justiça
Federal propriamente dita em regiões do País), situa-se o Tribunal Superior de
Justiça-STJ. Considerando sua grande importância em relação a possíveis ações
judiciais ajuizadas no interesse das organizações empresariais, mais tarde vamos
observar uma importante função do STJ nessa estrutura, quando estudarmos, no
bojo do item “O Funcionamento do Poder Judiciário”, especialmente dentro do
subtema “As Instâncias na Estrutura da Justiça”.
De qualquer modo, aqui podemos adiantar que o STJ tem a função de julgar
os casos que não envolvam dúvidas quanto à constitucionalidade das normas
jurídicas. Como sabemos todos, uma norma é inconstitucional quando mandar ou
proibir algo que seja contrário às determinações da Carta Maior.
Paralelamente, os demais órgãos da Justiça Federal mantêm semelhantes
correlações. Assim, acima dos Tribunais Regionais do Trabalho está o Tribunal
Superior do Trabalho-TST. Existe o Tribunal Superior Eleitoral-TSE
subordinando os Tribunais Regionais Eleitorais, e o Superior Tribunal Militar-
STM acima dos Tribunais da Justiça Militar.
No entanto, o mais hierarquicamente elevado órgão da estrutura da Justiça
brasileira é o Supremo Tribunal Federal-STF, também chamado de Suprema
48 UCDB Virtual

Corte, e tem suas funções definidas no artigo 102.


De modo geral, essas funções se referem à obrigação de julgar os casos
referentes à inconstitucionalidade das normas jurídicas federais e estaduais, isto é, as
situações em que a solução do conflito exigir que se decida se alguma delas está ou não
indicando algo de modo a contrariar as determinações da Constituição Federal.
Também fazem parte das atribuições do STF o julgamento de crimes comuns
dos seus próprios Ministros, e ainda do Presidente e do Vice-Presidente da República,
dos Senadores e Deputados Federais e do Procurador Geral da República.
Atente para o fato de que o STF não julga as personalidades acima
mencionadas em caso de crime de responsabilidade, cabendo tal tarefa ao Senado
Federal, conforme quer o conteúdo do artigo 52, inciso I, da Constituição Federal, a
não ser que esses crimes de responsabilidade e os crimes comuns sejam conexos, isto
é, a prática deles esteja interligada.
O STF julga também tanto os crimes comuns quanto os de responsabilidade
dos Ministros de Estado e dos Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, bem como os membros dos nossos conhecidos Tribunais Superiores e
do Tribunal de Contas da União, e por fim os chefes das Embaixadas e Consulados,
que são os representantes do nosso Governo em outros países.

4.1.2 Funcionamento do Poder Judiciário

Como você percebeu, vimos até aqui a estrutura da Justiça, perfazendo uma
idéia do seu corpo em geral e das suas competências.
Mas, se a sua empresa, ou a organização empresarial para quem você trabalha
precisar envolver-se numa ação judicial, seja para defender direitos dela, seja por
ter sido interpelada por alguém que acredite possuir direitos não respeitados, como
será a tramitação, isto é, como se procede nessa estrutura toda que acabamos de
analisar? Você como Administrador profissional precisa então ter familiaridade
suficiente para acompanhar essa tramitação, não é mesmo?
Justamente sobre isto falaremos nesses dois últimos itens desta parte da
nossa Disciplina. Portanto, trataremos do funcionamento da estrutura da Justiça,
abordando especialmente as instâncias ou níveis pelos quais uma ação judicial terá que
tramitar, evoluir, e por fim os sujeitos ativo e passivo por ela envolvidos.
Vamos adiantar que se ocorrer aquele envolvimento da sua organização
empresarial em uma ação na Justiça, quase sempre isso se dará ou na Justiça Comum,
incluindo-se aí os Juizados Especiais, ou na Justiça do Trabalho, ou na Justiça Federal.
Nesse último caso, com certeza tratar-se-á de alguma questão referente a
tributos. Na área da Justiça do Trabalho, evidentemente haverá algum conflito nas
relações empregatícias com algum trabalhador (exceto se autônomo, como já vimos).
Por fim, se for na Justiça Comum, a ação poderá ser qualquer uma referente aos
demais interesses da empresa. Nesse caso, no entanto, dificilmente seria na área
criminal, pelo menos considerando as estatísticas.

4.2 As Instâncias na Estrutura da Justiça e a Prática do


Processo Judicial

Com certeza você terá melhores condições de entender tudo isso se


pudermos olhar a estrutura da Justiça um pouco mais por dentro.
E para você melhor se familiarizar com os procedimentos nessa área, vamos
idealizar situações que possam lhe mostrar, ainda que muito resumidamente, a prática
do andamento de uma ação judicial, perpassando os diversos níveis hierárquicos, ou
instâncias, da estrutura da Justiça.
Antes de tudo precisamos entender melhor o significado de instância. E você
compreenderá facilmente, também porque já deve ter ouvido diversas vezes a
expressão instância de primeiro grau, ou instância superior, e outras pertinentes.
UCDB Virtual 49

Veja como é fácil:


Alguém que tenha que iniciar uma ação judicial pode ser considerado
vencedor ou perdedor, conforme a decisão do Juiz. No entanto, quem perdesse a
ação, isto é, fosse considerado sem razão nas suas argumentações, não tem que
necessariamente se contentar com tal resultado. É possível insistir e fazer encaminhar
suas argumentações a quem tem hierarquicamente o poder de desfazer ou modificar
aquela decisão do Juiz.
Evidentemente só o órgão hierarquicamente superior pode modificar uma
decisão judicial. Assim, dizemos que a decisão de instância de grau mais elevado
modifica a de grau inferior.
Portanto, a instância significa um certo nível de hierarquia ou grau de
jurisdição entre os órgãos judiciários.
E na prática, como se identificam as instâncias?
Digamos que tenha havido uma decisão judicial em nível de primeiro grau, ou
primeira instância.
Diante dessa decisão, uma das partes pode não ter sido atendida nas suas
expectativas. Quem não se contentar com tal decisão pode recorrer ao Tribunal de
Justiça, tentando convencer de que a sentença não está justa.
Ao pedir a participação do Tribunal de Justiça, a parte perdedora está então
recorrendo ao segundo grau da estrutura judicial, ou à segunda instância. Após a
tramitação própria, haverá uma decisão nesse nível de segundo grau, e igualmente a
parte que não se contentar com o resultado produzido pelo Tribunal de Justiça poderá
ainda recorrer ao terceiro grau, ou terceira instância. Veremos mais tarde que para se
chegar à terceira instância não existe apenas um destino possível.
Para melhor compreensão a respeito dessas instâncias, vejamos um exemplo
em que se possa identificar a evolução de uma ação judicial envolvendo empresas.
Você será o Administrador de uma das empresas e contará obviamente com a
presença do Advogado. Acompanhe.

a) A Instância de Primeiro Grau

Imagine que você, Administrador da empresa DIAS & DIAS PARADO


LTDA, e exercendo a função de Gerente, tenha negociado com um fornecedor
(pessoa jurídica ou não) e então adquirido um certo volume de mercadorias para
estoque. Nessa negociação, claro, combinaram sobre quantidades, qualidades, preços,
prazos tanto de entrega quanto de pagamentos, etc., tudo adequadamente registrado e
assinado em contrato com a orientação de um bom Assessor Jurídico, o Advogado.
Pois bem. Todo esse cuidado pode não evitar que ocorram transtornos, por
exemplo, o descumprimento de uma ou mais obrigações daquele fornecedor. Nesse
caso, e depois de você ter tentado todas as alternativas ao seu alcance, não houve como
superar tais dificuldades, e a continuar assim, a empresa DIAS & DIAS PARADO
LTDA teria sérios prejuízos, e isto, naturalmente, não pode ocorrer.
Dessa forma, terá que haver a instauração de uma ação judicial, isto é, a
empresa DIAS & DIAS PARADO LTDA precisará recorrer à Justiça para tentar
evitar tais prejuízos.
Assim, o Advogado tomará as providências necessárias protocolizando no
fórum da Justiça Comum uma peça judicial denominada Petição Inicial ou Exordial
em que identificará a sua empresa e a outra parte (pessoa física ou jurídica), mostrará
os fatos, demonstrará o direito da empresa, isto é, os fundamentos jurídicos
pertinentes e expressará os pedidos próprios, juntando desde logo certos
documentos.
Após a protocolização dessa Petição Inicial, caso haja na Comarca diversas
Varas do mesmo tipo (isto é, vários juízes encarregados de casos de uma certa
natureza) na localidade, haverá um sorteio automático para se saber qual delas irá
assumir o caso.
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O Juiz dessa Vara ou Juízo, então, verificando se existem os pressupostos para


a Ação, isto é, certificando-se de que está tudo em ordem, mandará que se envie, à
parte contrária, uma cópia da manifestação da empresa gerenciada por você, que
passará a ser identificada como Requerente ou Autora. A outra, como Ré ou
Requerida, como ainda veremos.
Assim, a Requerida terá um prazo de quinze dias para apresentar as próprias
razões a respeito. O Juiz poderá então ouvir testemunhas, analisar documentos e
outras provas e opiniões apresentadas pelas partes, para então produzir uma peça final
chamada Sentença, definindo quem tinha razão no caso. Em outras palavras, o Juiz
terá decidido a causa.
Importante: Tudo o que mencionamos até aqui, neste item, ocorreu sob a
presidência de um Juiz. Estamos, portanto no chamado nível de primeiro grau,
também denominado de nível de primeira instância.
Assim, se uma das partes é considerada vencedora na ação, e portanto a outra
é tida como vencida, tudo estaria concluído e acabado? Não. As normas jurídicas
prevêem que a parte perdedora, ou mesmo a vencedora apenas em parte, isto é, a que
não tiver sido atendida em tudo o que pretendia, pode recorrer daquela decisão do
Juiz.

b) A Instância de Segundo Grau

Digamos então que você e seu Advogado conseguiram demonstrar que a


outra parte não tinha razão, pois não cumprira mesmo as obrigações que tinha
assumido naquele contrato com a sua empresa. Assim, a Sentença foi favorável à
Autora DIAS & DIAS PARADO LTDA, e a Ré, considerando-se injustamente
prejudicada, resolve recorrer da Sentença, encaminhando, portanto recurso ao órgão
de segundo grau ou segunda instância, que no caso é o Tribunal de Justiça, que nós
já conhecemos.
Esse recurso chama-se apelação, e tem um prazo para ser encaminhado.
Outro detalhe: Quem recorre em situação como essa passa a ser identificado
como Recorrente ou Apelante, e a outra parte como Apelado ou Recorrido. Portanto,
a sua empresa DIAS & DIAS PARADO LTDA é a Recorrida.
Ao ser protocolizado no Tribunal de Justiça, haverá também um sorteio
eletrônico, e assim aleatoriamente será identificada a Turma Cível que resolverá o
caso. A Turma significa um grupo constituído por três Desembargadores, um dos
quais exercerá a função de Relator do Recurso. Este então estudará o conteúdo do
caso, e irá sugerir uma solução (voto do Relator), apontando os fundamentos legais.
Por maioria de votos, haverá a confirmação ou não do voto do Relator, produzindo-se
então o resultado final nesse nível ou instância de segundo grau.
Assim, dizemos que Recorrente ou Recorrido venceu o Recurso que fora
encaminhado ao Segundo Grau. Quem teria sido, nesse nosso exemplo? A outra parte
ou a sua empresa DIAS & DIAS PARADO LTDA?
Pois é, nem tudo é perfeito, não é mesmo? Digamos que a Recorrida não
logrou sucesso no Recurso de Apelação, e restou vencida.
Dessa forma, ainda há o que fazer para tentar reverter a situação? Claro que
sim! Basta que estejam presentes alguns requisitos, e o Advogado aja dentro do prazo,
pode-se recorrer à terceira instância.

c) A Instância de Terceiro Grau

Então, vimos que lastimavelmente a sua empresa DIAS & DIAS PARADO
LTDA, a Recorrida, não conseguiu convencer Suas Excelências os Desembargadores
da Turma Cível em apreço. Perdeu o Recurso de Apelação.
Pois bem: como já vimos antes, é possível, desde que certos requisitos
estejam presentes, que se recorra à instância hierarquicamente superior à do Tribunal
de Justiça.
UCDB Virtual 51

Mas, cuidado: para tal encaminhamento há dois caminhos, e, portanto dois


destinos. E você certamente está lembrado de algo que mencionamos anteriormente,
que corresponde ao motivo de existirem esses dois caminhos. Veja:
Lembra-se de quando comentamos sobre as atribuições do Supremo
Tribunal Federal-STF, e do Superior Tribunal de Justiça-STJ? Abordávamos o item
“d) Os Tribunais Superiores”.
Naquela oportunidade, abordando o papel do STJ, dizíamos exatamente que
“De qualquer modo, aqui podemos adiantar que o STJ tem a função de julgar os casos que não
envolvam dúvidas quanto à constitucionalidade das normas jurídicas”.
Depois, com referência às funções do STF, também literalmente afirmamos
que “De modo geral, essas funções se referem à obrigação de julgar os casos referentes à
inconstitucionalidade das normas jurídicas federais e estaduais, isto é, as situações em que a solução do
conflito exigir que se decida se alguma delas está ou não indicando algo de modo a contrariar as
determinações da Constituição Federal”.
Pois então, aqui se encontram justamente os fundamentos que mostram as
duas alternativas de caminhos para se encaminharem os recursos à instância do
terceiro grau. Observe:
Se a questão a ser debatida se referir a aspectos que dizem respeito a possível
inconstitucionalidade de normas jurídicas, então o recurso deverá ser enviado ao
Supremo Tribunal Federal. Nesse caso, o recurso é chamado de Extraordinário.
Mas, se, diferentemente, a questão se referir a quaisquer outros aspectos,
então o caminho próprio é o do Superior Tribunal de Justiça, e nesse caso o recurso
é denominado de Especial.
Assim, no caso a sua empresa DIAS & DIAS PARADO LTDA, que não
tinha conseguido convencer no nível de segunda instância, e recorreu à terceira, optou
de modo acertado por enviar o Recurso Especial. Agora a sua empresa é a Recorrente,
e a outra parte é a Recorrida.
Portanto, quem o recebeu foi o STJ, e ali os procedimentos são semelhantes
aos praticados no Tribunal de Justiça, pois também existem as Turmas lideradas por
um Ministro Relator.
Assim, para a sua felicidade e de todos na empresa DIAS & DIAS PARADO
LTDA, o Egrégio Tribunal de Justiça reconheceu que as argumentações da
Recorrente eram justas, publicando no Diário Oficial o Acórdão (síntese dos termos
da decisão sobre o recurso) respectivo.

d) O Retorno da Decisão

Na verdade, precisamos ainda verificar como proceder para que a parte que
venceu a ação possa, finalmente, ver suas expectativas satisfeitas, não é mesmo?
Tendo havido a decisão final na instância de terceiro grau, os autos (isto é, a
coleção de documentos que compõem o proesso) são enviados de volta. Mas
enviados para quem, ou para onde?
Exatamente o Juízo de primeira instância recebe os autos de volta. Nesse
caso, vieram do STJ. Mas observe que teriam sido devolvidos pelo Tribunal de Justiça,
segunda instância, caso a parte perdedora, no caso a sua empresa, não tivesse
preferido recorrer, ou se, recorrendo, não tivesse agido dentro do prazo ou não tivesse
satisfeito as condições para recorrer à instância de terceiro grau..
Bem, então o Juízo de primeira instância recebe os autos de volta, guarda-os e
intima as partes, isto é, informa-as a respeito. Cabe agora à parte interessada nos
resultados, no caso a empresa Dias & Dias Parado Ltda., por meio de seu Advogado,
tomar as providências para que finalmente as pretensões iniciais possam ser
traduzidas em resultados concretos.
E que providências são aquelas? Genericamente vamos chamá-las de
execução da sentença.
Mas não se assuste com as expressões. Só os Advogados precisam se
preocupar com isso. Entenda apenas que daí em diante a parte perdedora será
52 UCDB Virtual

obrigada pela Justiça a cumprir as obrigações, ressarcimentos ou indenizações, tudo


com valores atualizados.

e) A Semelhança com outras Áreas da Justiça

O que nós vimos até aqui, quanto ao funcionamento da estrutura da Justiça,


apresentou como exemplo a chamada Justiça Comum. Na verdade a maioria das ações
judiciais em qualquer lugar do país corresponde a essa abordagem.
Portanto, também nos outros aspectos, isto é, quanto à Justiça Federal
propriamente dita, à Justiça do Trabalho, à Justiça Eleitoral e à Justiça Militar, a prática
segue mais ou menos o mesmo caminho, guardadas as devidas peculiaridades.
Assim, por exemplo, no âmbito da Justiça do Trabalho, uma ação, então
mais propriamente denominada de Reclamação Trabalhista, ao ser ajuizada será
enviada, por sorteio eletrônico, a uma das Juntas de Conciliação. A Junta de
Conciliação na Justiça do Trabalho corresponde a uma das Varas da Justiça Comum,
tal como vimos anteriormente.
Costumeiramente, na Justiça do Trabalho, quem toma a iniciativa de ajuizar a
ação trabalhista é chamado de Reclamante, e a outra parte de Reclamado.
Portanto, o Reclamado será citado, isto é, informado de que foi ajuizada
frente a ele a ação, para que apresente sua versão dos fatos. Tudo como na Justiça
Comum, como já dito.
Decidida a questão, com a conhecida sentença do Juiz, a parte que não se
contentar com o resultado poderá recorrer à segunda instância, que é representada
pelo Tribunal Regional do Trabalho-TRT (e você se lembra de que na Justiça Comum,
ou Estadual, o correspondente é o Tribunal de Justiça).
Na esfera do TRT, tudo ocorre mais ou menos como visto em relação à
Justiça Comum. Haverá uma decisão a respeito da sentença que na primeira instância
tinha descontentado uma das partes, produzindo-se o devido Acórdão.
Caso ainda essa decisão do segundo grau não seja aceita por uma das partes,
esta tem a possibilidade de recorrer ao Tribunal Superior do Trabalho-TST. E assim
por diante, como na Justiça Comum.
Enquanto isso, o mesmo se pode observar no âmbito da Justiça Federal
propriamente dita. Você se lembra de que já dissemos que nesse caso temos as ações
judiciais que envolvem a União, por exemplo, se for o caso de tributos federais em
relação às empresas.
Assim, tratando-se da Justiça Federal, também o ajuizamento da ação judicial
provoca um sorteio eletrônico mediante o qual o processo vai nascer numa das Varas
da Subseção Judiciária Federal. Também aqui o Requerido ou Réu será citado para
responder a ação, e assim por diante.
Portanto, também haverá, se existir descontentamento de uma das partes
quanto à decisão ou sentença do Juiz Federal de primeira instância, recurso para o
segundo grau. Este é representado, como vimos, pelo Tribunal Regional Federal, e
daqui para o Tribunal de Justiça ou para o Tribunal Superior de Justiça, exatamente
como ocorre no âmbito da Justiça Comum.
Bem, creio que nem precisamos repetir tudo para correlacionar o que ocorre
na área da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral, não é mesmo? Guardadas as devidas
diferenças, os caminhos se assemelham.

4.3 Sujeitos Ativo e Passivo no Processo Judicial

Você nem acredita, não é mesmo? Mas estamos abordando agora o nosso
último tema dessa Primeira Parte do nosso conteúdo programático. Sei que você
gostaria que nosso conteúdo fosse muito mais longo, mas não temos essa
oportunidade!
Brincadeiras à parte, resta-nos ainda apenas reforçar alguns aspectos
referentes aos sujeitos ativo e passivo do Processo Judicial.
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Sujeitos Ativo e Passivo


O Termo sujeito se refere à pessoa, física ou jurídica, considerada como
agente de uma ação, ou como titular de um direito ou de uma obrigação. Dependendo
das circunstâncias, o sujeito é considerado como ativo, ou como passivo.
Independentemente de se falar em ações judiciais, o sujeito ativo é o titular
de um direito, isto é, aquele que tem as vantagens dele e dele pode tirar os benefícios,
exercitando-o nos termos da lei. Também é chamado de credor, porque pode exigir de
alguém o cumprimento de uma obrigação.
Também independentemente de se falar nas mencionadas ações na Justiça, o
sujeito passivo é aquele de quem se pode exigir o cumprimento de uma obrigação, e,
portanto é o devedor de algo. Denomina-se devedor, porque tem uma obrigação a
cumprir por exigência de outrem.
Assim sendo, o sujeito do direito se opõe ao sujeito da obrigação.
Pois bem: agora, falando-se exatamente no âmbito da Justiça, há também o
sujeito ativo e o passivo, os quais são a alma e a razão de ser do processo judicial. Sem
elas não haveria processo.
No entanto, judicialmente falando há uma pequena diferença de conotação
quando se leva em conta a relação entre o sujeito considerado ativo e o tido como
passivo, em comparação com o dito em relação a eles fora do âmbito judicial. Mas essa
diferença é apenas no início de uma ação judicial, porque, concluída esta, o significado
de sujeito ativo e passivo desemboca na mesma conceituação genérica acima
mencionada.

Esses Sujeitos no Processo Judicial


Ao iniciar-se a ação, chama-se sujeito ativo quem toma a iniciativa do seu
ajuizamento. Obviamente, sujeito passivo será a outra parte.
No entanto, enquanto não houver resultado definitivo do julgamento da
ação, o Autor não terá reconhecidamente o direito de exigir do sujeito passivo o
cumprimento de obrigações que pleiteia em juízo. Aliás, dependendo dos resultados
do julgamento da ação pelo Juiz, incluindo-se aí todos os possíveis recursos, como já
vimos, ao final de tudo pode ocorrer que o Autor nem venha a ter confirmado o
direito que imagina possuir. O ganho de causa pode ser atribuído à outra parte.
Igualmente, o Réu, Requerido, Reclamado ou qualquer outra denominação
atribuída ao sujeito passivo da ação, não terá de início nenhuma obrigação a cumprir
em relação ao Requerente, enquanto aqueles resultados de julgamento não se
definirem e vierem a confirmar o direito alegado.
Por outro lado, você já sabe que um processo judicial significa a relação
existente entre as partes envolvidas e o Juiz encarregado de resolver a questão.
Também sabe que a palavra autos indica a coleção de documentos que se vão
juntando como resultado da evolução do processo.

SUJEITOS NO PROCESSO JUDICIAL

Assim sendo, nesse processo a pessoa (natural ou jurídica) que tomou a


iniciativa de iniciar a ação é o sujeito ativo. Este tem um motivo para buscar o
envolvimento da Justiça, uma vez que alguém ou alguma coisa agiu, reagiu ou se
omitiu de tal modo que, na opinião dele, causou-lhe uma injustiça.
Do outro lado, obviamente, está esse alguém (pessoa também natural ou
jurídica) que teria sido o causador da injustiça, denominado então de sujeito passivo.
Assim, os sujeitos ativo e passivo são as denominadas partes, as quais ainda
podem ser chamadas diferentemente conforme a área da Justiça considerada. Por
exemplo, vimos que na área da Justiça do Trabalho são denominadas respectivamente
de Reclamante e Reclamado, e na da Justiça Comum podem ser Autor e Réu, ou
Requerente e Requerido.
Também vimos que nas instâncias recursais, isto é, de segundo e terceiro
graus, assumem outras denominações: Recorrente e Recorrido são as mais
54 UCDB Virtual

freqüentes.
Nós não abordamos, mas há ainda outras identificações principalmente nos
níveis superiores. Apenas para você não estranhar quando vir, citamos alguns:
Impetrante e Impetrado, Agravante e Agravado, Exeqüente e Executado, Embargante
e Embargado, Excipiente e Excepto, e outros.
Por fim, os sujeitos podem ser plurais, isto é, tanto no pólo ativo quanto no
passivo podem figurar mais de uma personalidade. Assim, os Autores podem ser os
Senhores João da Silva, José Ferreira, Lúcia Queiroz e Ricardo Souza, os quais, juntos,
ajuizaram ação frente a alguém.
Igualmente, no pólo passivo os Requeridos podem ser os Senhores Pedro
Pereira, Maria Cruz, Joaquim Nogueira e Alonso Alves, que foram levados à Justiça
por uma ou mais pessoas.
Então, por enquanto isso é tudo em relação aos fundamentos do Direito.
Como você, privilegiado como é, freqüenta um Curso de Administração,
precisamos agora analisar um conteúdo mais específico, voltado ao Direito do
Trabalho e ao Direito Tributário.
Vamos então focalizar, na Segunda Parte dos nossos estudos, elementos de
Direito nessas áreas. Você vai gostar, tenho certeza. Afinal, será um conteúdo muito
útil para o seu exercício profissional como Administrador.
Acompanhe!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
UCDB Virtual 55

Caríssimo Aluno, Caríssima Aluna:


Nesta segunda parte do conteúdo, vamos abordar certos tópicos de
uma importante área do Direito para o Administrador. Precisamos assimilar
determinados temas do Direito Trabalhista, pois eles estarão presentes a todo
o momento nos seus empreendimentos.
Espero que também para você esse novo estudo seja muito agradável e
proveitoso.

Sei que você tem, já, conhecimento a respeito da estrutura básica do


Direito. No entanto, nunca é demais relembrar como o Direito se subdivide,
especialmente para identificar e localizar a área objeto atual das nossas
preocupações.
Por isso, antes de iniciarmos propriamente nossos enfoques, vejamos
novamente o quadro geral da estrutura do Direito, localizando a situação do
Direito Tributário e do Direito do Trabalho, dos quais pinçaremos as
importantes categorias jurídicas mais freqüentes no dia-a-dia do
Administrador.
Acompanhe:

ESTRUTURA DO DIREITO

DIREITO PÚBLICO DIREITO PRIVADO

Direito Constitucional Civil


Direito Administrativo Comercial (Terrestre,
Direito Financeiro Marítimo, Aeronáutico)
Direito Tributário Direito Internacional
Direito Penal Privado
Direito Processual Civil
Direito Processual Penal
Direito do Trabalho
Direito Internacional Público
56 UCDB Virtual

OBJETIVO DA UNIDADE:
UNIDADE 5
Permitir aos Alunos:
A RELAÇÃO EMPREGATÍCIA
E O CONTRATO DE TRABALHO l Melhor compreensão do
contrato individual de trabalho
e sua duração e

A visualização do significado e
l
das características da relação
empregatícia e a detecção de
sua importância para a
aplicabilidade das normas
jurídicas trabalhistas.

Evidentemente você sabe que um contrato, de qualquer natureza, significa


duas ou mais partes interessadas assumirem direitos e obrigações. Na área do Direito
do Trabalho, igualmente, se bem que, em se tratando de contratantes empregador e
empregado, levam-se em conta certos princípios jurídicos que atribuem ao
trabalhador algumas vantagens ou prerrogativas.

Por outro lado, há muitos contratos envolvendo serviços, sem que, no


entanto, o trabalhador e o contratante assumam o papel respectivo de empregado e de
empregador. Equivale dizer que nem sempre existirá a chamada relação empregatícia
em decorrência de contratos entre os envolvidos.
Por conta disso, veremos aqui o significado de contrato trabalhista e a
conseqüente relação empregatícia, cuja presença muda em muito as características dos
direitos e dos deveres ou obrigações tanto do contratante quanto do contratado. Na
verdade, como vimos já, no item 1.2.2.6 da primeira parte, e aprofundaremos adiante,
se não houver relação empregatícia entre um e outro, as normas jurídicas que se
aplicam não são as do Direito do Trabalho (por exemplo, a Consolidação das Leis
Trabalhistas, a conhecida CLT), mas as do Direito Civil. Nesse caso, o contratado não
será considerado empregado.
Mas vamos por partes.

CONTRATO DE TRABALHO

Nesse enfoque, partimos do pressuposto de que você conhece o conceito


de contrato de trabalho.

CONTRATO DE TRABALHO é o acordo tácito ou expresso, por prazo determinado ou


não, existente entre um empregador (pessoa física ou jurídica) e um empregado
(pessoa física somente), mediante o qual este se propõe a realizar determinadas
tarefas, em certas condições de tempo, horário, remuneração e outras, para aquele, a
quem se subordina.

A própria CLT, em seu artigo 442 conceitua o contrato individual de trabalho,


dizendo que ele é “... o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego”, e o artigo
443 especifica que o mesmo “... poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou
por escrito e por prazo determinado ou indeterminado”.
UCDB Virtual 57

Acrescentamos ainda que se trata sempre de um contrato:

bilateral: obrigações recíprocas entre empregado e empregador;


oneroso: há um “sacrifício” ou ônus;
comutativo: as obrigações se equivalem, e só se exige cumprimento da obrigação do outro
quando se cumpriu a própria;
consensual: ambas as partes devem querer o acordo;
não solene: não há forma própria estipulada pela lei para que ele exista;
de execução continuada: o cumprimento das obrigações tem andamento sucessivo.

Por mais, iremos também detalhar algumas relevantes conotações referentes


a prazos dos contratos de trabalho, horários, subordinação e outras figuras jurídicas
muito importantes nessa área.

5.1 Características da Relação Empregatícia

Inicialmente precisamos entender claramente o que significa ralação


empregatícia. Na verdade, como dissemos acima, se não houver relação empregatícia
entre o contratante e o contratado, mesmo que estes sejam um empregador e um
trabalhador, não existirá o contrato de trabalho. A relação jurídica será outra que não a
trabalhista.
Facilmente você compreenderá. Acompanhe as duas seguintes situações
envolvendo contratante e contratado, para que depois possamos identificar se se trata
ou não da aplicação das normas do Direito do Trabalho.

Primeira situação:

Imagine que você precise mandar reparar em sua casa uma torneira, a pia e o
encanamento na cozinha. Está tudo em mau estado.
Então você conversa com o Senhor Khan Nekomy Gho, conhecido
encanador da vizinhança, combinando com ele o serviço, por um preço razoável. Ele
se compromete em vir no dia seguinte, em horário adequado para ambos, e você se
incumbe de comprar os canos, a torneira nova, e todos os demais objetos necessários.
Comparecendo no dia seguinte, já trazendo as ferramentas próprias, o Senhor
Khan Nekomy Gho realiza todo o trabalho de reparos, deixando tudo funcionando
muito bem, e você paga o combinado.

Observe que, nesse caso, o Senhor Khan Nekomy Gho utiliza para seu
trabalho as próprias ferramentas, e, ao fazer o serviço de reparos, age conforme a
própria experiência, sem que você tenha que ditar como deve ser feito o trabalho. Em
outras palavras, ele sabe que métodos deve usar para realizar os consertos, sem que
você vá ditar a maneira de agir. Ele é o entendido no que faz, e comanda a si próprio
nas atividades de reparação do seu sistema hidráulico, sem a sua interferência.
Outro aspecto importante aqui: o Senhor Khan Nekomy Gho, caso não
tivesse podido realizar o serviço, por qualquer motivo, não teria o direito de exigir o
pagamento. Em geral este só é feito diante do resultado esperado.

Segunda situação:

Dias depois, ocorre que o Senhor Khan Nekomy Gho fica sabendo que uma
certa empresa precisa de um encanador para instalação da parte hidráulica em diversas
casas que estão sendo construídas em um futuro condomínio ali por perto.
Combinando com os responsáveis os detalhes referentes à remuneração,
horários, locais e as características dos resultados esperados, o Senhor Khan Nekomy
Gho começa no dia seguinte o seu trabalho, que dura cerca de dois meses, pois eram
muitas as unidades residenciais em construção.
58 UCDB Virtual

Durante esse tempo, em alguns dias o Senhor Khan Nekomy Gho não tem como dar
continuidade ao seu trabalho, pois os responsáveis não conseguem todo o material
necessário. Faltavam torneiras no mercado. Nesses dias de falta de material, os
responsáveis não têm outro trabalho para o Senhor Khan Nekomy Gho, uma vez que,
conforme o combinado, suas tarefas são atinentes a instalações hidráulicas.
À época de receber a sua remuneração, o pagamento é integral, não sendo, portanto,
descontados os dias durante os quais o Senhor Khan Nekomy Gho não atua.

A subordinação como características da relação empregatícia

Essas duas situações nos mostram algo de muita importância na área do


Direito do Trabalho. Veja:

PRIMEIRO CASO Você contratou o Senhor Khan Nekomy Gho para


um certo reparo em sua casa. Ele combinou com
você as condições de prestação do serviço. No
entanto, pelas próprias características do
trabalho, não havia necessidade de cumprimento
de horário, as ferramentas eram dele, ou de sua
responsabilidade, e cabia a ele saber como
proceder para providenciar os reparos e não a
você. Se parte dos trabalhos pudessem ser feitos
fora dali, caberia a ele decidir onde realizá-los.

SEGUNDO CASO Já na segunda situação: o Senhor Khan Nekomy


Gho foi contratado, e também para realizar algo
referente ao que sempre fez profissionalmente,
mas havia determinação de horário e de local
definido de acordo com as conveniências dos
responsáveis, os materiais eram deles, bem como
a impossibilidade de agir, por falta de torneiras,
não tiraria do Senhor Khan Nekomy Gho o direito
de receber, ao final do mês de trabalho, toda a
remuneração combinada.

Observe então:

Para as normas do Direito do Trabalho, existe algo denominado


subordinação do empregado ao empregador se couber a este a responsabilidade
quanto a determinados aspectos, tais como: materiais a serem utilizados, incluindo-se
aí as ferramentas, horário e local da atuação e maneira de realização dos trabalhos.
Nem falamos em remuneração, porque esta será de responsabilidade do
empregador nas duas situações. Mas observe que no segundo caso o Senhor Khan
Nekomy Gho não perde a remuneração dos dias em que não trabalhou por falta de
materiais ou de condições de atuação. O mesmo ocorre quando, em épocas muito
chuvosas, por exemplo, não for possível dar continuidade ao trabalho.

Assim sendo, na primeira situação não havia subordinação, uma vez que
aqueles aspectos referentes a local, horário, maneira de agir e responsabilidade pelos
equipamentos e até mesmo por outros materiais estão sob a responsabilidade do
Senhor Khan Nekomy Gho, ainda que você iria pagar tudo, não é mesmo?
UCDB Virtual 59

Bem, agora vem o mais importante: Nas situações de trabalho, haverá a


aplicação das normas do Direito Trabalhista somente se houver a mencionada
subordinação, tal como mencionamos anteriormente. Se não houver, cabe ao Direito
Civil a incumbência de normatizar a relação contratual.
Portanto, a CLT, por certo já sua velha conhecida, só se aplica às relações
de trabalho subordinado, pois somente nessa situação haverá a relação
empregatícia.
O Senhor Khan Nekomy Gho que o diga !

Pois bem: entendendo-se que só existe relação empregatícia, e portanto só se


fala em CLT ou Direito do Trabalho, se houver subordinação do contratado ao
contratante, vejamos a seguir os dois tipos de contrato de trabalho subordinado,
considerando que já mencionamos anteriormente o seu conceito.

5.2 O Contrato por Prazo Determinado

O contrato por prazo determinado, conforme a expressão, é aquele cuja duração já se


prevê desde o seu início.

Fácil, não é mesmo?


No entanto, deve-se acrescentar que as normas trabalhistas não são
estimuladoras desse tipo de contrato. Ao contrário, só o admitem em casos especiais, e
não pode ele perdurar por mais de dois anos, considerando-se aí eventuais renovações.
Se a vontade dos empregadores prevalecesse, em sua maioria costumam eles
preferir esse tipo de contrato. As razões disto estão no fato de que os custos são
menores, pois há a dispensa de alguns dos ônus financeiros para o empregador, o que,
via de regra, é prejudicial ao trabalhador.
E quais seriam as condições para haver contrato trabalhista por prazo
determinado?
Só se permite o contrato por prazo determinado em se tratando de trabalhos
que ocorrem apenas em certas épocas do ano (os chamados sazonais), como em
litorais e outras regiões turísticas durante os meses de férias, carnaval, fim de ano e
outros, bem como em casos de projetos com previsão de término rápido, a exemplo de
certas construções, ou acabamentos ou pintura de um prédio.
Essas condições especiais para tal tipo de contrato devem ser comprovadas
pelo empregador, sem o que este poderá sofrer penalidades legais. É o que garantem os
artigos 443 e 445 da CLT, para os quais só há validade do prazo determinado em caso
de serviços transitórios por natureza, ou de empresas destinadas a serviços ocasionais
(máximo de dois anos, conforme já mencionamos).
As normas a respeito consideram ainda por prazo determinado o contrato
que não durar mais que o inicial prazo de experiência, que é de três meses.
Evidentemente não parece expressão adequada a denominação de contrato por prazo
determinado apenas porque ele é interrompido em até noventa dias, pois uma coisa é
prazo de experiência, e outra é o do contrato em seu início, uma vez que, quando ele
nasce, não se sabe se haverá dispensa do empregado nos primeiros meses.
Importante ainda observar que as Autoridades Públicas da área do Trabalho
têm o costume de vigiar de perto os contratos por tempo determinado, para evitar que
a preferência dos empregadores por esse tipo acabe induzindo ao abuso, uma vez que,
como dito acima, há vantagens para eles, em detrimento dos empregados.
A respeito, dê uma olhada no conteúdo dos artigos 442 a 445, 451 e 452, da
CLT. Você vai entender melhor o assunto observando os exatos termos legais a
respeito.
60 UCDB Virtual

CLT

Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso,


correspondente à relação de emprego.
Parágrafo único - Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa,
não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os
tomadores de serviços daquela.
Art. 443 - O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou
expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou
indeterminado.
§ 1º - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência
dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da
realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada.
§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando:
a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo;
b) de atividades empresariais de caráter transitório;.
c) de contrato de experiência.
Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação
das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção
ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das
autoridades competentes.
Art. 445 - O contrato de trabalho por prazo determinado não poderá ser estipulado por
mais de 2 (dois) anos, observada a regra do art. 451.
Parágrafo único - O contrato de experiência não poderá exceder de 90 (noventa) dias.

CLT

Art. 451 - O contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita ou


expressamente, for prorrogado mais de uma vez passará a vigorar sem determinação
de prazo.
Art. 452 - Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de
6 (seis) meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a expiração deste
dependeu da execução de serviços especializados ou da realização de certos
acontecimentos.

5.3 O Contrato por Prazo Indeterminado

Obviamente o contrato por prazo indeterminado tem início sem a intenção


de que chegue ao fim. Pelo menos é esta a intenção do legislador, isto é, dos
produtores de normas jurídicas.
O Direito do Trabalho, então, como conjunto de normas, pressupõe que um
contrato de trabalho, fora das condições ou critérios da determinação de prazo, nasce
para perdurar indefinidamente no tempo.
Então é possível perceber que, para a lei, a regra geral indica o rumo do prazo
indeterminado para os contratos de trabalho.
Isto, como veremos, traz algumas conseqüências de importância tanto para o
empregado quanto para o empregador.
Por exemplo, haverá a exigência de que um avise com antecedência o outro,
quando pretender rescindir o contrato, sob pena de ter que pagar por isso. E para o
empregado, como vimos acima, o contrato por prazo indeterminado oferece muito
melhores condições, especialmente no que se refere a dispor de emprego, a poder
prever os aspectos econômico-financeiros de sua família, a progredir mais
rapidamente nas conquistas do direito à aposentadoria, e outros.
UCDB Virtual 61

Atividade 5.1
Já vimos que o artigo 443 da CLT se refere aos tipos de contrato
individual de trabalho. Imagine que os seus colegas de Grupo, por um
motivo hipotético, não tenham podido estudar o assunto, e pediram a você
uma explicação sobre o conteúdo desse artigo 443 da CLT. Escreva então,
com suas palavras, usando no máximo 50 e no mínimo 25 linhas (Arial 12),
as explicações solicitadas, enviando a cada um deles por e-mail. Em
seguida, faça chegar ao Fórum cada uma das explicações.

Submeta a atividade por meio da Ferramenta Tarefas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. Consolidação das leis do trabalho. CLT. 36. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
62 UCDB Virtual

OBJETIVO DA UNIDADE:
UNIDADE 6
Contribuir para que os Alunos
JORNADA DE TRABALHO
compreendam o significado e
os tipos de jornada de trabalho
como distribuição das ações
laborais no tempo, incluindo-se
noç ões d e horas ext ras,
trabalho noturno, descanso
semanal remunerado e outras
do gênero.

Sob este título analisaremos importante tema na área do Direito do Trabalho.


Trata-se da duração do trabalho, que não se pode confundir, no entanto, com
o prazo do contrato trabalhista.
Duração do trabalho e duração do contrato são diferentes. Este se refere aos
prazos determinado ou indeterminado do contrato, e aquele diz respeito ao tempo
durante o qual o empregado trabalha ou fica à disposição do empregador durante um
período do dia.
Obviamente, se a lei determina a duração de tempo de disposição do
empregado a serviço do empregador, também se considera a quantidade de horas
necessárias para descanso daquele. Portanto, tratar-se de jornada significa também a
abordagem dos períodos de descanso do trabalhador.
Você verá que é fácil também este item. Acompanhe.

6.1 Concepção

Por jornada de trabalho entende-se o período durante o qual o trabalhador se coloca à


disposição do empregador.

Significa então, de acordo com o famoso jurista Amauri Mascaro


Nascimento, citado por Cunha (1997 : 131), o tempo à disposição do empregador no centro de
trabalho”.
Esse conceito se fundamenta no conteúdo do Artigo 4º da CLT, o qual
considera como de efetivo trabalho o tempo durante o qual o empregado está à
disposição do empregador, trabalhando ou aguardando ordens.
Mas a própria Constituição Federal determina o máximo de horas de
prestação de serviços durante um período diário. É o que se observa no conteúdo do
artigo 7º, XIII, XIV e XVI da Lei Maior. Na CLT, além do já citado artigo 4º, temos
também outros diversos com determinações a respeito. São eles: 57 a 75, 227, 229,
234, 240, 248, 293, 303, 374, 376 e 411.
Acompanhe com esses dispositivos legais à mão. Será mais fácil constatar e
entender o respectivo conteúdo. Confira!
E já que estamos mencionando normas legais a respeito, veja também o teor
das Leis n.º 5.811/72 (referente à jornada nas indústrias petroquímicas e de transporte
de petróleo) e 5.889/73 (a respeito da jornada do trabalhador rural).
Assim é que, para a lei, é necessário que se defina a quantidade máxima de
tempo de atuação contínua do empregado, por conta especialmente de fatores
biológicos e sociais. Posteriormente vamos ver que, juntando-se o econômico, são
os mesmos fundamentos utilizados para a exigência de que o empregado, queira ou
não, tenha que gozar suas férias após certo tempo de trabalho.
UCDB Virtual 63

Mas o que significariam esses fatores que fundamentam a exigência de se


determinar a quantidade de tempo de atuação contínua do empregado?
Fácil. Veja.

ASPECTO BIOLÓGICO Mostra que o empregado teria sérias conseqüências


negativas para seu organismo, caso não descansasse
após algumas horas de dedicação ininterrupta ao
trabalho. Nosso corpo e nossa mente sofrem um
desgaste que precisa ser reparado pelo próprio
organismo, e só o descanso é capaz disso. A suspensão
do trabalho permite a reposição das energias.

ASPECTO SOCIAL O aspecto social se explica na necessidade que temos de


convivência com nossos familiares. Os familiares ou os
que para nós representam o seu significado, exercem
importante papel no nosso equilíbrio emocional. A
convivência com eles é necessária. é capaz disso. A
suspensão do trabalho permite a reposição das energias.

6.2 Influências na Jornada de Trabalho

Existem diferentes “tamanhos”, de jornada de trabalho. Em princípio, sua


duração normal é de 8 horas diárias e 44 semanais, permitida a compensação e
redução, ou 6 horas em turnos ininterruptos de revezamento.
Existem mais circunstâncias previstas pela própria Constituição Federal e
por outras normas.São circunstâncias semelhantes de presença possível, desde que,
evidentemente, não prejudiquem o trabalhador. Dentre elas vamos estudar:

Horas extras
Jornada in itinere
Trabalho Noturno
Repouso semanal remunerado
Revezamentos
Interjornada e intrajornada

Horas Extras

As normas permitem que o empregado trabalhe por até duas horas a mais
por dia, caso seja interessante para o empregador. Esse tempo a mais será remunerado
pelo valor normal, acrescido de pelo menos 50%, conforme manda o Artigo 7º, XVI
CF e Artigo 52, CLT.
Mas há exceções também no que se refere à obrigatoriedade de se pagarem
horas extras e mesmo de se levar em conta o número de horas trabalhadas por dia.
Trata-se de situações que envolvem os vendedores pracistas, os viajantes e os que
exercem funções não subordinadas a horários, tais como gerentes e outros
empregados que exerçam cargos de chefia.
Observe que, em caso de força maior, também se pode exigir o trabalho extra
sem remuneração majorada, como se depreende do Artigo 61, em seu § 2º CLT.

Jornada In Itinere

Iter, itineris, em latim significa caminho (lembra-se do termo itinerário?).


64 UCDB Virtual

A expressão horas de trabalho in itinere significa, então, que,


excepcionalmente se computa na jornada do empregado o tempo de transporte entre
o local de trabalho e a residência dele, e obviamente vice-versa, quando realizado em
condução do empregador ou sob sua responsabilidade, tal como quer o artigo 58, § 2º,
da CLT.
Esse parágrafo 2º não existia nesse artigo. Foi acrescentado em 1991, pela
Lei n.º 10.243, de 19 de junho. Antes, no entanto, já se praticava tal determinação, por
força do Enunciado n.º 90 do TST-Tribunal Superior do Trabalho.
Mas não se esqueça: tal consideração só é obrigatória se o transporte do
empregado ocorrer sob a responsabilidade do empregador.
Também não se esqueça de que existem jornadas especiais para
trabalhadores que atuam em atividades próprias de bancários, radiotelefonistas, de
operadores cinematográficos, ferroviários, marinheiros, mineiros, jornalistas,
professores, ascensoristas, empregados de frigoríficos, e outros.
São casos especiais, dada a peculiaridade dessas áreas, todos aqui regidos por
artigos da própria CLT. Mas há também especificidades definidas fora da CLT, isto é,
em normas próprias para certas profissões. Veja as principais:
Lei n.º 6.354/76 (Artigos 6º e 7º), sobre atletas profissionais, Lei n.º
3.270/57 (cabineiros de elevadores ou ascensoristas), Lei n.º 3.990/61 em seus artigos
8º e 9º, sobre médicos e dentistas, Lei n.º 5.889/73, sobre o trabalhador rural, Lei n.º
6.019/74, referente aos trabalhadores temporários, Lei n.º 6.533/78, sobre artistas, e
outras.

Trabalho Noturno

Por trabalho noturno se entende o realizado entre as 22h de um dia e 05 do


seguinte, com acréscimo, na remuneração, de pelo menos 20% do valor normal,
conforme os artigos 7º, IX CF, e 73, 381 e 404 CLT, significando então que, nesse
caso, se considera a hora com menor computação e maior valor.
Quem tiver menos de 18 anos não pode, no entanto, trabalhar durante aquele
período, por conta da proteção à saúde.
Diga-se ainda que a base de incidência do adicional noturno será o salário
contratual do empregado, não se justificando adicional sobre adicional, exceto se a
hora noturna trabalhada também for extraordinária.
Repouso Semanal Remunerado

Outro importante aspecto relacionado à jornada é o repouso semanal remunerado, com


regulamento:
l no artigo 7º, XV da Constituição Federal e
l na Lei n.º 605/49.

Após trabalhar durante uma semana, o empregado tem direito ao descanso


semanal, e, portanto permanece um dia sem atuar, sem que, por isso, perca o direito à
remuneração a ele referente. Ganha sem trabalhar.
Isto ocorre por conta de fundamentos semelhantes aos da necessidade de
definição de jornada de trabalho, conforme mencionado acima (aspectos orgânicos e
sociais, lembra-se?). Portanto, ao mesmo tempo é direito e dever do trabalhador:
destinado à reposição das energias do empregado e ao convívio familiar e com a
sociedade, este não deve, nesse período, prestar serviços a outrem, de modo a não
permitir o descanso necessário e esperado.
Mas, cuidado: Se por acaso o empregado faltar ao trabalho em qualquer dia
da semana, ser-lhe-ão descontados, não só os dias de ausência, mas também o que
receberia por conta de descanso semanal, à vista do artigo 6º da Lei n.º 605/49. Nesse
caso, é importante saber qual é o valor correspondente a esse dia de descanso.
UCDB Virtual 65

Fácil. Genericamente, corresponde o valor da remuneração referente ao


repouso semanal, a um dia normal de trabalho, acrescendo-se as horas extras que
habitualmente ocorrem.
Mas, atenção: Há diferentes situações ou sistemas de remuneração, do
empregado, conforme o tipo de seu trabalho.
Assim, temos, nas seguintes, as mais conhecidas situações.

Para quem trabalha por dia, semana, quinzena ou mês, é equivalente a um dia de serviço, acrescidas
das horas extras.
Para quem trabalha por hora, será igual à jornada normal de trabalho, mais as horas extras
habituais.
Para quem trabalha por tarefa ou peças, será o equivalente ao salário correspondente ao que
produziu durante a semana, no horário normal, dividido pelos dias de serviço efetivamente prestado.
Para quem trabalha em domicílio, o equivalente ao quociente da divisão por seis da importância total
da sua produção na semana (em regra, temos também aqui a média semanal).
Para os pracistas que trabalham à base de comissão: procede-se à soma das comissões auferidas
durante a semana, dividindo-se o total pelos dias efetivamente trabalhados para o empregador (igualmente se
procede para definição do valor referente a feriado, e como se nota, também há equivalência à média do período
considerado).

Também é interessante observar que, em hipótese de exigência técnica da


empresa para recair o descanso em dia de feriados, pode-se recorrer à compensação
em outro dia ou pagamento em dobro.

Interjornada e intrajornada

Antes de focalizarmos a inter e a intrajornada, observemos o significado dos


períodos de descanso. Estes equivalem-se genericamente a qualquer intervalo ocioso
regulamentado no trabalho. Portanto podem referir-se ao dia, à semana e ao ano.
Mais freqüentemente aborda o período de descanso ocorrido durante a mesma
jornada (e então temos a intrajornada), ou entre duas jornadas (interjornada).
Conforme o artigo 71 da CLT, são as pausas ou intervalos obrigatórios e não
remunerados, não inferiores a uma hora e não superior a duas horas, para repouso ou
alimentação do trabalhador, desde que a jornada ultrapasse seis horas de duração.
Será de apenas quinze minutos a duração do descanso se a jornada for maior que
quatro horas e igual ou menor que seis horas.
Outro tipo de descanso obrigatório intrajornada refere-se aos trabalhos de
mecanografia ininterrupta: a cada noventa minutos de trabalho, descansa-se por dez
minutos (Artigo 72 CLT). Se não concedido o tempo para descanso este deve ser
pago com um acréscimo de 50%, e, portanto como hora extra (Artigo 71, § 4º - CLT).
Por fim, o descanso interjornadas, isto é, entre um e outro dia de trabalho,
deve ser de no mínimo onze horas consecutivas, conforme o artigo 66 da CLT,
acrescendo-se a este as 24 horas de descanso semanal a cada 7 dias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. Consolidação das leis do trabalho. CLT. 36. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
66 UCDB Virtual

OBJETIVO DA UNIDADE:
UNIDADE 7
Capacitação dos Alunos quanto
DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO
às noções e à aplicação do
décimo terceiro salário,
enfatizando-se as épocas de
seu pagamento e os itens
remunerativos sobre os quais
incide.

Dentre os diversos direitos atribuídos ao trabalhador, o 13° Salário, também


conhecido como gratificação natalina, se coloca como dos mais importantes.
As normas trabalhistas reconhecem tal importância, definindo não só o seu
valor, mas também determinando prazos definitivos para o seu pagamento pelos
empregadores.
Esses prazos, por sua vez, revelam que a intenção da lei é favorecer o
trabalhador e sua família por ocasião do final do ano, quando as comemorações
culturais no Brasil se revestem de profundo significado para todos. Como todos
sabemos, nessa época as comemorações natalinas e de passagem do ano congregam
os familiares e amigos de modo especialmente significativo.
Evidentemente essas comemorações exigem maiores despesas, e um salário
extra tem, justamente, o papel de facilitar o seu suporte.
Vejamos as principais implicações, para os empregadores, desses direitos
garantidos aos empregados, em lei. Acompanhe.

7.1 Concepção

Gratificação legalmente compulsória, de natureza salarial, o 13º salário tem


seu fundamento maior na Constituição Federal (artigos 7º, VII e 201, § 6º), além de
ser normatizado pela CLT (artigo 457, § 1º, referência a abonos) e pelas Leis n.º
4.090/62, 4.749/65 e Decreto n.º 57.155/65.
Ele é computado para fins de cálculo das indenizações de dispensa do
empregado. No entanto, em hipótese de dispensa por justa causa, não é recebido,
conforme o artigo 3º da Lei n. º 4.090/62.
Deverá ser pago proporcionalmente em casos de extinção do contrato por
certos motivos. Estes serão analisados ainda posteriormente, mas adiantamos aqui o
enunciado de seus tipos referentes ao pagamento proporcional.

l Aposentadoria (Lei n.º 9.011/95, que acrescentou o § 3º à Lei 4.090/62 e


Enunciado n.º 3 do Tribunal Superior do Trabalho).
lPrazo determinado (e, portanto, também o chamado contrato de experiência,
definido pelo artigo 443, § 2º, alínea “c” da CLT e Enunciado n.º 2 do Tribunal Superior
do Trabalho).
l Mútuo acordo, também chamado de distrato.Pedido de demissão pelo empregado
(Enunciado n.º 157 do Tribunal Superior do Trabalho).
l Culpa do empregador.

7.2 Época de Pagamento e de Adiantamento do 13º Salário

A Lei n.º 4.749/65 desdobrou o pagamento do 13º Salário, instituindo duas


parcelas.
UCDB Virtual 67

A primeira deve ser entregue ao trabalhador entre os meses de fevereiro e


novembro, em princípio.
No entanto, se o empregado preferir, poderá receber essa primeira parcela
por ocasião de suas férias, desde que em janeiro apresente formalmente ao
empregador o seu desejo.
A segunda parcela será paga até o dia 20 de dezembro, conforme quer o
artigo 2º daquela Lei n.º 4.749/65

7.3 Outras Parcelas Computáveis no Cálculo do 13º Salário

Além da remuneração repassada ao empregado, existem outras parcelas que


se incluem nos cálculos da definição do valor do 13º salário.
Vejamos:

a) Utilidades
Dissemos acima que o 13º salário tem natureza salarial. Por conta disto, ainda
que parte da remuneração normal do empregado seja paga por meio de utilidades
(alimentos, vestuários, valor de aluguel, e outras), os valores correspondentes deverão
se incluir na base de cálculo do 13º salário.
Mas, cuidado: Os bens tidos como utilidades e, portanto, considerados como
parte da remuneração do empregado, não podem ser os mencionados pelo § 2º do
artigo 458, da CLT (nova redação trazida pela Lei n.º 10.243/01), tal como vemos a
seguir:

Art. 458. Além do pagamento em dinheiro, compreendem-se no salário, para todos os efeitos
legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações in natura que a empresa, por
força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será
permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.
..........................................
§ 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes
utilidades concedidas pelo empregador:
I - vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local
de trabalho, para a prestação do serviço;
II - educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores
relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático;
III - transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou
não por transporte público;
IV - assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-
saúde;
V - seguros de vida e de acidentes pessoais;
VI - previdência privada.

b) Gratificações
As gratificações recebidas também integram a base de cálculo do 13º salário,
pelo duodécimo, isto é, com base em média dos valores recebidos nos meses
(Enunciado n.º 78 do Tribunal Superior do Trabalho).

c) Aviso Prévio
Como este também tem natureza salarial, inclui-se nos cálculos do 13º
Salário, tal como ocorre com as utilidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. Consolidação das leis do trabalho. CLT. 36. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
68 UCDB Virtual

OBJETIVO DA UNIDADE:
UNIDADE 8
Favorecer a compreensão dos
FÉRIAS
Alunos a respeito da concepção
e da importância das férias
como categoria jurídica
presente na relação
empregatícia.

A Unidade envolve as noções e a aplicação de férias trabalhistas, enfatizando


a sua aquisição e seu gozo, bem como sua duração e outras conotações de realce.
Inicialmente esclareçamos que as férias são um direito irrenunciável do
trabalhador empregado. Isto significa que ele não pode deixar de cumprir as normas
que a determinam. Essas determinações, que não podem ser descumpridas mesmo
por quem seja o maior interessado, denominam-se, como sabemos, normas
cogentes, como ademais são em geral as da área do Direito do Trabalho.
Pois bem: Já comentamos a respeito dos fundamentos legais que apontam as
razões da necessidade de se garantirem aos empregados as férias durante trinta dias.
Lembre-se de que existem justificativas de ordem orgânica e social para que
os trabalhadores descansem (intrajornada e interjornada) após um certo tempo
durante o dia. Comentamos sobre tal circunstância quando focalizávamos o tema
sobre a duração do trabalho. Naquela oportunidade dissemos que as mesmas razões
se aplicam às férias remuneradas, isto é, o empregado precisa parar de trabalhar por
algum tempo, até trinta dias (e com o direito à remuneração normal), pois o descanso é
necessário por razões orgânicas e sociais.
Então: a esses dois motivos já apontados para que o trabalhador cesse suas
atividades profissionais por umas horas durante um dia (o social e o orgânico), junta-
se outro, o econômico, em se tratando de férias.
Vejamos o significado dessa terceira justificativa da necessidade de férias para
o empregado, pois já conhecemos os primeiros.
O trabalhador tem o direito às férias remuneradas, e, se durante o seu
descanso de até um mês, ele preferir, poderá prestar outros serviços que lhe rendam
valores econômicos, desde que com isso não comprometa o descanso esperado pelo
próprio espírito das normas referentes às férias.
Evidentemente, à luz do mandamento do artigo 138 da CLT, o empregado
em férias não poderá ter outro empregador. No entanto, tal mandamento não pode
pretender impor obstáculos à dedicação do empregado em descanso realizar outras
atividades rentáveis, pois isto feriria as normas e princípios constitucionais de
liberdade das pessoas.
Assim, pode-se afirmar que o empregado em férias, se preferir ganhar algo
extra durante seu descanso anual, tem assegurado esse direito, mas não deverá
trabalhar em atividades semelhantes às que realiza à empresa contratante, pois só
acumularia cansaço, voltando depois em piores condições, contrariando o que a lei
tem como finalidade.
Portanto, se alguma atividade realizar nesse sentido, que seja completamente
diferente do que costuma fazer no emprego do qual se acha em férias. Sabe-se que
atividades de natureza física contribuem para o descanso da mente, e vice-versa, o que
sugere seja praticado, principalmente rendendo algum lucro extra para o trabalhador.
UCDB Virtual 69

8.1 Direito às Férias

As razões acima apontadas para que o trabalhador tenha que descansar


durante trinta dias ao ano levaram o legislador a constituir as normas jurídicas que
exigem o descanso em apreço.
Tanto quanto aos aspectos já analisados na área do Direito do Trabalho, aqui
também é a própria Constituição Federal (Artigo 7º, XVII) que determina as
prerrogativas do empregado nesse sentido, complementada pela CLT em seus artigos
129 a 153.
Como as normas do Direito do Trabalho, em geral, mesmo as inseridas na
Constituição Federal, são cogentes, nem o próprio empregado pode dispensar o gozo
de suas férias, que é, portanto uma prerrogativa irrenunciável.

8.2 Período Aquisitivo e de Gozo das Férias

Um bom Administrador precisa entender bem a questão dos períodos


denominados aquisitivo e de gozo no que se refere às férias.
E é um tema de fácil compreensão. Inicialmente, lembre-se de que para obter
o direito às férias, o empregado precisa ter trabalhado durante doze meses, isto é, o seu
contrato de trabalho precisa ter completado um ano de vigência.
Ora, esse período trabalhado de doze meses, durante os quais o trabalhador
adquire aquele direito às férias, denomina-se período aquisitivo. Fácil demais, não é
mesmo?
Bem, mas não significa que imediatamente o empregado já poderá dar início
ao gozo de suas férias. A determinação de quando isto ocorrerá depende da indicação
do empregador. E este poderá indicar qualquer um dos doze meses seguintes após se
completar o período aquisitivo.
Então, todo esse ano durante o qual o empregador poderá escolher um
período de trinta dias, para ocorrerem as férias do trabalhador, denomina-se período
de gozo. Dessa forma, pode acontecer de as férias só começarem em dois anos de
iniciado o contrato de trabalho, conforme o conteúdo mandamental do artigo 134 da
CLT.

Suspensão e interrupção do período aquisitivo do direito às férias

Outra importante questão aqui é a que se refere à possibilidade de se


suspender ou interromper o andamento da aquisição do direito às férias.
Observe, antes, que, ainda que pareçam a mesma coisa, a suspensão e a
interrupção são diferentes na sua concepção jurídica. Assim, o período aquisitivo pode
sofrer:

SUSPENSÃO Se a parcela dos meses anteriores já decorridos


não for perdida para a contagem

É o caso, por exemplo, do empregado que tiver que se apresentar para o


Serviço Militar. Ele ficará algum tempo fora das atividades do emprego, para cumprir
determinações legais, o que o impede de continuar prosseguindo na aquisição do
direito às férias. Assim, como tem o direito de voltar ao emprego após o serviço militar,
só depois do retorno é que haverá continuidade na contagem daquele tempo, e não
seria justo que perdesse o direito aos meses que tinham decorrido antes do seu
afastamento compulsório. É o que garante o artigo 132 da CLT.
70 UCDB Virtual

Outros exemplos de suspensão podem ser identificados em casos de licença


para o casamento, para providências referentes ao direito de pátrio poder, curatela,
tutela, e outros (envolvendo providências de registro de nascimento do filho, por
exemplo). Igualmente se tem o caso de suspensão se o trabalhador, por certos motivos
de saúde tornar-se absolutamente incapaz de responder por si mesmo, e por isso
deixar de trabalhar; voltando à situação normal novamente, terá direito de retornar ao
trabalho, dando continuidade àquela contagem de tempo na aquisição de direito às
férias.

INTERRUPÇÃO Provoca a necessidade de recomeçar toda a contagem


de tempo na aquisição do direito às férias. Portanto
haverá perda total do tempo já contado.

Mas o que poderia provocar a interrupção dessa contagem?


O artigo 133 da CLT menciona as situações em que o empregado terá que
reiniciar tal contagem. A permanência em gozo de licença remunerada pelo
empregador (mesmo que por paralisação da empresa) durante mais de trinta dias é um
exemplo de interrupção do período aquisitivo de férias. Que tal verificar nesse artigo
133 da CLT os demais casos?
Dê uma olhada, não custa e nem dói !

8.3 Duração das Férias

Vimos que o empregado tem direito a 30 dias consecutivos, isto é, corridos,


de férias. No entanto, a duração delas depende da assiduidade do empregado durante
o período aquisitivo, conforme a seguinte tabela:
Tabela de férias

30 dias: com até 05 dias de falta ao trabalho


24 dias: com 6 a 14 dias de falta ao trabalho
18 dias: com 15 a 23 dias de falta ao trabalho
12 dias: com 24 a 32 dias de falta ao trabalho

8.4 Outras Questões Referentes às Férias

Além do que vimos, outras questões de realce merecem ser observadas aqui.
Acompanhe.

1.Pagamento das Férias:

a) O pagamento do empregado com referência ao mês em que estiver de férias é


acrescido de 1/3 do valor normal, por determinação do artigo 7º, XVII da Constituição Federal
e 143 da CLT, e em dobro se a concessão ocorrer após o período normal.

b) Se o empregado preferir, o empregador é obrigado a converter 1/3 da duração das


férias em valor monetário. Obviamente, o empregado trabalhará durante os dias
correspondentes a esse período de 1/3 das férias.

c) Se este valor ultrapassar o correspondente a 20 dias do salário, não integra a


remuneração para fins da legislação do trabalho, isto é, FGTS, aviso prévio, 13º, e outros, e da
Previdência Social, conforme o Artigo 144 da CLT, e assim o gozo será de apenas 2/3 do tempo
previsto, conforme o mencionado artigo 143 e Decreto-lei n.º 1.535/77.
UCDB Virtual 71

2.Em caso de demissão por justa causa, não se pagam férias proporcionais, isto é, aquelas
referentes a período aquisitivo que ainda não se completou, como manda o artigo 146 e 147
também da CLT.

3.Quanto a férias coletivas, estas são as usufruídas por vários empregados na mesma época,
de toda a empresa ou de parte dela, podendo ocorrerem duas vezes ao ano, desde que cada
período não seja inferior a 10 dias, conforme os artigos 134 e 135 da CLT.

4.Já quanto às férias coincidentes, observe que:

a) Estudantes têm o direito de se fazer coincidir o gozo das férias do trabalho com as
escolares.
b) Os familiares que trabalham na mesma empresa podem gozar férias ao mesmo
tempo, se isto não prejudicar os interesses do empregador.

Atividade 8.1
Leia o artigo de Cássio Mesquita Barros, intitulado “Direito Coletivo do
Trabalho e Proteção dos Direitos Humanos Fundamentais: o Direito ao Trabalho
Decente”, disponível no endereço: <http://migre.me/RftV>

Trata-se de uma abordagem a respeito da evolução histórica das relações


sociais, em que grandes vitórias foram alcançadas a favor dos trabalhadores.

Faça um texto discorrendo sobre a importância dos direitos


humanos no estudo do Direito do Trabalho, identificando as garantias
previstas na legislação brasileira para os seus trabalhadores.

Se consultar outras fontes para a realização da atividade, não se esqueça de


citar todas as fontes!!

Submeta esta atividade por meio da ferramenta Tarefas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. Consolidação das leis do trabalho. CLT. 36. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
72 UCDB Virtual

OBJETIVO DA UNIDADE:
UNIDADE 9
Mostrar aos Alunos o
AVISO PRÉVIO
significado de aviso prévio, sua
finalidade e outras conotações
importantes, tais como as
conseqüências da omissão
tanto de empregados e de
empregadores em relação a ele.

Imagine que os empregadores ou os empregados pudessem decidir romper o


contrato de trabalho a qualquer hora, sem que a outra parte fosse informada antes.
Nenhum deles teria qualquer segurança no sentido de se organizar financeiramente
para enfrentar, ou a perda do emprego pelo empregador, ou do empregado pelo
patrão.
Tal eventualidade não seria adequada para nenhum deles. Assim, a própria
Constituição Federal e a lei trabalhista exigem que, se alguma das partes envolvidas no
contrato de trabalho tiver a intenção de rompê-lo, terá que informar a outra, sem o que
poderá ter que responder por isso, financeiramente.
Esta é a questão que analisaremos a seguir. Acompanhe. É fácil.

9.1 Concepção e Finalidade

À luz das determinações do artigo 7º, XXI, da Constituição Federal, os


artigos 487 e seguintes da CLT tratam da importante questão do aviso que
previamente o empregado ou o empregador que decidir rescindir o contrato de
trabalho tem de apresentar ao outro.
Portanto, aviso prévio é a comunicação da rescisão do contrato de trabalho
(quando este é por prazo indeterminado), pela parte que decide extingui-lo, com a
antecedência a que estiver obrigada (isto é, com pelo menos oito, ou trinta dias de
antecedência, conforme o pagamento seja respectivamente semanal ou mensal),
conforme o artigo 487 da CLT e com o dever de manter o contrato após essa
comunicação até o decurso daquele prazo, sob pena de pagamento de indenização
igual à remuneração.
Obviamente, se o contrato é por prazo determinado, ou de experiência, só é
devido o aviso prévio se houver rescisão antes da data determinada.

9.2 Conotações de Realce

Outros aspectos referentes ao aviso prévio devem ser ressaltados, dada a


sua importância no contexto da atuação do Administrador.
Acompanhe:

VALOR DA INDENIZAÇÃO Conforme os Artigos 7º, XXI da Constituição Federal, e


artigo 487 da CLT, o valor a ser pago, a título de
indenização, por quem não respeitar o aviso, é
correspondente ao tempo acima mencionado (pelo
menos oito, ou trinta dias, conforme o pagamento seja
semanal ou mensal).
UCDB Virtual 73

AVISO PRÉVIO Não há a necessidade de aviso prévio para o empregado


E que tiver dado causa à rescisão contratual. Igualmente,
FALTA GRAVE se o empregador tiver provocado, de acordo com a lei, o
rompimento da relação empregatícia, o empregado não
precisa avisar previamente o seu desejo de rescindir o
contrato.

Também saiba que, por força do artigo 490 da CLT, não tendo sido culpado da
rescisão, mas vindo a cometer falta grave durante o cumprimento do aviso prévio, o
empregado terá descontado o valor que corresponder ao tempo restante, de acordo
com o definido pelo artigo 491, CLT. O mesmo ocorre quanto ao empregador.
Assim sendo, no caso do empregado eventualmente faltoso, o que ocorre é a
conversão da demissão imotivada para despedida por justa causa, no que se refere ao
restante do tempo de cumprimento do aviso prévio, diante da sua atitude ilícita.
Também nesse aspecto, acontecerá analogamente em caso de falta do
empregador.

AVISO PRÉVIO Conforme o Enunciado n.º 305 do Tribunal Superior do


E Trabalho - TST, cabe o FGTS com referência aos valores
F.G.T.S. pagos a título de aviso prévio, uma vez que tem natureza
salarial.

AVISO PRÉVIO Por culpa recíproca entende-se a responsabilidade tanto


E do empregado quanto do empregador pela rescisão do
CULPA RECÍPROCA contrato de trabalho. Significa o mesmo que dizer que o
contrato foi rescindido por causa de atos indevidos
praticados ao mesmo tempo por um e pelo outro.

ARTIGO 484
CLT

Nesse caso, determinam a Doutrina, a Jurisprudência e a Súmula 14 do


Tribunal Superior do Trabalho - TST, que não há indenização referente a aviso prévio
(e nem ao 13º do ano respectivo, ou férias proporcionais), justamente porque, se
ambos erraram, um não pode reclamar do outro. Dizemos então que houve culpa
recíproca.
No entanto, o artigo 484 da CLT, a esse respeito, estranhamente manda que o
valor seja a metade do que deveria ser se a culpa fosse do empregador.

AVISO PRÉVIO Como ainda veremos mais tarde, quando focalizarmos o


E tema referente aos motivos de rescisão do contrato, a
DESPEDIDA INDIRETA despedida indireta significa a situação criada pelo
empregador de tal modo que induz o empregado a pedir
demissão. Isso ocorre quando o patrão, por exemplo,
determina que o empregado realize tarefas que não lhe
cabem por contrato.
ARTIGO 483
CLT
74 UCDB Virtual

O artigo 483, CLT, que trata principalmente desse tipo de atitude do empregador, exige que este
pague o aviso prévio em hipótese de prática de tais ações. É o que se encontra definido no
conteúdo do parágrafo 3º daquele artigo 483.

AVISO PRÉVIO Muito importante ainda ressaltar que, em caso de estar


E sob aviso prévio o empregado, este trabalhará menos
JORNADA DE TRABALHO duas horas diárias, ou sete dias a menos no
período de trinta dias.
Isto ocorre por reconhecimento da lei de que o
empregado precisa de algum tempo para procurar outro
emprego, uma vez que a rescisão do atual é certa. No
entanto, se o empregado não for procurar outro
emprego nesse período, terá tal direito da mesma forma,
não cabendo ao empregador alegar tal fato.

AVISO PRÉVIO Reconsiderar o aviso prévio significa a decisão de torná-


E SUA lo sem efeito, por parte de quem o tinha informado.
RECONSIDERAÇÃO Portanto, refere-se tanto ao empregador quanto ao
empregado.
Assim sendo, uma vez concedido o aviso prévio, pode a
parte notificante reconsiderar a decisão, cabendo à outra
aceitar ou não tal reconsideração. Se aceitar, o contrato
EXPRESSA de trabalho continua vigorando, como se não tivesse
E TÁCITA havido o aviso prévio.

Essa revogação pode ser tanto expressa (menção verbal ou escrita a respeito
da intenção) quanto tácita (qualquer atitude que demonstre a vontade). Aliás, na área
do Direito do Trabalho as manifestações de vontade não precisam ter forma prescrita
em lei para sua validade. Qualquer forma lícita terá perfeitamente validade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. Consolidação das leis do trabalho. CLT. 36. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
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OBJETIVO DA UNIDADE:
UNIDADE 10
Contribuir para que os Alunos
DA RESCISÃO DO CONTRATO
compreendam as diversas
DE TRABALHO modalidades de extinção ou
rescisão do contrato de
trabalho, bem como as
conseqüências próprias de
cada uma.

Rescisão do contrato de trabalho significa a cessação dos efeitos da relação


empregatícia entre as partes. Portanto é o rompimento dos laços de compromissos e
de direitos existentes entre empregado e empregador.
A rescisão pode ocorrer tanto por iniciativa do empregador, quanto do
empregado.
Existem inúmeras expressões equivalentes, como extinção, resilição,
resolução, dissolução, terminação, e outras. Portanto, na literatura jurídica a respeito
você poderá encontrar qualquer uma dessas formas de expressão.
E observe que apenas o contrato por tempo determinado é extinguível
naturalmente. Claro, tinha já sido determinado entre as partes, empregado e
empregador, o prazo para a prestação de serviços, de acordo com as condições
impostas pela lei a esse respeito.
Mas a rescisão do contrato de trabalho por tempo indeterminado é figura
considerada anormal ou imprópria, isto é, o que se espera é a persistência dos direitos e
compromissos mútuos, e não a cessação da relação empregatícia.
Então, o que se prevê é a continuidade dessa relação empregatícia. Por esse
motivo, somente diante de causas muito sérias, e todas perfeitamente definidas pela lei,
qualquer das partes pode pretender rescindir o contrato de trabalho, sem o que deverá
arcar com as conseqüências legais.
Na verdade, no entanto, veremos que essas conseqüências não são tão sérias
para o empregado que decidir pela rescisão contratual. O empregador, sim,
comparativamente sentirá o maior peso dessas conseqüências, se for sua a decisão
imotivada do rompimento. Basta lembrar que, praticamente, a única conseqüência
para o trabalhador é obrigar-se ao aviso prévio, ou o pagamento de valor
correspondente à remuneração que seria devida pelo tempo do aviso.
Por outro lado, isto já era esperado, porque, como vimos desde o início, o
Direito do Trabalho tem a finalidade de proteger os interesses do empregado, por se
entender que entre ele e o empregador, este possui melhores condições de se defender
do que o outro.
Pois bem: Existem diferentes maneiras de se fazer cessar a relação
empregatícia entre o empregador e o empregado. Analisemos essas principais formas
ou modalidades de extinção do contrato de trabalho.

10.1 Modalidades de Extinção do Contrato de Trabalho

Como mencionamos, a rescisão do contrato de trabalho pode ocorrer por


diferentes maneiras. Vejamos as mais freqüentemente encontradas, focalizando-se
também os tipos de prerrogativas ou direitos das partes em cada hipótese.
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10.1.1 Por Mútuo Acordo

A rescisão contratual por mútuo acordo ocorre quando ambas as partes


manifestam a mesma vontade. Empregado e empregador decidem a mesma coisa:
ambos preferem deixar de manter a relação empregatícia. Não há, propriamente,
qualquer desentendimento entre eles, ou se houver, ambos preferem romper o seu
compromisso como que sem atribuir ao outro a culpa pela decisão.
Portanto, essa modalidade significa rescisão por vontade das partes. Por isso,
nesse caso não haverá necessidade de aviso prévio, nem de indenização (40% da parte
do montante do FGTS sob responsabilidade do empregador), e nem levantamento do
FGTS. Observe que não há no conteúdo do artigo 20 da Lei n.º 8.036/90 a
determinação desse levantamento do saldo da conta do FGTS.
No entanto, como é óbvio, haverá pagamento dos saldos salariais, férias
vencidas e proporcionais, bem como do 13º.

10.1.2 Despedida Indireta

A despedida indireta corresponde ao direito do empregado de romper o


contrato de trabalho diante de faltas graves do empregador no que se refere à relação
empregatícia. Essas faltas consideradas graves estão definidas no bojo do artigo 483
da CLT.
Como exemplos, temos exigências descabidas, desrespeito, riscos de mal
considerável, inadimplência contratual, e outras.
Desnecessário o aviso prévio do empregado ao empregador, mas necessário
o do empregador ao empregado, conforme determina o artigo 487, § 4º da CLT.
Evidentemente, no caso de despedida indireta são direitos do empregado o
levantamento do saldo do FGTS com os acréscimos indenizatórios, o aviso prévio,
bem como as férias e o 13º proporcionais.

10.1.3 Cessação das Atividades da Empresa

Qualquer que seja o motivo da cessação total ou parcial das atividades da


empresa (força maior, atos de governo, falência, supressão de certas atividades ou de
filial, ou qualquer outro), pode haver rompimento do contrato.
Nesse caso, o empregado tem a prerrogativa de, além de auferir todos os
direitos conferidos pela lei, incluindo-se, obviamente, o levantamento do saldo da
conta do FGTS, conforme quer o artigo 20, II, Lei n.º 8.036/90.

10.1.4 Morte do empregador

O empregado pode considerar rescindido do contrato de trabalho,


ocorrendo o falecimento do empregador, se este se constituía em empresa individual.
É o que está preconizado no conteúdo do artigo 483, § 2º da CLT.
Também nessa hipótese, estão garantidos ao empregado todos os direitos
trabalhistas, tal como mencionado no item anterior.

10.1.5 Iniciativa do Empregador

O empregador não precisa alegar quaisquer motivos para despedir o


empregado, desde que este seja indenizado e receba tudo o mais que lhe for de direito.
Assim, se demitido sem justa causa, e não reintegrado, o empregado tem
direito a receber o montante do FGTS acrescido da indenização de 40% sobre a parte
(desse montante) de obrigação do empregador, já acrescido de juros e correção
monetária, de acordo com o artigo 10, I, das Disposições Transitórias da Constituição
Federal, e artigo 16, § 1º, Lei 7.839/89. Conforme a Lei 9.491/97, esse valor da
indenização será depositado na própria conta de FGTS do empregado.
UCDB Virtual 77
10.1.6 Demissão Espontânea do Empregado

Por demissão espontânea do empregado entende-se que este decide deixar o


emprego, tendo que avisar o empregador com antecedência (aviso prévio), sem o que
poderá ser descontado valor correspondente.
Em caso de empregado com mais de um ano de casa, a rescisão deverá ser
homologada pela Delegacia Regional do Trabalho-DRT, ou pelo Sindicato da
categoria profissional do empregado, à luz do artigo 477, § 1º da CLT. Na ausência
desses Órgãos, supre-se-a com o Ministério Público, na pessoa do Promotor de
Justiça, ou com a Defensoria Pública, ou ainda com o chamado Juiz de Paz (atualmente
denominado Juiz de Casamento), se nenhum dos anteriores existir no lugar.
Nessa modalidade de rescisão do contrato, o empregado receberá apenas o
que estiver vencido (créditos trabalhistas), como férias (inclusive proporcionais), 13º
proporcional, mas não o aviso prévio e nem a indenização, bem como também não
levantará o montante dos valores depositados em sua conta de FGTS.

10.1.7 Despedida por Justa Causa

Nessa modalidade incluem-se as causas que podem ser alegadas, seja pelo
empregador, seja pelo empregado, para a rescisão do contrato de trabalho.
Por sua relevância, vejamos os motivos de despedida por justa causa previstos
expressamente em lei, de acordo com o artigo 482 da CLT.

a) Ato de improbidade, que significa a atitude do empregado que desperdiça


materiais, provoca injustificadamente estragos em equipamentos, móveis e outros
bens da empresa, ou de qualquer modo exagera na quantidade ao utilizar materiais;
também é ato de improbidade qualquer atentado do empregado contra os bens de
colegas de trabalho ou de terceiros (clientes, vizinhos, e outros); observe que tais atos
revelam desonestidade, abuso ou fraude, sempre intencionalmente.

b) Incontinência de conduta ou mau procedimento: corresponde à atitude


de desrespeito moral, especialmente por meio de gestos obscenos, exibição de
pornografia, de vida desregrada, ao costume de provocar rixas, e quaisquer outras
formas de ofensas ou excessos que causem mal-estar na convivência das pessoas no
ambiente de trabalho.

c) Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do


empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o
empregado, ou for prejudicial ao serviço.

d) Condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha


havido suspensão da execução da pena. Observe que a condenação passada em julgado
(ou transitada em julgado) significa a decisão judicial que considerou culpado o réu,
depois que não houver mais nenhuma forma legal de recurso do condenado. Portanto,
se ainda não tiver havido o julgamento e seu trânsito em julgado, não se pode utilizar
essa forma de caracterizar a demissão do empregado por justa causa.

e) Desídia, que significa negligência, impontualidade, preguiça, descaso,


indolência, ausência de qualidade dos trabalhos no desempenho das respectivas
funções.

f) Embriaguez habitual ou em serviço: Note que a expressão “embriaguez


habitual” significa o costume de a pessoa embebedar-se de modo costumeiro,
repetitivo, e, portanto não é necessário que tal ocorra somente no ambiente de
trabalho; basta então que se comprove a habitualidade, ainda que a embriaguez só
ocorra fora do ambiente de trabalho, para considerar-se falta grave do empregado.
Evidentemente que basta única embriaguez no trabalho para justificar a demissão por
justa causa.
78 UCDB Virtual

g) Violação de segredo da empresa: A atuação do profissional leva-o


muitas vezes a ter conhecimentos referentes à vida da empresa. Se a divulgação desses
conhecimentos a quem quer que seja favorecer, por exemplo, os concorrentes, ou
trouxer qualquer outro inconveniente semelhante, caracteriza-se como violação de
segredo da empresa. Isto não ocorre, no entanto, se a revelação de informações desse
tipo se der com a autorização do empregador, ou por determinação da autoridade
competente.

h)Ato de indisciplina ou de insubordinação: Por indisciplina entende-se


qualquer desobediência de ordens em geral, do empregador, quando elas forem
determinadas impessoalmente a todos, tais como as normas ou recomendações
expressas em cartazes, quadros de avisos, e outras. Já a insubordinação se refere ao não
cumprimento das determinações dirigidas diretamente ao empregado ou a pequeno
grupo de pessoas.

i) Abandono de emprego: Será esse o motivo de rescisão do contrato


trabalhista por justa causa se a ausência do empregado se prolongar por um certo
tempo, a não ser que antes disso haja comprovação de que existia a intenção do
trabalhador de não mais comparecer ao trabalho. Esse tempo, de acordo com a
jurisprudência, isto é, conforme decide a maioria dos Juízes em casos desse tipo, é de
30 dias. Mas, cuidado: se esse tempo ultrapassar 30 dias, o empregador não tem que
provar nada, podendo despedir por justa causa, pois a lei pressupõe que o trabalhador
realmente não queria mais o emprego; no entanto, caso houvesse justificativas para
que o empregado faltasse ao serviço por mais de trinta dias, ele é que teria que provar
que foi por motivo justo. Por outro lado, se o trabalhador faltar por um período menor
que 30 dias, e o empregador quiser despedi-lo por justa causa, terá que provar que o
empregado faltou sem motivo justificável. Resumindo: A partir de 30 dias de falta ao
trabalho, para não ser demitido por justa causa o empregado é que tem que provar que
esteve ausente por motivo justificável (se não o empregador pode demitir sem ter que
provar nada); mas, o trabalhador faltando por menos de 30 dias, o empregador terá
que provar que foi culpa do empregado, para poder demiti-lo por justa causa.
Portanto, insisto para você não ficar com nenhuma dúvida: a partir de 30 dias, ônus
da prova para o empregado; menos de 30 dias, ônus para o empregador.

j) Ato lesivo da honra contra qualquer pessoa: Ato lesivo da honra ou da


boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas
condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem. Observe que a
referência aqui é a qualquer pessoa, diferentemente do que temos no próximo item.

k) Ato lesivo da honra contra o empregador: Ato lesivo da honra e boa


fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos,
salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem. Então, a ofensa neste item se
refere apenas ao empregador e aos que ocuparem cargo de chefia em nível superior ao
ofensor. Na verdade, esses itens “j” e “k” poderiam ser mencionados juntos, não é
mesmo?

l) Prática constante de jogos de azar: Por jogo de azar se entende qualquer


tipo de aposta valendo algum bem (dinheiro, objetos, obrigações ou compromissos
pessoais, e outros). O item não se refere a apostas autorizadas pelas normas, tais como
as que ocorrem em casas lotéricas ou assemelhadas.

O artigo 482, CLT, que estamos analisando, traz seu parágrafo único a
respeito de prática de atos atentatórios à segurança nacional. Para que o empregador
possa demitir por justa causa o empregado por esse motivo, há necessidade de
comprovação em inquérito administrativo. Como você pode perceber, esse é um
motivo de difícil ocorrência hoje em dia. Já foi, antigamente, mais freqüente.
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Outros Motivos: A lei ainda prevê que a aposentadoria, ou a morte do


empregado, bem como os chamados “motivos de força maior” são causas de
rompimento da relação de emprego, conforme os mandamentos dos artigos 501 e 502
da CLT.

Esses motivos de força maior significam aqui situações causadoras de


prejuízos (que levem o patrão a ter que demitir empregados) das quais o empregador
não poderia ter conhecimento prévio (portanto, imprevisíveis) e as quais, ainda que
conhecesse, não conseguiria evitar. Como exemplos, um incêndio, uma enchente, uma
praga, uma ventania destruidora.
Portanto, se de algum modo a ocorrência calamitosa for previsível, ou houver
possibilidade de o empregador intervir para evitá-la, esta não será considerada motivo
de força maior, e assim, o empregador não poderá deixar de indenizar o empregado se
o despedir por isso.
Também não se esqueça de que, para que a força maior seja causa de
rompimento do contrato de trabalho, portanto sem a indenização, é importante que
não tenha havido culpa (isto é, sem a vontade de que ocorra) nem dolo (isto é, com a
vontade de que aconteça) do empregador.
Mas veja que existem certas ocorrência danosas que, ainda que imprevisíveis e
inevitáveis, NÃO são consideradas força maior.

Confira:
1. Fatos imprevisíveis ou inevitáveis que não abalem as finanças da empresa;
2. Medidas governamentais de caráter geral na economia, tais como elevação
exagerada dos juros de mercado, a suspensão de importações ou exportações de algum
bem, e outros (conforme se tem constatado na jurisprudência do Tribunal Superior do
Trabalho-TST);
3. extinção de algum departamento ou setor da empresa, por estar
ultrapassado (também conforme a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho- Existia, antes, a figura da concordata,
anterior à falência, e significava a
TST); situação em que a lei, por meio de
4. Incêndio, se não houver seguro contra fogo (de novo em conformidade decisão judicial, concedia ao
comerciante de boa-fé a possibilidade de
com a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho /TST); renegociar suas dívidas com os credores,
de tal modo que possa tentar evitar a
5. Mau tempo em atividades em céu aberto (ainda com base na jurisprudência falência definitiva por meio do
do TST); atividade em céu aberto significa aquela realizada em ambientes sem pagamento das dívidas em um certo
prazo; se não conseguisse o pagamento
proteção contra o sol, o vento, a chuva, e outras intempéries; nesse prazo, o Juíz decretava a falência
6. Falência à luz do artigo 449 da CLT definitivamente.

10.2 Indenizações de Despedida em Contrato por Prazo


Indeterminado

Se falarmos em indenização, é porque se trata de despedida sem justa causa,


não é mesmo?? Nesse caso, e em se tratando de contrato por prazo indeterminado, o
empregado tem direito a receber o montante do FGTS (já aplicados juros e correção
monetária, conforme o artigo 10, I, Disposições Transitórias da Constituição Federal,
e artigo 16, § 1º, da Lei 7.839/89) acrescido da indenização de 40%. Mas não se
esqueça de que, tal como já mencionado, esses 40% incidem apenas sobre o montante
sob a responsabilidade do empregador que demite.

E assim, vimos o essencial e possível com referência às normas do DIREITO DO TRABALHO.


A seguir veremos as principais conotações da área do DIREITO TRIBUTÁRIO.
Não desanime!
Falta muito pouco agora!
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Atividade 10.1
Faça um breve resumo sobre a relação empregatícia, apontando como ocorre
É hora de seu início, as obrigações dos empregadores e empregados, e seu término.
trabalhar!
Se usar outras fontes de pesquisa, nãos e esqueça de citar as fontes!

Submeta esta atividade por meio da ferramenta Tarefas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. Consolidação das leis do trabalho. CLT. 36. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

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