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3ª e 4ª aula – 22/10/10

Breve resumo da aula:

• Caracterização da relação médico/paciente ao longo dos tempos.


• Identificação dos problemas que actualmente contribuem para a
deteorização da relação médico/paciente.
• Humanizar os cuidados de saúde

A relação que se estabelece entre médico e paciente, pode ser


resumida à seguinte premissa: [a relação] é um encontro entre uma
confiança e uma consciência.
Quer isto dizer que esta relação parte sempre do princípio de que o
doente recorre a um determinado médico porque confia nele (ou
porque foi recomendado, porque tem optima fama, já é seu médico,
etc); o início da própria consulta valida esta confiança. Isto quer
também dizer que o médico é conscientemente responsável por tudo
aquilo que lhe é confiado pelo paciente, bem como pela sua condição
física, emocional e psicológica.
Sempre que um paciente recorre a um médico, o equilibrio que
actualmente aceitamos como correcto entre duas pessoas, baseado no
respeito pela autononomia pessoal, está comprometido.
Um paciente está invariavelmente frágil porque tem algum tipo de
desconforto ou sofrimento e recorre a um profissional que tem o
conhecimento técnico e a capacidade para decidir qual o melhor
procedimento para eliminar ou aliviar esse desconforto.
O médico tem de ter sempre presente dois dos seus deveres
principais: a) respeitar a autonomia da pessoa (paciente); b) prestar um
serviço profissional que tem como objectivo a cura.
Dada a natureza delicada em que quase todos os pacientes se
encontram (sofrimento), é muito dificil que o equilibrio desta relação
seja mantido. Na relação médico/paciente, o paciente depende do
médico. Com isto, não podemos assumir que esta relação é
intrinsecamente desigual; esta relação é, sim, formalmente desigual.
Este é o relato de um médico que, devido a um problema de saúde,
se transformou ele mesmo em paciente e que retrata a desigualdade
que venho a descrever:

“No espaço de uma a duas horas, transformei-me, de um estado


saudável, a uma condição de dor, de incapacidade física. Fui internado.
Eu era considerado um médico tecnicamente preparado e respeitado
pelos colegas, no entanto, como paciente, tornei-me dependente dos
outros e ansioso. Ofereciam-me um suporte técnico à medida em que
eu me submetia a um considerável nível de dependência”

Até bem recentemente, o médico tinha um estatuto sacerdotal,


quase divino, no sentido de que a sua acção era reverenciada sem
questão.
" Eu juro, por Apolo médico, por Esculápio, Hígia e Panacea
e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir
segundo meu poder e minha razão (…)”
O início do Juramento de Hipocrates validam esta afirmação: uma
pessoa comum tornava-se num médico com o consentimento dos
deuses e agia com poder (à frente da razão) equivalente ao divino.

Falou mais o SENHOR a Moisés e a Arão, dizendo:


Quando um homem tiver na pele da sua carne, inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, na
pele de sua carne como praga da lepra, então será levado a Arão, o sacerdote, ou a um de seus
filhos, os sacerdotes.
E o sacerdote examinará a praga na pele da carne; se o pêlo na praga se tornou branco, e a
praga parecer mais profunda do que a pele da sua carne, é praga de lepra; o sacerdote o examinará,
e o declarará por imundo.
Mas, se a mancha na pele de sua carne for branca, e não parecer mais profunda do que a pele,
e o pêlo não se tornou branco, então o sacerdote encerrará o que tem a praga por sete dias(…)

Levítico, 13.

Muitos são os exemplos de curandeiros, xamãs, endireitas, etc, que


em várias sociedades, varias tribos e durante vários séculos, ganharam
estatutos divinos por exercerem a arte de curar.
Na relação entre o médico divino e o paciente, não eram levados em
conta os desejos, crenças ou opiniões dos pacientes. O médico exercia
não só a sua sabedoria e a sua técnica, mas também o seu poder na
relação com o paciente. O estatuto de paciente estava sempre revestido
de uma conotação negativa: a própria etimologia da palavra atesta esta
fragilidade do estatuto de paciente, em grego antigo paciente significa
aquele que sofre.
A análise marcada pela perspectiva histórico-estrutural evidencia
que o médico, ao contrário das outras profissões, não perdeu a
propriedade do saber e do fazer com a consolidação do modelo
capitalista. Entretanto, paralelamente a esta transformação da
sociedade, observa-se a valorização da ciência e, assim, a
intelectualização dos saberes. A medicina teria passado pela
universalização de seus actos, tendo como objeto da sua ciência o
doente que, nesta condição, perdeu suas diferenças sociais para ser
objecto do saber reconhecido cientificamente. Nesta condição, o acto
médico configura-se como acto repetidor dos conhecimentos
habilitados pela ciência, tendo, assim, entrado no universo das séries de
produção, aquelas que marcam a sociedade industrial-tecnológica em
que vivemos.
A relação doente-médico é considerada como produtora de
ansiedade, tanto para os médicos como para os pacientes.
A formação médica é intensamente orientada para aspectos que se
referem à anatomia, à fisiologia, à patologia, à clínica, desconsiderando
muitas vezes a história da pessoa doente, o apoio moral e psicológico.
Face a essa realidade, o primeiro ponto a ser colocado para reflexão é
relativo ao comportamento profissional do médico que deve
incorporar cuidados ao sofrimento do paciente, possivelmente
divergente do modelo clínico. Isto não significa que os profissionais de
saúde tenham que se transformar em psicólogos ou psicanalistas, mas
que, além do suporte técnico-diagnóstico, se faz necessário uma
sensibilidade para conhecer a realidade do paciente, ouvir as suas
queixas e encontrar, juntamente com o paciente, estratégias que
facilitem sua adaptação ao estilo de vida exigido pela doença.
A doença é interpretada pela concepção biomédica como um desvio
de variáveis biológicas em relação à norma. Este modelo,
fundamentado em uma perspectiva mecanicista, considera os
fenômenos complexos como constituídos por princípios simples, isto é,
relação de causa-efeito, distinção cartesiana entre mente e corpo,
análise do corpo como máquina, minimizando os aspectos sociais,
psicológicos e comportamentais. Se, por um lado, baseados nestes
princípios, foram conquistadas importantes transformações a partir do
século XIX, como o nascimento da clínica, a teoria dos germes de
Pasteur e até os recentes sucessos nos estudos de genética, imunologia,
biotecnologia,etc, por outro têm sido desprezadas as dimensões
humana, vivencial, psicológica e cultural da doença. Em se tratando
dos padrões de comunicação verbal e não-verbal, assim como a
variedade de padrões comunicacionais, são muitos os problemas que
surgem na relação médico-paciente; alguns deles são: a) a
incompreensão por parte do médico das palavras utilizadas pelo
paciente para expressar a dor, o sofrimento; b) a falta ou a dificuldade
de transmitir informações adequadas ao paciente; c) a dificuldade do
paciente na adesão ao tratamento, entre outros.

Artigos da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos


a consultar para uma clarificação da temática:
Artigo 2º alinea c) e g)
Artigo 3º 1 e 2
Artigo 5º
Artigo 8º
Artigo 10º
Artigo 11º
Artigo 12º
Artigo 13º
Artigo 18º
COMO HUMANIZAR OS CUIDADOS DE SAÚDE?

a) Rapidez no acesso aos cuidados de saúde;


b) Garantia de cuidados de qualidade;
c) Participação nas decisões e respeito pelas suas preferências;
d) Informação clara, compreensivel e apoio à autonomía;
e) Amenidades;
f) Apoio emocional, empatia e respeito;
g) Envolvimento de familiares e prestadores de cuidados de
saúde;
h) Continuidade de cuidados;

A humanização dos serviços corresponde a uma maior


satisfação dos utentes/pacientes.
Um utente satisfeito:
• Cumpre melhor as indicações terapêuticas;
• Usa menos recursos de saúde;
• Tem maior confiança no sistema de saúde;
• Tem maior predisposição para a condescendência de
erros;
• Tem maior tolerância à espera;
• Tem maior tolerância ao risco;
• Pode, eventualmente, ter diminuição do número de
complicações e de desconforto como resultado de uma
menor preocupação.

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