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UFRN/CCHLA/DEPARTAMENTO DE LETRAS

DISCIPLINA: LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO


SEMESTRE LETIVO: 2010.2 PROFESSOR: EDVALDO BISPO
ALUNO(A):__________________________________________________________ DATA:__________________

USO DA VÍRGULA

CAMARGO, T. N. de. Uso da Vírgula. Barueri, SP: Manole, 2005. (Entender o Português)

1. NUNCA SEPARAR O SUJEITO DO PREDICADO

Entre o sujeito da oração e o verbo existe um forte vínculo sintático motivo pelo qual não se usa vírgula entre tais
elementos.
Veja:
• O problema e a sua solução [sujeito] podem passar do campo da polícia para o do tratamento médico.
• A reação conciliadora [sujeito] repercutiu mal no Congresso.
• Mais importante que repreendê-lo é ensiná-lo a comportar-se em uma situação como essa [sujeito
posposto].
• Os que acreditaram nas promessas do candidato [sujeito] decepcionaram-se após as eleições.
OBS. 1:
Na dúvida, para certificar-se de que uma expressão exerce a função de sujeito, formule a pergunta quem? (ou quê?)
ao verbo. O elemento que contém a resposta à pergunta é o sujeito. Assim, por exemplo, no período A honra de todos os
generais é mais importante que a vida, pergunta-se: o que é mais importante que a vida? A resposta a essa pergunta será o
sujeito do verbo ser: a honra de todos os generais.

OBS. 2: Não separe também orações que funcionem como sujeitos.

• Quem viver [sujeito na forma de oração] verá.


• Convém que todos se conscientizem do problema.
[sujeito na forma de oração após o verbo]

2. NÃO HÁ VÍRGULA ENTRE O VERBO E SEUS COMPLEMENTOS.

Veja:
• Ele experimentou [verbo] uma sensação estranha [complemento].
• Perguntou [verbo] aos filhos [complemento] se chegariam tarde [complemento].
• Aos pais [complemento] ele pediu [verbo] dinheiro e apoio [complemento].

3. DE MODO GERAL, NÃO HÁ VÍRGULA ENTRE TERMOS QUE COMPLEMENTAM


OUTRAS PALAVRA
Veja:
• A bancada do partido votaria contrariamente [advérbio] à medida [complemento do advérbio].
• O presidente não obteve o apoio [substantivo] de todos os partidos [complemento do substantivo]
4. NÃO HÁ VÍRGULA ENTRE NOMES E TERMOS QUE RESTRINGEM O SIGNIFICADO
DESSES NOMES

Restringir é limitar, delimitar, dar uma qualidade, especificar. Veja:

• Os alunos [nome] novos [termo restritivo] serão recebidos pelo diretor.


• Os alunos [nome] que estudam no período noturno [expressão restritiva] farão provas aos sábados.

5. OS ADJUNTOS ADVERBIAIS

As expressões que indicam circunstâncias de tempo, modo, causa, lugar (chamadas de adjuntos adverbiais) não são
separadas por vírgula quando colocadas no final da oração. Veja:

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• A escola começou a funcionar há quatro meses [adjunto adverbial de tempo].
• Quero conseguir um diploma agora [adjunto adverbial de tempo].
• Os dois estavam sentados em um pequeno barco de pesca [adjunto adverbial de lugar].
• Chorava e esperneava de desespero [adjunto adverbial de causa].
• O candidato não fará declarações enquanto os resultados das pesquisas não forem divulgados [adjunto
adverbial de tempo em forma de oração].

OBS.:
Quando a oração está na ordem direta, ou seja, tem um sujeito, um verbo com seus complementos e, por fim,
adjuntos adverbiais, como vimos nos exemplos acima, não há necessidade de vírgulas. Assim, mesmo em uma frase longa,
podemos dispensar o uso das vírgulas. Veja:

• O medicamento [sujeito] foi retirado [verbo] das farmácias após a divulgação do laudo [adjuntos] que atestava
ter havido [verbos] contaminação [complemento] durante o processo de embalagem do produto [adjunto].

6. OS ADJUNTOS ADVERBIAIS RECUADOS

A vírgula também pode assinalar a inversão da ordem direta das frases. Convém empregá-la quando o adjunto
adverbial é recuado para o início do período, o que ocorre, geralmente, quando se pretende enfatizar o seu conteúdo. Veja:

• Há quatro meses, a escola começou a funcionar. [adjunto adverbial de tempo]


• Agora, quero conseguir um diploma e me tomar um profissional. [adjunto adverbial de tempo]
• Enquanto os resultados das pesquisas não forem divulgados, o candidato não fará declarações. [adjunto
adverbial de tempo: oração subordinada adverbial temporal]
• Em Minas Gerais, houve protestos contra as privatizações. [adjunto adverbial de lugar]
• Com a chegada do verão, as roupas de inverno serão vendidas por preços mais baixos. [adjunto adverbial de
causa e/ou de tempo]
• Embora conhecessem as regras do jogo, todos esperaram pelas explicações do instrutor. [circunstância de
concessão: oração subordinada adverbial concessiva]
• Se tivessem chegado mais cedo, teriam ouvido as belas palavras do orador. [circunstância de condição: oração
subordinada adverbial condicional]
• São Paulo, 21 de outubro de 2002. [adjunto adverbial de lugar]
• Diferentemente do que foi informado, o espetáculo não estrearão no próximo sábado, mas no próximo
domingo. [adjunto adverbial de modo]
OBS.1:
Quando a expressão adverbial que inicia o período é uma palavra só (lá, agora, hoje...), o emprego da vírgula não é
obrigatório. Com palavras curtas, normalmente não ocorre a pausa na fala, exceto quando se pretende enfatizar o primeiro
elemento. Veja:
• Hoje todos têm um telefone celular.
• Aqui não se fuma.
• Lá se vai nossa última esperança!
• Lá se come mais peixe do que carne. [sem ênfase]
• Lá, come-se mais peixe do que carne. [com ênfase]
OBS. 2:
Nos dois últimos exemplos, note que a colocação do pronome átono (se) foi alterada pela presença da vírgula. O
advérbio lá antes do verbo e a ele ligado sem pausa faz com que o pronome átono fique também antes do verbo; mas,
havendo a pausa enfática (representada pela vírgula), o pronome ficará após o verbo.

7. OS ADJUNTOS ADVERBIAIS INTERCALADOS

Os adjuntos adverbiais (que, como vimos, também aparecem, em forma de oração) podem vir intercalados, ou seja,
interrompem a ordem direta da frase. Nesses casos, é preciso usar duas vírgulas. É comum o esquecimento da primeira
vírgula, o que nunca deve ocorrer. Veja:
• João e Ana nunca tiveram problemas financeiros. Mas, depois dessa trapalhada toda de separação, as crianças
passaram até fome. [adjunto adverbial de tempo]
• Sabemos que ainda há um problema na empresa. E, se esse problema emergir antes de três anos, voltaremos a

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conversar. [circunstância de condição: oração subordinada adverbial condicional]
• Todos sabiam que, embora fosse um bom pai, ele tinha momentos de muita impaciência. [circunstância de
concessão: oração subordinada adverbial concessiva]

8. O PREDICATIVO DO SUJEITO

Predicativo do sujeito é um termo que pode iniciar um período, indicando uma característica momentânea ou
circunstancial. Nesse caso, deve ser separado por vírgula. Veja:

• Preocupado, ele olhava o relógio de cinco em cinco minutos. [predicativo (antecipado) do sujeito ele]
• Ansiosas, mãe e filha esperavam o resultado do exame. [predicativo (antecipado) do sujeito mãe e filha]

OBS.:
Como o predicativo do sujeito pode deslocar-se no interior da oração, devemos assinalar com vírgulas a sua
intercalação entre termos complementares. Veja:
• Mãe e filha esperavam, ansiosas, o resultado do exame. (Nesse caso, o predicativo, embora se refira ao sujeito da
oração, está posto entre o verbo e o complemento verbal; por interromper a ordem direta da frase, deve ficar entre
vírgulas.)
• Mãe e filha, ansiosas, esperavam o resultado do exame. (O predicativo está posto entre o sujeito e o verbo,
interrompendo uma relação de forte vínculo sintático. Por isso deve ficar entre vírgulas.)
• Mãe e filha esperavam o resultado do exame ansiosas. [O predicativo posto no fim do período não requer vírgula, a
menos que sua ausência provoque ambiguidade (duplicidade de sentido)]. Veja o caso abaixo:
• “O soldado voltou-se como um tigre, ferido pelas costas.” (D. Olímpio)
Sem a vírgula, entenderíamos que o adjetivo ferido se refere a tigre quando, na verdade, se refere ao sujeito
soldado; é, pois, um predicativo deslocado, e exige a vírgula, principalmente, por clareza.

9. O APOSTO

Chama-se aposto a expressão que explica ou especifica outro termo da frase. Note que ele pode ser composto de
várias palavras, mas seu núcleo sempre um substantivo. O tipo mais comum de aposto é o chamado aposto explicativo.
Veja:

• Rodolfo Almeida, vice-presidente, e Ademar Ruiz, sub-gerente, visitaram o sindicato.


• Ângela Maria, famosa cantora popular, decidiu aposentar-se.
OBS.1:
Embora seja mais frequente a construção em que o nome próprio é explicado pelo aposto, como se viu nos
exemplos anteriores, pode ocorrer a situação inversa, ou seja, o nome próprio é que pode funcionar como aposto de um
substantivo qualquer.
Veja:
• O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou-se favorável ao acordo.
Na construção acima, o nome do presidente tem valor de explicação da expressão presidente da República. É,
portanto, um aposto explicativo. Note que seria possível antepor-lhe a expressão que é ("que é presidente...").

OBS. 2:
O aposto pode ser um termo especificativo (e não explicativo). Nesse caso, não se admite o uso da vírgula. Veja:
• O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou-se favorável ao acordo.
No exemplo, o nome próprio (de sentido específico) particulariza o nome comum (de sentido genérico). O termo de
caráter especificador que se segue imediatamente ao correspondente de caráter genérico é chamado aposto especificativo.
Nesse caso, como dissemos, não se usa a vírgula. Veja outro exemplo:
• "Rua da União...
Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame do Dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
... onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua Aurora...

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... onde se ia pescar escondido"
(trecho de "Evocação do Recife", de Manuel Bandeira)

Observe que a palavra rua tem sentido genérico e que os substantivos próprios que a nomeiam (da União, do Sol, da
Saudade, Aurora) têm sentido específico. Estes, nos versos de Manuel Bandeira, funcionam como apostas especificativos
(sem vírgula).

OBS.3:
O aposto também pode aparecer no início do período (nesse tipo de construção, geralmente se omite o artigo). Deverá,
nesse caso, ser separado por vírgula do restante da frase. Veja:

• Marco do movimento tropicalista, a canção "Alegria, Alegria", de Caetano Veloso, integrará a trilha
sonora do documentário.
• Primeira escritora a entrar na Academia Brasileira de Letras, Rachel de Queiroz foi autora de vasta
obra, da qual se destaca o romance O Quinze.

10. OS OBJETOS DIRETOS E INDIRETOS ANTECIPADOS

Os complementos dos verbos (chamados de objeto direto e objeto indireto) podem ser trazidos para o início do
período e retomados por um pronome. Nesse tipo de construção, o objeto direto é separado por vírgula, ganhando, assim,
mais ênfase. Veja:

• A carta, traga-a imediatamente! [objeto direto antecipado e retomado pelo pronome a]

11. O VOCATlVO

O vocativo é o termo usado para interpelar ou chamar a pessoa com quem se fala. Pode estar no início, no meio ou
no fim da oração e sempre deve ser separado por vírgulas. Veja:

• “Meu Deus, por que me abandonaste


se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco?”
(trecho de "Poema de Sete Faces", de Carlos Drummond de Andrade)

• "Bem vejo que me podeis dizer, Senhor, que a propagação de vossa Fé e as obras de vossa glória não depen-
dem de nós, nem de ninguém (.,,)"
(trecho do "Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as da Holanda", de padre Antônio Vieira)

• "Ó Fulô! Ó Fulô!


(Era a fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!”
(trecho de “Essa Negra Fulo”, de Jorge de Lima)

OBS: O vocativo pode vir antecedido de interjeição ó (não confundida com oh, que indica espanto ou admiração). Havendo
maior necessidade expressiva, pode ser usado o ponto de exclamação após o vocativo.

12. AS INTERRUPÇÕES NA FRASE

A vírgula também assinala as interrupções na frase. Quando se intercalam elementos entre termos que se
complementam, esses elementos, palavras ou expressões ficam entre vírgulas. As vírgulas indicam que o termo intercalado
pode ser retirado da frase ou simplesmente deslocado sem prejuízo da significação. Veja:

• A decisão do governo, eles avaliam, deve-se aos índices de inflação divulgados na semana passada.
• Ninguém sabia, mas, por causa da situação do Corinthians no Campeonato Brasileiro, a perspectiva de
faturamento do clube diminuiu.
• Censurar os argumentos do adversário, agora definitivamente transformado em inimigo a vencer ou, no
mínimo, a silenciar, não vai fazer desaparecer a situação que produz tais argumentos.
• Para ela, o general é um cadáver político e deverá recorrer a qualquer subterfúgio, dos mais covardes e
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miseráveis, para tentar se salvar.
OBS.:
As expressões explicativas (por exemplo, ou seja, isto é), corretivas (ou melhor, aliás, do contrário), de ideias
que se opõem (não obstante, mesmo assim, ainda assim) e de continuação (então, afinal) interrompem a frase, portanto
são sempre isoladas por vírgulas. Veja:

• No primeiro tempo, por exemplo, o jogador mostrou todo o seu potencial.


• Existem, sim, múltiplas interpretações de leis e contratos, isto é, das normas jurídicas em geral.
• Talvez, afinal, vocês tenham razão, mas campanhas políticas jamais foram puras desde que inventaram as
eleições, que, não obstante, continuam sendo o melhor meio de escolher dirigentes.
• Os jogadores paraguaios já não demonstram, aliás, mais a mesma força de outros tempos.
• Os movimentos sociais estão fazendo exigências legítimas e é preciso construir canais de diálogo. Do contrário,
só há uma forma de deter os movimentos sociais: a ditadura.
• Imagine passar o réveillon em uma favela em Paris, ou melhor, em uma favela brasileira em Paris.
• Estas ações foram todas cometidas por pessoas movidas pelo fanatismo religioso; além disso, a maioria se
dirigiu contra "alvos moles", ou seja, civis indefesos.
• Estamos, afinal, todos do mesmo lado.

13. AS CONJUNÇÕES

Conjunções são as palavras responsáveis pela ligação entre orações. Normalmente iniciam a oração e, em muitos
casos, são antecedidas de vírgula. Algumas delas (porém, entretanto, todavia, contudo, pois, portanto etc.) podem
aparecer deslocadas do início da frase, situação em que devem estar entre vírgulas. Veja:

• O professor explicou a matéria, porém os alunos não a entenderam. [conjunção no início da oração]
• O professor explicou a matéria; os alunos, porém, não a compreenderam. [conjunção deslocada, ou seja,
intercalada entre sujeito e o predicado da segunda oração]
• Está chovendo muito, portanto não sairemos para o passeio. [conjunção no início da oração]
• Está chovendo muito; não sairemos, portanto, para o passeio. [conjunção deslocada, ou seja, intercalada entre
o verbo e o adjunto adverbial da segunda oração]
OBS.:
Quando a conjunção está deslocada (e, portanto, entre vírgulas), usamos o ponto e vírgula para separar as orações,
como ocorreu no exemplo acima. O ideal, quanto às conjunções, é estudarmos sua virgulação caso a caso.

13.1 MAS, PORÉM, CONTUDO, TODAVIA, ENTRETANTO, NO ENTANTO

As conjunções que indicam oposição sempre são separadas do elemento anterior por vírgula. Quando intercaladas,
isto é, quando não iniciam a oração, vêm entre vírgulas, como já vimos. Somente a conjunção mas nunca aparece intercalada.
Veja:

• A justiça tarda, mas não falha.


• Correu muito, todavia não chegou a tempo de encontrá-lo.
• Correu muito; não chegou, todavia, a tempo de encontrá-lo.
OBS.1:
A expressão e sim tem o sentido de mas e, como tal conjunção, é precedida de vírgula. Veja:

• Os conservadores não desejam inovações, e sim continuidade.


[Os conservadores não desejam inovações, mas continuidade]

OBS.2:
Não use a vírgula entre o e e o sim, pois, nessa construção, a palavra sim não está intercalada. Use-a, porém, entre
o mas e o sim, quando a palavra sim enfatizar a idéia de oposição. Veja:

• Os conservadores não desejam inovações, mas, sim, continuidade.


Note que a palavra sim colocada após a conjunção mas pode ser retirada da frase sem que isso provoque alteração
de sentido (está intercalada), mas a mesma palavra posta após a conjunção e, se retirada da frase, provoca mudança de

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sentido (não está intercalada).

13.2. PORQUE

A conjunção porque pode apresentar dois sentidos. Tanto pode introduzir a explicação do que foi dito antes
(conjunção coordenativa) como a causa do fato mencionado (conjunção subordinativa). Quando tem sentido explicativo,
a conjunção é obrigatoriamente antecedida de vírgula. É necessário, então, fazer a distinção entre o sentido explicativo e o
causal.

I. A conjunção coordenativa explicativa encabeça uma oração que justifica (explica, esclarece) a ideia anterior. Veja:

• Choveu, porque o chão está molhado.


Se o chão está molhado, alguém pode deduzir que choveu. Em suma, o fato de o chão estar molhado torna pos-
sível dizer (ou explicar) que choveu. A explicação é um fato deduzível.

• O cavalo estava faminto, porque comeu rapidamente.


Se o cavalo comeu rapidamente, é possível deduzir que ele estava faminto. Em suma, o fato de ter comido
rapidamente torna possível dizer (ou explicar) que ele estava faminto.

• Volte logo, porque é tarde.


Já que é tarde, é bom voltar. O fato de ser tarde justifica (ou explica) o ato de alguém mandar ou pedir que outra
pessoa volte. [Vale lembrar, que, após orações com verbo no modo imperativo (volte), geralmente vem a conjunção
explicativa, que sempre deve ser antecedida de vírgula.]

II. A conjunção subordinativa causal encabeça uma oração que exprime a causa de um acontecimento, isto é, aquilo
que o provoca. Nesse caso, não se deve usar vírgula. A causa de um fato está tão ligada a ele por vínculo lógico e
sintático que não permite a vírgula. Nesse caso, não há um fato que possa ser deduzido, diferentemente da
explicação que se constitui como um fato deduzido. Veja:

• Pedro faltou à reunião porque está doente.


A causa de Pedro ter faltado à reunião foi o fato de estar doente.
• O jogo foi encerrado porque chovia muito.
A causa de o jogo ter sido encerrado foi o fato de chover muito.

OBS.: Pode ocorrer a inversão da ordem das orações quando a conjunção porque exprime causa. Nesse caso, temos de
empregar a vírgula para separar as orações (veja que essa situação equivale àquela em que recuamos o adjunto adverbial,
deixando-o no início do período). Veja:
• Porque chovia muito, o jogo foi encerrado.
• Como chovesse muito, o jogo foi encerrado.
13.3. POIS

A conjunção pois pode apresentar dois sentidos, estabelecidos de acordo com a posição que ocupa na oração.

I. No início da oração, introduz a explicação do que foi dito antes (tem o mesmo valor do porque explicativo) e é,
como a maioria das conjunções, antecedida de vírgula. Veja:
• Todos ficaram satisfeitos, pois não houve reclamações.
• Choveu, pois o chão está molhado.
• O cavalo estava faminto, pois comeu rapidamente.
II. Intercalada na oração à qual pertence, introduz a conclusão do que foi dito antes (nesse caso, tem o mesmo valor de
portanto). Veja:
• Era corajoso; enfrentaria, pois, as dificuldades.
• A esposa do major era muito exigente; não aceitaria, pois, a presença de agregados na casa.
OBS.:
Note que as orações estão separadas por ponto e vírgula (pausa mais extensa que a da vírgula) por causa da
intercalação da conjunção. Nesse tipo de construção, o ritmo da leitura da frase distingue a pausa mais longa (que separa as
orações) da pausa mais breve (que assinala o deslocamento da conjunção).

13.4. E
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A conjunção e, em geral, não é antecedida de vírgula, pois exprime a soma de ideias. Pode, indicar a adição de dois
elementos ou orações ou o término de uma enumeração. Veja:
• O chefe-de-gabinete da prefeitura e toda a assessoria de imprensa foram à solenidade. [a conjunção e está
ligando os dois núcleos do sujeito]
• Eu saí e fui ao cinema. [a conjunção e está ligando duas orações com o mesmo sujeito]
• Já mantivemos o poder por 40 anos e sobrevivemos a coisas bem piores anteriormente. [a conjunção e
está unindo duas orações com o mesmo sujeito]
• Maria, Jonas, Dirce e Felipe estudavam durante o dia. [a conjunção e está indicando o término de uma
enumeração]
OBS.:
A conjunção e deve ser antecedida de vírgula em algumas situações.
I. Quando une orações com sujeitos diferentes. Veja:
• A emoção foi grande, e a plateia aplaudiu entusiasmada.
[as orações têm sujeitos diferentes (a emoção e a plateia), daí o uso da vírgula]
No exemplo acima, deve-se dizer que a vírgula não é obrigatório; poderia ser omitida, pois, embora as orações
tenham sujeitos diferentes, não existe a possibilidade de ambiguidade, o que ocorreria no exemplo seguinte caso não
houvesse vírgula antes do e:
• Ganhamos prêmios em dinheiro, e brindes foram distribuídos entre os participantes da gincana.
A ausência da vírgula levaria o leitor a uma leitura equivocada, algo como: Ganhamos prêmios em dinheiro e
brindes...

II. Quando liga elementos numa enumeração enfática. Veja:

• Ele fez o céu, e a terra, e o mar, e tudo quanto há neles.


• Ela entra, e sai, e entra, e sai sem parar.

III. Quando, antes do advérbio não, introduz uma oração que exprime substituição. Veja:

• O chefe promoveu a secretária, e não o auxiliar.

Observe que, nesse tipo de construção, a conjunção e pode ser suprimida. Veja:

• O chefe promoveu a secretária, não o auxiliar.

13.5. NEM

A conjunção nem também tem valor aditivo, porém une elementos que exprimem ideias negativas. Em geral,
dispensa o uso da vírgula, exceto nas enumerações enfáticas. Veja:

• Nem eu nem ele chegamos cedo ao escritório hoje. [ adição de idéias negativas]
• Ninguém foi com ele, nem o pai, nem a mãe, nem o filho. [enumeração enfática] .
13.6. NÃO SÓ... MAS TAMBÉM, TANTO... COMO

Nas estruturas encabeçadas por elementos aditivos do tipo não só... mas também..., tanto... como..., evitamos o
emprego da vírgula. Tais séries reforçam o vínculo entre as ideias, motivo pelo qual a vírgula não é bem-vinda nessas
construções, mesmo que sejam um pouco longas. Veja:

• Ele foi incluído entre os acusados porque não apenas sabia o que estava acontecendo como também
participava pessoalmente de atos deploráveis.
• Ela espera maior pressão popular para a instalação de CPIs tanto na Câmara Municipal como em Brasília.
• Não só falava alto mas também gesticulava.
OBS.:
Não se deve confundir a construção em que se emprega a ideia aditiva não só... mas também com aquela em que
se articulam o advérbio de negação e a conjunção coordenativa adversativa na estrutura não isso, mas aquilo. Neste último
caso, há vírgula. Veja:
• Dançava não só samba mas também bolero. [adição - sem vírgula]
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• Dançava não samba, mas, sim,bolero[substituição/oposição enfática – com vírgula]
• Dançava não samba, mas bolero. [substituição/oposição - com vírgula]

13.7. Ou

A conjunção ou normalmente não é antecedida de vírgula. Pode ligar termos de uma mesma oração ou orações que
se unem em períodos. Veja:

• Tome um comprimido antes ou depois do jantar.


• Estude com afinco ou não será aprovado no exame.
OBS.:
Pares de orações ou de termos encabeçados por ou (como construção enfática) devem separar-se por vírgula. Veja:

• Ou deposita sua confiança no novo governo, ou vai de uma vez para a oposição.
• Ou cedo, ou tarde, ele saberá a verdade.

13.8. JÁ

A palavra já pode atuar como conjunção adversativa (com o sentido de mas) ou como advérbio de tempo (com o
sentido de neste momento, antes).

I. Como sinônimo de mas, é antecedida de vírgula (ou, em alguns casos, inicia nova oração). Veja:

• Os meninos trarão as bebidas, já as meninas trarão os doces.


• No ano passado, houve muitas greves. Já, neste ano, o número foi menor.

II. Como sinônimo de neste momento ou antes, não haverá vírgula. Veja:

• Espere, que já vou!


• Ela já lhe disse que não concorda com isso.

13.9. COMO, CONFORME, SEGUNDO

Usamos a vírgula antes de conjunções que indicam conformidade ou acordo entre ideias (chamadas de conjunções
subordinativas conformativas). Veja:

• Tudo foi feito com a mais absoluta lisura, segundo o deputado.


• Eles prepararam uma grande festa, conforme o combinado.
14. OS ADVÉRBIOS SIM E NÃO

As palavras sim e não são advérbios (de afirmação e de negação respectivamente) e devem separar-se por vírgula
nas respostas que as usam. Veja:
− Você pediu um aumento de salário?
− Não, nunca pedi.
− Nunca pedi, não.

− Você quer que eu traga o trabalho pronto?


− Sim, é o que quero.
− É o que quero, sim.

15. AS PALAVRAS “TAMBÉM, AINDA, MESMO”

As palavras que indicam inclusão, como também e ainda e a palavra mesmo, que reforça o sentido de outra, não
devem ser antecedidas de vírgula. Veja:

• As linhas de crédito do banco também ajudam a melhorar nossas possibilidades de compra.


• Parece ser hora também de vencer o preconceito que condena o ensino particular.
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• O local da reunião ainda não foi decidido.
• Depois da entrevista, o chefe da cozinha disse ter ficado mesmo muito satisfeito com o sucesso de seu
novo restaurante.
• Não era ainda um apelo ao rompimento definitivo com o governo.
A palavra também pode substituir uma oração. Nesse caso, não se usa vírgula. Veja:
• Naquela época, eles pensavam em viajar. Eu também. [...pensava em viajar]
• Não desejo sair no frio. Ele também não. [... deseja sair no frio]
16. AS PALAVRAS “SÓ, SOMENTE, APENAS”

Essas palavras têm valor restritivo, isto é, limitam o sentido de outros termos ou expressões. Sua presença interfere
no ritmo da frase, ou seja, na entonação de quem a diz. Nesse caso, a vírgula deve ser evitada para melhor ajudar na ênfase.
Compare os exemplos abaixo:
• No dia de seu aniversário, recebeu a triste notícia. [adjunto adverbial recuado - usa-se a vírgula]
• Só no dia de seu anversário recebeu a triste notícia. [adjunto adverbial recuado, mas antecedido de
palavra de sentido restritivo – não se usa vírgula].

17. O PRONOME RELATIVO “QUE”

A palavra que, quando for um pronome relativo, poderá ser virgulada ou não, dependendo de dois critérios:

I. Se o pronome que indicar, na frase que inicia, uma restrição de significado, não haverá vírgula. Restringir o
significado é particularizar, tomar como particular ou especial. Veja:

• Os operários que fizeram greve reivindicavam aumento salarial.


Somente alguns fizeram greve; os que fizeram greve – apenas eles – reivindicavam aumento; portanto a
oração restringe o sentido do termo operários.

• O Machado de Assis que escreve versos não é o Machado de Assis que escreve contos.
Machado de Assis é um só autor, mas pode-se pensar no Machado autor de versos, no autor de contos, no
autor de romances; a oração restringe o sentido de Machado, referindo-se a ele apenas na condição de
poeta ou apenas na condição de contista, deixando de lado "os outros" Machados.

II. Se o pronome que indica, na frase que inicia, apenas uma explicação, que pode ser retirada sem prejuízo do
significado, então a oração inteira (oração adjetiva explicativa) ficará entre vírgulas.Veja:

• Os operários, que fizeram greve, reivindicavam aumento salarial.


Os operários em geral fizeram greve (todos eles reivindicavam aumento), portanto a oração iniciada pelo
pronome que se refere a todos os operários; como constitui uma explicação, é separada por vírgulas.

• Zagallo, que foi demitido no ano passado, pedia reforços insistentemente...


Todos sabemos quem é Zagallo, mas a oração acrescenta uma informação sobre ele; recebe, portanto,
vírgulas.

• O rei Juan Carlos, que esteve no Brasil há pouco tempo, agora retoma a seu país.
O nome próprio já diz de quem se fala; portanto a oração iniciada pelo pronome que tem valor apenas
explicativo, acrescenta uma informação; deve vir, por isso, separada por vírgulas.

• O romance O Guarani, que faz uma alegoria da colonização brasileira, ainda é leitura obrigatória a
estudantes secundaristas.
O romance já está determinado pelo nome próprio; a oração iniciada pelo pronome que tem valor apenas
explicativo, acrescenta uma informação; deve vir, por isso, separada por vírgulas.

18. O PRONOME RELATIVO “ONDE”

Da mesma forma que a palavra que, a palavra onde pode atuar como um pronome relativo, situação em que
encabeça uma oração subordinada adjetiva. A colocação ou não de vírgula antes do onde depende do valor da oração que
inicia; ou seja, se a oração for adjetiva restritiva, não haverá vírgula; se for explicativa, a vírgula será obrigatória. Veja:
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• Paris, onde o embaixador viveu por mais de uma década, é uma cidade maravilhosa. [valor explicativo]
• A cidade onde o embaixador viveu por mais de uma década é muito bonita e acolhedora. [valor restritivo]

19. APÓS TRAVESSÃO

A vírgula pode aparecer após o travessão. Os travessões indicam uma pausa para intercalação de uma oração ou
termo. Caso o termo anterior (que recebe a intercalação) peça vírgula, esta ficará após o segundo travessão. Veja:
• Caso ocorram ajustes nos programas de TV – o que é bem provável – , as telenovelas serão exibidas mais tarde.

20. ENUMERAÇÕES

A vírgula pode marcar as enumerações. Considera-se uma enumeração uma seqüência de termos de mesma
importância e função na frase. Veja:
• Compraremos livros, discos, fitas e canetas. [observe que todos os termos fazem parte do objeto direto do
verbo comprar]
• Chegaram, procuraram o escritor, fizeram a entrevista e partiram. [neste caso, há uma seqüência de
orações coordenadas sem conjunção]

21. AUSÊNCIA DE VERBO

A virgula pode assinalar a elipse (omissão) do verbo. A fim de evitar a repetição do verbo da oração anterior (que
fica subentendido), usa-se em seu lugar uma vírgula. Veja:
• O rapaz tocava piano; a moça, violão.
• O rapaz tocava piano, e a moça, violão.
A primeira frase parece melhor que a segunda, pois a pontuação assinala a diferença entre as duas pausas. O ponto e
vírgula, pausa maior, separa as duas orações sem conjunção, e a vírgula substitui o verbo subentendido. A segunda
construção, porém, reproduz o modo como as pessoas mais comumente falam. A vírgula antes do e evita uma possível
ambigüidade (... tocava piano e a moça...), e a segunda virgula assinala a omissão do mesmo verbo da oração anterior.

22. SEPARANDO ORAÇÕES SUBORDINADAS

Embora, de certa forma, já tenhamos examinado o comportamento das orações quando estudamos o uso de virgulas
antes de conjunções (item 13), devemos também pensar nas orações que são por elas introduzidas.

I. Ocorrerá vírgula após as orações subordinadas adverbiais quando vierem antes da principal. Veja:

• “Se eu o tivesse amado, talvez o odiasse agora." (C. dos Anjos) [oração subordinada adverbial
condicional]
• “Quando se levantou, os seus olhos tinham uma fria determinação." (F. Namora) [oração subordinada
adverbial temporal]
• Quanto mais o tempo passava, mais nervoso ele ficava. [oração subordinada adverbial proporcional]
• Embora esteja chovendo, vou me arriscar a sair agora. [oração subordinada adverbial concessiva]

II. Orações reduzidas (aquelas cujos verbos estão no infinitivo, no gerúndio ou no particípio) são também
orações subordinadas adverbiais na maior parte das vezes e devem ser separadas por vírgula, sobretudo
quando vêm antes da principal. Veja:

• Sendo tantas as opções, a escolha fica muito difícil.


[oração subordinada adverbial causal reduzida de gerúndio]
• Cansado de tanta impunidade, deixou o país. [oração subordinada adverbial causal reduzida de particípio]
• Ao entrar na sala, encontrou os objetos perdidos. [oração subordinada adverbial temporal reduzida de infinitivo]
• O suspeito foi preso, acusado de desacato à autoridade. [oração subordinada adverbial reduzida de particípio]

23. SEPARANDO ORAÇÕES COORDENADAS

Embora, também, de certa forma, já tenhamos examinado o comportamento das orações coordenadas quando
estudamos o uso de vírgulas antes de conjunções coordenativas (item 13.2), devemos lembrar que as orações coordenadas
são separadas entre si por vírgula, exceto as iniciadas pelo e (ver item 13.4). Veja:
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• Ele irá, quer queira, quer não queira. [orações coordenadas sindéticas alternativas]
• Ou sai logo, ou perde o trem. [orações coordenadas sindética alternativas]
• Não veio, mas justificou sua ausência. [oração coordenada sindética adversativa ]
• O professor não veio, pois seu armário está fechado. [oração coordenada sindética explicativa]
• Ora se exalta, ora se comporta com moderação. [oração coordenada sindética alternativa]

24. AS EXPRESSÕES “BEM COMO, ASSIM COMO, ALÉM DE”

Essas expressões introduzem, de maneira enfática, elementos que acrescentam uma informação, uma nova idéia.
Encabeçam intercalações, que, portanto, devem ficar entre vírgulas. Veja:

• Além de conceder autógrafos, o escritor prestigiará o evento com sua visita.


• O senador, assim como a sua mulher, estará presente.
• O aluno, bem como o professor, será premiado.
Observe que, nos dois últimos exemplos, o verbo concorda com o elemento inicial, desconsiderando o trecho
intercalado.

25. A PREPOSIÇÃO “COM”

Essa preposição pode introduzir elemento intercalado. Nesse caso, haverá vírgula. Veja:

• O professor, com os alunos, visitou a exposição. [ o sujeito da oração é simples: o professor. A expressão
com os alunos é adjunto adverbial de companhia deslocado, motivo pelo qual deve ficar entre vírgulas]
• O professor com os alunos visitaram a exposição. [o sujeito da oração é composto: o professor com os
alunos. A preposição com tem valor de e, motivo pelo qual não há vírgula]

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