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SÃO LEOPOLDO
2010
Lúcia Maria Knob
São Leopoldo
2010
Dedico este trabalho a todas as pessoas que participaram da
construção desta trajetória da minha vida.
À minha família, principalmente ao meu pai Camilo que não poderá
participar desta conquista por não estar mais em nosso meio.
À Congregação das Irmãs de Santa Catarina, por oportunizar estes
anos de estudo.
À Assistente Social, Educadores e a População Adulta de/na Rua do
CREPAR, que contribuíram muito para a minha formação pessoal e
profissional.
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DE/NA RUA NO BRASIL .................. 14
2.1 Características do Fenômeno da População em Situação de/na Rua .......... 14
2.2 Trajetória de Vida: Moradores de/na rua de São Leopoldo antes do CREPAR
.................................................................................................................................. 21
3 POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E POPULAÇÃO ADULTA DE/NA RUA . 30
3.1 Política Nacional de Assistência Social como Sistema Único de Assistência
Social (SUAS) .......................................................................................................... 34
3.2 CREPAR e o Serviço Social.............................................................................. 37
3.2.1 Importância do Serviço do CREPAR no Processo de Mudança de Vida do
Usuário ..................................................................................................................... 39
4. EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO: EM BUSCA DE MUDANÇA – PROJETO DE VIDA
.................................................................................................................................. 44
4.1 O Que é um Projeto de Vida ............................................................................. 45
4.2 Processo de Elaboração do Projeto de Vida com os Usuários ..................... 49
5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 58
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 60
9
1 INTRODUÇÃO
- [...] estou tendo contato com minha família toda semana. (sic)
- [...] tenho contato sim, não seguidamente, eu tomo a iniciativa para matar a saudade;
pretendo resgatar os laços familiares. (sic)
Ao fazer da rua sua casa, o morador imprime ao lugar que ocupa sua própria
identidade, revela os sentidos próprios do ato de habitar, além de ser ocupada como
possibilidade de sobrevivência. Assim, atribui um duplo uso, o de abrigo e o de fonte
de renda/sobrevivência, tornando-se espaço de produção e reprodução social.
Não é possível afirmar o número preciso de pessoas que usam a rua como
espaço de moradia, uma vez que não constam nos censos realizados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)1, pelo fato de não terem residência fixa e
não permanecerem no mesmo município, pois procuram sempre um lugar que lhe
forneça uma melhor fonte de sobrevivência e proteção.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar a trajetória de vida dos
usuários do CREPAR (Centro de Referência da População Adulta de/na Rua), as
causas e os processos de vulnerabilidade que levaram a fragilização e/ou ruptura do
vínculo familiar. Tem-se como base a trajetória de vida de cinco usuários, antes,
durante e após a passagem pelo CREPAR.
A escolha do tema deste trabalho surgiu a partir da experiência de Estágio
Supervisionado Obrigatório do curso de Serviço Social da Universidade do Vale do
Rio dos Sinos (UNISINOS), realizado no Centro de Referência de População Adulta
de/na rua (CREPAR). No estágio, o projeto de intervenção foi elaborado e, após,
colocado em prática. Os conhecimentos concretizados e adquiridos durante este
período foram extremamente importantes para a formação profissional.
A experiência no campo de estágio obrigatório possibilitou estabelecer uma
relação entre conhecimentos teóricos e trabalho profissional, desenvolvendo
habilidades necessárias ao exercício profissional. Oliveira (2004, p. 75) afirma:
1
A população que vive nas ruas se desloca frequentemente pelas cidades, e torna-se socialmente
invisível, já que não existe um senso que registre quantas pessoas vivem na rua, pois a pesquisa é
domiciliar. Segundo dados informais, cerca de 100 mil pessoas vivem nas ruas do Brasil
(DIREITOS..., 2010).
12
2
São substâncias que ao entrarem em contato com o organismo, sob diversas vias de administração,
atuam no sistema nervoso central produzindo alterações de comportamento, humor e cognição,
possuindo grande propriedade reforçadora sendo, portanto, passíveis de auto-administração
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1981). Ainda, segundo Olivenstein (1982), são substâncias
utilizadas na busca de alívio de tensões internas, como angústia ou tristeza.
Substância psicoativa é toda a droga que altera o humor e o comportamento do indivíduo, como as
drogas clínicas que precisam de receitas médicas e as drogas legais, como álcool, a cafeína, e a
nicotina, ou drogas ilegais como a heroína, a maconha, a cocaína, o crack (SILVA, 2000).
13
2.2 Trajetória de Vida: Moradores de/na rua de São Leopoldo antes do CREPAR
tem uma característica peculiar: a de não ser assimilada pelo mundo oficial,
não lhe sendo franqueada a entrada no mundo dos incluídos. Tratando-se,
em princípio, de uma exclusão de caráter permanente. Desta forma, seu
modo restringe-se às ruas e seu trabalho só se dá nas ruas. Esta população
tem, portanto uma vida própria, um espaço por que dizer próprio, e vive em
um tempo individual/grupal diferente, ainda que marcado pelas exigências
sociais do mundo do qual não faz mais parte.
O ritmo de quem vive na rua difere de quem possui casa. Devido à exclusão
social, está num processo destrutivo, que acaba por partir alguns laços de
identidade. A trajetória de vida aqui desempenha um papel fundamental para
reconstruir o que se quebrou. “A idéia, portanto, é unir estes fragmentos, pedaços de
um mosaico, retalhos de histórias de vida. Já que, entendemos que o sujeito não
recita simplesmente sua vida, ele reflete sobre ela à medida que a conta” (PREUSS,
1997, p. 17).
Para falar da história de vida usou-se a metodologia através de depoimentos,
narrativas de cinco moradores de rua que têm passagem pelo CREPAR. Permitiu-se
que a vontade do narrador fosse sempre respeitada. A pergunta base para abrir a
conversa ou para quem quisesse escrever foi: você poderia contar a trajetória da
vida antes, durante e após o CREPAR, desde que lembra.
No decorrer desse processo, formalizou-se a construção da trajetória de vida
num conjunto de categorias como: infância, família, substâncias psicoativas, a rua,
CREPAR, trabalho. Esses eixos foram surgindo da história de cada um e apontam
um entrelaçamento da história individual e coletiva. Segundo (ROSA, 2005, p. 77),
[...] Eu comecei com doze anos a usar maconha, fui experimentar, eu não sabia né,
depois quando a maconha não fazia mais efeito eu já comecei a usar o pó. Demorou
pouco tempo e minha mãe percebeu, chegava em casa loco de fome né, chegava em
casa, as vezes brigando, incomodando meus irmão. E daí se percebeu logo que estava
usando. Consegui a maconha na rua, a maioria da gurizada tudo usava. As vez pagava,
mas no começo não paguei, depois já tava mais fissurado, já era meio dependente e já
precisava da maconha, meu organismo já pedia a maconha e já usava freqüentemente.
O crack comecei a usa depois do pó. Faz tempo que usava crack. Estava com a família
e eu não demonstrava muito que eu estava usando crack, ninguém ainda sabia. A minha
família achava que eu tava na maconha. (sic)
[...] Aos 15 anos eu tive uma descoberta a qual eu nunca queria ter descoberto, mas
infelizmente aconteceu. Conheci uma droga. Algumas pessoas diziam que era bom, que
ela nos deixava feliz e nos fazia curtir mais a vida. O nome desta droga é maconha, uma
grande ilusão, uma grande perda de tempo. Na minha vida eu parecia ser a pessoa mais
feliz eram muitas festas e muita curtição pensava que eu iria ser uma pessoa respeitada
por todo mundo que fumando maconha eu iria ser o cara, ouvia eu só queria saber de
me drogar e beber bebidas de álcool. Meus familiares, amigos de verdade e outras
pessoas já estavam deixando de acreditar em mim. (sic)
6
Usuário A: 22 anos, 5ª série do Ensino fundamental, da cidade de São Leopoldo.
Usuário B: 20 anos, São Leopoldo.
Usuário C: 24 anos, São Leopoldo.
Usuário D: 44 anos, 4ª série do Ensino Fundamental da cidade de Palmeira das Missões.
Usuária E: 25 anos, 5ª série do Ensino Fundamental da cidade de São Leopoldo.
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[...] Com 08 anos eu levei uma surra de um colega e ele começou a me bater todos os
dias e eu nem sabia o por que. Sempre fui muito fechado por ser excluído pelos colegas,
mas nunca desisti de tentar fazer o que eles faziam. Com essa idade perdi meu avô de
uma maneira trágica e fiquei muito doente. Então a minha vida nunca mais foi mesma.
Me tornei muito rebelde e comecei a fazer com os outros o que os outros faziam comigo.
Com 11 anos conheci pessoas muito parecidas comigo, rebeldes usavam maconha foi
onde comecei a fumar. Comecei a ir mau na escola e então repeti de ano 4 vezes. Aos
12 anos conheci o mundo das drogas. Saíamos para fumar maconha toda a noite e
Chegou em um ponto que eu conheci a cocaína. Aquela sensação de medo e ao mesmo
tempo coragem de começar a me estimular a ser bandido. (sic)
[...] Morava num orfanato e aos 13 anos eu saí de lá para morar com meu pai, tive minha
primeira experiência ruim, quando fui estuprada, isso aconteceu porque comecei a sair
nas baladas com amigas e elas de ficar com vários rapazes, mas acabaram me fazendo
o que não é uma coisa que eu queria para a minha vida, depois disso comecei a usar
drogas, primeiro eu usei a maconha, depois loló, então comecei a sair de casa, e meu
pai ficava louco me procurando e muitas vezes ele me encontrava drogada. Mais ou
menos depois de dois anos eu sai para me prostituir, para manter o vício das drogas, eu
passei a usar o crack e o pó e daí nunca mais parei em casa, passei a morar na rua.
(sic)
7
Bullying é um termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica,
intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully ou "valentão") ou grupo de indivíduos
com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se
defender (BULLYING, 2010).
Bullying é uma situação que se caracteriza por atos agressivos verbais ou físicos de maneira
repetitiva por parte de um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo inglês refere-se ao
verbo "ameaçar, intimidar” (COSTA, 2009).
25
sociais, que dentre outros pode ser a dependência de substâncias psicoativas, será
apenas questão de tempo.
Segundo Zagury, (2000, p.91),
[...] Eu com 14, 15 anos, fiz o meu primeiro assalto estimulado pela droga. Depois que eu
fiz o assalto e vi que era muito fácil. Repeti o crime várias vezes e fui tendo na minha
mente que eu podia faze o que eu quisesse, tinha a sensação de que eu era
indestrutível. Saía pra festas, brigava sempre e numa briga acabei deixando um menino
inconsciente. A partir daí foi de mal a pior e com uns 17 anos eu conheci o crack, no
início não era muito diferente da cocaína eu me sentia potente, fiquei muito mais
agressivo. Nos últimos três anos eu virei o chamado “chinelo”, já não tinha mais coragem
de faze assaltos, então para poder adquirir o crack, eu comecei a rouba pequenas coisas
dentro da minha casa e foi ficando muito freqüente. (sic)
O usuário B relata:
[...] Eu já tava destruído não tinha mais ninguém do meu lado a não ser a minha própria
sombra, meus familiares já não queriam mais nem sabe de mim pois eles já sabiam que
eu tava perdido no mundo das droga. Eu comecei a querer rouba para sustenta meu
vício, eu pensei que com o roubo eu iria me da bem, que roubando eu sempre estaria
com dinheiro e nunca me faltaria nada. Novamente me enganei. No começo não deu
nada, com o roubo consegui dinheiro suficiente para me droga, mais em questão de
tempo já não tinha mais nada. Fui rouba novamente depois de muitas outras vezes, me
azarei os cara me espancaram, me bateram até não quere mais. (sic)
[...] fiquei pela rua eu e o Cristiano, daí aí eu vi que tava me destruindo demais, e vi que
não tava agüentando. (sic) usuário B
[...] Antes bebia porque não era pai, depois bebia porque ia ser pai, bebia porque estava
triste ou porque estava feliz, tudo era motivo de beber, veio a separação, e o divórcio,
perdi a guarda da minha filha e depois da separação percebi quanto gostava da pessoa
que estava do meu lado. E o sonho de ser pai tinha ido por água abaixo. Caí no
desespero ou seja de bico numa garrafa. Perdi o controle da minha vida, tendo muitas
dívidas a pagar me desfiz de tudo que eu tinha, o que meus pais podiam já tinham feito
por mim. Bebia para dormir e acordava para beber. Eu morava em baixo de pontes,
viadutos, dormia nas rodoviárias, bancos de praças, na calçada desprotegido da chuva,
no inverno me alimentava muitas vezes de sobras de comidas do lixo, passava fome,
virei um mendigo de rua, tinha ódio de mim mesmo, tinha raiva das pessoas que me
colocaram ao mundo eu estava no fundo de um poço que não tinha saída, o desânimo
tomou conta de minha vida, só pensava em morrer, e que Deus não existia para mim.
(sic)
Este fato, pode ser mais um elemento que “estigmatiza a população de rua
como perigosa” (ROSA, 2005), quando, na verdade, ela está exposta, desprotegida
diante da aproximação de uma droga (crack) que destrói a pessoa e “à mercê da
criminalidade, sem muito poder de reação” (Rosa, 2005). O crack está
comprometendo a saúde física e mental em curto prazo. Eles estão à mercê da rede
do tráfico.
28
8
Trecheiros é expressão usada para quem anda nas estradas de uma cidade para outra; viajante;
que faz o trecho. Trecho espaço percorrido de um lugar para outro (ROSA, 2005).
9
Este processo é para os usuários de substâncias psicoativas e consiste em: atendimento social pela
Assistente Social e/ou estagiária, e ter cumprido as regras combinadas no atendimento social, que
são os pernoites, não ter feito confusão e ter a vontade de sair da realidade em que se encontra.
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O usuário A:
- [...] foi um morador de rua. Eu estava no centro já fazia bastante dias e um rapaz me
indicou que tava para pousar, tinha comida e eu já cansado da rua e por curiosidade
aceitei, pois não tou me agüentando, todo sujo, e aceitei o convite dele e fomos lá então
no CREPAR. (sic)
O usuário B:
10
- [...] foi o pessoal da AMMEP . Como havia roubado lá, eles mesmo me ajudaram e me
apoiaram e me levaram para o CREPAR, fui ficando e me acostumando no CREPAR e
fiquei. (sic)
O usuário C:
11
- [...] foi através do CRAS Leste . (sic)
O usuário D:
- [...] eu estava no fundo de um poço que não tinha saída, o desânimo tomou conta de
minha vida, só pensava em morrer, e que Deus não existia para mim. Eu estava sentado
na calçada tomando cachaça com um companheiro da ativa pensando onde iríamos
conseguir comida e umas moedas para sustentar o meu vício. De repente uma pessoa
me desejou boa tarde e como eu estava bêbado nem dei atenção mesmo assim
continuou conversando comigo, se eu queria sair da rua aquele dia, pois ela me
acompanharia até o albergue de São Leopoldo. Para mim tomar um banho e pousar lá
no CREPAR, então aceitei mais para agrada-l. (sic)
A usuária E:
-[...] com os anos de rua eu conheci o CREPAR. [...] Nesse tempo eu ainda não ficava na
casa de convivência, eu só ia para pousar no albergue, eu usava muita droga e todo dia
bebiam era sempre a mesma rotina todos os dias. (sic)
10
AMMEP – Associação dos Meninos e Meninas do Progresso – São Leopoldo.
11
CRAS – Centro de Referência da Assistência Social da região Leste de São Leopoldo.
30
12
A Política nacional de Assistência Social se configura necessariamente na perspectiva sócio-
territorial, tendo mais de 5.500 municípios brasileiros como suas referências privilegiadas de análise,
pois trata-se de uma política pública, cujas intervenções se dão essencialmente nas capilaridades
dos territórios (BRASIL, 2004).
13
Política Pública significa ação coletiva que tem por função concretizar direitos sociais demandados
pela sociedade e previstos nas leis.
14
A Seguridade Social conforme a Constituição de 1988 se refere à proteção social ao cidadão em
face de risco, da desvantagem, da dificuldade, da vulnerabilidade, da limitação temporária ou
permanente e de determinados acontecimentos previsíveis ou fortuitos das várias fases da vida.
(SILVA, 2004)
15
A Proteção Social consiste no conjunto de ações, cuidados, atenções benefícios e auxílios
ofertados pelo SUAS para redução e prevenção do impacto das vicissitudes sociais e naturais ao
ciclo da vida, à dignidade humana e à família como núcleo básico de sustentação afetiva, biológica e
relacional (BRASIL, 2005).
31
16
Segundo a Política Nacional de Assistência Social (2004)
33
17
A proteção Social consiste no conjunto de ações, cuidados, atenções, benefícios e auxílios
ofertados pelo SUAS para redução e prevenção do impacto das vicissitudes sociais e naturais do
ciclo da vida, à dignidade humana e à família como núcleo básico de sustentação afetiva, biológica e
relacional (BRASIL, 2005).
18
A proteção Social básica tem por objetivos: prevenir situações de risco através do desenvolvimento
de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários (BRASIL,
2004)
A proteção social especial tem por objetivos prover atenções socioassistenciais a famílias e
indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono,
maus tratos físicos e/ou psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de
medidas sócio-educativas, situação de rua, situação de trabalho infantil, entre outras (BRASIL,
2005).
34
a. caráter do suas;
b. funções da política pública de assistência social para extensão da
proteção social brasileira;
c. níveis de gestão do suas;
d. instâncias de articulação, pactuação e deliberação que compõem o
processo democrático de gestão do suas;
e. financiamento;
f. regras de transição.
21
Vigilância Social: produção, sistematização de informações, indicadores e índices territorializados
das situações de vulnerabilidade e risco pessoal e social que incidem sobre famílias/pessoas nos
diferentes ciclos da vida como: crianças, adolescentes, jovens, pessoas com redução da capacidade
pessoal com deficiência, em abandono, adultos, idosos, vítimas de diferentes formas de exploração,
de violência, de ameaças; de preconceitos; vítimas de apartação social que lhes impossibilite sua
autonomia e integridade; vigilância sobre os padrões de serviços de assistência social em especial
albergues, abrigos, residências, semi-residências, moradias provisórias.
Proteção Social: os serviços de proteção básica e especial devem garantir a segurança de
sobrevivência (por meio de benefícios continuados e eventuais que assegurem proteção social
básica e especial), Segurança e convívio (pelo cuidados e serviços que restabeleçam vínculos
pessoais, familiares, de vizinhança, de segmento social, mediante a oferta de experiências sócio-
educativas, lúdicas, sócio-culturais, desenvolvidas em rede de núcleos sócio-educativos e de
convivência), Segurança de Acolhida (através de ações, cuidados serviços e projetos operados em
rede, destinada à proteger e recuperar às situações de abandono e isolamento).
Defesa Social e Institucional: os serviços de proteção básica e especial devem ser organizados de
forma a garantir aos seus usuários o acesso ao conhecimento dos direitos sócio-assistenciais e sua
defesa. (BRASIL, 2004)
22
São direitos assegurados pela Política Nacional de Assistência Social (BRASIL, 2004) e que
deverão ser concretizados pelos mais variados profissionais, mas, especialmente os Assistentes
Sociais.
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23
Situa-se na Rua Jorge Naamann, nº 18, Bairro Centro – São Leopoldo.
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[...] me atenderam bem, a assistente social me autorizou a ficar na casa, né, algum
tempo. Me ensinaram mostrando o que é a vida sem usar crack. (sic) Usuário A
[...] ali eu vi que a gente podia sair que os educadores, jogavam bola, ia na informática e
as pessoas também bem legal, o CREPAR foi muito legal. (sic) Usuário B
[...] comecei a conhecer as pessoas que trabalhavam nesta casa me ajudando de todas
as maneiras. Então comecei a aceitar a ajuda que eles me ofereciam, eu sei o carinho
especial que tenho por cada uma das pessoas. Neste lugar salvei a minha vida. (sic)
Usuário D
[...] foi ali que as pessoas me trataram como uma pessoa que tinha jeito. (sic) usuária E
24
CAPS AD – Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas, Comunidades Terapêuticas
(Fazendas), Clínicas de Desintoxicação.
25
O serviço mencionado não tem grande rotatividade de usuários uma vez que os mesmos não ficam
nesse espaço o tempo necessário para que se organizem em busca do trabalho e um local de
moradia.
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Neste sentido, a unidade apresentada pode ser definida como aponta Vieira,
Bezerra e Rosa apud Taveira e Almeida (2002, p. 45):
[...] além de realizar a oficina de artesanato, procuro tratar os usuários com igualdade e
respeito. Tento fazer com que eles reflitam sobre sua situação e melhorem sua
qualidade de vida. (sic)
- [...] Me ajudou muito mesmo, eu mesmo vi uma diferença em mim mesmo. (sic) Usuário
A
- [...] na casa fiz muitas amizades verdadeiras, aprendi a ter um pouquinho de humildade
e amor ao próximo. (sic) Usuário C
- [...] eu consegui mudar minha vida, conquistei a minha família. (sic) Usuário A
- [...] mas pretendo me agarrar as oportunidades, para ser um bom pai para meus filhos.
(sic) Usuário C
- [...] quero trabalhar e estudar, ter uma vida digna de um ser humano. A minha frase que
me da força e sempre esta comigo: Posso todas as coisas naquele que me fortalece.
(sic) Usuário D
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Processo - o usuário ao acessar o serviço do CREPAR precisa passar pelo atendimento da
Assistente Social o e/ou estagiária, realizar os pernoites combinados no atendimento social, CAPS
AD, para depois entrar para Casa de Convivência.
43
Observou-se ainda, que muitos dos usuários não conseguiram ter sua
autonomia para buscar melhores condições de vida, ou sair da rua; são totalmente
dependentes do serviço do CREPAR. Sabem que quando necessitam, encontram as
portas abertas, porque entendem que acessar o serviço é um direito deles e é dever
do município dispor de profissionais que devem atender com qualidade.
Descreve-se, a seguir, na íntegra, a colocação do educador social da noite S.
B. de como ele percebe o serviço do educador e do CREPAR junto aos usuários.
Temos por horizonte aquela linha imaginária aonde jamais chegaremos, mas que nos
serve de guia para onde queremos chegar. Já o Porto Seguro é aquele lugar certeiro
onde à guarida se distancia apenas pelo nosso chegar. Se há dúvidas em relação ao
CREPAR assim eu enfrentaria essas dúvidas.
Será o CREPAR um Horizonte necessário onde os transeuntes (trechereiros), moradores
de rua e das ruas, usuários de alcoólicos e entorpecentes, necessitados por
emergências várias de cunhos familiares, pessoais ou causada por terceiros dentre
outros motivos justos tem sem nem mesmo saber sua localização. Ou será o CREPAR
um Porto Seguro para esses mesmos usuários?
Em uma tentativa de resposta à pergunta: - Qual a visão que tenho do CREPAR
enquanto educador social? Diria que o CREPAR é um Horizonte Necessário para
aqueles que não o conhece e que tem suas necessidades assistidas quando do
surgimento do infortúnio.
Também digo ser o CREPAR um Porto Seguro, pois todos os dias vêm pessoas
desgarradas da sociedade retornando diariamente semanas, meses e até anos. Sabem
que lá chegando à acolhida é certa e que a segurança para atracar suas embarcações
por um pernoite (doze horas) retomará o vigor necessário para a jornada do dia seguinte.
Vejo o CREPAR uma estrutura institucional gerida pelo patrimônio púbico e navegada
pelos trabalhadores do infortúnio alheio. Vejo trabalhadores labutando seus princípios,
reconsiderando atitudes e se entregando além dos limites impostos por um contrato
social de trabalho. Vejo pessoas as quais chamamos de usuários nos entregando suas
histórias, despindo-se de suas exigências, buscando a palavra amiga, técnica ou não,
que lhes dê um sorriso, um “ouvido”, uma atenção.
Certo é que no CREPAR encontramos muito mais tarefas, acompanhamentos e
encaminhamentos técnicos, busca e conduções a familiares, refeições, banho, cama
limpa e confortável, mudas de roupas, material de higiene e às vezes até calçados, mas
tenho a certeza que essas questões não são o que movem nossos usuários ao CREPAR
e sim a boa companhia, a interação com outras pessoas e o acolhimento de um lar.”
(Sérgio Bertolini, Educador Social, 10 de dezembro de 2009).
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A palavra projeto significa “idéia, desejo, intenção de fazer ou realizar (algo), no futuro, plano. Do
látim projectus significa ação de lançar para frente, de se estender, extensão. Informações retiradas
do site: http:/houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=projeto
45
seja como for, através das inúmeras mudanças de que somos testemunhas
e, às vezes, atores, sentindo-nos sendo carregados em direção a um tempo
prospectivo. E a melhor maneira de se adaptar a esse tempo é antecipar,
prever o estado futuro. Esboça-se então o projeto, que se torna uma
necessidade para todos, isto é, apesar de suas ambigüidades, um modo
privilegiado de adaptação. Este deve evitar que os indivíduos caiam em
uma ou outra das formas de marginalidade que os funcionamentos sociais
da era-pós industrial produzem: a situação de sem-projeto ou então, a de
fora-de-projeto.
A partir dos autores, observa-se que a antecipação de algo que ainda não foi
realizado e a reflexão sobre uma realidade que não aconteceu caracterizam a idéia
de projeto que, por sua vez, deve traduzir-se em ação. Requer abertura ao
desconhecido, ao não determinado e à flexibilidade, porquanto a partir de problemas
e dúvidas serão necessárias reformulações naquilo que se projetou.
O projeto de vida da pessoa é permeado por diferentes potencialidades como
afirma Machado (2000, p.16):
outro, ao social, pois sua própria elaboração se dá por meio de uma adaptação ativa
e não passiva da realidade.
Para Penengo (2002, p. 22), o sujeito deve deixar de viver somente
satisfazendo as próprias necessidades e pulsões, mas transcender-se, sair e
descentrar-se de si mesmo. Segundo o referido autor:
A vida tem uma direção e coincide com sua meta. Precisa-se definir a meta
estratégica, para poder definir a direção. É comum justificarmos os meios em função
dos fins, visto que na maior parte do tempo estamos buscando, e se não nos
preocuparmos em qualificar esse tempo maior de busca, nossa vida tornar-se-á
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infeliz, porque corremos desesperadamente à procura de algo que não existe, o que
nos torna carentes e sempre dependentes de alguma coisa.
A direção do projeto de vida consiste em qualificar cada momento da
existência, não conquistar a meta, mas tornar-se a meta. Não podemos estar
eternamente perseguindo a felicidade, temos que ser felizes, e isso não são
questões de caminhar para achar alguma coisa, mas de como caminhar.
A partir da realidade que se vive, existe a busca pelo sentido da vida, pela
realização dos sonhos, aspirações mais profundas de felicidade. O ser humano deve
ser sujeito que assume a própria vida, decide livre e responsavelmente. Porém, não
é fácil conservar a identidade, numa sociedade globalizada que impõem modelos de
comportamentos e de consumismo.
Está em jogo a felicidade da pessoa, da sociedade. É uma matéria de raiz para
a construção de personalidades numa perspectiva de justiça e solidariedade. É um
meio de enfrentar a despersonalização que o sistema liberal impõe a todos nós.
Na elaboração de um Projeto de Vida, o interesse e os dons de cada pessoa
devem ser respeitados. Deparamo-nos, muitas vezes, com o interesse pela arte ou
por um âmbito da pessoa como a afetividade, a participação política, a mística, a
cultura e o cuidado com o planeta. Estes dons são como “janelas” ou “portas” que
nos conduzem ao todo da pessoa.
A formação que modifica a vida da pessoa é aquela que parte da ação. Toda
ação deveria ser uma atividade proposta. É toda a vida da pessoa: o seu modo de
viver com sua família, na comunidade, no trabalho e com todas as atividades que
daí decorrem, as ações que desenvolvem como estudante, trabalhador, como
cidadão.
Elaborar um Projeto de Vida significa ir para dentro de nós mesmos, a fim de
descobrir as reais motivações, desejos, sentimentos, razões e influências para poder
acolhê-las como um convite à realização plena e à felicidade.
A busca da felicidade, ter uma vida digna, são desejos expressos nos
depoimentos dos usuários que realizaram o seu projeto de vida:
- [...] quero ser um cara feliz, reconstruir minha família, ter uma vida digna e feliz. (sic)
Usuário A
- [...] quero viver feliz com minha namorada, eu estou buscando a minha felicidade. (sic)
Usuário B
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As pessoas alvo desse trabalho revelaram que sua principal busca está
associada à questão de alguma ocupação e renda para sobreviver. O deixar a
SPAs, conseguir um emprego, é um caminho para sair da rua. Parte-se do
pressuposto de que todo processo de trabalho implica num objeto sobre o qual
incide nossa ação, e que este objeto é a questão social em suas múltiplas
expressões.
O projeto tem como objetivo geral possibilitar meios para construir o projeto
de vida e promover maior grau de autonomia e independência individual e social.
Está em consonância com os princípios fundamentais do código de ética que
garantem direitos humanos, dignidade, respeito, cidadania, fortalecimento,
subjetividade e autonomia dos sujeitos.
Pode-se trazer o exemplo da construção do projeto de vida e a reconstrução
da autonomia que o Código de Ética destaca: “Reconhecimento da liberdade como
valor ético central e das demandas políticas a elas inerentes - autonomia,
emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais”. Por meio de grupos de
estudo e de convivência, foi oportunizado aos usuários falar e escrever a sua
trajetória de vida, anseios, dificuldades e buscas. Nesse sentido, puderam sentir-se
acolhidos, escutados e motivados para uma mudança.
Os objetivos específicos se relacionam com os princípios do Código de Ética
que compõem a consolidação dos direitos humanos, civis, sociais, políticos e
expansão dos indivíduos sociais, como: “oferecer elementos que auxiliem na
elaboração do projeto de vida”; “identificar as causas pelos quais buscam as SPAs”;
“cooperar no restabelecimento dos vínculos familiares e comunitários”; “possibilitar a
tomada de consciência aos usuários do efeito das drogas no organismo”.
Percebe-se que nos atendimentos realizados durante o estágio, muitos
sujeitos do CREPAR eram usuárias de substâncias psicoativas, principalmente do
crack. É assustador a proliferação dessa droga e ainda mais ao saber da destruição
que causa no indivíduo. Conforme Cabral (2009):
51
- [...] eu percebi que ali era o lugar que poderia mudar de vida, né, que eu conseguiria
mudar de vida. (sic), Usuário A
- [...] comecei a aceitar do jeito que eu era ou seja alcoólatra. Pedi a Deus que me
mostrasse um caminho certo para mim seguir. (sic) Usuário D
- [...] comecei a ver que eu precisava acabar com a minha vida que estava vivendo,
porque eu estava com HIV. (sic) Usuária E
pedras, bonecos, flores, água, vela acesa e a palavra, projeto de vida, todos esses
elementos são parte integrante da trajetória de vida de uma pessoa. Após termos
observado a simbologia, cada um dos participantes falou da sua trajetória de vida a
partir do caminho. Percebeu-se que cada um dos usuários encontrava-se na
representação desse caminho e simbologia.
No primeiro passo da construção do projeto de vida, os mesmos foram
orientados a escrever o seu nome e as suas qualidades, seus valores que os
identificam como pessoa. Vejamos os relatos:
- [...] Feliz, bondoso, alegre, amigo, companheiro humilde, sincero. (sic) Usuário A
- [...] conquistar o meu caráter; deixar as droga; conquistar minha família; arrumar um
emprego. (sic) Usuário A
- [...] ter emprego, estudo; ser alguém; andar de cabeça erguida em qualquer lugar;
recuperar a confiança de todos meus familiares; poder ter minha própria família. (sic)
Usuário B
- [...] ter um bom emprego; um lugar para morar; ter minha família perto de mim; concluir
os estudos; voltar a ser como antes. (sic) Usuário C
-[...] conquistar minha liberdade; ter uma vida digna; ter um lugar para morar e buscar
minha sobriedade. (sic) Usuário D
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O projeto de vida vem ao encontro dos anseios dos usuários, pois elaborar
um projeto de vida é descobrir as reais motivações que os levam buscar a mudança.
O importante não é ter um projeto perfeito, mas algo concreto que possibilite
realizar e crescer na direção da realização das metas propostas.
No terceiro passo da construção do projeto, os usuários escreveram os
passos que darão para concretizar seu projeto de vida.
- [...] ter força de vontade; acreditar em mim; nunca deixar de acreditar; largar as drogas;
arrumar um serviço. (sic) Usuário A
- [...] primeiro me recuperar da droga; arrumar um serviço e mostrar para mim mesmo
que eu estou recuperado; tentar ser alguém. (sic) Usuário B
- [...] primeiro tenho que ter boa vontade e correr atrás, estudando e me dedicando ao
máximo a todas as oportunidades que eu tiver e tendo humildade para aceitar quando
ouvir um não. (sic) Usuário, C
- [...] evitar o primeiro gole; espiritualidade; confiança em mim mesmo; trabalhar. (sic)
Usuário D
- [...] conseguir um bom emprego; trabalhar bastante; lutar por um futuro melhor. (sic)
Usuária E
manipulados pelos falsos valores que a sociedade nos apresenta; somos levados
pelo caminho onde tudo se torna mais fácil aparentemente. O retorno é doloroso
como no caso das drogas, da violência, etc.
Na convivência do dia-a-dia com os usuários, percebeu-se sinais sobre a
importância da família. Antes de entrar nas drogas, não reconheciam o significado
da mesma na sua vida. Na situação em que se encontram, a família voltou a ser
referência. Todo indivíduo provem de uma família, independente de ser desejável ou
não. A importância da família na vida do ser humano é indizível, pois é a partir dela
que a pessoa adquire os seus primeiros conceitos que formarão as pilastras de seu
caráter, servindo de orientação para os inúmeros caminhos que a vida imporá
durante sua trajetória.
Conforme o relato dos usuários, os conflitos, as modificações, as alterações
vividas no seio familiar auxiliam na situação em que atualmente muitos se
encontram. Os vícios, as drogas, simplesmente corroem e destroem o alicerce da
criança, do adolescente e mesmo do adulto.
Percebe-se pelos relatos dos usuários o desejo de reconstruir os laços
familiares:
- [...] hoje minha mãe já me perdoou, agora já tem mais confiança em mim que antes não
tinham mais em mim. (sic) Usuário A
- [...] encontrei as forças recuperando a confiança dos meus familiares de novo. É o que
hoje mais força me dá é ver meus familiares me apoiando, conversam comigo me dão
apoio para mim. (sic) Usuário B
teia, está bem firme e esticada, pois está segura na mão de cada um dos
participantes, mas quando um fio se desprende ela cai. Os usuários, a partir dessa
dinâmica concluíram que, cada membro do mesmo tem um papel, uma função
importante a cumprir na sua trajetória de vida. Ser presença e apoio um para o
outro, porque a rua não ajuda em nada. Retomou-se o projeto que realizaram e
conversamos sobre a eficácia do mesmo. “É preciso ser firme e perseverante para
conseguir concretizar o que cada um se propôs”.(sic - Estagiária)
Cada usuário escolheu uma frase força para esta nova etapa de vida.
- [...] Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm. (sic) Usuário D
O projeto de vida foi concluído com a mensagem: A Lenda das Três Árvores
Havia no alto de uma montanha três árvores que sonhavam o que seriam
depois de grandes.
A primeira, olhando as estrelas disse: "Eu quero ser o baú mais precioso do
mundo, cheio de tesouros."
A segunda, olhando o riacho suspirou: "Eu quero ser um navio grande para
transportar reis e rainhas."
A terceira olhou para o vale e disse: "Quero ficar aqui no alto da montanha e
crescer tanto que as pessoas, ao olharem para mim, levantem os olhos e
pensem em Deus."
Muitos anos se passaram e, certo dia, três lenhadores cortaram as árvores.
Todas três ansiosas em serem transformadas naquilo que sonhavam. Mas,
os lenhadores não costumavam ouvir ou entender de sonhos... Que pena!
A primeira árvore acabou sendo transformada em um cocho de animais,
coberta de feno.
A segunda virou um simples barco de pesca, carregando pessoas e peixes
todos os dias.
A terceira foi cortada em grossas vigas e colocada num depósito.
Então, todas perguntaram desiludidas e tristes:
- Por que isto?
Mas, numa bela noite, cheia de luz e estrelas, uma jovem mulher colocou
seu bebê recém-nascido naquele cocho de animais. E de repente, a
primeira árvore percebeu que continha o maior tesouro do mundo.
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[...] quando saí do CREPAR, daí voltei pra casa da minha família, arrumei um emprego,
consegui onde já trabalhava antes, comecei de novo, sem droga né, trabalhando, tal.
(sic)
28
Não pode entrar se tiver alcoolizado, ou ter usado SPAs, não causar confusão ou desrespeitar os
educadores ou mesmos os colegas usuários...
29
A equipe é formada pela coordenadora do CREPAR, Assistente Social, estagiários e educadores.
57
[...] meus familiares quando me vêem que estou quieto num canto por aí, eles vem
conversar comigo, se estou sentindo alguma coisa, se estou sentido fissura. Eu acho
que é bom disso daí, porque a gente conversa bastante, se abrir para as pessoas,
porque a fissura vem. (sic)
[...] quando comecei a trabalhar e recebi o meu primeiro salário, vou dizer a verdade, no
meu pensamento, não vou dizer que veio na hora isso daí, veio na minha cabeça sim de
querer fumar alguma coisa sabe, não vou ter que ficar aqui, e vou ficar e não vou sair
daqui. Vou direto pra minha cama, vou dormir, amanhã sei que vou acordar sem esta
vontade. (sic)
[...] voltei a ter sonhos que eu posso realizar sim. Gosto de viver de cara limpa, não
preciso mais beber para resolver meus problemas. Pretendo resgatar os laços familiares.
(sic)
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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CRESS, 2009.
COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Infância, juventude e política social no Brasil. In:
COSTA, Antonio Carlos Gomes da et al. Brasil, criança urgente: a Lei 8059/90.
São Paulo: Columbus Cultural, 1990. p. 6 - 7 (Coleção pedagogia social, v. 3)
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Campo Grande: condições de vida. Campo Grande: UCDB, 2002.
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Moreno Maffei (Org.). População de rua: quem é, como vive, como é vista. 2. ed.
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