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K PAX

Este filme narra a história de “Prouth”.


um homem que acredita ser oriundo de um planeta chamado K Pax.
Um viajante do espaço, com uma missão a cumprir.

O
filme começa na ferroviária de Manhattan, onde, tem-se início uma pequena
confusão que acaba atraindo a atenção da polícia local; Prouth nada tem a ver com
a confusão, mas, acaba chamando a atenção da polícia, a qual, imagina ser ele
algum tipo de lunático; por esta razão, é encaminhado ao Instituto Psiquiátrico de
Manhattan, onde vem a conhecer o Dr. Mark Power, chefe da clínica psiquiátrica daquele
Instituto.
1 - Características do Paciente...
Prouth tem consciência de que está no Instituto Psiquiátrico de Manhattan por ter sido
considerado um lunático. A princípio, profissionais do Instituto suspeitam de intoxicação
alucinógena, mas, não foram encontradas quaisquer anormalidades em seus exames que
pudessem confirmar tal diagnóstico. Prouth se diz morador de um planeta chamado K Pax.
A amnésia e ilusão persistem... Altamente inteligente, considera a si mesmo com QI acima
da média humana. “Manso como um gatinho” diria um outro funcionário a respeito de
Prouth.
2 - Características do Dr. Mark Power:
2.1 – No Instituto...
Até conhecer Prouth, indiferente aos pacientes da clínica. Demonstrando considerar
entediante suas entrevistas com estes. Atento ao relógio enquanto os atende. Bate a
caneta na poltrona em sinal de total desinteresse.
2.2 – Seu primeiro contato visual com Prouth...
De imediato, teve sua atenção totalmente despertada para a figura de Prouth. Havia
algo nele que o deixava profundamente intrigado.
2.3 - Com a família...
Embora a relação com a família seja, à primeira vista, levemente harmoniosa, a
principal queixa desta é a falta de tempo do Dr. Mark Power. Teve um filho em seu primeiro
casamento e, cortou o relacionamento com este, em virtude de desavenças familiares e,
desde então, não mais procurou ter contato com o filho. O tratamento com sua atual
esposa é muita vezes distantes, chegando a ignorá-la algumas vezes. “E desde quando
somos uma família normal?”, perguntaria sua esposa em certa ocasião.
3 - Prouth no Instituto Psiquiátrico de Manhattan...
Muito convincente em sua história-fantasia, isso por que, demonstra ter profundo
conhecimento no que diz. Desperta nos demais pacientes um grande interesse;
e, inclusive, alguns funcionários passam a acreditar na possibilidade ser ele realmente o
que diz ser; ou seja, um visitante de um outro planeta chamado K Pax. Prouth, passa então
a desenvolver um relacionamento próximo com cada paciente do Instituto e, acredita poder
curá-los. Tem a sua atenção em especial voltada para Ernie, um dos pacientes daquele
instituto, a quem delegará tarefas, no objetivo de por meio dele, ajudar aos pacientes a
encontrar a cura e, levá-los a sair do estado de demência em que se encontram.

N ota-se no olhar de Prouth enquanto observa Ernie, um jeito não característico a um


lunático. Escolhê-lo, para através dele ajudar aos demais pacientes, parece
naquele momento uma escolha bastante consciente e meticulosa e, possivelmente,
dessa mesma forma tenha escolhido o Dr. Mark Power.
4 - Anamnese: a primeira entrevista
Em contato com Prouth, o Dr. Power procura descobrir se este tem consciência de
sua atual condição mental; Prouth passa a narrar sobre K Pax, planeta que alega ser seu
planeta natal.
Prouth de posse de uma maçã, a qual, come com voracidade desconcertante, passa
a responder às perguntas do Dr. Mark Power sobre seu lugar de origem e, reafirma ser do
planeta K Pax. Alega ser de um planeta mais evoluído e, além disso, afirma poder ensinar
aos terráqueos muitas coisas que lhes poderão ser útil em suas vidas, uma vez que estes
ainda se encontram em estado primitivo de evolução.
4.1 - Algumas perguntas feitas a Prouth pelo Dr. Power:
- Onde é sua casa?
- Você sabe porque está aqui?
- Você acha que está doente?
Perguntas estas, feitas com a objetividade de descobrir o grau de consciência de
Prouth a respeito de si mesmo. Com base nas afirmativas de Prouth de ser oriundo de um
planeta chamado K Pax, o Dr. Power no intuito de levá-lo a perceber a incoerência da
história-fantasia que criou para si mesmo; faz-lhe perguntas do tipo:
- Como chegou até aqui? – Diante da pergunta, Prouth se cala por um instante e,
percebendo um objeto sobre a mesa, o qual, por ser de vidro transparente reflete a
luz do sol, parece ter uma idéia de última hora para justificar sua história
cobertura e, afirma que sua viagem interplanetária se dá numa velocidade maior
do que a velocidade da luz.
Diante disso, o Dr. Mark Power, prossegue em seu interrogatório a Prouth, com
perguntas do tipo:
- Porque você sendo de um outro planeta fala tão bem a minha língua?
- Porque é tão parecido comigo?
Prouth prossegue em sua narrativa e, se mostra espantosamente convincente.
5 - A opinião de outros profissionais da área a respeito de Prouth:
A de que seja um caso de psicose. Um deles, chega a sugerir o uso de um
medicamento ainda em fase experimental, mas, sua conduta é reprovada por Dr. Power,
pois, Prouth ainda não havia sido devidamente analisado.
6 - Anamnese: a segunda entrevista...
Prouth de posse de uma banana, a qual, também come com voracidade
desconcertante, responde às perguntas feitas por Dr. Power. Nesta ocasião, o Dr. Power
se sente constrangido ante o conhecimento de Prouth e, também, ao ser corrigido por este.
7- Novos resultados de exames feitos em Prouth:
“Prouth é sensível à luz branca e, detecta a luz em comprimento de ondas até 300 a
400 anos-luz (ultravioleta). A explicação de Prouth é que isso se dá, devido à qualidade da
luz no planeta dele, em razão dos dois sóis. Os K Paxianos estão acostumados à
condições luminosas como nosso crepúsculo a maior parte do tempo”, diz funcionário do
Instituto a Dr. Power, após novos resultados de exames feitos em Prouth.
8 - Anamnese: a terceira entrevista – adequação do consultório: ambiente
com pouca luz...

E m razão da informação recebida a respeito da sensibilidade de Prouth aos raios


ultravioletas, o Dr. Power adequa seu consultório, criando um ambiente com pouca
luz. Prouth chega ao consultório e, ao entrar, notando a diferença na luminosidade,
diz se sentir mais à vontade e, pela primeira vez tira os óculos durante a entrevista. O
enfoque das perguntas gira em torno do assunto “família”. Porém, segundo Prouth, em K
Pax (seu mundo-fantasia) não há laços afetivos, nem familiares. E, prossegue dizendo que,
em K Pax também não há leis - “Olho por olho, dente por dente é uma estupidez”, diz
Prouth ao Dr. Power.
9 - O Dr. Power ainda intrigado com o conhecimento de Prouth...
Diz, num almoço com a família e amigos, achá-lo bastante convincente e, pede ajuda
a um amigo seu, que ali se encontra, uma vez que é astrônomo e, trabalha no planetário da
cidade local. Seu amigo se oferece para elaborar algumas perguntas, as quais, Prouth
poderá tentar responder. Nessa ocasião, o Dr. Power pergunta ao amigo se ele tem
conhecimento de algum astrofísico que fora dado como desaparecido. Este, porém, nada
soube informar a esse respeito.
9.1 – Prouth no planetário da cidade local...
Após Prouth haver respondido as perguntas que havia elaborado, o amigo do
Dr. Mark Power estranha o fato dele saber tanto a respeito de K Pax e de seu sistema solar
- um assunto, que ainda não havia sido divulgado à mídia pelos cientistas. Alguns dias
depois, Prouth, a pedido destes, é levado ao planetário onde por eles é interpelado; Ante o
conhecimento demonstrado por Prouth os cientistas ficam tremendamente impressionados;
isso por que, Prouth lhes fornece informações a respeito do sistema solar de K Pax
que há tempos buscavam obter.
10 – O Pássaro azul e a histeria coletiva...
Enquanto isso, no Instituto Psiquiátrico de Manhattan, uma histeria coletiva é
provocada entre os pacientes, em razão de um pássaro azul avistado por Ernie. Ocorre que
Prouth lhe havia incumbido da tarefa de ficar na janela esperando ver no jardim um
pássaro azul. Com isso, Prouth o motivava a sair do atual estado mental em que se
encontrava, a fim de encontrar a cura – “um compulsivo obsessivo não fica sentado
olhando pela janela” – dissera o Dr. Power à sua secretária a respeito de Ernie, quando o
avistara dias antes olhando pela janela para o jardim do Instituto.
11 - Prouth diz ao Dr. Power pela primeira vez que pretende voltar à K
Pax e, que essa volta se dará em 27 de julho próximo...
O Dr. Power percebe pela primeira vez que nesta data se deu o trauma de Prouth.
E, no objetivo de tentar descobrir maiores informações de seu passado, leva-o à sua casa
para um almoço em família.
Faltam apenas 23 dias até o dia que Prouth diz que terá que partir para K Pax.
Segundo ele, terá que ir nesta data por motivo de segurança, mas, não explica o por quê.

12 – Prouth na casa do Dr. Mark Power


12.1 – Prouth com a cadela...
Todos estranham o fato de Prouth demonstrar entender os latidos da cadela.
As crianças ficam maravilhadas com o fato e, de imediato, simpatizam com Prouth.
12.2 – Prouth com a esposa do Dr. Mark Power conversam a respeito da
importância da família...
Nos olhos de Prouth, agora sem óculos, a tristeza diante da pergunta por ela feita:
“Não tem família?”. Diante disso, ele, volta a colocar os óculos e, como que interpretando
um personagem, responde num tom de indiferença: “Não há famílias em K Pax”.
Ela parece não ter se dado conta do ocorrido. E, eles conversam ainda mais um pouco...
12.3 – Prouth empurra a filha do Dr. Power no balanço...

O
Dr. Mark Power percebe que Prouth empurra sua filha no balanço como se já
tivesse feito isso muitas vezes antes. De repente, as outras crianças que ali
brincavam, ligam uma mangueira e, diante do barulho dos guinchos d’água, Prouth
se desespera e grita muito, assustando a todos os presentes. Assim que a mangueira é
fechada, ele volta ao normal como se nada tivesse acontecido. O Dr. Power pontuou isso
consigo mesmo... Começava a encontrar pistas do trauma ocorrido a Prouth no passado.
E, acreditava ter sido escolhido por este e, por isso quer ajudá-lo a se curar. Seria
necessário juntar as peças daquele quebra-cabeças. O dia 27 de julho já se aproximava...
13 - Sessões de hipnose
O Dr. Power pede a Prouth que o autorize a submetê-lo à sessões de hipnose. Ele
reluta, mas, acaba cedendo.
13.1 – A primeira Sessão de hipnose
Tem-se início a sessão. “O que vamos fazer Prouth é como sonhar acordado...” E,
assim que o hipnotiza, diz a Prouth:
- Eu quero que você volte no tempo e, quero que recorde a primeira experiência que
vêm à sua mente... O que você vê?
- Eu vejo um caixão de prata com forro azul – diz Prouth com voz meio chorosa.
- E, de quem é o caixão?
- Do pai de um amigo meu (projeção).
- Qual o nome dele?
- Eu não vou dizer – responde Prouth e, ri encabulado.
- Você sabe como o pai desse amigo morreu?
- Ele sofreu um acidente onde trabalhava.
- Ele morreu de um acidente?
- Hummmhummm – Prouth balança a cabeça negativamente.
- Estava ferido e morreu depois?
- Hummmrrummmm – afirma ele.
- Onde ele trabalhava?
- Onde matam pacas – responde ele tom infantil.
- Você sabe onde é esse lugar?
Prouth se agita um pouco – “O pulso aumentou 10 batimentos”, avisa o funcionário-
assistente ao Dr. Power.
- Prouth, você sabe onde é esse lugar?
Ele novamente se agita. O Dr. Power pede que ele relaxe e, diz:
- Agora, eu quero avançar no tempo. Onde está?
- Está de noite. Estamos na casa dele – Diz Prouth com voz cada vez mais chorosa.
- Na casa do outro rapaz?
- É. E, eu quero que ele venha pra fora? – A voz infantil permanece.
- Por que?
- Pra ver as estrelas. É de onde eu vim, sabia?
- O seu nome é Prouth?
- Nossa, como soube disso? – Prouth ri em tom maroto, enquanto pergunta.
- De onde você é, Prouth?
- Eu sou do planeta K Pax. Fica na constelação de Lyra – seu tom de voz é um
tanto infantil enquanto responde às perguntas.
- Conhece todas as constelações?
- Conheço a maioria – afirma ele.
- E, o seu amigo também conhece?
- Conhece. Quando o pai dele ficou doente, teve que ficar em casa, eles compraram
um telescópio e o pai dele ensinou tudo sobre as constelações – diz Prouth
comovido - mas, ele não está interessado nelas agora – seu tom agora parece um
tanto triste.
- Por que não?
- Aconteceu uma coisa. Por isso, ele me chamou. Ele me chama quando coisas
ruins acontecem.
- Como quando o pai dele morreu?
- Isso mesmo – diz isso, e acena a cabeça afirmativamente.
- Como sabe quando tem que vir? Como o rapaz te chama?
- Eu não sei... eu venho... eu só sei... eu quero ir lá fora – diz Prouth com a voz
ainda mais chorosa.
- Como chegou à terra?
Prouth se agita ainda mais no divã - “Leia a linguagem do corpo, Mark. Eu acho que
ele não quer mais falar por hoje” – diz o assistente do Dr. Power;
Nesse instante, seguindo o conselho de seu funcionário, o Dr. Power finaliza a
hipnose e traz Prouth de volta, o qual, de nada parece se lembrar.
Terminada a sessão, o Dr. Power orienta sua secretária a procurar por abatedouros
que operam nos E.U.A., mais especificamente os que se concentram em zonas rurais,
a fim de encontrar pistas do passado de Prouth.
Enquanto isso, os pacientes do Instituto se empenham em cumprir a segunda tarefa
dada por Prouth, no intuito de o convencerem a levá-los em sua viagem de volta à K Pax.
13.2 – A segunda sessão de hipnose
- Agora, eu quero que volte no tempo de novo, mas, não tanto quanto da última vez,
diz o Dr. Power;
Prouth ri maroto. Seu tom agora já não é mais o mesmo da primeira entrevista.
- O seu amigo está aí? Está com você agora?
Prouth ri novamente.
- Está (risos).
- Qual o nome dele?
- Eu não vou dizer! – Diz ele com infantil teimosia;
- Prouth, eu quero saber: o nome do seu amigo.
- Eu não vou dizer! Repete Prouth categoricamente em tom infantil e dengoso.
- Prouth, temos que chamá-lo de algum nome. Que tal Pitt?
- Não é o nome dele (risos); mas, se isso te deixa feliz... (mais risos).
- Em que ano está?
- 1985.
- E, quantos anos você tem?
- Tenho 175.
- E o Pitt?
- 17.
- Me fala do Pitt.
Prouth se agita no divã. O Dr. Power, pergunta:
- O que houve? Algum problema? Por isso, ele te chamou?
- Ele tem uma namorada.
- E, qual o problema com a namorada?
- Ela está grávida. Ele já está vendo o que vai acontecer. Vai ter que casar. Ter um
monte de filhos e, terminar no mesmo emprego que matou o pai.
- Ele a culpa por isso?
- Não, não, não. Ele não a culpa, não. Ele, ele, ... Como é que ele diz? Ele odeia as
correntes pelas quais as pessoas se prendem. Nós não temos essas coisas em K
Pax.
- Tá bom, tá bom – diz o Dr. Power e, prossegue dizendo:
- Prouth... eu quero que me escute com atenção. Eu quero que avance no tempo
de novo. Digamos, 15 dias e, se quiser abrir os olhos e caminhar você pode, ok?
- Eu sei disso!
Prouth neste momento, se levanta e, passa a caminhar pelo consultório ainda
hipnotizado.
- Prouth... Prouth, ... – diz o Dr. Power e, quando já se preparava para fazer uma
pergunta, Prouth começa a dizer:
- Estamos em 1991 de acordo com seu calendário terrestre.
- O seu amigo Pitt foi quem te chamou?
- Não foi por nada em particular. Ele só queria conversar... com alguém, de vez em
quando.
- Me fale sobre o Pitt agora.
- Ele é abatedouro.
- Abatedouro?
- É o cara que dá a pancada na lateral da cabeça da vaca pra que ela não lute
quando lhe cortarem a garganta. Eu sei... É bárbaro...
- Ele ainda mora na mesma cidade?
- Mora fora da cidade. Ele tem uma casinha. Ficou ótima. Tem mais árvores e,
alguns quilômetros quadrados e, tem um rio. Me lembra K Pax. Menos pelo rio –
sorri ele, em tom melancólico.
- Escuta, ele casou com a garota grávida?
- Puxa, que memória! Mas, ela não está mais grávida... bom... isso foi há seis anos.
- Escuta, eu esqueci o nome dela.
- Sar... – Começa ele a dizer e, de repente afirma: - Hei! Eu não disse o nome dela.
- E, pode dizer agora?
Um breve silêncio...
- Sarah! Diz ele com tristeza.
Outro breve silêncio...
- Eles tiveram um filho ou uma filha?
- Rebeca! – diz Prouth com voz muito comovida e, torna a repetir: - Rebeca! Agora
com a voz meio chorosa.
Mais um breve silêncio...
- Semana que vem é o aniversário dela – Diz Prouth ainda mais comovido.
Prouth fica bastante agitado e, diante disso, o Dr. Power encerra aquela sessão de
hipnose. Após terminada a sessão, o Dr. Power, sozinho, no que provavelmente é o quarto
de Prouth, observa os objetos à sua volta e, frustrado, diz em voz alta:
- Me diz o seu nome, droga!
13.3 – A terceira sessão de hipnose
- Eu vou te dar uma data específica e, quero que lembre onde estava e, o que
estava fazendo neste dia, entendeu?
- Perfeitamente bem – diz Prouth já hipnotizado.
- A data é 27 de julho de 1996.
- Eu estou em K Pax – responde ele.
- Tem certeza?
- Absoluta, doutor. Tenho sim. Eu estou colhendo propins. Propins são frutas; frutas
grandes,... deliciosas. Gosta de frutas? – Diz Prouth em tom levemente sarcástico.
- Espere. Olhe aí... – diz ele de repente.
- É o Pitt?
- É. Eu sinto que há alguma coisa errada. Ele precisa de mim. Agora estou na
terra... Eu estou com ele.
- Você está com ele?
- Hummmrrummm – Afirma Prouth.
- E, onde você está? O que está fazendo?
- Estou num rio. É atrás da casa dele... Está escuro. Ele está tirando a roupa.
- Por que? Porque ele está fazendo isso?
- Ele está tentando se matar! – Afirma Prouth.
- Porque ele quer se matar?
- Porque aconteceu uma coisa terrível – diz Prouth com tristeza.
- Ele fez alguma coisa? Ele fez alguma coisa que não devia ter feito?
Prouth se agita ainda mais, e diz:
- Ele não quer falar nisso!
- Prouth! Eu estou tentando ajudá-lo! Não posso ajudá-lo se ele não me conta!
- Ele sabe disso!
- Então, por que ele não me conta?
- Porque aí, você ia saber o que nem ele quer saber!
- Então, você tem que ajudá-lo! Prouth, você tem que ajudá-lo! Me conte o que
houve.
- Ele não quer falar sobre isso! Você está surdo? – Pergunta Prouth em tom
amuado e infantil.
“O tempo dele está acabando”, diz o assistente ao Dr. Power.
- O tempo pra todo mundo está acabando! – repete Prouth – E, prossegue, dizendo:
- Ele está flutuando. Está flutuando!
“O Pulso dele está em 40. A respiração em 30. Pelo amor de Deus, traz ele de volta” –
diz o assistente ao Dr. Power.
Mas, desta vez, o Dr. Power não segue o seu conselho e, insiste mais um pouco com
Prouth, dizendo:
- Tudo bem, me escuta! Escuta! Você pode salvá-lo! É amigo dele. Você tem que
tentar!
- Eu sou amigo dele! Por isso, eu não vou tentar! – Diz Prouth em voz ainda infantil.
- Salve o Pitt! – Diz o Dr. Power a Prouth.
- Não! Não dá! A correnteza está muito forte. Não há chance! Eu... eu não posso!
- Escuta! Você ajudou muitos pacientes aqui! Ajudou a srª Harth, ajudou o Hawer,
o Ernie e, vou te pedir para ajudar a curar o Pitt agora! Vamos chamar de tarefa.
Eu vou te pedir pra fazer algumas tarefas. Eu quero que você me deixe falar com
ele. Se ele está ouvindo, eu quero que ele saiba que eu quero ajudá-lo. Se foi com
a Sarah ou a Rebeca... Se ele fez alguma coisa com a Rebeca...
Neste momento, Prouth grita desesperado e, avança sobre o pescoço do Dr. Power,
apertando-o, e ainda gritando e chorando. Tendo acontecido isso, o doutor o traz de volta.
E, Prouth lhe diz:
- Eu estou bem. Estou bem – e, parece não se lembrar do ocorrido.
14 – O Dr. Power descobre a verdadeira história de “Prouth”

N o trajeto de volta à sua residência, o Dr. Power encontra num lápis, que caíra do
bolso de Prouth uma pequena pista e, acaba descobrindo o lugar onde morava,
quando se deu o fato que lhe provocou o trauma.
Descobre ainda, pistas de ser ele Robert Porter, um homem que fora dado como
afogado, segundo reportagem local. O Dr. Power resolve ir até aquela cidade e, lá vem a se
encontrar com o xerife, onde tem suas suspeitas confirmadas. Por intermédio deste, vem a
saber todo o fato ocorrido a Robert Porter, o “Prouth”. De como sua esposa Sarah fora
violentamente assassinada por um andarilho que aparecera de repente em sua casa,
juntamente com sua filha Rebeca, após ter sido estuprada.
Fica sabendo que Prouth, agora, Robert Porter, chegou a flagrar o assassino ainda no
interior de sua casa, acabando desferir o último golpe em sua esposa; e, contou ao Dr.
Power como Robert Porter o matou, movido pelo desespero diante da cruel cena que
presenciava: sua esposa e filha mortas. “Talvez, no lugar dele, eu teria feito o mesmo”. Diz
o xerife.
Baseado na narração dos fatos feita pelo xerife, o Dr. Power consegue visualizar o
desespero de Robert Porter diante da horrenda cena ocorrida. E, no jardim, vê um balanço
e uma mangueira parecida com a que tem em sua casa e, mais uma vez, por meio de
visualizações, vê Robert lavando suas mãos ensangüentadas nos jatos d’água e, chorando
em desespero.
O xerife lhe contou ainda, que Prouth fora dado como afogado, e, que segundo
acreditam as pessoas dali, ele se jogara de um pequeno penhasco num rio de fortes
correntezas que havia atrás de sua casa. “Foi um erro ele ter sido declarado afogado, já
que seu corpo nunca foi encontrado” disse o xerife ao Dr. Power.
E, prossegue, dizendo:
- Doutor, se o homem que está lá em Nova York é mesmo Robert Porter, eu não
saberia tão cedo, está me entendendo?
Em frente ao rio, o Dr. Power visualiza mais uma vez e, vê Robert Porter, nu,
dirigindo-se devagar às águas (e não, pulando do penhasco) em profundo silêncio e,
caminhando até o fundo até ser encoberto por elas.
Tendo chegado de volta à sua casa, o Dr. Power observa sua filha ainda dormindo e,
dirigindo-se ao seu quarto, encontra sua esposa também dormindo. Ele a olha comovido.
Ela acorda. Ele a abraça e pede que o desculpe. Beija-a com carinho e, diz:
- Eu encontrei o que procurava.
- Jura? Ela pergunta olhando-o amorosa e compreensiva.
No dia seguinte, durante festa realizada no instituto, os pacientes entregam a Ernie
suas razões para serem levados por Prouth em sua viagem de volta à K Pax.

15 – O Dr. Power em seu encontro com Robert Porter, o “Prouth”, após


descobertas feitas a seu respeito...
O Dr. Power observa foto de Robert Porter... Este, chega ao seu consultório sem
óculos e, já não o olha com o mesmo olhar que tinha quando chegou ao instituto. Parece
mais quebrantado, quando em resposta à pergunta do Dr. Power, se se encontra pronto pra
voltar à K Pax, diz:
- Eu estou pronto. Não me lembro de nada. É uma piada, Mark (risos)! – Vocês
humanos não têm senso de humor (mais risos).
O Dr. Power lhe sorri com cumplicidade, no seu riso, nota-se uma certa inquietação
interior, um certo nervosismo. A bem da verdade, identificava-se com Robert e com sua
necessidade de fuga da realidade; Mark tem consciência disso. Daí em diante, brindam em
homenagem a uma viagem segura de “Prouth” de volta à K Pax – “Eu vou sentir sua falta,
Dr. Power”, diz Robert em tom de tristeza.
16 – O confronto com a verdade: Robert Porter X Prouth...

Q uando Robert já se preparava para se retirar de seu consultório, o Dr. Power, num
impulso que já não mais consegue controlar, dirige-se a ele, e lhe mostra um álbum
que contém a foto de Robert Porter. Observa-o atentamente, enquanto Robert olha
sua foto no álbum. É chegado o momento de confrontá-lo, decide o Dr. Power.
Ao ver a foto, “Prouth” diz conhecer Robert Porter.
- Você e Robert Porter são a mesma pessoa – afirma o Dr. Power a Prouth.
- Eu admitirei que sou Robert Porter se você Mark admitir que sou de K Pax –
Responde Robert em tom de ironia.
E, não obstante, o fato de não querer admitir serem eles a mesma pessoa, despede-
se do Dr. Power já com os óculos, dizendo:
- Agora, se me der licença, eu tenho um raio de luz pra pegar... Ah, Mark! Agora que
você achou Robert Porter, cuida bem dele – e, após dizer isso, retira-se do consultório.
16.1– Robert em contato com Ernie, após confrontação feita pelo
Dr. Power...
Diante do pedido de Ernie para que “Prouth” lhe dê a última tarefa, este lhe responde
dando o seguinte conselho:
- Ficar aqui e, estar preparado para qualquer coisa.
O conselho de Robert dado a Ernie, paciente do Instituto, é um conselho para si
mesmo. E, neste momento, Robert Porter, finalmente, se dá conta disso. As lembranças
que num mecanismo de auto-defesa haviam sido recalcadas em sua mente, voltavam à
tona em sua consciência. E, enquanto observa os objetos em seu quarto, sabe em seu
íntimo que seu mundinho ideal ameaçava ruir a qualquer momento. E, então, Robert se viu
diante de um grande dilema interior - A partir de agora, só haviam duas escolhas a fazer:
encarar a realidade dos fatos, por mais dolorosos que fôssem, ou, se apegar ainda com
mais força a um mundinho ideal como uma tábua de salvação... um refúgio seguro.
Fugir de si mesmo, tornava-se agora uma tarefa muito mais difícil. Agora, num nível de
consciência dos fatos, praticamente total, Robert Porter optou por não “abrir mão” de viver
num mundinho à parte.
16.2 – 27 de julho...
É chegado o dia de sua viagem de volta à K Pax. O mundo ideal de “Prouth” é de uma
vez por todas confrontado e, o resultado dessa confrontação é um doloroso sentimento de
frustração. Robert é encontrado desacordado pelo Dr. Power. Os pacientes do instituto ao
vê-lo sendo conduzido numa maca, preferem acreditar não ser ele o mesmo “Prouth” que
lhes havia falado acerca de K Pax. E, acreditam ter o verdadeiro “Prouth” escolhido levar a
Bessy, paciente daquele Instituto, em sua viagem de retorno. “Bessy foi para K Pax” – diz
Ernie aos demais pacientes... E, eles sorriem, felizes por ela ter sido escolhida.
Ao acordar, Robert Porter fá-lo decidido a viver um outro mundo ideal: um mundo
onde o silêncio parece ser um novo e melhor lugar de refúgio.
Empurrado numa cadeira de rodas pelo Dr. Mark Power, Robert, num ato claramente
consciente, mantém um olhar perdido no vazio, numa nova tentativa de fuga da realidade.
Não deseja a confrontação com os fatos. A verdade é, para ele, por demais dolorosa.
17 – O diagnóstico final dado pelo Dr. Power a Robert Porter, após
“viagem de retorno” à K Pax ter sido frustrada...
Como a maioria dos catatônicos, Robert Porter talvez escute cada palavra que
dizemos, mas se recusa ou é incapaz de responder, contudo, eu o mantenho informado –
Diz o Dr. Power em suas gravações acerca de seu paciente.
E, enquanto empurra Robert Porter numa cadeira de rodas, diz-lhe:
- Escuta! Eu te falei do Hawer, ele conseguiu aquele emprego na biblioteca. E,
o Ernie está determinado a ser um conselheiro de crises. A única que nos
preocupamos é com a Bessy, nós a procuramos em casas, igrejas, abrigos,
paradas de ônibus. Nada! Eu não entendo! As pessoas não somem desse jeito. 27
de julho! Você por acaso não sabe nada sobre isso, não? Robert... Não? –
Pergunta o Dr. Power mais uma vez e, prossegue dizendo:
- Quando estiver pronto, estarei aqui esperando – diz isso olhando nos olhos de
Robert, num tom de quem realmente deseja muito poder ajudá-lo a sair do estado em que
se encontra.
Robert, por sua vez, mantém-se em silêncio enquanto ouve as palavras do Dr. Power.
Nos seus olhos, um brilho maroto e um indisfarçável sorrisinho também maroto.
Indubitavelmente, ele tem agora consciência de seu doloroso passado, não obstante, está
firmemente decidido a não querer ter essa consciência.
18 – O conselho final de Robert ao Dr. Power. E, o resultado do seu
conselho...

“E
u quero dizer uma coisa, Mark. Uma coisa que vocês ainda não sabem. Mas, nós
K Paxianos estamos por aí há bastante tempo e, já descobrimos... o universo vai
se expandir e depois vai voltar ao que era, e depois vai se expandir de novo, ele
vai repetir esse processo para sempre. O que você não sabe é que quando o universo se
expandir de novo, tudo será como é agora. Quaisquer que sejam os erros que você cometa
agora, você vai conviver com ele em sua outra passagem; cada erro que cometer, você vai
conviver de novo e de novo, para sempre. Então, o meu conselho pra você é resolver tudo
agora, porque o agora é tudo o que você tem” – Conselho de Prouth ao Dr. Mark Power.
Não obstante decisão tomada, de não querer encarar de frente a realidade dos fatos,
Robert, enfim se deu conta de que na verdade um mundo sem laços afetivos (K Pax) não é
de maneira alguma um mundo ideal, e sim, um lugar de refúgio e de fuga de lembranças
dolorosas que tanto machucam. E, por isso, aconselhou o Dr. Power, pois, ele agora
entende que o mundo ideal é aquele em que encaramos a realidade de frente e “buscamos
consertar as coisas” enquanto ainda temos a possibilidade de fazê-lo.
Mark, finalmente segue o conselho de Robert e, vai buscar seu filho que acaba de
chegar de viagem, a quem diz:
- Estou muito contente em vê você – e, então, juntos, saem abraçados.
Interpretação da aluna do Curso de Psicanálise
Jeanekss a respeito de Robert Porter e do Dr. Mark Power,
ambos do filme K Pax

1 – A respeito do Dr. Mark Power, chefe da Clínica Psiquiatra do Instituto


Psiquiátrico de Manhattan:
1.1 – Ele, em relação a Robert Porter e aos demais pacientes do Instituto...

N o filme, o Dr. Power demonstra se sentir constrangido por não ter todas as
respostas a respeito de tudo - “Porque você não os curou?”, perguntaria Prouth em
certa ocasião. Por certo, o doutor tenha se sentido culpado naquele momento, por
nunca ter realmente se interessado pelos problemas de seus pacientes. O contato
com Robert agora, fazia-o enxergar sua falha para com estes. Até então, seus pacientes
eram apenas números, mais um lunático em sua lista de trabalho. Apenas mais um em sua
lista e, nada mais do que isso. O Dr. Power sabia que precisava ser impessoal em seus
relacionamentos com os pacientes, mas, sabia também, que na tentativa de ser impessoal,
ultrapassara o campo da impessoalidade e, se tornara indiferente; fato este, inadmissível
em sua profissão como psicoterapêuta.
1.2 – Ele, em relação à sua própria Família...
O Dr. Power foge dos assuntos difíceis: a situação com seu filho, por exemplo.
Mark Power, a bem da verdade, não encara o problema de frente como deveria. Nem ao
menos, consegue olhar nos olhos de quem o interpela, quando o assunto sobre o seu filho
entra em questão. Muitas das vezes, mantém-se distante de sua família, certamente, por
também considerar difícil o apego aos laços afetivos, pois, certamente, sofria com a perda
de relacionamento com seu filho; o seu apego a ele o fazia sofrer agora que não há mais
contatos entre ambos. Sem laços, não há perda. Talvez, por isso, o mundo-fantasia de
Robert o tenha intrigado tanto. Identificava-se com Prouth, com seus medos e com sua
necessidade de fuga. Robert, assim como o Dr. Power é um homem inteligente e marcado
pela perda, embora, não nas mesmas proporções.
2 – A respeito de Robert Porter, o “Prouth”.
2.1 – Ele, em relação ao Dr. Mark Power...
Parece querer deixá-lo a todo momento constrangido, como forma de não perder o
controle da situação e de si mesmo. As tentativas de demonstração de controle de “Prouth”
se dão em pequenos detalhes de sua atitude: a maçã e a banana (as quais, come com
voracidade desconcertante), o bloco de anotações, os óculos escuros e as perguntas
incisivas feitas ao doutor. Robert com muita habilidade, usa cada um desses itens como
meios de fuga da realidade. Ato consciente? Talvez! Na sua verbalização com o Dr. Power,
uma tentativa de desviar a atenção deste, daquilo que tanto deseja manter escondido das
pessoas e, principalmente, de si mesmo – “Então, por que ele não me conta?” Perguntaria
o doutor em dado momento; ao que Prouth lhe responderia: - “Porque aí, você ia saber o
que nem ele (o próprio Robert) quer saber!”. Robert Porter narra sua própria história como
sendo a história de um amigo (projeção). O Dr. Power sabe disso e, por esta razão, procura
investigá-lo por meio daquilo que narra. Robert sempre resistente, muitas vezes se mostra
maroto em suas respostas e, muitas vezes, responde as perguntas com evasivas ou por
meio de novas perguntas, as quais, são sempre desconcertantes; feitas com o intuito de
não perder o controle de tudo o que acontece durante as sessões.
2.2 – Ele, em relação a si mesmo...
Em K Pax, mundo-fantasia de Robert, não há laços familiares, isso por que, sem
laços afetivos não há perdas e, sem sentimento de perdas não há lugar para o sofrimento.
Num inconsciente mecanismo de auto-defesa, Robert queria esquecer o passado,
nem que para isso, precisasse viver num mundinho à parte e, sem dor. Contudo, havia em
seu íntimo algo que o deixava em constante conflito consigo mesmo: algo que embora
recalcado em seu inconsciente, como fleches, a todo o momento lhe ameaçavam voltar à
memória - lembranças que em seu íntimo sentia que precisava temer e, por isso, fugia.
Imagino a seguinte cena: “Robert Porter, ainda com vida e, em estado de choque,
acorda às margens do rio. E, nem ao menos tem noção de quanto tempo teria ficado
desacordado. A correnteza o havia deixado ali. Sente-se como que anestesiado. Para ele,
sua vida perdera todo o sentido. Um imenso vazio... O assassinato de sua esposa e de sua
filha era uma lembrança por demais dolorosa; e, a partir daí, sua mente entra num
inconsciente processo de auto-defesa”, conforme descrevo abaixo:

Mecanismo de auto-defesa
No nível da consciência:
A realidade dos fatos: o assassinato de sua esposa e
filha - Seu mundo fantasia é uma realidade melhor, lá não
há perdas. Sem perdas não há dor, por isso, K Pax é um
Lembrança

Resistênci
mundinho ideal.
Recalque

a
s

1) 2)
3)
No nível do inconsciente:
Lugar ideal onde as lembranças que provocam dor e o
sentimento de perda devem permanecer esquecidas.

3 – Sublimação...

R obert Porter julgava tarde demais para si mesmo, mas, sabia que para Mark Power
e seu filho ainda havia uma saída. Ficar aqui e, ajudar outros a não cometerem os
mesmos erros ele mesmo cometera no passado, era a única forma de dar algum
sentido à tragédia que viveu. E, é bem provável que por essa razão, tenha em seu íntimo
não desejado morrer naquele rio de fortes correntezas.
4- Nas entrelinhas: Um silencioso pedido de ajuda...
Assim como Robert em seu íntimo não desejou morrer, assim também, ele, em seu
inconsciente queria ser ajudado pelo Dr. Mark Power, por isso lhe disse: “Agora que você
encontrou o Robert Porter, cuida bem dele”.
5 – Robert Porter X Dr. Mark Power – um estranho paralelo...
“Em K Pax não há laços” - dissera Robert certa vez. E, num determinado momento do
filme, o Dr. Power lhe diz: “Pra dizer a verdade (risos), K Pax deve ser um lindo planeta...
Qual a chance de eu conhecê-lo um dia?” - Irônico? Talvez, o Dr. Power intencionasse ser,
mas, na verdade sua pergunta o traiu. Fato é, que ele realmente se interessou pelo mundo-
fantasia de Robert Porter – a verdade é que ele realmente parece demonstrar também
considerá-lo um mundo ideal, embora imaginário. Possivelmente, pensava em seu filho
quando perguntou a Robert sobre a possibilidade de um dia também conhecer K Pax.
A resposta de Robert diante de sua pergunta o desconcertou, talvez, tenha se sentido
assim, por ter este percebido nele uma tentativa de fuga de seu problema com o filho.
“Pra dizer a verdade, eu acho que você devia conhecer melhor sua própria família” -
Com esta resposta, Robert pretendia advertir o doutor a não cometer o mesmo erro que no
passado ele havia cometido. Robert se sentia culpado por não ter sido mais presente com
a família. Sua fuga da realidade se dava em razão de se sentir culpado por ter sido um pai
e esposo ausente. Acreditava que, talvez, pudesse ter evitado a tragédia se estivesse com
sua esposa e filha naquela ocasião. Poderia ter estado lá naquele dia; e, ele tem
consciência disso.
“Convide seu filho para o natal” – propusera Robert ao Dr. Mark Power.
5.1 – A ocorrência da contra-transferência...
Nota-se no comportamento do Dr. Mark Power, a ocorrência da contra-transferência
durante sessões psicoterapêutas que realizou em Robert Porter; a qual, entre outros
fatores, “é causada no analista pela ativação nele, de conflitos internos; ou ainda, em razão
de limitações específicas, da parte do analista, postas em relevo pelo paciente” 1 (no caso
em questão, Robert Porter) durante o tratamento. Todavia, o Dr. Mark Power ciente de
haver contra-transferido, sabiamente procurou reverter a situação, isso por que, “nem tudo
é negativo, pois sendo qual seja o teor (negativo, positivo ou ambivalente), pode e deve, o
analista, cônscio da contra-transferência, valer-se da transferência do analisando (que
corresponde ao seu comportamento na sessão), como prova clínica... tomando, para
interpretação, as próprias interpretações contra-transferenciais vinculadas às emoções
sentidas”2. E, foi isso o que fez o Dr. Mark Power numa tentativa de ajudar Robert Porter a
encontrar a cura.
6 – A respeito do diagnóstico final do Dr. Power acerca de Robert Porter...
6.1 – Informação acerca do tipo catatônico obtida em site da Internet:
“Codificação: F20.2x - 295.20 / Tipo: Catatônico

A
característica essencial da Esquizofrenia, Tipo Catatônico, é uma acentuada
perturbação psicomotora, que pode envolver imobilidade motora, atividade motora
excessiva, extremo negativismo, mutismo, peculiaridades dos movimentos
voluntários, ecolalia ou ecopraxia.
A imobilidade motora pode ser manifestada por cataplexia (flexibilidade cérea) ou
estupor. A atividade motora excessiva é aparentemente desprovida de sentido e não é
influenciada por estímulos externos. Pode haver extremo negativismo, manifestado pela
manutenção de uma postura rígida contra tentativas de mobilização, ou resistência a toda e
qualquer instrução. Peculiaridades do movimento voluntário são manifestadas pela adoção
voluntária de posturas inadequadas ou bizarras ou por trejeitos faciais proeminentes. A
ecolalia é a repetição patológica, tipo papagaio e aparentemente sem sentido de uma
palavra ou frase que outra pessoa acabou de falar.
A ecopraxia é a imitação repetitiva dos movimentos de outra pessoa. Aspectos
adicionais incluem estereotipias, maneirismos e obediência ou imitação automáticas.
Durante o estupor severo ou a excitação catatônica, a pessoa pode necessitar de
cuidadosa supervisão, para evitar danos a si mesma ou a outros. Existem riscos potenciais
de desnutrição, exaustão, hiperpirexia ou ferimentos auto-infligidos. Para o diagnóstico
deste subtipo, a apresentação do indivíduo deve, primeiro, satisfazer todos os critérios para
1
Apostila de Teoria Psicanalítica II elaborada pela FATUS.
2
Apostila de Teoria Psicanalítica II elaborada pela FATUS.
Esquizofrenia e não ser melhor explicada por uma outra etiologia, ou seja, induzida por
uma substância (por ex., Parkinsonismo Induzido por Neurolépticos), uma condição médica
geral ou Episódio Maníaco ou Depressivo Maior.
Um tipo de Esquizofrenia no qual são satisfeitos os seguintes critérios: (1) imobilidade
motora evidenciada por cataplexia (incluindo flexibilidade cérea ou estupor); (2) atividade
motora excessiva (aparentemente desprovida de propósito e não influenciada por
estímulos externos); (3) extremo negativismo (uma resistência aparentemente sem motivo
a toda e qualquer instrução, ou manutenção de uma postura rígida contra tentativas de
mobilização) ou mutismo; (4) peculiaridades do movimento voluntário evidenciadas por
posturas (adoção voluntária de posturas inadequadas ou bizarras, movimentos
estereotipados, maneirismos proeminentes ou trejeitos faciais proeminentes); (5) ecolalia
ou ecopraxia”3.
6.2 – A opinião pessoal da aluna Jeane a respeito deste diagnóstico...

O
fato de Robert ter se mantido em silêncio, enquanto ouvia as palavras do
Dr. Mark Power, tendo nos seus olhos um brilho maroto e, um indisfarçável
sorrisinho também maroto, deixa-nos claro que ele agora, FINALMENTE, já estava
totalmente consciente de seu passado, não obstante, decisão de não querer ter essa
consciência. Entendemos que assim como Prouth criou para si um mundo ideal chamado K
Pax, baseado em seu conhecimento de astronomia, assim também, a sua atitude aqui
mencionada, leva-nos a crer que ele ciente das características de uma pessoa tipo
catatônico, tenha simulado os sintomas da doença como nova forma de tentativa de fuga
da realidade; até por que, no Instituto Psiquiátrico de Manhattan, Robert Porter, certamente,
teve contato com pacientes desse tipo. E, percebe-se no sorriso do Dr. Mark Power, que
nem mesmo ele acreditava na realidade desse diagnóstico que proferiu.
A diferença básica entre os dois mundos criados para si por Robert Porter, está no
fato de que no primeiro caso, sua mente se valendo de um inconsciente mecanismo de
defesa, recalcou a lembrança; já no segundo caso, ele conscientemente decidiu não querer
enxergar os fatos.
7 - A respeito do filme como um todo...
O filme ”K Pax” é uma produção inteligente. E, possibilita-nos, como alunos do curso
de Psicanálise, entender todo o processo de uma psicoterapia. Nele, temos a possibilidade
de identificar os possíveis erros e acertos que podem ocorrer neste processo. É um filme
com uma gama de informações impressionante. Nele, é possível percebermos
a transferência, contra-transferência, resistência, projeção e sublimação e, muito mais.
Parece até que o ator que faz o personagem “Dr. Mark Power” é mesmo um psicoterapêuta
e, que o ator que faz o Robert é o próprio Robert Porter (risos). É um filme brilhante! Um
filme de se aplaudir de pé (mais risos). Fiquei ainda mais apaixonada pela psicanálise após
assisti-lo. Interessante! Eu já o havia assistido, porém, vê-lo agora, após aprendidas
algumas noções de psicanálise, foi uma experiência totalmente nova.

Referência: o Filme K-Pax.

3
Fonte: Site da Internet.

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