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De Evana Ribeiro
CAPÍTULO 55
Copyright 2007
CENA 1 - AEROPORTO/HALL DE DESEMBARQUE - INT - TARDE
Continuação da cena final do capítulo anterior. Michael
segura as mãos de Monika. Ambos estão sorridentes.
MONIKA
Demorei muito?
MICHAEL
Achei que não viesse mais.
MONIKA
Tolinho.
Eles se beijam. Laurie se aproxima lentamente com a cadeira
de rodas.
LAURIE
Olá, Michael! Como vai?
MICHAEL
Muito bem, obrigado, Laurie. A
viagem foi tranqüila para vocês?
MONIKA
Foi sim. Você sabe, nossa maior
preocupação era Marianne, que nunca
viajou... Mas graças a Deus, deu
tudo certo.
MICHAEL
Bom, eu ia levar vocês à minha
casa, mas creio que estejam muito
cansadas...
MONIKA
(sorrindo)
É verdade. (pausa) Adoraria ver a
sua mãe, mas fica para uma outra
hora, sim?
MICHAEL
Então eu levo vocês ao apartamento.
Michael e Monika seguem de mãos dadas. Laurie vai atrás
deles, com Marianne.
CORTA PARA
2.
ANGELA
Não sei.
VALENTINA
Ela deve ter saído. (pausa) Agora a
senhorita vai tomar um banho,
certo?
ANGELA
E vovó?
VALENTINA
(um pouco irritada, mas
tentando disfarçar)
Já disse que ela deve ter dado uma
saída, meu bem!
ANGELA
Mamãe.
VALENTINA
Diga...
ANGELA
Posso fazer uma pergunta?
VALENTINA
Pode.
ANGELA
Por que toda vez que eu falo na
vovó você fica brava?
VALENTINA
(sem graça)
Brava, eu? Não, meu amor... Só tô
um pouquinho cansada.
ANGELA
E vocês não conversam mais.
Brigaram de novo?
VALENTINA
É... Angie, depois a gente fala
sobre isso, tá? Agora você vai
tomar banho.
ANGELA
(contrariada)
Tá bom...
Valentina leva Angela nos braços até o banheiro.
CORTA PARA
5.
HERMAN
Você nunca tinha falado sobre isso.
VALENTINA
É que eu não gosto de falar sobre
isso. É uma coisa tão antiga...
HERMAN
(interrompe)
Mas você ainda sente como se fosse
algo muito recente. Não seria
melhor falar?
VALENTINA
Não sei...
HERMAN
Você sabe que pode se abrir comigo,
meu amor.
Ambos ficam em silêncio por um minuto.
VALENTINA
Tudo bem, você tem razão. (pausa)
Você deve ter percebido que, desde
que nos conhecemos, eu nunca me
referi a Alice como minha mãe.
HERMAN
É verdade. Nunca questionei, mas
sempre achei estranho.
VALENTINA
Acontece que eu cortei relações com
ela quando tinha sete anos. Por
causa de um tapa. (ri, sem graça)
Eu sei, parece bem patético, mas é
verdade.
HERMAN
Só por causa de um tapa?
VALENTINA
Não, não... Na verdade é bem mais
do que isso. Acontece que eu nunca
me senti amada por ela. Tudo era
para o Leon e eu fiquei
escanteada... Ela nunca se importou
com a minha vida e um dia resolveu
que tinha o direito de me bater.
(pausa) Se ela agisse como minha
mãe desde sempre, eu entenderia,
mas não era assim, então não
(MAIS...)
8.
VALENTINA (...cont.)
perdoei. (pausa) E acho que nunca
vou perdoar.
HERMAN
Valentina... Você não acha que está
exagerando? São muitos anos,
qualquer pessoa teria esquecido uma
coisa dessas.
VALENTINA
É que para os outros parece
bobagem, mas pra mim não é! Eu
sempre percebi que ela não gostava
de mim, que eu não sou o que ela
gostaria que eu fosse... E ela
acabou me afastando do Leon, no
final das contas.
HERMAN
E vocês continuaram ali, se vendo
todos os dias, mas sem nenhum
contato?
VALENTINA
É. A gente se suportava... Acho que
essa é a palavra certa. Leon nunca
entendeu meus motivos, e acho que
nunca vai entender. Esse foi um dos
motivos para que não nos déssemos
bem depois de crescidos. (pausa) E
saí de casa sem falar com ele...
Bom, agora eu vejo a história se
repetindo, e pior, com uma pessoa
que eu sempre amei muito, e achei
que também me amasse.
HERMAN
E porque você acha que ela não ama
mais?
VALENTINA
Se ela me amasse realmente, não
teria feito o que fez, certo?
Herman silencia. As mãos deles se soltam lentamente.
CORTA PARA
9.
JERRI
O que é que ele tá fazendo aqui?
RAUL
Calma, pessoal, calma. Eu vim em
missão de paz.
ANA PAULA
De paz, é?
RAUL
É. Eu vim falar com seu marido.
ANA PAULA
Sobre o quê?
RAUL
Poderia nos deixar sozinhos, Ana
Paula?
ANA PAULA
E eu não posso ficar? Que conversa
estranha é essa que eu não posso
ouvir?
JERRI
Pode ir, Aninha. Depois eu te digo
tudinho.
ANA PAULA
Olha que eu vou cobrar!
Ana Paula sai, olhando para trás diversas vezes, com
desconfiança.
RAUL
(ainda do lado de fora)
Posso entrar?
JERRI
Ah, nem percebi que você ainda tava
aí fora! Entra!
Raul entra. Jerri senta no sofá, Raul o imita.
JERRI
E qual é o assunto?
RAUL
Bom, eu vim pedir... Vim pedir
desculpas pelo meu comportamento
com relação a você e Ana Paula.
Gosto muito dela, mas perdi, e como
(MAIS...)
11.
RAUL (...cont.)
bom perdedor, bem... Acho que você
entendeu. No fim o erro foi meu
mesmo, de me apaixonar por uma
mulher já comprometida e achar que
poderia, digamos, roubá-la!
Raul ri falsamente. Jerri dá um sorriso amarelo.
JERRI
Ainda bem que reconhece...
RAUL
Eu assumo também que usei de
artifícios baixíssimos para
descobrir algum segredo seu que
pudesse deixá-lo mal com ela.
(pausa) Sem sucesso obviamente.
Devo reconhecer que nunca vi uma
pessoa com tamanha retidão de
caráter como você!
JERRI
(surpreso)
Sério? Jura?
RAUL
Juro pela minha irmã.
JERRI
Então quer dizer que você que ser
meu amigo agora?
RAUL
Justamente. Poderíamos até
trabalhar juntos!
JERRI
(tentando disfarçar o
nervosismo)
Trabalhar... Juntos?
RAUL
Sim! Se você quiser, é claro.
JERRI
Vamos ver, vamos ver... Outro dia a
gente conversa sobre isso.
RAUL
Está certo, então. (levanta-se e
tira um papel do bolso, que entrega
a Jerri) Este aqui é meu cartão.
(MAIS...)
12.
RAUL (...cont.)
Caso tenha algum projeto em mente e
queira conversar sobre, estou
disponível.
Raul e Jerri se cumprimentam com um aperto de mão.
RAUL
Até qualquer dia desses.
JERRI
Até!
Jerri e Raul vão juntos até a porta. Raul sai. Ana Paula
entra, vinda da cozinha.
ANA PAULA
Não resisti e ouvi tudo de lá
mesmo.
JERRI
Então?
ANA PAULA
Você vai trabalhar com ele?
JERRI
Tô pensando...
ANA PAULA
Seria uma boa oportunidade pra
desengavetar o filme, né?
JERRI
(hesitante)
É... Seria sim.
ANA PAULA
(eufórica)
Aceita, Erasmo! É a nossa chance!
Se ele tá a fim de trabalhar junto,
por que não?
Jerri olha para cima, preocupado. Depois olha para Ana Paula
e sorri amarelo.
CORTA PARA
13.
CRISTINA
Não... Briguei com ela mesmo.
(pausa) A gente tinha ido pra
Recife procurar uma parente que
tinha fugido de casa e lá eu andei
descobrindo umas coisas que...
Melhor não falar. (pausa) E além
disso quero muito seguir carreira
militar, coisa que meu pai nunca ia
permitir.
MATEUS
A minha quer que eu seja padre!
CRISTINA
(rindo)
Eu nunca me confessaria com você!
MATEUS
É? E por que não?
O atendente coloca o lanche de Mateus sobre a mesa. Ele não
vê, pois está prestando atenção em Cristina.
CRISTINA
Porque eu nunca ia imaginar que um
cara como você seria padre! Ia
pensar que era uma pegadinha ou
coisa parecida...
MATEUS
Pois é. Mas a minha mãe jura que eu
tenho jeito pra ser padre.
CRISTINA
E o que você quer fazer?
MATEUS
Bom, antes de vir pra cá eu pensei
direitinho e resolvi que vou seguir
carreira militar.
CRISTINA
Apóio! (pausa) Ah, nem me
apresentei... Meu nome é Cristina.
MATEUS
E o meu é Mateus.
Os dois se dão as mãos.
16.
MATEUS
Cristina, eu tô procurando um canto
pra alugar, coisa pequena mesmo...
Você que tá aqui há mais tempo,
sabe onde posso achar um
disponível?
CRISTINA
Hmm... Você tá com sorte! Perto do
pensionato onde eu moro tem uns
quartinhos pra alugar... Coisa
barata. Depois que você comer, te
levo lá.
MATEUS
Tá certo... Valeu mesmo, viu?
CRISTINA
Nada... A gente tem que se ajudar
mesmo, né?
Cristina sorri. Mateus vê que o sanduíche já está no balcão
e começa a comer. De quando em quando, trocam olhares.
CORTA PARA
LAURIE
(grita)
Marianne! Marianne, acorda! (pausa)
Monika! Vem aqui agora!
Monika entra correndo e encontra a irmã desmaiada.
MONIKA
O que aconteceu?
LAURIE
(quase chorando)
Eu não sei... De repente ela
começou a respirar com dificuldade
e desmaiou. Não sei o que é isso!
MONIKA
Eu... Aqui perto tem um hospital,
vamos levá-la logo pra lá!
Monika corre para sair do quarto.
LAURIE
Vai chamar uma ambulância?
MONIKA
Não, vamos levá-la no meu carro
mesmo.
Monika sai. Laurie sai em seguida com Marianne.
CORTA PARA