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O SACRAMENTO DA ACOLHIDA

“Aproximando-se da aldeia para onde iam, Jesus fez como se fosse mais
adiante.
Eles, porém, insistiram, dizendo: ‘Permanece conosco, pois cai a tarde e o dia
já declina’. Entrou então para ficar com eles”. (vv. 28-29)

À medida que o diálogo foi se aprofundando, os dois discípulos foram se


afeiçoando ao peregrino, seus olhos foram progressivamente iluminados e seus
corações aquecidos, a esperança e a felicidade foram invadindo os espaços
pouco antes ocupados pelo desencanto e pela tristeza. A conversa tinha sido tão
agradável, que os discípulos se surpreenderam ao constatar que já tinham
chegado a Emaús.
Detenhamo-nos na contemplação dos três na encruzilhada do caminho que vai para a aldeia.
O sol acaba de se pôr e a noite começa a descer. É a hora de restaurar as forças com a refeição, a hora
do descanso, a hora das confidências. O convite feito pelos dois discípulos ao peregrino tem sua razão
de ser, quando a escuridão facilita os assaltos e agressões.

Depois do longo diálogo com o peregrino, os discípulos não discutem mais entre
si, mas, unânimes, insistem para que jante e permaneça com eles naquela noite.
A insistência no convite não é um gesto meramente convencional. Lucas quer mostrar aos destinatários
do Evangelho que o pedido “Permanece conosco!” expressa o desejo de ser discípulo de Jesus.
O pedido revela que os discípulos não querem perder a Luz com que tinham sido iluminados, nem o
calor com que tinham sido aquecidos.
Mesmo antes de reconhecê-lo os dois discípulos intuíram que o convidado era o Sol que não conhece
ocaso, o Sol que destrói as trevas do pecado e da morte, a Luz que ilumina todo homem.

Jesus, por sua vez, quer também prolongar a convivência com eles. O peregrino,
agindo de acordo com os costumes orientais, só aceitou a hospitalidade depois
de ser insistentemente rogado.
Depois que Jesus aceitou o convite, a casa de Emaús, em vez de tornar-se um lugar de fuga e fechamen-
to, como os discípulos pretendiam, tornou-se um lugar de acolhida e de partilha, de iluminação e ponto
de partida para a retomada da comunhão com a comunidade dos Onze e dos demais companheiros.
Comentando esta passagem, S. Agostinho exorta os cristãos à prática da
hospitalidade:
“Que mistério, meus irmãos! Jesus entra em sua casa, torna-se seu hóspede, e
reconhecem na fração do pão Aquele que não haviam reconhecido durante todo
o tempo que caminhou com eles.
Aprendei, pois, a praticar a hospitalidade; nela reconhecereis o Cristo.
Acolhe o hóspede se queres conhecer o Salvador. O que a infidelidade lhes tinha
tirado foi-lhes devolvido pela hospitalidade. Se acolheis um cristão, o acolheis a Ele.
Ele mesmo o diz: ‘Fui hóspede e me acolheste’. Demos de comer ao Cristo faminto.
Saciemos sua sede. Vistamo-lo quando está nú. Acolhamo-lo quando enfermo.
São misteres da viagem. Assim devemos viver onde Cristo está necessitado”.

S. Gregório Magno insiste no mesmo tema: “Recebei o Cristo em vossa mesa para
merecer ser recebidos por Ele no banquete eterno; oferecei agora alojamento ao
Cristo estrangeiro para que no momento do juízo, Ele não vos ignore como estrangeiro,
mas vos receba em seu Reino, como membros de sua família”.

Na oração: Detenhamo-nos mais uma vez para saborear o significado da cena. Ela nos mostra que quando
pe-
dimos insistentemente ao Senhor para que fique conosco, Ele ouve sempre nossa súplica; e sua
presença ilumina e transforma nossa vida.
Na verdade, é Ele próprio quem deseja sentar-se à nossa mesa; mais ainda, é Ele quem toma a ini-
ciativa de vir ao encontro, é Ele quem mendiga o nosso amor.
* Jesus nunca nos impõe sua presença, nunca exige de nós que nos abramos à comunhão com Ele. Espera sem-
pre até que surja em nós, do mais profundo de nós mesmos, o desejo de permanecer com Ele.
Mas, se deixarmos que Ele se aproxime de nós, caminhe e converse conosco, e se lhe abrirmos as portas de
nosso coração, terminaremos sendo cativados por Ele e desejaremos que permaneça conosco.
Depois de contemplar o comportamento dos discípulos com Jesus e de Jesus conosco, perguntemo-nos qual é a
acolhida que damos (ou não damos) às pessoas que vêm ao nosso encontro ao longo dos caminhos de nossa
vida. A acolhida delas pode ser para nós um sacramento do encontro com o próprio Senhor.

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