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Acho estranho que Paulo pergunte sinceramente “Quem é Paulo? Quem é Apolo?

Quem é Pedro? Senão servos por meio de quem ouvistes a Palavra e creste?”—
enquanto, apesar disso, nós tenhamos levado a ele e aos demais para um patamar
de sobrenaturalidade tal, que hoje, se alguém questiona qualquer coisa que eles
tenham dito ou feito, as resposta ortodoxas e veementes são exatamente a negação
do que Paulo disse e insinuou com interrogações insistentes que fez em relação ao
que ele pretendia relativizar: eles próprios.

“Mas como? é Paulo! Mas como? é Apolo! Mas como? é Pedro!”—é o que a
estupefação religiosa responde quando se questiona qualquer coisa que eles
possam ter dito, feito ou escrito, e que esteja AQUEM da proposta do Evangelho, do
qual eles eram apenas servos, mas não a sua encarnação e nem os seus únicos e
finais interpretes autorizados.

Somente Jesus é a Encarnação da Palavra e de seu espírito. Paulo, Apolo, Pedro e


todo e qualquer outro irmão da primeira hora, eram apenas servos que pregaram e
por meio de quem muitos creram, inclusive nós, que somos herdeiros da
mensagem da Graça, especialmente anunciada por Paulo, mas do que por qual
outro apóstolo naqueles dias.

Ora, o simples fato de dizermos que há em Paulo mais conteúdo do Evangelho que
nos demais apóstolos, por si só, já relativiza a coisa toda, posto que é sem dúvida
que o próprio Paulo sabe que sobre ele há luzes de maior amplidão e discernimento
(Gl 1 e 2). E mais: o fato de Pedro dizer que o “irmão Paulo dizia coisas difíceis de
entender, às quais os instáveis e corrompidos de mente deturpavam”, já demonstra
que havia algo acontecendo no plano do discernimento crescente do Evangelho e
de seus aplicativos, que o próprio Pedro se sentia limitado quanto a tentar explicar
ou defender, embora reconhecesse que naqueles conteúdos havia a revelação do
Evangelho e de seu significado.

Quando eu leio a Bíblia eu vejo de tudo:

1. Palavra de Deus ao homem;

2. Palavra do homem em nome de Deus, como se fosse Deus falando;

3. Revelação de Deus ao homem;

4. Projeção do homem em relação a Deus, construindo perfis antropomórficos da


divindade;

5. Palavra de Deus com a do homem, revelando sínteses para um dado momento


histórico;

6. Ações de Deus sem o homem;


7. Ações do homem em nome de Deus;

8. Ações do homem apesar de Deus, e, apesar de tudo ser feito em nome de Deus;

9. Ações de Deus para destituir o que antes fora instituído apenas porque o meio
virou fim;

10. Ações do homem com Deus, mas que não são padrões do ideal de Deus na Sua
ação nos homens.

E aqui não vou mencionar os lugares e as horas nas quais, para mim, em meu
coração, cada uma dessas coisas acontece conforme as sutilezas acima expressas.

Há lugares em que meu coração treme sempre, pois me é impossível não ver Deus
falando ao homem. Mas há uma quantidade enorme de produção e projeção
humana, reverente e piedosamente feita em nome de Deus, e com tons de estatutos
inspirados.

Toda a Escritura precisa ser lida assim a fim de que não se transforme no samba do
crioulo doido nas nossas interpretações, a maioria delas existindo em estado
permanente não de paradoxo, mas da mais gritante contradição em relação ao
espírito do Evangelho de Jesus.

É por isso que há anos eu insisto que a Escritura só pode ser entendida depois que
o indivíduo discerniu a Encarnação da Palavra, posto que é em Jesus, e à partir
Dele e de Seu espírito e modo de ser, que eu posso ver o que é Palavra de Deus, e
qual é o seu espírito.

Uma vez que isto está instalado em você tudo fica simples e claro. E você não
vacila mais quanto ao fato que surge em você uma inamovível convicção quanto ao
fato que o Evangelho não é um corpo de doutrinas, mas uma maneira de ver,
entender, discernir e experimentar a vida e as múltiplas formas de relações com
Deus, os homens e o todo da criação.

Para mim é tão simples ver quando Paulo está cheio do Evangelho e quando ele
está apenas “meio-cheio” de si.

Tornar “inspirado o seu surto” tem sido uma desgraça para a fé.

Tenho altos papos com Paulo. Ele sabe o quanto o amo, e também, quais são as
muitas coisas periféricas nas quais eu não concordo com ele Hoje, embora
concorde com ele no contexto no qual aquele aplicativo do Princípio do Evangelho
foi feito por ele, embora, em minha opinião, algumas vezes, o aplicativo merecesse
um pouco mais de ousadia apenas em razão da compreensão essencial que havia
levado o apostolo até aquele ponto, mas, cuja fronteira, depois, ele não teve a
coragem de cruzar, respeitando os limites do seu tempo.
Todavia, o entendo naquela limitação, mas de modo algum me disponho a obedece-
lo naquele aplicativo pobre, se se toma em consideração a profundidade, a altura, a
largura e extensão da proposta do Princípio do Evangelho pelo apostolo discernido,
e não levado até às ultimas conseqüências em razão de algumas “médias” que ele,
por mais liberto que fosse, sentia necessidade de fazer com a cultura local, ou,
ainda, em razão de alguma forma de choque cultural não absorvido por ele.

Isto sem falar que Paulo tinha alma, e nela, traumas, doenças, idiossincrasias, e
preferências... coisas absolutamente dele, e que muitas vezes aparecem na forma
de declarações “inspiradas”, e que, sinceramente, não o foram; pelo menos não
para além daquele contexto imediato, e do limite psicológico do próprio apóstolo.

Digo isto porque se quisermos ver uma revolução de Deus em nossas


consciências, temos que ter coragem de ler Paulo e ler todos somente a partir de
Jesus e da Encarnação.

A salvação da “hermenêutica” está na Encarnação, onde a Palavra se explicou a si


mesma, e de onde tudo o mais tem que ser entendido.

A pratica de Jesus torna pigmeus a todos os apóstolos, incluindo Paulo.

Afinal, em nome de Paulo, eu também pergunto: “Quem é Paulo? Quem é Apolo?


Quem é Pedro? Se não servos por meio de quem ouvistes a Palavra e creste?”

Neles eu tenho as referencias do Fundamento, do qual Jesus é a Pedra Angular,


sendo, portanto, por Ele, a Pedra da Esquina, que eu tiro o prumo e o nível de todas
as coisas, tendo inclusive a liberdade de dizer: “Irmão Paulo, nesse quesito, chega
um pouquinho para cá... ou para lá... posto que as implicações do Evangelho
relativizaram já há muito o seu esforço de atualização da Palavra para os seus dias,
que já não são nossos”.

E se ele estivesse aqui, eu sei, amando a Jesus e ao Evangelho como ele amava e
cria, não tenho dúvidas de que em muitas coisas ele diria: “É isso aí, meu irmão!”

Caio

06/05/05

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