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Licenciado em Relações Internacionais e Diplomacia, pelo Instituto Superior de Relações Internacionais
de Moçambique e Mestre em Estudos diplomáticos pela Academia Diplomática de Londres (DAL) na
Universidade de Westminster. Docente de política Externa, Geopolítica e Estudos da União Europeia.
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CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
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É na sequência das recomendações do Consenso de Washington que Moçambique
embarcou no ajustamento estrutural e reformulou a sua legislação a fim de melhorar a sua
performance económica. No caso vertente a MOZAL é fruto do Investimento Directo
Estrangeiro (IDE), que é uma das recomendações das instituições de Breton Woods. Daí
que se pode dizer que o Consenso de Washington criou um ambiente propício para o
investimento directo em Moçambique.
2
A primeira lei sobre Investimentos nacionais e estrangeiros foi a lei n˚4/84, de 18 de Agosto, e o primeiro
regulamento de Investimento Directo Estrangeiro foi estabelecido pelo decreto n˚ 8/87, de 30 de Janeiro.
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A construção da MOZAL ocorreu em duas fases tendo a primeira iniciado em 19983 e
começado a operar em Dezembro de 2000, produzindo 250 mil toneladas de alumínio por
ano. De salientar que é na sequência da instalação da MOZAL que surgiu o Parque
Industrial de Beluluane, inaugurado a 12 de Setembro de 2000. Os accionistas do Parque
são a Chiefton e o governo Moçambicano, que é representado pelo Centro de Promoção
de Investimento (CPI). Até Julho de 2007 cerca de vinte empresas a funcionavam no
parque, todas com capital estrangeiro, excepto a ÓMEGA que é completamente nacional.
Para além das empresas que estão no recinto do parque, mais cinco funcionam à margem
da ZFI4.
A MOZAL faz parte das cinco maiores fábricas mundiais como ilustra a Tabela1. É esta
dimensão que justifica o alto nível de demanda de serviços de outros sectores que a
empresa tem, o que cria a integração Intersectorial. Mas pode questionar-se o facto de
nenhuma delas encontrarem-se nos países mais ricos.
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No dia 22 de Maio de 1998 fez-se em Beluane o lançamento da primeira pedra para a construção da
MOZAL A construção da terceira fase está dependente da disponibilidade de energia eléctrica o que até ao
momento ainda não tem solução à vista.
4
Alto funcionário do CPI, 27 de Julho de 2007.
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Este processo consiste na racionalização de recursos e de custos sem ferir a qualidade do produto.
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Tabela 1: Maiores fábricas mundiais de alumínio
1.1 Problematização
Na compreensão do papel das multinacionais questiona-se o papel que estas
desempenham no desenvolvimento das comunidades locais. Procura-se entender o
motivo pelo qual os países pobres como Moçambique optam por aceitar o
estabelecimento de multinacionais como a MOZAL. As respostas a estas perguntas
vêm-nos de autores como Barros (2004:15) que diz:
Os Mega projectos podem ser contribuintes significativos para o desenvolvimento,
incluindo o crescimento do PIB, geração de receitas de exportação, algum nível de
criação de emprego. Para além destes benefícios, os mega projectos têm tido outros
benefícios em Moçambique. Isto inclui a colocação de Moçambique no mapa como um
destino para o investimento, estabelecendo e elevando os padrões de qualidade e
apoiando os serviços comunitários/sociais.
Kassotche (1999: 67) citando Spiegel afirma que as multinacionais substituíram o sistema
colonial como meio de penetração e extracção de riqueza do Sul.
Barros e Kassotche representam duas perspectivas opostas, enquanto Barros encontra nas
multinacionais uma tábua de salvação a caminho do desenvolvimento. Kassotche
representa a classe dos cépticos que vêm nas multinacionais uma espécie de
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Os dados actualizados apontam para uma produção 560 mil toneladas por ano (Rungo 18 de Julho de
2007).
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neocolonialismo. A divergência de opiniões entre os autores mostra que não existe uma
única percepção do papel das multinacionais na promoção do desenvolvimento das
comunidades locais. Portanto, é importante que cada caso seja estudado para daí se retirar
as devidas ilações. Por esta razão torna-se importante estudar o papel da MOZAL na sua
qualidade de multinacional para se inferir a real contribuição desta companhia no
desenvolvimento.
1.2 Objectivos
O presente trabalho foi conduzido por um objectivo geral que se desdobrou em três
objectivos específicos. Sendo objectivo geral:
· Compreender a contribuição da MOZAL no desenvolvimento de Moçambique.
Os objectivos específicos são os seguintes:
· Analisar a contribuição económica da MOZAL no desenvolvimento de
Moçambique.
· Explicar até que ponto a MOZAL pode ser considerada ponto de articulação para
as integrações Intersectorial e Espacial da economia Moçambicana
· Analisar a política interna da MOZAL com relação ao desenvolvimento das
comunidades circunvizinhas.
1.3 Hipóteses
Com base nos objectivos específicos acima enunciados foram estabelecidas as seguintes
hipóteses:
· A presença da MOZAL em Moçambique estimula o desenvolvimento deste país.
· A MOZAL como ponto de articulação estimula as integrações Intersectorial e
Espacial na região onde se localiza.
· A política interna da MOZAL estimula o desenvolvimento das comunidades
circunvizinhas.
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1.4 Questões de Pesquisa
O trabalho procura responder às seguintes questões de pesquisa:
· Até que ponto a presença da MOZAL em Moçambique estimula o
desenvolvimento deste país?
· Até que ponto a MOZAL serve de ponto de articulação de modo a estimular as
integrações intersectorial e espacial?
· Terá a MOZAL uma política interna para estimular o desenvolvimento das
comunidades circunvizinhas?
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nele apresenta-se a teoria de integração que serve de instrumento de análise. Em seguida
procura-se definir os conceitos chaves deste trabalho de modo a que o leitor seja capaz de
seguir a discussão, tomando como base a compreensão dos conceitos segundo o autor. O
terceiro capítulo é dedicado ao impacto da MOZAL na economia Moçambicana,
começando-se por se debater o binómio MOZAL e a Legislação Moçambicana e logo
depois o que a MOZAL significa na economia Moçambicana. O quarto capítulo é
intitulado: MOZAL e a Comunidade, divide-se em duas subunidades, a primeira é
denominada: Associação MOZAL para o Desenvolvimento da Comunidade. Nesta
secção são tratados temas como: o desenvolvimento de pequenos negócios, a educação e
formação, a saúde e o meio ambiente, o desporto e a cultura e as infra-estruturas
comunitárias. A segunda e última secção é a alternativa de desenvolvimento da
comunidade local, onde se propõe a mudança do modus operandi, da Associação
MOZAL para o Desenvolvimento da Comunidade.
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CAPÍTULO 2: ASPECTOS TEÓRICOS E CONCEPTUIAIS
Este capítulo vai tratar do referencial teórico e dos conceitos mais importantes para a
compreensão deste estudo. No tocante ao referencial teórico, foi usada a teoria de
integração económica que preconiza as integrações intersectorial e espacial. Num
segundo momento são definidos conceitos como: Investimento Directo Estrangeiro,
Multinacional, Crescimento Económico, Desenvolvimento, Países em vias de
Desenvolvimento e Zona Franca Industrial. A sua compreensão no contexto deste
trabalho evitará a multiplicidade de interpretações do conteúdo aqui abordado.
9
produção ou o desaparecimento do ponto da articulação colocará em crise todo o
complexo.
O tema foi lido tendo em conta a Integração intersectorial e a Integração espacial. No que
se refere a integração intersectorial, analisou-se as relações que a MOZAL estabelece
com outras empresas que oferecem serviços a esta companhia. No tocante a integração
espacial fez-se a interpretação das actividades da AMDC, na criação do bem estar das
comunidades locais. Assim, a avaliação da integração económica foi feita em duas
vertentes a empresarial e a comunitária.
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2.2 Aspectos Conceptuais
Multinacional é também um conceito que aparece com frequência neste estudo. Segundo
Namburete, Multinacional (MTN) é “uma companhia que é dona ou controla de forma
significativa actividades em, pelo menos, dois países” (2002:166). De salientar que as
multinacionais são uma consequência directa do investimento directo estrangeiro. Assim,
a Multinacional é uma empresa que tem o controle significativo de actividades
económicas que são executadas em dois ou mais países.
Sabendo-se que as multinacionais podem ter como um dos seus benefícios o Crescimento
Económico de um país, é preciso ter clareza sobre o seu significado, pelo menos neste
trabalho. Para Abramowitz, crescimento económico é o aumento global da produtividade
das nações (1989:24). Dornbusch acrescenta que a causa do crescimento económico é o
aumento da quantidade de insumos disponíveis, como mão-de-obra, capital e avanços
tecnológicos (2003:39). Assim, o crescimento económico de um país é o aumento do PIB
desse mesmo país motivado pelo aumento da quantidade de insumos disponíveis.
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Os conceitos acima definidos, seriam vazios se deixássemos de lado o conceito de
desenvolvimento, que é o mais importante de todos os outros, pois advém do objecto do
estudo. É preciso salientar que não há consenso na definição do desenvolvimento, porém,
duas correntes se destacam: A primeira corrente representada pelos modelos da tradição
neoclássica, como o de Meade e o de Harrod e Domar, define o desenvolvimento como
sinónimo do crescimento económico, valorizando-se assim a dimensão quantitativa em
detrimento da qualitativa (Sousa, 1995:16). A segunda corrente representada por
economistas de inspiração Marxista, Prebisch e Furtado, “encara o crescimento
económico como uma simples variação quantitativa do produto, enquanto o
desenvolvimento envolve mudanças qualitativas no modo de vida das pessoas, nas
instituições e nas estruturas produtivas” (ibid). É nesta última perspectiva que o PNUD
define o desenvolvimento como aquele processo cujo objectivo básico “é criar um
ambiente adequado para que as pessoas possam gozar duma vida longa, saudável e
criativa” (1998:7).8 Assim, desenvolvimento é o crescimento económico contínuo
acompanhado de mudanças qualitativas do modo de vida das pessoas, das instituições e
das estruturas produtivas.9
8
Para o PNUD não se pode discutir a noção de desenvolvimento sem ter em conta a noção de
desenvolvimento humano. E aqui o desenvolvimento é dar prioridade aos pobres ampliando as suas
oportunidades e escolhas fazendo com que participem mais nas decisões que afectam as suas vidas. Assim
o desenvolvimento deve favorecer as camadas vulneráveis principalmente a mulher.
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É preciso salientar que o crescimento económico continua a ser o indicador mais importante do
desenvolvimento porque as mudanças qualitativas só existem se houver crescimento económico.
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Os países em vias de desenvolvimento são também denominados países subdesenvolvidos ou países do
terceiro mundo. Neste trabalho optou-se pelo termo paises em vias de desenvolvimento porque parece mais
adequado pois tem um sentido evolutivo o que é típico do desevolvimento. Ao contrário do termo países
subdesenvolvidos, que transminte a ideia de algo acabado e estático. O termo países do terceiro mundo foi
preterido pelo facto de estar descontextualizado, pois este surgiu no periodo da guerra fria, na era bipolar
onde os países do primeiro mundo eram os países capitalistas, os países do segundo mundo eram os países
socialista e os do terceiro mundo eram os que neste trabalho denominam-se países em vias de
desenvolvimento.
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· baixas taxas de urbanização, habitação precária, população dedicada ao sector
primário,
· altas taxas de analfabetismo, baixa esperança de vida a nascença, mortalidade
infantil altíssima, nutrição, saúde pública e condições sanitárias deficientes,
· altos índices de desemprego, baixo uso de tecnologias modernas, poupança e
investimento quase inexistentes. Portanto, estes países são instáveis e
dependentes da ajuda dos países desenvolvidos tanto a nível económico como a
nível tecnológico.
E por fim, é importante definir o termo Zona Franca Industrial (ZFI). Segundo o
Decreto n˚16/2002, de 27 de Junho ZFI é:
Uma área ou unidade geograficamente delimitada ou série de unidades de actividade
industrial, isto é, conglomerado de empresas situadas numa área fisicamente delimitada
[...] onde os bens nela entrados são considerados como não estando no território
aduaneiro no que respeita aos direitos e outras imposições devidas.
O artigo 5, ponto 1 do mesmo Decreto afirma que a criação duma ZFI só é possível se
houver pelo menos 500 postos de emprego permanentes para moçambicanos em toda a
ZFI e que cada empresa nela existente deve empregar no mínimo 20 trabalhadores (Ibid).
As empresas instaladas nesta área deverão produzir para a exportação de 85% da sua
produção podendo vender no mercado interno os restantes 15%.
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CAPÍTULO 3: A MOZAL NA ECONOMIA MOÇAMBICANA
O presente capítulo pretende analisar como a MOZAL cria ligações entre sectores de
actividade, possibilitando a expansão directa ou indirecta da produção das actividades
que se ligam tecnologicamente e via demanda final com outras actividades da área,
criando a integração Intersectorial. O capítulo divide-se em duas partes: a primeira parte
situa a MOZAL no âmbito da Legislação Moçambicana. Aqui procura-se entender as
bases jurídicas que orientam a acção da MOZAL em Moçambique. A segunda parte
procura analisar a contribuição desta empresa na economia moçambicana e a sua
relevância no processo de Integração Intersectorial.
Quanto ao primeiro objectivo verifica-se que a MOZAL é de facto um gigante que tem
dado algum dinamismo económico. Mas questiona-se o segundo que é a redução e a
substituição de importações, pois a sua matéria prima é importada da Austrália, a
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alumina, e dos EUA, o cocke. Na prática a MOZAL importa o equivalente ao que
exporta, não contribuindo desta forma para a substituição das importações.
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Finanças do valor do lucro exportável.” Questiona-se os mecanismos de garantia que o
país possui para se assegurar que os lucros apresentados são realmente aqueles, sabendo-
se que as multinacionais possuem contas no país e no estrangeiro.
Na realidade, o que esta legislação expressa são duas grandes preocupações legítimas de
um país em vias de desenvolvimento: A primeira é a necessidade que o país tem, de a
todo custo sair das estatísticas desabonatórias que indicam Moçambique como um dos
países menos desenvolvidos do planeta. Moçambique faz parte dos 50 países menos
desenvolvido e mais marginalizados, dos quais 34 são africanos, com níveis de pobreza
bastante altos (in Notícias, 11/07/2007: 24). A segunda, é percepção de que uma
legislação facilitadora, que em nenhum momento prevê a responsabilidade social11 destas
companhias das ZFI's, irá atrair muitas industrias para o solo nacional e por essa via mais
desenvolvimento para o país. Uma percepção partilhada por Barros (2004:15) que
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Neste trabalho a responsabilidade social deve ser entendida como o dever que as empresas tem com a
sociedade pelos prejuízos ambientais, morais e sociais que o estabelecimento duma determinada empresa
causa.
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defende que os Mega projectos colocam Moçambique no mapa como um destino para o
investimento externo.
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(4,632,768 x 106 Meticais), em relação ao ano anterior. Isto significa que a MOZAL é
uma empresa economicamente forte com capital em crescimento.
A Tabela 3 mostra que a MOZAL teve os resultados líquidos mais altos na quantia de
sete mil sessenta e cinco biliões, dezanove milhões de meticais (7,065,019 x 106
Meticais). Representando um aumento de mil novecentos e noventa e nove biliões,
setecentos e oitenta e quatro milhões de meticais (1,999,784 x 106 Meticais), em relação
ao ano anterior. Estes resultados tornam-na a maior empresa Moçambicana e por essa
razão o ponto de articulação para a Integração Intersectorial.
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Os altos resultados da MOZAL são fruto dum grande investimento. Para a instalação
desta empresa foram investidos dois biliões de dólares, tendo na fase da construção
gerado 5.033 postos de trabalho, dos quais, 3.525 foram ocupados por trabalhadores
Moçambicanos (Barros, 2004: 13). Segundo Rungo12, actualmente a MOZAL emprega
1150 trabalhadores dos quais 95% são moçambicanos e o salário mínimo é de 15.600
meticais. Este número exclui os trabalhadores das 250 empresas com contractos activos
com a companhia, que são 1250, porém para estes últimos, o salário obedece os padrões
nacionais. Significando isto que uma parte considerável (1250) dos trabalhadores
recebem salários baixos em relação àqueles que a MOZAL oferece aos seus
trabalhadores. Apesar desta diferença é preciso realçar que as 250 empresas representam
para a MOZAL um custo mensal de USD 8.000.000 (oito milhões de dólares), o que
perfaz um total de USD 96.000.000 (noventa e seis milhões de dólares) anuais que são
transferidos para os cofres das empresas que operam em Moçambique (Ibid).
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Gráfico 1: Evolução do PIB nominal e do PIB per capta.
1996=100
180000
160000
milhares de meticais
140000
PIB (precos correntes 10^9
120000
Mt)
100000 PIB (per capta 10^3 Mt)
80000
60000
40000
20000
0
96
97
98
99
00
01
02
03
04
05
19
19
19
19
20
20
20
20
20
Anos 20
Fonte: dados compilados pelo autor com base nos anuários estatísticos do INE de 2000: 129, 2003:125 e
2005:142.
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Gráfico 2:Comportamento das exportações de alumínio
1200000
1000000
Valores em dolares
800000
Exportacoes de aluminio
600000 manifestadas nas
alfandegas em 10^3 USD
400000
200000
0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
anos
Fonte: dados compilados pelo autor com base nos anuários estatísticos do INE de 1999:106, 2000:103,
2001: 97, 2002:105, 2003:98, 2004:98 e 2005:110.
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Gráfico 3: Evolução da Balança Comercial
Fonte: dados compilados pelo autor com base no anuário estatístico do INE de 2005:66
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O Gráfico 5 mostra uma análise sem a inclusão da MOZAL, e constata-se que a indústria
de produtos alimentares lidera a lista com 62,2% do total. O que significa em outras
palavras que Moçambique como muitos estados pobres, tem um parque industrial virado
a alimentação. Portanto, com o aparecimento da MOZAL a indústria pesada passa a
liderar o ramo industrial em Moçambique.
produtos quimicos
Fonte: dados compilados pelo autor com base no anuário estatístico do INE de 2005:69
Do debate feito sobre a MOZAL pode-se reter os seguintes aspectos: que a MOZAL é o
ponto de articulação ligando vários sectores de actividades em torno de si, reduzindo as
vulnerabilidades financeiras de diversas empresas ao despender noventa e seis milhões de
dólares anuais para as 250 empresas com contrato activo. E sobretudo possibilitando que
novas empresas de prestação de serviços surjam, estendendo assim, a rede de sectores de
actividades. Os aspectos mencionados dão origem a uma integração intersectorial que é
uma realidade no Parque Industrial de Beluluane, alcançando as cidades de Maputo e
Matola.
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O crescimento económico gerado pela MOZAL suscita dúvidas aos mais atentos,
chegando mesmo a pensar-se que este não beneficia a economia na sua globalidade
devido a transferência dos lucros para o país onde se encontra a empresa mãe, tornando
as estatísticas Moçambicanas ilusórias. Pois os números não correspondem ao dinheiro
físico existente no país onde a produção acontece, no caso em Moçambique. Apesar de a
USAID (2004:9) afirmar que:
Moçambique atraiu investimento estrangeiro significativo em mega projectos de capital
intensivo a partir de 1998. Estes grandes projectos estão a contribuir para um aumento
rápido das exportações e estão a ligar cada vez mais a economia ao mercado global,
trazendo para o país tecnologia, gestão e formação da força de trabalho.
Porém, partindo do princípio de que nos PVD’s, como Moçambique, há baixo uso de
tecnologias modernas, e constatando-se que a MOZAL usa tecnologia de ponta pode-se
perceber que a maior parte do pessoal técnico especializado vem do exterior, apenas o
pessoal menor é que se beneficia da formação.
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CAPÍTULO 4: A MOZAL E A COMUNIDADE
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concedidas projectos de desenvolvimento; evitar e mitigar efeitos potencialmente
adversos nas pessoas afectadas; e fazer consultas activas e contínuas nas comunidades em
causa (Ibid:4) O que se pode questionar é se a AMDC é uma iniciativa genuína da
MOZAL, ou é cumprimento dos requisitos do Banco Mundial.
No cumprimento parcial dos requisitos do BM, a AMDC distribuiu nos finais de Maio de
2000, 1500 terrenos com um tamanho de 0,5 hectares para as famílias afectadas. Para a
agricultura foram distribuídos 750 hectares já desmatados e lavrados. Foram também
distribuídos materiais de cultivo. Quanto ao reassentamento, 80 casas novas de nível
equivalente foram distribuídas aos afectados tendo lhes sido dado o transporte para a
efectivação das mudanças. Foram também transferidas 113 sepulturas (Ibid.). Na
realidade o processo de reassenamento prejudicou as populações na medida em que essas
perderam o Habitat com o qual tinham afinidades afectivas, acima de tudo quando se
afirma que as casas distribuídas eram de nível equivalente as que as populações já
tinham. Assim a mudança das populações das suas aldeias para os novos sítios propostos
pela MOZAL representou uma perda para as populações da região em apreço.
A Associação até 2006 trabalhava com as comunidades localizadas num raio de 10km a
partir da fábrica e investia segundo Rungo13 um total de dois milhões e quinhentos mil
dólares (USD 2. 500.000) por ano em projectos de desenvolvimento da comunidade. A
partir de 2007, o valor duplicou passando para cinco milhões de dólares (USD
5.000.000), e o raio de acção passou a ser de 20km. Em determinados casos são
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considerados também projectos da Matola e da Cidade de Maputo. Se se tomar em conta
que um dos requisitos do BM é “evitar e mitigar efeitos potencialmente adversos nas
pessoas afectadas” (AMDC, 2000:4), a AMDC tem sido um fiel cumpridor. Porém, este
requisito visa evitar e mitigar, significando isso, que a promoção do desenvolvimento não
cabe neste requisito. Pois a promoção do desenvolvimento visa solucionar problemas de
pobreza das comunidades locais.
A AMDC (Ibid:10) afirma que “foram introduzidos no foro mundial económico dois
princípios a saber: “comércio em vez de ajuda” e “construir empreendedores em vez de
postos de trabalho”. E acrescenta que a associação MOZAL adopta estes princípios na
sua actuação pois acredita que os pequenos empreendimentos representam uma fonte de
rendimento e de emprego e são móbeis de desenvolvimento comunitário (Ibid). O que se
pode questionar, pois sabendo-se que os recursos são limitados, o financiamento desses
pequenos negócios pode ser feito a custa de descriminação, apoiando-se as viúvas em
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detrimento de mulheres cujos maridos não trabalham ou simplesmente estão muito tempo
fora de casa, como os que trabalham na vizinha África do Sul.
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A associação BEMATCHOME tem título de uso e aproveitamento de 700 hectares.
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Segundo Banze16, as secas continuaram nas duas campanhas seguintes 2003/4 e 2004/5,
tendo melhorado na época 2005/6. É preciso salientar que o PDA terminou na campanha
2004/5, tendo abandonado os camponeses na altura em que mais precisavam dos seus
préstimos.
A questão é se a altura em que o programa acabou era a melhor, tendo em conta que
visava melhorar a vida dos camponeses. Na realidade o programa deixou as populações
numa situação pior do que quando o programa começou. Em outras palavras o programa
no lugar de potenciar a comunidade criou dependência porque não conferiu melhores
condições em relação as encontradas no inicio do programa. Constata-se aqui, que muitos
projectos são apenas cumprimento de planos poucos claros e pouco interessados com o
verdadeiro desenvolvimento das comunidades locais.
16
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autocarros. A AMDC (Ibid.) acrescenta que foi oferecida aos mesmos uma pequena
moageira. Mas observando-se a Figura 1 percebe-se de que tractor se trata e de que
moageira a AMDC se refere. É caso para questionar a real utilidade do tractor oferecido
pela AMDC.
· A dependência total da chuva, o que torna os camponeses vulneráveis a secas
cíclicas.
· A falta de meio de transporte para escoar os produtos em caso de boas
colheitas.
· O facto da ligação com a AMDC ser indirecta, no caso a companhia de
desenvolvimento de Moçambique (CODEMO), representante do estado, era o
intermediário entre o financiador e o financiado. Isto dificulta a comunicação e
consequentemente a realização mais adequada dos objectivos dos projectos.
17
A cooperativa 25 de Setembro foi criada como machamba colectiva a 25 de Setembro de 1975, e
transformada em cooprerativa de camponeses 25 de Setembro a 22 de julho de 1981 e tem na sua posse 160
hectares, estando em uso apenas 40 hectares.
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para 10 famílias irrigarem suas parcelas concomitantemente. Em suma a produção da
associação seria eficiente e por conseguinte a vida dos camponeses melhoraria.
Salienta-se que na altura que se fez o presente estudo estava em curso o apoio a
associação dos Regantes de Manguiza, em Boane que estava a expandir o sistema de
regadio e atribuir os primeiros quites de produção e fertilizantes. Segundo o
Extencionista19, esta associação tem uma área de 10 hectares. E acrescenta que o grande
problema destes projectos é a sua sustentabilidade.
Segundo Banze (Ibid.), o aviário começou a sua actividade em 2002 com dois mil frangos
e em Dezembro de 2004 foram alocados para a segunda capoeira mil poedeiras. Contudo
devido a má gestão, até 2006, as capoeiras tanto as de frangos como as de poedeiras
estavam vazias. Diante deste facto, a primeira medida foi afastar a direcção e a segunda
foi recomeçar a criação. Em Agosto de 2006, foi instalada uma nova direcção e
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recomeçou a criação de frangos com 500 aves. Até Julho de 2007 a capoeira tinha 1200
frangos e ainda não se tinha retomado a criação de poedeiras.
Segundo Banze (Ibid.) os custos de produção são extremamente altos e tomam como
exemplo o lote de frangos de 01 de Maio a 01de Junho de 2007, cujo total de despesa foi
62.520 MT. Atendendo que a receita total foi de 79.000 MT, o lucro antes de pagamento
dos salários20 era de 16.480 MT. Esta importância tinha de ser repartida entre os salários
e a aquisição de mais pintos para aumentar o volume de produção. Para revitalizar a
produção de ovos, a AMDC propôs-se apoiar a associação na aquisição de poedeiras e
vai assistir durante três meses (de Agosto a Outubro de 2007). Questiona-se a eficiência
do projecto, posto que o tempo de duração da assistência é bastante reduzido.
Perante a situação acima descrita é de notar que a fórmula encontrada não cria incentivos
à participação. Segundo a fórmula temos a seguinte situação:
(1) 600 membro/4 membros por cada lote de frangos = 150 lotes de frangos.
O que quer dizer que os primeiros só voltarão a trabalhar depois de 149 lotes de frango.
E como cada lote de frango dura no mínimo 45 dias, e teríamos:
(2) 150 lotes de frangos x 45 dias = 6750 dias.
Em termos de dias é preciso passar 6750 dias para que o primeiro grupo volte a
beneficiar do salário da associação. Transformando esses dias em anos teríamos:
(3) 6750 dias/365 dias = 18,49 anos.
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Por questões éticas Banze não quis informar ao autor o valor dos salários dos associados que prestaram
serviços no lote em causa.
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Portanto é preciso esperar 18 anos para voltar a ter acesso aos rendimentos provenientes
da associação e se se tomar em conta que a associação já teve 1200 membros, então
seriam precisos 36 anos de espera paciente. É caso para dizer que os membros desta
associação não encontram incentivos neste empreendimento. Ao mesmo tempo que se
constata que este empreendimento não está promovendo o desenvolvimento das
comunidades locais.
O mercado de Beluluane construído pela AMDC é descrito como tendo 100 bancas das
quais 70 podem ser usadas para diferentes tipos de negócio e 30 especialmente para
venda de legumes. A AMDC diz que “o mercado está a gerar benefícios resultantes das
receitas aqui produzidas e beneficia cerca de 100 famílias” (AMDC, 2005:7). Porém a
realidade constatada na entrevista com Mahumane (16 de Julho de 2007) é sombria e
diverge dalgum modo com a informação bastante optimista da AMDC. Das 100 bancas
apenas 15 estão em funcionamento. Esta situação justifica-se pela falta de clientes, pois o
grosso da clientela era constituído pelos trabalhadores que estavam a construir a
MOZAL. Após a construção o negócio tornou-se insustentável, pois as populações locais
estão descapitalizadas.
Para Mahumana (Ibid.), a MOZAL trouxe benefícios na região na medida em que trouxe
energia e água potável. Mas o mercado não representa uma vantagem de vulto na medida
em que tanto os comerciantes, os poucos que existem, como o resto da população estão
descapitalizados. E acrescenta que esta situação deve-se ao facto de a MOZAL não ter
criado postos de trabalhos para os locais nem financiado projectos que capitalizassem as
comunidades locais.
34
4.1.2 Educação e Formação
35
A AMDC diz ter financiado o programa de malária da LSDI na pulverização de
Beluluane e Matola no valor de 600,000 USD. E que a partir de Junho de 2004, 650.000
USD foram doados anualmente, num período de três anos consecutivos, pela BHP
Billiton à Medicine for Malaria Venture (MMV), uma ONG (Organização Não
Governamental), que pesquisa medicamentos para malária que custem menos de um
dólar para África (Ibid.). Ainda no combate à malária a AMDC (2005: 15) afirma ter
distribuído 5.571 redes mosquiteiras para 3,323 famílias. Estas redes são cosidas por
viúvas e mães solteiras que depois vendem-nas a AMDC que as distribui a comunidade.
A saúde é de facto uma questão prioritária mas ela não deriva apenas da prevenção da
malária. Elementos como dieta alimentar, higiene pessoal e colectiva são
importantíssimos. A questão da dieta torna-se pertinente quando a AMDC afirma que as
redes são produzidas pelas viúvas e pelas mães solteiras e compradas pela AMDC. O
equivalente a dizer que este grupo social tem um tratamento privilegiado e de certa forma
tem renda. Ora, as mulheres casadas são simplesmente excluídas como se ter esposo
fosse equivalente a ter renda. Este critério, independentemente dos princípios que o
sustentam, pode a longo prazo destruir a família, pois as mulheres poderão preferir ser
mães solteiras a permanecer casadas com homens desempregados.
A AMDC afirma ter financiado o Instituto de Coração no valor de 700.000 MT, nos anos
2002 e 2003 para ajudar as crianças que sofrendo de problemas cardíacos não tinham
recursos financeiros para fazer o devido tratamento. A AMDC ofereceu igualmente
equipamento de diagnóstico cardiovascular ao Hospital central em 2005. Estas doações
são de grande valor humanitário, mas desviam a AMDC da sua área de actuação que é
um raio de vinte quilómetros a partir do local da localização da fábrica. É nesta área que
em primeiro lugar deve realizar grandes projectos de desenvolvimento comunitário e só
depois as outras áreas.
36
o meio ambiente é tido aqui no seu sentido lato, uma vez que o combate a malária pode
ser tido como um acto pró-ambiente, na medida em que a ausência de pandemias é
associada a um ambiente são.
37
AMDC construiu a esquadra de Beluluane, e reabilitou o comando provincial da Polícia
de Maputo, reabilitou também a clínica de Saúde Materno Infantil (SMI) da Matola 700 e
aquando do acidente de Tenga em 2002 a AMDC reabilitou o edifício de serviços de
urgência e laboratório do Hospital de Moamba, tendo construído também um centro de
fisioterapia (Ibid.:23).
O que se pode constatar é que as actividades feitas pela MOZAL através da AMDC não
estão a criar a Integração Espacial. Esta situação deve-se em parte porque a AMDC não
concebe projectos em prol da comunidade local, mas sim, aprova projectos que são
submetidos junto a si, pedindo patrocínio. Estes projectos embora de alguma forma
beneficiem a comunidade não têm uma íntima relação entre si, porque foram pensados
isoladamente, para fins díspares. Excepção seja feita para o caso do PDA que durou
apenas 5 anos. Um outro factor que fragiliza o impacto das actividades da AMDC é o
facto de estar a actuar em cinco áreas e apoiar entidades que se encontram fora da sua
área de actuação. Uma única área produziria mais resultados, e essa área devia ser a
agricultura.
Este sub capítulo é uma proposta para tornar possível a Integração Espacial na região em
que a MOZAL se encontra. E tendo em conta que Moçambique é um país com cerca de
20 milhões de habitantes e com aproximadamente 36 milhões de hectares de terra arável,
dos quais apenas 9 milhões estão sendo aproveitados para a produção. E que deste
universo 3.3 milhões de hectares de terra tem potencial para a irrigação dos quais apenas
55 mil hectares são actualmente irrigados.
38
e o segundo por empresas que produzem em escala. A conjugação destes grupos dá
origem a três tipos de agentes agrários nomeadamente: pequenos, médios e grandes
produtores como mostra a tabela 4 (Rosário, 2005:111).
Tamanho da machamba Reduzido e de pequena Pequena escala e por vezes Óptima combinação entre
escala, uso predominante alguma preocupação em a economia de escala da
de mão de obra familiar combinar a escala da machamba e do tamanho
machamba e o tamanho da da mesma com vista a
mesma maximizar a
produtividade/hae lucro
comercial
Actividades Produz essencialmente Produz culturas especializada
desenvolvidas culturas alimentares, alimentares e algumas de
dedica-se a pecuária rendimento para o
principalmente animais de mercado. Dedica-se ainda
pequeno porte e algum a pecuária tanto para
gado bovino e caprino. alimentação como para o
Fraco maneio e gestão mercado
desta actividade.
Atitude perante o risco É adverso ao risco É cauteloso à assumpção Assume o risco
do risco
Nível de predominância Predominante e o principal Ainda pouco desenvolvido Muito pouco desenvolvido
no país no país no país em Moçambique,
praticamente inexistente.
Fonte: Rosário, 2005:114.
39
Conhecidos os três tipos de agricultura praticados em Moçambique e sabendo-se que a
região de Boane e Moamba é atravessada por dois rios nomeadamente: Umbeluzi e
Incomati, o que torna a região passível de ser irrigada desde que haja interesse nesse
sentido. Tomando-se em conta que a MOZAL disponibiliza anualmente cinco milhões de
dólares para o desenvolvimento da comunidade geridos pela AMDC num raio de 20 km,
e sobretudo estando conscientes de que a agricultura e a pecuária, constituem a base para
o desenvolvimento das comunidades locais, as quais não têm melhorado com a chegada
da MOZAL, urge portanto, mudar de estratégia de modo a melhorar realmente a vida
daquelas comunidades.
Para tornar a AMDC uma instituição de desenvolvimento e não de mitigação, como o que
acontece actualmente, é fundamental concentrar os seus esforços na agricultura e não em
cinco áreas como actualmente procede. A AMDC deveria apostar numa MEGA
ASSOCIAÇÃO de agricultores que praticasse uma agricultura mecanizada com uma
grande extensão de terras (3 000 hectares) que se estendessem de Boane a Moamba.
21
É preciso realçar que a associação dos camponeses de BEMATCHOME tem o título de uso e
aproveitamento de 700 hectares, porém, estas terras não estão a produzir devido a dependência extrema da
chuva.
22
No fim do mandato da AMDC a associação teria 15 tractores, 7 motobombas e 5 camiões de 10
toneladas, o que dotaria a associação duma capacidade de continuidade.
23
Esta concessão refere-se a terras que tenham já consedidas a AMDC para o efeito.
40
Seriam membros da associação todos os cidadãos (camponeses) que manifestassem
interesse e que residissem no perímetro da acção da Associação MOZAL para o
desenvolvimento da comunidade. Estes teriam a missão de cuidar cada um da sua parcela
desde a sementeira, a sacha, a pulverização, a fertilização da terra, a colheita e a
conservação. Os produtos seriam entregues à comissão que venderia no mercado
anteriormente identificado, de salientar que cada camponês deveria pesar o seu produto
de modo a saber o valor a receber.
Depois da venda, 40% do valor obtido por cada camponês fica com a comissão para o
funcionamento da MEGA ASSOCIAÇÃO sendo 60% para o trabalhador da terra. As
culturas a serem produzidas seriam o milho e ou o feijão por serem produtos que ficam
muito tempo após a produção e o que permite uma melhor negociação do preço sem o
risco de deterioração. Um outro motivo da produção destes produtos é o facto de o
Zimbabwe que era o maior produtor de milho na região encontrar-se em crise económica
o que facilitaria a colocação do produto no mercado regional em integração.
41
Findo o período de 15 anos a AMDC retirar-se-ia deixando a continuidade do projecto
com a comissão de gestão, que já teria uma experiência de 15 anos, a continuar com o
projecto. Assim, teríamos por um lado uma comunidade local realmente beneficiada com
a instalação desta multinacional, e por outro lado, capitalizar-se-ia a vontade financiadora
da MOZAL, passando de medidas paleativas e de mitigação para uma acção geradora do
desenvolvimento. criando a Integração Espacial que neste momento é inexistente. É
preciso salientar que para que a AMDC consiga levar a cabo este projecto precisaria
também duma colaboração atenta por parte do governo de Moçambique.
42
CONCLUSÕES
24
Os bens produzidos 85% devem ser para exportação e 15% podem ser vendidos no mercado nacional.
43
· A presença da MOZAL em Moçambique melhorou algumas infra-estruturas como
o porto da Matola, as vias de acesso para a fábrica. Contudo este facto tornou a região
mais concorrida, fazendo com que os detentores de capital passem a comprar (adquirir os
títulos de uso e aproveitamento) a terra das populações pobres, que se tornam cada vez
mais pobres e se afastam das zonas que habitaram durante décadas. O que significa que
os pobres ficaram mais pobres e mais distantes do centro urbano, no caso, da Matola.
· Nos moldes em que a MOZAL através da AMDC opera na sua relação com a
comunidade local não possibilita uma integração espacial. Pois não há criação de riqueza
para a comunidade, que no caso vertente seria possível se houvesse uma aposta numa
agricultura mecanizada.
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RECOMENDAÇÕES
· A AMDC deve criar projectos que sejam fonte de rendimento seguro na área de
agricultura. Para tal é preciso que os projectos sejam de longa duração para permitir a
instrução das populações envolvidas. Sendo por isso, imperioso criar uma mega
associação de camponeses, alocar infra-estruturas, meios e dar uma assistência técnica e
financeira prolongadas.
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· A AMDC deve evitar o uso de critérios que beneficiam apenas minorias como é
o caso de viúvas e mulheres solteira, passando a privilegiar critérios inclusivos.
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