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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA TERCEIRA VARA CÍVEL DA

COMARCA DE ___________________

Processo nº_____________

__________________________________, já
qualificado nos autos supra, que em seu desfavor promove
______________________________________, também qualificado, por
intermédio de seu procurador in fine assinado vem com o devido acatamento e
respeito ante a ilustre presença de Vossa Excelência, apresentar

CONTESTAÇÃO

na presente AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MATERIAIS COMBINADA COM DANOS MORAIS, com fulcro nos artigos
300 e seguintes do Código de Processo Civil, pelos fatos e fundamentos que passa
a expor:

I - SINTESE DA INICIAL

1. O requerente informa que ingressou com semelhante


ação em 10/11/1998 contra a empresa FACA LEGAL LTDA. que era de propriedade
dos requeridos. Ainda, informa que ante a extinção da empresa foi decretada a
extinção do processo sem julgamento de mérito por ilegitimidade passiva.

O autor então ingressou contra os requeridos, que


segundo afirma eram os únicos sócios da empresa extinta, para a qual o
requerente supostamente teria trabalhado de 1/12/1983 à 21/12/1988.

Segundo o autor, este foi vítima de um acidente em


05/12/1985, no qual supostamente haveria caído uma faísca em seu olho direito
enquanto ponteava com solda algumas peças de trabalho.

Afirma que no local de trabalho “pegaram” um frasco


que se pensavam ser colírio, mas que supostamente continha “forte ácido
corrosivo” que foi aplicado no olho do autor, motivo pelo qual teria sido conduzido
ao médico onde foram prestados os primeiros socorros.

1
Alega que desde a data do acidente até 26/06/1987 se
submeteu a tratamento médico. Que o tratamento não surtiu resultado e que
hoje tem vários problemas resultantes do suposto acidente o que lhe trouxe danos
de natureza moral.

Segundo a inicial, os requeridos haveria o demitido ante


a falta de rendimento de sua atividade, devida supostamente ao dano causado
pelo acidente, e que desde então está desempregado.

Afirma que devido ao dano sofre discriminação, que foi


vítima de uma crise familiar, que perdeu todos os rendimentos e que entrou em
situação de penúria, o que lhe trouxe abalo psíquico que sic tornou-o uma pessoa
amarga e sem perspectivas, o que lhe causou afastamento de seus amigos e até
mesmo de seus familiares que o evitam.(g.n)

Aduz em sua inicial que a requerida não forneceu os


equipamentos de segurança, descumprindo com isso as regras de segurança da
CIPA, e agiu com imprudência e negligência ao deixar o “ácido” não tarjado em
local irrestrito e impróprio, tentando com isso estabelecer o nexo de causalidade.

Por fim, o requerente pleiteia a indenização mensal


vitalícia no valor de 4,35 salários mínimos, juros de mora e correção, pagamento
de parcela anual a título de 13º salário, pagamento de indenização a título de
dano moral no valor de 500 salários mínimos, reparação de lucros cessantes
através de indenização mensal, reparação de danos estéticos, correção monetária
a partir do evento danoso, parcelas compensatórias do Imposto de Renda,
pagamento de despesas com procedimentos médicos, constituição de capital e
condenação dos requeridos nas custas processuais e honorários advocatícios à
ordem de 20% sobre a condenação total.

II - DOS FATOS

Ao contrário do que alega em sua inicial os fatos não


ocorreram conforme narrados, convenientemente pelo autor.

O requerente no dia dos fatos estava exercendo sua


função de auxiliar de produção e não soldador como aduz em sua inicial, dando
acabamento em algumas peças.

Alegando irritação em seu olho direito ele apanhou um


frasco contendo catalisador para massa plástica, que se localizava na área de
produção, e solicitou para que outro empregado aplicasse em seu olho.

Após a aplicação do produto o requerente alegando


ardência no olho direito, lavou o local com água em abundância e após dar ciência
do fato ao segundo requerido, foi prontamente socorrido e submetido ao
tratamento médico.

Ao contrário do que afirma em sua inicial, os


medicamentos ficavam em local diverso, fora da área de produção, não havendo
com isso possibilidade de se confundir e se presumir que o frasco que se
encontrava na área de produção ao lado da massa plástica fosse colírio.

2
O requerente após o fato continuou laborando para a
empresa na época dos requeridos, e, apenas foi dispensado anos depois, devido a
corte de pessoal. Aliás, o contrato de trabalho do requerido não foi o único a ser
rescindido, sendo que na ocasião várias pessoas foram igualmente dispensadas
(doc. anexo).

Ainda, vale ressaltar que ao contrário do que afirma em


sua inicial, o requerente trabalhou para outras empresas após a rescisão do
contrato de trabalho. Este inclusive procurou os requeridos para que estes
modificassem o registro em sua carteira profissional de auxiliar de produção para
soldador, visando uma melhor colocação na empresa Souza Cruz.

PRELIMINARMENTE

1. Da incompetência em razão da matéria

1.1 O requerente ingressou com ação ordinária de


indenização por danos morais e materiais oriundos de acidente supostamente
ocorrido em ambiente de trabalho.
Segundo o requerente, este estava ponteando peças de
trabalho quando caiu uma faísca em seu olho, motivo pelo qual solicitou ajuda
sendo pingado em seu olho direito líquido que supostamente teria causado os
danos sofridos.

1.2 Tanto a indenização material como a do dano


moral, embora de natureza civil, são decorrentes, no caso de acidente do
trabalho, da relação de emprego, inferindo-se, daí, que a competência para
conhecer do litígio é da Justiça do Trabalho.

Não importa a natureza civil do objeto do pedido, mas


sim o fato de que este se inclui no conteúdo do direito do Trabalho. Em se
tratando de pedido de indenização por dano material, moral e pensão vitalícia
decorrentes de acidente de trabalho e incapacidade por ele supostamente
causada, que teria vitimado o empregado por culpa do empregador, a Constituição
Federal tratou, em seus artigos 109 e 114, de estabelecer a competência da
Justiça do Trabalho.

1.3 É nesse sentido o entendimento dos juristas,


citando o ilustre Dr. Raimundo Simão de Melo, Procurador-Chefe do MPT/15ª
Região-Campinas1:

(...) com clareza a Constituição ( artigos 109 e 114 )


tratou da competência da Justiça do Trabalho e da
competência residual da Justiça Comum, não mais
atribuindo a esta, com exclusividade e como ocorreu nas
Constituições anteriores, a competência para as questões
acidentárias.
A competência acidentária, agora, está dividida entre a
Justiça Ordinária e a Justiça do Trabalho. É da Justiça do
Trabalho quando o pleito de indenização material (artigo
7º, inciso XXVIII/CF) ou por dano moral (artigo 5º, inciso
1
Artigo publicado no web-site âmbito jurídico - http://www.ambito-
juridico.com.br/aj/dtrab0009.html - Copyright © 1998-2000 Âmbito Jurídico. Todos os direitos
reservados.Permitida a reprodução desde que citada a origem.
3
X), for dirigido ao empregador, que tenha, por dolo ou
culpa, sido o responsável pelo evento – culpa subjetiva. É
da Justiça Comum Estadual, quando os pedidos de
indenização, auxílio-doença, auxílio-acidentário,
aposentadoria por invalidez e outros benefícios legais
forem dirigidos ao órgão previdenciário - culpa objetiva.

A Constituição em seu artigo 114 estabelece a


competência da Justiça do Trabalho para dirimir questões oriundas da relação de
trabalho, sendo de competência da justiça comum apenas questões residuais.

Também chegaram a conclusão de que a competência é


da justiça do Trabalho, JOSÉ AUGUSTO RODRIGUES PINTO (Processo Trabalhista de
Conhecimento, 3ª edição, São Paulo, LTr, 1996, p. 113), VALDIR FLORINDO (Dano
Moral e o Direito do Trabalho, Ed. LTr, São Paulo, 1995, pp. 90/98) , VANDER
ZAMBELI VALE ( Acidente de Trabalho - Culpa do Empregador - Indenização -
Competência da Justiça do Trabalho, Revista LTr, p. 60-08/1069) e SEBASTIÃO
GERALDO DE OLIVEIRA (Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador, São Paulo, LTr,
1996, pp. 199-201), entre outros.

Considerando não haver na Constituição atual nenhuma


norma conservando essa exclusão da competência trabalhista para conhecer de
dissídios de acidentes no trabalho, parece-nos fora de dúvida que eles devem
passar a serem julgados pelos órgãos da Justiça do Trabalho, em harmonia com a
regra geral e natural da competência em razão da matéria.

No caso dos autos, é inegável a natureza trabalhista do


conflito havido entre as partes, oriundo de fato ocorrido durante contrato de
trabalho e em razão deste, portanto competente para a questão a Justiça do
Trabalho ainda mais considerando a natureza trabalhista de algumas verbas
pleiteadas pelo requerente, v.g, parcela anual a título de 13º salário e pensão
mensal vitalícia com base nos supostos rendimentos salariais do requerente.

Também nesse sentido a orientação jurisprudencial:

130022621 – RECURSO DE REVISTA – ACIDENTE DE TRABALHO – DANOS


MORAIS E FÍSICOS VÍNCULO DE EMPREGO – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
DO TRABALHO – O poder constituinte, atento à dupla possibilidade
de reparação dos danos causados pelo infortúnio laboral,
estabeleceu competências jurisdicionais específicas. Assim, compete
à Justiça Comum processar e julgar as pretensões dirigidas contra o
Estado, relativas ao seguro específico para o infortúnio laboral,
decorrente da teoria do risco social (responsabilidade objetiva), e
estende-se à Justiça do Trabalho a competência para
apreciar a pretensão de indenização reparatória dos
danos material e moral dirigida contra o empregador à
luz da sua responsabilidade subjetiva, insculpida no art.
159 do Código Civil de 1916, ante a natureza
eminentemente trabalhista do conflito. Recurso
conhecido e provido. (TST – RR 621890 – 2ª T. – Rel. Min. Renato
de Lacerda Paiva – DJU 03.10.2003) JCCB.159

172596 – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PARA APRECIAR E


JULGAR PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

4
ADVINDOS DE ACIDENTE DE TRABALHO/DOENÇA PROFISSIONAL – Esta
Justiça competente para apreciar e decidir o pedido de
reparação de dano moral ou material, desde que
resultante da execução do contrato de trabalho ou de
fato a este vinculado. Trata-se, sem dúvida, de
controvérsia decorrente da relação de emprego, cuja
competência para conciliar e julgar atribuída à Justiça
do Trabalho pelo art. 114 da Constituição Federal. Não
importa a natureza civil do objeto do pedido. O que
interessa o fato de incluir-se ele no conteúdo do Direito
do Trabalho que, além das obrigações específicas,
também leva em consideração a segurança do
trabalhador e o respeito a sua pessoa. Em se tratando, como
no caso dos autos, de pedido de indenização por dano
material/moral e pensão vitalícia decorrentes de doença profissional
que teria vitimado o empregado por culpa do empregador, a
Constituição Federal de 1988, ao contrário das anteriores que
declaravam ser da competência exclusiva da Justiça Ordinária os
dissídios relativos a acidente do trabalho, tratou, em seus artigos
109 e 114, da competência da Justiça do Trabalho e da competência
residual da Justiça Comum, não mais atribuindo a esta, com
exclusividade, a competência para as questões acidentárias (cf.
Raimundo Simão de Melo Indenizações Material e Moral Decorrentes
de Acidentes do Trabalho. Competência para apreciá-las in LTr.,
março/1999, pág. 351). (TRT 3ª R. – RO 5519/02 – 4ª T. – Rel. Juiz
Luiz Otávio Linhares Renault – DJMG 29.06.2002 – p. 14) JCF.114

Assim, considerando-se que o objeto da lide é


basicamente oriundo de uma relação de trabalho, e que as verbas pleiteadas na
inicial tem natureza coligada com a relação trabalhista havida entre as partes, a
competência para dirimência do presente processo é a Justiça do Trabalho em
conformidade com o artigo 114 da CF/88.

2. Da prescrição das prestações alimentícias

2.1 De conformidade com o artigo 2028 do Código Civil


de 2002, relativamente aos prazos prescricionais aplica-se os prazos do Código
Civil de 1916 no presente caso, in verbis:

Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando


reduzidos por este Código, e se, na data de sua
entrada em vigor, já houver transcorrido mais da
metade do tempo estabelecido na lei revogada.

O requerente em sua inicial pleiteia verbas de natureza


alimentícia, baseada no dano causado por acidente de trabalho. A natureza
alimentícia está implícita no pedido do autor, que consiste em uma pensão mensal
de 4,35 salários mínimos desde a data do acidente enquanto o autor viver.

2.2 Considerando-se que o artigo 178, §10, inciso II do


Código Civil de 1916, aplicado neste caso por força do artigo 2.028 do Código Civil
de 2002, estabelece o prazo prescricional de 5 anos para prestações de natureza

5
alimentícia, está prescrito o direito do requerente relativamente à essa verba em
específico, pleiteada em sua inicial.

Nesse sentido:

Responsabilidade Civil – Acidente do trabalho – Indenização –


Direito Comum – Prescrição – As prestações de pensão
decorrentes de reparação de danos prescrevem em cinco
anos de acordo com o disposto pelo artigo 178, §10,
inciso II do Código Civil (atual art. 206, §3, II) (2º TACSP – 10ª
C.- Rel. Gomes Varjão – j. 05.08.1998 – Bol AASP 2101/1).

“A pensão mensal, a título de indenização por ato ilícito,


tem natureza de prestação alimentícia, nos termos do
artigo 1.539 do CC, e, portanto, pode o pagamento ser
efetuado através de desconta em folha de pagamento do
devedor”. (1ºTACSP – 2ªC. – AI – Rel. Salles de Toledo –
j.05.03.1997 – RT 744/251)

Tem natureza alimentar, para fins do artigo 602 do CPC a


indenização a ser paga mensalmente pela empresa particular de
transporte a passageiro seu que sofrer danos por acidente cuja
culpa seja a ela atribuída, pois objetiva a complementar
salário e a possibilitar, à vítima, os meios necessários
para o seu sustento e/ou de sua família” (STJ – 4ª T. – Resp –
Rel. César Asfor Rocha – j. 09.06.1997 – RSTJ98/271).

107155 JCCB.178.10.II JCCB.159 JCCB.1539 – RESPONSABILIDADE


CIVIL – ACIDENTE DO TRABALHO – INDENIZAÇÃO – DIREITO COMUM
– PENSÃO – PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL – OCORRÊNCIA – APLICAÇÃO
DO ARTIGO 178, § 10, II, DO CÓDIGO CIVIL – Não obstante o prazo
para o exercício do direito da ação de indenização por ato ilícito
seja de, vinte anos, a interpretação sistemática dos artigos
159 e 1.539 do Código Civil permite concluir que o
pedido de pensão vitalícia nela formulado, especialmente
quando deduzido em conjunto com o de constituição de
um capital para garanti-Ia, está sujeito à prescrição
qüinqüenal determinada pelo artigo 178, § 10, inciso II,
desse mesmo diploma legal. (2º TACSP – AI 605.792-00/8 – 7ª
C. – Rel. Juiz Miguel Cucinelli – J 30.11.1999).

O termo inicial para a contagem do prazo prescricional


em ações de indenização, como já prescrito na Súmula 278 do STJ, “é a da data
em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral”.

Assim, em se considerando que o acidente ocorreu em


5/12/1985 e que após sua dispensa o requerente tomou conhecimento da sua
suposta incapacidade, ou seja, meados de dezembro/1988, a pretensão do autor
em pleitear verbas de natureza alimentícia prescreveu em meados de
dezembro/1993.

6
Ora MM. Juiz sabe-se da máxima “o direito não socorre a
quem dorme”. Durante todos esses anos o requerente quedou-se inerte e não
tomou as providências cabíveis para o recebimento da pensão de caráter
alimentar a qual acha que faz jus.

Vale salientar que seu pedido é composto por


ressarcimento de danos materiais, morais E a pensão alimentícia de 4.35 salários
mínimos. Sendo esta completamente diversa do caráter indenizatório dos danos
morais e materiais sofridos, patente é o seu caráter alimentar ao qual o antigo
Código Civil (aplicável ao caso no tocante a prazos prescricionais) estabelece um
prazo prescricional de 5 anos em seu artigo 178.

Mesmo em se considerando o termo inicial da contagem


do prazo prescricional de 5 (cinco) anos, a data da propositura primeira ação de
ressarcimento de danos distribuída em 10/11/1998, o prazo prescricional já
estaria esgotado desde 11/11/2003.

Assim, patente é a prescrição das prestações


pretendidas pelo requerente, considerando-se o prazo estabelecido em lei motivo
pelo qual este pedido deve ser desconsiderado por Vossa Excelência no então da
apreciação da inicial apresentada.

III - DO MÉRITO

Ad argumentandum tantum, em não se acolhendo as


preliminares ora aduzidas, passamos a análise da matéria meritória, na qual o
autor igualmente não conta com melhor sorte.

1. Da natureza subjetiva da responsabilidade


civil em razão de acidente de trabalho

1.1 O código Civil estabelece a teoria subjetiva para a


averiguação da responsabilidade civil, e esta, segundo a teoria subjetiva, exige a
prova de uma conduta antijurídica do agente, potencialmente lesiva (eventus
damni), de uma lesão efetiva (dano) e da relação de causa e efeito entre elas
(nexo causal).

1.2 Em se tratando de acidente de trabalho o artigo 7º


da Constituição Federal, dispõe em seu inciso XXVIII que o empregador é obrigado
a indenizar em casos de acidente do trabalho quando o empregador incorrer em
culpa ou dolo.

O requerente baseia sua pretensão no direito comum, ou


seja, na indenização por ato ilícito previsto no Código Civil, tratando-se, portanto
de responsabilidade aquiliana e subjetiva.

Segundo lição do ilustre jurista Rui Stoco2 em se


tratando de ato ilícito do empregador, a responsabilidade civil empenha os
seguintes requisitos básicos:

a)um ato voluntário b) o dolo, ou seja, a vontade


dirigida ao fim de causar malefício e dano, ou a culpa
2
STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p.603.
7
nas suas diversas modalidades; c) e o nexo causal
entre o comportamento (ação e omissão) e o
resultado; e d) a ocorrência de um dano efetivo.

Nesse sentido, também a jurisprudência se manifesta:

10006544 – ACIDENTE DE TRABALHO – INDENIZAÇÃO POR DANOS


MATERIAIS E MORAIS – Nos moldes do artigo 7º, XXVIII, da
Constituição Federal, a responsabilidade do
empregador, em caso de acidente de trabalho, é
subjetiva, ou seja, depende da existência de culpa
ou dolo. Neste caso, o onus probandi relativo à existência
de culpa recai sobre a parte que figura no pólo ativo da
demanda, por se tratar de fato constitutivo de seu direito,
a teor do que prescreve o artigo 333, I, do Código de
Processo Civil, c/c o artigo 818 da CLT. Recurso ordinário
improvido por unanimidade. (TRT 24ª R. – RO . 1093/2001 –
TP – Rel. Juiz João de Deus Gomes de Souza – DOMS
22.03.2002) JCLT.818 JCPC.333 JCPC.333.I JCF.7
JCF.7.XXVIII

134001840 – ACIDENTE DE TRABALHO – RESPONSABILIDADE


SUBJETIVA – ELEMENTOS – CULPA – AUSÊNCIA – PROVA – ÔNUS – A
indenização por acidente de trabalho com base na
responsabilidade civil só é devida quando o autor
demonstra que o dano sofrido foi resultante da ação
culposa ou dolosa do empregador. Ao autor cabe a prova
dos fatos constitutivos do seu direito. Preliminar rejeitada e
recurso não provido. (TAMG – AP 0343651-7 – Oliveira – 2ª C.Cív. –
Rel. Juiz Manuel Saramago – J. 20.11.2001)

134002666 – ACIDENTE DE TRABALHO – RESPONSABILIDADE CIVIL


SUBJETIVA DO EMPREGADOR – Segundo o art. 7º, XXVIII, da
Constituição, a responsabilidade civil do
empregador por acidente de trabalho é subjetiva,
submetendo-se aos requisitos do art. 159 do Código
Civil. (TAMG – AP 0337723-1 – Conselheiro Lafaiete – 4ª C.Cív. –
Relª Juíza Maria Elza – J. 17.10.2001) JCF.7 JCF.7.XXVIII JCCB.159

1.3 Desta feita, conforme disposto no artigo 330 do


Código de Processo Civil, cumpre ao autor comprovar a atitude culposa ou dolosa
do empregador, como fato constitutivo de seu suposto direito, não bastando para
tal a prova do dano e do nexo de causalidade.

2. Da ausência de culpa da requerida.


2.1 Ao contrário do que o requerente afirma em sua
inicial, a empresa SÓFACAS na época de propriedade dos requeridos sempre
cumpriu com todas as normas de segurança ditadas pela CIPA.

Os equipamentos de segurança, como óculos de


proteção, sempre foram utilizados pelos empregados soldadores e devidamente
8
fornecidos pela empresa que sempre primou por estabelecer um ambiente de
trabalho seguro.

2.2 No caso em específico, temos na realidade dois


fatos trazidos à baila pelo autor: a limalha de ferro que entrou em seu olho, e a
aplicação de catalisador de massa plástica.

Relativamente ao primeiro fato, cumpre-nos abrir aqui


um breve parêntese: se a todos os funcionários era exigido o uso de óculos de
proteção, ao manusear solda, como a limalha de ferro teria entrado no olho do
requerente? Ainda, se tal fato fosse verídico, por qual motivo tal fato não consta
no CAT devidamente providenciado no então do ocorrido?

2.3 De qualquer forma, segundo o todo alegado pelo


autor, o fato que realmente veio a causar o dano foi a aplicação de catalisador de
massa plástica em seu olho direito, que segundo este estava em local indevido e
foi facilmente confundido com colírio.

O autor, tentando impingir a culpa aos requeridos, alega


que o produto aplicado em seu olho tratava-se de FORTE ÁCIDO CORROSIVO e que
devido ao seu poder tóxico deveria ser guardado em local diverso e restrito.

Segundo CAT e mesmo provas testemunhais produzidas


no processo anteriormente movido pelo autor, o produto aplicado em seu olho foi
“catalisador de massa plástica” e não forte ácido corrosivo, mesmo porque se
assim o fosse o autor estaria agora pleiteando não dano moral causado por uma
simples pitose, mas sim a perda total da visão, quiçá do seu globo ocular!

2.4 O catalisador em tela é utilizado para o


endurecimento da massa plástica, composto de peróxido orgânico, sendo usado
portanto em conjunto com esta, para acabamento e por tal motivo sempre ficam
juntos. O produto em si é de baixa toxicidade (desde que utilizado de maneira
adequada) e não necessita maiores cuidados em seu manuseio, como pretende
induzir o autor.

Obviamente por ser produto à base de peróxidos não


deve ser aplicado no olho, bem como não deve ser ingerido e deve ser mantido
longe do alcance de crianças ou de pessoas com limitado discernimento, o que
acredita-se, não é o caso do autor.

2.5 O produto era mantido no local onde era utilizado,


sempre à mão para agilizar o serviço. Por ser produto de corriqueiro uso e de
baixa toxidade, não existia motivo para que os requeridos os mantivessem em
local apartado, trancado a sete chaves com proteções antivazamento ou outros
cuidados extremos conforme tenta induzir o autor.

O fato é que, este, antes de qualquer comunicação aos


requeridos, por sua conta e risco, se auto medicou pegando o que viu pela frente
aplicando em seu olho, como se uma criança de 5 anos fosse! Obviamente que por
tal conduta sofreu conseqüências, eis que apesar de ser produto inofensivo quando
corretamente manuseado não tem como um de seus objetivos “a aplicação no olho
para diminuição de irritação” mas sim o endurecimento de massa plástica tão
somente!

9
2.6 Não houve culpa dos requeridos, e ao contrário do
que afirma o autor, a antiga empresa sempre adotou as normas da CIPA, não
apenas fornecendo os equipamentos de segurança mas igualmente exigindo o seu
uso por todos os funcionários.

Segundo afirmação do autor, “agiu, assim com


negligência e imprudência ao deixar ácido não tarjado e sem
especificação em local irrestrito e impróprio. Há também que se
dizer da culpa da ré em não se oferecer uma estrutura de segurança
para o armazenamento de materiais danosos a saúde humana. Por
isso, há nexo causal entre o acidente e a conduta da ré com o
resultado produzido no requerente”3 (g.n).

2.7 Data vênia, o requerente trabalhava na empresa há


aproximadamente 2 anos quando ocorreu o acidente! Como auxiliar de produção
trabalhava em toda a linha de produção, inclusive no acabamento de peças
utilizando também a massa plástica.

O requerente tinha plena noção de como deveria ser


realizado o manuseio do produto e tinha perfeito conhecimento de que a massa
plástica e o catalisador se encontravam no mesmo local e eram utilizados em
conjunto.

Não existe segundo as normas de segurança qualquer


cuidado especial quanto à conservação e armazenamento de simples catalisador
de massa plástica! O que obviamente não quer dizer que tal produto deva ser
aplicado EM QUALQUER MUCOSA DO CORPO, como por exemplo no olho! O
produto tem como destinação específica o endurecimento de massa plástica e o
requerente tinha plena ciência disso!

2.8 O produto é comprado em qualquer loja


automotiva, ou mesmo de materiais para construção e tem a seguinte
apresentação: são vendidos acondicionados em embalagem plástica os produtos,
massa plástica e catalisador. No vidro plástico de catalisador estão escritas as
recomendações: “ Produto à base de peróxido. Evite contato
principalmente com os olhos. Em caso de acidente lave com água em
abundância. Se necessário consulte um médico. Mantenha fora do alcance
de crianças e animais. Embalagem não reutilizável”4.

Assim, o que os requeridos fizeram foi simplesmente


adquirir o produto conforme é vendido diretamente ao consumidor, e colocá-lo em
local específico na área de produção onde é utilizado.

2.9 Desta feita, cumpre ao requerente comprovar a


culpa da requerida para que haja a configuração da responsabilidade civil e com
isso assegurar o ressarcimento de seu dano, o que não ocorre nos presentes autos.

Não havendo a comprovação da culpa, não há o dever de


indenizar. Nesse sentido:
3
Página 06 dos autos, in fine.
4
Informações prestadas pelo fabricante.
10
2019808 – APELAÇÃO CÍVEL – RECURSO PRINCIPAL DA RÉ – AÇÃO DE
REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS – ACIDENTE DE TRABALHO – CULPA
EXCLUSIVA DA VÍTIMA DEMONSTRADA – VERBA INDEVIDA – RECURSO
PROVIDO – SE O AUTOR, A DESPEITO DE TER COMPROVADO O DANO
SOFRIDO E O NEXO DE CAUSALIDADE, NÃO FEZ PROVA DE TER O
PATRÃO AGIDO COM CULPA OU DOLO PARA A CONCRETIZAÇÃO DO
EVENTO DANOSO, JULGA-SE IMPROCEDENTE O PEDIDO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – APELAÇÃO CÍVEL – PERDA
PARCIAL DA CAPACIDADE LABORATIVA – NÃO DEMONSTRADA –
CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA – VERBA INDEVIDA – RECURSO
IMPROVIDO – Mantém-se a sentença que julgou improcedente o
pedido de indenização por danos materiais, se não
comprovada a culpa ou o dolo do patrão para a
ocorrência do acidente, aliado ao fato de não haver prova
da perda parcial da capacidade laborativa. (TJMS – AC
1000.073225-0 – 1ª T.Cív. – Rel. Des. Hildebrando Coelho Neto – J.
29.10.2002)

107006937 – INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL E MORAL –


ACIDENTE DE TRABALHO DORT/TENOSSINOVITE – CULPABILIDADE –
ÔNUS DA PROVA – Em se tratando de pleito envolvendo a
responsabilidade civil do empregador para deferimento de
indenização por danos morais e materiais decorrentes de trabalho
em que exige esforço repetitivo, é ônus do empregado a
demonstração do dano ocorrido, o nexo causal com
o trabalho, o ato ilícito praticado e a comprovação
de culpa do empregador, pois que, neste caso, é de
natureza subjetiva. Recurso a que se nega
provimento. (TRT 8ª R. – RO 1886/2003 – 1ª T. – Rel. Juiz Conv.
Luis José de Jesus Ribeiro – J. 27.05.2003)

27245148 – APELAÇÃO CÍVEL – ACIDENTE DE TRABALHO – Ação


ordinária de reparação de danos cumulada com indenizatória.
Rejeitados os documentos juntados a destempo. Não
comprovada, pelo autor, a culpa (responsabilidade
civil subjetiva) da empresa demandante pelo evento
danoso sofrido pelo demandante. Afastado, pois, o
dever de indenizar por perdas e danos e danos
morais. Apelação improvida. (TJRS – APC 70004665998 – 2ª
C.Cív.ESp. – Rel. Des. Luiz Roberto Imperatore de Assis Brasil – J.
20.11.2002)

3. Da culpa exclusiva do autor

3.1 O requerente tenta impingir aos requeridos conduta


culposa por evento danoso que entretanto foi apenas causado por sua exclusiva
culpa.

O produto foi pingado pelo próprio requerente, que em


atitude absolutamente negligente e imprudente, sentindo ardência em seu olho
direito simplesmente pegou o que lhe veio à mão e se auto medicou.

Tal atitude foi tomada pelo requerente sem qualquer


informação do acidente aos requeridos, que apenas tomaram conhecimento do
11
ocorrido após os fatos, ou seja, após o requerente ter pego e entregue o frasco a
terceiro pedindo que aplicasse em seu olho.

3.2 O requerente já trabalhava na empresa há dois anos


e sabia perfeitamente a localização do catalisador bem como da massa plástica e
a forma de utilização. Obviamente também sabia que tal produto era destinado
ao endurecimento de massa plástica e não como “colírio” para alívio de irritações.

O autor alega que “pegaram próximo ao seu local de


trabalho, o que se pensava ser colírio e pingaram em seu olho direito”
(g.n)5. Ora MM. Juiz, o próprio requerente afirma “o que pensaram ser colírio”!
Quem pesou ser colírio e qual a base para se chegar a tal conclusão, sabendo-se
que o frasco estava na área de produção junto à massa plástica?

O requerente simplesmente afirma em sua inicial que a


suposta “culpa” dos requeridos exsurge do fato de que estes não especificaram no
frasco de catalisador “CUIDADO não se trata de colírio” ou mesmo “CUIDADO
não aplique nos olhos”! Se assim fosse, a mão inversa também é verdadeira.
Por que então não agir do autor que este agisse com a devida cautela e verificasse
primeiramente qual o conteúdo do frasco antes de simplesmente aplicar em local
tão sensível do corpo?

3.3 Como já dito outrora, o frasco se encontrava na


área de produção e nada fazia ao requerente o “confundir” com vidro de colírio
que inclusive se encontrava em local diverso da empresa.

Assim, o requerente talvez em atitude de pressa, sem


prestar atenção à cautela devida e informar aos requeridos sobre ocorrido
“limalha de ferro”, em uma atitude completamente sem cuidado digna de uma
criança de menos de 5 anos de idade, pediu para que lhe aplicassem liquido, que
sabe-se por que razões lógicas e plausíveis, achou que fosse colírio, e quer que os
requeridos paguem por essa conclusão errônea.

O requerido foi o único responsável pelos fatos


ocorridos, ao não comunicar os fatos e ao pingar por sua conta e risco produto que
ACHOU ser colírio, sem que tivesse qualquer base lógica para tal.

3.4 Sabe-se que a culpa exclusiva da vítima é uma das


causas excludentes da responsabilidade civil.

Verificando no caso a culpa exclusiva do autor ao


erroneamente presumir ser o frasco de catalisador, que como ele mesmo afirma
não tinha qualquer identificação, frasco de colírio e aplicar em seu olho direito.

Portanto, não cabe in casu qualquer ressarcimento de


danos em desfavor dos requeridos, eis que em nada contribuíram sequer através
de culpa para a ocorrência do fato. Nesse sentido, por analogia:

5005397 – PROCESSUAL CÍVEL – APELAÇÃO – AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO – RESPONSABILIDADE CIVIL – ACIDENTE DO
TRABALHO – PERDA DE VISÃO DE UM OLHO – INDENIZAÇÃO
DE DIREITO COMUM – DANO MORAL – INEXISTÊNCIA DE CULPA

5
Nos autos: pág. 04, item 04.
12
OU DOLO DO EMPREGADOR – IMPOSSIBILIDADE – I – Não
caracterizado o dano ou culpa do empregador, por
acidente provocado por seu empregado, inexiste a
obrigação de indenizar. II – Apelo conhecido e improvido.
(TJMA – AC . 016372/01 – (00036889) – Santa Inês – 1ª C.Cív. – Relª
Desª Maria Dulce Soares Clementino – DJMA 08.02.2002)

“ Quem, por iniciativa própria, se dispõe a manipular


máquina da qual não tem pleno domínio e vem a se
acidentar não pode pleitear indenização da empregadora
que para o evento não concorreu culposamente” (2º
TACSP – 7ª C – Ap. – Rel. S. Oscar Feltrin – j. 1º.04.1997 – RT
745/283) 6

134003766 – ACIDENTE DE TRABALHO – SERRA CIRCULAR –


CORTE NA MÃO DE EMPREGADO – CULPA EXCLUSIVA DA
VÍTIMA – INEXISTÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR – Não há
que se impor ao empregador a responsabilidade de
indenizar quando, pelo conjunto de provas dos autos,
conclui-se que foi a própria vítima que, agindo por conta
e risco, resolveu manusear equipamento perigoso (serra
circular) que lhe causou a lesão. (TAMG – AP 0347014-0 –
(49368) – Itamarandiba – 1ª C.Cív. – Rel. Juiz Silas Vieira – J.
30.10.2001)

109000159 – ACIDENTE DO TRABALHO – CULPA EXCLUSIVA DA


VÍTIMA – EXCLUDENTE DO DEVER DE INDENIZAR –
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO AFASTADA –
RECURSO IMPROVIDO – Restando caracterizada culpa
exclusiva da vítima pelo acidente, impõe reconhecer a
excludente de responsabilidade, afastando a
responsabilidade objetiva do Estado. (TAPR – AC 0174459-2 –
(13274) – Capanema – 7ª C.Cív. – Rel. Juiz Miguel Pessoa – DJ
07.12.2001

3.5 O requerente era auxiliar de produção e nunca foi


de conhecimentos dos requeridos que este tivesse conhecimento de
procedimentos médicos de primeiros socorros ou de prescrever medicação, mesmo
que seja um simples colírio.

Ao, por iniciativa própria pingar em seu olho substância


que ACHOU ser colírio, assumiu todo o risco de sua conduta imprudente e infantil,
não podendo pleitear indenização dos requeridos então responsáveis pela
empresa.

4. Da culpa concorrente
4.1 Ad argumentandum tantum , em não se aceitando a
tese da defesa da culpa exclusiva do autor para a ocorrência do evento danoso, o
que não acredita-se, ao menos é imperioso que se reconheça a concorrência de
culpas no presente caso.

6
STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. pág. 613.
13
4.2 Ao lado das causas excludentes da responsabilidade
civil, encontram-se as causa de diminuição dessa responsabilidade, sendo a
concorrência de culpa.

Por esta, o empregador responderá por parte do prejuízo


suportado pelo empregado, de modo que o patrão terá reduzido o valor
correspondente ao dano sofrido. Tal idéia foi expressa pelo legislador no Código
Civil em seu artigo 945, in verbis:

Art. 945 Se a vítima tiver concorrido culposamente


para o evento danoso, a sua indenização será fixada,
tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em
confronto com a do autor do dano.

4.3 Assim por força de tal dispositivo cada qual responde


de conformidade com a gravidade de sua culpa:

RESPONSABILIDADE CIVIL – ACIDENTE DE TRABALHO–


Sendo o infortúnio decorrente de imprudência do
obreiro e negligência da empregadora, ocorre a
reciprocidade de culpas, acarretando a redução
pela metade da indenização devida. (TJSP – 9ªC. –
Ap. 548.359-00/3 – Rel. Francisco Casconi – j.
09.06.1999 – Bol. AASP 2.140/9)7.

4.4 Apesar de que, in casu, a culpa tenha sido única e


exclusivamente do requerente que em atitude negligente aplicou substância
imprópria em seu olho direito, mesmo em se considerando uma absurda culpa in
vigilando dos requeridos, cumpre chamar a atenção do julgador para a correta
aplicação do artigo 945 do Código Civil.

A conduta do requerente foi decisiva para a ocorrência


do evento danoso, e em não se considerando como exclusiva, devemos ao menos
atentar para sua decisiva colaboração para que este ocorresse.

4.5 Se pudermos considerar atitude culposa dos


requeridos não conservarem em lugar restrito e trancado à sete chaves simples
catalisador - como se ácido corrosivo fosse - também devemos atentar para a
atitude inconseqüente do requerente em pingar em seu olho substância da qual
não estava certo ser colírio.

O próprio autor afirma em sua inicial que nada havia no


frasco que implicasse saber que se tratava de catalisador. A via contrária também
é verdadeira: igualmente não havia nada no frasco que implicasse presunção de
que se tratava de colírio.

Agora devemos nos ater ao cuidado natural do homem


médio, que em atitude de preservação de sua integridade física procura se
prevenir, por todas as maneiras possíveis, (leitura do frasco, cheiro, etc) antes de

7
STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. Pág. 613.
Item 1.06.
14
aplicar qualquer produto no olho, ainda mais produto sem qualquer rótulo ou
identificação.
Assim, mesmo não se considerando a culpa exclusiva da
vítima, imperativo se faz reconhecer sua participação decisiva para ocorrência do
evento danoso, e por conseqüência reconhecer a reciprocidade de culpas
aplicando-se o artigo 945 do Código Civil, no então da determinação do quantum
indenizatório.

5. Da não ocorrência de dano estético

5.1 O requerente alega em sua inicial a ocorrência de


dano estético, afirmando que carrega defeito físico e estético, sem em momento
algum especificar a seqüela física.

Alega que devido ao tal defeito físico, tornou-se


impossível obtenção de emprego. O requerente fez uma verdadeira “salada
mista” com as noções de dano moral e estético, em momento algum especificando
quais as seqüelas estéticas que efetivamente carrega. Apenas conseguimos extrair
dos autos uma ptose no olho direito, que segundo o documento constante à fls.
128 – DISCRETA PTOSE OD. Aliás, vale salientar que em tal documento nenhuma
outra alteração foi constatada pelo médico.

O autor limita-se a simplesmente lançar sua pretensão


sem qualquer embasamento fático, e em atitude de franco-atirador espera ver sua
pretensão acolhida jogando na roleta russa do Judiciário.

5.2 É entendimento dos Tribunais que para que haja o


efetivo dano estético, não basta que haja a modificação morfológica mas também
efetivos reflexos prejudiciais à economia do ofendido. É necessária que se
comprove que houve uma efetiva redução ou modificação na situação econômica
do ofendido devido ao dano supostamente ocorrido, o que não se constata nos
autos.

Uma vez não comprovando o dano estético em si,


indevido o ressarcimento. Nesse sentido:

Responsabilidade civil - Dano estético - Condenação da ré,


à vista da prova, na indenização da vítima, mas com a
exclusão da verba relativa a dano estético, na falta de
prova de reflexos prejudiciais à economia do ofendido ou
de necessidade de cirurgia restauradora ou de clínica de
recuperação. (RJTJESP 19/103)

Sem propriamente desfigurar a pessoa e sem que esse fato


importe sua rejeição no ambiente social em que vive, não
se pode admitir a reparação dos danos estéticos e morais.
Assim, se como prova dos danos foram juntadas somente
fotos antes e depois do acidente, comprovando-se tão-
somente uma cicatriz, a inépcia dos pedidos é evidente. (1º
TA CIVIL SP - RT 661/98)

Vale ressaltar que o requerente supervaloriza aqui o


eventual dano sofrido por simples ptose (sic do médico – discreta) como se ator de
novelas fosse! Em que pese as alegações do autor, este não desenvolve a sua
15
atividade econômica com base na sua beleza e aparência física e não se trata aqui
de caso de deformidade como quer fazer parecer.

Conforme relatório médico, a resultante do evento


danoso foi uma discreta ptose e uma hipermetropia no olho direito o que de forma
alguma podem ser consideradas seqüelas incapacitantes.

Assim, a simples afirmação do requerente implicando


que uma simples ptose foi responsável pelo afastamento de sua família, perda do
emprego e demais “mazelas” é descabida e no mínimo infundada, não cabendo
cogitar a hipótese de ressarcimento.

6. Da impossibilidade de cumulação – Dano


material x Dano moral
6.1. O autor pleiteia o pagamento de pensão mensal em
virtude da suposta incapacidade laborativa causada pela seqüela que
supostamente atinge o olho direito.
Contudo, ao mesmo tempo em que pretende a
indenização material por tratamentos eventuais e ainda concessão de pensão
mensal vitalícia, o requerente ainda pleiteia a indenização por danos morais a
ordem de 500 salários-mínimos.

6.2 Em que pese entendimento em contrário, os danos


alegados pelo requerente têm origem no mesmo fato e são basicamente da mesma
natureza, motivo pelo qual o ressarcimento de danos morais cumulativamente aos
danos patrimoniais geraria o verdadeiro bis in idem e locupletamento ilícito do
autor. Nesse sentido:

RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL –


Embora cabível em hipóteses específicas não é cumulável com
a indenização por lucros cessantes. Precedentes do STF (STF –
2ª T. – RE. – Rel. Carlos Madeira – j. 08.11.1985 – RTJ116/861)

A reparação moral não se cumula, sendo considerada


embutida na indenização civil. Recebida a indenização pelo
dano patrimonial, inclusive com concessão de pensão vitalícia,
não cabe a cumulação com a relativa ao dano moral, se não
demonstrada a existência de defeitos físicos ou alterações
psíquicas acarretadas pelo acidente, nem o prejuízo à parte
social ou afetiva do patrimônio moral”.

RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE EM ESTRADA DE FERRO.


INDENIZAÇÃO – DANO MORAL – Amplamento ressarcido o dano
material, não cabe indenização pelo dano moral (STF – 2ªT –
RE – Rel. Décio Miranda – j.01.03.1985 – DJU 22.03.1985).

EMENTA OFICIAL: INDENIZAÇÃO POR ACIDENTE. DANO


PATRIMONIAL E DANO MORAL. A jurisprudência do STF já se
firmou no sentido de que não se indenizem cumulativamente
danos patrimoniais e morais, pois a indenização daqueles
absorve a destes. Recurso conhecido em parte e nela provido.
(STF – RE – 2ª T. – Rel. Moreira Alves – j. 05.12.1982)

16
O suposto dano moral alegado pelo autor em sua inicial
tem como base a suposta dor e vergonha por não mais trabalhar e encontrar-se
impossibilitado de encontrar emprego devido ao seu defeito físico.

Uma vez que pleiteia a pensão vitalícia no valor do


salário que alega receber, com pagamento desde a data do evento danoso,m
torna-se não cumuláveis tais verbas, por resultar em verdadeiro enriquecimento
ilícito do requerente.

7. Da subsunção do dano estético no


conceito de dano moral – inadmissibilidade
de cumulação.

7.1 Nos pedidos constantes na petição inicial, notamos


que o autor pleiteia a indenização por danos morais a ordem de 500 salários bem
como a indenização por danos estéticos, supostamente pertinentes ante a
“deformidade” do olho direito do requerente.

Data máxima respecta, mesmo se admitíssemos


absurdamente como verdadeiros os fatos narrados na inicial, isso de forma
hipotética ante as razões já narradas nos tópicos anteriores, e que se pudesse
implicar em uma eventual responsabilidade civil dos requeridos, ainda assim
patente o bis in idem e a intenção do autor em se locupletar indevidamente.

O que nos parece é que o autor, mais uma vez apostando


no judiciário sem ter muito a perder, tenta definitivamente conseguir uma
maneira fácil de ganhar a vida, tornar-se estável financeiramente.

O autor requer indenização por dano estético puro, mais


pensão mensal em virtude da suposta perda da capacidade laborativa, E a
indenização suntuosa de 500 salários a título de dano moral!

7.2 Vem à baila algumas considerações doutrinárias a


respeito da cumulatividade de ressarcimento por dano moral e dano estético.
Serpa Lopes já observava que o dano estético “é um prejuízo que pode ser
corrigido in natura, cuja operação inegavelmente se impõe como incluída na
reparação do dano e na sua liquidação”.8

Tal entendimento vem apoiado por Caio Mario da Silva


Pereira, que entende que “dentro da categoria do dano moral inscreve-se a
reparação do dano estético previsto no artigo 1538, §2º do CC”.(sem
correspondente no atual)9. Esse entendimento foi definitivamente sedimentado
por entendimento do
STJ, REsp. 10.536, publicado no DJU 19.08.1991, indenizando o dano moral e
material resultante de dano estético.

As lesões estéticas, no que diz respeito à parte externa


da pessoa, aos seus traços plásticos e individualizadores, nada mais é do que a
ofensa de um direito moral da personalidade humana.

8
LOPES, Serpa. Direito Civil. Volume V. p.402.
9
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 2ed. Rio de Janeiro: Forense. P.342)
17
7.3 Nos parece no mínimo imprópria a cumulação de
tais verbas pois haveria necessariamente uma verdadeira contraditio in terminis
conduzindo ao insuportável bis in idem, nos dizeres de Rui Stoco. Ora, a lesão
estética é sempre um dano moral por que afeta um interesse extrapatrimonial da
vítima, e ademais, se converte em dano patrimonial se houver repercussão sobre
as possibilidades econômicas.

O autor pleiteia a indenização pela incapacidade


laborativa, supostamente devida ao dano estético motivo pelo qual a concessão de
indenização independente a título de dano estético resultaria sem dúvida alguma
em bis in idem, e no conseqüente locupletamento sem causa do requerente.

Nesse sentido a orientação jurisprudencial:


RESPONSABILIDADE CIVIL – DANO MORAL – O dano
estético subsume-se no dano moral. Súmula 37
do Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial não
conhecido. (STJ – 4ªT – Resp 56.101-9 – Rel. Fontes de Alencar –
j. 25.04.1995 – RSTJ 77/246).

Não há razão para a fixação de valor individuado


e separado para danos estéticos em
consideração apenas à indenização de cunho
moral. Eles devem estar englobados no âmbito
de alcance dos danos morais propriamente ditos
(1º TACSP – 12ªC.-Ap.-Rel. Kiotsi Chicuta – j.01.02.1996 –
RT730/252).

“Afirmado o dano moral em virtude do dano


estético, não se justifica o cúmulo de indenizações.
A indenização por dano estético se justificaria se a por
dano moral tivesse sido concedida a outro título”. (STJ – 3ª
T – Resp 57.824-8 – Rel. Costa Leite – in Humberto Theodoro
Júnior, Dano Moral, Ed. Oliveira Mendes, 1ed., 1998-p.79)

121795 – RESPONSABILIDADE CIVIL – ACIDENTE DO TRABALHO


– INDENIZAÇÃO – DIREITO COMUM – DANO ESTÉTICO –
ABRANGÊNCIA PELO DANO MORAL – A reparação por dano
moral inclui o prejuízo estético. (2º TACSP – Ap. c/ Rev.
571.510-00/0 – 2ª C. – Rel. Juiz Norival Oliva – DOESP 20.10.2000)

7.4 O dano estético subsume-se no dano moral


impossibilitando a concessão das duas verbas independentes. Não se pode
pleitear valores a título de dano moral e outros a título de dano estético,
cumulativamente, como se tratassem de franquias jurídicas distintas.

Desta forma, impossível mesmo falar-se


cumulatividade dos pedidos de dano moral, dano material e dano estético,
porque encerraria verdadeiro bis in idem, sendo, portanto indevido tal pleito
constante na inicial.

8. Da verba a título de 13º Salário -


Impossibilidade
18
8.1 O requerente pleiteia o pagamento de verba anual
referente a 13º salário a despeito de basear seu direito em normas do direito
comum, dirigindo sua pretensão igualmente à Justiça Ordinária.

Em que pese entendimentos contrários, sabe-se que o


13º salário é verba de natureza nitidamente trabalhista e apenas seria cabível se
tal fosse a natureza da presente ação.

Uma vez não se considerando a preliminar dos


requeridos, e sendo julgada e processada a presente ação perante a Justiça
comum, não há de se falar em concessão de verba de tal natureza.

RESPONSABILIDADE CIVIL - ATROPELAMENTO EM VIA FÉRREA


– Não se inclui na indenização o 13º salário por ser verba
restrita ao campo das relações trabalhistas.” (STF – 2ªT. –
RE – Rel. Djaci Falcão – j. 25.02.1986 – RTJ 117/454)

RESPONSABILIDADE CIVIL - ATROPELAMENTO –Não se inclui


na indenização o 13º salário por ser verba restrita ao
campo das relações trabalhistas. Dano moral . São
inacumuláveis com danos materiais. Recurso extraordinário
conhecido e provido. (STF – 2ªT – RE – Rel. Djaci Falcão)

11013423 – RESPONSABILIDADE CIVIL – ACIDENTE DE


TRÂNSITO – VÍTIMA QUE NÃO MANTINHA VÍNCULO LABORAL –
INDENIZAÇÃO – 13º SALÁRIO – INCABIMENTO – Indenização.
Descabimento da inclusão da parcela
correspondente ao 13º Salário na base de cálculo de
ressarcimento, se a vítima não mantinha vínculo
LABORAL que justificasse sua percepção. Verba para
compensação por dano moral correta e comedidamente
fixada, em vista de sua extensão e intensidade. (TACRJ – AC
2265/95 – (Reg. 2016-3) – 4ª C. – Rel. Juiz Nascimento A. Povoas
Vaz – J. 04.05.1995) (Ementa 40296)

8.2 Ainda, vale ressaltar que o requerente ao contrário


do que afirma em sua inicial laborou para outra empresa após sua demissão da
empresa SÓFACAS, na época dos requeridos.

8.3 Assim, não procede a afirmação de que não mais


laborou devido a sua incapacidade. Vale ressaltar que é um dos pedidos dos
requeridos que sejam expedidos ofícios à Caixa Econômica Federal para constatar
recolhimentos de FGTS do autor posteriores à 15/15/1988, data na qual teve
rescindido o seu contrato de trabalho.

9. Juros de Mora e Correção Monetária –


Termo inicial

9.1 O autor pleiteia em sua inicial a contagem de juros de


mora englobadamente da data do evento até a data da citação, e a partir daí
juros decrescentes mês a mês.

Em que pese o entendimento do autor, não cabível in casu,


a aplicação dos juros de mora a partir da data do evento mas sim a partir da data
19
da sentença, ou seja, da data na qual for fixada eventual indenização. Nesse
sentido a orientação jurisprudencial:

“O valor certo fixado, na sentença exeqüenda, quanto ao


dano moral tem seu termo a quo para o cômputo dos
consectários (juros e correção monetária) a partir da
prolação do título exeqüendo (sentença) que estabeleceu
aquele valor líquido. Precedente do STJ”. (STJ – 3ªT. – Resp.
– Rel. Waldemar Zveiter – j. 18.06.1998 – RSTJ 112/184).

DANO MORAL – VALOR – CORREÇÃO MONETÁRIA –


PRECEDENTES – “O termo inicial da correção monetária do
valor do dano moral é a data em que for fixado. Recurso
especial conhecido e provido”. (STJ – 3ªT. – REsp – 376.900 –
Rel. Carlos Alberto Menezes Direito – j. 02.05.2002. Bol. AASP
2.293/637.

9.2 Assim, em caso de eventual condenação, requer


seja determinado como termo ad quo para cômputo de juros de mora e correção
monetária, a prolação da efetiva sentença, confirmando os eventuais direitos do
autor.

10. Dos lucros cessantes

10.1 O requerente pleiteia o recebimento de verba a


título de lucros cessantes, a despeito de pleitear igualmente o pagamento de
pensão vitalícia como dano material oriundo da incapacidade laborativa.

Data máxima respecta, notório é o bis in idem, sendo


que a verba pleiteada a título de pensão vitalícia tem a mesma natureza da verba
relativa aos lucros cessantes.

10.2 Uma vez pedindo a concessão da pensão vitalícia,


a concessão de verba a título de lucros cessantes, ou seja, o que o autor deixou de
lucrar com o dano sofrido, implicaria em seu enriquecimento sem causa repudiado
pelo ordenamento jurídico:

APELAÇÃO CÍVEL – RECURSO ADESIVO – AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO – ACIDENTE DE TRÂNSITO NO RETORNO DO
TRABALHO – TRANSPORTE PELA EMPRESA – REVELIA –
EFEITOS – LUCROS CESSANTES E PENSÃO VITALÍCIA – ALEIJÃO
E DANO MORAL – FIXAÇÃO DO VALOR – RECURSO ADESIVO
IMPROVIDO – APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA – 2. Os
lucros cessantes devem corresponder àquilo que o autor
razoavelmente deixou de auferir ou lucrar por efeito direto
e imediato do dano sofrido. Entretanto, se do evento
resulta incapacidade laborativa total e permanente e
é fixada pensão vitalícia desde a data do evento, esta
abrange os lucros cessantes. (TAPR – AC 148218-8 –
(10335) – 8ª C.Cív. – Rel. Juiz Augusto Côrtes – DJPR 18.05.2000)

“Os lucros cessantes são indenizáveis quando há


interrupção do exercício da atividade lucrativa, sendo
inaplicável, entretanto o §1º do art. 1538 do Código Civil,
20
quando em decorrência do acidente de trânsito a vítima
tem a sua capacidade laborativa reduzida, hipótese que
fica compreendida no artigo 1539 também do CC. (TJRJ –
14ªC. – Ap. 4927/98 – Rel.José Affonso Rodeau – j. 02.06.1998, RT
758/328)”.

10.3 Desta feita, uma vez alegando incapacidade


laborativa e pleiteando lucros cessantes desde a época do evento danoso, resta
incorporada à este o pedido de lucros cessantes eis que receber por estes
resultaria em o requerente receber duplamente a mesma verba.

10.4 Vem à baila elucidar que conforme próprias


informações constantes da inicial, o que torna ponto pacífico, o requerente
apenas teve seu contrato de trabalho rescindido em 15/05/1988, ou seja, dois
anos e 5 meses após o ocorrido, motivo pelo qual eventual verba na forma de
pensão ou mesmo lucros cessantes deve ser fixada após tal data eis que ainda
recebia seus rendimentos normalmente conforme consta de sua carteira de
trabalho.

Ainda, conforme vai ser comprovado em momento


oportuno, o requerente trabalhou para outras empresas após seu desligamento o
que derruba por terra a sua tese da inicial.
11. Do dano moral pleiteado
11.1 Do quantum pedido

O requerente pleiteia em sua inicial o pagamento de


danos morais a ordem de 500 salários mínimos, além das demais verbas
pleiteadas.

Data respecta, o pleito do autor é notoriamente


exacerbado indo contra todos os princípios jurídicos e morais para a fixação de
indenização por danos morais.

Em se considerando uma eventual condenação a título


de danos morais, o que não se acredita, tal verba deve ser arbitrada de acordo
com os princípios da equidade e justiça, e não de conformidade com as
conveniências do requerente. Nota-se na inicial, pela quantidade de pedidos do
requerente que este busca no Judiciário uma solução para sua estabilidade
financeira através do locupletamento sem causa, o que de forma alguma pode ser
aceito.

A título de esclarecimento, citamos aqui julgado onde


foi determinada o pagamento de indenização de 50 salários-mínimos em caso de
CEGUEIRA TOTAL, o que evidencia ainda mais o exagero do pedido do autor:

RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO A SER PAGA PELO


DEVER A VÍTIMA DE ACIDENTE CAUSADO PELA MÁ
CONSERVAÇÃO DA RODOVIA – DOTE – ART. 1.538, §2º, DO CC
– CEGUEIRA TOTAL – A verba alusiva do dote, de que cuida o
art. 1538, §2º, do CC, apresenta nos tempos atuais caráter
também compensatório de danos morais. Mulher jovem,
divorciada, vitimada por cegueira total e a decorrente
depressão psíquica. Fixação, pela sentença, em cinqüenta
salários mínimos. Condenação restabelecida. O recurso
21
especial, pela alínea “C”, não pode ser conhecido, se
trazido à colação apenas arrestos do mesmo tribunal (Sum.
13STJ) – (STJ REsp. 28.095-7 RJ – 4ªT – Rel. Min. Athos
Carneiro – DJU 17.05.1993)

Destarte, apesar de acreditarmos ser indevida qualquer


indenização a esse título, caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência,
o que não se acredita, os danos morais, este abrangendo o dano estético, deve ser
arbitrado de forma justa a não causar o enriquecimento ilícito do autor.

11.2 Da aplicação art. 84 do Código Brasileiro


de Telecomunicações (Lei nº 4.117/62).

O autor pleiteia em sua inicial a condenação dos


requeridos no pagamento de uma verba a título de danos morais no valor de 500
salários mínimos, o que data respecta não se aplica ao caso.

Assim, requer caso haja alguma condenação seja esta


baseada no limite imposto pelo artigo 84 do Código Brasileiro de
Telecomunicações, analogicamente em conformidade com o entendimento dos
Tribunais:

139014357 – INDENIZAÇÃO ACIDENTÁRIA AO FILHO MENOR –


DANO MORAL PELO FALECIMENTO DA VÍTIMA: INDENIZAÇÃO À
VIÚVA, FILHO E PAIS – CRITÉRIOS PARA A FIXAÇÃO –
APLICAÇÃO ANALÓGICA DOS ARTIGOS 84 DO CÓDIGO
BRASILEIRO DE TELECOMUNICAÇÕES, E 52 DA LEI DE
IMPRENSA – Considerando-se as dificuldades da
positivação, traços e contornos do "dano moral", deve-se
levar em conta para a sua fixação a regra do art. 84 do
Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei nº 4.117/62)
que prevê a reparação do dano moral de 5 a 100 salários
mínimos; considerando-se, ainda, o art. 52 da Lei de
Imprensa (nº 5.250/67), que permite o arbitramento do
dano moral em até 200 salários mínimos, sendo também
matéria de ponderação os dispositivos dos artigos 4º e 5º da
Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro. (TJMG – AC
000.238.023-6/00 – 1ª C.Cív. – Rel. Des. Orlando Carvalho – J.
05.03.2002)

122614 – RESPONSABILIDADE CIVIL – ACIDENTE DO TRABALHO


– INDENIZAÇÃO – DIREITO COMUM – DANO MORAL – FIXAÇÃO –
100 (CEM) SALÁRIOS MÍNIMOS – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO
CÓDIGO BRASILEIRO DE TELECOMUNICAÇÕES – Danos morais.
Acidente de trabalho. Morte do obreiro. Indenização
pleiteada pelo pai do falecido. Aplicação analógica do
Código Brasileiro de Telecomunicações. Apelo provido para
reduzir a indenização por dano moral, pelo óbito do
obreiro, para valor correspondente a 100 salários-mínimos.
(2º TACSP – Ap. c/ Rev. 594.747-00/4 – 5ª C. – Rel. Juiz Pereira
Calças – DOESP 20.04.2001)

121369 – VALOR DA CAUSA – INDENIZAÇÃO – DANO MORAL –


ESTIMATIVA PARA QUANTIFICAÇÃO – APLICAÇÃO ANALÓGICA
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DO ARTIGO 84 DO CÓDIGO BRASILEIRO DE
TELECOMUNICAÇÕES – Estimativa do dano moral. Critério
que pode ser fixado, por analogia, em atenção à regra
estabelecida no Código Brasileiro de Comunicações. (2º
TACSP – AI 615.043-00/8 – 1ª C. – Rel. Juiz Magno Araújo – DOESP
04.08.2000)

CONCLUSÃO

1. Desta forma, não há de se falar em responsabilidade


civil dos contestantes, por uma série de fatores aqui implicados. Primeiramente,
excetuando as questões preliminares, o requerente foi o único e exclusivamente
responsável pelos danos supostamente sofridos.

Na conduta dos requeridos não se pode denotar dolo ou


mesmo qualquer tipo de culpa. Assim, como único responsável pelo evento
danoso, o requerente não pode utilizar-se do judiciário para pleitear
ressarcimento ao qual não faz jus.

2. Em um segundo momento, mesmo que se considere


qualquer responsabilidade dos requeridos, deve-se levar em consideração a culpa
concorrente do requerente, onde sua conduta foi decisiva para a ocorrência do
evento danoso.

3. Mesmo em se considerando alguma responsabilidade


civil dos requeridos, o que não acredita-se, os pedidos do requerente de forma
alguma são procedentes eis que totalmente divorciados da realidade jurídica.

Assim, para melhor elucidação, impugna-se


singularmente cada pedido realizado na inicial:

1º) pagamento de pensão mensal: indevido diante a


ausência de responsabilidade civil por parte dos
contestantes, e ainda assim, ad argumentandum tantum,
caso entenda Vossa Excelência como verba devida, o que
não acredita-se, o montante deve ser calculado não de
acordo com as conveniências do requerido mas sim na
equidade e justiça, devendo ser arbitrados em patamares
aceitáveis considerando o Código Brasileiro de
Telecomunicações.

2º) Juros de mora desde o evento até a citação, e a partir


daí juros decrescentes mês a mês – INDEVIDO
primeiramente porque indevida qualquer verba a título de
indenização (acessorium sequitur principale), e em segundo
lugar, porque os juros devem ser computados a partir da
data da sentença quando a eventual verba será
efetivamente devida, conforme orientação jurisprudencial.

3º) Pagamento de uma parcela anual a título de 13º salário


– INDEVIDO primeiramente porque indevida qualquer verba
a título de indenização (acessorium sequitur principale), e
23
em segundo lugar por se tratar de verba trabalhista, sendo
impertinente no presente caso a discussão de verbas de tal
natureza.

4º) Pagamento de uma indenização pelo dano moral –


INDEVIDO, primeiramente por não haver dano moral a ser
ressarcido e ainda, ante a inexistência de culpa dos
requeridos sendo indevida qualquer verba a título de
indenização (acessorium sequitur principale),

5º) Reparação de lucros cessantes - INDEVIDO, ante a


inexistência de culpa dos requeridos sendo indevida
qualquer verba a título de indenização (acessorium
sequitur principale), e ainda, por configurar bis in idem
ante o pedido de pensão vitalícia formulado no item 1º.

6º) Reparação de danos estéticos: INDEVIDO, ante a


inexistência de culpa dos requeridos sendo indevida
qualquer verba a título de indenização (acessorium
sequitur principale) ; ante o fato de não existir dano
estético a ser ressarcido, e ainda, por configurar bis in
idem ante o pedido de indenização por danos morais
formulados no item 4º.

7º) Correção Monetária – Indevido, uma vez indevidas as


verbas principais – acessorium sequitur principale

8º) Parcelas Compensatórias do Imposto de Renda –


Indevido, uma vez indevidas as verbas principais –
acessorium sequitur principale

9º) Pagamento de despesas com procedimentos médicos –


Indevido, uma vez indevidas as verbas principais –
acessorium sequitur principale

10) constituir capital suficiente para assegurar pagamento


da obrigação - indevido diante a ausência de
responsabilidade civil por parte dos contestantes, e ainda,
por absurda a pretensão de caução em propositura de ação
ordinária.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova


em direito admitidas, principalmente juntada de novos documentos e ainda prova
pericial a ser realizada no momento oportuno.

Antes as afirmações do autor em sua inicial no sentido de


que não mais trabalhou após a rescisão do contrato de trabalho com os requeridos
devido à suposta incapacidade causada pelo evento danoso, e uma vez que neste
fato baseia o pleito das verbas indenizatórias, requer sejam expedidos ofícios à

24
empresa __________________________________e à CAIXA ECONOMICA FEDERAL
para que estas presteM esclarecimentos relativos a eventuais contratos de
trabalhos ou recolhimentos de FGTS posteriores à ......................

Termos em que,
P. Deferimento.
Franca, 28 de dezembro de 2004.

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