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O QUE É

RELIGIÃO?
 

“A ciência da religião é também ciência de nós mesmos”.


1. UM ASPECTO VITAL
 
Nossa primeira
experiência individual
é o nascimento. Sua
marca é tão profunda
que dele derivam
muitos elementos
essenciais para
nossa vida. O choque
pelo rompimento da
harmonia intra-
uterina, marcará
nosso processo de
humanização para
toda nossa vida.
Desde então o
humano está em
busca de si. Este
processo pode nos
conduzir à
maturidade. Será ela
atingida?
Não há certezas. A
única é nossa busca
de re-ligação, de
procura de um
equilíbrio essencial.
Assim, um aspecto
vital do humano é
esta busca
incessante de
harmonia individual,
(e também com o
universo). Esse
sentimento é o que
origina toda as
religiões. A
salvação, o Nirvana,
a Re-encarnação, o
que são, senão essa
busca de encontro
com a origem?
O que significa religião?

RE – LIGARE!

Entretanto, esse re-ligar-se não é apenas


uma volta, um retorno simplista a uma
condição de equilíbrio pré-existente, ela
também possui um outro aspecto
denominado TRANSCENDÊNCIA.
A transcendência é um
conjunto de
capacidades que nos
permite ir além de
nosso próprio ser, ao
encontro do outro. Tal
possibilidade nos
coloca em relação. Isto
significa que nossa
realização pessoal, não
se faz pela via do
isolamento, mas em
contato com o Outro e
os outros.
 
Esse processo, nos
coloca diante de
um aspecto vital
do ser humano. A
religiosidade é
inata, é nossa
capacidade, e
nossa busca, de
entrarmos em
harmonia com o
todo da criação.
Esse impulso
interior nos indica
que há algo de
vital no humano
que o liga com
todo o universo.
Há uma fagulha
interior que o
impele para uma
busca de harmonia
e equilíbrio com a
natureza, consigo
próprio e com as
forças originantes
da vida.
2. TRANSFORMAÇÃO NO
MUNDO DAS RELIGIÕES
Houve um tempo em que pessoas descrentes e sem
religião eram raras, de tal forma, que isto era
considerado pela maioria como uma vergonha (7).
Assim, a maioria delas, ou era perseguida, ou se
escondia, como se portasse algo de enfermo.Todos
eram educados a ver e sentir o religioso presente no
mundo. Nada escapava a essa presença, tudo era
quase uma estação do Sagrado.
Com a evolução científica algo mudou.
Os pesquisadores perceberam que as
coisas não tinham finalidade,
simplesmente existiam, e, que sua
função, era explicar o seu
funcionamento. Deste modo, Deus foi
sendo afastado do mundo, pois a
ciência não precisava recorrer a
explicações religiosas para entender a
realidade.
Como a ciência recorre a explicações
matemáticas exatas, a ordem do
mundo e o seu funcionamento foram
reduzidos unicamente à compreensão
científica.Desta forma, a religião foi,
aos poucos, relegada a uma condição
bastante secundária. A economia, a
ciência, a política, tornaram-se os
únicos meios reconhecidos como
verdadeiros para explicar o mundo. A
religião foi reduzida ao universo das
coisas espirituais (entenda-se: o que
não era considerado objetivo).
Seria de se perguntar: teriam
desaparecido as pessoas
realmente religiosas?

A religião não se liquida com a abstinência dos


atos sacramentais e religiosos (11), e quando a
dor bate à porta e se esgotam os recursos da
técnica, ressurgem os deuses, os exorcistas, os
benzedores, os profetas e os poetas...
Mudaram-se os símbolos, mas as perguntas
pelos sentido da vida e da morte, ainda
persistem. Mesmo deixando de ter importância
na economia e na política, a religião não
desapareceu.

O mundo não deixou de ser religioso, as


questões religiosas é que ganharam novos
nomes e lugares, pois questões como a paz
individual (interior), a justiça no mundo e a
integração com a natureza, não deixaram de
inquietar as pessoas.
3. SÍMBOLOS DA AUSÊNCIA
Adaptação: A evolução biológica da
vida, ensina que sobrevivem os mais
adaptados ao meio ambiente.
Os animais são os seus corpos, há milhares de
anos, fazem as mesmas coisas, sua
programação biológica é perfeita: nascer,
reproduzir e morrer. Não há problemas a serem
resolvidos, que não os da sobrevivência do
corpo. Além disto, eles não possuem tempo,
seu mundo corre, sem conexão entre um antes
e um depois que seja capaz de transmutá-lo. Em
suma, eles não possuem história, não possuem
sonhos, e, por isso, nem neuroses, nem
angústias.
O homem ao contrário possui o seu
corpo.
corpo Mesmo que possua
programações biológicas, ele o põe a
serviço dos seus sonhos (cultura). O
homem se recusa a ser aquilo que o
passado lhes propunha (17). Ele
constrói a história, é capaz de mudar
os rumos de sua vida, e realizar os
seus desejos, e é até capaz de
abandonar a vida pelo mundo que
sonha (martírio).
O homem é um ser de desejo. Ele busca
encontrar um mundo que faça sentido e que
possa ser amado, e que esteja em harmonia
com os seus valores. O desejo só existe na
ausência (quando “falta” o que se ama), e nem
mesmo, a riqueza e o domínio da natureza o
suprimem.
Todavia, nem tudo o que se deseja é realizado,
ele se depara com o fracasso, com o caos, e a
falência do projeto. Lá onde os desejos não se
realizam (lá onde a técnica falhou) surge a
esperança, o símbolo da ausência, que é o rio
da religião.
4. O SAGRADO
A capacidade de gerar
cultura, é uma das
características que
distingue o ser humano
no reino animal.

A religião gera-se no vácuo


da cultura, lá onde ela falha,
surge a esperança de um
outro tempo, onde se possa
construir um mundo mais
justo e solidário, feliz e
harmonioso, é este o
substrato que funda a
religião.
O discurso religioso
confere sentido às
coisas, carregando-as
de ausência
(esperança, sonho,
desejo) pela
experiência (emocional
– espiritual) do divino
que nelas se fez, “de
tal forma que elas
passam a fazer parte
de nosso mundo
humano, como se
fossem extensões de
nós mesmos” (30),
embora não se
confundam conosco.
 O que é conferir sentido?

Fatos não são valores, porém,


quando são carregados de
esperanças, se enchem de
“presenças” que valem o amor.
Essa atitude é o conferir sentido
às coisas.
O ser humano através da religião busca
transubstanciar a natureza, o significado
lhe confere possibilidades de existência
que ela não possuía apenas como
objeto.

Ele confere valor às coisas e verdades,e,


neles, dependura o significado de sua vida, de
sua morte e de seu destino. Neles são
construídos diques de esperança contra o
medo e o caos.
O quanto um significado
faz diferença: Ninguém se
dispõe a morrer por uma
verdade científica, pois
esta é fria (não nos causa
experiências de re-
ligação), e destituída de
significado existencial; já
pelas verdades que lhe
dão sentido, as pessoas
são capazes de morrer.
Nos seus símbolos o
corpo estremece, porque
neles encontra-se com o
sagrado.
5. O EXÍLIO DO SAGRADO
COSMOVISÕES

1. Idade Média :
Teleologia,
Ordem estática.

2. Burguesia:
Utilidade, Lucro.

3. Iluminismo:
Cientificismo,
Secularismo,
Empirismo.
“Quando percorremos nossas bibliotecas,
convencidos destes princípios, que destruição
temos que fazer! Se tomarmos em nossas mãos
qualquer volume, seja de teologia, seja de
metafísica escolástica, por exemplo,
perguntemos: será que ele contém qualquer
raciocínio abstrato relativo à quantidade e ao
número? Não. Será que ele contém raciocínios
que digam respeito a matérias de fato e à
existência? Não. Então, lançai-o às chamas, pois
ele não pode conter coisa alguma a não ser
sofismas e ilusões.” (David Hume)
O curioso é que a
economia não liquidou o
sagrado, pois a riqueza
não consegue encher de
significado a vida (há que
legitimá-la também...), e o
dinheiro do país mais rico
do mundo traz a inscrição:
In God we trust. E os
pobres e os ricos ainda
procuram a religião... HÁ
ALGO A MAIS NA ALMA
HUMANA, QUE A
OBJETIVIDADE DA
CIÊNCIA NÃO PODE
RETIRAR.
Depois do iluminismo, a construção da cultura
secular se empenhou em propor como natural a
ordem cultural (reificação). Esse é o processo de
impostação de uma verdade. Os símbolos
vitoriosos, capazes de: resolver problemas práticos,
de congregar as pessoas etc, tornam-se a
VERDADE, e os derrotados são ridicularizados
como supertições e perseguidos como heresia.

O preconceito da ciência relativo a religião


sustentou-se na compreensão de que somente o
que é empiricamente comprovável é que poderia
ser considerado verdade, assim construções
estritamente semânticas deveriam ser descartadas.
Todavia a religião é um fato (E. Durkeim),
partes dela podem ser construções
semânticas, mas ela é um fenômeno social
objetivo com qualquer coisa, e, revela um
aspecto essencial da vida humana (59).

A dificuldade em aceitar a religiosidade


se deu porque a ciência iluminista
tentou reduzir tudo ao âmbito do
utilitário, do pragmático e do lucro,
como nem tudo pode ser compreendido
por este ponto de vista, a religião
permanece algo de valor e real.
Produzido por: Alyson Augusto Padilha
Adaptação a partir do livro: O que é Religião? De Rubem Alves

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