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Foi através da arte que buscou a formação de uma cultura com traços
angolanos, que revelassem a imagem de um povo oprimido pela colonização
portuguesa. Foi o 1º presidente do Movimento Popular Pela Libertação de
Angola (MPLA), quando também foi o 1° presidente da República Popular de
Angola, de 1975 a 1979. Como autor, é nítido em suas obras o forte desejo de
mudanças.
Nos textos angolanos referentes a esse período, o mar possui além desta
simbologia universal a junção de factores históricos, que torna mais denso seu
significado, porque o mar foi palco para todas as modificações culturais
acontecidas ao longo da colonização, fatos que surtiram efeitos fortíssimos
naquele presente angolano quando somado ao sentimento de dor e medo,
reacções fortemente ligadas à colonização portuguesa. O sofrimento chegava
através do oceano. Águas que trouxeram a dor, a angústia e a miséria para
uma nação.
O mar foi associado ao portal, onde todas as coisas ruins poderiam entrar, e
dele só se podia esperar dor e sofrimento. Os autores desta década não vêem
o mar como paradisíaco, e sim, como o mensageiro da morte.
O mar no conto “náusea”
Náusea traz a fatalidade que vem de fora com a vinda dos intrusos que
trouxeram a transformação de uma realidade. O conto refere-se a João, velho,
que ao visitar o irmão doente, vai até a ilha, e de lá, após reencontrar a família
«num bom almoço regado a pinga», numa conversa com o sobrinho avista o
mar, aquele que não trazia boas recordações do passado, somente lembranças
vivificadas de morte. João se desespera ao lembrar-se desses episódios de
sofrimento e transformações que chegavam através do mar.