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JAQUELINE SATHLER
Graduada em Nutrição pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – Unileste-MG
E-mail: jaqueline.sat@hotmail.com
RESUMO
O mercado hoteleiro vem se expandindo a cada ano, porém a capacidade técnica dos
manipuladores referindo-se a higiene e sanidade na preparação das refeições, não vem
acompanhando esta expansão. Uma grande preocupação de uma Unidade de Alimentação e
Nutrição (UAN) é pela produção de refeições seguras do ponto de vista higiênico-sanitário.
Um dos instrumentos de qualidade que pode ser elaborado e implantado é o Manual de Boas
Práticas. O presente estudo teve como objetivo avaliar as condições higiênico-sanitárias de
uma UAN hoteleira de Timóteo (MG), que produz em média 200 refeições entre desjejum,
almoço e jantar e utilizou-se a técnica do check list da Lista de Avaliação para Boas Práticas
em Serviços de Alimentação. Embora a UAN hoteleira não tenha o acompanhamento de um
nutricionista, os resultados obtidos evidenciaram boas condições higiênico-sanitárias, sendo a
classificação do serviço de alimentação, no Grupo 1, com 76% de adequação dos itens
pesquisados. Foram detectadas irregularidades que podem ser sanáveis com a contratação de
um profissional nutricionista, visto que seu papel neste segmento precisa ser reconhecido,
pois ainda existe uma lacuna neste novo ramo de mercado de trabalho.
ABSTRACT
The hotel market comes expanding every year however, the manipulators technical capacity
referring the hygiene and sanity in the preparation of the meals is not following this
expansion. A great concern of a Food and Nutrition Unit (FNU) is the production of safe
meals concerning hygienic-sanitarium. The present study had as objective evaluates the
hygienic-sanitary conditions of the FNU hotel in Timóteo (MG), that produces 200 meals on
average among breakfast, lunch and dinner. The technique of check list was used, evaluating
several requirements. Although the FNU hotel doesn’t have nutritionist’s attendance, the
results obtained evidenced good hygienic-sanitary conditions, being the classification (Level
1), with 76% of adaptation for the searched items. Were detected irregularities that can be
curable with a professional nutritionist’s recruiting, because her role in this segment needs to
be recognized, therefore a gap exists in this job market branch.
Key words: Food and Nutrition Unit, hostelry, check list, good manufacturing practices.
INTRODUÇÃO
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MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Tabela 1- Porcentagem de atendimento dos quesitos avaliados de acordo com a distribuição dos itens, Timóteo,
2008.
Itens Resultados Resultados (%)
NA AD IN AD IN
1. Edificação, instalações, equipamentos, móveis e utensílios - 47 8 85 % 15 %
2. Higienização das instalações, equipamentos, móveis e
2 14 1 93 % 7%
utensílios
3. Controle integrado de vetores e pragas urbanas - 6 - 100 % -
4. Abastecimento de água 2 6 - 100 % -
5. Manejo dos resíduos - - 4 - 100 %
6. Manipuladores - 5 8 38 % 62 %
7. Matérias-primas, ingredientes e embalagens - 11 2 85 % 15 %
8. Preparação do alimento 4 11 9 55 % 45 %
9. Armazenamento e transporte do alimento preparado - 6 - 100 % -
10. Exposição ao consumo do alimento preparado - 9 1 90 % 10 %
11. Documentação, registro - - 24 - 100 %
12. Responsabilidade - 2 - 100 % -
Legenda: Na = Não se Aplica; AD = Adequado; IN = Inadequado.
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controle é feito por uma empresa especializada trimestralmente, estando de acordo com a
RDC nº. 216 de 15 de setembro de 2004 (BRASIL, 2004).
Em estudo realizado por Cruz et al. (2006), constatou-se que o controle de pragas em
uma unidade produtora de alimentos mostrava-se totalmente inexistente, podendo realmente
acarretar prejuízos para a segurança microbiológica do produto, dados opostos aos
encontrados desta pesquisa. Contudo, Nascimento e Silva (2007) observaram em
panificadoras de Volta Redonda, RJ, que as mesmas não possuíam registros sobre
procedimento de limpeza da caixa d’água e nem de temperatura, somente possuíam o controle
contra pragas e roedores observando a importância do controle deste item.
A RDC nº. 216 de 15 de setembro de 2004 estabelece que devem ser implantados
procedimentos eficazes e contínuos de modo a prevenir ou minimizar a presença de vetores e
pragas urbanas (BRASIL, 2004).
Abastecimento de água
Manipuladores
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O percentual de adequação deste item foi de 85%, resultado satisfatório onde as não
conformidades de 15% foram falta de controle da temperatura das matérias-primas no
recebimento e armazenamento, e falta de identificação nos itens a serem congelados.
Estudo realizado por Cardoso et al. (2005) mostrou que entre os responsáveis pelo
recebimento nos estabelecimentos, 100% tinham o hábito de verificar a validade dos
alimentos, 85% observavam aspectos sensoriais do produto e 95% preocupavam-se em avaliar
as condições de embalagem. Estes números foram semelhantes nesta pesquisa. A primeira
etapa de controle higiênico sanitária no estabelecimento é o recebimento dos alimentos e deve
englobar atividades de conferência dos produtos recebidos.
A identificação dos produtos congelados foi um item de não conformidade, fato
também observado em cantinas por Cardoso et al. (2005), onde 70% procediam à separação
de alimentos crus diferentes por meio de sacos plásticos identificados, 20% realizavam essa
prática de vez em quando e 10% não mostraram preocupação em separar esses alimentos.
Preparação do alimento
Na preparação dos alimentos o índice de não conformidade foi de 45%, valor este que
engloba principalmente o não monitoramento do tempo e temperatura em várias etapas da
preparação como cozimento, óleo para frituras, descongelamento e armazenamento.
Nascimento e Silva (2007) relatam que o controle ineficiente da temperatura é considerado
uma das causas mais comuns de enfermidades transmitidas por alimentos.
Durante a visita a UAN hoteleira, foi constatada a utilização das mesmas facas e
tábuas em diversos tipos de preparações. Panza et al. (2005), avaliando as condições
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Quanto à exposição das preparações, apenas um item foi de irregularidade (10%) que
foi a monitorização da temperatura dos equipamentos de exposição. Apenas o café da manhã
é exposto, sendo o almoço e o jantar servido a la carte sem exposição direta.
Durante a distribuição dos alimentos, sabe-se que o principal objetivo dos balcões
térmicos, além de fornecer os produtos em temperatura agradável, é manter uma condição de
temperatura e tempo seguro sob o ponto de vista microbiológico. Para tanto, alguns itens são
preconizados: 65ºC ou mais, no máximo por 12 horas; 60oC por 6 horas; abaixo de 60ºC por
até 3 horas. Nessa etapa, os alimentos ficam expostos para o consumo imediato, porém o
controle da combinação tempo/temperatura torna-se fundamental para que não ocorra a
multiplicação de patógenos sobreviventes (ABERC, 2003).
Cardoso et al. (2005) relatam que das 18 unidades de alimentação de seu estudo que
utilizavam balcões térmicos, 50% mantinham a temperatura de conservação inferior a 60ºC e
50% mantinham igual ou superior a esse limite, sendo o período de distribuição dos alimentos
para o público, em média, de três horas, estando assim dentro dos padrões estabelecidos.
Estudo realizado por Oliveira et al. (2008) em cozinhas de creches públicas e
filantrópicas observou um índice de 100% de inadequação na temperatura de exposição dos
alimentos prontos para o consumo. Constatou-se ainda que as refeições eram preparadas com
grande antecedência, permaneciam por um período maior de 1 hora a menos de 60ºC, muitas
vezes eram reaquecidas próximo da hora de serem servidas, além de não haver nenhum
controle de temperatura desses alimentos. De acordo com a ABERC (2003), todos os
alimentos que não estiverem dentro dos parâmetros estabelecidos de tempo e temperatura
devem ser desprezados, norma que não é obedecida pelos estabelecimentos.
Documentação e Registro
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Responsabilidade
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Federativa do Brasil. Brasília, DF, 30 de julho de 1997.
______. Resolução – RDC nº. 216, 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre regulamento
Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil. Brasília, DF, 15 de setembro de 2004.
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Disponível em: <www.nutrinews.com.br>. Acesso em: 15 set. 2008.
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