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DIREITO ELEITORAL – PROF * Augusto N.

Sampaio Angelim, Juiz Eleitoral

1. Conceito.

O Direito Eleitoral pode ser conceituado como o ramo do Direito Público


que regula todo o processo eleitoral, desde o alistamento do eleitor até a
diplomação dos candidatos eleitos, além das ações, medidas e garantias que
visam a legitimidade do pleito.

Segundo Joel José Cândido[1], “Direito Eleitoral é o ramo do Direito


Público que trata de institutos relacionados com os direitos políticos e das
eleições, em todas as suas fases, como forma de escolha dos titulares dos
mandatos eletivos e das instituições do Estado”.

Marcos Ramayana, por sua vez, conceitua o Direito Eleitoral como


sendo “um conjunto de normas jurídicas que regulam o processo de
alistamento, filiação partidária, convenções partidárias, registro de
candidaturas, propaganda política eleitoral, votação, apuração, proclamação
dos eleitos, prestação de contas de campanhas eleitorais e diplomação, bem
como as formas de acesso aos mandatos eletivos através dos sistemas
eleitorais”.[2]

De modo mais resumido, pode-se afirmar que o Direito Eleitoral estuda


a aplicação das normas e princípios relativos às eleições.

2. Breve histórico do Direito Eleitoral brasileiro.

Antes da chegada dos portugueses ao território brasileiro, o mesmo era


habitado por uma grande população autóctone que convivia em sociedade e,
evidentemente, tinha regras próprias para a escolha de seus líderes, porém
como se tratava de uma cultura ágrafa e que foi subjugada pelo conquistador,
todo o Direito que se estuda no país tem como marco a colonização
portuguesa. Os portugueses transplantaram para a colônia o modelo político-
administrativo vigente no próprio solo lusitano e em seus domínios ultramarinos
que, basicamente, se constituía em uma monarquia, materializada na figura do
rei, enquanto nas vilas e cidades, aí incluídas Lisboa, Porto, Rio de Janeiro,
Salvador, etc.., atuavam os conselhos com seus homens bons, representando
tanto os interesses locais quanto do reino (Coroa). Esses conselhos, uma
tradição legada pelos romanos quando de seu domínio sobre a península
ibérica e que sobreviveu à longa ocupação árabe, foram as primeiras
instituições políticas brasileiras e se constituem na origem mais remota de
nossos atuais municípios, se assemelhavam às atuais câmaras de vereadores,
embora com um leque bem maior de competências políticas e administrativas,
já que, além dos poderes administrativos referentes às posturas municipais,
além de arrecadar os tributos reais podiam, eles próprios instituir alguns
impostos e taxas. Detinham os conselhos poderes judiciais, cabendo ao
Vereador mais velho o cargo de juiz, denominando-se juiz ordinário os
detentores desses cargos. Esses conselhos também recebiam o pomposo

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nome de Senado da Câmara ou até mesmo de câmara de vereadores, e eram
compostos, geralmente, por três ou quatro membros, eleitos para um período
de três anos, escolhidos entre os proprietários de terras e escravos.

As Ordenações do Reino regulavam a competência, funcionamento,


composição e eleições dos membros do conselho e essas instituições foram
mantidas até o período Imperial. Depois, a Constituição Imperial de 1824 editou
normas, em seus arts. 90 a 97, sobre o alistamento eleitoral, elegibilidade e a
forma do escrutínio. Com base na nossa primeira Constituição, foram criadas
várias eleitorais no período imperial, entre elas o Decreto n.º. 2.675, de 1875,
que instituiu o título de eleitor e a famosa Lei Saraiva (Lei n. 3.029, de 1891),
que regulamentou a forma indireta de eleição para os deputados, senadores e
membros dos conselhos gerais das províncias, o voto do analfabeto, além de
previsão de lei para regular aspectos práticos das eleições.

O sistema eleitoral legado pela monarquia era considerado muito


atrasado e eivado de possibilidades de fraude, daí o período ser denominado
de “eleições do bico-de-pena”, pois os resultados eram amplamente
manipulados, o que levou os políticos progressistas do início do século XIX a
levantar, como bandeira de luta, a reforma desse sistema.
O movimento político que eclodiu em 1930, comumente chamado de
Revolução de 30, entre outras causas, era um manifesto contra as eleições de
“bico-de-pena” e produziu o primeiro Código Eleitoral brasileiro, através do Dec.
21.076/32 que, efetivamente, criou a Justiça Eleitoral, instituiu o voto feminino e
teve como objetivo realizar as primeiras eleições “limpas” no país.

Ainda durante o governo da Revolução de 30 foi editada a Lei n.º.


48/35, considerada o segundo CE pátrio e que, na verdade, aperfeiçoou a
primeira codificação.

Lei n.º 1.645/50 – 3.º CE e fruto do movimento político de


redemocratização do país, após a ditadura vivenciada durante o Estado Novo.

Lei n.º. 4.737/65, o atual Código Eleitoral.

Alguns autores, como é o caso do saudoso Pinto Ferreira, consideram


que o DL n.º 7.586/45 como nosso terceiro Código Eleitoral, mas esta opinião é
amplamente minoritária.

Vale ressaltar que a Constituição Federal de 1934 foi a primeira que


tratou da Justiça Eleitoral, prevendo a existência da Justiça Eleitoral composta
pelo TSE, TRÊS, Juízes Eleitorais e Juntas e, com exceção da Constituição
outorgada de 1937 (a “polaca”), os demais textos constitucionais mantiveram
esta justiça especializada.

Além do atual CE (Lei n.º. 4.737/65) as últimas eleições foram


reguladas e realizadas sob a égide da seguinte legislação:

Lei Complementar n.º 64/90 (Lei das Inelegibilidades);


Lei n.º. 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos);

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Lei n.º. 9.504/97 (Lei das Eleições); e
Resoluções do TSE.

03. Fontes do Direito Eleitoral.

A expressão fontes do Direito diz respeito à sua origem e, geralmente, a


doutrina classifica as fontes em materiais e formais. Fonte formal é o fato
jurídico, ou seja, o acontecimento da vida que é regulado pelo direito, como por
exemplo, uma fraude no alistamento, seja porque o agente não tem a idade
mínima ou, como é mais era mais comum antigamente, por duplicidade de
inscrição eleitoral. Outro fato material que poderia servir de exemplo para
ilustrar o que seria a fonte material, é a transferência fraudulenta do domicílio
eleitoral. Entre os fatos materiais mais conhecidos que geram enorme
repercussão no Direito Eleitoral, relaciona-se a compra de votos que é crime
previsto no art. 299, do CE e no art. 41-A, da Lei das Eleições. No primeiro
caso, o crime é denominado de “crime de corrupção eleitoral” e, no segundo, a
punição não é de natureza penal, embora seja muito mais severa, pois,
configurada a chamada “captação ilícita de sufrágio”, o autor terá cancelado o
registro de sua candidatura, se ainda não tiver ocorrido a eleição e, tendo sido
eleito, não será diplomado e, acaso já tenha sido diplomado, dar-se-á a
cassação deste. A fonte formal é o próprio dispositivo legal.

A doutrina divide, ainda, as fontes em diretas e indiretas. Entre as


primeiras tem-se a Constituição Federal, o Código Eleitoral (Lei n.º. 4.737/65),
a Lei das Eleições (Lei n.º. 9.504/97), a Lei das Inelegibilidades (LC n.º 64/90) e
a Lei dos Partidos Políticos (Lei n.º. 9.096/95).
Também podem ser consideradas formais, embora de natureza indireta, o
Código Penal, o Código de Processo Penal, o Código Civil, o Código de
Processo Civil e as Resoluções do TSE, além das consultas respondidas pelo
TSE e pelos TREs. A doutrina e a jurisprudência, também, são importantes
fontes indiretas do Direito Eleitoral.

As Resoluções do TSE guardam uma peculiaridade dentro do


ordenamento jurídico brasileiro já que, a rigor, não detêm os tribunais
capacidade legislativa. O fundamento dessas resoluções está no art. 23, IX, do
CE que autoriza o TSE a “expedir as instruções que julgar conveniente à
execução deste Código”, além do art. 105, da Lei das Eleições. O problema é
que se discute a natureza dessas resoluções, havendo quem sustente que o
TSE não tem competência para editar normas com o status de lei e, portanto,
não poderia, v.g., criar figuras típicas. É pacífico, entretanto, que esse poder
regulamentador ou função normativa do TSE é legal quando situa-se
secundum e praeter legem, ou seja, quando utilizado apenas para
regulamentar a própria legislação eleitoral.

A polêmica permanece a respeito da natureza e alcance das resoluções do


TSE em face da dinâmica do processo eleitoral que está sempre à frente da
legislação que regula as eleições, especialmente no tocante à propaganda,

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votação, apuração e fiscalização das eleições. Neste sentido, o TSE tem
editado resoluções que vão desde a Resolução n.º. 14.623/98 que fixa as
atribuições da Polícia Federal quando à disposição da Justiça Eleitoral à
Resolução n.º 22.376/06 que dispõe sobre a apuração de crimes eleitorais,
inclusive determinando como deve ser instaurado o respectivo inquérito policial,
além de seus prazos.
O próprio TSE, entretanto, já decidiu que suas resoluções têm força de lei
ordinária.[3] Apesar desta decisão do TSE a matéria não está pacificada,
embora, em alguns casos, o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL tenha rejeitado
argüição de inconstitucionalidade de algumas resoluções do TSE a exemplo
dos pedidos para declarar inconstitucional a Resolução n.º. 22.610/97 que
disciplinou a perda de cargo eletivo por infidelidade partidária, através das
ADIns n.ºs. 3.999[4] e 4086 propostas, respectiva pela Procuradoria Geral da
República e pelo Partido Social Cristão (PSC). Nestes dois casos, como se
nota da transcrição da ementa abaixo, o entendimento do STF é que, mesmo
diante da enorme celeuma travada a respeito da Resolução n.º 22.610/97, o
Tribunal Superior Eleitoral não teria editado ato abstrato-normativo, ou seja,
não teria ido além do que já estabelecia a própria legislação.

4. Democracia.

O Direito Eleitoral tem autonomia científica, didática e normativa, mas depende,


visceralmente, do sistema político adotado. A autonomia científica desse ramo
do Direito Público decorre da existência de normas e princípios que lhe são
exclusivos. A autonomia didática constata-se pela presença da disciplina dos
cursos jurídicos, inclusive de pós-graduação. No tocante à autonomia
normativa, é inegável a existência de leis que somente se aplicam ao processo
eleitoral, não servindo, nem mesmo subsidiariamente, a nenhum outro ramo do
Direito, tais como o Código Eleitoral (Lei n. 4.735/65), a Lei das Eleições (Lei
9.504/97), a Lei das Inelegibilidades (LC n. 64/90) e outras mais. Como o
Direito Eleitoral guarda relação com o sistema político e o Brasil, de acordo
com a Constituição Federal, é uma Democracia, interessa firmar o conceito
desse regime. O constitucionalista José Afonso da Silva enfatiza que não se
deve entender democracia apenas como um conceito teórico da Ciência
Política, e sim como um conceito que vem sendo construído historicamente e
que possui relação direta com os chamados direitos fundamentais do povo,
devendo se negar esse conceito ao ordenamento jurídico que não reconheça
os direitos humanos. Na democracia, o poder emana do povo, porém nem
sempre é exercido diretamente pelo povo, daí o mecanismo da
representatividade, pelo qual se elegem os representantes do povo. A
Constituição Federal prevê a modalidade de exercício direto da democracia
pelo povo (art. 14, I, II e III), o que leva a doutrina a classificar a democracia
brasileira como semidireta.

Do Golpe Militar de 64 à Constituinte.

Vale recordar que o atual sistema político brasileiro, considerado o mais


democrático da história do país, veio com a promulgação da Constituição de
1988, após um período de ditadura militar instaurado em 1964, quando foi

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derrubado o governo do Presidente João Goulart, que havia assumido a poder
em face da renuncia de Jânio da Silva Quadros. Jânio e Jango, embora eleitos
presidente e vice, eram de partidos e ideologias diferentes, ademais, se sequer
faziam parte da mesma “chapa”, pois naquela época se escolhia diretamente o
vice. Jango, como era apelidado João Goulart, herdeiro da tradição política de
Getúlio Vargas, do qual fora ministro, disputava a eleição fazendo dobradinha
com General Lott, que era considerado um legalista. A renuncia de Jânio
Quadros, um político extremamente controverso e que teve carreira meteórica
de Vereador da Cidade de São Paulo até à Presidência da República, levou ao
poder, depois de muita resistência dos setores da direita e das forças armadas,
um Jango enfraquecido, tanto assim que foi implantado o regime
parlamentarista, com a deliberada intenção de diminuir os poderes do novo
presidente. Com o passar do tempo e após uma incessante queda-de-braço
entre direita e esquerda, estes últimos juntos dos progressistas, restabeleceu-
se o sistema presidencialista. Restabelecida formalmente a força da
presidência, Jango dividiu-se entre ações que contemplavam ora os interesses
de um lado e de outro, até que tomou partido pelas ações da esquerda,
provocando intensa reação da direita, especialmente da Igreja Católica. Essa
situação provocou um clima de divisão e confronto no país. De um lado,
cresciam as manifestações de trabalhadores urbanos, através de numerosas
greves e iniciava-se a ação dos trabalhadores rurais através da ligas
camponesas. Do outro lado, marchavam, literalmente, as donas de casa, a
classe média e a Igreja, pelas ruas das grandes cidades do Brasil,
principalmente do Rio de Janeiro. Aos poucos, o presidente Jango foi perdendo
apoio dos órgãos da imprensa e até dos políticos de centro, sendo notável a
participação do governo americano na urdidura de um movimento encabeçado
por civis e militares que acabou por solapar o poder. Era o Golpe Militar de 64.
Os políticos de direita que participaram da trama ou aderiram ao movimento,
também chamado por seus simpatizantes como Revolução de 1964, logo foram
alijados do comando do processo político e o Congresso Nacional foi fechado.
Iniciava-se a Ditadura Militar, com a supressão dos direitos e garantias
constitucionais e a total desfiguração da Constituição, passando o país a ser
governado pelos militares seus Atos Institucionais. Neste período dezenas de
deputados, senadores, governadores, prefeitos e vereadores tiveram seus
mandatos cassados por esses atos e a nação mergulhou numa longa noite de
hiato democrático. Os políticos mais importantes da esquerda, como o próprio
João Goulart foram exilados. O presidente Jango foi para o Uruguai e terminou
por falecer no Uruguai, em 1976. Sob a batuta, ou melhor, sob o chicote dos
militares, o país conheceu uma grande expansão econômica, denominada de
milagre brasileiro, cujo principal fundamento tinha sido o endividamento externo
e a economia começou a se deteriorar na primeira grande crise do petróleo, no
início da década de 70, indo de ladeira abaixo daí em diante. O agravamento
da crise econômica provocou a descrença do povo no regime militar, o que
levou o General Ernesto Geisel, o quarto governante de farda, a dar início a um
processo de distenção, chamando de abertura que culminou com a volta dos
políticos exilados (Brizola, Miguel Arraes, entre outros). Este processo de
abertura levou à eleição indireta de Tancredo Neves, um político de centro,
através do Colégio Eleitoral (Congresso Nacional), que disputara com Paulo
Maluf. A eleição de Tancredo contou com o apoio dos dissidentes do próprio
regime, entre eles, o então Senador José Sarney, que foi eleito vice-presidente

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na chapa de Tancredo. Os simpatizantes dessa nova fase da vida política do
país, denominaram o movimento que elegeu Tancredo Neves como a Nova
República, mas uma fatalidade mudou o rumo dos fatos, já que Tancredo
Neves adoeceu e morreu às vésperas de assumir a presidência. Apesar das
polêmicas políticas e jurídicas que surgiram, assumiu a Presidência da
República o Senador José Sarney, que apoiara o golpe militar e tivera bastante
projeção no governo ditatorial. Sarney, então, convoca a Assembléia
Constituinte e os deputados e senadores eleitos em 1986 passaram a exercer
seus mandatos ordinariamente no Congresso Nacional e, ao mesmo tempo, se
reuniam em assembléia para fazer a nova carta política. Deste breve relato dos
antecedentes políticos da atual Constituição, não poderia deixar de ser
mencionado que, com endurecimento do regime militar em 1968, formaram-se
vários grupos de esquerda no país que defendiam a luta armada e esse
confronto entre as várias tendências foi permeado por assaltos, seqüestro e
mortes. A esquerda, para financiar suas atividades, praticava assaltos a bancos
e milionários, além de seqüestrar pessoas ilustres, como foi o caso do
embaixador americano no Brasil. Os militantes esquerdistas envolvido nessas
ações, eram chamados de terroristas pelos militares Os militares, à frente o
Exército e incluindo a polícia civil de quase todos os Estados da Federação,
notadamente de São Paulo, através do DOI-CODI , comandavam a repressão
aos estudantes e trabalhadores, e caçavam, prendiam, torturavam e, em
muitos casos, matavam. Na região do Rio Araguaia, formou-se uma célula de
guerrilheiros que tentou intentar semear uma guerrilha rural, já que a urbana
havia sido exterminada pelas forças militares, mas sem sucesso. Outro registro
indispensável é que, nos estertores do regime militar, quando a economia tinha
ido ao fundo do poço e o presidente era o General João Baptista de Oliveira, o
país foi agitado pelo movimento das Diretas-já que pedia eleição direta para o
Presidente da República, mas a emenda constitucional que restabelecia esse
direito popular (Emenda Dante de Oliveira) foi rejeitada pelo Congresso
Nacional e aos progressistas restou apenas a eleição de Tancredo Neves. O
fim do regime militar, efetivamente, foi a promulgação da Constituição de 1988
e primeiro presidente eleito pelo voto direto do povo, após Jânio da Silva
Quadros, foi Fernando Collor.

Depois desse breve relato sobre a história política recente do país, do Golpe
Militar de 1964 até a Constituinte, voltemos ao estudo da democracia, sob o
ponto de vista constitucional. A Constituição prevê a modalidade de exercício
direto da democracia, através do PLEBISCITO, REFERENDO e
PARTICIPAÇÃO POPULAR.

4.2 Plebiscito.

Ordinariamente pode-se consultar os eleitores sobre matéria de natureza legal


ou administrativa de grande relevância e, somente a aprovação popular é que o
parlamento poderá legislar sobre a matéria. No atual sistema constitucional, já
houve eleição plebiscitária para definir se a forma de governo (república ou
monarquia) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo),
tendo vencido a opção pelo governo republicano e sistema presidencialista (art.
2º.. do ADCT ), nas eleições do dia 21 de abril de 1993. A CF prevê a

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realização de plebiscito em matéria de incorporação, subdivisão,
desmembramento ou formação de Estados (art. 18, § 3º, da CF) e para
criação, incorporação, desmembramento e fusão de Municípios (art. 18, §4º, da
CF).

4.3 Referendo.

Ao contrário do plebiscito, o referendo popular é convocado posteriormente à


aprovação do ato legislativo ou administrativo, cabendo ao eleitorado sua
rejeição ou ratificação (art. 2º, § 1º, da CF) o referendo está previsto no art. 14,
II e art. 49, XV, da Constituição, sem que se estabeleça condições para o seu
exercício, mas foi regulamentado pela Lei n. 9.709/98. No dia 23 de outubro de
2005 o Brasil votou o referendo do desarmamento, em que se perguntou aos
eleitores: “O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no
Brasil?". A resposto vencedora, foi o “não”, com cerca de 59 milhões de votos,
enquanto pouco mais de 33 milhões de eleitores optaram pelo “sim”, tendo
havido uma abstenção de 26 milhões de eleitores. O “não” venceu em todos os
Estados e, no RS, contou com o apoio de quase 87% dos votantes. Desta
forma, rejeitou-se o art. 35, da Lei n. 10.826/03, que tinha a seguinte redação:
“Art. 35 - É proibida a comercialização de arma de fogo e munição em todo o
território nacional, salvo para as entidades previstas no art. 6º desta Lei".

4.4 Projeto de Lei de Iniciativa Popular.

O povo pode apresentar diretamente projeto de lei ao Poder Legislativo, desde


que subscrito por pelo menos 1% do eleitorado, votado em pelo menos 05
Estados e obtenha, no mínimo, em todos eles, 0,3 (três décimos) do total de
eleitores. Superada essa fase, o projeto será encaminhado à Câmara dos
Deputados, vez que esta é a casa que, teoricamente, representa o povo, já que
o Senado, representa o Estados.

A Lei n. 9.840/99 , nasceu de iniciativa que teve forte participação da CNBB e


CBJP e após muitas discussões e debates pelo país afora, e, ao final, depois
de um esforço muito grande, inclusive dos canais de televisão, mais de um
milhão de assinaturas foram coletadas e o projeto entregue à Câmara dos
Deputados. Em Pernambuco, pouco mais de 16.000 eleitores assinaram o
projeto, enquanto em São Paulo quase 400 mil foram coletadas. Roraima foi o
Estado de menor participação, pois apenas 98 (noventa e oito) eleitores se
dispuseram a apor suas assinaturas no projeto.

4.5 Outras formas de participação popular.

Aos eleitores é garantido outras formas de participação popular, embora em


matérias não ligadas diretamente ao processo eleitoral ou aos direitos políticos,
como é o caso da participação no TRIBUNAL DO JÚRI (art. 5º, XXXVIII, da CF)
e como autor de AÇÃO POPULAR (art. 5º., LXXIII, da CF).

4. REQUISITOS CONSTITUCIONAIS DE ELEGIBILIDADE.

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Diz-se inelegível a pessoa que, apesar de ser eleitor, esteja impossibilitada,
temporariamente, de ser votada em virtude de algum motivo relevante previsto
na Constituição ou fixado em lei. A regra, entretanto, é da elegibilidade, ou
seja, é o direito do cidadão votar (capacidade ativa) e ser votado (capacidade
passiva), por se encontrar em pleno gozo de seus direitos políticos. Assim, o
eleitor para concorrer a um cargo eletivo precisa estar no pleno exercício de
sua capacidade ativa e não incorrer em nenhuma causa de inelegibilidade.
Segundo Joel Cândido, “não basta, para uma pessoa poder concorrer a
qualquer cargo eletivo, que possua ela as condições de elegibilidade...É mister,
ainda, que não incida ela em nenhuma causa de inelegibilidade. Estas, ao
contrário daquelas que figuram em lei ordinária, só podem ser fixadas na
própria Constituição Federal ou em lei complementar, tão-somente.
Constituem-se em restrições aos direitos políticos e à cidadania, já que por
inelegibilidade entende-se a impossibilidade, temporária ou definitiva, de uma
pessoa ser eleita para um mais cargos eletivos”.[1]

Em suma, pode-se dizer que inelegibilidade é a perda do direito de ser votado.

Para poder se candidatar a algum mandato eletivo, é preciso que o indivíduo


seja elegível. As condições de elegibilidade estão previstas no § 3º, do art. 14,
da CF e são as seguintes:

5.1 Nacionalidade.

As condições de elegibilidade, ou seja, as condições para que alguém possa


disputar um cargo eletivo no Brasil estão contidas no art. 14, § 3º da
Constituição Federal:

“Art. 14..............
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e
Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito
Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital,
Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.”.

A CF estabelece como condição primeira para o exercício dos direitos políticos


a nacionalidade, que é vínculo jurídico-político que liga o indivíduo a um país. O
ordenamento jurídico brasileiro considera como brasileiro toda e qualquer
pessoa que nasce em solo brasileiro (jus solis), inclusive àqueles que são filhos
de pais estrangeiros, desde que o pai ou a mãe não estejam a serviço de outro
país. Também são considerados brasileiros, os filhos de pais brasileiros que

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tenham nascido no exterior, desde que o pai ou a mãe esteja a serviço do
Brasil e, os filhos de brasileiros cujos pais não estejam a serviço da República
Federativa do Brasil, mas que sejam registrados em estabelecimento
diplomático do Brasil ou que venham a residir no Brasil e, após alcançada a
maioridade optem pela cidadania brasileira. Estes são os brasileiros natos, cuja
regra básica é o jus solis, mas que é excepcionada apenas nos casos acima
(art. 12, I, “a”, “b” e “c”, da CF).
Há nações, como por exemplo, a Itália que adotam o jus sanguinis como
critério básico da nacionalidade, que leva em conta o fator sanguíneo e
hereditariedade do nascituro, que terá a mesma nacionalidade de seus pais,
independentemente do local em que venha a nascer.
Apesar da própria Constituição cuidar em afirmar que a “lei” não poderá fazer
distinção entre brasileiros (§ 2º, do art.. 12), ela mesma o faz, embora reserva
apenas para si as eventuais distinções. Assim é que, além do brasileiro nato,
existe a categoria do brasileiro naturalizado ao qual é negada a investidura em
algumas cargos públicos. Essa restrição atinge também cargos cuja investidura
se dar por concurso ou nomeação, com vistas à proteção dos grandes
interesses nacionais.
São considerados brasileiros naturalizados:

“Art. 12.....
II - naturalizados:>
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos
originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano
ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República
Federativa do Brasil há mais de trinta anos ininterruptos e sem condenação
penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República
Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação
penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.(Redação dada pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
§ 1º - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver
reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao
brasileiro nato, salvo os casos previstos nesta Constituição.
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver
reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao
brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.(Redação dada pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e
naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.”.

Os brasileiros naturalizados não poderão exercer os seguintes cargos, posto


que privativos de brasileiros natos:
“Art. 12.....
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;

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IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa(Incluído pela Emenda Constitucional nº
23, de 1999).”

Pelo teor das emendas que alteraram os artigos da CF pertinentes à


nacionalidade, nota-se que o Brasil vem registrando o conceito de brasileiro, o
que é uma tendência dos Estados atualmente, tendo em vistas os problemas
políticos e econômicos que o processo migratório tem acarretado,
especialmente para os países do continente europeu. De todas essas
alterações é bom registrar a que retirou dos portugueses os mesmos direitos
do brasileiro nato. (ECR n. 3, de 1994).

A perda da nacionalidade, em regra, somente ocorrerá para o brasileiro


naturalizado. Este perderá a nacionalidade brasileira quando, por sentença
judicial, for condenado por atividade nociva ao interesse nacional ou quando
adquirir uma nova nacionalidade, exceto se for sua nacionalidade originária,
pela lei estrangeira ou, ainda, quando imposta por nação estrangeira. O
brasileiro nato, também, perderá esse status político quando, voluntariamente,
adquirir outra nacionalidade. Em caso de aquisição voluntária de outra
nacionalidade, tanto o brasileiro nato como o naturalizado perdem a condição
de nacional e todos os direitos inerentes.

5.2 Alistamento eleitoral e idade mínima.

A nacionalidade, como dito no início, é o primeiro requisito de elegibilidade,


porém existem outros, tais como alistamento eleitoral, já que somente as
pessoas alistadas como eleitores poderão se candidatar aos cargos eletivos. E,
mesmo entre os eleitores, nem todos são elegíveis, já que a CF não permite
aos menores de 18 anos e maiores de 16 o exercício de tal direito, embora
possam exercer o direito de voto.

5.3 Alfabetização.

Além da idade mínima, outra restrição é feita aos analfabetos, os quais, assim
como os menores de 18 e maiores de 16 anos podem votar, mas não podem
ser votados. A CF não define, logicamente, quando alguém pode ser
considerado como analfabeto e, a cada eleição, principalmente de âmbito
municipal, discute-se esse conceito, mas o TSE tem o entendimento que
considera como alfabetizado qualquer pessoa que possua conhecimentos
rudimentares de escrita e leitura da língua portuguesa, e assim, geralmente,
reforma decisões mais restritivas dos juízes eleitorais que, vez por outra,
exigem dos candidatos conhecimentos mais aprofundados, chegando até fazer
prova de redação e testando conhecimento aritméticos. A apresentação de
certificado escolar, mesmo que de primeiro grau, já exime o cidadão de
qualquer tipo de teste para auferir sua alfabetização. Evidentemente que se for
levantado incidente de falsidade desse documento, poderá o pretendente

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responder criminalmente. A realização desses testes vem sendo repelida pelo
TSE, posto que muito polêmico o seu conteúdo e bastante discutível. A simples
declaração, do “próprio punho” assinada pelo candidato se dizendo
alfabetizado é suficiente para afastar a realização desse tipo de teste,
principalmente quando há possibilidade de que essa aferição venha a se
constituir numa situação vexatória para o candidato. Veja-se:

RESP. n. 21.762
Petrolina de Goiás/GO
Rel. Min. Gilmar Mendes
Recorrente: Procuradoria Regional Eleitoral de Goiás
Recorrido: Benedito Alves de Melo
Acórdão n. 21.762.
“Registro de candidato. Analfabetismo. Ausência de comprovante de
escolaridade e de declaração de próprio punho. Proibição de teste de
alfabetização público e coletivo. Reexame de prova.
Na ausência do comprovante de escolaridade, deve o juiz exigir declaração de
próprio punho do candidato antes de buscar a aferição por outros meios. Res.-
TSE no 21.608, art. 28, VII, § 4o.
Não tendo o juiz exigido tal declaração, é lhe permitido aplicar teste de
alfabetização, desde que seja reservado, sem trazer constrangimento ao
candidato (art. 1o, III, da Constituição Federal). Precedentes.
Reexame de provas inviável em sede de recurso especial (Súmula-STF no
279).
Recurso a que se nega provimento.”

Não é rara a circunstancia de uma pessoa já ser detentora de mandato


político e ter sua candidatura impugnada sob o fundamento de que é
analfabeto. Embora a matéria seja bastante controvertida, o TSE já sumulou a
questão:

“Súmula 15. O exercício de cargo eletivo não é circunstância suficiente para,


em recurso especial, determinar-se a reforma de decisão mediante a qual o
candidato foi considerado analfabeto”.

5.4 Domicílio eleitoral na circunscrição.

A legislação eleitoral exige que o candidato tenha domicílio eleitoral no


local em que pretende se candidatar. A circunscrição eleitoral, para os cargos
de Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador é o Município; para os cargos de
Governador, Vice-Governador, Deputado e Senador, o Estado ou o Distrito
Federal; para o cargo de Presidente e Vice-Presidente, qualquer Município do
Brasil. De acordo com o CE, “é domicílio eleitoral o lugar de residência ou
moradia do requerente e, verificado ter o alistado mais de uma, considerar-se-á
domicílio qualquer uma delas” (P.U, do art. 42, do CE).
A doutrina e a jurisprudência, entretanto, construíram um conceito bem
mais amplo de domicílio eleitoral, bastando que o interessado, seja para efeito
de alistamento eleitoral ou disputa de mandato, prove a existência de vínculo

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com o lugar onde seja se inscrever como eleitor ou se candidatar a algum
cargo. Esse vínculo poderá ser de natureza afetiva (lugar de nascimento, lugar
onde morou durante bom tempo, etc), vínculo patrimonial (possuir bens ou
negócios), vínculo empregatício ou comunitário. Sendo tão amplo o conceito,
tem ocorrido casos em que algumas pessoas exercem o cargo de prefeito, por
exemplo, por longos anos, como é a situação de Ives Ribeiro, político
pernambucano que, salvo engano, já se candidatou e elegeu-se,
sucessivamente, por três cidades diferentes da região metropolitana do Recife,
transferindo seu domicílio eleitoral a cada uma dessas eleições.

5.5 Filiação partidária.

No Brasil, somente pode ser candidato a cargo eletivo (exceto juiz de


paz) quem estiver filiado em algum partido político. Nos Estados Unidos são
famosas, embora ainda nenhuma tenha alcançado o objetivo principal, as
candidaturas avulsas. Não basta, porém, que o cidadão esteja filiado a um
partido político, sendo imprescindível que tal filiação tenha sido feita, pelo
menos, 01 (um) ano antes das eleições, regra esta que também vale para o
domicílio eleitoral. Cada partido tem autonomia para definir como deve ser o
processo de filiação, entretanto, com vistas ao princípio da publicidade e por
conta da exigência de prévia filiação partidária pelo menos de um ano antes
das eleições, devem os partidos enviar a lista de seus membros à Justiça
Eleitoral na segunda semana dos meses de abril e outubro de cada ano,
independentemente da ocorrência de eleições. Não o fazendo, a lista de
filiados válida para disputa de mandato será a última que foi depositada no
Cartório Eleitoral Possuindo dupla filiação, ambas serão nulas e isso é mais
corriqueiro que se imagina, pois, muitas vezes, principalmente no âmbito das
eleições municipais, sequer o cidadão se recorda a que partidos se filiou nos
últimos anos e, assim, às vezes, assina diversas fichas partidárias.
Esse prazo mínimo de 01 (um) ano de filiação partidária, é
excepcionado nos casos de magistrados, membros dos tribunais de contas,
uma vez que a estes é vedado o exercício de atividades partidárias e somente
poderão ser candidatos se aposentados ou exonerados no prazo mínimo de 06
meses antes das eleições, quando, também, já deverão estar filiados a partido
político. Os membros do Ministério Público deverão estar filados e
desincompatibilizados a 01 (um) ano antes das eleições. Até a EC n. 45/04,
admitia-se a filiação partidária de membros do Ministério Público e era possível
a filiação partidária, com algumas ressalvas, porém, agora, submetem-se às
mesmas regras dos magistrados e membros dos tribunais de contas e, como
tais, são proibidos de ter filiação partidária e, consequentemente, devem estar
aposentados, exonerados até 06 meses antes dos pleitos, prazo mínimo em
que, também, deverão ter filiação partidária. Não mais se admite licença
temporária aos promotores e procuradores do MP, para a disputa de mandatos.
O TSE, inclusive, respondeu duas consultas a este respeito. (Consulta n. 1148,
Relator Min. Caputo Bastos, de 17-0-05-2005 e Consulta n. 1143, Rel. Min.
Luiz Carlos Madeira).

Alguns servidores públicos, efetivo, em comissão ou por delegação


(notários) e pessoas que tem suas atividades divulgadas com regularidade na

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mídia, tais como jogadores de futebol, de basquete, árbitros e apresentadores
de programas de rádio e televisão, assim como jornalistas, são obrigadas a se
desincompatibilizarem, ou seja, se afastarem do exercício de seus cargos
meses antes das eleições, para que não continuem influenciando os eleitores
em detrimento dos demais concorrentes. Assim, um médico, também, um
médico, um diretor de um hospital público, um dirigente sindical, etc...também
precisam estar desincompatibilizados de seus cargos. O prazo de
desincompatibilização varia de acordo com o cargo ou função exercida e o
mandato que pretende se disputar.

5.6. Causas de inelegibilidade.

5.6.1 Inelegibilidade absoluta ou constitucional.


As inelegibilidades previstas no art. 14, §§ 4º a 7º, da CF são classificadas
como inelegibilidades absolutas ou constitucionais e, como tais, não
prescrevem e podem ser argüidas a qualquer tempo. As demais causas de
inelegibilidade estão previstas na Lei Complementar n. 64/90, apelidada de Lei
das Inelegibilidades. As inelegibilidades absolutas ou constitucionais foram
vistas anteriormente. São inelegíveis, por esta modalidade, os “sem domicílio
eleitoral; sem filiação partidária”, os inalistáveis, os analfabetos e, para alguns
cargos, os parentes do chefe do executivo (o filho do Presidente Lula teve sua
candidatura indeferida para o cargo de Vereador nas eleições de 2008 na
Cidade de São Bernardo porque, pela regra, seu pai precisaria ter renunciado
ao mandato. Tal regra somente seria excepcionada, acaso o filho do
presidente, desde o primeiro mandato do pai, já fosse vereador). Também
estão no rol de inelegibilidades absolutas, os ocupantes de determinados
cargos para o exercício de um terceiro mandato executivo. O Presidente da
República, o Governador do Estado e Prefeito, para disputarem outros cargos
(exceto a reeleição) precisam renunciar aos respectivos mandatos 06 meses
antes do pleito.

5.6.2 Inelegibilidades infraconstitucionais.

O § 9º, do art. 14, da CF remeteu à legislação complementar o poder de


definir outras causas de inelegibilidades, pelo que são denominadas de
inelegibilidades legais ou relativas. Estas, ao contrário das inelegibilidades
absolutas, devem ser argüidas dentro do prazo legal, sob pena de preclusão.
Entre estas causas, estão a desincompatibilização fora do prazo mínimo legal e
a suspensão temporária dos direitos políticos por incapacidade civil absoluta
(CF, art. 15, II); condenação criminal transitada em julgado (CF, art. 15, III);
escusa de consciência (CF, art. 15, IV); improbidade administrativa (CF, art. 15,
V)

É vedada a cassação dos direitos políticos do cidadão, entretanto este


pode vir a perder ou ter seus direitos suspensos, nas hipóteses abaixo:
“Art. 15.....
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;

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III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos
termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.”

A regra é o cidadão ter os chamados direitos políticos positivos, mas, os


casos acima, tratam-se das hipóteses de direitos políticos negativos e são
causas de inelegibilidade. Os direitos políticos negativos são sempre em
caráter transitório. Estando numa das situações acima, o eleitor não poderá ser
candidato e, acaso já esteja no exercício do mandato perderá o cargo. Apesar
da aparente simplicidade normativa e da afirmativa anterior, a questão, na
prática é bem complicada, pois muitos julgados não vêem essa regra como
auto-aplicável, asseverando que seria necessário o regramento através da
legislação infraconstitucional. O TSE, até agora, tem sido rigoroso, e entende
que havendo condenação criminal transitada em julgado, inclusive de
contravenção penal, se dará a suspensão dos direitos políticos,
independentemente do cidadão ter sido beneficiado com sursis ou livramento
condicional.

Nas últimas eleições o conceito de “vida pregressa”, que é uma das


causas de inelegibilidades prevista no § 9º, do art. 14, da CF, foi responsável
por uma grande celeuma no Direito Eleitoral.

“Art. 14....
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos
de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade
para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a
normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder
econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na
administração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda Constitucional
de Revisão nº 4, de 1994)”.

Isto porque o TRE/RJ deferiu pedido de impugnação de candidatos que tinham


sido condenados criminalmente, mesmo na pendência de recurso de apelação.
Esta decisão serviu de exemplo para vários doutrinadores e juízes de primeira
instância pregarem a inelegibilidade de pessoas condenadas criminalmente,
independentemente da sentença ter transito em julgado, sob o fundamento de
que, a condenação, atribuía efeitos de inidoneidade à sua vida pregressa na
forma do previsto no § 9º, do art. 14, da CF. Este tese de inelegibilidade teria
como fundamento o fato de que a conduta desse tipo de candidato afrontaria
os princípios da moralidade e da probidade administrativa, entretanto TSE
entendeu que este dispositivo não seria auto-aplicável.
O STF, no ano de 2008, terminou por pacificar a questão no sentido de que o §
9º, do art. 14, da CF não seria auto-aplicável, inclusive para os casos de
improbidade administrativa. Em todos esses casos, a jurisprudência dos
tribunais superiores, apesar dos argumentos contrários, tem feito prevalecer o
princípio da presunção da inocência. Veja-se, abaixo, mais um desses
julgados:

RESP. 31867/SP

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Rel. Min. Joaquim Barbosa
Data: 18/11/08
ELEIÇÕES 2008. Agravo regimental no recurso especial eleitoral. Deferimento
de registro de candidatura ao cargo de prefeito. Prática de improbidade
administrativa. Suspensão dos direitos políticos pelo prazo de cinco anos.
Sentença condenatória não transitada em julgado. Interposição de recurso
especial contra acórdão do Tribunal Estadual. Exame pendente. Possibilidade
de reforma do acórdão estadual. Coisa julgada que se manifesta apenas
quando proferida a última decisão na causa. Precedentes do STJ. Julgamento
da ADPFnº 144/DF. Apreciação de recursos extraordinário e especial.
Competência exclusiva do STF e do STJ. Agravo regimental a que se nega
provimento.
1. A coisa julgada material manifesta-se apenas no momento em que a última
decisão irrecorrível é prolatada no processo, ainda que o objeto em discussão
esteja relacionado com a tempestividade de determinado recurso.
2. Interposto recurso especial e existente a possibilidade, por mínima que seja,
de modificação de acórdão estadual que declarou a intempestividade de
apelação trânsito em julgado da sentença condenatória.
3. Entendimento diverso, além de violar o art. 20 da Lei nº 8.429/92, importaria
na transgressão, por via oblíqua, do julgamento efetuado pelo Supremo
Tribunal Federal nos autos da ADPF nº 144/DF, que consagrou, em
homenagem aos princípios constitucionais da presunção de inocência e do
devido processo legal, a impossibilidade de ser indeferido o pedido de registro
de pré-candidato, réu em ação de improbidade, com base em sentença
condenatória não transitada em julgado.
4. A Justiça Eleitoral não pode superestimar seu poder de dizer o direito,
arvorando-se da competência do STF ou do STJ para prejulgar a idoneidade
dos recursos de natureza extraordinária.

5.6.3 – Perda de mandato.

Deputados, Senadores e Vereadores cujo mandato tenha sido cassado por


falta de decoro parlamentar ou algumas das causas previstas no art. 55, II, da
CF, são inelegíveis para qualquer cargo pelo período de 08 anos, assim como
o Presidente da República que sofrer processo de impeachment. Governadores
e Prefeitos que sofrerem processo de impeachment também terão seus direitos
políticos suspensos, mas, apenas por 05 anos em face do disposto no art. 78,
do DL 1.079/50 e art. 1º, §2º, do DL 201/67.
Além da questão do decoro parlamentar, o art. 55, da CF, lista outros
motivos que ensejam a perda do mandato pelos Deputados e Senadores, como
proibição de contratar com entidades públicas, ser sócio proprietário ou
controlador de empresa que contrate com pessoa jurídica de direito público,
entre outras restrições que visam impor limites éticos ao prestígio dos
mandatos parlamentares.

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5.6.4 – Abuso de poder.

Quem for condenado por abuso de poder econômico ou político, ficará


inelegível por três anos, depois do transito em julgado da sentença proferida
em ação de investigação judicial eleitoral. O abuso de poder econômico se dá
quando ocorre irregularidade na utilização de recursos financeiros durante a
campanha eleitoral e o abuso político é mais conhecido como uso da máquina
pública, que significa o ato pelo qual o agente se utiliza do cargo ou de suas
prerrogativas para promover candidato ou partido político. Logicamente, essa
condenação atinge a eleição disputada e que ensejou o abuso de poder e a
inelegibilidade atinge esse pleito e perdura o

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