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de autor desconhecido
(erroneamente associado a Marco Valério Probo, que viveu muito anteriormente), no qual
se compilam os erros mais freqüentes na fala latina da época, opondo-os às formas
corretas do latim clássico (embora, às vezes, o autor confunda-se e considere incorreta a
forma clássica). O texto foi encontrado num palimpsesto do século VIII intitulado
Instituta artium, também conhecido como Ars vaticana por ter sido encontrado na
biblioteca do Vaticano.
Para compreender que exista um texto como o Appendix Probi é preciso considerar que os
romanos viviam em situação de diglossia: a língua do dia-a-dia não era o latim clássico
(utilizado nos textos literários), senão uma forma distinta, ainda que próxima, chamada de
sermo plebeius (discurso plebeu). O latim clássico era falado pelas classes sociais elevadas,
enquanto que o sermo plebeius era a língua do povo comum, os comerciantes e os
soldados. Sem possibilidade de aceder ao status de língua literária, o latim vulgar é por nós
conhecido sobretudo graças aos estudos de fonética histórica, às citações e críticas
pronunciadas pelos falantes do latim literário, assim como por meio de numerosas
inscrições, registros, contos e outros textos correntes. De modo similar, o Satíricon de
Petrônio, uma espécie de «romance» escrito provavelmente no primeiro século da era
cristã, é um testemunho importante desta diglossia: segundo a sua categoria social, as
personagens expressam-se numa língua mais ou menos próxima ao arquétipo clássico.