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De acordo com Vianna (1997), o Street Dance não surgiu tão remotamente como
o Ballet Clássico, mas também não se trata de algo muito recente.
Grande parte dos negros pertencentes às fazendas do Sul dos EUA, entre 1930 e
1940, migrou para os grandes centros do norte do país. O chamado Blues, sua
música rural, originou o Rhytm and Blues. Pertencente até então somente à cultura
negra, esse estilo foi levado às rádios e ao convívio dos jovens brancos da época -
onde havia grande separação racial (VIANNA, 1997).
De acordo com Ejara (2004), o Funk remete sua alma (Soul) à descrição de temas
do cotidiano, atuais, através de formas metafóricas inspiradas no bom humor. Era
chamado também de Social Dance, pois possibilitava a dança a qualquer pessoa.
Kool Herc, jamaicano fugido das lutas civis do país por volta de 68 e 69, chega
aos EUA trazendo às ruas as primeiras Block Parties (festas de quarteirão), no
Bronx, assim como os Disco-mobiles.
O Hip Hop (SHUSTERMAN, 1998) começou a se destacar nos anos 70, em meio à
era disco, partindo do gueto nova yorkino do Bronx para Harlem e Brooklin e,
futuramente, para o mundo. A chamada cultura Hip Hop, em 1974, ganha vida e é
fundado o Zulu Nation1, criam-se então os quatro elementos (ALVES, 2004;
SHUTERMAN, 1998; ROCHA et al, 2001).
O Rap (Ritmo e poesia) constitui-se por uma fala ritmada e rimada, com
expressões que refletem a realidade do jovem. Kool Herc o trouxe (por meio dos
Toasters) nas Block Parties.
Paralelamente aos outros elementos, o Street Dance, nas Block Parties e metrôs
de Nova York, teve sua origem (VIANNA, 1997).
Triunfo, outros pioneiros do Hip Hop e o produtor Milton Salles, por volta de 90,
fundam o movimento Hip Hop organizado, chamado Mh20 (VIANNA, 1997).
Com tal explosão, a cultura sai dos guetos para o mundo e invade aulas de dança
acadêmicas, aulas de ginásticas em academias conceituadas e o mercado
fonográfico, através de suas músicas (LOPES, 1999; ROCHA et al, 2001).
Rocha et al (2001) nota que, nas escolas, os quatro elementos passaram a ser
muito utilizados em aulas de Língua Portuguesa (letras de músicas Rap), em aulas
de Artes (o Graffiti) e em aulas de dança (o Street Dance). Exemplifica com a
passagem da dona de casa Simone, mãe de três filhas que dançam numa escola da
Grande São Paulo. Simone, inicialmente, diz não ter gostado, mas mudou sua
opinião depois que percebeu a importância que tinha na vida das garotas. Da
mesma forma, B.Boys e B.Girls, que trabalhavam em escolas da periferia de São
Paulo, conseguiram se aproximar de questões de difícil acesso aos educadores
convencionais. Em vez de violência, estabeleciam-se competições saudáveis, como
os chamados "rachas", e as crianças tidas como problemáticas, sublimando seus
problemas familiares e sociais, melhoraram seu comportamento (ROCHA et al,
2001).
Considerações finais
Constatou-se que referenciais bibliográficos brasileiros referentes ao assunto são
escassos, bem como, notou-se uma diferença contrastante de opiniões no que se
refere ao surgimento da dança referida. Rocha et al (2001) descreve a dança como
uma espécie de protesto contra a guerra do Vietnã e, Ejara (2004) discorda ao
colocar tal descrição como um falso patriotismo americano; outra discordância
nota-se entre Alves (2004) e Rocha et al (2001) quanto aos verdadeiros precursores
da "cultura Hip Hop" no Brasil.
Notas
1. Zulu Nation - Maior organização de Hip Hop do mundo, fundada por Afrika Bambaataa (ALVES, 2004).
2. Apache Line (frente a frente) - linha imaginária onde os dançarinos ficam um defronte ao outro e ao
saírem, cada um em seu momento, executam seu movimento tentando "quebrar" o movimento do
outro.
3. Essas denominações eram dadas na maioria das vezes, apenas para enfatizar/ enaltecer as aulas de
certos professores; mas no seu comum eram originadas do mesmo estilo de movimentos ou objetivos
de trabalho físico.
Referência bibliográfica
• ALVES, T. Pergunte a quem conhece: Thaíde. São Paulo: Labortexto Editorial, 2004.
• EJARA, F. A História da Dança de Rua Clássica, 3º Encontro de Hip Hop do Colégio Fênix, 2004.
(mimeo)
• GONZAGA, E. Hip Hop nova era, Fitness Brasil, 2000. (mimeo)
• LOPES, H. The Street's Essence. Bauru, 1999. 10 transparências.
• ROCHA, J.; DOMENICH, M.; CASSEANO, P. Hip Hop: a periferia grita. São Paulo: Fundação Perseu
Abramo, 2001. 155 p.
• SANTOS, J. L. O que é Cultura. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 1984.
• SHUTERMAN, R. Vivendo a arte: o pensamento pragmatista e a estética popular. São Paulo: Editora 34,
1998.
• TRIUNFO, N. Rev. Hip Hop - Cultura de rua. V.1. Rio de Janeiro, 2000, p. 16.
• VIANNA, H. O mundo funk carioca. 2 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.
Referência on-line
Assim surgiram grandes líderes negros, como Martin Luther King e Malcom X, e grupos que
lutavam pelos direitos humanos como Os Panteras Negras (Black Panthers).
Enquanto isso na Jamaica surgiram os ‘Sound Systems’, que eram colocados nas ruas dos
guetos jamaicanos para animar bailes. Esses bailes serviam de fundo para o discurso dos
‘Toasters’, autênticos MC’s (Mestres de Cerimônia) que comentavam, com uma espécie de
canto falado, assuntos como a violência das favelas de Kingston e a situação política da
Jamaica, sem deixar de falar, é claro, de temas como sexo e drogas. No final da década de 60,
muitos jovens jamaicanos foram obrigados a emigrar para os Estados Unidos, devido a uma
crise econômica e social que se abateu sobre a ilha. E um deles em especial, o DJ jamaicano
Kool Herc, introduziu nos bailes da periferia de Nova York a tradição dos ‘Sound Systems’ e do
canto falado. Inspirando vários DJ’s (Disc Jóqueis) americanos, entre eles o DJ Grand Master
Flash, inventor do scratch, cuja invenção sofisticou o canto falado. Surgiram os MC’s (Mestres
de Cerimônia) e os Rappers, que construíam discursos indignados, raivosos, cheios de
referências a conflitos raciais e sociais. Eram vozes herdeiras da radicalidade dos Panteras
Negras (Black Panthers), que juntando-se a bases sonoras dançantes e efeitos como o scratch
criaram o RAP (sigla de Rythm And Poetry, ou Ritmo e Poesia, em português) que eram
compostos por uma base musical dançante acompanhado de rimas faladas que seguiam o
ritmo.
O Break era uma dança inventada pelos porto-riquenhos, através da qual expressavam sua
insatisfação com a política e a guerra do Vietnã. Tinha inspiração, entre outras coisas, em
movimentos de artes marciais, como o Kung Fu. O Break se alastrou junto com as gangues de
Nova York, que por volta do final da década de 60, respondia à opressão social com violência
brutal. Era comum o confronto armado. Por tradição norte-americana os grupos étnicos não se
misturavam, daí tínhamos gangues de hispânicos e gangues de negros. Cada uma tinha seu
código de grupo, o chamado TAG (assinatura dos grafiteiros), e demarcavam os territórios com
Grafites nos muros dos bairros de Nova York. Contudo nos momentos de descontração, essas
gangues dançavam o Break.
O Movimento Hip Hop é um movimento social que foi criado pelas Equipes de Bailes norte-
americanas, por volta de 1968, com o objetivo de apaziguar as brigas dos jovens negros e
hispânicos agrupados em gangues. Seu nome tem origem nas palavras Hip (quadril, em inglês)
e Hop (saltar, em inglês). Logo, a expressão Hip Hop (saltar balançando o quadril) se referia ao
Break, a dança mais popular da época. As Equipes organizavam Bailes e Festas de
Quarteirões nas ruas, nos ginásios e nos colégios, incentivando os jovens a dançarem o Break
ao invés de brigarem entre si. As Equipes também incentivavam o Grafite como forma de arte e
não apenas como uma forma de marcar territórios. A mais famosa dessas Equipes foi a
Universal Zulu Nation, que tinha como líder o DJ Afrika Bambaataa, reconhecido como
fundador oficial do Hip-Hop.
Afrika Bambaataa nasceu e foi criado no Bronx e, quando jovem, fazia parte de uma gangue
chamada Black Spades (Espadas Negras, em português), mas viu que as brigas entre as
gangues não levariam a lugar nenhum. Muitos dos membros originais da Zulu Nation também
faziam parte da Black Spades, que era uma das maiores e mais temidas gangues de Nova
York. Bambaataa se utilizou de muitas gravações já existentes de diferentes tipos de música
para criar Raps. Usando sons, que iam desde James Brown (o mestre da Soul Music) até o
som eletrônico da música “Trans-Europe Express” (da banda européia Kraftwerk), e misturando
ao canto falado trazido pelo DJ jamaicano Kool Herc, Bambaataa criou a música “Planet Rock”,
que hoje é um clássico. Bambaataa também foi um dos líderes do Movimento Libertem James
Brown, criado quando o mestre da Soul Music estava preso e, anos depois, foi o primeiro ‘Hip-
Hopper’ a trabalhar com James Brown, gravando “Peace, Love & Unity”.
Além disso, a Zulu Nation organizava palestras chamadas de ‘Infinity Lessons’(Aulas Infinitas,
em bom português), que eram aulas sobre conhecimentos, prevenção de doenças,
matemática, ciências, economia, entre outras coisas e que serviam para modificar os
pensamentos das gangues. Segundo seu próprio líder, Afrika Bambaataa, a Zulu Nation apóia
o conhecimento, a sabedoria, a compreensão, a liberdade, a justiça, a igualdade, a paz, a
união, o amor, a diversão, o trabalho, a fé e as maravilhas de Deus. Essa verdadeira ‘Nação’
também viajou por todo o mundo para pregar a boa palavra do Hip-Hop, fazendo muitos shows
e arrecadando fundos para campanhas Anti-Apartheid (Anti-Racista) e chegou a reunir 10.000
membros em todo o mundo. Segundo a Zulu Nation, no espaço descontraído da rua era, e
ainda é, possível manifestar opiniões e se divertir. Os jovens excluídos, no contato com seus
iguais (o grupo), podiam sentir e vivenciar a rara oportunidade da livre-expressão através da
arte, sem repressão.
LOCKING
O Locking surgiu no início dos anos 70, em Los Angeles, Califórnia, criado por Don Campbell
que em 72 formou o grupo The Lockers, o primeiro grupo profissional de street dance na
história. Claramente se vê no Locking a influência do Funk. Segundo Shabba-Doo (Ozone no
filme Break Dance), membro do The Locking, existia um passo de Funk chamado Funky
Chicken (algo como Funk da galinha) o que obrigou Don a fazer o primeiro passo do estilo.
Muitos passos foram adicionados como: movimentos de braços minucios/s, usando os
cotovelos, mãos e dedos, e é claro muito Funk nos pés. O The Lockers se apresentaram muito
no programa “soul Train” de uma TV americana, fizeram shows com James Brown, Pariament,
Frank Sinatra, Funkadelie, e influenciaram muitos dançarinos pelo mundo. O Locking é a Street
Dance mais antiga e mais clássica. É difícil ver por aí, hoje em dia Lockers dançando, já o
Breakin e o Poppin são mais comuns.
Apesar de Don Campbell ser o criador, outros dançarinos deram sua contribuição para o
Lockin, como um cara chamado Scooby-Doo e outros chamados Skeeter Rabbit que criaram
passos que levam seus nomes. Em todos os estilos de dança saber o básico é importante, mas
no Lockin isso é primordial, pois só assim você entenderá a verdadeira forma desta dança.
POPPING
Surgiu no início dos anos 70 em uma pequena cidade americana chamada Fresno na
Califórnia. Seu criador foi Boogaloo Sam que logo mais formaria um grupo chamo Electric
Boogaloo. O Poppin é a evolução de uma dança antiga, o Robot (que era apenas a cópia dos
movimentos mecânicos de um robô). Mas o estilo ficou muito mais complexo, pois, não é tão
frio como o Robot, tem muito mais energia e se apropria de movimentos de ilusão, mímica,
lown (palhaço), desenhos animados e dança indiana, também foi inspirado por passos usados
pelo cantor Jame Brown que ele mesmo chamava de Boogaloo (fazendo ondas pelo corpo).
Boogaloo Sam, eletrificou o Robot e somou ao Boogaloo de James Brown. Do Poppin também
surgiu um passo muito conhecido e usado por Michael Jackson, originalmente Back-Slide
(deslizar para trás), pois Moonwalk como foi chamado por Michael, na verdade é quando se
desliza para frente. Boogaloo Sam irmão de Poppin Pete que atuou no filme Break Dance, no
clipe Beat it de Michael Jackson entre tantos outros, ele também fazia parte do Eletric
Boogaloo. Apesar de ser criado em Fresno, muitas cidades da região como Backersfield,
Sacramento e Compton, desenvolveram seu estilo e passos próprios no Popping. Isso ajudou a
desenvolver a dança mais ainda. E quando chegou até o mundo nos anos 80 já era algo
extraordinário. Grandes dançarinos da segunda geração como Boogaloo Shrimp (Turbo no
filme Break Dance) e Poppin Taco (filme Break Dance) ficaram conhecidos no mundo inteiro
por causa de suas inovações no Poppin. Muitos dançarinos da primeira geração como Poppin
Pete, Skeeter Rabbit continuam na ativa até hoje e viajam o mundo passando para as próximas
gerações a verdadeira essência do Poppin.
DICA
Power Move não é um estilo de dança, é uma denominação para estes novos elementos. Por
isso não se esqueça, B. Boy (dançarino) é aquele que D A N Ç A no Break (BATIDA) da
Musica!