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Universidade de Mogi das Cruzes

Direito Comercial e Societário


Prof. Alenilton da Silva Cardoso

DIREITO EMPRESARIAL, COMERCIAL E


SOCIETÁRIO

INTRODUÇÃO

Direito comercial é o ramo do direito que tem por objeto regular as


relações jurídicas que surgem do exercício do comércio. Como a execução de tal
atividade há muito deixou de se restringir aos atos do comércio, envolvendo qualquer
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços,
atualmente, a expressão Direito Empresarial mostra-se mais adequada para designar a
matéria em estudo, porque é mais abrangente do que as simples operações de compra e
venda ou troca de mercadorias ou serviços.
Hoje, a atividade empresarial envolve, além da compra e venda ou
troca mencionadas, o comércio marítimo, as atividades de industria e transformação, as
operações de câmbio, corretagem, comissão e custódia de valores e documentos, a
locação de bens, o transporte, os contratos de seguro e fretamento, enfim, qualquer
forma de produção e circulação de bens e serviços, excetuando-se apenas a atividade de
quem exerce profissão intelectual, científica, literária ou artística, ainda que com a ajuda
de auxiliares ou colaboradores.
Será empresário, todavia, o profissional intelectual, cientista,
literário ou artista, que exercitar tais atividades de maneira organizada e voltada ao
lucro, pois a intenção da lei é de beneficiar apenas aqueles que não se utilizam do seu
conhecimento para fins econômicos.
As fontes de estudo do Direito Comercial são o Código Civil de
2002, a Constituição de 1988, os dispositivos ainda vigentes do Código Comercial de
1850, a legislação comercial extravagante, as doutrinas e a jurisprudência.

I – O REGIME JURÍDICO DA LIVRE INICIATIVA

Conforme determinação da Constituição de 1988, a intervenção do


Estado no domínio econômico da iniciativa privada só é possível em hipóteses
excepcionais, como por exemplo, for necessária à segurança nacional ou se estiver
presente relevante interesse coletivo, isto porque sem um regime econômico de livre
iniciativa, de livre competição, não há direito comercial e, logo, o regime jurídico da
livre iniciativa privada procura garantir a livre competição, através de repressão ao
abuso do poder econômico e à concorrência desleal (Leis nº. 8.884/94 e 8.137/90).
A caracterização de infração à ordem econômica dá ensejo à
repressão de natureza administrativa, para a qual é competente o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE), uma autarquia federal vinculada ao
Ministério da Justiça.
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Além de atribuições de ordem repressiva, o CADE também atua na
esfera preventiva, validando os contratos entre particulares que possam limitar ou
reduzir a concorrência.
O art. 1º, incisos III e IV, da CF/88, estabelece a dignidade da
pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa como princípios que
devem ser observados para o exercício de qualquer atividade no país, fixando o art. 170,
também da CF/88, que a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (i) soberania nacional; (ii)
propriedade privada; (iii) função social da propriedade; (iv) livre concorrência; (v)
defesa do consumidor; (vi) defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos
de elaboração e prestação; (vii) redução das desigualdades regionais e sociais; (ix) busca
do pleno emprego; e (ix) tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte.
O parágrafo único do art. 170, assegura ainda que todos tem direito
ao livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização
de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei, como, por exemplo, a produção de
energia nuclear.

II – A ATIVIDADE EMPRESARIAL

Como já foi dito, é empresarial a atividade econômica organizada


para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, de modo que será empresário
aquele que exercer profissionalmente esta atividade.
O empresário pode ser pessoa física (empresário individual) ou
jurídica (sociedade empresária). Em ambos os casos, é preciso que a atividade seja
exercida com habitualidade (atividade tomada como profissão), organização
(direcionada para um fim específico, coordenando os meios necessários para a
produção) e objetivo econômico (fim lucrativo), sendo que a condição para a pessoa
considerar-se empresária é a plena capacidade civil, obtida aos 18 anos de idade ou,
ainda, a partir dos 16 anos, desde que emancipados pelos pais.
Os absolutamente incapazes (menores de dezesseis anos; enfermos
ou deficientes mentais sem necessário discernimento para os atos ad vida civil; e
aqueles que mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade) e os
relativamente incapazes (maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; ébrios
habituais; viciados em tóxicos; deficientes mentais com discernimento reduzido;
excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; e pródigos) não podem exercer,
por si mesmos, a atividade empresarial. Para tanto, a lei exige representante ou
assistente legal.
Também não podem ser empresários individuais, porém, podem ser
sócios ou acionistas de uma sociedade empresarial: a) militares da ativa das Forças
Armadas e das Polícias Militares; b) funcionários públicos civis da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios; c) magistrados (juizes) e membros do Ministério Público
(promotores de justiça); d) médicos para exercício simultâneo da medicina e farmácia,
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drogaria ou laboratório; e) estrangeiros não residentes no país; f) corretores e leiloeiros;
g) falidos, enquanto não reabilitados.
As principais obrigações dos empresários são:
(i) registrar-se na Junta Comercial;
(ii) manter escrituração contábil regular e;
(iii) levantar demonstrações contábeis periódicas para apurar os
resultados positivos ou negativos da empresa.
Todas essas obrigações tem por finalidade manter a sociedade e o
Estado bem informados a respeito da saúde financeira da empresa, resguardando o
princípio da segurança jurídica nos negócios envolvendo a mesma.

2.1. Registro da Empresa

O registro da empresa, que representa para fins jurídicos o seu


nascimento legal, encontra-se regulado pela Lei nº. 8.934/94, que institui o Sistema
Nacional de Registro de Empresas Mercantis, composto pelo Departamento Nacional de
Registro do Comércio (DNRC) e pela Juntas Comerciais.
O DNRC integra o Ministério do Desenvolvimento, Industria e
Comércio Exterior, cuja finalidade consiste em supervisionar, orientar, normatizar,
coordenar e fixar diretrizes básicas para a prática de atos registrários a cargo da Junta
Comercial.
Já a Junta Comercial, é o órgão oficial encarregado da execução e
administração dos serviços de registro, que envolve:
a) atos de matrícula e cancelamento: que compreende leiloeiros,
tradutores públicos, interpretes comerciais e administradores de
armazéns;
b) atos de arquivamento: que se refere à constituição, alteração,
dissolução e extinção das sociedades empresárias e das
empresas individuais;
c) atos de autenticação: relacionados aos livros de escrituração;
Cumpre observar, que o empresário que não observa as obrigações
registrarias em estudo, é considerado pela lei como irregular, sujeitando-se às sanções
penais, administrativas, trabalhistas e tributárias, além de não ter direito de pedir a
própria falência, nem dos seus devedores, nem ingressar com pedido de recuperação
judicial, muito embora seus credores possam pedir sua falência. Não bastasse isso, o
sócio desse tipo de empresa fica obrigado pessoal e ilimitadamente pelas dívidas
empresariais.

2.2. Estabelecimento Empresarial

É o conjunto de bens corpóreos (palpáveis, concretamente


existentes, como por exemplo: móveis, mercadorias, utensílios, imóveis, veículos) e
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incorpóreos (não palpáveis, mas existentes devido ao seu valor econômico, como por
exemplo: nome empresarial, marcas, patentes, sinais, segredo industrial, técnicas
específicas, expressões de propaganda, fundo de comércio ou aviamento) utilizados pelo
empresário para o exercício da sua atividade.
As expressões sucursal, filial e agência não possuem distinção
jurídica e, embora sejam mencionadas de forma diversificada, referem-se a uma só
realidade: o estabelecimento subrodinado a um principal, constituindo, afinal,
ramificações de uma estrutura administrativa.
Na verdade, o estabelecimento comercial constitui uma disposição
racional de bens, decorrendo o seu valor econômico não da soma dos bens que o
compõe, mas da organização que representa um valor agregado.
Ponto comercial:
A noção de estabelecimento, aliás, é mais abrangente até do que a
noção de ponto comercial, pois este nada mais é do que o local onde se encontra
fisicamente estabelecido o empresário. Por tal motivo, a Lei nº. 8.245/91 (Lei do
Inquilinato) confere proteção especial ao empresário locatário, dando-lhe o direito de
renovar compulsoriamente a locação desde que tenha, mediante contrato escrito, locado
o imóvel há mais de 5 anos, exercendo a mesma atividade comercial nos 3 últimos anos,
cabendo-lhe notificar o locador nesse sentido até 6 meses antes do final do contrato;
conquanto a intenção da ordem jurídica e privilegiar quem faz o imóvel cumprir sua
função social, ainda que a contragosto do proprietário do imóvel.
Isso decorre do princípio da função social da propriedade, trazido
para a nossa realidade pela Constituição Brasileira de 1988, que tem como fundamentos,
dentre outros mais, zelar pela dignidade da pessoa humana e valorizar a livre iniciativa
privada, atribuindo uma ordem finalista ao exercício do direito de empresa que é
assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social.
Exceção de retomada:
Em defesa à ação de renovação compulsória de locação ajuizada
pelo locatário comerciante, o locador, de acordo com o art. 52 da Lei nº. 8.245/91, pode
argumentar que precisa retomar o imóvel: (a) para a realização de obra por
determinação do poder público, desde que esta importe em mudança radical da coisa;
(b) para a realização de obras para modificação que aumente o valor do negócio ou da
propriedade; (c) para a utilização do imóvel para uso próprio, sendo vedado ao locador
usar o bem para o mesmo ramo do locatário; (d) porque a proposta do locatário mostra-
se insuficiente ao valor locatício real; e (e) porque recebeu proposta melhor de terceiro,
permitida a contraproposta ao locatário.
Trespasse de estabelecimento:
A doutrina consagrou a expressão trespasse para indicar a cessão
ou alienação do estabelecimento empresarial. Com efeito, o artigo 1.146 do Código
Civil de 2002 permite que o estabelecimento seja alienado (vendido), respondendo o
adquirente (comprador) pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde
que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente
obrigado pelo prazo de um ano, além de ficar proibido, salvo autorização expressa do
adquirente, de fazer concorrência a este nos cinco anos subseqüentes à transferência.
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Distintamente do que ocorre na alienação de coisas comuns, o
trespasse de estabelecimento empresarial é cercado de certas exigências legais, dando
validade e segurança aos contraentes, a saber: (a) o trespasse deve ser averbado à
margem da inscrição do empresário no órgão de registro da empresa e publicado na
imprensa oficial; (b) o trespasse somente será eficaz na ausência de dívidas, devendo os
credores ser notificados a consentir, em até 30 dias, de modo expresso ou tácito com a
alienação; (c) e, como visto, há solidariedade entre os contraentes pelos débitos
contabilizados anteriores à transferência, no prazo de 1 ano.
Obs: o art. 448 da CLT consagra a imunidade dos contratos de
trabalho em face da mudança na propriedade ou estrutura jurídica da empresa.
Obs²: o art. 133 do Código Tributário Nacional prevê a
responsabilidade integral do adquirente do estabelecimento, caso o alienante cesse a
exploração do comércio, indústria ou atividade; e subsidiária com o alienante, caso este
prossiga na exploração ou inicie dentro de 6 (seis) meses, a contar da data da alienação,
nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.

2.3. Nome Empresarial

Dividido entre firma ou razão social, que caracteriza o nome da


empresa propriamente dito, devendo aparecer em todas as suas relações comerciais; e
denominação fantasia, que dá titulo público ao estabelecimento empresarial, fazendo
ficar conhecido perante os consumidores; o nome empresarial é a identificação do
sujeito para o exercício da empresa, e por isso mesmo não pode ser objeto de alienação,
nem se confunde com a marca, porque esta representa apenas um sinal de identificação.
Exemplo de firma ou razão social:
Empresário individual – nome do empresário + gênero de atividade
(optativo) + designação do tipo de empresa (ex: João da Silva Comércio de Produtos de
Limpeza-ME, ou, simplesmente, João da Silva-ME);
Sociedade empresarial – o nome de um ou mais sócios, completo
ou abreviado, acrescido do ramo de atividade e tipo societário adotado (ex: Silva &
Pereira Comércio de Bebidas LTDA), ou ainda, de qualquer nome permitido adotado
acrescido do ramo de atividade e tipo societário (ex: SP Comércio de Bebidas LTDA).
Exemplos de denominações ou nomes fantasia:
Extra; Americanas; Pernambucanas, Casas Bahia; Boticário etc.
Observações:
(i) O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro
já inscrito no mesmo registro. Se o empresário tiver nome
idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar
designação que o distinga.
(ii) o empresário individual não pode adotar nome fantasia;
(iii) a sociedade limitada deve ter acrescida à sua denominação a
palavra limitada por escrito ou abreviada;
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(iv) A sociedade cooperativa funciona sob denominação
integrada pelo vocábulo "cooperativa";
(v) A sociedade anônima opera sob denominação designativa
do objeto social, integrada pelas expressões "sociedade
anônima" ou "companhia", por extenso ou abreviadamente;
(vi) A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de
firma, adotar denominação designativa do objeto social,
aditada da expressão "comandita por ações";
(vii) A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou
denominação.
(viii) A inscrição do nome empresarial será cancelada, a
requerimento de qualquer interessado, quando cessar o
exercício da atividade para que foi adotado, ou quando
ultimar-se a liquidação da sociedade que o inscreveu.
De toda forma, o nome empresarial possui uma proteção especial,
na medida em que a sua utilização não autorizada por terceiros caracteriza concorrência
desleal.

III - PROPRIEDADE INDUSTRIAL

O direito industrial, regulado pela Lei n°. 9.279/96, assegura aos


empresários os direitos e obrigações relativos à propriedade industrial, em
conformidade com a Constituição Federal de 1988 (art. 5º, XXIX).
O órgão encarregado de proteger os direitos do empresário é o
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que é uma autarquia federal sediada
no Rio de Janeiro, sendo os bens de propriedade industrial protegíveis a patente e o
registro.
• Patente:
É o documento que assegura ao autor o direito de propriedade
industrial sobre uma invenção ou modelo de utilidade, ligando-se à idéia de coisas
novas e passíveis de industrialização.
Invenção – é a criação de coisa nova, não compreendida no estado
da técnica, suscetível de aplicação industrial (ex: um novo remédio,
um novo sabor de bebida, um novo tempero, uma nova máquina
para debulhar milho, um novo lubrificante automotivo, um novo
aparelho capaz de economizar combustível etc).
Prazo de validade: 20 anos a partir do depósito, não podendo
ser menor que 10 anos;
Modelo de utilidade – consiste em qualquer modificação de forma
ou disposição de objeto de uso prático já existente, ou parte deste,
melhorando sua funcionalidade no uso ou na fabricação (ex: uma
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nova forma de cadeira, um novo tipo de teclado, um novo modelo
de churrasqueira, uma nova chave de ignição para veículo etc).
Prazo de validade: 15 anos a partir do depósito, não podendo
ser menor que 7 anos;
Os Requisitos para a concessão da patente são: (i) a novidade,
porque o produto ou serviço novo ou melhorado deve ser desconhecido de todos; (ii) a
atividade inventiva, conquanto o produto ou serviço novo ou melhorado devem ser
criados a partir da técnica humana, não sendo óbvia ou evidente; (iii) a
industriabilidade, uma vez que a produção do produto ou serviços novo ou melhorado
deve ser passível de fabricação/prestação em escala; e (iv) a licitude, pois só é
patenteável aquilo que não seja proibido por lei.
• Registro:
É o documento que assegura ao autor o direito de propriedade
industrial sobre uma marca ou um desenho industrial, que não se ligam,
necessariamente, à idéia de coisas novas, mas capazes de dar uma nova feição à
produtos pré-existentes, não relacionados à utilização; ou, ainda, de fazer com que um
produto seja identificado por algo externo e visível.
Desenho industrial – é a forma plástica ornamental de um objeto,
ou seja, o conjunto de traços, linhas e cores que possa ser aplicado
a um produto, proporcionando resultado visual novo e original à
sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação
industrial (ex: desenho para um novo modelo de veículo).
Os requisitos para sua concessão são a novidade, haja vista que
não está compreendido no estado da técnica; a originalidade,
pois deve resultar uma configuração visual distinta em relação a
outros objetos, e licitude.
Marca – é um sinal distintivo, visualmente perceptível, de um
produto ou serviço, que serve para distinguir e identificar produtos
e serviços de outros idênticos, semelhantes ou afins. Abrange a
marca propriamente dita, de produto ou serviço 1; a marca de
certificação2; a marca coletiva3; a marca verbal ou nominativa 4; a
marca emblemática ou figurativa5; enfim, qualquer forma notória
que destaca um produto.
Os requisitos para sua concessão são a novidade relativa,
porque a lei não exige novidade absoluta, mas apenas que se

1
Que o distingue de outro produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa. (ex:
Danone, Unilever, Nestlê, Brahma, Coca Cola etc.
2
Que atesta a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificidade
técnicas (exs: INMETRO, ISO 9.000, ISSO 14.000, ABNT etc.), notadamente quanto à qualidade,
natureza, material utilizado e metodologia empregada.
3
Que identifica produtos ou serviços provindos de membros de determinada entidade.
4
Constituída somente de nomes, palavras, denominações ou expressões (ex: Philips, CCE, LG, Globo e
você, tudo a ver).
5
Firmada a partir de emblemas, símbolos, figuras ou expressões (ex: M do Macdonalds, símbolos da
Ford, GM, etc)
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apresente nova dentro da classe em que o requerente deseja
registrá-la; a não coincidência com marca notória; e a licitude;
Prazo de validade: 10 anos a partir do registro, prorrogáveis por
períodos iguais e sucessíveis, sem limitação.
Cessão de uso e licenças
Os direitos de propriedade transferem-se por atos entre vivos
(negócios) ou por sucessão (no caso de morte ou extinção do titular). Em qualquer caso,
a transferência deve ser averbada no INPI para que produza efeitos legais em relação a
terceiros, devendo ser aperfeiçoada em documento público ou particular ou, ainda, se a
transferência ocorrer em virtude de morte ou ausência do titular, mediante decisão
judicial.
Distintamente do que ocorre na cessão, o contrato de licença não
transfere a propriedade di direito imaterial, mas tão somente o direito de usá-lo e
explorá-lo, com ou sem exclusividade.
Contrato de Franquia
Regulado pela Lei nº. 8.955/94, é o contrato pelo qual uma das
partes (franqueador) cede a outra (franqueado) o direito de uso se marca ou patente,
associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos e serviços
e, eventualmente, ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de
negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante
remuneração.
As principais obrigações do franqueador são: (a) fornecer ao
interessado franqueado a “circular de oferta de franquia”, contendo as principais
informações sobre seu negócio e essenciais à celebração do contrato de franquia
empresarial; (b) descrição detalhada da franquia, do negócio e das atividades que serão
desempenhadas pelo franqueado; (c) indicação de que é efetivamente oferecido ao
franqueado pelo franqueador, no que se refere a supervisão de rede, serviços de
orientação e treinamento do franqueado e de seus funcionários, auxílio na análise e
escolha de ponto, layout e padrões arquitetônicos nas instalações do franqueado.
Já do franqueado, as principais obrigações são: (a) pagamento da
taxa de adesão; (b) pagamento de uma porcentagem do faturamento; (c) venda de
produtos exclusivos indicados pelo franqueador; (d) venda de produtos conforme tabela
de preços fornecida pelo franqueador.
Licença compulsória (quebra de patente)
Aplicável somente nos casos de invenção e modelo de utilidade,
porque fogem do interesse meramente comercial, atingindo toda a sociedade que tem
interesse pela fabricação em escala de determinado produto ou serviço, a licença
compulsória significa a possibilidade do Estado quebrar de patente e tirar a
exclusividade de produção dos proprietários que incorram numa das seguintes situações:
(a) exercício abusivo de direitos de patente ou prática de abuso de
poder econômico por meio dela;
(b) inércia do titular em fabricar ou fabricar insuficientemente
produtos ou serviços, contrariando o interesse público e social;
(c) comercialização que não satisfaz a necessidade do mercado;
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(d) situação de dependência de uma patente a outra, e o objeto da
patente dependente constituir substancial progresso técnico em relação à anterior, não
tendo o titular realizado acordo com o detentor da patente dependente para a exploração
da patente anterior;
(e) emergência nacional ou interesse público, declarados em ato do
Poder Executivo Federal.
Tudo isso porque, repise-se, o empresário possui uma função social
a cumprir, e caso seu exercício de empresa não atenda aos anseios da sociedade, pode se
sujeitar a medida enérgicas no sentido de obrigar a fazê-lo.

IV - DIREITO SOCIETÁRIO

Podemos conceituar sociedade como contrato em que pessoas


reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços, para o exercício de
atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Seus elementos
caracterizadores são: (i) o contrato registrado na Junta Comercial (sociedades
personificadas) ou não registrado (sociedades em comum e em conta de participação -
arts. 986 e 996 do CCB/02); (ii) as pessoas; (iii) a contribuição com bens e/ou serviços e
partilha dos resultados; e (iv) a definição do objeto social, que distingue as sociedades
empresárias das não empresárias.
Sociedade comercial ou empresarial é a pessoa jurídica de direito
privado não estatal, que tem por objeto social a exploração de atividade comercial ou a
forma de sociedade por ações. Ela não se confunde com a as pessoas que a compõem,
tendo personalidade jurídica própria e distinta dos seus sócios.
A sociedade comercial ou empresarial é sujeito de direito
personalizado, podendo, por isso, praticar todo e qualquer ato jurídico em relação ao
qual inexista proibição expressa.
A personalização das sociedades em estudo, assim, geram três
conseqüências bastante precisas, a saber: (a) titularidade negocial: porquanto a
sociedade é pessoa jurídica existente por si só, capaz de direitos e obrigações; (b)
titularidade processual: uma vez que a pessoa jurídica pode tanto ser Autora quanto Ré
num processo judicial; e (c) responsabilidade patrimonial: haja vista que a pessoa
jurídica tem patrimônio próprio, o qual responderá pelas dívidas empresariais, e não o
patrimônio dos sócios.
Tocante à extinção, a sociedade se dissolverá quando ocorrer: (i) o
vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não
entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;
(ii) o consenso unânime dos sócios; (iii) a deliberação dos sócios, por maioria absoluta,
na sociedade de prazo indeterminado; (iv) a falta de pluralidade de sócios, não
reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; (v) a extinção, na forma da lei, de
autorização para funcionar (art. 1.033 do CCB/02).

4.1. Contrato social


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Contrato significa ajuste de vontades. Esse ajuste poder ser formal


ou por escrito, e informal ou verbal.
No que diz respeito às sociedades, o contrato social dever prever as
normas disciplinadoras da vida social, de forma que qualquer assunto que diga respeito
aos sócios e à sociedade, pode – e deve – ser objeto de avença entre os membros da
pessoa jurídica empresária.
É claro que nem tudo poderá ser previsto e exaustivamente regrado.
Todavia, desde que não contemple solução ilegal, repudiada pelo direito, o contrato
social poderá dispor sobre qualquer tema de interesse para os sócios.
As cláusulas essenciais do contrato social são:
(a) tipo societário; (b) objeto social; (c) capital social;
(d) responsabilidade dos sócios; (e) qualificação dos sócios;
(f) nomeação do administrador; (g) nome empresarial;
(h) sede e foro judicial; (i) prazo de duração6;
(j) visto de advogado.
Existem também as cláusulas acidentais, que não são
indispensáveis, mas visam melhor disciplinar a vida da sociedade. Sua ausência não
importa em irregularidade da empresa, cabendo citar como exemplos a cláusula de
compromisso arbitral, sobre o direito de reembolso a sócio, que fixa prazo para
pagamento de sócio dissidente7, sobre efeitos após a morte de sócio etc.
Direitos dos sócios (principais): (i) participação nos lucros sócias;
(ii) deliberar sobre os atos relacionados à administração da sociedade; (iii) fiscalizar a
administração; (iv) retirar-se da sociedade.

4.2. Sociedades Simples e Sociedades Empresárias

O Código Civil de 2002, diferentemente do Código Civil de 1916,


que dividia as sociedades entre civis e comerciais, passou a proceder tal divisão a partir
das noções de sociedade simples e empresariais.
A diferença básica entre uma e outra, é que enquanto as sociedades
simples não se dirigem necessariamente aos atos do comércio, qualificando-se como o
típico acordo de vontades para a consecução de um fim comum; as sociedades
empresariais são constituídas exatamente para tal finalidade, qualificando-se como um
acordo de vontades para a consecução do lucro econômico.
Será sempre simples, a sociedade que não for empresarial, e por
isso é o modelo mais adequado para a formação de sociedades civis de prestação de
serviços intelectuais, científicos, literários ou artísticos.
Sociedade entre cônjuges:
6
Determinado ou indeterminado
7
Sócio dissidente é aquele que pretende se retirar da sociedade. Existe, também, o sócio remisso, que é
aquele que não cumpre com sua obrigação de contribuir para a formação do capital social.
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Com o novo Código Civil, a sociedade entre marido e mulher é
possível desde que o regime matrimonial entre ambos seja o da comunhão parcial ou da
participação final nos aquestos. Os casados sob o regime da comunhão universal ou da
separação obrigatória, não podem constituir sociedade nem ser sócios diferentes de uma
mesma empresa, porque enquanto no caso do regime de comunhão universal de bens
não existe pluralidade de patrimônio, no caso do regime de separação obrigatória o
destacamento dos bens é imposto pela lei, que veda sua junção.
Sob o novo Código (art. 978), o empresário casado pode, qualquer
que seja o regime de bens, sem necessidade de obter outorga conjugal, alienar ou gravar
de ônus real imóveis que pertençam ao patrimônio da empresa.

4.3. Sociedades não personificadas (sociedade em comum / e sociedade em conta de


participação)

Embora o novo Código Civil estabeleça que a personalidade


jurídica da sociedade comece com o registro de seus atos constitutivos na Junta
Comercial, o mesmo diploma possui dispositivos que regem o que denomina de
sociedade não personificada, abrangendo a sociedade em comum e a sociedade por
conta de participação.
Portanto, considera-se sociedade não personificada aquela cujo ato
constitutivo ainda não foi registrado no órgão competente, ou seja, aquela que não
possui personalidade jurídica, excetuando-se desta possibilidade as sociedades
anônimas e as sociedades em comandita por ações que, obrigatoriamente, devem estar
regulares para funcionarem (CCB art. 982).
Sociedade em comum:
A sociedade em comum é uma sociedade de fato, considerada pela
lei como irregular, cuja responsabilidade dos sócios é solidária e ilimitada.
Seus atos constitutivos não são registrados. Os bens e dívidas
sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum.
Nas relações entre si ou com terceiros, os sócios somente podem
provar a existência da sociedade em comum por escrito. Os terceiros, todavia, podem
provar a existência de tal sociedade por qualquer forma.
Sociedade em conta da participação:
Sociedade em conta de participação é aquela formada por dois tipos
de sócios: ostensivo (que exerce a atividade constitutiva do objeto social da empresa,
em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, respondendo
perante terceiros) e participante (que apenas investe capital, obrigando-se tão somente
perante o sócio ostensivo).
É um outro tipo de sociedade não personificada, formada para
realizar negócios certos ou temporários, de curta duração. Está dispensada do
arquivamento de seus atos constitutivos no registro competente, extinguindo-se após a
concretização dos negócios que a motivaram.
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O contrato social produz efeitos somente entre os sócios, e a
eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade
jurídica à sociedade (artigos 991 a 996).

4.4. Sociedades personificadas

Considera-se sociedade personificada aquela que possui


personalidade jurídica, obtida mediante registro de seus atos constitutivos no órgão
competente. Elas se subdividem, como já vislumbramos, em sociedade empresária e
sociedade simples.
As espécies de sociedade empresária são: (a) sociedade em nome
coletivo; (b) sociedade em comandita simples; (c) sociedade limitada; (d) sociedade
anônima ou companhia; (e) sociedade em comandita por ações.
Sociedade em nome coletivo
Exceto pelo fato de poder exercer atividade empresária, este tipo de
sociedade é praticamente idêntico ao da sociedade simples. Nela, somente podem
participar pessoas físicas, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas
obrigações sociais.
Sociedade em comandita simples
Neste tipo de sociedade, existem sócios de duas categorias: (a) os
comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações
sociais; e (b) os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota.
Sem prejuízo da faculdade de participar das deliberações da
sociedade e de fiscalizar suas operações, não pode o comanditário praticar nenhum ato
de gestão nem ter o nome da firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidade
de sócio comanditado.
Sociedade limitada
Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita
ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do
capital social.
Sociedade anônima ou companhia
É a sociedade regulada pela Lei nº. 6.404/76, cujo capital divide-se
em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das
ações que subscrever ou adquirir.
Sociedade em comandita por ações
Tal como a sociedade em comandita simples, diferenciando-se
apenas pelo fato do capital social ser dividido em ações e regular-se pela Lei nº.
6.404/76, na sociedade em comandita por ações existem acionistas de duas categorias:
(a) comanditados, que tem qualidade para administrar a sociedade e, como diretor,
respondem subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade; e (b)
comanditários, obrigados somente pela integralização de suas ações.
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4.5. Quadro resumo

Sociedade Não Personificada Sociedade em Comum

Sociedade em Conta de Participação

Sociedade Simples

Sociedade em Nome Coletivo

Sociedade Personificada Sociedade em Comandita Simples

Sociedade Sociedade Limitada

Empresária Sociedade Anônima

Sociedade em Comandita por Ações

4.6. Sociedades Limitadas

Constituída por um contrato social onde se estabelece a forma de


operação e as normas da empresa e o capital social, a sociedade limitada tem seu capital
social dividido em cotas de capital, indicando que a responsabilidade pelo pagamento
das obrigações da empresa é limitada à participação dos sócios.
Suas principais características são a limitação da responsabilização
dos sócios ao valor de suas cotas, havendo uma nítida separação entre o patrimônio da
sociedade e o patrimônio pessoal dos sócios cujos deveres principais são a
integralizalção do capital social, a lealdade e o sigilo.
Os sócios têm o direito de participar do resultado social, contribuir
para a deliberações sociais, fiscalizar a administração e retirar-se da sociedade.
A administração compete aos sócios determinados no contrato, ou a
todos se não houver essa determinação, sendo possível, também, que terceiros (não
sócios) sejam nomeados para essa função.
Órgãos:
- Assembléia (Ordinária e Extraordinária)
- Admnistração
- Conselho Fiscal (facultativo nesse tipo de sociedade).
A cessão das quotas é possível, independentemente da anuência
dos demais sócios se não houver vedação no contrato social.
Sócio minoritário pode ser excluído por sócio(s) majoritário(s),
devendo, para tanto, estar configurada uma hipótese de justa causa, assegurando-se
ampla defesa àquele que estiver sofrendo o procedimento de exclusão.
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Causas de dissolução:
- Vencimento do prazo de duração para as sociedades constituidas
com prazo determinado;
- Consenso unânime dos sócios no caso das sociedades constituídas
com prazo determinado;
- Deliberação por maioria absoluta dos sócios nos casos de
sociedades constituidas com prazo indeterminado;
- Pluralidade não reconstituida no prazo de 180 dias;
- Extinção da autorização para funcionar;
- Hipótese estabelecida no contrato social.

4.7. Sociedades anônimas ou companhias

Formada por um Estatuto aprovado após ser observado o


procedimento previsto pela Lei nº. 6.404/76, a companhia ou sociedade anônima terá o
capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao
preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.
As principais características da sociedade em lume são:
a) Capital dividido em Ações: cada ação representa uma fração do
capital social de uma S/A, sendo este capital limitada no preço da emissão;
b) Responsabilidade dos sócios limitada ao preço de emissão das
Ações: a responsabilidade é integralizar as ações pagando o preço de emissão das ações;
c) É formada por no mínimo com 2 sócios, denominados
acionistas;
d) A comercialidade lhe é inerente, qualquer que seja o seu objeto,
mesmo civil, será ela sempre comercial;
e) Não possui nome e sim denominação, podendo a título de
homenagem figurar o nome do fundador da companhia, ou ainda uma denominação
fantasia acompanhada da expressão Sociedade Anônima (S.A.) ou Companhia (CIA);
f) As expressões S/A e Companhia são equivalentes, sinônimas,
muito embora esta seja utilizada no início da denominação.
Espécies de S/A:
- De Capital aberto: criadas por estatuto aprovado pela CVM
(Comissão de Valores de Mercados), é aquela cujas ações são admitidas à negociação
em bolsa ou mercado de balcão8.
- De Capital fechado: criadas geralmente por estatuto lavrado por
escritura pública, não se enquadram nos requisitos das sociedades abertas. O capital
8
Mercado de balcão é a atividade exercida fora das Bolsas, relativas aos valores mobiliários, realizadas
com a participação de empresas ou de profissionais distribuindo aqueles valores. Ex.: corretoras,
instituições financeiras como Bradesco, Itaú, etc.
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social representado pelas ações está normalmente dividido entre poucos acionistas
(geralmente não passa de 20), e a pessoa física que quiser comprar essas ações, terá de
convencer um dos atuais acionistas a vendê-las; A transferência da propriedade das
ações não se opera em bolsas de valores, podendo ser feita mediante escrituração no
livro criado para esse fim na companhia. Essas ações, ao contrário de uma empresa de
capital aberto não são comercializadas em bolsas de valores ou no mercado de balcão.
Uma empresa de capital fechado pode somente emitir e vender suas ações de modo
particular - distribuição privada - vedada a veiculação de anúncios, prospectos e outros,
para sua colocação pública.
Capital
É o montante financeiro de propriedade da Companhia, relativo a
soma das contribuições dos sócios. Não se confunde com patrimônio social. A sua
principal função é constituir o fundo inicial, com o qual se tornará viável o início da
vida econômica da sociedade.
Quanto a natureza jurídica, trata-se de um conjunto de bens e valores
representativos dos direitos creditórios dos acionistas. É propriedade Incorpórea, de
direito patrimonial, sendo que na sua formação pode compreender qualquer espécie de
bens, móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos, suscetíveis de avaliação em
dinheiro.
Subscritor
É aquele que ingressa na sociedade adquirindo ações.
A Subscrição de Capitais é o ato pelo qual alguém se compromete a
adquirir e a integralizar determinado número de ações da S/A ou da Ltda.
Capital social realizável e realizado
O capital social realizável é aquele representado pelos títulos de
crédito que ainda não foram integralizados. Já o realizado são aqueles que já foram
integralizados.
Capital social e capital autorizado
O capital social é o montante financeiro de propriedade da
companhia. O capital autorizado é o limite estatutário para aumentar o capital social,
sem reforma do estatuto, tratando-se, pois, de uma perspectiva para aumento do capital
social no futuro.
Como ocorre o aumento do capital social?
Pode ocorrer através da valorização das ações; pela transformação
das debêntures conversíveis em ações ou partes beneficiárias; quando houver excesso de
subscritores; mediante a colocação de novas ações no mercado; valorizando o
patrimônio da empresa.
Valores mobiliários
É o conjunto de títulos emitidos pelas S/A, compreendendo as ações,
partes beneficiárias, debêntures, bônus de subscrição, entre outros. Tanto as sociedades
abertas como as fechadas emitem valores mobiliários, e conforme sejam eles colocados
no mercado, determina se a sociedade será de capital aberto ou fechado.
- Ações; título representativo do capital social da S/A
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- Debêntures - espécie de empréstimo que apenas a S/A e a sociedade
em comandita por ações tem a prerrogativa de criar ou emitir. Podem ser convertidas
em ações.9
- Partes Beneficiárias - Não representam o capital social. São
oferecidas graciosamente às pessoas que prestaram consideráveis serviços à S/A, tais
como fundadores, empregados, acionistas e até mesmo clientes. Dão direito a uma
parcela do lucro da empresa, que não pode superar a um décimo.
- Bônus de Subscrição - confere aos seus titulares o direito de
subscrever ações do capital social da empresa emissora, em evento futuro e nas
condições previamente definidas. Depende muito do sucesso da empreendimento.
Espécies de ação
 Ordinárias ou comuns - são as que conferem os direitos comuns
de sócio sem restrições ou privilégios, em que normalmente se divide o capital social,
dando direito a voto nas assembléias gerais.
 Preferenciais - São aquelas que dão aos seus
titulares algum privilégio ou preferência, como a prioridade da distribuição dos
dividendos10 no mínimo superior a 10% do que foi atribuído as ordinárias, fixação de
dividendos mínimos ou cumulativos, prioridade de reembolso em caso de liquidação,
com prêmio ou sem ele, etc. Mas é privada de alguns direitos tais como o voto.
 De fruição ou de gozo - pouco utilizadas, são
aquelas distribuídas aos acionistas cujas ações foram totalmente amortizadas. Os
acionistas recebem de volta o aquilo que investiram na compra das ações, continuando a
receber os dividendos da S/A. No caso de liquidação da sociedade, o acionista não terá
nada a receber, posto já haver recebido o valor das mesmas em fase anterior.
Órgãos da Sociedade Anônima
Assembléia Geral – mais importante para a S.A., constitui o órgão
para que os acionistas são chamados a deliberar sobre os atos mais importantes da
empresa. A assembléia geral pode ser ordinária (que é aquela realizada,
obrigatoriamente, nos 4 primeiros meses do exercício seguinte, para aprovação das
contas relativas ao exercício social encerrado no dia 31 de dezembro do ano anterior); e
extraordinária (que é aquela convocada a qualquer momento, para a apreciação de
situações excepcionais e de relevante importância para a empresa). Para que a
assembléia possa ser instalada (efetivamente realizada), é necessário quorum de ¼ do
capital votante, ou de 2/3 para o caso de reforma do estatuto, sendo que para a
aprovação o quorum é de maioria absoluta, exceto quando a lei determinar quorum
qualificado (Lei 6.404/75 arts. 129 e 136).
Conselho de Administração – é um órgão deliberativo e obrigatório
nas S.A. de capital aberto, composto, no mínimo, por três membros acionistas, eleitos
pela assembléia geral com a finalidade de agilizar a tomada de decisões.

9
As diferenças básicas entre debêntures e ações é que enquanto estas ultimas representam uma fração do
capital de uma sociedade; as primeiras não representam capital de um sociedade, sendo o seu titular um
credor debenturista da empresa, que pode a qualquer tempo exigir a devolução com a devida correção do
valor aplicado.
10
Dividendo é a fração do lucro que é repartida entre os sócios ou acionistas, proporcionalmente ao valor
da participação de cada um no capital social.
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Diretoria - é um órgão deliberativo composto, no mínimo, por dois
membros, acionistas ou não, eleitos pelo Conselho de Administração ou pela
Assembléia Geral, cuja finalidade, de modo geral, é representar legalmente a sociedade.
Conselho Fiscal – é composto por, no mínimo, três membros e, no
máximo, cinco, acionistas ou não, cuja função é convocar, fiscalizar, denunciar e
examinar os documentos da administração.
Demonstrações financeiras
Ao fim de cada exercício, resguardando os preceitos da transparência
e da segurança jurídica, informando o mercado da saúde financeira da Sociedade
Anônima, compete à diretoria elaborar: (a) o balanço patrimonial; (b) a demonstração
dos resultados; (c) a demonstração dos lucros e prejuízos acumulados; e (d) a
demonstração das origens e aplicações dos recursos.
Dissolução, liquidação do patrimônio e extinção da S.A.
A dissolução da S.A. poderá ocorrer: (a) de pleno direito (pela
vontade dos acionistas); (b) por decisão judicial (diante de uma justa causa); (c) por
decisão de autoridade administrativa competente (CVM, diante de uma justa causa).
Após a dissolução, a liquidação dos bens da Companhia pode ser
extrajudicial (executada pelos próprios órgãos da S.A.) judicial (determinada por ordem
de juiz).
Finalmente, a S.A. se extinguirá: (a) pelo encerramento da liquidação
que segue à dissolução; (b) pela incorporação (absorção de uma empresa por outra); (c)
pela fusão (junção de duas ou mais empresas dando origem a uma terceira); (d) pela
cisão (criação de uma empresa a partir de outra preexistente); (e) após sentença
declaratório do encerramento do processo de falência.
A ligação de capital entre sociedades
Existe a possibilidade de uma sociedade participar do patrimônio
social de outra. Assim, considera-se participante a sociedade que detém até 10% do
capital social de outra sociedade; coligada aquela que detiver mais de 10% de outra
sociedade, sem controlá-la; e controlada aquela em que a maioria do seu capital social é
controlado por outra sociedade.

4.8. Teoria do superamento (ou da desconsideração) da personalidade jurídica

Em regra a sociedade responde, para o cumprimento de suas


obrigações, com seus bens presentes e futuros. É a chamada responsabilidade primária.
O patrimônio pessoal dos sócios, entretanto, fica sujeito à
execução, secundariamente, nos termos do contrato social, de acordo com o que a lei
dispuser para o tipo social escolhido.
Nas sociedades limitada e anônima, espécies mais difundidas no
meio empresarial, uma vez integralizado o capital social, não há sequer
responsabilidade secundária, respondendo unicamente o patrimônio social.
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Em ambos os casos atende-se ao princípio da autonomia
patrimonial, porque a sociedade tem sua própria personalidade e patrimônio, devendo
ela própria responder por suas obrigações.
A regra, entretanto, comporta exceção. Nesse sentido, o art. 50 do
Código Civil prescreve que “em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado
pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir que os
efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”
Isso significa que em havendo da parte do sócio a intenção de se
valer da sociedade para lesar terceiros, desviando a finalidade do negócio ou fazendo
misturar seus bens com os da empresa, as dívidas sociais poderão ser suportadas por ele,
desconsiderando-se a personalidade jurídica da sociedade.

4.9. Teoria ultra vires societatis

A teoria em questão refere-se operações estranhas ao objeto social


da sociedade empresarial, ou seja, para os casos em que os sócios se valem da sociedade
para praticar um negócio que não faz parte do seu objeto social (ex: sócios de um
açougue utilizam-se de tal pessoal jurídica para comprar e vender bebidas), o que, em
suma, implica a nulidade dos negócios realizados, exceto em relação a terceiros de boa-
fé que, por também haverem sido enganados, tenham firmado relações comerciais com
a empresa malversada.

V - FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DAS EMPRESAS

Não obstante o empresário individual e o sócio componente de uma


sociedade empresarial possam ser diretamente responsáveis pelo insucesso da
empreendimento, também é verdade que esse mesmo insucesso pode ocorrer por
circunstâncias imperiosas e alheias à vontade daqueles, não ensejando a
responsabilidade pessoal de ninguém.
Isso significa que em razão da personalidade jurídica própria da
atividade empresarial, seja ela individual ou societária, é o patrimônio da própria
sociedade empresarial que irá responder pelas dívidas empresariais, havendo na lei
procedimentos específicos para o pagamento dessas mesmas dívidas, implicando ou não
a extinção da atividade empresarial.
Estamos falando dos institutos da falência e da recuperação da
empresa, que regulados pela Lei nº. 11.101/05, atende à função social inerente ao
exercício da atividade empresarial, abrindo a possibilidade de reestruturação aos
empreendimentos economicamente viáveis que passem por dificuldades momentâneas,
mantendo os empregos e os pagamentos aos credores.
Um dos grandes méritos trazidos pela nova sistemática da Lei
citada no parágrafo anterior, pois, é a prioridade dada à manutenção da empresa e dos
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seus recursos produtivos. Ao acabar com a concordata e criar as figuras da recuperação
judicial e extrajudicial, a nova lei aumentou a abrangência e a flexibilidade nos
processos de recuperação de empresas, mediante o desenho de alternativas para o
enfrentamento das dificuldades econômicas e financeiras da empresa devedora.
Estão sujeitos à recuperação e à falência (i) o empresário
individual; e (ii) a sociedade empresária.
Não estão sujeitas a tais procedimentos, devido a relevância de
suas atividades: (i) as sociedades de economia mista; (ii) as instituições financeiras
públicas e privadas; (iii) as cooperativas de crédito; (iv) as empresas de consórcio; (v) as
entidades de previdência complementar; (vi) as sociedades operadoras de plano de
saúde; (vi) as sociedades seguradoras; (vi) as sociedades de capitalização.

5.1. Falência

Denomina-se falência o processo judicial que visa promover o


afastamento do administrador da empresa devedora de suas atividades, preservando e
otimizando a utilização dos bens da empresa. Tal processo funciona como uma
cobrança coletiva movida pelos credores contra a empresa devedora, a partir da
impontualidade desta, implicando, afinal, na apuração de bens do ativo para pagamento
das dívidas do passivo, na medida do possível.
Durante o referido processo, e também no de recuperação judicial
que mais adiante estudaremos, é nomeado pelo juiz um “administrador para os bens da
empresa”, que de acordo com o art. 21 da Lei nº. 11.101/05, deve ser um profissional
idôneo, preferencialmente advogado, contador, economista, administrador ou pessoa
jurídica especializada, sendo suas principais obrigações, dentre outras mais, verificar a
habilitação dos créditos, apurar o acervo patrimonial da empresa, e pagar aqueles
mesmos créditos segundo a ordem de preferência legal (no caso da falência); e adotar
todas as medidas necessárias para reerguer a empresa (no caso de recuperação judicial).
Para fiscalizar o administrador, a Lei nº. 11.101/05 permite que a
Assembléia Geral de Credores11 nomeie um Comitê de Credores formado por 3
membros, a saber: (i) 1 representante dos credores trabalhistas; (ii) 1 representante dos
credores com garantias real e/ou especial; (iii) 1 representante dos credores
quirografários (sem garantia real e/ou especial); cada membro com 2 suplentes.
Obs: O Administrador judicial terá direito a uma remuneração de
até 5% calculada sobre o valor apurado com a venda do acervo patrimonial da empresa,
ou dos créditos sujeitos à recuperação. Obs²: os membros do comitê de credores não tem
direito a remuneração.
 Elementos caracterizadores do estado de
falência:

11
A Assembléia Geral de Credores é um órgão muito importante para os procedimentos em análise.
Convocada pelo juiz com pelo menos 15 dias de antecedência, a ela compete, dentre outras coisas: (i)
aprovar, rejeitar ou modificar o plano de recuperação apresentado pelo devedor; (ii) constituir ou escolher
os membros do comitê de credores; (iii) aceitar ou não pedido de desistência solicitada pelo devedor; (iv)
aprovar o nome do administrador judicial etc.
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• Impontualidade injustificada quanto ao pagamento dos créditos
cujo valor seja superior a 40 salários mínimos;
• Execução frustrada.
 Legitimados a requerer a falência em juízo:
• próprio devedor, desde que seja empresário regular (autofalência);
• qualquer credor com dívida regular;
• cônjuge sobrevivente no caso do empresário individual falecido;
• herdeiros do devedor;
• inventariante;
• sócio/acionista da sociedade.
 Efeitos da declaração de falência:
• vencimento antecipado das obrigações do falido;
• atinge todos os bens da empresa falida;
• resolução dos contratos mais onerosos;
• lacração das instalações da empresa, se necessária.
 Ordem de preferência dos créditos na falência12:
Ordem Classes Subclasses
1 Despesas de pagamento • Trabalhistas de natureza estritamente salarial
antecipado vencidos nos 3 meses anteriores à decretação da
falência, até o limite de 5 salários mínimos por
trabalhador (art. 151).
• Despesas cujo pagamento antecipado seja
indispensável à administração da falência (art.
150).
2 Créditos decorrentes de restituição (art. 149)
3 Créditos extraconcursais (art. • Remuneração do administrador judicial e seus
84). auxiliares.
• Trabalhistas ou acidentários relativos a serviços
prestados após a decretação da falência.
• Quantias fornecidas à massa pelos credores.
• Despesas com arrecadação, administração e
realização do ativo e distribuição do seu produto,
bem como custas do processo de falência.
• Custas judiciais relativas às ações e execuções
que a massa falida tenha sido vencida.
• Obrigações resultantes de atos jurídicos válidos
praticados durante a recuperação judicial ou após a
decretação da falência.
• tributos relativos a fatos geradores ocorridos após
a decretação da falência.
4 Créditos prioritários (art. 83, I). • Trabalhistas até 150 salários mínimos.

12
Fonte: Ricardo Negrão. Direito Empresarial – Estudo Unificado. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 273/274
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• Decorrentes de acidentes de trabalho.
5 Créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado (art. 83, II)
6 Créditos tributárias relativos a fatos geradores anteriores à decretação da falência,
excetuadas multas tributárias (art. 83, III)
7 Créditos com garantia especial • previstos no art. 965 do Código Civil
(art. 83, IV). • definidos em outras leis
• a cujo titular a lei confira o direito de retenção
sobre a coisa dada em garantia.
8 Créditos com privilégio geral • previstos no art. 965 do Código Civil
(art. 83, V). • decorrentes das obrigações contraídas pelo
devedor durante a recuperação judicial com
fornecedores de bens ou serviços na forma do art.
67 da Lei nº. 11.101/05.
• definidos em outras leis
9 Créditos quirografários (art. 83, • os que não foram privilegiados pela Lei nº.
VI). 11.101/05
• os saldos dos créditos não cobertos pelo produto
da alienação dos bens vinculados ao seu
pagamento
• os saldos dos créditos derivados da legislação do
trabalho que excedam a 150 salários mínimos
• créditos trabalhistas cedidos a 3ºs (art. 83, VIII, §
4º)
10 Créditos subquirografários. Multas contratuais e penas pecuniárias por
infração das leis penais ou administrativas,
inclusive multas tributárias.
11 Créditos subrodinados Créditos subordinados por previsão legal ou
contratual e os créditos dos sócios e dos
administradores sem vinculo empregatício
12 Devolução ao falido ou rateio entre os sócios (art. 153).

5.2. Recuperação extrajudicial

Mas a nova Lei de Falência não regula apenas o processo de


falimentar. Por ela, o envolvimento do Judiciário é precedido de uma tentativa de
negociação informal entre devedor e credores (recuperação extrajudicial), por meio de
uma proposta de recuperação apresentada pelo devedor a uma assembléia de credores,
que deve preencher os requisitos do art. 161 da Lei nº. 11.101/05 e ser homologada pelo
judiciário.
Pela recuperação extrajudicial, que é da iniciativa do devedor e não
enceta a nomeação de administrador judicial e comitê de credores, o empresário busca
se valer de meios para adequar a realidade da empresa à possibilidade de pagamentos, o
inclui: (a) a indicação dos contratos e condições que pretende ver alterados; (b)
descontos; (c) alongamento de dívidas; (d) dação de bens; (e) conversão da dívida em
capital da empresa etc; não exigindo a lei, nesse plano, o tratamento paritário entre os
credores.
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Na verdade, equivale a uma forma de chamar os credores a
cooperar para a manutenção da empresa, evitando o processo de cobrança coletiva
(falência) que pode implicar na extinção do empreendimento.

5.3. Recuperação judicial

A recuperação judicial, principal inovação, que ocorre, via de regra,


após a recuperação extrajudicial não haver dado certo, visa sanear situação de crise
econômico-financeira da empresa por meio de ação judicial, o que permite o controle do
Poder Judiciário.
De acordo com o art. 47 da Lei nº. 11.101/05, a recuperação
judicial que tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-
financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego
dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da
empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.
Ela só é permitida aos empresários regulares há mais de 2 anos, que
não sejam falidos ou já tenham se reabilitado e que não tenham obtido tal benefício há
mais de 5 anos.
No caso de micro e pequenas empresas, a Lei nº. 11.101/05
instituiu um plano de recuperação judicial especial, que permite: (a) o parcelamento das
dívidas em 36 parcelas iguais, mensais e sucessivas; (b) 180 dias para pagar a primeira
parcela; (c) juros de 12% ao ano; e (d) acompanhamento judicial nas decisões.13
Obs: o devedor não poderá desistir do pedido de recuperação
judicial após o deferimento de seu processo, salvo se obtiver aprovação da desistência
na assembléia-geral de credores.
Obs²: o plano de recuperação judicial não se aplica aos créditos
tributários, da legislação do trabalho, de acidentes de trabalho e a credores proprietários
fiduciários de bens móveis ou imóveis, entre outros casos.
Obs³: durante o processo de recuperação judicial, o juiz decretará a
falência, por deliberação da assembléia-geral de credores; pela não apresentação, pelo
devedor, do plano de recuperação; quando houver sido rejeitado o plano de recuperação
e por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano.
VI – TITULOS DE CRÉDITO

De forma reduzida, podemos definir titulo de crédito como o


documento (título) representativo de uma dívida (crédito) entre pessoas. Nas palavras de
Vivante, é o documento necessário ao exercício de um direito literal e autônomo nele
mencionado, e por isso recebe regramento especial da legislação brasileira.

6.1. Características dos títulos de crédito:

13
O pedido de recuperação judicial com base nesse plano especial não implica na suspensão da prescrição
das ações e execuções por créditos não abrangidos pelo plano.
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(i) a literalidade, pois somente será considerado o que nele estiver escrito;
(ii) a cartularidade, porque o título preciso de um documento em papel para ser
apresentado; e
(iii) a autonomia, haja vista que representa um independência nas relações
obrigacionais que se firmam no próprio título.

6.2. Figuras intervenientes (variáveis conforme o título):


• Sacador: quem dá ordem de pagamento relacionado ao título;
• Sacado: que é o destinatário da ordem; e
• Tomador: que é o beneficiário daquela mesma ordem.

6.3. Classificação dos títulos de crédito:


(a) Quanto ao modelo
- Livres: sem padrão definido para sua confecção, podendo ser emitidos de forma
livre, observados os requisitos da lei (Ex: nota promissória e letra de câmbio).
- Vinculados: devem obedecer a um padrão legal específico, não sendo permitida a
sua livre confecção (Ex: cheque e duplicata).
(b) Quanto à estrutura
- Promessa de pagamento: o título mediante o qual uma pessoa assume
formalmente a promessa de pagar valor a terceiro (Ex: nota promissória).
- Ordem de pagamento: nesse título três pessoas estão envolvidas a partir de uma
ordem emitida por quem tem direito de crédito em relação ao outrem, para ser
pago a terceiro. (Ex: cheque e duplicata).
(c) Quanto à emissão
- Não causais: títulos independentes do negócio jurídico que o originaram (Ex:
nota promissória e cheque)
- Causais: títulos cuja existência depende da validade do negócio jurídico que o
originaram (Ex: duplicata).
(d) Quanto à circulação
- Ao portador: títulos em que o emitente não identifica o nome do beneficiário.
- Nominativos: títulos em que o emitente identifica o beneficiário, registrando-o
em livro próprio (Ex: ações nominativas da S.A.).
- À ordem: títulos passíveis de endosso.

6.4. Conceitos importantes:


• Aceite: significa a aceitação, ou seja, a concordância do Sacado em pagar o
crédito ordenado pelo Sacador no título.
• Endosso: é a forma pela qual o credor (beneficiário) de um título de crédito
transfere os direitos sobre o mesmo para terceiro, ficando coobrigado para com
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este ultimo, quando ao pagamento do título na data aprazada. Pode ser em branco
(quando se lança a assinatura no título sem indicar o beneficiário) ou em preto
(quando existe a indicação do nome do beneficiário), devendo abranger o valor
total do título (obs: é nulo o endosso parcial).
• Cessão de crédito: o portador do título de crédito pode não permitir a sua
circulação por endosso, inserindo, assim, cláusula “não a ordem”. Contudo, o
título ainda poderá circular, utilizando-se o interessado do contrato civil de cessão
de crédito, operando a transferência.
• Aval: Exclusivo do direito cambial e aplicável somente aos títulos de crédito, é
ato pelo qual o avalista se compromete a garantir o pagamento do título de crédito
em favor do avalizado. Diferente do endosso, pode abranger todo o valor do título
(aval total), como apenas parte dele (aval parcial)
• Vencimento: é a consumação da data que autoriza a cobrança do título. Antes de
tal data, o título não pode ser cobrado.
• Protesto: é o ato solene e formal pelo qual se comprova o descumprimento de
uma obrigação. Seus efeitos são tornar público, via cartório de protesto de títulos e
documentos, o não pagamento de um crédito pelo devedor; e coobrigar ao
principal devedor, os endossatários e avalistas pelo pagamento daquele mesmo
crédito.
• Ação cambial: é a ação judicial que deve se valer o credor de um título para
proceder a cobrança executiva do mesmo.
• Prescrição: é a perda da validade executiva do título de crédito, pelo fato do seu
credor não haver ajuizado a ação cambial no prazo legal. O prazo prescricional
para a cobrança da Letra de Câmbio, da Nota Promissória e da Duplicata é de 3
(três) anos a contar do vencimento. Já do cheque, o prazo prescricional é de 6
(seis) meses contados a partir da expiração do prazo de apresentação, que é de 30
(trinta) dias quando o cheque for da mesma praça do beneficiário; e de 60
(sessenta) dias quando as praças forem diferentes.

6.5. Títulos de crédito mais comuns (definições):


 Cheque:
É uma ordem de pagamento à vista, emitida contra um banco,
mediante fundos disponíveis do emitente (titular de conta bancária), em poder do sacado
(Banco), provenientes de depósito ou de contrato de abertura de crédito.
Previsto na Lei nº. 7.357/85 (Lei do Cheque), estabelece como
figuras intervenientes da relação jurídica: o sacador ou emitente; o sacado ou Banco; e o
tomador ou portador beneficiário.

 Duplicata:
É um título de crédito causal, vinculado à emissão de uma fatura
oriunda de contrato de compra e venda mercantil ou de prestação de serviços.
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Regulada pela Lei nº. 5.474/68 (Lei das Duplicatas), é criação do
direito brasileiro representando uma ordem de pagamento que a liga as figuras do
sacador ou vendedor, do sacado ou comprador; e do tomador ou vendedor.
A duplicata deverá ser enviada ao sacado para aceite, reconhecendo
a exatidão das informações e da obrigação de pagar. De qualquer modo, o aceite é
obrigatório, vinculando o devedor ainda que este não assine a letra, salvo se a
mercadoria: (i) foi avariada; (ii) não foi enviada; (iii) foi enviada com divergência em
relação ao contrato ajustado ou com diferenças nos preços e prazos ajustados, dentre
outras especificações.

 Letra de Cambio
Regulada pelo Decreto nº. 57.663/66 e pelo Decreto 2.044/08 (Lei
Uniforme de Genebra), é uma ordem de pagamento à vista ou a prazo pela qual o
sacador dirige-se ao sacado para que este pague determinada importância a uma terceira
pessoa. As partes envolvidas por este título de crédito são: o sacador (aquele que dá a
ordem para pagamento); o sacado (a quem a ordem é dirigida); e o tomador (que é o
beneficiário da ordem).

 Nota Promissória
É uma promessa direta de pagamento dada pelo devedor em favor
do credor. Quando emitida, enseja relação jurídica entre o emitente ou sacador (aquele
que se compromete a pagar) e o beneficiário ou tomador (aquele que tem o direito de
receber).

VII – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990


Dos Direitos do Consumidor
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor,
de ordem pública e interesse social.
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
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§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
CAPÍTULO II
Da Política Nacional de Relações de Consumo
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de
vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os
seguintes princípios:
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor,
especialmente pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de
qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e
compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem
econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio
nas relações entre consumidores e fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus
direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de
qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos
de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de
consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações
industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar
prejuízos aos consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
CAPÍTULO III
Dos Direitos Básicos do Consumidor
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas
no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços,
asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço,
bem como sobre os riscos que apresentem;
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais
coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no
fornecimento de produtos e serviços;
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V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem
excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou
reparação de danos patrimoniais e morais, assegurada a proteção Jurídica,
administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova (Fornecedor é que tem que provar que seu produto/serviço era de qualidade, e não
o consumidor tem a obrigação de provar o defeito);
CAPÍTULO IV
Da Qualidade de Produtos e Serviços, da Prevenção e da Reparação dos Danos
SEÇÃO I
Da Proteção à Saúde e Segurança
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão
riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e
previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em
qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as
informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam
acompanhar o produto.
Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à
saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua
nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em
cada caso concreto.
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou
serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à
saúde ou segurança.
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no
mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá
comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores,
mediante anúncios publicitários.
§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados
na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.
§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços
à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios deverão informá-los a respeito.
SEÇÃO II
Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o
importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação,
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de
seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
utilização e riscos.
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§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele
legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre
as quais:
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi colocado em circulação.
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor
qualidade ter sido colocado no mercado.
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será
responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior,
quando (obs: esse artigo estabelece responsabilidade subsidiária do comerciante):
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser
identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor,
construtor ou importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o
direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação
do evento danoso.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele
pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a
verificação de culpa.
Art. 17. Para os efeitos desta lei, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas
do evento.
SEÇÃO III
Da Responsabilidade por Vício (defeitos) do Produto e do Serviço
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Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor,
assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do
recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações
decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes
viciadas.
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições
de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no
parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias.
Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado,
por meio de manifestação expressa do consumidor.
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo
sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder
comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar
de produto essencial.
§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e
não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de
espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de
eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste
artigo.
§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o
consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor.
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados,
corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em
desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se
destinam.
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do
produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo
líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou
de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua
escolha:
I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementação do peso ou medida;
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem
os aludidos vícios;
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IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos.
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os
tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem
publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente
capacitados, por conta e risco do fornecedor.
§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que
razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas
regulamentares de prestabilidade.
Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de
qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar
componentes de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as
especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização em
contrário do consumidor.
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a
fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações
referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os
danos causados, na forma prevista neste código.
Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação
dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo
expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor.
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere
ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão
solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou
serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que
realizou a incorporação.
SEÇÃO IV
Direito de Reclamação
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca
em:
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
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§ 1° Inicia-se a contagem do prazo a partir da entrega efetiva do produto ou do
término da execução dos serviços.
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que
ficar evidenciado o defeito.
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por
fato do produto (dano por fato do produto ou do serviço).
SEÇÃO V
Da Desconsideração da Personalidade Jurídica
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando,
em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da
lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração
também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou
inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
CAPÍTULO V
Das Práticas Comerciais
SEÇÃO II
Da Oferta
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por
qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos
ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o
contrato que vier a ser celebrado.
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar
informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas
características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade
e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e
segurança dos consumidores.
Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados
oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével.
Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e
peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto.
Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida
por período razoável de tempo, na forma da lei.
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar
o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos
utilizados na transação comercial.
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, quando
a chamada for onerosa ao consumidor que a origina.
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos
atos de seus prepostos ou representantes autônomos.
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta,
apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre
escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação
ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
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III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente
antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
SEÇÃO III
Da Publicidade
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e
imediatamente, a identifique como tal.
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços,
manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos,
técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por
omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características,
qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre
produtos e serviços.
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a
que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de
julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz
de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou
segurança.
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando
deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.
SEÇÃO IV
Das Práticas Abusivas
Art. 39. É proibido ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas
abusivas:
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro
produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas
disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto,
ou fornecer qualquer serviço;
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua
idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou
serviços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização
expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as
partes;
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor
no exercício de seus direitos;
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo
com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas
não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade
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credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Conmetro);
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se
disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de
intermediação regulados em leis especiais;
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a
fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério.
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente
estabelecido.
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao
consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis,
inexistindo obrigação de pagamento.
Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor
orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos
a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término
dos serviços.
§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez
dias, contado de seu recebimento pelo consumidor.
§ 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e
somente pode ser alterado mediante livre negociação das partes.
§ 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da
contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio.
Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao regime de
controle ou de tabelamento de preços, os fornecedores deverão respeitar os limites
oficiais sob pena de não o fazendo, responderem pela restituição da quantia recebida em
excesso, monetariamente atualizada, podendo o consumidor exigir à sua escolha, o
desfazimento do negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.
SEÇÃO V
Da Cobrança de Dívidas
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a
ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à
repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de débitos apresentados ao
consumidor, deverão constar o nome, o endereço e o número de inscrição no Cadastro
de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do
fornecedor do produto ou serviço correspondente.
SEÇÃO VI
Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às
informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo
arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.
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§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros,
verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações
negativas referentes a período superior a 5 (cinco) anos.
§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo
deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, no prazo de 10 dias.
§ 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros,
poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis,
comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas.
§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não
serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer
informações que possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos
fornecedores.
CAPÍTULO VI
Da Proteção Contratual
Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os
consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu
conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensão de seu sentido e alcance.
Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao
consumidor.
Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e
pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando
inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos.
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de
sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a
contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento
comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto
neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de
reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante
termo escrito.
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e
esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma,
o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo
ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento,
acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem
didática, com ilustrações.
SEÇÃO II
Das Cláusulas Abusivas
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas
ao fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por
vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou
disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor
pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
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II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos
previstos neste código;
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
eqüidade;
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico
pelo consumidor;
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora
obrigando o consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira
unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual
direito seja conferido ao consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação,
sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a
qualidade do contrato, após sua celebração;
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias
necessárias.
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vontade que:
I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato,
de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a
natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares
ao caso.
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto
quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a
qualquer das partes.
§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao
Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de
cláusula contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não
assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.
Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito
ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros
requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre:
I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;
II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;
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III - acréscimos legalmente previstos;
IV - número e periodicidade das prestações;
V - soma total a pagar, com e sem financiamento.
§ 1° As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu
termo não poderão ser superiores a dois por cento do valor da prestação.
§ 2º É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou
parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos.
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante
pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia,
consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das
prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a
resolução do contrato e a retomada do produto alienado.
§ 2º Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a compensação
ou a restituição das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá descontada, além da
vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o desistente ou
inadimplente causar ao grupo.
§ 3° Os contratos de que trata o caput deste artigo serão expressos em moeda
corrente nacional.
SEÇÃO III
Dos Contratos de Adesão
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou
serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu
conteúdo.
§ 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do
contrato.
§ 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a
alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do
artigo anterior.
§ 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com
caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze,
de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.
§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser
redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
Penalidades aplicáveis ao fornecedor que violar as normas
do código de proteção e defesa do consumidor
Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas,
conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza
civil, penal e das definidas em normas específicas:
I - multa;
II - apreensão do produto;
III - inutilização do produto;
IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente;
V - proibição de fabricação do produto;
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VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;
VII - suspensão temporária de atividade;
VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;
IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade;
X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade;
XI - intervenção administrativa;
XII - imposição de contrapropaganda.
Art. 57. As penas serão graduadas de acordo com a gravidade da infração, a
vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor.
Segundo os artigos 61 e seguintes do CDC, as infrações contra as relações de
consumo também ensejam a prisão dos respectivos responsáveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COELHO, Fábio Ulhôa. Manual de Direito Comercial – Direito de Empresa. 18ª edição,
São Paulo: Saraiva, 2007.
NEGRÃO, Ricardo. Direito Empresarial: Estudo Unificado. 5ª edição. São Paulo:
Saraiva, 2007
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 27ª edição, São Paulo: Saraiva, 2008.
SILVA, Vander Brusso da. Resumo Jurídico de Direito Comercial. 5ª edição. São
Paulo: Bafisa, 2006.

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