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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI / PR

GESTÃO DE OBRAS COM ÊNFASE EM EDIFICAÇÒES

ENGENHARIA SIMULTÂNEA
NO PLANEJAMENTO DE EDIFICAÇÕES SUSTENTÁVEIS

CARLOS FREDERICO RIECK ZANDER

CURITIBA – PR
2010
CARLOS FREDERICO RIECK ZANDER

ENGENHARIA SIMULTÂNEA
NO PLANEJAMENTO DE EDIFICAÇÕES SUSTENTÁVEIS

Monografia apresentada como requisito parcial à


obtenção do Título de Especialista em Gestão de Obras
de Edificações da Faculdade de Tecnologia SENAI
Curitiba – parceira SENAI / CIETEP.

Área de Concentração:
Construção Civil

Orientador:
Prof. Msc. Giuliano Nacarato Moretti

CURITIBA – PR
2009
i

À memória do meu amado pai, Christiano, pelo


apoio e por seu exemplo de bom caráter e retidão.
ii

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus, medida dos meus atos e responsável por


minhas escolhas e oportunidades.

Ao Giuliano, que com sua orientação precisa, sua competência e sua paixão
pelos assuntos socioambientais possibilitou a conclusão desta pesquisa e se tornou
em um querido amigo.

À Angelita Cogo, querida sobrinha que a vida me trouxe, estudiosa das


questões ecológicas e ambientais, foi quem primeiro me despertou o interesse para
tais premências e me mostrou como o ser humano não pode mais se permitir ser tão
ensimesmado num planeta em crise.

À Rita Ferreira, que de maneira tão gentil disponibilizou seu profundo e amplo
conhecimento de coordenação de projetos, despertando meu interesse por tais
teorias e também por ter sido tão disponível em me conceder informações
complementares de fundamental importância à execução desta pesquisa.

Ao Professor Eduardo Arantes do Laboratório de Ambientes Colaborativos


Computacionais da UFMG, por sua disposição em me fornecer informações sobre o
sistema colaborativo virtual SISAC e por compartilhar as suas impressões sobre a
sustentabilidade.
iii

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Selo PROCEL............................................................................... 12


Figura 02. Selo PROCEL – Eficiência em energia em edificações................ 14
Figura 03. Método prescritivo para cálculo de eficiência energética em
edificações.................................................................................... 14
Figura 04. Coletores solares integrados à fachada do edifício...................... 18
Figura 05. Detalhe de painel com tecnologia de transferência de calor........ 18
Figura 06. Estrutura analítica de projeto........................................................ 22
Figura 07. Rede de caminho crítico............................................................... 22
Figura 08. Ciclo de vida do projeto................................................................. 23
Figura 09. Gráfico de Gantt............................................................................ 23
Figura 10. Curva “S” de custos...................................................................... 24
Figura 11. Potencial de influência no custo final de um empreendimento de
edifícios e suas fases.................................................................... 27
Figura 12. A chance de reduzir o custo de falhas do edifício em relação ao
avanço do empreendimento.......................................................... 28
Figura 13. Relação entre o tempo de desenvolvimento de um
empreendimento e o custo das atividades................................... 28
Figura 14. Imagem tridimensional de perspectiva da biblioteca da PUC/RJ. 33
Figura 15. Imagem tridimensional do térreo da biblioteca da PUC/RJ.......... 33
Figura 16. Fases da renderização das imagens do projeto da biblioteca da
PUC/RJ......................................................................................... 34
Figura 17. Portal SISAC – Gerenciador de arquivos...................................... 36
Figura 18. Portal SISAC – Agenda................................................................. 37
Figura 19. Portal SISAC – Administrador 1.................................................... 37
Figura 20. Portal SISAC – Gerenciador de informação................................. 38
Figura 21. Lançamento dos elementos estruturais no plano 2D.................... 45
Figura 22. Configuração das alturas (cota z)................................................. 45
Figura 23. Configuração dos elementos estruturais (a) pilar, (b) viga e
(c) laje........................................................................................... 46
Figura 24. Modelo 3D da estrutura................................................................. 47
Figura 25. Modelo 3D das instalações hidráulicas......................................... 48
Figura 26. Modelo 3D das instalações elétricas............................................. 48
Figura 27. Integração dos modelos 3D (estrutura, hidráulica e elétrica)....... 50
Figura 28. Visualização das Interferências Físicas 1..................................... 51
Figura 29. IF (tubulação de hidráulica furando viga)...................................... 51
iv

LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Principais vantagens e desvantagens do processo de


compatibilização de projetos em 3D............................................. 53
v

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................1
1.1 Tema ................................................................................................................3
1.2 Linha de pesquisa ............................................................................................3
1.3 Definição do problema......................................................................................3
1.4 Justificativa .......................................................................................................3
1.5 Objetivos da pesquisa ......................................................................................3
1.5.1 Objetivo geral................................................................................................3
1.5.2 Objetivos específicos ....................................................................................4
2 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................5
2.1 A Urbanização, a construção civil e o meio ambiente ......................................5
2.2 Desenvolvimento sustentável ...........................................................................6
2.3 Arquitetura sustentável .....................................................................................9
2.3.1 PROCEL nas edificações............................................................................12
2.3.2 Uso racional da água - economizadores.....................................................16
2.3.3 Painéis de aquecimento solar .....................................................................17
2.4 Gestão da Qualidade nos projetos de edificações .........................................19
2.4.1 Sistemas de gestão da produção................................................................19
2.4.2 O projeto para produção .............................................................................20
2.4.3 Gerenciamento de projetos.........................................................................21
2.4.4 O Mercado da construção civil no Brasil .....................................................24
2.4.5 O Mercado de projetos de edificações no Brasil.........................................25
2.4.6 A gestão da qualidade do projeto para a produção de edificações.............26
2.5 Engenharia simultânea ...................................................................................29
2.6 Projeto simultâneo ..........................................................................................30
2.7 BIM e Ambientes Colaborativos Virtuais na implementação do PS no processo
de produção de edificações.......................................................................................31
2.7.1 BIM – Building Information Modeling...........................................................33
2.7.2 Ambientes colaborativos virtuais.................................................................34
3 METODOLOGIA ....................................................................................................39
3.1 Considerações metodológicas........................................................................39
3.2 Estruturação da pesquisa ...............................................................................39
3.2.1 Urbanização................................................................................................40
3.2.2 Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável........................................40
3.2.3 Gestão da qualidade ...................................................................................41
3.2.4 Mercados da construção civil e de projetos de edificações no Brasil .........41
3.2.5 Engenharia simultânea ...............................................................................41
3.3 Instrumentação da pesquisa...........................................................................42
3.4 Estudo de caso...............................................................................................43
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES...........................................................................53
5 CONCLUSÕES ......................................................................................................54
6 REFERÊNCIAS......................................................................................................56
vi

RESUMO

O trabalho apresenta um estudo sobre o sistema de gestão da qualidade na


produção para a promoção da sustentabilidade ambiental nas edificações.

Para o desenvolvimento da pesquisa foi utilizada a pesquisa bibliográfica,


privilegiando-se os títulos nacionais e as pesquisas acadêmicas contemporâneas, de
maneira à melhor contextualizar o trabalho à realidade brasileira atual. Foram
levantados dados históricos dos fatores que levaram à demanda de sistemas de
gestão na produção e também das transformações tecnológicas que influenciaram
no crescimento da exploração das fontes de recursos naturais, da capacidade de
assimilação do meio ambiente e na mudança climática.

Como resultado, apresenta-se um panorama atual da construção civil no Brasil e de


como o Projeto Simultâneo, como adaptação da Engenharia Simultânea pode
colaborar para um melhor planejamento de todo o ciclo de vida da edificação, desde
o planejamento até sua deposição, viabilizando a sustentabilidade ambiental. A
abordagem inclui também a utilização dos sistemas de gestão para a facilitação da
inserção de conhecimento técnico multidisciplinar e de tecnologias voltadas à
preservação dos recursos naturais, energéticos e para a diminuição da produção de
CO2.

Palavras-chave: sustentabilidade, engenharia simultânea, construção civil,


gestão da qualidade.
vii

ABSTRACT

The monograph presents a study on the system of quality management in the


buildings production for the environmental sustainability promotion.

For the development of the research it’s been used some literature, focusing on the
domestic titles and contemporary academic researches, in order to better
contextualize this paper to the current Brazilian context. There were collected
historical data factors that led the demand for the management system in production
and also the changes in technology that influenced the growth in exploitation of
natural resources, the extrapolation of the assimilative capacity of the environment
and the climate change.

As a result, it presents an overview of the current buildings construction in Brazil and


how the Concurrent Design as an adaptation of Concurrent Engineering might
contribute to a better planning of the life cycle of the building, from planning to its
deposition, allowing the environmental sustainability. The approach also includes its
use in facilitating the integration of the technical multidisciplinary knowledge and
technologies aimed at conservation of natural resources, energy and the CO2
production decreasing.

Keywords: sustainability, concurrent engineering, buildings construction, quality


management.
1

1 INTRODUÇÃO

As preocupações com o impacto causado pelas atividades humanas ao meio


ambiente tiveram seu início na década de 1970 com a crise do petróleo e foram
evoluindo gradativamente através do tempo, de acordo com a percepção do homem
sobre qual o impacto mais significativo em sua época. Nesse rol de acontecimentos
e discussões surgiram os conceitos do que chamamos hoje de Desenvolvimento
Sustentável.

Mais recentemente, a partir de década de 1990, como resposta ao


aquecimento global, iniciou-se a preocupação com o impacto causado pelas
edificações desde o consumo de matérias primas e geração de resíduos na fase de
produção, passando pela eficiência energética durante o uso, até chegar novamente
na preocupação com a geração de resíduos durante o seu descarte.

Assim como vem acontecendo de maneira geral por todo o planeta, também
no Brasil tal preocupação vem sendo promotora de uma série de iniciativas dos mais
diversos níveis da sociedade, na busca por criar processos que produzam uma
edificação o mais ambientalmente neutra possível, buscando a geração zero de
resíduos – tanto na produção, como no uso e no descarte; emissão zero de CO2 e
gases impactantes ao ambiente; auto-suficiência energética com apoio da geração;
zero desperdício de água através do reuso, reciclagem e tratamento de efluentes.

Tecnologias economizadoras de água, luz, combustíveis fósseis e para


minimizar os impactos ambientais têm sido desenvolvidas no sentido de enquadrar
as edificações nessa nova ordem ambiental mundial. Novos materiais de construção
vêm sendo desenvolvidos com matérias primas oriundas de recursos naturais
certificadas e que não produzam impacto ao meio ambiente durante sua produção.
Entretanto, a questão econômica tem sido uma barreira, principalmente em um país
em desenvolvimento como o Brasil.

As invenções não provocam automaticamente a sua utilização. Elas são


percebidas e aproveitadas quando existem circunstâncias que tornam
atraente o seu emprego na produção, normalmente em virtude da
percepção de um próximo esgotamento de uma fonte de recursos anterior.
E as tecnologias se desenvolvem e sucedem umas às outras, em função do
esforço exigido para a sua utilização (ZMITROVICZ, 2002).
2

Grupos de estudos criaram certificações diversas em diferentes países para


classificar as edificações que atendam a requisitos ambientais por eles pré-
definidos. No Brasil, a ELETROBRÁS, que confere o selo PROCEL de eficiência no
uso de energia elétrica, criou o selo PROCEL – EDIFICA para certificar como
edificações eficientes aquelas que atendam a uma série de requisitos pré-
estabelecidos.

Nessa esteira ambientalmente correta, a construção civil buscou tomar partido


dos sistemas de gestão da qualidade na produção, adaptando-os ao processo de
produção de edificações, no sentido de ir ao encontro das novas exigências
mercadológicas e de um novo consumidor mais consciente e exigente, num novo
mundo muito mais competitivo e de desenvolvimento tecnológico em ritmo e
velocidade crescentes. E tal adaptação se faz necessária pela edificação ser produto
de uma indústria atípica, com linha de produção itinerante, mão de obra altamente
rotativa, tendo como resultado um produto único e particular a cada processo
produtivo.

Para Cavalcanti; Matoski e Catai (2008) uma das barreiras existentes para
os projetistas na adoção de métodos sustentáveis na execução de obras é o
desestímulo dos clientes diante da perspectiva de um aumento inicial de
custos.

Os sistemas de gestão da produção estão começando a ser amplamente


utilizados no Brasil. Pesquisadores procuram enquadrar tais sistemas à realidade
econômica nacional, racionalizando processos e criando uma nova mentalidade
sobre o ganho em qualidade, menor tempo e menos recursos financeiros durante a
produção a partir de um maior investimento inicial em tempo e dinheiro na etapa de
planejamento, como fundamental para o resultado / produto final.

A Engenharia Simultânea (ES) surgiu na década de 1980, nos Estados


Unidos da América, como ferramenta utilizada pela indústria de produtos complexos,
como a aeroespacial, automobilística e de microinformática, na busca da
competitividade através da qualidade e agilidade na produção. Como característica,
a ES trabalha simultaneamente o projeto do produto e a produção, integrando
projetistas de diferentes especialidades com os responsáveis pelo processo de
produção, empreendedor e usuário também de maneira simultânea. No Brasil,
Fabrício (2002) apresenta o novo conceito de Projeto Simultâneo (PS) a partir de
3

uma necessidade de adaptar a ES às características da indústria da construção civil


e deixar para trás o ineficiente método de projeto de edificações sequencial e
hierarquizado, que gera muitos resíduos, desperdício e retrabalho, comprometendo
a qualidade final e elevando o custo do produto.

1.1 Tema

Engenharia Simultânea no planejamento de edificações sustentáveis.

1.2 Linha de pesquisa

Gestão do desempenho e melhoria dos empreendimentos.

1.3 Definição do problema

Como otimizar a sustentabilidade nas edificações utilizando a Engenharia


Simultânea?

1.4 Justificativa

O crescimento das urbes é um processo mundial impossível de ser


contido. A sua conseqüência é a derrubada de áreas verdes, impermeabilização do
solo, poluição dos corpos hídricos, aumento da queima de combustíveis fósseis e/ou
não renováveis entre outros fenômenos igualmente danosos ao meio ambiente. Esta
pesquisa terá como tema o estudo de tecnologias, materiais e da teoria de
Gerenciamento de Projetos que previstos e aplicados à etapa de Planejamento do
Empreendimento visem a eficiência na produção e uso das edificações.

1.5 Objetivos da pesquisa

1.5.1 Objetivo geral

Esta pesquisa tem por objetivo buscar entender o que são e quais os
4

elementos a serem agregados às edificações para que elas sejam qualificadas como
sustentáveis e estudar de que maneira a Engenharia Simultânea, operacionalizada
através do Gerenciamento de Projetos, pode ser implementada na fase de
planejamento do empreendimento.

1.5.2 Objetivos específicos

 Definir sustentabilidade e estudar tecnologias, sistemas e materiais


que em sua fabricação e/ou durante sua utilização apresentem mínimo
impacto ao meio ambiente, bem como a sua aplicabilidade na construção
civil;

 Estudar os parâmetros e normatizações estipulados por instituições e


organizações que conferem certificações relacionadas à sustentabilidade
das edificações, tal como a certificação pelo selo PROCEL, da
ELETROBRAS, comprovadora do nível de eficiência energética das
edificações;

 Estudar a teoria do Gerenciamento de Projetos e sua aplicabilidade à


fase de “Planejamento do Empreendimento” na construção civil, visando à
integração dos projetos e a sustentabilidade na obra;

 Estudar a aplicação das ferramentas TI – Tecnologia da Informação e


BIM – Building Information Modeling, utilizadas pela Engenharia
Simultânea e de que maneira elas podem colaborar para a produção de
edificações ambientalmente sustentáveis durante todo o seu ciclo de vida.
5

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A Urbanização, a construção civil e o meio ambiente

As grandes transformações agrícolas e agrárias, ocorridas no Brasil nas


décadas de 1960 e 1970, afetaram a relação entre o uso e a posse da terra. A
modernização agrícola favoreceu as culturas destinadas à exportação, como o trigo,
soja, cana de açúcar e milho. Tal processo aumentou o uso de maquinários na
agricultura, provocando a migração de quase 30 milhões de pessoas do campo para
as cidades de tamanho médio – entre 100 e 500 mil habitantes, entre as décadas de
1960 e 1980. A consequência desse movimento foi o aceleramento do processo de
urbanização e o inchaço das metrópoles (FERREIRA, 2002). Dados das Nações
Unidas indicam que na América Latina mais de 70% da população já vive nas
cidades, o que havia sido previsto para acontecer apenas em 2030.

A vida humana na face da terra tem sido transgredida em todos os níveis e


formas, desde as últimas décadas do século XX. As aceleradas
transformações socioeconômicas e culturais, que afetam nosso planeta, têm
rompido com todos os padrões e comportamentos éticos. A perplexidade
constante tem dificultado até a compreensão das contradições e fenômenos
nunca antes imaginados. O desdobramento dessas mudanças ocorre em
todos os níveis e para quase todos os habitantes da terra, indistintamente.
O homem metropolitano, premido pelo exíguo e poluído espaço, que
sempre é dos outros, pelo limitado tempo que é obrigado a viver, pelo sonho
que não é mais colorido, pela velocidade dos acontecimentos e pela
irreversibilidade sentida e vivida no cotidiano, certamente, se sente mais
impotente, mais amargo e menos criativo. (FERREIRA, 2002).

Vivemos principalmente em cidades, que são espaços constituídos de seres


humanos sociais que coexistem, desenvolvendo complexos relacionamentos
econômicos para criar, operar e manter bens. Para tanto, se faz necessário que
atividades relacionadas à engenharia sejam desenvolvidas (ZMITROWICZ, 2002).

Sem dúvida, a urbanização constitui uma das forças mais relevantes no


universo do século 21. Qualquer que seja o tamanho dos problemas
urbanos agora é preciso reconhecer que o maior crescimento urbano ainda
está por vir. Quase a metade dos atuais 6,7 bilhões de habitantes na Terra
vive em áreas urbanas; essa proporção chegará a 60% até 2030. Todo o
crescimento de cidades que aconteceu na história da humanidade até hoje
está prestes a ser duplicado em pouco mais de uma geração. (MARTINE,
2007).

Pereira (2009) faz a distinção entre a cidade real e a cidade formal. Na cidade
6

real está compreendida a sua totalidade, incluindo o que está na malha urbana e
também próxima a ela, como as ocupações de parcelamentos do solo estabelecidas
sem a implantação da devida infraestrutura. A cidade formal é aquela composta por
edificações que abrigam residências, indústrias, estabelecimentos comerciais e da
administração pública que, para o seu funcionamento, são devidamente servidas por
infraestrutura construída para o fornecimento de energia elétrica, água, telefonia,
cabos de fibra ótica, esgotamento pluvial e sanitário, iluminação pública,
pavimentação de vias públicas, entre outros.

As técnicas de transformação de recursos para formar, manter e operar


aglomerações humanas envolvem escalas que exigem a adaptação dos
recursos locais (ZMITROVICZ, 2002).

A pressão da tradição faz com que a evolução na utilização de materiais e na


mudança de técnicas utilizadas desde tempos remotos seja relativamente lenta.
Edificações, pavimentação das vias e os elementos de infraestrutura tais como
tubulações, galerias, aquedutos, reservatórios e até máquinas elevatórias de água
vêm sendo utilizadas e implantadas há bastante tempo. O que ocorre atualmente é
que o crescimento contínuo da população fez com que o ritmo e a quantidade em
que tais elementos construtivos e infraestruturais são construídos e reconstruídos
resulte na ameaça de degradação progressiva dos ambientes locais (ZMITROVICZ,
2002).

Ferreira (2002) diz que somos uma população do lixo, do doméstico ao


atômico e, que seria impensável, há 50 anos, que o homem não saberia o que fazer
com o lixo produzido por ele mesmo. Serrador (2008) indica que 75% dos recursos
naturais mundiais são consumidos pelo negócio da construção civil – gerando algo
em torno de 500 kg / habitante.ano de resíduos – e que os edifícios em
funcionamento são responsáveis por cerca de 50% do consumo da energia elétrica
e por 21% do consumo da água do planeta.

2.2 Desenvolvimento sustentável

“Sustentável,adj.: que se pode sustentar, capaz de se manter mais ou menos


constante, ou estável, por longo período” (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).
7

O conceito de desenvolvimento sustentável tem evoluído juntamente às


preocupações com a exploração excessiva do meio ambiente pelo homem, desde a
década de 1970, época da crise energética e período no qual o homem começou a
perceber que o crescimento econômico e mundial era limitado pela disponibilidade
de recursos naturais (CSILLAG, 2007).

A partir da década de 1970 expande-se o debate sobre o meio ambiente,


surgindo organizações atentas à crescente escassez real dos recursos
(mesmo que ainda sem reflexos sobre o mercado), exercendo pressões
sobre os governos no sentido de reduzir o seu desperdício e lutando pela
preservação de espécies vegetais e animais. Como resultado positivo da
sua atuação a nível mundial observamos uma preocupação crescente com
a qualidade e a eficiência dos processos produtivos, resultando na
implementação de uma série de medidas estratégicas para promover o
“ecodesenvolvimento”, posteriormente denominado “desenvolvimento
1
sustentável” (SACHS apud ZMITROWICZ, 2002).

A partir da crise do petróleo na década de 1970, a preocupação com o meio


ambiente começou a tomar força, época em que as atenções estavam dirigidas para
a exploração excessiva dos recursos naturais pelo homem. Foi nesse período que
surgiu pela primeira vez o conceito de desenvolvimento sustentável, com o nome de
ecodesenvolvimento, para ser uma resposta à polarização do Clube de Roma, que
foi protagonizada por dois grupos partidários com visões divergentes sobre a relação
entre desenvolvimento econômico e meio ambiente. De um lado, estavam os
genericamente classificados de possibilistas culturais (ou “tecno-centricos” radicais),
defensores de que os limites ambientais ao crescimento econômico eram relativos.
Sua teoria era a de que capacidade inventiva do homem no progresso técnico seria
capaz transpor tais limites e que o crescimento econômico seria capaz de eliminar
as disparidades sociais e a pobreza, com um custo ecológico inevitável e irrelevante
mediante a dimensão muito maior dos benefícios. De outro lado, para os
deterministas geográficos (ou “eco-cêntricos” radicais) os limites ambientais
representavam limites absolutos ao crescimento econômico, sendo que a
humanidade estaria caminhando para uma catástrofe se mantidos os níveis de
extração de recursos naturais e da utilização da capacidade de assimilação do meio
(poluição). Diante da divergência sobre as relações entre crescimento econômico e
meio ambiente, o relatório do Clube de Roma acabou por exacerbar a controvérsia

1
SACHS, Ignacy. Estratégias de transição para o século XXI, desenvolvimento e meio
ambiente. São Paulo: Studio Nobel / FUNDAP, 1993.
8

quando apontou o crescimento zero como forma de evitar a catástrofe ambiental.


Nesse contexto, o conceito de ecodesenvolvimento surge buscando ser uma
abordagem conciliadora, propondo que o progresso técnico relativizaria o limite
ambiental, mas não o eliminaria e que o crescimento econômico é condição
necessária, mas não suficiente para, por si só, erradicar a pobreza e diminuir as
desigualdades sociais (ROMEIRO, 1999).

Ainda de acordo com Romeiro (1999), o passar do tempo vem favorecendo


certa convergência entre as duas posições. O aumento da pressão do sistema
econômico sobre o meio ambiente mostrou os efeitos contraditórios do progresso
técnico e científico. De um lado a ameaça e o impacto ao meio ambiente tornaram-
se mais claros e evidentes em fenômenos como o efeito estufa e a destruição da
camada de ozônio. Por outro lado, as previsões catastróficas do Clube de Roma se
mostraram infundadas com o aumento da eficiência na prospecção e no uso dos
recursos naturais, resultando na redução dos seus preços. Além disso, o
crescimento econômico se confirmou insuficiente para promover o desenvolvimento
socioeconômico, como comprovado na crise dos anos 1980, quando, a exemplo do
ocorrido no Brasil, o crescimento econômico mostrou poder também ser um forte
fator de exclusão.

Na década de 1980 o conceito de desenvolvimento sustentável foi expandido,


abrangendo também a poluição pela geração de resíduos. Na década de 1990 a
preocupação foi direcionada para a emissão de CO2 e outros gases poluentes
liberados na atmosfera a partir dos evidentes impactos causados ao meio ambiente,
como o efeito estufa e o buraco na camada de ozônio. Já nos anos 2000, a
preocupação com o aquecimento global somou-se às anteriores e surgiu a
preocupação com o impacto causado pelas edificações, fazendo surgir termos como
edifícios sustentáveis, eco-housing, symbiotic housing (IZUMI2, H. apud CSILLAG,
2007).

Em 1987, a World Comission on Environment and Development – Comissão


Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em português, também

2
IZUMI, H. Policy Design for Environmental Issues in the Building Sector. In: Susatinable
Building and Policy Design. Institute of International Harmonization for Building and Housing. Edited
by MURAKAMI, S.; IZUMI, H.; YASHIRO, T.; ANDO, S.; HASEGAWA, T. Tokyo, Japan, 2002.
9

conhecida como Comissão Brundtland – em homenagem à sua presidente, a


primeira ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland – divulgou o relatório
conhecido como Our Commun Future – Nosso Futuro Comum, em português. Esse
relatório propôs que o “Desenvolvimento Sustentável é aquele que atende às
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem as suas próprias necessidades” (CSILLAG, 2007).

2.3 Arquitetura sustentável

O conceito de desenvolvimento sustentável proposto pelo relatório Bruntland


caracteriza-se pela generalização. Como tal, procura abranger todas as atividades
humanas que transformam o ambiente, tornando-se adequada a sua aplicação à
construção civil, por ser a modificação do ambiente a sua finalidade essencial. Esse
conceito alcançou o setor da construção civil em meados dos anos 1990, enfocando,
num primeiro momento o estudo do desempenho energético das edificações e foi
sendo ampliado até abarcar todos os atores envolvidos, desde a extração da matéria
prima e sua transformação, até o desmonte do edifício (SERRADOR, 2008).

Partindo desse conceito normativo, Meiriño questiona a contribuição da


arquitetura para a formação de uma sociedade sustentável:

Até que ponto e de que forma a arquitetura contribui na busca por uma
sociedade sustentável? Entende-se como desenvolvimento sustentável,
aquele capaz de atender às necessidades das atuais gerações sem
comprometer os direitos das futuras gerações. As questões ambientais e
escassez de recursos energéticos fazem parte desse discurso; é na forma
como arquitetos e engenheiros se inter-relacionam com esses temas que se
dá a contribuição da arquitetura na sustentabilidade. (MEIRIÑO, 2009).

Paralelamente ao conceito de desenvolvimento sustentável, tem evoluído


também o conceito de Edificação Sustentável. Araújo comenta que assim como os
organismos vivos se modificam e se adéquam para sobreviver às pressões do meio
ambiente, a visão sobre o que é Construção Sustentável vem se modificando desde
1973, ano da Crise do Petróleo.

Segundo Csillag (2007), nos anos 1970 buscava-se a produção de


edificações mais eficientes no que se refere ao consumo de energia. Na década de
1980 o foco foi expandido, englobando a preocupação com a geração de resíduos
10

no processo de construção. Atualmente, desde a década de 1990, a preocupação


tem sido a produção e emissão de CO2 e demais gases responsáveis pelo efeito
estufa e aquecimento global.

As discussões sobre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável atingem


a construção civil mais diretamente em 1994, quando o CIB – International Council
for Research and Inovation in Building and Construction – Conselho Internacional
para Pesquisa e Inovação na Edificação e na Construção, em português, realizou
em Tampa, Fl, EUA, a primeira conferência cujo tema central foi a eficiência
energéticas das edificações.

Começou-se a perceber que a construção sustentável não é um modelo


para resolver problemas pontuais, mas uma nova forma de pensar a própria
construção e tudo que a envolve. Trata-se de um enfoque integrado da
própria atividade, de uma abordagem sistêmica em busca de um novo
paradigma: o de intervir no meio ambiente, preservando-o e, em escala
evolutiva, recuperando-o e gerando harmonia no entorno (ARAÚJO, 2009).

Nosso estilo de vida e nossas casas têm um significante impacto ao meio


ambiente. Para equilibrar e reduzir essa tendência existe um interesse crescente
na neutralização do carbono, energia zero e casas carbono-positivas (AUSTRALIA’S
GUIDE TO ENVIRONMENTALLY SUSTAINABLE HOMES, 2009).

Na visão de Corcuera (2009), atualmente a arquitetura precisa focar:

 na durabilidade dos edifícios e dos materiais;


 na manutenção periódica das edificações para se aumentar a sua
durabilidade;
 na flexibilidade dos espaços para a reciclagem dos edifícios;
 na redução do consumo de energia da edificação, utilizando ao máximo
as formas passivas de energia (iluminação e ventilação natural);
 na redução do consumo de água e geração de esgoto;
 na redução do uso de materiais de construção e na especificação
considerando a energia neles embutida e os processos de produção;
 na redução da geração de resíduos sólidos.

E aponta como caminhos para se atingir esses pontos:

 a racionalização;
11

 a pré-fabricação;
 a automação;
 a pré-moldagem;
 a construção enxuta.

De acordo com Araújo, as diretrizes gerais para edificações sustentáveis


podem ser resumidas em nove passos principais, que estão conformes ao que
recomendam alguns dos principais sistemas de avaliação e certificação de obras no
mundo:

1. Planejamento sustentável do ciclo de vida da edificação – ela deve ser


econômica, ter longa vida útil e conter apenas materiais com potencial para, ao
término de sua vida útil (demolição), serem reciclados ou reutilizados. Sua meta
intrínseca deve ser resíduo zero;

2. Aproveitamento passivo dos recursos naturais – como sol, umidade, vento,


vegetação – para promover conforto e bem-estar dos ocupantes e integrar a
habitação com o entorno, além de economizar recursos finitos, como energia e
água;

3. Eficiência energética – resolver ou atenuar as demandas de energia geradas pela


edificação;

4. Gestão inteligente e economia da água – economizar a água; tratá-la localmente


e reciclá-la, além de aproveitar recursos como a água da chuva;

5. Gestão dos resíduos na edificação – resolver localmente ou minimizar a geração


de resíduos;

6. Qualidade do ar e do ambiente interior – criar um ambiente interno e externo com


elevada qualidade no tocante a paisagem local e qualidade atmosférica e elétrica
do ar;

7. Conforto termo-acústico – prover saúde e bem-estar aos seus ocupantes ou


moradores e preservar o meio ambiente;

8. Uso racional de materiais – usar materiais que não comprometam o meio


12

ambiente, saúde dos ocupantes e que contribuam para promover um estilo de


vida sustentável e a consciência ambiental dos indivíduos.

9. Uso de produtos e tecnologias ambientalmente amigáveis – estimular um novo


modelo econômico-social que gere empresas de produtos e serviços sustentáveis
e dissemine consciência ambiental entre colaboradores, fornecedores,
comunidade e clientes.

2.3.1 PROCEL nas edificações

O setor residencial brasileiro tem apresentado um crescimento médio de 6%


ao ano no consumo de energia. Por estimativa da Eletrobrás, cada consumidor
desperdiça cerca de 10% da energia fornecida, seja por hábitos adquiridos, seja pelo
uso ineficiente dos eletrodomésticos (ELETROBRAS, 2009)

O PROCEL é o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica


coordenado pelo Ministério das Minas de Energia – MME e mantido pela Eletrobrás
– Centrais Elétricas Brasileiras S.A.. Esse programa confere o SELO PROCEL DE
ECONOMIA DE ENERGIA, ou simplesmente o selo PROCEL, instituído por decreto
presidencial em 08 de dezembro de 1993, que tem por objetivo orientar o
consumidor no ato da compra, sobre produtos que apresentam os melhores níveis
de eficiência energética, dentro de cada categoria (ELETROBRAS, 2009)

Figura 01 - Selo PROCEL


13

Em 2003 foi lançado o PROCEL EDIFICA para eficiência energética em


edificações atuando em várias vertentes e com diversas atividades de incentivo à
pesquisa, conscientização, incentivo ao uso racional de energia, desenvolvimento de
mecanismos para diferenciação de mercado para edificações eficientes,
disseminação de conceitos sobre eficiência energética por meio de publicações e
implementando a lei de eficiência energética. Tal programa abrange as edificações
residenciais, comerciais de serviços e públicas (LEDUC, 2008).

Leduc (2008) relaciona como barreiras da eficiência energética em


edificações:

a. Deficiência nos códigos de obras;

b. Inadequações de projeto como:

 Orientação inadequada de edificação em relação à trajetória solar;


 Aberturas mal dimensionadas;
 Especificação inadequada de material para cobertura e vedação de
fachadas e aberturas;
 Desconsideração de ventos dominantes e ausência de ventilação
cruzada;

c. Ausência de simulação energética na fase de projeto (grifo nosso);

d. Pouco aproveitamento de energia renovável;

e. Má escolha de materiais construtivos na fase de execução;

f. Utilização de equipamentos não eficientes;

g. Falta de integração entre os profissionais envolvidos;

h. Pouca especialização da mão de obra utilizada na construção civil

i. Dificuldades de financiamento.

De acordo com Leduc (2008) a implementação do programa de etiquetagem


para edificações se dá em duas etapas:
14

1. Projeto e Documentação: é emitido um certificado com etiqueta, atestando o nível


de eficiência

2. Auditoria no edifício em uso (pós habite-se e com sistemas instalados) realizada


pelo auditor credenciado: é fornecida uma placa com o certificado, que poderá ser
exposta no edifício.

Figura 02 - Selo PROCEL eficiência energética em edificações.

A adesão ao selo tem caráter voluntário e a classificação se dá através do


método de cálculo apresentado abaixo:

Figura 03 - Método Prescritivo para Cálculo de Eficiência Energética em Edificações


15

a. Iluminação: Método de cálculo com limites para a densidade de potência de


iluminação interna para cada ambiente da edificação;

b. Condicionamento de Ar: Classificação baseada no Programa Nacional de


Etiquetagem do INMETRO (aparelhos e janelas e split) ou na eficiência dos
resfriadores de líquido para sistemas centrais;

c. Envoltória: O indicador de consumo referente à envoltória do edifício proposto


deve ser calculado com uma equação considerando:

 Áreas de janelas;
 Existência e dimensões de proteções solares;
 Tipo de vidro;
 Dimensões da edificação;
 Zoneamento bioclimático.

Para fins de exemplificação, podem ser elencados alguns requisitos para que
a edificação atinja o nível A:

 Cada ambiente fechado por paredes ou divisórias até o teto deve


possuir, pelo menos um dispositivo de controle manual para
acionamento da iluminação interna;
 Contribuição da iluminação natural: em edificações comerciais, usar
acionamento independente de iluminação por ambiente ou de
luminárias próximas à entrada de luz natural e, sempre que possível,
usar sistema de desligamento automático de iluminação quando os
ambientes estiverem desocupados, respeitando os limites
estabelecidos pela regulamentação;
 Ambientes com área maior que 250m2 devem possuir dispositivo de
desligamento automático;
 Os aparelhos de ar condicionado de janela ou unidades condensadores
de split devem ter sombreamento permanente;
 Respeitar limites de transmitância térmica da envoltória, estabelecidos
pela regulamentação, em função da zona bioclimática em que a
edificação se encontre.
16

Leduc (2008) comenta que iniciativas que aumentem a eficiência da


edificação poderão receber uma bonificação de até 1 ponto na classificação geral, a
critério do CT (Comissão Técnica) Edificações do INMETRO, através de justificativa
e comprovação de economia:

 Uso racional da água;


 Aquecimento solar;
 Fontes renováveis de energia;
 Cogeração;
 Inovações que promovam a eficiência energética.

Ainda de acordo com Leduc (2008), a economia potencial em edificações no


Brasil pode representar:

 Iluminação: potencial de economia de até 30%;


 Condicionamento de Ar: potencial de economia entre 10% e 20%;
 Envoltória: potencial da ordem de 10%, trabalhando-se por exemplo:
área de vidro, fator solar do vidro, presença de sombreamento.

2.3.2 Uso racional da água - economizadores

Farias (2009) cita que:


“Dados do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas – sobre desperdício de
água numa casa, mostram que o chuveiro elétrico responde por 55% da
perda de água, seguido pela pia de cozinha, com 18%; da lavadora de
roupa, com 11%; do lavatório, com 8%; da descarga sanitária, com 5%; e do
tanque, com 3%”. Mudanças culturais e de consumo poderão reverter esse
quadro, já que a indústria brasileira dispõe de tecnologia à altura do
problema. “Inclusive atendendo a controles e critérios internacionais,
aprovados por rigorosos testes de performance, resistência e acabamento
superficial.”

Diversos são os equipamentos e tecnologias economizadores de água que


podem ser agregados a uma edificação no sentido de torná-la mais eficiente
energeticamente e menos impactante ao meio ambiente.

 Torneira de fechamento automático (Modelo Biopress Fabrimar): a


água é cortada automaticamente após sete segundos evitando o
desperdício e restringe a vazão a 6 litros por minuto, representando
uma economia de 50% em relação a uma torneira comum jato
17

(WEINBERG, 2009);
 Ducha com controle de vazão (Modelo Piccolo Light Fabrimar): permite
escolher duas intensidades de água, sendo que a mais baixa libera 9
litros de água por minuto, representando metade do volume de uma
ducha convencional, consumindo 50% menos que o banho em uma
ducha normal, sem grande prejuízo à força do jato (WEINBERG, 2009.
 Caixa de descarga sanitária acoplada: enquanto que uma válvula de
descarga utiliza entre 10 e 30 litros de água por descarga, a caixa de
descarga acoplada libera somente 6 litros de água, representando uma
economia média de água na ordem de 30% (Prefeitura de São Paulo,
2006).

2.3.3 Painéis de aquecimento solar

O uso de energia solar para aquecimento de água de piscinas e outras


aplicações tem bons resultados técnicos e já é bem aceito no mercado brasileiro. A
tecnologia é simples: o sistema é composto utilizando basicamente tubulações de
cobre instaladas sobre uma lâmina também do mesmo material, encaixilhado e
protegido por painel de vidro. Mais recentemente, os painéis que ocupavam partes
escondidas das coberturas, passaram a ter alta eficiência e contar com aparência
estética mais atrativa, podendo já ser vistos nas fachadas, terraços e coberturas
envidraçadas de edifícios europeus. O sistema funciona com a incidência dos raios
solares nos coletores solares, que esquentam o fluido portador de calor que circula
dentro da tubulação dos coletores e que é transportado para o acumulador solar,
onde o calor esquenta a água que será utilizada em chuveiros, torneiras, ou na
calefação, no caso de clima frio (MEDEIROS [1], 2009).

Com uma instalação solar térmica, é possível atender até 70% das
necessidades de aquecimento de água em uma residência. Se for utilizada também
para dar apoio, pode cobrir até 30% do total de energia necessária para aquecer os
ambientes. Isso significa um grande passo em direção à redução da dependência do
petróleo e do gás natural, que agravam as emissões de CO2 no planeta
(MEDEIROS [1], 2009).
18

Figura 04 – Coletores solares integrados à fachada do edifício.

1. Serpentina
2. Chapas de transferência de calor embutidas
3. Revestimento seletivo do absorvedor
4. Vidro incolor
5. Caixilhos de alumínio
6. Isolamento térmico
Figura 05 – Detalhe de painel com tecnologia de transferência de calor
19

2.4 Gestão da Qualidade nos projetos de edificações

2.4.1 Sistemas de gestão da produção

Segundo Fabrício (2002), com o final da guerra fria, a idéia de um mundo


único ganhou força e o conceito abstrato tornou-se em uma série de iniciativas para
compartilhar interesses e transações entre pessoas e empresas de todas as partes
do planeta. A esse processo, chamou-se globalização.

Na prática corporativa, a globalização consistiu, do ponto de vista de


mercado, na ruptura das fronteiras comerciais, dando origem a novos mercados. A
dispersão geográfica das áreas de concentração da produção promoveu o
desenvolvimento de pequenas empresas visando atender o mercado globalizado e
também aproveitar as oportunidades oferecidas nas diferentes regiões e países,
buscando a criação de um “produto globalizado”. No que se refere à tecnologia, a
dinâmica crescente das rápidas transformações levou as empresas a implantarem
os sistemas de gestão da qualidade com ênfase na busca da produtividade, de
modo a serem capazes de sobreviver no novo ambiente altamente competitivo
(MELHADO et al, 2005).

Esse processo promove o incremento na circulação de mercadorias trans-


fronteiras; as transferências de investimentos em tempo real entre pessoas,
empresas e países; o estreitamento dos laços comerciais e o crescimento da
interdependência entre as nações. Na política, novas regras para o comércio criam
novos acordos e blocos econômicos regionais para facilitar a livre circulação de
mercadorias (FABRÍCIO, 2002).

Para responder ao crescimento da concorrência, a indústria contemporânea


cada vez mais se confronta com as necessidades de ampliar a
produtividade, reduzir custos e, sobretudo melhorar o atendimento aos
clientes e a qualidade dos produtos, ao mesmo tempo em que reduz os
impactos ambientais dos produtos e processos (FABRÍCIO, 2002).

A celeridade nas transformações tecnológicas, sociais e econômicas criou um


mercado em constante mudança, exigindo das empresas uma metodologia de maior
flexibilidade para se adaptar tais mudanças com maior agilidade. Fabrício (2002),
comenta que os sistemas de gestão voltados para a produção foram a solução
20

encontrada para responder a essa demanda por agilidade e adaptabilidade às


exigências crescentes do mercado e da sociedade.

2.4.2 O projeto para produção

Para Peralta (2002), o termo projeto, na construção civil é geralmente


utilizado na referência ao projeto do produto – como os projetos arquitetônico,
estrutural, de instalações, etc., mas que as atividades de projeto também envolvem
a elaboração de projetos para a produção de edificações.

O PMI – Project Management Institute – Instituto de Gerenciamento de


Projetos, em português, na 3ª edição (2004) da publicação intitulada como PMBoK –
Project Managemente Body of Knowlegde – Conjunto de Conhecimentos em
Gerenciamento de Projetos, em português, oferece um conceito de projeto voltado
para a produção que diz que “Um projeto é um esforço temporário empreendido para
criar um produto, serviço ou resultado exclusivo (PMI, 2004).”

Ainda conforme o PMI, as características de um projeto são:

1. Temporário: o termo temporário não significa de curta duração. Muitos projetos


duram vários anos. O termo temporário quer significar que todo projeto tem um
início e um final definidos. E o final ocorre quando os objetivos do projeto são
atingidos, quando fica evidente que os objetivos não poderão ser atingidos ou
quando o projeto não é mais necessário. Muito embora o termo temporário não se
aplique necessariamente ao resultado do projeto, seja ele um produto ou um
serviço, que pode ter durabilidade indefinida.

2. Produtos, serviços ou resultados exclusivos: um projeto pode criar um objeto


quantificável, a capacidade de realizar um serviço, ou ainda uma pesquisa,
documento ou resultado que tenham como característica a singularidade, como
um projeto arquitetônico, por exemplo.

3. Elaboração progressiva: característica integradora dos conceitos “temporário” e


“exclusivo”. A partir de um escopo geral e por meio de um desenvolvimento em
etapas cuidadosamente coordenadas, os projetistas vão detalhando os objetivos,
na medida em que vão adquirindo um conhecimento mais completo a respeito do
21

trabalho a ser feito (PMI, 2004).

2.4.3 Gerenciamento de projetos

O gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimento, habilidades,


ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos seus
requisitos. O gerenciamento de projetos é realizado através da aplicação e
da integração dos seguintes processos de gerenciamento de projetos:
iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle, e
encerramento (PMI, 2004).

Para o melhor entendimento do Gerenciamento de Projetos, podem-se dividir


as atividades das empresas em duas categorias:

 As rotineiras, nas quais cada operador executa uma função e a técnica


de melhoria contínua pode ser implantada através de um sistema de
retroalimentação, eficiente para a melhoria do processo no próximo
ciclo;
 As atividades executadas apenas uma única vez, com um projeto
único, não permitindo melhoria para um próximo ciclo.

Podemos definir gerenciamento de projetos como um conjunto de técnicas e


práticas para administrar atividades não rotineiras, com objetivos bem
estabelecidos, tendo início, meio e fim (SALIM, 1999).

As atividades rotineiras de uma empresa são aquelas realizadas


cotidianamente e que podem ser monitoradas para a detecção de não
conformidades para correção imediata ou para a prevenção no próximo ciclo, como
retroalimentação do sistema. As atividades executadas uma única vez, em uma
empresa, referem-se àquelas que não permitem a retroalimentação, uma vez que
não haverá um próximo ciclo, como a implantação de um novo setor, ou criação e/ou
lançamento de um novo produto no mercado. É para este tipo de atividades que o
gerenciamento de projetos se aplica. Estabelece-se uma equipe multidisciplinar das
áreas relacionadas ao ponto central do objetivo do projeto, equipe essa que deve ser
coordenada por um gerente de projeto. Esse projeto é único e tem seu início na
concepção do produto, bem, serviço ou documento a ser gerado. Ele é desenvolvido
a partir de um escopo inicial – lista de todos os pontos estabelecidos pelo cliente e
acontece através de fases sucessivas controladas e monitoradas uma a uma, a fim
de permitir que possíveis pontos não resolvidos de maneira adequada sejam
22

detectados antes do início da fase subseqüente. O projeto tem seu fim quando o
resultado é alcançado, ou quando fica evidente que o resultado pretendido não pode
ser alcançado, ou ainda quando o resultado anteriormente desejado não mais seja
necessário.

De acordo com Salim (1999), o bom gerenciamento de projeto deve se apoiar


no “tripé” custo, prazo e qualidade e é composto por escopo, estrutura analítica de
processo, plano com sua programação e controle.

A estrutura analítica de processo vem da expressão em inglês work


breakdown structuree – WBS. É a estruturação das atividades do projeto de maneira
que a precedência entre elas esteja bem estabelecida, encadeadas na forma de
uma “árvore” de tarefas, conforme a figura 06.

Figura 06 – Estrutura Analítica de Projeto

A seguir, monta-se a rede de caminho crítico (figura 07) onde são lançados os
tempos de cada atividade, priorizando-se atividades necessárias à continuidade do
processo. Com o estabelecimento do tempo em cada caminho possível, tem-se o de
maior duração; o caminho crítico:

Figura 07 – Rede de Caminho Crítico

O ciclo de vida do projeto é dividido em fases, iniciando pela concepção,


passando pela estruturação e implementação e encerrando-se na conclusão,
demonstrando o progresso do consumo de recursos durante as fases do projeto.
(Figura 08):
23

Figura 08 – Ciclo de Vida do Projeto

O planejamento pode ser visualizado no Gráfico de Gantt (Figura 09), onde as


atividades são lançadas com seus prazos para execução, onde a linha tracejada
vertical deve mostrar a fase onde o projeto se encontra.

Figura 09 – Gráfico de Gantt

O planejamento deve ainda incluir a análise de risco, estrutura


administrativa do projeto, sistema de comunicações, plano de contratações
e aquisições, plano da qualidade e o sistema de controle da qualidade.
(SALIM, 1999).

A despeito de um planejamento elaborado minuciosamente, os desvios são


inevitáveis. Em determinadas etapas os desvios se compensam, mas em outras eles
podem se somar, causando dificuldades, aumento de custo, ou atrasos. Mas, deve-
se ter em mente que, se mesmo com planejamento os desvios acontecem, sem
planejar os erros serão muito maiores.

Tão importante quanto o planejamento do projeto é o seu controle. Sem o


estabelecimento de um sistema de controle dos prazos, do custo e da qualidade no
decorrer do seu desenvolvimento, o sucesso do projeto estará seriamente
comprometido. De acordo com Salim (1999), o sistema de controle que mais
24

influencia no resultado é o sistema de apropriação de dados: quantas horas


trabalhou cada recurso, quanto material foi aplicado, relatórios de aprovação de
cada atividade entregue, medição. No entanto, esse sistema pode criar resistência
no pessoal, uma vez que pode tomar a conotação de controle das pessoas,
portanto, todos devem ser esclarecidos a respeito do sistema e seus objetivos.

Os custos em projetos têm um caráter um pouco diferente de um custo para


manufatura repetitiva, pois o projeto tem tempos longos para a sua
realização e, como o valor do dinheiro é temporal, os prazos têm que ser
considerados. Assim, é imprescindível ter o planejamento antes do
orçamento. (SALIM, 1999).

O planejamento de um projeto mostra as datas de início e de fim de cada


atividade. Como são as atividades que consomem os recursos, teremos o custo
através da multiplicação do custo-hora pelo tempo gasto em cada atividade. O
controle dos custos pode ser feito através da elaboração de um gráfico que mostre a
curva “S” de custos (Figura 10). Nesse gráfico são lançados os custos das
atividades nas linhas e a divisão dos períodos, nas colunas, permitindo a
visualização da evolução dos gastos.

Figura 10 – Curva “S” de Custos

O gerenciamento de projetos pode ser implantado de maneira eficaz em


empresas de qualquer tamanho. As vantagens da sua aplicação são o
estabelecimento de um gerente de projetos, que será responsável pela unidade de
informações, controle de custos e de prazos e também o envolvimento e motivação
de todos os envolvidos, na medida em que todos têm poder de decisão sobre o
resultado final pretendido. (SALIM, 1999).

2.4.4 O Mercado da construção civil no Brasil

Os processos de transformação mercadológicos, sociais e tecnológicos da


25

globalização refletem-se, também, na construção civil. Particularmente no Brasil, nos


últimos quinze anos, a construção civil vem passando por um processo de buscar a
sua evolução como indústria diante de um cenário de alterações nas condições
trabalhistas, escassez de mão de obra e de fontes de financiamento.

O movimento mundial de queda das fronteiras dos mercados representou um


incremento na importação de equipamentos, materiais e até mesmo de projetos
produzidos no exterior. A despeito disso, no Brasil este setor tem se mantido a cargo
de empresas de capital predominantemente nacional, utilizando mão de obra e
tecnologias nacionais; contribuindo com expressiva participação no Produto Interno
Bruto de algo em torno de 15%, no ano de 2000 (MELHADO et al, 2005).

Pelo fato do produto “edificação” ser um imóvel; atrelado ao terreno, a


concorrência com as empresas estrangeiras se dá somente com a sua entrada no
mercado nacional. No entanto, tal concorrência é bastante limitada, pois o número
de empresas estrangeiras no mercado brasileiro é bastante reduzido, se comparado
ao número de empresas nacionais atuando no setor, e ocorre somente em nichos
específicos da construção de hotéis, grandes edifícios corporativos, parques de
diversão e na montagem industrial (FABRÍCIO, 2002).

2.4.5 O Mercado de projetos de edificações no Brasil

Na esteira da globalização, o mercado nacional de projetos de edificações


começa a sentir a presença da concorrência estrangeira, deixando evidentes as
limitações técnicas e organizacionais dos escritórios brasileiros (FABRÍCIO, 2002).

O arquiteto Edison Musa (1997) declarou à revista Construção:

“O que mais nos preocupa é que eles (os escritórios estrangeiros)


trabalhem pela metade do preço e consigam oferecer um bom atendimento
ao cliente. Um escritório norte-americano pode apresentar vários conceitos
de projeto com cinco ou seis perspectivas coloridas e, às vezes, até
maquetes.”

Contudo, tal concorrência ocorre de maneira limitada, somente em


determinados nichos de projetos de edifícios corporativos e indústrias. A atuação
dos escritórios brasileiros no mercado internacional também é bastante limitada
pelas diferenças de sistemas e tipologias construtivas demandados pelas diferentes
26

características climáticas e das normas técnicas de cada país.

Com a pressão dos contratantes e financiadores para o aumento da eficiência


produtiva e adequação às certificações de qualidade, a ferramenta encontrada pelas
construtoras para a racionalização do processo produtivo com ênfase na qualidade
das edificações, bem como para a redução dos custos de produção
(competitividade), tem sido a implementação dos sistemas de gestão de qualidade.
Também as empresas de projetos, como fornecedoras de serviços para as
construtoras, acabaram por sentir essa mesma pressão para implementarem os
sistemas de gestão da qualidade nos projetos para produção de edificações.
(MELHADO et al, 2005).

2.4.6 A gestão da qualidade do projeto para a produção de edificações

Assim como ocorre em outras indústrias, na construção civil, os projetos têm


importância fundamental para a qualidade dos produtos e para a eficiência dos
sistemas de produção. No entanto, as empresas de construção tratam os projetos
como uma atividade secundária, delegada a projetistas independentes, contratados
por critérios preponderantemente de preço. Outra característica do setor é que os
projetos de edificações são orientados para a definição do produto sem considerar
adequadamente a forma e as implicações quanto à produção das soluções
adotadas. Mesmo as especificações e detalhamentos de produto, muitas vezes, são
incompletas e falhas, sendo resolvidos durante a obra, quando a equipe de
produção acaba decidindo sobre determinadas características do edifício não
previstas em projeto (FABRÍCIO; MELHADO, 2002).

Uma análise da cadeia da Construção Civil revela a importância da fase de


projeto como fundamental ao desenvolvimento ao processo construtivo de
um edifício, uma vez que nesta faze é analisado o contexto de implantação,
são elaboradas diretrizes e definidos os meios e processos, materiais e
sistemas, para responder a determinado programa (SERRADOR, 2008).

Os diferentes agentes envolvidos em um empreendimento de construção de


edifícios têm diferentes pontos de vista e interesses, como também a visão do
empreendimento e sua atuação são fragmentadas. Melhado et al (2005), descreve
que o trabalho dos projetistas não é autônomo e independente, de maneira que eles
devem estar inseridos no contexto do empreendimento, fazendo parte e
27

estabelecendo relações com o empreendedor, construtor e também com o futuro


usuário.

[...] nem sempre essa inserção do projeto no contexto do empreendimento


ocorre de forma satisfatória e equilibrada. Em muitos casos, e até
recentemente, tomada a decisão de empreender, eram contratados, em um
primeiro momento, apenas os arquitetos, com a incumbência de fazer a
concepção inicial do produto. Nessa etapa, na qual era comum não haver a
contratação dos demais projetistas, tampouco o envolvimento da empresa
construtora que seria responsável pela execução do empreendimento,
muitas decisões eram tomadas, condicionando a qualidade potencialmente
obtida ao final. (MELHADO et al, 2005)

Frente às crescentes exigências dos consumidores, a necessidade de gestão


da qualidade se estendeu para além dos processos de execução da edificação. A
qualidade do edifício não está atrelada somente aos materiais, mão de obra e
serviços contratados. Se os projetos para produção são entregues à obra sem
compatibilização entre as especialidades, incompletos de informações e repletos de
erros, certamente a eficiência na execução da obra e a qualidade final do produto
estarão seriamente comprometidas. Segundo Melhado et al (2002), as decisões
tomadas nas fases iniciais do empreendimento são as mais importantes, no que diz
respeito à qualidade do produto (Figura 11) e também são as que têm maior
influência sobre a redução de custos relacionados à correção de falhas da edificação
(Figura 12).

Figura 11 – Potencial de influência no custo final de um empreendimento de edifício e suas fases


28

Figura 12 – A chance de reduzir o custo de falhas do edifício em relação ao avanço do empreendimento .

O investimento no projeto, em prazo e custo, deve ser valorizado – ou seja,


pode ser necessário um maior investimento inicial, para permitir um
desenvolvimento mais amplo do projeto, ainda que nesta fase haja um
deslocamento para cima do custo inicial do empreendimento e,
eventualmente, mais tempo dedicado à sua elaboração. (MELHADO et al,
2005).

Essa idéia é exemplificada no gráfico da figura 13.

Figura 13 – Relação entre o tempo de desenvolvimento de um empreendimento e o custo das atividades


demonstrando o efeito de um maior “investimento” na fase de projeto

É importante que os diferentes agentes do empreendimento tenham


determinadas prerrogativas fundamentais à obtenção da qualidade dos projetos. O
29

empreendedor deve ter habilidade para expressar claramente todos os detalhes do


objetivo a ser atingido, bem como identificar restrições e estabelecer os parâmetros
de controle. O Projetista deve conseguir traduzir os objetivos e as restrições
estabelecidos pelo empreendedor em propostas e soluções funcionais e
tecnológicas, que tenham desempenho equivalente ao proposto, utilizando o menor
volume necessário de recursos. E o Construtor deve ser capaz de construir o
produto de maneira fiel ao nível de qualidade projetado.

2.5 Engenharia simultânea

O termo Engenharia Simultânea (ES) é a tradução mais aceita para o


português da expressão em inglês Concurrent Engineering (FABRÍCIO, 2002).

Para Fabrício e Melhado (2002) as principais características da ES são:

[...] ênfase no momento da concepção do produto e valorização do projeto;


realização em paralelo de várias atividades de desenvolvimento de produto
(desenvolvimento conjunto de projetos do produto e da produção); formação
de equipes de projeto multidisciplinares e coordenadas; utilização da
informática e das novas tecnologias de telecomunicação no
desenvolvimento do projeto e orientação para a satisfação dos clientes e
usuários para o ciclo de vida de produtos e serviços.

E os principais objetivos e benefícios da ES são:

[...] redução do tempo de projeto; introdução de inovações; ampliação da


qualidade ao longo da vida útil de produtos e serviços; ampliação da
manufaturabilidade dos projetos e aumento de eficiência dos processos
produtivos de bens e serviços.

Segundo a SCPD – Society of Concurrent Product Development, Sociedade


do Desenvolvimento Simultâneo de Produto, em português (2002), a ES é uma
abordagem sistemática que tem por finalidade a integração simultânea do projeto do
produto com sua produção e suporte, visando a previsão, por parte dos projetistas,
de todo o seu ciclo de vida desde a concepção, contemplando custos, prazos e os
controles da qualidade, tendo em vista as demandas do mercado, até a sua
disposição final.

A capacidade de desenvolver novos produtos que atendam às demandas dos


clientes é fundamental para que as empresas se estabeleçam de maneira
30

competitiva no mercado. De maneira a estabelecer uma interface entre empresa e


mercado buscando a competitividade, as indústrias que produzem produtos
complexos, como a aeroespacial, automobilística e micro-eletrônica, entre outras,
têm agilizado o amadurecimento de tecnologias e a produção de novos produtos –
com qualidade – através da implantação do processo de ES. Fabrício (2002)
descreve que a ES parte da premissa de que os produtos devem ser desenvolvidos
levando-se em conta o seu ciclo de vida desde a sua concepção e projeto, como
também as demandas dos clientes internos – trabalhadores e fornecedores
envolvidos no processo produtivo, bem como os externos, tais como usuários e
compradores do produto final.

A Engenharia Simultânea tem como uma das principais características a


colaboração precoce e concorrente entre os projetistas do produto,
projetistas da produção, fornecedores e clientes, no desenvolvimento de
novos produtos. (FABRÍCIO, 2002).

Na construção civil, os ciclos de vida do produto edificação são bastante


longos, chegando a décadas. Portanto, a aplicação de um projeto de ES deve
contemplar desde a concepção do produto e promoção do empreendimento até o
descarte do produto, no caso da construção civil, a demolição ou reabilitação. Outra
característica inerente aos empreendimentos da construção civil é que em todas as
fases intermediárias, diversos são os agentes envolvidos de maneira independente e
com objetivos diferentes com relação ao mesmo empreendimento.

Por tal longevidade do produto edificação e também pela complexidade no


número e diferentes especialidades de atores envolvidos no processo de produção
de uma edificação, o conceito básico da ES acaba por se tornar limitado no que se
refere à integração de todos os agentes ao longo do ciclo de vida.

As premissas da Engenharia Simultânea para o desenvolvimento de novos


produtos e serviços são válidas para modernizar as práticas de gestão de
projetos no setor de construção de edifícios; com base nestas premissas e
na análise das características do processo de produção e do processo de
projeto próprios da construção de edifícios pode-se postular um novo
paradigma de “Projeto Simultâneo” para gestão do processo de projeto de
empreendimentos de edifícios. (FABRÍCIO, 2002).

2.6 Projeto simultâneo

Fabrício (2002) propõe que o Projeto Simultâneo (PS) parte dos conceitos da
31

Engenharia Simultânea, mas não impõe a rigidez e a complexidade dos seus


métodos e ferramentas. Procura, antes, o desenvolvimento de um modelo de gestão
do processo de projeto orientado aos paradigmas atuais diante das novas
tecnologias para a organização do fluxo de informações das atividades dos projetos.

[...] a complexidade do empreendimento de edifício que envolve questões


imobiliárias, urbanísticas, tecnológicas, construtivas, culturais e históricas
transcende o escopo restrito das engenharias e torna o termo Engenharia
Simultânea limitado frente ao conjunto de profissionais e problemáticas
envolvido no processo de projeto do setor. Por esta razão, optou-se pela
utilização da denominação “Projeto Simultâneo”. [...] (FABRÍCIO, 2002).

O conceito de PS é, portanto, uma adaptação dos princípios da ES ao setor


da construção civil, mais precisamente às atividades de projeto do edifício,
buscando, na gestão do processo de projeto, a convergência de interesses dos
agentes envolvidos no ciclo de vida do empreendimento. Isso se faz necessário para
integrar os esforços que acontecem ao longo do processo de projeto de forma
sequencial e hierarquizada, por diferentes agentes e projetistas que, isoladamente
tomam decisões importantes sobre processos de produção e sobre a qualidade final
do produto edifício, envolvendo aspectos como construtibilidade, habitabilidade,
manutenibilidade e sustentabilidade das edificações (FABRÍCIO; MELHADO, 2002).

Para Fabrício (2002), os objetivos mais importantes para a implementação de


um processo de PS no planejamento de um empreendimento de edifício são:

a. Ampliar a qualidade do projeto e, por conseguinte, do produto;

b. Aumentar a construtibilidade do projeto;

c. Subsidiar, de forma mais robusta, a introdução de novas tecnologias e métodos


no processo de produção de edifícios;

d. Eventualmente, reduzir os prazos globais de execução por meio de projetos de


execução mais rápida.

2.7 BIM e Ambientes Colaborativos Virtuais na implementação do PS no processo


de produção de edificações

Pesquisas atuais apontam para a necessidade e importância da inclusão de


32

metodologias eficazes de planejamento e gestão na construção civil,


garantindo deste modo a qualidade e sustentabilidade das edificações.
Parte-se, então, para um novo paradigma no ato projetual e no canteiro de
obras, onde as metodologias de planejamento e gestão saem do cenário
coadjuvante para assumir papel central. Por meio de softwares avançados e
técnicas de engenharia simultânea, os processos e projetos otimizam-se
consideravelmente, assegurando maior construtibilidade, sustentabilidade e
conformidade do produto final (VEIGA; ANDERY, 2009).

Para a implementação do PS no processo de projetos de edifícios,


necessárias são que três transformações principais aconteçam no processo
tradicional de projeto dos empreendimentos de construção brasileiros.

1. Transformações culturais: A primeira mudança se refere a uma transformação na


cultura dos agentes envolvidos, de maneira a estabelecer a cooperação técnica
entre projetistas, construtores e empreendedores para além das limitações
contratuais. Buscar criar novas maneiras de relacionamento entre os agentes do
projeto, visando o intercâmbio das técnicas na produção de um produto mais
orientado para o cliente. (FABRÍCIO, 2002).

2. Transformações tecnológicas: Outro aspecto importante a ser considerado é a


utilização das novas tecnologias da informação e de comunicação como
ferramentas para a criação de um ambiente virtual tecnológico para intercâmbio
de informações no processo de projeto. Novos programas de cálculo estrutural
permitem a obtenção de estruturas mais esbeltas e econômicas, antes, inviáveis
de serem obtidas por cálculos manuais. Os programas de CAD – Computer Aided
Design aumentam a precisão e a velocidade no desenvolvimento dos desenhos, o
que tem causado um detalhamento muito maior, mesmo nas fases iniciais de
projeto. As imagens virtuais permitem uma visualização realística das idéias e
conceitos dos projetos muito antes que eles sejam construídos, contribuindo para
a comunicação entre projetistas e clientes – mesmo que geograficamente
distantes, com o uso de modelos virtuais gerados de maneira mais rápida e
menos onerosa, através de ambientes colaborativos virtuais propiciados pela
articulação das telecomunicações com a informática. (FABRÍCIO, 2002).

3. Transformações organizacionais: E, finalmente, organizar as atividades do


projeto, de maneira a permitir a coordenação precoce das diferentes
especialidades de projetos para o desenvolvimento do produto. A postura dos
33

projetistas deve contemplar a necessidade de que a criação e as decisões sobre


o processo de projeto devem acontecer de maneira integrada onde a atuação
individual seja orientada pelo objetivo global comum. O projeto, como serviço,
deve perdurar ao longo de todo o empreendimento, se estendendo até mesmo
depois da entrega da obra, durante o uso e manutenção da edificação.
(FABRÍCIO, 2002).

Os sistemas baseados na tecnologia BIM podem ser considerados uma


nova evolução dos sistemas CAD, pois gerenciam a informação no ciclo de
vida completo de um empreendimento de construção, através de um banco
de informações inerentes a um projeto, integrado à modelagem em três
dimensões (NOVAES; COELHO, 2008).

2.7.1 BIM – Building Information Modeling

O BIM provê toda informação necessária aos desenhos, à expressão


gráfica, à análise construtiva, à quantificação de trabalhos e tempos de
execução, desde a fase inicial do projeto até a conclusão da obra. Com
isso, os dados para a validação do projeto são automaticamente associados
a cada um dos elementos que o constituem (MEDEIROS[2], 2009).

O BIM é uma ferramenta que cria informações e documentações


coordenadas, permitindo maior precisão na previsão de desempenhos, aparência e
custos do edifício. O BIM abrange geometria, relações espaciais, indicadores
geográficos, quantidade e propriedades dos componentes e produtos empregados
na obra, além de documentar todos os dados sobre a construção, seu ciclo de vida,
operação, processos construtivos e instalações (MEDEIROS [2], 2009).

Figura 14 - Imagem tridimensional Figura 15 - Imagem tridimensional


de perspectiva da biblioteca da PUC/RJ do térreo da biblioteca da PUC/RJ

Quando o projeto de arquitetura modela o edifício em ferramentas


tridimensionais, o BIM provê os dados e informações necessários à quantificação de
34

trabalhos e tempos de mão de obra, desde a fase inicial do projeto, até a conclusão
da obra e o uso da edificação, automaticamente associados a cada um dos
elementos constituintes (MEDEIROS [2], 2009).

Segundo Medeiros [2] (2009), algumas das principais vantagens do BIM são:

1. Economia de tempo: graças à emissão automatizada dos desenhos em escala, à


verificação do projeto, à eliminação de conflitos entre os desenhos, integração
com as tarefas de orçamentos e quantificações, entre outros;

2. Coordenação de projetos: minimiza erros decorrentes da falta de compatibilização


entre projetos, abastece a produção com informações de maneira industrial e
direta;

3. Especificação: permite a inserção de diversos parâmetros nos elementos do


modelo 3D, possibilitando a extração de tabelas quantitativas, estimativas de
custo, peso e volume.

Figura 16 - Fases da renderização das imagens do projeto da biblioteca da PUC/RJ

2.7.2 Ambientes colaborativos virtuais

Com a introdução de novas metodologias de desenvolvimento de projetos,


como a Engenharia Simultânea (ES) e a Engenharia Colaborativa (EC),
despertou-se para a pesquisa e introdução destes princípios dentro da
indústria da construção. Neste contexto, percebeu-se a viabilidade de
aplicação destas tecnologias no desenvolvimento de projetos de
Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC – Architecture Engineering and
Construction) e também a utilização de ambientes colaborativos, presentes
na Internet, como suporte a esta forma de desenvolvimento de projetos
(ANDRADE JR., 2003).

Os ambientes virtuais colaborativos têm sido aplicados em diversas áreas do


35

conhecimento. Como exemplos, o treinamento em simulação de combate militar,


design e engenharia, treinamento, engenharia de software, medicina, entre outros.
Podendo proporcionar um nível de realismo em uma simulação, de maneira a
permitir que o usuário tenha uma experiência similar àquela situação no
mundo real (OLIVEIRA et al, 2009).

Ambientes Virtuais Colaborativos permitem que usuários localizados em


posições geográficas distintas de colaborar através de uma simulação de
um mundo sintético controlado por computadores, utilizando uma infra-
estrutura de comunicação tal como a Internet (Oliveira et al, 2009).

O site do Portal SISAC (ARANTES, 2009), desenvolvido e mantido pelo


Departamento de Engenharia de Materiais e Construção da Escola de Engenharia
da U.F.M.G. – Universidade Federal de Minas Gerais mostra a seguinte relação de
vantagens e de serviços oferecidos:

1. Simplicidade de operação do sistema

2. Maior comprometimento dos projetistas/coordenação

3. Informações disponíveis para todos os usuários

4. Definição clara de prazos e pendências projetuais

5. Diminuição do número de reuniões

6. Nomenclatura padronizada dos documentos

7. Direitos controlados pelo coordenador para cada usuário do sistema

8. Centralização de documentos e informações

9. Validação de documentos e informações (somente dentro do sistema)

10. Facilidade e rapidez na:

 Distribuição de informações
 Indexação e extração de documentos
 Agendamento de atividades
 Planejamento das atividades
36

 Conhecimento do fluxo de projeto

11. Banco central de dados e documentos do empreendimento;

12. Agilidade na troca de informações entre usuários;

13. Acesso controlado, hierarquizado e customizado para cada usuário;

14. Controle de revisões de documentos;

15. Notificações automáticas, via e-mail, aos usuários do sistema;

16. Acesso online aos arquivos dos projetos;

17. Agenda das atividades do empreendimento;

18. Recursos de busca a documentos e informações;

19. Acesso a outros ambientes da web

Figura 17 - PORTAL SISAC – Gerenciador de Arquivos


37

Figura 18 - PORTAL SISAC - Agenda

Figura 19 - PORTAL SISAC – Administrador 1


38

Figura 20 - PORTAL SISAC – Gerenciador de Informação


39

3 METODOLOGIA

3.1 Considerações metodológicas

O objetivo da pesquisa foi realizar uma extensa pesquisa bibliográfica e


documental para levantar informações acerca da gestão do processo de projeto para
produção de novos empreendimentos da construção civil, bem como das inter-
relações entre empreendedores, projetistas, fornecedores, construtores e usuários.
A pesquisa enfoca a concepção do empreendimento e a integração dos
conhecimentos técnicos de cada um dos agentes envolvidos nessa fase, tendo em
vista suas contribuições para a promoção da sustentabilidade e para a diminuição do
impacto causado ao meio ambiente durante os processos de planejamento,
construção, uso e descarte do produto edificação.

A abordagem escolhida envolve questões sociais e técnicas na determinação


da atual problemática ambiental e energética relacionada à produção e uso das
edificações.

 as questões sociais tratam do desenvolvimento das urbes relacionado à

construção civil e do seu impacto ao meio ambiente;

 as questões técnicas tratam das contribuições que o conhecimento técnico

pode fornecer na gestão dos processos de produção de edificações, para

serem utilizadas na contra-mão dos danos causados pela urbanização e

construção civil.

3.2 Estruturação da pesquisa

Para atingir seus objetivos, esta pesquisa foi estruturada no estudo por
divisão de temas organizados em uma linha vertical, em cuja base estão os
processos de urbanização e construção civil e os impactos ambientais por eles
causados.
40

Imediatamente acima, um rol de acontecimentos que foram demandantes das


preocupações que resultaram em estudos para se encontrar um processo de
desenvolvimento econômico e social, em um primeiro momento focado na
manutenção das fontes energéticas, mas que vem evoluindo com o passar do tempo
para uma preocupação relacionada também à capacidade de assimilação do meio,
processo esse denominado como Desenvolvimento Sustentável.

Na sequência, esta pesquisa passa a estudar os sistemas de gestão da


qualidade na produção, contextualizando-os à realidade nacional, às atividades da
construção civil e às demandas ambientais contemporâneas, de maneira a perceber
em que ponto eles podem colaborar na racionalização da produção de edificações,
buscando reduzir seus impactos ambientais durante as fases de planejamento,
produção, uso e descarte.

A organização ascendente desta pesquisa foi pensada para criar uma


sequência lógica de informações, de modo a permitir que o leitor seja conduzido
linearmente através dos temas, proporcionando uma compreensão por acúmulo de
conhecimentos que, ao final somam-se e estruturam-se de forma conclusiva e
analítica:

3.2.1 Urbanização

Estuda o processo de formação das urbes, que implica, inevitavelmente na


derrubada da vegetação, alteração nos ciclos biológicos da fauna local,
impermeabilização do solo, contaminação dos cursos d’água, emissão de CO2 na
atmosfera, produção de efluentes líquidos e sólidos e uma série de outros impactos
ao meio ambiente. Uma vez que a construção civil está intimamente envolvida no
processo e colabora para o impacto ambiental da urbanização, a ponto de não
poderem ser desvinculadas, ela também é abordada nesse mesmo tópico.

3.2.2 Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável

Estuda os conceitos de sustentabilidade e da evolução do conceito de


desenvolvimento sustentável, desde o seu surgimento e acontecimentos que
demandaram essa nova abordagem, até como é visto contemporaneamente. Nesse
41

tópico, procura-se estabelecer o ponto de envolvimento dos profissionais atuantes


no processo de projeto para produção de edificações e de quais maneiras eles
podem intervir positivamente, de modo a colaborar para a minimização dos
inevitáveis efeitos negativos envolvidos nos processos relacionados à urbanização.

3.2.3 Gestão da qualidade

Como e porque os sistemas de gestão da qualidade vêm sendo implantados


nos projetos de edificações e as suas vantagens sobre o tradicional método de
planejamento sequencial e hierarquizado. Conceitua-se e caracteriza-se o “Projeto”
e faz-se uma demonstração de como são aplicadas as ferramentas do
“Gerenciamento de Projeto”.

3.2.4 Mercados da construção civil e de projetos de edificações no Brasil

A partir da conceituação de projeto e da demonstração de um processo de


gestão da qualidade no projeto, a pesquisa aborda as características dos mercados
da construção civil e de projetos de edificações no Brasil, contemporaneamente, de
maneira a contextualizar-se no tempo e espaço.

3.2.5 Engenharia simultânea

Uma vez estudadas as causas, conceitos e aplicabilidade dos sistemas de


gestão de projetos para a produção de edificações e da sua contextualização à
nossa realidade local atual, procede-se ao estudo da “Engenharia Simultânea” e sua
adaptação ao processo produtivo da construção civil – com o título de “Projeto
Simultâneo”, suas características e sua aplicabilidade na promoção da
sustentabilidade nas edificações.

Ainda dentro do estudo da Engenharia Simultânea, esta pesquisa estuda a


Tecnologia da Informação como ferramenta base para a sua implantação e
funcionamento, através de “ambientes colaborativos” virtuais que possibilitam a
integração simultânea de todo os envolvidos no planejamento e na produção da
edificação. Tais ambientes colaborativos são grandes responsáveis na promoção da
sustentabilidade por permitir a racionalização do uso do tempo, diminuir
42

consideravelmente a necessidade de deslocamentos e reuniões, de retrabalhos e


desperdícios.

3.3 Instrumentação da pesquisa

A pesquisa procurou privilegiar os títulos e pesquisas nacionais, de maneira a


melhor contextualizar a implementação da Engenharia Simultânea aos processos de
projeto e produção na construção civil à realidade brasileira. A pesquisa na World
Wide Web (WEB) foi amplamente utilizada pela facilidade em serem encontrados
pesquisas, artigos e periódicos atualizados relacionados aos assuntos estudados.

A seleção da bibliografia se deu por assuntos, de acordo com a sequência


linear ascendente estabelecida no item 2.2.

Para estudar as questões relacionadas ao meio ambiente, sustentabilidade e


ambiente sustentável foram utilizadas pesquisas e artigos de diferentes autores,
encontradas na WEB em sites de universidades ou de entidades voltadas ao trato
das questões socioambientais;

A validação das informações relacionadas às questões de infraestrutura


urbana e aos dados socioambientais foram obtidos através da consulta à
documentação resultante de pesquisas estatísticas realizadas pelo IBGE – Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística;

As ferramentas de gestão da qualidade foram pesquisadas com o uso de


bibliografia de origem nacional e também estadunidense, como a terceira edição do
PMBoK – Project Management Body of Knowledge Guide, editorado pelo PMI –
Project Management Institute (2004), que reúne um conjunto de conhecimentos
bastante abrangente a respeito do sistema de Gerenciamento de Projeto. Também
foram amplamente utilizadas as pesquisas e artigos científicos de universidades e
instituições brasileiras, como também sites acadêmicos e institucionais;

A Engenharia Simultânea / Projeto Simultâneo foram estudados tendo como


base as pesquisas desenvolvidas pelos pesquisadores e professores vinculados ao
Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia e Gestão de Processos
(GEPE: TGP), do departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola
43

Politécnica da Universidade de São Paulo (PCC-EDUSP), que têm procurado


estudar e caracterizar as mudanças recentes na indústria da construção civil do
Brasil e subsidiar tais mudanças com modernas técnicas e metodologias de
construção e gestão;

A consulta a pesquisadores acadêmicos e profissionais das áreas


relacionadas à gestão da qualidade para produção foi realizada principalmente
através da troca de mensagens eletrônicas via WEB – emails, que foram utilizadas
pela facilidade e agilidade na obtenção de informações de alto nível, extremamente
atualizadas.

Esta pesquisa, portanto, realizou-se basicamente em função de um amplo


estudo de materiais técnicos, gerenciais, acadêmico-científicos e mercadológicos,
devidamente referenciados, visando à estruturação das informações necessárias
para obtenção dos resultados, respectivas discussões e conclusões deste trabalho.

3.4 Estudo de caso

Na dissertação “Estudo comparativo do processo de compatibilização de


projetos em 2D e 3D com uso de TI” de MIKALDO JR (2006), foram
estudados os processos de compatibilização em 2D e 3D, e conceitos e
ferramentas que auxiliam a integração das pessoas e tarefas necessárias
para a realização de um empreendimento.
No primeiro momento o autor entendia que a compatibilização era a solução
para um projeto eficiente e racional, porém, ao decorrer da pesquisa
observa-se que a compatibilização é uma ferramenta que pode remediar a
falta de integração entre a equipe e as tarefas (MIKALDO JR.; SCHEER,
2006).

A edificação empreendida é destinada para fins residenciais e tem uma área


de aproximadamente 3500m2 distribuídos em 13 lajes: subsolo para garagem de
veículos; pavimento térreo com um apartamento, recepção, salão de festas, quadra
poliesportiva, e demais espaços destinados ao lazer dos condôminos; sete
pavimentos tipos com dois apartamentos por andar; duplex inferior; duplex superior;
casa de máquinas e caixa d’água.

A estrutura é de concreto armado constituída de estacas, blocos, pilares,


vigas e lajes nervuradas, e os painéis de alvenaria de blocos cerâmicos são
elementos de vedações.
44

Nas instalações hidráulicas, elétricas e funcionalidades, destacam-se algumas


facilidades: medidores de água individual, sistema individual de aquecimento de
água com recirculação, reservatório de contenção de cheias, sistema de
aterramento atendendo a NR-10, central telefônica para comunicação interna, rede
de lógica com acesso a internet para compartilhamento entre os condôminos, etc.

Os projetos arquitetônico e complementares foram desenvolvidos de maneira


colaborativa com uma equipe multidisciplinar e apoio das ferramentas de tecnologia
de informação, entre as quais se destacam a extranet para troca de informações e
repositório de arquivos, softwares de CAD e desenvolvimento de projetos
complementares (estrutura, hidráulica, elétrica e funcionalidades) e software para
compatibilização de projetos.

A fim de atender as necessidades do contratante os projetos foram


acompanhados pelo grupo gestor que exerceram as atribuições de Gerente de
Projetos, Coordenadores e Compatibilizadores.

A equipe é constituída conta com profissionais de diversas áreas: Arquiteto,


Engenheiro civil, Engenheiro Eletricista, ‘Cadistas’ e outros.

As tarefas foram definidas e adaptadas das diretrizes da Contratante (CEF,


2003), do livro Diretrizes Gerais para Compatibilização de Projetos (SINDUSCON,
1995) e da experiência prática dos coordenadores.

Este empreendimento fez uso do fluxograma de processo de projeto proposto


no artigo Scheer et al (2005) e houve apenas 2 etapas de compatibilização, sendo a
primeira na fase dos estudos preliminares e segunda na etapa dos projetos finais.

Todos os projetos foram elaborados em 3D, porém a compatibilização 3D


aconteceu apenas nos projetos complementares em função da inexistência de
compatibilidade entre os arquivos 3D do projeto arquitetônico desenvolvido com os
arquivos 3D dos complementares.

O projeto estrutural foi desenvolvido com auxilio do software Eberick da AltoQI


que permite a modelagem da estrutura em 3D a partir do lançamento dos elementos
estruturais (pilares, vigas e lajes) no plano 2D, tendo como base a arquitetura que é
importada de um desenho com extensão dxf/dwg.

Todo o lançamento acontece no plano 2D (figura 21). Porém, as informações


45

da cota z (eixo vertical) são informadas no início do desenvolvimento do projeto


(figura 22) e no lançamento de cada elemento estrutural (figura 23). Na seqüência,
de forma automática, o software modela a estrutura e a disponibiliza para a
visualização (figura 24).

Figura 21 – Lançamento dos elementos estruturais no plano 2D

Figura 22 – Configuração das alturas (cota z)


46

(a) (b)

(c)
Figura 23 – Configuração dos elementos estruturais (a) pilar, (b) viga e (c) laje
47

Figura 24 – Modelo 3D da Estrutura

O projeto hidráulico foi desenvolvido com auxilio do software Hydros da AltoQI


que permite a modelagem das instalações hidráulicas em 3D a partir do lançamento
dos elementos (tubos horizontais e verticais e conexões, etc.) no plano 2D, tendo
como base a arquitetura que é importada de um desenho com extensão dxf/dwg.

Como no Eberick o procedimento para modelagem no Hydros é semelhante e


ao final do processo pode-se obter o modelo 3D (figura 25).
48

Figura 25 – Modelo 3D das Instalações Hidráulicas

Do mesmo modo, o projeto elétrico foi desenvolvido com auxilio do software


Lumine da AltoQI que permite a modelagem das instalações elétricas em 3D a partir
do lançamento dos elementos (lâmpadas, interruptores, tomadas, tubulações, etc.)
no plano 2D, tendo como base a arquitetura que é importada de um desenho com
extensão dxf/dwg.

Como no Eberick o procedimento para modelagem no Lumine é semelhante e


ao final do processo pode-se obter o modelo 3D (figura 26).
49

Figura 26 – Modelo 3D das Instalações Elétricas

Com os modelos 3D gerados torna-se possível a sua integração tanto em um


software de CAD que insira arquivos com extensão dxf ou no Software de Análise de
Interferência (SAI) da AltoQi (em desenvolvimento) (figura 27).
50

Figura 27 - Integração dos Modelos 3D (Estrutura, Hidráulica e Elétrica)

Para haver a integração dos modelos 3D de forma precisa é necessário que


os projetos tenham um ponto de origem em comum. Neste estudo de caso utilizou-
se a coordenada (0,0) no canto da escada por ser um ponto em comum na maioria
dos pavimentos (figura 28).
51

ponto de origem
Figura 28 - Visualização das Interferências Físicas 1

As interferências físicas (IF) na integração dos modelos 3D tornam-se visíveis


e de fácil compreensão para os participantes (figura 29).

Figura 29 - IF (Tubulação de Hidráulica furando a Viga)

O compatibilizador repassa as interferências físicas (IF) para os projetistas


analisarem e juntos chegarem a um consenso. Estas informações são repassadas
de forma gráfica e escrita utilizando a extranet de projetos, permitindo o registro das
informações e também a tomada de decisões.

O desenvolvimento dos modelos 3D acontece como parte do processo para o


52

dimensionamento dos projetos, e a integração pode ser feita em questão de


minutos, mas para isso é necessário que os projetistas desenvolvam os projetos em
softwares que permitam a integração dos modelos 3D ao final do processo.
53

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A compatibilização de projetos em 3D aconteceu no fluxo do desenvolvimento


dos projetos e contou com o apoio de todos os agentes envolvidos no processo,
bem como das ferramentas de TI disponíveis para este estudo de caso.

Para avaliar o desempenho do processo de Compatibilização de Projetos em


3D com uso de TI, todos os agentes envolvidos foram entrevistados e abaixo
seguem as observações coletadas a respeito de vantagens e desvantagens:

Tabela 1 – Principais vantagens e desvantagens do processo de Compatibilização de Projetos em 3D


AGENTES ENVOLVIDOS VANTAGENS DESVANTAGENS
1. Facilidade de compreensão das IF
1. Falta de interoperabilidade
a serem resolvidas.
com os softwares de projetos
Arquiteto 2. Verificação de um número maior complementares e
de IF em relação aos processos arquitetônico.
tradicionais (sobreposição de
layers).
1. Redução do número de reuniões 1. Alguns elementos estruturais
para compatibilização, por não podem ser representados
facilidade de compreensão das IF. com a sua forma real por
Projetista de Estrutura limitações de modelagem do
2. Precisão nas posições de furos software, como por exemplo,
em vigas, evitando maiores lajes nervuradas, vigas curvas,
patologias. etc.
1. Alguns elementos não podem
1. Redução do número de reuniões
ser representados com a sua
para compatibilização, por
forma real por limitações de
facilidade de compreensão das IF.
modelagem do software, ex.
Projetista de Instalações 2. Redução do número de quadros, hidrantes, extintores,
modificações por facilidade de etc.
visualização nas tubulações
2. Dificuldade de modificação
horizontais em níveis diferentes.
dos modelos 3D.
1. Falta de interoperabilidade
1. Compreensão rápida do processo
com os softwares de projetos
Executor de execução e logística em função
complementares e
dos modelos 3D.
arquitetônico.
1. Falta de interoperabilidade
1. Rapidez no tempo de integração com os softwares de projetos
dos modelos 3D. complementares e
2. Não necessita calcular as arquitetônico.
Gerente, Coordenador e
inclinações das tubulações para 2. A lista de IF gerada pelo
Compatibilizador
verificação de IF. software ainda está muito
3. Folga no cronograma por rapidez carregada pela falta de filtros (o
no tempo de compatibilização. sistema SAI ainda necessita
está funcionalidade).
1. Facilidade na compreensão dos
projetos com os modelos 3D
integrados. 1. Falta de interoperabilidade
com os softwares de projetos
Contratante 2. Redução de custo por retrabalho complementares e
e desperdício de materiais por IF arquitetônico.
não detectadas em processos
tradicionais.
1. A empresa está trabalhando para 1. Poucos profissionais
Fabricante de Softwares superar as limitações dos habilitados para desenvolver
softwares. projetos em 3D.
54

5 CONCLUSÕES

O Prof. PhD. Eduardo Arantes do Laboratório de Ambientes Colaborativos


Computacionais da UFMG, dentro de uma abordagem econômica da
sustentabilidade fez a seguinte consideração3:

[...] considero que a ES é, e sempre foi, ou se confunde, com o que


chamamos hoje de sustentabilidade. Ao meu ver, o que ocorre nos dias
atuais é que amplificaram o sentido atribuído a ela, por considerar outros
aspectos como os ambientais/ecológicos (propriamente ditos) e os sociais.
Mas no que diz respeito aos econômicos, todas as propostas que visam
redução de desperdícios ou aumento de eficiência do sistema produtivo
(digamos assim) são os mecanismos que temos para efetivar a
sustentabilidade. Pelo menos enquanto mantivermos a nossa matriz
energética como ela é.

Arantes é pesquisador do uso da Tecnologia da Informação pela ES, como


mantenedor do portal SISAC. Trata-se de uma ferramenta que começa, cada vez
mais, a se popularizar. O Ambiente Colaborativo Virtual, que possibilita aos atores
de um mesmo empreendimento interagir, mesmo que geograficamente distantes;
sendo fundamental para o processo de implantação de um sistema de gestão de ES
e/ou PS.

O portal indica sobre como possibilita o aumento da eficiência dos processos


diminui o uso de reuniões presenciais, deslocamentos, telefonemas, elimina
retrabalhos e desperdícios e agiliza as operações, possibilitando a eficiência e a
eficácia no gerenciamento de projeto para produção da edificação. Certamente, ao
final de tudo isso, a conta fecha com um ganho considerável na diminuição do
consumo de recursos financeiros, materiais e de tempo.

Arantes (2009) comentou que a ES aplicada de forma sistêmica e planejada é


um dos caminhos para a sustentabilidade, mas que o custo inicial continua sendo
uma barreira. No entanto, quem a utiliza consegue perceber a ES como
investimento. Arantes informa também que as pesquisas para a medição da
economia proporcionada pelo portal estão em curso, mas que o sistema tem
mostrado uma redução média de prazos na ordem de 10%, com redução de custos
na mesma ordem, apresentando reflexos muito significativos na obra.

3
Anexo 01.
55

Conforme observado no estudo de caso e nos resultados, a compatibilização


de projetos em 3D é possível, embora ainda com algumas limitações. Dentre essas
destacam-se a falta de interoperabilidade dos softwares de projeto arquitetônico e
projetos complementares, falta de profissionais capacitados o desenvolvimento de
projetos de edificações usando software com modelamento em 3D, e algumas
limitações de modelagem e filtro dos softwares.

Por outro lado, verifica-se que as vantagens superam as limitações ao ponto


que o processo de compatibilização de projetos em 3D facilita na compreensão das
IF detectadas, na logística de execução, na redução do número de reuniões e
consequentemente na redução do tempo de execução dos projetos.

O processo de compatibilização de projetos tem como papel principal tornar


os projetos compatíveis.

Portanto, além de detectar as interferências físicas entre os projetos, o grupo


gestor tem que propiciar um ambiente colaborativo necessário à busca das melhores
soluções para tornar os projetos compatíveis. Isto pode ser alcançado com o uso de
extranet de projetos desde que haja atitudes proativas entre todos os participantes.

Os esforços dedicados à elaboração de projetos integrados são inversamente


proporcionais aos esforços dedicados a compatibilização. Se as empresas de
software investirem no desenvolvimento de sistemas que permitam a elaboração de
projetos integrados em ambientes colaborativos via Web, será viável se utilizar os
conceitos de engenharia simultânea e se ignorar fluxogramas com atividades
sequenciais que segmentam as etapas dos projetos.

Contudo, a compatibilização de projetos em 3D pode propiciar uma redução


no custo das edificações, uma vez que a mesma permite integrar os projetos e
detectar incompatibilidades que influenciam na execução com re-trabalho e
desperdício de materiais.
56

6 REFERÊNCIAS

ANDRADE JR., Edivaldo. Proposta de compartilhamento em sistemas


colaborativos de gerência de documentos para arquitetura, engenharia e
construção. Campinas, SP, 2003. Dissertação de Mestrado de Engenharia Civil.
Faculdade de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas.

ARANTES, Eduardo. Departamento de Engenharia de Materiais e Construção da


Escola de Engenharia da U.F.M.G. – Universidade Federal de Minas Gerais. Portal
SISAC. Disponível em < http://www.portalsisac.com.br/portalsisac/>. Acessado em
07 jan. 2010.

ARAÚJO, Márcio. A moderna construção sustentável. Disponível em


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ANEXOS

Anexo 01
From: eduardo ma
Sent: Wednesday, November 11, 2009 9:25 AM
To: zander_arqui@ymail.com
Subject: RE: Por: carlos zander

Carlos,

É isso aí. A ES aplicada de forma sistemica e planejada é um dos principais caminhos para a Sustentabilidade.
A questao do custo é mesmo uma grande dificuldade inicial. Contudo, quem a utiliza consegue perceber a ES
como investimento.

Com relação ao primeiro item, tivemos recentemente a defesa de dissertacao de mestrado de um orientado
meu (Homero Silva Junior)
O trabalho está em fase de revisao final.

No que se refere aos outros dois itens, trata-se do desenvolvimento do sistema SISAC (um trabalho ENORME,
pois temos uma equipe que está criando tecnologia a partir dos recursos das empresas que a utilizam).
Estamos iniciando trabalho de pesquisa (com uma aluna de mestrado) que pretende analisar uma grande
massa de dados das empresas que estao utilizando o SISAC (gestao de projeto e integracao projeto-obra) para
constatar os beneficios.

Além disso e com alguns desdobramentos nesta linhas, co-orientei um trabalho de mestrado da UFSCAR do
aluno Sergio Salles.

No mais, um abraço.

Prof. Eduardo M. Arantes


Laboratorio de Ambientes Colaborativos Computacionais
Escola de Engenharia da UFMG

From: zander_arqui@ymail.com
To: em.arantes@hotmail.com
Subject: Re: Por: carlos zander
Date: Wed, 11 Nov 2009 08:32:51 -0200

Bom dia Professor Eduardo,

Volto a lhe agradecer por sua resposta e me desculpo por lhe estar importunando. Mas a ES tem me
despertado mto interesse.

Vc me colocou q atualmente a ES teve seu sentido ampliado. Mas, em troca de email's com a Prof. Rita há
alguns dias, ela me contou q a ES tem sido utilizada quase q somente para construção de obras rápidas de
shoppings e supermercados, por trabalhar projeto e produção simultaneamente. Ou seja, amplia-se o sentido,
mas restringe-se a aplicação.

Talvez me falte ainda conhecimento suficiente, mas não vejo porq não aplicar a ES em obras q de fato
pretendem ser edificações sustentáveis, seja para qualquer finalidade. Meu desempenho como arquiteto tem se
dado principalmente em projetos de edificações residenciais unifamiliares de alto padrão e corporativas
pequenas e médias, onde há mta resistência qto à inclusão de ítens de sustentabilidade por ser visto como um
custo. Quero tentar modificar esse paradigma tirando proveito da TI, q aí está, na tentativa de facilitar aquela
inclusão de maneira mais eficiente, procurando reduzir custos, tempo e criando uma percepção da necessidade
urgente de buscarmos não impactar o meio ambiente a partir do nosso espaço particular.

Dei uma olhada na sua vasta produção científica, no site do cnpq e, encontrei os títulos de algumas pesquisas,
no entanto, não consegui encontrá-las e gostaria de saber se vc pode me orientar com relação a isso. Elas são:

2007 - 2009 Atividades de Participação em Projeto, Escola de Engenharia, .


Projetos de pesquisa
Melhoria de Obras Públicas pela Aplicação de Metodologias de Engenharia Simultânea em Extranet de
Projeto do LACC-DEMC-UFMG
62

01/2005 - 01/2008 Pesquisa e desenvolvimento , Escola de Engenharia, .


Linhas de pesquisa
Desenvolvimento de Ambiente Colaborativo de Projeto WEB
Gestão do Processo de Projeto

3/2006 - 12/2007 Atividades de Participação em Projeto, Escola de Engenharia, Departamento de Engenharia de Materiais e
Construção Civil.
Projetos de pesquisa
Desenvolvimento e Implementação de Ambiente Colaborativo para a Gestão de Projetos de Edifícios

Penso q são bastante interessantes para minha linha de pesquisa e me dariam um suporte mto importante.

Novamente lhe agradeço por sua disposição e lhe desejo um ótimo dia!

Abrç,
Carlos Zander.

From: eduardo ma
Sent: Tuesday, November 10, 2009 6:50 PM
To: zander_arqui@ymail.com
Subject: RE: Por: carlos zander

Ok, Carlos.

Eu é que agradeço o interesse e desculpe-me pelo e-mail relampago.


Fiquei satisfeito em ler seu texto e verificar que já está bem por dentro do assunto.
Conforme lhe escrevi, considero que a ES é, e sempre foi, ou se confude, com o que chamamos hoje de
sustentabilidade.
Ao meu ver, o que ocorre nos dias atuais é que amplificaram o sentido atribuido a ela, por considerar outros
aspectos como os ambientais/ecologicos (propriamente ditos) e os sociais.
Mas no que diz respeito aos economicos, todas as propostas que visam redução de desperdicios ou aumento de
eficiencia do sistema produtivo (digamos assim) são os mecanismos que temos para efetivar a
sustentabilidade. Pelo menos enquanto mantivermos a nossa matriz energetica como ela é.
Sua preocupação de como as extranets podem melhorar o impacto ao meio ambiente é nossa também e temos
tentado medi-la. Nesse sentido, a integração de toda a informaçao e seus agentes tem mostrado redução de
prazos (em média 10%), custos (associados a redução dos prazos) e melhora substancial da qualidade do
projeto (conforme entrevistas realizadas com coordenadores), com reflexos na obra muito significativos.
Att,

Prof. Eduardo M. Arantes


Laboratorio de Ambientes Colaborativos Computacionais
Escola de Engenharia da UFMG

From: zander_arqui@ymail.com
To: em.arantes@hotmail.com
Subject: Re: Por: carlos zander
Date: Tue, 10 Nov 2009 16:59:59 -0200

Boa tarde prof. Eduardo,

Agradeço sua pronta reposta.

Na verdade já tenho um bom material sobre a ES, incluindo a tese do Prof. Fabrício, q aborda o Projeto
Simultâneo como adaptação da ES para a construção civil e suas vantagens sobre o método tradicional
sequencial e hierarquizado. O q tenho encontrado dificuldade é literatura q aborde a relação entre ES e
sustentabilidade. Meu interesse se deu a partir da aulas de "Coordenação de Projetos" com a prof. Rita Ferreira,
colega do prof. Melhado, q já desenvolveu diversos trabalho com o prof. Fabrício. E decidi estudar a ES pelo
prisma da sustentabilidade, por ser assunto do meu interesse.

Hj, encontrei o site do SISAC e achei bastante interessante e, os tópicos da pag inicial na verdade me foram
até norteadores no estabelecimento dessa relação. O site fala de como o aumento da eficiência dos processos
diminui o uso de reuinões, deslocamentos, telefonemas, elimina retrabalhos e desperdícios e agiliza as
operações. Certamente, ao final de tudo isso, a conta fecha com um ganho considerável na diminuição do
consumo de recursos financeiros, materiais e de tempo.
63

O q quero estudar é como tudo isso pode colaborar, além da economia daqueles recursos e da redução de
resíduos na construção, também para a inclusão de profissionais da área das tecnologias redutoras do impacto
ao meio ambiente no mesmo "ambiente colaborativo", articulando-se mais eficientemente com o processo de
projeto e produção da edificação. Foi por tal motivo q eu lhe escrevi. Para ter maior conhecimento desse
sistema, como o seu funcionamento prático e em q ponto ele poderia facilitar a inclusão dessas tecnologias
redutoras do impacto ao meio ambiente - como reuso de água, painéis fotovoltaicos, telhados verdes, etc. - nas
edificações.

Att.
Arq. Carlos F. R. Zander
zander_arqui@ymail.com

From: eduardo ma
Sent: Tuesday, November 10, 2009 4:09 PM
To: zander_arqui@ymail.com
Subject: RE: Por: carlos zander

Caro Carlos Zander,

Sobre seu pedido, na verdade, a ES existe há muito tempo (> 20 anos) e seus métodos tem intima associação
com o que hoje se intitula sustentabilidade.
O sistema SISAC é TI que utiliza a rede mundial para efetivar os principios da ES.
Então, recomedaria para seu trabalho primeiramente investir na ES e a situar no contexto atual cuja palavra de
ordem é Sustentabilidade.
Para facilitar, leia a tese do prof. Marcio Minto Fabricio da USP de Sao Carlos que acredito ser uma sintese
importante para sua monografia.
Att,

Prof. Eduardo
Laboratorio de Ambientes Colaborativos Computacionais
Escola de Engenharia da UFMG

> To: arantes@ufmg.br; em.arantes@hotmail.com


> Subject: Por: carlos zander
> From: zander_arqui@ymail.com
> Date: Tue, 10 Nov 2009 09:46:40 -0300
>
> Estou realizando monografia de especializaçào em gestão de obras pelo seni pr. Gostaria de ter maiores
informações do vosso sistema para incluir na minha pesquisa sobre o uso da ES para promoçào da
sustentabilidade nas edificações ou como ela pode falcilitar a inclusão de tecnologias promotoras da
sustentabilidade, com foco no projeto.

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