Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais Professor de Deontologia Jurídica e Teoria Geral do Direito da Faculdade de Direito de Campos Membro da Ordem dos Advogados do Brasil - Conselho Seccional de Minas Gerais
A Filosofia Moral (também denominada Ética) é a base da Deontologia Geral e,
consequentemente, da Deontologia Jurídica.
De deontos (dever; o que é obrigatório, justo, adequado) e logos (estudo, tratado), a
Deontologia trata da origem, incidência e efeitos dos deveres, a partir da reflexão sobre o comportamento de valor ideal, fruto do juízo (ético) equilibrado e consciente, conciliador da liberdade individual e da responsabilidade social.
A Deontologia Jurídica deixa de pertencer tão-somente à Filosofia Moral
– onde mantém seus fundamentos – para se consolidar como um ramo/especialização da ciência do Direito, ao tratar das normas jurídicas e princípios doutrinários sistematizados para regular a conduta dos operadores do Direito no tocante aos seus deveres de ordem profissional.
As regras especiais contidas no Estatuto e no Código de Ética da Ordem dos Advogados
do Brasil e nas Leis Orgânicas do Ministério Público e da Magistratura representam o fundamento codificado de Direito positivo objeto da Deontologia. Pela observância destas regras e dos outros amplos aspectos filosóficos embasadores da matéria, constantes da doutrina, dos princípios gerais do Direito, etc., podem os seus agentes caminhar com parâmetros indicadores de que, a cada dever, corresponde uma garantia asseguradora de estabilidade e inibidora de arbitrariedades, dentro de um sistema em que se busca a justiça.
O estudo da Deontologia no âmbito da moral jurídica enseja, desta forma, a uma
revitalização do próprio alento de fidelidade processual, onde a técnica não pode estar dissociada da verdade, que deve dar o tom à manipulação legal.
Além disso, também a vocação dos operadores do Direito é estimulada na disposição de
viver e exercitar o Direito com zelo e consciência, desejo de vitória e justiça, mas sempre legitimados pelas necessárias limitações que o respeito impõe.
Assim, o fim próprio da compreensão deontológica é responder ao problema de como
usar e aplicar o Direito com ética, ou seja, com comportamento (moral) traduzido em ação humanitária, coerente e equitativa, que deve ser justa e verdadeira tanto quanto mais for possível.