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A Concepção de Denys Cuche na diferenciação

teórica entre Cultura e Identidade Cultural


Texto por Luiz Bernardo Barreto

Em sua reflexão, Denys Cuche tenta destrinchar o significado do que seria a chamada "moda"
das identidades. Para o autor, as crises culturais são sinônimos de crise de identidade, que
resultam, por exemplo, no enfraquecimento do modelo de Estado-Nação, da integração de
cunho político e da globalização da prática econômica.

A sociedade multicultural nasce numa concepção de diferença ideológica, somente concebida


a partir dos anos setenta, que faz nascer a individualização e a diversidade no ideário cultural
do indivíduo, ou da sociedade. A noção de cultura é diferenciada da noção de identidade
cultural. A cultura pode existir sem uma estrutura de identidade. Ou seja, ela depende, em
maior parte, de um processo inconsciente. Já nascemos em determinada cultura. Nos é
imposta por via natural. Já a identidade cultural nos vincula aos nossos anseios existenciais,
onde a prática do conhecimento e da vida determina nossa estrutura identitária. A identidade
cultural é um componente da identidade social, que se articula com a classe sexual do
individuo, sua classe de idade, sua classe social. Enfim, seu sistema social.

Dessa forma então, segundo Cuche, entendemos que a identidade, antes de qualquer coisa,
serve para que nos localizemos como individuo, e localizemos pessoas ou grupos simbólicos
ao nosso padrão. Mas devemos apontar a afirmativa do autor, onde diz que a identidade social
é inclusão e exclusão. Da mesma forma que ela atrai, ela segrega. Nessa concepção, a
perspectiva que se tem, é que a identidade cultural se apresenta como uma modalidade
categórica da distinção entre as práticas culturais, que se baseia, nada mais, que nas
diferenças culturais.

"Em uma abordagem culturalista (...) o individuo é levado a interiorizar os modelos culturais que
lhe são impostos, até o ponto de se identificar com seu grupo de origem". Na teoria
primordialista, defende-se que a identidade etno-cultural é primordial porque a vinculação ao
grupo é a primeira e a mais fundamental de todas as ligações da sociedade. O autor cita que
para os objetivistas, determinado grupo só pode reivindicar sua autenticidade na construção de
sua identidade cultural, se esse for dotado de língua e cultura própria, e fenótipo próprio.
Porém, ele também cita a posição dos mais subjetivistas, que afirmam que encarar o fenômeno
dessa forma, é como se parasse no tempo, sendo esse fenômeno algo estático, sem
dinamismo, sempre central e, por imposição, global. Seria uma coletividade invariável e, por
vezes, imutável.

Denys Cuche assegura que o mais viável é fazer uma abstração relacional do significado e
conceito de cultura, uma vez que tomando partida do objetivismo, ou, por contrário, o
subjetivismo cultural, cairíamos no impasse. O contexto da relação entre as teorias nos daria
uma explicação sobre a afirmação ou não da identidade. "A construção da identidade se faz no
interior de contextos sociais que determinam a posição dos agentes, e por isso mesmo
orientam suas representações e suas escolhas". O autor vem por dizer que a identidade se
constrói e se reconstrói de forma constante no interior de trocas sociais.

Dependendo da situação de relação, a auto-identidade pode ter maior ou menor legitimação


diante da hetero-identidade. Como nem todos os grupos têm o poder de identificação, a
identidade é o que está no cerne das batalhas sociais. Porém, o cientista deve explicar os
processos de identificação sem julgá-los. Cabe dizer que o autor enaltece que a ideologia
nacionalista é uma forma de exclusão das diferenças culturais, pois sua lógica se mostra
radical e de purificação étnica.

Há uma flexibilidade na concepção de identidade em Estado-Nação mais novos, de forma que


deixam espaço para a novidade e inovação social. Em tais casos, a fusão e cisão étnica
comportam-se de uma forma a não fazer agir conflitos mais extremos. A maior identificação
com a coletividade, vai nascer da necessidade de solidariedade, que virá em busca do
reconhecimento social. O indivíduo que faz parte de mais de uma cultura, constrói sua própria
identidade fabricando uma síntese inédita a partir desse novo olhar. Isso resulta num
sincretismo cultural, não numa duplicidade, já que se adiciona mais uma concepção de
determinada identidade, e não a substitui.

Quando a identidade se encaixa no padrão das lutas sociais de classificação perante


determinado grupo de indivíduos, buscando a auto-afirmação, entra em voga o conceito de
"estratégia de identidade", sendo esta vista como um meio para garantir e atingir um objetivo.
Dessa forma, o conceito de identidade passa do absolutismo para o relativismo, ou seja, ela se
comporta de acordo com a demanda de seu objetivo. Isso porque ela busca a reprodução ou
reviravolta das relações de dominação que a circunda. Os atores sociais que dão a direção de
sua própria imagem identitária, com o objetivo de usá-la de tal forma para atingir seu objetivo.
Mas essa estratégia não é sinônima de liberdade total na escolha do seu padrão identitário,
pois tais estratégias "levam em conta a situação social, a relação de força entre os grupos, as
manobras dos outros etc".

De forma emblemática ou estigmatizada, a identidade pode servir de instrumento nas relações


entre os grupos sociais. É a vontade, simples sentimento humano, que é determinante na
separação, na "fronteira", de se diferenciar e de se fazer uso de traços culturais, como
apontadores em uma identidade específica. Denys Cuche foi feliz em seus argumentos quando
citou a análise de Barth, onde explicita que "a identidade etno-cultural usa a cultura, mas
raramente toda a cultura". Isso nos faz pensar que, podemos sim nos introduzir em culturas
diferentes e estranhas à nossa, porém nunca deixaremos nossa cultura, aquela arraigada de
nossos costumes e crenças, ser atropelada por uma cultura vivenciada em instantes.

IDENTIDADE CULTURAL

Segundo o antropólogo Denys Cuche (1999), cultura e identidade são dois conceitos que estão
muito imbricados. O autor expõe que é preciso levar em conta a cultura quando falamos em
identidades, mas que é preciso separar um e outro. No seu entendimento, culturas são
processos inconscientes e identidades são processos conscientes. A cultura, segundo o autor,
pode existir sem que haja uma consciência de uma identidade cultura. As estratégias de
construção da identidade podem manipular e modificar a cultura.
Cuche (1999) relata dois tipos de identidade a cultural e a social. A cultura (indivíduo), seria um
conjunto de suas vinculações em um sistema social (classe sexual, classe de idade, classe
social, nacionalidade). Ou seja, permite que o indivíduo se localize num sistema social e seja
localizado socialmente. Já a identidade social dos grupos (coletiva), corresponde à própria
definição do grupo, situando o grupo no conjunto social, isto é, identificando que são os
membros do grupo ? ?nós?, os iguais ? e os distingue daqueles que não são membros ? ?os
outros?, os diferentes de nós. Para Cuche (1999) identidade cultural é uma modalidade de
caracterização da distinção nós/eles, baseada na diferença cultural.
Existem várias concepções de identidade cultural há determinista e essencialistas (objetivistas),
há subjetivista e há relacional e situacional que ultrapassam a dicotomia
objetivismo/subjetivismo.
As concepções objetivistas de identidade culturais são divididas em duas teorias, a
genética/biológica para qual a identidade é vista como uma condição imanente do individuo,
definindo-o de maneira estável e definitiva ? as características e qualidades psicológicas são
vistas como herança biológica; racial. E a teoria Culturalista, a qual define identidade cultural
pela socialização, pela interiorização de modelos culturais que são impostos pelos grupos de
origem e recebidos de forma definitiva pelos indivíduos ? a língua, a cultura, a religião, o
território, a ?personalidade básica?.
Já a concepção subjetiva define a identidade como sendo um sentimento de vinculação a uma
coletividade imaginária (em maior ou menor grau). O que define a identidade são as
representações que os indivíduos fazem da realidade social e de suas divisões (escolha
arbitrária). Ou seja, as identidades culturais são variáveis e efêmeras.
Já a concepção relacional e situacional de identidade cultural, que ultrapassa a dicotomia
objetivismo e subjetivismo, tem como um dos principais teóricos Frederik Barth que conceitua
identidade como sendo uma construção que se elabora em uma relação que opõem um grupo
aos outros grupos com os quais está em contato. Ou seja, a construção da identidade se faz no
interior de contextos sociais que determinam a posição dos agentes e orientam suas
representações e escolhas. A identidade é dotada de eficácia social e produz efeitos sociais
reais.
Portanto, a identidade não é definitiva nem estática. Ela se constrói e se reconstrói
constantemente no interior das trocas sociais e ela existe sempre em relação a outra. A
identificação acompanha a diferenciação. De acordo com Cuche (1999), uma mesma cultura
pode ser instrumentalizada de modo diferente nas diversas estratégias de identificação. A
identidade é o que está em jogo nas lutas sociais (processos de hetero-identidade,
estigmatização, identidade negativa). Na construção da identidade etno-cultural usa-se a
cultura, mas raramente todo a cultura.

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