Vous êtes sur la page 1sur 3

Análise do Conto Missa Do Galo de Machado de Assis

O conto, como podemos observar, se desenrola mais consistentemente no nível


do suspense. Há num primeiro momento, um adultério consentido: o escrivão
Meneses sai de casa para ter um caso com uma senhora divorciada, enquanto
que sua esposa aparentemente demonstra suportar essa situação. O papel
secundário da personagem adúltera do escrivão Meneses vai ser crucial para
entendermos a concepção da história, pois enquanto ele, escrivão, mantém
relação de conjunção com o objeto amor (está em posse de um relacionamento
extraconjugal) sua esposa encontra-se em situação contrária (em disjunção
com o amor).

Pela lógica da própria narrativa sempre haverá uma transformação no


enunciado de estado: ou com o sujeito que esteja em conjunção com um
objeto, ou com o sujeito que esteja em disjunção com um objeto. Nesse caso,
duas personagens se encontram em situações similares de disjunção:
Conceição com o objeto amor, e o Sr. Nogueira com o objeto missa do galo:

“Havendo ajustado com um vizinho irmos à missa do galo (...)”

Conceição, no que se refere ao processo conjuntivo/ disjuntivo, haveria sofrido


de fato uma privação, não só do objeto "amor", mas também do objeto
"respeito", o que dá margens para um comentário crítico do narrador a seu
respeito: “Boa Conceição! Chamavam-lhe a “‘a santa’”.
Entretanto, a partir segunda parte do conto, mais precisamente onde se inicia,
do ponto de vista estrutural da narrativa, o conflito, começamos a perceber  a
transformação dos sujeitos que estão em disjunção dos seus respectivos
objetos. Ainda pela lógica, o sujeito responsável pela privação de Nogueira
seria o tempo, porque o tempo não passa para que Nogueira possa entrar em
posse do objeto “missa”:
“ – Ainda não foi? Perguntou ela. – Não fui; parece que ainda não é
meia-noite.”

Dois aspectos fundamentais; a narração em primeira pessoa e o narrador-


personagem. As personagens agem naturalmente, porém o narrador alterna a
relação distanciamento/presença; ele reconstitui os fatos e, nesse sentido, a
ótica da trama passa pelo crivo da sua concepção pessoal. Há por esse motivo,
uma oposição entre  actante x intérprete, ou seja,  oposição entre aquele que
faz, com aquele que julga. Com esse recurso, o autor Machado de Assis,
consegue dar às personagens dois níveis de ações: as verdadeiras e as
secretas. Fica claro nessas circunstâncias, que o escritor não pretende
estabelecer nenhuma verdade absoluta, mas sim o contrário, que a verdade
depende do ponto de vista de quem as avalia. Nem mesmo o narrador que se
encontra nessa advocacia, não estabelece verdades, mas as manipula. Aí entra
o papel das personagens. Esses sim estipulam verdades e valores absolutos e,
por conta disso, elas criam uma auto-imagem sem saber, subconscientemente,
porque são as manifestações do subconsciente que o narrador deveras está
narrando para nós.

O Sr. Nogueira, se nós não nos libertarmos de nossas verdades absolutas, pode
ser julgado como patético por suas ações inúteis, típicas de um anti-herói.
Conceição, uma mulher passível de mau destino, desvalorizada, desonrada, etc.
Porém, aquelas últimas horas em que se encontram as duas personagens
principais revelaram não ações naturais, mas situações circunstanciais  de
proporção universal, dentro da proposta da escola realista de que Machado faz
parte.

A QUESTÃO DO ADULTÉRIO

Sabe-se que na época em que Machado de Assis escreveu o conto Missa do


Galo, Questões como essa do adultério, ainda mereciam bastantes reflexões.
Contudo, ainda era um grande "tabu", muito mais passível de discursos
conservadores e, conseqüentemente, preconceituosos. O que se depreende do
texto, a primeira instância é que o autor seria a favor do adultério e, que, para
usar uma expressão cotidiana, "chifre trocado não dói", as personagens de
Nogueira e Conceição, nada mais fizeram que jogar com esse ditado popular.
Enfim, os fatos narrados pelo autor, da maneira pela qual ele nos apresenta
não justificam as circunstâncias que provavelmente deduzimos como adultério.
Traição tanto pode ser, desejo de trair, como  o fato propriamente dito,
insinuações, interpretações, etc., ou nenhuma das alternativas. É Isso que, a
meu ver Machado de Assis tenta desvendar em seus vários textos sobre o
tema: a complexidade da temática  Fidelidade X Traição.

Ao contrário do que se costuma dizer a respeito da estética da prosa


machadiana (principalmente as de primeira pessoa), em se tratando de
Realismo ou Naturalismo, José Guilherme Merquior, em sua Breve História da
Literatura Brasileira vai abordá-la sob os aspectos do  Impressionismo.
A prosa de Machado de Assis, a produzida no tardio oitocentos, portanto última
fase do escritor, já carrega aquela mesma idéia dos irmãos Edmond (1822-96)
e Jules (1830-70), a de  “figurar a variedade dos estados mentais com maior
precisão possível”. Deixa de lado a estrutura cronológica linear,  a
impessoalidade e a onisciência tão útil aos realistas e adota o “ponto de vista”
do herói autor e suas análises psicológicas.
Os contos machadianos não fogem à regra, logo, Missa do Galo pode também
ser estudado por esse ponto de vista. Caso o víssemos sob a perspectiva
Realista, a atenção maior estaria voltada aos aspectos técnicos, estruturais e
formais de narrativa e de composição. Ou se ainda estivesse dentro da
concepção naturalista, exploraria o intercurso de forças mecânicas sobre os
indivíduos e seus atos, o caráter e o destino das personagens, a
hereditariedade, como também o ambiente.
Entretanto, o texto em análise convida o leitor a perceber outros fenômenos: os
das impressões. Impressões estas que, de acordo com a leitura que fizemos do
livro “Estilos de Época na Literatura” de Domício Proença Filho, pudemos
constatar algumas características dessa escola que muito se adequa às
encontradas na leitura do conto machadiano:

Tentativa de buscar o tempo perdido através da impressão provocada pela


realidade num momento dado. A vida é um contínuo vir-a-ser: o presente
resulta do passado.

Tentativa de buscar o tempo perdido através da impressão provocada pela


realidade num momento dado.

Referências Bibliográficas.

BARROS, Diana Luz Pessoa de . Teoria semiótica do texto. São Paulo:


Ática. TEIXEIRA, Lucia [1990]

GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. São Paulo: Editora


Ática, 2004.

Merquior, José Guilherme. De Anchieta a Euclides: breve história da


literatura brasileira. Rio de Janeiro, José Olympio, 1977.

PROENÇA FILHO, Domício. Estilos de época na literatura. São Paulo:


Ática, 1989.

Vous aimerez peut-être aussi