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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE


DEPARTAMENTO DE BIODINÂMICA

Análise biomecânica do agachamento

ROGÉRIO PESSOTO HIRATA

SÃO PAULO
2002
Análise biomecânica do agachamento

ROGÉRIO PESSOTO HIRATA

Monografia apresentada à Escola de


Educação Física da Universidade de São
Paulo, como requisito parcial para obtenção
do grau de Bacharel em Educação Física

ORIENTADOR: PROF. DR. MARCOS DUARTE


Análise Biomecânica do Agachamento iii

SUMÁRIO

Página
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................v
RESUMO ................................................................................................................................vii
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................1

2 OBJETIVOS........................................................................................................................3

3 REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................................................4

3.1 FORÇA DE REAÇÃO DO SOLO ........................................................................................6


3.2 DETERMINAÇÃO DAS FORÇAS INTERNAS:......................................................................7
3.2.1 Diagrama de corpo livre......................................................................................7
3.2.2 Forças Articulares .............................................................................................10
3.2.3 Dinâmica inversa...............................................................................................11
3.2.4 Movimento Relativo ...........................................................................................13
3.3 CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS E FUNCIONAIS DO JOELHO ..........................................15
3.4 O MODELO MECÂNICO:..............................................................................................19
3.5 MODELO ANTROPOMÉTRICO DE ZATSIORSKY.............................................................20
3.6 FORÇA COMPRESSIVA PATELOFEMORAL....................................................................21
4 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................26

4.1 DESCRIÇÃO DO AGACHAMENTO BURPEE ....................................................................26


4.2 MODELAGEM DA TAREFA DE MOVIMENTO ..................................................................26
4.3 SELEÇÃO DA AMOSTRA EXPERIMENTAL ......................................................................27
4.4 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO ......................................................................................27
4.4.1 Cinemetria .........................................................................................................27
4.4.2 Dinamometria ....................................................................................................28
4.5 EQUAÇÕES DO DIAGRAMA DE CORPO LIVRE ................................................................28
4.6 TRATAMENTO DE DADOS ............................................................................................30
4.7 LIMITAÇÕES METODOLÓGICAS ....................................................................................31
5 RESULTADOS .................................................................................................................32

5.1 CINEMÁTICA ANGULAR ...............................................................................................32


5.1.1 Ângulo................................................................................................................33
5.1.2 Velocidade .........................................................................................................35
5.1.3 Aceleração .........................................................................................................36
5.2 FORÇA REAÇÃO DO SOLO ............................................................................................37
5.3 FORÇAS INTERSEGMENTARES .....................................................................................38
5.3.1 Tornozelo ...........................................................................................................38
5.3.1.1 Força intersegmentar X ..................................................................................38
5.3.1.2 Força intersegmentar Y ..................................................................................39
5.3.2 Joelho.................................................................................................................41
5.3.2.1 Força intersegmentar X ..................................................................................41
Análise Biomecânica do Agachamento iv

5.3.2.2 Força intersegmentar Y ..................................................................................42


5.4 MOMENTOS INTERSEGMENTARES ...............................................................................43
5.4.1 Tornozelo ...........................................................................................................43
5.4.2 Joelho.................................................................................................................44
6 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO .......................................................................................46

7 REFERÊNCIAS................................................................................................................51
Análise Biomecânica do Agachamento v

LISTA DE FIGURAS

Página
FIGURA 1. APROXIMAÇÃO INVERSA EM CORPOS RÍGIDOS DINÂMICOS (VAUGHAN, 1999). ............... 5
FIGURA 2. DIAGRAMA DE CORPO LIVRE (ADAPATADO DE NIGG & HERZOG, 1994)...................... 8
FIGURA 3. DETERMINAÇÃO ANALÍTICA DAS FORÇAS MUSCULARES E ARTICULARES (MODIFICADO DE
ALLARD ET. AL., 1995). ..................................................................................................... 12
FIGURA 4. VARIÁVEIS BIOMECÂNICAS NA OBTENÇÃO DAS EQUAÇÕES DO MOVIMENTO.................. 13
FIGURA 5. ILUSTRAÇÃO DO MOVIMENTO RELATIVO (ADAPATADO DE MERIAN, 1997)................... 14
FIGURA 6. VISÃO ANTERIOR DO JOELHO COM O CÔNDILO FEMURAL MEDIAL À DIREITA E CÔNDILO
FEMURAL LATERAL À ESQUERDA. O TENDÃO DO QUADRÍCEPS FOI DIVIDIDO E A PATELA FOI
RETRAÍDA DISTALMENTE. AS ESTRUTURAS ENUMERADAS SÃO: 1. LIGAMENTO CRUZADO
POSTERIOR, 2. LIGAMENTO COLATERAL LATERAL, 3. LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR 4.
LIGAMENTO CORONAL, 5. MENISCO MEDIAL, 6. LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL, 7.
RETINACULO PATELAR LATERAL, 8. RETINÁCULO PATELAR MEDIAL. ADAPTADO DE NORDIN ET
AL. 2001........................................................................................................................... 16
FIGURA 7. VISÃO DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO NO PLANO SAGITAL. DIAGRAMA DAS FORÇAS QUE
ATUAM NA ARTICULAÇÃO DO JOELHO. (STEINKAMP ET AL. 1993). ................................... 17
FIGURA 8. DIGRAMA PARA PREDIÇÃO DA FORÇA PATELO FEMORAL APARTIR DO ÂNGULO DO JOELHO
(α), ÂNGULO ENTRE AS FORÇAS (β) E DA FORÇA DO MÚSCULO QUADRÍCEPS (FQ). (ADAPTADO
DE MATTHEWS, 1977).................................................................................................... 22
FIGURA 9. DIAGRAMA DE CORPO LIVRE UTILIZADO POR REILLY E MARTENS EM 1972.............. 23
FIGURA 10. FASES DO AGACHAMENTO BURPEE. ........................................................................ 26
FIGURA 11. ÂNGULO DO JOELHO DURANTE A EXECUÇÃO CORRETA (PRIMEIRO GRÁFICO) E ERRADA
(SEGUNDO GRÁFICO) DO AGACHAMENTO BURPEE. DURAÇÃO EM SEGUNDOS E ÂNGULO EM
GRAUS (º) ......................................................................................................................... 33

FIGURA 12. VELOCIDADE ANGULAR DO JOELHO EM GRAUS POR SEGUNDO DURANTE A EXECUÇÃO
CORRETA (PRIMEIRO GRÁFICO) E ERRADA (SEGUNDO GRÁFICO) DO AGACHAMENTO BURPEE.

DURAÇÃO EM SEGUNDOS E VELOCIDADE ANGULAR EM GRAUS POR SEGUNDO (º/S).............. 35


FIGURA 13. ACELERAÇÃO ANGULAR DO JOELHO DURANTE A EXECUÇÃO CORRETA (PRIMEIRO
GRÁFICO) E ERRADA (SEGUNDO GRÁFICO) DO AGACHAMENTO BURPEE. DURAÇÃO EM
2
SEGUNDOS E ACELERAÇÃO ANGULAR EM GRAUS POR SEGUNDO AO QUADRADO (º/S ).......... 36
: FIGURA 14. MÉDIA E DESVIO PADRÃO DA FRSZ NA EXECUÇÃO CORRETA (LINHA AZUL) E ERRADA
(LINHA VERMELHA) DO AGACHAMENTO BURPEE PARA 10 TENTATIVAS................................. 37
Análise Biomecânica do Agachamento vi

FIGURA 15. MÉDIA E DESVIO PADRÃO DA FORÇA HORIZONTAL NA ARTICULAÇÃO DO TORNOZELO,NA


EXECUÇÃO CORRETA (LINHA AZUL) E ERRADA (LINHA VERMELHA) DO AGACHAMENTO BURPEE

PARA 10 TENTATIVAS. ....................................................................................................... 39

FIGURA 16. MÉDIA E DESVIO PADRÃO DA FORÇA VERTICAL NA ARTICULAÇÃO DO TORNOZELO,NA


EXECUÇÃO CORRETA (LINHA AZUL) E ERRADA (LINHA VERMELHA) DO AGACHAMENTO BURPEE

PARA 10 TENTATIVAS ........................................................................................................ 40

FIGURA 17. MÉDIA E DESVIO PADRÃO DA FORÇA HORIZONTAL NA ARTICULAÇÃO DO JOELHO,NA


EXECUÇÃO CORRETA (LINHA AZUL) E ERRADA (LINHA VERMELHA) DO AGACHAMENTO BURPEE

PARA 10 TENTATIVAS. ....................................................................................................... 41

FIGURA 18. MÉDIA E DESVIO PADRÃO DA FORÇA DE VERTICAL NA ARTICULAÇÃO DO JOELHO,NA


EXECUÇÃO CORRETA (LINHA AZUL) E ERRADA (LINHA VERMELHA) DO AGACHAMENTO BURPEE

PARA 10 TENTATIVAS. ....................................................................................................... 42

FIGURA 19. MÉDIA E DESVIO PADRÃO DO MOMENTO ARTICULAR INTERNO NA ARTICULAÇÃO DO


TORNOZELO NA EXECUÇÃO CORRETA (LINHA AZUL) E ERRADA (LINHA VERMELHA) DO

AGACHAMENTO BURPEE PARA 10 TENTATIVAS ................................................................... 43

FIGURA 20. MÉDIA E DESVIO PADRÃO DO MOMENTO ARTICULAR INTERNO NA ARTICULAÇÃO DO


JOELHO NA EXECUÇÃO CORRETA (LINHA AZUL) E ERRADA (LINHA VERMELHA) DO

AGACHAMENTO BURPEE PARA 10 TENTATIVAS. .................................................................. 44


Análise Biomecânica do Agachamento vii

Resumo

ANÁLISE BIOMECÂNICA DO AGACHAMENTO

Devido ao avanço das pesquisas e a grande velocidade de propagação das


informações, os benefícios que a atividade física traz atinge com mais facilidade as
pessoas da sociedade, levando-as a procurar instituições onde essa prática seja
possível. Comprovação desse fato é o crescente número de academias e seus
alunos. Sendo assim, fica necessário entender o movimento humano, suas causas e
conseqüências. Na análise do movimento humano, a determinação das forças
internas tem extrema relevância. Com essa análise, estudos podem contribuir para
entender o controle do movimento e carga mecânica no aparelho locomotor,
contribuindo de forma efetiva na busca de parâmetros de eficiência do movimento e
proteção desse aparelho.
Neste trabalho, é reportada uma completa análise biomecânica de uma forma
de agachamento comumente executada em aulas de ginástica: o agachamento
Burpee. Serão determinadas variáveis cinemáticas por meio de sistema de vídeo e
variáveis dinâmicas por meio de plataforma de força onde serão registradas as forças
de reação do solo durante execução do movimento. Por último, com o conhecimento
destas variáveis mecânicas e de características antropométricas dos sujeitos sob
estudo, determinou-se por meio do procedimento de dinâmica inversa as forças e
momentos intersegmentares nas articulações do tornozelo e do joelho como
indicadores da carga mecânica em tais atividades físicas.

Palavras chaves: joelho, lesão, cinemática, dinâmica


Análise Biomecânica do Agachamento 1

1 Introdução

A busca de um estilo de vida mais ativa nos dias atuais mostra claramente
uma nova tendência da nossa sociedade. Devido ao avanço das pesquisas e a
grande velocidade de propagação das informações, os benefícios que a atividade
física trás atinge com mais facilidade as pessoas da sociedade, levando-as a
procurar instituições onde essa prática seja possível. Comprovação desse fato é o
crescente número de academias e seus alunos. Para tornar suas aulas mais
atraentes, as academias implantam diversos programas que tendem a misturar
departamentos antes isolados dentro da mesma. É o caso da musculação, das lutas,
das ginásticas de solo e das danças, que antigamente possuíam aulas distintas e
hoje, tendem a serem englobadas na mesma aula. Surge então as famosas aulas de
Body Pump, Boby Combat, Aero-axé, Aero-capoeira, entre outras. A preocupação
perante as possíveis lesões ganha ainda mais lugar no meio cientifico, portanto, o
controle da postura durante a prática do exercício tem sido pesquisado intensamente.
Sendo assim, fica necessário entender o movimento humano, suas causas e
conseqüências. É onde entra a Biomecânica, ela é uma ciência que busca explicar
como as formas de movimento dos corpos de seres vivos acontecem na natureza a
partir de parâmetros cinemáticos e dinâmicos (ZERNICKE, 1981).

Isaac Newton em Philosophiae Naturalis Mathematica (1686), formulou três


leis de movimento que ainda hoje explicam grande parte dos movimentos
encontrados nos nossos dias e são os pilares da Biomecânica. As três leis se
baseiam em provar que, para que haja movimento de um corpo, é necessário a
interação desse com outro corpo, gerando assim força entre as partes. Assim, essa
força promove mudança no estado dos corpos, alterando o movimento. Por exemplo,
essas leis ajudarão a explicar as forças que agem na articulação do joelho nos
movimentos realizados na academia. Na análise do movimento humano, a
determinação das forças internas tem extrema relevância. Com essa análise, estudos
podem contribuir para entender o controle do movimento e sobrecarga no aparelho
locomotor, contribuindo de forma efetiva na busca de parâmetros de eficiência do
movimento e proteção desse aparelho. As forças internas podem ser obtidas por
medidas diretas nas quais são colocados transdutores nas estruturas biológicas a
serem estudadas, ou através de modelos físicos matemáticos, a partir de variáveis
oriundas da dinamometria, da cinemetria e da antropometria. Considerando que as
Análise Biomecânica do Agachamento 2

medidas diretas são extremamente invasivas, a medição direta das forças internas
raramente é viável.

Dentro de todos os exercícios utilizados em academia, o agachamento é um


largamente usado nas rotinas de treinamento de músculos do membro inferior. Ele
pode ser realizado de duas formas: aberta e fechada. De forma resumida, o
agachamento pode ser denominado aberto quando os pés não tocam o chão, ou a
superfície do aparelho durante a execução do movimento (cadeira extensora). A
forma fechada seria quando ambos os pé tocam o chão ou superfície do aparelho
(como o leg-press e o agachamento livre). Porém a característica inerente a todos os
tipos de agachamento, é que ele promove a flexão e extensão do joelho durante sua
execução trabalhando assim os músculos flexores e extensores do joelho.

É comum em ambiente de academia ouvir a instrução de não se passar o


joelho da linha do pé quando é realizado a flexão do joelho durante qualquer
agachamento, já que aumenta a probabilidade de ocorrerem lesões articulares em
angulações maiores, ou seja, não se deve ultrapassar o ângulo de 90 graus entre a
perna e a coxa durante a execução. O grande problema dessa afirmação é que ela
ainda não é uma verdade na literatura. A grande maioria dos estudos referentes a tal
assunto, procura entender as demandas biomecânicas do exercício com a finalidade
de reabilitação da articulação do joelho (fisioterápicos), e não se preocupa com a
execução do agachamento em ângulos maiores que 90 graus, talvez pelo fato de não
ocorrer exercícios desse tipo em uma rotina de reabilitação articular do joelho. Assim,
essa instrução pode ser considerada um mito sem explicação científica, e portanto,
carente de informações que a comprove.

Neste estudo foi escolhido o agachamento Burpee para ser analisado, já que
ele é um exercício largamente utilizado em academias. Sua particularidade é que ele
não é feito com cargas adicionais e sim somente o peso do indivíduo. Neste sentido,
as séries possuem alto número de repetições e baixa carga.
Análise Biomecânica do Agachamento 3

2 Objetivos

O objetivo desse estudo foi o de analisar biomecanicamente o agachamento


Burpee. Para isso foram determinadas variáveis cinemáticas por meio de sistema de
vídeo e variáveis dinâmicas por meio de plataforma de força onde foram registradas
as forças de reação do solo durante execução do movimento. Por último, com o
conhecimento destas variáveis mecânicas e de características antropométricas dos
sujeitos sob estudo, foram calculados por meio do procedimento de dinâmica inversa
as forças e momentos internos como indicadores da carga mecânica em tais
atividades físicas.
Análise Biomecânica do Agachamento 4

3 Revisão de Literatura

O corpo humano pode ser definido como um complexo sistema de segmentos


articulados em equilíbrio estático ou dinâmico, onde esse movimento é causado por
forças internas atuando fora de eixo articular, provocando deslocamentos angulares
dos segmentos, e por forças externas ao corpo. De acordo com ENOKA (2000), força
é um conceito usado para definir a interação de um objeto com o que lhe cerca,
inclusive outros objetos. Pode ser definida como um agente que produz ou tende a
produzir uma mudança no estado de repouso ou de movimento de um objeto.

A biomecânica pode ser dividida em Biomecânica interna e externa, já que


ambas têm particularidades sobre seu meio de atuação. A biomecânica interna se
preocupa com as forças internas, as forças transmitidas pelas estruturas biológicas
internas do corpo tais como forças musculares, forças nos tendões, ligamentos,
ossos e cartilagem articular. Elas estão intimamente relacionadas com a execução
dos movimentos e com as cargas mecânicas exercidas pelo aparelho locomotor,
representadas pelo stress, o estímulo mecânico necessário para desenvolvimento e
crescimento das estruturas do corpo. Conhecer as forças externas tem extrema
importância na medida que ela pode determinar as magnitudes de cargas imposta ao
nosso aparelho locomotor. A determinação das forças internas dos músculos e das
articulações ainda é um problema não resolvido na biomecânica, mas seguramente
constitui-se na base fundamental para a melhor compreensão de critérios para o
controle de movimento (CHAO, 1993).

Os métodos utilizados pela biomecânica para abordar as diversas formas de


movimento são: deslocamento segmentar (cinemetria), força de reação do solo
(dinamometria), antropometria e eletromiografia como representado na Figura 1
(Vaughan, 1999)
Análise Biomecânica do Agachamento 5

Eletromiografia Tensão muscular

Forças e momentos
articulares

Equações de
movimento

Massas segmentares e Velocidades e


momentos de inércia acelerações

Antropometria dos
segmentos Deslocamento Forças de reação
esqueléticos segmentar do solo

Figura 1. Aproximação inversa em corpos rígidos dinâmicos (Vaughan, 1999).

Utilizando-se destes métodos, afinal, o movimento pode ser descrito e


modelado matematicamente, permitindo a maior compreensão dos mecanismos
internos reguladores e executores do movimento do corpo humano.

A cinemetria é o conjunto de métodos que busca medir os parâmetros


cinemáticos do movimento, isto é, posição, orientação, velocidade e aceleração. O
instrumento básico para medidas cinemáticas é o baseado em câmeras de vídeo que
registram a imagem do movimento e então através de software específico calcula-se
as variáveis cinemáticas de interesse. A dinamometria engloba todos os tipos de
medidas de força. As forças externas, transmitidas entre o corpo e o ambiente, isto é,
forças de reação. De particular interesse são as forças de reação do solo
transmitidas na fase se apoio em atividades quase-estáticas ou dinâmicas.
Juntamente com a constante peso corporal, essas forças de reação do solo são,
geralmente, a causa de qualquer alteração do movimento do centro de gravidade. O
instrumento básico em dinamometria é a plataforma de força, que mede a força de
reação do solo (FRS) e o ponto de aplicação desta força. A força de reação do solo
Análise Biomecânica do Agachamento 6

é um conceito usado para descrever a força produzida pela superfície horizontal de


apoio. É deduzida da lei de ação e reação de Newton para representar as reações do
solo às acelerações de todos os segmentos corporais. Por outro lado, a
antropometria se preocupa em determinar características como as dimensões das
formas geométricas de segmentos, distribuição de massa, braços de alavanca,
posições articulares, etc. Vários grupos de pesquisadores dissecaram cadáveres
para deduzir expressões matemáticas simples com as quais se podem estimar várias
dimensões segmentares antropométricas (Chandler, Clauser, McConville, Reynolds
& Young, 1975; Dempster, 1995; Hanavan, 1964;). Como descrito por D. I. Miller,
esses dados básico não são amplos e consistem principalmente em medidas feitas
em indivíduos masculinos e idosos (ENOKA, 2000). Porém Zatsiorsky em 1983,
também deduziu expressões matemáticas que estimava as dimensões segmentares
antropométricas, porém diferentemente dos estudos anteriores, ele utilizou 115
estudantes de educação física (100 homens e 15 mulheres). Por fim, a
eletromiografia mede a ativação elétrica muscular, a qual não mede diretamente a
tensão muscular, porém pode nos dar idéia de como são os padrões de ativação
entre os músculos.

3.1 Força de Reação do Solo

Força de reação do solo descreve a força de reação proferida pelo solo no


momento em que o movimento analisado ocorre. Essa força é usualmente
mensurada a partir de um instrumento denominado plataforma de força, a qual opera
semelhantemente a uma balança convencional, porém de modo mais sofisticado já
que essa tem a capacidade de medir as forças impostas a ela nas três dimensões
usuais (x, y e z) e seus respectivos torques. Dividindo o torque mesurada pela força
correspondente, o centro de pressão na plataforma (COP) é calculado de forma
trivial, calculando exatamente a posição de aplicação da força resultante, bem como
seu deslocamento durante todo movimento. Quando nós calculamos a força de
reação do solo com a plataforma de força, ela representa a soma da distribuição da
força, no caso do presente estudo, sobre o pé, e seu ponto de aplicação sobre o
mesmo corresponde ao COP. Sendo assim o COP é simplesmente o ponto de
aplicação da pressão exercida no pé.
Análise Biomecânica do Agachamento 7

3.2 Determinação das forças internas:

Existem duas abordagens possíveis para a determinação das forças internas:


a medida direta e a medida indireta. Para a medida direta das forças internas, é
necessário realizar incisões próximo ao tendão do músculo que será estudado, e
neste ser inserido um sensor eletrônico que mede diretamente a tração tendínea do
músculo relacionado, procedimento esse muito doloroso e invasivo, levando a
maioria dos seres humanos não se apresentam como voluntários para esse. Sendo
assim fica necessário usar técnicas menos invasivas e mais indiretas para avaliar a
força muscular. A maioria das informações sobre o módulo e a direção da força
muscular deriva de cálculos indiretos. Nesse sentido, numerosas técnicas analíticas
e experimentais tem sido desenvolvidas para contornar esse problema, envolvendo
basicamente dois passos:

• A determinação de forças e segmentos intersegmentares nas articulações


baseada nos dados cinemáticos e cinéticos (problema de dinâmica inversa).

• A divisão das forças e momentos intersegmentares entre os músculos e as forças


de vinco articulares (problema da distribuição).

3.2.1 Diagrama de corpo livre

Na determinação das forças e momentos intersegmentares, as equações para


essa determinação devem ser deduzidas partir da cinemática do movimento
analisado (conceito de dinâmica inversa, explicado mais à frente). Assim, utiliza-se o
diagrama de corpo livre para o modelo de um segmento qualquer do corpo
humano, em duas dimensões. Na análise do movimento do corpo humano são
muitas variáveis que influem na execução da tarefa. O diagrama de corpo livre
reduz a complexidade em uma análise específica. É um diagrama simplificado do
sistema, normalmente um desenho simples, isolado do que há em seu redor, tendo
seu foco de análise (ponto de referência) deslocado sobre o próprio segmento,
tornando-se um problema de movimento relativo o qual será detalhado mais abaixo.
O diagrama de corpo livre proporciona a visão de um corpo, ou parte dele, como uma
entidade isolada no espaço (nesse contexto, um corpo pode ser qualquer coisa que
ocupe lugar no espaço e tenha inércia). O diagrama de corpo livre é uma poderosa
técnica de análise; ele define a extensão de uma análise. Uma vez que a força é o
Análise Biomecânica do Agachamento 8

conceito usado para simbolizar interações entre um sistema e o que lhe está em
redor, um diagrama de corpo livre é um desenho simplificado sobre o qual as forças
externas que influem no sistema são indicadas por setas. Essas setas representam
as forças como vetores (ENOKA, 2000). Portanto, de acordo com NIGG & HERZOG
(1994), iremos adotar o diagrama de corpo livre para um segmento genérico como
descrito na Figura 2.

xi-xi(i-1) xi(i+1)-xi

Fi(i+1)y
Mi(i+1)z
Ji(i+1)=(x i(i+1),yi(i+1))
Fi(i+1)x
FEy
yi(i+1)-yi

rCMi=(xi,yi) E FEx

mig
yi-yi(i-1)
y

Fi(i-1)x
x
Ji(i-1)=(x i(i-1),yi(i-1))
Mi(i-1)z
Fi(i-1)y

Figura 2. Diagrama de corpo livre (adaptado de NIGG & HERZOG, 1994).

É muito importante ater-se ao sinal das forças e momentos calculados para


que se faça uma análise correta do movimento. Se esse for negativo, indica que a
força ou momento tem sentido contrário daquele representado no diagrama. Portanto
é necessário adotar-se uma convenção fixa durante todo o estudo, como visto na
figura 1, onde as forças e momentos representados correspondem às forças e
momentos positivos.

Com a convenção acima apresentada, as equações do movimento para o


segmento i tornam-se:

mi &x&i = Fi ( i +i ) x + Fi (i −1) x + FEx Eq.1

mi &y&i = Fi (i + i ) y + Fi (i −1) y − mi g + FEy Eq. 2


Análise Biomecânica do Agachamento 9

I izϕ&&iz = M i(i+1)z + M i(i−1)z


− (y i(i+1) − y i ) Fi (i +1) x + ( yi − yi (i −1) ) Fi (i −1) x
Eq. 3
+ ( xi (i +1) − xi ) Fi (i +1) y − ( xi − xi (i −1) ) Fi (i −1) y
− ( y E − yi ) FEx + ( x E − xi ) FEy

As Eq. 1 e Eq. 2 são decorrentes da equação de Newton para o movimento


linear, enquanto que a equação dos momentos (Eq. 3) é decorrente da equação de
Euler para o movimento angular relativo a um sistema de referência determinado.

São três os tipos de força que atuam no corpo humano e são representados
no diagrama de corpo livre para cada segmento: as forças de gravitação, as forças
externas e as forças intersegmentares.

Desde que o corpo se encontre em um espaço onde exista gravidade, força


gravitacional está presente em todos os segmentos do modelo e é representado
como um vetor resultante aplicado sobre um único ponto: o centro de gravidade do
segmento. A força de reação do solo (força externa) se distribui sobre uma área de
contato do pé com o chão, e para representá-la como vetor, consideramos como
ponto de aplicação o centro de pressão, e como força de reação do solo, as forças
exercidas pelo solo sobre o pé.

E para calcular os momentos devido a estas forças, este centro de pressão e


de massa deve ser determinado. O centro de massa é de fácil determinação e é
reportado em qualquer tabela antropométrica (detalhado mais a frente). Já o centro
de pressão é dado pela plataforma de força (instrumento utilizado na determinação
da força de reação do solo). Finalmente, as forças intersegmentares devem ser
consideradas no diagrama como sendo a resultante líquida da ação dos músculos e
dos ligamentos que atravessam a articulação. Dessa forma, nenhum efeito de fricção
pode ser analisado separadamente por esta abordagem.

Resumindo, para cada segmento e componente vetorial, temos a seguinte


equação para a somatória das forças:

∑F = F grav + Fext + Fint Eq. 4

Sendo assim, a força gravitacional Fgrav e as forças externas Fext são


facilmente determinadas, e portanto, conhecidas. Juntamente com os dados inerciais
Análise Biomecânica do Agachamento 10

e cinemáticos (ΣF = ma, onde m é dado inercial e a o cinemático), a única incógnita é


a componente da força intersegmentar. Essa resultante decorre do efeito cinético
líquido que cada segmento produz nos segmentos adjacentes, ou seja, é uma
grandeza conceitual que não necessariamente está presente fisicamente em alguma
estrutura anatômica.

Portanto, no sistema de equações de movimento na figura 1, as forças que


causam o movimento, não são conhecidas, mas sim seus efeitos (as posições dos
segmentos em cada momento). Portanto a resolução deste sistema não pode ser
feita pelo método tradicional de integração (SYMON, 1986), mas sim pelo caminho
inverso, a derivação numérica dos dados, conhecido como “problema de dinâmica
inversa em biomecânica” (CHAO, 1993).

3.2.2 Forças Articulares

Quando um sistema para diagrama de corpo livre é produzido, devem ser


levadas em contas, as forças intra articulares que são geradas. Essas forças
resultantes oriundas do contato interósseo entre segmentos corporais adjacentes são
justificadas pelo conceito de força de reação articular.

A força de reação articular representa os efeitos resultantes que são


transmitidos de um segmento para outro e se deve a forças musculares, de
ligamentos e a forças de contato dos ossos que são exercidas sobre a articulação.

A força de reação articular é devido aos tecidos que circundam a articulação,


especialmente aos ligamentos. Porém alguns estudos mostram que os ligamentos
contribuem relativamente pouco para a força de reação articular (Amis, Dowson e
Wright, 1980), enquanto outros reportam que registram que as forças nos ligamentos
cruzados são três vezes maiores do que a do peso do corpo, durante a caminhada
(Collins & O’Connor, 1991). Já a força muscular não apresenta esse problema, ao
contrário, a força articular é definitivamente reconhecida como influenciada pela força
muscular, já que a componente normal da força muscular na articulação contribui
claramente para o aumento da força articular. Sendo assim, como o corpo é formado
por um conjunto de segmentos rígidos ligados entre si e onde as leis de Newton são
aplicáveis, a força de reação do solo é distribuída por todo o corpo e influencia a
força articular.
Análise Biomecânica do Agachamento 11

3.2.3 Dinâmica inversa

Há dois procedimentos para resolver tal problema:

1) O primeiro é medir experimentalmente os dados das posições dos


segmentos e diferenciá-los numericamente para obter as velocidades e acelerações
correspondentes. Substituindo estes dados cinemáticos nas equações de movimento
e conhecendo as medidas antropométricas, pode-se obter um sistema de equações
algébricas. No entanto, os erros nas medidas antropométricas e a diferenciação
numérica, que magnífica os erros experimentais na medida das posições, podem
comprometer a confiança nos resultados obtidos. Sendo assim, é necessária a
utilização de um modelo antropométrico confiável que tenda a diminuir esse erro a
valores mínimos. No nosso caso, utilizaremos o modelo de Zatsiorsky, o qual será
detalhado mais à frente.

2) O segundo procedimento utiliza um processo interativo para determinar


as forças que minimizarão a energia total no movimento, utilizando então critério
ótimos para minimizar a energia. O problema é que a seleção destes critérios carece
de fundamentos fisiológicos e que os valores específicos para as forças de vínculo
não podem ser determinados. Vale ressaltar que estamos falando aqui de critérios de
otimização para as forças e momentos externos e não para as forças internas.

Como dito anteriormente, a medição direta das forças internas é extremamente


invasivo comprometendo drasticamente a viabilidade de qualquer estudo que ele é
envolvido, portanto impróprio para a rotina laboratorial.

Por essas razões, a dinâmica inversa, juntamente com o modelamento do


corpo humano em segmentos articulados, apresenta-se como a alternativa mais
adequada à determinação das forças internas.

A dinâmica inversa é uma poderosa ferramenta para o cálculo das resultantes


das forças musculares nas articulações (CHAO & RIM, 1973). O processo consiste
em obter a descrição cinemática do movimento, os dados antropométricos do modelo
anatômico e as medidas de forças externas ao sistema, que no caso do
agachamento Burpee é a força de reação do solo, para construir as equações do
movimento, conforme indica a Figura 3.
Análise Biomecânica do Agachamento 12

CINEMÁTICA DOS SEGMENTOS E FORÇAS EXTERNAS e


ARTICULAÇÕES MOMENTOS LÍQUIDOS

PROPRIEDADES INERCIAIS DOS DADOS GEOMÉTRICOS DOS


SEGMENTOS E ARTICULAÇÕES SEGMENTOS E ARTICULAÇÕES

DETERMINAÇÃO DAS FORÇAS E


MOMENTOS INTERSEGMENTARES

MODELO MECÂNICO DO APARELHO MODELO FISIOLÓGICO DO


MÚSCULO-ESQUELÉTICO MÚSCULO

DISTRIBUIÇÃO DAS FORÇAS


MUSCULARES E ARTICULARES

Figura 3. Determinação analítica das forças musculares e articulares (Modificado


de Allard et. al., 1995).

A cinemática dos segmentos e articulações juntamente com suas respectivas


propriedades inerciais são grandezas físicas, portanto podemos escrevê-las de modo
matemático onde o deslocamento do segmento é dado por: x,y,z

(linear), φi , θ i , ψ i (angular); a velocidade por: x& , y& , z& (linear), φ&i ,θ&i ,ψ&i (angular); e a

aceleração por: &x&, &y&, &z& (linear), φ&&i ,θ&&i ,ψ&&i (angular); temos o mesmo esquema anterior de
forma mais matemática, como é mostrado na Figura 4.
Análise Biomecânica do Agachamento 13

CINEMETRIA ANTROPOMETRIA DINAMOMETRIA


(video) (modelos) (plataforma de força)

DESLOCAMENTO
parâmetros parâmetros forças
x, y , z geométricos inerciais externas
φi , θ i , ψ i

VELOCIDADE

x& , y& , z&


φ&i ,θ&i ,ψ&i EQUAÇÕES DO MOVIMENTO
r r
∑F
i, j
i, j = m i ai
ACELERAÇÃO r r
∑M i, j = Ii α i
&x&, &y&, &z& i, j

φ&&i ,θ&&i ,ψ&&i

Figura 4. Variáveis biomecânicas na obtenção das equações do movimento.

Portanto, com essa ferramenta fica possível a predição das forças internas de
modo viável.

3.2.4 Movimento Relativo

As leis de Newton, em particular a segunda lei, descreve muito bem a cinética


de uma partícula para a determinação de equações de energia, trabalho, impulso e
momento em um respectivo sistema de referência que é considerado fixo. O mais
próximo de um sistema referencial dito “fixo” é o sistema inercial ou quadro de
referência astronômico, que em termo mais usual na Biomecânica é tratado como
quadro de referência do laboratório, o qual é um eixo imaginário sobre as estrelas, as
quais durante toda a existência humana teve um deslocamento relativo praticamente
nulo, portanto inercial. Então,é considerado que todos os outros sistemas de
referência estão em movimento, incluindo qualquer referência ligada ao movimento
da Terra.
Análise Biomecânica do Agachamento 14

(a) (b)

a
Y Y y
a
-ma
m m x

ΣF ΣF
X X
Figura 5. Ilustração do Movimento Relativo (Adaptado de Merian, 1997).

De acordo com o Meriam e Kraige:em “Enginnering Machanics – Dynamics”


publicado em 1997, a aceleração de um ponto fixo na Terra é muito pequena,
portanto nós não a levamos em conta na maioria dos estudo medidos na superfície
terrestre. Por exemplo, a aceleração do centro da Terra em relação a sua órbita
quase circular ao redor do Sol, considerada fixa, é 0.00593 m/s2, e a aceleração de
um ponto no equador ao nível do mar, considerando o centro da Terra fixo é 0.0339
m/s2. Certamente essas acelerações são pequenas comparadas à aceleração da
gravidade. Portanto nós cometemos um erro, muito pequeno, quando assumimos
que o eixo de referência da Terra é equivalente a um sistema de referência fixo.

Considerando uma partícula A de massa m, Figura 5, onde o movimento é


observado de um sistema de eixos x-y-z, o qual tem um movimento translatório em
relação a um respectivo eixo de referência X-Y-Z. A aceleração de A visto do eixo x-
y-z é arel = aA/B, sendo a aceleração absoluta em A igual a

aA = aB + arel

Sendo assim a segunda lei de Newton ΣF = maA ficamos com:


Análise Biomecânica do Agachamento 15

ΣF = m(aB + arel)

A somatória das forças ΣF é descoberta, como sempre, através de um completo


diagrama de corpo livre o qual deve ser o mesmo para um observador em x-y-z, e
outro em X-Y-Z desde que somente as reais forças atuantes na partícula seja
representada.Nós podemos concluir imediatamente que a segunda lei de Newton
não é válida para um sistema acelerado desde que ΣF ≠ marel.

Portanto, quando uma partícula é vista de um sistema de eixo X-Y-Z, (Figura


5a), sua aceleração absoluta a pode ser medida e a relação ΣF = m a é aplicável
Quando a partícula é observada de um sistema de referência x-y-z, o qual demarca
uma nova origem sendo que essa coincide com a posição da partícula, (Figura 5), a
partícula necessariamente parece estar parada ou em movimento uniforme. Assim,
observador que é acelerado em x-y-z, conclui que uma força –ma age na partícula
para balancear ΣF. Esse vetor –ma foi criticado como inexato por mais de 100 anos,
porém hoje ele é largamente utilizado. Este ponto de vista o qual permite um
tratamento de um problema dinâmico de forma estática, foi um grande legado do
trabalho de D’Alembert contido no seu Traité de Dynamique, publicado em 1773. O
novo tratamento leva então à equação ΣF –ma = 0. Essa força fictícia é conhecida
como força inercial, e o estado artificial de equilíbrio criado é conhecido como
equilíbrio dinâmico. A aparente transformação de um problema na dinâmica em um
estático tem sido conhecido como Princípio de D’Alembert.

As opiniões diferem sobre a original interpretação do Princípio de


D’Alembert, já que ela foi desenvolvida num período quando o entendimento e
experiências com dinâmica eram extremamente limitadas o princípio acabou sendo
explicado em termos dos princípios estáticos que antigamente eram completamente
conhecidos. É difícil explicar a longa persistência na aceitação da estática como um
modo de entender a dinâmica, particularmente na visão de uma procura contínua
pelo entendimento e discrição dos fenômenos físicos nas mais diversas formas.

3.3 Considerações anatômicas e funcionais do joelho

O joelho é uma complexa articulação sinovial do corpo humano e é


conhecido por sustentar a maior parte do peso corporal. Situado entre a articulação
do quadril e do tornozelo ele contribui com ambas as articulações, “em cadeia
Análise Biomecânica do Agachamento 16

cinética fechada” quando suporta o peso corporal e em “cadeia cinética aberta”


promovendo mobilidade. Seu alinhamento e estabilidade depende invariavelmente do
arranjo de cápsulas, ligamentos, menisco e estruturas musculotendinosas como
indicado na Figura 6.

Figura 6. Visão anterior do joelho com o côndilo femoral medial à direita e côndilo
femoral lateral à esquerda. O tendão do quadríceps foi dividido e a patela foi
retraída distalmente. As estruturas enumeradas são: 1. ligamento cruzado
posterior, 2. ligamento colateral lateral, 3. ligamento cruzado anterior 4. ligamento
coronal, 5. menisco medial, 6. ligamento colateral medial, 7. retináculo patelar
lateral, 8. retináculo patelar medial. Adaptado de NORDIN et al. 2001.

Os movimentos do joelho consistem em flexão e extensão combinados


com a rotação interna e externa no plano transverso e com adução e abdução no
plano coronal. Contudo, o movimento principal e de maior amplitude é a flexo-
extensão que se deve principalmente ao movimento dos côndilos sobre a cavidade
glenóide e ao deslocamento dos meniscos. A forma arredondada dos côndilos
permite que eles rolem e deslizem sobre a cavidade glenóide, porém estas duas
ações não ocorrem simultaneamente. A partir da extensão completa, o côndilo
começa a rolar sem deslizar e no final da flexão o côndilo desliza sem rolar, sendo
que o côndilo interno rola nos primeiros 10° a 15° de flexão e o côndilo externo
persiste até 20° de flexão (KAPANDJI, 1980). Além do papel de junções elásticas
que transmitem os esforços de compressão entre o fêmur e a tíbia, os meniscos
Análise Biomecânica do Agachamento 17

também favorecem a mobilidade bem como a estabilidade, onde, a partir da posição


de extensão, retrocedem sobre as glenóides, sendo que o menisco interno retrocede
mais que o interno.

O músculo extensor do joelho é o quadríceps da coxa, é um músculo potente,


possui uma secção transversa média de 148cm2, formado por cinco porções, sendo
quatro monoarticulares (m. vasto lateral, m. vasto medial que esta subdividido em m.
vasto medial longitudinal e m. v. medial obliquo) responsáveis apenas pela extensão
do joelho e um bi-articular (m. reto da coxa) responsável pela extensão do joelho
bem como pela flexão do quadril.

STEINKAMP, DILLINGHAM, MARKEL, HILL e KAUFMAN propuseram em


1993 um trabalho que determinou a força do quadríceps em várias angulações. Para
tanto, foi necessário que eles estabelecessem um diagrama que possui-se as forças
atuantes na articulação do joelho (Figura 7). A força Fq é a força do quadríceps
aplicada na patela, a força Fpl é a força do ligamento patelar, Mact é o braço de
alavanca efetivo e a é a área de contato entre a patela e o fêmur. A força Fpf é a
força de reação patelo femoral, a qual provem de uma relação matemática entre Fq,,
Fpl e o ângulo interno do joelho.

Figura 7. Visão da articulação do joelho no plano sagital. Diagrama das forças


que atuam na articulação do joelho. (STEINKAMP et al. 1993).
Análise Biomecânica do Agachamento 18

Os músculos flexores do joelho são os chamados isquiostibiais e estão


contidos na loja posterior da coxa. São eles m. bíceps da coxa, m. semitendinoso, m.
semimembranoso, m. reto interno, m. poplíteo e m. gastrocnêmio. Os isquiostibiais
são músculos biarticulares, portanto, fazem a flexão do joelho e extensão do quadril,
logo sua ação sobre o joelho é condicionada pela posição do quadril. Os músculos
bíceps da coxa (porção curta) e poplíteo são monoarticulares e possuem ação direta
apenas no joelho. No entanto, o m. gêmeos desempenha um papel importante na
estabilização do joelho.

Outros músculos também desempenham papel de flexor do joelho, bem como


de rotadores externos e internos, são eles: rotadores externos: m. bíceps da coxa-
porção curta (é o único monoarticular) e m. tensor da fáscia lata, agem puxando para
trás a parte externa do platô tibial. O tensor da fáscia lata só se torna flexor e rotador
externo quando o joelho esta fletido; rotadores internos: m. sartório, m. reto interno,
m. poplíteo, agem girando o platô tibial internamente. O m. poplíteo embora situado
atrás da articulação, também é um extensor do joelho

Já a patela é importante para duas funções biomecânicas no joelho. Primeiro


ela auxilia na extensão do joelho promovendo um deslocamento anterior do tendão
do quadríceps, promovendo um braço de alavanca maior entre o centro articular do
joelho e a tração tendínea do quadríceps, implicando que para um mesmo grau de
extensão do joelho, a musculatura precisa realizar menos força do que se a patela
não existisse.

Segundo, ela é a grande distribuidora da pressão no fêmur pelo aumento da


área de contato entre o tendão patelar e o fêmur. A contribuição da patela para o
comprimento do braço de alavanca propiciado pelo músculo quadríceps varia entre a
extensão e a flexão completa do joelho. Na flexão completa do joelho, a patela se
encontra na cavidade intracondilar do fêmur, propiciando pouco deslocamento
anterior do tendão patelar, contribuindo o mínimo para o comprimento total do braço
de alavanca de força do músculo quadríceps, cerca de 10% (Lindahl & Movin, 1967).
Com o aumento do grau de extensão do joelho até 45 graus, a patela se desloca
saindo da cavidade intracondilar do fêmur, deslocando anteriormente o tendão
patelar, passando a contribuir em 30% do comprimento do braço de alavanca do
músculo quadríceps. Com ângulos acima de 45 graus o braço de alavanca tende a
Análise Biomecânica do Agachamento 19

diminuir novamente, com isso, a força do músculo quadríceps tem que aumentar
para manter um mesmo torque.

3.4 O Modelo Mecânico:

No desenvolvimento de um modelo mecânico para o sistema músculo-


esquelético do corpo ou de segmentos específicos geralmente é considerado que a
estrutura esquelética é mantida em equilíbrio por tensões musculares. Todos os
músculos considerados no modelo são tratados como forças de tensão, dirigidas ao
longo das linhas de ligação entre os pontos de origem e inserção (SEIREG &
ARVIKAR, 1973). Então o modelo mecânico consistirá de estruturas rígidas,
representando os segmentos corporais, unidos por juntas com graus de liberdade
variáveis em função da articulação modelada e da complexidade do modelo. Estes
segmentos são ligados, em pontos específicos, por linhas de ação representando os
músculos. Um dos grandes problemas da Biomecânica é a natureza mecanicamente
redundante do sistema músculo-esquelético, havendo músculos que podem
desempenhar funções sinergísticas. Desde que há mais músculos presentes do que
são requeridos para produzir qualquer situação de equilíbrio estático ou padrão de
deslocamento observado pela cinemática, as equações clássicas de análise cinética
não permitem uma solução única das forças musculares cruzando as articulações.
Com o objetivo de calcularmos uma solução única para o problema de distribuição
em biomecânica, o sistema é tornado determinado de duas maneiras:

1) reduzindo o número de incógnitas (método de redução)

2) ou aumentando o número de equações do sistema (método de otimização) até


que o número de equações e incógnitas seja o mesmo.

O método de redução será nossa ferramenta neste trabalho para o cálculo das
forças internas, já que esse tem sido utilizado na determinação de forças no joelho
(MORRISON, 1970) e tornozelo (PROCTER & PAUL, 1982) durante o agachamento.
Neste método, é feito uma série de simplificações funcionais e anatômicas para
reduzir o número de estruturas agentes de força cruzando uma articulação. Músculos
com funções similares ou com inserções e orientações anatômicas comuns podem
ser agrupados juntos. No método de redução geralmente se analisa sistemas
articulares isolados, a ação biarticular de certos músculos, tais como o reto femoral,
Análise Biomecânica do Agachamento 20

não são levadas em conta. A co-ativação de músculos antagônicos é ignorada com o


objetivo de simplificar a análise.

3.5 Modelo Antropométrico de Zatsiorsky

Modelo antropométrico é uma relação matemática para derivar equações de


regressão dos valores antropométricos do segmento.

Zatsiorsky e Seluyanov em 1990 publicaram em estudo que utilizava radiação


de raios gamas para estimar a massa de cada segmento do corpo. Além disso, eles
formularam equações preditivas da localização do centro de massa, momento de
inércia e comprimento do segmento em função da massa e altura do sujeito. Para
isso eles utilizaram uma técnica de radiação que possibilitou-os ter uma amostra
relativamente muito maior que os estudos similares. Outra vantagem dessa técnica, é
que era possível aplicá-la em seres vivos sem nenhum efeito colateral como
mutação, morte celular ou indução de câncer.

Sabendo que quando a radiação gama passa através de uma substância ela
se torna mais fraca, Zatsiorsky e Seluyanov incidiram os raios gamas sobre os
segmentos analisados medindo sua intensidade antes e depois de passar pelo corpo,
assim, a massa dos tecidos sob a ação dos raios pôde ser avaliada pela intensidade
de absorção. Durante o experimento, os sujeitos foram escaneados. O dado na
densidade da superfície (massa por unidade de superfície, g/cm2) e os limites dos
segmentos foram colocados em um computador e analisados. A dose de radiação
não ultrapassou 10 milirads (50 vezes menor que a dose máxima permitida; 20 vezes
menor que a dose obtida por um paciente durante um exame simples de raio-X da
região do tórax).

Durante o escaneamento, o individuo estava em uma posição deitada. Os


limites do segmentos foram identificados com marcas na pele, e o feixe gama
scaneou até passar em cima das marcas. Devido a distância de alguns pontos
anatômicos ser diferente numa posição deitada do que numa postura ereta, algumas
medidas antropométricas foram feitas na posição deitada. O pé e o braço foram
escaneados separadamente do resto do corpo. Durante o escaneamento o braço foi
abduzido de 90 graus para distinguir claramente a massa do braço e a massa do
tronco.
Análise Biomecânica do Agachamento 21

Devido ao grande número de indivíduos utilizados neste experimento (n=115),


e o método utilizado ser confiável, esse modelo será utilizado para quantificar as
características da massa inercial nos segmentos analisados na tarefa de
agachamento.

O grande problema encontrado no modelo de Zatsiorsky é a colocação das


marcas que delimitam os diferentes segmentos, ou seja, ele colocou marcas em
lugares não usualmente utilizados na maioria dos estudos . De acordo com Paolo de
Leva (1996), a razão para esse fato foi que ele utilizou proeminências ósseas como
ponto de referência para a localização do centro de massa dos seguimentos e seus
respectivos comprimentos. Muitas dessas marcas foram colocadas distantes do
centro articular usado pela maioria dos pesquisadores como pontos de referência.
Sendo assim, Leva fez esse estudo em 1996 com o objetivo de ajustar as médias
relativas das posições dos centros de massa e raio de giro reportado por Zatsiorsky,
relacionando-as com as posições de marcas usualmente utilizadas. Assim ele
reformulou as equações deduzidas pelo Zatsiorsky, possibilitando que nós usemos o
modelo antropométrico desenvolvido por Zatsiorsky, utilizando as marcas nos seus
lugares de praxe.

3.6 Força Compressiva Patelofemoral

A força compressiva patelofemoral produz estresse (força compressiva


dividida pela área de contato) na cartilagem articular da patela e superfície patelar do
fêmur. Excessivas forças compressivas e estresse, ou repetitivas ocorrências de
força de baixa magnitude e estresse, podem contribuir para a degeneração
patelofemoral e patologias, como condromalácia patelar e osteoartrites. Existem três
forças agindo na patela durante o agachamento:1) Força tendínea do quadríceps; 2)
Força do tendão patelar, e 3) Força compressiva patelofemoral (como observado na
Figura 7) Durante o agachamento, todas estas forças são afetadas pelo ângulo de
flexão do joelho. Matematicamente, a força compressiva é no joelho mais intensa
quanto maior o ângulo de flexão do joelho, porque existem componentes de força
maiores do tendão do quadríceps e tendão patelar na direção compressiva.
Análise Biomecânica do Agachamento 22

Figura 8. Digrama para predição da força patelo femoral a partir do ângulo do


joelho (α), ângulo entre as forças (β) e da força do músculo quadríceps (FQ).
(Adaptado de MATTHEWS et al., 1977)

Um estudo clássico (MATTHEWS, SONSTEGARD e HENKE, 1977) estimou o


ângulo complementar entre a linha de ação da linha do músculo quadríceps e a linha
de ação do tendão patelar como uma função do ângulo do joelho (Figura 8). Nesta
estimação, eles consideraram que tanto a força do músculo quadríceps quanto a
força do tendão patelar possuíam magnitudes iguais e sentidos diferentes (assim, a
patela funcionaria como uma roldana). Com isso, MATTHEWS e colaboradores
analisaram a relação entre a ângulo de flexão do joelho (α) e ângulo do mecanismo
patelar (β), chegando a uma relação linear forte (r=0.94) expressa pela seguinte
equação: β = 30.46 + 0.53*α. Tendo essa relação bem clara, eles deduziram a força
patelo femoral a partir da força do quadríceps e da força do tendão patelar por meio
da relação de triângulos formulada por Pitágoras, onde a hipotenusa ao quadrado é a
soma dos quadrados dos catetos. Assim, a seguinte formula é deduzida:

Fpatelo-femoral = 2 * Fquadríceps * sen (β/2)

Várias formas matemáticas são expostas na literatura para a determinação da


força do quadríceps. Em 1993, STEINKAMP e colaboradores calcularam a força do
quadríceps no movimento do Leg Press. Em 1998, ZHENG, FLEISIG, ESCAMILLA e
BARRENTINE propuseram uma fórmula de predição da força do quadríceps que
levava em conta a atividade elétrica do músculo (medida pela eletromiografia),
diâmetro e comprimento da musculatura. Em 1972, REILLY e MARTENS
propuseram um diagrama (Figura 9) para estimar a força do quadríceps (F1),
chegando assim na seguinte equação onde Fz é a força de reação do solo, W1 é o
Análise Biomecânica do Agachamento 23

peso da perna e d o braço de alavanca do músculo quadríceps:

F1 = [1/(d*cos(φ)] * [FRZ * CZ – FRX * CX – W1 * C1 * sin (δ)]

Figura 9. Diagrama utilizado por REILLY e MARTENS em 1972

Já em 1984 foi proposto outro método para o cálculo da força muscular do


quadríceps (GROOD, SUNTAY, NOYES e BUTLER, 1984) o qual se baseava em
dividir o momento articular do joelho pelo braço de alavanca efetivo. ZHENG,
FLEISIG, ESCAMILLA e BARRENTINE, em 1998 propuseram a seguinte equação
matemática para predizer esse comprimento do braço de alavanca muscular:

L = BO + B1θ + B2 θ 2 + B3θ 3 + B4θ 4;

Onde:

L = comprimento do braço de alavanca efetiva do músculo

Bn = são constantes diferentes para cada músculo.

θ = ângulo do joelho em graus.


Análise Biomecânica do Agachamento 24

Da extensão completa até a flexão completa, a patela desloca-se


aproximadamente 7 cm na direção distal, com contato femoral na patela mudando na
direção proximal de acordo com a flexão do joelho. O fêmur faz contato com as
facetas medial e lateral inferior entre aproximadamente 20º e 30º de flexão do joelho,
com as facetas medial e médio-lateral entre aproximadamente 30º e 60º, com as
facetas medial e lateral superiores entre aproximadamente 60º e 90º, e com a faceta
medial vertical e a faceta lateral superior entre aproximadamente 90º e 135º
(HUBERTI e WAYES, 1984; HUNGERFORD e BARRY, 1979). Em aproximadamente
90° de flexão do joelho, a faceta medial pela primeira vez faz contato com a margem
lateral do côndilo medial (HUNGERFORD e BARRY, 1979).

Para chegar à pressão patelar propriamente dita, é necessário dividir a força


de reação patelofemoral pela área de contato entre a patela e o fêmur. Alguns
estudos como o de MATTHEWS, SONSTEGARD e HENKE em 1977, utilizaram
cadáveres para estimar a área de contato patelofemoral. Para tal, eles seccionaram o
tendão patelar antes de chegar à patela e pintaram a superfície interior da mesma.
Feito isso, eles determinavam uma certa angulação à perna do cadáver e
pressionavam e patela contra o fêmur (o qual ficava manchado nas regiões onde o
contato ocorreu). Assim, eles calculavam a área manchada no fêmur para determinar
a área de contato na angulação determinada.

Em um estudo mais recente (COHEN, ROGLIC, GRELSAMER, HENRY,


LEVINE, MOW e ATESHIAN, 2001), utilizaram e simulação de computador para
estimar a área de contato e posteriormente a pressão patelofemoral.

Existem seis estudos conhecidos que quantificaram as forças compressivas


patelofemorais durante o agachamento dinâmico (DAHLKVIST e SEEDHOM, 1982;
ESCAMILLA, FLEISIG, ZHENG, BARRENTINE, WILK, e ANDREWS, 1998
ESCAMILLA, ZHENG, FLEISIG, et al., 1997; NISELL, e J. EKHOLM,1986; REILLY, e
MARTENS, 1972; WRETENBERG, FENG, e ARBORELIUS, 1996). Quatro destes
estudos envolveram sujeitos levantando aproximadamente 65–75% de seu 1 RM
durante o agachamento (ESCAMILLA, et al., 1998; ESCAMILLA, et al., 1997;
NISELL, e J. EKHOLM,1986; WRETENBERG, et al., 1996). Escamilla e
colaboradores em 1998, empregaram um modelo matemático da patela (NISELL, e.
EKHOLM,1985) para calcular as forças compressivas como uma função de ângulo
Análise Biomecânica do Agachamento 25

de joelho durante o agachamento livre. Forças compressivas com os joelhos


dobrados, comparadas como as das do joelhos estendidos, eram ligeiramente
maiores durante a descida comparada com a subida.

Durante a descida um pico da força compressiva de 4548 + 1395 N ocorreu


com 85° de flexão do joelho, considerando que durante a subida um pico da força
compressiva de 4042 ±955 N ocorreu à 95° de flexão joelho.

Escamilla et al em 1997, examinou os efeitos de largura de posição e ângulo


de pé nas forças compressivas patelofemorais durante o agachamento livre.
Nenhuma diferença significante nas forças compressivas foram observadas entre os
pés apontando para frente e os pés virados externamente em 30º.

As forças compressivas aumentaram progressivamente com a flexão dos


joelhos e diminuíram com eles estendidos. Os autores reportaram cerca de 15% de
aumento nas forças compressivas na posição mais afastada do pé, comparada com
a posição menos afastada entre 21º e 79º no ângulo de flexão do joelho durante a
descida do agachamento. Nenhuma diferença significante nas forças compressivas
acontecidas entre a posição mais larga e mais estreita durante a subida do
agachamento foi reportada. Somando-se a isso, a descida do agachamento gerou
cerca de 8% a mais de forças compressivas do que a subida do agachamento em
ângulos de flexão altos (entre 79º e 95º), considerando que a subida do
agachamento gerou 16–21% maior força compressiva que a descida do
agachamento em ângulos de flexão baixo do joelho (entre 27º e 63º). Pode ser
inferido destes dados que a posição mais estreita pode ser preferida em relação a
posição mais afastada quando o objetivo for minimizar as forças compressivas.

Os dois estudos finais que quantificaram a força patelofemoral compressiva


foram Dahlkvist e colaboradores, em 1982, e Reilly e Martens em 1986, os quais
encontraram resultados semelhantes aos outros estudos onde a força patelofemoral
compressiva aumenta com a flexão do joelho e diminui com sua extensão, porém os
valores normalizados por eles eram aproximadamente 4 vezes maiores que os
valores normalizados de Escamilla et al (1997 e 1998), Nisell e Ekholm (1986), e
Wretenberg et al. (1996). Embora algumas destas disparidades grandes terem sido
encontrado em valores normalizados, as grandes diferenças podem ser devido as
diferenças metodológicas entre os estudos.
Análise Biomecânica do Agachamento 26

4 Material e Métodos

4.1 Descrição do Agachamento Burpee

O movimento de agachamento Burpee é composto das seguintes fases (Figura


10):

(1) Posição inicial do movimento, indivíduo está na posição ereta com as pernas
semi-afastadas

(2) Flexão do tronco juntamente com a flexão de ambos os joelhos

(3) Apoio das mãos à frente e extensão do joelho, levando o pé para trás

(4) Retorno da perna estendida para a posição flexionada

(5) Posição final do movimento, o indivíduo volta para a posição ereta (posição 1).

1 2 3 4 5

Figura 10. Fases do agachamento Burpee.

A perna de apoio foi o único segmento que tocou a plataforma de força em todo
o experimento. Os pontos que foram analisados estão em vermelho no esquema
acima, sendo assim, durante o movimento, os devidos cuidados foram tomados para
evitar que nenhuma marca refletiva (pontos vermelhos do esquema), fosse
encoberta.

4.2 Modelagem da tarefa de movimento

O membro inferior de apoio durante o agachamento “burpee” foi modelado


como três segmentos rígidos articulados por juntas pontuais do tipo dobradiça e o
Análise Biomecânica do Agachamento 27

movimento foi somente analisado no plano sagital, o principal plano de movimento.


Isto é, foi feita uma análise bi-dimensional do movimento.

O membro inferior de apoio durante o movimento será modelado em três


segmentos: pé, perna e coxa e a definição geométrica do segmento inferior será feita
em função de pontos anatômicos nas articulações. A velocidade de execução da
tarefa foi auto-selecionada, ficando o sujeito livre para executar a tarefa de modo
mais confortável possível. Utilizaremos marcadores refletivos localizados nos
seguintes acidentes anatômicos: trocânter maior, côndilo femoral lateral, maléolo
lateral e 5a articulação metatarso-falangeana. As coordenadas no plano sagital
destes marcadores serão adquiridas a partir de uma câmera de vídeo da imagem do
sujeito em movimento e então transformadas para coordenadas reais pelo método de
transformação linear direta adaptado para duas dimensões.

4.3 Seleção da amostra experimental

Foram estudados quatro indivíduos jovens fisicamente ativo. Com esses


indivíduos pretendeu-se ter uma pequena amostra da população jovem que
freqüenta academias e programas de atividade física na comunidade local.

4.4 Instrumentos de medição

O presente projeto utilizará diversos métodos de medição comuns à


Biomecânica: cinemetria, dinamometria e antropometria (WINTER, 1990) e são
descritos a seguir.

4.4.1 Cinemetria

Para a análise e aquisição dos dados de cinemetria, será utilizada uma câmera
de vídeo modelo JVC GR DVL 9800 e softwares específicos. Com essa informação,
podemos utilizar softwares específicos que nos permite calcular as variáveis
cinemáticas de interesse.
Análise Biomecânica do Agachamento 28

4.4.2 Dinamometria

Para a análise e aquisição dos dados de dinamometria (forças e momentos de


reação do solo e ponto de aplicação da força vertical resultante), será utilizada uma
plataforma de força, baseada em strain gages, modelo OR6-WP-1000 (Advanced
Mechanical Technology Inc). A plataforma de força é um instrumento como uma
balança, a qual mede as forças sobre ela. Uma diferença importante entre a
plataforma de força e a balança normal é que a plataforma de força pode medir a
força de reação do solo em três dimensões, tão rapidamente que há um mínimo de
distorção do sinal. A força resultante de reação do solo pode ser decomposta em três
componentes cujas direções são definidas funcionalmente como vertical (para cima e
para baixo), para frente e para trás e de um lado para outro. Uma vez que a força de
reação do solo medida durante a fase de apoio representa a reação do solo às ações
do sujeito que são transmitidas pela perna de apoio, essas componentes
representam a aceleração do sistema nessas respectivas direções. A extensão do
quanto um segmento influencia a força de reação do solo depende de sua massa e
da aceleração de seu centro de gravidade. Com essa plataforma, teremos a
possibilidade de mensurar as forças e momentos de reação do solo e o ponto de
aplicação da força vertical resultante sobre a plataforma durante o movimento
estudado. Os dados foram adquiridos por um cartão analógico-digital (A/D), com 16
bits de resolução e 64 canais de entrada analógica, modelo PCI 6031E da National
Instruments, interfaciado a um computador padrão PC e gerenciado por software
próprio desenvolvido no ambiente Labview 6i da National Instruments, que também
sincronizará a plataforma de força e a câmera de vídeo. A análise dos dados será
feita por rotinas especificamente escritas no software MatLab 6.1 (Mathworks Inc).

4.5 Equações do diagrama de corpo livre

Para o cálculo dos momentos utilizamos o método de dinâmica inversa onde as


forças e momentos são calculados a partir dos deslocamentos lineares e angulares
dos segmentos. As equações de movimento de Newton-Euler foram deduzidas
utilizando-se o diagrama de corpos livres para cada segmento sob estudo. Com as
características antropométricas do sujeito e os dados cinemáticos dos segmentos, o
sistema de equações é solúvel para as forças e momentos dos segmentos (o sistema
Análise Biomecânica do Agachamento 29

de equações para o pé é resolvido primeiro). Nós usamos um modelo de corpos


rígidos no plano sagital modelado com três segmentos representando o membro
inferior (pé, perna e coxa) conectados por duas articulações tipo dobradiça (tornozelo
e joelho). As equações genéricas aplicadas aos diagramas de corpos livres são:

Para o segmento pé, temos:

F1x = m1.a1x - FRSx Eq. 5

F1y = + m1.g - FRSy - m1.a1y Eq. 6

M1 = FRSy (COPx - x1) - FRSx (y1 - COPy) + Eq. 7


F1x (y12 - y1) + F1y (x1-x12) + I1.α1

Analogamente, para a perna:

F2x = m2.a2x + F1x Eq. 8

F2y = m2.a2y + F1y + m2.g Eq. 9

M2= M1 + F2x (y23 - y2) - F2y (x23 - x2) + F1x Eq. 10


(y2 - y12) - F1y (x2 - x12) + I2 .α2

Sendo que:

x e y: direção horizontal (ântero-posterior) e vertical (crânio-caudal) dos movimentos,


respectivamente;

1 e 2 índice para os segmentos do pé e perna, respectivamente;

FRSx, FRSy: componentes da força reação do solo;

COPi: ponto de aplicação na direção i da FRS.

x1 e y1: coordenadas da origem da plataforma de força em relação ao sistema de


referência do laboratório.

Fi x, Fi y : componente de força intersegmentar na articulação proximal do segmento i;

Mi : componente z do momento intersegmentar na articulação proximal do segmento


i;

Xi , Yi : coordenadas do centro de massa do segmento i;

Xi j , Yi j : coordenadas do centro articular entre os segmentos i e j;


Análise Biomecânica do Agachamento 30

mi : massa do segmento i;

Ii : momento de inércia do segmento i na direção z;

g: aceleração da gravidade (9,8 m/s2);

ai x, ai y : componentes da aceleração linear do centro de massa do segmento i;

αi : aceleração angular do segmento i.

Os momentos intersegmentares para os dos centros articulares, isto é,


tornozelo e joelho, foram considerados como o momento líquido resultante em cada
articulação.

4.6 Tratamento de dados

Para que os cálculos da dinâmica inversa sejam confiáveis, foi necessário que
existisse uma sincronização dos dados da câmera com os dados da plataforma. Para
esse detalhe, foi desenvolvido um sincronizador que emitia dois sinais ao mesmo
tempo, o primeiro era captado pelas câmeras e o segundo pela plataforma. Esse
sincronizador era composto de uma lâmpada e resistores que, quando o interruptor
era acionado, ao mesmo tempo que a luz acendia, uma descarga de 10 volts era
enviada para a borneira que retransmitia o sinal para o computador de aquisição.
Com isso, os dados foram alinhados da seguinte forma: quando a lâmpada era vista
acesa (dado cinemático), significava que este instante coincidia com um pico de 10
volts nos dados cinéticos (plataforma), portanto esse ponto era tomado como marco
de sincronização entre os dois dados.

Será calculada a média aritmética das dez últimas repetições de cada


sujeito para variáveis selecionadas, descritas anteriormente. Após este procedimento
calcularemos o coeficiente de variação (CV), o qual expressa um percentual em
relação ao seu valor médio de cada dado. O CV será calculado a partir da seguinte
equação:

1 n 2
 ∑σ i 
 n i =1 
CV = × 100(% )
1 n
∑ xi
n i =1

Onde:
Análise Biomecânica do Agachamento 31

CV= coeficiente de variação

n = número de intervalos

X1= valor médio da variável no i° intervalo.

σ = desvio padrão da variável xi.

4.7 Limitações metodológicas

É importante delimitar algumas fontes de incerteza encontramos no decorrer do


experimento, considerando-se as restrições ambientais por tratar-se de avaliação em
laboratório:

a) quanto à cinemetria:

Dificuldade de determinação externa do ponto anatômico que representa o eixo


articular; limitação quanto ao modelo bidimensional na reconstrução da imagem para
a determinação de variáveis cinemáticas; admissão de que os corpos analisados
eram não deformáveis, o que não ocorre na realidade, porém essa deformação não é
tão significante neste estudo.

b) quanto à cinética:

Devido a disponibilidade de apenas uma plataforma, o estudo investigará


apenas uma perna (apoio), sendo incerto o comportamento cinético dos outros
membros de apoio, limitando assim as discussões dos movimentos analisados; o
modelo matemático para o calculo das forças e momentos intersegmentares
restringiu-se ao estudo no plano sagital, o que não retrata fielmente o movimento
analisado, porém não afetando de modo significativo a análise desse movimento já
que o mesmo se dá em sua maioria no eixo sagital.
Análise Biomecânica do Agachamento 32

5 Resultados

Por se tratar de uma análise envolvendo diversas grandezas experimentais e


com uma grande complexidade para o presente escopo deste trabalho, optou-se por
descrever por completo as variáveis biomecânicas investigadas para apenas um dos
quatro sujeitos investigados, ressaltando que os outros três sujeitos apresentam
resultados qualitativos similares. Os resultados serão mostrados separadamente
para cada variável investigada, primeiro serão reportados as variáveis cinemáticas e
então as variáveis cinéticas.

5.1 Cinemática angular

A seguir serão descritas as características angulares cinemáticas: ângulo (º),


velocidade (º/s) e aceleração (º/s2) da articulação do joelho nas condições certa e
errada. Em todos os gráficos referentes à cinemática, a linha vermelha representa a
média,a azul o desvio padrão superior e a verde o desvio padrão inferior.
Análise Biomecânica do Agachamento 33

5.1.1 Ângulo

Indivíduo 1

Certo

Errado

Figura 11. Ângulo do joelho durante a execução correta (primeiro gráfico) e errada (segundo
gráfico) do agachamento Burpee. Duração em segundos e ângulo em graus (º)

Nota-se por esse gráficos que durante a execução errada, o ângulo do joelho
alcançou valores muito maiores (110º) do que na execução correta (80º) durante a
Análise Biomecânica do Agachamento 34

fase 3. Outro detalhe são os valores apresentados no eixo das ordenadas, os quais
são sempre maiores que 180 graus. Isso de deve à convenção do softer utilizado
para essa análise. Neste gráfico, 180 graus corresponde a 0 graus na convenção
deste trabalho, o qual coincide com a posição em pé do indivíduo.
Análise Biomecânica do Agachamento 35

5.1.2 Velocidade

Indivíduo 1

Certo

Errado

Figura 12. Velocidade angular do joelho em graus por segundo durante a


execução correta (primeiro gráfico) e errada (segundo gráfico) do agachamento
Burpee. Duração em segundos e velocidade angular em graus por segundo (º/s).
Análise Biomecânica do Agachamento 36

5.1.3 Aceleração

Indivíduo 1

Certo

Errado

Figura 13. aceleração angular do joelho durante a execução correta


(primeiro gráfico) e errada (segundo gráfico) do agachamento Burpee. Duração
em segundos e aceleração angular em graus por segundo ao quadrado (º/s2).
Análise Biomecânica do Agachamento 37

5.2 Força Reação do solo

Os gráficos a seguir representam a força de reação do solo (em Newtons) na


condição certa e errada.

Indivíduo 1

Força de Reaçao do Solo

700
certo
600 errado
FRSz (N)

500

400

300

200

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Duraçao(%)

Figura 14. Média e desvio padrão da FRSz na execução correta (linha azul) e
errada (linha vermelha) do agachamento Burpee para 10 tentativas.

A curva azul que representa a execução correta, teve um CV de 13.8% e um


pico máximo de 550N na posição 4, enquanto a execução errada teve um CV de
14.7% e um pico máximo de 680N também na posição 4.
Análise Biomecânica do Agachamento 38

5.3 Forças intersegmentares

As forças intersegmentares foram decompostas em duas: X e Y. A força X


representa a componente da resultante da força intersegmentar que atua na direção
ântero-posterior da articulação. Já a força Y corresponde à componente céfalo-
caudal da resultante na articulação. As articulações descritas a seguir foram o
tornozelo e o joelho. Foram plotados os gráficos das forças intersegmentares de
cada indivíduo na condição certa e errada.

5.3.1 Tornozelo

A seguir serão mostradas as forças intersegmentares atuantes na articulação


do tornozelo.

5.3.1.1 Força intersegmentar X

O gráfico a seguir representa a força horizontal (em newtons) na condição


certa e errada na articulação do tornozelo.
Análise Biomecânica do Agachamento 39

Indivíduo 1

ForçaHorizontal
Força horizontal no tornozelo
no Tronozelo

80

60
certo
Força Horizontal (N)

40 errado
20

-20

-40

-60
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Duraçao (%)

Figura 15. Média e desvio padrão da Força horizontal na articulação do tornozelo,na


execução correta (linha azul) e errada (linha vermelha) do agachamento Burpee para
10 tentativas.

A curva azul que representa a execução correta, teve um CV de 86.8% e um


pico máximo de 60N na posição 4, enquanto a execução errada teve um CV de
154.9% e um pico máximo de 38N na posição 4.

5.3.1.2 Força intersegmentar Y

O gráfico a seguir representa a força vertical (em Newtons) na condição certa


e errada na articulação do tornozelo.
Análise Biomecânica do Agachamento 40

Indivíduo 1

Força vertical no tornozelo


Força vertical na articulaçao do tornozelo

-200
Força Vertical (N)

-300

-400

-500

-600 certo
errado
-700
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Duraçao (%)

Figura 16. Média e desvio padrão da Força vertical na articulação do tornozelo,na


execução correta (linha azul) e errada (linha vermelha) do agachamento Burpee para
10 tentativas

A curva azul que representa a execução correta, teve um CV de 14.2% e um


pico máximo de 580N na posição 4, enquanto a execução errada teve um CV de
15% e um pico máximo de 680N na posição 4
Análise Biomecânica do Agachamento 41

5.3.2 Joelho

A seguir serão mostradas as forças intersegmentares atuantes na articulação


do joelho.

5.3.2.1 Força intersegmentar X

O gráfico a seguir representa a força horizontal (em Newtons) na condição


certa e errada na articulação do joelho.

Indivíduo 1

Força
Força horizontal
Vertical no joelho
no Tornozelo

certo
errado
Força horizontal (N)

50

-50

-100
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Duraçao (%)

Figura 17. Média e desvio padrão da Força horizontal na articulação do joelho,na


execução correta (linha azul) e errada (linha vermelha) do agachamento Burpee para
10 tentativas.

A curva azul que representa a execução correta, teve um CV de 130.5% e um


pico máximo de 54N na posição 4, porém também apresentou um pico significativo
de 48N na posição 3, enquanto a execução errada teve um CV de 181.2% e um pico
máximo de 38N na posição 4.
Análise Biomecânica do Agachamento 42

5.3.2.2 Força intersegmentar Y

O gráfico a seguir representa a força vertical (em Newtons) na condição certa


e errada na articulação do joelho.

Indivíduo 1

Força vertical no joelho


700

600
Força Vertical (N)

certo
500 errado
400

300

200

100
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 10
Duraçao(%)

Figura 18. Média e desvio padrão da Força de vertical na articulação do joelho,na


execução correta (linha azul) e errada (linha vermelha) do agachamento Burpee para
10 tentativas.

A curva azul que representa a execução correta, teve um CV de 15.5% e um


pico máximo de 550N na posição 4, enquanto a execução errada teve um CV de
16.4% e um pico máximo de 650N na posição 4, porém ocorreu também um pico
significativo de 500N na posição 3.
Análise Biomecânica do Agachamento 43

5.4 Momentos intersegmentares

Os gráficos a seguir mostrarão os momentos articulares internos tanto no joelho


quanto no tornozelo. De acordo com nossa convenção, momento interno positivo no
tornozelo significa flexão plantar, e momento negativo demonstra um momento
interno de flexão dorsal. Já no joelho, momento positivo significará momento interno
extensor, e momento negativo momento interno flexor.

5.4.1 Tornozelo

O gráfico a seguir representa momento articular interno na condição certa e


errada na articulação do tornozelo. Momentos positivos são flexores plantares e
negativos são dorso flexores.

Indivíduo 1

Momento Articular no Tornozelo

-20
Torque (Nm)

-40

-60

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
certo Duraçao (%)
errado

Figura 19. Média e desvio padrão do momento articular interno na articulação do


tornozelo na execução correta (linha azul) e errada (linha vermelha) do agachamento
Burpee para 10 tentativas
Análise Biomecânica do Agachamento 44

O torque na execução certa teve um CV = 130.5%, mantendo-se sempre


próximo ao valor zero e não apresentando picos significativos. O momento na
execução errada teve um CV = 40.9% e denota um pico bem claro na posição 3 do
movimento (cerca de 60 Nm).

5.4.2 Joelho

O gráfico a seguir representa momento articular interno na condição certa e


errada na articulação do joelho. Momentos positivos são extensores e negativos
flexores.

Indivíduo 1

Momento interno na articulaçao do joelho


80

60
certo
40 errado
Torque (Nm)

20

-20

-40

-60

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Duraçao (%)

Figura 20. Média e desvio padrão do momento articular interno na articulação do


joelho na execução correta (linha azul) e errada (linha vermelha) do agachamento
Burpee para 10 tentativas.

O coeficiente de variação observado no movimento correto foi de 41.4%, e no


errado foi de 29.7%. Neste gráfico, torques internos extensores são positivos e
torques internos flexores são negativos. Claramente é observado que de acordo com
o modo de execução da tarefa, o torque interno no joelho muda de sinal, sendo no
correto positivo e no errado negativo. Nota-se também que os pico de torque na
Análise Biomecânica do Agachamento 45

articulação durante o movimento correto se dão nos instantes 2 e 4, e na execução


errada, o único pico se dá na posição 3.
Análise Biomecânica do Agachamento 46

6 Discussão e Conclusão

Como reportado nos dados apresentados anteriormente, podemos notar que de


um modo geral, as demandas mecânicas tendem a aumentar na execução do
movimento durante a execução errada do movimento. Apesar disso, a literatura
revisada só se ateve as forças e torques geradas na articulação do joelho, ficando as
outras variáveis sem respaldo para serem comparadas. Portanto, a maior discussão
será dada em função da variável torque na articulação do joelho.

Nos gráficos do ângulo em função do tempo, a linha vermelha representa a


média e as outras (azul e verde), o desvio padrão. Observa-se um padrão de três
picos bem característicos em ambas as tarefas, onde o segundo pico é sempre maior
já que representa a máxima flexão do joelho (fase 3). Na tarefa errada, o ângulo
aumenta cerca de 30º no ponto de máxima flexão. Nos outros dois picos, não parece
haver diferença significativa entre as duas tarefas.

Nos gráficos da velocidade, a linha vermelha representa a média e as outras


(azul e verde), o desvio padrão. Observa-se um padrão de quatro picos bem
característicos em ambas as tarefas. O primeiro pico corresponde à fase de descida
(flexão do joelho). Na tarefa errada, esse primeiro pico (125º/s), superou de forma
significativa o pico ocorrido na tarefa certa (105º/s), talvez devido ao fato de quando
o indivíduo realiza a tarefa errada, ele dá menos atenção ao controle do movimento,
proporcionando assim maiores velocidades durante o movimento. É claro no
segundo gráfico (errado), que os dois picos que cercam o ponto de máxima extensão
do joelho são maiores e mais bem definidos que na tarefa correta (fase 3). Esse fato
talvez possa ser explicado pelo fato de que para alcançar um grau de flexão maior, é
necessária uma maior velocidade para alcançar e retornar desse ponto.

As acelerações não apresentaram um padrão claro em nenhum dos casos. É


notável apenas que na tarefa errada, ela tende a ser maior talvez devido ao fato das
velocidades serem maiores entre um mesmo espaço de tempo (tempo de execução
da tarefa).

Como observado nos gráficos da FRS em função do tempo, tanto na execução


correta quanto na execução errada parece existir um certo padrão na força de reação
do solo, que consiste em picos na posição 2 e 4 . O maior pico de força de reação do
solo também coincide em ambas as execuções, acontecendo no momento em que o
Análise Biomecânica do Agachamento 47

indivíduo está na fase 4 do movimento correspondente à fase em que ele está


estendendo o joelho para voltar à posição ereta.

Fica claro neste gráfico de força horizontal no tornozelo é maior na execução


certa do que na errada. Na posição 4, enquanto a força na execução errada atinge
magnitude de 30 N, na correta ela chega a 60, ou seja, 100% de aumento de força.
Apesar dessa grande diferença, essa magnitude não é alta e pouco passível de
lesões, motivo esse que talvez essa força não é levada em conta na literatura
quando se fala em lesão no movimento de agachamento.

O indivíduo pesava cerca de 74 quilos, sendo assim, no início do movimento a


força vertical no tornozelo deveria marcar cerca de metade do peso total do indivíduo
(fato comprovado na Figura 16), já que o peso desse é distribuído quase que
igualmente entre os dois pés. Ambas as curvas denotam valores negativos devido à
convenção adotada no diagrama de corpo livre, onde as forças apontadas para o
centro da Terra levam o sinal negativo com elas. Assim, na execução correta, o
mínimo valor desse vetor é cerca de 300 N na posição 1, e o máximo valor é cerca
de 505 N na posição 4. Esse pico pode ser explicado pelo fato que na posição 4, o
indivíduo está se levantando, gerando assim uma maior FRS, que se propagará no
mesmo sentido na articulação do tornozelo. Já na execução errada, o mínimo valor
desse vetor é cerca de 260 N também na posição 1, e o máximo valor é cerca de 650
N também na posição 4, sendo a explicação a mesma da execução correta.

Com o gráfico de força horizontal no joelho (Figura 17) nota-se que na execução
errada, essa força se manteve mais próxima no valor nulo do que na execução
correta. Além disso, na posição 3 o pico na execução errada foi cerca de 20N e na
certa 45N, indicando assim que essa variável vista isolada mostra-se muito maior
(mais de 100%) na execução correta, gerando assim, um torque maior na articulação
do joelho do que no modo errado. Porém, é conveniente lembrar que o pico desta
força é pequena comparada com a força vertical no joelho, contribuindo assim, pouco
na demanda total mecânica na articulação do joelho no movimento de agachamento.

Já a força vertical no joelho atinge as maiores magnitudes das forças aqui


reportadas (Figura 18), sedo que seus valores mínimos chegam a 200N (mais de
quatro vezes maior que a o pico de força horizontal no joelho). Sendo assim, são elas
que contribuem para o valor do torque obtido na articulação do joelho no movimento
Análise Biomecânica do Agachamento 48

analisado e um dos prováveis responsáveis pela lesão que ocorre na articulação do


joelho.

O torque no tornozelo (Figura 19) se mantém baixo durante a execução


correta (cerca de 10Nm de pico máximo) enquanto que na execução errada, o pico
chega a aproximadamente 60Nm. Apesar dessa grande diferença e aumento claro
na demanda mecânica, na execução errada, sobre a articulação do tornozelo, na
literatura revisada, esse torque não foi em nenhum momento citado. Talvez a razão
para isso, seja que no cotidiano, as lesões e reclamações estão sempre ligadas à
articulação do joelho e nunca à articulação do tornozelo.

Todos os estudos reportados relacionaram lesão no joelho com a pressão


patelofemoral. TORZILLI, GRIGIENE, BORRELI, et al, em 1999 afirmaram que
impactos de estresses entre 15 a 20 MPa, causa morte de células e ruptura na matriz
do colágeno, aumentando a concentração de água no tecido. Além disso, existem as
fraturas por estresse, que em geral são geradas a partir de baixas magnitudes e alta
freqüência. Alguns estudos relacionaram esse problema, reportando que um evento
biomecânico ou bioquímico que gerou uma leve lesão na cartilagem, pode ser
gradativamente agravado com níveis de estresses normais, induzindo a degeneração
e posterior morte do tecido (ARROL, ELLIS-PEGLER, EDWARDS, et al, 1997;
BUCKWALTER, ROSENBERG, CUTTS, et al, 1988; MOSKOWITZ, 1992).

Não foram encontrados estudos que procuram investigar a demanda


mecânica no movimento de agachamento comparando-o em duas formas de
execução do mesmo exercício. A maioria dos estudos promoveram uma flexão em
média de 90 graus e variava o posicionamento dos pés (ESCAMILLA et al, 1997) ou
da barra (WRETENBERG et al. 1996) durante a execução, o que impossibilita obter
dados concretos sobre ângulos maiores e comparar um mesmo exercício realizado
de duas com duas amplitudes diferentes de flexão do joelho.

Os estudos que quantificaram a área de contato patelofemoral (MATTHEWS,


SONSTEGARD e HENKE ,1977; COHEN, ROGLIC, GRELSAMER, HENRY,
LEVINE, MOW e ATESHIAN, 2001), mostram que essa área de contato diminui
quanto maior o ângulo de flexão do joelho. Em adição, os estudo que calcularam a
força do quadríceps também mostraram que essa tende a aumentar de acordo com o
aumento do ângulo de flexão do joelho em agachamento de cadeia cinética aberta
(COHEN, ROGLIC, GRELSAMER, HENRY, LEVINE, MOW e ATESHIAN, 2001;
Análise Biomecânica do Agachamento 49

ZHENG, FLEISIG, ESCAMILLA e BARRENTINE, 1998; REILLY, e MARTENS,


1972). Utilizando a equação proposta por Matthews em 1977 e as informações
descritas acima, podemos inferir que a pressão patelofemoral aumenta de acordo
com o aumento do grau de flexão do joelho, já que o quociente da divisão entre a
Força de reação patelofemoral (que tende a aumentar) pela área de contato
patelofemoral (que tende a diminuir), aumentará.

Desse modo, notamos que no agachamento Burpee, a posição 3 (Figura 10) é


a mais favorável a apresentar picos de pressão patelofemoral, já que essa
corresponde a uma fase onde o grau de flexão do joelho é máximo, sendo esse o
ponto crítico do movimento.

Como visto, o torque interno na articulação do joelho dividido pelo braço de


alavanca efetivo do músculo quadríceps (que tende a diminuir com o aumento do
grau de flexão do joelho como descrito por GROOD, et al, em 1984) nos dá como
resultado a força muscular do quadríceps, a qual se eleva juntamente com o
aumento do ângulo de flexão do joelho. Então, picos de torque no joelho durante a
fase 3 do agachamento Burpee, podem mostrar indicativos de lesão articular.

Sendo assim, quando comparado as magnitudes de torque no joelho na fase 3


do agachamento, notamos comportamentos completamente diferentes entre a
execução correta e errada (Figura 20). Na execução correta a magnitude do torque
se aproxima claramente do valor nulo enquanto na errada tende a aumentar até a
máxima flexão (fato também observado no estudos de Steinkamp, et al, 1993 e Wilk,
et al, 1996), alcançando picos de 75Nm. Mesmo que esse pico seja bem maior que
comparado com a execução correta, ele é ínfimo comparado a estudos onde o
agachamento é realizado com cargas adicionais, porém, o problema do Burpee, é
sua característica de prática, onde o praticante realiza centenas de repetições em
cada rotina de treino, podendo levar a uma fratura por estresse (ARROL, ELLIS-
PEGLER, EDWARDS, et al, 1997; BUCKWALTER, ROSENBERG, CUTTS, et al,
1988; MOSKOWITZ, 1992).

Apesar do pico do torque na execução correta se aproximar de zero, não é


possível afirmar que a força muscular do quadríceps é nula, já que esse torque
calculado representa a diferença entre o torque gerado pelos músculos extensores
menos o torque gerado pelos músculos flexores. Assim, existe a possibilidade da
força patelofemoral ser tão grande ou maior quanto na execução errada, o que
Análise Biomecânica do Agachamento 50

denota uma limitação do nosso estudo. O aumento da força de reação patelofemoral


foi deduzida empiricamente já que a mesma não foi calculada. Próximos estudos
retomarão esse item e procurarão afirmar com mais certeza sobre as lesões
inerentes a essa prática de exercício.

Com isso, os dados indicam que a execução errada do agachamento Burpee


pode aumentar o risco de lesão no aparelho locomotor do indivíduo, sendo a
intervenção e instrução do profissional de educação física imprescindíveis para
manutenção da saúde de seus alunos.
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