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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA POLITÉCNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA CAL HIDRATADA


NAS PASTAS DE GESSO

RUBIANE PAZ DO NASCIMENTO ANTUNES

São Paulo
1999
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA POLITÉCNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA CAL HIDRATADA


NAS PASTAS DE GESSO

RUBIANE PAZ DO NASCIMENTO ANTUNES

Dissertação apresentada à Escola Politécnica


da Universidade de São Paulo pra obtenção
do título de Mestre em Engenharia

Área de concentração :
Engenharia de Construção Civil

Orientador:
Vanderley Moacyr John

São Paulo
1999
Antunes, Rubiane Paz do Nascimento
Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso.
São Paulo, 1999.
145p.

Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica da Universidade


de São Paulo. Departamento de Engenharia de Construção Civil.

1. Gesso 2. Pastas de gesso e cal 3. Tempo útil .


Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de
Engenharia de Construção Civil. II. t
Aos meus pais, Rubens e Aliane,
cujo imenso amor fez com que 2.660 km
parecesse o quarto ao lado.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a
b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o
princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do
Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a
b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o
princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do
Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a
b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o
princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do
Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7

O te m o r
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a
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Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a

d o S e nho r
b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o
princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do
Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a
b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o

é o p rincíp io d a
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Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
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b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o
princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do

s a b e d o r i a.
Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a
b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o
princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do
Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a
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princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do
Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7

Pro v 1:7
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a
b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o
princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do
Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a
b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o
princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do
Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a
b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o
princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do
Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7
Adquire a s a b e d o r i a,
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a
adquire o e n t e n d i m e n t o,
b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o
princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do
e não te esqueças das
Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
p a l a v r a s da minha boca,
a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a
b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o
nem delas te apartes.
princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do
Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7
Não a desampares, e ela te guardará;
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a
a m a - a, e ela te protegerá.
b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o
princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do
Prov.
Prov. 4:5-6
Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a
b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o
princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do
Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7
O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i a. Prov 1:7 O temor do Senhor é o princípio da s a b e d o r i
AGRADECIMENTOS

Caro navegante,

Bem-vindo a bordo do Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso!


Esta nau que agora aporta em suas mãos, apesar de ser atribuída apenas à minha pessoa,
teve outros culpados além de mim.
Se você voltar três páginas, verá o nome do meu querido orientador, Vanderley John, que
com muita paciêêêência deu as diretrizes necessárias à sua construção. Agora vá para o
final do trabalho. Você deve encontrar as referências bibliográficas. (Como elas não estão
aí? O que? brincadeira? Ufa, ainda bem.) Viu todos aqueles nomes? Pois é, todas essas
pessoas, de alguma forma, também contribuíram para o desenvolvimento do trabalho.
Isso é o que pode ser encontrado dentro da embarcação, mas não é tudo. Convido você a
vir comigo e ver além destas páginas. Vou te apresentar a pessoas que, citadas ou não nas
referências, também tiveram papel importante no desenrolar dessa história.
Aquela é a Profa Maria Alba Cincotto, que deu uma contribuição inestimável durante a
revisão bibliográfica e no transcorrer da construção da estrutura deste navio.
Esta é Claudia Oliveira, que sempre esteve disposta a ouvir, e o que é pior, a ajudar a por
em prática minhas idéias mirabolantes. Sem mencionar que ela também ajudou muito a
empurrar esse barco para fora do estaleiro!
Por falar nisso... Essa é Eliana Taniguti, que apesar desses olhinhos puxados é minha irmã
de “sangue”. Ela também deu um empurrão decisivo na hora em que a nave insistia em não
querer sair da terra seca rumo à imensidão do mar de prateleiras da biblioteca.
Essas duas são Neide Sato e Kai Uemoto. Elas têm uma contagiante alegria e disposição
para ajudar. Neide colaborou muito na hora do tratamento dos dados e Kai fez parte do
pelotão de “empurradores de navio”.
Essa é Artemária, também conhecida como Istemária. Ela é mestra na arte de tornar o
mundo um lugar melhor para se viver e com isso colaborou para que minhas faculdades
mentais permanecessem em perfeito estado, sem mencionar o fato de ter agüentado meu
mal humor matutino sem me afogar.
Aquele com a camisa do Palmeiras é Fausto. Ele também colaborou para a manutenção da
minha sanidade mental seqüestrando-me, literalmente, do oceano do estresse diversas
vezes.
Essa é Yêda. Ela me deu guarida quando aportei desorientada a terra dos bandeirantes.
Esse é Júlio Lindo, campeão absoluto de solidariedade destas paragens. Ele também é
integrante dos “empurradores de navio”. Aliás, essa ONG extrapolou os limites do porto
da egrégia Escola Politécnica, invadiu o mar de poluição que banha a paulicéia desvairada
para arrebanhar membros nas lonjuras da Moóca, de Santana e de Alphaville. De lá vieram
Ivani, Paula Patrícia e Fabiola que também fizeram força na hora de expulsar o galeão do
estaleiro. Teve também Denise, que até que queria ajudar, mas estava numa incursão na
imensidão do mar de poros das pastas de cimento com polímeros mil.
Essas são Maristela, Palmyra e Vanessa. As três sempre me incentivaram e até puxaram
Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
minha orelha para garantir que essa galé chegasse a bom termo.
Aquele é o colega Regattieri. Ele providenciou artigos imprescindíveis para que eu
completasse satisfatoriamente os créditos, além de estar sempre pronto a ajudar a juntar os
paus para fazer a jangada.
Essa é Jussara. Ela esteve sempre presente na bonança e nas tempestades que assolaram o
estaleiro durante a construção. Sua generosidade é traço de família, e que família! Ivani,
Edson, Antonieta e Francisco me adotaram e deram aos meus domingos cara de Domingo.
Aqueles ali? São Alessandra, Adilson, Eduardo, Dorval, Ivan, Mário, Paula e, por último
mas não menos importante, Reginaldo. Essa “galera” ajudou na hora de “pegar no
pesado”, tornando o pesado menos pesado. Deu para entender?
Aquelas? São as santas secretárias Alcione, Cris, Engrácia, e Fátima. Elas não pouparam
milagres durante esta empreitada. Paulinho e Edson também colaboraram, apesar de não
serem secretárias... bricadeirinha meninos.
Agora vou te levar a um lugar freqüentado por todos os armadores, ao menos destas
redondezas. Essa é a Biblioteca da Poli Civil e essas duas são Fátima, que corrigiu as
referências que você já deu uma olhada, e Leo que com muita simpatia e presteza socorre
os aflitos armadores que aqui aportam.
Atravessando a rua encontramos o IPT. Nesse prédio trabalham Valdecir Quarcioni e sua
equipe. Eles colaboraram durante a caracterização dos materiais utilizados. Do outro lado
da avenida Escola Politécnica fica a ABCP, que também não se furtou a colaborar durante
esta etapa. Sem mencionar que conta com uma biblioteca que tem um dos melhores
atendimentos que já vi.
Já que estamos aqui fora, vamos velejar mais um pouco? Aqui em Brasília fica a sede da
CAPES, instituição que forneceu minha bolsa, ajudando a tornar essa canoa realidade.
Rumando para o nordeste chegamos à ensolarada Terra dos Altos Coqueiros. Aqui, quero
te apresentar a um verdadeiro exército que se mobilizou em meu favor. Estes são meus
irmãos das Igrejas Presbiterianas de Recife, Manaira e Campina Grande. Sem a
intercessão deles a construção deste bote teria sido muito mais custosa.
Aquele povo barulhento? Não são malucos não. São só meu avô, vovós, tios, tias, primos,
sobrinha, parentes e aderentes. Éééé, a família é grande! Eles sempre me incentivaram e
apoiaram, mesmo antes de eu embarcar nessa odisséia. Aqueles três chegando atrasados?
São meus irmãos Adriana, Mano e Leo. Eles também fazem parte da minha fidelíssima
equipe de incentivo e apoio irrestrito liderada por aquele simpático casal. Eles são meu pai
Rubens e minha mãe Aliane que nunca mediram esforços para realizar os sonhos de seus
filhos.
Para finalizar, caro navegante, Este é Deus, que acima de todos cooperou comigo
renovando sua misericórdia todas as manhãs 1. Cá entre nós, eu certamente gastei toda
minha cota nesta jornada.
Agora que você já foi apresentado a toda essa gente que você não vê e que ajudou a fazer a
dissertação que você lê, posso dizer: esperamos que esta nau que aportou em suas mãos
seja do seu agrado.

Boa Viagem...

1
Lamentações 3:22-23.
Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
Sumário i

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS v

LISTA DE TABELAS vii

RESUMO xi

ABSTRACT xii

1. INTRODUÇÃO 1

1.1 OBJETIVO 1
1.2 JUSTIFICATIVA 1
1.2.1 REVESTIMENTO EM PASTA DE GESSO APLICADO MANUALMENTE 4
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO 6

2. O GESSO 8

2.1 PRIMEIRAS UTILIZAÇÕES 8


2.2 PRODUÇÃO DO GESSO 8
2.2.1 GESSO NATURAL 8
2.2.2 GESSO RESIDUAL 10
2.2.3 GESSO DE CONSTRUÇÃO 11
2.3 HIDRATAÇÃO E PEGA DO GESSO 12
2.3.1 PARÂMETROS QUE INFLUENCIAM A CINÉTICA DA REAÇÃO DE HIDRATAÇÃO E A PEGA
DAS PASTAS DE GESSO 14
2.4 MICROESTRUTURA 15
2.4.1 FORMAÇÃO DA MICROESTRUTURA E FATORES INFLUENTES INTERNOS 15
2.4.2 FATORES INFLUENTES EXTERNOS 16
2.4.3 POROSIDADE E PROPRIEDADES MECÂNICAS 17
2.4.4 VARIAÇÕES VOLUMÉTRICAS 18
2.5 PROPRIEDADES MECÂNICAS 18
2.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO 22

3. NOVOS CONCEITOS PROPOSTOS 23

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
Sumário ii

3.1 TEMPO DE PEGA, ENDURECIMENTO E APLICAÇÃO DAS PASTAS DE GESSO 23


3.2 O CONCEITO DE FAIXA DE CONSISTÊNCIA ÚTIL 25
3.3 O CONCEITO DE TEMPO ÚTIL 26
3.3.1 DETERMINAÇÃO DO TEMPO ÚTIL 26
3.3.2 TEMPO ÚTIL ESTIMADO PELA CALORIMETRIA 28
3.3.3 PARÂMETROS QUE INFLUENCIAM O TEMPO ÚTIL 30
3.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO 35

4. AS PASTAS DE GESSO E CAL 36

4.1 HISTÓRIA 36
4.2 HIDRATAÇÃO E TEMPO DE PEGA DAS PASTAS DE GESSO E CAL 36
4.3 PROPRIEDADES FÍSICAS E DE APLICAÇÃO DAS PASTAS DE GESSO E CAL NO ESTADO
FRESCO 39
4.3.1 CONCEITOS DE ALGUMAS PROPRIEDADES FÍSICAS E DE APLICAÇÃO DAS PASTAS NO
ESTADO FRESCO 39
4.3.2 INFLUÊNCIA DA CAL NAS PROPRIEDADES FÍSICAS E DE APLICAÇÃO DAS PASTAS DE
GESSO FRESCAS 41
4.4 PASTAS DE GESSO E CAL NO ESTADO ENDURECIDO 43
4.4.1 PROPRIEDADES MECÂNICAS 43
4.4.2 COMPORTAMENTO FRENTE À UMIDADE 44
4.5 APLICAÇÕES E TRAÇOS 44
4.6 ALGUMAS PATOLOGIAS POSSÍVEIS DAS PASTAS DE GESSO E CAL 46
4.7 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO 48

5. PROGRAMA EXPERIMENTAL, MATERIAIS E MÉTODOS 50

5.1 PROGRAMA EXPERIMENTAL 50


5.1.1 DETERMINAÇÃO DA FAIXA DE CONSISTÊNCIA ÚTIL IN SITU 51
5.1.2 SELEÇÃO DOS MATERIAIS 51
5.1.3 SELEÇÃO DOS TEORES DE CAL 52
5.1.4 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA PARA CONSISTÊNCIA MÍNIMA 52
5.1.5 INFLUÊNCIA DA CAL NAS PASTAS NO ESTADO FRESCO 52
5.1.6 INFLUÊNCIA DA CAL NAS PASTAS NO ESTADO ENDURECIDO 53
5.2 MATERIAIS 54
5.2.1 GESSO 55
5.2.2 CAL HIDRATADA 57
5.3 MÉTODOS DE ENSAIO 59

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
Sumário iii

5.3.1 PREPARO DA PASTA, MOLDAGEM E CURA DOS CORPOS-DE-PROVA 59


5.3.2 CONSISTÊNCIA 61
5.3.3 CALOR DE HIDRATAÇÃO 62
5.3.4 DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO ÁGUA/GESSO EM OBRA 63
5.3.5 DETERMINAÇÃO DOS TEMPOS DE INÍCIO E FIM DE PEGA SEGUNDO ADIN 1168 63
5.3.6 ANÁLISE TÉRMICA 64
5.3.7 POROSIMETRIA 65
5.3.8 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO NA FLEXÃO 66
5.3.9 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO 66
5.3.10 MÓDULO DE ELASTICIDADE 67
5.3.11 DUREZA SUPERFICIAL 67
5.4 TRATAMENTO ESTATÍSTICO 67

6. DETERMINAÇÃO DA FAIXA DE CONSISTÊNCIA ÚTIL IN SITU:


RESULTADOS E DISCUSSÕES 68

6.1 CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS 68


6.2 RELAÇÃO ÁGUA/GESSO 69
6.3 CONSISTÊNCIA X TEMPO 70
6.4 CALORIMETRIA 73
6.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO 76

7. INFLUÊNCIA DA CAL NO ESTADO FRESCO:


RESULTADOS E DISCUSSÕES 78

7.1 DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO ÁGUA/AGLOMERANTE PARA OBTENÇÃO DA


CONSISTÊNCIA MÍNIMA 78
7.2 INFLUÊNCIA DO TEOR DE CAL NAS PASTAS DE GESSO NO ESTADO FRESCO 79
7.2.1 CONSISTÊNCIA X TEMPO 80
7.2.2 DETERMINAÇÃO DO TEMPO ÚTIL (TU) E DO TEMPO DE ESPERA (TE) 83
7.2.3 CONSUMO DE MATERIAL 86
7.2.4 TEMPO DE PEGA DETERMINADO PELO MÉTODO DIN 1168 87
7.2.4.1 Relação água/aglomerante 87
7.2.4.2 Relação água/gesso 89
7.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO 92

8. INFLUÊNCIA DA CAL NO ESTADO ENDURECIDO:


RESULTADOS E DISCUSSÕES 94

8.1 RELAÇÃO ÁGUA/AGLOMERANTE OU RELAÇÃO ÁGUA/GESSO ? 94


Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
Sumário iv

8.2 MICROESTRUTURA 95
8.2.1 ANÁLISE TÉRMICA (TG E DTG) 95
8.2.2 POROSIDADE 98
8.3 PROPRIEDADES MECÂNICAS 101
8.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO 105

9. CONCLUSÕES 106

9.1 PROPOSTA PARA CONTINUAÇÃO DO ESTUDO 108

ANEXO A 109

ANEXO B 114

ANEXO C 128

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 139

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
Lista de Figuras v

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Perdas de material 5


Figura 1.2 – Distribuição de tempos das etapas do procedimento tradicional de aplicação
manual de revestimentos em gesso (ANTUNES, et al. 1999) 5
Figura 2.1 – Curva típica de calor de hidratação de pastas de gesso. 13
Figura 2.2 – Curva de calor de hidratação de pastas de gesso em presença de bórax
(HINCAPIÉ, 1997) 15
Figura 2.3 – Curva de calor de hidratação de pastas de gesso em presença de caseína
(HINCAPIÉ, 1997) 15
Figura 2.4 – Cristais de dihidrato, aumento 8000x (STAV et al., 1991) 16
Figura 2.5 – Cristais de dihidrato em presença de poliacrilamida, aumento de 6500x
(STAV et al., 1991) 16
Figura 2.6 – Influência da relação a/g na resistência à compressão, tração na flexão e dureza
de gessos estrangeiros e nacionais (NOLHIER, 1986; CINCOTTO et al., 1988b) 19
Figura 2.7 - Variação do módulo de elasticidade linear em função da relação a/g no estado
seco (BLAKEY, 1959 apud NOLHIER, 1986; TESCHNER, 1991). 21
Figura 3.1 – Tempo útil e faixa de consistência útil determinada através do ensaio de
consistência da NBR 12128 27
Figura 3.2 – Etapas da reação de hidratação através da calorimetria adiabática e tempo útil
estimado 28
Figura 3.3 – Tempo útil e tempo útil estimado 30
Figura 3.4 – Curva de calor de hidratação de pastas de gesso com relação a/g 0,7 em
presença de bórax (HINCAPIÉ, 1997) 31
Figura 3.5 – Curva de calor de hidratação de pastas de gesso com relação a/g 0,7 em
presença de ácido cítrico (HINCAPIÉ, 1997) 31
Figura 3.6 – Curva de calor de hidratação de pastas de gesso com relação a/g em
presença de caseína (HINCAPIÉ, 1997) 32
Figura 3.7 – Curva de calor de hidratação de pastas de gesso com relação a/g 0,7 em
presença de gelatina (HINCAPIÉ, 1997) 32
Figura 3.8 – Influência do procedimento de mistura no tempo útil das pastas de gesso
(ANTUNES et al., 1999a) 33
Figura 3.9 – Ampliação máxima do tempo útil causada pela soma das intervenções no tempo

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
Lista de Figuras vi

de espera e no tempo de consistência máxima 34

Figura 4.1 – Influência do teor de cal no período de indução (RIDGE; KING, 1977) 37
Figura 4.2 – Influência do pH das pastas de gesso no efeito retardador da pega do ácido
tartárico e alguns de seus sais (MALLON, 1988). 39
Figura 4.3 – Relação entre os constituintes e as propriedades das pastas no estado fresco
(RAGO, 1999). 40
Figura 4.4 – (a) micrografia de pasta de gesso e cal; (b) detalhe (WIRSCHING, 1987). 44
Figura 4.5 – Esquema da formação da etringita e taumasita. 47

Figura 5.1 – Fluxograma do programa experimental 51


Figura 5.2 – Curva de distribuição granulométrica do gesso 56
Figura 5.3 – Difratograma do gesso 57
Figura 5.4 – Curva de distribuição granulométrica da cal 59
Figura 5.5– Difratograma da cal 59
Figura 5.6 – Esquema do aparelho de Vicat modificado – NBR 12128 61
Figura 5.7 – Esquema do calorímetro pseudo-adiabático. 62
Figura 5.8 – Esquema do ensaio de determinação do tempo de início e fim de pega da
DIN 1168 64
Figura 5.9 – Local do corpo-de-prova de onde foram retiradas as amostras para ensaio de
TG e porosimetria de mercúrio 65

Figura 6. 1 – Relação entre o início de utilização e a relação a/g 69


Figura 6. 2 - Relação entre o fim de utilização e a relação a/g 69
Figura 6. 3 – Faixa de consistência de útil das pastas de gesso 71
Figura 6. 4 – Consistência medida em obra da amostra B2. 73
Figura 6. 5 - Curva de calor de hidratação da amostra A1, com tempo de início e fim de
pega e início e fim de utilização 74
Figura 6. 6 - Curva de calor de hidratação da amostra B2, com tempo de início e fim de
pega e início e fim de utilização 74
Figura 6. 7 – Curva de calor de hidratação da amostra C4, com tempo de início e fim de
pega e início e fim de utilização 74
Figura 6. 8 - Curva de calor de hidratação da amostra C5, com tempo de início e fim de
pega e início e fim de utilização 74
Figura 6. 9 – Curva de calor de hidratação da amostra D7, com tempo de início e fim de
pega e início e fim de utilização 75
Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
Lista de Figuras vii

Figura 6. 10 - Curva de calor de hidratação da amostra D8, com tempo de início e fim de
pega e início e fim de utilização 76
Figura 6. 11 –Relação entre início de pega e início de utilização 76

Figura 7.1 – Variação da consistência no tempo para diferentes teores de cal (a) 0% de cal;
(b) 13% de cal; (c) 23% de cal 80
Figura 7.2 – Variação da consistência no tempo para relação água/aglomerante constante
(a) a/a = 0,6 e (b) a/a = 0,7 81
Figura 7.3 – Influência da (a) relação a/a e do (b) teor de cal na penetração inicial 81
Figura 7.4 – Influência da relação a/a e do teor de cal nos tempo de espera e fim de utilização
(a) 0% de cal (b) 13% de cal (c) 23% de cal 85
Figura 7.5 – Influência do teor de cal nos tempo de espera e fim de utilização
(a) relação a/a = 0,6; (b) relação a/a = 0,7 85
Figura 7.6 – Variação do consumo de materiais e do tempo útil para as (a) pastas com
consistência inicial igual a mínima; e (b) pasta pura com relação a/a = 0,7, pastas
mistas com consistência inicial igual a mínima 86
Figura 7.7 – Influência da relação a/a e do teor de cal no tempo de início de pega
(a) nas pastas com consistências diferentes e (b) nas pastas com consistência
mínima e pastas puras 87
Figura 7.8 – Influência da relação a/a e do teor de cal no tempo de fim de pega
(a) nas pastas com consistências diferentes e (b) nas pastas com consistência
mínima e pastas puras 89
Figura 7.9 – Influência da relação água/gesso e do teor de cal nos tempos de (a) início e
(b) fim de pega 90
Figura 8.1 – Curvas TG e DTG das pastas de gesso com 42 dias de idade
(a) 0% de cal e relação a/a = 0,5 (b) 0% de cal e relação a/a = 0,6
(c) 13% de cal e relação a/a = 0,6 (d) 0% de cal e relação a/a = 0,7
(e) 23% de cal e relação a/a = 0,7 96
Figura 8.2 – Prisma de onde foram retiradas as amostras do ensaio de TG e porosidade 98
Figura 8.3 – Influência da relação a/g no diâmetro dos poros das pastas de gesso puro
com 42 dias de idade 98
Figura 8.4 – Influência da relação a/g e do teor de cal no diâmetro com maior volume de
Hg ml/g injetado 99
Figura 8.5 – Influência da relação a/g e do teor de cal no volume de poros 99
Figura 8.6 – Distribuição do diâmetro dos poros para (a) relação a/a = 0,6 e teores de
cal de 0% e 13% (b) relação a/a = 0,7 e teores de cal de 0% e 23%. 100

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
Lista de Figuras viii

Figura 8.7 – Influência do teor de cal na distribuição do diâmetro dos poros para
relação a/g ≅ 0,7 100
Figura 8.8 – Influência da relação água/aglomerante e do teor de cal:
(a) na resistência à compressão; (b) no módulo de elasticidade
(c) na resistência à tração na flexão ; (d) na dureza superficial 102
Figura 8.9 – Influência da relação água/gesso e do teor de cal:
(a) na resistência à compressão; (b) no módulo de elasticidade
(c) na resistência à tração na flexão ; (d) na dureza superficial 103
Figura 8.10 – Relação entre volume de poros e as propriedades mecânicas:
(a) na resistência à compressão; (b) no módulo de elasticidade
(c) na resistência à tração na flexão ; (d) na dureza superficial 104

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
Lista de Tabelas ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Nomenclatura e fórmula química das fases do gesso. 10


Tabela 2.2 - Origem e nomenclatura de sulfatos residuais (RILEM, 1982a) 11
Tabela 2.3 – Intervalo de variação das propriedades dos gessos de construção brasileiros (CINCOTTO et
al., 1988b; HINCAPIÉ et al., 1997) 21
Tabela 3.1 - Procedimento de preparo das patas de gesso observado em obra . 29
Tabela 3.2 – Influência do teor de bórax nos tempos de início e fim de pega por calorimetria
e no tempo útil estimado* 31
Tabela 3.3 – Influência do teor de ácido cítrico nos tempos de início e fim de pega por
calorimetria e no tempo útil estimado* 32
Tabela 3.4 – Influência do teor de caseína nos tempos de início e fim de pega por calorimetria
e no tempo útil estimado* 32
Tabela 3.5 – Influência do teor de gelatina nos tempos de início e fim de pega por calorimetria
e no tempo útil estimado* 33
Tabela 4.1 – Tipos de emprego, relações a/g e forma de mistura apresentadas por
COSTES (1966). 45
Tabela 5.1 - Arranjo experimental do estado fresco 53
Tabela 5.2 - Arranjo experimental do estado endurecido 54
Tabela 5.3 – Caracterização química, física e mecânica do gesso. 56
Tabela 5.4 – Caracterização química e física da cal hidratada. 58
Tabela 5.5 –Número de corpos-de-prova por ensaio realizado no estado endurecido e
por série de moldagem 60
Tabela 6. 1 - Condições experimentais e códigos utilizados 68
Tabela 6. 2 – Relações água/gesso medidas 69
Tabela 6. 3 – Penetração inicial e final das amostras. 71
Tabela 6. 4 - Tempo útil, tempo do início e fim de utilização 72
Tabela 6. 5 – Fim de utilização I, fim de utilização, acréscimo estimado do tempo útil e
condições da pasta 73
Tabela 6. 6 – Tempo de início e fim de pega (calorimetria) e do início e fim de utilização 76
Tabela 7.1 - Resumo das relações água/aglomerante estudadas para cada teor de cal 78
Tabela 7.2 - Penetração da sonda de Vicat e tempo decorrido para a média da primeira medida 79
Tabela 7.3 – Relações água/aglomerante que proporcionam consistência mínima 79

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
Lista de Tabelas x

Tabela 7.4 - Regressão linear, onde “P” é penetração e “t” o tempo decorrido entre o início
da mistura e a leitura 82
Tabela 7.5 - Influência da Relação água/aglomerante e teor de cal no tempo útil e de espera 83
Tabela 7.6- Regressão linear do tempo de início de pega, onde “t” é o tempo decorrido da
mistura à leitura e “a/a” a relação água/aglomerante 88
Tabela 7.7 - Regressão linear do tempo de fim de pega, onde “t” é o tempo decorrido da
mistura à leitura e “a/a” a relação água/aglomerante. 89
Tabela 7.8 – Relações água/gesso calculadas. 90
Tabela 7.9 – Regressão linear do tempo de início e fim de pega, onde “t” é o tempo decorrido
da mistura à leitura e “a/a” a relação a/a 91
Tabela 8.1 – Relação água/aglomerante(a/a) e a relação água/gesso(a/g) correspondente
para os diferentes teores de cal hidratada. 95
Tabela 8.2 – Dados para a determinação do teor das espécies presentes na amostra 95
Tabela 8.3 – Teor das espécies químicas presentes nas pastas e no material seco determinado
através da TG e da análise química 97
Tabela 8.4 – Quadro resumo das médias do diâmetro com maior volume de Hg e do volume
total de Hg por pasta 99
Tabela 8.5 – Quadro resumo das médias das propriedades mecânicas das pastas com 42 dias 103

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
Resumo xi

RE S UM O

O objetivo desta dissertação foi investigar o efeito da adição de cal hidratada em pastas de
gesso através da análise de sua influência em algumas propriedades no estado fresco e
endurecido, visando a sua aplicação como revestimento interno. Diferente das argamassas
de cimento Portland, os valores de tempo de início e fim de pega da pasta de gesso não são
úteis para orientar a sua seleção para aplicação manual de revestimentos de acordo com a
técnica corrente. Em razão desta limitação, neste trabalho foram propostos novos conceitos
de tempo útil, tempo de espera e faixa de consistência útil. A faixa de consistência útil
determinada em obra correspondeu ao intervalo de penetração entre 28mm (consistência
mínima) e 0 mm (consistência máxima) da sonda do aparelho de Vicat modificado. Esses
resultados foram tomados como base para os ensaios realizados em laboratório em pastas
de gesso puro e com adição de 13% e 23% de cal hidratada, erelação água/gesso variando
entre 0,5 e 0,91.

Comparando-se as pastas de gesso puro com relação água/gesso 0,7, típica de obra, com
pastas mistas de mesma relação água/gesso, observou-se que a adição de cal contribuiu
para a ampliação do tempo útil em até 100 %. Além de proporcionar incremento de até
30 % na resistência à compressão e no módulo de elasticidade das pastas com 42 dias de
idade. A dureza superficial foi a propriedade que sofreu maior influência da adição da cal,
aumentando cerca de 77 %, enquanto a resistência à tração na flexão não sofreu alterações.
A adição da cal reduz o diâmetro e o volume de poros afetando as propriedades mecânicas
da pasta. Esta diminuição pode ser atribuída à elevada finura da cal e à carbonatação de
cerca de 68 % do hidróxido de cálcio contido na pasta.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
Abstract xii

ABSTRACT

The aim of this work was the investigation of the influence of hydrated lime in the
properties of early age and hardened gypsum pastes. In contrast to the Portland cement
mortars, the initial and final setting time values of plaster are not suitable to guide its
selection for manual application of coatings, according to the current technique. In order to
withstand this limitation, new concepts such as useful time, waiting time and workability
range were proposed. The workability range determined in situ was related to the modified
Vicat apparatus penetration between 28 mm (minimum consistency) and 0 mm (maximum
consistency). Laboratory tests were carried out based on data obtained in situ work. Neat
gypsum pastes and gypsum pastes with hydrated lime were prepared using 13% and 23%
(in weight) of hydrated lime and water/plaster ratio varying from 0,5 to 0,91.

Useful time of lime + gypsum paste was found to be 100% higher than that of neat gypsum
paste when both pastes were prepared with the same water/plaster ratio of 0,7, a typical
value used in situ works. Compression strength and modulus of elasticity were found to be
30% higher than that of neat pastes at 42 days of age. Increasing of 77% was measured for
hardness test, the most affected property by the lime addition, while the flexure strength
was not affected. Hydrated lime addition reduces pore diameter and volume, affecting
mechanical properties of the paste. The porosity decrease can be attributed to the high
surface area of the hydrated lime and to the calcium hydroxide carbonation.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antune
1. INTRODUÇÃO

O gesso vem sendo cada vez mais utilizado nas construções brasileiras. Seu emprego
divide-se em dois grupos básicos: para fundição e para revestimento. Gesso para fundição
é o material empregado na fabricação de pré-moldados como peças para decoração1, placas
para forro, blocos reforçados ou não com fibras2 e chapas de gesso acartonado3 (drywall).
O gesso para revestimento, objeto deste estudo, é empregado para revestir paredes e tetos
de ambientes internos e secos.

1.1 Objetivo

Esta dissertação teve como objetivo investigar o efeito da adição de cal hidratada em pastas
de gesso, através da análise de sua influência em algumas propriedades no estado fresco e
endurecido, visando a sua aplicação como revestimento interno.

1.2 Justificativa

A gipsita é um mineral muito abundante em todo o Planeta. Sua extração mundial


encontra-se em torno de 97 milhões de toneladas/ano (SANTOS, 1998). Os Estados
Unidos, com reservas de gipsita da ordem de 50 bilhões de toneladas (PEREIRA, 1973),
são os maiores produtores e consumidores mundiais. Sua produção é cerca de 16,80 % da
mundial. Em segundo lugar está a China com 10,68 % e logo após o Irã com 8,25 %
(SUMÁRIO MINERAL, 1996).

No Brasil, apesar das reservas de gipsita chegarem a quase 654 milhões de toneladas, a
produção ainda é pequena 4. As grandes reservas nacionais concentram-se no Norte e

1
Sancas, roda-tetos, etc.
2
As fibras mais comumente empregadas com o gesso são as de vidro (GRG) e as naturais, pois seu pH
neutro não as agride como ocorre nas matrizes de cimento Portland.
3
Componente que tem no seu centro um material não combustível, essencialmente o gesso, sendo as duas
superfícies cobertas por uma camada de papel, que deve estar aderido ao material de centro (ASTM, 1997).
4
Em 1995 a extração brasileira de gipsita foi 0,87% da extração mundial.
1. Introdução 2

Nordeste do país, principalmente nos Estados do Pará5 com 60 % e de Pernambuco com


30 %. O restante das reservas estão distribuídas pelos Estados do Maranhão, Ceará, Rio
Grande do Norte, Piauí e Tocantins (SUMÁRIO MINERAL, 1996).

As melhores condições de aproveitamento econômico das reservas de gipsita no Brasil são


encontradas no Pólo Gesseiro do Araripe6. Com uma produção de aproximadamente 1,8
milhão de toneladas/ano, foi responsável por cerca de 94% da extração desse mineral em
1998. A gipsita extraída destina-se principalmente à calcinação (67%) e à indústria
cimenteira (33%), sendo o uso para fins agrícolas7 inexpressivo (0,1%). Do gesso natural
obtido através da calcinação da gipsita, cerca de 96 % destina-se diretamente ao emprego
na construção civil, seja como gesso para fundição (61 %) ou como gesso para
revestimento (35 %). O restante da produção é distribuído entre a confecção de moldes
para a indústria cerâmica (3 %) e uso hospitalar (0,4 %) (SEBRAE, 1996; SUMÁRIO
MINERAL, 1996; PERSPECTIVA..., 1999).

Além do gesso natural, também pode ser encontrado no mercado brasileiro os gessos
residuais ou químicos, como o fosfogesso, que é um subproduto obtido durante a produção
do ácido fosfórico. Em 1995 a produção nacional de fosfogesso foi da ordem de 3,3
milhões de toneladas, enquanto apenas cerca de 844 mil toneladas foram comercializadas.
Segundo dados coletados por SELMO (1997) se a atual tendência mundial de produção de
fosfogesso continuar, no ano 2000 estarão disponíveis no Brasil cerca de 6,5 milhões de
toneladas/ano, o que demonstra a grande disponibilidade desse material, tanto natural
como residual.

O gesso apresenta propriedades extremamente atraentes para a produção de revestimentos.


Entre as elas pode-se destacar: endurecimento rápido, o que proporciona rapidez na
execução dos serviços, ou seja, elevada produtividade8; propriedades mecânicas
compatíveis com os esforços atuantes, principalmente a boa aderência aos substratos
minerais e metálicos, que lhe conferem bom desempenho durante o uso; ausência de

5
A exploração das reservas paraenses é dificultada pela distância dos centros consumidores e pela carência
de infra-estrutura.
6
Situado na Bacia do Araripe, divisa entre os Estados de Pernambuco, Piauí e Ceará, é composto pelos
municípios de Araripina, Bodocó, Ipubi, Ouricuri e Trindade, abrangendo 31 empresas de mineração, 47
calcinadoras e 125 fábricas de pré-moldados. (SEBRAE, 1996)
7
Gipsita moída utilizada como corretivo de solos.
8
A produtividade do serviço de revestimento em gesso varia entre 0,28 hh/m2 (DIAS, 1994) a 0,5 hh/m2
(TCPO, 1996).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
1. Introdução 3

retração por secagem, diminuindo o risco de fissuração nas primeiras idades; excelente
acabamento superficial que pode dispensar a utilização de acabamento final; entre outras
(BRE, 1978; NOLHIER, 1986; DIAS, 1994; HINCAPIÉ, et al. 1996a, b).

Além das propriedades do material, a alta competitividade na indústria da construção civil


também constitui-se num fator que tem contribuído para o emprego do gesso como
revestimento, pois a melhoria da qualidade das alvenarias reflete em superfícies mais
planas e regulares, e um dos fatores que tornam o revestimento de gesso atraente é sua
pequena espessura que tem reflexos benéficos sobre a produtividade.

Assim, as propriedades apresentadas pelo material, associadas ao menor custo do


revestimento em gesso em relação a outros tipos de revestimento e a grande
disponibilidade de matéria prima nas jazidas nacionais, são alguns dos fatores que
contribuem para a competitividade do gesso.

Destaca-se também o baixo consumo energético demandado na produção9 do gesso e a


possibilidade de utilização de resíduos provenientes da indústria química (gesso residual),
uma vez que a preocupação com o meio ambiente vem assumindo peso cada vez maior na
hora da escolha dos materiais empregados nas indústrias de uma maneira geral.

Entretanto, existem características do gesso que conferem aos revestimentos algumas


limitações quanto ao seu emprego: a solubilidade do dihidrato (2,2 g/l) restringe sua
aplicação aos ambientes internos e secos, a umidade excessiva e a má ventilação
ocasionam o crescimento de bolor, e seu pH neutro, associado à umidade, provocam a
corrosão de metais, requerendo tratamento de proteção contra corrosão (AGOPYAN, 1982;
NOLHIER, 1986; OLIVEIRA, 1995; HINCAPIÉ, et al. 1996; SELMO, 1997).

A distância das jazidas em relação aos centros consumidores, principalmente a região


Sudeste, também serve como obstáculo para a maior a utilização do gesso. As despesas
com transporte eqüivalem ao preço do material, onerando a tonelada posta em São Paulo
em até 100 %10.

Numa tentativa de modificar o atual cenário, vem sendo discutida a implantação da


Ferrovia do Gesso que deverá ser interligada à Transnordestina. Com a substituição do

9
A calcinação da gipsita ocorre entre 180 a 200oC, enquanto para o cimento Portland essa faixa vai de 1400 a
1450oC.(NOLHIER,1986; MEHTA; MONTEIRO, 1995)
10
Dados obtidos no mercado consumidor da cidade de São Paulo.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
1. Introdução 4

transporte rodoviário pelo ferroviário os custo com transporte serão reduzidos em cerca de
22 %, tendo reflexo direto sobre o preço final do produto nos centros consumidores,
tornando-o ainda mais competitivo. (PERSPECTIVA..., 1999)

1.2.1 Revestimento em pasta de gesso aplicado manualmente

A aplicação rápida e excelente acabamento superficial do revestimento em gesso permitem


ganhos de produtividade quando comparado aos revestimentos de argamassa. Tais
revestimentos, compostos por 2 camadas11 ou camada única, necessitam de pelo menos 30
dias de espera entre sua aplicação e a aplicação do acabamento final, em geral a pintura
(CINCOTTO et al., 1995). Para os revestimentos de gesso liso esse intervalo é de uma
semana (HINCAPIÉ et al., 1996), devido ao menor tempo de pega do gesso em relação ao
cimento Portland, aglomerante hidráulico mais utilizado nas argamassas tradicionais.

Todavia, o reduzido tempo de pega das pastas de gesso também ocasiona um curto tempo
disponível para aplicação do revestimento - tempo útil - gerando, freqüentemente, grande
perda de material e mão-de-obra. AGOPYAN et al. (1998) encontraram valores médios de
perda de gesso que chegaram a 45% para o universo de obras estudadas. Caso seja aplicado
o consumo de material por quantidade de serviço (CM/QS) utilizado por esses autores
para os estudos de casos feitos por DIAS12 (1994), a perda média de material sobe para
113%. A Figura 1.1 ilustra as perdas de material comumente encontradas no serviço de
revestimento manual em gesso

A Figura 1.2 traz a distribuição dos tempos entre as etapas do procedimento tradicional de
aplicação manual de revestimentos em gesso medidas por ANTUNES et al. (1999). Neste
procedimento, o gesseiro gasta, em média, 30% do tempo total, esperando até que a pasta
atinja a consistência adequada à aplicação – consistência mínima. Considera-se como
tempo total o intervalo de tempo correspondente à pulverização do pó na água até o final
da utilização.

Esse tempo de espera é uma imposição do mecanismo de hidratação do gesso (dissolução-


precipitação) que se divide em três etapas: dissolução do material na água de
amassamento, saturação da solução e precipitação dos cristais de gipsita. Durante o período

11
Emboço e reboco, considerando-se que o chapisco é uma camada de preparação da base.
12
DIAS(1994) coletou dados de consumo de gesso em 15 obras distribuídas nas regiões Sul, Sudeste, Centro-
Oeste e Norte do Brasil.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
1. Introdução 5

de indução, intervalo de tempo entre a dissolução e a precipitação, a pasta permanece


extremamente fluida o que impossibilita sua utilização. Assim, uma das formas de ampliar
o tempo útil é diminuir o tempo de espera.

Figura 1.1 – Perdas de material

tempo útil
57% polvilhamento e
produtivo mistura
13%
produtivo

espera
30%
improdutivo

Figura 1.2 – Distribuição de tempos das etapas do procedimento tradicional de


aplicação manual de revestimentos em gesso (ANTUNES, et al. 1999)

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
1. Introdução 6

A argamassa de gesso projetada mecanicamente seria uma forma de solucionar o


problema. Todavia, tal método de aplicação tem custo elevado e requer a utilização de
material dosado especificamente para esse fim, para evitar problemas como entupimento
da máquina de projeção. Uma solução menos onerosa é manter o procedimento tradicional
de aplicação e alterar as propriedades da pasta de gesso para abreviar o tempo de espera,
diminuindo com isso o tempo improdutivo.

Como o período de indução é uma característica do gesso, a diminuição da relação


água/gesso ou a utilização de um espessante alterariam a consistência da pasta antes do
final desse período. Porém, a diminuição da relação água/gesso tem como desvantagem
seu efeito acelerador nos tempos de início e fim de pega, o que poderia levar à redução do
tempo útil.

Para reduzir o tempo de espera sem acelerar o tempo de fim de pega pode-se utilizar
espessantes que não acelerem a reação de hidratação

Nesse âmbito a adição da cal hidratada às pastas de gesso constitui-se numa alternativa
adequada, pois a cal apresenta características capazes de aumentar a consistência, a
plasticidade e a retenção de água (RAGO, 1999).

Diversos autores pesquisaram a influência da cal sobre a o tempo de pega das pastas de
gesso (RIDGE;KING, 1976; CLIFTON, 1973; NOLHIER, 1986), constatando que,
dependendo do teor adicionado, a cal pode ter efeito acelerador ou retardador na hidratação
do gesso. Entretanto, não foram encontrados estudos, nem estrangeiros e nem nacionais,
que tratassem de forma sistemática a influência da cal tanto no estado fresco como no
endurecido das pastas.

Assim, o presente estudo visa suprir a carência de informações detectada durante a revisão
bibliográfica, através da avaliação da influência da adição de cal em algumas propriedades
das pastas de gesso.

1.3 Estrutura da dissertação

Para atingir o objetivo proposto no item 1.1, estruturou-se o trabalho em nove capítulos,
sendo este primeiro relativo à introdução e o capítulo 9 referente às conclusões.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
1. Introdução 7

Nos capítulos 2 e 4 é apresentada a revisão bibliográfica a respeito do gesso e das pastas de


gesso e cal, respectivamente. São abordados aspectos históricos, reações químicas,
algumas propriedades no estado fresco e endurecido e, no final dos capítulos, são tecidas
algumas considerações sobre os materiais.

No capítulo 3 são propostos alguns novos conceitos para caracterizar o gesso de acordo
com o tempo disponível para sua utilização em obra.

No capítulo 5 apresenta-se o programa experimental, a caracterização dos materiais e os


métodos de ensaio empregados nos experimentos.

Os resultados obtidos nos ensaios realizados in situ e em laboratório, para o estado fresco e
endurecido, são expostos e discutidos nos capítulos 6, 7 e 8, respectivamente.

No Anexo A estão reunidos os dados referentes à caracterização dos materiais e a variação


das condições ambientais durante a cura dos corpos-de-prova.
No Anexo B são apresentados os resultados dos ensaios no estado fresco e endurecido.

No Anexo C está exposto o tratamento estatístico dos dados e em seguida apresenta-se as


referências bibliográficas.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
2. O GESSO

2.1 Primeiras utilizações

O gesso1 é o mais antigo aglomerante de que se tem notícia. Foi encontrado em


construções no Antigo Egito como na pirâmide de Khufu, com cerca de cinco mil anos.
Suas técnicas de calcinação e suas propriedades hidráulicas já eram amplamente
conhecidas pelos egípcios o que permite inferir que o material era utilizado por
civilizações até anteriores a esta. Seu emprego era variado, desde a confecção de objetos
decorativos, como estátuas, até revestimentos de paredes na forma de argamassas e pastas
que serviram de base para afrescos que decoram até hoje o interior de algumas pirâmides.
Também era comum a utilização de pigmentos para a produção de revestimentos coloridos
(TURCO, 1961; KARNI; KARNI, 1995).

2.2 Produção do Gesso

2.2.1 Gesso Natural

A produção do gesso natural acontece basicamente em 4 etapas: extração do gipso;


preparação para calcinação; calcinação2 e seleção.

a) Extração do gipso
O gipso é uma rocha sedimentar, particularmente denominada evaporito. Em sua
composição estão presentes, basicamente, a gipsita, a anidrita e algumas impurezas,
geralmente argilo-minerais, calcita, dolomita e material orgânico. A gipsita é o mineral
que se constitui na matéria-prima para o gesso; sua fórmula química é CaSO4 . 2H2O.
Desse modo a qualidade do gipso é avaliada pelo teor de gipsita. A matéria-prima

1
A palavra gesso tem origem no grego gupsos que deriva de duas palavras que significam terra e cozida
(KARNI; KARNI, 1995).
2
Dissociação térmica.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
2. O Gesso 9

nacional é bastante pura, favorecendo a produção de gessos de alvura elevada


(HINCAPIÉ HWDO 1996a).

E 3UHSDUDomRSDUDFDOFLQDomR
Após a extração a gipsita passa por alguns processos de beneficiamento de adequação
ao tipo de forno onde será calcinada. Basicamente, as etapas são as seguintes: britagem,
moagem grossa; estocagem; secagem; moagem fina e ensilagem.

F &DOFLQDomR
A FDOFLQDomR é o processo térmico pelo qual a gipsita é desidratada. O material é
calcinado numa faixa de temperatura da ordem de 140oC a 160oC, quando se deseja
obter KHPLGUDWR (CaSO4.0,5H2O), como exposto na equação (2.1). A DQLGULWD ,,,
(CaSO4. εH2O) é obtida entre 160oC e 200oC e pode conter água de cristalização em
baixo teor3. Esta fase é solúvel, como o hemidrato, porém instável, transformando-se
em hemidrato com a umidade do ar. Quando a calcinação acontece em temperaturas
variando de 250oC a 800oC a anidrita III transforma-se em DQLGULWD ,, (CaSO4) cuja
velocidade de hidratação é lenta4. A DQLGULWD , só é obtida em temperaturas acima de
800oC (NOLHIER, 1986; CINCOTO HWDO 1988a; SANTOS, 1998).

 
&D62 + 2FDOJ⇒&D62 + 2+ 2
    


A calcinação ainda pode ser por YLDVHFD ou ~PLGD. Se o gipso for calcinado a seco sob
pressão atmosférica, ou baixa pressão, será obtido o KHPLGUDWR β. Caso a calcinação
ocorra sob pressão de vapor de água saturante, será obtido o KHPLGUDWRα.

Devido ao menor tempo de pega, maior resistência mecânica e custo mais elevado, o
hemidrato α tem sua maior utilização como gesso hospitalar. Já o β, com custo de

3
De 0,11 a 0,06 moléculas de água (RILEM, 1982a).
4
Para temperaturas acima de 500oC são necessários, em média, 4 dias para hidratar 50% da anidrita II
(SANTOS, 1998).
5
Os hemidratos α e β possuem a mesma estrutura cristalina, entretanto sua morfologia (tamanho e superfície
do cristal) difere devido ao método de produção. As diferenças morfológicas exercem influência sobre as
propriedades da pasta e do gesso endurecido. Para se obter misturas de mesma consistência, o hemidrato α
requer menos água de amassamento que o β. Como a resistência mecânica do gesso é inversamente
proporcional à relação água/gesso e, consequentemente, à porosidade, as pastas produzidas com o
hemidrato α são mais resistentes que as produzidas com o β (NOLHIER, 1986).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
2. O Gesso 10

produção mais baixo, predomina no JHVVRGHFRQVWUXomRnacional (CINCOTTO HWDO,


1988a). A Tabela 2.1 traz a nomenclatura e a fórmula química das fases do gesso.

7DEHOD1RPHQFODWXUDHIyUPXODTXtPLFDGDVIDVHVGRJHVVR
1RPHQFODWXUD )yUPXOD4XtPLFD
Gipsita ou Dihidrato CaSO4. 2H2O
Hemidrato α ou β CaSO4. 0,5 H2O
Anidrita III εCaSO4
Anidrita II e I CaSO4

G 6HOHomR
O material calcinado é moído, selecionado em frações granulométricas e classificado
conforme o tempo de pega, de acordo com a NBR 13207 (ABNT, 1994) .

 *HVVR5HVLGXDO

O gesso também pode ser obtido como subproduto durante a síntese ou neutralização de
alguns ácidos e efluentes (Tabela 2.2). O gesso oriundo desses processos é conhecido
como JHVVRUHVLGXDO.
O gesso residual mais produzido no mundo é o IRVIRJHVVR subproduto obtido durante a

produção do ácido fosfórico. Sua fórmula química (CaSO4 2H2O) é idêntica à do gesso
natural e contém impurezas como fósforo em forma de íons HPO42 em sua composição
(MURAT HWDO, 1979). Aproximadamente 1,7 t de fosfogesso são produzidas por tonelada
de fosfato (ULLMANS, 1985).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
2. O Gesso 11

7DEHOD2ULJHPHQRPHQFODWXUDGH VXOIDWRVUHVLGXDLV 5,/(0D


2ULJHP 1RPH*HQpULFR
Produção de ácido fosfórico Fosfogesso, fosfohemidrato,
fosfoanidrita
Produção de ácido fluorídrico Fluorogesso, fluoroanidrita
Produção de ácido bórico Borogesso, borohemidrato
Produção de ácidos orgânicos(ácido cítrico, Organogesso (citrogesso, formogesso,
fórmico, tartárico) tartarogesso)
Extração de cloreto de sódio Salgesso
neutralização de ácidos Gesso de neutralização de resíduos
ácidos ou wan gesso
neutralização de efluentes Titanogesso
Tratamento
líquidos da produção de
de resíduos
dióxido de titânio
industriais
produção de soda Sodogesso
neutralização de gases de Sulfitogesso
combustão contendo óxido de
enxofre

 *HVVRGHFRQVWUXomR

O gesso é utilizado em áreas bem distintas como: agricultura, indústria cerâmica, saúde
(especialmente na odontologia) e na construção civil. Para diferenciar o gesso utilizado na
construção civil dos demais na norma nacional foi adotado o termo JHVVRGH FRQVWUXomR.
Como este trabalho não abrange nenhuma das demais áreas de aplicação do material o
JHVVRGHFRQVWUXomR será chamado apenas de JHVVR. A seguir encontram-se transcritas as
definições de algumas normas para o material.
A NBR 13207 (ABNT, 1994) define gesso para construção como:

“Material moído em forma de pó, obtido da calcinação da gipsita, constituído


predominantemente de sulfato de cálcio, podendo conter aditivos controladores de pega.”
A RILEM (1982a) define gesso de construção como:

“Material pulverulento, constituído predominantemente de hemidrato ou de uma mistura


de sulfatos (hemidrato, anidrita ou gipsita), um baixo valor percentual de água livre e

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
2. O Gesso 12

substâncias consideradas como impurezas: carbonato de cálcio e de magnésio, argilo-


minerais e de sais solúveis.”

 +LGUDWDomRHSHJDGRJHVVR

Na hidratação ocorre a reação química entre o material anidro e a água, regenerando o


dihidrato (equação (2. 2)).

 
&D62 + 2+ 2⇒&D62 + 2&$/25
    


Os primeiros trabalhos publicados sobre a hidratação do gesso são de LAVOISIER, em


1798, e Le CHATELIER, em 1887. Este último explica o mecanismo de hidratação através
da teoria da cristalização, passando por três etapas (KARNI; KARNI, 1995):
h fenômeno TXtPLFR da dissolução - ao ser misturado com a água de amassamento, os
cristais do hemidrato (CaSO4 0,5H2O) se GLVVROYHP dando origem a uma solução


saturada de íons Ca2+ e SO42-;

v fenômeno ItVLFR da cristalização - quando a solução fica supersaturada, os cristais de


dihidrato (CaSO4.2H2O) SUHFLSLWDP em forma de agulhas;

o fenômeno PHFkQLFR do endurecimento - com o aumento da concentração dos cristais há


o endurecimento da pasta.

Até a década de 60 alguns pesquisadores defendiam a WHRULD FRORLGDO como mecanismo


regente da hidratação do gesso. Entretanto, com o avanço e desenvolvimento de técnicas
como a calorimetria, difração de raio X (DRX), termogravimetria, microscopia eletrônica
de varredura (MEV), resistividade elétrica, entre outras, possibilitaram o acompanhamento
detalhado da hidratação das pastas de gesso e comprovação da teoria da cristalização
(CLIFTON, 1973; LUDWING; SINGH, 1978; LEWRY; WILLIAMSON, 1994a).
CLIFTON (1973), por exemplo, demonstra que o mecanismo de hidratação do gesso é de
GLVVROXomRSUHFLSLWDomR (teoria da cristalização), isto é, dissolução do hemidrato e
precipitação do dihidrato. Em seu trabalho o autor estudou as etapas da reação de
hidratação do gesso e analisou a influência de diversos aditivos controladores de pega na
reação. Através da análise térmica e da microscopia o autor registrou as diferentes fases da

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
2. O Gesso 13

reação de hidratação. Ele explicou também o fenômeno da pega das pastas de gesso a partir
das curvas do calor de hidratação obtidas através da calorimetria adiabática (Figura 2.1).
As etapas descritas por ele para o mecanismo são:

å Ocorre uma pequena hidratação seguida do período de indução. Esta etapa é finalizada
pelo início da pega que é o instante em que a taxa de elevação da temperatura ultrapassa
0,1 oC/min (RIDGE, 1959);

 O que caracteriza esta etapa é a elevação rápida da temperatura, ou seja, a evolução


rápida da reação de hidratação;

ê A reação atinge o ponto máximo de incremento de temperatura que, segundo o autor,


corresponde à conclusão da hidratação, isto é, ao final da pega6.


7HPSHUDWXUD &

R
ê

å

7HPSR PLQ

)LJXUD±&XUYDWtSLFDGHFDORUGHKLGUDWDomRGHSDVWDVGHJHVVR

Etapas semelhantes de desenvolvimento da hidratação do gesso foram propostas por


pesquisadores como MAGNAN (1973), LUDWING; SINGH (1978), LEWRY;
WILLIAMSON (1994a) e STAV; BENTUR (1995). A diferença básica entre os trabalhos
destes pesquisadores é o número de divisões adotadas para a hidratação, o que gera etapas
intermediárias que se sobrepõem às propostas por CLIFITON (1973), sem, contudo,
contrariar as conclusões apresentadas por este autor.

6
THOLE (1994) menciona que o final da reação de hidratação pode ser determinado como sendo o último
ponto de inflexão da curva de tempo [ temperatura obtida através da calorimetria adiabática.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
2. O Gesso 14

A SHJD também pode ser descrita segundo um fenômeno físico. O início da reação
corresponde à formação de núcleos de cristais de gipsita que crescem durante o período de
indução. Após esse período, os cristais de dihidrato começam a precipitar ocasionando um
aumento na consistência da pasta conhecido como LQtFLRGDSHJD. Com o aumento da taxa
da reação de hidratação a pasta vai adquirindo cada vez mais resistência mecânica até o seu
completo endurecimento, diz-se então que se deu o ILPGDSHJD.

 3DUkPHWURV TXH LQIOXHQFLDP D FLQpWLFD GD UHDomR GH KLGUDWDomR H D


SHJDGDVSDVWDVGHJHVVR

A UHODomR iJXDJHVVR é o parâmetro de maior influência na cinética da reação de


hidratação e, consequentemente, na pega do gesso. Quanto maior a quantidade de água de
amassamento, maior o intervalo de tempo necessário para saturar a solução. Isto causa a
ampliação do período e indução retardando o início da precipitação dos cristais de
dihidrato e, por conseguinte, aumenta o tempo de pega. Assim sendo, quanto maior a
relação água/gesso, menor a taxa da reação e maior o tempo de pega (NOLHIER, 1986).
A WHPSHUDWXUDGDiJXDGH DPDVVDPHQWR influencia a solubilidade do gesso. Até 45 oC a
solubilidade aumenta com o aumento da temperatura, acelerando a hidratação. Acima de
45 oC o efeito é inverso (CLIFTON, 1973).
A PDWpULDSULPD e as FRQGLo}HV GH SURGXomR do gesso influenciam seu tempo de pega.
Impurezas7 contidas na matéria-prima podem afetar o tempo de pega e gessos produzidos
sob diferentes processos apresentam reatividade diferente (SANTOS, 1998).
Durante o preparo das pastas, as LPSXUH]DV8 presentes aceleram a pega por atuarem como
núcleos de cristalização (CLIFTON, 1973; LEWRY; WILLIAMSON, 1994c; JOHN;
ANTUNES, 1999).
O incremento na HQHUJLDGHPLVWXUD acelera a hidratação das pastas de gesso por facilitar a
dispersão do pó na água de amassamento (MAGNAN, 1973; BLAINE, 1997) e possibilitar
a formação de mais núcleos de cristalização (detalhes no item 2.4).

7
O gesso natural pode conter gipsita, calcita, dolomita, argilo-minerais, etc. O fosfogesso contém fósforo em
forma de íons HPO42- em sua composição (MURAT HWDO, 1979).
8
As impurezas podem ser incorporadas DFLGHQWDOPHQWH através da água de amassamento e de resíduos de
outras misturas ou propositadamente como SDUWHGDPLVWXUD.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
2. O Gesso 15

O WDPDQKR GDV SDUWtFXODV influencia a cinética da reação. A taxa de hidratação aumenta


com a diminuição do tamanho das partículas e conseqüente aumento da área específica do
material (RIDGE, 1961; MAGNAN, 1973; KARNI; KARNI, 1995).
Os DGLWLYRV FRQWURODGRUHV GH SHJD interferem na velocidade da reação de hidratação
(acelerando-a ou retardando-a) e, consequentemente, no tempo de pega. Os aceleradores
aumentam a solubilidade do hemidrato acelerando a hidratação. Os retardadores dividem-
se em dois grupos básicos, os que ampliam o período de indução causando o deslocamento
da curva de calor de hidratação (Figura 2.2) e os que interferem na cinética da formação da
microestrutura do dihidrato (Figura 2.3) (GERARD 1991; FISCHER; HENNING, 1994;
HINCAPIÉ, 1997).

20 20

0%

15 15 5%


0% 0,5 0,7% 0,8% 1%
6%
R&

R&

 10  10
7 7
7%

5 5 8%

0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 0 20 40 60 80 100 120
7HPSR PLQ 7HPSR PLQ

)LJXUD±&XUYDGHFDORUGHKLGUDWDomR )LJXUD±&XUYDGHFDORUGHKLGUDWDomR
GHSDVWDVGHJHVVRHPSUHVHQoDGHEyUD[ GHSDVWDVGHJHVVRHPSUHVHQoDGHFDVHtQD
+,1&$3,e +,1&$3,e

 0LFURHVWUXWXUD

O conhecimento da microestrutura do gesso, como se desenvolve e que fatores exercem


influência sobre ela é a chave para a compreensão de suas propriedades mecânicas.

 )RUPDomRGDPLFURHVWUXWXUDHIDWRUHVLQIOXHQWHVLQWHUQRV

Os cristais de dihidrato crescem a partir de JHUPHV GH FULVWDOL]DomR ou Q~FOHRV A


quantidade de núcleos presentes na solução vai influenciar a taxa de crescimento da
microestrutura e o tamanho dos cristais. Quando os núcleos são QXPHURVRV o crescimento é
UiSLGR e há a formação de uma grande quantidade de SHTXHQRV cristais por unidade de
volume da solução. Quando ocorre a formação de SRXFRV núcleos o crescimento é OHQWR, o

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
2. O Gesso 16

que favorece a formação de cristais JUDQGHV. Estes três fatores estão interrelacionados e
interferem nas propriedades mecânicas da pasta endurecida. Microestruturas formadas por
cristais grandes são menos resistentes (PDLV SRURVDV) que as formadas por cristais
pequenos (PDLV GHQVDV) (MURAT HW DO., 1979). As dimensões típicas dos cristais de
dihidrato puro variam entre 10 e 20 µm de comprimento e 1 e 1,6 µm de diâmetro
(ODLER; RÖSSLER, 1989; HINCAPIÉ, 1997; SELMO HWDO., 1997).

A IRUPD do cristal também influencia as propriedades mecânicas da pasta endurecida. Os


cristais do dihidrato têm, predominantemente, a forma de agulhas (Figura 2.4) e
apresentam um bom intertravamento. A presença de impurezas e controladores de pega
ocasionam mudanças em sua forma (Figura 2.5), geralmente, minorando suas propriedades
mecânicas (MURAT HWDO, 1979; ODLER; RÖSSLER, 1989; LEWRY; WILLIAMSON,
1994b; DIAS, 1994; HINCAPIÉ, 1997; DELGADO; PIRES SOBRINHO, 1997; JOHN,
ANTUNES, 1999).

)LJXUD±&ULVWDLVGHGLKLGUDWR )LJXUD±&ULVWDLVGHGLKLGUDWRHP
DXPHQWR[ 67$9HWDO SUHVHQoDGHSROLDFULODPLGDDXPHQWRGH
[ 67$9HWDO

 )DWRUHVLQIOXHQWHVH[WHUQRV

Quando a superfície da pasta sofre alguma espécie de WUDWDPHQWR PHFkQLFR, como por
exemplo desempeno, ocorre uma orientação na formação dos cristais que estão nesta
região. Isto resulta numa camada compacta que tem propriedades mecânicas superiores às
do interior da pasta (MURAT HWDO, 1979).

A exposição da pastas endurecidas à XPLGDGH provoca queda em suas propriedades

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
2. O Gesso 17

mecânicas. Uma possível explicação para isto é que o vapor que penetra nos poros da
pasta, ao se condensar, possibilita a dissolução-recristalização dos cristais instáveis e
pequenos formados no início da pega. Os “QRYRV” cristais formados são maiores que os
que os originaram. Isto ocasiona o crescimento do diâmetro dos poros. Essa alteração na
estrutura da pasta também modifica o contato entre os cristais causando a queda na
resistência mecânica (MURAT HW DO, 1979). Outra explicação é que a água adsorvida
possibilita o escorregamento entre os cristais sob pressão, ocasionando a queda nas
propriedades mecânicas (BADENS HWDO 1999).

Utilizando WHPSHUDWXUDV iniciais de mistura de 0 oC, 25 oC, 50 oC e 75 oC, RÖSSLER;


ODLER (1989) mostraram que por aumento da temperatura durante a hidratação ocorre
um alargamento dos cristais de dihidrato formados. Isto se deve à queda na solubilidade do
hemidrato provocada pelo incremento da temperatura9, reduzindo o número de núcleos
formados e, consequentemente, o surgimento de poros maiores.

A UHODomRiJXDJHVVR influencia de maneira discreta o WDPDQKR dos cristais de dihidrato,


sem, contudo, influenciar sua IRUPD. O aumento da relação água/gesso altera a distribuição
dos poros, ou seja, a adição de água faz com que a pasta passe a ter mais poros
relativamente maiores (r > 103 nm) em detrimento dos poros menores (RÖSSLER;
ODLER, 1989).

 3RURVLGDGHHSURSULHGDGHVPHFkQLFDV

As propriedades mecânicas das pastas decrescem com o crescimento da relação água/gesso


que, como já foi mencionado, aumenta a porosidade das pastas. Assim, a influência da
relação água/gesso nas propriedades mecânicas é função, principalmente, da sua relação
com a porosidade das pastas (MURAT, 1979; RÖSSLER; ODLER, 1989).

RÖSSLER; ODLER (1989) encontraram que a relação entre a resistência à compressão e a


porosidade real10 é praticamente linear, para a faixa de 30 a 70 % de porosidade total.
Propriedades mecânicas como resistência à compressão, flexão, módulo de elasticidade e
dureza das pastas mostraram-se relacionadas à porosidade total da pasta. Mudanças na

9
A solubilidade do hemidrato é máxima a 45oC, diminuindo após esta temperatura (CLIFTON, 1973).
10
Porosidade real foi calculada pelos pesquisadores de acordo com a equação P = 1-((massa/volume)/2,32),
onde 2,32 é a densidade do cristal de gipsita em g/cm3.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
2. O Gesso 18

distribuição dos poros e no tamanho dos cristais tiveram efeito bem inferior ao da
porosidade total. Diante disto, eles concluíram que nem o tamanho dos cristais nem a
distribuição dos poros tem efeito apreciável sobre a resistência, atribuindo à SRURVLGDGH
WRWDO da pasta a maior influência sobre a resistência.

 9DULDo}HVYROXPpWULFDV

No início da reação de hidratação as pastas de gesso sofrem uma UHWUDomR que se estende
até o início da pega, momento em que a microestrutura começa a desenvolver-se. Até o
início da pega (final do período de indução) os cristais podem crescer livremente em
virtude da pequena quantidade de cristais presentes do elevado teor de água presente. Com
o aumento do número de cristais formados a estrutura da pasta começa a tornar-se rígida. O
crescimento dos novos cristais se opõe a rigidez da estrutura causando a H[SDQVmR da pasta.
Assim, a expansão pode ser atribuída às forças atuantes durante a evolução da
microestrutura (NOLHIER, 1986; KARNI; KARNI, 1995).

A magnitude da expansão varia de acordo com a relação água/gesso11, a adição de


retardadores ou aceleradores de pega12 e inertes13. Em função destes fatores a expansão
varia de 1,5 %, para gesso puros, até 0,1 % para gessos com retardador (NOLHIER, 1986;
KARNI; KARNI, 1995).

 3URSULHGDGHVPHFkQLFDV

As propriedades mecânicas das pastas de gesso são influenciadas predominantemente pela


relação água/gesso. De maneira geral, o aumento da relação água/gesso provoca a queda
nas propriedades mecânicas. Isto pode ser explicado pela relação entre o teor de água da
pasta e a porosidade resultante (item 2.4.3).

11
Quanto maior a relação água/gesso menor a expansão (NOLHIER, 1986).
12
O efeito dos aditivos aceleradores e retardadores varia de acordo com seu tipo. O sulfato de potássio
(acelerador) reduz em até 50 % a expansão (NOLHIER, 1986). Gelatina (retardador) também reduz a
expansão em cerca de 50 %. (KARNI; KARNI, 1995).
13
A areia reduz a expansão. Utilizando, por exemplo, o traço 1:5 (gesso:areia) pode-se obter uma redução na
expansão de cerca de 50 % (KARNI; KARNI, 1995). Por outro lado, a argila aumenta a expansão. A adição
de 25 %, em massa, de argila pode até dobrar a expansão da pasta (NOLHIER, 1986).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
2. O Gesso 19

A Figura 2.6 demonstra a influência da relação água/gesso na UHVLVWrQFLD j FRPSUHVVmR,


WUDomRQDIOH[mR e GXUH]D de gessos estrangeiros, representadas pelas linhas (NOLHIER,
1986), e nacionais, representados pelos pontos (CINCOTTO HW DO 1988b). A dispersão
dos resultados dos gessos nacionais pode ser atribuída às diversas marcas de materiais
utilizadas nos ensaios.

25 100
compressão

'XUH]D6KRUH&HHP
tração na flexão
5HVLVWrQFLD 03D

20 80
dureza (MPa)
15 dureza 60

03D
Shore
10 40

compressão
5 20
flexão
0 0
0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
5HODomRDJ

* unidade dos ensaios dureza de CINCOTTO, HWDO 1988b

)LJXUD±,QIOXrQFLDGDUHODomRDJQDUHVLVWrQFLDjFRPSUHVVmR
WUDomRQDIOH[mRHGXUH]DGHJHVVRVHVWUDQJHLURVHQDFLRQDLV
12/+,(5&,1&2772HWDOE

Para NOLHIER (1986) o mecanismo de DGHUrQFLD dos revestimentos de gesso à base é, em


princípio físico. Durante a aplicação da pasta, a água de amassamento saturada é absorvida
por capilaridade pela base possibilitando que os cristais de dihidrato se precipitem em seus
poros. A ancoragem ocorre pela formação de uma malha de cristais de dihidrato desde
interior do poro (base) até o revestimento. Por este motivo, existem três fatores principais
que podem impedir uma boa aderência:
v utilização de gesso já hidratado – como os cristais já estão formados não haverá
ancoragem nem formação da malha;

S sucção da base extremamente elevada – pode retirar a água necessária à completa


hidratação do gesso impedindo a formação da estrutura;

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
2. O Gesso 20

S sucção da base muito baixa – como a pasta não é absorvida a ancoragem fica
prejudicada.

Assim, a UHVLVWrQFLDGHDGHUrQFLD das pastas de gesso é função, principalmente da relação


água/gesso e do tipo e condições da base. HINCAPIÉ HWDO (1997) estudaram a resistência
de aderência de pastas de gesso em blocos de concreto, sílico-calcário, cerâmico e de
concreto celular, em laje de concreto com chapisco rolado e em argamassa mista (1:2:9).
De maneira geral, substratos mais porosos apresentam valores maiores de resistência de
aderência. Nos resultados apresentados por DIAS (1994), TANGO HW DO (1995),
DELGADO; PIRES SOBRINHO (1997) e JOHN; ANTUNES (1999) para resistência de
aderência as pastas aplicadas sobre blocos de concreto foram superiores às aplicadas sobre
blocos cerâmicos.
Os valores da resistência de aderência encontrados por esses pesquisadores para pastas
aplicadas sob as condições mais adversas (base úmida, bloco cerâmico, água/gesso = 0,75)
são da ordem de 0,4MPa. Para bases secas, mais porosas (bloco de concreto, por exemplo)
e com relações água/gesso empregadas em obra (~ 0,7), este valor chegou a 1,6MPa.
HINCAPIÉ HW DO (1997) analisaram também a zona de ruptura dos corpos de prova
submetidos ao ensaio de resistência de aderência. Segundo os autores, o crescimento da
relação água/gesso de 0,6 para 0,8 provocou o deslocamento progressivo da zona de
ruptura do VXEVWUDWR(50 % dos casos) para a interface VXEVWUDWRSDVWD(49 % dos casos) e
para a SDVWD (49 % dos casos). Este deslocamento pode ser atribuído ao incremento da
porosidade da pastas com o incremento da relação água/gesso.
A Tabela 2.3 apresenta um UHVXPR dos valores típicos das propriedades mecânicas dos
gessos nacionais e suas respectivas relações água/gesso. Vale lembrar que os dados do
trabalho pioneiro de CINCOTTO HWDO (1988b) são referentes à diversas marcas de gesso
nacional.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
2. O Gesso 21

7DEHOD±,QWHUYDORGHYDULDomRGDVSURSULHGDGHVGRVJHVVRVGHFRQVWUXomR
EUDVLOHLURV &,1&2772HWDOE+,1&$3,eHWDO
3URSULHGDGH DJ 03D
Resistência à compressão 0,650 – 0,450 9,93 – 27,29
Resistência à tração na flexão 0,653 – 0,433 4,40 – 10,50
Dureza superficial 0,483 – 0,450 13,55 – 53,08
Resistência de aderência* 0,600 – 0.800 0,40 – 1,60
* HINCAPIÉ et al., 1997.

Para pastas destinadas a revestimento a resistência de aderência e a dureza superficial são


as principais propriedades mecânicas a serem analisadas.
Não foram encontrados dados referentes ao PyGXOR GH HODVWLFLGDGH de gessos nacionais,
mas trabalhos como o de BLAKEY (1959), citado por NOLHIER (1986), e TESCHNER
(1991) mostra a faixa de variação da influência da relação água/gesso nesta propriedade
(Figura 2.7). A redução no módulo de elasticidade pode chegar a 50% variando-se a
relação água/gesso de 0,6 para 0,8 (HALLOWS, 1992 DSXG HINCAPIÉ HWDO., 1997).

10
0yGXORGH(ODVWLFLGDGH

TESCHNER (1991)
8
BLAKEY (1959)
6
*3D

0
0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
5HODomRDJ

)LJXUD9DULDomRGRPyGXORGHHODVWLFLGDGHOLQHDUHPIXQomRGDUHODomRDJQR
HVWDGRVHFR %/$.(<DSXG12/+,(57(6&+1(5 

A XPLGDGH também influencia o comportamento mecânico do gesso. A resistência à


compressão e à tração na flexão variam de forma inversa com o teor de umidade. Para

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
2. O Gesso 22

exemplificar, a resistência à compressão de pastas mantidas a UR de 90 % é apenas 63 %


da encontrada para pastas secas (sic) (NOLHIER, 1986).

No entanto, a absorção de água pelo gesso de construção endurecido não tem apenas efeito
negativo. Uma das propriedades mais apreciadas no gesso é a de ser um UHJXODGRU
KLJURWpUPLFR do ambiente. A pasta de gesso endurecida absorve ou libera umidade, de
acordo com as condições higrotérmicas e de ventilação do ambiente. Quando há um
aumento de temperatura, a quantidade de vapor de água na atmosfera aumenta e o gesso
absorve a água. Quando ocorre o inverso, o gesso libera rapidamente a água absorvida,
proporcionando conforto ambiental e prevenindo a condensação de vapor d’água sobre a
superfície (HINCAPIÉ HWDO 1996). Porém, para revestimentos de pequena espessura este
efeito no ambiente provavelmente não é significativo.

 &RQVLGHUDo}HVVREUHRFDStWXOR

Estudos procedentes de diferentes países, encontrados na literatura, demonstram que o


gesso é um material muito empregado e estudado no mundo inteiro. Presta-se para diversos
fins e, mais especificamente, para a aplicação de interesse deste trabalho, isto é,
revestimento de ambientes internos.

Atualmente, o mecanismo mais aceito para explicar a hidratação do gesso é o da


GLVVROXomRSUHFLSLWDomR. Parâmetros como relação água/gesso, presença de impurezas,
energia e forma de mistura, temperatura da água e a presença de controladores de pega
influenciam a cinética da hidratação.

O parâmetro mais influente nas propriedades da pasta fresca e endurecida é a UHODomR


iJXDJHVVR No estado fresco a relação água/gesso influencia a cinética da reação de
hidratação e a formação da microestrutura. No estado endurecido interfere na porosidade
total da pasta e, conseqüentemente, sobre as propriedades mecânicas.

Os valores das propriedades mecânicas apresentados pelo material são compatíveis com as
solicitações a que ele está sujeito. Entretanto, o gesso perde grande parte de suas
propriedades mecânicas em presença de XPLGDGH, sendo este o maior limitador da sua
utilização.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
 12926&21&(,726352326726

Neste capítulo são apresentados alguns conceitos novos que surgiram durante o
desenvolvimento deste trabalho da necessidade de classificar as pastas de gesso de uma
maneira mais detalhada quanto à sua aplicação como revestimento em obra.

 7HPSRGHSHJDHQGXUHFLPHQWRHDSOLFDomRGDVSDVWDVGHJHVVR

Conforme discussão apresentada no &DStWXOR, o endurecimento, isto é, a SHJD das pastas


de gesso pode ser explicada através da reação de hidratação que se inicia no instante em
que a água entra em contato com o pó. A consistência da pasta começa a ser alterada no
final do período de indução pela presença maciça dos núcleos de cristalização e vai
aumentando progressivamente com a formação da microestrutura adquirindo cada vez mais
resistência mecânica até o seu completo endurecimento.
No Brasil, o método utilizado atualmente para medir o tempo de pega das pastas de gesso é
o proposto pela NBR 12128 (ABNT, 1991), por analogia ao ensaio empregado para
cimentos e, por este motivo, apresenta algumas limitações, uma vez que foi concebido para
um aglomerante que possui LQWHUYDORGHXWLOL]DomRGLIHUHQWH.
As pastas, argamassas e concretos de cimento são utilizados antes que sua pega se inicie,
ou seja, o tempo disponível para o seu preparo, transporte e aplicação é o tempo de início
de pega. Manuseá-los após este período implica em perda de resistência mecânica devido à
destruição da microestrutura em formação. Desta forma, a FRQVLVWrQFLD DGHTXDGD à
aplicação das pastas, argamassas e concretos é obtida através da dosagem dos materiais
secos e da variação da relação água/aglomerante.
Para as pastas de gesso aplicadas manualmente, este o princípio não pode ser adotado. Na
prática de obra atual, as relações água/gesso utilizadas são elevadas2 o que ocasiona a

1
A consistência é uma forma de avaliar a trabalhabilidade das pastas e argamassas (CINCOTTO HW DO,
1995).
2
Geralmente, as relações água/gesso empregadas em obra variam entre 60% e 86% da massa do gesso
(DIAS, 1994; HINCAPIÉ HWDO 1996; ANTUNES HWDO, 1999a).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
3. Novos conceitos propostos 24

produção de pastas extremamente fluídas de aplicação imediata impossível. Para que a sua
aplicação tenha início é necessário aguardar que as pastas de gesso atinjam a faixa de
consistência adequada, determinada empiricamente pelo gesseiro. A consistência da pasta
só começa a ser alterada no final do período de indução, ou seja, pouco antes do início da
pega por calorimetria3 (CLIFTON, 1973; MAGNAN, 1973), só após este instante é
possível o início de sua utilização (Tabela 3.1).
Até o final do período de indução não há elevação de temperatura além da ocasionada pela
molhagem dos grão, e, consequentemente, ainda não há dihidrato formado. Assim, no
início da pega determinado pela calorimetria e pelo método proposto pela DIN 1168 1975)
a quantidade de dihidrato precipitado é aproximadamente igual a 0 % (CLIFTON, 1973;
MAGNAN, 1973; LEWRY; WILLIAMSON, 1994a). Enquanto no início de pega
determinado pela agulha de Vicat, NBR 12128 (ABNT, 1991), aproximadamente 10 % de
dihidrato já está formado (STAV; BENTUR, 1995).
Isto levaria a conclusão de que o início da utilização da pasta de gesso teoricamente
começaria antes o início da pega determinado pela agulha de Vicat. Entretanto, como as
relações água/gesso utilizadas neste ensaio são inferiores às utilizadas em obra, o tempo de
início de pega acaba sendo inferior ao tempo necessário para que a pasta com relação
água/gesso de obra adquira a consistência adequada à utilização.
Para o fim da pega determinado pela agulha de Vicat (NBR 12128 (ABNT, 1991)) a
relação é a inversa, isto é, no instante em que ocorre o fim da pega a pasta já está
excessivamente rígida não sendo mais possível a sua utilização.
Isso torna os tempos de início e fim de pega determinados pela NBR 12128 (ABNT, 1991)
de pouca utilidade para o construtor, unicamente aplicável para controle do processo de
fabricação do gesso. Assim, neste trabalho, esta sendo proposta a adoção de um conceito
relacionado diretamente com o período de tempo disponível para a aplicação das pastas de
gesso.

3
O início da pega por calorimetria corresponde ao instante em que a taxa de elevação da temperatura é maior
que 0,1oC/min (RIDGE, 1959).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
3. Novos conceitos propostos 25

 2FRQFHLWRGHIDL[DGHFRQVLVWrQFLD~WLO

Como já foi mencionado, ao contrário do que acontece com as argamassas tradicionais4,


logo após a mistura é impossível, no processo manual, a utilização da pasta de gesso com
relações água/gesso de obra. É necessário que se observe um WHPSR GH HVSHUD até que a
pasta atinja a consistência adequada à aplicação (DIAS, 1994; HINCAPIÉ HW DO 1996b;
ANTUNES HWDO, 1999b).
O WHPSRGHHVSHUD pode ser definido como o intervalo de tempo decorrido entre o contato
do pó com a água e o momento em que a pasta atinge a consistência adequada à aplicação.
Este intervalo engloba o tempo gasto com o polvilhamento. Experimentalmente, sua
determinação pode ser realizada por intermédio do ensaio de consistência como proposto
pela NBR 12128 (ABNT, 1991). Este método é suficientemente sensível apara medir a
variação causada à consistência da pasta por fatores como variação do teor de água e do
teor de adições (JOHN; ANTUNES, 1999).
Alternativamente, como o ganho de consistência ocorre no final do período de indução, sua
estimativa pode, a princípio, ser determinada pela calorimetria adiabática, onde, para as
relações água/gesso de obra, o tempo de espera corresponde ao período de indução
(descrito no item 2.4).
No final do período de indução das pastas com relação água/gesso de obra, a consistência
começa a ser alterada pela presença maciça dos núcleos de cristalização e pela precipitação
dos primeiros cristais de dihidrato, resultantes da reação de hidratação. Esta mudança física
é acompanhada pelo início da elevação rápida da temperatura da pasta que a partir deste
instante pode começar a ser utilizada (CLIFTON, 1973; MAGNAN, 1973). Desta forma, a
consistência medida neste instante corresponde à FRQVLVWrQFLDPtQLPD necessária para que
a pasta possa ser aplicada com as relações água/gesso de obra.
A utilização da pasta prossegue paralelamente ao desenvolvimento da microestrutura e se
encerra antes do final da pega. Pois neste instante a estrutura cristalina já apresenta coesão
para impedir o deslocamento relativo entre os cristais (CLIFTON, 1973; MAGNAN,
1973). Por isto a FRQVLVWrQFLD Pi[LPD, ou seja, a consistência com a qual a pasta ainda
pode ser aplicada é atingida antes do final da pega.

4
Argamassas de cimento e areia ou cimento, cal e areia.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
3. Novos conceitos propostos 26

Assim, a IDL[D GH FRQVLVWrQFLD ~WLO é o intervalo de valores de consistência entre a


consistência mínima e máxima, ou seja, a faixa de consistência na qual a pasta de gesso
pode ser utilizada para uma revestir uma superfície.

 2FRQFHLWRGH7HPSRÒWLO

FERREIRA (1986) define tempo útilcomo: “SHUtRGRUHVHUYDGRDRWUDEDOKRSURGXWLYR”.


Transportando a definição para o revestimento em pasta de gesso : 7HPSRÒWLOpRWHPSR
GLVSRQtYHO SDUD D DSOLFDomR GR UHYHVWLPHQWR HP SDVWD GH JHVVR RX VHMD R LQWHUYDOR GH
WHPSRHPTXHDSDVWDVHHQFRQWUDGHQWURGDIDL[DGHFRQVLVWrQFLD~WLO
Este intervalo de tempo é determinante na produtividade do serviço de revestimento
manual em gesso, uma vez que dita o tempo que o gesseiro dispõe para aplicar a pasta.
Ampliá-lo, implica em aumento de produtividade.

 'HWHUPLQDomRGRWHPSR~WLO

Como o tempo útil é o intervalo de tempo em que a pasta permanece dentro da faixa de
consistência útil, seu valor é a diferença entre o intervalo de tempo necessário para que a
pasta adquira a FRQVLVWrQFLDPi[LPD de aplicação e o intervalo que corresponde ao tempo
de espera (equação (3. 1)):

7HPSR~WLO PLQ  7FPD[±7H 

RQGH

Tcmax → intervalo de tempo entre o contato do pó com a água de amassamento e o


instante em que a pasta atinge a FRQVLVWrQFLD Pi[LPD de utilização, em
minutos.

Te → é o tempo de espera, em minutos.

O tempo de espera corresponde ao tempo necessário para que a pasta adquira a


FRQVLVWrQFLDPtQLPD. Desta forma, uma maneira direta e prática para determinar o tempo
útil é através do aparelho de Vicat modificado (NBR 12128 (ABNT, 1991)) e de um
cronômetro, obtendo-se a variação da consistência no tempo.
A Figura 3.1 mostra que, após o período de indução, a variação da consistência (penetração

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
3. Novos conceitos propostos 27

da sonda, em mm) no tempo é linear e pode ser expressa através da equação (3. 2). A
relação entre a faixa de consistência útil e o tempo útil é representada pelas coordenadas
(consistência mínima (cmin); tempo de espera (Te)) e (consistência máxima (Cmáx.); tempo
de consistência máxima (Tcmáx)) que delimitam seus valores.

WHPSR~WLO

FPtQ
3HQHWUDomR PP

D
L
F
H Q
G
 r O
D W LW
V
[
L L ~
D V
I Q
R
F
α
FPD[

7H 7FPD[
7HPSR PLQ

)LJXUD±7HPSR~WLOHIDL[DGHFRQVLVWrQFLD~WLOGHWHUPLQDGDDWUDYpVGRHQVDLRGH
FRQVLVWrQFLDGD1%5

3HQHWUDomR PP  αWE 

RQGH

α → constante, corresponde à taxa de variação da consistência devido a formação


da estrutura cristalina, em mm/min;

t → é o tempo decorrido entre o contato do pó com a água e a leitura, em minutos;

b → constante, corresponde a penetração teórica para o tempo zero, em mm.

Quando a penetração da sonda corresponder à FRQVLVWrQFLDPtQLPD o valor do tempo (t)


corresponderá ao tempo de espera (Te). Se a penetração corresponder à FRQVLVWrQFLD
Pi[LPD o valor do tempo (t) será igual ao tempo para consistência máxima (Tcmax). O
tempo útil varia de forma inversa a α, isto é,quanto PDLRU o α PHQRU o tempo útil e vice-
versa.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
3. Novos conceitos propostos 28

 7HPSR~WLOHVWLPDGRSHODFDORULPHWULD

Para situar melhor o tempo útil dentro do procedimento tradicional de aplicação de pastas
de gesso, estão descritas na Tabela 3.1 as etapas que compõe a atividade, correlacionadas
às etapas da reação de hidratação5 apresentadas na Figura 3.2.
De acordo com as descrições das etapas da reação de hidratação sugeridas por CLIFTON
(1973) e MAGNAN (1973) e pelo exposto na Tabela 3.1 a pasta pode ser utilizada durante
a etapa em que ocorre a elevação da temperatura (toda a segunda etapa da curva
apresentada na Figura 3.2).

WHPSR~WLOHVWLPDGR

ê
&
R

D


U
X
W
D SHUtRGRGH
U
H LQGXomR
S
P

å
H
7

7
LQtFLRSHJD
7 ILPSHJD

7HPSR PLQ

)LJXUD±(WDSDVGDUHDomRGHKLGUDWDomRDWUDYpVGDFDORULPHWULDDGLDEiWLFDH
WHPSR~WLOHVWLPDGR

Esta etapa é delimitada pelos tempos de início e fim da pega. O início da pega é o instante
em que a taxa de elevação de temperatura ultrapassa 0,1 oC/min (RIDGE, 1959) isto
eqüivale, aproximadamente, ao início da formação da microestrutura. O fim da pega é o
instante em que a temperatura máxima é atingida (THOLE, 1994) e cerca de 90% da pasta
já está hidratada (STAV; BENTUR, 1995).

5
Conforme discutido no item 2.4.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
3. Novos conceitos propostos 29

7DEHOD3URFHGLPHQWRGHSUHSDURGDVSDWDVGHJHVVRREVHUYDGRHPREUD
(WDSD 3URFHGLPHQWR
Polvilha- O pó é colocado na água de forma a preencher toda masseira por igual. A
mento quantidade de pó utilizada é a necessária para que toda, ou quase toda, água
da superfície seja absorvida pelo pó.
Espera I Segue-se um período de repouso que corresponde ao período de dissolução
do hemidrato.
Mistura Em seguida, parte da pasta é misturada ficando o restante em repouso na
masseira.
Espera II Mais uma vez um intervalo é observado até que a pasta possa ser utilizada.
Este intervalo eqüivale ao período de indução, primeira etapa da Figura 3.2
,QtFLRGR Quando a fração de pasta que foi misturada pelo gesseiro adquire a
WHPSR~WLO FRQVLVWrQFLDPtQLPD adequada para a aplicação, determinada empiricamente,
(Aplicação I) passa a ser utilizada. Neste instante tem início o WHPSR~WLOque acontece no
final do período de indução e pouco antes do início da pega determinado por
calorimetria (Figura 3.2).
Aplicação II Com o final da utilização da parte previamente misturada, o gesseiro segue
usando a segunda parte que estava em repouso e por isso teve a cinética da
reação de hidratação retardada em relação à primeira. Dificilmente é
necessário misturar a segunda parte, pois o tempo necessário para a completa
utilização da primeira é suficiente para que a segunda parte adquira a
FRQVLVWrQFLDPtQLPD adequada à aplicação. Assim, o gesseiro passa a utilizar
a segunda parte sem que haja necessidade de interrupção da atividade.
Durante as etapas de Aplicação I e II a pasta encontra-se na segunda etapa
reação exposta na Figura 3.2 que corresponde ao WHPSR~WLOHVWLPDGR.
)LPGR Quando a pasta ultrapassa a FRQVLVWrQFLD Pi[LPD adequada para revestir o
WHPSR~WLO substrato ela ainda pode ser utilizada para dar o acabamento final no
revestimento. A adição de água à pasta altera sua consistência, possibilitando
seu retorno à IDL[DGHFRQVLVWrQFLD~WLO. Neste momento a pasta se encontra
na terceira etapa, ou seja, final da reação de hidratação por dissolução-
precipitação, onde a maioria do dihidrato já está formado (etapa 3 da curva
exposta na Figura 3.2).
Final da Logo após esta fase, o gesso se hidrata quase completamente6 não se
utilização prestando mais para o serviço. Esta fase é conhecida na prática como
("morte") PRUWH´ do gesso, pois mesmo que mais água seja adicionada à pasta para
prolongar sua utilização, não existe mais aderência entre essa última camada
e o revestimento já aplicado.

6
A reação de hidratação continua por difusão e não mais por dissolução-precipitação, pois a massa sólida
formada pelo dihidrato restringe o acesso do íons ao hemidrato. A parcela não hidratada corresponde a
cerca de 10% do dihidrato total (STAV; BENTUR, 1995).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
3. Novos conceitos propostos 30

Desta forma, através da curva de calor de hidratação é possível obter-se o WHPSR ~WLO
HVWLPDGR, para o intervalo de relações água/gesso utilizado em obra O valor da estimativa
tende a ser um pouco menor que o do WHPSR ~WLO obtido através da consistência, pois a
FRQVLVWrQFLDPtQLPD, para relações água/gesso de obra, acontece pouco antes do início da
pega por calorimetria (Figura 3.3).

WHPSR~WLO
WHPSR~WLO

WHPSR~WLOHVWLPDGR

FPtQ

P
P D
L

 F
R H
Q
m G r O

W L
o SHUtRGRGH D
V
W
D [ L ~
U L
LQGXomR V
W D
I Q
H R
Q F
H
3 α
FPD[

7H 7 LQtFLRSHJD
7F
PD[

7HPSR PLQ

)LJXUD±7HPSR~WLOHWHPSR~WLOHVWLPDGR

 3DUkPHWURVTXHLQIOXHQFLDPRWHPSR~WLO

Pelo exposto no item 3.3.2, qualquer parâmetro que altere a inclinação do trecho
ascendente da curva de calor de hidratação, ou seja, a taxa de formação da estrutura
cristalina da gipsita exercerá influência sobre o tempo útil. Isto pode ser observado através
dos resultados apresentados por HINCAPIÉ (1997), que avaliou como diversas espécies
químicas interferem sobre a hidratação de pastas de gesso, com relações água/gesso 0,7,
através da curva de calor de hidratação obtidas com o auxílio de um calorímetro pseudo-
adiabático.
Dois efeitos básicos foram observados. O SULPHLUR é que alguns aditivos retardadores de
pega, como bórax (Figura 3.4) e ácido cítrico (Figura 3.5), em certos teores, ampliam o
período de indução deslocando a curva do calor de hidratação no tempo sem, contudo,
alterarem a inclinação do ramo da curva que se encontra na da segunda etapa. Para as
relações água/gesso de obra tais aditivos não exercem influência sobre o tempo útil. Isto
pode ser verificado através da Tabela 3.2 e Tabela 3.3 onde, apesar dos tempos de início e

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
3. Novos conceitos propostos 31

fim de pega terem sido ampliados, o valor encontrado para o tempo útil estimado manteve-
se praticamente constante.
O VHJXQGR efeito, ilustrado pela Figura 3.6 (caseína) e Figura 3.7 (gelatina), é que alguns
aditivos retardadores além de ampliarem o período de indução e os tempo de início e fim
de pega, alteraram também a taxa de formação da estrutura cristalina da gipsita. Este efeito
teve influência direta sobre o tempo útil destas pastas. O valor de tempo útil obtido com
7% de caseína (Tabela 3.4) correspondeu a quase o dobro do valor encontrado para a pasta
pura. A gelatina (Tabela 3.5) não se mostrou tão eficiente quanto a caseína, apresentando
um tempo útil para um teor de 1,5 %, 4 % inferior ao da pasta pura. Todavia este dado não
chega a invalidar a conclusão.

20 20
0%
0,004% 0,016%

15 15


0% 0,5 0,7% 0,8% 1%

R&

R&

 10  10 0,011%
7 7

0,025%
5 5

0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 0 20 40 60 80
7HPSR PLQ 7HPSR PLQ

)LJXUD±&XUYDGHFDORUGHKLGUDWDomR )LJXUD±&XUYDGHFDORUGHKLGUDWDomR
GHSDVWDVGHJHVVRFRPUHODomRDJHP GHSDVWDVGHJHVVRFRPUHODomRDJHP
SUHVHQoDGHEyUD[ +,1&$3,e SUHVHQoDGHiFLGRFtWULFR +,1&$3,e


7DEHOD±,QIOXrQFLDGRWHRUGHEyUD[QRVWHPSRVGHLQtFLRHILPGHSHJDSRU
FDORULPHWULDHQRWHPSR~WLOHVWLPDGR
7HPSR 7HRUGHEyUD[ 
PLQ
    
Início de pega 3 16 37 62 131
Fim de pega 30 41 64 91 154
Útil estimado 27 25 27 29 23
* Tempo útil estimado = tempo de fim de pega – tempo início de pega.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
3. Novos conceitos propostos 32

7DEHOD±,QIOXrQFLDGRWHRUGHiFLGRFtWULFRQRVWHPSRVGHLQtFLRHILPGHSHJDSRU
FDORULPHWULDHQRWHPSR~WLOHVWLPDGR
7HPSR 7HRUGHiFLGRFtWULFR 
PLQ
    
Início de pega 3 7 13 31 46
Fim de pega 30 37 45 59 75
Útil estimado 27 30 32 28 29
Tempo útil estimado = tempo de fim de pega – tempo início de pega.

20 20

0% 0%

15 5% 15


6% 0,8%
R&

R&

 10  10
7 7
7% 1%


1,5%
5 8% 5

1,6%
0 0
0 20 40 60 80 100 120 0 20 40 60 80 100 120
7HPSR PLQ 7HPSR PLQ

)LJXUD±&XUYDGHFDORUGHKLGUDWDomR )LJXUD±&XUYDGHFDORUGHKLGUDWDomR
GHSDVWDVGHJHVVRFRPUHODomRDJHP GHSDVWDVGHJHVVRFRPUHODomRDJHP
SUHVHQoDGHFDVHtQD +,1&$3,e SUHVHQoDGHJHODWLQD +,1&$3,e

7DEHOD±,QIOXrQFLDGRWHRUGHFDVHtQDQRVWHPSRVGHLQtFLRHILPGHSHJDSRU
FDORULPHWULDHQRWHPSR~WLOHVWLPDGR
7HPSR 7HRUGHFDVHtQD 
PLQ
    
Início de pega 3 16 23 31 47
Fim de pega 30 52 62 84 95
Útil estimado 27 36 39 53 48
* Tempo útil estimado = tempo de fim de pega – tempo início de pega.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
3. Novos conceitos propostos 33

7DEHOD±,QIOXrQFLDGRWHRUGHJHODWLQDQRVWHPSRVGHLQtFLRHILPGHSHJDSRU
FDORULPHWULDHQRWHPSR~WLOHVWLPDGR
7HPSR 7HRUGHJHODWLQD 
PLQ
    
Início de pega 3 14 21 59 110
Fim de pega 30 44 59 85 >120
Útil estimado 27 30 38 26 --
* Tempo útil estimado = tempo de fim de pega – tempo início de pega.

Outra forma de alterar a inclinação da curva é através do procedimento corrente entre os


gesseiros de PLVWXUDUDSHQDVXPDSDUWHGDPDVVHLUD, como foi exposto na Tabela 3.1. Tal
procedimento faz com que ocorra um retardamento na cinética da reação de hidratação da
porção misturada em relação a que permaneceu em repouso (HINCAPIÉ HW DO, 1996b;
ANTUNES HWDO, 1999a). Se a pasta for considerada como um todo, a taxa de formação da
estrutura da gipsita do conjunto será alterada, exercendo, assim, influência sobre o tempo
útil. De acordo com as regressões lineares apresentadas na Figura 3.8 para cada uma das
porções da pasta misturadas, o tempo de fim de utilização da primeira porção seria
aproximadamente 45,3min enquanto o da segunda porção foi 57min, ou seja, houve uma
ampliação em cerca de 26% no tempo útil total da pasta.

40
Aplicação I (início do tempo útil)
35

Aplicação II
P
30
P

 25
R
m
o 20 \ [
D
U
W 
15 5  
H
Q
H
3 10
\ [

5 5  

0
20 25 30 35 40 45 50 55 60
7HPSR PLQ

)LJXUD±,QIOXrQFLDGRSURFHGLPHQWRGHPLVWXUDQRWHPSR~WLOGDVSDVWDVGHJHVVR
$1781(6HWDOD

Através da intervenção no WHPSRGHHVSHUD também é possível alterar-se o tempo útil das


pastas de gesso. Pela equação (3. 1), mantendo-se o tempo de consistência máxima (Tcmáx)
constante, quanto PHQRU o tempo de espera PDLRU será o tempo útil. Assim, a utilização de

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
3. Novos conceitos propostos 34

espessantes, inertes ou relações água/gesso inferiores às utilizadas em obra podem fazer


com que a pasta adquira a consistência mínima antes do final do período de indução
reduzindo o tempo de espera. Entretanto, o efeito desses materiais e das baixas relações
água/gesso sobre o tempo de pega deve ser levado em consideração. Alguns espessantes ou
inertes podem atuar como núcleos de cristalização7, acelerando a pega e ocasionando
redução do tempo útil e, como já foi discutido, a taxa de formação da microestrutura é
inversamente proporcional à relação água/gesso. De forma análoga, os parâmetros que
exercem influência sobre a consistência máxima da pasta também podem alterar o tempo
útil.
FOUCAULT 1970) menciona a utilização de retardadores de pega associados a
espessantes, por exemplo o metilcelusose, para ampliar o tempo de pega e alterar,
simultaneamente, a consistência da pasta. Isto faz com que a pasta adquira prematuramente
a consistência mínima adequada, que só seria atingida durante a formação da
microestrutura, acompanhado de um retardamento na cinética da reação de hidratação, o
que aumenta o tempo para a consistência máxima (Tcmax), ampliando o tempo útil.
Assim, a soma dos efeitos das duas formas de intervenção, PHQRU tempo de espera e PDLRU
tempo para a consistência máxima, pode proporcionar a maior ampliação possível do
tempo útil, como pode ilustrar a Figura 3.9, onde α1< α.

WHPSR~WLO

FPtQ

P
P D
L

 F
R H Q
m G r O
 W L
o D V W
D [
L L ~
U D
V
W I Q
H R
Q F
H
3 α α1
FPD[

7H 7FPD[
7HPSR PLQ

)LJXUD±$PSOLDomRPi[LPDGRWHPSR~WLOFDXVDGDSHODVRPDGDVLQWHUYHQo}HVQR
WHPSRGHHVSHUDHQRWHPSRGHFRQVLVWrQFLDPi[LPD

7
Maiores detalhes no item 2.4.1.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
3. Novos conceitos propostos 35

 &RQVLGHUDo}HVVREUHRFDStWXOR

O WHPSR ~WLO proposto neste trabalho é de fácil determinação, sendo mais adequado ao
processo de aplicação do revestimento do que os tempos de início e fim de pega propostos
pela NBR 12128 (ABNT, 1991) e supre a deficiência da classificação estabelecida na
NBR 13207 (ABNT, 1994).
A indicação do WHPSR ~WLO permitiria ao usuário selecionar gessos que apresentem maior
tempo disponível para a utilização, bem como a faixa de relações água/gesso que deve ser
empregada. Estas informações fornecem subsídios para um melhor planejamento do
serviço de aplicação manual de revestimento em gesso, possibilitando com isso ganho na
produtividade e possivelmente redução de perdas de material.
A utilização de aditivos retardadores de pega não amplia necessariamente o tempo útil.
Aditivos que retardam a pega através da ampliação do período de indução não exercem
influência sobre o tempo útil das pastas com relações água/gesso utilizadas em obra. Os
aditivos que alteram a taxa de formação da estrutura exercem influência sobre o tempo útil,
mas apesar de ampliarem consideravelmente os tempos de início e fim de pega não
ampliam na mesma ordem de grandeza o tempo útil.
Espessantes, inertes e relações água/gesso inferiores às de obra podem diminuir o tempo de
espera, mas em alguns casos também aceleram a reação de hidratação, o que pode levar a
diminuição do tempo útil. Assim, a utilização simultânea de UHWDUGDGRU e HVSHVVDQWH ou
EDL[DVUHODo}HViJXDJHVVR são as formas mais eficientes para a ampliação do tempo útil.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
 $63$67$6'(*(662(&$/

 +LVWyULD

A utilização gesso-cal é quase tão antiga quanto a do gesso (COWAN, 1985) e, a medida
que o conhecimento acerca do gesso se desenvolveu a adição da cal também passou a ser
estudada (PIPPARD, 1940; WEYLER, 1954; COSTES 1966; RIDGE; KING, 1976;
MALLON, 1988; KARNI; KARNI, 1995). O gesso era adicionado à cal para
proporcionar-lhe resistência inicial, já que a carbonatação é um fenômeno lento. Em
contrapartida, a cal também era usada em associação ao gesso, na aplicação da camada
final do revestimento, que, geralmente, possuía como camada de regularização argamassas
de gesso:cal:areia.
Desde a antigüidade, argamassas de gesso e cal eram tradicionalmente usadas para o
assentamento de grandes blocos de pedra nos templos egípcios (COWAN, 1985). De
acordo com o relato histórico de NOLHIER (1986), na França do século XVIII, dois terços
das fachadas dos edifícios eram revestidas de argamassas à base de gesso e cal, cuja
durabilidade ultrapassava várias décadas.

 +LGUDWDomRHWHPSRGHSHJDGDVSDVWDVGHJHVVRHFDO

A cal hidratada altera a cinética da reação de hidratação do gesso. O efeito das espécies
químicas OH- e Ca2+ provenientes da dissolução do hidróxido de cálcio, no entanto, é
complexo. O aumento da concentração de íons 2+ tende a aumentar a velocidade da
reação e, consequentemente, provocar a diminuição do tempo de indução, enquanto o
aumento na concentração de íons &D ocasiona a queda na solubilidade do hemidrato (8,8
g/l a 20oC ) e do dihidrato (2,2 g/l a 20oC ) e, por isso, diminui a velocidade da reação,
ampliando o tempo de indução. Como a solubilidade do hidróxido de cálcio (0,156g/l a
20oC) é pequena, o efeito máximo sobre a velocidade da reação é obtido com a adição de
pequenos teores (< 5%). Teores mais elevados provocam uma queda suave e progressiva
na influência da cal nesse parâmetro, como pode ser visto na Figura 4.1

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antune
4. As pastas de gesso e cal 37

(RIDGE; KING, 1977).

30
Q
L
P


R
m
o 25
X
G
Q
,
H
G
 20
R
G
R
t
U
H
3
15
0 10 20 30 40 50
7HRUGHFDO 

)LJXUD±,QIOXrQFLDGRWHRUGHFDOQRSHUtRGRGHLQGXomR 5,'*(.,1*

Autores como CLIFTON (1973) e NOLHIER (1986) também atestam o efeito acelerador
da cal para teores menores que 5% da massa do gesso. CLIFTON (1973) utilizou teores de
0,39 e 0,99% de cal dissolvida na água de amassamento que diminuíram o tempo de início
de pega em cerca de 10% e o tempo de fim da pega em 14%. Segundo NOLHIER (1986)
pode-se considerar genericamente que em baixos teores (< 5% cal/gesso, em massa) a cal
atua como acelerador, enquanto que em teores mais elevados ela atua como retardador da
pega do gesso.

O efeito retardador da cal é mencionado por autores como COSTES (1966) e KARNI;
KARNI (1995). Em manual de treinamento de operários, COSTES (1966) aconselha a
adição de, no máximo, 14% de cal hidratada para retardar a pega e cita que mesmo em
pequenas quantidades (1%) o efeito é o mesmo. KARNI; KARNI (1995) não especificam o
teor de cal, mas mencionam que o material deve ser adicionado em “grande quantidade”
para que seu efeito retardador seja apreciável.

A VHTrQFLDGDPLVWXUD também interfere no tempo de pega das pastas. O tempo de início


de pega obtido ao adicionar-se gesso a uma solução de cal e água1 é inferior ao obtido
misturando-se primeiro os materiais secos e adicionando-os juntos à água 2 de amassamento
(RIDGE; KING, 1976).

1
(cal + água) + gesso
2
(cal + gesso) + água

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
4. As pastas de gesso e cal 38

De maneira geral, as cales podem conter LPSXUH]DV como quartzo, argilo-minerais, sais
solúveis, por exemplo, Na2SO4 e K2SO4 e, até mesmo, CaSO4.2H20 (RIDGE; KING,
1976). As cales nacionais tipo CH III podem conter até 35% de matéria-prima residual.
Estas substâncias podem acelerar a pega do gesso, seja por aumentarem o número de
pontos de nucleação ou por alterarem a solubilidade dos compostos (CLIFTON, 1973;
MURAT, HWDO 1979; DIAS, 1994; JOHN; ANTUNES, 1999).
RIDGE; KING (1976) publicaram resultados que comprovam isto. Ao utilizarem um teor
de 50%, em massa, de uma FDO FRPHUFLDO que continha traços de quartzo e sais solúveis
como Na2SO4 (1,22%), K2SO4 (0,65%) e, possivelmente, CaSO4.2H20, substâncias que
aceleram a pega, os autores encontraram queda no tempo de início de pega de até 88,9%.
Quando o mesmo teor de FDO SXUD produzida em laboratório com teores de sais solúveis
muito baixos (>0,005%) foi adicionada ao gesso, o tempo de início de pega foi
praticamente igual ao da pasta pura.
KARNI; KARNI (1995) relacionam a cal como um dos fatores que afetam a H[SDQVmR da
pasta de gesso durante sua hidratação. Segundo os autores, a adição de cal diminui a
expansão, chegando até a praticamente anulá-la quando utilizadas pastes iguais dos dois
materiais (1:1).
A adição da cal PRGLILFD R S+ da pasta de gesso3, tornando-a fortemente alcalina e
potencializando a ação de alguns retardadores. Conforme demonstrado por MALLON
(1988), a intensidade da ação de alguns retardadores de pega do gesso é dependente do pH
da solução. Segundo o autor, o efeito retardador de substâncias como o ácido tartárico e
seus sais alcalinos pode ser potencializado a partir de pH > 11, aumentando em até 15
vezes o tempo de inicio de pega do gesso. Para valores de pH inferiores a 10 o efeito é
pequeno, 1,5 a 2 vezes (Figura 4.2). Resultados divulgados anteriormente por MOISSET
(1985, DSXG NOLHIER, 1986) indicam que adições de 0,5% de ácido tartárico e 1% de cal
hidratada com relação à massa de gesso, retardam o início de pega da mistura em mais de 1
hora.

3
As pastas de gesso possuem pH neutro (~7).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
4. As pastas de gesso e cal 39

16
R
W 14 ácido tartárico
Q
H tart. de sódio
P
12
D tart. de potásio
G 10
U
D
W 8
H
U

H 6
G

U 4
R
W
D 2
)
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
S+

)LJXUD±,QIOXrQFLDGRS+GDVSDVWDVGHJHVVRQRHIHLWRUHWDUGDGRUGDSHJDGR
iFLGRWDUWiULFRHDOJXQVGHVHXVVDLV 0$//21 

 3URSULHGDGHVItVLFDVHGHDSOLFDomRGDVSDVWDVGHJHVVRHFDOQR
HVWDGRIUHVFR

Para entender a influência da cal nas propriedades físicas e de aplicação das pastas de
gesso frescas primeiro, faz-se necessária a apresentação de algumas definições dos
conceitos das propriedades que compõem o estado fresco.

 &RQFHLWRVGHDOJXPDVSURSULHGDGHVItVLFDVHGHDSOLFDomRGDVSDVWDV
QRHVWDGRIUHVFR

Os conceitos das propriedades serão apresentados seguindo a ordem inversa do fluxograma


proposto por RAGO; CINCOTTO (1997) (Figura 4.3) que estabelece a relação entre as
características dos materiais constituintes e as propriedades físicas e de aplicação das
pastas no estado fresco.
A WUDEDOKDELOLGDGH é uma propriedade empírica e por isso mesmo difícil de ser expressa ou
definida. Podem ser encontradas diversas definições do termo para concretos (ASTM C
125, 1993), argamassas e pastas (RILEM, 1982b; CINCOTTO HWDO,1995). Uma definição
simples é que a trabalhabilidade avalia a facilidade de manuseio, transporte e aplicação das
pastas sem perda da homogeneidade. Muitos autores utilizam a FRQVLVWrQFLD e a
SODVWLFLGDGH como formas indiretas de avaliar e expressar a trabalhabilidade das pastas e
argamassas.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
4. As pastas de gesso e cal 40

&DUDFWHUtVWLFD VXSHUItFLHHVSHFtILFD IRUoDVGHDWUDomR

GLPHQV}HVHIRUPD HUHSXOVmR
GDSDUWtFXOD

FRHVmR YLVFRVLGDGH
3URSULHGDGHV

ItVLFDV

OLPLWH
GH
HVFRDPHQWR

SODVWLFLGDGH FRQVLVWrQFLD
3URSULHGDGHV

GHDSOLFDomR

WUDEDOKDELOLGDGH

)LJXUD±5HODomRHQWUHRVFRQVWLWXLQWHVHDVSURSULHGDGHVGDVSDVWDVQRHVWDGR
IUHVFR 5$*2 

A &RQVLVWrQFLD é a propriedade pela qual a pasta tende a resistir às deformações que lhe
são impostas (CINCOTTO HW DO, 1995; RILEM, 1982b). Os fatores que influenciam a
consistência são a superfície específica dos materiais, a relação água/aglomerante e
qualidade do aglomerante. Sendo o teor de água da pasta o parâmetro mais importante
(CINCOTTO HWDO., 1995).
A 3ODVWLFLGDGH é a propriedade pela qual a pasta tende a manter sua deformação após a
redução do esforço que a originou sem que haja ruptura (RILEM, 1966). A plasticidade se
origina nas forças de FRHVmR4 internas da pasta (força de tensão superficiais entre os
materiais e a água de amassamento), que, por sua vez, está diretamente relacionada com a
superfície específica dos materiais. Quanto maior a superfície específica, mais água será
necessária para envolver seus grãos, que será somada à necessária para permitir seu
deslocamento relativo e assim manter a plasticidade constante. A relação entre superfície
específica e teor de água da pasta tem um valor ótimo. Antes deste valor as partículas estão
muito próximas tornando a pasta coesa demais. Acima deste valor, a pasta fica pouco coesa
(mais fluída) devido a maior distância entre as partículas (RAGO, 1999).
A coesão das pastas é expressa pela resistência ao cisalhamento ou OLPLWHGHHVFRDPHQWR.
O limite de escoamento das argamassas e pastas é reduzido à coesão pois o atrito interno é,
principalmente, gerado pelos grão maiores (agregado graúdo). A formação da

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
4. As pastas de gesso e cal 41

microestrutura e, consequentemente, a pega das pastas está associada à evolução do limite


de escoamento com o tempo (RAGO, 1999).
AYLVFRVLGDGH é a velocidade de deformação de um corpo. O teor de água, a dimensão e
forma das partículas influenciam na viscosidade. Sua relação com a consistência das pastas
é direta, quanto maior a viscosidade, maior a consistência (RAGO, 1999).
De posse dos conceitos destas propriedades agora será tratada a influencia da cal hidratada
sobre elas.

 ,QIOXrQFLD GD FDO QDV SURSULHGDGHV ItVLFDV H GH DSOLFDomR GDV SDVWDV
GHJHVVRIUHVFDV

Durante a revisão bibliográfica não foi encontrado nenhum estudo que abordasse a
influência da cal nas propriedades das pastas de gesso frescas. Contudo, partindo-se do
conhecimento da influência das características das partículas de cal no comportamento das
pastas de cal e de cimento e cal no estado fresco, podem ser tecidas algumas
considerações.
Mantendo-se a consistência constante, a adição de cal propicia um aumento do consumo de
água das pastas e argamassas devido à sua ILQXUD e elevada VXSHUItFLH HVSHFtILFD5.
Propriedades como coesão e viscosidade também são influenciadas por estas características
(CINCOTTO HWDO, 1995; RAGO, 1999)
A IRUPDODPHODU de suas partículas dificulta o rolamento entre elas fazendo com que para a
obtenção da mesma consistência seja necessário aumentar o teor de água das pastas
(CINCOTTO, 1977; RAGO, 1999). A elevada HQHUJLDVXSHUILFLDO que existe nas placas de
hidróxido de cálcio faz com que a água, ao se absorvida, crie um filme que permanece
retido em volta da partícula (BOYNTON, 1967 DSXG RAGO, 1999). Os cristais de
hidróxido de cálcio são capazes de adsorver até 100% de seu volume (CINCOTTO HWDO,
1995). Isto explica a elevada UHWHQomRGHiJXD da cal.
Todas as características citadas contribuem para o aumento da retenção de água, aumento
da a plasticidade e aumento da consistência das pastas, o que tem reflexo direto sobre sua
trabalhabilidade.

4
Pode ser definida como união ou aglutinação (RAGO; CINCOTTO, 1997)
5
A superfície específica da cal é da ordem de 1000m2/kg (RAGO, 1999).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
4. As pastas de gesso e cal 42

O WLSRGHFDO (cálcica, magnesiana ou dolomítica) também influencia a trabalhabilidade das


pastas. Segundo RAGO (1999), a viscosidade das pastas de cal e mistas 6 varia na seguinte
ordem crescente:

PDJQHVLDQD&+,,,7PDJQHVLDQD&+,FiOFLFD&+,,,FiOFLFD&+,

Este comportamento é função da distribuição granulométrica e da aglomeração das


partículas. A cal magnesiana apresenta distribuição granulométrica contínua, o que
propicia menor quantidade de vazios8 e facilita o rolamento entre as partículas, gerando
menor quantidade de água retida, enquanto a distribuição granulométrica da cal cálcica é
descontínua e suas partículas formam aglomerados de placas (CINCOTTO, 1977). Assim,
mantendo-se o teor de água constante, as pastas de cal cálcica são mais viscosas que as
pastas de cal magnesiana (RAGO, 1999). Sendo assim, para obter-se uma dada viscosidade
é necessário um teor de cal cálcica PHQRU que o de cal magnesiana.
Estas propriedades levam DHVFROKDGDFDOFiOFLFD&+,para ser utilizada neste trabalho.
Relembrando, a questão que motivou o trabalho foi: p SRVVtYHO IRUPXODU XPD SDVWD GH
JHVVR H FDO TXH SRVVD VHU XWLOL]DGD ORJR DSyV D PLVWXUD" Assim, quanto maior o
incremento na viscosidade proporcionado pela cal, maior será o incremento da consistência
das pastas de gesso e cal, pois a adição da cal irá proporcionar à pasta a FRQVLVWrQFLD
PtQLPD necessária à utilização antes da formação da sua estrutura. Outro fator importante é
a diminuição das variáveis pela não inclusão de teores elevados de hidróxido de magnésio
e carbonatos presentes nos outros tipos de cales.

6
Pastas de cimento Portland e cal.
7
CH III e CH I - Cales classificadas de acordo com a NBR 7175.
8
A massa unitária da cal magnesiana (CH I =485,4kg/m3 ; CH III = 580,2kg/m3) é maior que a da cal cálcica
(CH I = 441,7kg/m3; CH III = 558,4 kg/m3) (RAGO, 1999).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
4. As pastas de gesso e cal 43

 3DVWDVGHJHVVRHFDOQRHVWDGRHQGXUHFLGR

 3URSULHGDGHVPHFkQLFDV

Como todo aditivo ou adição, a cal hidratada também pode gerar HIHLWRVVHFXQGiULRV nas
propriedades mecânicas do gesso. A intensidade desses efeitos vai depender do WHRUGHFDO
adicionado e do WHPSR.
Conforme discutido no item 4.3.2, um aumento no WHRU GH FDO da pasta provoca um
incremento no consumo de água para a obtenção da mesma trabalhabilidade. Teores de
água elevados tendem a evaporar e tornar a pasta mais porosa e, por conseguinte, menos
resistente. Assim, não é diretamente a adição da cal que provoca queda nas propriedades
mecânicas, mas o incremento na relação água/gesso que ela gera.
O WHPSR é fator preponderante nas propriedades mecânicas das pastas de cal, pois o seu
endurecimento ocorre através da carbonatação que é um fenômeno lento que se processa
da superfície para o interior das pastas.
O CO2 necessário à reação de FDUERQDWDomR do hidróxido de cálcio pode ser encontrado
não só na atmosfera, mas também no ar aprisionado na pasta de gesso endurecida. Como a
pasta endurecida apresenta elevado volume de poros e a espessura dos revestimento em
gesso é muito pequena9, a passagem do CO2 é facilitada, propiciando condições para que
grande parte do hidróxido presente na pasta seja carbonatado (NOLHIER, 1986). Mesmo
que o revestimento seja pintado logo após a sua secagem10 a carbonatação não será
interrompida, apenas retardada (UEMOTO HWDO, 1995)
A carbonatação causa a obstrução dos poros da pasta devido ao aumento de volume de 1,5
vezes do carbonato em relação ao hidróxido de cálcio (GUIMARÃES, 1997). Na Figura
4.4 é possível observar a presença de cristais de calcita formados entre os cristais de gipsita
alterando a porosidade da pasta. Isto pode proporcionar, ao longo do tempo, um
incremento nas propriedades mecânicas e especialmente na GXUH]D VXSHUILFLDO do
revestimento.

9
Segundo BRE (1978) a espessura média dos revestimentos de gesso é de 5mm.
10
Uma ou duas semanas após sua aplicação (HINCAPIÉ HWDO 1996).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
4. As pastas de gesso e cal 44

D E
)LJXUD± D PLFURJUDILDGHSDVWDGHJHVVRHFDO E GHWDOKH
:,56&+,1* 

 &RPSRUWDPHQWRIUHQWHjXPLGDGH

COSTES (1966) afirma que a adição de 14% de cal hidratada (em volume) à pastas de
gesso melhora sua resistência à água. No entanto, para NOLHIER (1986) é necessário o
uso combinado de cal hidratada e materiais pozolânicos. Essa combinação reúne a
vantagem do rápido endurecimento do gesso à formação de compostos hidraulicamente
estáveis, a partir das reações pozolânicas. Esse autor cita o trabalho de HOFFMANN
(1963) que demonstra que adição de cal, mesmo em teores elevados de até 37% (cal/gesso
em massa), não melhora a resistência das pastas a ciclos sucessivos de molhagem e
secagem. Porém, o autor confirmou que a aplicação de soluções ácidas (ácido
ortofosfórico) na superfície das pastas mistas confere resistência ao revestimento frente aos
efeitos do envelhecimento acelerado. Nesse caso, a reação entre a cal e o ácido forma
cristais de sais insolúveis de fosfato de cálcio que ao precipitarem nos poros diminuem a
porosidade da pasta.

 $SOLFDo}HVHWUDoRV

Basicamente, as pastas de gesso e cal podem ser aplicadas sobre as mesmas bases que as
pastas de gesso puro (BRE, 1978). As pastas de gesso e cal são geralmente empregadas na

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
4. As pastas de gesso e cal 45

finalização dos revestimentos (WEYLER11, 1954), enquanto as argamassas se destinam,


geralmente, às camadas de regularização.
NOLHIER (1986) apresenta dados de traços tradicionais de gesso:cal:areia (variando de 1:
0,15:0,52 a 1:0,3:0,7; com relação água/aglomerante variando de 0,4 a 0,6), utilizados
desde o século XVIII na cidade de Paris (França), cuja durabilidade ultrapassava várias
décadas. Ele menciona também a criação de um produto com traço 1:0,15:0,75 e relação
água/aglomerante igual a 0,54 desenvolvido especialmente para restauração das fachadas
daquele século. Este traço serviu, provavelmente, de base para o proposto pelo CSTB,
através da DTU no 26.1 (CSTB, 1990), uma vez que são iguais. O BRE (1978) recomenda
a adição máxima de 25%, em volume, de cal para todos os tipos de base.
COSTES (1966) cita a adição da cal hidratada (para retardar a pega) em todos os tipos de
aplicação para pastas e argamassas de gesso, indo desde o assentamento de blocos até o
revestimento de paredes e tetos (Tabela 4.1).

7DEHOD±7LSRVGHHPSUHJRUHODo}HVDJHIRUPDGHPLVWXUDDSUHVHQWDGDVSRU
&267(6  
7LSRGHHPSUHJR 0DWHULDLV DJ )RUPDGHPLVWXUD
assentamento de blocos gesso rápido + cal 0,5 a 0,6 enérgica
reboco gesso lento + cal 0,7 a 1 enérgica
(parede com sucção elevada)

revestimento de teto gesso lento + cal 0,7 a 1 enérgica


acabamento (gesso basto) gesso lento + cal 0,7 a 0,8 enérgica
revestimento desempenado gesso lento + cal 1 branda
(utiliza-se a medida que vai endurecendo)

Atualmente, algumas argamassas de gesso industrializadas utilizadas para projeção


mecânica apresentam teores de cal variando entre 5% e 10% em sua composição
(CLARIANT, 1998). Entretanto, outros componentes como polímeros, controladores de
pega areia e outros inertes também fazem parte da composição destas argamassas.
A norma britânica BS 4551 (1980) não faz menção às pastas de gesso e cal, mas traz traços
de argamassa de gesso : cal : areia variando de 1 : 0,63 : 5,77 até 1 : 2,87 : 24,71, em

11
Traço 1:1 – gesso:cal (WEYLER, 1954).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
4. As pastas de gesso e cal 46

massa. Merece destaque também a norma alemã DIN 18550 Part 2 (DIN, 1985), que prevê
a utilização de argamassas de gesso e cal com proporções entre os dois aglomerantes
variando de 1 : 0,5 a 1 : 20, em volume. A norma ASTM C 842-85 (ASTM, 1990)
recomenda o uso de pasta e argamassa de gesso e cal para a camada de acabamento dos
revestimentos (J\SVXP JDXJLQJ SODVWHU IRU ILQLVK FRDW  em teor de 1 : 4,5 de gesso : cal,
em volume.
Diferentes abordagens em diversas normalizações podem refletir não apenas diferenças nas
práticas construtivas, mas também diferenças nas características dos gessos locais. A
maioria dos gessos comerciais produzidos no Brasil, tanto os gessos para revestimento,
quanto os gessos para fundição, são compostos predominantemente de hemidrato β,
diferindo apenas na sua granulometria (CINCOTTO HWDO., 1988a), enquanto grande parte
dos gessos estrangeiros usados na construção civil, são compostos por uma mistura de
sulfatos de cálcio, ou seja, uma mistura de hemidrato α, hemidrato β e anidrita II, dentre
outros compostos, dependendo das propriedades requeridas para o produto final
(NOLHIER, 1986).

 $OJXPDVSDWRORJLDVSRVVtYHLVGDVSDVWDVGHJHVVRHFDO

COSTES (1966) afirma que, utilizada em larga escala, a cal hidratada provoca
GHVDJUHJDomR12 e HIORUHVFrQFLDV13 que podem reduzir o revestimento em gesso a pó.
Entretanto, o autor não especifica os teores que podem ocasionar esse quadro. PIPPARD
(1940) destaca para o problema da utilização de cal dolomítica que pode gerar
eflorescências de sulfato de magnésio.

Outra manifestação patológica que pode ocorrer em misturas de cal e gesso é a formação
de HWULQJLWD e WDXPDVLWD. Sua formação ocorre quando há disponibilidade de cátions Ca2+,
Al3+ e Si4+ e ânions OH-, CO32- e SO42-, em presença de água, que pode ser decorrente da
elevada umidade relativa do ambiente ou do ingresso de soluções aquosas (Figura 4.5).
Esses íons podem ser provenientes de deficiências na produção do gesso e da cal, de

12
Desagregação ou erosão.
13
As HIORUHVFrQFLDV são depósitos de sais solúveis na superfície do revestimento. Três fatores devem estar
presentes simultaneamente para que o fenômeno ocorra: sais solúveis existentes nos materiais ou
componentes; presença de água para solubilizá-los; pressão hidrostática para que a solução migre para a
superfície (BAUER, 1997).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
4. As pastas de gesso e cal 47

impurezas da matéria-prima, do gás carbônico do ar, de impurezas contidas na areia como


os minerais argilosos ou até mesmo de eventuais contaminações de clínquer ou de cimento
Portland (KOLLMANN, HWDO 1977; NOLHIER, 1986).

*(662

&$/+,'5$7$'$

+LGUDWDomR &DUERQDWDomR


&D62 +2&D&2

È*8$&,0(172

(75,1*,7$ 7$80$6,7$

&$&D62+2 &D&2&D62&D6L2+2

)LJXUD±(VTXHPDGDIRUPDomRGDHWULQJLWDHWDXPDVLWD

A formação destes sais expansivos é lenta, pode levar semanas, por isso geralmente ocorre
quando as pastas e argamassas já estão endurecidas. Assim, a expansão que acompanha a
sua formação pode provocar a ruptura da estrutura interna do revestimento. Entretanto, se a
resistência mecânica do revestimento for suficiente para resistir às tensões internas
resultantes das forças de cristalização, o fenômeno de expansão pode ser evitado
(KOLLMANN, HWDO 1977; NOLHIER, 1986).
Revestimentos aplicados em substratos muito porosos, em bases úmidas ou em paredes
onde há risco de percolação de umidade proveniente da face oposta facilitam o surgimento
das manifestações patológicas (KOLLMANN, HW DO 1977; NOLHIER, 1986; SOUZA,
1997; BAUER, 1997). Por este motivo, é importante analisar o comportamento do gesso
frente ao transporte de água.
A taxa de DEVRUomRGHiJXD pelo revestimento de gesso é da ordem de 13,5g/h m2 para os 

primeiros 40 minutos de exposição a um ambiente saturado de umidade. Para 2 horas de


exposição, a velocidade cai para 7,5g/h m2, até chegar a 1,7 g/h m2 para 48 horas. Enquanto
 

a velocidade de GHVVRUomR é igual a 36g/h m2 para até 2horas de exposição, com 

temperatura de 22oC e umidade variando entre 60 e 65%. Ao chegar a 5 horas, a


velocidade cai para 34 g/h m2, chegando a 27 g/h m2 para 48 horas. No caso da água no
 

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
4. As pastas de gesso e cal 48

estado líquido, a absorção é rápida. Em 10 minutos seu valor pode atingir até 75% da
saturação. A evaporação também é extremamente rápida 100g/h m2 (DUPONT, 1970).


Assim, é evidente que a velocidade de dessorção é mais de 2,5 vezes maior que a de
absorção facilitando a rápida secagem do revestimento. Isto, associado ao fato de os
revestimentos em gesso serem utilizados em ambientes secos, reduz a possibilidade do
surgimento de tais fenômenos patológicos.

 &RQVLGHUDo}HVVREUHRFDStWXOR

Através da revisão bibliográfica foi possível verificar que o emprego do gesso associado à
cal mostrou-se muito mais antigo e difundido do que se pode pensar. Entretanto, não foram
localizados, no Brasil, estudos sistemáticos voltados especificamente para os efeitos da cal
na pasta de gesso tanto no estado fresco, como no estado endurecido.

A cal hidratada altera a cinética da reação de hidratação do gesso. Sua influência é


complexa e varia conforme o tipo de gesso, teor de cal e seqüência da mistura, natureza e
teor dos aditivos e das impurezas. Dependendo da combinação desses fatores, a cal pode
agir como retardador ou como acelerador de pega.
A cal diminui a H[SDQVmR das pastas de gesso além de alterar o S+ da água de
amassamento possibilitando a ação plena de alguns modificadores de pega.
De forma geral, pode-se dizer que as propriedades da cal são função da sua finura,
superfície específica, forma das suas partículas e energia superficial. São estas
caraterísticas que conferem às pastas de cal e mistas maior viscosidade, retenção de água,
plasticidade e consistência. Estas propriedades proporcionarão às pastas de gesso e cal a
variação de sua consistência necessária para atingir a FRQVLVWrQFLD PtQLPD logo após a
mistura.
As propriedades apresentadas pela FDO FiOFLFD &+ , motivaram sua escolha para ser
utilizada neste trabalho. Outro fator importante foi a diminuição das variáveis pela não
inclusão de espécies químicas como o hidróxido de magnésio e os carbonatos presentes
nos outros tipos de cales.
A adição de cal minora a resistência mecânica das pastas de gesso por aumentar o consumo
de água para obtenção da mesma consistência. A carbonatação provoca, ao longo do
tempo, ganhos de resistência mecânica nas pastas com cal. Assim, as propriedades

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
4. As pastas de gesso e cal 49

mecânicas das pastas de gesso e cal devem continuar a atender de maneira satisfatória as
exigências do uso.
Também é importante ressaltar que o controle de parâmetros como: a relação
água/aglomerante, as condições do substrato e detalhes de projeto, execução e manutenção
dos revestimentos, são decisivos para o bom desempenho do revestimento.
Para que as possíveis patologias decorrentes da adição da cal ao gesso se manifestem é
necessária a presença de impurezas e de água. Como os gessos nacionais apresentam
elevada pureza, e os locais usuais de aplicação deste tipo de revestimento são secos é
pequena a possibilidade de que alguma manifestação patológica venha a ocorrer.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
 352*5$0$(;3(5,0(17$/0$7(5,$,6(0e72'26

No procedimento tradicional de aplicação manual de revestimentos em gesso, o gesseiro


gasta, em média, 30% do tempo total1, esperando até que a pasta atinja a consistência
adequada à aplicação, isto é, a FRQVLVWrQFLDPtQLPD(ATUNES HWDO 1999b). A diminuição
deste tempo “improdutivo” implica em aumento do tempo útil contribuindo, assim, para o
aumento na produtividade do serviço e, provavelmente, a diminuição das perdas de
material.
Uma das formas de ampliar o WHPSR~WLO é diminuir o WHPSRGH HVSHUD. No entanto, este
intervalo de tempo é uma imposição do mecanismo de hidratação das pastas de gesso,
GLVVROXomRSUHFLSLWDomR, e da relação água/gesso usual em obra. Assim, para alterar a
consistência da pasta de gesso antes do final do período de indução é necessária a adição
de um material que atue como espessante ou a utilização de baixas relações água/gesso. A
adição de cal hidratada, em teor adequado, é capaz de conferir consistência, plasticidade e
retenção de água às pastas de gesso. Estas propriedades podem proporcionar a FRQVLVWrQFLD
PtQLPD adequada à aplicação logo após a mistura da pasta, ou seja, antes que ocorra o
aumento da consistência que só acontece no final do período de indução.

 3URJUDPDH[SHULPHQWDO

Para atingir o objetivo do trabalho, primeiro foi necessário determinar, LQVLWX a IDL[D GH
FRQVLVWrQFLD ~WLO. De posse deste dado, foram selecionados os PDWHULDLV utilizados nos
ensaios em laboratório e definidos os WHRUHVGHFDO a serem adicionados às pastas de gesso.
A etapa seguinte foi determinar a UHODomRiJXDDJORPHUDQWH que proporcionasse às pastas
a consistência mínima, logo após a mistura. O passo seguinte foi avaliar a influência dos
parâmetros definidos nas etapas anteriores, teores de cal e relação água/aglomerante, nas
propriedades das pastas, tanto no HVWDGR IUHVFR como no HQGXUHFLGR. A Figura 5.1
apresenta o fluxograma do programa experimental.

1
Tempo total do procedimento de aplicação manual de pastas de gesso é o intervalo de tempo
correspondente ao contato do pó com a água e o final da utilização (ANTUNES HWDO 1999b).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 51


IDL[DGHFRQVLVWrQFLD~WLO
LQVLWX

  
PDWHULDLV WHRUHVGHFDO UHODomRDD

 
HVWDGRIUHVFR HVWDGRHQGXUHFLGR HP
ODERUDWyULR
)LJXUD±)OX[RJUDPDGRSURJUDPDH[SHULPHQWDO

A seguir serão descritas detalhadamente as etapas do programa experimental.

 'HWHUPLQDomRGDIDL[DGHFRQVLVWrQFLD~WLOLQVLWX

O REMHWLYR desse experimento foi determinar a faixa de valores de consistência em que é


possível a utilização da pasta de gesso (IDL[DGHFRQVLVWrQFLD~WLO) e a que etapas da reação
de hidratação esta faixa corresponde, ou seja, em que momento da reação o gesseiro
começa a aplicar a pasta, e, até quando ele ainda consegue utilizá-la.
A aplicação de revestimento em pasta de gesso foi acompanhada em duas obras. Observou-
se o trabalho de quatro gesseiros, tendo sido medidos a variação da consistência no tempo,
o calor de hidratação e a relação água/gesso. Foram também registradas a temperatura e a
umidade ambiente, utilizando-se um termohigrógrafo.

 6HOHomRGRVPDWHULDLV

O JHVVR utilizado foi classificado de acordo com a NBR 13207 (ABNT, 1994) como sendo
JHVVRILQRSDUDUHYHVWLPHQWRescolhido em função de sua corrente utilização, inclusive nas
obras acompanhadas, e fácil aquisição no mercado nacional.
A FDOKLGUDWDGD utilizada foi a FiOFLFD, do tipo &+, , classificada de acordo com a NBR
7175 (ABNT, 1992). Conforme discutido no Capítulo 4, as propriedades apresentadas por
esse tipo de cal e a diminuição do número de varáveis motivaram sua escolha.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 52

 6HOHomRGRVWHRUHVGHFDO

O teor médio de cal adicionada às pastas de gesso encontrado na literatura variou entre 13
e 30%. Como teores inferiores a 5% parecem acelerar a reação de hidratação (CLIFTON,
1973; NOLHIER, 1986), fica descartada a escolha de teores abaixo desse limite. Algumas
argamassas industrializadas apresentam teores de cal variando entre 5% e 10%
(CLARIANT, 1998). Alguns trabalhos citam que teores de cal entre 20% e 30% eram
amplamente utilizados em pastas e argamassas de obras históricas e atuais (NOLHIER,
1986; WIRSCHING, 1987; CSTB, 1990). Contudo, o BRE (1978) recomenda a adição
máxima de 25%, em volume, de cal para todos os tipos de base. Assim, os teores de cal
escolhidos devem ser maiores que 5% e menores ou iguais a 25%. Para contemplar as duas
faixas principais de utilização encontradas na literatura, os teores escolhidos para este
estudo foram de  H  em massa, que correspondem aos traços 1:0,15 e 1:0,3 ,
também em massa.

 'HWHUPLQDomRGRWHRUGHiJXDSDUDFRQVLVWrQFLDPtQLPD

O REMHWLYR desta etapa foi determinar o teor de água necessária para proporcionar a
FRQVLVWrQFLDPtQLPD2adequada para o início da utilização da pasta de gesso e da pasta de
gesso e cal logo após a mistura.
O DUUDQMR H[SHULPHQWDO adotado inclui 2 fatores com 3 níveis cada um: teor de cal
hidratada (0, 13 e 23%) e relação água/aglomerante, com níveis definidos
experimentalmente nesta etapa (a/a1, a/a2 e a/a3). A variável analisada foi a consistência
(item 5.3.1), medida logo após a mistura e diversas vezes até a pasta atingir a FRQVLVWrQFLD
Pi[LPD.
Os ensaios foram realizados em duplicada, segundo programação aleatória.

 ,QIOXrQFLDGDFDOQDVSDVWDVQRHVWDGRIUHVFR

O REMHWLYR desta etapa foi determinar a influência dos diferentes teores de cal (13% e 23%)
na consistência e no tempo de pega das pastas de gesso e cal, tomando como referência a
pasta de gesso puro.

2
O valor da FRQVLVWrQFLDPtQLPD foi determinado na primeira etapa do programa experimental.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 53

Os IDWRUHVconsiderados foram: D teor de cal e E relação água/aglomerante, ambos com


3 níveis: 0, 13 e 23% de cal, e, relações água/aglomerante iguais a a/a1, a/a2 e a/a3. As
YDULiYHLV avaliadas foram: consistência no tempo (item 5.3.1) e tempo de início e fim de
pega de acordo com a norma DIN 1168 (1975) (item 5.3.5).
As relações iJXDDJORPHUDQWH utilizadas foram as determinadas no item 5.1.4.
A Tabela 5.1 traz o resumo do arranjo experimental para as pastas no estado fresco. As
células sombreadas correspondem às pastas com FRQVLVWrQFLDPtQLPD

7DEHOD$UUDQMRH[SHULPHQWDOGRHVWDGRIUHVFR
7HRUGH&DO 5HODomRDD
 a/a1 a/a2 a/a3
0 Consistência Consistência Consistência
Tempo de pega Tempo de pega
13 Consistência Consistência Consistência
Tempo de pega
23 Consistência Consistência
Tempo de pega

RQGH

a/a1 → relação água/aglomerante que proporciona FRQVLVWrQFLDPtQLPD logo após a


mistura para pastas com 0% de cal.

a/a2 → relação água/aglomerante que proporciona FRQVLVWrQFLDPtQLPD logo após a


mistura para pastas com 13% de cal.

a/a3 → relação água/aglomerante que proporciona FRQVLVWrQFLDPtQLPD logo após a


mistura para pastas com 23% de cal.
Os ensaios foram realizados em duplicada, segundo programação aleatória.

 ,QIOXrQFLDGDFDOQDVSDVWDVQRHVWDGRHQGXUHFLGR

O REMHWLYR desta etapa foi, determinar a influência dos diferentes teores de cal (13% e 23%)
na microestrutura e nas propriedades mecânicas das pastas de gesso e cal endurecidas,
tomando como referência a pasta de gesso puro.
Para avaliar a influência do tempo e a provável influência da carbonatação da cal, tanto na
microestrutura como nas propriedades mecânicas, as pastas foram ensaiadas aos GLDV de

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 54

idade. CARASEK; SCARTEZINI (1999) atestaram que a contribuição da carbonatação da


cal para a resistência de aderência das argamassas estabiliza-se e mantém-se constante após
23 dias de idade. Entretanto, SIQUEIRA (1995) observou ganhos de até 3% na resistência
à compressão de argamassas mistas com 90 dias em relação às com 28 dias. Assim, foi
escolhida uma idade intermediária,  GLDV, superior à fronteira estabelecida por
CARASEK; SCARTEZINI (1999), porem inferior, por aspectos operacionais, à idade
estudada por SIQUEIRA (1995).
Os IDWRUHV considerados foram: D teor de cal, com 3 níveis: 0%, 13% e 23%, E relação
água/aglomerante, com 3 níveis: a/a1, a/a2 e a/a3, e F idade, com 1nível: 42 dias.
As YDULiYHLV avaliadas foram: análise térmica, $7 (item 5.3.6); porosimetria, 3 (item
5.3.7); resistência à tração na flexão, 5W (item 5.3.8); resistência à compressão, 5F (item
5.3.9); módulo de elasticidade, ( (item 5.3.10); e, dureza superficial, ' (item 5.3.11).
As relações iJXDDJORPHUDQWH utilizadas foram as determinadas no item 5.1.2.
A Tabela 5.2 traz o resumo do arranjo experimental para as pastas no estado endurecido e
as células sombreadas correspondem às pastas com FRQVLVWrQFLDPtQLPD.

7DEHOD$UUDQMRH[SHULPHQWDOGRHVWDGRHQGXUHFLGR
7HRUGH&DO 5HODomRDD
 a/a1 a/a2 a/a3
0 AT; P; Rt; AT e P AT; P; Rt;
Rc; E; D Rc; E; D
13 AT; P; Rt;
Rc; E; D
23 AT; P; Rt;
Rc; E; D

Os ensaios foram realizados em duplicada, segundo programação aleatória.

 0DWHULDLV

A caracterização dos materiais utilizados foi composta por análise química, granulometria
a laser, difração de raios X e propriedades físicas.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 55

 *HVVR

Os principais constituintes do gesso são os sulfatos, expressos na DQiOLVHTXtPLFD através


do teor de óxido de cálcio (CaO) e de anidrido sulfúrico (SO3). Segundo a NBR 13207
(ABNT, 1994), o WHRUPtQLPR exigido para o CaO é 38% enquanto para o SO3 este teor é
53%. Estes teores associados ao teor de água combinada (4,2% a 6,2%) garantem que o
material contenha, no mínimo, 67% de hemidrato. Na Tabela 5.3 estão apresentados os
resultados da análise química e a caracterização física e mecânicas do gesso utilizado. O
cálculo da composição provável do gesso está detalhada no $QH[R$.
As dimensões e distribuição granulométrica do gesso foram determinadas por
JUDQXORPHWULD D ODVHU. A curva de distribuição granulométrica do material (Figura 5.2)
mostra sua descontinuidade, com um pico entre 5µm e 9µm . A faixa de valores encontrada
para a dimensão das partículas variou entre 0,91µm e 351,46µm, sendo cerca de 10% das
partículas inferiores a 3,18µm, 50% inferiores a 12,10 µm e 90% inferiores a 77,79µm.

Ao serem analisadas por GLIUDomR GH UDLR ;, as substâncias cristalinas apresentam picos
com intensidade característica que é função do ângulo de incidência dos raios X. Através
destes picos é possível determinar que substâncias estão presentes na amostra. A
identificação dos minerais foi feita de acordo com a base de dados 3RZHU'LIUDFWLRQ)LOH
(ICDD, 1995)
O difratograma do gesso (Figura 5.3) demonstra que a amostra é composta essencialmente
por hemidrato, pois foram identificados os picos característicos de bassanita, % (β-
CaSO4 0,5H2O). Também foram detectados traços de anidrita, $ (CaSO4) e a calcita, &


(CaCO3).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 56

7DEHOD±&DUDFWHUL]DomRTXtPLFDItVLFDHPHFkQLFDGRJHVVR
&DUDFWHUtVWLFDV 9DORU 0pWRGR /LPLWH 1%5
4XtPLFDV
água livre (%) 1,50 < 1,3%
água de cristalização (%) 5,68 4,2 a 6,2
óxido de cálcio (CaO) (%) 37,81 NBR 12130 > 38%
anidrido sulfúrico (SO3) (%) 53,01 > 53%
anidrido carbônico (CO2) (%) 1,03 NBR 11583
óxido de magnésio (MgO) (%) 0,08
resíduo insolúvel (RI) (%) 0,5
&RQVWLWXLQWHVFDOFXODGRV
hemidrato (%) 91,22
anidrita (%) 4,49 CINCOTTO;
Carbonato de cálcio 1,99 QUARCIONI,
(%) 1999
Carbonato de magnésio 0,17
(%)
)tVLFDVHPHFkQLFDV
massa unitária (g/cm3) 0,63 NBR 12127 < 0,70
massa específica (g/cm3) 2,63 NBR 6474
Consistência normal (a/g) 0,5
tempo de início de pega (min) 17,37 NBR 12128 >10
tempo de fim de pega (min) 34,19 >45
resist. à compressão (MPa) 13,31 >8,4
dureza (MPa) 33,35 NBR 12129 >30,0

10 100
9 90
Quantidade de partículas (%)

Quantidade de partículas

8 80
7 70
acumulada (%)

6 60
5 50
4 40
3 30
2 20
1 10
0 0
0,1 1 10 100 1000
Dimensão da partícula (µm)

)LJXUD±&XUYDGHGLVWULEXLomRJUDQXORPpWULFDGRJHVVR

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 57

1800
%
1500 %
&RQWDJHP

1200
%
900
% %
600 $
300 % % %
& $ % $ &% %
% $ %$
0
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

)LJXUD±'LIUDWRJUDPDGRJHVVR

O equipamento utilizado neste ensaio foi um difratômetro Phillips, modelo PW1710, de


radiação Cu, com tensão de 40kV e corrente de 30mA.

 &DOKLGUDWDGD

A Tabela 5.4 traz a caracterização físico-química da cal utilizada.


A NBR 7175 (ABNT, 1992) prescreve limites para os teores de CO2 encontrados na cal
hidratada no depósito (< 5%) e em obra (< 7%). Estes limites permitem controlar a
quantidade de carbonato ainda presente na cal. O teor limite de óxidos não hidratados não
deve ultrapassar 10%, para evitar o surgimento de fenômenos patológicos no revestimento,
enquanto os teores de óxidos totais não pode ser inferior a 88%.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 58

7DEHOD±&DUDFWHUL]DomRTXtPLFDHItVLFDGDFDOKLGUDWDGD
&DUDFWHUtVWLFDV 9DORU 0pWRGR /LPLWH 1%5
4XtPLFDV
umidade (%) 0,59
perda ao fogo (%) 25,32
resíduo insolúvel (RI) (%) 1,34
óxidos de ferro e alumínio (%) 1,17
NBR 6473
óxido de cálcio (CaO) (%) 70,90
óxido de magnésio (MgO) (%) 0,59
anidrido sulfúrico (SO3) (%) 0,24
anidrido carbônico (CO2) (%) 3,3 NBR 11583 ≤ 5%1 ; ≤ 7%2
1DEDVHGRPDWHULDORULJLQDO
óxidos não hidratados3 (%) 0,00 ≤ 10%
1DEDVHGHQmRYROiWHLV NBR 6473
≥ 88%
3
óxidos totais (CaO+MgO) (%) 98,07
(%CaO/(%CaO+MgO))*100 (%) 99,17 > 90%
FRQVWLWXLQWHVFDOFXODGRV
sulfato de cálcio (%) 0,41
carbonato de cálcio (%) 7,50
hidróxido de cálcio (%) 87,69
hidróxido de magnésio (%) 2,16
)tVLFDV
massa unitária (g/cm3) 0,44 NBR 12127
massa específica (g/cm3) 2,31 NBR 6474
1 no depósito; 2 na obra; 3 Valores calculados a partir da análise química considerando como não voláteis: %
de umidade + % de Perda ao fogo.

A curva de distribuição granulométrica da cal (Figura 5.4), obtida por JUDQXORPHWULD D


ODVHU, mostrou que o material é descontínuo com um pico entre 9µm e 14,22µm. A faixa de
valores encontrada para a dimensão das partículas variou entre 0,78µm e 351,46µm, sendo
cerca de 10% das partículas inferiores a 3,94µm, 50% inferiores a 12,43µm e 90%
inferiores a 50,64µm.

Através do difratograma da cal hidratada foi detectada a presença essencialmente de


portlandita, 3 (Ca(OH)2). Também foram encontrados traços de brucita, % (Mg(OH)2),
calcita, & (CaCO3) e quartzo-α, 4

Na Figura 5.5 é apresentado o difratograma da cal hidratada utilizada no trabalho.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 59

10 100
9 90

Quantidade de partículas (%)

Quantidade de partículas
8 80
7 70

acumulada (%)
6 60
5 50
4 40
3 30
2 20
1 10
0 0
0,1 1 10 100 1000
Dimensão da partícula (µm)

)LJXUD±&XUYDGHGLVWULEXLomRJUDQXORPpWULFDGDFDO

800
3 3
700
600
&RQWDJHP

3
500
400
300 3 3
3
200 & 3 3 3
100 & 4 % & 3 %
0
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70

)LJXUD±'LIUDWRJUDPDGDFDO

 0pWRGRVGHHQVDLR

 3UHSDURGDSDVWDPROGDJHPHFXUDGRVFRUSRVGHSURYD

A pasta foi SUHSDUDGD conforme procedimento proposto pela NBR 12128 (ABNT, 1991):

€ homogeneização do gesso e da cal, ambos em pó;


ó polvilhamento durante 1minuto do pó (gesso-cal);

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 60

ì repouso da suspensão por 2 minutos; e


ö mistura da pasta durante 1 minuto.
Embora vários trabalhos ressaltem a importância da maturação da cal antes de sua
utilização (CINCOTTO HW DO, 1995; RAGO, 1999), neste estudo este procedimento não
foi adotado uma vez que diversos autores atestam que a dissolução da cal na água de
amassamento tem efeito acelerador da pega do gesso (RIDGE; KING 1976; NOLHIER,
1986).
Logo após a mistura das pastas, os PROGHVIRUDPHQFKLGRV lentamente, em 2 camadas, para
evitar o aprisionamento do ar na pasta durante a operação. A compactação de cada camada
foi efetuada manualmente com golpes do cabo da espátula contra o molde, 10 golpes .
paras os corpos-de-prova cúbicos, e 20 golpes para os prismáticos. Após o início da pega, o
molde foi rasado com o auxílio da espátula e cada corpo-de-prova identificado.
Cerca de 2 horas após a moldagem os corpos-de-prova foram UHWLUDGRVGRVPROGHV. Este
intervalo foi suficiente para que o tempo de fim de pega fosse alcançado e os corpos-de-
prova adquirissem resistência suficiente para serem manuseados. A Tabela 5.5 resume a
quantidade de corpos-de-prova moldados para cada série de moldagem e o total de corpos-
de-prova ensaiados para os ensaios realizados no estado endurecido.

7DEHOD±1~PHURGHFRUSRVGHSURYDSRUHQVDLRUHDOL]DGRQRHVWDGRHQGXUHFLGRH
SRUVpULHGHPROGDJHP
(QVDLR 1 6pULHV
R
&3V$PRVWUDSRUVpULH 7RWDO&3V$PRVWUD
TG 1 5 5
Porosimetria 2 5 10
Rt 2 32 32
Rc 2 24 24
Módulo de Elasticidade 2 24 24
Dureza 2 24 24

Com o intuito de simular as condições a que o revestimento estaria sujeito após a


desmoldagem os corpos-de-prova ficaram expostos a variações de umidade e temperatura
do ambiente, acondicionados em estantes no interior do galpão do laboratório. Ao

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 61

completarem a idade com que deveriam ser ensaiados, os corpos-de-prova foram retirados
do local de cura para serem imediatamente rompidos, sem passar por secagem prévia. É
notório o efeito deletério da umidade nas propriedades mecânicas das pastas de gesso.
Todavia, como WRGRV os ensaios da série foram realizados no mesmo dia e segundo
programação aleatória, a queda ocasionada pela umidade presente no momento do ensaio
foi distribuída em todos os corpos-de-prova. Para controlar a influência da umidade, a
mesma foi monitorada durante a cura dos corpos-de-prova e no momento do ensaio. A
variação da umidade ao longo da cura encontra-se no $QH[R$.

 &RQVLVWrQFLD

O método de medida de consistência das pastas de gesso, recomendado pela NBR 12128
(ABNT, 1991) é com o aparelho de Vicat Modificado (Figura 5.6).
A amostra é acondicionada num tronco VRQGD
PROGH
cônico com 40mm de altura, 70mm de 5 mm

diâmetro da base inferior e 60mm de


60 mm
0 mm
diâmetro da base superior. A medida da
5 mm PROGH
consistência, em mm, é função da 40 mm

penetração da sonda cônica na amostra. A


)LJXUD±(VTXHPDGRDSDUHOKRGH
consistência é considerada QRUPDO quando é 9LFDWPRGLILFDGR±1%5
obtida uma penetração de 30 ± 2mm.

(P REUD, a amostra foi recolhida diretamente da parte da masseira de onde o gesseiro
retirava a pasta em utilização. As medidas foram feitas com o aparelho de Vicat
modificado. A primeira leitura foi efetuada no instante em que o gesseiro começava a
aplicar a pasta, correspondendo, portanto, à FRQVLVWrQFLD PtQLPD necessária para que a
pasta pudesse ser utilizada. Foram realizadas leituras sucessivas no decorrer da aplicação,
até o final da FRQVLVWrQFLD Pi[LPD de utilização, que correspondeu à última consistência
com a qual foi possível aplicar a pasta no substrato sem que esta sofresse alterações em sua
relação água/gesso3.

3
Para maiores informações ver a Tabela 3.1, &DStWXOR.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 62

 &DORUGH+LGUDWDomR

A calorimetria permite obter curvas de calor de hidratação em função do tempo. Pode ser
feita de dois modos: DGLDEiWLFR, que fornece como resultado a curva do incremento da
temperatura no tempo; e LVRWpUPLFR, que fornece como resultado o fluxo de calor liberado
no tempo, de uma amostra mantida em temperatura constante.
Através da calorimetria é possível medir os tempos de início e fim de pega. O tempo de
início de pega é o instante em que a taxa de elevação de temperatura ultrapassa 0,1oC/min
(RIDGE, 1959) e o fim da pega é o instante em que a temperatura máxima é atingida
(THOLE, 1994).
Para acompanhar o calor de hidratação em obra foi utilizado um calorímetro pseudo-
adiabático semelhante ao utilizado por HINCAPIÉ (1997) proposto por MURAT;
JEANDOT (1973) e um cronômetro.
O calorímetro pseudo-adiabático foi
composto por um recipiente de isopor que
UHFLSLHQWH
isola a amostra do meio externo. Para medir LVRODQWH
variação de temperatura utilizou-se um UROKD 22,2
termopar do tipo K (Cromel-Alumel), WHUPRSDU
acoplado a um termômetro digital com DPRVWUD
o
WHUP{PHWUR
0,1 C de precisão. A Figura 5.7 apresenta
um esquema do calorímetro pseudo
)LJXUD±(VTXHPDGRFDORUtPHWUR
adiabático. SVHXGRDGLDEiWLFR

(PREUD, a amostra era coletada logo após o final do polvilhamento do gesso na água de
amassamento, pois, nesse instante, a relação água/gesso está fixada, já que nenhum dos
componentes da pasta (gesso ou água) sofrerá acréscimo4. Após uma leve homogeneização
a amostra era acondicionada num recipiente plástico onde era inserido o termopar fixado a
uma rolha, para garantir seu posicionamento no centro da amostra. A amostra com o
termopar era colocada no recipiente de isopor, lacrado com fita crepe, para isolar o

4
Dependendo das condições ambientais, parte da água poderá evaporar durante o procedimento, mas esta
perda foi desprezada.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 63

conjunto do meio externo. O tempo necessário para cada elevação de 0,1oC na temperatura
do sistema foi registrado, mas as leituras só foram iniciadas após a estabilização da
temperatura. O WHPSR]HUR foi definido como o instante em que o gesso entrava em contato
com a água de amassamento.

 'HWHUPLQDomRGD5HODomRiJXDJHVVRHPREUD

Para a determinação da relação a/g utilizada em cada mistura foi coletada uma amostra do
gesso de construção empregado, de massa J e outra da pasta de gesso, de massa S. As
amostras foram seladas hermeticamente imediatamente após a coleta. Já em laboratório,
elas foram submetidas à secagem a 40oC, até constância de massa, para determinação da
água livre. Para extração da água combinada as amostras foram aquecidas a 400ºC5, sendo
obtidas as massas J para o gesso de construção e S para as pastas. A relação
água/gesso foi obtida pela diferença entre o teor de água das duas amostras, expressa sobre
a massa anidra conforme a equação (6.1):

S − S400 J − J 400
D/J = − 
S400 J 400

 'HWHUPLQDomRGRVWHPSRVGHLQtFLRHILPGHSHJDVHJXQGRD',1

Para complementar o estudo do tempo de pega foi adotado também o PpWRGRGDHVSiWXOD


proposto pela norma alemã DIN 1168 (1975) (Figura 5.8). Esse método foi selecionado em
razão da sua simplicidade e facilidade de utilização em obra.

5
A NBR 12130 prescreve que a temperatura para determinação da iJXD FRPELQDGD seja de 230 ± 10 0C.
Entretanto, SELMO (1996) constatou que essa temperatura leva à formação de anidrita III que, sendo uma
forma instável, sofre variação de massa por hidratação já durante a pesagem das amostras. Assim, a
temperatura adotada para determinação da água combinada foi 400 0C.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 64

Esse método consiste em moldar uma


“bolacha” de pasta com 5mm de espessura e 100 mm

100mm de diâmetro. Utilizando-se uma FRUWH


espátula reta faz-se cortes na “bolacha”.
SDVWD
5 mm
O LQtFLR GD SHJD é o momento em que o
corte aberto pela espátula não mais se fecha.
O ILQDO GD SHJD é determinado como o )LJXUD±(VTXHPDGRHQVDLRGH
momento em que o dedo, quando GHWHUPLQDomRGRWHPSRGHLQtFLRHILPGH
SHJDGD',1
pressionado sobre a bolacha, não mais deixa
impressões sobre a mesma.

 $QiOLVH7pUPLFD

A WHUPRJUDYLPHWULD (7*) é uma técnica de análise térmica bastante empregada. A TG


consiste em aquecer (ou resfriar) uma amostra a uma taxa geralmente constante, e medir a
variação de sua massa. As curvas TG fornecem informações a respeito da composição e
estabilidade tanto da amostra inicial, como dos produtos intermediários que possam ser
formados e do resíduo. Dos dados da curva TG pode-se obter a curva DTG, que é a
derivada primeira da curva TG em função do tempo ou da temperatura. A representação
gráfica da DTG facilita a percepção visual dos eventos térmicos ocorridos, uma vez que
substitui os GHJUDXV da TG por SLFRV que delimitam áreas proporcionais às variações de
massa decorrentes do aquecimento da amostra.
A faixa de temperatura em que ocorre a dissociação térmica de uma espécie química, ou
seja, sua variação de massa é possível determinar VH e TXDQWR desta substância estava
presente na amostra. Assim, a TG e DTG foram utilizadas para determinar qualitativa e
quantitativamente os produtos formados durante a hidratação das pastas de gesso e gesso-
cal após 42 dias, verificando também a presença de carbonatos.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 65

As amostras foram retiradas de um dos aPP


diedros tri-retângulos do corpo-de-prova aPP
DPRVWUD
(conforme mostrado na Figura 5.9), moídas
em almofariz.
Foi ensaiada uma amostra com 42 dias de
idade para cada condição estudada (teor de
cal e relação água/aglomerante, conforme &3
Tabela 5.2), num total de 5 determinações.
)LJXUD±/RFDOGRFRUSRGHSURYDGH
A termobalança utilizada nos ensaios foi a RQGHIRUDPUHWLUDGDVDVDPRVWUDVSDUD
HQVDLRGH7*HSRURVLPHWULDGHPHUF~ULR
da marca Shimadzu modelo TGA-51H, e o
aquecimento programado para a faixa de

temperatura ambiente até 1000oC,com razão de aquecimento de 10oC/min, sob atmosfera


dinâmica de ar comprimido, isento de CO2 com vazão de 50mlb/min.

 3RURVLPHWULD

A porosidade das pastas foi determinada através da SRURVLPHWULDSRULQWUXVmRGHPHUF~ULR,


que permite medir poros entre 0,003µm e 400µm de GLkPHWUR, determinar a forma como
estes poros estão GLVWULEXtGRV no material e o YROXPH correspondente a cada diâmetro ou
intervalo de diâmetro. O porosímetro utilizado foi da o marca 0LFURPHULWLFV, modelo
$XWR3RUH,,,.
O procedimento de retirada da amostra é idêntico ao descrito para a termogravimetria (item
5.3.6), entretanto o prisma, com aproximadamente 5x5mm de face e 10mm de
comprimento, retirado do corpo-de-prova (Figura 5.9) é utilizado inteiro no ensaio de
porosimetria. Foram ensaiadas 2 amostras com 42 dias de idade para cada condição
estudada (teor de cal e relação água/aglomerante, conforme Tabela 5.2), perfazendo 10
ensaios.
A amostra é previamente mantida uma pressão de vácuo de 7MPa para remoção de gases e
vapores que porventura possam estar presentes. Após a eliminação dos gases, o mercúrio é
injetado sob pressão na amostra. A distribuição das dimensões dos poros presentes na

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 66

amostra é obtida através da relação entre o diâmetro do poro6 e o volume de mercúrio


injetado, em função da pressão aplicada de acordo com a equação de Washburn (equação
(6.2)) (SATO, 1998).

' γFRVθ
3 
RQGH

' → diâmetro do poro em µm;

γ → tensão superficial do líquido, igual a 485 10-3N/m;




θ → ângulo de contato entre o líquido e a superfície, fixado em 130o; e,

3 → pressão hidrostática da coluna de mercúrio na cápsula da amostra em Pa.

 5HVLVWrQFLDjWUDomRQDIOH[mR

A resistência à tração na flexão das pastas puras e mistas foi determinada de acordo com a
ISO 3051 (1974), por não existir norma brasileira para este ensaio.
Neste ensaio, um carregamento central (P, em kgf) é aplicado ao corpo-de-prova
prismático de 40 x 40 x 160 mm, que é posto sobre dois apoios com 100mm de vão entre
eles. A resistência à tração na flexão (Rt) é calculada através da equação (6.3).

5W [3 

A prensa utilizada foi uma ,QVWURQ7\SHPRGHOR0. Foram ensaiadas


duas séries7 de quatro corpos-de-prova para cada condição estudada (teor de cal e relação
água/aglomerante, conforme Tabela 5.2), isto é, 32 corpos-de-prova.

 5HVLVWrQFLDj&RPSUHVVmR

A resistência à compressão das pastas foi determinada de acordo com a NBR 12129
(ABNT, 1991). A prensa utilizada foi uma ,QVWURQ7\SHPRGHOR0

6
Para efeito de cálculos, o poro é assumido como sendo cilíndrico.
7
Duas séries porque os ensaios foram feitos em duplicata e segundo programação aleatória.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
5. Programa experimental, materiais e métodos 67

Foram ensaiadas duas séries8 de três corpos-de-prova para cada condição estudada (teor de
cal e relação água/aglomerante, conforme Tabela 5.2), isto é, 24 corpos-de-prova.

0yGXORGH(ODVWLFLGDGH

O módulo de elasticidade foi determinado simultaneamente ao ensaio de resistência à


compressão através do deslocamento do prato de aplicação de carga da A prensa utilizada
foi uma ,QVWURQ 7\SH  PRGHOR 0 Os módulos foram calculados
segundo programa interno da prensa.
Foram obtidos 3 resultados para cada condição estudada (teor de cal e relação
água/aglomerante, conforme Tabela 5.2). Isto é, 2 séries de 12 resultados totalizando 24
resultados.

'XUH]DVXSHUILFLDO

A dureza das pastas foi avaliada de acordo com a NBR 12129 (ABNT, 1991). Foram
ensaiadas duas séries9 de três corpos-de-prova para cada condição estudada (teor de cal e
relação água/aglomerante, conforme Tabela 5.2), ou seja, 24 corpos-de-prova.

 7UDWDPHQWRHVWDWtVWLFR

Para a análise estatística dos resultados foi utilizado o software 67$7,67,&$IRU:LQGRZs


versão 5. Para os ensaios com seis e oito repetições foi aplicado o teste de DIXON, que
permite a tomada de decisão para rejeição de valores extremos. O teste é baseado na
conformidade com a função de distribuição normal (WAENY, 1992). As regressões
liniares foram usadas para o estabelecimento da correlação de duas variáveis medidas. Para
testar a significância estatística dos resultados das propriedades mecânicas das pastas com
mesma relação água/aglomerante ou mesma relação água/gesso foi utilizada a Análise de
Variância ($129$) fator único. Em todas as análises realizadas foram considerados
significativos os resultados com nível de significância igual ou superior a 95%.

8
Duas séries porque os ensaios foram feitos em duplicata e segundo programação aleatória.
9
Os ensaios foram feitos em duplicata e segundo programação aleatória.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
 '(7(50,1$d­2'$)$,;$'(&216,67Ç1&,$Ò7,/,16,78
5(68/7$'26(',6&866®(6

Neste item serão apresentados os resultados obtidos nos ensaios realizados em duas obra
situadas na cidade de São Paulo entre os meses de agosto e setembro de 1998.

O objetivo1 principal do experimento foi determinar a IDL[D GH FRQVLVWrQFLD ~WLO Além
disto, também foram determinadas as etapas da reação de hidratação correspondentes a esta
faixa, as relações água/gesso utilizadas e as condições experimentais.

 &RQGLo}HVH[SHULPHQWDLV

A Tabela 6. 1 resume as condições experimentais de obra.

Os códigos utilizados para nomear os eventos foram determinados da seguinte maneira:

½ Primeiro Caracter - letra para representar o gesseiro (A, B, C e D).

½ Segundo Caracter - número de ordem cronológica das visitas às obras.

7DEHOD&RQGLo}HVH[SHULPHQWDLVHFyGLJRVXWLOL]DGRV
&yGLJR *HVVHLUR ([SHULrQFLD DQRV 7HPSHUDWXUD R& 8PLGDGH5HODWLYD 
A1 A 14 13,0 85
B2 B 4 18,0 80
C3 19,5 90
C4 19,5 90
C 4
C5 18,0 72
C6 18,0 72
D7 D 3 19,0 87
D8 18,0 82

1
Maiores detalhes sobre o método empregado nos ensaios pode ser encontrado no &DStWXOR.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
6. Determinação da faixa de consistência útil LQVLWX: resultados e discussões 69

 5HODomRiJXDJHVVR

As relações água/gesso foram obtidas a partir da equação explicada no item 5.3.4 e estão
expostas na (Tabela 6. 2). O intervalo de valores encontrado está de acordo com os
mencionados na bibliografia (NOLHIER, 1986; DIAS, 1994; HINCAPIÉ HWDO1996a, b).

7DEHOD±5HODo}HViJXDJHVVRPHGLGDV
$PRVWUD A1 B2 C3 C4 C5 C6 D7 D8
5HODomRDJ 0,66 0,85 0,68 0,78 0,76 0,86 0,70 0,73

No &DStWXOR foi visto que a relação água/gesso exerce influência na taxa de precipitação
dos cristais de dihidrato, e, por conseguinte, na variação da consistência da pasta ao longo
do tempo que é o fator determinante para a obtenção da FRQVLVWrQFLDPtQLPD (Capítulo 3).
Entretanto, contrariando as expectativas, não foi verificada influência entre a relação
água/gesso e o início e o fim de utilização das pastas (Figura 6. 1 e Figura 6. 2). Uma
possível explicação para isto é que, a variação simultânea de fatores climáticos2; tipos3 e
condições de umidade das bases, da energia empregada nas misturas e do material, que
ocorreram durante as aplicações, provocaram a dispersão dos resultados.


30 58
Q
L
28 Q
L
P

 56
P
R 
m 26 R
o m
D o
54
]
LO24 D
L
W L]
X LO
52
22 W
R X

L
F P
t 20 L 50
,Q )

18 48
0,6 0,7 0,8 0,9 0,6 0,7 0,8 0,9
5HODomRDJ 5HODomRDJ

)LJXUD±5HODomRHQWUHRLQtFLRGH )LJXUD5HODomRHQWUHRILPGH
XWLOL]DomRHDUHODomRDJ XWLOL]DomRHDUHODomRDJ

2
Umidade relativa, temperatura e velocidade do vento.
3
Os tipos de bases variaram entre blocos de concreto, cerâmicos e estrutura de concreto.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
6. Determinação da faixa de consistência útil LQVLWX: resultados e discussões 70

 &RQVLVWrQFLD[WHPSR

A FRQVLVWrQFLDPtQLPDutilizada pelos gesseiros oscilou entre 28 e 22,5mm de penetração


da sonda do aparelho de Vicat modificado, que se mostrou sensível para acusar variações
nesse parâmetro.

A FRQVLVWrQFLDPi[LPD encontrada foi igual a 0mm. Todavia, os valores encontrados para


este parâmetro não possuem a mesma precisão do anterior devido, basicamente, a dois
fatores:

1. por ficarem situados no final de escala do Vicat modificado, impossibilitando a


determinação precisa da penetração. O aumento na massa da sonda pode vir a resolver
este problema, pois, provavelmente, a IDL[D GH FRQVLVWrQFLD ~WLO será deslocada para
cima possibilitando a determinação precisa de ambos os parâmetros;

2. pelo fato que, em alguns casos, toda a pasta contida na masseira ter sido aplicada antes
que sua consistência ultrapassasse a FRQVLVWrQFLDPi[LPD de utilização;

Assim, a faixa de FRQVLVWrQFLD ~WLO variou de 28mm a 0mm de penetração da sonda do


aparelho de Vicat modificado, como pode ser observado na Tabela 6. 3 e na Figura 6. 3. É
interessante observar que, embora o JHVVHLUR& tenha utilizado um único tipo de gesso e
executado o mesmo procedimento de preparo e aplicação das pastas, as relações água/gesso
encontradas (células sombreadas na Tabela 6. 3) apresentaram a variação típica das pastas
preparadas em obra.

A NBR 12128 (ABNT, 1991) propõe como intervalo de penetração da FRQVLVWrQFLDQRUPDO


30 ± 2mm. O valor encontrado em obra para a FRQVLVWrQFLD PtQLPD (28mm) está dentro
deste intervalo, porém as relações água/gesso necessárias para obtenção destas medidas de
penetrações são diferentes. No ensaio da NBR 12128 (ABNT, 1991) a medida de
consistência normal sofre influência do retardador de início de pega prescrito (citrato de
sódio) e, consequentemente, a relação água/gesso obtida, embora correspondendo a valores
de penetração próximos, é inferior a utilizada em obra, uma vez que, a consistência é
obtida sem que haja necessidade da formação da microestrutura, enquanto na obra e neste
estudo a hidratação não foi retardada. Isto faz com que as relações água/gesso para a
consistência normal (~0,4 a ~0,5) proporcionem em obra pastas com tempo útil reduzido,
obrigando o gesseiro a utilizar relações água/gesso maiores (~0,6 a ~9).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
6. Determinação da faixa de consistência útil LQVLWX: resultados e discussões 71

7DEHOD±3HQHWUDomRLQLFLDOHILQDOGDVDPRVWUDV
$PRVWUD 5HODomR 3HQHWUDomR PP
a/g
LQLFLDO ILQDO
A1 0,66 24,0 0,0
B2 0,85 22,5 0,0
C3 0,68 28,0 1,0
C4 0,78 23,0 0,0
C5 0,76 28,0 2,0
C6 0,86 25,0 5,0
D7 0,70 27,0 4,0
D8 0,73 27,0 2,0



 LQtFLR
ILP

PP
P
P 


R
m 
o
D
U
W
H
 IDL[DGHFRQVLVWrQFLD~WLO
Q
H 
3


 PP
          
7HPSR PLQ

)LJXUD±)DL[DGHFRQVLVWrQFLDGH~WLOGDVSDVWDVGHJHVVR

A Tabela 6. 4 apresenta um resumo dos tempos referentes à utilização, medidos em obra,


bem como os valores médios e o desvio padrão calculados. O tempo de fim de utilização
corresponde ao fim da utilização da porção que permaneceu em repouso na masseira.

O tempo médio de início de utilização foi de 23,1 minutos, período durante o qual os
gesseiros esperaram que a pasta atingisse a FRQVLVWrQFLDPtQLPD de utilização. O tempo útil
médio resultante foi de 30,6 minutos. O coeficiente de variação máximo foi de 15,7%,
valor considerado aceitável em um processo artesanal em condições ambientais bastante
variadas (Tabela 6. 1).

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
6. Determinação da faixa de consistência útil LQVLWX: resultados e discussões 72

7DEHOD7HPSR~WLOWHPSRGRLQtFLRHILPGHXWLOL]DomR
$PRVWUD 5HODomR 7HPSR PLQ
DJ
LQtFLRXWLOL]DomR ILPXWLOL]DomR ~WLO
A1 0,66 20,0 54,8 34,8
B2 0,85 20,9 58,58 37,7
C3 0,68 19,5 51,0 31,5
C4 0,78 21,3 51,5 30,2
C5 0,76 25,8 56,3 30,5
C6 0,86 29,1 52,9 23,8
D7 0,70 25,5 49,8 24,3
D8 0,73 23,0 57,1 34,1
Média 0,75 23,1 53,7 30,8
CV (%) 9,9 14,6 5,9 15,7

A variação dos resultados de início de utilização, de forma geral, pode ser parcialmente
justificada pela variação simultânea dos fatores já mencionados no item 6.2, além da
natural imprecisão na decisão do gesseiro. O tempo de fim de utilização foi muito menos
variável, com coeficiente de variação de 4,5%, embora, em alguns casos, ele se deveu ao
consumo total da pasta (coluna de observações da Tabela 6. 5).

Como foi descrito no Capítulo 3, a pasta de gesso é utilizada em duas etapas pelo gesseiro.
Uma parte da pasta é homogeneizada, enquanto uma outra parte permanece em repouso.
Esse procedimento corrente mostrou-se eficiente para ampliar o WHPSR~WLOda pasta, pois a
parte que permaneceu em repouso tem a cinética da reação de hidratação retardada em
relação à porção misturada, como pôde ser verificado através do ensaio de consistência. A
Figura 6. 4 exemplifica o comportamento linear da consistência no tempo, observado após
o final do período de indução.

Na Tabela 6. 5, o tempo de ILPGHXWLOL]DomR, foi estimado a partir da regressão linear dos


gráficos de tempo YHVXVpenetração. A Figura 6. 4 traz a regressão obtida para a amostra
B2, as demais regressões podem ser encontradas no $QH[R &. A terceira coluna
corresponde ao ILP GD XWLOL]DomR da pasta pelo gesseiro, que pode ter sido devido ao
endurecimento ou ao fim da pasta contida na masseira. Isto explica o valor negativo

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
6. Determinação da faixa de consistência útil LQVLWX: resultados e discussões 73

encontrado para o DFUpVFLPRQRWHPSR~WLO da amostra C5. O ganho de tempo observado


nas aplicações acompanhadas variou entre 0 e 22,8minutos, o que corresponde a uma
ampliação máxima de 81% no WHPSR~WLO.

40
Aplicação I (início do tempo útil)
35 FRQVLVWrQFLD

Aplicação II PtQLPD

P
30
P

 25
R
m
o 20
D
U \ [
W
H 15 
Q 5  
H
3 10
\ [
5 
5  

0
20 25 30 35 40 45 50 55 60
7HPSR PLQ

)LJXUD±&RQVLVWrQFLDPHGLGDHPREUDGDDPRVWUD%

7DEHOD±)LPGHXWLOL]DomR,ILPGHXWLOL]DomRDFUpVFLPRHVWLPDGRGRWHPSR~WLOH
FRQGLo}HVGDSDVWD
$PRVWUD 7HPSR PLQ 2EV
ILPXWLOL]DomR, ILPXWLOL]DomR DFUpVFLPR78
A1 33,4 54,8 21,3 endureceu
B2 41,5 58,58 17,1 endureceu
C3 28,2 51,0 22,8 acabou
C4 Nd 51,5 nd endureceu
C5 59,8 56,3 -3,5 acabou
C6 45,2 52,9 7,7 endureceu
D7 Nd 49,8 nd acabou
D8 41,3 57,1 15,8 endureceu
1 → estimado a partir da regressão linear; 2 → acréscimo no tempo útil = fim utilização – início utilização I; nd → não determinado

 &DORULPHWULD

As curvas de calor de hidratação (calorimetria pseudo-adiabática) obtidas LQVLWXpara cada

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
6. Determinação da faixa de consistência útil LQVLWX: resultados e discussões 74

amostra, são apresentadas na Figura 6. 5 (amostra A1), Figura 6. 6 (amostra B2), Figura 6.
7 (amostra C4), Figura 6. 8 (amostra C5), Figura 6. 9 (amostra D7) e Figura 6. 10 (amostra
D8). Os pontos assinalados correspondem aos os tempos de início e fim de pega, bem
como os tempos de início e fim de utilização.

50 50
 início pega  início pega
45 45
 & fim pega  & fim pega



D
40 D
40
U início uso U início uso
X X
W 35 W 35
D fim uso D fim uso
U U
H H
S 30 S 30
P P
H H
7 25 7 25

20 20
10 20 30 40 50 60 70 10 20 30 40 50 60 70

7HPSR PLQ 7HPSR PLQ

)LJXUD&XUYDGHFDORUGHKLGUDWDomR )LJXUD&XUYDGHFDORUGHKLGUDWDomR
GDDPRVWUD$FRPWHPSRGHLQtFLRHILP GDDPRVWUD%FRPWHPSRGHLQtFLRHILP
GHSHJDHLQtFLRHILPGHXWLOL]DomR GHSHJDHLQtFLRHILPGHXWLOL]DomR

50 50
 início pega
 início pega
45 45
 & fim pega
&
 fim pega


40  40
D D
U início uso U início uso
X X
W 35 W 35
D fim uso D fim uso
U U
H H
S 30 S 30
P P
H H
7 25 7 25
20 20
10 20 30 40 50 60 70 10 20 30 40 50 60 70

7HPSR PLQ 7HPSR PLQ

)LJXUD±&XUYDGHFDORUGH )LJXUD&XUYDGHFDORUGHKLGUDWDomR
KLGUDWDomRGDDPRVWUD&FRPWHPSRGH GDDPRVWUD&FRPWHPSRGHLQtFLRHILP
LQtFLRHILPGHSHJDHLQtFLRHILPGH GHSHJDHLQtFLRHILPGHXWLOL]DomR
XWLOL]DomR

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
6. Determinação da faixa de consistência útil LQVLWX: resultados e discussões 75

45 50
 início pega  início pega
40 45
 & fim pega  & fim pega



D D
40
U 35 início uso U início uso
X X
W W 35
D fim uso D fim uso
U U
H 30 H
S S 30
P P
H 25 H
25
7 7

20 20
10 20 30 40 50 60 70 10 20 30 40 50 60 70

7HPSR PLQ 7HPSR PLQ

)LJXUD±&XUYDGHFDORUGH )LJXUD&XUYDGHFDORUGH
KLGUDWDomRGDDPRVWUD'FRPWHPSRGH KLGUDWDomRGDDPRVWUD'FRPWHPSRGH
LQtFLRHILPGHSHJDHLQtFLRHILPGH LQtFLRHILPGHSHJDHLQtFLRHILPGH
XWLOL]DomR XWLOL]DomR

A Tabela 6. 6 traz um resumo dos tempos correspondentes ao início e fim de pega


determinados pela calorimetria e ao início e fim de utilização das pastas.

O tempo de LQtFLR GH SHJD variou de 23,1 a 29,5min, enquanto o tempo de ILP GH SHJD
variou de 53,8 a ~62min. O LQtFLRGDXWLOL]DomR das pastas ocorreu entre 20 min e 29,15
min, isto é, no final do período de indução. Para cinco, das seis pastas ensaiadas, os tempos
encontrados para o ILQDO GD XWLOL]DomR ficaram situados no final da elevação da curva,
correspondendo aproximadamente ao final da precipitação dos cristais de gipsita. A
exceção foi a amostra D7 (Figura 6. 9), onde a quantidade de pasta preparada foi
totalmente utilizada antes que a consistência máxima fosse atingida (Tabela 6. 5).

Na Figura 6. 11 estão correlacionados o tempo de início de pega e o tempo de início de


utilização. Os pontos abaixo da reta correspondem aos casos onde o início da pega ocorreu
antes do início da utilização, os pontos acima da reta ao caso oposto. Com exceção do C5,
o início da utilização das pastas aconteceu DQWHV do início da pega determinado por
calorimetria, comprovando que o início do tempo útil ocorre no final do período de
indução.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
6. Determinação da faixa de consistência útil LQVLWX: resultados e discussões 76

7DEHOD±7HPSRGHLQtFLRHILPGHSHJD FDORULPHWULD
HGRLQtFLRHILPGHXWLOL]DomR
$PRVWUD 7HPSR PLQ
LQtFLRSHJD LQtFLRXWLOL]DomR ILPSHJD ILPXWLOL]DomR
A1 24,2 20 >62 54,8
B2 23,1 20,92 53,8 58,58
C3 nd 19,50 nd 51,0
C4 28,7 21,32 >60,1 51,5
C5 24,0 25,82 60,0 56,3
C6 nd 29,15 nd 52,9
D7 25,8 25,5 >60,0 49,8
D8 29,5 23 >61,4 57,1

32

Q
L 30
P

R 28
m
o
D
L]
26 C5
LO D7
W
8
 24
LR D8
F
L
Q 22 B2
, C4
A1
20
20 22 24 26 28 30 32
,QtFLR3HJD PLQ

)LJXUD±5HODomRHQWUHLQtFLRGHSHJDHLQtFLRGHXWLOL]DomR

 &RQVLGHUDo}HVVREUHRFDStWXOR

A IDL[D GH FRQVLVWrQFLD ~WLO das pastas de gesso puro variou de 28 mm (FRQVLVWrQFLD
PtQLPD) até 0 mm (FRQVLVWrQFLD Pi[LPD) de penetração da sonda do aparelho de Vicat
modificado. O valor encontrado para a consistência mínima está dentro do intervalo
proposto pela NBR12128 (ABNT, 1991) para as pastas de FRQVLVWrQFLD QRUPDO (30 ±

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
6. Determinação da faixa de consistência útil LQVLWX: resultados e discussões 77

2mm). Entretanto, as relações água/gesso da obra são superiores as necessárias a obtenção


da consistência normal.

Os valores da FRQVLVWrQFLDPi[LPD de utilização estão situados no final de escala de leitura


do Vicat modificado, o que impede sua determinação precisa. Um aumento na massa da
sonda pode vir a aumentar a sensibilidade do ensaio, sem prejudicar a determinação da
consistência mínima.

Durante o preparo e aplicação, o gesseiro tem controle apenas sobre a relação água/gesso e
a energia e forma da mistura. Aumentando a relação água/gesso e diminuindo a energia de
mistura ele consegue ampliar o tempo de início de pega . Misturar apenas parte da masseira
mostrou-se um procedimento eficiente para DPSOLDURWHPSR~WLO das pastas em até 62%.

Em condições reais de utilização, o preparo da pasta é feito empiricamente pelo gesseiro


com relação água/gesso muito maior do que a relação obtida segundo a norma NBR 12128
(ABNT, 1991). Portanto, a água de consistência normal e os correspondentes tempos de
início e fim de pega são parâmetros adequados apenas para o controle da produção
industrial do gesso de construção.

O início do WHPSR ~WLO ocorreu no final do período de indução e estendeu-se até quase o
final precipitação dos cristais de dihidrato, isto é, até o patamar superior da curva de calor
de hidratação, corroborando os resultados obtidos por outros pesquisadores.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
 ,1)/8Ç1&,$'$&$/12(67$'2)5(6&2
5(68/7$'26(',6&866®(6

 'HWHUPLQDomR GD UHODomR iJXDDJORPHUDQWH SDUD REWHQomR GD


FRQVLVWrQFLDPtQLPD

Como descrito no item 5.1.4, o objetivo desta etapa foi encontrar a relação
água/aglomerante capaz de proporcionar à pasta a FRQVLVWrQFLD PtQLPD (28 ± 1 mm de
penetração) ORJRDSyV a mistura. Diversas relações água/aglomerante foram testadas para
os 3 teores de cal escolhidos no programa experimental (Tabela 7.1).

7DEHOD5HVXPRGDVUHODo}HViJXDDJORPHUDQWHHVWXGDGDVSDUDFDGDWHRUGHFDO
7HRUGHFDO 5HODomRDD JJ
HPPDVVD
    




A Tabela 7.2 traz a média de duas determinações da SHQHWUDomRLQLFLDOpara cada relação


água/aglomerante estudada, que corresponde à primeira leitura de penetração da sonda do
aparelho de Vicat modificado efetuada logo após o preparo da pasta. Os dados dos ensaios
de consistência resumidos nesta tabela encontram-se no $QH[R%.

As relações água/aglomerante que proporcionaram penetração inicial de 28 ± 1 mm, ou


seja, FRQVLVWrQFLDPtQLPD de utilização, para cada teor de cal estão expostas na Tabela 7.3.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
7. Influência da cal no estado fresco: resultados e discussões 79

7DEHOD3HQHWUDomRGDVRQGDGH9LFDWHWHPSRGHFRUULGRSDUDDPpGLDGD
SULPHLUDPHGLGD
7HRUGH&DO  5HODomRDD 7HPSR PLQ 3HQHWUDomRLQLFLDO PP
0 0,4 5,27 16,5
0 0,5 5,09 28,5
0 0,6 6,10 32,0
0 0,7 5,77 37,0
13 0,5 5,90 11,0
13 0,6 6,09 27,0
13 0,7 5,63 33,5
23 0,6 5,84 19,5
23 0,7 6,63 29,0
23 0,8 6,04 37,0

7DEHOD±5HODo}HViJXDDJORPHUDQWHTXHSURSRUFLRQDPFRQVLVWrQFLDPtQLPD
7HRUGH&DO  5HODomRDD 3HQHWUDomRLQLFLDO PP
0  28,5
13  27,0
23  29,0

Estas são as relações água/aglomerante que foram empregadas nas demais etapas do
programa experimental.

 ,QIOXrQFLDGRWHRUGHFDOQDVSDVWDVGHJHVVRQRHVWDGRIUHVFR

Para todos os traços testados foi avaliada a influência dos teores de cal predeterminados no
programa experimental na consistência e no tempo de pega determinados, respectivamente,
através dos métodos de ensaio propostos pelas normas NBR 12128 (ABNT, 1991) e DIN
1168 (1975).
Durante os ensaios no estado fresco as condições ambientais do laboratório foram
monitoradas com termohigrógrafo e variaram entre: umidade relativa do ar : 50 ± 5 %; e
temperatura ambiente: 22 ± 2 oC.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
7. Influência da cal no estado fresco: resultados e discussões 80

 &RQVLVWrQFLD[WHPSR

A Figura 7.1 (a), (b) e (c) apresenta, respectivamente, a variação da consistência no tempo
para teores de 0 %, 13 % e 23 % de cal e as diversas relações água/aglomerante utilizadas.
Na Figura 7.2 (a) e (b) são fixadas as relações água/aglomerante, 0,6 e 0,7,
respectivamente, e é apresentada a variação da consistência no tempo a medida que os
diversos teores de cal são adicionados. A linha horizontal tracejada em ambas as figuras
corresponde à penetração (P) de 28 mm, ou seja, a consistência mínima de aplicação
determinada em obra. Os pontos encontrados acima desta linha pertencem ao período de
indução. Na Figura 7.3 é apresentada a influência da relação água/aglomerante e da adição
de cal na penetração inicial. Os resultados dos ensaios de consistência x tempo encontram-
se no $QH[R%.

40 a/a 0,4; r2 = 0,878 40 a/a 0,5; r2 = 0,799


35 a/a 0,5; r2 = 0,877 35 indução
indução a/a 0,6; r2 = 0,905
P30 P30
P
a/a 0,6; r2 = 0,923 a/a 0,7; r2 = 0,985
P

 25 consist.  25
R a/a 0,7; r2 = 0,957 R consist.
m
min. m
o 20 o 20
min.
D D
U U
W 15 W 15
H H
Q Q
H 10 H 10
3 3
5 5
0 0
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
7HPSR PLQ 7HPSR PLQ

D E
40 a/a 0,6; r2 = 0,860
35 indução a/a 0,7; r2 = 0,967

P30
P a/a 0,8; r2 = 0,855

 25 consist.
R
min.
)LJXUD±9DULDomRGDFRQVLVWrQFLDQR
m
o 20
D
U
W 15
H
Q
WHPSRSDUDGLIHUHQWHVWHRUHVGHFDO
H 10
3 D GHFDO
E GHFDO
5
0
0 5 10 15 20 25 F GHFDO
7HPSR PLQ

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
7. Influência da cal no estado fresco: resultados e discussões 81

40 0% cal; r2 = 0,923 40 0% cal; r2 = 0,957


35 13% cal; r2 = 0,905 35 indução 13% cal; r2 = 0,985
indução
P
30 P30 23% cal; r2 = 0,967
P
23% cal; r2 = 0,860 P
 25 consist.
R
consist.  25
R
m min. m min.
o 20 o20
D D
U U
W 15 W 15
H H
Q 10 Q
H H10
3 3
5 5
0 0
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
7HPSR PLQ 7HPSR PP

D E
)LJXUD±9DULDomRGDFRQVLVWrQFLDQRWHPSRSDUDUHODomRiJXDDJORPHUDQWH
FRQVWDQWH D DD H E DD 

40 40
y = 64,722x - 6,6204 y = -0,3394x + 37,205
P35 P35
2
R2 = 0,8709 R = 0,8785
P P
30
 30
O O
D
L D
L
F
L
25 y = 87,5x - 32,75 F
L
25
LQ Q
2
 20 R = 0,9691 L
 20
R R
m m a/a 0,5
o 15 o 15 y = -0,6475x + 34,862
D
0% cal D
U
W
U
W
R2 = 0,9307
H 10 13% cal H 10
a/a 0,6
Q y = 104,12x - 37,706 Q y = -1,3654x + 28,75
H 5 H 5 a/a 0,7
3 R2 = 0,8994 23% cal 3
2
R = 0,9947
0 0
0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0 5 10 15 20 25
5HODomRDD 7HRUGHFDO 

D E
)LJXUD±,QIOXrQFLDGD D UHODomRDDHGR E WHRUGHFDOQDSHQHWUDomRLQLFLDO

Quando a consistência inicial da pasta foi inferior à FRQVLVWrQFLDPtQLPD (P > 28 mm) foi
possível detectar a presença do período de indução. O comportamento da consistência
passa a ser linear no fim deste período, momento em que a pasta passa a ser utilizada (item
6.1.3). Antes disso, a consistência quase não varia ao longo do tempo, como pode ser visto
nos pontos acima da linha tracejada nas Figura 7.1e Figura 7.2.
O efeito do teor de água sobre a taxa de ganho de consistência no tempo foi pequeno
(Figura 7.1). O menor coeficiente angular das retas FRQVLVWrQFLD[WHPSR, das pastas mistas
em relação ao das pastas puras, evidenciou a queda na taxa de ganho de consistência
provocada pela adição de cal. Isto pode ser observado na Tabela 7.4, que traz o resumo das
regressões lineares das retas apresentadas nas Figura 7.1 e Figura 7.2.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
7. Influência da cal no estado fresco: resultados e discussões 82

7DEHOD5HJUHVVmROLQHDURQGH³3´pSHQHWUDomRH³W´RWHPSRGHFRUULGRHQWUHR
LQtFLRGDPLVWXUDHDOHLWXUD
7HRUGHFDO  5HODomRDD 3HQHWUDomR 5
0 0,4 P = -2,98t + 31,45 0,878
0 0,5 P = -3,44t + 45,99 0,877
0 0,6 P = -3.88t + 60.57 0,923
0 0,7 P = -3.77t + 72.38 0,957
13 0,5 P = -1,06t + 18,80 0,799
13 0,6 P = -1,81x + 38,76 0,905
13 0,7 P = -2.20t + 52.24 0,985
23 0,6 P = -1,55t + 28,91 0,860
23 0,7 P = -2,11t + 43,95 0,967
23 0,8 P = -2,21t + 53,68 0,855
*Os pontos pertencentes ao período de indução não foram computados na regressão linear.

Mantido o teor de cal constante, o acréscimo no teor de água diminuiu linearmente a


consistência inicial das pastas (Figura 7.3 (a)). Mantendo-se constante a relação
água/aglomerante, o aumento na adição de cal aumentou a consistência inicial (Figura 7.3
(b)) e aumentou o tempo de permanência da pasta dentro da IDL[D GH FRQVLVWrQFLD ~WLO
(Figura 7.2), ou seja, o tempo útil.
No cálculo das regressões (Tabela 7.4) não foram computados os pontos que estavam no
período de indução, pois eles refletem processo de outra natureza, e sua inclusão
ocasionaria um deslocamento do início do tempo de início de utilização para valores
menores, ampliando falsamente o tempo útil (como será visto no item 7.2.2). A análise
estatística que originou as regressões encontra-se no $QH[R&.
Resumindo, as pastas mistas apresentaram taxa de ganho de consistência menor do que as
pastas puras (Tabela 7.4), o que proporcionou maior tempo de permanência dentro da faixa
de FRQVLVWrQFLD ~WLO, que vai de 28 ± 1 mm a 0 mm de penetração. Isto significa que a
consistência não foi afetada apenas pela precipitação dos cristais de dihidrato, mas também
pela adição de cal. A detecção do período de indução apenas para relações
água/aglomerante maiores que a relação água/aglomerante mínima1 através do ensaio de

1
A relação água/aglomerante que proporciona a consistência mínima inicial de 28 ± 1 mm.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
7. Influência da cal no estado fresco: resultados e discussões 83

consistência corroborou a afirmação de que a adição de cal alterou a consistência da pasta.

 'HWHUPLQDomRGRWHPSR~WLO 78 HGRWHPSRGHHVSHUD 7(

A Tabela 7.5 traz a influência da relação água/aglomerante e do teor de cal no tempo útil,
no tempo de espera e na variação percentual do tempo útil. O WHPSRGHHVSHUD é igual ao
WHPSRGHLQtFLR GHXWLOL]DomR. Foi calculado a partir das regressões lineares de cada pasta
(Tabela 7.4) considerando a FRQVLVWrQFLDPtQLPD, ou seja, P = 28 mm. Quando os valores
de tempo de espera obtidos foram inferiores a 4,87 minutos, menor tempo conseguido
durante os ensaios para preparar a pasta e encher o molde, apresenta-se a média do tempo
da primeira leitura obtida no ensaio de consistência como tempo de espera e a sua
penetração correspondente. A variação percentual do tempo útil foi calculada tendo como
referência a pasta de gesso pura com duas relações água/aglomerante. A primeira foi a
relação água/aglomerante igual a 0,5, que proporcionou a consistência mínima logo após a
mistura para a pasta com 0 % de cal. A segunda foi a relação água/aglomerante igual a 0,7,
que é uma relação típica empregada na aplicação de pastas de gesso em obra (DIAS, 1994;
HINCAPIÉ HW DO, 1996b). As células sombreadas correspondem às pastas com
FRQVLVWrQFLDPtQLPD logo após a mistura.

7DEHOD,QIOXrQFLDGD5HODomRiJXDDJORPHUDQWHHWHRUGHFDOQRWHPSR~WLOHGH
HVSHUD
7HRUGH 5HODomR 3HQHWUDomR 7HPSR PLQ 9DULDomRGRWHPSR~WLO 
FDO  DD PP
HVSHUD ILP ÒWLO DD  DD 
0 0,4 15,77 < 5,27* 10,56 5,30 -34,88 -28,72
0 0,5 28,00 5,23 13,36 8,14 0,00 9,46
0 0,6 28,00 8,40 15,63 7,22 -11,20 -2,80
0 0,7 28,00 11,78 19,21 7,43 -8,64 0,00
13 0,5 12,56 < 5,90* 17,78 11,88 46,00 59,82
13 0,6 28,00 5,96 21,46 15,50 90,58 108,60
13 0,7 28,00 11,03 23,76 12,73 56,52 71,32
23 0,6 19,87 < 5,84* 18,68 12,83 57,76 72,69
23 0,7 28,00 7,56 20,82 13,26 63,04 78,47
23 0,8 28,00 11,64 24,32 12,69 55,94 70,69
*média do tempo da primeira leitura obtida no ensaio de consistência

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
7. Influência da cal no estado fresco: resultados e discussões 84

A Figura 7.4 ilustra melhor a influência da relação água/aglomerante nos tempos de espera
e fim de utilização. A reta que corresponde ao tempo de espera é resultante da regressão
linear dos pontos com consistência inicial igual a 28 mm, ou seja, a consistência mínima.
Seguindo o mesmo princípio, a reta que corresponde ao tempo de fim de utilização resulta
dos pontos com consistência máxima, ou seja penetração igual a 0 mm. Os pontos com
tempo de espera inferiores ao tempo mínimo necessário para realização do ensaio
(4,87 min) não foram computados nas regressões.
Para as SDVWDVSXUDV (Figura 7.4 (a)) o aumento da relação água/aglomerante não aumentou
o tempo útil, podendo até diminuí-lo se a tendência for confirmada. Em relação às SDVWDV
PLVWDV (Figura 7.4 (b) e (c)), o tempo útil máximo foi obtido com a relação
água/aglomerante que proporciona a consistência mínima (P = 28 mm) após a mistura.
Com o aumento do teor de água o tempo útil tende a diminuir lentamente. Uma explicação
para o comportamento apresentado pelos dois tipos de pasta é que relações
água/aglomerante superiores àquela que proporcionou a FRQVLVWrQFLD PtQLPD, tiveram
maior efeito sobre a ampliação do tempo de espera do que sobre a ampliação do tempo de
fim de utilização. A causa deste comportamento precisaria ser estudada por pesquisas
posteriores.
A influência da adição de cal para pastas com relação água/aglomerante constante é
apresentada na Figura 7.5. O tempo de espera foi reduzido pela adição de cal até o teor que
proporcionou a consistência mínima para cada relação água/gesso. Após esse teor a
tendência foi de que o tempo de espera continuasse constante, pois, como já foi
mencionado, existe um intervalo a ser observado para a preparação da pasta. O maior valor
para o tempo de fim de utilização foi obtido com 13 % de adição cal, apresentado queda
após esse teor para ambas as relações água/aglomerante. Este comportamento pode ser, ao
menos em parte, atribuído à imprecisão do equipamento na determinação do tempo de fim
de utilização discutida no item 6.1.3.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
7. Influência da cal no estado fresco: resultados e discussões 85

25 25

y = 28,04x - 0,71 
P = 28mm fim utilização
20 R2 = 0,994 20 P = 28mm
P = 0mm
P = 0mm y = 30,53x + 2,64
Q
L P = 15,57mm Q
L fim utilização
P = 12,56mm R2 = 0,986
P15 P15


R R
S S
P10 P10
H H
7 7

5 y = 32,77x - 11,19 5
tempo espera
R2 = 0,999 tempo espera
0 0
0,4 0,5 0,6 0,7 0,4 0,5 0,6 0,7
5HODomRDD 5HODomRDD

 D  E
25


20
)LJXUD±,QIOXrQFLDGDUHODomRDDHGR
P = 28mm
P = 0mm y = 28,23x + 1,51
fim utilização
WHRUGHFDOQRVWHPSRGHHVSHUDHILPGH
Q
L
P = 19,87mm R2 = 0,981
P15


R
S XWLOL]DomR
P10
H
7 D GHFDO
5
tempo espera
E GHFDO
0
F GHFDO
0,5 0,6 0,7 0,8
5HODomRDD

 F

25 25

fim utilização
20 20 fim utilização

Q
L Q
L
P15 DD  P15



R P = 28mm R
S S
P
10 P = 0mm P
10
H
7
H
7
DD  tempo espera
5 tempo espera 5 P = 28mm
P = 0mm
0 0
0 13 23 0 13 23
7HRUGHFDO  7HRUGHFDO 

)LJXUD±,QIOXrQFLDGRWHRUGHFDOQRVWHPSRGHHVSHUDHILPGHXWLOL]DomR
D UHODomRDD  E UHODomRDD 

É importante salientar que os valores absolutos encontrados para o tempo útil,


independente do teor de cal ou da relação água/aglomerante, estão minorados em relação
ao esperado em obra. A pequena superfície exposta ao meio ambiente durante a execução
dos ensaios em laboratório dificulta a troca de calor entre a pasta e o ambiente, causando
um incremento na temperatura interna da pasta e conseqüente aumento na cinética da

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
7. Influência da cal no estado fresco: resultados e discussões 86

reação de hidratação. Na obra, a grande superfície de pasta exposta na masseira facilita a


dissipação do calor liberado durante a hidratação, minorando, assim, o incremento da
temperatura do sistema. Além disto não foi investigada neste estudo o efeito da variável
HQHUJLDGHPLVWXUD.

 &RQVXPRGHPDWHULDO

A Figura 7.6 (a) apresenta a estimativa da variação do consumo de materiais para pastas
com FRQVLVWrQFLDPtQLPD inicial (P = 28 mm), onde as pastas com 0 %, 13 % e 23 % de cal
tiveram, respectivamente, relações água/aglomerante iguais a 0,5, 0,6 e 0,7. A Figura 7.6
(b) apresenta a estimativa realizada para pasta com 0% de cal e relação água/aglomerante
igual a 0,7, valor típico utilizado em obras. As relações água/aglomerante das pastas mistas
foram 0,6 e 0,7 para teores de cal de 13% e 23%, respectivamente. No cálculo do consumo
de materiais a massa específica considerada para o gesso foi 2,63 g/cm3 e para a cal foi
2,31 g/cm3, ambas obtidas na caracterização do material.

1200  24 1200 24


gesso gesso
cal cal

ñ
1000
 tempo util
20


ñ
1000   tempo util
20

P Q
L P Q
L
 
800 16 800 16
J
N  P


O
J
N  P

 L
 LO
W W
R 600 12 ~ R 600 12 ~
 
P R P R
X S X S
V 400 8 V 400 8
Q P Q P
H H
R  7 R
 7
& 200  4 & 200  4
 
0 0 0 0
0 13 23 0 13 23
7HRUGHFDO  7HRUGHFDO 

D E
)LJXUD±9DULDomRGRFRQVXPRGHPDWHULDLVHGRWHPSR~WLOSDUDDV
D SDVWDVFRPFRQVLVWrQFLDLQLFLDOLJXDODPtQLPDH
E SDVWDSXUDFRPUHODomRDD SDVWDVPLVWDVFRP
FRQVLVWrQFLDLQLFLDOLJXDODPtQLPD

Para as pastas com consistência inicial igual à PtQLPD (Figura 7.6 (a)), o consumo total de
material diminuiu a medida que o consumo de cal aumentou e o tempo útil das pastas
mistas foi ampliado em 91%, para 13% de cal, e em 63%, para 23% de cal (Tabela 7.5).
Comparando-se a pasta pura, com relação água aglomerante utilizada em obra, e a pasta
mista, com 13% de cal e consistência inicial igual a PtQLPD (Figura 7.6 (b)), observa-se

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
7. Influência da cal no estado fresco: resultados e discussões 87

que o consumo total de material seco da pasta pura foi 87kg inferior ao consumo da pasta
mista. Contudo, o tempo útil da pasta mista foi quase o dobro do medido para a pasta pura.
A pasta com 23% de cal apresentou consumo total de material praticamente igual ao da
pastas pura, com acréscimo de 78% no tempo útil. Assim, a menor quantidade de material
e o maior tempo disponível para aplicação, tendem provavelmente a diminuir os custos da
produção dos revestimentos em gesso aplicados manualmente que, em sua composição,
contam com os custos da mão-de-obra e do material.

 7HPSRGHSHJDGHWHUPLQDGRSHORPpWRGR',1

A discussão da influência da adição de cal no tempo de pega será abordada considerando


tanto a relação água/aglomerante quanto a relação água/gesso.

 5HODomRiJXDDJORPHUDQWH

A influência da relação água/aglomerante e do teor de cal e no WHPSRGHLQtFLRGHSHJD é


apresentada na Figura 7.7 (a). As retas são resultantes da regressão linear. A linha cheia na
Figura 7.7 (b) corresponde à regressão linear das pastas com consistência inicial igual a
PtQLPD, independente do teor de cal, e a tracejada à regressão da pasta pura. A Tabela 7.6
apresenta o resumo das equações obtidas através das regressões lineares da Figura 7.7.Os
resultados dos ensaios de tempo de pega estão reunidos no $QH[R%.

20
18
18 0% cal; r2 = 0,983 mesma 0% de cal
16 consistência
16 13% cal; r2 = 0,943 y = 31,2x - 7,5683
y = 33x - 8,6167 R2 = 0,9833
Q
L14
14
Q
P
23% cal; r2 = 0,830 L
P
R2 = 0,8653



R12 12
R
S S
P P
H10 H
7
10
7 0% cal
8 13% cal
8
6 23% cal
6
4
0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,5 0,6 0,7
5HODomRDD
5HODomRDD

D E
)LJXUD±,QIOXrQFLDGDUHODomRDDHGRWHRUGHFDOQRWHPSRGHLQtFLRGHSHJD
D QDVSDVWDVFRPFRQVLVWrQFLDVGLIHUHQWHVH
E QDVSDVWDVFRPFRQVLVWrQFLDPtQLPDHSDVWDVSXUDV

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
7. Influência da cal no estado fresco: resultados e discussões 88

7DEHOD5HJUHVVmROLQHDUGRWHPSRGHLQtFLRGHSHJDRQGH³W´pRWHPSRGHFRUULGR
GDPLVWXUDjOHLWXUDH³DD´DUHODomRiJXDDJORPHUDQWH
Teor de cal (%) Tempo (min) R2
0 t = 31,20a/a – 7,57 0,983
13 t = 37,92a/a – 13,07 0,943
23 t = 41,62a/a – 14,84 0,830
0, 13 e 23 com t = 33,00a/a – 8,62 0,865
consistência mínima

O tempo de início de pega medido pelo método proposto pela DIN 1168 (1975), assim
como a variação da consistência no tempo, é função linear da relação água/aglomerante
para qualquer mistura. Isto ocorre porque ambos medem, de formas diferentes, a variação
da consistência no tempo.
A LQIOXrQFLD GD FDO no tempo de início de pega das pastas com consistências diferentes
(Figura 7.7 (a)) diminuiu à medida que a relação água/aglomerante aumentou. A
sobreposição das linhas de tendência na Figura 7.7 (b) mostra que a diferença entre o
tempo de início de pega da pasta pura e das pastas com FRQVLVWrQFLD PtQLPD foi
praticamente nula, independente da relação água/aglomerante.
A linearidade entre o WHPSR GH ILP GH SHJD e a relação água/aglomerante também foi
observada, desta forma o procedimento de análise adotado foi análogo ao do tempo de
início de pega A Figura 7.8 (a) mostra a influência da relação água/aglomerante e do teor
de cal no tempo de fim de pega e a Figura 7.8 (b) a correlação entre as pastas com
consistência mínima e as pastas puras. A Tabela 7.7 apresenta o resumo das equações
obtidas através das regressões lineares da Figura 7.8.
Para o intervalo de relações água/aglomerante e teores de cal estudados, as linhas de
tendência das pastas com consistências diferentes (Figura 7.8 (a)) se interceptaram,
mostrando que a LQIOXrQFLD GD FDO no tempo de fim de pega apresentou dois
comportamentos distintos. Antes do ponto de intersecção, que corresponde à relação
água/aglomerante 0,65 para 13% de cal e 0,69 para 23% de cal, a adição da cal UHWDUGRX o
tempo de fim de pega e após a intersecção seu efeito foi o oposto, embora em ambos os
casos esse efeito tenha sido modesto. As pastas com consistência inicial igual à PtQLPD e
as pastas puras apresentaram equações semelhantes, levando a crer que nestas condições

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
7. Influência da cal no estado fresco: resultados e discussões 89

apenas a relação água/aglomerante influenciou o tempo de fim de pega (Tabela 7.7).

40 35
0% cal; r2 = 0,978
mesma
35
13% cal; r2 = 0,891 consistência
30

30 23% cal; r2 = 0,735 Q y = 66,152x - 14,536
LQ L

P P

R2 = 0,9008
 25
R25 R
S
S
P
P H 0% de cal 0% cal
H 7
720
20 13% cal
y = 67,767x - 15,83
15 R2 = 0,9776 23% cal
15
10 0,5 0,6 0,7
0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 5HODomRDD

5HODomRDD

D E
)LJXUD±,QIOXrQFLDGDUHODomRDDHGRWHRUGHFDOQRWHPSRGHILPGHSHJD
D QDVSDVWDVFRPFRQVLVWrQFLDVGLIHUHQWHVH
E QDVSDVWDVFRPFRQVLVWrQFLDPtQLPDHSDVWDVSXUDV

7DEHOD5HJUHVVmROLQHDUGRWHPSRGHILPGHSHJDRQGH³W´pRWHPSRGHFRUULGR
GDPLVWXUDjOHLWXUDH³DD´DUHODomRiJXDDJORPHUDQWH
7HRUGHFDO  7HPSR PLQ 5
0 t = 67,77a/a – 15,83 0,978
13 t = 43,00a/a + 0,40 0,891
23 t = 42,37a/a + 1,58 0,735
0, 13 e 23 com t = 66,15a/a – 14,54 0,901
consistência mínima

 5HODomRiJXDJHVVR

O aumento no teor de cal torna necessária a adição de mais água para obter-se a mesma
consistência (Figura 7.3 (b)). Como a quantidade de água da mistura foi calculada em
relação ao teor de aglomerante total (gesso + cal), nas pastas puras havia uma quantidade
efetiva de água inferior à das pastas mistas. Embora a relação iJXDJHVVR das pastas mistas
tenha sido maior, parte da água foi usada para molhar os grãos de cal, não estando todo
montante calculado disponível para o gesso . A Tabela 7.8 traz as relações
água/aglomerante utilizadas e as respectivas relações água/gesso calculadas a partir dos

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
7. Influência da cal no estado fresco: resultados e discussões 90

traços em massa.

7DEHOD±5HODo}HViJXDJHVVRFDOFXODGDV
7HRUGHFDO 5HODomR 7UDoR PDVVD 5HODomR
 DD DJ
*HVVR &DO
0 0,50 1 0 0,50
0,13 0,50 1 0,15 0,57
0,13 0,60 1 0,15 0,69
0,13 0,70 1 0,15 0,80
0,23 0,60 1 0,30 0,78
0,23 0,70 1 0,30 0,91
0,23 0,80 1 0,30 1,04

A Figura 7.9 apresenta a influência da relação água/gesso e do teor de cal nos tempos de
início e fim de pega. A Tabela 7.9 traz o resumo das equações obtidas nas regressões da
Figura 7.9.

20 40
0% cal; r2 = 0,983
18
13% cal; r2 = 0,943 35
16
23% cal; r2 = 0,830
30
Q
L Q
14 L
P P



R12 R25
S S
P P
H10 H
7 720 0% cal; r2 = 0,978
8
13% cal; r2 = 0,891
15
6
23% cal; r2 = 0,735
4 10
0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1
5HODomRDJ 5HODomRDJ

D E
)LJXUD±,QIOXrQFLDGDUHODomRiJXDJHVVRHGRWHRUGHFDOQRVWHPSRVGH
D LQtFLRH E ILPGHSHJD

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
7. Influência da cal no estado fresco: resultados e discussões 91

7DEHOD±5HJUHVVmROLQHDUGRWHPSRGHLQtFLRHILPGHSHJDRQGH³W´pRWHPSR
GHFRUULGRGDPLVWXUDjOHLWXUDH³DD´DUHODomRDD
(QVDLR 7HRUGHFDO  5HODomRDJ 7HPSR PLQ 5
início 0 0,5 ti = 31,20a/a - 7,57 0,983
início 13 0,69 ti = 33,11a/a - 13,05 0,952
início 23 0,91 ti = 32,02a/a - 14,84 0,83
fim 0 0,5 tf = 67,77a/a - 15,83 0,978
fim 13 0,69 tf = 37,61a/a + 0,37 0,903
fim 23 0,91 tf = 32,6a/a + 1,58 0,735
ti → tempo de início de pega; tf → tempo de fim de pega

Mantendo-se a relação água/gesso constante, a adição de cal acelerou o WHPSRGHLQtFLRGH


SHJD O deslocamento quase paralelo das linhas de tendência (coeficientes angulares na
Tabela 7.9) fez com que para manter-se constante o tempo de início de pega fosse
necessária a adição de mais água, comportamento similar ao apresentado pela consistência.
Isto corrobora a relação entre a consistência da pasta e o tempo de início de pega.
Para uma mesma relação água/gesso, o WHPSR GH ILP GH SHJD diminuiu com a adição de
cal, ao menos para relações água/gesso maiores que 0,54, parta pastas com 13 % de cal, e
maiores que 0,5, para pastas com 23 % de cal.
A GLPLQXLomR dos dois intervalos de tempo, início e fim de pega, com o aumento da relação
água/gesso parece contrapor-se ao comportamento observado na análise da relação
água/aglomerante. Todavia, como já foi mencionado, nem toda a água da relação
água/gesso calculada a partir da relação água/aglomerante, está disponível para a
hidratação do gesso. Aparentemente, apenas quando o teor de água presente na pasta foi
PDLRU do que o necessário para molhar todos os grão de cal, ocorreu um aumento real na
relação água/gesso. Isto explicaria a diminuição da influência da cal à medida que a
relação água/aglomerante cresce (Figura 7.7 (a)), e a necessidade de uma relação
água/gesso maior para obtenção do mesmo tempo de início de pega (Figura 7.9 (a)). Isto
permite inferir que foi a relação entre o teor de água e a consistência da pasta o fator
determinante para o intervalo estudado. Na análise do tempo de fim de pega também foi
possível detectar a influência da consistência, tanto na análise da relação água/aglomerante
como na análise da relação água/gesso, pois as retas das pastas mistas e pura se

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
7. Influência da cal no estado fresco: resultados e discussões 92

interceptaram, em ambos os casos (Figura 7.8 (a) e Figura 7.9 (a)).


Todavia, estes conceitos explicam apenas parcialmente a influência da cal no tempo de
pega. Pois, segundo RIDGE; KING (1977) a cal pode atuar como núcleo de cristalização, o
que também DEUHYLDULD os tempos de início e fim de pega. Um estudo mais detalhado
avaliando a influência da cal na cinética da reação de hidratação das pastas mistas pode
esclarecer melhor a questão.

 &RQVLGHUDo}HVVREUHRFDStWXOR

As relações água/aglomerante que proporcionaram a FRQVLVWrQFLD PtQLPD logo após a


mistura foram : 0,5, para 0% de cal; 0,6, para 13% de cal; e 0,7, para 23% de cal.
Mantendo-se constante a relação água/aglomerante, a adição de cal aumentou a
consistência das pastas, permitindo que o tempo de espera fosse abreviado. A diminuição
no coeficiente angular das linhas de tendência das pastas mistas em relação às pastas puras
fez com que as pastas mistas permanecessem mais tempo dentro da IDL[DGHFRQVLVWrQFLD
~WLO, ampliando WHPSR~WLO.
Para cada pasta (0%, 13% ou 23% de cal) o WHPSR ~WLO máximo foi obtido através
utilização da relação água/aglomerante que proporcionou a cada teor de cal a FRQVLVWrQFLD
PtQLPD logo após a mistura.
Para pastas com consistência mínima, o consumo total de material diminui à medida que a
cal foi adicionada. Quando comparada à relação água/aglomerante utilizada em obra, a
pasta com 13% de cal apresentou consumo total de material 9% superior ao da pasta pura,
porém o seu tempo útil foi o dobro do obtido pela pasta pura. A pasta com 23% de cal
apresentou consumo de material praticamente igual ao da pasta pura com ampliação de
78% no tempo útil.
A influência da adição da cal nos tempos de início e fim de pega proposto pela DIN 1168
(1975) foi complexa. Sob o ponto de vista da UHODomRiJXDDJORPHUDQWH, a influência da
cal no tempo de início de pega diminuiu a medida que a relação água/aglomerante cresceu
e o tempo de fim de pega apresentou os dois comportamentos, variando em função da
consistência inicial da pasta. Sob o ponto de vista da UHODomRiJXDJHVVR, a adição de cal
acelerou o início de pega, sendo necessário uma maior relação água/gesso para obtenção
do mesmo valor de tempo de início de pega. O tempo de fim de pega apresentou os dois

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
7. Influência da cal no estado fresco: resultados e discussões 93

comportamentos em função da relação água/gesso e da consistência da pasta. Assim, para


o intervalo estudado, o fator determinante nos tempos de início e fim de pega parece estar
associado à consistência inicial da pasta.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
 ,1)/8Ç1&,$'$&$/12(67$'2(1'85(&,'2
5(68/7$'26(',6&866®(6

O estudo das propriedades no estado endurecido fosse restringido às pastas que


apresentaram FRQVLVWrQFLD PtQLPD logo após a mistura, além da pasta com relação
água/gesso utilizada em obra. Desta forma, as pastas avaliadas apresentaram a seguinte
composição: 0 % de cal com relação água/aglomerante 0,5, 13 % de cal com relação
água/aglomerante 0,6, 23 % de cal com relação água/aglomerante 0,7 e 0 % de cal com
relação água/aglomerante 0,7. O teor de cal foi em relação à massa do gesso.

Os ensaios no estado endurecido foram divididos em duas categorias: caracterização da


microestrutura e das propriedades mecânicas.

Durante os ensaios no estado endurecido as condições ambientais do laboratório foram


monitoradas com termohigrógrafo e variaram entre: umidade relativa do ar: 50 ± 5 %; e
temperatura ambiente: 22 ± 2 oC.

 5HODomRiJXDDJORPHUDQWHRXUHODomRiJXDJHVVR"

Os resultados podem ser analisados considerando a relação água/aglomerante (RIDGE;


KING, 1976; 1977; NOLHIER, 1986) ou a relação água/gesso. Todavia, levando-se em
conta apenas a relação água/aglomerante poderia incorrer-se no erro de atribuir à cal a
responsabilidade por alguma alteração em propriedades que seriam, na realidade,
decorrentes da variação da relação água/gesso. Para evitar que isto ocorra, durante a análise
dos resultados dos ensaios no estado endurecido foram avaliadas paralelamente a influência
da relação água/aglomerante e da relação água/gesso.

A Tabela 8.1 traz as relações água/aglomerante e as correspondentes relações água/gesso


para os teores de cal estudados.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
8. Influência da cal no estado endurecido: resultados e discussões 95

7DEHOD±5HODomRiJXDDJORPHUDQWH DD HDUHODomRiJXDJHVVR DJ


FRUUHVSRQGHQWHSDUDRVGLIHUHQWHVWHRUHVGHFDOKLGUDWDGD
5HODomR 7HRUGHFDO 7UDoR PDVVD 5HODomR
DD  DJ
*HVVR &DO
0,50 0 1 0 0,50
0,60 13 1 0,15 0,69
0,70 0 1 0 0,70
0,70 23 1 0,30 0,91

 0LFURHVWUXWXUD

 $QiOLVHWpUPLFD 7*H'7*

Para determinar quantitativamente as espécies químicas presentes na amostra, multiplica-se


a perda de massa no intervalo de temperatura característica da dissociação térmica de cada
espécie pelo fator de conversão correspondente. O fator de conversão é a relação entre as
massas moleculares das espécies. Para efeito de cálculo, foi admitido que nas amostras não
estavam presentes hidróxido ou carbonato de magnésio. A Tabela 8.2 apresenta os
intervalos de temperatura considerados para a dissociação térmica do sulfato de cálcio
dihidratado, do hidróxido de cálcio e do carbonato de cálcio, bem como a espécie química
dissociada neste intervalo e o fator de conversão de cada espécie.

7DEHOD±'DGRVSDUDDGHWHUPLQDomRGRWHRUGDVHVSpFLHVSUHVHQWHVQDDPRVWUD
(VSpFLHTXtPLFD ,QWHUYDOR R& 3HUGD  )DWRUGH
FRQYHUVmR
CaSO4.2H2O tambiente a 300 H2O combinada 4,778
Ca(OH)2 300 a 600 H2O combinada 4,111
CaCO3 600 a 100 CO2 2,273

A Figura 8.1 traz as curvas TG e DTG e as perdas de massa obtidas para as diversas pastas
estudadas.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
8. Influência da cal no estado endurecido: resultados e discussões 96

24 10

19,62 
)LJXUD±&XUYDV7*H'7*GDVSDVWDV

J
21 -57 D
G
D
GHJHVVRFRPGLDVGHLGDGH
P


J
0,02%
0,99%
Y
L
U
H
D GHFDOHUHODomRDD 
7 18 -123 '
E GHFDOHUHODomRDD 
TG 0% 0,5
Der 0% 0,5 F GHFDOHUHODomRDD 
15 -190 G GHFDOHUHODomRDD 
0 200 400 600 800 1000
H GHFDOHUHODomRDD 
R
7HPSHUDWXUD &

D
24 10 24 10

19,79% 17,57%
21 -57 D 21 -57 D
J G J G
D 0,52% D
P
0,54% Y
L
P
Y
L
 1,12% U  5,97% U
J H J H
7 18 -123 ' 7 18 -123 '
TG 0% 0,6 TG 13% 0,6
Der 0% 0,6 Der 13% 0,6
15 -190 15 -190
0 200 400 600 800 1000 0 200 400 600 800 1000
R R
7HPSHUDWXUD & 7HPSHUDWXUD &

E F
24 10 24 10

20,13% 15,34%
21 -57 D 21 -57 D
J G J G
P
D
P
0,79% D
Y Y
 0,3% 1,08% L
U  L
U
J H J 9,90% H
7 18 -123 ' 7 18 -123 '

TG 0% 0,7 TG 23% 0,7


Der 0% 0,7 Der 23% 0,7
15 -190 15 -190
0 200 400 600 800 1000 0 200 400 600 800 1000
R R
7HPSHUDWXUD & 7HPSHUDWXUD &

G H

A Tabela 8.3 reúne os resultados dos teores das espécies encontradas pela TG, pela análise
química e a diferença entre eles. O teor de cal foi dividido em DGLomR, teor dosado durante
o preparo da pasta, e &D 2+ , teor de hidróxido de cálcio presente na cal de acordo com a
análise química. O carbonato de cálcio foi dividido em três teores, proveniente do material
(PDW), medido (PHG) através da termogrametria, e a diferença (GLI) entre eles. O teor de
Ca(OH)2 FDUERQDWDGR resultou do cálculo do teor de hidróxido necessário para formar o

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
8. Influência da cal no estado endurecido: resultados e discussões 97

CaCO3 para os três teores de carbonato de cálcio já mencionados. O Ca(OH)2 não


carbonatado (QmRFDUE) foi determinado pela TG e o teor de hidróxido total é a soma dos
teores de Ca(OH)2 medidos.

7DEHOD±7HRUGDVHVSpFLHVTXtPLFDVSUHVHQWHVQDVSDVWDVHQRPDWHULDOVHFR
GHWHUPLQDGRDWUDYpVGD7*HGDDQiOLVHTXtPLFD
Teor de cal Relação CaSO4. CaCO3 Ca(OH)2 Ca(OH)2 hidróxido
(%) a/a 2H2O carbonatado não carb. total*
total Ca(OH)2 mat. med. dif. mat. med. dif. med. med.

0 0 0,5 93,74 2,16 2,25 0,09 1,60 1,67 0,07 0,09 1,76
0 0 0,6 94,55 2,16 2,54 0,38 1,60 1,88 0,28 2,20 4,08
0 0 0,7 96,19 2,16 2,46 0,30 1,60 1,82 0,22 1,23 3,05
13 12 0,6 83,95 2,85 13,56 10,71 2,11 10,03 7,92 2,15 12,18
23 21,3 0,7 73,27 3,39 22,49 19,10 2,51 16,64 14,13 3,25 19,89
* hidróxido total = hidróxido carbonatado + hidróxido não carbonatado

Os teores de carbonatos presentes nas SDVWDVSXUDV com relação água/aglomerante 0,6 e 0,7
foram, em média, 15 % superiores ao obtido na reconstituição feita a partir da análise
química. Isto resultou num elevado teor de hidróxido total (hidróxido não carbonatado +
hidróxido carbonatado) sugerindo que pode ter havido contaminação da pasta durante a sua
mistura ou durante a preparação da amostra (moída no almofariz).

Para a pasta com 13 % de cal foi detectada a presença de 13,56 % de carbonato de cálcio.
Entretanto, nem todo carbonato presente foi proveniente da carbonatação do Ca(OH)2
adicionado à pasta, parte deste montante (cerca de 21 %) foi oriundo do material seco.
Assim, o teor de CaCO3 resultante da carbonatação durante a cura foi na realidade a
GLIHUHQoD entre o medido pela TG e o que fazia parte do material, ou seja, 10,71 %. Para a
pasta com 23 % de cal foi formado 19,1 % de CaCO3 durante a cura. Esse valores
correspondem a carbonatação de cerca de 8 % de Ca(OH)2 para a pasta com 13 % de cal, e
a cerca de 14 % de Ca(OH)2 para a pasta com 23 % de cal. Desta forma, 65 % do hidróxido
presente na pasta com 13 % de cal carbonatou, enquanto para a pasta com 23 % de cal esse
valor foi 71 %.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
8. Influência da cal no estado endurecido: resultados e discussões 98

Em suma, após 42 dias de exposição ao aPP

SULVPD
aPP

meio ambiente, carbonatou cerca de GD


FDO contida numa mostra com 5mm de
espessura (prisma de ~5x5x10 mm na Figura
8.2), que eqüivale à profundidade média dos &3
revestimentos em gesso.
)LJXUD±3ULVPDGHRQGHIRUDP
UHWLUDGDVDVDPRVWUDVGRHQVDLRGH7*H
SRURVLGDGH

 3RURVLGDGH

A Figura 8.3 mostra como a distribuição do diâmetro dos poros das SDVWDV SXUDV foi
afetada pela relação água/gesso. A faixa de porosidade das pastas de gesso estudadas
variou de 0,4 a 7 µm. Os picos apresentados na Figura 8.3 correspondem ao diâmetro de
poro com maior volume de mercúrio injetado. A relação entre o diâmetro de poro com
maior volume de mercúrio injetado e o teor de água da pasta foi linear (Figura 8.4). Da
mesma forma, a porosidade total da pasta pura cresceu linearmente com o aumento da
relação água/gesso (Figura 8.5). Assim, quanto maior a relação água/gesso, maior o
diâmetro dos poros e a porosidade total da pasta.

0,14
0% 0,5 0,12
J

0% 0,6 O

0% 0,7 0,10 P


J
0,08 +

H
G
0,06 
H
P
0,04 X
O
R
0,02 9

0,00
1000 100 10 1 0,1 0,01 0,001
'LkPHWUR µP

)LJXUD±,QIOXrQFLDGDUHODomRDJQRGLkPHWURGRVSRURVGDVSDVWDVGHJHVVRSXUR
FRPGLDVGHLGDGH

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
8. Influência da cal no estado endurecido: resultados e discussões 99

8 0,70
7 y = 12,796x - 3,9732 0% cal
2 0,65
R = 0,9962 J
O 13% cal
6
P 0,60 23% cal
P 
µ 5 J
 + 0,55 Linear (0% cal)
R 
U
W 4 H
G
H 0% cal  0,50
P 3 H
Lk 13% cal P 0,45
' 2 23% cal
X
O y = 0,75x - 0,01
R 2
1 Linear (0% cal) 9 0,40 R = 0,9868
0 0,35
0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
5HODomRDJ 5HODomRDJ

)LJXUD±,QIOXrQFLDGDUHODomRDJHGR )LJXUD±,QIOXrQFLDGDUHODomRDJHGR
WHRUGHFDOQRGLkPHWURFRPPDLRUYROXPH WHRUGHFDOQRYROXPHGHSRURV
GH+JPOJLQMHWDGR

A Tabela 8.4 apresenta um resumo das médias das determinações realizadas do diâmetro
de poro com maior volume de mercúrio injetado, o valor percentual de mercúrio injetado
no poro e o volume total de mercúrio para cada pasta estudada.

7DEHOD±4XDGURUHVXPRGDVPpGLDVGRGLkPHWURFRPPDLRUYROXPHGH+JHGR
YROXPHWRWDOGH+JSRUSDVWD
7HRUGHFDO 5HODomR 5HODomR 'LkPHWUR 9ROGH+JQRSRUR 9ROWRWDOGH+J
 DD DJ —P FRPPDLRUYRO  POJ
0 0,5 0,5 2,47 30,34 0,37
0 0,6 0,6 3,61 23,46 0,43
0 0,7 0,7 5,03 20,76 0,52
13 0,6 0,69 2,83 18,93 0,49
23 0,7 0,91 4,74 16,83 0,56

Com a introdução da FDO no sistema, as curvas de distribuição do diâmetro das pastas das
com relações iJXDDJORPHUDQWH constantes praticamente não foram alteradas (Figura 8.6
(a) e (b)). Todavia, mantendo-se constante a UHODomRiJXDJHVVR nota-se uma diminuição
do diâmetro dos poros da pasta mista e o pico que corresponde ao diâmetro de poro com
maior volume de mercúrio injetado foi deslocado de 5,03 µm, pasta pura com relação
água/gesso 0,7, para 2,83 µm, para a pasta mista com relação água/gesso 0,69 (Figura 8.7).
A Figura 8.4 apresenta de maneira mais clara a influência da relação água/gesso e do teor
de cal no diâmetro de poro com maior volume de mercúrio injetado, demonstrando que a

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
8. Influência da cal no estado endurecido: resultados e discussões 100

adição de cal diminuiu o diâmetro dos poros da pasta de gesso.

0,12 0,12

0% 0,6 0,10 0% 0,7 0,10


J
O J

13% 0,6 23% 0,7 O
P P
0,08  0,08

J J
+
 +

0,06 H 0,06 H
G
 G

H H
0,04 P 0,04 P
X
O X
O
R R
0,02 9 0,02 9

0,00 0,00
1000 100 10 1 0,1 0,01 0,001 1000 100 10 1 0,1 0,01 0,001
'LkPHWUR µP 'LkPHWUR µP

D E
)LJXUD±'LVWULEXLomRGRGLkPHWURGRVSRURVSDUD
D UHODomRDD HWHRUHVGHFDOGHH
E UHODomRDD HWHRUHVGHFDOGHH

0,12
0% 0,7
0,10 J
13% 0,69 
O
P
0,08

J
+

0,06 H
G

H
0,04 P
X
O
R
0,02 9

0,00
1000 100 10 1 0,1 0,01 0,001
'LkPHWUR µP

)LJXUD±,QIOXrQFLDGRWHRUGHFDOQDGLVWULEXLomRGRGLkPHWURGRVSRURVSDUD
UHODomRDJ≅

A adição de cal diminuiu também o volume de poros, pois, para a mesma UHODomR
iJXDJHVVR, as pastas puras apresentaram volume de poros superior ao das pastas mistas,
como mostra a Figura 8.5 e a Tabela 8.4. Para relação água/gesso 0,69, o volume de poros
da pasta com 13% de cal foi 4,3% inferior ao da pasta pura, enquanto para a relação
água/gesso 0,91, o valor da redução estimada da porosidade da pasta mista foi de 17,5%1.

1
Os cálculos foram feitos a partir dos valores de volume de poros obtido através da regressão linear
apresentada na Figura 8.5.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
8. Influência da cal no estado endurecido: resultados e discussões 101

Para UHODomR iJXDDJORPHUDQWH constante, o volume de poros das pastas com cal foi
superior ao das pastas puras (Tabela 8.4).

A provável explicação para a influência da cal na porosidade das pastas de gesso está em
dois fatores: na FDUERQDWDomR e na GLVWULEXLomRJUDQXORPpWULFD.

Como a FDUERQDWDomR é um fenômeno lento, a formação dos cristais de calcita só ocorrerá


quando toda a estrutura da pasta, composta até então por cristais de gipsita, estiver
formada. Desta maneira, os cristais de calcita em crescimento preenchem os poros
deixados pela evaporação do excesso de água de amassamento diminuindo assim, a
porosidade da pasta.

De acordo com a curva de GLVWULEXLomRJUDQXORPpWULFD da cal utilizada2, cerca de 26 % dos


seus grãos são menores que 7 µm, e 22 % são menores que 6 µm. Estas dimensões
correspondem, respectivamente, a dimensão máxima da faixa de maior concentração de
poros da pasta de gesso com relação água/gesso 0,7 e 0,6. Assim, essa fração da cal
adicionada é capaz de preencher parcialmente esses poros e também contribuir para a
diminuição da porosidade da pasta.

 3URSULHGDGHVPHFkQLFDV

A Figura 8.8 traz a influência da relação água/aglomerante e do teor de cal na resistência à


compressão D , no módulo de elasticidade E , na resistência à tração na flexão F e na
dureza superficial G das pastas com 42 dias. A Figura 8.9 apresenta a influência da
relação água/gesso e do teor de cal nas propriedades mecânicas. Apenas os dados das
pastas puras foram utilizadas nas regressões apresentadas nas figuras, pois conforme
resultados obtidos por outros pesquisadores (NOLHIER, 1986; CINCOTTO HWDO, 1988b;
TESCHNER, 1991), a relação entre as propriedades mecânicas estudas e a relação
água/gesso é exponencial. A Tabela 8.5 apresenta as médias das resistências mecânicas
encontradas para cada pasta estudada. No $QH[R& estão reunidas as análise de variância
(ANOVA, fator único) entre as pastas com relação água/aglomerante e relação água/gesso
constantes.

2
A curva de distribuição granulométrica da cal foi apresentada no &DStWXOR.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
8. Influência da cal no estado endurecido: resultados e discussões 102

Mantendo-se a UHODomR iJXDDJORPHUDQWHconstante, a adição de cal diminuiu a resistência


à compressão em 17 % (Figura 8.8 (a)) e a resistência à tração na flexão em 36% (Figura
8.8 (c)). Segundo a ANOVA fator único, o módulo de elasticidade (Figura 8.8 (b)) e a
dureza superficial (Figura 8.8 (d)) não foram alterados (95 % de certeza).

20 1600
0% cal 0% cal
13% cal 1400 13% cal
15 23% cal
23% cal
1200 Expon. ( 0% cal)
D Expon. (0% cal)
D
3
3
010 1000

 0
F 
5 (
800
5
y = 123,12e-3,9588x y = 4331,4e-2,17x
600
R2 = 0,9695 R2 = 0,9763
0 400
0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
5HODomRDD
5HODomRDD

 D  E
8 40
0% cal 0% cal

D 13% cal
3
13% cal
6 23% cal
0
D 23% cal

3
30
R
m
Expon. (0% cal) Expon. (0% cal)
[ 0
H
O 
I
 4 D
D ]
Q
 H
R
U
m
o
X 20
'
D
U
W
2 y = 326,77e-4,424x
 -2,4994x
y = 20,464e
5 R2 = 0,9973
R2 = 0,9176
0 10
0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
5HODomRDD 5HODomRDD

F G

)LJXUD±,QIOXrQFLDGDUHODomRiJXDDJORPHUDQWHHGRWHRUGHFDO
D QDUHVLVWrQFLDjFRPSUHVVmR E QRPyGXORGHHODVWLFLGDGH
F QDUHVLVWrQFLDjWUDomRQDIOH[mR G QDGXUH]DVXSHUILFLDO

Analisando-se para a UHODomRiJXDJHVVR constante, a resistência à compressão, o módulo


de elasticidade e a dureza superficial apresentaram ganho de 30 %, 30 % e 77 %,
respectivamente (Figura 8.9 (a) (b) e (d)). A resistência à tração na flexão (Figura 8.9 (c))
permaneceu constante, com 95 % de certeza.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
8. Influência da cal no estado endurecido: resultados e discussões 103

20 1600
0% cal 0% cal
1400 13% cal
13% cal
15 23% cal
23% cal
1200 Expon. ( 0% cal)
D Expon. (0% cal)
D
3
3
0

10 0 1000

F 
5 (
800
5
y = 123,12e-3,9588x
600 y = 4331,4e-2,17x
R2 = 0,9695
R2 = 0,9763
0 400
0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
5HODomRDJ
5HODomRDJ

 D  E
8 40
0% cal 0% cal

D 13% cal
3 33 13% cal
6 23% cal
0
D 23% cal

R Expon. (0% cal) 3
m 26 Expon. (0% cal)
[ 0
H
O 
I
 4 D
D ]
Q
 H 19
R
U
m X
o '
D
U 2 y = 20,464e-2,4994x
W
 12 y = 326,77e-4,424x
5 R2 = 0,9176 R2 = 0,9973
0 5
0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
5HODomRDJ 5HODomRDJ

F G

)LJXUD±,QIOXrQFLDGDUHODomRiJXDJHVVRHGRWHRUGHFDO
D QDUHVLVWrQFLDjFRPSUHVVmR E QRPyGXORGHHODVWLFLGDGH
F QDUHVLVWrQFLDjWUDomRQDIOH[mR G QDGXUH]DVXSHUILFLDO

7DEHOD±4XDGURUHVXPRGDVPpGLDVGDVSURSULHGDGHVPHFkQLFDV
GDVSDVWDVFRPGLDV
5HODomR 5HODomR 7HRUGHFDO 5F ( 5WIOH[mR 'XUH]D
DD DJ  03D 03D 03D 03D
0,5 0,5 0 17,06 1464,0 5,88 35,89
0,6 0,6 0 nd nd nd nd
0,7 0,7 0 7,72 949,2 3,57 14,72
0,6 0,69 13 10,01 1239,8 3,45 26,06
0,7 0,91 23 6,43 903,6 2,30 15,87
nd: não determinado

É notório que as propriedades mecânicas das pastas decrescem com o crescimento da


relação água/gesso. Esta, por sua vez, provoca o aumento da porosidade da pasta. Assim, a
influência da relação água/gesso nas propriedades mecânicas é função, principalmente, da

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
8. Influência da cal no estado endurecido: resultados e discussões 104

sua relação com a porosidade da pasta.

RÖSSLER; ODLER (1989) observaram que a correlação entre as propriedades mecânicas e


a porosidade é linear. Para os fatores estabelecidos neste estudo, também foram obtidas
boas correlações lineares entre a porosidade e as médias dos valores da resistência à
compressão (Figura 8.10 (a)), do módulo de elasticidade (Figura 8.10 (b)), da resistência à
tração na flexão (Figura 8.10 (c)) e da dureza superficial (Figura 8.10 (d)), mesmo com a
inclusão das pastas mistas.

18 1,5
16 0% cal 0% cal
1,4
13% cal 13% cal
14
D
D
1,3 23% cal
3 12 23% cal
3
0
*1,2
 10
F 
(1,1
5 8 y = -57,682x + 38,281 y = -3,0433x + 2,6151
6 2
R = 0,992 1,0 2
R = 0,8983
4 0,9
0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6
9ROXPHGH+J POJ 9ROXPHGH+J POJ

D E

D
6,0 40
3 5,5 0% cal 0% cal
0 35
 5,0 13% cal D 13% cal
R 3
m 23% cal 30
[ 4,5 0 23% cal
H
O 
 4,0 25
I
D
D ]
Q 3,5 H

R 20
U
m 3,0 y = -18,001x + 12,53 X y = -113,99x + 78,422
o '
D
U 2,5
2
R = 0,9635 15 R2 = 0,8862
W
52,0 10
0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6
9ROXPHGH+J POJ 9ROXPHGH+J POJ

F G
)LJXUD±5HODomRHQWUHYROXPHGHSRURVHDVSURSULHGDGHVPHFkQLFDV
D QDUHVLVWrQFLDjFRPSUHVVmR E QRPyGXORGHHODVWLFLGDGH
F QDUHVLVWrQFLDjWUDomRQDIOH[mR G QDGXUH]DVXSHUILFLDO

Pelo exposto no item 8.2, a cal adicionada às pastas de gesso carbonatou e com isso
diminuiu a porosidade das pastas mistas em relação a das pastas puras, para relação
água/gesso constante. Isto pode explicar o aumento das propriedades mecânicas,
especialmente a dureza, com o aumento da adição de cal.

Como a carbonatação ocorre da superfície para o interior da pasta, a maior quantidade de


carbonato formado está na camada superficial, tornando essa camada menos porosa que o

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
8. Influência da cal no estado endurecido: resultados e discussões 105

seu interior. Durante o ensaio para determinação da dureza é exatamente a VXSHUItFLH do


corpo-de-prova que é avaliada. Isto explica porque a dureza superficial foi a propriedade
mais afetada pela adição de cal.

Conforme discussão apresentada neste item, sob o ponto de vista das propriedades
mecânicas do material, seria possível a utilização em obra de pastas com  GH FDO e
UHODomR iJXDDJORPHUDQWH . Pois essa pasta apresentou propriedades mecânicas
maiores que as da pasta pura com relação água/gesso igual a 0,7.

 &RQVLGHUDo}HVVREUHRFDStWXOR

Através da TG foi possível constatar que após 42 dias de exposição ao meio ambiente,
cerca de GDFDO contida nas pastas mistas carbonatou.

A carbonatação aliada à distribuição granulométrica da cal, foram responsáveis pela


diminuição do volume de poros das pastas mistas em até 17,5%, para UHODomRiJXDJHVVR
constante. A adição de cal teve a maior influência sobre a distribuição dos poros na pasta
que foi deslocada para poros menores. Para relação iJXDDJORPHUDQWH constante, a adição
de cal aumentou o volume de poros, sem, contudo, alterar a sua distribuição nas pastas.

Os valores de resistência obtidos para todas as pastas estão dentro da faixa de valores
encontrados na literatura (NOLHIER, 1986; CINCOTTO HWDO, 1988b; TESCHNER, 1991;
entre outros). Para UHODomR iJXDDJORPHUDQWH constante, a resistência à compressão e
tração na flexão diminuíram com a adição de cal. A dureza superficial e do módulo de
elasticidade não foram alteradas. Para UHODomRiJXDJHVVR constante, a resistência a tração
na flexão manteve-se estável com o aumento do teor de cal e a resistência das demais
propriedades aumentou, especialmente a dureza superficial, propriedade mais afetada pela
carbonatação.

A menor porosidade das pastas mistas em relação às pastas puras explica e atesta a
influência da carbonatação nas propriedades mecânicas das pastas de gesso e cal. E, ao
longo do tempo ainda pode ser esperado um incremento nas propriedades mecânicas, pois
cerca de 20% da cal presente na pasta não estava carbonatada.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
 &21&/86®(6

Diferente das argamassas de cimento Portland, os valores de tempo de início e fim de pega
da pasta de gesso não são úteis para orientar a sua seleção para aplicação manual de
revestimentos de acordo com a técnica corrente. Em função desta limitação e do estudo
realizado em obra, neste trabalho foram propostos novos conceitos de WHPSR~WLO, WHPSRGH
HVSHUD e IDL[DGHFRQVLVWrQFLD~WLO.

A IDL[DGHFRQVLVWrQFLD~WLO determinada em obra correspondeu ao intervalo de penetração


entre 28 mm (FRQVLVWrQFLDPtQLPD) e 0 mm (FRQVLVWrQFLDPi[LPD) da sonda do aparelho de
Vicat modificado.

Devido à diminuição da energia de mistura e à mistura parcial da pasta o WHPSR ~WLO foi
ampliado em até . Entretanto, esses procedimentos também ocasionam WHPSR GH
HVSHUD elevado, que corresponde a cerca de  do tempo total de preparo e aplicação da
pasta.

Em condições reais de utilização, o preparo da pasta é feito empiricamente pelo gesseiro


com relação água/gesso muito maior (> 0,6) do que a relação obtida segundo a norma NBR
12128 (ABNT, 1991). Portanto, a água de consistência normal e os correspondentes
tempos de início e fim de pega são parâmetros adequados apenas para o controle da
produção industrial do gesso de construção e não são úteis para orientar a aplicação de
revestimentos.

Do estudo em laboratório obteve-se que as UHODo}HViJXDDJORPHUDQWH que proporcionaram


a FRQVLVWrQFLDPtQLPD logo após a mistura foram : 0,5, para 0% de cal; 0,6, para 13% de
cal; e 0,7, para 23% de cal.

Mantendo-se constante a UHODomR iJXDDJORPHUDQWH, a adição de cal aumentou a


consistência inicial das pastas, permitindo que o WHPSR GH HVSHUD fosse abreviado e
fazendo. Contrariando as expectativas, o aumento da relação água/gesso não ampliou o
WHPSR~WLO das pastas puras e mistas.

O WHPSR ~WLO máximo foi obtido através da utilização da relação água/aglomerante que

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
9. Conclusões 107

proporcionou a cada pasta a FRQVLVWrQFLD PtQLPD logo após a mistura. A redução


ocasionada pelo aumento da UHODomRiJXDDJORPHUDQWH das pastas puras variou entre 34 %
e 8,64 %. Adicionalmente, o aumento da relação água/aglomerante ampliou o WHPSR GH
HVSHUD de 0 para 12 minutos.

A influência da adição da cal sobre o tempo de pega determinado segundo a DIN 1168
(1975) foi complexa e parece estar associada à relação entre o WHRUGHiJXD e a FRQVLVWrQFLD
LQLFLDOGDSDVWD. Um estudo mais detalhado da reação de hidratação das pastas de gesso e
cal através da calorimetria pode vir a elucidar a questão.

A adição de cal também foi capaz de proporcionar às pastas gesso a consistência adequada
à utilização, FRQVLVWrQFLDPtQLPD, logo após a mistura, o que ocasionou a maior diminuição
possível para o WHPSR GH HVSHUD. Isto fez com que o WHPSR ~WLO das pastas mistas fosse
maior que o das pastas puras.

No estado endurecido há dois pontos de vista para analisar a influência da cal:


considerando-se a UHODomR iJXDDJORPHUDQWH constante e considerando a UHODomR
iJXDJHVVRFRQVWDQWH.

Comparando-se pastas com a mesma UHODomR iJXDDJORPHUDQWH, a resistência à


compressão e tração na flexão diminuíram com a adição de cal, quando comparadas aos
valores das pastas de gesso puro. A dureza superficial e o módulo de elasticidade não
foram alterados.

Para pastas com a mesma UHODomRiJXDJHVVR, a resistência à tração na flexão manteve-se


estável com o aumento do teor de cal. Os valores das demais propriedades mecânicas
aumentaram, especialmente a dureza superficial, propriedade mais afetada pela
carbonatação.

A menor porosidade das pastas mistas em relação às pastas puras explica e atesta a
influência da carbonatação nas propriedades mecânicas das pastas de gesso e cal.

Cerca de  da cal contida nas pastas mistas com 42 dias de exposição ao meio ambiente
carbonatou.

Para UHODomRiJXDJHVVRconstante, a carbonatação, aliada à distribuição granulométrica da


cal, foram responsáveis pela diminuição do volume de poros das pastas mistas em até
17,5%. A adição de cal teve a maior influência sobre a distribuição dos poros na pasta que

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
9. Conclusões 108

foi deslocada para poros de menor diâmetro. Para relação iJXDDJORPHUDQWH constante, a
adição de cal aumentou o volume de poros, sem, contudo, alterar a sua distribuição nas
pastas.

Diante das propriedades apresentadas pelas pastas mistas no estado fresco, conclui-se que a
sua utilização pode ser vantajosa, desde que associada à UHODomR iJXDDJORPHUDQWH, que
proporciona a consistência mínima logo após a mistura. Isto acarretará ganho na
produtividade do serviço de aplicação manual de revestimento em gesso.

Sob o ponto de vista das propriedades mecânicas do material, a adição de GHFDO com
UHODomRiJXDJHVVR mostrou-se uma opção viável de pasta mista, por ter apresentado
resistência mecânica maior do que a pasta pura com UHODomRiJXDJHVVR 0,7, comumente
encontrada em obra. Isto faz com que o desempenho da pasta com 13 % de cal possa ser
considerado satisfatório.

 3URSRVWDSDUDFRQWLQXDomRGRHVWXGR

Conforme observado nas obras, apenas parte da masseira é misturada durante o preparo da
pasta enquanto a outra parte permanece em repouso, aumentando o tempo útil em até 62 %.
Seria, portanto, conveniente a avaliação do comportamento de dispersões apenas
polvilhadas, ou seja, não submetidas a nenhuma HQHUJLDGHPLVWXUD.

Para implementar a utilização das pastas de gesso e cal como revestimento é necessário o
estudo da UHVLVWrQFLDGHDGHUrQFLD destas pastas aos substratos comumente utilizados em
obra.

Além disto, visando comprovar o ganho de produtividade ocasionado pela adição de cal,
deve-se efetuar um estudo comparativo entre o serviço de revestimento manual em pastas
de gesso e pastas de gesso e cal.

Estudo da influência da cal hidratada nas pastas de gesso. Rubiane Paz do Nascimento Antunes
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