Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Armand Balsebre
1Este texto é uma tradução resumida do livro El: lenguaje radioJónico de Arrnand
327
Teorias do Rádio· Textos e contextos
328
A linguagem radtofônica - Armand Balsebre
tecnologia
linguagem
radiofônica ouvinte
recursos técnicos!
expressivos da
efeitos reprodução sonora
palavra sonoros
percepção
silêncio
radiofônica
música
329
Teorias do Rádio - Textos e contextos
tivo, por sua vez, pode trazer uma conotação simbólica de dinamis-
mo, de novidade, de autoridade profissional e de credibilidade.
Todos estes recursos expressivos fundamentam o sentido simbóli-
co, estético e conotativo da linguagem radiofônica. Para isso, é preci-
so que o profissional de rádio saiba conjugar de forma criativa e equi-
librada a dialética forma/conteúdo, prevísíbílídadeyorígínalídade e in-
formação semântica/informação estética. A audição radiofônica e não
necessariamente apenas da ficção dramática ou do ritmo musical de
um "dísc-jockey", mas também de um programa informativo pode
causar uma verdadeira emoção estética, reutilizando assim a lingua-
gem radiofônica como um autêntico instrumento de comunicação e
expressão.
A palavra radiofônica
A palavra é indispensável. E assim, como não se deve identificar a
linguagem radiofônica como unicamente verbal, também não se deve
crer que a criatividade expressiva do veículo se dá exclusivamente
pela música ou pelos efeitos sonoros. Não há dúvida de que a lingua-
gem radiofônica é uma linguagem artificial, e que a palavra radiofônica,
mesmo quando transmite a linguagem natural da comunicação
interpessoal, é palavra imaginada, fonte evocadora de uma experiên-
cia sensorial mais complexa.
Outro elemento do contexto artificial e específico da palavra
radiofônica é a íntegração entre o texto escrito e a improvisação ver-
bal. O locutor quando lê um texto, tenta reproduzir uma naturalida-
de, uma certa intimidade para eliminar o efeito distanciador. O texto
escrito é um texto sonoro, por isso é necessário integrar na redação
todos os recursos expressivos que conotam a referida impressão de
realidade acústica, dando a mesma sensação de naturalidade e es-
pontaneidade do discurso improvisado.
A arte de improvisação verbal pode ser sistematizada em três re-
gras: Não falar do que não se conhece, não afastar-se do tema e apren-
der a liberar-se fisicamente.Também é necessária uma especial sen-
sibilidade para o uso da pausa: o silêncio. Mas devemos lembrar que
uma pausa prolongada pode significar a interrupção da comunica-
ção. FERRERP trata da força sugestiva da voz humana e da arte de
colorir uma notícia, além do sentido dificílimo da pausa. Ele defende
que graças ao rádio a palavra recuperou sua autoridade.
3Enzo FERRERI publicou em 1931 o manifesto do rádio como força criativa com um
decálogo de propostas.
330
A linguagem radiofônica - Armand Balsebre
331
Teorias do Rádio - Textos e contextos
A música radiofônica
A percepção das formas sonoras musicais produz uma multí-
plicidade de sensações e contribui para a criação de imagens auditi-
vas. A informação estética da música descreve a relação afetiva de
nível conotativo do sistema semiótico da linguagem radiofônica. E o
uso da música junto com a palavra traz uma harmonia peculiar. A
332
A linguagem radiofôníca . Armand Balsebre
333
Teorias do Rádio - Textos e contextos
o silêncio radiofônico
Língüístícamente, a palavra não tem significado se não puder ser
expressada em seqüências de silêncio/som/silêncio. O som e o silên-
cio definem, portanto, de maneira interdependente a linguagem ver-
bal. O silêncio também delimita núcleos narrativos e constrói um
movimento afetivo: o silêncio é a língua de todas as fortes paixões,
como o amor, o medo, a surpresa, a raiva. Quanto mais intenso for o
sentimento menos palavras poderão defíní-lo. O silêncio é ainda um
elemento distanciador que proporciona a reflexão e contribui para o
ouvinte adotar uma atitude ativa em sua interpretação da mensa-
gem. Mas não se deve esquecer que se a atenção cessa depois de 6 a
10 segundos de duração constante de uma mesma forma sonora,
sucede o mesmo quando se trata de uma forma não sonora. Ou seja,
a partir de uma determinada duração o silêncio atua negativamente
no processo comunicativo.
A montagem radiofônica
Com o desenvolvimento da tecnología é possível cortar e colar o
material sonoro, alterar a qualidade e a natureza da fonte sonora,
sua velocidade, entre outros recursos que a montagem radiofônica
proporciona, contribuindo para a criatividade e a intenção comunica-
tiva e expressiva do autor da mensagem. O processo técnico de repro-
dução sonora do rádio impõe à imagem sonora peculiares "de/forma-
ções". A montagem radiofônica "deforma" (por exemplo, ao colocar
eco, ao cortar, colar e alterar as seqüências de uma mesma sonora,
etc,) justamente para reproduzir melhor a realidade radiofônica. A
recriação da realidade conserva seus contornos sonoros, mas cons-
trói ao mesmo tempo uma realidade distinta da materialmente real,
alterando as dimensões espaciais e temporais.
A montagem cria um novo conceito de real: a realidade radiofônica.
E as características da percepção radiofônica farão com que esta rea-
334
A linguagem radiofônica - Armand Balsebre
lidade radiofônica seja "mais real" que o "real". Por exemplo, um mo-
nólogo dramático com uma música ao fundo sugere uma dimensão
expressiva muito real, provocando reaçôes emotivas no ouvinte, ape-
sar desta imagem sonora não pertencer ao âmbito da realidade
referencial, pois é difícil alguém verbalizar seu pensamento quando
está sozinho, e menos ainda com uma música de fundo que não sur-
ge da paisagem sonora natural. Outro exemplo é o barulho da chuva
produzido no estúdio e contido num disco de efeitos sonoros. Ele é
mais "verdadeiro" do que a gravação naturalista da chuva.
No contexto do relato radiofônico, o som da linguagem radiofônica
é classificado em seqüências, ambientes, perspectivas ou planos so-
noros e em "travelling"(ilusão de movimento pela ação combinada dos
planos). E a dimensão do espetacular é dada pela duração não "real"
da continuidade, pela perspectiva não natural da paisagem sonora
radiofônica, pelos truques sonoros, etc, fatores que compreendem a
ação da montagem. A continuidade real e espetacular do veículo é
continuidade dramática, pela qual a imagem sonora projeta sobre o
ouvinte uma relação afetiva, conseqüência de seu nível de significa-
ção conotatívo-símbólíco. Assim pode-se definir a reportagem de rá-
dio como "drarnaturgía da realidade" e o rádio-teatro como "drama-
turgía da ficção". Por exemplo, numa cobertura esportiva, a narrativa
é de suspense e tem como objetivo responder quem ganhará e por
quantos gols.
A montagem é ainda responsável pela construção de um repertó-
rio de possibilidades significativas que define o nexo ou a união entre
as seqüências. Temos também que considerar o ritmo, assim como a
dialética da originalidade e da redundância tão necessárias para pro-
duzir entendimento e interesse sobre a mensagem. Outro questão a
ser pensada durante a montagem é o número de planos, aconteci-
mentos e fontes sonoras por unidade de tempo.
A mensagem no rádio tem uma comunicação funcional, cuja se-
mântica gera o intercâmbio de idéias, conceitos e relaçôes entre indi-
víduos, mas ao mesmo tempo, surpreende, emociona, excita a sensi-
bilidade do ouvínte. Temos aqui, então, a superposição dos níveis
denotativo e conotativo.
Destaques também devem ser dados para a importância do roteiro
e para a necessidade da integração harmônica dos diferentes elemen-
tos da linguagem radiofônica. Já sobre a significação da mensagem,
ressalta -se que ela vem determinada por um conjunto de fatores que
caracterizam o processo de percepção sonoro e imaginativo-visual do
ouvinte. A percepção é o conhecimento sensorial completo de um ob-
jeto. Mas como o ouvinte poderá perceber as possibilidades multísen-
335
Teorias do Rádio - Textos e contextos
336