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A Humanização e a Medicina

Fernando Guedes

Um dos grandes temas do momento é a questão do humanismo e da


humanização da medicina. Qual seria o caminho para uma efetiva humanização da
prática e do ensino da medicina.
Seria tratar os pacientes com cordialidade e educação, chamá-los pelo nome,
ouvir as suas lamentações, demonstrar empatia com seu sofrimento, esclarecer as suas
dúvidas, diminuir seus temores e ansiedades, trata-los com carinho e dedicação. Sim
estas seriam medidas necessárias, mas seriam suficientes?
Humanizar a medicina seria tornar os ambientes mais alegres e festivos. Colorir
os hospitais e clínicas, afixar e pintar ilustrações infantis nas alas pediátricas, modificar
o mobiliário, diminuir a burocratização. Seria levar palhaços (clowns doctors) e animais
especialmente treinados (pet-terapia) para a pediatria, oncologia ou outras áreas dos
hospitais e ambulatórios. Estas também seriam medidas humanizadoras, mas acrescidas
as anteriores isto já seria suficiente?
Humanizar a medicina seria modificar a abordagem das “empresas do setor
doença” e transforma-las (realmente) em “empresas do setor saúde”, onde o cliente não
seja visto como um número e uma fonte de lucro ou de prejuízo.
Humanizar a saúde seria modificar a ótica das pesquisas no setor, na maior parte
das vezes míope, obtusa, reducionista e linear, calcada em premissas positivistas
equivocadas de objetividade, neutralidade e generalização. Muitas ainda têm
compromisso com o resultado e com o lucro.
Humanizar a saúde seria modificar as práticas comerciais mercantilistas e
inescrupulosas da indústria farmacêutica. Seria banir a prática de patrocínios escusos e
da farta distribuição de benesses à classe médica.
Humanizar a medicina passaria por tudo isto, mas vai além. E para compreender
isto é necessário fazer a distinção entre os termos: “humanizar a medicina” e “medicina
humanística”. Humanizar a medicina é tornar a sua prática mais humana. E medicina
humanística é a re-incorporação das humanidades ao saber e à práxis médica. Todas
estas medidas que foram descritas até aqui, algumas de muita profundidade outras com
caráter mais superficial, são importantíssimas para a humanização da medicina. Mas a
medicina realmente só será humanizada quando as transformações ocorrerem na sua
essência e ela voltar a ser humanística. Pois na história da medicina o saber humanístico
sempre foi uma fonte primordial para o saber médico. De certa forma sem isto todas as
outras mudanças por mais profundas que sejam seriam apenas cosméticas.

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