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L8 LINK SEGUNDA-FEIRA, 2 DE FEVEREIRO DE 2009

O ESTADO DE S.PAULO

VIDA DIGITAL: LAWRENCE LESSIG, 48 anos, advogado


■■■ Uma das maioresautoridades do mundo em direitosautorais na eradigital,ele concorda: ‘Sim, somos todos piratas’
DIVULGAÇÃO

‘O problema
não são os
piratas – é a lei’ FLEXIBILIZAÇÃO -
Lessig criou a licença
Creative Commons e
quer expandir sua
ideia para o mundo
dos negócios

dá um passo além da discussão culos 18 e 19, pois elas lidavam qualquer possibilidade de con-
:ALEXANDRE MATIAS dos direitos autorais. comcópiasfeitaspormeiodeno- trole. Não sou tão radical. A mi-
:RODRIGO MARTINS “O foco nesse livro não é a Uma cultura dividida em duas vas tecnologias, que não esta- nha visão é que os direitos auto-
criatividade.Emboraelasejaim- vam ao alcance de todos. Se vo- rais têm um papel importante,
portante, o livro tem uma preo- ●●● “O que antes era impossível e cê foca a lei de direitos autorais sóqueprecisammudarparaque
“A lei é o problema”, Lawrence cupaçãomaiorcomumacultura ilegal, hoje é apenas ilegal”, expli- em cópias, você tem um modelo possam continuar a funcionar.”
Lessigsequertitubeiaaoserper- que criminaliza atividades que ca Lessig logo ao início de seu no- de negócios que incentiva o tra- Lessig, no entanto, reconhe-
guntado sobre direitos autorais deveriam ser normais. Essa é vo livro, Remix, cujo subtítulo po- balho criativo. Fazia sentido”. ce que a briga não é fácil, pois os
e o mundo digital, “ela é muito uma lição que os soviéticos de ser traduzido como Fazer Arte E continua: “Mas estamos interesses do passado defen-
radical”. O mesmo não pode ser aprenderam, quando faziam to- e Comércio Florescer em uma Eco- nos movendo para uma era em dem valores do século 20, que
ditosobreLessig,professordedi- das as atividades criminosas.” nomia Híbrida. Tal economia é a quetodomundoqueacessaacul- Lessig considera difíceis de ir
reito na universidade de Stan- No livro, Lessig propõe que a mesma provocada pela remistura tura tecnicamente faz cópias. contra.“Olhepara asestrelasdo
ford,nosEUA.OcriadordoCrea- cultura do remix – em que con- sugerida no título e que diz respei- Faztantosentidoregularissoco- cinema. Elas podemdizer as coi-
tiveCommons,propostaparafle- teúdos de naturezas diferentes to justamente a duas culturas que mo regular o ato de respirar – sasmaisidiotasapoiandoacultu-
xibilizar o sistema legal, tem são misturados por produtores coexistem neste nascimento da copiar é algo tão comum que ra do passado e não reconhecer
uma preocupação que vai além e consumidores – deve também era digital que vivemos hoje. qualquer um pode fazer. Ao in- o futuro. Por exemplo, nos EUA,
do copyright: “Temos toda uma ser comercializados. Nada Lessigdivide aculturaatualemduas vés de invocar essa lei insana to- a Sony entrou em 1998 com uma
geração de garotosque achaque mais é que a ampliação da ideia vertentes:aculturaque apenaslê da a vez que um garoto liga o ação para estender os direitos
a lei é um saco, que ignoram a lei. de Creative Commons. (RO,doinglês“read-only”) e aquelê computador, a lei deveria parar autoraispormais20anos.Echa-
Quão difícil será para nós fazer Quando foram criadas em eescreve(RW, “read/write”).Ele dadeevoracidade queconsome. Les- de focar na cópia e se focar em mou Bob Dylan como testemu-
elestambémobedeceremleisfis- 2001, as licenças CC deram um defineaprimeiracomopassivae alfa- sigexplicacomo ambaspodemcoe- atividadesquefaçamsentidoco- nha, que disse que criou o me-
cais, ou outras leis? Há dez anos, passo crucial no entendimento betizada,emqueafontede informa- xistir,masqueamudança nalegisla- mercialmente”. lhordesuaobrajápensandoque
violar a lei não era tão fácil.” dos direitos do autor na época da çãoé profissional.Jáasegunda, nas- çãoé crucialnestanova realidade. E conclui citando nosso ex- ela só cairia em domínio público
Acernedaquestão,paraLes- reprodução eletrônica, apresen- cidacomainternet, émais ativa,é Seuspróximos livrossãosobre a Ministro da Cultura: “Se eu faço depois de 70 anos e não 50, suge-
sig, está na mudança da relação tando o conceito de que o autor maisaudiovisualdo queletrada e constituiçãoamericanaesobre cor- um remix de uma música do Gil rindo que, se não esse período
das leis com a sociedade e a in- poderiapermitirareproduçãoli- produzconteúdo comamesmafacili- rupção,seuatualfoco detrabalho. ● e compartilho com meus ami- fosse de 50 anos, ele não teria
corporação da cultura do remix vredesuaobra,colocandoressal- gos, ele não deve se preocupar criado sua obra. Imagina o Bob
não apenas na produção de con- vas para seu uso. Mas mais do comisso,porquenãoirácanibali- Dylannosanos60pensando:‘Se-
teúdo como nos negócios. O ad- que funcionar como uma solu- trevistadurante suaúltimavisi- usa as tecnologias digitais”. zar seu valor de marketing. Mas rá que escrevo uma música? Ah,
vogado, que foi cogitado para o ção, as licenças Creative Com- ta ao Brasil, no ano passado. “Se somos todos piratas?”, se eu monto um site e coloco to- tudo bem, porque ela só vai cair
cargo de ministro da justiça do monsseaprofundaramnessadis- “Há muitas iniciativas nos Lessig repete a pergunta para dootrabalhodoGiledouparaas emdomíniopúblicodepoisde 70
governo de Barack Obama (de cussão que flexibiliza o rígido co- EUA, como licenças coletivas, responder categoricamente e pessoas de graça, acho que o Gil anos e não 50’; Nesse mundo
quemfoiprofessor),estálançan- pyright para uma época em que licenças voluntárias, que pro- dar uma pequena aula sobre a pode – e deve – reclamar”. atual coisas ridículas como es-
do um novo livro, Remix: Making qualquerumpodeproduziredis- põem mudanças para são todas natureza do copyright. “Sim. A Mas isso não quer dizer o fim sas são consideradas normais.”
Art and Commerce Thrive in the tribuir conteúdo. propostas para fazer a lei fazer razão pela qual todos são pira- dosdireitosautorais,Lessigéen- E conclui fazendo uma previ-
Hybrid Economy (editora Pen- “Precisamos atualizar a lei, sentido na era digital. É isso o tas hoje é porque a lei atual é ba- fático também nisso. “Há pes- sãosériasobreapirataria:“Acho
guin,semprevisãodelançamen- para que ela faça sentido no que deve ser feito, ao invés des- seada na reprodução de cópias. soas falando nisso, que as tecno- que ela se tornará cada vez mais
to no Brasil, leia ao lado), em que mundo digital”, explicou em en- saguerra extrema contraquem É uma que fazia sentido nos sé- logias digitais acabaram com uma bandeira política.”●

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