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A dissolução parcial permite a retirada de um sócio com a apuração de seus haveres, preservando a sociedade. A apuração simula uma liquidação para definir o valor de reembolso proporcional à participação do sócio no patrimônio líquido da sociedade avaliado a valor de mercado. O balanço usado deve refletir a real situação patrimonial no momento da retirada para evitar enriquecimento ilícito.
A dissolução parcial permite a retirada de um sócio com a apuração de seus haveres, preservando a sociedade. A apuração simula uma liquidação para definir o valor de reembolso proporcional à participação do sócio no patrimônio líquido da sociedade avaliado a valor de mercado. O balanço usado deve refletir a real situação patrimonial no momento da retirada para evitar enriquecimento ilícito.
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A dissolução parcial permite a retirada de um sócio com a apuração de seus haveres, preservando a sociedade. A apuração simula uma liquidação para definir o valor de reembolso proporcional à participação do sócio no patrimônio líquido da sociedade avaliado a valor de mercado. O balanço usado deve refletir a real situação patrimonial no momento da retirada para evitar enriquecimento ilícito.
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Toda sociedade comercial tem por objetivo imediato, do
ponto de vista das pessoas que a compõem, e do ponto de vista da remuneração do capital com que cada uma delas participa, do que se denomina "lucro". Isto é, aos sócios- cotistas interessa, em primeiro lugar, o lucro.
Contudo, há interesses outros, de cunho social, de ordem
pública e econômica, que devem ser considerados, como, por exemplo, os empregos gerados, a produção ou transformação econômica de bens úteis, a geração de divisas, etc, etc.. Sobrelevam, portanto, pelo alcance do bem comum, estes interesses, àqueles dos sócios, individualmente, considerados.
Por tais razões, a doutrina e a jurisprudência se firmaram
pela primazia da preservação da empresa. E, a partir deste entendimento, se construiu pretoriamente, a chamada "dissolução parcial da sociedade", com o que se permite a retirada do sócio dissidente, apurando-se seus haveres e preservando a sociedade com os outros sócios.
Por igual, ressalta Rubens Requião:
"A dissolução parcial passou a ser, em último caso, a regra
indicada para solução dos problemas cruciais da sociedade nos seus momentos críticos. Em nossa tese de concurso para a cátedra de direito comercial, numa de suas conclusões, expunha-nos a nossa convicção de que "consideramos obsoleto o instituto da dissolução da sociedade comercial na extensão adotada pelo Código. O princípio preservativo da sociedade ou da empresa impõe a necessidade de novas fórmulas, que o direito comercial encontrou na exclusão do sócio. Para encaminhar nossos estudos, vamos partir, pois, de outra classificação mais moderna e lógica. Propomos então a classificação, em duas espécies, da dissolução social: a) dissolução total e b) dissolução parcial."
Em prosseguindo, o art. 15 do Decreto nº 3.708, de 1919,
prescreve que assiste aos sócios que divergirem da alteração do contrato social a faculdade de se retirarem da sociedade, obtendo o reembolso da quantia correspondente ao seu capital, na proporção do último balanço aprovado. O referido dispositivo legal, sobre cuja interpretação concordam doutrina e jurisprudência, não foi revogado pelo artigo 38, inciso V, da Lei nº 4.726, de 1965.
No entanto, importantíssimo ressaltar que há de se
resguardar a integralidade do patrimônio do sócio retirante, consubstanciado no seu capital e lucros inseridos na sociedade. Isto significa estabelecer que somente a forma pactuada no contrato social - para os casos de retirada - não satisfaz, com eficácia, a apuração dos haveres do sócio excluído da referida sociedade.
DISSOLUÇÃO PARCIAL
Resumo
DISSOLUÇÃO TOTAL
Resumo
O QUE É APURAÇÃO DE HAVERES?
A apuração de haveres é procedimento aplicado às hipóteses de dissolução parcial das sociedades para se aquilatar o valor do sócio pré-morto, dissidente ou excluído.
A apuração de haveres simula a liquidação da sociedade
(dissolução total), para definir o valor do reembolso. Elucidativos são os dizeres do Prof. Fábio Ulhoa [14],
"A apuração de haveres, em outras palavras, é a simulação
da dissolução total da sociedade. Por meio de levantamento contábil, que reavalia, a valor de mercado, os bens corpóreos e incorpóreos do patrimônio social, e da consideração do passivo da sociedade, projeta-se quanto seria o acervo remanescente caso a sociedade limitada fosse, naquele momento, dissolvida. Definido o patrimônio líquido da limitada, na data da dissolução parcial, o reembolso será a parcela deste, proporcional à quota do capital social do sócio desligado ou falecido. Se, por exemplo, o retirante tinha 20% do capital da limitada, e apurou-se o patrimônio líquido de R$ 300.000,00, o seu crédito, em reembolso da quota, será de R$ 60.000,00."
HIPÓTESES
A dissolução parcial pode ocorrer pela vontade dos sócios;
falência de um dos sócios, exclusão de sócio ou ruptura da affectio societatis. Por força do entendimento que acolhe a "sociedade unipessoal", ainda que sejam dois os sócios componentes da sociedade, teremos a dissolução parcial. melhorar
COMO SE DÁ A APURAÇÃO DE HAVERES?
A doutrina e a jurisprudência têm se manifestado no
sentido de que, na hipótese de dissolução parcial da sociedade, o valor de reembolso do sócio excluído deve ser estimado com base na real situação patrimonial da sociedade empresária, na data da resolução; vale dizer, ele deve ser reembolsado de acordo com o real valor patrimonial da sua participação na sociedade empresária, a fim de se evitar o enriquecimento ilícito da própria sociedade e dos sócios remanescentes (caput do artigo 1031 do CC).
Como se observa, será levada em consideração, para
apuração dos haveres do sócio retirante, a situação financeira da sociedade no momento da resolução, assim considerada a data na qual o sócio retirante manifestou sua vontade aos demais sócios. Por isso, o sócio retirante não participa nem dos lucros, nem dos insucessos posteriores à notificação.
Em regra, deve-se seguir a forma de apuração de haveres
pactuada no contrato social em se tratando de dissolução parcial, mas por aplicação analógica do artigo 15 do Decreto 3.708/19, permite-se aos sócios obter o reembolso da quantia correspondente ao seu capital, na proporção do último balanço aprovado, inclusive nos casos de exclusão ou de sócio pré-morto.
Entretanto, para se evitar enriquecimento ilícito em favor
da sociedade ou sócios remanescentes, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula 265, dispondo que "na apuração de haveres, não prevalece o balanço não aprovado pelo sócio falecido, excluído, ou que se retirou.
A retirada motivada, ou seja, aquela que decorre de justa
causa para a dissolução parcial da sociedade, fundada em perda da affectio societatis, e não no direito de retirada em face de alteração contratual ou saída imotivada, importará a apuração real e atualizada do patrimônio social, como se dissolução total fosse, para reembolso do sócio que se retira em uma única parcela.
Ao contrário, quando a retirada se der por força de
alteração do contrato social ou for imotivada, dever-se-á observar o estabelecido no contrato social como forma de apuração de haveres, salvo ofensa a princípios de ordem pública e manifesto desequilíbrio de deveres e obrigações em favor da sociedade ou sócios remanescentes.
Nestas últimas circunstâncias, a apuração será real e
efetiva, com conhecimento pleno do valor de mercado da universalidade dos bens que componham o patrimônio da sociedade (Recursos Especiais nºs 38.160-6-SP e 35.702-0- SP, datados de 09.11.93 e 27.09.93, da lavra do Min. Rel. Waldemar Zveiter, Superior Tribunal de Justiça).
Assim, em se tratando de direito de retirada por
divergência de decisão quanto à alteração do contrato social, a jurisprudência se inclina para a apuração do quinhão do sócio retirante em balanço especial, pois o balanço ordinário nem sempre retrata o real direito do dissidente, devendo, todavia, ser observado quanto à forma de pagamento o estabelecido no contrato. Nesse sentido, Ap. nº 44.742-1, da 6ª Câmara Civil do TAC-PR, rel. Eli de Souza, j. em 04.11.91; Ap. nº 29.400, 2ª Turma do TJ-DF, rel. Getúlio Morais Oliveira, j. em 04.03.94; Embargos Infringentes nº 140/91, TJ-RJ, rel. Fernando Celso Guimarães, j. em 29.04.92.
Em relação aos haveres do sócio pré-morto. Por sua
vez, já decidiu o Tribunal de Alçada do Paraná que a apuração dos haveres obedecerá aos mesmos critérios anteriormente deduzidos (balanço especial), devendo ser pagos a vista e em única parcela (Ap. nº 43.027-5, Ponta Grossa, 1ª Câmara Civil, Rel. Celso Guimarães, j. em 30.12.91), mas convém relevar que o acórdão trata de cláusula contratual, quanto à forma de apuração de haveres e respectivo pagamento (em dois anos), datada há mais de trinta anos.
As reservas, ou seja, lucros não distribuídos e destinados a
garantir e reforçar o capital social, se legais, pertencem à sociedade, logo, não são consideradas para apuração de haveres; entretanto, se as reservas forem facultativas ou estatutárias, serão levadas em conta.
Os bens imateriais ou incorpóreos, tais como o direito ao
ponto, a clientela, o aviamento, entre outros, não devem integrar o patrimônio líquido social para apuração de haveres porque fatalmente acarretariam a dissolução total da sociedade diante da provável ausência de liquidez para composição de tais valores em benefício do sócio que se retira. Ademais, se na dissolução total não se leva em conta tais elementos para realização do ativo liquidando, por que deveria o sócio retirante beneficiar-se desses elementos na dissolução parcial? Se o fim da dissolução parcial é a permanência da entidade empresarial, não há sentido o sacrifício total desta em benefício exclusivo do sócio que se afasta, porquanto, os bens imateriais da empresa só têm razão de ser enquanto esta exista.
Deve-se observar in casu, o enunciado da Súmula 265 do
Eg. STF:
"Na apuração de haveres, não prevalece o balanço não
aprovado pelo sócio falecido, excluído ou que se retirou."
É conveniente, assim, assegurar ao sócio que se retira da
sociedade que receba o valor de sua cota com base em apuração de haveres, que encontre valores reais e tudo o mais o que constituir o fundo de comércio e não apenas valores históricos ou contábeis.
Como referido pelo Desembargador Fernandes Filho, em
caso análogo:
“Em outras palavras: a apuração dos haveres se fará com
base em valores reais, e não apenas em valores contábeis ou históricos, sob pena de enriquecimento ilícito dos réus, ao indireto confisco da propriedade dos autores, pois a tanto equivaleria sua exclusão da sociedade sem o efetivo e integral recebimento do valor do patrimônio que nela tem." (In Jurisprudência Mineira, vol. 82, pág. 40).”
Vem, também, muito a propósito o seguinte acórdão:
APURAÇÃO DOS HAVERES. Na apuração dos haveres para determinação daqueles do sócio que se retira devem ser considerados os seus valores reais e não aqueles do último balanço (TJ-RJ - Ac. unân. da 2ª Câm. Cív. reg. em 26-8-93 - Ap. 1.485 - Rel. Des. Murillo Fábregas).
Reitere-se que não é justo e nem consentâneo com as
vontades dos sócios que a sua retirada da sociedade, prevista contratualmente, se dê por valores meramente escriturais. A convenção, em todos os contratos, de um balanço especial para o caso, ainda que se interpretando no sentido de que se trata de um balanço fora do tempo do balanço regular previsto no art. 10, § 4º , do velho Código Comercial, tem sua razão de ser. Pretende-se um balanço atual. Não se vê como esta atualidade não diga respeito a que os valores sejam efetivamente reais ao tempo, ou valores de mercado. E que não seja realizado de forma ampla, atualizada, objetivando total satisfação não só do patrimônio inserido na sociedade, bem como, dos lucros e da valorização do fundo de comércio.
Mas, a hipótese em causa trata, em especial, da
possibilidade de que um dos sócios, não esteja cumprindo com as suas obrigações contratuais ou legais. Que o sócio esteja agindo contra a lei; que o sócio esteja agindo com excesso de mandato ou que esteja infringindo o contrato social, deixando, destarte, de cumprir com as suas obrigações.
É comum fazer-se a distinção entre responsabilidade por
violação de obrigação derivada de um negócio jurídico, cujo descumprimento caracterizaria o fato ilícito civil gerador do dano, e a responsabilidade delitual ou extracontratual, que abstrai a existência de um contrato previamente celebrado e decorre de um ato ilícito absoluto, violador das regras de convivência social, e causador de um dano injusto.
A primeira encontra seu fundamento no art. 1.056, do
Código Civil: "Não cumprindo a obrigação ou deixando de cumpri-la pelo modo e no tempo devidos, responde o devedor por perdas e danos"; a segunda, no art. 159, do Código Civil: "Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano".
A responsabilidade civil encontra amparo quando o agente
não cumpre a obrigação ou deixa de cumpri-la pelo modo e no tempo devidos, respondendo por perdas e danos. Ou quando o agente pratica uma ação ou omissão voluntária; ou uma negligência ou imprudência; ou uma violação de direito; ou, finalmente, quando causa prejuízo a outrem. E, assim, fica obrigado a reparar o dano causado.
Isto é, quando o agente assume uma responsabilidade, tal
qual lhe impõe um contrato de sociedade comercial, vindo a agir de forma culposa ou dolosa, contrariando os dispositivos contratuais e legais, poderá, evidentemente, responder pela indenização por perdas e danos.
No contrato bilateral, os contraentes se obrigam
reciprocamente uns diante dos outros, pois a prestação de um corresponde à contraprestação do outro, havendo um nexo ou sinalagma que liga as obrigações das duas partes, mantendo-as numa relação de correspectividade e de interdependência.
JURISPRUDÊNCIAS
SOCIEDADE COMERCIAL - DISSOLUÇÃO PARCIAL -
PROCESSAMENTO- Tratando-se de dissolução parcial de sociedade, deve-se agir como se de dissolução total se tratasse, embora apenas em relação ao sócio que sai, porque, para esse, o vínculo social se extingue, continuando, assim, normalmente a sociedade. A dissolução, portanto, não implica a perda do objeto da sociedade e não enseja a sua dissolução total, pois compete aos sócios remanescentes tocar o negócio (TJ-SP - Ac. unân. da 16ª Câm. Cív. julg. em 3-5-94 - Ap. 226.149-2/5-São José dos Campos - Rel. Des. Pires de Araújo).
SOCIEDADE COMERCIAL - FIM DA "AFFECTIO SOCIETATIS" -
DISSOLUÇÃO PARCIAL A affectio societatis, elemento específico do contrato de sociedade comercial, caracteriza- se como uma vontade de união e aceitação das áleas comuns do negócio. Quando este elemento não mais existe em relação a algum dos sócios, causando a impossibilidade da consecução do fim social, plenamente possível a dissolução parcial, com fundamento no art. 336, I, do Código Comercial, permitindo a continuação da sociedade com relação aos sócios remanescentes (STJ - Ac. unân. da 3ª T. publ. no DJ de 15-4-96, pág. 11.531 - Agr. Reg. no Agr. 90.995-RS - Rel. Min. Cláudio Santos - Advs.: Cláudio Leite Pimentel e Luiz Carlos E. Piva ).
SOCIEDADE LIMITADA - DISSOLUÇÃO PARCIAL -
ADMISSIBILIDADE. Ainda quando composta de apenas dois sócios, admissível é a dissolução parcial da sociedade por cotas de responsabilidade limitada, aplicando-se subsidiariamente o art. 206, inc. I, d, da Lei das Sociedades Anônimas, e em atendimento ao princípio da preservação da sociedade e da utilidade social desta, apurando-se os haveres do sócio retirante, devendo, entretanto, ser recomposta a sociedade no prazo de 1 ano, sob pena de dissolução de pleno direito (TA-MG - Ac. da 5ª Câm. Cív. publ. no DJ de 16-6-92 - Ap. 103.219-3-BH - Rel. Juiz Marino Costa - José Roberto Castilho vs. Neyda Maria Campos Amaral).