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Nossa proposta é observar a competência para criar ou ler tanto por meio de
textos escritos quanto de expressão oral, música, artes plásticas, artes
dramáticas, realidades cotidianas etc.
Ou seja, ao mesmo tempo que o leitor sai de si, em busca da realidade do texto
lido, sua percepção implica uma volta à sua experiência pessoal e uma visão
da própria história do texto, estabelecendo um diálogo entre o texto e o leitor
com o contexto no qual a leitura se realiza.
Isso implica dizer que os demais níveis de leitura são válidos. Entretanto, a
leitura racional acrescenta o fato de estabelecer uma ponte entre o leitor e o
conhecimento.
(havia uma obra e dois destinatários – uma via a obra e o outro nada via).
O relato ainda coloca por terra a ilusão de que só os intelectuais têm condições
de assimilar certas formas de expressão, especialmente a estética.
Continuando…
Freqüentemente confunde-se a leitura racional com a investigação de um texto,
com o exame de sua estrutura interna enquanto sistema de relações que o
compõem…
Esse tipo de leitura, sem conectar o texto com o mundo e com as experiências
do leitor, elimina a dinâmica da relação leitor-texto-contexto, limitando
consideravelmente a compreensão maior do objeto lido.
A leitura racional difere das outras formas de leitura porque, por exemplo,
diferente da leitura sensorial, permite conhecer o texto sem apenas senti-lo.
Na leitura racional o leitor visa mais o texto, tem em mira a indagação; quer
mais compreendê-lo, dialogar com ele.
Por exemplo, quem leu um único romance, pode ter opinião sobre literatura de
ficção. Mas não tem parâmetro para julgar se é um bom livro.
Todo texto conta alguma coisa… nada é gratuito; tudo tem sentido – é fruto de
uma intenção consciente ou inconsciente.
No entanto, mesmo sabendo como e porque são armados os indícios não quer
dizer que o texto se torne transparente para nós (sempre haverá
ambigüidades…).
A INTERAÇÃO DOS NÍVEIS DE LEITURA
Não há uma hierarquia entre os níveis de leitura. Entretanto, a tendência é de
que a leitura sensorial anteceda a emocional e tenhamos, por fim, a leitura
racional.
Curioso é que mesmo que o leitor esteja se propondo uma leitura a um certo
nível, é a dinâmica de sua relação com o texto que vai determinar o nível
predominante.
Concluindo, a leitura mais cedo ou mais tarde sempre acontece, desde que se
queira realmente ler.
Como dissemos, cada pessoa reage a um estímulo de seu próprio modo; irá ler
a seu modo.
É através dessa leitura que vamos nos revelando para nós mesmos.
(Descoberta das coisas agradáveis; rejeição das desagradáveis).
Ela vai dando a conhecer o leitor do que ele gosta e do que não gosta…
mesmo inconscientemente e sem a necessidade de racionalizações.
Leitura sensorial começa muito cedo e nos acompanha por toda a vida.
Antes de ser um texto escrito, um livro é um objeto. Tem forma, cor, textura…
Exemplo: censura por parte dos governos; no passado, censura da igreja etc.
Voltando à questão do nível sensorial, por conta da importância que tem os
nossos sentidos para a atração ou rejeição ao livro, a aparência de um livro é
fundamental (impressiona bem ou mal – inclusive, a diagramação).
É verdade, mas num primeiro momento o que conta é a nossa resposta física
aos sentidos – a impressão de nossos sentidos sobre aquilo que nos cerca.
Só que aquela primeira impressão passa. O que era bonito, fica feio… Assim,
quando uma leitura nos faz ficar alegres ou deprimidos, desperta a curiosidade,
estimula a fantasia, provoca lembranças etc, estamos entrando noutra área.
Significa que deixamos de ler com os sentidos para ler também no nível
emocional.
A leitura emocional tem aspectos curiosos. Por exemplo, certas coisas tem o
poder de libertar nossas emoções; levam-nos a outros tempos e lugares.
(Lugares, cheiros, músicas… provocam lembranças, sentimentos…)
Por tudo isso, tentamos escamotear ou justificar uma leitura emocional. Mas
por que negar?
No nível emocional, é preciso pensar a leitura como algo que provoca – ou não
– empatia (participação afetiva – às vezes, até nos sentimos na pele do
personagem).
Neste contexto, é preciso pensar o texto não mais como algo que o leitor sente,
mas como algo que acontece com o leitor – o que ele faz, provoca em nós.
Às vezes, temos uma semiconsciência de estarmos lendo algo medíocre, mas
gostamos; outras, algo importante, mas nos desagrada. Temos uma ligação
inexplicável, irracional com o objeto de leitura.
Há também os aspectos projetivos. O leitor sente-se atraído pelo objeto lido por
se assemelhar à imagem que o leitor faz de si… ou o contrário, quando sente-
se atraído pelo oposto.
(Processo catártico – se há agruras na vida, há outros piores que eu. Por outro
lado, há aqueles que alimentam a ilusão de tirar “o pé da lama”).
Esta a razão pela qual não se pode simplesmente imputar à leitura emocional a
característica de alienante.
Importante é entender que tudo que lemos e a forma que lemos é resultado de
nossa visão de mundo.
A convivência social, cultural e política nos ajuda a caminhar para um outro tipo
de leitura – a racional.
Porém, capacidade de leitura vai muito além da decifração dos signos… fato
nem sempre compreendido por muitos educadores.
Também é sabido que uma vez alfabetizada, a maioria das pessoas, limita-se à
leitura com fins específicos (profissionais etc)…
Sem investir na leitura, permite-se assim que o mundo seja visto pelos olhos
dos outros (dominação).
Continuando…
Fala-se muito hoje em crise da leitura. Mas que crise? (abrir para alunos) //
livros.
Essa idéia nasce nos bancos escolares… contato com livros, geralmente,
dados nos manuais escolares…
É verdade que falta acesso a livros… (bibliotecas, livros caros, salários baixos,
qualidade questionável).
Por isso, a questão é mais ampla. Volta-se à instituição escolar. E vem ainda
dos jesuítas… formação livresca, defasada em relação à realidade…
Por isso, cabe ao indivíduo romper com essa prática. No caso de vocês, futuros
jornalistas, como pretendem se comportar?
A leitura começa antes do texto e vai além dele… leitor tem um papel atuante.
Por isso, aprender a ler significa também ler o mundo… é dar sentido ao
mundo e também a nós.
O que é leitura???
Como explicar expressões de uso corrente como, por exemplo, “fazer a leitura”
de um gesto? Ler a mão?
Mais uma pergunta: a leitura é única? Sempre será igual? Toda vez que ler
alguma coisa vou interpretar sempre do mesmo jeito?
Com o tempo as coisas não fazem sentido diferente para nós? Passamos a
enxergar sob um novo ângulo…
A tendência natural é ignorar, rejeitar como nada tendo a ver com a gente.
Para entender melhor essa idéia, Paulo Freire diz o seguinte: “ninguém educa
ninguém, como tampouco ninguém se de educa a si mesmo: os homens se
educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”.
Isso quer dizer que, mesmo precisando dos professores, temos condições de
fazer uma série de coisas sozinhos.
Na prática, aprendemos a ler lendo. Maria Helena Martins diz que “vivendo” –
ou seja, depende do quê lê – do que experimenta na relação com o mundo.
Aprendizado do Tarzan…
Continuando…
O ato de ler e escrever têm sido valorizados. Entretanto, muitas vezes têm se
transformado num instrumento de poder pelos dominadores – mas também
pode vir a ser a liberação dos dominados.
O problema é que o não querer ler, vem ao encontro dos interesses das
minorias dominantes.