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I – Sucessões------------------------------------------------------------------------------- 2
1.º Caso (Nº 53) ---------------------------------------------------------------- --------------- 2
2.º Caso (Nº 54) ---------------------------------------------------------------- --------------- 2
3.º Caso (Nº 50) ---------------------------------------------------------------- --------------- 4
4.º Caso (Nº 52) ---------------------------------------------------------------- --------------- 6
5.º Caso (Nº 55) ---------------------------------------------------------------- --------------- 8
6.º Caso (Nº 56) ---------------------------------------------------------------- ------------- 10
7.º Caso ditado (1)-------------------------------- ------------------------------------------ 14
8.º Caso (Nº 58) ---------------------------------------------------------------- ------------- 15
9.º Caso ditado (2)-------------------------------- ------------------------------------------ 21
10.º Caso (Nº 64)-------------------------------- -------------------------------------------- 22
11.º Caso (Nº 60)-------------------------------- -------------------------------------------- 26
I – Sucessões
X c Z
G A c B
C D E F
Mapa da partilha:
QI = 60.000 (90.000 x 2/3) QD = 30.000 (90.000 – 60.000)
B = 15.000 2157, 2133/1-a, 2134, 2135, 2136 e 2139/1 B = 7.500 2132, 2133/1-a, 2134, 2135, 2136 e 2139/1
C = 11.250 2157, 2133/1-a, 2134, 2135 e 2136 C = 5.625 2132, 2133/1-a, 2134, 2135, 2136
D = 11.250 2157, 2133/1-a, 2134, 2135 e 2136 D = 5.625 2132, 2133/1-a, 2134, 2135, 2136
E = 11.250 2157, 2133/1-a, 2134, 2135 e 2136 E = 5.625 2132, 2133/1-a, 2134, 2135, 2136
F = 11.250 2157, 2133/1-a, 2134, 2135 e 2136 F = 5.625 2132, 2133/1-a, 2134, 2135, 2136
J c L
D F G
M C c E
H c I
1. Temos de começar, em primeiro lugar, por analisar cada uma das figuras jurídicas que são
apresentadas no texto:
1.1. 1985 – Doação em vida (DV) de 110.000 a favor de D;
1.2. 1986 – Pacto sucessório (PS) designativo a favor de F. Rege aqui o art. 2028 e os
arts. 1701 e 1702, sendo que com esta acção C institui como herdeira F.
1.3. 1990 – Deixa testamentária da Mota de 20.000 a favor de G – legado (DTL).
1.4. 1990 – Deixa testamentária da pintura – Legado (DTL). Neste caso a disposição
testamentária era nula, pois considera-se feita à notária que lavrou o testamento
(Isa) por interposta pessoa (seu marido Hugo) – arts. 2197, 2198/1-2 e 579/2 CC).
JDP considera que não estamos aqui perante uma verdadeira incapacidade, mas
antes de uma ilegitimidade.
1.5. 1999 – Doação em vida de 40.000 a favor de I. Caso tivesse sido I a notária a fazer
a escritura, esta doação poderia ser considerada nula (arts. 2197 e 953). Nesse
caso, haveria que somar este valor ao Relictum, pois tudo se passaria como se os
40.000 não tivessem saído da esfera patrimonial de C. No entanto, o que se diz no
texto é que ela foi a notária que lavrou o tstamento e não a escritura de doação,
pelo que vamos considerar a DV válida.
Mapa da partilha:
QI = 220.000 (330.000 x 2/3) QD = 110.000 (330.000 – 220.000)
E = 146.666 2157, 2133/1 -b, 2134, 2135, 2136 e D = 110.000 (DV)
2142/1
J = 36,667 2157, 2133/1-b, 2134, 2135, 2136 e F = 27,500 R (200.000)+Dp(40.000)-P(20.000) =
2142/1 VTH(220.000) – art. 172
220.000 x 1/8 = 27,50 0 (PS)1
L = 36,667 2157, 2133/1-b, 2134, 2135, 2136 e G = 20.000 (DTL)
2142/1
H= 0 Deixa é nula (DTL)
I = 40.000 (DV)
197,500 Total das liberalidades ultrapassa a QD em
87,500. Há que reduzir por inoficiosidade
1
Pamplona Corte Real, ao contrário de Jorge Duarte Pinheiro, não abate o passivo.
2
O art. 2171 apresenta uma lacuna relativamente aos pactos sucessórios – doações mortis causa – pelo que
vamos aplicar o regime das doações em vida por analogia atenta uma certa similitude quanto ao regime
revogatório; note-se que o art. 1701 revela que não podemos prejudicar os PS com doações posteriores.
Cálculo da herança:
2157: Não existem herdeiros legitimários
2132: são herdeiros legítimos o cônjuge, os parentes e o Estado.
2133/1-c: os irmãos e seus descendentes integram a terceira classe de sucessíveis
2134, 2135: os irmãos, B e J, preferem aos respectivos descendentes; e preferem também a C,
colateral de A no 4º grau, que se enquadra na quarta classe de sucessíveis.
Contudo, a sucessão testamentária tem precedência sobre a sucessão legítima. Os bens seriam,
assim, distribuídos entre B e C, cabendo ao primeiro os bens existentes à data do testamento e
a C os bens que vieram ao património do autor após essa data.
As outras deixas:
Deixa 3: Trata-se de um legado e D é sempre tido como legatário ex vi do Art. 2030/4
CC. E isto independentemente de o usufruto respeitar a bens especificados ou à
herança no seu todo ou a uma quota desta.
Deixa 4: Trata-se de herança, nos termos do Art. 2030/3 CC, uma vez que os bens
correspondentes ao “remanescente da herança” não estão especificados.
2. Em primeiro lugar, há que verificar o que sucede em relação às outras deixas. Assim, a
primeira seria nula (art. 2254/1 – legado de coisa inexistente no património do autor) e a
quarta é a chamada de herança vazia. Quanto ao usufruto a favor de D, referindo-se o
mesmo a 1/3 da herança e sendo esta composta apenas pela casa de Sesimbra, signfica que
o usufruto vai incidir sobre 1/3 dessa casa.
Quanto à qualificação de C como herdeira ou legatária, tudo depende do ponto de vista
doutrinário adoptado.
a) Para Pamplona Corte Real, C seria herdeira uma vez que a deixa testamentária de que
é beneficiária esgota as forças da herança. Ela sucede na totalidade dos bens
existentes, não tendo qualquer significado as heranças vazias;
b) Já Oliviera Ascensão, pelo contrário, entende que as heranças vazias continuam a ter
signficado. Isto advém da posição deste autor que considera que o principal traço
distintivo entre o herdeiro e o legatário é o facto de o primeiro ser o “sucessor pessoal”
do autor da herança, havendo, por conseguinte, certos poderes que só ele pode exercer.
Jorge Duarte Pinheiro não concorda com esta visão do herdeiro como sucessor pessoal
do de cujos.
Adere-se, assim, à posição que considera C como herdeira na situação descrita.
3. Regra geral, é ao herdeiro que cabe a responsabildiade pelos encargos da herança (2068 e
2071). Contudo, nos termos do Art. 2072/1, o usufrutuário da totalidade ou de uma quota
do património do falecido pode adiantar as somas necessárias, conforme os bens que
usufruir, para cumprimento dos encargos da herança, ficando com o direito de exigir dos
herdeiros, findo o usufruto, a restituição sem juros das quantias que despendeu. Se o não
fizer, pode o herdeiro, nos termos do nº 2 do mesmo artigo, exigir que dos bens usufruídos
se vendam os necessários para cumprimento dos encargos, ou pagá-los com dinheiro seu,
ficando neste úDTLimo caso, com o direito de haver do usufrutuário os juros
correspondentes.
Vemos, assim, que o usufrutuário tem já a responsabilidade legal de arcar com parte dos
encargos da herança, mas apenas no que respeita aos juros das quantias necessárias para o
B A c E
Z H I J L
4. Mapa da partilha:
QI = 200.000 (300.000 x 2/3) QD = 100.000 (300.000 – 200.000)
E = 50.000 2136 e 2139 /1 ex vi 2157 B =0 (DTL) revogação real (2316/1 )
Z = 30.000 2136 e 2139 /1 ex vi 2157 C = 10.000 (DTH) 100.000x1/10=10.000; reduzida na
totalidade por inoficiosidade
H = 30.000 2136 e 2139 /1 ex vi 2157 D = 15.000 (DV)
I = 30.000 2136 e 2139 /1 ex vi 2157 F = 57.000 (PS) 1/5 herança (1)
J = 30.000 2136 e 2139 /1 ex vi 2157 G = 25.000 (DTL) Reduzida na totalidade por
inoficiosidade (não é verdadeiro PS por o
donatário não ter tido intervenção)
L = 30.000 2136 e 2139 /1 ex vi 2157 M = 30.000 (DV), reduzida a 28.000 por inoficiosidade
137.000 Há inoficiosidade de 37,000
(1)
R + Dp – P = VTH; 260.000+30.000-5.000=285.000 ; 285.000 x 1/5 = 57.000 (Art. 1702)
(2030/2, 1700, 1705, 1701-1702)
Nota: nem a fórmula de cálculo da sucessão contratual (R+Dp–P=VTH) nem a da
sucessão legal (R+D–P=VTH) são aplicáveis à sucessão testamentária, que tem uma
fórmula mais simples: R–P=VTH
Nota: Caso houvesse mais do que um legado haveria que reduzi-los propo rcionalmente.
Para isso, usaríamos a regra de três simples.
3º – A DV a favor de M, por ser a última (2173), é reduzida em 2.000, ficando com o valor
de 28.000.
? D c C F
E J A c B
Resposta à questão 1:
1. Classificação das deixas:
1.1. 2001: a favor de C2 (anel de noivado = 3.000) – DV – 2030/2
1.2. 2004: a favor de B (violino = 500) – DTL (2030/2). Não há que fazer imputação,
considerando-se a deixa como um pré-legado, valendo por inteiro (2264)
1.3. 2004: a favor de D (canetas = 5.000) – DTL (2030/2). Também não há lugar a
imputação, por ser pré-legado, valendo por inteiro (2264)
1.4. 2004: a favor de E (álbum de fotografias = 1.000) – DTL (instituído legatário por
erro)
1.5. 2004: a favor de F (computador = ?) – DTL (obtida sob coacção moral)
3. Partilha da herança:
3.1. Sucessão legitimária:
Assim, há que calcular a legítima (VTH) nos termos do Art. 2162: R + D – P = VTH
97.000 + 3.000 – 10.000 = 90.000
QI: 90.000 x 2/3 = 60.000 (2161/1)
QD: 90.000 – 60.000 = 30.000
Mapa da partilha:
QI = 60.000 (90.000 x 2/3) QD = 30.000 (90.000 – 60.000)
B = 40.000 2136 e 2142 /1 ex vi 2157 C 2 = 3.000 (DV)
D = 10.000 2136 e 2142 /1 ex vi 2157 B = 500 (DTL)
C = 10.000 2136 e 2142 /1 ex vi 2157 D = 5.0000 (DTL)
E =0 (DTL) álbum = 1.000: anulável por erro
sobre os motivos (1) . Resulta do próprio
testamento a essencialidade do erro (2202)
F=0 (DTL) Computador: anulável por coacção.
O erro é essencial e o mal grave e
justificado o seu receio (2201 , 255 e 256)
B = 14.333 A título de sucessão legítima
D = 3.583 A título de sucessão legítima
C = 5.383 A título de sucessão legítima
Oliveira Ascensão defende que sempre que o erro recaia sobre os motivos na indicação da
(1)
pessoa ou dos bens deverá ser aplicável o art. 2203 e não o 2202. A aplicação deste último
deverá ser limitada ao erro sobre os motivos stricto sensu. Contudo, PCR não concorda e
diz que deve ser aplicado o 2202, porque no 2203 admite-se prova complementar enquanto
naquele tal prova não é admissível.
Assim, segundo Oliveira Ascensão, não seria E a ser beneficiado mas sim J; pela
perspectiva de PCR (que é aceite e defendida por JDP) nenhum deles é beneficiado, sendo a
deixa nula. É esta a posição a que aderimos.
Anulação da deixa do computador por coacção: relevância do facto de a coacção provir de
terceiro e não do beneficiário: será aplicável o art. 2201?
Será de defender a sua aplicação desde que estejam reunidos os requisitos do art. 255 e 256.
No caso vertente parece não restarem dúvidas que assim é, sendo a deixa anulável dentro do
prazo de 2 anos (2308/2).
Resposta à questão 2:
I – A situação poderá enquadrar-se no âmbito do Art. 2034/b, caso o crime caluniosament e
denunciado seja punido com pena superior a 2 anos, dado este omisso no texto.
O texto diz-nos que ele foi condenado em 2002, sendo que a abertura da sucessão se deu em
2005. Vemos que, nos termos do Art. 2035/1, a condenação pode ser posterior, desde que o
crime seja anterior à abertura da sucessão. Vemos que aqui o crime foi anterior, pelo que a
condenação é relevante.
Problema pode levantar-se no que se refere ao prazo para a acção de indignidade que é, nos
termos do Art. 2036: de dois anos a contar da abertura da sucessão; ou de um ano a contar
da condenação ou do conhecimento das causas de indignidade. Ora, o texto diz-nos que A
ficou profundamente indignada, mas não que moveu a acção de indignidade dentro do prazo
de um ano a contar da condenação, que data de 2002. Será a acção judicial de declaração de
indignidade sempre exigível ou poderá a indignidade operar automaticame nte verificadas as
situações previstas nas quatro alíneas do art. 2034?
Oliveira Ascensão, no entanto, defende que a indignidade só não opera automaticament e
quando o indigno está na posse dos bens.
PCR, por seu lado, diz que a posição de OA não faz sentido, sob pena de se pôr em causa a
segurança jurídica. Poderia admitir-se o funcionamento automático das alíneas a) e b) d art.
2034, uma vez que aí há certeza jurídica resultante da condenação, mas não nas duas
últimas. Conclui que, em nome da segurança jurídica, é de exigir sempre a acção judicial de
declaração da indignidade, o que parece fazer todo o sentido.
No caso vertente não é possível, como referimos já, afirmar convictamente que tal acção de
indignidade não tenha sido interposta no devido prazo e a indignidade judicialmente
declarada. E não se contraponha que não faria sentido que, depois de mover a acção de
indignidade, seria irracional que A contemplasse B no seu testamento. Veja-se que, nos
termos do Art. 2038/1, o indigno pode ser reabilitado, readquirindo a capacidade sucessória,
se o autor da sucessão expressamente o reabilitar em testamento ou escritura pública. Não foi
o que se passou neste caso, pois A não reabilitou “expressamente” B, pelo que ele não
readquiriu a capacidade sucessória plena, mas o facto de ter sido contemplado com o legado
do violino confere-lhe capacidade para suceder dentro dos limites desse legado (2038/2).
V – Sucessão legítima.
Sendo ambas as disposições testamentári as a título de herança nulas, abre-se a sucessão
legítima (2131). Concorrem a esta sucessão os irmãos do autor, P, M e S, sendo que o
primeiro é irmão germano, a segunda irmã uterina e a última irmã consanguínea.
Segundo o disposto no art. 2146, o quinhão dos irmãos germanos é o dobro dos irmãos
uterinos ou consanguíneos. Assim, temos:
P = 2 partes (600 / 4) x 2 = 300
M = 1 parte 600 / 4 = 150
S = 1 parte 600 / 4 = 150
Total: 4 partes
A c B
J
X
G c C D E F C
V
H I
Segundo as orientações dadas, o caso vai ser resolvido em duas fases: primeiro só será
abordada a matéria da vocação indirecta ignorando as questões atinentes à colação;
1995: C é deserdada 2166/1-b: a deserdação tem que ser feita em testamento, mas como o
texto nada nos diz vamos pressupor que ela é válida.
São três os pressupostos da vocação (2032):
(1) Um título sucessório prevalente;
(2) Ter capacidade sucessória: situações de “não poder” aceitar. Abrange a
indignidade e a deserdação.
(3) A sobrevivência ao de cuius: situações de “não poder” aceitar. Abrange a pré-
morte, a presunção de comoriência (58) e a declaração de morte presumida
(114)
A situação de “não querer” aceitar resume-se ao repúdio da herança (2062)
1997: DV a favor de F (Ferrrari = 5.000) com intenção de avantajar, ou seja, que pretende que
o carro não esteja sujeito ao instituto da colação – art. 2113º.
B – Partilha.
I – Visto haver herdeiros legitimários: os quatro filhos C, D, E e F, todos sobrevivos, vamos
abrir a sucessáo legitimária abstraindo, por ora, das incapacidades de alguns dos herdeiros.
Quanto a B, cônjuge da autora da sucessão, verificámos que faleceu em 1979, muito antes da
abertura da sucessão (Abril de 2003). Logo, não podia este suceder por pré-morte: não está
verificado o pressuposto da existência.
Haveria substituição de B por representação? Não, porque o direito de substituição opera
apenas em favor dos “descendentes de um herdeiro ou legatário”, que são chamados a ocupar
a posição daquele que não pôde ou não quis aceitar a herança ou o legado (2039). Na sucessão
legal são chamados a ocupar esse lugar “os descendentes de filho do autor da sucessão e, na
linha colateral, em os descendentes de irmão do falecido, qualquer que seja, num caso ou
noutro, o grau de parentesco (2042). Assim, e em síntese, só há direito de representação a
favor de sobrinhos ou netos do autor.
Haverá direito de acrescer? Não há, porque a pré-morte, a comoriência e a declaração de
morte presumida não são pressuposto do direito de acrescer. Falecendo o cônjuge antes do
autor da sucessão, a legítima dos filhos será de metade ou de dois terços consoante haja um ou
mais de um (2159/2). Por exemplo, se três dos irmão morressem a legítima do sobrevivo seria
de metade da quota indisponível da herança; mas se pelo menos um dos irmãos deixar
descendentes, a legítima será de dois terços.
Conclusão: B não era chamado à sucessão legitimária. Mas se houvesse sucessão
testamentária, aí já haveria direito de representação.
2162/1: R + D – P = VTH
II – Deserdação de C.
Caso não tivesse havido deserdaçãoconcluir-se-ia que cada um dos herdeiros legitimários
receberia bens no valor de 30.000,00 euros.
Vimos, porém, que C fora deserdada, estando assim numa posição de «não poder aceitar» a
herança. Recorde-se que a deserdação tem que constar do próprio testamento com indicação
expressa da causa.
Pergunta-se: caso A não tivesse deserdado C quando fez o testamento, poderia ainda assim ser
declarada a indignidade com base em causa de deserdação concomitante com a de indignidade
já conhecida do testador?
Em situações como a descrita considera Oliveira Ascensão que houve reabilitação tácita do
indigno, pelo que já não poderia haver decalração de indgnidae. PCR não concorda.
Por outro lado, note-se que a deserdação não pode ser parcial, embora possa ser condicional
(será deserdada se vier a ser condenada…).
Como constatámos acima, a declaração de indignidade não prejudica o direito de
representação na sucessão legal (2037/2), mas já o afasta na sucessão voluntária.
Por direito de representação, caberia a H e I tomar a posição de C (2039 e 2042). Cada um
receberia ½ da legítima que aquela caberia (15.000). Contudo, diz o texto que H é indigno
face a C, cuja posição deveria ocupar por representação. Será este facto impeditivo do direito
de representação?
A resposta é negativa: o H tem que ser capaz relativamente a A, independentemente de o não
ser em relação ao sucessível cuja posição veio ocupar por este não poder ou não querer aceitar
a herança (2043).
Conclusão: H e I eram capazes relativamente a A e não repudiaram a herança. Sucedem,
assim, na quota parte da herança em substituição de C.
III – Indignidade de D.
Diz-nos o texto que D escondera o testamento cerrado (2006) de A, por ver que não fora nele
contemplado.
Tal conduta vem a ser causa de indignidade, nos termos do art. 2034/1-d, mas discute-se se tal
causa opera ipso iure ou se impóe a necessidade de declaração judicial da indignidade.
Ora, embora Oliveira Ascensão defenda que a indignidade opera automaticamente, só se
tornando necessário o recurso à acção judicial se e quando o indigno estiver na posse dos
bens, para a maioria da doutrina é sempre necessário a declaração judicial, para cuja acção se
***
Anel de noivado: trata-se de um legado com substituição directa a favor de J. Esta
substituição directa prevalece na sucessão testamentária (2041/2-a), pelo que afasta o direito
de representação.
A apenas referiu, como condição para a substituição, a situação de C “não querer” aceitar,
3 A Prof. Assistente aconselha a ir por este caminho quando da resolução dos testes, o que enriquece a solução.
Conta de 15.000,00 euros: X reunia todos os pressupostos de que a lei faz depender a
vocação: existência (sobreviveu ao autor da sucessão), capacidade e título sucessório
prevalente. Logo, era chamado à sucessão na qualidade de fiduciário, qualidade esta que lhe
garante o gozo da coisa numa situação equiparada à de usufrutuário – em rigor, não possa ser
assim considerado, uma vez que é antes um proprietário temporário, embora com limitações
no que se refere ao direito de alienação. Por sua morte, o legado de crédito passaria a Z por
substituição fideicomissária.
Incidentalmente, diga-se que não se admite fideicomissos a título de legítima subjectiva, mas
tão só na quota disponível.
Segundo o art. 2293/2, se o fideicomissário não quiser ou não puder aceitar, os bens revertem
para o fideicomissário. Mas o que se passou no presente caso não foi uma situação de não
querer nem de não poder juridicamente relevante: foi apenas uma situação de não poder de
facto, devido ao estado de coma em que X mergulhou em Março de 2003, um mês antes da
abertura da sucessão. Quid iuris?
No que toca a V, herdeiro de X, ele vem a tomar a posição deste não através do direito de
representação ou de uma substituição, mas por meio da «transmissão do direito de suceder» a
que se refere o art. 2058. Tal implica uma dupla aceitação: primeiro, da herança de X, onde
reside o direito de suceder que se transmite com a respectiva herança, e, em segundo lugar, da
herança de A.
V é capaz, sobrevive ao autor da herança e tem título sucessório prevalente a seu favor. Logo,
é chamado à sucessão como legatário. Significa isto que ele ficará na posição de fiduciário até
à sua morte, em lugar do seu ascendente? Não, porque o legado foi transmitido ao
fideicomissário Z (2286), por efeito da morte de X (2293/3). V apenas sucede naquilo que
cabia por direito a X: o direito aos frutos civis da conta bancária no período que vai da
abertura da sucessão à morte de X (2290/1).
Assim os 15.000 da conta bancária vão entrar na quota disponível como legado a favor de Z.
A partir daqui ainda não foi resolvido nas aulas. A a imputação e a colação/igualação da
partilha será estudada mais tarde a propósito de outros casos.
***
A c B
1994: DTH a favor de B = ½ QD
DTH a favor de I = ½ QD
E c C D
2001: ausência de Carla (99). Equiparação à morte para efeitos de vocação indirecta? PCR +
OA = Sim; JDP = Não. Concorda com Pereira Coelho que rejeita esta equiparação. Estes
últimos resolvem pelo art. 120: sucessível subsequente – vocação subsequente. Ver também
121/2: os chamados são considerados curadores definitivos – sucessão resolúvel. Para a
Prof. Assistente, o que faz sentido é chamar os sucessíveis por direito de representação, uma
vez que o 120 equipara o ausente ao falecido.
2000: morte de B. A regra é que o pré-decesso do sucessível faz caducar a disposição
testamentári a, mas o art. 2317/a ressalva a representação sucessória; aqui não se aplica a
limitação do art. 2042. Assim, a deixa passa a D, filho de B, por direito de representação
(2039 e ss).
Quanto a I não havia problema.
X Y M ---- N P ------ S Z
K
O R
Alínea a):
X: é contemplada com a deixa da casa da Madeira (8.000) que corresponde a 1/3 da herança
do de cujus: trata -se de um legado (2030/2), não sendo relevante a referência ao 1/3 da
herança. Ainda que o valor da casa seja inferior à terça parte da herança, X não tem direito a
Alínea c):
M: é instituída herdeira em 1/3 da QD (2030/2), com substituição fideicomissár ia a favor de
P (2286). Isto significa que M, na qualidade de fiduciária, será proprietária dos bens
correspondent es à terça parte da quota disponível da herança, sendo gravada com o encargo
de manter esses bens para que estes passem, por sua morte, para o fideicomissári o (P).
M morreu um dia após o autor da sucessão, antes de ter aceitado ou repudiado a herança.
Verifica-se transmissão do direito de suceder a favor de O e N, herdeiros de M (2058/1):
mas os herdeiros apenas sucedem nos direitos que pertenceriam ao usufrutuário entre a data
de abertura da sucessão e a data da morte do fiduciário; os bens passam ao fideicomissár io
P, nos termos do Art. 2293/3.
P: é o fideicomiss ário nomeado, recebendo os bens por morte do fiduciário. Por sua morte,
os bens em causa passam aos seus herdeiros e não a Z, pois a cláusula fideicomissária em
mais de um grau é nula (2188), tendo-se por não escrita (2189).
Herdeiros legitimários:
A ---- B
São herdeiros legitimários, neste caso, o cônjuge B e
os descendentes C, D e E (2157, 2133/1-a, 2134 e
2135).
F ---- C E D ---- G T
Nem todos estes reúnem, porém, os três requisitos da
vocação exigidos pelo Art. 2032/1: título sucessório
prevalente, capacidade e sobrevivênci a ao de cujus. I J
Vejamos um a um.
C: era sobrevivo, tinha capacidade e título prevalente (2157, 2133/1-a, 2134-2135), mas
morre horas depois do autor de cujus antes de aceitar ou repudiar a herança. O direito de
suceder à herança de A transmite-se aos seus herdeiros F e I (2058/1), caso estes aceitem a
sua herança (2058/2). Os herdeiros são livres de aceitar ou repudiar a herança de A.
F: por transmissão do direito de suceder (2058/1) : ocupa sozinho a posição de C
na sucessão legal: recebe a sua metade por direito próprio (2136) e a outra metade
por direito de acrescer de I (2301/1).
I: não vai suceder a A, visto ter sido por ele deserdada em 2000. Não é possível
aferir da validade da cláusula de deserdação, por o texto não nos dar elementos
suficientes, mas vamos considerar que havia causa jurídica para a deserdação e que
tal causa foi expressamente indicada na cláusula de deserdação (2166/1).
A deserdação produz os mesmos efeitos que a indignidade (2166/2), pelo que I deixa
de ter capacidade para suceder a A (2037/1). Embora haja quem defenda que ao
transmissário do direito de suceder basta que seja capaz relativamente ao segundo de
cujus, para os Professores PCR e JDP o requisito da capacidade tem que verificar-se
em relação aos dois.
A incapacidade por indignidade não prejudica o direito de representação na sucessão
legal (2037/2), mas I não tinha descendentes e, por isso, dá-se acrescer em benefício
de F (2137/1), que é da mesma estirpe.
Em suma:
1) B não é chamado à sucessão e não há direito de representação ou direito de acrescer;
2) A posição de C é ocupada por F, transmissário do direito de suceder; este beneficia
de direito de acrescer de I, herdeiro de C, afastado da herança de A por deserdação;
3) D, cuja morte presumida foi declarada antes da abertura da sucessão, é considerado
pré-morto. A sua posição vai ser ocupada por J por direito de representação;
4) E foi declarado indigno, não tendo descendentes. A sua parte vai para os outros
herdeiros legitimários por direito de acrescer.
PARTILHA:
Cálculo do valor total da herança (VTH):
VTH = 100.000(R)+0( D)-10.000(P); VTH = 90.000
Mapa da partilha:
1) 10.000 por transmissão do direito de
QI = 60.000 OBS QD = 30.000 OBS Total suceder de C, 10.000 por acrescer de I e
(C)F = 30.000 1) 6.000 4) 36.000 10.000 por acrescer de E
A favor de G:
1998 – BMW: 11.000. G é filha de C e não é presuntiva herdeira legitimária à data da
doação, pelo que não está sujeita a colação (2105 a contrario).
A favor de E:
1998 – Iate: 19.000. Tendo em conta que E é descendente do de cujus e pretende
concorrer à sucessão, sendo já presuntiva herdeira à data da doação, está sujeita à
II – Sucessão legitimária:
São herdeiros legitimários de C o cônjuge e as descendentes: B; C, D, E e F. Sucede que
nem todos reúnem os pressupostos da vocação constantes do Art. 2032/1. Vejamos um
por um:
C: pré-morto – morre ao mesmo tempo que o autor da sucessão: comoriência (68/2), que
é equiparada à pré-morte. Deixa descendentes: G e H, que vão assumir a sua posição por
direito de representação (2039, 2042).
G: sucede por direito representação – é descendente directo de filho do autor da
sucessão, que não pode aceitar a herança por ter falecido antes da abertura da
sucessão. O mesmo tem capacidade quer em relação à mãe quer em relação ao avô,
autor da sucessão, embora apenas esta última seja exigida (2043);
H: sucede por direito de representação – é descendente directo de filho do autor da
sucessão, que não pode aceitar a herança por ter falecido antes da abertura da
sucessão. Foi deserdado por sua mãe por ter destruído o testamento desta, mas a razão
invocada não é causa de deserdação, pelo que a cláusula é nula (2166/1). Mesmo
sendo nula a cláusula de deserdação, os factos praticados por H são causa de
indignidade (2034/d), sendo que os efeitos da declaração de indignidade são os
mesmos que seriam aplicados à deserdação: a perda de capacidade para suceder.
Vamos considerar que a declaração de indignidade tenha sido feita (neste ponto fazer
sempre referência à posição de OA em contraponto à de PCR e LDP): ainda assim, H
vem ocupar a posição de C na sucessão legal pois o que deve ser aferido é se ele tem
capacidade em relação ao autor da sucessão (A), sendo a incapacidade em relação a C
irrelevante (2043);
D: afastada por indignidade – tendo sido condenada a 15 anos de prisão por homicídio
do cônjuge do autor da sucessão, poderia ser deserdada nos termos do Art. 2166/1-a,
sendo os efeitos da deserdação equiparados aos do indigno (2166/2). Todavia, devido à
interdição por anomalia psíquica de A no dia seguinte à leitura da sentença, parece que
não terá havido tempo para este fazer testamento.
Levanta-se aqui a questão de saber se a declaração de indignidade opera ipso iure, como
defende Oliveira Ascensão (com a excepção dos casos em que o indigno já esteja na
posse de bens da herança) ou se é sempre necessária acção judicial de declaração de
indignidade, como propugnam PCR e JDP.
De uma forma ou de outra, no presente caso vamos considerar que D foi declarada
indigna de suceder a A.
Face à situação de “não poder” aceitar por parte de D, e visto que a indignidade não
prejudica o direito de representação na sucessão legal (2037/2), I vem ocupar a posição
de D;
E: repudia a herança (2062). Presumimos que terá respeitado a forma exigida no Art.
2063. Como não tem descendentes que possam ocupar a sua posição por direito de
representação, a sua parte acresce à dos outros herdeiros da mesma estirpe (2031).
Em síntese:
1) B não é chamado à sucessão por ser pré-morto;
2) C morreu em simultâneo com o autor da sucessão: comoriência, equiparada à pré-
morte; a sua posição vai ser ocupada descendentes pelos seus descendentes G e H;
3) D é indigna, mas a sua posição é ocupada por I, por direito de representação;
4) E repudia a herança: a sua parte acresce à dos outros herdeiros da mesma estirpe;
5) F morre depois do autor da sucessão, sem ter aceitado ou repudiado a herança.
Sucede-lhe J, transmissária do direito de suceder nos termos do Art. 2058/1.
2ª Cláusula testamentária:
E: deixa testamentária a título de herança ferida de nulidade – deixa de 1/5 da herança,
que constitui um exemplo do testamento per relationem, previsto no art. 2184, cuja validade
depende de requisitos de forma e de conteúdo:
Forma: exige-se que o testamento remeta para documento autêntico ou documento
particular escritos e assinados pelo testador com data anterior à data do testamento ou
contemporânea desta. Remetendo para um diário de bordo, o requisito de forma está
preenchido, pois se trata de documento particular “escrito e assinado pelo testador”,
sendo a data deste de 1996, anterior à do testamento que é de 1997;
Conteúdo: os elementos essenciais não pdoem constar unicamente do documento para o
qual o testamento remete, antes de que estar incluído no próprio testamento. São
elementos essenciais, nos termos do Art. 2182/1, os seguintes:
1. a instituição de herdeiros ou nomeação de legatários;
2. o objecto da herança ou do legado;
3. o cumprimento ou não cumprimento das disposições testamentárias.
Vemos que a nomeação da legatária é feita no testamento, mas o objecto do legado é
remetido para o diário de bordo, pelo que o testamento não cumpre os requisitos
mínimos de validade. A deixa é, assim, nula.
V – Mapa da partilha
Estamos agora em condições de preencher o mapa da partilha definitiva. Para tanto, teremos
que proceder à imputação do legado do Ferrari e das doações feitas em vida. Há que
proceder à igualação da partilha na parte que diz respeito às doações em vida sujeitas a
colação, ou seja, aquelas que foram feitas a descendentes que concorrem à sucessão e que
c) Doação do BMW a G
Como G não era presuntivo herdeiro legitimário do doador ao tempo da doação, não está
sujeito a colação (2105 a contrario). Logo, esta doação é imputada na QD e não está sujeita
a igualação.
Outra forma de fazer a igualação é aquilo a que o Professor JDP chama de método do
“olhómetro”.
Aqui prescinde-se do cálculo da quota hereditária e começamos logo por igualar o que
estiver mais desfavorecido, subindo sequencialmente para os restantes.
No caso em estudo teríamos:
I e J estão igualados abaixo do C (representado por G e H). Assim, atribui-se a cada um
daqueles um valor idêntico para os igualar, ou pelo menos aproximar, do valor atribuído à
parte de C.
Como só tínhamos 6.000, dividimos por 2, o que dá 3.000 para cada um; não havendo nada
mais para atribuir, apenas se consegue a igualação possível. O Prof. JDP diz que este
método é mais fácil, mas mais sujeito a erros.
Apesar de a igualação ser apenas parcial, a colação não leva à redução das liberalidades .
Isso só ocorre quando elas sejam inoficiosas, o que não é o caso.
Eis o mapa final da partilha:
QI = 100.000 OBS QD = 50.000 OBS Total 1) Imputação de ½ de 27.000
referente à doação em vida a C na
(C)G = 13.500 1) 11.500 2) 25.000 legítima subjectiva alargada com o
direito de acrescer de E;
11.000 4) 11.000
2) Imputação de ½ dos 23.000
(C)H = 13.500 1) 11.500 2) 25.000 relativos à doação que não couberam
na legítima subjectiva e que vão ficar
(D)I = 27.000 3.000 30.000 sujeitos a colação;
E= 19.000 3) 19.000 3) Imputação da doação de 19.000
(F)J = 27.000 3.000 30.000 numa legítima fictícia de E; os
restantes 6.000 foram acrescidos às
N= 10.000 5) 10.000 quotas dos outros herdeiros
legitimários
Totais: 100.000 50.000 150.000
4) Imputação da doação do BMW,
Livres: 0 não sujeito a colação;
5) Imputação do legado do Ferrari,
não sujeito a colação;
Subhipóteses:
a) Temos os mesmos 6.000 livres da QD, mas J tem uma doação de 2.000 sujeita a colação.
Resolução segundo o método a que o Prof. JDP chama “olhómetro”:
Primeiro iguala-se dando a I o mesmo que J já tem devido à doação: J 2.000; I +2.000;
Depois dividem-se os restantes 4.000 (6.000-2.000=4.000) pelos dois em partes iguais (2136),
dando 2.000 para cada um. Isso levaria à igualação total entre os dois.
Imaginemos que temos agora três herdeiros B, C e D. O primeiro tem uma doação de 2.000 e
o segundo uma de 4.000, ambas sujeitas a igualação por colação. O terceiro não tem nada. Há
9.000 livres da QD.
1) Pelo método do olhómetro, aribuímos em primeiro lugar 2.000 a D, igualando-o com B.
Restam 7.000.
2) Em segundo lugar, atribuímos 2.000 a B e outros 2.000 a D, igualando-os com C. Neste
momento todos têm 4.000 e restam livres 3.000 da QD;
3) Dividem-se os restantes 3.000 pelos três herdeiros em partes iguais: 1.000 a cada um.
Todos ficam exactamente com o mesmo: 5.000. Há uma igualação total.
QI QD Total
2 3
B= 2.000+2.000( )+1.000( ) 5.000
C= 4.000+1.000( 3) 5.000
1 2 3
D= +2.000( )+2.000( )+1.000( ) 5.000