Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
?
Convenhamos que a pergunta "Deus existe?" esta mal formulada.
Equivale a perguntar: "a existência existe?" o que se constitui um
disparato contra-senso. Mas este desafio que a segunda lição do
curso decide enfrentar quando procura responder as seguintes
perguntas básicas: Por que algumas pessoas não crêem em Deus?
Que diz a bíblia sobre a existência de Deus? Quais as cinco evidências
racionais da existência de Deus? Deus é uma força cósmica, ou um
ser pessoal? Quais são os seus atributos? Qual é a maneira correta de
O adorarmos? Por que é importante conhecê-lo?
Conta-se que uma noite, a bordo do navio, os soldados de Napoleão
discutiam sobre a origem do nosso mundo, mas passavam por alto o
criador. Eram ruidosos e arrogantes em sua incredulidade. Passando
por ali e ouvindo por acaso a conversação, Napoleão apontou para as
estrelas, que resplandeciam contra o negro firmamento, e fez-lhes
uma pergunta simples: "cavalheiros, podem me dizer quem as fez?"
Eles emudeceram. A perplexidade que lhes acometeu bem ilustra o
que disse Abraham Lincoln: Posso compreender como seria possível
um homem olhar com ares de superioridade para a terra e ser um
ateu, mas não posso conceber como poderia levantar os olhos para o
céu e dizer que não há Deus".
No entanto, muitas pessoas honestas não conhecem a Deus.
Acreditam que ele seja produto das superstições e crenças antigas de
um povo primitivo; um Deus de ira e poder, capaz de destruir povos
inteiros através de dilúvios e pestilências, um mito. Outras procuram
ignorar a existência de Deus devido a má representação de Deus que
receberam por parte de religiões pagãs e mesmo pseudo -cristãs.
Decepcionaram-se com a incoerência entre profissão de fé em Deus e
a prática dos seguidores desse Deus. Afinal de contas, o mínimo que
se espera de um produto é que corresponda à propaganda que dele
se fez. Outras pessoas acham que simplesmente podem riscar Deus
de suas vidas. "Quem é o Senhor, para que eu ouça a sua voz«? Não
conheço o Senhor,," dizia o insolente faraó do Egito. E desse brado
desafiador tem encontrado eco ao longo dos séculos, nos corações de
muitos seres humanos, de sorte que é considerável o número dos
que abertamente adotam o ateísmo, hoje em dia.(salmos 14:1;
Isaías 45:9-12; II Pedro 3:5).
!
Podemos encontrar pelo menos cinco evidências racionais da
existência de Deus:
"#$ %
"&'()*+,
Crer que o universo surgiu por acaso faz tanto sentido quanto crer
que os livros se formam sozinhos pelas leis da soletração e da
gramática. Quando se vê uma bela casa logo se pensa em quem
construiu. Se alguém lhe dissesse que ela não foi construída por
ninguém, mas que simplesmente apareceu ali, acreditaria nisso? É
claro que não. Como disse certo escritor: "porque toda casa é
construída por alguém." É uma afirmação óbvia. Todos concordam,
então por que não aceitar a conclusão lógica a que chegou o mesmo
escritor bíblico: "Mas que edificou todas as coisas é Deus". Hebreus
3:4. Qualquer um que tenha bom senso terá de, mais cedo ou mais
tarde, admitir a necessidade da existência de um criador. O princípio
da causalidade mesmo certifica que todo fenômeno tem uma causa.
Esta é uma verdade incontestável, a existência de uma causa
primária! Albert Einstein, o maior físico do século XX, admitiu: " Para
mim basta«meditar na maravilhosa estrutura do universo a nós
vagamente perceptível, e tentar compreender humildemente nem
que seja uma infinitésima parte da inteligência manifesta na
natureza."
+"#$ %
"&')+-,
." /%
"
1"# 0
"
A.Y DEUS É REAL - Ele existe, disse Jesus: "Fui enviado por aquele
que de fato existe." João 7:28. Todos nós dependemos de pelo
menos de duas pessoas para existir, nossos pais. Deus não, sua
existência é auto-causada, ele existe por si mesmo. Eis porque
ele pode, com auto-suficiência, dizer de si próprio: "Eu sou o
que sou". Êxodo 3:14. Apesar de ser uma realidade espiritual,
Deus pode assumir qualquer forma visível, entretanto homem
algum jamais viu sua face.(Êxodo 33:20; Mateus 1:23; 11:27;
João 1:18). Porque existe por si mesmo, é-nos dito que ele é o
autor e conservador da vida.(números 16:22). A vida que
possuímos não nos pertence, mas é derivada daquele que é a
fonte de vida, tanto física quanto a eterna. Em Deus acha-se a
vida original, não emprestada nem derivada. Se quisermos,
poderemos obtê-la, não em troca de coisa alguma nem por
compra, mas nos é dada como dom gratuito pela fé em Cristo,
como nosso salvador pessoal.
B.Y DEUS É IMUTÁVEL - (Malaquias 3:6) Positivamente ele não
muda, tanto na duração, como em natureza, caráter ou
vontade. "Pois eu o Senhor não mudo" (Neemias 23:19; I
Samuel 15:29; Jó 23:13; salmos 33:11; provérbios 19:21;
Isaías 46:10; hebreus 6:17; Tiago 1:17).
C.Y DEUS É SANTO - Ele é perfeita excelência moral e espiritual,
Ser perfeitamente puro, imaculado e justo em si mesmo (josué
24:19; salmos 22:3 ;99:9; isaías 5:16; joão 17:11; I
tessalonicenses 5:23).
D.Y DEUS É INFINITO - Ele está além da plena compreensão da
mente humana. A criatura jamais poderá tornar-se igual ao
criador ou entender-lhe a mente. (romanos 11:33-36). Mas ele
é acessível(atos 17:26; salmos 145:16), podemos
experimentar o poder de seu amor e estar certos de que ele
nos responde e cuida de nós.
+* ATRIBUTOS RELATIVOS - Dizem respeito aos predicados divinos,
referentes ao tempo e a criação.
+
3
*
4'
5
6 6
A grande maioria da população mundial crê em Deus. E, defendendo
seu ponto de vista, apresenta vários argumentos para "comprovar" a
existência Dele. Vamos analisá -los e concluir se são válidos para
comprovar a existência de Deus:
Y "Deuexi
e
ueeui
ueeemmim".
Y "Deuexi
e
ue
e emieeeeizmeu
eej".
Y "Deuexi
e
uee
ei
i".
Quanto a isso, nos limitamos a fazer uma pergunta: por que a Bíblia
está certa? Como você tem certeza que Deus falou a Moisés e aquela
história toda? Pela mesma e perigosa razão pela qual Galileu foi
injustamente reprimido: toma-se algo (nesse caso, a Bíblia), como
verdade absoluta. Mas muitos fatos afirmados por ela são
inadmissíveis para a lógica. Vamos, por exemplo, tomar a afirmação
dela que diz que nós todos descendemos de Adão e Eva.
Essa é a teoria da Bíblia: Deus criou um casal que se reproduziu e
gerou descendentes, e nós estamos entre eles. Essa teoria contraria
diversas leis da lógica. Vamos começar pelas mais fáceis.
Em primeiro lugar, todos nós sabemos que quando dois irmãos ou
dois parentes muito próximos procriam, os filhos nascem com alto
índice de anomalias e defeitos (como ausência de braços,
retardamento e outros). Ora, se os filhos de Adão e Eva eram irmãos
entre si, como se reproduziram normalmente? E não responda que foi
porque Deus quis porque assim você está admitindo uma verdade
absoluta.
Em segundo lugar, a teoria da Bíblia não explica como nasceram os
brancos, os negros, os amarelos, os louros, enfim, toda a diversidade
de aparências entre as pessoas (a ciência explica pela lei da Evolução
Natural de Darwin).
E, em terceiro e último, a teoria que derrubou definitivamente a idéia
do casal primeiro: a teoria da Evolução de Darwin (ela continha
alguns erros, que hoje foram aperfeiçoados, caracterizando o
mutacionismo). Porque essa teoria, em vez de afirmar que é
impossível o homem descender de um casal único, ela descobriu que
nós descendemos de um antepassado comum aos macacos. E nela se
encontra mais um exemplo do mal que é aceitar uma verdade como
absoluta: um professor que ensinava essa teoria foi preso (nos
Estados Unidos, início do século), porque esta teoria estava
errada(?), pois ia contra a Bíblia e a Bíblia não podia estar incorreta.
Hoje, qualquer aluno de biologia estuda essa teoria, face às várias
provas já demonstrando que ela corresponde à realidade. Vamos
estudar os conceitos básicos dessa teoria:
1 - As variações surgem nos indivíduos de uma espécie bruscamente,
em conseqüência de alterações do material genético transmitido de
pais a filhos através dos gametas. As modificações impressas aos
indivíduos nessa condição são também hereditárias e se constituem
em mutações.
2 - Se algumas mutações determinam a manifestação de caracteres
indesejáveis, outras, entretanto, tornam os indivíduos mais
adaptados para as exigências do meio ambiente, fazendo-os mais
aptos para vencer na luta pela vida.
3 - Como conseqüência da luta pela vida, resulta um seleção natural
dos mais adaptados ou mais aptos e a extinção dos menos aptos.
Assim a ciência consegue explicar, satisfatoriament e, as mudanças
que ocorrem nas espécies. Por isso, cada animal é adaptado ao
ambiente em que vive. Por isso existem peixes que suportam grandes
pressões vivendo em grande profundidade e aves perfeitamente
adaptados para o vôo. As sucessivas evoluções torna ram possível as
adaptações.
Você pode dizer que os cientistas podem estar enganados; quem
sabe eles não estudaram a fundo a questão?
Felizmente, eles estudaram a questão profundamente, encontrando
muitas provas que a evolução é real. Vamos ver as principai s delas:
c
7'
- O estudo da anatomia comparada revela fatos
surpreendentes que falam a favor da evolução. Observe, por
exemplo, que a grande maioria dos mamíferos (e não só dos
mamíferos, mas também dos demais vertebrados terrestres, comos
sapos, lagartos, crocodilos, aves) possui membros pendáctilos, isto é,
com 5 dedos. Por quê? Não seria de pouco senso considerar esse fato
apenas como uma "coincidência"? Se fosse verdade a Teoria da
Criação Especial, pela qual Deus teria criado todos os sere s a um só
tempo, cada um independente do outro, não seria mais
compreensível que os animais pudessem variar infinitamente nas
suas estruturas, sem qualquer padrão de repetição? A "padronização
estrutural" das espécies só tem uma explicação: o parentesco qu e as
une no tempo, através da evolução.
c '8 94
- A embriologia comparada também fornece
provas que reforçam a teoria da evolução. Já no século passado,
Ernst von Baer chamava a atenção para a semelhança que existe
entre embriões de espécies diferentes nos estágios iniciais de
desenvolvimento. Por que razão o embrião de um peixe, o de um
anfíbio, o de um réptil, o de uma ave e o de um mamífero, incluindo
o embrião humano, se assemelham em certo momento de sua
formação? Que outra razão justifica essa semelhança senão o
verdadeiro parentesco que os liga ao tronco inicial do qual resultaram
todos os vertebrados atuais?
c 8 :'
- A busca de provas que contribuam para a
confirmação da teoria da evolução assume nos dias atuais um caráter
cada vez mais profundo e vigoroso. Agora, nos laboratórios das
grandes universidades americanas e européias, os cientistas
procuram desvendar a semelhança que aproximam seres de espécies
muito distantes na complexidade bioquímica de suas células e de
seus organismos. Sabe-se que as enzimas são substâncias produzidas
pela atividade celular sob controle específico de genes. Ora, a cada
dia descobrem-se novas enzimas que estão presentes ao mesmo
tempo em organismos muito distantes uns dos outros nos sistemas
de classificação dos seres. Várias enzimas digestivas do homem têm
sido encontradas nas células de animais inferiores. A tripsina, por
exemplo, enzima proteolítica integrante do suco pancreático e da
atividade intestinal, está presente em numerosos animais, d esde os
protozoários até os mamíferos.
O mesmo ocorre com relação aos hormônios. Os hormônios
tireiodianos do gado bovino podem ser administrados com absoluta
segurança a seres humanos portadores de hipotireiodismo. Entre a
hemoglobina humana e a do chipanzé não há nenhuma diferença.
Mas, entre a hemoglobina humana e a do gorila, já se observa duas
trocas de aminoácidos. A hemoglobina do macaco Rhesus tem 12
aminoácidos trocados em relação à nossa hemoglobina e 43 em
relação à do cavalo. Como explicar a var iação seqüencial dos padrões
moleculares que ditam as normas desta fantástica biologia interna
dos organismos se não admitirmos o mecanismo da Evolução como a
melhor das justificativas?
c
'7'
- Numerosos cientistas dos grandes
laboratórios de pesquisa do mundo têm dedicado seus esforços no
sentido de fazer um cariotipagem comparada entre organismos
diversos. A comparação entre os cariótipos de espécies diferentes
também parece confirmar que há um parentesco entre seres de
grupos diversos. Isso é feito pela análise do números de
cromossomos nas células de animais e de plantas e por um estudo
comparativo entre esses cariótipos. As diversidades de banana bem
conhecidas (banana-ouro, banana-prata, banana-maçã, banana-
d'água, banana-da-terra) revelam cariótipos de 22, 44, 55, 77 e 88
cromossomos, o que indica que resultam de mutações por euploidias
(respectivamente; 2n=22; 4n=44; 5n=55; 7n=77; 8n=88). Já o
trigo tem variedades com 14, 28 ou 42 cromossomos, que
correspondem a indivíduos haplóides, di plóides e triplóides,
respectivamente. Nas plantas, essas mutações cromossômicas são
muito comuns e mostram a evolução das espécies.
Gorilas, chimpanzés e orangotangos possuem todos o cariótipo de 2n
= 48 cromossomos. O homem possui 2n = 46, o que faz os
geneticistas presumirem que tenha havido a fusão de dois pares de
cromossomos no cariótipo humano em relação ao dos antropóides. O
gibão (macaco asiático) possui um constante cromossômica de 2n =
44. Deduzimos, então, que o gibão, o gorila e o chimpanzé são todos
parentes afastados do homem (mas nem tão afastados assim!...).
Outro exemplo: o rato tem 42 cromossomos nas suas células
diplóides, mas o camundongo só possui 40. Essa diferença de apenas
um par não é sugestiva? Enfim, tudo indica que o estudo do ca riótipo
comparado das espécies pode servir para mostrar o grau de
parentesco entre aquelas que se mostram mais vizinhas dentro dos
sistemas de classificação dos seres. E isso é suficiente para
representar uma palavra a mais no arsenal de provas que confirm am
a evolução.
c 544 ;3
- Qualquer observador atento poderá notar
que as faunas do hemisfério norte (América do Norte, Europa e Ásia)
são bastante semelhantes entre si, num flagrante contraste com as
faunas das terras do hemisfério sul (América do Sul, África e
Oceania), que são sensivelmente diferentes umas das outras. No
primeiro caso, os cervídeos (rena, alce, veado galheiro, as raposas,
os castores, os lobos, etc.), apenas com algumas diversidades
regionais, próprias dos grupamentos alopátr icos. Já no segundo caso,
a fauna da América do Sul (onças, pequenos macacos, tatus,
preguiças, tamanduás e uma grande diversidade de aves), a fauna da
África (leões, tigres, rinocerontes, zebras, girafas, elefantes, gorilas
etc.) e a fauna da Oceania (canguru, quivi, ornitorrinco etc.) revelam
profundas diferenças. É interessante questionar a razão desse
contraste.
Os geólogos são unânimes em afirmar que todos os continentes da
Terra estiveram há muitos milhões de anos atrás fundidos num só,
chamado de Pangéia. Há, talvez, 200 milhões de anos, a Pangéia se
fragmentou em blocos, originando a Laurásia e a Godwana. Esses
dois imensos blocos passaram, lentamente, a deslizar sobre a vasta
massa de material incandescente, que fica abaixo da crosta terrestre.
A Laurásia, de situação setentrional, originou a América do Norte, a
Europa e a Ásia. A Godwana, situada meridionalmente, também se
fragmentou, por sua vez, dando origem a América do Sul, a África, a
Oceania e a Antártica. Essa conclusão passou a constituir a chamada
teoria da derivação continental ou do deslizamento continental.
Pela deriva continental, as terras do hemisfério sul ficaram logo
separadas. E, progressivamente, a distância entre ela se tornou cada
vez maior. O isolamento das espécies em cada cont inente foi total.
Hoje, são passados 200 milhões de anos desde que o isolamento
geográfico se instalou entre aquelas populações. O somatório das
mutações e o trabalho da seleção natural fizeram com que as faunas
e floras destes continentes se tornassem pro fundamente
diversificadas. As terras do hemifério norte, a despeito de se
afastarem também pelo deslizamento continental, mantiveram ainda
contato por muito tempo. Aliás, a Europa nunca se separou da Ásia.
O isolamento que se instalou entre os animais foi em decorrência da
civilização que muito se desenvolveu entre as florestas européias e
asiáticas, separando-as. Por sua vez, a Ásia se manteve ligada à
América do Norte por um istmo que a comunicava ao Alasca e que
submergiu a cerca de vinte mil anos, dando lugar ao atual estreito de
Bhering. Só então houve o total isolamento das faunas da América do
Norte e do bloco asiático europeu. Como se vê, as terras do norte
estão separadas há, relativamente, pouco tempo. O isolamento entre
as suas espécies é recente e, por isso, elas ainda não se
diversificaram muito. Mais uma prova que depõe a favor da evolução.
Ainda existem mais provas, como as paleontológicas, que atestam a
veracidade da evolução. Mas, para não cansar o leitor, achamos
melhor não colocá-las.
Contudo, pelas provas aqui apresentadas já se observa que a
evolução natural das espécies é a imagem da realidade, portanto é
inaceitável a teoria bíblica do surgimento do homem. E, admitindo
que a Bíblia não estava certa neste ponto, ninguém pode garantir que
Deus existe porque ela o afirma. Logo, o argumento "Deuexi
e
uee
ei
i" não prova a existência de Deus.
O interessante é que, mesmo reconhecendo a evolução como um
FATO, a maioria dos cientistas americanos acredita em Deus (de
acordo com pesquisas, em torno de 86% dos cientistas americanos
acreditam em Deus). Porém, a concepção que eles possuem em Deus
é diferente daquela concepção de Deus medieval, que criou Adão e
Eva: eles acreditam num Deus que criou o Universo. Mas observe,
caro leitor, que a concepção de Deus mudou! Se ela muda de acordo
com as descobertas da ciência, como podemos admitir Deus como
Invariável, Indiscutível, Pérpetuo e Constante? Mais algo sugestivo
para pensar...
Y "Deuexi
e
uei
meuuifi m
eeui"
Y "Deuexi
e
ueuém eve
ei ive".
.
"Ninguém afirma: `Deus não existe' sem antes ter desejado que Ele
não exista".
Esta frase, de um filósofo muito suspeito, por ser esotérico - Joseph
de Maistre - tem muito de verdade.
1)Dem
e
ui evi
ue)
2)Dem
ui
ue)
Quando vemos um efeito mais claramente que sua causa, pelo efeito
acabamos por conhecer a causa. Pois o efeito depende da causa, e é,
de algum modo, sempre semelhante a ela. Então, embora a
existência de Deus não seja evidente apenas par a nós, ela é
demonstrável pelos efeitos que dela conhecemos.
M = PX ---->> AX
Assim, a panela pode ser aquecida. Mas não se aquece sozinha. Para
aquecer-se, ela precisa receber o calor de outro ser - o fogo - que
tenha calor em Ato.
Ex.: Se a panela está fria em ato, ela tem potência para ser aquecida.
Se a panela está quente em ato ela não tem potência para ser
aquecida.
Este primeiro motor não pode ser movido, porque não há nada antes
do primeiro. Portanto, esse 1º ente não podia ter potência passiva
nenhuma, porque se tivesse alguma ele seria movido por um
anterior. Logo, o 1º motor só tem ATO. Ele é apenas ATO, isto é, tem
todas as perfeições.
?
eeéDeu
Deus então é ATO puro, isto é, ATO sem nenhuma potência passiva.
Este ser que é ato puro não pode usar o verbo ser no futuro ou no
passado. Deus não pode dizer "eu serei bondoso", porque isto
implicaria que não seria atualmente bom, que Ele teria potência de
vir a ser bondoso.
Deus também não pode dizer "eu fui", porque isto implicaria que Ele
teria mudado, isto é, passado de potência para Ato. Deus só pode
usar o verbo ser no presente. Por isso, quando Mois és perguntou a
Deus qual era o seu nome, Deus lhe respondeu "Eu sou aquele que é"
(aquele que não muda, que é ato puro).
Também eui
ao discutir com os fariseus lhes disse: "Antes
que Abraão fosse, eu sou" (Jo. VIII, 58). E os judeus pegaram pedras
para matá-lo porque dizendo eu sou Ele se dizia Deus.
Na ocasião em que foi preso, Cristo perguntou: "a quem buscais ?",
e, ao dizerem "a Jesus de Nazaré", ele lhes respondeu:
Ou então:
Como teólogo digo: sou dez vezes mais ateu que você desse deus
velho, barbudo lá em cima. Até que seria bom a gente se livrar dele."
(Frei Boff, Pelos pobres, contra a pobreza, p. 54)
Daí se compreende que eles não buscam o seu fim agindo por acaso,
mas sim intencionalmente. Aquilo que não possui conhecimento só
tende a um fim se é dirigido por alguém que entende e conhece. Por
exemplo, uma flecha não pode por si buscar o alvo. Ela tem que ser
dirigida para o alvo pelo arqueiro. De si, a flecha é cega. Se vemos
flechas se dirigirem para um alvo, c ompreendemos que há um ser
inteligente dirigindo-as para lá. Assim se dá com o mundo. Logo,
existe um ser inteligente que dirige todas as coisas naturais a seu fim
próprio. e
eemmDeu
*
3 '*
"fééfu me
ee e
ez
ui
ue evê"
!11 1
Basta que abramos os nossos corações para que esse Deus que tudo
criou por Amor Eterno aos seus filhos, faça de nós obras divinas
cheias de fé e felizes em saber que Deus está no me io de nós.
1*
=
>
*
*
A existência de Deus é um fato admitido não somente pela revelação,
como pela evidência material dos fatos. Nem sempre é necessário ter
visto uma coisa para saber que ela existe.
RACIONALISMO MODERNO E FÉ
Introdução
O Racionalismo foi um movimento cultural situado entre os séculos XVI e XIX. Mais do que
mais uma doutrina gnosiológica ou teoria do conhecimento, o Racionalismo foi uma
perspectiva cultural global. Foi uma das correntes filosófico-científicas do homem da Idade
Moderna.
Para o Racionalismo, o homem pode chegar pela razão, a verdades de valor absoluto. Seja a
partir de fatos, os quais, ultrapassando a mera força dos sentidos, o homem pode, com a força
da razão, abstrair e atingir condições transcendentais do mundo; seja a partir da pura intuição,
que prescinde dos fatos.
O que o Racionalismo buscava, na verdade, era conhecer a essência. Por isso, não se prendia
aos fatos ou ao mundo sensível, mas afirmava que a razão humana poderia transcender e
chegar ao conhecimento de realidades transcendentes. Pela força da abstração e das
concatenações racionais.
Essa corrente se aproximava, assim, da metafísica, de Platão. Não se pode, entretanto, incorrer
no erro de achar que o Racionalismo é apenas uma corrente teórica. Ao contrário, terá
conseqüências também na ética e, mesmo, na política como veremos a seguir. Procuraremos
também fazer a relação entre o Racionalismo e a Fé, mostrando como seus principais
expoentes, Descartes, Kant e Hegel, trataram da problemática acerca de Deus e da religião,
tema central das discussões filosóficas medievais, agora com as contribuições do homem
moderno.
Falar de declínio do período medieval, não é falar, portanto, de declínio só de um dos aspectos
acima. A queda do sistema feudal foi se dando por mudanças no homem e na sociedade (ao
mesmo tempo em que também gerava essas mudanças), o que afetou também a hegemonia
clerical.
Como acontecera na Grécia Antiga, o homem precisava agora de outras explicações para a
realidade à sua volta. Com o advento das Grandes Navegações, os horizontes se expandiam. O
comércio foi refervilhando aos poucos, possibilitou-se o acesso a outras culturas através de
suas obras literárias, que foram sendo traduzidas. A Grécia Clássica era redescoberta e as artes
sofriam efervescência. Claro que tudo isso com o patrocínio da burguesia, que queria
ascender, primeiro socialmente, depois politicamente, não só com benefícios, mas com
participação (se não, com detenção mesmo) do poder.
As mudanças queridas, patrocinadas e efetivadas pela burguesia foram se dando aos poucos.
Nada disso aconteceu de uma hora para outra, mas com o passar das décadas e dos séculos,
culminando na Revolução Francesa.
Outro aspecto a ser ressaltado é que, essa mudança de mentalidade, acarretou mudanças em
todas as esferas da sociedade. Das cinzas do Feudalismo, foi se configurando o Capitalismo. Da
hegemonia da Igreja Católica, veio o cisma do Ocidente. A nova ética protestante casava muito
bem com o espírito do capitalismo e, portanto, com o ideal da burguesia.
Pela própria índole do Capitalismo, a expansão dos mercados era necessária. Era mister que
houvesse um espírito aventureiro e científico que possibilitasse a concretização do que se
almejava. O homem voltou a ser o centro e a medida das coisas. Era o que pregava o
Racionalismo. Não se pode, entretanto, presumir que com isso se nega Deus. Ao contrário, a
raiz desse movimento ainda se encontrava na Idade Média. Ele assemelha-se mais à metafísica
que ao Empirismo nesse ponto. O próprio Descartes, tido como o pai do Racionalismo, vai
procurar justamente afirmar e provar a existência de Deus.
Também não se pode confundir o Racionalismo com o pensamento medieval. A diferença está
justamente no sujeito. O Racionalismo devido ao contexto histórico no qual ocorre, procura
olhar o mundo com a razão, já não mais dependente da Fé como no período medieval, mas
confiando mais no ser humano e suas potencialidades: o enfoque é antropológico. O que se
busca não é negar Deus, e sim afirmar o homem, enquanto ser diferente e superior aos
demais, porque racional.
2. René Descartes
2.1 A vida
René Descartes nasceu em 1596 e morreu em 1650. Era católico convicto. Por isso, o que
pretende é a fundamentação filosófica para uma ordem sócio-política que não findasse num
ateísmo ou materialismo. Essa fundamentação tinha de ser filosófica porque, com o cisma no
Cristianismo, já não poderia mais ser puramente pela fé.
Descartes recebeu educação escolástica no Colégio Jesuíta La Fleche. Se mais tarde, duvidou
de tudo e de todos, não vai, em momento algum, renegar seus preceptores, ou sua Fé e sua
religião. O que ele busca é justamente afirmar isso com uma certeza absoluta, coisa que não se
tinha conseguido até então. O problema está, pois, no método.
Se o Discurso do Método:
͞parecer demasiado longo para ser lido de uma só vez, poder-se-á dividi-lo em seis partes. E,
na primeira, encontrar-se-ão diversas considerações atinentes às ciências. Na segunda. As
principais regras do método que o Autor buscou. Na terceira, algumas regras da Moral que
tirou desse método. Na quarta, as razões pelas quais prova a existência de Deus e da alma
humana, que são os fundamentos de sua metafísica. Na quinta, a ordem das questões de Física
que investigou, e, particularmente, a explicação do movimento do coração e algumas outras
dificuldades que concernem à Medicina, e depois também a diferença que há entre nossa alma
e a dos animais. E, na última, que coisa crê necessárias para ir mais adiante do que foi na
pesquisa da natureza e que razões o levaram a escrever͟1.
Assim está pois disposta a tão famosa obra do autor. O Discurso do Método foi, sem dúvida,
inovador. Não só pelo conteúdo e o que propunha, mas, antes de tudo, pelo idioma. Na Idade
Média e até então, toda obra de Filosofia era escrita em Latim. O Discurso, entretanto, foi
escrito em vernáculo, o francês, para mostrar que não importa o idioma, mas a idéia que se
quer transmitir. Descartes alcançava assim mais pessoas, pois não só as doutas poderiam ler
sua obra.
Descartes resume a Lógica e enumera apenas quatro regras, quatro passos a seremdados no
caminho de seu método:
͞O primeiro era o de jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse
evidentemente como tal; isto é, de evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção. E de
nada incluir em meus juízos que não se apresentasse tão clara e distintamente a meu espírito,
que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida͟.
O segundo, o de dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas parcelas
quantas possíveis e quantas necessárias fossem para melhor resolvê-las.
O terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais
simples e mais fáceis de conhecer, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o
conhecimento dos mais compostos, e supondo mesmo uma ordem entre os que não se
precedem naturalmente uns aos outros.
E o último, o de fazer em toda parte enumerações tão completas e revisões tão gerais, que eu
tivesse a certeza de nada omitir͟2.
É assim que Descartes analisa como verdadeira a frase ͞Penso, logo existo͟. Para ele essa é
uma afirmação clara e distinta, sem nenhuma obscuridade ou confusão, pois, é impossível
alguém dizer que pensa, sem simultaneamente se dar conta de que existe. Assim, Descartes
confirma categoricamente a dicotomia corpo-alma. Conclui, no entanto, que é mais
importante a alma (pensamento) pois, é possível imaginar-se pensando sem um corpo, mas
não o contrário, pois senão, já não se seria ser humano, mas coisa. A essência do homem é
portanto, sua alma.
Nessa alma, que Descartes afirma ser imortal, é possível percebermos muitas perfeições e
sinais de perfeições. Contudo, também se percebe claramente várias imperfeições. Sendo
assim, ele conclui que, se a alma apresenta imperfeições, as perfeições que apresenta
simultaneamente não pode ter sua origem na própria alma, pois se esta fosse perfeita, não
apresentaria imperfeição alguma. Dessa forma, essas perfeições têm origem externa à alma
humana. Alguém as colocou aí. Esse alguém é, portanto, necessariamente perfeito, senão, não
haveria perfeição alguma na alma criada. Esse alguém perfeito, para Descartes é Deus. Deus
realmente existe. Se Deus é perfeito, então ele tem que existir, pois a perfeição maior está em
existir na realidade e não apenas na idéia. Logo, Deus existe e não é apenas uma idéia.
3. Emanuel Kant
3.1 A vida
3.2 O pensamento
Diante de todos os estudos que Kant realizara, uma das coisas mais importante é a questão do
conhecimento humano. Antes o problema do conhecimento empírico dava respostas contraria
ao racionalismo. Por isso, Kant não vê outra saída senão empreender uma crítica do
conhecimento da razão para determinar se ela pode ir mais além dos limites da experiência.
Por isso, emprega seu original ͞método transcendental͟, consistente em buscar quais
condições fazem possíveis um ͞juízo sintético a priori͟, e dizer que é um juízo cientifico, já que
a outra classe de juízo seja, ͞sintético a posteriori͟ que não é senão constatação feitos
(empirismo), seja o ͞analítico a priori͟.
Então, Kant explicita esse conhecimento por meio da crítica da razão pura distinguindo duas
formas básicas:
1.- Conhecimento empírico (a posteriori) - aquele que se refere aos estudos fornecidos pelos
sentidos, isto é, que é posterior à experiência.
2.- Conhecimento puro (a priori) ʹ aquele que não depende de quaisquer dados dos sentidos,
ou seja, que é anterior à experiência. Nasce puramente de uma operação racional. É uma
afirmação universal. Além disso, é uma afirmação que, para ser válida, não depende de
nenhuma condição específica. Trata-se de uma afirmação necessária.
a) juízos analíticos, nos quais o predicado exprime uma noção já contida no sujeito-juízo
necessariamente verdadeiros, mas de pouca utilidade para o progresso da ciência, por não
serem extensivos, mas apenas explicativos do saber. Os juízos analíticos são a priori,
independentes da experiência. a relação entre sujeito e predicado é pensada por identidade e
não por contradição. Neste ponto de vista serve para tornar mais coerente, e explicitar melhor
aquilo que já se conhece do sujeito. Não dependendo da experiência sensorial, é universal e
necessário. Mas, a rigor é pouco útil, no sentido de que não conduz conhecimentos novos.
b) juízos sintéticos a posteriori ʹ cujo predicado não está contido na idéia do sujeito, mais lhe é
atribuído em virtude de uma experiência. Particulares e contingentes, os juízos a posteriori
não têm nenhum alcance cientifico. Nesses juízos acrescenta-se ao sujeito algo novo, que é o
predicado. Assim, os juízos sintéticos enriquecem nossas informações e ampliam os
conhecimentos. Está diretamente ligado à nossa experiência sensorial. Tem uma validade
sempre condicionada ao tempo e ao espaço em que se deu a experiência. Não produz,
portanto, conhecimentos universais e necessários.
Kant não procura transcender à razão humana. Não aceita a razão divina como mediadora. O
mundo empírico não tem explicação do mundo ideal. Portanto, o fundamento último do
discurso humano é a própria racionalidade, sem apelar para Deus. Ao mesmo tempo Kant faz a
formulação de um discurso preliminar, isto é, determinante, que mostra que a razão é juíza de
si mesma. Neste caso, as normas dos processos da síntese pertencem ao sujeito. E só conhece
o que pode ser empiricamente experimentado. Visto que, o conhecimento humano é marcado
pela intuição sensível. Cada um tem a sua própria intuição de conhecimento. Enquanto, a
metafísica não o é, e se torna apenas uma ciência ilusória.
Kant com o seu agnosticismo moderno tornou-se o centro e a base de toda filosofia. A sua
crítica consiste no poder da razão em geral, em relação a todos os conhecimentos,
independente de qualquer experiência. Suas teses fundamentais sobre gnosiologia têm como
ponto de partida a incogniscibilidade da essência das coisas. Entretanto, há uma distinção
entre númeno e fenômeno. O númeno nós não podemos conhecer as coisas em si. Já o
fenômeno surge como uma coisa para nós, através de sua manifestação exterior da coisa em
si, tal qual se apresenta à consciência.
Kant diante de sua visão teleológica passa da ordem do mundo até seu ordenador. Mas esta
argumentação também carece de um valor objetivo, de modo que as provas da existência de
Deus redundam em idéia ou ilusão transcendental. Ele diz que é impossível fazer uma
demonstração da razão referente à existência de Deus. Somos incapazes de juízos científicos
sobre Deus porque ele não ocorre no espaço e no tempo.
Kant não quer afirmar uma oposição de agnósticos ou de ateu. A critica de Kant não significa
resignação da razão, e sim a convicção ético-religiosa de que devem ser respeitados os limites
da razão. Assim a distinção das provas existência de Deus não destrói a fé em Deus nem funda
o ateísmo. Kant afirma que a razão humana tem a tendência natural de ultrapassar esses
limites. Em outras palavras, afirma uma necessidade metafísica arraigada no ser do próprio
homem. Nesta perspectiva, a idéia de Deus permanece como idéia, como conceito teórico
necessário e limite. Assim o que não se pode provar pela razão pura torna-se um postulado da
razão prática. Depois de eliminar Deus da ordem do pensamento e da realidade, postula a
existência de um Deus justo que fundamente a relação entre virtude e felicidade.
4. Fredrich Hegel
4.1 A vida
Filósofo alemão, nasceu em Estugarda, aos 27 de agosto de 1770. Aos 18 anos de idade
ingressou no seminário protestante de Tubinga, para estudar teologia, onde conheceu e foi
amigo de Schelling (1775-1854) e Holderlin. O pietismo, uma das correntes gnósticas do
protestantismo, influenciou profundamente o seu pensamento.
Hegel foi um ilustre professor universitário de filosofia. Iniciou a sua atividade de professor em
Berna, na Suíça, entre 1793 e 1796, e depois em Frankfourt, de 1797 a 1800. Foi depois mestre
de conferências na Universidade de Lena (1801-1806), professor e reitor num colégio de
Nuremberga (1808), depois professor em Heidelberg e finalmente em Berlim (1817-1831),
onde permaneceu até à morte.
4.2 O Pensamento
Hegel concebeu o modelo de análise da realidade que maior influencia teve ao longo de todo o
século XIX e XX, nomeadamente em pensadores como Schopenhauer, Nietzsche, Marx,
Kierkegaard ou Jean-Paul Sartre. A sua filosofia, que recusa a concepção filosófica de Kant,
assumiu um caráter enciclopédico. Hegel debruça-se sobre domínios tão diversos como lógica,
direito, religião, arte, moral, ciência ou a história da filosofia e em todos eles vê a manifestação
do Espírito Absoluto que se materializa e revela através da História da Humanidade.
Hegel é considerado por muitos pensadores como difícil, porque buscou compreender a
realidade a partir do idealismo absoluto. Segundo Mondin, Hegel estruturou seu pensamento
idealista pelo modelo intelectual que recebeu no seminário teológico de Tubinga, sua
formação foi de grande escala teológica.
͞De fato, já nos escritos juvenis está explicitamente expressa a intuição determinante de todo
o sistema hegeliano, a intuição da alienação do real em relação ao ideal, do particular em
relação ao universal, do homem em relação a Deus. Esta intuição Hegel a teve certamente ao
ler a narração bíblica do afastamento (alienação) do homem em relação a Deus; desde o
começo ele considerou o conceito bíblico como princípio hermenêutico absoluto da realidade
como tal, transformando assim uma verdade teológica particular em princípio filosófico
universal. Como princípio filosófico, a alienação toma forma de movimento dialético͟ (...)
(Mondin 1981-1983. p. 34).
A filosofia que Hegel propôs é uma tentativa de considera todo o universo como um todo
sistemático. O sistema é baseado na fé. Na religião cristã, Deus foi revelado como verdade e
como espírito. Como espírito o homem pode receber esta revelação. Na religião a verdade
está oculta na imagem; mas na filosofia o véu se rasga, de modo que o homem pode conhecer
o infinito e ver todas às coisas em Deus.
Lógica: O sistema começa dando conta do pensamento de Deus "antes da criação da natureza
e do espírito finito", isto é, com as categorias ou formas puras de pensamento, que são a
estrutura de toda vida física e intelectual. Todo o tempo, Hegel está lidando com
essencialidades puras, com o espírito pensando sua própria essência; e estas são ligadas juntas
em um processo dialético que avança do abstrato para o concreto. Se um homem tenta pensar
a noção de um ser puro a mais abstrata categoria de todas, ele encontra que ela é apenas o
vazio, isto é, nada. No entanto, o nada "é". As noções de ser puro e a noção de nada são
opostas; e no entanto cada uma, quando alguém tenta pensá-la, passa imediatamente para a
outra. Mas o caminho para sair dessa contradição é de imediato rejeitar ambas as noções
separadamente e afirmá-las juntas, isto é, afirmar a noção do vir a ser, uma vez que o que
ambas vem a ser é e não é ao mesmo tempo. O processo dialético avança através de categoria
de crescente complexidade e culmina com a idéia absoluta, ou com o espírito como objetivo
para si mesmo.
Nos trabalhos políticos e históricos de Hegel, o espírito humano objetiva a si próprio no seu
esforço para encontrar um objeto idêntico a si mesmo. A Filosofia do Direito cai em três
divisões principais. A primeira trata da lei e dos direitos como tais: pessoas isto é, o homem
como homem, muito independentemente de seu caráter individual são os sujeitos dos
direitos, e o que é requerido delas é meramente obediência, não importa que motivos de
obediência possam ser. O Direito assim é um abstrato universal e portando faz justiça somente
ao elemento universal na vontade humana. O indivíduo, no entanto, não pode ser satisfeito a
menos que o ato que ele faz concorde não meramente com a lei mas também com suas
próprias convicções conscientes. Assim, o problema no mundo moderno é construir uma
ordem política e social que satisfaça os anseios de ambos. E assim também, nenhuma ordem
política pode satisfazer os anseios da razão a menos que seja organizada de modo a evitar, por
uma parte, a centralização que faria os homens escravos ou ignorar a consciência e, por outra
parte, um antinomianismo argumentação que se desenvolve por meio de antinomias: as
proposições mutuamente excludentes que iria permitir a liberdade de convicção para qualquer
indivíduo (liberalismo) e assim produzir uma licenciosidade que faria impossível a ordem
política e social.
Para Hegel, o Estado que alcançasse essa síntese, haveria de apoiar-se na família e na culpa.
Seria talvez diferente de qualquer Estado existente nos dias de Hegel; é uma forma de limitada
monarquia, com governo parlamentarista, julgamento por um júri, e tolerância para judeus e
dissidentes. Seria diferente de qualquer Estado existente nos dias de Hegel.
O primeiro passo era fazer uma transição da vida selvagem para um estado de ordem e lei é a
revolução. Em muitos pontos o pensamento de Hegel serviu aos fundamentos do marxismo, e
um deles é sua concepção de que os Estados têm que ser encontrados por força e violência
pois não há outro caminho para fazer o homem curvar-se à Lei antes dele ter avançado
mentalmente tão longe suficiente para aceitar a racionalidade da vida ordenada. Alguns
homens aceitarão as leis e se tornarão livres, enquanto outros permanecerão escravos. No
mundo moderno o homem passou a crer que todos os homens, como espíritos, são livres em
essência, e sua tarefa é, assim, criar instituições sob as quais eles serão livres de fato.
Hegel construiu um sistema rigorosamente cientifico, ou seja, um sistema que aproveite todos
os dados inegavelmente adquiridos pelas ciências, organizando-os de modo a tirar deles a
história universal do Espírito Absoluto. Mas, para ele poder considerar os dados das ciências
como elementos desta história, precisou postular alguns princípios que ultrapassam a esfera
científica e pertencem à esfera filosófica.
A dialética
Pelo método dialético a realidade é perfeita racionalidade; não uma racionalidade estática,
mas dinâmica, em constante desenvolvimento. Para Hegel, o único método adequadopara o
estudo de uma realidade em constante devir é o método da lógica especulativa ou dialética.
Os diálogos de Platão constituem o exemplo e a prova da validade deste método, ou seja, uma
personagem afirma uma teoria, outra a nega e, através do diálogo fechado, desenvolve uma
doutrina onde os interlocutores acabam concordando.
Desta mesma forma se dar o processo do absoluto: ele progride pondo a si mesmo (tese),
negando o que pôs (antítese) e unindo o que foi posto ao que foi negado (síntese).
O método dialético hegeliano consta, pois de três momentos: tese, antítese e síntese. A tese é
o momento do ser em si; ele põe, afirma uma parte da realidade, negando implicitamente uma
outra parte da realidade, porque toda afirmação inclui uma negação. A antítese é o momento
do ser extra se, (fora de si); ela contrapõe, afirmando-a, à parte da realidade implicitamente
negada pela tese. Não se trata, de função puramente negativa; mas essencialmente afirmativa;
é neste sentido que Hegel fala do poder portentoso do negativo. Portanto, pertence, de fato, à
negação manifestar o que foi obscurecido pela tese, e libertando a realidade dos limites da
estaticidade para mostrar sua riqueza interior. A síntese é o memento da união das partes
postas pela tese e pela antítese num todo única, o qual anula as imperfeições dos momentos
anteriores, porém conserva a positividade deles ͞ser em si e para si͟. Na síntese se encontra a
sublimação e a elevação.
Para Hegel, na religião, o homem sabe-se determinado por Deus e a ele está relacionado. Por
isso Deus é o princípio a partir do qual se constitui a religião. Portanto, isso pressupõe que, de
alguma forma, Deus seja acessível ao homem. Porém esse não é tão evidente pelo simples fato
de alguns não crerem nele.
Para Hegel aquilo que acontece no amor só é possível de compreensão a parti de um todo. Na
dialética do amor realiza-se á vida. O amor é modificação da vida. E a vida é o que anima todos
os viventes. Também a vida a partir de sua essência, é dialética. Na origem é uma; dividi-se na
multiplicidade dos viventes para, finalmente, reencontrar-se na unidade. Aí Hegel encontrou o
princípio teológico de sua filosofia. Se o divino é pura vida, também a divindade tem caráter
dialético. O fato de atingir o divino, permite-lhe tomar posição no absoluto. Portanto Deus não
é o momento conclusivo de seu sistema mas o ponto de partida.
Contudo Hegel não tenta demonstrar a existência objetiva de Deus. No entanto indaga como o
homem pode chegar a pensar Deus. Faz uma interpretação a partir da confluência das
possibilidades humanas. O processo é a consciência da própria divindade. Com isso o homem
só chega a Deus como presente, na imanência, não ao Deus transcendente.
De acordo com Hegel, Deus deve ser como aquele que passa por uma história e nela se revela.
Este é o tema fundamental apresentado em sua obra filosófica, a Fenomenologia do Espírito.
Para ele, em todos os problemas do homem o do mundo, em ultimo caso se trata do próprio
Deus. Fundamenta a questão de Deus como único fundamento de tudo e o principio do ser e
do conhecer.
Em um de seus fragmentos juvenil Hegel, fala de elevação à vida infinita e esta elevação é a
religião, portanto, Hegel atribui tal elevação à religião e não a filosofia. A filosofia é a religião
compreensiva porque refletem sobre idéias, pensa em termos de oposição. A religião se opõe
a ela porque pensa em termos de totalidade. Pela religião a vida finita se eleva à vida infinita,
isso é possível porque o próprio finito é vida.
͞Deus não é espírito vazio, mas o espírito. E o espírito não é o só puro nome, determinação
superficial, mas um ser cuja natureza se desenvolve, concebendo a Deus como essencialmente
tríplece na unidade͟.
No entanto, Hegel preferiu uma atitude crítica em relação à religião. Não queria acabar como a
religião, mas procurou renová-la dentro da sociedade moderna como autêntica religião do
povo, fundada na razão, pois não queria uma religião acrítica, porém não defendeu uma razão
sem tradição. Por isso, ele não via a religião como campo privado e sim como valor educativo.
Vejamos o que diz Hegel citado por Zilles em (Filosofia da Religião, p. 77):
͞A religião consumada é aquela na qual o conceito de religião retorna a si --- onde a idéia
absoluta, Deus, enquanto espírito segundo sua verdade e seu caráter manifesto, constitui o
objeto da consciência. As religiões anteriores nas quais a daterminabilidade do conceito é
menor, mais abstrata e defeituosa, são religiões determinadas que constituem etapa de
transição do conceito de religião até seu acabamento. Esta religião revelada é, pois, a cristã. A
religião cristã mostra-se nos como a religião absoluta͟ (El concepto de religión, p.126).
Desenvolve o tema da alienação do homem pela religião, e diz que o homem não é capaz de
construir a sua vida moral por si mesmo, está sempre em busca de resposta no além e
apoiando-se numa pessoa, ou seja (Cristo).
͞Entretanto, para Hegel, como já vimos,o centro do mistério cristão não é Jesus Cristo, mas a
Trindade. Como o espírito absoluto é o pensamento e como tal se distingue de si mesmo,
também Deus não é uma unidade indiferenciada, mas trindade de pessoas em sua infinita vida
espiritual. Essa trindade corresponde aos três momentos da dialética da idéia do espírito; o Pai
é o permanecer imutável de Deus, como idéia em si; o Filho ou deus-homem, é a manifestação
de Deus fora de si na natureza; o Espírito Santo é o retorno do mundo a Deus e sua
reconciliação com ele͟ (ZILLES, 1991, p. 77).
Para Hegel no cristianismo o indivíduo renuncia o direito de determina por si mesmo o que é
verdadeiro, bom e justo, aceitando o que imposto pela fé. E a alienação é sinônima de
escravidão e opressão e caracteriza a religiosidade judaico-cristão como a relação senhor
escravo Deus Transcendente para ele, é o senhor dominador, o homem é o escravo. Hegel
chama estas realidades infinitas, as totalidades divinas de idéia, que se manifesta na realidade
se realizando na múltipla vida, esta vida criadora chama de Deus que deve ser concebido como
espírito.
Entretanto, para Hegel há dois caminhos para conhecer Deus: o empírico (todos os homens
têm consciência de Deus), parte do ponto de vista da consciência finita, ou seja, o caminho
empírico procede do conhecimento imediato pelo sentimento passando pela representação
até o pensamento reflexivo, mesmo assim não pode conhecer Deus, pois a subjetividade
impede esse acesso. Por isso é necessário outro caminho, o especulativo (quando Deus torna-
se uma questão problemática. É a través de um princípio filosófico do próprio ato do
conhecimento que a consciência do homem compreende Deus). É aí que está situada a
religião. Sua forma é absoluta, isto é, nela a verdade aparece como é em si e para si. Para
Hegel só se pede conhecer Deus pelo caminho especulativo.
Contudo, o espírito absoluto desde o começo se apresenta em toda realidade como em todas
as ciências. Entretanto Hegel afirma que o espírito absoluto está mais bem revelado na arte,
na religião e na filosofia.
Segundo Mondin citando Hegel em (El concepto de religión,p. 96) diz que:
Deus é o ponto de partida, é unidade é amor. O amor o faz transcendência. Esta é portanto, a
dialética do Absoluto. ͞Hegel não tenta demonstra a existência objetiva de Deus, antes indaga
como o homem chega a pensar Deus͟ (ZILLES. p.64)
Segundo Mondin:
͞o método dialético conta, portanto, de três momentos: tese, antítese e síntese. A tese é o
momento do ser em si (an sich sein); ela põe, afirma uma parte da realidade, negando
implicitamente uma outra parte da realidade, porque toda afirmação inclui uma negação. A
antítese é o momento do ser extra se͟ fora de si (ausser sich sein); ela contrapõe, afirmando-a,
a parte da realidade implicitamente negada pela tese (...). A síntese é o momento da união das
partes postas pela tese e pela antítese num todo único, o qual anula as imperfeições dos
momentos anteriores, mas conserva a possibilidade deles (na sich und für sich sein, ͞ser em si
e para si͟ )͟ (MODIN 1981, p. 41).
Todavia, é pela síntese que se chega à sublimação ou elevação. O sistema hegeliano é de certa
forma uma apresentação de todo o real como expressão e automanifestação do absoluto por
meio das três fases da dialética.
Conclusão
Após essas reflexões, verifica-se a amplitude não só do Racionalismo em si, mas de sua
contribuição para a Filosofia e para a maneira de ver o mundo que se seguiu.
No Racionalismo, o que se procura não é deixar Deus de fora, mas apenas não ͞perturbá-lo͟
quando se pode utilizar o que Ele mesmo nos deu: a razão. Como que se coloca Deus na ͞sala
de espera͟, mas sem expulsá-lo. Herda-se ainda a Fé da Idade Média, entretanto, no centro
está a razão, e o homem é sujeito, é ativo no processo, não apenas mero ͞fantoche͟ da graça
divina, como propunham Tomás e Agostinho.
Bibliografia
DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Abril Cultura, 1973. Col. Os Pensadores, vol.
XV.
LARA, Tiago Adão. A Filosofia Ocidental ʹ do Renascimento aos nossos dias. 5ed. Petrópolis:
Vozes, 1993.
MONDIN, Battista. Curso de filosofia. 4 ed. São Paulo: Paulinas.