Aquarela

Toquinho

Numa folha qualquer De uma América a outra

Eu desenho um sol amarelo Eu consigo passar num segundo
E com cinco ou seis retas Giro um simples compasso
É fácil fazer um castelo... E num círculo eu faço o mundo...

Corro o lápis em torno Um menino caminha

Da mão e me dou uma luva E caminhando chega no muro
E se faço chover E ali logo em frente
Com dois riscos A esperar pela gente
Tenho um guarda-chuva... O futuro está...

Se um pinguinho de tinta E o futuro é uma astronave

Cai num pedacinho Que tentamos pilotar
Azul do papel Não tem tempo, nem piedade
Num instante imagino Nem tem hora de chegar
Uma linda gaivota Sem pedir licença
A voar no céu... Muda a nossa vida
E depois convida
Vai voando A rir ou chorar...
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul Nessa estrada não nos cabe
Vou com ela Conhecer ou ver o que virá
Viajando Havaí O fim dela ninguém sabe
Pequim ou Istambul Bem ao certo onde vai dar
Pinto um barco a vela Vamos todos
Branco navegando Numa linda passarela
É tanto céu e mar De uma aquarela
Num beijo azul... Que um dia enfim
Descolorirá...
Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo Numa folha qualquer
Avião rosa e grená Eu desenho um sol amarelo
Tudo em volta colorindo (Que descolorirá!)
Com suas luzes a piscar... E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
Basta imaginar e ele está (Que descolorirá!)
Partindo, sereno e lindo Giro um simples compasso
Se a gente quiser Num círculo eu faço
Ele vai pousar... O mundo
(Que descolorirá!)...
Numa folha qualquer
Eu desenho um navio
De partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...