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O Emílio - Jean Jacques Rousseau

Na ordem natural, os homens são todos iguais, a sua vocação comum é o estado de
homens e, qualquer pessoa que seja bem educada para isso, não pode exercer mal esse
estado. Que se destine o jovem para a espada, para a Igreja, para advocacia, pouco
importa. Antes da vocação dos pais, a natureza o chama para a vida. Viver é o ofício
que eu lhe quero ensinar. O nosso verdadeiro estado é o da condição humana. Viver,
não respirar; é agir, é fazer uso dos nossos órgãos, dos nossos sentidos, de nossas
faculdades, de todas as partes de nós mesmos, que nos dá o sentimento de nossa
existência. O homem que mais viveu não é o que conta mais anos mas aquele que mais
sentiu a vida. Toda a nossa sabedoria consiste em preconceitos servis; todos os nossos
usos são apenas sujeição, coação e constrangimento. O homem nasce, vive e morre na
escravidão: ao nascer cosem-no numa malha; na sua morte pregam-no num caixão:
enquanto tem figura humana é encadeado pelas nossas instituições. Observai a natureza
e segui o caminho que ela vos traça. Ela exercita continuamente as crianças; endurece o
seu temperamento com provas de toda espécie; e ensina-lhes, muito cedo, o que é uma
dor e o que é um prazer. É mister exercitá-la, pois, aos ataques que terá que suportar um
dia. Com uma gradação lenta e cuidadosa tornamos o homem e a criança intrépidos para
todas as provas. Toda maldade vem da fraqueza. A criança é má porque é fraca; tornai-a
forte, e será boa; aquele que tivesse poder para tudo, nunca faria mal. De todos os
atributos da Divindade todo-poderosa, a bondade é aquele sem o qual não a podemos
conceber. Em lugar de evitar que Emilio se fira, eu muito me zangaria se ele nunca se
ferisse e se crescesse sem conhecer a dor. Sofrer é a primeira coisa que ele deve
aprender e a que mais necessidade terá de saber. Em lugar de o resguardar no ar
confinado de um quarto, que o levem diariamente para os prados. Que corra, que se
debata, que caia cem vezes por dia, tanto melhor. Mais cedo aprenderá a se levantar.
Quando se diz que o homem é fraco, que queremos significar com isto? Esta palavra,
fraqueza, indica uma relação, uma relação do ser ao qual se aplica. Aquele cuja força
ultrapassa as suas necessidades mesmo que seja um inseto ou um verme, é um ser forte;
aquele cujas necessidades ultrapassam as suas forças, mesmo que seja um elefante ou
um leão, é um ser fraco. Oh! homem, fecha a tua existência dentro de ti mesmo e não
será mais um miserável. Permanece no lugar que a natureza te indicou na escala dos
seres e nada poderá fazer com que dele saias. Não recalcitres contra a dura lei da
necessidade. O homem verdadeiramente livre deseja apenas o que pode, e faz o que lhe
agrada. É esta a minha máxima fundamental. É aplicá-la à infância e todas as regras de
educação decorrerão dela. Há duas espécies de dependência: a das coisas, que é a da
natureza; a dos homens, que é a da sociedade. A dependência das coisas, não tendo
nenhuma moralidade não prejudica a liberdade e não engendra vícios, a dependência
dos homens sendo desordenada, engendra todos e é por meio dela que o senhor e o
escravo mutuamente se depravam. Colocai uma criança na exclusiva dependência das
coisas... Não oferecei nunca à sua vontade senão obstáculos físicos ou punições que
nasçam das suas próprias ações e que ela se lembre disso para sempre. Sem a proibir de
agir mal, é suficiente que ela se sinta impossibilitada de agir nesse sentido. A
experiência ou a impotência apenas deve-lhe servir de lei. Vosso filho nada deve
conseguir porque tenha desejo, nem nada fazer por obediência mas somente por
necessidade. Assim as palavras obedecer e comandar serão proscritas de seu dicionário,
assim como, as de dever e obrigação. Mas as palavras força, necessidade, impotência e
coação devem ter para ele uma grande importância. É assim que tornamos a criança
paciente, igual, resignada, calma, mesmo quando não obtiver aquilo que desejou porque
é próprio da natureza humana suportar com paciência a necessidade das coisas mas não
a má vontade alheia. Tomemos como máxima incontestável que os primeiros
movimentos da natureza são sempre retos; não há perversidade original no coração
humano; aí não se encontra um só vício que não se possa dizer como e por onde se
introduziu. A primeira educação deve ser puramente negativa. Consiste em garantir o
coração contra o vício, e o espírito contra o erro, e não em ensinar a virtude nem a
verdade. A única lição de moral que convém à infância e a mais importante para toda
idade, é a de nunca fazer mal a ninguém. O próprio preceito de fazer o bem, se não é
subordinado àquele, é perigoso, falso, contraditório. Quem é que não faz bem? Todos o
fazem, o malvado como qualquer outro: torna um feliz à custa de cem miseráveis e daí
decorrem todas as calamidades. A inteligência humana tem os seus limites, e um
homem não pode tudo saber, não pode mesmo saber bem, por inteiro, o pouco que
sabem os demais homens. Se a contraditória de um proposição falsa, é uma verdade e se
o número de verdades é tão inesgotável como o de erros, há, pois, uma escolha entre as
coisas que se devem ensinar... O pequeno número das coisas que contribuem realmente
para o nosso bem-estar é o único digno da atenção de um homem sábio, e por
conseguinte, de uma criança que desejamos tornar virtuosa. Não se trata de saber tudo o
que existe, mas o que é verdadeiramente útil. Lembra-te sem cessar que a ignorância
nunca pratica o mal, que só o erro é funesto e que não nos enganamos nunca pelo que
sabemos mas pelo que cremos saber. Transformemos as nossas sensações em idéias,
mas não saltemos dos objetos sensíveis aos objetos intelectuais. É pelos primeiros que
chegamos aos últimos. Nas primeiras operações do espírito que sejam os sentidos os
seus guias. Nenhum outro livro que não seja o do mundo, nenhuma outra instrução que
não seja a dos fatos. Fazei com que o vosso aluno esteja atento aos fenômenos da
natureza... mas, para alimentar a sua curiosidade, não vos apressais nunca em satisfazê-
la... Que ele saiba as coisas porque as compreendeu por si e nunca porque haveis dito
essa coisa... Se substituís no seu espírito a autoridade pela razão, ele não raciocinará
mais: será apenas um espelho da opinião dos outros. Se se enganar, deixai-o, não
corrijais os seus erros; atentai silenciosamente para que ele possa se encontrar em
situação de os perceber e de os corrigir por si, ou então, aproveitando de uma ocasião
favorável, levai-o a alguma operação que lhe proporcione sentir esse erro. Se nunca
errasse, nunca aprenderia bem. O espírito do meu sistema não é o de ensinar à criança
muitas coisas, mas o de não deixar entrar no seu cérebro senão idéias justas e claras.
Mesmo quando não saiba nada, pouco importa, desde que não se engane, e se lhe incuto
verdades é apenas para garantir dos erros que poderia aprender em seu lugar. A razão, o
juízo vêm lentamente; os preconceitos acorrem em multidão: é deles que é necessário
preservar a criança. O problema não é ensinar-lhe as ciências, mas dar-lhe o prazer de
amá-las e os métodos para aprendê-las, quando esse gosto estiver já bem mais
desenvolvido. É este o princípio fundamental de toda boa educação. Adquirimos noções
bem mais claras e sólidas das coisas por nós mesmos do que aquelas que se recebem
pelo ensino de outrem. Além disso não habituamos a nossa razão a submeter-se
servilmente à autoridade; tornamo-nos mais engenhosos em encontrar relações, e
associar idéias. Nossos verdadeiros mestres são a experiência e o sentimento, e nunca o
homem sente melhor o que mais convém ao homem do que nas relações em que ele
mesmo se encontra. Assim, logo que chegamos a dar à criança uma idéia da palavra
"útil", temos também um grande poder para governá-la. Para que serve isto? É esta a
palavra sagrada, a palavra determinante em todas as ações da nossa vida. Não gosto das
explicações em forma de discurso; os moços prestam pouca atenção e não as retém.
Coisas, coisas! Nunca repetirei de modo suficiente que damos importância demais às
palavras. Com nossa educação palradora só fabricamos palradores. Odeio os livros, eles
apenas ensinam a falar daquilo que não se conhece. Mas, já que nos é absolutamente
necessário ter livros, existe um que fornece, ao meu ver, o mais perfeito tratado de
educação natural. Qual é esse livro maravilhoso? Alguma obra de Aristóteles? De
Plínio? Seria algum livro de Buffon? Não. - é o "Robinson Crusoé". O nosso grande
cuidado deve ser o de afastar do espírito da criança todas as noções de relações sociais
que não estejam ao seu alcance; mas quando o encadeamento dos conhecimentos vos
força a mostrar-lhe a mútua dependência dos homens, em lugar de mostrá-la sob o
aspecto moral, dirigi a sua atenção para a indústria e para as artes mecânicas que tornam
os homens úteis uns aos outros. Há um certo apreço pelas diferentes artes, apreço que
está em razão inversa da sua utilidade real. Este apreço se mede diretamente sobre a sua
própria inutilidade. Que virão a ser essas crianças se permitis que adotem este tolo
preconceito e se vós mesmos, o favoreceis? Que pensarão, se vos virem entrar, por
exemplo, com maior consideração na loja de um ourives do que em uma de um
serralheiro? Que juízo farão do verdadeiro mérito das artes e do verdadeiro valor das
coisas quando virem por toda parte o prêmio da fantasia em contradição com o apreço
da utilidade real e que, mais custa uma coisa, menos ela vale? Se permitis que estas
idéias entrem na alma das crianças, abandonai o resto da sua educação. Perdeste o vosso
tempo. Elas serão educadas como todo o mundo. Em tudo, a arte cujo uso é mais geral e
mais indispensável é, incontestavelmente, àquela que merece mais estima. A primeira e
mais respeitável de todas as artes é a agricultura; colocarei a metalurgia em segundo
lugar, a carpintaria em terceiro e assim por diante. A criança que não foi seduzida pelos
preconceitos vulgares, julgará precisamente assim. Quantas reflexões importantes o
nosso Emílio não tirará do Robinson? Assim se formam, pouco a pouco, no espírito de
uma criança idéias sociais, antes que ela possa ser realmente membro ativo da
sociedade. Emílio observará que, para ter instrumentos de seu uso necessita também de
outros, que pertencem a outras pessoas e os quais ele obtém em troca. Conduzamo-lo
facilmente de modo que sinta a necessidade dessas trocas, e se ponha em situação de
poder aproveitá-las. É necessário que todo o homem viva. Este argumento a que todos
dão mais ou menos força em proporção ao maior ou menor sentimento de humanidade
que possui, parece-me sem possibilidade de réplica para aquele que o faz, relativamente
a si mesmo. Se existe um miserável estado no mundo em que os indivíduos não possam
viver sem fazer mal, e em que os cidadãos são malandros por necessidade, não é o
malfeitor que se deve condenar; é aquele que o força a tornar-se malfeitor. Confiais na
ordem atual da sociedade sem pensar que esta ordem é sujeita a revoluções inevitáveis e
que é impossível prever aquela que pode ter importância para vossos filhos. O grande
torna-se pequeno, o rico torna-se pobre, o monarca torna-se súdito; serão os reveses de
sorte tão raro que possais esperar eximir-vos deles? Nós nos aproximamos de um estado
de crise e do século das revoluções. Fora da sociedade, o homem isolado, que nada deve
a ninguém, tem o direito de viver como entender; mas na sociedade, em que
necessariamente vive à custa de outros, ele lhes deve, em trabalho, o preço de sua
manutenção... Trabalhar é, pois, um dever indispensável ao homem social. Rico ou
pobre, poderoso ou fraco, todo cidadão ocioso é um patife. Descei ao estado de artesão
para que possais estar acima do vosso. Quero que Emílio aprenda um ofício. Um ofício
honesto, direis vós. Mas que significa esta palavra? Mas haverá ofício ao público que
não seja honesto? Não quero que ele seja bordador, nem dourador, nem lustrador... Não
quero que seja músico, nem comediante, nem autor de livros... Prefiro que seja sapateiro
a poeta, prefiro mesmo que calce os caminhos a que faça flores de porcelana. Mas, dir-
me-eis, os archeiros, os espiões, os carrascos são pessoas úteis? Depende apenas do
governo para que não o sejam. Emílio sendo operário não demorará muito a sentir a
desigualdade das condições que até então apenas percebera. Fizemos um ser ativo e
pensante, apenas nos resta, para acatar este homem, transformá-lo em um ser amante e
sensível, isto é, aperfeiçoar a sua razão pelos sentimentos. Mas antes de entrar nesta
nova ordem de coisas, examinemos a ordem da qual partimos, e vejamos tão exatamente
quanto possível, até onde chegamos. Emílio possui poucos conhecimentos mas aqueles
que possui são verdadeiramente seus. Nada sabe pela metade. No pequeno número das
coisas que conhece, e que conhece bem, a mais importante é que há muita coisa que ele
ignora e que pode vir a saber um dia, que pode ser muito mais sábio que outros homens,
e que outras coisas existem que ele não saberá nunca em sua vida. Possui um espírito
universal, uma faculdade de adquiri-las. Inteligente, pronto para tudo... É suficiente para
mim que ele saiba encontrar para que serve tudo aquilo que faz e o porque daquilo que
crê. Repito, o meu objeto não é, de nenhum modo, dar-lhe a Ciência mas ensinar-lhe os
meios de adquiri-la pela necessidade, de a avaliar exatamente pelo seu justo valor, e
fazer com que ele ame a verdade acima de tudo. Emílio é laborioso, paciente, firme,
corajoso; a sua imaginação, que não foi excitada, não faz com que ele exagere nunca os
perigos; é sensível a poucos males e sabe sofrer com constância porque não aprendeu a
clamar contra o destino. Sobre a morte, não sabe bem o que ela é; mas, acostumado a se
submeter sem resistência à lei da necessidade, quando for necessário morrer, morrerá
sem gemer e sem se debater. É tudo o que a natureza permite nesse momento do qual
todos têm horror. Viver livre e pouco ligar às coisas humanas é o melhor meio de
aprender a morrer. Sob este aspecto Emílio tem, da virtude, tudo o que se relaciona
consigo mesmo. Para possuir também as virtudes sociais, falta-lhe unicamente conhecer
as relações que as exigem; faltam-lhe unicamente luzes que o seu espírito está pronto a
receber. Por acaso achais que uma criança que assim chegou aos quatorze anos terá
perdido os anos precedentes? As nossas paixões são os principais instrumentos da nossa
conservação. É, pois, uma empresa tão vã quanto ridícula querer destruí-las. É querer
reger a natureza, é querer reformar a obra de Deus. Eu acharia que aquele que quer
impedir as paixões e que elas nasçam, é tão louco quanto aquele que desejasse que elas
desaparecessem. Mas, pensaria razoavelmente, quem pelo fato de que a natureza do
homem consiste em ter paixões, concluísse que todas as paixões que sentimos em nós e
que vemos nos outros são naturais? Todas aquelas que nos subjugam e nos destroem,
vêm de fora, não da natureza; nós é que nos apropriamos delas para nosso prejuízo. É o
povo que compõe o gênero humano; o que não é povo é tão pouca coisa que não paga a
pena contar com ela. O homem é o mesmo em todos os estados e por isto, os estados
que são mais numerosos merecem mais respeito que os outros. É preciso estudar a
sociedade pelos homens, e os homens pela sociedade. Os que quiserem tratar
separadamente a política e a moral não compreenderão nunca nada das duas. Há no
estado de natureza uma igualdade de fato, real e indestrutível porque é impossível neste
estado que a simples diferença de homem a homem seja suficientemente grande para
tornar um dependente do outro. Há, no estado civil uma igualdade de direito quimérica
e vã porque os meios destinados a mantê-la servem para destruí-la e que a força pública,
que se liga ao mais forte para oprimir o fraco, rompa a espécie de equilíbrio que a
natureza havia posto entre eles. Desta primeira contradição decorrem todas aquelas que
se notam na ordem civil entre a aparência e a realidade. Sempre a multidão será
sacrificada ao pequeno número e o interesse público ao interesse particular; sempre
estas palavras especiosas de justiça e de disciplina servirão de instrumento para a
violência e de armas para a iniqüidade. Eu desejaria que se escolhessem de tal maneira
as amizades de um moço, que ele pudesse pensar bem de todos aqueles que vivem com
ele e que se lhe ensinasse a tão bem conhecer mundo que ele pensasse mal de tudo o que
aí se faz. Que saiba que o homem é naturalmente bom, que o sinta, que julgue o seu
próximo por si mesmo, mas que veja como a sociedade deprava e perverte os homens;
que possa encontrar nos seus preconceitos a fonte de todos os seus vícios. Faremos nós
do Emílio um cavaleiro andante? Um palmatória do mundo? Um paladino?... Ele fará
tudo o que sabe que é útil e bom, e nada mais. E sabe apenas aquilo que convém à sua
idade. Sabe que o seu primeiro dever é para consigo mesmo, que os jovens devem
desconfiar de si mesmos, ser circunspetos na sua conduta, respeitosos diante de pessoas
mais idosas, discretos e sérios no falar, modestos nas coisas indiferentes, mas ousados
em fazer bem e corajosos em dizer a verdade. Assim eram os ilustres romanos que antes
de ser admitidos nos cargos, passavam a sua mocidade a perseguir o crime e a defender
a inocência, sem outro interesse que o de se instruírem servindo a justiça e protegendo
os bons costumes. Este espírito pacífico é um efeito da sua educação que, não tendo
fomentado o amor próprio e uma alta filáucia o desviou de procurar os prazeres no
domínio e na infelicidade de outrem. Sofre quando vê sofrer, e isto é um sentimento
natural. Ao desejar construir o homem natural, não é o caso porém de fazer dele um
selvagem e de o relegar no fundo de um bosque; mas envolvido no turbilhão social,
suficiente que não se deixe tragar, nem pelas paixões nem pelas opiniões dos homens,
que veja com seus próprios olhos, que sinta com o seu coração, que nenhuma autoridade
o governe que não seja a sua própria razão. Bem sei que muitos leitores ficarão
surpreendidos de me ver seguir toda a primeira idade do meu aluno sem lhe falar de
religião. Com quinze anos não sabia ainda se tinha uma alma, e talvez aos dezoito ainda
não seja ocasião para que ele aprenda isso. Porque, se ele aprende tal coisa mais cedo
que deve, corre o risco de não o saber nunca. É preciso crer em Deus para ser salvo.
Este dogma mal compreendido, é o princípio de sanguinária intolerância e a causa de
todas estas vãs instruções que golpeiam de morte a razão humana acostumando-a a
contentar-se com palavras. A obrigação de crer supõe a sua possibilidade. Há casos em
que se pode ser salvo sem crer em Deus e estes casos tem lugar, seja na infância, seja na
demência, quando o espírito humano é incapaz das operações necessárias para
reconhecer a Divindade. Pelo mesmo princípio, é claro que um homem, tendo chegado
à velhice sem crer em Deus, não será por isto privado da sua presença na outra vida, se a
sua cegueira não foi voluntária. E eu digo que ele não o é. Evitemos anunciar a verdade
àqueles que não estão em estado de compreendê-la porque seria substituí-la pelo erro.
Mais vale não ter nenhuma idéia da Divindade que dela ter idéias grosseiras, fantásticas,
injuriosas, indignas dela. É um mal menor desconhecê-la do que ulrajá-la. O
esquecimento de toda religião conduz ao esquecimento dos deveres do homem

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