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SOCIEDADES DEPENDENTES DE AUTORIZAÇÃO: AS


COOPERATIVAS DE CRÉDITO

Mariana Teixeira Zequini


Aluna do 2º ano do Curso de Direito
da UNESP (campus de Franca/SP)

SUMÁRIO: 1. Considerações iniciais; 2. A cooperativa e suas


características; 3. As cooperativas de crédito; 3.1. Histórico e origem; 3.2.
Seus objetivos; 3.3. Suas vantagens; 3.4. A constituição e seus requisitos
básicos; 3.4.1. O capital necessário; 3.5. Modalidades; 3.6. Principais
Operações; 4. Legislação Nacional; 5. Dimensão econômica; 6. Sistemas
cooperativos de crédito; 7. Banco cooperativo; 8. A cooperativa de crédito
singular; 9. As cooperativas de crédito centrais ou federações de
cooperativas; 10. As confederações de cooperativas; 11. Considerações
Finais; 12. Referências bibliográficas.

1.CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Novo Código Civil inseriu entre suas disciplinas as sociedades dependentes

de autorização, as quais, anteriormente eram tratadas em legislação esparsa. Devido

sua ampla repercussão social, certas atividades dependem de fiscalização estatal

desde sua criação e durante toda existência. Assim, os artigos 1.123 e seguintes do

Código Civil vigente prevêem tal autorização para funcionamento de algumas

sociedades nacionais e estrangeiras, através de ato administrativo emanado do Poder

Executivo, que abrange ainda poder para aprovar ou não qualquer alteração ou

modificação do contrato ou estatutos1.

No tocante às cooperativas de créditos atuais, que se ocupam em eliminar o

intermediário no tocante à captação de recursos, investimentos e concessão de

empréstimos, revestem-se da natureza de instituição financeira e por isso são

1
Luiz Antonio Soares Hentz e Gustavo Saad Diniz, Sociedades dependentes de autorização, p. 29-36.
2

controladas e fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil, o qual é também responsável

pela autorização e aprovação necessária ao seu funcionamento.

2. A COOPERATIVA E SUAS CARACTERÍSTICAS

As cooperativas são sociedades de pessoas com forma e natureza jurídica

própria, de natureza civil, por isso subordinada as normas do Código Civil, e não

sujeitas à falência, por força do artigo 4º da Lei n. 5.764/1971, sendo assim, uma junção

autônoma de pessoas que se unem em caráter voluntário, para satisfazer interesses

comuns de natureza econômica, social e cultural, através de uma empresa de

propriedade coletiva e gerida democraticamente. O novo Código Civil, ao tratar da

cooperativa, considerou-a como sociedade simples expressamente no parágrafo único

e seu artigo 982, independentemente de seu objeto, de forma que se submete ao

registro civil, e sua atividade é de natureza não empresarial mesmo que, para alcançar

seus objetivos, exerça atividade característica de empresário mercantil.

Sendo assim, derivam da necessidade de fortalecimento econômico individual,

inspirado em sentimentos de fraternidade, de igualdade e de justiça social. A junção

das forças sociais visa a melhoria das condições econômicas de uma determinada

classe social ou categoria econômica2.

Atribui-se às cooperativas uma série de princípios pelos quais são regidas e de

onde retiram sua real finalidade. Entre eles destaca-se a adesão livre e voluntária,

exaltando sua organização de forma aberta às pessoas, livre de qualquer forma de

discriminação; a gestão democrática; a participação econômica dos membros; a

2
Luiz Antonio Soares Hentz, Direito de Empresa no Código Civil de 2002, p.147 e 148.
3

autonomia e independência; a educação, formação e informação; a intercooperação e o

interesse pela comunidade.

Historicamente, o cooperativismo depois de idealizado por vários precursores,

concretizou-se em 1844, quando 28 tecelões do bairro de Rochdale, em Manchester na

Inglaterra, criaram uma associação que, mais tarde, seria chamada de Cooperativa.

Explorados na venda de alimentos e roupas no comércio local, os artesãos montaram,

primeiro, um armazém próprio. Posteriormente a associação apoiou a construção ou a

compra de casas para os tecelões e montou uma linha de produção para os

trabalhadores com salários muito baixos ou desempregados. Desde então, as

cooperativas expandiram-se mundialmente, em diversos setores como cooperativas de

produtores, de consumo, de trabalho, habitacionais, sociais e de crédito, a qual será

tratada de maneira mais detalhada a seguir.

3. AS COOPERATIVAS DE CRÉDITO

As cooperativas de crédito são definidas como instituições financeiras formadas

por uma sociedade de pessoas sem fins lucrativos, com natureza jurídica própria,

características já inerentes ao tipo cooperativo, como já explicitado acima, e sujeitas à

fiscalização e autorização do Banco Central do Brasil. São tidas como

empreendimentos econômico-sociais, democráticos e autogestionários regidos pela Lei

5.764/71 e por Resoluções do Conselho Monetário Nacional, em especial a nº 3.321/05.

Sendo assim, trata-se de uma associação de pessoas que, por meio de ajuda mútua,

procuram uma melhor administração de seus recursos financeiros.

3.1. HISTÓRICO E ORIGEM


4

Dois anos após a fundação da primeira cooperativa de crédito da América,

constituída em Quebec, no Canadá, nasce a primeira modalidade brasileira, sob

inspiração do padre jesuíta Theodor Amstad, conhecedor da experiência alemã, no

município de Nova Petrópolis, Rio Grande do Sul, a Caixa de Economia e Empréstimos

Amstad, a qual recebeu a nova denominação de Caixa Rural de Nova Petrópolis e

que, atualmente, ainda encontra-se em funcionamento. O modelo desenvolvido no

momento fundamentava-se na honestidade dos cooperantes e atuava, sobretudo, junto

aos produtores rurais, sem importar-se com o capital possuído pelos cooperantes.

Assim, toda movimentação financeira era feita através de depósitos, os quais, recebiam

uma pequena remuneração. Pelo final da década de 1920, católicos leigos,

participantes de um congresso em Roma, introduziram um segundo modelo, o qual

entraram em contato na Itália onde foi desenvolvido por Luigi Luzzatti, e diferenciava-se

do modelo precedente por exigir um pequeno capital na admissão do cooperante e por

ter como público preferencial os artesãos, assalariados e pequenos empresários,

comerciantes ou industriais. Tal modelo se desenvolveu velozmente no Brasil entre as

décadas de 30 e 50. No fim dos anos 50, foram introduzidas no Brasil, também por

influência católica, as idéias do canadense Alphonse Desjardins, criando o modelo de

cooperativa de crédito mútuo, implantada em Quebec, e, em 1958, foi criada a

Cooperativa de Crédito Mútuo dos Empregados da Confederação Nacional dos Bispos

do Brasil, no Rio de Janeiro. No Estado de São Paulo, em 1961, mais precisamente na

cidade de Santo André, constitui-se a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos

Empregados da Rhodia Química e, em 8 de junho de 1962, foi criada a Cooperativa de

Economia e Crédito Mútuo dos Empregados da Rhodiaceta, na mesma cidade.


5

3.2. SEUS OBJETIVOS

As cooperativas de crédito nasceram com o objetivo de propiciar assistência

creditícia e a prestação de serviços de natureza bancária a seus associados com

condições mais favoráveis, e assim, através de tais instrumentos promover uma

economia mais solidária e contribuir para a inclusão social. De maneira mais específica,

agem através de instrumentos que possibilitem o acesso ao crédito e a outros produtos

financeiros; criação da cultura da poupança; concessão de empréstimos a juros abaixo

do mercado; maior integração entre os empregados de uma mesma empresa, entre

profissionais de determinada categoria e entre empresários, micro/pequenos

empresários e comunidades específicas, desenvolvendo o espírito de grupo,

solidariedade e ajuda mútua.

3.3. SUAS VANTAGENS

As cooperativas de crédito propiciam diversas vantagens ao cooperado,

vantagens essas, muitas vezes, inerentes à própria condição de cooperativa, como

aquela relacionada ao tratamento tributário diferenciado. Além desta, existem inúmeras

outras tais como: retenção e aplicação dos recursos de poupança e renda no próprio

município, contribuindo com o desenvolvimento local; direção da cooperativa

pertencente ao associado; crédito imediato e adequado às condições do associado,

além de atendimento personalizado, menor custo operacional, juros mais baixos e

facilidade na abertura de contas; possibilidade dos associados se beneficiarem com

distribuição de sobras ou excedentes; possibilidade de criação a partir das sobras ou

excedentes, de fundos para investimentos em ações sociais e educação para os


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cooperados entre várias outras, uma vez que, a posição do seu integrante é,

concomitantemente, de associado e usuário dos serviços oferecidos pela entidade.

3.4. A CONSTITUIÇÃO E SEUS REQUISITOS BÁSICOS

Para constituição de uma cooperativa de crédito configura-se como requisito a

reunião de no mínimo vinte pessoas com interesses convergentes relativos à obtenção

de créditos e serviços bancários mais acessíveis. Constituído tal grupo, é aconselhável

que haja uma orientação possibilitada por entidades representativas do cooperativismo

e centrais de cooperativas de crédito (como por exemplo, OCB - Organização das

Cooperativas Brasileiras; SICOOB - Brasil - Confederação Nacional das Cooperativas

do Sicoob - Brasil; SICREDI - Confederação Interestadual das Cooperativas Ligadas ao

SICREDI; SEBRAE etc.), objetivando evitar atrasos e tornar o processo mais eficiente.

Em seguida, é preciso que seja elaborado um “Plano de Negócios” visando orientar as

atividades e explicitar a viabilidade do empreendimento, no qual deve estar previsto o

investimento em instalações e equipamentos, em pessoal, o início das atividades (o

qual não poderá ultrapassar noventa dias após autorização do Banco do Brasil), estudo

de viabilidade econômico – financeira, abrangendo os três primeiros anos com projeção

da estrutura patrimonial e de resultados, análise econômico-financeira da área de

atuação, demanda de produtos e serviços, plano de divulgação e de expansão da

cooperativa, de como ela captará novo associado, no caso de cooperativas de crédito

de livre admissão, de empresários, como também de micro e pequenos empresários,

em qual central de cooperativa de crédito a cooperativa em constituição se afiliará.

Após a aprovação do “Plano de Negócios” pelo Banco Central do Brasil, torna-se

necessário à constituição de um Estatuto Social e a convocação de uma Assembléia


7

Geral de Constituição, na qual os associados deverão aprovar o Estatuto, bem como

eleger os membros do conselho de Administração/Diretoria Executiva e Conselho

Fiscal. Então, se encaminha os documentos constitutivos ao Banco Central do Brasil,

efetua-se o depósito do capital social previsto esperando que haja a autorização para o

funcionamento da cooperativa. Obtida esta, é apenas preciso encaminhar os

documentos para registro no órgão competente (arquivamento do Estatuto na Junta

Comercial e registro na Secretaria da Receita Federal)3. É preciso lembrar que em sua

razão social esteja contida a expressão cooperativa, lhe sendo expressamente vedado

o uso da expressão banco.

3.4.1. O CAPITAL NECESSÁRIO

De acordo com a regulamentação fornecida pelo Banco Central, o capital

mínimo para constituição das cooperativas de crédito tem o valor fixado em trinta e

cinco mil reais para as cooperativas singulares filiadas a uma central. Em uma próxima

etapa, com a cooperativa já constituída, esta terá um prazo de três anos para que seu

capital social atinja o mínimo de setenta mil reais. Tal limitação foi imposta com o

escopo de garantir a segurança e a solidez das instituições de crédito cooperativo, uma

vez que possuem como campo de atuação o sistema financeiro e desenvolve a

atividade de movimentação de recursos monetários.

3.5. MODALIDADES

No Brasil, são seis os tipos de cooperativas de crédito: as cooperativas de

crédito mútuo de empregados, que são organizadas por empregados ou servidores, de

3
SEBRAE-SP. Cooperativismo: cooperativa de crédito.
8

empresas privadas ou entidades públicas, cujas atividades sejam afins ou correlatas; as

cooperativas de crédito mútuo de atividade profissional, compostas por profissionais ou

trabalhadores dedicados a uma ou mais profissões e atividades, cujos objetos sejam

afins; as cooperativas de crédito rural, organizadas por produtores rurais com objetivo

de atenderem às necessidades de crédito rural e prestar-lhes serviços do tipo bancário;

as cooperativas de crédito mútuo de empreendedores, organizadas por pequenos

empresários, microempresários ou micro-empreendedores, responsáveis por negócios

de natureza industrial, comercial ou prestação de serviços; as cooperativas de crédito

mútuo de livre admissão de associados, as quais poderão ser constituídas em áreas

com até 100.000 habitantes (vedada a instalação para atender apenas a parcela de um

município); e as cooperativas de crédito mútuo de livre admissão de associados,

organizadas por empresários cujas empresas, independente do faturamento bruto

anual, estejam vinculadas diretamente a um mesmo sindicato patronal, direta ou

indiretamente a uma associação patronal de grau superior.

3.6. PRINCIPAIS OPERAÇÕES

As cooperativas de crédito têm o dever de enquadrar sua área de atuação às

possibilidades dos seus associados em relação ao acesso às reuniões, controles e às

mais diversas operações. Em decorrência disso, as cooperativas estão limitadas a atuar

no município de sua sede social e nos limítrofes, salvo em alguns casos especiais, com

a devida apreciação e autorização do Banco Central do Brasil, é possível a ampliação

da atuação além de tais limites.

Tais cooperativas operam como verdadeiros bancos, podendo, de acordo com

o estágio de desenvolvimento atingido, atender seus associados com operações


9

passivas (captação de recursos através de depósitos à vista, depósitos a prazo e

recursos de instituições financeiras nacionais e internacionais), operações ativas

(aplicação dos recursos, tanto próprios como de terceiros, exclusivamente com seus

associados, podendo ser através de desconto de títulos, abertura de crédito, simples e

em conta-corrente, repasses de recursos de instituições financeiras e adiantamento a

depositantes), operações acessórias (prestação de serviços aos associados na

cobrança de títulos, recebimentos e pagamentos e custódia em geral, tais operações,

existentes também em bancos, são, todavia, disponibilizadas aos cooperantes com

inúmeras vantagens, entre as quais juros mais baixos em empréstimos, remuneração

mais altas nas aplicações, taxas de serviços a preço de custo, melhor atendimento,

personalizado, rapidez, pouca burocracia na concessão de créditos e prestação de

serviços, entre outras), contas depósito (com fornecimento de talonários de cheques,

suscetíveis de transitarem normalmente pela Câmara de Compensação de Cheques e

outros papéis, apresentados pelo banco ao qual se vinculam as cooperativas de

crédito), cheques especiais e cartões de crédito/débito (com idênticas características

das oferecidas pelos demais bancos comerciais), seguros, capitalização sistemática,

capitalização voluntária e saneamento de finanças pessoais.

4. LEGISLAÇÃO NACIONAL

O cooperativismo de crédito teve como expoentes principais de tratamento a Lei

nº 4.595 de 31 de dezembro de 1964, a qual dispõe sobre as instituições monetárias,

bancárias e creditícias e criou, além de outros dispositivos, o Conselho Monetário

Nacional. Também, a Lei nº 5.764 de 16 de dezembro de 1971, de grande importância,

definiu a política do cooperativismo e instituiu o regime jurídico das cooperativas. A Lei


10

nº 6.981 de 30 de março de 1982, por sua vez, alterou do artigo 42 da Lei nº 5.764/71.

Algumas Resoluções do Banco Central também são extremamente relevantes ao

regimento das cooperativas de crédito, como por exemplo, a Resolução 2.788 de 30 de

novembro de 2000, que dispõe sobre a constituição e o funcionamento dos bancos

comerciais e bancos múltiplos sob o controle acionário de cooperativas centrais de

crédito, a Resolução 3.041 de 28 de novembro de 2002, a qual estabelece as

condições pata exercício de cargos estatuários de instituições financeiras e demais

instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, a Resolução 3.106 de

25 de junho de 2003 que trata dos requisitos e procedimentos para constituição, a

autorização para o funcionamento e alterações estatuárias e também do cancelamento

da autorização para o funcionamento das cooperativas de crédito, e a Circular 3.196 de

17 de julho de 2003, que, entre outras coisas, dispõe a respeito do cálculo do

Patrimônio Liquido Exigido (PLE) das cooperativas de crédito e dos bancos

cooperativos.

5. DIMENSÃO ECONÔMICA

O cooperativismo de crédito, tem sido responsável por conquistas significativas

no mundo todo, tal como, sua utilização, na Alemanha, Bélgica, Espanha, França,

Holanda, Portugal, Estados Unidos e Canadá, para formação de poupança e

financiamento de iniciativas empresariais, visando o desenvolvimento local de forma

sustentável. Na Holanda, o Rabobank Group, formado por 397 cooperativas de crédito,

administra ativos totais de 360 bilhões de euros, valor equivalente à soma de todo o

sistema financeiro brasileiro. Na Alemanha, o DG Bank, que administra ativos totais de

600 bilhões de euros, também foi criado a partir de cooperativas de crédito. Na


11

Espanha, o grupo Mondrágon, que na década de 50 reativou no país as cooperativas

industriais, hoje controla um grande banco, a Caja Laboral Popular. Também o

BankBoston originou-se a partir de uma cooperativa de exportadores e importadores,

criada no fim do século XVIII. Em países como a Irlanda e o Canadá as cooperativas de

crédito vem ocupando os espaços deixados pelas instituições bancárias nas pequenas

comunidades, ofertando serviços mais adequados as necessidades locais. Por fim, de

acordo com a Agência de Estatística da União Européia (Eurostat), as cooperativas de

crédito representavam, no ano 2000, 46% das instituições de crédito da região e foram

responsáveis por 15% das operações de intermediação financeira4.

No âmbito nacional, no período entre os anos de 1994 e 2002, quantidade de

cooperativas de crédito cresceu de 946 para 1428, o que representa um aumento de

51%, contendo 1,6 milhão de associados, 25 mil empregos, em 2700 postos de

atendimentos. As operações de créditos, no entanto, somaram o montante de 4,1

bilhões de reais, o que configura uma participação bastante modesta, de 1,64%, no

volume de crédito do país.

6. SISTEMAS COOPERATIVOS DE CRÉDITO

O sistema cooperativista de crédito brasileiro encontra-se organizado de

acordo com perfis verticalizados e horizontalizados. O primeiro deles objetiva a

centralização e os ganhos pela economia de escala e se caracteriza por sua estrutura

piramidal, de modo que as cooperativas singulares ocupam a base, as centrais ocupam

a zona intermediária e a confederação o topo. Já o segundo busca a formação da rede

4
Dados disponíveis no site geranegócio (http://www.geranegocio.com.br).
12

de pequenas cooperativas solidárias organizadas sob a forma radial, com diversas

singulares vinculadas apenas à central, sem qualquer outra entidade acima desta. Os

sistemas formados pelo Sicoob (presente em dezoito Estados da Federação, 972 mil

associados, 15 cooperativas centrais, 753 cooperativas singulares, 763 postos de

atendimentos cooperativos, 1,4 bilhão de reais de patrimônio liquido ajustado, 2,4

bilhões de reais de empréstimos, 1,9 bilhão de reais de depósitos e 135 milhões de

reais de resultado), Sicredi (presente em cinco Estados brasileiros, com 593 mil

associados, 5 cooperativas centrais, 128 cooperativas singulares, 774 postos de

atendimento cooperativo, 465 bilhões de reais de patrimônio líquido ajustado, 1,4 bilhão

de reais de empréstimos, 2,2 bilhões de reais em depósitos, 82 milhões de reais de

resultado) e Unicred (com atuação em todos os estados da Federação, 76 mil

associados, dez cooperativas centrais, 130 cooperativas singulares, 320 postos de

atendimento cooperativo, 318 milhões de reais de patrimônio líquido ajustado, 620

milhões de reais de empréstimos, 949 milhões de reais em depósitos e 71 milhões de

reais de resultado), têm o perfil verticalizado e abrangem 75% do total de cooperativas

de crédito. O Sistema Cresol, principal experiência de perfil horizontalizado, possui 71

cooperativas singulares e 1 cooperativa central, enquanto o Sistema Ecosol, com o

mesmo perfil, tem 15 singulares e 1 central, ambos detendo 6% do total de

cooperativas de crédito5.6

7. BANCO COOPERATIVO

5
Tais dados são disponibilizados pela SEBRAE (Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas), e
referentes a dezembro de 2002.
6
Anderson Augusto Etgeto, et al, Os princípios do cooperativismo e as cooperativas de crédito no Brasil,
p.10.
13

A partir de 1995, com a Resolução nº 2.193, de 31 de agosto, editada pelo

Banco Central do Brasil, autorizou-se uma nova estrutura do Sistema de Crédito

Cooperativo e permitiu-se a criação dos bancos cooperativos no Brasil. O intuito da

nova regulamentação foi de alcançar as operações de mercado cabíveis somente aos

bancos múltiplos, viabilizando sua atuação no mercado aberto e buscando melhor

atender às categorias econômicas que representavam7.

Trata-se de instituições financeiras, cujo controle acionário pertence às

cooperativas de crédito, suas centrais e federações. Com o intuito de propiciar aos

cooperados acesso a produtos e serviços bancários antes indisponíveis às cooperativas

de crédito, como por exemplo, reserva bancária e mercado interfinanceiro. Atualmente

existem dois bancos cooperativos, o BANCOOB, controlado pelas cooperativas do

sistema SICOOB e o BANSICREDI, pelas cooperativas centrais do sistema SICREDI. E

a conseqüência de sua implantação foi à conquista de autonomia operacional por parte

das cooperativas de crédito, uma vez que a necessidade de convênios com instituições

privadas foi eliminada.

8. A COOPERATIVA DE CRÉDITO SINGULAR

As cooperativas de crédito singulares, ou de primeiro grau, se caracterizam por

prestarem serviços diretamente a seus associados. Desse modo, são compostas por,

pelo menos, vinte pessoas físicas, sendo admitidas, de forma excepcional, pessoas

jurídica que tenha por objetos atividades econômicas iguais ou relacionadas à das

pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos.

7
Luiz Antonio Soares Hentz e Gustavo Saad Diniz, Sociedades dependentes de autorização, p.99.
14

9. AS COOPERATIVAS DE CRÉDITO CENTRAIS OU FEDEREÇÕES DE


COOPERATIVAS

As cooperativas de crédito centrais, ou de segundo grau, são constituídas por,

pelo menos, três cooperativas singulares e de interesse comum, as quais se unem e

podem, também como exceção admitir o ingresso de associados individuais. Tais

cooperativas têm como objetivo prestar serviços especializados às suas afiliadas, bem

como integrar e orientar suas atividades e facilitar a utilização recíproca de serviços. A

cooperativa central ainda adquire a função de fiscalização, auditoria e capacitação

permanente de seus quadros e das cooperativas singulares a ela afiliadas.

10. AS CONFEDERAÇÕES DE COOPERATIVAS

As confederações de cooperativas de crédito, ou de terceiro grau, são

integradas por centrais e federações de cooperativas, de mesma ou distinta

modalidade, as quais se unem em decorrência de afinidade de interesses, objetivando

orientar e coordenar as atividades das filiadas, “nos casos em que o vulto dos

empreendimentos transcender o âmbito de capacidade ou conveniência de atuação das

centrais ou federações”8.

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em decorrência do exposto, torna-se evidente que as cooperativas de crédito

são um importante instrumento de desenvolvimento em diversos países, sendo que na

Alemanha tais cooperativas possuem cerca de 15 milhões de associados, respondendo

8
Marcos Antonio Henriques Pinheiro, Cooperativas de Crédito: história da evolução normativa no Brasil,
p.8.
15

por cerca de 20% de todo movimento financeiro-bancário do país9. Também nos

Estados Unidos há mais de doze mil unidades de atendimento cooperativo apenas no

sistema CUNA (Credit Union Nacionl Association), o qual reúne cooperativas de crédito

mútuo do tipo Desjardins. Também no setor agrícola, os bancos cooperativos são

responsáveis por mais de um terço dos financiamentos agropecuários norte-

americanos, sendo que a estimativa total é que cerca de vinte e cinco por cento dos

americanos estejam associados a uma cooperativa creditícia. No Brasil, os números, já

citados no decorrer do texto, são mais modestos apesar do potencial de crescimento do

cooperativismo de crédito em nosso país. Contudo, com alguns aperfeiçoamentos

regulamentares foi iniciado um processo de expansão de tal modalidade de

cooperativismo, que caminha crescentemente, buscando torna-se semelhante àquele

praticado nos grandes centros econômicos mundiais. No entanto, segundo Marcos

Antonio Henriques Pinheiro, existem algumas barreiras encontradas por aqui como o

grande desconhecimento sobre o sistema cooperativo de crédito tanto por parte do

público em geral, como no âmbito dos conceituados autores.

Em síntese, a atual situação nacional de estruturação do cooperativismo de

crédito demonstra os seguintes números: até março de 2006, conta-se com a existência

de dois Bancos cooperativos (já mencionados acima), sendo um múltiplo e outro

comercial, quatro confederações, uma federação, trinta e sete cooperativas centrais e

1399 cooperativas singulares, evidenciando uma quantia de quase três milhões de

associados.

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

9
Dados referentes ao ano de 2002, disponibilizados no site do Banco Central do Brasil
(http://www.bcb.gov.br).
16

BANCO CENTRAL DO BRASIL.Manual de organização do sistema financeiro –


Sisorf. Ministério da Fazenda. Brasília, DF, 28 jul. 2000. Disponível em:
<http://www.bcb.gov.br/?SFNMANUAL>. Acesso em: 01 dez. 2006.

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v. 1.

Cooperativas de Crédito. Disponível em: <http://www.geranegocio.com.br>. Acesso


em: 25 nov. 2006.

CROTEAU, John. A economia das cooperativas de crédito. Trad. Ricardo Werneck


de Aguiar. 1 ed. São Paulo: Atlas, 1968.

ETGETO, Anderson Augusto, et al. Os princípios do cooperativismo e as cooperativas


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2005.

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Juarez de Oliveira, 2005.

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<http://www.dce.sebrae.com.br/bte/bte.nsf/72A8408A6F9FB58083256F66003ECF6F/$F
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SEBRAE-SP. Cooperativismo: cooperativa de crédito. Disponível em:


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PINHEIRO, Marcos Antonio Henriques. Cooperativas de Crédito: história da evolução


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<http://www.bcb.gov.br>. Acesso em: 01 dez. 2006.

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