O relator do novo Código Florestal, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), está
impressionado com a pressão de ONGs americanas sobre o que considera ação lobista em benefício do arqui-subsidiado setor agrícola dos EUA. Relatório da Environmental Protection Agency, organismo estatal, alerta para a perda da competitividade do agronegócio americano diante do… Brasil.
E, sem qualquer pejo, liderados pelos seus cineastas e roqueiros,
pregam a “redução da oferta mundial de produtos agropecuários, mediante restrições à área agrícola de países tropicais por políticas ambientais inflexíveis”.
Sem qualquer sutileza, o título do estudo diz tudo: “Farms here;
Forests there”. Ou seja: Aqui, fazendas; lá, florestas.
Claro que as “rain forests” precisam ser preservadas, mas mediante
planos de manejo. Não com o fim da agropecuária na imensidão continental. Há verdes empedernidos que querem acabar com a agropecuária brasileira, num ato de auto-estupidez.
O mesmo vale para ONGs européias que se colocam contra a
construção de hidrelétricas na Amazônia. E não se trata de novas Itaipus, posto que esse tipo de usina, com grandes lagos e quedas d’água, já está banido em nome da preservação. Belo Monte, no Xingu, terá área alagada inferior ao que se desmata em uma semana. As hidro-usinas de hoje já se adaptaram a um impacto ambiental mínimo, sem grandes quedas d’água ou lagos de inundação. São as usinas “a fio d’água”, que renunciam ao seu potencial pleno exatamente para preservar o meio ambiente.
Haverá energia mais limpa do que a hidrelétrica? Mas certo xiitismo
não quer saber: deseja fundar na Amazônia legal – com mais de 25 milhões de seres humanos – um novo Jurassic Park.
Como congelar Manaus, uma cidade de quase 2,5 milhões de
habitantes?
Nenhum manauara quer destruir a floresta. Aliás, o futuro da
Amazônia está na autopreservação do seu mundo de biodiversidade. Na “criação” de uma economia do terceiro milênio, baseada na TI – Tecnologia da Informação – e nas universidades do bioma amazônico. Uma economia que pense não só na sobrevivência das árvores, mas, sobretudo, na preservação dos seus 25 milhões de habitantes. Que tenham vida saudável e emprego. Luz elétrica em abundância e uma sortida atividade econômica, baseada na indústria da biodiversidade, fármacos, nanotecnologia, hi-tec em eletrônicos, ciência e indústria inovadoras, num mundo de sofisticada produtividade, lastreado em universidades e centros de pesquisa do terceiro milênio.
A “rain forest” será preservada quando os seres humanos deixarem
de pensar numa árvore como “sustento” ou “comida”. Ou quando esse “Jurassic Park”, sonhado por europeus e americanos predadores (em seus países), for integrado a uma economia de preservação. Tão mais factível quando Manaus, por exemplo, puder ligar-se, via transamazônica, por via terrestre, com as outras capitais do Brasil. Não há pais no planeta que tenha abdicado de construir suas ligações viárias, isolando uma grande capital e confinando-a, tornando-a acessível unicamente pelo ar ou pelos rios.
O caminho é quase óbvio, não chega a constituir nenhuma “eureka”.
Primeiro, viabilizar o homem que habita a selva, proporcionando-lhe sustento não predatório. Depois, ensinar que a desertificação será o fim da vida e que o futuro não está no “consumo da árvore”, mas na biodiversidade dos seus produtos.
Não será com campanhas asininas do roqueiro Sting, ou exortações
do verde hollywoodiano James Cameron – que raciocina com base nas florestas virtuais de “Avatar” – que o bioma amazônico será salvo.
Eles pensam assim: “Aqui em cima, opulência. Lá embaixo,
subsistência, miséria, subemprego e dependência material e cultural”.
E tem gente, aqui nos trópicos, que acredita nesses grilos