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introdução

moacyr scliar

narrativa curta, o conto engana. aparentemente é uma forma literária,


simples, fácil, sem cânones – sobretudo no brasil onde a definição de mário de
andrade, “conto é tudo que seu autor quiser chamar de conto”, foi amplamente
difundida. mas não é bem assim. william faulkner dizia que é mais difícil escrever
um bom conto do que um bom romance. o romance, argumentava o grande
escritor norte-americano, pode ter passagens maiores e menores, trechos mais
brilhantes e trechos mais fracos, páginas que o leitor pode pular; o conto,
exatamente porque é curto, tem de ser todo bom. existe, em fisiologia, a lei do
tudo ou nada, evidenciada por uma experiência famosa; toma-se um músculo
isolado de rã e se o estimula com cargas elétricas crescentes. a princípio o estímulo
não será suficiente, mas, quando o músculo se contrair, ele o fará com toda a
energia. o conto é assim; quando é bom, é bom mesmo.
escrever contos, portanto, exige um aprendizado. que, no passado, era uma
coisa emintemente solitária; o contista lia outros contistas, fazia suas experiência,
ia aprendendo pelo doloroso método da tentativa-e-erro, das aproximações
sucessivas. mas, instintivamente, contistas buscavam outros contistas, formavam
grupos, partilhavam seus trabalhos, trocavam idéias – até que surgiu a idéia de
fazer isso de forma organizada, através de uma oficina. o termo, a propósito, é
muito bom, e eu o digo por experiência própria: passei grande parte de minha
infância na oficina de móveis de meu tio. ali, com os pedaços de madeira que
sobravam, eu fazia meus brinquedos: carrinhos, aviões, navios. esta tarefa, que era
manual, mas envolvia muito de imaginação, de alguma maneira ensinou-me
também a escrever. trata-se de usar as palavras como ferramentas de criação
estética.
nós temos uma grande oficina literária, coordenada por um grande escritor
que é também um grande professor, um duplo mestre, portanto: luis antonio de
assis brasil. ao longo dos anos, assis brasil vem trabalhando com jovens escritores.
sua oficina é, para usar um lugar comum mas absolutamente verdadeiro, um
celeiro de talentos. É enorme a quantidade de escritores que revelou – e continua
revelando, como se constata nesta 33ª edição. são quinze contistas, vindos de
diferentes áreas, unidos pela paixão da história curta. na maioria dos casos, são
curtas mesmo, verdadeiros mini-contos. o resultado é surpreendente. andré
malinoski, bolívar torres correa, cristiane lisboa, eduardo silveira, gabriel daudt,
gilmar martins, jeferson mello rocha, leticia sander, lilian heuser, luiz paulo feijó
fichtner, paulo roberto farias, pedro stiehl, rosane netto, sérgio ferreira e telma
scherer dão-nos, através de seu belo trabalho, uma certeza: no rio grande do sul o
conto está mais vivo do que nunca. para nós veteranos escritores, é uma garantia
de continuidade. e, para o público, é a certeza de uma bela e emocionante leitura.
ou seja: estes contos de oficina mantêm a tradição. leiam e constatem.

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