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As carnes que afinal se espedaçavam!

Mas fiquei por saber se o som tristonho


Era o dessa ovelinha, n’algum sonho,
Ou era o dos vermes que de mim
NA CRUZ zombavam!
À alma torturada de Carlos de Faria

Quem pregou nessa cruz esses teus


frágeis braços?
Quem te lançou à boca a esponja da
tortura?
E sobre teu anseio a mudez dos espaços?
E diante dos teus pés uma planície escura?

Quem te rasgou do peito, a execrandos


lançados,
Todo esse coração onde a tua alma, pura, ALMA ANTIGA
Sonhava a doce paz bendita dos regaços,
Todo o meigo e efluvial clarão de uma Todo o amaino que encontras nesta cama,
ventura? Nestes lençóis tão alvos e aromados,
Vem de uma clara e misteriosa chama
Ah! Quando o fundo olhar nesses Que te segue, dos tempos já passados...
tormentos cravo,
De tudo me recordo, e essas tristezas E não na vês, na delicada trama
cavo, Da sorte! Não na vês, nos teus cuidados!
Como quem cava o chão frio de um Mas ei-la neste leito; e se derrama
cemitério. Como por sobre o mar óleos sagrados...

Numa hora de repouso, e de recolhimento, É que, por certo, um dia, um leito deste
Eu sei o que é a dor, de momento a A quem, passando num lugar agreste,
momento, Sentira as pernas bambas de fadiga.
Passando sobre ti no seu carro funéreo.
E se buscares todos os segredos
Do teu passado, encontrarás os ledos
Florescimentos da tua alma antiga.

AMARGA IRONIA

Eis-me junto de um túmulo fechado,


Onde reclino a fronte quase fria.

Quero escutar, digo eu, a litania


De um coração que aqui jaz enterrado.

Nisso, de dentro, parte um sonho


magoado,
De uma profunda e vaga nostalgia.
Quem és? E o som responde-me: - Maria,
A tua filha, o teu amor sonhado!

Um frio, então, tragicamente horrendo,


Passa-me os ossos; e me vai roendo
Fonte: FIGUEREDO, Juvêncio de Araújo. Poesias:
edição comemorativa do centenário. Florianópolis:
s.n., 1966. 311p.

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